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MAURICIO AIZAWA UM COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS SEIS SIGMA E GQ(I)M FOCADO EM MELHORIA DOS PROJETOS DE SOFTWARE Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para conclusão do Curso de MBA em Engenharia de Software São Paulo 2005

Abordagens Seis Sigma

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Page 1: Abordagens Seis Sigma

MAURICIO AIZAWA

UM COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS SEIS SIGMA E GQ(I)M FOCADO EM

MELHORIA DOS PROJETOS DE SOFTWARE

Monografia apresentada à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo

para conclusão do Curso de MBA

em Engenharia de Software

São Paulo 2005

Page 2: Abordagens Seis Sigma

MAURICIO AIZAWA

UM COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS SEIS SIGMA E GQ(I)M FOCADO EM

MELHORIA DOS PROJETOS DE SOFTWARE Monografia apresentada à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo

para conclusão do Curso de MBA em

Engenharia de Software

Área de concentração:

Engenharia de Software

Orientador:

Prof. Dr. Kechi Hirama

São Paulo 2005

Page 3: Abordagens Seis Sigma

FICHA CATALOGRÁFICA

Aizawa, Mauricio Um comparativo entre as abordagens Seis Sigma e GQ(I)M focado em melhoria dos projetos de software / Mauricio Aizawa – São Paulo, 2005. 83 p.

MBA (Monografia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais. Curso de Engenharia de Software.

1. Seis Sigma 2. GQ(I)M 3. Métricas I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais II.t

Page 4: Abordagens Seis Sigma

As oportunidades são como nascer do Sol;

Se você esperar demais, vai perdê-las.

William Artur Ward

Page 5: Abordagens Seis Sigma

1

AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos pais Paulo Shigueru Aizawa e Rosa T. Taira Aizawa por

apoiarem em todos os momentos de minha vida.

Ao meu irmão querido Ronaldo Aizawa a qual admiro muito.

A minha namorada Patrícia Y. Matsubara por compreender e me apoiar nos

momentos de dedicação a esta monografia.

Ao professor Kechi Hirama pelos direcionamentos e tranqüilizações durante as

reuniões de orientação.

Page 6: Abordagens Seis Sigma

2

RESUMO

Software de alta qualidade vem se tornando essencial para as organizações, seja no

nível operacional para a automatização na manufatura até o nível estratégico para a

tomada de decisões.

Este cenário de envolvimento dos softwares nas organizações requer maior

gerenciamento, processos definidos e envolvimento das pessoas, necessário para o

desenvolvimento de aplicativos aderentes às necessidades da organização.

O envolvimento ocorre por parte de todos os níveis da organização, passando pelo

operacional, tático e estratégico. Sem o apoio de um método adequado e estruturado

a dificuldade de se desenvolver e medir softwares com qualidade e aderentes às

necessidades de negócio tornam-se uma tarefa complexa.

Este trabalho tem como objetivo apresentar um comparativo entre as abordagens Seis

Sigma e GQ(I)M onde tópicos relevantes de cada abordagem são descritos e

comparados com enfoque no aumento da qualidade dos softwares produzidos.

Page 7: Abordagens Seis Sigma

3

ABSTRACT

High quality software is becoming essential for organizations, from operational level

like the manufacture automation up to strategical level to make decisions.

This software involvement scenario in organizations requires greater management

control, defined processes and people involvement, all of this is necessary to develop

applications that fit organization's necessities.

The involvement occurs in all organization levels - operational, tactical and

strategical. Without an adequated and structured method to support, it becomes very

complex to develop and measure high quality software.

This work aims to present a comparative between Six Sigma and GQ(I)M

approaches. For each approach relevant topics will be described and compared

focusing in software quality improvement.

Page 8: Abordagens Seis Sigma

4

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

1.1 OBJETIVO .................................................................................................................... 9 1.2 MOTIVAÇÃO ............................................................................................................... 9 1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 11 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 13

2 ABORDAGEM SEIS SIGMA............................................................................................. 15 2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15 2.2 HISTÓRICO.................................................................................................................... 19 2.3 CICLO DE MELHORIA DMAIC........................................................................................ 20

2.3.1 Definição................................................................................................................. 21 2.3.2 Medição .................................................................................................................. 22 2.3.3 Análise .................................................................................................................... 24 2.3.4 Melhoria.................................................................................................................. 25 2.3.5 Controle .................................................................................................................. 26

2.4 RESPONSABILIDADES E REGRAS ..................................................................................... 26 2.4.1 Executivo................................................................................................................. 27 2.4.2 Campeão ................................................................................................................. 27 2.4.3 Mestre Faixa Preta .................................................................................................. 27 2.4.4 Faixa Preta.............................................................................................................. 28 2.4.5 Faixas verdes........................................................................................................... 28

3 ABORDAGEM GQM / GQ(I)M ......................................................................................... 29 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 29 3.2 MÉTRICAS – MENSURAÇÃO ........................................................................................... 33 3.3 FASES DO MÉTODO GQ(I)M........................................................................................... 35 3.4 FASE DE APLICAÇÃO DO MÉTODO................................................................................... 38

3.4.1 Identificar os objetivos de negócio ........................................................................... 38 3.4.2 Identificar o que se deseja aprender ou conhecer ..................................................... 39 3.4.3 Identificar os objetivos secundários.......................................................................... 42 3.4.4 Identificar as entidades e os atributos dos objetivos secundários .............................. 42 3.4.5 Formalizar os objetivos de medição ......................................................................... 43 3.4.6 Identificar questões e indicadores ............................................................................ 46 3.4.7 Identificar informações que serão coletadas para construir os indicadores............... 48 3.4.8 Definir as métricas que serão utilizadas ................................................................... 49 3.4.9 Identificar as ações necessárias para a implementação das métricas ........................ 51 3.4.10 Preparar o plano para implantação das métricas ................................................ 53

4 COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS SEIS SIGMA E GQM EM PROJETOS DE SOFTWARE........................................................................................................................... 57

4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 57 4.2 ESTRUTURA DO COMPARATIVO ...................................................................................... 58 4.3 RELAÇÃO DO SEIS SIGMA, GQ(I)M E PIRÂMIDE ORGANIZACIONAL................................. 58

4.3.1 Nível estratégico...................................................................................................... 63 4.3.2 Nível Tático ............................................................................................................. 64 4.3.3 Nível Operacional.................................................................................................... 65

4.4 PONTOS EM COMUM ...................................................................................................... 66 4.5 PONTOS FRACOS GQ(I)M .............................................................................................. 67 4.6 PONTOS FRACOS SEIS SIGMA ......................................................................................... 68 4.7 INTEGRAÇÃO DO SEIS SIGMA COM GQ(I)M.................................................................... 69

Page 9: Abordagens Seis Sigma

5

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 71 5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 71 5.2 CONTRIBUIÇÕES............................................................................................................ 71 5.3 TRABALHOS FUTUROS ................................................................................................... 73

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 74

Page 10: Abordagens Seis Sigma

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quantidade de organizações com qualificação SW-CMM no Brasil (MCT, 2003) ......................................................................................................................12

Figura 2 – Curva em forma de sino segmentada. (ECKES, 2001)............................16

Figura 3 – Ciclo de melhoria DMAIC (ECKES, 2001)............................................21

Figura 4 – Modelo hierárquico da abordagem GQM (BASILI e WEISS, 1984).......30

Figura 5 – GQ(I)M - Goal Question Indicator Metric (ARAÚJO, 2004)..................32

Figura 6 - Processo GQ(I)M (SOLINGEN, BERGHOUT, 1999). ...........................36

Figura 7 – Modelo para descrição dos objetivos de medição (PARK et al., 1996). ..44

Figura 8 – Problemas encontrados x Tipo de problema (PARK et al., 1996). ..........47

Figura 9 – Exemplo de custo por defeito nas diferentes fases do ciclo de desenvolvimento (PARK et al., 1996). ....................................................................48

Figura 10 – Representação da pirâmide organizacional (FREITAS, 1997) ..............59

Figura 11 – Adaptação do modelo da pirâmide organizacional................................60

Page 11: Abordagens Seis Sigma

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de níveis de Sigma – Rendimento e Defeitos (USEVINICIUS, 2004). .....................................................................................................................18

Tabela 2 – Ilustração do impacto da obtenção de um nível seis sigma em comparação com um nível de qualidade quatro sigma (USEVINICIUS, 2004). ..........................18

Tabela 3 – Tabela dos passos do Plano de mensuração GQ(I)M (PARK et all., 1996)...............................................................................................................................37

Tabela 4 – Exemplo de listagem de entidades e questionamentos: Entradas e recursos (PARK et al., 1996). ...............................................................................................41

Tabela 5 – Sumário do agrupamento das questões – Relacionadas à comunicação (PARK et al., 1996). ...............................................................................................42

Tabela 6 – Exemplos de definição de propósitos (PARK et al., 1996). ....................45

Tabela 7 – Exemplo de descrição de ambiente (PARK et al., 1996). .......................45

Tabela 8 – Exemplos de questões (PARK et al., 1996)............................................46

Tabela 9 – Exemplo de tabela de cruzamento das informações com os indicadores (PARK et al., 1996). ...............................................................................................49

Tabela 10 – Tabela comparativa entre as abordagens Seis Sigma, GQ(I)M e pirâmide organizacional. Adaptada de Hong e Goh (2004) ....................................................63

Page 12: Abordagens Seis Sigma

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CRM Customer Relationship Management – Gerenciamento do

relacionamento com o cliente

DMAIC Define, Measure, Analysis, Improvement, Control

FMEA Failure mode and Effect analysis

GQ(I)M Goal Question Indicator Metric

GQM Goal Question Metric

KDM Deutschmarks – Moeda alemã utilizada antes do Euro

MCT Ministério Ciência e Tecnologia

SEI Software Engineering Institute

SW-CMM Software Capability Maturity Model

Page 13: Abordagens Seis Sigma

9

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO O objetivo do trabalho é apresentar um comparativo entre a estratégia de

gerenciamento de qualidade Seis Sigma e o método GQ(I)M (Goal-Question-

Indicator Metric) para a melhoria de qualidade de software (PARK et al., 1996).

Apesar das particularidades de cada uma e propósitos distintos, a estratégia Seis

Sigma e o método GQ(I)M possuem atributos e diretrizes que podem ser

complementares para o aumento da qualidade dos softwares produzidos.

Embora a abordagem Seis Sigma tenha sido direcionada inicialmente para a melhoria

do processo de manufatura e o método GQ(I)M para a medição do processo de

software através de indicadores, serão comparados focando-se principalmente as

características para o aumento da qualidade dos sistemas finais e sucesso dos

projetos de software.

1.2 MOTIVAÇÃO A competição cada vez mais acirrada entre as empresas não importando se a atuação

de mercado é local ou globalizada, tem forçado as organizações a se movimentarem

rapidamente em dois sentidos: o primeiro no aprimoramento de seus processos

internos na busca por melhores resultados e eficiência operacional e o segundo, no

direcionamento da empresa a fim de torná-la com foco no cliente, ou seja, todo o

esforço da organização com foco no atendimento das necessidades dos clientes.

Tanto o aprimoramento dos processos internos como o remodelamento ou mesmo em

muitos casos criação de uma nova estratégia focalizada no cliente requer forte apoio

da tecnologia da informação. Hoje a informatização faz parte do ambiente

empresarial, tornando-se necessário para a otimização dos fluxos de informação,

armazenamento das informações, disponibilização de meios móveis para acesso

eficaz às informações e tomadas de decisão.

Page 14: Abordagens Seis Sigma

10

Para o alcance dos benefícios empresariais almejados pelos empresários, como

redução de custos envolvidos nos processos, otimização do tempo gasto com

trabalhos manuais, redução do uso de papel, acesso eficaz às informações, entre

outros, consultorias e desenvolvedores de soluções de tecnologia da informação,

disponibilizam os chamados pacotes de software.

Os pacotes são soluções prontas que possuem uma série de regras de negócio

embutidas, ou seja, boas práticas de processos empresariais. Estes processos

empresariais podem ser os mais diversos, passando por manufatura, controle de

produção, notas fiscais, financeiro, jurídico e até relacionamento com cliente e

parceiros.

Empresas em geral estão bastante desapontadas com as implementações de software,

por exemplo, as implementações de software para melhoria do relacionamento com o

cliente. Muitas empresas criticam e culpam os softwares pelo insucesso dos

negócios, porém diversas outras razões para o insucesso estão associadas. Podem ser

citados alguns exemplos como: não comprometimento total da direção da empresa,

despreocupação e negligência com a mudança cultural e implementação não

direcionada de acordo com os objetivos estratégicos, como mostra o artigo publicado

pela empresa Mckinsey dos Estados Unidos em 2004. (AGARWAL et al.,2004)

De acordo com previsões da empresa Gartner Group dos Estados Unidos

(DREYFUSS,2003), até o fim de 2006, mais de 50 por cento de todas as

implementações de CRM – Customer Relationship Management serão vistas como

implementações falhas do ponto de vista do cliente devido à inabilidade das

empresas em lidar com a integração dos canais de atendimento, a deficiência na

remodelação e preparação dos processos internos e falhas em prover benefícios reais

para os clientes.

Este panorama de insatisfação dos resultados obtidos em projetos de software aliada

à necessidade de se aumentar a competitividade da empresa, reduzir custos e ganhar

Page 15: Abordagens Seis Sigma

11

maior participação no mercado de atuação, motivou o desenvolvimento deste

trabalho.

1.3 JUSTIFICATIVA De acordo com relatório publicado pela empresa Standish Group dos Estados Unidos

– The Chaos Report (2004) mostra o desempenho dos projetos de TI nos Estados

Unidos e Europa, percebe-se a complexidade para a entrega dos projetos de software.

O relatório é formado por 58% dos entrevistados dos Estados Unidos, 27% da

Europa e 15% de outros países.

O relatório mostra de um total de 9236 projetos analisados, 29% estão classificados

como projetos bem sucedidos, aqueles aos quais terminaram dentro do prazo com o

custo previsto e com todas as funcionalidades atendidas, 53% foram classificados

como projetos desafiadores aos quais finalizaram em um prazo maior que o estimado

inicialmente com um custo superior e entregando menos funcionalidades que

especificadas no início do projeto e 18% dos projetos estão classificados como

projetos cancelados que foram abandonados em algum momento do ciclo do projeto.

Estes dados apresentados no relatório The Chaos Report (2004) retratavam o cenário

dos projetos de TI para o período analisado 2004, nos últimos anos as empresas de

software têm investido no amadurecimento dos seus processos para desenvolvimento

de software na busca pela maturidade e pela maior competitividade local e

internacional. O aumento no número de avaliações SW-CMM no Brasil mostra o

empenho das empresas de software brasileiras na profissionalização do processo de

construção de software conforme dados publicados pelo MCT – Ministério da

Ciência e Tecnologia de 1997 a 2003, detalhes da evolução são apresentados na

figura 1.

Page 16: Abordagens Seis Sigma

12

Nível Atual Desde

2 3 4

No

ano

Até o

ano

1997 1 1 1

1998 1 1 1

1999 2

2000 2

2001 1 3 4 6

2002 4 4 10

2003 18 1 1 20 30

Figura 1 – Quantidade de organizações com qualificação SW-CMM no Brasil (MCT, 2003)

Segundo o SEI – Software Engineering Institute da Universidade de Carnegie Mellon

dos Estados Unidos, o modelo SW-CMM foi desenhado para guiar as empresas

produtoras de software na escolha de estratégias para melhoria de processos e

identificação de tarefas críticas para a qualidade do software. (PAULK et al., 1993)

O que se percebe durante o processo de implementação é uma ênfase forte no ajuste

dos processos organizacionais, capacitação dos recursos envolvidos com os novos

processos definidos e a cultura da qualidade do software. Porém, aspectos de

relevante importância em um projeto de software que busca o atendimento das

necessidades dos clientes em função das estratégias de negócio não é foco principal

do modelo SW-CMM.

Entre os aspectos citados de importância para um projeto de software, estão, por

exemplo, a identificação dos objetivos estratégicos junto à alta direção. O

conhecimento dos objetivos estratégicos auxilia no direcionamento dos esforços da

organização tanto em processos como em implementações sistêmicas. Sem um

posicionamento estratégico, os esforços despendidos pela organização podem ser

empenhados em ações que não são relevantes para o alcance dos objetivos traçados.

Page 17: Abordagens Seis Sigma

13

Projetos em organizações funcionais, sem a devida conexão e aderência com os

objetivos da organização previamente definidos, podem caminhar para o sentido

contrário à visão dos seus gestores.

O modelo SW-CMM tem seu foco principal no processo de software por entender

que a qualidade de um sistema de software é fortemente influenciada pela qualidade

do processo utilizado para desenvolvê-lo e mantê-lo. (PAULK et al., 1993)

Assim, do ponto de vista acadêmico, este trabalho contribui para o entendimento da

importância da atividade de medição dos objetivos estratégicos para o sucesso dos

projetos de software – esta medição está embasada em procedimentos da abordagem

GQ(I)M – além da abordagem Seis Sigma que tem como foco a redução da variância

dos processos, podendo ser aplicado em projetos de software.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está estruturado em 5 capítulos, organizados da seguinte estrutura: Capítulo 1 – Neste capítulo estão descritos introdução, objetivos, justificativa do

trabalho e a sua estrutura.

Capítulo 2 – Neste capítulo é apresentada a abordagem Seis Sigma e suas

características como o ciclo de melhoria DMAIC e os agentes de mudança: Faixas

Pretas, Faixas Verdes e Mestre Faixa Preta.

Capítulo 3 – Neste capítulo é apresentada a abordagem GQ(I)M, sua definição, a

importância da medição e os passos para a aplicação da abordagem.

Capítulo 4 – Neste capítulo é apresentada uma análise das duas abordagens e as

contribuições que Seis Sigma e GQ(I)M juntas podem trazer aos projetos de

software.

Page 18: Abordagens Seis Sigma

14

Capítulo 5 – Neste capítulo são apresentadas às conclusões do trabalho com as

análises, contribuições e sugestões para pesquisa futura.

Capítulo 6 – Neste capítulo são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas

neste trabalho.

Page 19: Abordagens Seis Sigma

15

2 Abordagem Seis Sigma 2.1 Introdução Os programas antigos de qualidade tinham como foco principal a entrega dos

produtos e serviços na qualidade esperada, porém, não importava a maneira como

esta qualidade era alcançada, ou seja, em um processo, poderiam ocorrer retrabalhos,

refugo, retestes e inspeções finais para o alcance da qualidade. (ANDERSON;

KRABER, 1999)

Estes casos eram considerados parte do processo de busca pela qualidade, porém, na

abordagem Seis Sigma estas variações ocorridas são analisadas, documentadas e

medidas para o cálculo do nível de sigma alcançado no processo. O cálculo do nível

de Sigma indica a situação em que o processo medido se encontra em relação às

variações que podem ocorrer durante um processo. Existem no total seis

classificações de nível Sigma.

Diversas definições estão disponíveis na literatura para explicar o que a abordagem

Seis Sigma se propõe e de que maneira ela pode contribuir para o alcance do

aumento da qualidade dos produtos e serviços ofertados. Entre as definições temos a

de que a estratégia de aplicação do programa Seis Sigma envolve o uso de técnicas

estatísticas dentro de uma metodologia estruturada, a fim de adquirir o conhecimento

necessário para a obtenção de produtos e serviços mais baratos, melhores e mais

rápidos do que a concorrência (BREYFOGLE et al., 2001).

De acordo com Smith e Adams (2000), a abordagem Seis Sigma está se

consolidando no mundo dos negócios e possibilitando grandes conquistas às

empresas, um método que se concentra na diminuição ou eliminação da incidência de

erros, defeitos e falhas de um processo. Ela pode ser aplicada na maioria dos setores

da atividade econômica.

Conforme White (1992), o objetivo do Seis Sigma é melhorar um processo

eliminando o desperdício e oportunidades de desperdício o quanto for possível. O

Page 20: Abordagens Seis Sigma

16

objetivo de um processo baseado em Seis Sigma é uma taxa de defeito de apenas

algumas partes por milhão, que corresponde a 99,9996% acertos por milhão.

Para Pande (2001), é uma abordagem flexível para a liderança e desempenho dos

negócios e possibilita o alcance dos benefícios após a sua implementação.

Sigma ( б ) é uma letra do alfabeto grego e indica o estudo da variância de um

processo. Os processos estabelecidos são analisados e medidos de acordo com a

qualidade das saídas ou produto final, conforme a variância encontrada de um total

mensurado. O processo é classificado em um nível de Sigma específico indicando o

estágio a qual o processo se encontra e quanto está distante da perfeição.

A figura 2 apresenta o gráfico que representa as variações Seis Sigma, também

chamado de curva em forma de sino ou distribuição normal. A maior concentração

de valores é em torno da média e conforme vai se distanciando os valores caem

sistematicamente. A distância entre a linha central e o ponto de inflexão (onde a

curva começa a se achatar) é denominada sigma, o desvio padrão. (ECKES, 2001)

Figura 2 – Curva em forma de sino segmentada. (ECKES, 2001)

Page 21: Abordagens Seis Sigma

17

A curva apresentada na figura 2 possui algumas características:

§ A curva representa 100% daquilo que está sendo medido. Cada uma das

extremidades da curva segue infinitamente;

§ A curva é simétrica;

§ O pico da curva representa o valor de ocorrência mais comum, ou média;

§ A curva pode ser dividida em uma série de segmentos.

Alcançar um processo classificado como Seis Sigma significa ter um processo de

apenas 3.4 defeitos por milhão de oportunidades. De acordo com Hilsdorf (2002), um

processo é definido como tendo um desempenho Seis Sigma quando estiver com a

média da população centrado no valor nominal da especificação, e os limites da

especificação estiverem distantes seis desvios padrões da média da população.

Um Sigma indica um processo com 691.462,5 defeitos por milhão de oportunidades,

significando a percentagem de apenas 30,9% de entrega dentro das especificações do

cliente. Esta quantidade de defeitos é sensivelmente alta ocasionando uma grande

perda no resultado final de entrega.

Um defeito é uma característica mensurável de um processo ou de um resultado que

não é aceito pelo cliente, ou seja, não atendeu as expectativas e/ou necessidades do

cliente – não conformidade com as especificações.

Um processo classificado como 6 б, tem-se 99,9999998% de produtos perfeitos, isto

é, dois defeitos por bilhão de unidades produzidas (USEVINICIUS, 2004).

A tabela 1 representa a percentagem de rendimento e o número de defeitos de acordo

com cada nível da escala Sigma.

Page 22: Abordagens Seis Sigma

18

Tabela 1 – Tabela de níveis de Sigma – Rendimento e Defeitos (USEVINICIUS, 2004).

Rendimento em % Escala Sigma Defeitos (PPM)

30,9 1 691.462 69,2 2 308.000 93,3 3 66.800 99,4 4 6210 99,98 5 320

99,9997 6 3,4

Analisando a tabela 2, verifica-se que, quanto mais alto o valor da escala sigma

menor a probabilidade de um processo produzir defeitos. Cada ponto da escala sigma

produz uma redução exponencial de defeitos. Como resultado, a necessidade de

testes e inspeções diminuem, os custos baixam, os tempos de ciclo diminuem e a

satisfação dos clientes aumenta (HARRY; SCHROEDER, 2000).

Tabela 2 – Ilustração do impacto da obtenção de um nível seis sigma em comparação com um nível de qualidade quatro sigma (USEVINICIUS, 2004). Quatro Sigma (99,38%) » Seis Sigma (99,9997%)

Sete horas de falta de energia elétrica por mês

» Uma hora de falta de energia elétrica a cada 34 anos

5.000 operações cirúrgicas incorretas por semana

» 1,7 operação cirúrgica por semana

3.000 cartas enviadas extraviadas para cada 3.000.000 cartas postadas

» 1 carta extraviada para cada 3.000.000 cartas postadas

Quinze minutos de fornecimento de água não potável por dia

» Um minuto de fornecimento de água não potável a cada sete meses

Uma aterrisagem de emergência no aeroporto de Guarulhos por dia

» Uma aterrisagem de emergência em todos os aeroportos do Brasil a cada cinco anos

Um canal de TV 1,68 horas fora do ar por semana

» Um canal de TV 1,8 segundos fora do ar por semana

Page 23: Abordagens Seis Sigma

19

2.2 Histórico

A crise dos combustíveis ocorrida durante a metade da década de 70 foi um dos

precursores na mudança de percepção da qualidade dos produtos e serviços norte

americanos. Devido à crise, os americanos iniciaram uma migração de aquisição dos

veículos norte americano vorazes no consumo de combustível por veículos

importados, no caso os japoneses, que eram mais econômicos. Com a utilização dos

veículos japoneses, foi se percebendo que não apenas eram mais econômicos como

também eram mais duráveis e confiáveis. (ECKES, 2001)

As empresas americanas tinham como prática a inspeção da qualidade dos produtos

fabricados somente ao final de todo o processo produtivo, enquanto as empresas

japonesas possuíam abordagens e atitudes diferentes em relação à qualidade,

aprimorando os processos de fabricação continuamente. Um processo é definido

como uma série de atividades que agregam valor e reverte-se em um resultado.

Devido a este cenário da qualidade inferior dos produtos americanos e a ampliação

da participação de mercado dos produtos japoneses, o Departamento de Comércio

Americano na década de 80, editou uma medida para as empresas americanas,

expressando a necessidade dos EUA superar o Japão em termos de produtividade.

Diversas empresas americanas foram até o Japão para comparar seus métodos

utilizados frente aos métodos japoneses e entender o porquê do Japão ter uma

produtividade tão elevada. (MOURA, 2004)

A abordagem Seis Sigma surgiu na empresa Motorola dos EUA em 1985, os

precursores foram Mikel Harry e posteriormente Bob Galvin – presidente da

Motorola dos Estados Unidos na época. A Motorola chegou à conclusão de que não

bastava apenas o atendimento das especificações, mas sim reduzir as variações dos

processos.

Com Bob Galvin a Motorola iniciou a análise de variação em todas as atividades da

empresa, adotando como meta Seis Sigma para todas as ações 3,4 defeitos por

milhões de oportunidades. (ECKES, 2001)

Page 24: Abordagens Seis Sigma

20

A decisão da Motorola de focar na qualidade de suas ações através da abordagem

Seis Sigma foi uma tentativa de contornar a redução de participação de mercado,

custos mais elevados comparados aos custos das operações japonesas, além de um

maior nível de satisfação dos clientes frente à qualidade dos produtos japoneses.

(CATHERWOOD, 2002)

Para o alcance dos resultados esperados através da redução da variação dos seus

processos e da não conformidade, a Motorola utilizou-se do método denominado

DMAIC (Definição, Medição, Análise, Melhoria e Controle). (SANTOS;

MARTINS, 2003)

2.3 Ciclo de melhoria DMAIC O DMAIC é um modelo formado de cinco fases que possuem o objetivo de guiar as

atividades necessárias e empregadas na abordagem Seis Sigma para a melhoria dos

processos. Cada letra desta sigla tem um significado bem definido, os quais são

respectivamente, Definição (D), Medição (M), Análise (A), Melhoria (I) e Controle

(C). (SANTOS; MARTINS, 2003)

O modelo serve como um apoio para se manter o foco nas atividades seguindo uma

direção estruturada.

A figura 3 apresenta todas as fases do ciclo DMAIC e associado a cada uma das

fases é indicado as principais atividades envolvidas nesta etapa.

Page 25: Abordagens Seis Sigma

21

Figura 3 – Ciclo de melhoria DMAIC (ECKES, 2001).

2.3.1 Definição Esta fase possui como foco a identificação dos problemas e situações a serem

melhoradas nos processos organizacionais de qualquer natureza, seja manufatureiro

ou prestação de serviços. As melhorias identificadas através da análise dos processos

organizacionais devem ter como foco principal o atendimento das necessidades dos

clientes da organização. (STAMATIS, 2004)

Os clientes da organização são todos aqueles que são afetados pela baixa qualidade

de um produto ou serviço entregue, entre os clientes estão departamentos internos, os

funcionários e principalmente os clientes finais.

O ponto de vista do cliente é uma das premissas básicas para a análise e

direcionamento de todas as atividades que a equipe de trabalho executará na fase de

definição. Identificar os parâmetros relevantes para o cliente são entradas de

informações importantes para a atividade de mapeamento dos processos.

Page 26: Abordagens Seis Sigma

22

Informações como o tempo que o cliente final considera como aceitável para a

entrega de um produto, o que significa qualidade do produto na visão do cliente, qual

o tempo máximo aceitável para aguardo na central de atendimento são parâmetros

relevantes para os processos.

Durante a fase de definição, os processos internos que afetam os clientes da

organização são mapeados, identificando as entradas e saídas dos processos e seus

relacionamentos com os demais processos da organização. O mapeamento dos

processos é uma das atividades chaves da fase de definição, permitindo assim que

através do resultado do mapeamento seja possível identificar áreas de retrabalho,

atividades que não agregam valor ao resultado final, atividades que estão fora dos

padrões de mercado no quesito tempo e uso de recurso, e também problemas com

recursos humanos específicos dentro de um processo. (STAMATIS, 2004)

Para um problema detectado durante as discussões com a equipe de trabalho, este

deve ter obrigatoriamente evidências comprovando a ocorrência deste problema. Os

fatos não podem ser assumidos a partir de um entendimento particular de um

integrante ou grupo.

A partir do resultado alcançado, a equipe de trabalho deve definir o que faz parte do

escopo de trabalho e priorizar os problemas encontrados. O resultado alcançado pode

ser extenso e com muitos detalhes, porém, é de importância priorizar e definir um

escopo de trabalho inicial para que o projeto não se estenda e demore um tempo

longo para atingir um resultado em curto prazo. Dos pontos priorizados no escopo de

trabalho, devem-se detalhar as alternativas de soluções, sempre focando o valor que a

organização pode agregar aos clientes.

2.3.2 Medição Na fase de medição, são discutidos os procedimentos para coleta de informações dos

processos mapeados na fase de Análise. É através da aplicação destes procedimentos,

que as informações sobre o desempenho atual dos processos são identificadas. Estas

informações são valiosas para o desenvolvimento do plano de coleta, permitindo com

Page 27: Abordagens Seis Sigma

23

isto, preparar a estrutura de avaliação de desempenho dos processos. (STAMATIS,

2004)

A avaliação tem a função de acompanhar e medir o andamento dos processos,

permitindo que melhorias possam ser implementadas em conformidade com os

resultados obtidos. As variações encontradas durante as medições podem ser

apresentadas de algumas formas, entre as utilizadas estão: gráficos de pareto e

histogramas.

Estas formas gráficas auxiliam a equipe de trabalho e os patrocinadores do projeto a

visualizarem facilmente o desempenho dos processos frente às mesmas medições

realizadas em um período anterior.

Durante as atividades de medição dos processos, é importante que a equipe de

trabalho esteja ciente sobre os motivos pelos quais variações podem ocorrer durante

as medições. Existem variações que podem ser classificadas como variações comuns

e especiais.

As variações comuns são as que envolvem a instabilidade de alguns fatores como:

recursos humanos, máquinas, procedimentos, materiais e mesmo o ambiente. São

instabilidades que podem ocorrer, por exemplo, na falha de uma máquina por falta de

manutenção, operário com dificuldades de operação de uma máquina por problemas

emocionais e até mesmo problemas do ambiente como a mudança da disposição de

máquinas causando acidentes. Variações comuns são oportunidades de melhoria

dentro dos processos. (STAMATIS, 2004)

As variações especiais acontecem de forma imprevisível, como por exemplo, um

temporal que acontece em uma época não convencional e inunda todo o parque de

máquinas. Difícil de prever e preparar para uma variação como esta.

Page 28: Abordagens Seis Sigma

24

Com as variações identificadas, o plano de coleta de informações deve aglutinar

todas as informações coletadas pela equipe de trabalho, os procedimentos discutidos

para a coleta das informações e as variações encontradas durante os processos.

A partir da consolidação destas informações, pontos podem ser detalhados como:

§ Quem são os responsáveis pela coleta de informações nos processos?

§ Como o sistema de medição será testado?

§ Como as informações coletadas serão apresentadas?

§ Se erros ocorrerem durante o processo de coleta de informações, como

resolver estes impasses?

§ As informações coletadas possuem o nível de detalhe necessário?

O detalhamento do plano de coleta auxiliará a equipe de trabalho na minimização de

riscos do processo de coleta de informações, riscos estes relacionados a não

confiabilidade das informações coletadas. (STAMATIS, 2004)

O processo deve ser consistente e assegurar que as informações coletadas estejam

íntegras. Os procedimentos devem estar bem descritos, pois o mesmo procedimento

deve ser aplicado outras vezes para acompanhamento do desempenho.

2.3.3 Análise O objetivo desta fase de análise é a consolidação do plano de coleta de informações

da fase de Medição e das oportunidades de melhoria identificadas na fase de

Definição.

Esta análise em conjunto das melhorias detectadas e das medições dos processos

atuais, permite que a equipe de trabalho tire conclusões sobre as melhorias a

priorizar, confirme sobre as reais necessidades de melhoria nos processos, identifique

as origens dos problemas e principalmente, quais são os reais benefícios das

melhorias identificadas. (STAMATIS, 2004)

Page 29: Abordagens Seis Sigma

25

O resultado da fase de análise permite que a equipe de trabalho obtenha respostas

para as questões como:

§ Qual é a oportunidade de melhoria?

§ Qual é a maneira de se analisar as informações?

§ Quais são as causas raízes de problemas identificadas que geram

oportunidade de melhoria?

§ Como as informações foram analisadas para identificar estas origens de

variação encontradas?

§ A análise resultou em mudança de escopo?

2.3.4 Melhoria O objetivo desta fase é gerar idéias, desenhar programas de melhorias, realizar

projetos pilotos de ajustes em processos e implementá-los. É através da análise dos

resultados obtidos nas fases de Definição, Medição e Análise que a fase de Melhoria

possui subsídios para propor mudanças e estar constantemente pensando em

melhorias.

A coleta de informações da satisfação dos clientes em conjunto com dados de

desempenho de processos, auxilia a equipe de trabalho a propor mudanças, em

alguns casos ajustes. (STAMATIS, 2004)

O custo benefício de uma mudança é analisado criteriosamente a fim de se concluir

se o impacto da mudança é realmente benéfico tanto em redução de custos como em

benefícios para os clientes da organização.

Toda proposta de melhoria deve estar apoiada através da implementação de um

piloto inicial, um piloto é um projeto em menor escala que visa validar com um

grupo menor se os benefícios propostos realmente foram atingidos. A comprovação

dos benefícios em projetos pilotos são um forte indicativo de que o resultado pode

ser propagado se implementado na área ou em um processo como um todo.

(STAMATIS, 2004)

Page 30: Abordagens Seis Sigma

26

Com a implementação realizada e em andamento, o processo de validação desta nova

implementação deve ser constante, validando se ocorreu melhoria no desempenho do

processo ao ser comparado com a medição anterior à mudança.

2.3.5 Controle O objetivo desta fase é controlar os processos existentes, aplicar medições com o

intuito de monitorar o andamento dos processos e antecipar ações corretivas e de

prevenção de desvios.

Devem-se institucionalizar melhorias através de modificações em sistemas,

estruturas e processos, tudo isto acompanhado por um plano de controle onde ficam

registrados os responsáveis, o que está sendo mensurado, parâmetros de desempenho

e medidas corretivas aplicadas. (STAMATIS, 2004)

O resultado da fase de controle é permitir aos donos dos processos visualizar:

§ Entender as expectativas de desempenho dos processos;

§ Como medir e acompanhar as métricas X para que o processo alcance a

métrica Y;

§ Quais ações devem ser executadas no caso de ocorrem problemas X, Y e Z;

§ Entre outros.

2.4 Responsabilidades e regras Em qualquer tipo de projeto, seja para desenvolvimento de software, construção civil

ou mesmo um projeto automobilístico, existe uma relação direta entre as habilidades

das pessoas envolvidas no projeto e o sucesso alcançado. (DOMINGUES, 2005)

Segundo Domingues (2005), os processos e metodologias que são usados pelas

empresas para gerenciar projetos são extremamente importantes para aumentar a

probabilidade de sucesso, mas por si só não o garantem, processos e metodologias só

Page 31: Abordagens Seis Sigma

27

têm sentido se realizados por pessoas. As pessoas envolvidas que determinam o

sucesso ou falha dos mesmos.

Dentro da abordagem Seis Sigma também não é diferente de outros projetos. Existem

associados diferentes papéis e responsáveis que auxiliam na gestão e

operacionalização de atividades durante todo o ciclo de melhoria DMAIC.

Os papéis atuantes na abordagem Seis Sigma são: Executivos, Campeão, Mestre

Faixa Preta, Faixa Preta e Faixa Verde.

2.4.1 Executivo São membros da direção da empresa, responsáveis por definir estratégias, garantir

recursos, direcionar pessoas da organização para as atividades de projeto, orientar o

projeto de acordo com a estratégia corporativa, apoiar a corporação na mudança

cultural, eliminar conflitos internos e monitorar resultados dos projetos.

2.4.2 Campeão O campeão é um membro da alta direção e este é responsável por facilitar a

identificação e priorização dos projetos, visualizar os projetos em conformidade com

a estratégia empresarial, ampliar os benefícios do projeto para toda a corporação,

plano de comunicação sobre a estratégia e o andamento para a organização, recrutar

e inspirar os faixas pretas nos projetos e monitorar o desempenho e andamento dos

projetos.

2.4.3 Mestre Faixa Preta É o professor e mentor dos faixas pretas além de auxiliar o campeão, é o especialista

nas ferramentas e técnicas Seis Sigma, desenvolve e certifica os faixas pretas,

participa das revisões do projeto e aponta o seu parecer técnico, compartilha

melhores práticas e entende a ligação entre a estratégia de negócio e os projetos Seis

Sigma.

Page 32: Abordagens Seis Sigma

28

2.4.4 Faixa Preta

São os líderes de equipe responsáveis pelo acompanhamento do progresso das fases

de Definição, Medição, Análise, Melhoria e Controle dos processos que influenciam

na satisfação dos clientes.

Entre as atividades dos faixas pretas estão: preparar avaliação inicial do projeto e

validar os benefícios, liderar e direcionar a equipe para a execução do projeto,

determinar quais ferramentas utilizar, identificar os colaboradores do projeto,

apresentar os dados das oportunidades, apresentar o progresso do projeto e os

benefícios, gerenciar os riscos do projeto, entre outros.

2.4.5 Faixas verdes

São os colaboradores que participam ativamente nos projetos Seis Sigma auxiliando

na implementação das ferramentas e aplicação das técnicas. As atividades que os

faixas verdes executam podem variar dependendo de organização para organização.

Page 33: Abordagens Seis Sigma

29

3 Abordagem GQM / GQ(I)M 3.1 Introdução As organizações estão cada vez mais envolvidas com implementações de software,

seja por meio de desenvolvimentos internos, ou mesmo utilizando a terceirização

como forma de contratação para a aquisição de serviços de software. Todo este

investimento e envolvimento com os softwares pelas organizações estão alinhados

com a necessidade de automatização das áreas internas visando maior eficiência,

redução de custos e ganhos de competitividade.

O que se percebe associada a esta demanda por automatização e aos altos

investimentos realizados é uma exigência cada vez maior pela qualidade dos

softwares produzidos e, principalmente, alinhamento com o resultado financeiro

esperado.

Diversas organizações, de acordo com as necessidades de mercado, foram

estabelecendo processos ad-hoc de construção de software baseados em formatos de

outras empresas ou mesmo baseado apenas em experiências de alguns profissionais

internos. Esta maneira de construção de software gerou como resultado soluções

incompatíveis com as necessidades reais da empresa, altos volumes de investimentos

além do previsto e equipe desmotivada. (WANGENHEIM, 2000)

Um dos pontos de dificuldade das empresas em gerar o resultado esperado nas

implementações de sistemas, pode ser atribuído ao não direcionamento dos projetos

de acordo com os objetivos estratégicos da organização. Diversos casos apontam

projetos de sistemas que focalizam extremamente a resolução das necessidades

internas dos departamentos, porém, sem priorizar as ações mais importantes de

acordo com os objetivos da corporação. (ORLANDI, 2000)

Esta dificuldade de não se enxergar as ações a serem realizadas de acordo com os

objetivos empresariais é um dos pontos causadores das dificuldades em

implementações de software.

Page 34: Abordagens Seis Sigma

30

A abordagem GQM – Goal Question Metric representa um método para

especificação de programas de medição de software permitindo que as medições

selecionadas sejam utilizadas para acompanhamento do sucesso no alcance dos

objetivos traçados para o programa. (GOETHERT; FISCHER, 2003)

O GQM baseia-se na suposição de que para se medir de maneira eficaz, alguns

objetivos devem ser estabelecidos para que estes sirvam de rota para o

estabelecimento de questões que orientarão a definição de métricas em um contexto

particular. (SOUZA et al. 2003)

É muito importante para o sucesso da aplicação do GQM que os objetivos estejam

bem traçados, pois somente assim a escolha das métricas e posterior avaliação dos

dados serão bem sucedidas. (GOMES et al. 2001)

A abordagem GQM foi concebida durante a década de 70 e 80 por Victor R. Basili e

David M. Weiss (BASILI; WEISS, 1984), e estendida posteriormente por Rombach.

(BASILI et al. 1994). De acordo com Basili (1984), os objetivos traçados permitem

focar em problemas importantes.

Figura 4 – Modelo hierárquico da abordagem GQM (BASILI e WEISS, 1984).

Page 35: Abordagens Seis Sigma

31

A figura 4 apresenta o modelo hierárquico da abordagem GQM, o qual se inicia no

nível superior com a definição dos objetivos de medição, na seqüência, estes

objetivos são refinados em diversas questões e por fim de cada questão são extraídas

métricas que devem prover informações para responder as questões levantadas. As

questões são perguntas e discussões da equipe de acordo com cada um dos objetivos

definidos pela direção.

O modelo mental indicado na figura significa o trabalho que a equipe envolvida

realiza para a derivação das questões e o entendimento do contexto de acordo com os

objetivos de negócio.

Os objetivos normalmente são direcionados de acordo com questões relevantes e

fundamentais para a organização como satisfação dos clientes, a qualidade dos

produtos e a produtividade. (GOETHERT; FISCHER, 2003)

O rastreamento mantido entre objetivos e métricas, serve como base para futuras

adaptações e melhorias do processo de medição. Quando os objetivos mudam, o

reflexo no conjunto de métricas pode ser facilmente percebido, e então elas podem

ser adaptadas às novas necessidades.

Esse mesmo rastreamento se percorrido no sentido oposto a partir do nível inferior,

pode ser usado como um guia para a interpretação do resultado das medições. Os

dados coletados são usados para responder às perguntas, e então é possível conhecer

a situação atual da organização em relação aos objetivos estabelecidos. (BORGES,

2003)

Algumas extensões foram elaboradas com base na abordagem inicial de Basili e

Weiss (1984), entre as extensões, temos a de Rombach (1994) e a extensão do SEI –

Software Engineering Institute da Universidade de Carnegie Mellon dos Estados

Unidos (PARK et al., 1996), focadas na definição de objetivos estratégicos e a

inclusão dos indicadores para visualização das métricas.

Page 36: Abordagens Seis Sigma

32

A versão do Software Engineering Institute da Universidade de Carnegie Mellon dos

Estados Unidos foi publicada em 1996 e denominada como GQ(I)M (PARK et al.,

1996). Esta tem por objetivo ser uma técnica para a definição de uma política de

medição. O guia possui a seqüência de atividades recomendadas, produzindo ao final

um conjunto de indicadores e métricas adequadas às necessidades de uma

organização. Esta abordagem também é conhecida como GQ(I)M – Goal Question

Indicator Metric. (BORGES, 2003)

Nesta técnica os objetivos do programa de medição devem ser definidos de acordo

com os objetivos da organização. A partir dos objetivos traçados, transformar estes

objetivos em atividades que podem ser medidas durante o decorrer do projeto de

software. (SOLINGEN; BERGHOUT, 1999).

A Figura 5 apresenta uma visão geral do método GQ(I)M. Primeiro identifica-se os

objetivos do negócio em uma visão de alto nível. Estes objetivos de negócio são

obtidos da visão e missão, definidos pela alta direção.

Figura 5 – GQ(I)M - Goal Question Indicator Metric (ARAÚJO, 2004).

Page 37: Abordagens Seis Sigma

33

Em seguida, com os objetivos definidos, estes são refinados com o intuito de se

validar e entender de que maneira estes objetivos podem ser medidos. O resultado

deste refinamento é uma lista de questões que estão associadas a cada um dos

objetivos.

Com as questões descritas, estas são base para a identificação de informações para a

composição dos indicadores e métricas. Exemplo de questões para obtenção de

informações podem ser: Existem pessoas qualificadas para produzirem os resultados

esperados pelos clientes? O progresso de desenvolvimento é visível para os clientes?

Com as informações obtidas através das questões, as métricas e indicadores são

detalhados em um plano de projeto. Detalhes como características do tipo de gráfico

a ser utilizado e tipo de público de visualização do gráfico são identificadas. A

apresentação ou relatório usado para comunicar os dados é a chave para entender

porque um dado específico está sendo coletado.

Comparando com a abordagem GQM de Basili e Rombach (BASILI et al. 1994), o

GQ(I)M prevê que os indicadores sejam parte integrante do processo, a fim de se

analisar e acompanhar graficamente o andamento e o atingimento das metas traçadas.

Segundo Goethert (2003), identificar questões e métricas sem visualizar um

indicador não é suficiente para começar um programa bem sucedido de medição.

Estes indicadores servem como uma especificação de requisitos para os dados que

devem ser coletados, processados e analisados.

O modelo GQ(I)M será analisado com mais detalhes nos itens a seguir por ser uma

evolução do modelo inicial idealizado por Basili e Rombach (BASILI et al. 1994),

além de possuir uma orientação de aplicação de acordo com a experiência adquirida

em projetos no SEI.

3.2 Métricas – Mensuração

Page 38: Abordagens Seis Sigma

34

As métricas podem auxiliar a direcionar a maior parte dos problemas críticos em

desenvolvimento de software além de prover suporte para se planejar, monitorar,

controlar e validar processos de software. (HE, WANG, 2003)

Segundo Lindstrom (2004), mensuração de software é medir atributos de um

processo, produto ou recursos em projetos de software. O objetivo maior da

mensuração é coletar informações sobre o trabalho executado e a partir disto

melhorar os processos e produtos prevendo e analisando tendências.

De acordo com Park et al. (1996), existem quatro razões para medir processos de

software, produtos e recursos:

1. Para se caracterizar

2. Para se avaliar

3. Para se prever

4. Para se melhorar

A caracterização tem como objetivo obter um entendimento do ambiente a ser

mensurado, entender os processos, produtos e recursos além de estabelecer um marco

para comparações com futuras avaliações.

A avaliação tem como objetivo determinar o status dos projetos e processos com os

planos respectivos. As medidas são como sensores que sinalizam se um processo ou

projeto está se desviando do planejamento traçado, permitindo assim avaliar a

situação e tomar ações corretivas para retornar ao planejamento inicial.

A previsão significa coletar e analisar informações para se planejar. Mensurar para se

prever serve como base para se avaliar tendências para se estimar custos, tempo e

qualidade. Analisar informações históricas auxilia os gestores do projeto a analisar

riscos e comparar com custos e atividades.

Page 39: Abordagens Seis Sigma

35

A melhoria significa identificar origens de problemas, ineficiências, obstáculos entre

outras oportunidades de melhoria de qualidade de produto e desempenho de

processos através das informações quantitativas capturadas. Medir o desempenho

atual dos processos auxilia na avaliação se as ações corretivas estão fazendo efeito

além de verificar em quais outros pontos está impactando o processo. As medidas em

um processo de mensuração servem como diretrizes para se comunicar objetivos de

melhoria de processo a equipe.

3.3 Fases do método GQ(I)M As fases do método GQ(I)M são definidas de acordo com três preceitos principais e

consiste em 10 fases que serão detalhadas nos tópicos seguintes.

A grande ênfase da abordagem GQ(I)M é coletar informações dos processos para

suporte e verificação do alcance dos objetivos de negócio. Um dos pontos relevantes

da abordagem é a definição dos objetivos de medição de acordo com a visão

estratégica da empresa. Este alinhamento permite uma garantia de rastreabilidade

entre os direcionamentos organizacionais e os esforços aplicados no nível

operacional.

Os três preceitos ditados pela abordagem do SEI são:

§ As definições das mensurações dos objetivos de negócio são derivadas das

estratégias de negócio

§ Envolver os modelos mentais provendo foco e facilidade no entendimento do

contexto do negócio

§ GQ(I)M deve traduzir objetivos informais em estruturas de execução

mensuráveis.

Page 40: Abordagens Seis Sigma

36

A figura 6 apresenta os 10 passos citados na tabela 3, que estão marcados por um

círculo. Na figura é apresentada uma indicação do conceito denominado Modelo

Mental.

Figura 6 - Processo GQ(I)M (SOLINGEN, BERGHOUT, 1999).

Page 41: Abordagens Seis Sigma

37

Tabela 3 – Tabela dos passos do Plano de mensuração GQ(I)M (PARK et all., 1996) As 10 fases envolvidas na abordagem são:

Fases

1 Identificar os objetivos de negócio

2 Identificar o que se deseja conhecer e aprender

3 Identificar os objetivos secundários de negócio

4 Identificar as entidades e os atributos dos objetivos secundários

5 Formalizar os objetivos de medição

6 Identificar questões e indicadores

7 Identificar as informações que serão coletadas para construir os

indicadores.

8 Definir as métricas que serão utilizadas.

9 Identificar as ações necessárias para a implementação das métricas.

10 Preparar o plano para implantação das métricas.

Esta referência do Modelo Mental tem a sua relevância na condução dos passos de

definição do GQ(I)M. O Modelo Mental é o entendimento que cada pessoa

relacionada ao processo tem sobre os objetivos corporativos e os processos da

corporação. Estes entendimentos pessoais são definidos mentalmente de acordo com

os recursos, produtos e processos que cada pessoa conhece e vivencia.

A importância de se trabalhar o modelo mental é a correta compreensão e os

cuidados a serem tomados durante a condução dos trabalhos para que divergências

de entendimento sobre os objetivos e processos não ocorram após as discussões e

definições.

Page 42: Abordagens Seis Sigma

38

Os modelos mentais são abstratos e são formados pela mente de cada pessoa, sendo

que conforme a experiência e o dia-a-dia, os modelos são formados ditando regras e

conclusões para as tomadas de ações diárias.

Para a execução dos passos do processo de medição dos objetivos, é recomendada

durante as discussões a utilização do apoio de fluxograma, o qual permite se verificar

visualmente as entidades e atributos envolvidos nos processos. Entradas, saídas,

tarefas e fluxos são melhor visualizados e compreendidos ao se modelarem os

fluxogramas.

Com as discussões e o exercício do fluxograma, os modelos mentais dos envolvidos

nos processos começam a dar forma e consolidam-se em modelos de processo,

garantindo assim que todos os envolvidos tenham uma visão única dos problemas

que precisam ser encaminhados e resolvidos. Com isto, questões, objetivos

secundários e indicadores são melhor discutidos e alinhados de acordo com os

objetivos de negócio.

3.4 Fase de aplicação do método O processo de mensuração dos objetivos de negócio inicia-se com a identificação dos

objetivos de negócio, e destes objetivos maiores, objetivos secundários gerenciáveis

são derivados. Durante todo o processo e passagem pelas fases, o foco e a garantia da

rastreabilidade para os objetivos de negócio devem ser preservados, permitindo

assim que os envolvidos com a coleta das informações não percam o direcionamento

e alinhamento com os objetivos.

O resultado deste processo é alcançado com o plano de implementação das métricas

e indicadores que suportam os objetivos de negócio.

3.4.1 Identificar os objetivos de negócio

Page 43: Abordagens Seis Sigma

39

A identificação dos objetivos de negócio é uma fase essencialmente importante

dentro do processo, já que todas as demais fases terão como base os objetivos de

negócio extraídos durante esta fase.

A extração dos objetivos de negócio pode ser realizada e estar de acordo com

qualquer nível da organização, desde a definição mais alto nível como, por exemplo,

“Aumentar a satisfação dos clientes em 10%”, quanto métricas mais operacionais

como “Reduzir a taxa de retrabalho encontrada em projetos de software”. O nível da

definição dos objetivos deve ser discutido juntamente com a equipe de projeto e

normalmente é direcionado de acordo com os objetivos do patrocinador do projeto,

seja do corpo diretivo ou mesmo um gerente de projeto.

O resultado desta fase será uma lista contendo todos os objetivos de negócio de

relevância para a organização. O alcance desta listagem com os objetivos pode ser

extraída com qualquer técnica existente, desde uma reunião de brainstorming1 de

grupo ou mesmo entrevistas individuais com cada integrante relacionado. O

importante dos objetivos definitivos listados é ter um consenso entre todos os

envolvidos da lista de objetivos traçados e suas prioridades.

3.4.2 Identificar o que se deseja aprender ou conhecer Após definido os objetivos do projeto conforme a visão da organização, o próximo

passo é juntamente com a equipe de projeto, identificar o que a organização irá

aprender e conhecer durante as atividades. Este conhecimento a ser desvendado e

aprendido servirá para se compreender, avaliar, prever e melhorar as atividades e

processos relacionados com a busca pelos objetivos definidos.

O resultado desta fase será uma listagem contendo as entidades e as questões

relevantes para cada um dos objetivos definidos na etapa anterior.

O processo de definição e elicitação destas questões auxiliam a equipe envolvida a

visualizar com mais riqueza e objetividade os desafios e preocupações a serem

enfrentadas para o alcance das metas definidas.

Page 44: Abordagens Seis Sigma

40

O processo GQ(I)M sugere para a elicitação das questões a partir dos objetivos, a

seguinte seqüência de atividades:

_____________________________ 1 Alex Faickney OSBORN (1888-1966) - Procedimento utilizado para encontrar solução para um problema através de uma série de idéias

1. Iniciar o processo através de um dos objetivos traçados pela equipe;

2. Identificar as pessoas chaves que o grupo e as pessoas envolvidas irão

encaminhar às preocupações;

3. Trabalhar os modelos mentais do grupo sempre focalizando o objetivo

principal definido. O grupo deve discutir sobre os problemas enfrentados para

o alcance do objetivo;

4. Definir os elementos importantes (entidades) do processo identificando as

entradas e recursos, os produtos gerados, os artefatos internos e os fluxos de

informação. Exemplo de Entidades: Pessoas, solicitação de mudança pelo

cliente, orçamento, consultoria, etc. Exemplos de questões para obtenção das

entidades: Existem pessoas qualificadas para produzirem os resultados

esperados pelos clientes? O progresso do desenvolvimento é visível para os

clientes?

5. Para cada entidade, refinar as questões, sendo que as respostas devem apoiar

no planejamento e acompanhamento do progresso para alcance dos objetivos.

Exemplos de questões: Quantos componentes? Qual a velocidade? Quanto

custa? Quanto tempo consumirá?

Page 45: Abordagens Seis Sigma

41

6. Revisar todas as informações coletadas entre as atividades 1 e 5 verificando

se todos os pontos foram contemplados – questões, entidades e informações.

Para a revisão das informações, podem ser utilizadas as seguintes perguntas:

a. O processo está estável?

b. Quais pontos podemos controlar?

c. Quais são as necessidades dos clientes?

d. Qual é o Plano B no caso de algo sair errado?

e. Qual o tamanho da lista de pendências?

f. O que determina qualidade?

7. Repetir do passo um ao seis para todos os objetivos definidos, um a um.

A tabela 4 apresenta um exemplo para preenchimento das entidades e as questões a

serem feitas de acordo com cada entidade. A primeira coluna indica as entidades e a

coluna ao lado direito indica as questões para cada entidade identificada.

Tabela 4 – Exemplo de listagem de entidades e questionamentos: Entradas e recursos (PARK et al., 1996).

Entidades gerenciadas pelo Gerente de Projeto

Questões relacionadas à satisfação do cliente

Entradas e recursos Pessoas Terceiros Computadores

Existem pessoas qualificadas para produzirem os resultados

desejados pelos clientes?

O índice de rotação de empregados afeta a qualidade do

produto final?

O desempenho dos terceiros é consistente com as necessidades

dos clientes?

O sistema final está de acordo com o desempenho necessário?

O sistema final é confiável?

As solicitações de mudança dos clientes contêm todas as

Page 46: Abordagens Seis Sigma

42

Solicitação de mudança

informações necessárias para produzir modificações no tempo

e qualidade necessária?

3.4.3 Identificar os objetivos secundários Nesta fase do processo, as questões elegidas para cada uma das entidades, devem ser

agrupadas e segregadas em objetivos secundários de mesma natureza.

Na tabela 5, é apresentado um exemplo de agrupamento de questões. As questões

indicadas no agrupamento da tabela 5 estão relacionadas a um objetivo secundário de

comunicação.

Tabela 5 – Sumário do agrupamento das questões – Relacionadas à comunicação (PARK et al., 1996).

Questões relacionadas à satisfação do cliente

Agrupamento

(Comunicação)

Existem planos de comunicação de mudanças para o cliente?

O progresso do desenvolvimento está visível para o cliente?

O cliente aceita os procedimentos de teste e resultados alcançados

dos testes?

O status e o progresso das solicitações de mudança estão visíveis

para o cliente?

3.4.4 Identificar as entidades e os atributos dos objetivos secundários Nesta fase, os objetivos secundários, questões e entidades devem ser refinados

analisando através do Modelo Mental se todas as informações levantadas fazem

sentido e são aderentes dentro do contexto.

Apesar de parecer redundante esta atividade é importante, pois ao repassar pelos

objetivos secundários em cada uma das entidades e questões, levanta-se a discussão

da equipe sobre outros pontos que não foram pensados anteriormente e auxilia a

esclarecer cada uma das informações. Não existe razão para suspeitar que tudo seja

Page 47: Abordagens Seis Sigma

43

identificado na primeira fase e de uma única vez, a cada momento que se rediscutem

novas idéias e informações surgem.

3.4.5 Formalizar os objetivos de medição Os objetivos de negócio, questões e objetivos secundários já foram definidos

juntamente com o levantamento das informações e desafios para o alcance destes

objetivos. Nesta fase é realizada a formalização dos objetivos de medição de uma

maneira estruturada e clara, permitindo um entendimento do resultado e contexto

pelos envolvidos no projeto e mesmo pelas pessoas que estão de fora do processo de

definição.

Conforme o GQ(I)M do SEI (PARK et al., 1996), a formalização dos objetivos de

medição deve contemplar o detalhamento de 4 tópicos principais como intuito de se

esclarecer e contextualizar os objetivos secundários. Os tópicos a serem abordados

são:

§ Definir o objeto de medição

§ Definir o propósito

§ Definir a perspectiva (público que visualizará os resultados do objetivo de

medição)

§ Definir o ambiente envolvido

Na figura 7, é apresentado um modelo exemplo dos quatro tópicos a serem descritos

para a definição dos objetivos secundários. Abaixo está explicado cada um dos

quatro tópicos:

Objeto de medição: _______________________________

Propósito:

____________________________________________ e

_______________________________________ a fim de

_____________________________________________.

Page 48: Abordagens Seis Sigma

44

Perspectiva:

Analisar o ________________________________________

Do ponto de vista do ________________________________

Ambiente:

______________, ____________, ___________, _________

______________, ____________, ___________, _________

Figura 7 – Modelo para descrição dos objetivos de medição (PARK et al., 1996).

a) Definir o objeto de medição

Um objeto de medição é algo real ou abstrato que a organização deseja aprender

ou conhecer melhor. Um objeto pode ser um produto, processo, recurso, artefato,

atividade, métrica ou um ambiente. Esta definição do objeto de medição é o

primeiro passo para o alinhamento do entendimento e visão de onde se quer

chegar com esta medição. A definição do objeto de medição é importante para a

organização onde descrevendo o objeto de medição se reduz os riscos de

entendimento dúbio e muitas vezes inconsistente entre os integrantes da equipe e

posteriormente a organização.

b) Definir o propósito

A definição do propósito envolve a análise dos objetivos secundários juntamente

com o objeto de medição a fim de se detalhar qualitativamente os propósitos do

objeto de medição definido.

No propósito deve estar definidos o entendimento, a predição, o planejamento, o

controle, a comparação ou mesmo melhoria da produtividade e qualidade de um

objetivo secundário. A tabela 6 apresenta exemplos de propósito.

Page 49: Abordagens Seis Sigma

45

Tabela 6 – Exemplos de definição de propósitos (PARK et al., 1996). Propósitos

1. Caracterizar o processo de revisão a fim de prever o impacto em futuros projetos

2. Examinar os fatores controláveis como custo e resultado alcançado de acordo

com o ponto de vista do time de melhoria de processo

c) Definir a perspectiva

A definição da perspectiva é descrever de qual ponto de vista o objeto de

medição deve ser visto. A visão de um elemento de projeto como o engenheiro de

software é bastante diferente da visão de um gerente de projeto. Cada um dos

envolvidos possui suas necessidades inerentes à sua atuação. Por exemplo entre

as necessidades, um engenheiro de software pode querer saber a quantidade de

linhas de código produzidas por homem/hora enquanto um gerente necessita

saber como está o andamento do projeto pelo acompanhamento.

d) Definir o ambiente envolvido

Definir o ambiente é descrever o ambiente a qual o contexto da medição é

aplicado, facilitando a interpretação dos resultados da medição e evitando más

interpretações e conclusões erradas.

A descrição do ambiente pode envolver tópicos como o processo de manutenção

da organização, facilidades de trabalho, ferramentas de suporte, a estrutura

organizacional, os produtos em manutenção, o tempo gasto, nomes dos projetos a

serem analisados, etc. A tabela 7 apresenta um exemplo de descrição de

ambiente.

Tabela 7 – Exemplo de descrição de ambiente (PARK et al., 1996). Exemplo de ambiente

1. Novo desenvolvimento. CMM nível 2 (trabalhando para nível 3). 8000 pessoas na

planta. 2000 desenvolvedores de software.

Restrições: Examinar o projeto ao completar os testes unitários de 1/01/93 até

Page 50: Abordagens Seis Sigma

46

30/06/93, excluindo módulos reutilizáveis.

3.4.6 Identificar questões e indicadores Durante o processo de identificação das questões e indicadores é importante que os

integrantes da equipe tenham ciência da direção e do alinhamento com os resultados

a serem alcançados pelos objetivos secundários e objetivos de medição.

As questões discutidas para cada objetivo de medição facilitam no refinamento e

esclarecimento de eventuais dúvidas remanescentes, alinhando assim o entendimento

dos participantes da equipe de projeto.

Como uma inovação da abordagem de Basili, Caldiera e Rombach (1994), o SEI

introduziu em sua abordagem a representação dos objetivos de medição através de

indicadores.

Os indicadores são representações gráficas do resultado de uma ou mais métricas e

foram introduzidos com o intuito de se comunicar e apresentar os resultados de uma

maneira mais clara e objetiva.

A tabela 8 apresenta um exemplo de questões discutidas para os indicadores.

Tabela 8 – Exemplos de questões (PARK et al., 1996).

Exemplo de questões

1. Em que fase do processo os defeitos foram encontrados?

2. Em que fase do processo os defeitos foram introduzidos?

3. Os defeitos prioritários foram corrigidos?

4. Em que ponto nós não avançamos em relação ao objetivo secundário? Qual foi o

impacto dos defeitos introduzidos?

A figura 8 representa um exemplo de indicador mostrando onde os diferentes tipos

de problemas são identificados.

Page 51: Abordagens Seis Sigma

47

Figura 8 – Problemas encontrados x Tipo de problema (PARK et al., 1996).

Através da análise gráfica, é possível retirar algumas indicações sobre o andamento

deste projeto.

§ A maior parte dos problemas identificados ocorre nas fases de testes e teste

integrado, tendo na fase de teste integrado grande quantidade de problemas

relacionados à fase de análise.

§ Os problemas de requisitos são identificados logo no início das fases de

projeto (requisitos e análise), tendo poucas ocorrências deste tipo de

problema nas demais fases.

§ O sistema construído vai para produção com mais ou menos 10% de

problemas, sendo uma boa parte problemas de documentação como mostra a

área em preto, isto pode ser um indicativo de falta de atenção na preparação

da documentação.

A figura 9 representa um indicador de uma empresa alemã, onde apresenta em três

etapas, o momento onde os erros são originados, onde os defeitos são detectados e

em última visualização o custo de correção do defeito conforme a detecção do erro.

Page 52: Abordagens Seis Sigma

48

Figura 9 – Exemplo de custo por defeito nas diferentes fases do ciclo de desenvolvimento (PARK

et al., 1996).

______________________________ 1 KDM 1,00 equivalente a US$ 1,17

O gráfico representa que a detecção tardia dos defeitos gera um custo relativamente

superior em comparação a defeitos detectados logo no início das fases de

desenvolvimento.

Os valores de custo indicados por KDM estão em um mil deutschmarks1 (KDM).

(PARK et al., 1996)

3.4.7 Identificar informações que serão coletadas para construir os indicadores Após a escolha dos indicadores, é realizada nesta fase a identificação das origens das

informações a serem coletadas para o preenchimento dos indicadores e métricas.

Recomenda-se durante a identificação, o levantamento de informações que auxiliam

a preencher cada um dos indicadores, realizando um cruzamento de cada informação

com cada indicador. Informações levantadas como, por exemplo, linhas de código e

defeitos encontrados.

Page 53: Abordagens Seis Sigma

49

Durante o cruzamento das informações podem ocorrer situações onde informações

utilizadas para um indicador servem para outros indicadores selecionados.

A tabela 9 representa um exemplo de tabela de cruzamento de informações

identificadas com os indicadores selecionados.

Tabela 9 – Exemplo de tabela de cruzamento das informações com os indicadores (PARK et al., 1996).

Informações / Indicadores

Tipos de problemas encontrados por fase de projeto

Tempo de retrabalho

Linhas de código X Homem/Hora de desenvolvimento X Defeitos de requisitos encontrados na fase de teste X X Defeitos de desenvolvimento encontrados na fase de teste

X X

Data de conclusão – Marco de referência X Número de unidades de trabalho completa X Como mostra a tabela 9, o indicador de tipos de problemas encontrados por fase de

projeto utiliza-se de informações como defeitos de requisitos e desenvolvimento

encontrados na fase de teste como origem para a formação do indicador.

3.4.8 Definir as métricas que serão utilizadas Após a definição dos indicadores e métricas a serem utilizadas, é necessário detalhar

cada uma das métricas, caracterizando informações como por exemplo, de que

maneira os valores apresentados devem ser compreendidos, quais são as origens das

informações das métricas e como elas devem ser capturadas.

Sem a devida importância para os procedimentos de coleta e os critérios a serem

utilizados, as métricas podem perder o sentido para alguns públicos, serem

descontinuadas ou causarem desconforto e descrédito para as pessoas envolvidas.

Algumas razões para a falta de sucesso podem ser listadas:

Page 54: Abordagens Seis Sigma

50

§ Diferentes usuários que se utilizam da análise de métricas de informação

possuem necessidades diferentes - Uma informação capturada para um

propósito pode não ser simplesmente utilizada para outro, pois as

características e regras utilizadas para um não se aplicam em outra utilização.

§ Diferentes organizações possuem diferentes práticas – Os procedimentos para

coleta de informações são específicos de organização para organização, estes

procedimentos devem ser analisados e adaptados para cada organização.

§ Dificuldade de uma comunicação não ambígua para medição de resultados –

A interpretação de uma informação coletada é objetiva para uma pessoa,

porém pode não ser para outra, pois nem sempre a comunicação e descrição

das regras e visões são explicitamente simples.

Definições operacionais descrevem aos usuários como as informações são coletadas.

Quando os usuários não conhecem como as informações são coletadas, abre-se a

oportunidade de más interpretações, análises impróprias e decisões incorretas.

Stephen Kan (1995) exemplifica o processo e a importância da definição dos

critérios de coleta. Suponha que uma escola esteja interessada em medir a altura das

crianças de 3 e 12 anos. A definição simples da altura é definir qual a unidade de

medida, por exemplo, metros. Esta métrica simples trará um conjunto de resultados,

porém se forem questionados os critérios adotados, pode-se chegar a um conjunto de

resultados diferentes. As questões podem ser como as crianças estavam descalças ou

com sapatos ou tênis? Levou-se em consideração a altura do cabelo ou não? Qual

horário foi realizada a medição?, entre outros.

O resultado de acordo com as questões pode surtir em outro conjunto de resultados,

por isto, os critérios devem estar bem claros para todos a fim de que se evitem

inconsistências e interpretações errôneas das informações obtidas.

Page 55: Abordagens Seis Sigma

51

Um processo de coleta de informação consistente e claro requer que este seja

repetível, permitindo que em novas coletas o mesmo procedimento com as mesmas

regras definidas seja aplicado novamente sem distorções. Ter o processo de coleta

descrito permite que seja consistido e caso se modifiquem algumas regras, estas

sejam replicadas e acertadas para futuras coletas.

3.4.9 Identificar as ações necessárias para a implementação das métricas Nesta fase as origens das informações que alimentam as métricas são

complementadas e acompanhadas a fundo para que nenhuma informação relevante

seja deixada de lado ou mesmo o processo de coleta seja impreciso e possa

comprometer o resultado final.

Diante desta relevância das apurações, a abordagem sugere que a preparação para a

implementação final seja orientada de acordo com três ações: Análise, Diagnóstico e

Ação. (PARK et al., 1996)

A Análise visa identificar todas as métricas que foram definidas, qual a organização

já utiliza hoje e como as informações para estas métricas podem ser coletadas.

Analisando para isto, as áreas e departamentos da organização identificando e

validando quais informações e de quais origens as informações serão extraídas.

A equipe de projeto deve-se deparar com algumas questões, como:

§ Quais elementos de dados são necessários para as métricas de negócio?

§ Quais elementos de dados são coletados hoje?

§ Como eles são coletados atualmente?

§ Quais são os processos que provêem estes dados hoje?

§ Como os elementos de dados são armazenados e reportados?

A Análise deve ir ao detalhe a fim de identificar as diversas origens das informações.

Conforme ocorre o detalhamento com as áreas e os envolvidos, mais fontes de

Page 56: Abordagens Seis Sigma

52

informação vão surgindo, sendo muitas delas fontes preciosas de informações para a

organização.

O Diagnóstico tem como foco identificar os processos existentes de coleta de

informações bem como quais informações são coletadas pela organização

atualmente. Diante da identificação, avaliar quais das informações podem ser

utilizadas nas métricas definidas.

A Ação significa transformar as informações coletadas nas atividades de Análise e

Diagnóstico em tarefas e passos implementáveis. As ações definidas apoiam a

construção do plano final de métricas.

O plano final de métricas é o resultado consolidado das informações de acordo com

as origens identificadas.

Segundo Park et all. (1996), entre as ações e informações obtidas desta ação de

consolidação estão:

§ Identificar as origens de informações com os processos de software

existentes;

§ Definir os métodos que serão utilizados para a coleta e apresentação dos

dados;

§ Identificar e especificar as ferramentas que serão necessárias para suportar a

coleta, apresentação e ordenação das informações;

§ Determinar os requisitos de tempo e freqüência com que as informações serão

extraídas;

§ Documentar os processos de coleta de informações no detalhe;

§ Determinar quem utilizará as informações;

§ Definir como as informações serão analisadas e apresentadas;

§ Preparar uma definição das informações e um guia do processo de coleta;

§ Analisar necessidades de informações históricas;

§ Definir quem irá coletar, armazenar, manter e acessar as informações;

Page 57: Abordagens Seis Sigma

53

§ Definir a granularidade das informações;

§ Definir os procedimentos a serem utilizados para a manipulação das

informações e mesmo dos sistemas de entrada de dados;

§ Definir o número de pessoas que terão acesso às informações;

3.4.10 Preparar o plano para implantação das métricas Durante todas as fases do método GQ(I)M, concessões, definições e atividades foram

realizadas chegando a um consenso entre os envolvidos e a organização.

Nesta última fase do método, é realizada a consolidação de todas as informações em

um documento estruturado denominado Plano de Medição. O SEI sugere como

suporte um formulário para preenchimento do Plano de Medição, sendo este formado

por macro itens. Cada item é particionado em uma série de subitens detalhados a

seguir.

PLANO DE MEDIÇÃO (MODELO)

1. Objetivo

Lista os principais objetivos definidos pela organização para a implementação do

plano de medição e sumaria os benefícios previstos.

2. Descrição

Descreve cada um dos objetivos definidos e suas atividades relacionadas,

mostrando como as métricas a serem aplicadas refletem nas atividades da

organização.

O tópico de descrição se subdivide em:

§ Histórico

Descrição da origem do plano, os motivos aos quais motivaram o

Page 58: Abordagens Seis Sigma

54

desenvolvimento deste plano, os envolvidos no projeto, os participantes

envolvidos e o processo a ser utilizado.

§ Objetivos

Listagem e descrição de cada um dos objetivos definidos. Os objetivos estão

divididos em: objetivos de negócio, objetivos de medição e objetivos deste

plano.

§ Escopo

O escopo é a descrição do projeto de medição, apresentando as métricas que

foram identificadas para cada objetivo de negócio, quais os tipos de projeto

que este plano de medição pode ser aplicado, quais são as áreas prioritárias

para a implementação do plano, quais serão as áreas envolvidas e afetadas

pelo plano, entre outros.

3. Implementação

A implementação descreve as ações que devem ser realizadas para medir os

objetivos de negócio descritos no item 2.

O item de implementação descreve as ações operacionais que devem ser

consideradas para a implementação do plano. Ações estas como, por exemplo,

será feito um projeto piloto inicial, quais são as ferramentas para apoio, quais são

os treinamentos necessários para os envolvidos, como implementar certas

modificações de políticas, regras e procedimentos dentro da organização, entre

outros.

A fase de implementação contempla o detalhamento dos subitens:

§ Atividades e produtos gerados

Descrição das atividades a serem realizadas e seus propósitos, o

encadeamento das atividades com as suas dependências, tempos e

recursos envolvidos.

Page 59: Abordagens Seis Sigma

55

§ Calendário/Programação

Planejamento das atividades descritas com os tempos, recursos,

dependências e custos. Este subitem está ligado com o de atividades e

produtos gerados.

§ Recursos necessários

Descrição dos recursos necessários para a utilização no projeto. Recursos

materiais, humanos e financeiros.

§ Responsabilidades

Descrição do nome de indivíduos ou grupos que são responsáveis por

tomadas de decisões no projeto. Associado a cada indivíduo ou grupo está

associado à hierarquia de decisão e suas responsabilidades como:

planejamento, gerenciamento, aprovação, pagamento, etc.

§ Medição e monitoramento do progresso

Descrição de como o progresso e o monitoramento do projeto devem ser

realizados, detalhando no caso de desvios quem são os responsáveis e

como estes devem ser alertados para tomada de decisão.

§ Premissas

Descrição das premissas de projeto, sentenças que são aplicadas para

todas as discussões, atividades, decisões de projeto.

§ Gerenciamento dos riscos

Descrição de como os riscos do projeto serão monitorados, alertados e

corrigidos. Para isto as pessoas envolvidas, intervalo de monitoramento e

as ações devem estar descritas.

4. Operação de suporte

Page 60: Abordagens Seis Sigma

56

Descreve como as métricas implementadas serão continuadamente medidas e

mantidas em prática na organização. Este item prevê contemplar itens como:

responsáveis pelo acompanhamento e alertas sobre desvios, ações a serem

tomadas, membros da equipe de análise dos indicadores e métricas, entre outros.

Page 61: Abordagens Seis Sigma

57

4 Comparativo entre as abordagens Seis Sigma e GQM em Projetos de Software

4.1 Introdução Há uma tendência dos projetos de software tornarem-se cada vez mais complexos,

seja devido às regras de negócio mais detalhadas, necessidade de um software mais

flexível e mesmo a necessidade de integração com outros sistemas. Com o aumento

do nível de complexidade dos softwares, a representação dos objetivos de negócio

dentro dos sistemas empresariais torna-se uma condição essencial para o sucesso dos

negócios.

A relação entre os objetivos estratégicos de uma organização e a operacionalização

destes objetivos é um dos desafios que as organizações enfrentam. Os motivos que

podem ser atribuídos a esta dificuldade são problemas de comunicação na

propagação dos objetivos estratégicos, interesses particulares na hierarquia da

organização não permitindo que os objetivos sejam implementados, falta de medição

e acompanhamento, entre outros.

Neste capítulo serão apresentadas características e definições das abordagens

GQ(I)M e Seis Sigma, que se mostram complementares na melhoria dos resultados

dos projetos de software nas organizações.

Em conjunto com a análise comparativa das abordagens, o conceito de pirâmide

organizacional de Dias e Gazzaneo (1975) será discutido, pois se mostra importante à

compreensão dos conceitos para o entendimento de como as abordagens podem

auxiliar na melhoria dos projetos de software.

A pirâmide organizacional apresenta como se dividem as decisões e

responsabilidades organizacionais. De acordo com esta divisão, as abordagens serão

comparadas mostrando qual delas pode atender melhor cada nível da pirâmide.

Page 62: Abordagens Seis Sigma

58

4.2 Estrutura do comparativo O comparativo entre as abordagens GQ(I)M e Seis Sigma inicia apresentando uma

relação entre as duas abordagens com o conceito da pirâmide organizacional,

mostrando quais são os pontos nos três níveis da pirâmide – Estratégico, Tático e

Operacional – onde cada uma das abordagens se enquadra. O objetivo desta relação

com a pirâmide organizacional é apresentar como as abordagens podem atender a

todos os níveis, ora com apenas uma das abordagens em determinado nível e ora com

as duas abordagens se complementando nos procedimentos. O atendimento através

das abordagens estende-se para todos os níveis da pirâmide, desde a definição dos

objetivos estratégicos até a implementação na operação.

O comparativo das abordagens com os três níveis da pirâmide se restringe a associar

atividades para os níveis da pirâmide de acordo com os as características mais

relevantes de cada uma das atividades. É natural que em implementações

diferenciadas, as atividades associadas com um determinado nível da pirâmide possa

também servir para outros níveis de acordo com o enfoque que se utiliza.

Na seqüência, o comparativo foca na relação entre as duas abordagens com mais

detalhes, apresentando em quais assuntos as duas abordagens são semelhantes, quais

são os pontos fracos do GQ(I)M, quais são os pontos fracos do Seis Sigma e uma

visão de quando o Seis Sigma se integra com o GQ(I)M.

4.3 Relação do Seis Sigma, GQ(I)M e Pirâmide Organizacional

A pirâmide organizacional representa a abrangência e importância das decisões

dentro da organização, que aumentam na medida em que a decisão acontece em seus

níveis superiores. A pirâmide transmite a idéia da hierarquia dentro da empresa, onde

os elementos colocados em posições superiores são os responsáveis pelas decisões

chamadas estratégicas. (FREITAS, 1997)

A figura 10 é uma representação da pirâmide organizacional, dividida em três níveis

– estratégico, tático e operacional. O estratégico representa o planejamento em longo

Page 63: Abordagens Seis Sigma

59

prazo. São decisões do alto nível das organizações que planeja indicando os objetivos

e direcionamentos para o futuro. O nível tático representa as decisões tomadas pelo

nível intermediário da organização. Estas decisões não envolvem atuação no

direcionamento como um todo da organização, mas sim decisões para uma

determinada hierarquia da organização. As ações tomadas pelo nível tático devem

estar de acordo e alinhado com o planejamento definido no nível estratégico. Por fim,

o nível operacional representa o controle e a execução das atividades diárias da

organização. Estas atividades são realizadas de acordo com processos operacionais

definidos em conjunto com o nível tático.

Figura 10 – Representação da pirâmide organizacional (FREITAS, 1997)

A necessidade de alinhamento dos níveis médio inferiores com os objetivos

estratégicos traçados, tem se concretizado cada vez mais, mostrando a importância

do alinhamento tático com o planejamento definido. Nos níveis inferiores –

operacional – o alinhamento com a estratégia também é relevante, permitindo que a

base da pirâmide enxergue e priorize cada uma das ações do dia-a-dia conforme o

planejamento e objetivos da organização.

Em todas as camadas da pirâmide organizacional, pontos de medição são

demarcados para o acompanhamento do alcance dos objetivos dos processos e

conseqüentemente dos negócios. Nos casos dos indicadores de medição apontar

desvios, estes podem ser atuados rapidamente para que retorne aos níveis definidos.

Page 64: Abordagens Seis Sigma

60

A figura 11 apresenta uma adaptação do modelo original de pirâmide organizacional

apresentado na figura 10. Esta adaptação representa a relação dos três níveis da

pirâmide (estratégico, tático e operacional) com as abordagens GQ(I)M e Seis Sigma.

ESTR

ATÉG

ICO

TÁTI

CO

OPE

RACI

ONAL

Figura 11 – Adaptação do modelo da pirâmide organizacional

Demarcadas na pirâmide, existem áreas indicando em quais níveis as abordagens

possuem atuação mais relevante. Cada abordagem é representada por uma cor

específica – azul para o GQ(I)M e verde para o Seis Sigma – a área onde apresenta

uma sobreposição de cores indica uma semelhança de atuação, mostrando que as

duas abordagens possuem procedimentos e diretrizes para este nível.

A área em sobreposição pode ser compreendida como uma área de conflitos de

definições de procedimentos, porém em uma análise mais profunda, pode-se verificar

que apesar de possuírem atuações no mesmo nível piramidal, as definições das

abordagens podem ser complementares. Reunindo o melhor do método de cada uma

para que seja extraído um procedimento aderente às necessidades organizacionais.

Pode ser citada como exemplo de complementaridade a utilização de gráficos para

apresentação das informações coletadas dos processos operacionais. Na abordagem

Page 65: Abordagens Seis Sigma

61

Seis Sigma, a grande maioria dos gráficos e diagramas é de análise e variância de

processos. Normalmente já existem alguns gráficos e diagramas padrões a serem

utilizados como: diagrama de dispersão, histograma, diagrama causa-efeito,

regressão, etc.

No caso do GQ(I)M existe uma fase na técnica onde se é previsto o detalhamento dos

gráficos e indicadores a serem utilizados, tendo como diferença na abordagem Seis

Sigma que os gráficos já possuem utilização pré-definida para as situações, não

ocorrendo uma atividade específica de detalhamento. Alguns detalhamentos

previstos na fase do GQ(I)M são: objetivos do indicador, apresentação visual do

gráfico, perspectiva ou público alvo, algoritmo de cálculo, entre outros.

Os gráficos e diagramas pré-definidos do Seis Sigma podem trazer uma melhor

visualização sobre variância de processos nas medições. Quando associado com o

detalhamento recomendado pelo GQ(I)M, estas representações podem ser

apresentadas com maior clareza e transparência, através dos números e também do

processo de coleta utilizado para o alcance dos números.

O detalhamento dos indicadores e gráficos provê uma maneira estruturada de se

documentar parâmetros como quem, o que, onde, quando, porque e como, garantindo

consistência na construção e interpretação dos resultados. (GOETHERT, SIVIY,

2004)

O detalhamento de cada indicador nos três níveis da pirâmide está descrito nos

próximos tópicos.

A tabela 10 é uma adaptação da tabela comparativa de Hong e Goh (2004). O

conceito adotado de atribuição de uma classificação para cada linha da matriz foi

mantido. A adaptação deste trabalho foca na relação das abordagens GQ(I)M e Seis

Sigma com a pirâmide organizacional. Os atributos de classificação são uma maneira

de se indicar sobre as abordagens, mostrando como podem atender melhor cada um

dos três níveis da pirâmide organizacional. As classificações são:

Page 66: Abordagens Seis Sigma

62

§ Não está disponível “ - “

Não existem atividades e procedimentos para o atendimento no nível

indicado da pirâmide.

§ Regular “ + “

Possui atividades e/ou procedimentos que contemplam o nível indicado da

pirâmide de forma simplificada. Requer ajustes para utilização.

§ Bons processos e atividades “ ++ “

Possuem atividades e processos que atuam diretamente no nível indicado na

pirâmide. Pouca necessidade de ajuste.

Page 67: Abordagens Seis Sigma

63

Tabela 10 – Tabela comparativa entre as abordagens Seis Sigma, GQ(I)M e pirâmide organizacional. Adaptada de Hong e Goh (2004)

Níveis da Pirâmide

Classif. SEIS SIGMA Classif. GQ(I)M

ESTRATÉGICO - Não é o foco da abordagem Seis Sigma a identificação e derivação de acordo com objetivos estratégicos

++ De acordo com a visão e missão organizacional, derivam-se objetivos secundários e para estes discute questões de validação e verificação.

TÁTICO ++ Ótimas ferramentas para medição

Processo estruturado para criação de plano de coleta de informações de variação de processos

Foco nas necessidades dos clientes

Foco em processo e medição da variação

++ Ótimas ferramentas para medição

Processo estruturado para criação de Plano de coleta de informações para medição de software

Não possui foco em cliente.

Foco em objetivo de negócio e medição

OPERACIONAL ++ Prevê melhoria de processos conforme os indicadores apresentados

Prevê controle e suporte aos resultados alcançados.

Foco na eliminação de desperdícios

+ Existe uma alta preocupação com o processo de coleta de informações.

Não prevê melhoria de processos e controle

Sem foco em desperdícios

LEGENDA – Classificação (Classif.)

- Não está disponível + Regular ++ Bons processos e atividades 4.3.1 Nível estratégico No nível estratégico a figura 11 anterior apresenta dois identificadores: o número 1 e

2. O número 1 indica a visão e missão empresarial da organização que é definida

pela alta direção da empresa. Tanto a abordagem GQ(I)M como Seis Sigma não

Page 68: Abordagens Seis Sigma

64

possuem foco direto para a atuação na definição da missão e visão. No comparativo é

levado em conta que a missão e visão já existam.

O outro identificador, o de número 2, representa de que maneira a abordagem

GQ(I)M atua no nível estratégico. Esta atuação pode ser representada através dos

passos 1 – Identificar os objetivos de negócio, 2 – Identificar o que se deseja

conhecer ou aprender e 3 – Identificar os objetivos secundários do negócio, sendo os

conceitos de cada passo descritos no capítulo 3.

Estes passos representam a atuação no nível estratégico da organização através de

discussões sobre os direcionamentos a serem tomados e o que se deseja aprender,

conhecer e alcançar com os objetivos traçados. A identificação dos objetivos

secundários tem a importância de auxiliar na derivação dos objetivos estratégicos em

sub-objetivos, permitindo uma melhor visão de como os objetivos estratégicos

podem ser implementados no nível tático.

Conforme a necessidade da organização, o nível de detalhe e a abrangência dos

objetivos de negócio e objetivos secundários definidos podem ter atuação tanto no

nível estratégico como no nível tático, para isto, depende apenas de como a

organização tratará o projeto de medição, se mais estratégico ou mais tático.

O Seis Sigma não tem atuação direta conforme mostrou a tabela 10, sendo que dentro

do ciclo de melhoria DMAIC, o foco dos trabalhos está na camada tática e

operacional com a definição dos problemas e medição de processos de variância.

4.3.2 Nível Tático O nível tático da pirâmide é representado pelo identificador 3 da figura 11 anterior

que representa as abordagens Seis Sigma e GQ(I)M em sobreposição, representando

pontos em comuns, em alguns casos complementares e outros deficientes.

Page 69: Abordagens Seis Sigma

65

Os pontos em sobreposição conforme descrito a seguir, pela abordagem Seis Sigma

se encontram nas fases de Definição e Medição do ciclo de melhoria DMAIC, e pelo

lado do GQ(I)M se encontra nas fases 4 - Identificar as entidades e os atributos dos

objetivos secundários, 5- Formalizar os objetivos de medição, 6 - Identificar questões

e indicadores, 7 – Identificar as informações que serão coletadas para construir os

indicadores, 8 – Definir as métricas a serem utilizadas e 10 – Preparar o plano para

implementação das melhorias. Conforme conceitos apresentados nos capítulos 2 e 3.

Pela abordagem Seis Sigma a fase de definição e medição possuem foco bastante

grande nas necessidades dos clientes, é onde os processos organizacionais são

mapeados e avaliados em função dos clientes, as métricas e a coleta de informações

são direcionadas de acordo os processos definidos. De acordo com o GQ(I)M os

processos não são o ponto principal, mas sim o que se deseja medir em conformidade

com os objetivos estratégicos. A definição dos objetivos de medição, não tem entre

os seus passos um foco nas necessidades dos clientes, mas sim, nos objetivos

organizacionais, porém nada impede que este seja focado no cliente, dependendo

apenas da visão dos gestores desta necessidade.

As abordagens possuem características distintas e mesmo com foco diferente como

relatado no trecho acima, porém determinados pontos são semelhantes como o

processo de coleta de informação que possuem características e preocupações

similares com a qualidade da informação.

O plano de coleta de informações também faz parte do nível tático, onde decisões de

quais tipos de métricas são tomadas. No nível operacional os dados para estas

métricas devem ser coletados.

4.3.3 Nível Operacional No nível operacional da pirâmide, representado pelo identificador 4 da figura 11

anterior, a abordagem Seis Sigma possui atuação mais relevante do que o GQ(I)M,

especificamente as fases de Melhoria e Controle do ciclo de melhoria DMAIC, para

estas fases não existem correspondente no GQ(I)M.

Page 70: Abordagens Seis Sigma

66

O nível operacional é representado no GQ(I)M pelo passo 9 (Identificar as ações

necessárias para a implementação das métricas da abordagem).

O processo de coleta de informação envolve tanto o nível tático como operacional,

onde de acordo com os objetivos de medição definidos, os dois níveis vão discutir

quais informações e de quais sistemas os dados serão extraídos. O passo 9 do

GQ(I)M está categorizado no nível operacional, pois envolve atividades de

conhecimento e exploração das origens das informações, análise e consistência,

avaliação de histórico, etc.

As fases de Melhoria e Controle do Seis Sigma são pontos que vêem para agregar

valor se comparado ao GQ(I)M, pois este não possui atividades correspondentes

dentro de sua abordagem. A etapa de melhoria é onde desvios e lacunas são

discutidos e processos de correção e redução de variações são implementados.

A fase de Controle visa acompanhar o andamento dos processos resguardando para

que tudo continue conforme especificado e previsto. Tanto a fase de melhoria como a

de controle são fases que visam à continuidade da cultura de melhoria contínua.

Tendo assim dentro do método, atividades que estejam sempre atuantes na equipe

não deixando que estas se desmotivem ou que percam o foco dos objetivos.

4.4 Pontos em comum

O GQ(I)M por ter se originado em software possui seus procedimentos focados para

projetos sistêmicos enquanto Seis Sigma que se originou para a manufatura se faz

necessário uma adaptação para a realidade dos processos de software. Entretanto, os

processos previstos nas duas abordagens contemplam a medição de processos de

software.

Page 71: Abordagens Seis Sigma

67

O GQ(I)M é bastante similar com as fases de Definição e Medição do Seis Sigma em

seu ciclo de melhoria DMAIC. Tanto Seis Sigma como GQ(I)M possuem forte

atuação na definição e mensuração dos problemas. (HONG, GOH, 2004).

Ambas as abordagens se utilizam de ferramentas estatísticas para o gerenciamento

quantitativo do processo e produto, como por exemplo, gráficos de controle,

diagrama de causa e efeito, DOE – Design of Experiments e no Seis Sigma

especificamente DSSS – Design for Seis Sigma para desenvolvimento de novos

processos e produtos. (GOH, 2002).

4.5 Pontos fracos GQ(I)M Apesar do GQ(I)M ter todo o direcionamento para o área de software, alguns pontos

podem ser classificados como pontos fracos se comparado com a abordagem Seis

Sigma nos pontos previstos no ciclo de melhoria DMAIC.

Na abordagem GQ(I)M não existe qualquer menção às atividades de controle e

melhoria, o foco que se dá as métricas é somente se os objetivos foram alcançados ou

não, podendo assim fazer com que a equipe não se concentre totalmente no alcance

das metas. Comparado com o ciclo de melhoria DMAIC, as fases de Controle e

Melhoria podem ser complementares às fases do GQ(I)M, permitindo

acompanhamento e uma cultura de continuidade e melhoria. (HONG, GOH, 2004).

Outro ponto que pode ser considerado deficiente no GQ(I)M é a ênfase que se dá na

busca pelo alcance dos objetivos, em nenhum momento dentro da abordagem

GQ(I)M é colocada a voz do cliente, ou seja, as necessidades dos clientes em pauta.

Se o alto nível de decisão da organização não tiver esta visão como objetivo

estratégico, o GQ(I)M não prevê este tratamento dentro do seu método. Para o Seis

Sigma a voz do cliente é um dos pilares para a definição das ações e métricas a serem

tomadas.

Page 72: Abordagens Seis Sigma

68

Após a definição das métricas a serem focalizadas, a abordagem GQ(I)M não tem

indicações de análise dos processos empresariais, somente tem como foco o alcance

dos indicadores. Diferente do Seis Sigma que analisa os processos continuamente em

conjunto com o alcance dos objetivos. O ponto crítico de se não analisar os processos

organizacionais, é não enxergar a capacidade e o desempenho dos processos.

(HONG, GOH, 2004)

Da mesma maneira como a busca pelo atendimento das necessidades dos clientes não

é contemplado no modelo, não faz parte da abordagem GQ(I)M a busca pela

melhoria de desempenho ou mesmo aumento de competitividade, isto é, um ponto

onde da mesma maneira citada anteriormente, depende exclusivamente da visão dos

gestores do nível superior de decisão. Sem esta visão dos gestores, a organização

pode focalizar as métricas e priorizar esforços em ações não estratégicas. (HONG,

GOH, 2004)

4.6 Pontos fracos Seis Sigma O Seis Sigma é uma abordagem que está crescendo cada vez mais. Organizações

iniciam a adoção de suas práticas, apesar disto, na indústria de software a abordagem

Seis Sigma é relativamente nova, não possuindo ainda direcionamentos e

procedimentos claros para a aplicação em projetos de software.

Uma dificuldade na utilização da abordagem Seis Sigma para serviços em software, é

justamente a definição do que é considerado um desvio para o cálculo do Sigma. Por

exemplo, no caso de um processo de software, pode ser considerado um desvio a

falta de treinamento para um funcionário, uma especificação de requisitos

incompleta, um defeito encontrado em uma função, requisitos incompletos,

codificação sem os devidos comentários, entre outros. (JIJU, 2004)

Os custos iniciais para a adoção do Seis Sigma são relativamente altos se

comparados com os do GQ(I)M. Existe uma forte necessidade de se capacitar as

pessoas nos métodos e processos, inclusive compondo os times de melhoria de

Page 73: Abordagens Seis Sigma

69

processos com pessoal capacitado e experiente, certificação Seis Sigma – Faixa

Verde, Faixa Preta, Mestre Faixa Preta, etc. (HONG, GOH, 2004)

Ocorre em projetos Seis Sigma dificuldades de se priorizar as ações de projetos por

falta de ferramentas adequadas e principalmente pelo despreparo das pessoas que

estão conduzindo os processos. Muitas vezes as priorizações são subjetivas e

dependem das pessoas que estão conduzindo o processo. (JIJU, 2004)

A abordagem Seis Sigma tem o foco principal na melhoria de processos existentes,

não prevê dentro do ciclo de melhoria DMAIC a criação de novos processos,

entende-se que os processos devam existir para a análise.

Para se contornar esta deficiência foi criada a variação DFSS – Design for Six Sigma

que prevê neste caso, etapas e procedimentos para a criação de novos processos,

produtos e serviços.

4.7 Integração do Seis Sigma com GQ(I)M Isoladamente as abordagens possuem indicações de deficiências quando relacionadas

aos projetos de software. Seja Seis Sigma que desde a origem não possui foco em

software e pelo GQ(I)M que apesar de estar direcionado ao software não tem a

abrangência do Seis Sigma, ficando assim deficiente em fases como melhoria e

controle.

O GQ(I)M e o Seis Sigma possuem forte aporte de procedimentos em fases como

Definição e Medição. A integração dos procedimentos de um lado focado em

software e do outro em análise das necessidades dos clientes, pode fortalecer estas

fases.

Seis Sigma faz com que o processo de desenvolvimento de software seja mais

repetível e previsível tornando o processo potencial para a entrega de produtos com

defeito próximo a zero e redução dos custos. (HONG, GOH, 2004).

Page 74: Abordagens Seis Sigma

70

Apesar deste benefício aparente do Seis Sigma, ainda é um conceito relativamente

novo para a aplicação em projetos de software, necessitando de amadurecimento e

aplicações práticas para a concretização dos benefícios.

O ciclo de melhoria DMAIC é um modelo abrangente atendendo desde as fases de

Definição até as fases de Melhoria e Controle. Este pode ser utilizado como uma

referência de modelo para a melhoria dos projetos de software, tendo a abordagem

GQ(I)M incorporada internamente em cada fase do ciclo DMAIC.

Por ter o GQ(I)M o foco para a área de software, este pode auxiliar com as técnicas

previstas para a área de software. O modelo mental do GQ(I)M é uma ferramenta de

auxílio para aplicação na identificação dos processos e objetivos a serem alcançados.

Page 75: Abordagens Seis Sigma

71

5 Conclusão 5.1 Introdução

Este trabalho apresentou características e técnicas de duas abordagens distintas em

uma análise preliminar. A primeira das abordagens denominada de Seis Sigma

nasceu nos ambientes da manufatura em busca de redução da variabilidade de

processos.

A segunda abordagem denominada GQ(I)M nasceu com enfoque em medição de

desenvolvimento de software e tem como diretriz avaliar métricas baseadas em

objetivos da organização.

Apesar de propósitos diferentes de concepção, as abordagens mostram que quando

aplicadas em conjunto e focadas em projetos de softwares, possuem

complementaridades, ora conflitos, pontos positivos e mesmo pontos deficientes.

O início do trabalho teve enfoque na análise de artigos e o ambiente aos quais os

projetos de software estão inseridos, isto indicou alguns artigos que mostraram os

motivos de insucesso dos projetos de software (AGARWAL et al., 2004). De acordo

com alguns destes motivos apresentados, o trabalho foi direcionado a encontrar

dentro das abordagens, procedimentos e boas práticas que pudessem contornar os

motivos e riscos apresentados.

5.2 Contribuições Este trabalho se propôs como objetivo inicial de pesquisa, o estudo de duas

abordagens – Seis Sigma e GQ(I)M, no sentido de se encontrar através das diretrizes

e características de cada uma, alguma relação de apoio para a melhoria e sucesso dos

projetos de software.

Page 76: Abordagens Seis Sigma

72

De acordo com o trabalho apresentado sobre as duas abordagens, conceitualmente é

apresentada uma indicação de que com a aplicação do método GQ(I)M aliado a Seis

Sigma, o resultado final dos projetos de software pode ter uma finalização mais

aderente com as necessidades da organização. A finalização indicada seria dentro de

características de prazo, custo estimado inicialmente e conforme os objetivos de

negócio definidos.

As características relatadas nos capítulos anteriores são bases para as indicações de

provável sucesso em projetos de software aplicando-se GQ(I)M e Seis Sigma.

Através das duas abordagens é possível atender a praticamente todos os níveis da

organização. Isto é relevante a fim de se manter a conectividade entre os objetivos

estratégicos com a operação. Os sistemas empresariais estão cada vez mais

integrados e atuantes em todos os níveis da pirâmide organizacional.

O Seis Sigma conceitualmente indica possuir atributos para se auxiliar no controle e

melhoria da variação dos processos aplicados a projetos de software. Todas as fases

do ciclo de projeto podem aplicar o Seis Sigma, permitindo assim que cada fase

possa ser gerenciada, medida e posteriormente melhorada.

Apesar de indicar benefícios, o custo de implantação do Seis Sigma é alto, devido à

necessidade de profissionais capacitados e específicos em procedimentos Seis Sigma

– Ciclo de melhoria DMAIC.

O GQ(I)M conceitualmente mostra uma boa atuação na definição e derivação de sub-

objetivos de acordo com os objetivos estratégicos da organização. Isto é feito de

acordo com as questões e posteriormente a identificação de indicadores e métricas.

O interessante desta derivação de acordo com os objetivos estratégicos é de que

como projetos de sistema estão cada vez mais integrados em todos os níveis da

organização, o apoio da alta direção é essencial para o sucesso de uma implantação.

(AGARWAL et al., 2004).

Page 77: Abordagens Seis Sigma

73

Além de trabalhar com os objetivos estratégicos, o custo relativo à utilização do

GQ(I)M indica ser baixo, pois os procedimentos e modelos para a aplicação estão

descritos e não requerem conhecimentos específicos.

O trabalho mostrou um comparativo baseado em conceitos teóricos de cada

abordagem, dando indícios de que é possível a integração e utilização de Seis Sigma

e GQ(I)M em projetos de software. Esta é mais uma das soluções disponíveis para

que organizações possam iniciar a aplicação de técnicas para a melhoria da qualidade

dos softwares produzidos.

Não só na qualidade do produto entregue ao mercado é o objetivo das organizações,

mas também atender as necessidades dos clientes.

5.3 Trabalhos futuros O trabalho teve como escopo a parte conceitual de cada uma das abordagens e a

análise da relação entre os assuntos. Verifica-se a possibilidade de extensão e

continuidade deste trabalho, aprofundando os conceitos e a relação encontrada para a

área prática.

No nível estratégico da pirâmide organizacional, verifica-se a possibilidade de se

estudar e integrar o conceito de BSC – Balanced Scorecard para a definição e

planejamento estratégico.

A abordagem DFSS – Design for Seis Sigma é uma possibilidade de ser integrada ao

trabalho contribuindo nos processos aos quais ocorre necessidade de

desenvolvimento de novos processos.

Page 78: Abordagens Seis Sigma

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