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Abordagem Centrada na Pessoa e Gestalt-terapia

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Semelhanças e Diferenças

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A GT e a ACP são em grande parte um retrato multiforme daqueles que as criaram, portanto é

interessante conhecer um pouco da vida e da personalidade de cada um dos seus criadores

para uma compreensão melhor de suas abordagens.

Gestalt-Terapia Fritz Perls

Abordagem Centrada na Pessoa Carl Rogers

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1. Vidas e Personalidades diferentes:

1.1- Fritz Perl (1893) - Nasceu em Berlim, em 1893, filho de judeus alemães liberais - Adolescência difícil - Aos 16 anos chegou a ser figurante do teatro Real - Participou da I Guerra Mundial como estudante de medicina. Depois da II Guerra também - Em 1920 associa-se ao grupo “Bauhaus”, conhecendo Freud que influenciou seu pensamento - Em 1926 fez análise com Karen Horney e trabalhou como assistente de Kurt Goldstein, exercendo posteriormente influencia no seu pensamento - Conheceu Lore Posner, com a qual se casou, formada em psicologia dentro da escola da gestalt e que exerceu sempre grande influencia no desenvolvimento da Gestalt-terapia

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-Em 1931se envolveu com um movimento antinazista, fugindo com sua família, posteriormente, para a África do Sul, onde eles se tornaram grandes psicanalistas - Apresentação da comunicação “Resistências Orais”, na qual não foi bem recebida por Freud. A partir de então Perls começou a ataca a Psicanálise - Publica seu primeiro livro “Ego, Hunger and Aggression”, reexaminando a teoria psicanalítica - Emigra para os USA, se ligando a um grupo neofreudiano - Em 1951, publica “Gestalt-Therapy ” e no ano seguinte funda o Instituto de Gestalt de New York - Passou vários anos viajando pelos USA, fundando institutos de GT, conhecendo outras experiências, como a conscientização corporal, o psicodrama e o zen-budismo. E visitando outros países e principalmente divulgando sua proposta de psicoterapia - Entre os anos de 1964 á 1969, ensinou GT através de programas, fitas, vídeos e filmes gravados dos seus seminários em Esalen, na Califórnia

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- Em 1969 publicou o livro “Gestalt therapy verbatim”, que consiste na transcrição de vários seminários, palestras e sessões terapêuticas e publicou também sua autobiografia: “In and Out the Garbage Pail”. - Aos 76 anos se mudou para o Canadá, fundando o Gestalt Institute of Canada. - No ano de 1970, enquanto preparava seu novo livro “The Gestalt Approach to Therapy” acabou falecendo, tendo a obra publicada postumamente em 1973

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1.2 Carl Rogers (1902-1987) - Nasceu em 1902, em Oak Park, nos arredores

de Chicago. - Aos 12 anos, Rogers se muda para uma nova residência, de propriedade do seu pai, nos arredores de Chicago. A partir de então, come- çou seu interesse pela biologia e agronomia -Membro de uma família de valores protestan- tes rígidos, tendo assim uma formação religiosa forte -Teve uma infância solitária e lia bastante, preferencial mente sobre religião - Por seu interesse inicial pela biologia e agronomia, se matriculou, consequentemente, no curso de agronomia em 1919 na universida- de de Wisconsin. Onde se envolveu em atividades comunitárias, começando a demonstrar seus talentos de facilitador e organizador

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- No ano de 1922, participou do congresso mundial dos estudantes cristãos, onde passou a questionar a religiosidade rígida de sua família - O contato com a cultura oriental e com o pensamento budista faz com que Rogers reveja suas convicções religiosas - Frequentou o seminário por dois anos. Depois cursou psicologia no Teachers College, da Universidade de Columbia - Publica seu primeiro livro, “o tratamento clínico da criança-pro- blema”, em 1939, aonde descreve as experiências obtidas com os trabalhos realizados com crianças e adolescentes carentes em Richester, nos anos de 1928 a 1940 - Com a boa recepção de sua primeira obra, Rogers recebe um convite para ensinar na Universidade de Ohio, aonde se torna um psicoterapeuta pioneiro na utilização de entrevistas gravadas para a análise e supervisão - Entre os anos de 1944 e 1957, montou um centro de aconselha-mento na Universidade Chicago - No ano de 1951, publicou o livro “ terapia centrada no cliente”, expondo sua primeira teoria de terapia e da personalidade

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- No ano de 1961, Rogers publica sua obra mais conhecida: Torna-se pessoa - Abandonou o magistério em 1964 e muda-se para Califórnia,onde funda o centro de estudos da pessoa - Em 1966, foi duramente criticado por ingenuidade, apoliticismo, superficialismo e anti-intelectualista, recebendo apenas alguns elogios por sua capacidade de ouvir e compreender e por sua visão de homem como um ser aberto à mudança - No ano de 1969, com o livro “liberdade para aprender” expõe suas ideias sobre educação - Na década de 70, realiza em vários países, uma série de trabalhos em grupos, ”workshops” e vivências comunitárias - Com a obra “novas formas do amor”, de 1972, discutiu as relações conjugais - Rogers teve uma vida muito ativa, falecendo no dia 4 de Fevereiro de 1987, após uma fratura do colo do fêmur. - Durante sua vida escreveu várias obras como “um jeito de ser”(1980) e “liberdade para aprender na nossa década”(1983)”

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Perl era caraterizado pela sua vitalidade e inquietação

Homem de intuição de ação

Perls atrai as pessoas por seu impacto pessoal, seu espirito

vivo e crítico e até por sua arrogância

Não teve um aprofundamento consistente em suas ideias e

intuições

Rogers era caracterizado pela sua humildade e serenidade e por sua capacidade de estar com o outro e de aceitá-lo,

conquistando as pessoas por sua ternura

Teve profunda produtividade

intelectual que se estendeu por 50 anos

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2. Fontes e Influências: Convergências e Contrastes 2.1 Abordagem Centrada na Pessoa 2.1.1 Influência biológica Tendência de Rogers de explicar o processo vital e outros concei- tos em termos biológicos Enfatizando mais a natureza (particularmente a humana) do que a historia e a cultura do homem. Sendo, portanto, o homem compreendido em um caráter universal e absoluto 2.1.2 A influência religiosa Demonstrou uma crença otimista na capacidade humana e na possibilidade da harmonia das relações humanas em todos os seus níveis se as pessoas assumissem uma postura aceitadora e empática

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2.1.3 Influência sociocultural Exemplo: A concepção de homem universal ou planetário de Rogers, que comprova que a ideologia dominante tende a ser impostas as classes oprimidas 2.1.4 Influência experimentalista Pelo fato da participação de pesquisas em sua obra. Tanto nos conceitos teóricos, quanto nas sessões terapêuticas 2.1.5 Influência de outros pensadores

Assemelha-se pela concepção de homem de Rousseau, afirmando que o homem é naturalmente livre e bom e que só se torna mau quando não encontra situações ambientais favoráveis

Da psicanálise, Otto Rank, destacando-se interesse pela atitude individual e pelos valores do terapeuta e a compreensão da relação terapêutica como uma experiência de crescimento

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E no campo fenomenológico-existencial teve influencia de

Kierkegaard e do Buber, destacando-se , a crença na experiência pessoal do primeiro e a filosofia do diálogo do segundo Influência de uma base de cunho existencial no pensamento de Carl Rogers. Pois segundo Rogers: “Na relação terapêutica, algumas das experiências mais intensas são aquelas em que o paciente sente dentro de si mesmo o poder nítido da escolha ”

2.2 Gestalt-Terapia São muitas as influências sofridas na elaboração da GT 2.2.1 Psicologia da Gestalt Extraiu as noções de forma ou estrutura (“Gestalt”), a dinâmica entre figura e fundo, a ênfase no processo perceptivo e no dinamismo psíquico, a importância da contemporaneidade do campo (aqui e agora) e o trabalho com grupos

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2.2.2 Psicanálise Diferentemente de Freud, Perls destaca mais o material óbvio do que o recalcado; o presente e o processo mais que o passado; e a causalidade e a homeostase mais que as pulsões. Ele vê o ego como um processo de funções relacionais, de relações de contato. -Também, privilegia a “concentração” na terapia ao invés da associação livre, acreditando que ela leva a Gestalt oculta - Para Perls a descoberta mais importante de Reich foi a de identificar resistências psíquicas em termos de “couraça muscular”, reconhecendo-as na sua manifestação corporal. Assim, Perls desenvolveu o conceito de “retroflexão ” para designar a retenção de impulsos para a ação pela contração muscular na direção oposta. -Assim, Reich influenciou fortemente Perls, em particular sua visão do corpo em relação à psique.

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2.2.3 Fenomenologia, Existencialismo e Psicologia existencial -Perls, afirma que a GT é uma abordagem existencial, portando lida com a existência total da pessoa -Influência de Nietzshe quando se fala em pessoa que é capaz de usar seu potencial ao máximo - A GT se assemelha com as terapias da linguagem existencial, a ênfase no homem em relação , na sua forma de estar no mundo , na sua existência no tempo e encarando a dor, a angustia e o vazio na sua busca de se achar e de se transcender - De Buber, ele incorpora os conceitos de encontro e da relação Eu-Tu e a categoria do diálogo - E parece ter rejeitado o existencialismo na questão do racionalismo e intelectualismo 2.2.4 Behaviorismo Diferentemente dos behavioristas, Perls rejeita a visão analitica e mecanicista deles. Entretanto, Perls reconhece o trabalho deles no aqui-e-agora, dando ênfase no comportamento e no óbvio

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2.2.5 Teatro expressionista e psicodrama Influência do psicodrama de Moreno , embora em GT o cliente desempenha todos os papeis . Portanto, o cliente pode representar os conflitos no desempenho dos papeis 2.2.6 Zen-budismo e pensamento oriental -Modo de pensar baseado em polaridades - Compreensão do desenvolvimento e da mudança como processos dialéticos de diferenciação - Busca para ficar no centro dessas polaridades - Postura de “indiferença criativa” - Crença de que o vazio é fértil e a compreensão do caos como um prenúncio de uma nova ordem

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- -Influência Biológica - - Vinculação a fenomenologia, dando ênfase na experiência vivida e no presente, valorização dos sentimentos, recusa a interpretação causalista e a visão holística do homem - Influencia de Buber, pois ambas as abordagens enfatizam a importância do dialogo, da relação Eu-Tu, compreendendo que a relação terapêutica vai além dos fenômenos transferenciais - ACP e GT desenvolveram trabalho grupal - Influência epistemológica da teoria organísmica de Goldstein, tendo uma visão de homem enquanto um organismo

Semelhanças

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Perl utilizou-se de experimentos que acreditava

facilitar a tomada de consciência do cliente

GT é classificada como uma

psicoterapia ativa

A GT sendo considerada como um produto do existencialismo

europeu , portanto, tendendo a ter uma visão mais pessimista da

condição humana

Rogers tentou evitar a utilização de outros recursos que não

fosse sua própria presença e sua capacidade empática

ACP tende a ser classificada

como uma psicoterapia verbal

Rogers tendo influência religiosa de Kierkegaard e de

Nietzsche, demostrou uma visão mais otimista do homem

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3. Afinal, encontros ou desencontros? - Pode-se perceber na vinculação à fenomenologia e no trabalho com grupos, uma real possibilidade de trabalho integrado entre ACP e GT - Alguns profissionais vinculados à ACP, apesar de, muitas vezes, não o afirmarem teoricamente, têm incluindo a GT em suas atuações psicoterápicas -Burow e Scherpp (1985; p.47) argumentam que “a psicologia humanística é um sistema aberto, acrescentando ainda que “esses fragmentos teóricos devem ser reunidos e, tanto quanto possível, ordenados de modo a formar um todo sistemático e inter-relacionado” -A ACP não é uma teoria estática, mas que, segundo Leitão (1986) “sua evolução demonstra um processo dinâmico de recriação, o que nada mais é que um processo de vida” -Laura Perls (1977) demonstrando ser a GT um espaço aberto a propostas de origens

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-Não se torna viável esta integração entre ACP e GT enquanto abordagens fenomenológico-existenciais, se ocorrer uma retomada dos fundamentos teórico-filosóficos que as sustentam -Alguns profissionais tanto da ACP quanto da GT cometem o erro de não reconhecer e incluir a teorização como uma base essencial para a realização efetiva de suas propostas psicoterápicas. Portanto, por não perceberem a dialética entre teoria e a prática de suas abordagens, caem no tecnicismo ( como acontece entre os Gestalt-terapeutas) ou no intuitivismo (comum entre os profissionais em ACP), negligenciando o fato de que suas práticas são baseadas no fenômeno que existe num espaço e num tempo determinado: o da relação terapêutica -Então é na fenomenologia existencial que devem se assentar suas práticas Por final, percebe-se o quão é enriquecedor o contado e as trocas mútuas entre profissionais da ACP a da GT

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Equipe: Francisco Neto Gabriel Martins

Jaqueline Sobreira Malu Koojiman

Laís Duarte Luana Pires

Professora: Daniela Furlani