44
Revista da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal Ano 5 nº 02 Brasília, março 2010 www.oabdf.org.br ABRAÇO diz não à intervenção

ABRAÇO - oabdf.org.br fileProjeto Gráfico PHD Design Gráfico Diagramação: ... Marcelo Jaime Ferreira Marcos Evandro Cardoso Santi Marcus Jose da Cruz Palomo Maria Claudia Azevedo

Embed Size (px)

Citation preview

Revista da Ordem dos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal Ano 5 nº 02 Brasília, março 2010

www.oabdf.org.br

ABRAÇO diz não à intervenção

anúncio

3

DESTAQUES

EXPEDIENTE

Revista da Ordem

dos Advogados do Brasil

Seccional do Distrito Federal

SEPN, quadra 516, bloco B, lote 7

CEP 70770-525 Brasília – DF

Telefone: 61 3036-7000

Editora:

Maria Aparecida de Oliveira Severino

30

20

27

CAPAA OAB/DF e mais de 50 entidades da

sociedade civil se únem em um abraço

contra a intervenção federal.

PONTO PACÍFICOEm parceria com a Associação

Comercial, OAB/DF lança campanha para

pacificar as relações de consumo.

NOVA MARCAOAB/DF muda e moderniza, além dos

métodos de gestão, a identidade visual

da Seccional.

Sub-Editor:

Rodrigo Haidar

Reportagem:

Fabrício Zago

Janaina Valadares

Maria Fernanda Brezolin

Foto capa:

Cristiano Nunes

Projeto Gráfico

PHD Design Gráfico

Diagramação:

Produção Gráfica Digital / Marco Rigotti

Departamento comercial:

Rosanna Tarsitano

Tiragem:

22 mil exemplares

Jornalista Responsável:

Vladimir Porfírio

Produzida pela Lead Produções

Artísticas, Comunicação & Marketing

É permitida a reprodução total ou

parcial dos textos, desde que citada

a fonte. Os artigos assinados não

refletem, necessariamente, a opinião

do Conselho da OAB-DF.

4

Diretoria da OAB/DF Triênio 2010/2012Presidente: Francisco Queiroz Caputo Neto

Vice-Presidente: Emens Pereira de Souza

Secretário-Geral: Lincoln de Oliveira

Secretário-Geral Adjunto: Luis Maximiliano Telesca

Diretor Tesoureiro: Raul Freitas Pires de Saboia

Conselheiros Federais:

Antenor Pereira Madruga Filho

Daniela Rodrigues Teixeira

Délio Fortes Lins e Silva

Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho

Rodrigo Badaro Almeida de Castro

Conselheiros Seccionais:

Adelvair Pêgo Cordeiro

Alessandro Luiz dos Reis

André Puppin Macedo

André Vidigal de Oliveira

Antônio Alberto do Vale Cerqueira

Charles Christian Alves Bicca

Claudismar Zupiroli

Délio Fortes Lins e Silva Junior

Eduardo de Vilhena Toledo

Fabiano Jantalia Barbosa

Francisca Aires de Lima Leite

Francisco Carlos Caroba

Frederico Donati Barbosa

Getulio Humberto Barbosa de Sá

Giselle Dorneles de Oliveira Torres Avelar

Guilherme Farhat de Sao Paulo Ferraz

Gustavo de Castro Afonso

Gustavo Gaião Torreão Braz

Haroldo Toti

Henrique Celso Souza Carvalho

Ian Rodrigues Dias

Igor Carneiro de Matos

Iran Amaral

Ives Geraldo de Souza

João Candido da Silva

José Augusto Pinto da Cunha Lyra

José Cardoso Dutra Junior

José Carlos de Matos

Jose Vieira Alves

Josefina Serra dos Santos

Lisa Marini Ferreira dos Santos

Lucas Resende Rocha Junior

Mabel Gonçalves de Souza Resende

Magda Ferreira de Souza

Marcelo Jaime Ferreira

Marcos Evandro Cardoso Santi

Marcus Jose da Cruz Palomo

Maria Claudia Azevedo de Araujo

Marília Aparecida Rodrigues dos Reis Gallo

Moacir Akira Yamakawa

Paulo Mauricio Braz Siqueira

Paulo Roberto de Castro

Radam Nakai Nunes

Reginaldo Bacci Acunha

Renato Gustavo Alves Coelho

Rodrigo Fernandes de Moraes Ferreira

Rodrigo Freitas Rodrigues Alves

Rogerio Marinho Leite Chaves

Rommel Madeiro de Macedo Carneiro

Sandoval Curado Jaime

Suzana Maria Dunshee de Abranches Carneiro Fiod

Tarley Max da Silva

Wendell do Carmo Sant’ana

Caixa de Assistência dos Advogados - DF

Presidente: Everardo Ribeiro Gueiros Filho

Vice-Presidente: Luciano Andrade Pinheiro

Secretário-Geral: Gutemberg Bezerra Pereira de Oliveira

Secretária-Geral Adjunta: Geusa Santana da Silva

Tesoureiro: Paulo Emilio Cata Preta de Godoy

Diretores Suplentes: Conceição Jose Macedo e

Antônio Marcos da Silva

Subseções da OAB/DF

» CeilândiaPresidente: Edmilson Francisco de Menezes

Vice-presidente: Gerson Wilder de Sousa Melo

Secretário-Geral: Antonio Bezerra Neto

Secretário-Geral Adjunto: Mauro Júnior Pires do Nasci-

mento

Tesoureiro: Jurandir Soares de Carvalho Junior

» GamaPresidente: Demas Correia Soares

Vice-presidente: Almiro Cardoso Farias Júnior

Secretário-Geral: Leônidas José da Silva

Secretário-Geral Adjunto: Rute Raquel Vieira Braga da

Silva

Tesoureiro: Cristiane Aires do Rego

» PlanaltinaPresidente: Marcelo Oliveira da Almeida

Vice-presidente: Mário Cézar Gonçalves de Lima

Secretário-Geral: Oneida Martins Rodrigues

Secretária-Geral Adjunta: Edjane Rafael de Almeida

Tesoureiro: Carlos Silon Rodrigues Gebrim

» SamambaiaPresidente: Lairson Rodrigues Bueno

Vice-presidente: José Antonio Gonçalves de Carvalho

Secretário-Geral: João Batista Ribeiro

Secretário-Geral Adjunto: Renato Martins Frota

Tesoureiro: Joaquim Almeida dos Santos

» SobradinhoPresidente: Vicente de Paulo Torres da Penha

Vice-presidente: Márcio de Souza Oliveira

Secretário-Geral: Guilherme Jorge da Silva

Secretário-Geral Adjunto: Eurípedes Vieira

Tesoureiro: Aline Guida de Souza

» TaguatingaPresidente: Maria Conceição Filha

Vice-presidente: Rodrigo de Castro Gomes

Secretário-Geral: Alan Lady de Oliviera Costa

Secretário-Geral Adjunto: Andressa de Paiva Pelissari

Tesoureiro: Antonio Geraldo Peixoto

5

sem ter a chance de provar ao país que,

mesmo sob os escombros da política lo-

cal, temos o poder do renascimento no

edifício da moralidade pública.

Vencida a batalha por nossa indepen-

dência, estaremos atentos. Cobraremos

o rigor da lei contra os protagonistas do

autêntico vale-tudo que gerou práticas

condenáveis oriundas de um segmento

expressivo da classe política local.

A autodeterminação política de Brasília

é um patrimônio do qual não podemos

abrir mão! O eventual desânimo permi-

tiria o esquecimento da coragem de bra-

silienses e pioneiros nas passeatas, pro-

testos, abaixo-assinados e tantas outras

manifestações que remontam a história

da autonomia administrativa do DF.

Foram 25 anos de lutas pela conquista

da capacidade política de uma civiliza-

ção que aceitou este pedaço de cerra-

do como a amálgama do seu destino.

Imaginada por alguns como uma cida-

de sem face por aceitar a representa-

ção de todas as cidades brasileiras, a

Capital Federal do Brasil decidiu, por

mote próprio, que seria muito mais

que o território do Distrito Federal.

A nossa Brasília, robusta e multicultu-

ral, rejeitou o insosso estigma de cida-

de administrativa e conquistou uma

fusão multicultural admirada por sua

convivência pacífica.

Esta é a cidade que construímos e que

devemos preservar!

CARTA AO ADVOGADO

Por Francisco Caputo

A ssumimos a condução da

mais importante entidade

da sociedade civil num mo-

mento especialmente dramático da

vida política da nossa Capital. Com

estupefação e extrema perplexidade,

acompanhamos a divulgação de fatos

sob todos os prismas repugnantes que

vieram à tona com a deflagração da

operação Caixa de Pandora, realizada

no fim de 2009 pela Polícia Federal.

A forma de se fazer política no Distri-

to Federal e o trato da coisa pública

pelos representantes do povo, desven-

dados pelas autoridades policiais, nos

enojou a todos. Cenas lamentáveis fo-

ram exibidas à exaustão por todos os

meios de comunicação, extrapolando

as fronteiras do suportável para nosso

ente federativo.

A população, diante do inesgotável

manancial de ilícitos cometidos pelos

nossos homens públicos, não teve, em

um primeiro momento, forças para

reagir à tamanha infâmia, sem prece-

dentes na história da República. Por

sua vez, aqueles que teriam obrigação

de nos representar e impingir aos de-

tratores a força da lei, também não

deram mostras de ter disposição para

enfrentar a crise com a energia e a co-

ragem que a sociedade esperava.

Diante deste quadro desolador, surge

a pretensão do Ministério Público Fe-

deral de intervir no Distrito Federal. A

iniciativa trouxe sérios argumentos de

ordem constitucional para justificar a

DEVER DE LUTA

adoção, pela mais alta Corte do país,

dessa medida de exceção.

Neste momento, contudo, a sanha

acusatória do MP teve o condão po-

sitivo de fazer ressurgir a inspiração

de lideranças sociais, empresários

e trabalhadores de nossa cidade, to-

das comprometidas com os destinos

da Capital que ajudaram a fundar e a

consolidar. A manifestação da Procu-

radoria Geral da República, paradoxal-

mente, foi capaz de provocar o surto

de civismo que atropelou o desânimo

imposto pela vergonha diante das

mencionadas imposturas. Na cabeça

de cada brasiliense passou a ecoar um

único propósito: É nosso dever lutar!!

Exigimos apuração profunda e rigorosa

para o caso, além de punição exemplar

para os envolvidos. Não nos apresen-

tamos como sentinelas da autonomia

política do DF por vaidade ou capricho

bairrista. Nós da OAB sabemos, desde

muito, como e porque é importante

para qualquer sociedade ter sua classe

dirigente escolhida pelo voto popular.

Por isso, a intervenção que pregamos é

a popular, de nítida índole democráti-

ca, expressa pelo voto. E a oportunida-

de de mostrarmos nossa indignação e

fazermos uma faxina em nossa repre-

sentação política está muito próxima.

Deve-se recusar a tese da incurável sep-

ticemia moral, semeada pelas circuns-

tâncias da crise política que atropelou

a nossa história. Não consta de nossa

agenda seguir a vida de cabeça baixa

6

PALAVRA DE ORDEM

A reação dos deputados decorre da

pressão sobre eles exercida pela so-

ciedade. As medidas impulsiona-

das pelo Ministério Público Federal,

notadamente as que resultaram na

prisão do governador e as relacio-

nadas com o pedido de intervenção

federal, chamaram a atenção dos re-

presentantes do povo. Como as coi-

sas adquiriam arriscado desfecho,

tornou-se imperioso que se buscas-

sem instrumentos que pudessem de-

belar o caos institucional instalado.

Desta coluna afirmou-se certa vez

que, se houve momento em que a

intervenção poderia até se justificar,

é ela, nos dias atuais, inteiramen-

te desnecessária e inconveniente. A

maior demonstração da assertiva está

nas ações presentemente empreen-

didas pelo Poder Legislativo local.

Diz-se desnecessária a intervenção

porque as instituições readquiriram

regular e normal ritmo de funciona-

mento; diz-se inconveniente porque

a intervenção serviria, nessa altura

dos acontecimentos, a manobras po-

líticas totalmente indesejáveis, no

instante em que as eleições gerais

Por Maurício Corrêa

Das crises políticas podem

se extrair grandes resulta-

dos. É o que sucede com os

últimos acontecimentos de Brasília.

Veja-se o que se passa com a Câma-

ra Legislativa do Distrito Federal. Saiu

da letargia em que se encontrava e

agora procura ir atrás do tempo per-

dido. A prova está na aceleração dada

aos pedidos de impeachment do go-

vernador da cidade. Sabe-se, por seu

lado, que o devido processo legal

não pode ser desrespeitado. As re-

gras e os prazos estabelecidos em lei

não podem deixar de ser obedecidos.

O que resta esperar é que não haja ne-

nhuma manobra procrastinatória, para

que se efetive a votação no prazo pre-

visto. A menos que, no interregno da

tramitação do processo na CPI, opte o

governador pela renúncia do mandato

ou a cassação já ordenada pelo Tribu-

nal Regional Eleitoral (TRE) prevaleça.

Como o impeachment envolve julga-

mento político, se esses eventos se

confirmarem, a Câmara Legislativa

dará por encerrado o trabalho e os

pedidos de impeachment serão arqui-

vados. A competência para julgar os

A CAMINHO DA ORDEM

inquéritos em andamento no Superior

Tribunal de Justiça (STJ), cujas maté-

rias se entrelaçam com o conteúdo

dos pedidos de impeachment, passa

também, em consequência, para a ju-

risdição da Justiça do Distrito Federal.

Os deputados distritais, atentos às exi-

gências da sociedade, também apro-

varam emenda parlamentar para a al-

teração de normas da Lei Orgânica do

DF, que, hoje, determinam que, na hi-

pótese de haver vacância do cargo de

governador no último ano do respec-

tivo mandato, quem assume o lugar é

o presidente da Câmara Legislativa. A

emenda propõe que a escolha do go-

vernador, quando ocorrer vacância, se

fará por meio de eleições indiretas dos

deputados distritais.

Os nomes poderão sair entre os de-

putados ou entre cidadãos aptos para

o exercício do cargo, e que se acham

filiados a partido político. Aprova-

da em primeiro turno a proposta,

torna-se necessário que a matéria

seja submetida a um segundo tur-

no de votação, o que só se verificará

após o decurso do prazo de 10 dias,

a partir do primeiro turno de votação.

Hoje, a intervenção é inteiramente

desnecessária e inconveniente

7

se aproximam de outubro vindouro.

Embora não conste vedação de que

deputados da CL não possam disputar

eleições indiretas para governador, até

porque seria disposição de induvidosa

inconstitucionalidade, firma-se, con-

sensualmente, entre os parlamentares,

o compromisso de que nenhum deles

disputaria as eleições. Intenções como

essa, de inegável conteúdo ético, se efe-

tivamente implementadas, contribuem

para mitigar o desgaste em que se vê

posta a imagem do poder, ora severa-

mente prejudicada pela passividade da

CL no curso das ocorrências políticas

que chocaram a população da capital.

A cassação do mandato do governa-

dor pelo TRE, por infidelidade par-

tidária, parece não ter sido a mais

acertada. Pode ser que o recurso a ser

interposto para o Tribunal Superior

Eleitoral (TSE) venha merecer acolhida.

A questão se mostra inegavelmente

polêmica, tanto que três juízes vota-

ram contra o pleito formulado pelo

Ministério Público Eleitoral e três ou-

tros votaram pelo seu deferimento.

Empatada a votação, coube ao presi-

dente do colegiado exercer o voto de

desempate, posicionando-se do lado

que deferia a postulação.

O governador, filiado ao DEM, foi

ameaçado de expulsão, em virtude

das acusações que lhe são atribuídas.

Antes que a expulsão se efetivasse,

tratou de pedir a desfiliação do parti-

do. Consumado o pedido, continuou

no cargo de governador, porém sem

se filiar a outra agremiação. Nessas

circunstâncias, poderia haver cassação

do mandato?

Sem pretender emitir juízo de valo-

ração jurídica, malgrado a situação

do governador se achar de fato in-

sustentável, não só quanto ao jul-

gamento do impeachment, se vier a

ocorrer na CL, mas também quanto

ao julgamento das acusações dos in-

quéritos no STJ, a hipótese é daque-

las de verdadeiro surrealismo jurídico:

forçado a sair de onde não queria

sair, sai; mas, ao sair, cassam-no.

É como dizem por aí, além da queda,

coice. Não é porque o governador es-

teja moralmente liquidado que se deva

passar o trem de carga sobre o restinho

de seus direitos. Mesmo sem partido

político, perdeu o mandato por infideli-

dade partidária. Tollitur quaestio.

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Maurício Corrêa é Advogado e ex-

ministro do Supremo Tribunal Federal.

(Artigo publicado no Correio Brazi-

liense em 21.03.10)

8

Seccional vai parcelar

débitos e reaproximar milhares de

advogados no DF

A Ordem dos Advogados do

Brasil no Distrito Federal

(OAB/DF) quer trazer de volta

para o exercício profissional milhares de

advogados e estagiários que afastaram-

se da instituição e deixaram de pagar a

anuidade. Com esse objetivo, a direto-

ria lançará em 5 de abril a campanha

Quero Ficar Legal. A partir dessa data,

aqueles que estiverem inadimplentes

poderão procurar o setor de cobrança

da Seccional e negociar os valores atra-

sados em até 30 parcelas, com descon-

tos na multa estatutária que poderão

chegar a 100%.

Levantamento feito pela Tesouraria da

Seccional revela que 4.116 profissio-

nais estão inadimplentes com a insti-

tuição. O valor em atraso alcança R$

18,7 milhões. De acordo com o artigo

22 do Regulamento Geral do Estatuto

da Advocacia e da OAB, o advogado

regularmente notificado deve quitar

seu débito no prazo de 15 dias, sob

pena de suspensão aplicada em pro-

cesso disciplinar no Tribunal de Ética,

podendo ficar impedido de exercer a

profissão.

O Regulamento também prevê o can-

celamento da inscrição na Seccional

ADVOGADOS FORA DA INFORMALIDADE

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Raul Sabóia coordena a campanha

9

Regras da campanha Quero Ficar Legal

Pagamento à vista

desconto na multa

estatutária 100%Até 7

parcelas

desconto na multa

estatutária 95%De 8 a 17 parcelas

desconto na multa

estatutária 55%Entre 18 e 30 parcelas

desconto na multa

estatutária 15%

quando ocorrer a terceira suspensão

relativa ao não pagamento de anuida-

des distintas. As regras da campanha

Quero Ficar Legal foram definidas

pela Resolução nº 2, de 4 de fevereiro

de 2010. O documento prevê a nego-

ciação dos débitos referentes às anui-

dades vencidas e não quitadas até 31

de dezembro de 2009. A expectativa

da nova diretoria da OAB/DF é dar ao

advogado do Distrito Federal a oportu-

nidade de quitar seus débitos de modo

programado.

Os advogados e estagiários inadimplen-

tes poderão quitar antecipadamente

a integralidade da dívida com perdão

total da multa estatutária de 20%,

prevista no artigo 134 do Regimento

Geral, arcando apenas com a correção

monetária. A campanha Quero Ficar

Legal também contemplará aqueles

que já têm acordos em andamento.

Decisão da diretoria da Seccional, per-

mite àqueles que já renegociaram suas

dívidas com a OAB/DF, e hoje estão

com o pagamento das parcelas em dia

também poderão liquidar o restante do

débito à vista com desconto de 100%

na multa estatutária. Os advogados ou

estagiários que negociaram anterior-

mente e estão em débito com a OAB/

DF também poderão aderir à campa-

nha, beneficiando-se das mesmas con-

dições.

A campanha Quero Ficar Legal tam-

bém prevê benefícios para quem ne-

gociar os débitos de forma parcelada.

Quem dividir em até sete parcelas rece-

berá desconto de 95% na multa esta-

tutária hoje praticada. Entre oito e 17

parcelas, haverá desconto de 55%. Já

os que optarem por pagar entre 18 e

30 vezes, ganharão desconto de 15%.

As prestações serão mensais e sucessi-

vas, com correção monetária já incor-

porada por ocasião do cálculo do débi-

to existente, com acréscimos de juros.

O demonstrativo será encaminhado

pela tesouraria e a parcela não poderá

ser inferior a R$ 100.

O não pagamento de três parcelas se-

guidas ou alternadas implicará no ven-

cimento total da dívida, com acréscimo

de juros, multa e correção monetária,

bem como na sujeição do advogado

ou estagiário aos ditames das regras

em vigor. O descumprimento do acor-

do também implica em imediata reto-

mada da cobrança e impedimento de

renovação do parcelamento.

A campanha prevê, ainda, que os ad-

vogados e estagiários que estiverem

cumprindo pena de suspensão ou res-

pondendo a processo administrativo-

disciplinar por inadimplência, poderão

participar, mediante requerimento es-

pecífico, aderindo a uma das formas de

parcelamento/quitação, o que implica-

rá no sobrestamento da sanção impos-

ta ou do processo em curso.

10

A rotina de um estudante do

último ano do curso de Direi-

to pode ser comparada à de

um candidato que disputa uma vaga

de alto nível no funcionalismo público

federal. Além das obrigações acadêmi-

cas, como a entrega da monografia,

o aspirante a advogado lida com do-

ses diárias de estresse e tensão com a

preparação para o Exame de Ordem,

prova à qual deve se submeter para

conseguir o direito de exercer a pro-

fissão. Para facilitar a vida de milhares

de universitários que todos os anos de-

dicam horas de estudo para conseguir

a tão sonhada aprovação, a Comissão

de Estágio e Exame de Ordem da OAB/

DF está tomando medidas para des-

burocratizar o processo de inscrição

e deixar o candidato preocupado so-

mente com a prova.

Uma das medidas já colocadas em prá-

tica foi o fim da obrigatoriedade da en-

trega de documentos pessoais no ato

da inscrição para o exame. Até o fim

do ano passado, os candidatos faziam

a inscrição e precisavam se dirigir até a

Seccional para entregar uma série de

documentos pessoais, como cópia de

RG e comprovante de matrícula. A par-

Comissão toma medidas

para facilitar a experiência

de prestar o Exame de

Ordem

SEM BUROCRACIAtir de agora, o processo será concluído

apenas com o preenchimento da ficha

pela internet e o pagamento da taxa

de inscrição, sem maiores burocracias.

“A entrega desses documentos não ti-

nha qualquer finalidade. O candidato

perdia um tempo precioso para se des-

locar até a Seccional e entregar algo

que só será usado no caso de aprova-

ção, já que a documentação só é ne-

cessária na hora de emitir a carteira e o

registro profissional. Decidimos abolir

isso para deixar o candidato preocu-

pado apenas com a prova”, ressalta

Marcelo Jaime Ferreira, presidente da

Comissão de Estágio e Exame de Or-

dem da OAB/DF.

A Comissão também abriu as portas

da Seccional para que os candidatos

tirem dúvidas gerais sobre o Exame da

Ordem. Esse trabalho, informa Ferrei-

ra, é realizado dentro e fora da Ordem

dos Advogados. “Elaboramos um cro-

nograma para visitar todas as faculda-

des de Direito do Distrito Federal no

intuito de tirar dúvidas e dizer aos uni-

versitários que o exame não existe para

prejudicá-los. Ao contrário, a prova é

um instrumento que valoriza a profis-

são e é de suma importância para a

sociedade”.

Nos dias de prova, a exemplo do que

fazem os cursinhos para vestibulares,

a OAB/DF decidiu montar bancas de

apoio para distribuir material para a

realização da prova e alimentos, como

água e lanches. Essa iniciativa já foi co-

locada em prática na segunda fase do

Exame 3 de 2009, realizada em 28 de

fevereiro deste ano, no colégio Sigma,

da Asa Sul.

Menos formalismo – Imagine fazer

esse exame, que é qualificado como

um dos mais difíceis do país, trajan-

do camisa, calça jeans e sapato, em

uma tarde quente e ensolarada típica

do verão brasiliense. Até pouco tem-

po atrás, os candidatos do Exame de

Ordem no Distrito Federal eram obri-

gados a usar trajes formais para fazer

a prova. Eles não podiam, por exem-

plo, usar camiseta, bermuda e tênis,

no caso dos homens, e vestidos, no

das mulheres. Essa regra também foi

abolida pela atual direção da Seccio-

nal. “Por questões de saúde pública,

acabamos com essa imposição. Não

queremos criar um embaraço para o

EXAME DE ORDEM

11

candidato e deixá-lo com dúvida se

está vestindo o traje correto ou não.

O que ele precisa é de tranqüilidade

e conforto para comparecer ao local

com foco na prova”, justifica o presi-

dente da Comissão.

A prova da segunda fase do Exame de

Ordem 3 de 2009, cancelada por deci-

são do Colégio de Presidentes das Sec-

cionais da OAB após a constatação de

uma irregularidade com a prova prático-

profissional de Direito Penal, aplicada

em Osasco (SP), no dia 28 de fevereiro,

será aplicada novamente no dia 18 de

abril. Não haverá qualquer custo adicio-

nal para os candidatos que fizeram as

provas da fase anulada – cerca de 18,5

mil bacharelandos – na inscrição para o

novo certame. No Distrito Federal, são

964 candidatos. Desde o final de 2009,

a prova é realizada simultaneamente em

todos os estados brasileiros.

Segundo o presidente nacional da

OAB, Ophir Cavalcante, a unificação

está mantida e o cancelamento visa

manter a credibilidade do exame.

“Decidimos de uma forma unida e

efetiva, em todo o Brasil, fazer com

que a segunda fase do Exame fosse

anulada, preservando assim a credibi-

lidade da Ordem, do Exame e, sobre-

tudo, a qualidade dos colegas que vão

ingressar na profissão – não podem

nela entrar sob a dúvida de um Exame

que pode ser contestado futuramente

pelo Ministério Público e anulado pelo

Poder Judiciário”, ressalta o presidente

nacional da instituição.

Ele informa ainda que as investigações

em torno da fraude praticada continu-

am sendo conduzidas, na parte crimi-

nal, pela Polícia Federal. Ophir Caval-

cante solicitou ao Centro de Seleção e

Promoção de Eventos da Universidade

de Brasília (Cespe/UNB) – órgão que,

em parceria com a OAB, realiza o Exame

de Ordem - a instauração de sindicância

para apuração interna da irregularidade

relatada pela Comissão de Exame de

Ordem da OAB de São Paulo.

O Cespe, segundo Ophir Cavalcante,

se "compromete ainda a acentuar e

privilegiar um sistema de segurança

maior do Exame, para que as possi-

bilidades de fraude não se repitam e

para que possamos aprender com es-

sas situações desagradáveis, mas que

acabarão servindo de novo instrumen-

to para afirmar a qualidade do Exame

de Ordem". No que se refere à Sec-

cional da OAB de São Paulo, ele disse

que sindicância aberta "teve conclusão

descartando qualquer tipo de envolvi-

mento da entidade".

Foto

: Mar

cela

Bar

reto

Ferreira: menos burocracia para inscrição no Exame da Ordem.

12

No mês da mulher, Conselho

Nacional da OAB aprova

programa que amplia direitos das mulheres

gestantes e lactantes

14

O Conselho Nacional da Or-

dem dos Advogados do Bra-

sil aprovou, por unanimida-

de, em sua primeira sessão sob nova

direção, um programa que garante às

mulheres advogadas gestantes e lac-

tantes um conjunto de direitos que

tornará mais fácil o exercício de suas

funções. Trata-se de uma, dentre as vá-

rias propostas da Comissão da Mulher

Advogada da OAB/DF, extraídas do 1º

Encontro das Mulheres Advogadas,

que contou com a presença de mais de

200 advogadas.

O programa aprovado estabelece o di-

reito da mulher advogada a um lugar

reservado para amamentação, a não

NA DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER

ser obrigada a passar pela inspeção

por raios-X e a vagas reservadas para

estacionamento nos tribunais e fóruns,

além da preferência para julgamento.

Antes de ser submetido ao exame do

Conselho Federal da Ordem, a propos-

ta da Comissão da Mulher Advogada

foi acolhida pelo Conselho da OAB/DF.

A Seccional do DF é pioneira na insta-

lação de uma comissão temática volta-

da ao público feminino.

A sessão do Conselho Federal aconte-

ceu em 8 de março e foi um dois pontos

altos das comemorações ao Dia Interna-

cional da Mulher. “A primeira vez que

precisei da OAB foi quando fiquei grávi-

da. Cansei de amamentar meu filho em

banheiro de tribunal, porque não havia

um local onde eu pudesse amamentá-

lo”, lembra a advogada Daniela Teixeira,

conselheira federal indicada pela OAB/

DF. “Eu pedia ao tribunal que me dei-

xasse amamentar meu filho dentro da

creche, mas não deixavam. Eu sempre

tive esse sonho, que se realizou com a

aprovação dessa proposta”.

As comemorações pelo Dia Internacio-

nal da Mulher tiveram uma marca es-

pecial na Seccional da OAB do Distrito

Federal. As iniciativas incluíram ações

tradicionais, como a entrega de flores

e a oferta de massagens relaxantes,

mas o destaque foi o fórum de deba-

tes sobre assuntos referentes aos di-

À esquerda, as homenageadas Nicola Barbosa, Cleide Ferrari e Danielle Bastos; à direita, público reunido no auditório comemora o Dia da Mulher

13

retos das mulheres. Especialmente, da

mulher advogada.

A pauta das festividades foi organizada

pela presidente da Comissão da Mulher

Advogada, Maria Claudia Azevedo de

Araujo, que aproveitou a ocasião para

levantar um importante debate e esti-

mular a conscientização do público fe-

minino no DF: sob sua liderança, foram

produzidos e distribuídos folders escla-

recendo o que estabelece a Lei Maria da

Penha, que combate a violência contra

a mulher. Os informativos continham os

endereços de onde as vítimas de violên-

cia devem procurar ajuda.

Auto-estima – Houve a distribuição

de 5 mil exemplares do documento na

Rodoviária do Plano Piloto e o envio

dos folders para todas as seccionais.

De acordo com Maria Claudia, a ação

só foi um sucesso porque contou com

a união, o carinho, a dedicação e a

colaboração de varias conselheiras,

advogadas e voluntárias da Seccional:

“Especialmente da presidente da Co-

missão de Assuntos Sociais, Dra. Fran-

cisca Aires, e das Dras. Geusa Santana,

Jackeline Cancelli, Josefina Fontana,

Michele Aires, conselheiros, além de

todos os funcionários e funcionárias

da OAB/DF que ajudaram nas come-

morações”.

No exercício da profissão há 26 anos,

Maria Cláudia trabalha para estimular

o cultivo dos valores femininos frente

às cobranças de trabalho e da socie-

dade, em um mercado cada vez mais

competitivo. “A mulher não é igual ao

homem. Não temos que medir forças.

Temos que mostrar o que somos com

igualdade de condições”, afirma. Se-

gundo Maria Claudia, uma das diretri-

zes do trabalho a ser conduzido pela

Comissão da Mulher Advogada é ofe-

recer suporte para o exercício profissio-

nal sem ignorar as questões do gêne-

ro, como feminilidade e auto-estima.

Pensando nisso, e com o apoio de sua

equipe, ela criou o projeto Bem Me

Quero, voltado para o resgate — na

forma de parcerias, palestras, debates

e projetos — da auto-estima da mu-

lher. “Quando a auto-estima vai bem,

tudo flui”, diz Maria Claudia. “A

Comissão da Mulher foi criada para

atender aos anseios das advogadas,

mas deve atuar para atender também

o interesse de toda a sociedade. A Co-

missão quer levantar a auto-estima da

mulher e, consequentemente de toda

a sua família. O programa Bem Me

Quero é isso”.

Partindo da constatação de que a

maior parte dos cargos dos tribunais

ainda é ocupada por homens, a pre-

sidente da Comissão, Maria Claudia,

e a advogada Daniela Teixeira adian-

tam que esse movimento deve buscar

como objetivo principal a conquista

pela mulher de melhores posições no

mercado trabalho, em condições de

igualdade com os homens e tendo por

base sua competência e qualificação.

Representação feminina – “Nós te-

mos sempre que trabalhar em dobro

para mostrar a nossa capacidade. Essa

é a nossa condição de mulher”, afirma

Daniela. “Nós vamos apoiar as mulhe-

res qualificadas nas listas dos tribunais.

Se alguma advogada que tenha os re-

quisitos entrar na lista, iremos apóia-la

para que a mulher possa ascender aos

cargos de maior relevância no país”,

completa.

Nesta análise, a advogada Maria Cláu-

dia vai além: “A mulher não é mais um

acessório, ela é a principal. Se as mu-

lheres se unirem mais e se ajudarem,

tudo muda”, comenta. “As mulheres

continuam sendo queimadas nas fo-

gueiras da ignorância, amordaçadas

nas malhas da censura e presas nas

correntes da indiferença, mas não po-

demos nos esquecer que são as mulhe-

res que geram vidas, sonhos, verdades,

amores e muitas lutas”.

Foto

s: O

AB/

DF

- Va

lter

Zica

A diretoria da OAB/DF recebeu com carinho Herilda Balduíno, uma das homenageadas, e suas colegas advogadas neste dia especial

14

ESA precisa recuperar

acervo e instalações para liderar capacitação profissional

no DF

A Escola Superior de Advo-

cacia (ESA) passa por uma

profunda reestruturação, es-

forço que concilia a ampliação de sua

grade de cursos, modernização admi-

nistrativa e recuperação de suas insta-

lações. A expectativa da nova direção

da OAB/DF é restabelecer o papel da

instituição na capacitação profissional

de advogados e estudantes, oferecen-

do um ensino ágil e dentro dos mais al-

tos padrões de excelência acadêmica.

“Nessa gestão eu vejo um enorme in-

teresse e a compreensão da importân-

cia da ESA para OAB/DF”, frisa Marcus

Palomo, diretor da ESA. “O estudo na

faculdade ficou generalizado, o estu-

dante sai de lá sem algumas bases fun-

damentais para o exercício diário de

sua profissão”, comenta. “Nossa meta

é transformar a ESA em um elo entre

o advogado e o mercado de trabalho”,

avisa Palomo.

Segundo ele, a diretriz de formulação

da grade de cursos passa a ser o aper-

feiçoamento constante e sistemático

do estudante e do advogado. Para isso,

a ESA fará parceria com outras institui-

ções para reforçar a oferta de cursos

presenciais já nesse primeiro semestre,

REESTRUTURAÇÃO PARA ENSINO DE PONTA

e também passará a oferecer cursos

à distância. Os cursos de prática, por

exemplo, serão realizados em parceria

com a Comissão do Jovem Advogado

da Seccional, para atender às necessi-

dades de formação do advogado ini-

ciante. Os cursos de especialização lato

sensu serão voltados às áreas de gran-

de interesse dos advogados, como por

exemplo, Direito Material e Processual

de Trabalho e o curso de Direito Sindi-

cal Brasileiro. “Quando observamos os

cursos de Direito, com raras exceções,

percebemos que ainda não se dissocia-

ram dos métodos de Coimbra ou estão

mascarados como cursos preparatórios

para concursos. Deixam de atender

a real necessidade da sociedade mo-

derna, que é preparar o bacharelando

para os desafios da advocacia no mun-

do em constante mudança”, afrima

Marcus Palomo.

Uma das parcerias consolidadas pela

ESA é com o Iesb, uma das mais respei-

tadas instituições de ensino superior

do Distrito Federal, para cursos de pós-

graduação na área de Direito do Tra-

balho. A partir do segundo trimestre,

estarão à disposição dois novos cursos:

Escritórios, que capacita o advogado

a lidar com assuntos relacionados à

gestão administrativa; e o de Adminis-

tração Legal, que ensina o advogado

como acompanhar o dia-a-dia dos pro-

cessos. Outra novidade é a abertura de

um calendário de palestras, a serem

proferidas por expoentes do Direito no

Distrito Federal e outros estados da fe-

deração. A primeira delas está prevista

para 5 de abril, com Sílvio de Salvo

Venosa, juiz aposentado do Primeiro

Tribunal de Alçada Civil de São Paulo

e membro da ACademia Paulista de

Magistrados, autor de grandes obras

como o Código Civil Interpretado. “Na

era da informação, o advogado preci-

sa de estudo diário, aperfeiçoamento

e atualização em relação ao entendi-

mento dos tribunais”, afirma Palomo.

Mais que pensar na formação do jo-

vem advogado, a nova diretoria da ESA

trabalha para estender pontes entre

esses jovens profissionais e o mercado

de trabalho. Ciente das dificuldades na

conquista do primeiro posto de traba-

lho, o Conselho da OAB/DF autorizou

que a escola crie o Cadastro Qualifica-

do, compilação de todos os dados dos

seus alunos que será divulgada para

escritórios de advocacia com vistas ao

15

preenchimento de vagas. O Cadastro

será formulado a partir da matrícula

do aluno da ESA. Sua documentação

será guardada no banco de dados da

Ordem. Com a entrega do certificado,

o banco é atualizado com as especifi-

cações que o aluno aprendeu durante

as aulas. “A ESA irá divulgar nos es-

critórios de advocacia a criação do Ca-

dastro Qualificado, para que assim os

advogados possam se sentir seguros

para procurar por uma mão de obra

qualificada”, afirma Palomo. O projeto

está em fase de estudo e a expectativa

é iniciá-lo em 60 dias.

Modernização – Uma das metas da di-

reção da OAB/DF é dar condições para

que a ESA cumpra seu papel institucio-

nal. O presidente Francisco Caputo não

tem economizado esforços para isso:

“A situação em que encontramos a ESA

era desoladora, ainda mais se conside-

rarmos que a administração anterior da

Ordem era de uma professora. O am-

biente era inadequado e degradado, o

método ultrapassado e os móveis es-

tragados, sem qualquer conforto para

o aluno”. A expectativa é estabelecer

um modelo de gestão mais eficiente e

garantir ao aluno todas as condições

necessárias ao bom aprendizado, seja

no aspecto das instalações físicas, seja

nas ferramentas de ensino. Uma pri-

meira iniciativa é a criação de coordena-

ções regionais nas cidades satélites do

Gama, Taguatinga e Sobradinho, onde

os advogados e estudantes moradores

dessas regiões poderão assistir às aulas.

Apoiado pelo Conselho da Seccio-

nal, Marcus Palomo também prepara

a aquisição de móveis novos e equi-

pamentos essenciais para o ensino,

como o datashow, quadros brancos e

aparelhos de ar condicionado. A recu-

peração das instalações da escola vai

garantir mais fácil acesso aos portado-

res de necessidades especiais. Serão

instaladas rampas e os banheiros serão

adaptados para oferecer conforto e

segurança para usuários portadores de

deficiências.

Foi autorizada a implantação de um

auditório com capacidade para 80 pes-

soas; 4 salas de aula para 40 alunos; e

uma biblioteca onde serão disponibili-

zadas para consulta obras do acervo da

Seccional, hoje dispersas nos depósitos

da instituição, entre outros títulos. “O

acervo da própria OAB/DF conta com

obras importantes para a formação de

qualquer profissional do Direito, muitas

delas até com a dedicatória dos auto-

res, verdadeiras relíquias”, afirma o di-

retor. A ESA passará a contar também

com uma sala para os professores, para

sua diretoria e secretaria.

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Palomo: reconstruindo o espaço degradado para dar aos alunos o conforto e a tecnologia adequados

16

Há 22 anos na Seccional,

secretária ainda sonha com a universidade

Animais de estimação, nem

pensar. Os pets de Isabel Cris-

tina Pereira Rocha (foto) são

verdes e cheios de cor. Secretária de Co-

missão de Seleção, ela driblou a alergia

que sempre a impediu de aproximar-se

de cachorros e outros bichos cultivan-

do amor e conhecimento por plantas.

Onde quer que ela esteja, sempre have-

rá um vaso florido ou uma planta bem

cuidada. “Bichos de estimação nunca

tive, pois tenho alergia. Então reservo

esse amor às plantas”, diz.

Ela já foi vendedora de livros, recepcio-

nista em uma imobiliária e se aproximou

da advocacia já no primeiro emprego

com carteira assinada, em um escritório

na Capital Federal. Lá adquiriu experi-

ência com a tramitação de processos,

criando a base de que conhecimento

que precisaria mais tarde, sem saber,

para construir sua trajetória na Sec-

cional. Em 16 de julho de 1988, Isabel

foi admitida na OAB/DF e iniciou uma

carreira de muito trabalho e dedicação

que hoje soma 22 anos ininterruptos.

Na Seccional, sua primeira função foi a

de telefonista, cargo que ocupou por

dois anos. “Aceitei a indicação de uma

amiga para tentar a vaga de telefonista,

passei e até hoje estou aqui”, lembra.

VIAGENS E FLORESSeu desempenho e entusiasmo con-

quistou dirigentes da instituição que

a designaram para outra posição: ser

a secretária de Comissão de Seleção,

função que exerce até hoje. Na Co-

missão, Isabel faz ofícios, atendimento

telefônico para prestar informações e

participa ativamente da parte adminis-

trativa do setor em que trabalha.

Isabel nasceu no Piauí, na cidade de

Parnaíba, e mudou-se para Brasília em

junho de 1978. Naquela época, aos

16 anos, ela foi acolhida por um dos

irmãos após a morte prematura da

mãe. O irmão, Francisco Alves Carnei-

ro, casado e pai de três filhos, residia

na capital federal desde de 1951. Isa-

bel sempre estudou em escolas públi-

cas e começou sua carreira profissio-

nal após concluir o segundo grau. Essa

mulher amável, alegre e de voz doce,

conquistou seu espaço no mercado de

trabalho com muita perseverança. Ela

ainda não teve oportunidade de pres-

tar vestibular mas, aos 48 anos, sonha

formar-se em Ciências Contábeis.

Relíquias e flores – Nesses 22 anos,

Isabel pôde testemunhar boa parte

da história da OAB/DF e o crescimen-

to profissional de muitos dos nomes

hoje reconhecidos e prestigiados na

advocacia brasiliense. Um desses “me-

ninos” é agora o presidente da Sec-

ELES FAZEM A OAB

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

17

ella é uma de suas maiores alegrias e

costuma brincar com a dedicação da

mãe ao trabalho. “Minha filha diz que

eu moro na OAB. Ela só me vê pela

manhã e à noite”, comenta. Ladeada

por pilhas de documentos, suas plan-

tas e relíquias, a secretária reafirma o

prazer no trabalho e a determinação

de fazer sempre o melhor. “Acredito

que você tem que gostar do seu traba-

lho para que ele seja bem feito”.

Mas sua vida não é só trabalho. Ha-

vendo oportunidade, Isabel faz as ma-

las, reúne a família e percorre o Brasil.

Uma de suas paixões é viajar e ela não

abre mão de conhecer todos os recan-

tos do nosso país. “Eu adoro viajar.

Aliás, quem é que não gosta de via-

jar?”, provoca. Seu último passeio foi

à cidade de Caldas Novas, em Goiás.

Mas ela adora e diz conhecer Fortaleza

como a palma das mãos.

só no dia anterior. Hoje, o exame me

parece mais tranquilo”, afirma.

Em sua carreira na Ordem, Isabel

guarda lembranças, amigos e relí-

quias. Uma delas, mantida em um

cantinho especial e ainda observada

com carinho, é uma máquina de es-

crever IBM, que ela usou por muito

tempo no exercício de suas funções.

“Essa máquina já nos socorreu em al-

guns momentos. Fica no canto, como

recordação, não deixamos ninguém

tirar ela daqui”, diz Isabel. Na OAB/

DF, ela fez grandes amizades e afir-

ma com grande devoção que veste a

camisa da Ordem: “Eu passo a maior

parte do meu dia aqui. Eu amo o meu

trabalho!”

Isabel leva uma vida feliz em Brasília.

Ela mora em Sobradinho, é casada e

mãe de uma garota de 17 anos. Rafa-

cional, Francisco Caputo. “Quando

eu o conheci, ele era estagiário e uma

colega minha que já se aposentou fa-

lava que ele tinha cara de presidente”,

lembra. “O tempo passou e não deu

outra”, diz Isabel.

Uma coisa que não mudou, mesmo

com o passar dos anos, foi a preocu-

pação com o Exame de Ordem. Ela se

recorda dos tempos em que a prova

era aplicada na sede do Tribunal de

Justiça. Naquele tempo, uma de suas

atribuições era acompanhar a entrada

dos estudantes.

Em geral, Isabel usava de sua doçura

para acalmar os alunos que seriam

submetidos a provas orais. “Lembro de

uma menina que tremia e rezava sem

parar”, comenta. “O exame era mais

desgastante, o estudante tinha de fa-

zer a defesa de um caso que recebia

18

RETRATO DO ABANDONO

Empresa de engenharia

fará laudo sobre situação

dos prédios da Seccional

e da Caixa de Assistência

A diretoria da Ordem dos Ad-

vogados do Brasil do Distrito

Federal contratou uma em-

presa de engenharia para traçar um

diagnóstico sobre a situação dos pré-

dios da sede da entidade e da Caixa de

Assistência dos Advogados (CAADF).

O trabalho deve durar um mês, será

conduzido por dois engenheiros e um

arquiteto e abrangerá as principais de-

ficiências detectadas até agora, como

infiltrações no telhado, nas paredes

laterais e nas fachadas.

O prédio da sede na W3 Norte foi

inaugurado em 1983. Apesar de já ter

passado por algumas reformas, a cons-

trução está em situação precária, pre-

cisando com urgência de revisões nas

tubulações de água e esgoto e na rede

elétrica, principalmente. Não é raro

funcionários e dirigentes entrarem nos

banheiros logo pela manhã e depara-

rem-se com o mau cheio característico

de prédios antigos e mal conservados.

Outro problema visível é a falta de in-

terruptores de luz em diversas salas,

obrigando os funcionários a acionar

disjuntores para acender ou apagar a

luz e ligar o ar-condicionado. Há ainda

mofo em paredes, janelas enferrujadas

e vidros trincados.

De acordo com o diretor geral da se-

cretaria, Rubens Murga, a reforma é

necessária e urgente. Ela visa corrigir

desconformidades que podem colocar

em risco a segurança das pessoas que

trabalham ou transitam nos dois pré-

dios. Ele cita como exemplo as escada-

rias, que não atendem às normas de se-

gurança do Corpo de Bombeiros, o que

pode provocar a interdição do prédio.

Além dos laudos, a empresa de enge-

nharia apresentará projeto com especifi-

cações, planilha de custo e cronograma

para que seja possível fazer uma licita-

ção para executar as obras necessárias.

A expectativa da diretoria da Seccional

é a de que os serviços de recuperação

tenham início já em abril.

INSTALAÇÕES DA OAB

Acervo abandonado será recuperado para a nova biblioteca

Foto

s: O

AB/

DF

- Va

lter

Zica

19

31

2

4

5Vigas enferrujadas

Teto com infiltração

Tomadas em coluna em mau estado

de conservação

Ferrugem encontrada nas esquadrias

das janelas e portas

Tubulação do ar condicionado

em péssimo estado5

4

321

20

Francisco Caputo leva

OAB/DF para movimento

contra medida de exceção

no DF

O movimento “Intervenção,

não!”, liderado pela OAB/DF

e entidades representativas

de trabalhadores e empresários de Bra-

sília, não poupará esforços para manter

a autonomia administrativa do Distrito

Federal, colocada em xeque diante das

denúncias de corrupção que abalaram

os pilares da política local após a defla-

gração da Operação Caixa de Pandora

da Polícia Federal.

Sob a liderança do presidente da OAB/

DF, Francisco Caputo, no início de

março o movimento aprovou mani-

festo que consolida a posição de seus

representantes. Importante peça do

processo que mobiliza a sociedade ci-

vil organizada em favor da autonomia

do Distrito Federal, o documento fun-

damenta a posição das entidades que

assinam o documento firmado na sede

da OAB/DF.

O manifesto contrário à intervenção é

apoiado por 54 entidades da socieda-

de brasiliense. Ele reforça a posução da

OAB, atual diretoria e ex-presidentes

e a bancada brasiliense do Conselho

INTERVENÇÃO, NÃO!

Federal, que assinam outro manifesto

publicado no Correio Braziliense.

“O maior problema da intervenção é

de natureza moral. Ela seria um ates-

tado que aponta para a incapacidade

da sociedade do Distrito Federal de ga-

rantir sua autodeterminação. A OAB/

DF lutará por uma solução democrática

para a crise”, afirma Francisco Caputo.

Segundo ele, o movimento defende

um pacto de governabilidade a partir

de um secretariado formado por notá-

veis, sem interferência partidária, com

reconhecida qualificação técnica para

cada pasta do GDF.

Solução democrática – O presidente

da OAB/DF não identifica condições

objetivas que justifiquem uma inter-

venção, conforme previsto no tex-

to constitucional. “São fatos graves

que merecem uma apuração rigorosa

e mais ampla. O fato da existência des-

CAPA

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Reunião na qual entidades redigiram manifesto contra a intervenção federal

21

mento “Intervenção, não!”, que conta

com o apoio da maioria dos brasilienses.

O secretário-geral adjunto da OAB/

DF, Max Telesca, também é contrário

à tese da intervenção. O dirigente tem

deixado claro os termos da posição

contrária à intervenção, relacionando-

a à defesa do Estado de Direito e da

democracia. “A nossa postura é de ma-

nutenção do Estado Democrático de

Direito. O que nós estamos propondo

para a sociedade civil é que se organize

em torno da idéia não intervencionis-

ta, nesse momento", ressalta.

O movimento “Intervenção, Não!”,

capitaneado pela OAB/DF, tem con-

quistado apoio em diversos segmentos

da sociedade civil organizada do DF.

Após o seu lançamento, o presidente

do Instituto Geração Brasília, Marco

Lima, visitou a Seccional acompanhado

de diversos membros do instituto, para

também manifestar sua posição con-

trária à intervenção no Distrito Federal

e reforçar a causa da Seccional.

se escândalo político não é suficiente

para justificar uma medida tão drásti-

ca quanto a que o Ministério Público

pretende”, justifica, ao defender a au-

tonomia político-administrativa do DF.

O manifesto exige a apuração rigorosa

de todos os fatos e a punição exemplar

dos culpados, conforme determinam a

Constituição Federal e a legislação do

país. Ao mesmo tempo, reconhece que

os principais serviços do GDF estão sen-

do prestados normalmente, sem qual-

quer alteração que justifique a drástica

medida de intervenção federal. As en-

tidades também manifestam sua fé na

autodeterminação e na capacidade do

Distrito Federal em superar a pior crise

política de sua história, dentro dos es-

tritos termos da Constituição Federal e

da Lei Orgânica do DF.

Os líderes do manifesto pretendem en-

tregá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula

da Silva e aos presidentes do Senado

Federal e Câmara Legislativa. O docu-

mento faz menção a uma emblemática

frase do ex-presidente da Câmara dos

Deputados e da Assembléia Nacional

Constituinte, Deputado Ulisses Guima-

rães: “Brasília não pode ser o túmulo da

democracia”.

Em debate realizado na Câmara Le-

gislativa, dia 9 de março, Francisco

Caputo ratificou sua posição contrá-

ria à intervenção no Distrito Federal.

O encontro, que comprovou a divisão

das opiniões sobre o tema, foi promo-

vido pelo Sindicato dos Servidores do

Poder Legislativo do DF (Sindical), pela

Câmara Legislativa e pelo Tribunal de

Contas, que convocaram especialistas,

autoridades e a sociedade brasiliense.

Caputo, que entre os debatedores foi

o mais questionado pelos participan-

tes favoráveis à intervenção, expôs

claramente a posição da OAB/DF. “Eu

tenho uma responsabilidade muito

grande com essa crise. Eu dirijo uma

das mais importantes instituições civis.

A mais antiga, inclusive. Tenho a obri-

gação institucional de manter o orde-

namento jurídico. Essa é uma solução

drástica. A solução que queremos é

democrática”.

Endosso da sociedade – O presiden-

te da OAB/DF anunciou que a Ordem

dos Advogados do Brasil defenderá a

permanência do governador interino

Wilson Lima no cargo, enquanto não

houver a vacância definitiva do cargo

de governador. “Exigiremos, também

em respeito à Constituição Federal, a

realização de eleições indiretas para

que esta Casa escolha, dentro dos limi-

tes da lei, um novo governante para a

nossa cidade”.

Em meio às diversas manifestações de

apoio à OAB, sobretudo entre a socie-

dade civil organizada, Caputo defende

que evitem o mal maior “que é a in-

tervenção”. Ele reforçou seu apelo ao

ressaltar que “a OAB não está aqui de-

fendendo nem mandato, nem pessoas

e sim o ordenamento jurídico”. O movi-

“Conheço cidadãos cassados,

conheço grupos cassados, mas

cidade cassada só conheço

Brasília” – Presidente Tancredo Neves

A s entidades signatárias deste MANIFES-

TO, reunidas em assembléia permanen-

te e vigilante na sede da ORDEM DOS ADVO-

GADOS DO BRASIL – Seccional Distrito Federal

- reconhecem a gravidade da crise institucional

por que passa o Distrito Federal e repudiam

com veemência as graves ilegalidades cometi-

das por diferentes agentes da sociedade.

Mobilizadas pelo restabelecimento da norma-

lidade institucional, exigem a apuração rigoro-

sa de todos os fatos e a punição exemplar dos

culpados, conforme determinam a Constitui-

ção Federal e a legislação do País. Reconhe-

cem que os principais serviços do GDF estão

sendo prestados normalmente, sem qualquer

alteração que justifique a drástica medida de

intervenção federal. As entidades também

manifestam sua fé na autodeterminação des-

ta unidade da Federação e na capacidade do

Distrito Federal em superar a pior crise política

de sua história, dentro dos estritos termos da

Constituição Federal e da Lei Orgânica do DF.

A Constituição da República que estabelece

as hipóteses para intervenção federal é a

mesma que determina a estrita observância

da linha sucessória para ocupação do cargo

de Governador. Repudiam, portanto, o pe-

dido de intervenção federal, que no atual

momento da história do Distrito Federal seria

inconstitucional por representar um ato de

violência contra o pacto federativo e contra

todos os cidadãos que moram e trabalham

em Brasília - a capital de todos os brasileiros.

Seria um retrocesso à democracia tão dura-

mente conquistada.

“BRASÍLIA NÃO PODE SER O TÚMULO DA

DEMOCRACIA” – Ulysses Guimarães

Brasília, 1º de março de 2010.

INTERVENÇÃO, NÃO!!!

22

Nem a chuva forte que caiu

em Brasília na tarde de 25 de

março foi capaz de aplacar o

ânimo de advogados e representantes

de 54 entidades da sociedade civil que,

reunidos em frente ao Supremo Tribu-

nal Federal, marcaram posição contra

o pedido de intervenção federal no DF.

O abraço simbólico, em frente à mais

alta Corte de Justiça do país, mostrou

que a sociedade brasiliense é capaz de

se organizar para garantir suas con-

quistas. A manifestação reafirmou a

disposição pela normalidade pública

sem a necessidade da intervenção.

“O objetivo do abraço é mostrar para

o Supremo que a sociedade de Brasília

está organizada e unida em torno da

autodeterminação da nossa cidade. Ou

seja, contrária à intervenção”, afirmou o

presidente da OAB/DF, Francisco Capu-

to. No entendimento da OAB/DF e das

demais entidades, a crise política do DF,

por mais grave que seja, não se encaixa

em nenhuma das situações excepcio-

nais previstas pela Constituição. Caputo

ressaltou que o movimento considera

a intervenção uma quebra do pac-

Supremo Tribunal Federal

foi palco de ato pela defesa da

normalidade institucional

ABRAÇO PELA AUTONOMIA DO DF

to federativo. “Seria uma agressão a

Brasília. A decretação da intervenção

não se justifica, ainda mais agora que

já foi retomada a normalidade política

institucional da nossa cidade”, ressal-

tou o presidente da OAB/DF. Caputo e

o vice-presidente da entidade, Emens

Pereira, entregaram o manifesto ao

ministro Cezar Peluso, presidente em

exercício do Supremo Tribunal Federal,

em audiência no salão branco da Cor-

te, logo após o abraço simbólico.

Também foi entregue ao ministro Pelu-

so uma carta assinada pelos membros

da primeira composição da Câmara

Distrital. Os primeiros representantes

do Legislativo eleitos pelo voto popular

deixam claro o receio da perda da au-

tonomia política do DF, caso o pedido

de intervenção seja acolhido.

Caputo antecipou ao ministro Cezar

Peluso que as entidades signatárias do

manifesto acreditam que a sociedade

do Distrito Federal é capaz de se organi-

zar e responder à crise com serenidade.

Também afirmou que é mais democrá-

tico renovar a administração local por

Foto

: Cris

tiano

Nun

es

Foto

: Gil

Ferr

eira

/SC

O/S

TF

CAPA

23

meio do voto, no dia 3 de outubro.

“Acreditamos no Supremo Tribunal Fe-

deral e viemos até esta Corte, com mui-

to respeito, fazer um gesto para mostrar

que nossa cidade pode voltar à plena

normalidade sem a adoção de qualquer

medida extrema”, defendeu.

Contra a intervenção – Entre as or-

ganizações contrárias à intervenção no

DF estão partidos políticos, associações

comunitárias e representantes do setor

produtivo e comercial. A presidente da

Associação Comercial do Distrito Fede-

ral, Danielle Moreira, registrou que a ci-

dade já sofreu com a crise: “E prejuízos

maiores virão com a intervenção”.

Segundo Danielle, congressos que es-

tariam programados para se realizar

em Brasília este ano foram para outros

lugares por conta da situação política.

“Um foi para Goiânia e o outro foi para

o Nordeste”, afirmou. “Três indústrias,

duas da área de farmácia e uma da área

alimentícia, suspenderam negociações

contratuais que gerariam empregos e

receita até a definição da situação po-

lítica local. A intervenção não ajudaria

nesse quadro”, concluiu Danielle.

No manifesto entregue ao ministro

Peluso, as entidades repudiam os fa-

tos trazidos a público pelas denúncias

do Ministério Público em relação aos

Poderes Executivo e Legislativo do

DF e exigem uma apuração rigorosa

do caso. “A sociedade está vigilante,

mobilizada, querendo fazer com que

o Distrito Federal volte para a norma-

lidade. Não mediremos esforços para

que isso aconteça. Mas não podemos

esquecer os graves fatos que foram

desvendados com a deflagração da

operação Caixa de Pandora. Por isso,

exigimos apuração profunda e rigorosa

do caso e punição exemplar para todos

os envolvidos”, frisou Caputo.

Mas o presidente da OAB/DF ressalta

que, embora seja uma crise sem pre-

cedentes, as entidades que compõem

o movimento entendem que as ins-

tituições não foram abaladas no Dis-

trito Federal, o que torna esta a mais

forte justificativa contrária à inter-

venção federal. “A crise não atingiu

as instituições. Os serviços públicos

continuam sendo prestados, as obras

estão em andamento, fornecimento

de água, energia, segurança pública,

tudo na mais perfeita normalidade.

Não vivemos um caos social”, con-

cluiu Caputo.

OAB/DF e entidades da sociedade civil abraçam o Supremo contra a intervenção

24

Recém-empossados,

novos dirigentes

apoiam posição da OAB/DF

As solenidades de posse dos

novos dirigentes das subse-

ções da OAB/DF foram mar-

cadas pela defesa da autonomia do

Distrito Federal e do papel institucional

da Seccional diante da turbulência po-

lítica que agita Brasília. O presidente da

OAB/DF, Francisco Caputo, convocou

os empossados a assumirem, junta-

mente com a Seccional, o compromis-

so com a garantia da manutenção dos

princípios da Constituição. A coorde-

nação das subseções ficará a cargo

do advogado Adelvair Pêgo Cordeiro

(foto acima).

Em março, houve a sessão solene de

posse dos dirigentes das subseções de

Planaltina, Gama e Sobradinho. Os

presidentes empossados afirmaram

sua determinação em apoiar a posição

da OAB/DF nas iniciativas associadas

ao esforço para evitar uma intervenção

no Distrito Federal.

“As Subseções são os pilares da OAB

e trabalham unidas à Seccional pela

defesa da Constituição e pela Ordem

Jurídica do estado democrático de di-

reito”, definiu o presidente da subse-

ção de Sobradinho, Vicente de Paulo

Torres da Penha. “Nós, os advogados

SUBSEÇÕES CONTRA INTERVENÇÃO

militantes, não só nas cidades locali-

zadas dentro do Distrito Federal, mas

também naquelas mais longínquas

espalhadas pelo nosso país, sabemos

exatamente a real importância de uma

subseção da Ordem”. O debate em

torno da intervenção foi o pano de

fundo em todas as cerimônias. O pre-

sidente da subseção do Gama afirmou

que não estão postas as condições

objetivas que justifiquem uma medida

dessa natureza, conforme previsto no

texto constitucional. “O escândalo po-

lítico merece uma apuração rigorosa.

Mas ele não pode justificar uma puni-

ção amarga para a população do Dis-

trito Federal”, justifica Demas Soares,

presidente da subseção do Gama.

CAPA

Foto

s: O

AB/

DF

- Va

lter

Zica

Diretoria da OAB/DF empossa novos dirigentes das subseções

2529

QUEM É QUEMSubsecção de Sobradinho:Presidente:

Vicente de Paulo Torres da Penha

Vice-Presidente:

Marcio de Souza Oliveira

Secretário-Geral:

Guilherme Jorge da Silva

Secretário-Geral Adjunto:

Euripedes Vieira

Tesoureira:

Aline Guida de Souza

Subsecção do Gama: Presidente:

Demas Correia Soares

Vice-Presidente:

Almiro Cardoso Farias Júnior

Secretário-Geral:

Leônidas José da Silva

Secretária-Geral Adjunta:

Rute Raquel Vieira Braga da Silva

Tesoureira: Cristiane Aires do Rego

Subsecção de Planaltina: Presidente:

Marcelo Oliveira de Almeida

Vice-Presidente:

Mário Cézar Gonçalves de Lima

Secretária-Geral:

Oneida Martins Rodrigues

Secretária-Geral Adjunta:

Edjane Rafael de Almeida

Tesoureiro:

Carlos Silon Rodrigues Gebrim

Gutemberg Bezerra, da Caixa de Assistência, Carlos Gebrim, da subseção do Gama, Edjane Almeida, da subseção do Gama, Marcelo de Almeida, da subseção de Planaltina, Francisco Caputo, presidente da OAB/DF, Daniela Teixeira, conselheira federal, Lincoln de

Oliveira, secretário geral, Mário Cézar de Lima, da subseção de Planaltina

Francisca de Lima Leite, Leônidas da Silva, Cristiane Aires, Almiro Cardoso, Emens Pereira, Demas Correia Soares, Rute da Silva, Lincoln de Oliveira e Radam Nakai Nunes

26

A implantação das 230 varas federais

previstas na Lei 12.011/2009 será feita

com critérios técnicos e sem ingerên-

cia política. A promessa foi feita pelo

presidente do STJ, César Asfor Rocha,

a uma comissão de presidentes de

seccionais da OAB, capitaneada pelo

secretário-geral do Conselho Federal,

Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

DATA VENIA

COLUNA

JUSTIÇA DESCENTRALIZADA

PROMESSA FEDERAL DEFESA REFORÇADA

RECORTE DIGITAL

Enquanto está em gestação o lança-

mento da Advocacia Geral da OAB/DF,

a direção da entidade mostrou que a

bandeira da defesa intransigente das

prerrogativas já foi hasteada. Francisco

Caputo visitou as instalações da Polí-

cia Federal no Complexo Penitenciário

da Papuda, acompanhado do presi-

dente do Conselho Federal da Ordem,

Ophir Cavalcante (foto ao lado), para

exigir que se cumpra o mandamento

segundo o qual o advogado tem o

direito de falar reservadamente com

seu cliente. Até então, as salas não ti-

nham as mínimas condições para isso.

Com o apoio da direção da OAB/DF, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região

conseguiu junto à Terracap lotes que permitirão a construção do prédio próprio para

as varas do Trabalho de Taguatinga e a implantação de vara nas cidades de Sobradi-

nho e Ceilândia. O presidente Francisco Caputo participou da solenidade de entrega

dos terrenos e comemorou a conquista. “Com os novos lotes, a Justiça do Trabalho

poderá chegar mais perto da população e dos advogados desses locais”.

Agentes e policiais podiam ouvir tudo

o que advogados e clientes tratavam,

retirando-lhes a necessária privacida-

de. Os presidentes saíram de lá com a

promessa de que a situação se resolve-

ria. E continuam vigilantes.

A receptividade dos advogados ao Re-

corte Digital, novo sistema de envio

de publicações oficiais contratado pela

OAB/DF, mostra que a direção da en-

tidade acertou em cheio. Sustentado

pelo que há de mais moderno no se-

tor, o serviço oferece o telefone celular

como ferramenta de acesso à informa-

ção e maximiza a clareza e a agilidade

do correio eletrônico para envio das pu-

blicações dos processos que tramitam

no DF, nos quais os advogados têm pro-

curação. O custo do serviço, prestado

em parceria com a Webjur, é inferior ao

pago pela OAB à empresa antecessora.

O ministro aposentado do TST Vantuil

Abdalla (foto acima) recebeu a car-

teira de advogado das mãos do presi-

dente Francisco Caputo. A cerimônia

de inscrição na OAB/DF foi feita na

sede da Seccional. “É uma honra re-

ceber uma pessoa com sua história e

atuação em prol da Justiça”, afirmou o

presidente a Abdalla, depois de o novo

advogado prestar o juramento.

NOVATO, MAS VETERANO

PARLATÓRIOS FORA DA LEI

O governo enviou à Câmara Legislativa

proposta de reajuste de salários de di-

versas categorias de servidores, inclusive

os procuradores do GDF e os defensores

públicos. De acordo com o projeto, o re-

ajuste será de 7% em setembro e mais

8% em maio de 2011. A proposta, que

teve o apoio incondicional da OAB/DF,

cria 61 cargos de defensor no DF.

Foto

s: O

AB/

DF

- Va

lter

Zica

27

Q uem já caiu na armadilha de

confundir a identidade visu-

al do Conselho Federal da

Ordem dos Advogados do Brasil com

a marca da OAB/DF, não precisa mais

por as barbas de molho. Sem alarde, a

nova administração da Seccional do DF

tomou providências para acabar com

os inúmeros casos de confusão visual.

Disposta a resolver a questão, a nova

UMA NOVA MARCA, UMA NOVA OAB/DF

diretoria da OAB/DF contratou uma

consultoria para rever a identidade vi-

sual e oferecer uma nova marca para os

advogados de Brasília.

Voltadas para o mesmo fim, dirigidas

para o mesmo público e com suas

respectivas sedes erguidas na mesma

cidade, as duas instituições, federal e

Seccional, precisavam ser distinguidas

por uma marca que indicasse clara-

mente a diferença, sem qualquer pre-

juízo da unidade institucional histórica

que mantêm.

As logomarcas da OAB Federal e da

OAB/DF seriam idênticas, caso não

existisse o pequeno detalhe marcado

por uma estrela na parte inferior do

globo em cor azul. Algo tão sutil que

levou à sucessão de confusões em que

os impressos de uma eram, inadverti-

damente, atribuídos à outra.

Encarado como mais um desafio para

a nova administração da OAB/DF, a

reformulação da identidade visual foi

confiada a uma empresa com profis-

sionais premiados entre os designers

do mercado brasiliense. “A nova marca

da OAB/DF é inspirada em um símbolo

ícone da cidade, o avião de Brasília, as

asas do mapa”, define Pedro Garcia,

da PHD Design, responsável pela refor-

mulação da nova marca da Seccional.

Pedro lembra que, durante o desenvol-

vimento do projeto, ficou clara a iden-

tificação do globo azul como elemento

importante para as seccionais e para a

OAB federal. Também ficou posto que

a pequena estrela na parte inferior do

globo não tinha o poder de estabele-

cer uma relação com a cidade de Brasí-

lia. “Tiramos a estrela e substituímos a

faixa pela representação do avião com

curvatura na cor branca com mais vo-

lume e sombra. A referência ao Plano

Piloto na nova marca cria uma identi-

dade entre a Seccional e Brasília”, ex-

plicou o designer.

A marca da OAB/DF ficou

mais arrojada, assim como sua

nova gestão

NOVA

MARCA

ANTIGA

MARCA

28

Na primeira sessão plenária da

nova direção do Conselho

Federal da Ordem dos Advo-

gados do Brasil, realizada nos dias 8

e 9 de março, os três representantes

da OAB/DF mostraram a que vieram.

Daniela Rodrigues Teixeira, Délio Fortes

Lins e Silva e Meire Lúcia Mota Coelho

apresentaram propostas e relataram

processos de destaque que influem

diretamente no cotidiano do trabalho

dos advogados e nas garantias dos di-

reitos dos cidadãos.

O conselheiro Délio Lins e Silva foi

nomeado pelo presidente nacional

da OAB, Ophir Cavalcante, relator da

comissão especial que acompanha

as propostas de reforma do Código

de Processo Penal. A comissão apre-

sentou 33 proposições de reforma ao

Congresso Nacional. O senador Flexa

Ribeiro (PSDB-PA) transformou 21 em

emendas ao substitutivo do senador

Renato Casagrande (PSB-ES). “Ape-

nas quatro proposições foram acata-

das pelo senador Casagrande. Todas,

aqui do Distrito Federal. Isto é uma

grande vitória para nós”, afirma Délio,

sinalizando a importancia do trabalho

da Seccional.

Conselheiros Federais da

Seccional assumem

posição de liderança em importantes

debates

OAB/DF SE DESTACA NO CONSELHO FEDERAL

Outras propostas da bancada do DF

foram aprovadas pelo Conselho Fe-

deral. Os advogados aprovaram, por

unanimidade, o programa, proposto

pela Comissão da Mulher Advogada

da OAB/DF, que estabelece o direito da

mulher advogada a um lugar reservado

para amamentação, a não ser obriga-

da a passar pela inspeção por raios-X

e a vagas reservadas para estaciona-

mento nos tribunais e fóruns, além da

preferência para julgamento. A defesa

do programa foi feita pela advogada

Daniela Teixeira.

Também foi levada ao Conselho Fe-

deral a proposta para ajuizamento de

uma Ação Direta de Inconstitucionali-

dade contra a Lei Estadual 14.938/03

do estado de Minas Gerais. A lei obriga

o cidadão a pagar uma taxa incluída

no Documento de Arrecadação Esta-

dual (DAE). Os conselheiros decidiram

contestar um projeto de lei que fixava

que advogado só poderia ter acesso ao

seu cliente preso depois de três dias,

após comunicar por escrito ao delega-

do o assunto que seria tratado.

Além disso, a bancada de Brasília se

aliou para referendar as ações tomadas

pelo Conselho Federal durante os me-

ses de janeiro e fevereiro com relação à

crise política no Distrito Federal — em

especial, a ação que pede o bloqueio de

bens dos investigados na operação Cai-

xa de Pandora. Também foi pedido aos

conselheiros e às diretorias das outras

seccionais que ouçam a posição dos

conselhereiros federais do DF e da di-

retoria da OAB/DF antes de deliberarem

sobre qualquer assunto que envolva a

crise política no DF, em especial sobre o

pedido de intervenção federal.

Foto

: Eug

ênio

Nov

aes/

Con

selh

o Fe

dera

l da

OA

B

29

Foto

s: C

ristia

no N

unes

Conselheira Daniela Teixeira

Conselheira Meire Lúcia Mota Coelho

Conselheiro Délio Fortes Lins e Silva

Conselheiro Antenor Madruga

Conselheiro Rodrigo Badaro

Primeira sessão do Conselho Federal

30

OAB/DF e Associação

Comercial lançam campanha para

estimular acordos entre lojistas e consumidores

Fernando Berbel, professor de in-

glês em Brasília, buscava noites

de sono mais tranqüilas quan-

do decidiu comprar um novo colchão,

no fim de 2008. Percorreu várias lojas

até encontrar o produto desejado, no

valor de R$ 1,5 mil. Mas o sonho do

professor começou a virar pesadelo

quando o estabelecimento entregou

um produto diferente do que ele ha-

via comprado e ainda teve de esperar

vários dias para a correção da entre-

ga. Esse não foi o único problema.

Passadas algumas semanas de uso, o

colchão começou a afundar por causa

de um defeito nas molas. Procurada, a

loja empurrou o problema para o fabri-

cante, que o devolveu para o estabele-

cimento revendedor. Berbel tirou fotos

do colchão defeituoso, enviou para a

fábrica e avisou que procuraria o Pro-

con, mas já se passaram 13 meses e o

professor ainda não conseguiu trocar o

produto. “Lavaram as mãos”, diz ele,

sem esconder a indignação.

O caso do professor ilustra a situação

de milhões de consumidores em todo

o Brasil. Quem já não comprou um

produto e foi obrigado a passar horas

no telefone tentando resolver um pro-

O DIREITO DO CONSUMIDOR LÍQUIDO E CERTO

blema, retornou à loja inúmeras vezes

em vão, perdeu tempo, aborreceu-se e

acumulou doses excessivas de estresse

tentando fazer prevalecer seus direitos

de consumidor?

Dados do Cadastro Nacional de Recla-

mações Fundamentadas, elaborado

pelo Departamento de Proteção e De-

fesa do Consumidor, órgão subordina-

do ao Ministério da Justiça, mostram

que, entre setembro de 2008 e agosto

de 2009, o número de reclamações

que geraram processo nos Procons

de todo o país chegou ao volume de

104.867. A maioria delas está associa-

da ao segmento de produtos (55,6%).

O setor de serviços fica em segundo

lugar no ranking (16,3%).

Na tentativa de diminuir os conflitos

entre empresas e consumidores, a Or-

dem dos Advogados do Brasil do Dis-

trito Federal e a Associação Comercial

do Distrito Federal assinaram no dia 15

de março, Dia Mundial do Consumidor,

um convênio de cooperação técnica e

operacional visando implementar uma

série de atividades relacionadas à busca

de uma relação de consumo mais har-

moniosa, com a finalidade de fazer va-

ler os direitos fundamentais previstos no

Código de Defesa do Consumidor, que

completa 20 anos em 2010.

O convênio, assinado na sede da OAB/

DF, servirá de base para a realização da

campanha Ponto Pacífico, cujo obje-

tivo é solucionar de forma mais célere

problemas das relações de consumo,

para desafogar o Procon e o Poder Ju-

diciário. A ideia é permitir que órgãos

administrativos e a Justiça cuidem das

grandes discussões, como os proces-

sos coletivos.

Treinamento intensivo – O foco da

campanha será o treinamento e a

conscientização de comerciantes para

o cumprimento das regras e a imple-

mentação de novas práticas, no au-

mento de informação aos consumido-

res e na promoção de encontros mais

freqüentes entre lojistas, fornecedores

e consumidores na busca da prevenção

e solução de litígios.

“Muitas vezes, um conflito surge pelo

desconhecimento da lei. Nossa campa-

nha irá prestar mais informações para

os consumidores sobre aquilo a que eles

têm direito e dar orientações e treina-

31

balhar na solução do problema? Toda

vez que há uma resistência todos per-

dem”, analisa.

Os termos do acordo foram elabora-

dos pelo advogado Leonardo Peres

da Rocha e Silva, do escritório Pinhei-

ro Neto Advogados, responsável pela

formatação jurídica do convênio en-

tre a Associação Comercial e a OAB/

DF. “Por esse convênio, as partes vão

envidar esforços para propiciar uma

relação mais harmônica entre lojistas,

varejistas e consumidores. A idéia é a

de que o consumidor tenha acesso di-

reto aos lojistas para que os problemas

sejam resolvidos sem a necessidade de

recorrer ao Procon e a outros órgãos”,

explica Leonardo Peres.

Ele explica que o convênio buscará a

adesão dos lojistas para que eles cum-

pram as regras básicas do Código de

Defesa do Consumidor, como testar

os produtos antes da entrega. “Vamos

negociar com a associação comercial

um calendário para essas palestras e

acreditamos que isso será feito nos

próximos dois meses. Imaginamos que

teremos uma aceitação boa, pois mui-

tos lojistas tém interesse em diminuir a

disputa”, prevê o advogado.

mento para os lojistas. De forma que,

surgido o conflito, possa ser resolvido

dentro do próprio estabelecimento”,

comentou o presidente da OAB/DF, Fran-

cisco Caputo. As lojas que aderirem à

campanha estamparão em suas vitri-

nes o selo Ponto Pacífico, para que

os seus consumidores saibam que, ali,

eventuais problemas serão resolvidos

de forma mais rápida, sem ter que

acionar o Estado. O programa prevê o

treinamento dos próprios lojistas para

resolver pequenas adversidades.

“O lojista poderá usar esse selo como

estratégia de marketing da sua em-

presa. Aquele estabelecimento que

tem com o seu consumidor uma re-

lação de amizade, de respeito, é mais

bem visto por ele”, afirmou Danielle

Moreira, presidente da Associação

Comercial do DF.

Além do treinamento dos lojistas e

das campanhas de conscientização

dos consumidores, a campanha Pon-

to Pacífico instalará quiosques dentro

de shoppings centers, nos quais advo-

gados atuarão como mediadores dos

conflitos que não forem solucionados

pelos estabelecimentos. Segundo Ca-

puto, até abril será escolhido o shop-

ping onde se instalará o projeto piloto

da campanha.

Os quiosques funcionarão como cen-

tros de atendimento ao consumidor,

destinados à prevenção e solução de

litígios. A OAB/DF e a Associação Co-

mercial também estão programando a

realização de palestras e a elaboração

de cartilhas para lojistas e consumido-

res e eventos para discussão e imple-

mentação de regras de auto-regulação

para os lojistas. “Essa campanha chega

à vida do consumidor com uma men-

sagem muito forte. A de que os confli-

tos podem acontecer, mas a sociedade

tem a capacidade de dar solução sem

precisar recorrer ao Estado”, afirmou

Ricardo Morishita Wada, diretor do

Departamento de Proteção e Defesa

do Consumidor (DPDC).

Foco na negociação – Morishita acre-

dita que a iniciativa, uma vez implanta-

da, pode servir de exemplo para outros

estados. “O empresário precisa mudar

a forma como encara os conflitos das

relações de consumo. Ele sabe que em

algum momento vai haver uma falha,

já que o produto que ele vende pode

ter um vício, um defeito. E se ele sabe

que vai ter problema, por que não tra-

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Leonardo Peres da Rocha e Silva, do escritório Pinheiro Neto Advogados, Danielle Moreira, presidente da Associação Comercial do Distrito Federal, Francisco Caputo, presidente da OAB/DF, Ricardo Morishita Wada, diretor do Departamento de Proteção e Defesa

do Consumidor e Gilvandro Araújo, procurador geral do Cade, firmam convênio

32

A consolidação dos direitos do

consumidor no século 21 não

pede pela atualização das

normas previstas no Código de Defe-

sa do Consumidor. Editado em 11 de

setembro de 1990, e na iminência de

completar 20 anos, suas regras são

atuais e continuam responsáveis pela

garantia de valores como boa fé e ci-

dadania ampla. Essa análise é de Ri-

cardo Morishita Wada, diretor do De-

partamento de Proteção e Defesa do

Consumidor (DPDC), órgão subordina-

do à Secretaria de Direito Econômico

(SDE) do Ministério da Justiça.

“É impensável que o Estado brasilei-

ro precise intervir, por exemplo, para

fazer uma empresa de telefonia de-

volver um crédito de 20 reais. É como

colocar o presidente de uma grande

companhia atrás do balcão para ven-

der um celular”, comenta Morishita

Wada. “A atualização de que precisa-

mos não é da lei, mas das práticas,

das condutas e dos compromissos

que o mercado assumiu com cada ci-

dadão brasileiro. O que precisamos é

de um upgrade de valores”, defende

em entrevista exclusiva à revista Voz

do Advogado.

UM NOVO CONCEITO PARA O DIREITO DO CONSUMIDOR

Professor de Direito do Consumidor em

cinco universidades – PUC/SP, PUC/RJ,

Mackenzie, UniCEUB e Iesb – ele afirma

que a legislação foi referendada pela

unanimidade do Congresso Nacional

em 1990, indicando que as classes em-

presariais representadas no parlamento

aceitaram o desafio de implementá-la,

defendendo a tese de que lucro não

deve advir da fraude, da enganação e

Diretor do DPDC defende o

fortalecimento dos valores que

sustentam a cidadania

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Morishita: o Ponto Pacífico veio para facilitar a vida do consumidor e do comerciante

33

previstos na legislação atual, como o

exercício da boa fé e da lealdade con-

tratual, a responsabilidade objetiva e

a solidariedade de todos aqueles que

vendem. Esses princípios são tradi-

cionais e norteiam qualquer relação

comercial. Não se pode prorrogar a

atualização de condutas, esperar uma

nova norma para se fazer aquilo que

já deve ser feito.

Como o DPDC avalia a campanha

Ponto Pacífico, da OAB-DF com a

Associação Comercial de Brasília?

O DPDC está acompanhando esse pro-

jeto e vê com muito bons olhos, por-

que ele vai numa linha geral que muda

o eixo do conflito para a resolução. É

uma iniciativa relevante que, uma vez

implantada, pode servir de exemplo

para outros estados. O empresário

precisa mudar a forma como encara

os conflitos das relações de consumo.

Ele sabe que em algum momento vai

haver uma falha, já que o produto que

ele vende pode ter um vício, um defei-

to. E se ele sabe que vai ter problema,

por que não trabalhar na solução do

problema? Toda vez que há uma re-

sistência todos perdem. O Brasil não

precisa disso, podemos construir os

próximos 20 anos com mais solução e

menos conflito.

Como avalia, neste momento, o

papel dos advogados nessa cam-

panha?

O advogado tem um papel ímpar

nesse processo. Ele é operador por

excelência dos conflitos e o elemen-

to chave para transformar o conflito

em solução. Eles são estratégicos, pois

têm capacidade de construir valores

para superar os conflitos e garantir

mais resolução pra vida de cada con-

sumidor. Ele é operador por excelên-

cia dos conflitos e é o elemento chave

para se transformar o conflito numa

solução, ele que detém a expertise na

gestão dos conflitos e é dele o papel

de transformação desse processo.

do abuso do poder econômico. Leia os

principais trechos da entrevista:

Como o senhor avalia as conquistas

geradas pelo Código de Defesa do

Consumidor nos últimos 20 anos?

Primeiramente, é preciso dizer que

o Código de Defesa do Consumidor

nasceu no mesmo momento da rede-

mocratização do País e teve um papel

fundamental no processo de produção

e reafirmação de valores para a so-

ciedade. Ele reafirmou valores como

transparência, honestidade e boa fé

e foi, sobretudo, uma das vértebras

que permitiu a construção de valo-

res ao longo desse período dentro de

uma prática diária que é o consumo.

O cidadão merece ser respeitado não

por aquilo que tem, merece ser res-

peitado pelo que é, não importa se

está comprando uma caixa de fósforo,

uma casa ou um navio. Ele tem o di-

reito de consumir um produto e não

passar mal, saber o prazo de validade

e receber informação correta sobre o

que está comprando. Essa construção

de valores pra cada cidadão é o que

compõe, na junção de cada direito in-

dividual, um padrão de civilidade no

qual a sociedade merece viver.

O código ensinou os brasileiros a

reclamarem mais?

Quando o cidadão reclama é ótimo,

porque ele exerce a reflexão sobre a

titularidade sobre seus direitos. É um

processo de amadurecimento. O pro-

cesso democrático mostra que não há

uma solução mágica para a resolução

dos conflitos, mas que é necessário o

envolvimento de cada um e de todos.

Isso nasce do papel que cada cidadão

exerce em sociedade. Penso que a so-

ciedade brasileira está mais madura.

Na sua opinião, qual o papel dos

empresários nesse processo de

amadurecimento?

As lideranças têm um papel relevante.

O líder é aquele que faz o que é difícil

e consegue atrair outras pessoas para

um novo patamar. Aqui reside a gran-

de responsabilidade das empresas. É

um grande desafio manter a lucrativi-

dade. É um desafio exercer uma ativi-

dade empresarial com lucro respeitan-

do os direitos dos consumidores.

Apesar dos avanços, normas bási-

cas do código como a entrega do

produto de acordo com o anuncia-

do são desrespeitadas. Isso não in-

dica a necessidade de atualização?

A gente nunca pode afastar a possibi-

lidade de atualização, mas é evidente

que a gente precisa revisitar as práti-

cas do dia a dia. É inconcebível que

uma empresa grande, uma empresa

líder de mercado, possa ter reclama-

ções de consumidores por questões

elementares. É impensável que o Esta-

do brasileiro precise intervir, por exem-

plo, para fazer uma empresa de tele-

fonia devolver um crédito de 20 reais.

É como colocar o presidente de uma

grande companhia atrás do balcão

para vender um celular. A atualização

que precisamos não é da lei, mas das

práticas, das condutas e dos compro-

missos que o mercado assumiu com

cada cidadão brasileiro. O que precisa-

mos é de um upgrade de condutas, de

práticas e de valores.

Muita coisa mudou nas relações

entre comerciantes e consumidores

nos últimos 20 anos. Uma delas foi

o surgimento das compras online,

pela internet. O Código está pre-

parado para atender aos consumi-

dores nos conflitos gerados nessa

relação de consumo?

Eu vejo isso de uma maneira muito

simples: há que se aplicar o código

nas relações comerciais via internet.

É evidente que algumas condutas

penais, dado o caráter restrito do

comércio online, são passíveis de dis-

cussão sobre alguma atualização, mas

as regras gerais e os princípios estão

34

P romessa feita, dever cumprido.

Criada oficialmente há pouco

mais de um mês pelo presiden-

te Francisco Caputo, a ouvidoria da

OAB/DF deixou de ser uma proposta

prevista numa resolução da gestão pas-

sada para tornar-se um órgão efetivo,

que já recebe um número considerável

de manifestações de advogados e ci-

dadãos. Só nas primeiras semanas de

março, a ouvidoria recebeu cerca de 20

abordagens por dia. A maioria destas

enviada pelo site da Seccional.

A ouvidoria tem por missão ampliar

os canais de comunicação dos profis-

sionais da área e, em defesa dos seus

direitos e interesses, ela visa melhorar

os serviços prestados pela OAB/DF, pelo

Judiciário e órgãos públicos, bem como

garantir o direito de manifestação da

população junto aos advogados e Sec-

cional da OAB.

O novo órgão pode, por exemplo,

subsidiar com informações a elabora-

ção de ações anti-corrupção, receber

denúncias de irregularidades de atos

e práticas contra o advogado, bem

como denúncias de improbidade ad-

ministrativa, manifestações relaciona-

OUVIDORIA SAI DO PAPEL

Ouvidoria entra em

funcionamento, aproximando o cidadão da

OAB/DF

das à ética profissional. A ouvidoria

pretende ampliar a capacidade da so-

ciedade de participar das ações desen-

volvidas pela OAB/DF, além de fomen-

tar a melhoria nos serviços prestados

pela entidade.

“A ouvidoria é a forma mais simples e

eficaz para encurtar a distância entre a

sociedade e um órgão. É a forma de

torná-lo efetivamente democrático”,

defende o Ouvidor-Geral Marcelo Soa-

res França, que acumula no currículo a

experiência de conselheiro pela regio-

nal Centro Oeste da Associação Brasi-

leira de Ouvidores (ABO).

O serviço está disponível em caráter ex-

perimental. Do projeto piloto participam

três profissionais, incluindo o Ouvidor-

Geral, cuja missão inicial é dimensionar

a demanda e estruturar as ferramentas

necessárias ao bom atendimento.

Na relação das manifestações que já

chegaram à ouvidoria, foram registra-

das desde críticas e elogios, até denún-

cias contra advogados e reclamações

contra órgãos públicos por desrespeito

às prerrogativas da categoria; reclama-

ções contra a falta de espaço em bal-

ções nas varas e demora na expedição

de alvarás para liberação de verbas de

sucumbência em nome das partes e em

detrimento do advogado.

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

GERAL

35

Após triagem, as mensagens são en-

caminhadas à área responsável para

elaboração de uma resposta. A meta,

informa França, é atender as manifes-

tações em até 48 horas.

A ouvidoria funciona numa sala do se-

gundo andar na sede da Seccional. A

estrutura ainda está sendo montada e

a idéia da diretoria é dotar a área de

equipamentos e profissionais suficientes

para oferecer um serviço de qualidade

para advogados e cidadãos, a exemplo

do que ocorre no Tribunal de Justiça do

Distrito Federal (TJDF), cuja ouvidoria é

considerada um modelo no meio jurídi-

co e também na Seccional do DF.

Recentemente, França e o presidente

Francisco Caputo visitaram a ouvidoria

do TJDF e foram recebidos pelo ouvidor

geral, desembargador Hermenegildo

Gonçalves, para conhecer mais de per-

to o funcionamento do órgão naquela

instituição. O presidente da Seccional

também pretende visitar outras sec-

cionais que já possuem o serviço para

conhecer os métodos de trabalho, de

modo a alinhar experiências de suces-

so. “A troca de experiência com outras

ouvidorias será constante”, afirma o

ouvidor-geral da OAB/DF.

França informa que, além reclamar ou

buscar orientação pelo site, advogados

e cidadãos poderão registrar suas ma-

nifestações por telefone, por meio do

‘Fale com o Ouvidor’, ou por corres-

pondência encaminhada para o ende-

ro da Seccional pelos Correios. A OAB/

DF também colocará à disposição dos

advogados e cidadãos uma sala volta-

da para atendimento pessoal. “Vamos

lançar em breve um número de telefone

gratuito e uma central de triagem para

receber as correspondências que chega-

rão por meio de um acordo a ser fecha-

do com os Correios”, explica França.

Com o apoio do Conselho da Seccio-

nal, tais iniciativas estão sendo finaliza-

das e a expectativa do ouvidor é abrir

canais de comunicação com a socie-

dade no mais curto espaço de tempo

possível.

O projeto de criação da Ouvidoria da

OAB/DF contou com a colaboração do

advogado Erasmo Castro, ouvidor do

Ministério da Fazenda, cuja experiên-

cia é reconhecida no meio jurídico. O

modelo em implementação na Seccio-

nal prevê, ainda, a criação de unidades

operacionais da ouvidoria nas subse-

ções de Ceilândia, Gama, Planaltina,

Samambaia, Sobradinho e Taguatinga.

Tais unidades tornarão o atendimento

ainda mais ágil, na medida em que o

cidadão que vive nas cidades satélites

não precisará ir ao Plano Piloto para

tratar de assuntos de seu interesse.

Neste primeiro momento, o cargo de

ouvidor nessas cidades será exercido,

provisoriamente, por seus respectivos

presidentes. Com a implantação das

unidades operacionais, serão escolhi-

dos titulares para a função.

Hermenegildo Gonçalves recebe Francisco Caputo e Marcelo Soares. A ouvidoria é o canal entre a OAB/DF, os advogados e a sociedade

36

37

ESA: na vanguarda do conhecimento

vio de Salvo Venosa. A palestra será no

dia 5 de abril, às 19h, na OAB/DF.

A OAB/DF firmou convênio com o Cen-

tro de Educação Superior de Brasília,

mantenedor do IESB, para facilitar o

acesso dos profissionais do Direito à

cursos de pós-graduação. As inscrições

estão abertas.

A Escola Superior de Advoca-

cia apresenta para esse tri-

mestre um conjunto de no-

vidades para os advogados do Distrito

Federal. Atendendo a diretriz da direto-

ria da Seccional do DF, a ESA reforçou

sua grade de cursos com a organização

de seminários e palestras ao longo de

todo 2010.

CAPACITAÇÃO & TREINAMENTO

A Escola Superior de Advocacia marcou

o primeiro evento do Ciclo de Palestras

da OAB/DF em parceria com a editora

Atlas. A palestra inaugural abordará o

tema “Arbitragem e novas formas de

resolução de conflitos” e será proferida

pelo juiz aposentado do 1º Tribunal de

Alçada Civil de São Paulo e membro da

ACademia Paulista de Magistrados, Sil-

MARÇOCurso: Noções Gerais da Teoria Geral do Direito Privado Data: 2, 3, 4 e 5 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Célia Arruda Carga horária: 12 horas/aula Curso: Direito Orçamentário e Financeiro Data: 18 e 25/03, 8 e 15 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Paulo Roberto Paiva Carga horária: 12 horas/aula Curso: Processo Eletrônico Data: 15 e 17 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Gáudio de Paula Carga horária: 6 horas/aula

CURSOS:

Curso: Questões Polêmicas no Processo de ExecuçãoData: 15, 16 e 18 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Rafael Vasconcellos Carga horária: 9 horas/aula Curso: Gestão de Escritórios Data: 22, 24, 29 e 31 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Silvio Barreto Carga horária: 12 horas/aula Curso: Prática de Inquérito Policial Data: 22, 23, 24, 25 e 26 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Eneida Orbage de Britto Taquary Carga horária: 15 horas/aula

Curso: Administração Legal - Manual de Procedimentos para Escritórios de Advocacia Data: 29, 30/03, 5 e 6 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Erika Siqueira Carga horária: 12 horas/aula

ABRILCurso: Prática em Direito Reais Data: 5, 12, 19 e 26 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Rodrigo Fernandes Carga horária: 12 horas/aula

Curso: Direito Civil - temas polêmicosData: 6, 13, 20, 27/04 e 4 de maio Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Pablo Malheiros Carga horária: 15 horas/aula

Curso: Oratória Emocional e Argumentação Data: 12, 13, 14, 15 e 16 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Jorge Telle Carga horária: 15 horas/aula Curso: Prática em Direito Eleitoral Data: 14, 16 e 19 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Claudismar ZupiroliCarga horária: 9 horas/aula

Curso: Ética na AdvocaciaData: 26, 27, 28 e 29 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Renato CostaCarga horária: 12 horas/aula

38

Modernização. Essa é a pala-

vra de ordem da nova dire-

ção do Tribunal de Ética e

Disciplina (TED) da OAB/DF. Para tirar o

tribunal da inércia, a Ordem decidiu mo-

dernizar não só a estrutura física de suas

instalações, mas também os trâmites e

práticas processuais. A ideia é transfor-

mar o TED em uma Corte ágil, firme e

justa. Para isso, desde que tomou posse

do cargo, o presidente do TED, Claudis-

mar Zupiroli, vem fazendo um verdadei-

ro inventário do tribunal. O objetivo é

diagnosticar seus problemas para atacá-

los com os remédios adequados.

A lentidão da tramitação no TED vi-

nha levando à prescrição um elevado

percentual dos processos, com falta

de transparência na distribuição dos

casos. A falta de estrutura física e de

pessoal impedia que o TED funcionasse

com efetividade.

O inventário também trouxe surpresas

numéricas. Existia um passivo de mais

de seis mil processos parados. Sem falar

dos 500 processos contra advogados do

Distrito Federal que chegaram à Seccio-

nal no ano passado, foram autuados,

mas não tinham sequer sido distribuídos

para a instrução.

Seccional reestrutura Tribunal de

Ética para torná-lo

mais ágil

TED: UM TRIBUNAL DE FATO

“Trocando em miúdos, estavam esque-

cidos na Presidência da entidade, que

era responsável por determinar a inves-

tigação das denúncias de má atuação

profissional. A primeira providência do

presidente Francisco Caputo foi dele-

gar à Presidência do TED a responsabi-

lidade por distribuir os processos para

instruí-los”, ressalta Zupiroli. Outra no-

vidade foi a implantação de um sistema

de distribuição dos processos por sor-

teio, promessa de campanha de Capu-

to. “A prática é adotada por tribunais

de todo o país, mas ainda não existia

no TED da OAB/DF. A nova prática afas-

ta a possibilidade de uso político do tri-

bunal”, avalia o presidente do TED.

A Seccional investirá na compra de

novos equipamentos para registrar as

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Zupiroli: a modernização do TED é fundamental

39

sessões do tribunal, que ainda usa fi-

tas cassetes.

Com um regimento interno refeito,

foram contratados dois advogados e

três funcionários de apoio para instruir

os processos em tempo hábil, já que

grande parte deles vinha prescreven-

do por conta da lentidão. “Queremos

dobrar o número de contratações para

dar conta da demanda que virá e ze-

rar o estoque deixado como herança”,

afirma Claudismar Zupiroli. Os advo-

gados também atuarão como defen-

sores dativos quando a parte não for

encontrada ou não apresentar defesa

no prazo regimental.

Reforço – O sistema de julgamento

do TED também não foi esquecido. O

número de membros do tribunal foi

elevado de 35 para 60, e o de turmas

de julgamento, de cinco para sete. No

lugar do antigo Conselho Pleno, en-

trou o Conselho Especial, formado pe-

los presidentes e vices das sete turmas

que, hoje, compõem o tribunal. Zupiroli

explica os benefícios da mudança: “O

Conselho Pleno restringia a possibilida-

de de aumentar o número de membros,

se necessário, porque incharia ainda

mais o plenário”, esclarece.

Com a modificação, não haverá impac-

to negativo no funcionamento do Con-

selho se for preciso criar novas turmas”.

Foram criadas, ainda, duas comissões

que darão outro ritmo aos trabalhos

do TED: a Comissão de Admissibilida-

de e a Comissão de Execução. A pri-

meira foi formada com o objetivo de

acelerar a tramitação dos processos

em sua primeira fase.

A segunda zelará para que as decisões

do tribunal não se transformem em

papéis sem qualquer validade. “Por

deficiência de acompanhamento ou

estrutura, as penalidades impostas aos

advogados não eram executadas. Mui-

tas vezes os advogados punidos por in-

frações éticas continuavam advogando

sem qualquer óbice”, denuncia.

INSTALAÇÕES PRECÁRIAS

O abandono e a precariedade do

Tribunal de Ética e Disciplina

surpreendeu a diretoria da OAB/DF.

A sala do TED tem rachaduras nas

paredes e no teto. O equipamento

de gravação das sessões está em

mau estado de conservação e é ar-

caico: ainda faz o uso de fitas casse-

tes. O ar condicionado também está

em estado deplorável e necessita de

troca urgente.

Conforme descreveu o presidente

do Tribunal, Claudismar Zupiroli,

“há um abandono muito grande no

TED”. Como os processos não eram

distribuídos por sorteio, e não havia

qualquer programa informatizado

para isso, por enquanto o sorteio é

feito de forma manual, com um glo-

bo usado em bingos.

“Há defasagem exagerada de equi-

pamentos. São computadores ultra-

passados, programas sem licença. E

o mais grave: não há um programa

informatizado de distribuição auto-

mática e aleatória dos processos por

meio de sorteio, o que obriga o Tri-

bunal a apelar para um instrumento

pré-histórico, que é o globo de bin-

go para sortear os processos a serem

julgados”, lamenta Zupiroli.

Segundo Zupiroli, são mais de cin-

co mil processos que ficam sem um

programa que permita o acompa-

nhamento adequado. Isto gera uma

situação ainda mais alarmante: uma

quantidade excessiva de processos

arquivados por prescrição. “Isso é la-

mentável porque o TED não cumpre

assim sua missão”, avalia.

Foto

: Mar

cela

Bar

reto

40

A globalização e expansão da

economia brasileira, fenôme-

nos que têm se consolidado

ao longo da última década, abriram

um novo espaço para o Direito e tor-

nou a defesa da concorrência uma

das demandas que mais se expandem

na seara da advocacia. Atento a esse

movimento e decidido a preparar a

instituição para atuar nessa área, o

Conselho da OAB/DF decidiu criar a

Comissão de Defesa da Concorrência,

instalada nesse mês de março. “Já nos

manifestamos acerca da Consulta Pú-

blica Cade nº 001/2010, que versava

sobre a eliminação da necessidade de

elaboração de acórdão de processos

julgados pelo Cade”, afirma Alexandre

Bastos, presidente da Comissão.

Segundo ele, a Comissão vai acom-

panhar de perto a atuação e os de-

bates travados no âmbito do Sistema

Brasileiro de Defesa da Concorrência

(SBDC), composto pela Secretaria de

Acompanhamento Econômico do Mi-

nistério da Fazenda, pela Secretaria

de Direito Econômico do Ministério da

Justiça e pelo Conselho Administrativo

de Defesa Econômica (Cade). A Comis-

são também acompanhará a tramita-

ção do projeto de lei que regulamenta

a estrutura do SBDC, em discussão no

Senado Federal.

A Comissão de Defesa da Concorrên-

cia foi instalada com um quadro de 24

advogados, indicados de acordo com o

que estabelece o parágrafo 1º do art.

46 do Regimento Interno da Seccio-

nal. A orientação é proporcionar uma

maior participação dos advogados da

OAB/DF nesse segmento, aproximan-

do a instituição dos órgãos públicos

federais que discutem e regulamentam

o Direito da Concorrência.

Articulação – “Nós também preten-

demos trabalhar conjuntamente com

outras Comissões da OAB, como a de

Regulação e a de Prerrogativas”, avisa

Bastos. “Outra idéia é levar ao Conse-

OAB/DF ENTRA NA DEFESA DA CONCORRÊNCIA

Seccional instala

Comissão para acompanhar o

que acontece no Cade

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Comissão da OAB/DF acompanhará atos do Ministério da Justiça sobre concorrência

41

lho Federal a proposta de criação de

uma Comissão de Concorrência em

nível nacional. Vamos propor isso ao

presidente Francisco Caputo”.

A Comissão de Concorrência irá se

manifestar nas diversas consultas pú-

blicas, pareceres e portarias sobre o

tema, realizadas pelos órgãos inte-

grantes do SBDC, agências regulado-

ras, Advocacia Geral da União, dentre

outros. A Comissão irá também auxi-

liar e assessorar o Conselho e a Dire-

toria da OAB/DF. “Como em cada Co-

missão a decisão é do colegiado, nosso

poder de decisão terá um peso quando

da sua manifestação, sempre alinhado

com os objetivos da nossa Diretoria”,

afirma Alexandre Bastos.

Um dos primeiros temas a ser analisa-

do, comenta, é a Portaria 456/10 do

Ministro da Justiça, que regulamenta

as diversas espécies de processos ad-

ministrativos previstos na Lei 8.884, de

11 de junho de 1994.

Uma das diretrizes do trabalho a ser

desempenhado pela nova Comissão

da Seccional é difundir e estimular o

estudo do Direito Econômico. Para

isso, seus dirigentes pretendem orga-

nizar seminários e palestras, propor e

preparar cursos em todos os seus ní-

veis do básico aos estudos de caso e

firmar parcerias com as faculdades de

Direito do Distrito Federal para estimu-

lar a inclusão do Direito Econômico na

grade curricular dos cursos de Econo-

mia e Direito.

“Já estamos formando uma parceria

com a Ajufe para apoiá-la institucio-

nalmente no 2º Seminário de Direito

da Concorrência que envolverá Magis-

trados, Membros do Ministério Público

e Advogados. O evento está agenda-

do para ocorrer no 2º semestre deste

ano”, adianta Bastos.

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Alexandre Bastos: defesa do

concorrência é um tema importante

42

Por Lincoln de Oliveira

Advogar de forma eficiente

não é criar atritos, mas sim

resolver conflitos. Os ensi-

namentos do comemorado professor

italiano Giuseppe Chiovenda nunca

fizeram tanto sentido na lide cotidia-

na dos tribunais quanto atualmente.

Diariamente, advogados militantes se

deparam com as mais variadas adversi-

dades e têm de superar inúmeros obs-

táculos burocráticos para levar a justiça

até seus constituintes.

O exercício da paciência, adquirido ao

longo dos anos e conforme os quilô-

metros percorridos em corredores de

fóruns, é intrínseco à profissão. Para

minimizar o peso da carga diária, for-

necendo suporte legal, técnico e ma-

terial, é que existe a Ordem dos Ad-

vogados do Brasil. A nova gestão da

Seccional do Distrito Federal sabe disso

e conhece de perto as dificuldades dos

advogados. O motivo é simples: pela

primeira vez em sua curta, mas exitosa

história, a Diretoria da OAB/DF é com-

posta exclusivamente por advogados

militantes, sem qualquer vínculo com

outras instituições.

A OAB/DF já começou a trabalhar para

A ARTE DE ADVOGAR

amenizar os problemas causados pela

burocracia atinge de forma direta os

advogados. A direção da Seccional

criará um canal de comunicação direto

com a administração dos tribunais para

fazer, por exemplo, com que todos, ju-

ízes e membros do Ministério Público,

respeitem o mandamento inscrito no

artigo 7º do Estatuto da Advocacia e

todos os seus parágrafos e incisos. Afi-

nal, é direito do advogado exercer sua

profissão “com liberdade”.

A Diretoria da OAB/DF também está

preocupada em buscar mecanismos

para preparar o advogado para a ex-

pansão de seu mercado de trabalho.

Novos campos de trabalho surgem to-

dos os dias. Faltam profissionais bem

preparados para trabalhar no mercado

jurídico das agências reguladoras e na

área de Direito Ambiental, para citar

apenas dois exemplos de setores ca-

rentes de assistência jurídica que cres-

cem a passos largos.

Para isso existe a Escola Superior de

Advocacia (ESA), que na atual gestão

será atuante e vigilante na evolução

do mercado. A Escola criará cursos

de aperfeiçoamento que atendam às

novas demandas e permitam aos ad-

vogados conhecer, com profundidade,

as novas oportunidades surgidas gra-

ças a uma economia mundial cada vez

mais pujante.

A boa formação, o aperfeiçoamento

do conhecimento do advogado e a de-

fesa intransigente e diuturna das prer-

rogativas serão bandeiras importantes

da atual gestão. Prova disso foram as

ações do presidente Francisco Caputo.

Em pouco tempo de mandato, o presi-

dente já assinou convênios de coope-

ração entre a ESA e universidades bra-

silienses. E, recentemente, em parceria

com o Conselho Federal, fez valer o di-

reito de o advogado de falar de forma

reservada com seu cliente.

Importante frisar que, para garantir o

cumprimento do Estatuto, não foi preci-

so entrar em choque com qualquer ins-

tituição. De acordo com a doutrina de

Chiovenda, em vez de entrar em atrito,

a OAB trabalhou no sentido de solucio-

nar o conflito. E com muito êxito. Afinal,

os advogados que militam diariamente

nos Fóruns e tribunais do país sabem:

um acordo razoável, muitas vezes, é me-

lhor do que uma ótima sentença.

ARTIGO

43

www.oabdf.org.br