Revista da Ordem dos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal Ano 5 nº 02 Brasília, março 2010
www.oabdf.org.br
ABRAÇO diz não à intervenção
3
DESTAQUES
EXPEDIENTE
Revista da Ordem
dos Advogados do Brasil
Seccional do Distrito Federal
SEPN, quadra 516, bloco B, lote 7
CEP 70770-525 Brasília – DF
Telefone: 61 3036-7000
Editora:
Maria Aparecida de Oliveira Severino
30
20
27
CAPAA OAB/DF e mais de 50 entidades da
sociedade civil se únem em um abraço
contra a intervenção federal.
PONTO PACÍFICOEm parceria com a Associação
Comercial, OAB/DF lança campanha para
pacificar as relações de consumo.
NOVA MARCAOAB/DF muda e moderniza, além dos
métodos de gestão, a identidade visual
da Seccional.
Sub-Editor:
Rodrigo Haidar
Reportagem:
Fabrício Zago
Janaina Valadares
Maria Fernanda Brezolin
Foto capa:
Cristiano Nunes
Projeto Gráfico
PHD Design Gráfico
Diagramação:
Produção Gráfica Digital / Marco Rigotti
Departamento comercial:
Rosanna Tarsitano
Tiragem:
22 mil exemplares
Jornalista Responsável:
Vladimir Porfírio
Produzida pela Lead Produções
Artísticas, Comunicação & Marketing
É permitida a reprodução total ou
parcial dos textos, desde que citada
a fonte. Os artigos assinados não
refletem, necessariamente, a opinião
do Conselho da OAB-DF.
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Diretoria da OAB/DF Triênio 2010/2012Presidente: Francisco Queiroz Caputo Neto
Vice-Presidente: Emens Pereira de Souza
Secretário-Geral: Lincoln de Oliveira
Secretário-Geral Adjunto: Luis Maximiliano Telesca
Diretor Tesoureiro: Raul Freitas Pires de Saboia
Conselheiros Federais:
Antenor Pereira Madruga Filho
Daniela Rodrigues Teixeira
Délio Fortes Lins e Silva
Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho
Rodrigo Badaro Almeida de Castro
Conselheiros Seccionais:
Adelvair Pêgo Cordeiro
Alessandro Luiz dos Reis
André Puppin Macedo
André Vidigal de Oliveira
Antônio Alberto do Vale Cerqueira
Charles Christian Alves Bicca
Claudismar Zupiroli
Délio Fortes Lins e Silva Junior
Eduardo de Vilhena Toledo
Fabiano Jantalia Barbosa
Francisca Aires de Lima Leite
Francisco Carlos Caroba
Frederico Donati Barbosa
Getulio Humberto Barbosa de Sá
Giselle Dorneles de Oliveira Torres Avelar
Guilherme Farhat de Sao Paulo Ferraz
Gustavo de Castro Afonso
Gustavo Gaião Torreão Braz
Haroldo Toti
Henrique Celso Souza Carvalho
Ian Rodrigues Dias
Igor Carneiro de Matos
Iran Amaral
Ives Geraldo de Souza
João Candido da Silva
José Augusto Pinto da Cunha Lyra
José Cardoso Dutra Junior
José Carlos de Matos
Jose Vieira Alves
Josefina Serra dos Santos
Lisa Marini Ferreira dos Santos
Lucas Resende Rocha Junior
Mabel Gonçalves de Souza Resende
Magda Ferreira de Souza
Marcelo Jaime Ferreira
Marcos Evandro Cardoso Santi
Marcus Jose da Cruz Palomo
Maria Claudia Azevedo de Araujo
Marília Aparecida Rodrigues dos Reis Gallo
Moacir Akira Yamakawa
Paulo Mauricio Braz Siqueira
Paulo Roberto de Castro
Radam Nakai Nunes
Reginaldo Bacci Acunha
Renato Gustavo Alves Coelho
Rodrigo Fernandes de Moraes Ferreira
Rodrigo Freitas Rodrigues Alves
Rogerio Marinho Leite Chaves
Rommel Madeiro de Macedo Carneiro
Sandoval Curado Jaime
Suzana Maria Dunshee de Abranches Carneiro Fiod
Tarley Max da Silva
Wendell do Carmo Sant’ana
Caixa de Assistência dos Advogados - DF
Presidente: Everardo Ribeiro Gueiros Filho
Vice-Presidente: Luciano Andrade Pinheiro
Secretário-Geral: Gutemberg Bezerra Pereira de Oliveira
Secretária-Geral Adjunta: Geusa Santana da Silva
Tesoureiro: Paulo Emilio Cata Preta de Godoy
Diretores Suplentes: Conceição Jose Macedo e
Antônio Marcos da Silva
Subseções da OAB/DF
» CeilândiaPresidente: Edmilson Francisco de Menezes
Vice-presidente: Gerson Wilder de Sousa Melo
Secretário-Geral: Antonio Bezerra Neto
Secretário-Geral Adjunto: Mauro Júnior Pires do Nasci-
mento
Tesoureiro: Jurandir Soares de Carvalho Junior
» GamaPresidente: Demas Correia Soares
Vice-presidente: Almiro Cardoso Farias Júnior
Secretário-Geral: Leônidas José da Silva
Secretário-Geral Adjunto: Rute Raquel Vieira Braga da
Silva
Tesoureiro: Cristiane Aires do Rego
» PlanaltinaPresidente: Marcelo Oliveira da Almeida
Vice-presidente: Mário Cézar Gonçalves de Lima
Secretário-Geral: Oneida Martins Rodrigues
Secretária-Geral Adjunta: Edjane Rafael de Almeida
Tesoureiro: Carlos Silon Rodrigues Gebrim
» SamambaiaPresidente: Lairson Rodrigues Bueno
Vice-presidente: José Antonio Gonçalves de Carvalho
Secretário-Geral: João Batista Ribeiro
Secretário-Geral Adjunto: Renato Martins Frota
Tesoureiro: Joaquim Almeida dos Santos
» SobradinhoPresidente: Vicente de Paulo Torres da Penha
Vice-presidente: Márcio de Souza Oliveira
Secretário-Geral: Guilherme Jorge da Silva
Secretário-Geral Adjunto: Eurípedes Vieira
Tesoureiro: Aline Guida de Souza
» TaguatingaPresidente: Maria Conceição Filha
Vice-presidente: Rodrigo de Castro Gomes
Secretário-Geral: Alan Lady de Oliviera Costa
Secretário-Geral Adjunto: Andressa de Paiva Pelissari
Tesoureiro: Antonio Geraldo Peixoto
5
sem ter a chance de provar ao país que,
mesmo sob os escombros da política lo-
cal, temos o poder do renascimento no
edifício da moralidade pública.
Vencida a batalha por nossa indepen-
dência, estaremos atentos. Cobraremos
o rigor da lei contra os protagonistas do
autêntico vale-tudo que gerou práticas
condenáveis oriundas de um segmento
expressivo da classe política local.
A autodeterminação política de Brasília
é um patrimônio do qual não podemos
abrir mão! O eventual desânimo permi-
tiria o esquecimento da coragem de bra-
silienses e pioneiros nas passeatas, pro-
testos, abaixo-assinados e tantas outras
manifestações que remontam a história
da autonomia administrativa do DF.
Foram 25 anos de lutas pela conquista
da capacidade política de uma civiliza-
ção que aceitou este pedaço de cerra-
do como a amálgama do seu destino.
Imaginada por alguns como uma cida-
de sem face por aceitar a representa-
ção de todas as cidades brasileiras, a
Capital Federal do Brasil decidiu, por
mote próprio, que seria muito mais
que o território do Distrito Federal.
A nossa Brasília, robusta e multicultu-
ral, rejeitou o insosso estigma de cida-
de administrativa e conquistou uma
fusão multicultural admirada por sua
convivência pacífica.
Esta é a cidade que construímos e que
devemos preservar!
CARTA AO ADVOGADO
Por Francisco Caputo
A ssumimos a condução da
mais importante entidade
da sociedade civil num mo-
mento especialmente dramático da
vida política da nossa Capital. Com
estupefação e extrema perplexidade,
acompanhamos a divulgação de fatos
sob todos os prismas repugnantes que
vieram à tona com a deflagração da
operação Caixa de Pandora, realizada
no fim de 2009 pela Polícia Federal.
A forma de se fazer política no Distri-
to Federal e o trato da coisa pública
pelos representantes do povo, desven-
dados pelas autoridades policiais, nos
enojou a todos. Cenas lamentáveis fo-
ram exibidas à exaustão por todos os
meios de comunicação, extrapolando
as fronteiras do suportável para nosso
ente federativo.
A população, diante do inesgotável
manancial de ilícitos cometidos pelos
nossos homens públicos, não teve, em
um primeiro momento, forças para
reagir à tamanha infâmia, sem prece-
dentes na história da República. Por
sua vez, aqueles que teriam obrigação
de nos representar e impingir aos de-
tratores a força da lei, também não
deram mostras de ter disposição para
enfrentar a crise com a energia e a co-
ragem que a sociedade esperava.
Diante deste quadro desolador, surge
a pretensão do Ministério Público Fe-
deral de intervir no Distrito Federal. A
iniciativa trouxe sérios argumentos de
ordem constitucional para justificar a
DEVER DE LUTA
adoção, pela mais alta Corte do país,
dessa medida de exceção.
Neste momento, contudo, a sanha
acusatória do MP teve o condão po-
sitivo de fazer ressurgir a inspiração
de lideranças sociais, empresários
e trabalhadores de nossa cidade, to-
das comprometidas com os destinos
da Capital que ajudaram a fundar e a
consolidar. A manifestação da Procu-
radoria Geral da República, paradoxal-
mente, foi capaz de provocar o surto
de civismo que atropelou o desânimo
imposto pela vergonha diante das
mencionadas imposturas. Na cabeça
de cada brasiliense passou a ecoar um
único propósito: É nosso dever lutar!!
Exigimos apuração profunda e rigorosa
para o caso, além de punição exemplar
para os envolvidos. Não nos apresen-
tamos como sentinelas da autonomia
política do DF por vaidade ou capricho
bairrista. Nós da OAB sabemos, desde
muito, como e porque é importante
para qualquer sociedade ter sua classe
dirigente escolhida pelo voto popular.
Por isso, a intervenção que pregamos é
a popular, de nítida índole democráti-
ca, expressa pelo voto. E a oportunida-
de de mostrarmos nossa indignação e
fazermos uma faxina em nossa repre-
sentação política está muito próxima.
Deve-se recusar a tese da incurável sep-
ticemia moral, semeada pelas circuns-
tâncias da crise política que atropelou
a nossa história. Não consta de nossa
agenda seguir a vida de cabeça baixa
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PALAVRA DE ORDEM
A reação dos deputados decorre da
pressão sobre eles exercida pela so-
ciedade. As medidas impulsiona-
das pelo Ministério Público Federal,
notadamente as que resultaram na
prisão do governador e as relacio-
nadas com o pedido de intervenção
federal, chamaram a atenção dos re-
presentantes do povo. Como as coi-
sas adquiriam arriscado desfecho,
tornou-se imperioso que se buscas-
sem instrumentos que pudessem de-
belar o caos institucional instalado.
Desta coluna afirmou-se certa vez
que, se houve momento em que a
intervenção poderia até se justificar,
é ela, nos dias atuais, inteiramen-
te desnecessária e inconveniente. A
maior demonstração da assertiva está
nas ações presentemente empreen-
didas pelo Poder Legislativo local.
Diz-se desnecessária a intervenção
porque as instituições readquiriram
regular e normal ritmo de funciona-
mento; diz-se inconveniente porque
a intervenção serviria, nessa altura
dos acontecimentos, a manobras po-
líticas totalmente indesejáveis, no
instante em que as eleições gerais
Por Maurício Corrêa
Das crises políticas podem
se extrair grandes resulta-
dos. É o que sucede com os
últimos acontecimentos de Brasília.
Veja-se o que se passa com a Câma-
ra Legislativa do Distrito Federal. Saiu
da letargia em que se encontrava e
agora procura ir atrás do tempo per-
dido. A prova está na aceleração dada
aos pedidos de impeachment do go-
vernador da cidade. Sabe-se, por seu
lado, que o devido processo legal
não pode ser desrespeitado. As re-
gras e os prazos estabelecidos em lei
não podem deixar de ser obedecidos.
O que resta esperar é que não haja ne-
nhuma manobra procrastinatória, para
que se efetive a votação no prazo pre-
visto. A menos que, no interregno da
tramitação do processo na CPI, opte o
governador pela renúncia do mandato
ou a cassação já ordenada pelo Tribu-
nal Regional Eleitoral (TRE) prevaleça.
Como o impeachment envolve julga-
mento político, se esses eventos se
confirmarem, a Câmara Legislativa
dará por encerrado o trabalho e os
pedidos de impeachment serão arqui-
vados. A competência para julgar os
A CAMINHO DA ORDEM
inquéritos em andamento no Superior
Tribunal de Justiça (STJ), cujas maté-
rias se entrelaçam com o conteúdo
dos pedidos de impeachment, passa
também, em consequência, para a ju-
risdição da Justiça do Distrito Federal.
Os deputados distritais, atentos às exi-
gências da sociedade, também apro-
varam emenda parlamentar para a al-
teração de normas da Lei Orgânica do
DF, que, hoje, determinam que, na hi-
pótese de haver vacância do cargo de
governador no último ano do respec-
tivo mandato, quem assume o lugar é
o presidente da Câmara Legislativa. A
emenda propõe que a escolha do go-
vernador, quando ocorrer vacância, se
fará por meio de eleições indiretas dos
deputados distritais.
Os nomes poderão sair entre os de-
putados ou entre cidadãos aptos para
o exercício do cargo, e que se acham
filiados a partido político. Aprova-
da em primeiro turno a proposta,
torna-se necessário que a matéria
seja submetida a um segundo tur-
no de votação, o que só se verificará
após o decurso do prazo de 10 dias,
a partir do primeiro turno de votação.
Hoje, a intervenção é inteiramente
desnecessária e inconveniente
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se aproximam de outubro vindouro.
Embora não conste vedação de que
deputados da CL não possam disputar
eleições indiretas para governador, até
porque seria disposição de induvidosa
inconstitucionalidade, firma-se, con-
sensualmente, entre os parlamentares,
o compromisso de que nenhum deles
disputaria as eleições. Intenções como
essa, de inegável conteúdo ético, se efe-
tivamente implementadas, contribuem
para mitigar o desgaste em que se vê
posta a imagem do poder, ora severa-
mente prejudicada pela passividade da
CL no curso das ocorrências políticas
que chocaram a população da capital.
A cassação do mandato do governa-
dor pelo TRE, por infidelidade par-
tidária, parece não ter sido a mais
acertada. Pode ser que o recurso a ser
interposto para o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) venha merecer acolhida.
A questão se mostra inegavelmente
polêmica, tanto que três juízes vota-
ram contra o pleito formulado pelo
Ministério Público Eleitoral e três ou-
tros votaram pelo seu deferimento.
Empatada a votação, coube ao presi-
dente do colegiado exercer o voto de
desempate, posicionando-se do lado
que deferia a postulação.
O governador, filiado ao DEM, foi
ameaçado de expulsão, em virtude
das acusações que lhe são atribuídas.
Antes que a expulsão se efetivasse,
tratou de pedir a desfiliação do parti-
do. Consumado o pedido, continuou
no cargo de governador, porém sem
se filiar a outra agremiação. Nessas
circunstâncias, poderia haver cassação
do mandato?
Sem pretender emitir juízo de valo-
ração jurídica, malgrado a situação
do governador se achar de fato in-
sustentável, não só quanto ao jul-
gamento do impeachment, se vier a
ocorrer na CL, mas também quanto
ao julgamento das acusações dos in-
quéritos no STJ, a hipótese é daque-
las de verdadeiro surrealismo jurídico:
forçado a sair de onde não queria
sair, sai; mas, ao sair, cassam-no.
É como dizem por aí, além da queda,
coice. Não é porque o governador es-
teja moralmente liquidado que se deva
passar o trem de carga sobre o restinho
de seus direitos. Mesmo sem partido
político, perdeu o mandato por infideli-
dade partidária. Tollitur quaestio.
Foto
: OA
B/D
F -
Valte
r Zi
ca
Maurício Corrêa é Advogado e ex-
ministro do Supremo Tribunal Federal.
(Artigo publicado no Correio Brazi-
liense em 21.03.10)
8
Seccional vai parcelar
débitos e reaproximar milhares de
advogados no DF
A Ordem dos Advogados do
Brasil no Distrito Federal
(OAB/DF) quer trazer de volta
para o exercício profissional milhares de
advogados e estagiários que afastaram-
se da instituição e deixaram de pagar a
anuidade. Com esse objetivo, a direto-
ria lançará em 5 de abril a campanha
Quero Ficar Legal. A partir dessa data,
aqueles que estiverem inadimplentes
poderão procurar o setor de cobrança
da Seccional e negociar os valores atra-
sados em até 30 parcelas, com descon-
tos na multa estatutária que poderão
chegar a 100%.
Levantamento feito pela Tesouraria da
Seccional revela que 4.116 profissio-
nais estão inadimplentes com a insti-
tuição. O valor em atraso alcança R$
18,7 milhões. De acordo com o artigo
22 do Regulamento Geral do Estatuto
da Advocacia e da OAB, o advogado
regularmente notificado deve quitar
seu débito no prazo de 15 dias, sob
pena de suspensão aplicada em pro-
cesso disciplinar no Tribunal de Ética,
podendo ficar impedido de exercer a
profissão.
O Regulamento também prevê o can-
celamento da inscrição na Seccional
ADVOGADOS FORA DA INFORMALIDADE
Foto
: OA
B/D
F -
Valte
r Zi
ca
Raul Sabóia coordena a campanha
9
Regras da campanha Quero Ficar Legal
Pagamento à vista
desconto na multa
estatutária 100%Até 7
parcelas
desconto na multa
estatutária 95%De 8 a 17 parcelas
desconto na multa
estatutária 55%Entre 18 e 30 parcelas
desconto na multa
estatutária 15%
quando ocorrer a terceira suspensão
relativa ao não pagamento de anuida-
des distintas. As regras da campanha
Quero Ficar Legal foram definidas
pela Resolução nº 2, de 4 de fevereiro
de 2010. O documento prevê a nego-
ciação dos débitos referentes às anui-
dades vencidas e não quitadas até 31
de dezembro de 2009. A expectativa
da nova diretoria da OAB/DF é dar ao
advogado do Distrito Federal a oportu-
nidade de quitar seus débitos de modo
programado.
Os advogados e estagiários inadimplen-
tes poderão quitar antecipadamente
a integralidade da dívida com perdão
total da multa estatutária de 20%,
prevista no artigo 134 do Regimento
Geral, arcando apenas com a correção
monetária. A campanha Quero Ficar
Legal também contemplará aqueles
que já têm acordos em andamento.
Decisão da diretoria da Seccional, per-
mite àqueles que já renegociaram suas
dívidas com a OAB/DF, e hoje estão
com o pagamento das parcelas em dia
também poderão liquidar o restante do
débito à vista com desconto de 100%
na multa estatutária. Os advogados ou
estagiários que negociaram anterior-
mente e estão em débito com a OAB/
DF também poderão aderir à campa-
nha, beneficiando-se das mesmas con-
dições.
A campanha Quero Ficar Legal tam-
bém prevê benefícios para quem ne-
gociar os débitos de forma parcelada.
Quem dividir em até sete parcelas rece-
berá desconto de 95% na multa esta-
tutária hoje praticada. Entre oito e 17
parcelas, haverá desconto de 55%. Já
os que optarem por pagar entre 18 e
30 vezes, ganharão desconto de 15%.
As prestações serão mensais e sucessi-
vas, com correção monetária já incor-
porada por ocasião do cálculo do débi-
to existente, com acréscimos de juros.
O demonstrativo será encaminhado
pela tesouraria e a parcela não poderá
ser inferior a R$ 100.
O não pagamento de três parcelas se-
guidas ou alternadas implicará no ven-
cimento total da dívida, com acréscimo
de juros, multa e correção monetária,
bem como na sujeição do advogado
ou estagiário aos ditames das regras
em vigor. O descumprimento do acor-
do também implica em imediata reto-
mada da cobrança e impedimento de
renovação do parcelamento.
A campanha prevê, ainda, que os ad-
vogados e estagiários que estiverem
cumprindo pena de suspensão ou res-
pondendo a processo administrativo-
disciplinar por inadimplência, poderão
participar, mediante requerimento es-
pecífico, aderindo a uma das formas de
parcelamento/quitação, o que implica-
rá no sobrestamento da sanção impos-
ta ou do processo em curso.
10
A rotina de um estudante do
último ano do curso de Direi-
to pode ser comparada à de
um candidato que disputa uma vaga
de alto nível no funcionalismo público
federal. Além das obrigações acadêmi-
cas, como a entrega da monografia,
o aspirante a advogado lida com do-
ses diárias de estresse e tensão com a
preparação para o Exame de Ordem,
prova à qual deve se submeter para
conseguir o direito de exercer a pro-
fissão. Para facilitar a vida de milhares
de universitários que todos os anos de-
dicam horas de estudo para conseguir
a tão sonhada aprovação, a Comissão
de Estágio e Exame de Ordem da OAB/
DF está tomando medidas para des-
burocratizar o processo de inscrição
e deixar o candidato preocupado so-
mente com a prova.
Uma das medidas já colocadas em prá-
tica foi o fim da obrigatoriedade da en-
trega de documentos pessoais no ato
da inscrição para o exame. Até o fim
do ano passado, os candidatos faziam
a inscrição e precisavam se dirigir até a
Seccional para entregar uma série de
documentos pessoais, como cópia de
RG e comprovante de matrícula. A par-
Comissão toma medidas
para facilitar a experiência
de prestar o Exame de
Ordem
SEM BUROCRACIAtir de agora, o processo será concluído
apenas com o preenchimento da ficha
pela internet e o pagamento da taxa
de inscrição, sem maiores burocracias.
“A entrega desses documentos não ti-
nha qualquer finalidade. O candidato
perdia um tempo precioso para se des-
locar até a Seccional e entregar algo
que só será usado no caso de aprova-
ção, já que a documentação só é ne-
cessária na hora de emitir a carteira e o
registro profissional. Decidimos abolir
isso para deixar o candidato preocu-
pado apenas com a prova”, ressalta
Marcelo Jaime Ferreira, presidente da
Comissão de Estágio e Exame de Or-
dem da OAB/DF.
A Comissão também abriu as portas
da Seccional para que os candidatos
tirem dúvidas gerais sobre o Exame da
Ordem. Esse trabalho, informa Ferrei-
ra, é realizado dentro e fora da Ordem
dos Advogados. “Elaboramos um cro-
nograma para visitar todas as faculda-
des de Direito do Distrito Federal no
intuito de tirar dúvidas e dizer aos uni-
versitários que o exame não existe para
prejudicá-los. Ao contrário, a prova é
um instrumento que valoriza a profis-
são e é de suma importância para a
sociedade”.
Nos dias de prova, a exemplo do que
fazem os cursinhos para vestibulares,
a OAB/DF decidiu montar bancas de
apoio para distribuir material para a
realização da prova e alimentos, como
água e lanches. Essa iniciativa já foi co-
locada em prática na segunda fase do
Exame 3 de 2009, realizada em 28 de
fevereiro deste ano, no colégio Sigma,
da Asa Sul.
Menos formalismo – Imagine fazer
esse exame, que é qualificado como
um dos mais difíceis do país, trajan-
do camisa, calça jeans e sapato, em
uma tarde quente e ensolarada típica
do verão brasiliense. Até pouco tem-
po atrás, os candidatos do Exame de
Ordem no Distrito Federal eram obri-
gados a usar trajes formais para fazer
a prova. Eles não podiam, por exem-
plo, usar camiseta, bermuda e tênis,
no caso dos homens, e vestidos, no
das mulheres. Essa regra também foi
abolida pela atual direção da Seccio-
nal. “Por questões de saúde pública,
acabamos com essa imposição. Não
queremos criar um embaraço para o
EXAME DE ORDEM
11
candidato e deixá-lo com dúvida se
está vestindo o traje correto ou não.
O que ele precisa é de tranqüilidade
e conforto para comparecer ao local
com foco na prova”, justifica o presi-
dente da Comissão.
A prova da segunda fase do Exame de
Ordem 3 de 2009, cancelada por deci-
são do Colégio de Presidentes das Sec-
cionais da OAB após a constatação de
uma irregularidade com a prova prático-
profissional de Direito Penal, aplicada
em Osasco (SP), no dia 28 de fevereiro,
será aplicada novamente no dia 18 de
abril. Não haverá qualquer custo adicio-
nal para os candidatos que fizeram as
provas da fase anulada – cerca de 18,5
mil bacharelandos – na inscrição para o
novo certame. No Distrito Federal, são
964 candidatos. Desde o final de 2009,
a prova é realizada simultaneamente em
todos os estados brasileiros.
Segundo o presidente nacional da
OAB, Ophir Cavalcante, a unificação
está mantida e o cancelamento visa
manter a credibilidade do exame.
“Decidimos de uma forma unida e
efetiva, em todo o Brasil, fazer com
que a segunda fase do Exame fosse
anulada, preservando assim a credibi-
lidade da Ordem, do Exame e, sobre-
tudo, a qualidade dos colegas que vão
ingressar na profissão – não podem
nela entrar sob a dúvida de um Exame
que pode ser contestado futuramente
pelo Ministério Público e anulado pelo
Poder Judiciário”, ressalta o presidente
nacional da instituição.
Ele informa ainda que as investigações
em torno da fraude praticada continu-
am sendo conduzidas, na parte crimi-
nal, pela Polícia Federal. Ophir Caval-
cante solicitou ao Centro de Seleção e
Promoção de Eventos da Universidade
de Brasília (Cespe/UNB) – órgão que,
em parceria com a OAB, realiza o Exame
de Ordem - a instauração de sindicância
para apuração interna da irregularidade
relatada pela Comissão de Exame de
Ordem da OAB de São Paulo.
O Cespe, segundo Ophir Cavalcante,
se "compromete ainda a acentuar e
privilegiar um sistema de segurança
maior do Exame, para que as possi-
bilidades de fraude não se repitam e
para que possamos aprender com es-
sas situações desagradáveis, mas que
acabarão servindo de novo instrumen-
to para afirmar a qualidade do Exame
de Ordem". No que se refere à Sec-
cional da OAB de São Paulo, ele disse
que sindicância aberta "teve conclusão
descartando qualquer tipo de envolvi-
mento da entidade".
Foto
: Mar
cela
Bar
reto
Ferreira: menos burocracia para inscrição no Exame da Ordem.
12
No mês da mulher, Conselho
Nacional da OAB aprova
programa que amplia direitos das mulheres
gestantes e lactantes
14
O Conselho Nacional da Or-
dem dos Advogados do Bra-
sil aprovou, por unanimida-
de, em sua primeira sessão sob nova
direção, um programa que garante às
mulheres advogadas gestantes e lac-
tantes um conjunto de direitos que
tornará mais fácil o exercício de suas
funções. Trata-se de uma, dentre as vá-
rias propostas da Comissão da Mulher
Advogada da OAB/DF, extraídas do 1º
Encontro das Mulheres Advogadas,
que contou com a presença de mais de
200 advogadas.
O programa aprovado estabelece o di-
reito da mulher advogada a um lugar
reservado para amamentação, a não
NA DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER
ser obrigada a passar pela inspeção
por raios-X e a vagas reservadas para
estacionamento nos tribunais e fóruns,
além da preferência para julgamento.
Antes de ser submetido ao exame do
Conselho Federal da Ordem, a propos-
ta da Comissão da Mulher Advogada
foi acolhida pelo Conselho da OAB/DF.
A Seccional do DF é pioneira na insta-
lação de uma comissão temática volta-
da ao público feminino.
A sessão do Conselho Federal aconte-
ceu em 8 de março e foi um dois pontos
altos das comemorações ao Dia Interna-
cional da Mulher. “A primeira vez que
precisei da OAB foi quando fiquei grávi-
da. Cansei de amamentar meu filho em
banheiro de tribunal, porque não havia
um local onde eu pudesse amamentá-
lo”, lembra a advogada Daniela Teixeira,
conselheira federal indicada pela OAB/
DF. “Eu pedia ao tribunal que me dei-
xasse amamentar meu filho dentro da
creche, mas não deixavam. Eu sempre
tive esse sonho, que se realizou com a
aprovação dessa proposta”.
As comemorações pelo Dia Internacio-
nal da Mulher tiveram uma marca es-
pecial na Seccional da OAB do Distrito
Federal. As iniciativas incluíram ações
tradicionais, como a entrega de flores
e a oferta de massagens relaxantes,
mas o destaque foi o fórum de deba-
tes sobre assuntos referentes aos di-
À esquerda, as homenageadas Nicola Barbosa, Cleide Ferrari e Danielle Bastos; à direita, público reunido no auditório comemora o Dia da Mulher
13
retos das mulheres. Especialmente, da
mulher advogada.
A pauta das festividades foi organizada
pela presidente da Comissão da Mulher
Advogada, Maria Claudia Azevedo de
Araujo, que aproveitou a ocasião para
levantar um importante debate e esti-
mular a conscientização do público fe-
minino no DF: sob sua liderança, foram
produzidos e distribuídos folders escla-
recendo o que estabelece a Lei Maria da
Penha, que combate a violência contra
a mulher. Os informativos continham os
endereços de onde as vítimas de violên-
cia devem procurar ajuda.
Auto-estima – Houve a distribuição
de 5 mil exemplares do documento na
Rodoviária do Plano Piloto e o envio
dos folders para todas as seccionais.
De acordo com Maria Claudia, a ação
só foi um sucesso porque contou com
a união, o carinho, a dedicação e a
colaboração de varias conselheiras,
advogadas e voluntárias da Seccional:
“Especialmente da presidente da Co-
missão de Assuntos Sociais, Dra. Fran-
cisca Aires, e das Dras. Geusa Santana,
Jackeline Cancelli, Josefina Fontana,
Michele Aires, conselheiros, além de
todos os funcionários e funcionárias
da OAB/DF que ajudaram nas come-
morações”.
No exercício da profissão há 26 anos,
Maria Cláudia trabalha para estimular
o cultivo dos valores femininos frente
às cobranças de trabalho e da socie-
dade, em um mercado cada vez mais
competitivo. “A mulher não é igual ao
homem. Não temos que medir forças.
Temos que mostrar o que somos com
igualdade de condições”, afirma. Se-
gundo Maria Claudia, uma das diretri-
zes do trabalho a ser conduzido pela
Comissão da Mulher Advogada é ofe-
recer suporte para o exercício profissio-
nal sem ignorar as questões do gêne-
ro, como feminilidade e auto-estima.
Pensando nisso, e com o apoio de sua
equipe, ela criou o projeto Bem Me
Quero, voltado para o resgate — na
forma de parcerias, palestras, debates
e projetos — da auto-estima da mu-
lher. “Quando a auto-estima vai bem,
tudo flui”, diz Maria Claudia. “A
Comissão da Mulher foi criada para
atender aos anseios das advogadas,
mas deve atuar para atender também
o interesse de toda a sociedade. A Co-
missão quer levantar a auto-estima da
mulher e, consequentemente de toda
a sua família. O programa Bem Me
Quero é isso”.
Partindo da constatação de que a
maior parte dos cargos dos tribunais
ainda é ocupada por homens, a pre-
sidente da Comissão, Maria Claudia,
e a advogada Daniela Teixeira adian-
tam que esse movimento deve buscar
como objetivo principal a conquista
pela mulher de melhores posições no
mercado trabalho, em condições de
igualdade com os homens e tendo por
base sua competência e qualificação.
Representação feminina – “Nós te-
mos sempre que trabalhar em dobro
para mostrar a nossa capacidade. Essa
é a nossa condição de mulher”, afirma
Daniela. “Nós vamos apoiar as mulhe-
res qualificadas nas listas dos tribunais.
Se alguma advogada que tenha os re-
quisitos entrar na lista, iremos apóia-la
para que a mulher possa ascender aos
cargos de maior relevância no país”,
completa.
Nesta análise, a advogada Maria Cláu-
dia vai além: “A mulher não é mais um
acessório, ela é a principal. Se as mu-
lheres se unirem mais e se ajudarem,
tudo muda”, comenta. “As mulheres
continuam sendo queimadas nas fo-
gueiras da ignorância, amordaçadas
nas malhas da censura e presas nas
correntes da indiferença, mas não po-
demos nos esquecer que são as mulhe-
res que geram vidas, sonhos, verdades,
amores e muitas lutas”.
Foto
s: O
AB/
DF
- Va
lter
Zica
A diretoria da OAB/DF recebeu com carinho Herilda Balduíno, uma das homenageadas, e suas colegas advogadas neste dia especial
14
ESA precisa recuperar
acervo e instalações para liderar capacitação profissional
no DF
A Escola Superior de Advo-
cacia (ESA) passa por uma
profunda reestruturação, es-
forço que concilia a ampliação de sua
grade de cursos, modernização admi-
nistrativa e recuperação de suas insta-
lações. A expectativa da nova direção
da OAB/DF é restabelecer o papel da
instituição na capacitação profissional
de advogados e estudantes, oferecen-
do um ensino ágil e dentro dos mais al-
tos padrões de excelência acadêmica.
“Nessa gestão eu vejo um enorme in-
teresse e a compreensão da importân-
cia da ESA para OAB/DF”, frisa Marcus
Palomo, diretor da ESA. “O estudo na
faculdade ficou generalizado, o estu-
dante sai de lá sem algumas bases fun-
damentais para o exercício diário de
sua profissão”, comenta. “Nossa meta
é transformar a ESA em um elo entre
o advogado e o mercado de trabalho”,
avisa Palomo.
Segundo ele, a diretriz de formulação
da grade de cursos passa a ser o aper-
feiçoamento constante e sistemático
do estudante e do advogado. Para isso,
a ESA fará parceria com outras institui-
ções para reforçar a oferta de cursos
presenciais já nesse primeiro semestre,
REESTRUTURAÇÃO PARA ENSINO DE PONTA
e também passará a oferecer cursos
à distância. Os cursos de prática, por
exemplo, serão realizados em parceria
com a Comissão do Jovem Advogado
da Seccional, para atender às necessi-
dades de formação do advogado ini-
ciante. Os cursos de especialização lato
sensu serão voltados às áreas de gran-
de interesse dos advogados, como por
exemplo, Direito Material e Processual
de Trabalho e o curso de Direito Sindi-
cal Brasileiro. “Quando observamos os
cursos de Direito, com raras exceções,
percebemos que ainda não se dissocia-
ram dos métodos de Coimbra ou estão
mascarados como cursos preparatórios
para concursos. Deixam de atender
a real necessidade da sociedade mo-
derna, que é preparar o bacharelando
para os desafios da advocacia no mun-
do em constante mudança”, afrima
Marcus Palomo.
Uma das parcerias consolidadas pela
ESA é com o Iesb, uma das mais respei-
tadas instituições de ensino superior
do Distrito Federal, para cursos de pós-
graduação na área de Direito do Tra-
balho. A partir do segundo trimestre,
estarão à disposição dois novos cursos:
Escritórios, que capacita o advogado
a lidar com assuntos relacionados à
gestão administrativa; e o de Adminis-
tração Legal, que ensina o advogado
como acompanhar o dia-a-dia dos pro-
cessos. Outra novidade é a abertura de
um calendário de palestras, a serem
proferidas por expoentes do Direito no
Distrito Federal e outros estados da fe-
deração. A primeira delas está prevista
para 5 de abril, com Sílvio de Salvo
Venosa, juiz aposentado do Primeiro
Tribunal de Alçada Civil de São Paulo
e membro da ACademia Paulista de
Magistrados, autor de grandes obras
como o Código Civil Interpretado. “Na
era da informação, o advogado preci-
sa de estudo diário, aperfeiçoamento
e atualização em relação ao entendi-
mento dos tribunais”, afirma Palomo.
Mais que pensar na formação do jo-
vem advogado, a nova diretoria da ESA
trabalha para estender pontes entre
esses jovens profissionais e o mercado
de trabalho. Ciente das dificuldades na
conquista do primeiro posto de traba-
lho, o Conselho da OAB/DF autorizou
que a escola crie o Cadastro Qualifica-
do, compilação de todos os dados dos
seus alunos que será divulgada para
escritórios de advocacia com vistas ao
15
preenchimento de vagas. O Cadastro
será formulado a partir da matrícula
do aluno da ESA. Sua documentação
será guardada no banco de dados da
Ordem. Com a entrega do certificado,
o banco é atualizado com as especifi-
cações que o aluno aprendeu durante
as aulas. “A ESA irá divulgar nos es-
critórios de advocacia a criação do Ca-
dastro Qualificado, para que assim os
advogados possam se sentir seguros
para procurar por uma mão de obra
qualificada”, afirma Palomo. O projeto
está em fase de estudo e a expectativa
é iniciá-lo em 60 dias.
Modernização – Uma das metas da di-
reção da OAB/DF é dar condições para
que a ESA cumpra seu papel institucio-
nal. O presidente Francisco Caputo não
tem economizado esforços para isso:
“A situação em que encontramos a ESA
era desoladora, ainda mais se conside-
rarmos que a administração anterior da
Ordem era de uma professora. O am-
biente era inadequado e degradado, o
método ultrapassado e os móveis es-
tragados, sem qualquer conforto para
o aluno”. A expectativa é estabelecer
um modelo de gestão mais eficiente e
garantir ao aluno todas as condições
necessárias ao bom aprendizado, seja
no aspecto das instalações físicas, seja
nas ferramentas de ensino. Uma pri-
meira iniciativa é a criação de coordena-
ções regionais nas cidades satélites do
Gama, Taguatinga e Sobradinho, onde
os advogados e estudantes moradores
dessas regiões poderão assistir às aulas.
Apoiado pelo Conselho da Seccio-
nal, Marcus Palomo também prepara
a aquisição de móveis novos e equi-
pamentos essenciais para o ensino,
como o datashow, quadros brancos e
aparelhos de ar condicionado. A recu-
peração das instalações da escola vai
garantir mais fácil acesso aos portado-
res de necessidades especiais. Serão
instaladas rampas e os banheiros serão
adaptados para oferecer conforto e
segurança para usuários portadores de
deficiências.
Foi autorizada a implantação de um
auditório com capacidade para 80 pes-
soas; 4 salas de aula para 40 alunos; e
uma biblioteca onde serão disponibili-
zadas para consulta obras do acervo da
Seccional, hoje dispersas nos depósitos
da instituição, entre outros títulos. “O
acervo da própria OAB/DF conta com
obras importantes para a formação de
qualquer profissional do Direito, muitas
delas até com a dedicatória dos auto-
res, verdadeiras relíquias”, afirma o di-
retor. A ESA passará a contar também
com uma sala para os professores, para
sua diretoria e secretaria.
Foto
: OA
B/D
F -
Valte
r Zi
ca
Palomo: reconstruindo o espaço degradado para dar aos alunos o conforto e a tecnologia adequados
16
Há 22 anos na Seccional,
secretária ainda sonha com a universidade
Animais de estimação, nem
pensar. Os pets de Isabel Cris-
tina Pereira Rocha (foto) são
verdes e cheios de cor. Secretária de Co-
missão de Seleção, ela driblou a alergia
que sempre a impediu de aproximar-se
de cachorros e outros bichos cultivan-
do amor e conhecimento por plantas.
Onde quer que ela esteja, sempre have-
rá um vaso florido ou uma planta bem
cuidada. “Bichos de estimação nunca
tive, pois tenho alergia. Então reservo
esse amor às plantas”, diz.
Ela já foi vendedora de livros, recepcio-
nista em uma imobiliária e se aproximou
da advocacia já no primeiro emprego
com carteira assinada, em um escritório
na Capital Federal. Lá adquiriu experi-
ência com a tramitação de processos,
criando a base de que conhecimento
que precisaria mais tarde, sem saber,
para construir sua trajetória na Sec-
cional. Em 16 de julho de 1988, Isabel
foi admitida na OAB/DF e iniciou uma
carreira de muito trabalho e dedicação
que hoje soma 22 anos ininterruptos.
Na Seccional, sua primeira função foi a
de telefonista, cargo que ocupou por
dois anos. “Aceitei a indicação de uma
amiga para tentar a vaga de telefonista,
passei e até hoje estou aqui”, lembra.
VIAGENS E FLORESSeu desempenho e entusiasmo con-
quistou dirigentes da instituição que
a designaram para outra posição: ser
a secretária de Comissão de Seleção,
função que exerce até hoje. Na Co-
missão, Isabel faz ofícios, atendimento
telefônico para prestar informações e
participa ativamente da parte adminis-
trativa do setor em que trabalha.
Isabel nasceu no Piauí, na cidade de
Parnaíba, e mudou-se para Brasília em
junho de 1978. Naquela época, aos
16 anos, ela foi acolhida por um dos
irmãos após a morte prematura da
mãe. O irmão, Francisco Alves Carnei-
ro, casado e pai de três filhos, residia
na capital federal desde de 1951. Isa-
bel sempre estudou em escolas públi-
cas e começou sua carreira profissio-
nal após concluir o segundo grau. Essa
mulher amável, alegre e de voz doce,
conquistou seu espaço no mercado de
trabalho com muita perseverança. Ela
ainda não teve oportunidade de pres-
tar vestibular mas, aos 48 anos, sonha
formar-se em Ciências Contábeis.
Relíquias e flores – Nesses 22 anos,
Isabel pôde testemunhar boa parte
da história da OAB/DF e o crescimen-
to profissional de muitos dos nomes
hoje reconhecidos e prestigiados na
advocacia brasiliense. Um desses “me-
ninos” é agora o presidente da Sec-
ELES FAZEM A OAB
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: OA
B/D
F -
Valte
r Zi
ca
17
ella é uma de suas maiores alegrias e
costuma brincar com a dedicação da
mãe ao trabalho. “Minha filha diz que
eu moro na OAB. Ela só me vê pela
manhã e à noite”, comenta. Ladeada
por pilhas de documentos, suas plan-
tas e relíquias, a secretária reafirma o
prazer no trabalho e a determinação
de fazer sempre o melhor. “Acredito
que você tem que gostar do seu traba-
lho para que ele seja bem feito”.
Mas sua vida não é só trabalho. Ha-
vendo oportunidade, Isabel faz as ma-
las, reúne a família e percorre o Brasil.
Uma de suas paixões é viajar e ela não
abre mão de conhecer todos os recan-
tos do nosso país. “Eu adoro viajar.
Aliás, quem é que não gosta de via-
jar?”, provoca. Seu último passeio foi
à cidade de Caldas Novas, em Goiás.
Mas ela adora e diz conhecer Fortaleza
como a palma das mãos.
só no dia anterior. Hoje, o exame me
parece mais tranquilo”, afirma.
Em sua carreira na Ordem, Isabel
guarda lembranças, amigos e relí-
quias. Uma delas, mantida em um
cantinho especial e ainda observada
com carinho, é uma máquina de es-
crever IBM, que ela usou por muito
tempo no exercício de suas funções.
“Essa máquina já nos socorreu em al-
guns momentos. Fica no canto, como
recordação, não deixamos ninguém
tirar ela daqui”, diz Isabel. Na OAB/
DF, ela fez grandes amizades e afir-
ma com grande devoção que veste a
camisa da Ordem: “Eu passo a maior
parte do meu dia aqui. Eu amo o meu
trabalho!”
Isabel leva uma vida feliz em Brasília.
Ela mora em Sobradinho, é casada e
mãe de uma garota de 17 anos. Rafa-
cional, Francisco Caputo. “Quando
eu o conheci, ele era estagiário e uma
colega minha que já se aposentou fa-
lava que ele tinha cara de presidente”,
lembra. “O tempo passou e não deu
outra”, diz Isabel.
Uma coisa que não mudou, mesmo
com o passar dos anos, foi a preocu-
pação com o Exame de Ordem. Ela se
recorda dos tempos em que a prova
era aplicada na sede do Tribunal de
Justiça. Naquele tempo, uma de suas
atribuições era acompanhar a entrada
dos estudantes.
Em geral, Isabel usava de sua doçura
para acalmar os alunos que seriam
submetidos a provas orais. “Lembro de
uma menina que tremia e rezava sem
parar”, comenta. “O exame era mais
desgastante, o estudante tinha de fa-
zer a defesa de um caso que recebia
18
RETRATO DO ABANDONO
Empresa de engenharia
fará laudo sobre situação
dos prédios da Seccional
e da Caixa de Assistência
A diretoria da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil do Distrito
Federal contratou uma em-
presa de engenharia para traçar um
diagnóstico sobre a situação dos pré-
dios da sede da entidade e da Caixa de
Assistência dos Advogados (CAADF).
O trabalho deve durar um mês, será
conduzido por dois engenheiros e um
arquiteto e abrangerá as principais de-
ficiências detectadas até agora, como
infiltrações no telhado, nas paredes
laterais e nas fachadas.
O prédio da sede na W3 Norte foi
inaugurado em 1983. Apesar de já ter
passado por algumas reformas, a cons-
trução está em situação precária, pre-
cisando com urgência de revisões nas
tubulações de água e esgoto e na rede
elétrica, principalmente. Não é raro
funcionários e dirigentes entrarem nos
banheiros logo pela manhã e depara-
rem-se com o mau cheio característico
de prédios antigos e mal conservados.
Outro problema visível é a falta de in-
terruptores de luz em diversas salas,
obrigando os funcionários a acionar
disjuntores para acender ou apagar a
luz e ligar o ar-condicionado. Há ainda
mofo em paredes, janelas enferrujadas
e vidros trincados.
De acordo com o diretor geral da se-
cretaria, Rubens Murga, a reforma é
necessária e urgente. Ela visa corrigir
desconformidades que podem colocar
em risco a segurança das pessoas que
trabalham ou transitam nos dois pré-
dios. Ele cita como exemplo as escada-
rias, que não atendem às normas de se-
gurança do Corpo de Bombeiros, o que
pode provocar a interdição do prédio.
Além dos laudos, a empresa de enge-
nharia apresentará projeto com especifi-
cações, planilha de custo e cronograma
para que seja possível fazer uma licita-
ção para executar as obras necessárias.
A expectativa da diretoria da Seccional
é a de que os serviços de recuperação
tenham início já em abril.
INSTALAÇÕES DA OAB
Acervo abandonado será recuperado para a nova biblioteca
Foto
s: O
AB/
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31
2
4
5Vigas enferrujadas
Teto com infiltração
Tomadas em coluna em mau estado
de conservação
Ferrugem encontrada nas esquadrias
das janelas e portas
Tubulação do ar condicionado
em péssimo estado5
4
321
20
Francisco Caputo leva
OAB/DF para movimento
contra medida de exceção
no DF
O movimento “Intervenção,
não!”, liderado pela OAB/DF
e entidades representativas
de trabalhadores e empresários de Bra-
sília, não poupará esforços para manter
a autonomia administrativa do Distrito
Federal, colocada em xeque diante das
denúncias de corrupção que abalaram
os pilares da política local após a defla-
gração da Operação Caixa de Pandora
da Polícia Federal.
Sob a liderança do presidente da OAB/
DF, Francisco Caputo, no início de
março o movimento aprovou mani-
festo que consolida a posição de seus
representantes. Importante peça do
processo que mobiliza a sociedade ci-
vil organizada em favor da autonomia
do Distrito Federal, o documento fun-
damenta a posição das entidades que
assinam o documento firmado na sede
da OAB/DF.
O manifesto contrário à intervenção é
apoiado por 54 entidades da socieda-
de brasiliense. Ele reforça a posução da
OAB, atual diretoria e ex-presidentes
e a bancada brasiliense do Conselho
INTERVENÇÃO, NÃO!
Federal, que assinam outro manifesto
publicado no Correio Braziliense.
“O maior problema da intervenção é
de natureza moral. Ela seria um ates-
tado que aponta para a incapacidade
da sociedade do Distrito Federal de ga-
rantir sua autodeterminação. A OAB/
DF lutará por uma solução democrática
para a crise”, afirma Francisco Caputo.
Segundo ele, o movimento defende
um pacto de governabilidade a partir
de um secretariado formado por notá-
veis, sem interferência partidária, com
reconhecida qualificação técnica para
cada pasta do GDF.
Solução democrática – O presidente
da OAB/DF não identifica condições
objetivas que justifiquem uma inter-
venção, conforme previsto no tex-
to constitucional. “São fatos graves
que merecem uma apuração rigorosa
e mais ampla. O fato da existência des-
CAPA
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Reunião na qual entidades redigiram manifesto contra a intervenção federal
21
mento “Intervenção, não!”, que conta
com o apoio da maioria dos brasilienses.
O secretário-geral adjunto da OAB/
DF, Max Telesca, também é contrário
à tese da intervenção. O dirigente tem
deixado claro os termos da posição
contrária à intervenção, relacionando-
a à defesa do Estado de Direito e da
democracia. “A nossa postura é de ma-
nutenção do Estado Democrático de
Direito. O que nós estamos propondo
para a sociedade civil é que se organize
em torno da idéia não intervencionis-
ta, nesse momento", ressalta.
O movimento “Intervenção, Não!”,
capitaneado pela OAB/DF, tem con-
quistado apoio em diversos segmentos
da sociedade civil organizada do DF.
Após o seu lançamento, o presidente
do Instituto Geração Brasília, Marco
Lima, visitou a Seccional acompanhado
de diversos membros do instituto, para
também manifestar sua posição con-
trária à intervenção no Distrito Federal
e reforçar a causa da Seccional.
se escândalo político não é suficiente
para justificar uma medida tão drásti-
ca quanto a que o Ministério Público
pretende”, justifica, ao defender a au-
tonomia político-administrativa do DF.
O manifesto exige a apuração rigorosa
de todos os fatos e a punição exemplar
dos culpados, conforme determinam a
Constituição Federal e a legislação do
país. Ao mesmo tempo, reconhece que
os principais serviços do GDF estão sen-
do prestados normalmente, sem qual-
quer alteração que justifique a drástica
medida de intervenção federal. As en-
tidades também manifestam sua fé na
autodeterminação e na capacidade do
Distrito Federal em superar a pior crise
política de sua história, dentro dos es-
tritos termos da Constituição Federal e
da Lei Orgânica do DF.
Os líderes do manifesto pretendem en-
tregá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e aos presidentes do Senado
Federal e Câmara Legislativa. O docu-
mento faz menção a uma emblemática
frase do ex-presidente da Câmara dos
Deputados e da Assembléia Nacional
Constituinte, Deputado Ulisses Guima-
rães: “Brasília não pode ser o túmulo da
democracia”.
Em debate realizado na Câmara Le-
gislativa, dia 9 de março, Francisco
Caputo ratificou sua posição contrá-
ria à intervenção no Distrito Federal.
O encontro, que comprovou a divisão
das opiniões sobre o tema, foi promo-
vido pelo Sindicato dos Servidores do
Poder Legislativo do DF (Sindical), pela
Câmara Legislativa e pelo Tribunal de
Contas, que convocaram especialistas,
autoridades e a sociedade brasiliense.
Caputo, que entre os debatedores foi
o mais questionado pelos participan-
tes favoráveis à intervenção, expôs
claramente a posição da OAB/DF. “Eu
tenho uma responsabilidade muito
grande com essa crise. Eu dirijo uma
das mais importantes instituições civis.
A mais antiga, inclusive. Tenho a obri-
gação institucional de manter o orde-
namento jurídico. Essa é uma solução
drástica. A solução que queremos é
democrática”.
Endosso da sociedade – O presiden-
te da OAB/DF anunciou que a Ordem
dos Advogados do Brasil defenderá a
permanência do governador interino
Wilson Lima no cargo, enquanto não
houver a vacância definitiva do cargo
de governador. “Exigiremos, também
em respeito à Constituição Federal, a
realização de eleições indiretas para
que esta Casa escolha, dentro dos limi-
tes da lei, um novo governante para a
nossa cidade”.
Em meio às diversas manifestações de
apoio à OAB, sobretudo entre a socie-
dade civil organizada, Caputo defende
que evitem o mal maior “que é a in-
tervenção”. Ele reforçou seu apelo ao
ressaltar que “a OAB não está aqui de-
fendendo nem mandato, nem pessoas
e sim o ordenamento jurídico”. O movi-
“Conheço cidadãos cassados,
conheço grupos cassados, mas
cidade cassada só conheço
Brasília” – Presidente Tancredo Neves
A s entidades signatárias deste MANIFES-
TO, reunidas em assembléia permanen-
te e vigilante na sede da ORDEM DOS ADVO-
GADOS DO BRASIL – Seccional Distrito Federal
- reconhecem a gravidade da crise institucional
por que passa o Distrito Federal e repudiam
com veemência as graves ilegalidades cometi-
das por diferentes agentes da sociedade.
Mobilizadas pelo restabelecimento da norma-
lidade institucional, exigem a apuração rigoro-
sa de todos os fatos e a punição exemplar dos
culpados, conforme determinam a Constitui-
ção Federal e a legislação do País. Reconhe-
cem que os principais serviços do GDF estão
sendo prestados normalmente, sem qualquer
alteração que justifique a drástica medida de
intervenção federal. As entidades também
manifestam sua fé na autodeterminação des-
ta unidade da Federação e na capacidade do
Distrito Federal em superar a pior crise política
de sua história, dentro dos estritos termos da
Constituição Federal e da Lei Orgânica do DF.
A Constituição da República que estabelece
as hipóteses para intervenção federal é a
mesma que determina a estrita observância
da linha sucessória para ocupação do cargo
de Governador. Repudiam, portanto, o pe-
dido de intervenção federal, que no atual
momento da história do Distrito Federal seria
inconstitucional por representar um ato de
violência contra o pacto federativo e contra
todos os cidadãos que moram e trabalham
em Brasília - a capital de todos os brasileiros.
Seria um retrocesso à democracia tão dura-
mente conquistada.
“BRASÍLIA NÃO PODE SER O TÚMULO DA
DEMOCRACIA” – Ulysses Guimarães
Brasília, 1º de março de 2010.
INTERVENÇÃO, NÃO!!!
22
Nem a chuva forte que caiu
em Brasília na tarde de 25 de
março foi capaz de aplacar o
ânimo de advogados e representantes
de 54 entidades da sociedade civil que,
reunidos em frente ao Supremo Tribu-
nal Federal, marcaram posição contra
o pedido de intervenção federal no DF.
O abraço simbólico, em frente à mais
alta Corte de Justiça do país, mostrou
que a sociedade brasiliense é capaz de
se organizar para garantir suas con-
quistas. A manifestação reafirmou a
disposição pela normalidade pública
sem a necessidade da intervenção.
“O objetivo do abraço é mostrar para
o Supremo que a sociedade de Brasília
está organizada e unida em torno da
autodeterminação da nossa cidade. Ou
seja, contrária à intervenção”, afirmou o
presidente da OAB/DF, Francisco Capu-
to. No entendimento da OAB/DF e das
demais entidades, a crise política do DF,
por mais grave que seja, não se encaixa
em nenhuma das situações excepcio-
nais previstas pela Constituição. Caputo
ressaltou que o movimento considera
a intervenção uma quebra do pac-
Supremo Tribunal Federal
foi palco de ato pela defesa da
normalidade institucional
ABRAÇO PELA AUTONOMIA DO DF
to federativo. “Seria uma agressão a
Brasília. A decretação da intervenção
não se justifica, ainda mais agora que
já foi retomada a normalidade política
institucional da nossa cidade”, ressal-
tou o presidente da OAB/DF. Caputo e
o vice-presidente da entidade, Emens
Pereira, entregaram o manifesto ao
ministro Cezar Peluso, presidente em
exercício do Supremo Tribunal Federal,
em audiência no salão branco da Cor-
te, logo após o abraço simbólico.
Também foi entregue ao ministro Pelu-
so uma carta assinada pelos membros
da primeira composição da Câmara
Distrital. Os primeiros representantes
do Legislativo eleitos pelo voto popular
deixam claro o receio da perda da au-
tonomia política do DF, caso o pedido
de intervenção seja acolhido.
Caputo antecipou ao ministro Cezar
Peluso que as entidades signatárias do
manifesto acreditam que a sociedade
do Distrito Federal é capaz de se organi-
zar e responder à crise com serenidade.
Também afirmou que é mais democrá-
tico renovar a administração local por
Foto
: Cris
tiano
Nun
es
Foto
: Gil
Ferr
eira
/SC
O/S
TF
CAPA
23
meio do voto, no dia 3 de outubro.
“Acreditamos no Supremo Tribunal Fe-
deral e viemos até esta Corte, com mui-
to respeito, fazer um gesto para mostrar
que nossa cidade pode voltar à plena
normalidade sem a adoção de qualquer
medida extrema”, defendeu.
Contra a intervenção – Entre as or-
ganizações contrárias à intervenção no
DF estão partidos políticos, associações
comunitárias e representantes do setor
produtivo e comercial. A presidente da
Associação Comercial do Distrito Fede-
ral, Danielle Moreira, registrou que a ci-
dade já sofreu com a crise: “E prejuízos
maiores virão com a intervenção”.
Segundo Danielle, congressos que es-
tariam programados para se realizar
em Brasília este ano foram para outros
lugares por conta da situação política.
“Um foi para Goiânia e o outro foi para
o Nordeste”, afirmou. “Três indústrias,
duas da área de farmácia e uma da área
alimentícia, suspenderam negociações
contratuais que gerariam empregos e
receita até a definição da situação po-
lítica local. A intervenção não ajudaria
nesse quadro”, concluiu Danielle.
No manifesto entregue ao ministro
Peluso, as entidades repudiam os fa-
tos trazidos a público pelas denúncias
do Ministério Público em relação aos
Poderes Executivo e Legislativo do
DF e exigem uma apuração rigorosa
do caso. “A sociedade está vigilante,
mobilizada, querendo fazer com que
o Distrito Federal volte para a norma-
lidade. Não mediremos esforços para
que isso aconteça. Mas não podemos
esquecer os graves fatos que foram
desvendados com a deflagração da
operação Caixa de Pandora. Por isso,
exigimos apuração profunda e rigorosa
do caso e punição exemplar para todos
os envolvidos”, frisou Caputo.
Mas o presidente da OAB/DF ressalta
que, embora seja uma crise sem pre-
cedentes, as entidades que compõem
o movimento entendem que as ins-
tituições não foram abaladas no Dis-
trito Federal, o que torna esta a mais
forte justificativa contrária à inter-
venção federal. “A crise não atingiu
as instituições. Os serviços públicos
continuam sendo prestados, as obras
estão em andamento, fornecimento
de água, energia, segurança pública,
tudo na mais perfeita normalidade.
Não vivemos um caos social”, con-
cluiu Caputo.
OAB/DF e entidades da sociedade civil abraçam o Supremo contra a intervenção
24
Recém-empossados,
novos dirigentes
apoiam posição da OAB/DF
As solenidades de posse dos
novos dirigentes das subse-
ções da OAB/DF foram mar-
cadas pela defesa da autonomia do
Distrito Federal e do papel institucional
da Seccional diante da turbulência po-
lítica que agita Brasília. O presidente da
OAB/DF, Francisco Caputo, convocou
os empossados a assumirem, junta-
mente com a Seccional, o compromis-
so com a garantia da manutenção dos
princípios da Constituição. A coorde-
nação das subseções ficará a cargo
do advogado Adelvair Pêgo Cordeiro
(foto acima).
Em março, houve a sessão solene de
posse dos dirigentes das subseções de
Planaltina, Gama e Sobradinho. Os
presidentes empossados afirmaram
sua determinação em apoiar a posição
da OAB/DF nas iniciativas associadas
ao esforço para evitar uma intervenção
no Distrito Federal.
“As Subseções são os pilares da OAB
e trabalham unidas à Seccional pela
defesa da Constituição e pela Ordem
Jurídica do estado democrático de di-
reito”, definiu o presidente da subse-
ção de Sobradinho, Vicente de Paulo
Torres da Penha. “Nós, os advogados
SUBSEÇÕES CONTRA INTERVENÇÃO
militantes, não só nas cidades locali-
zadas dentro do Distrito Federal, mas
também naquelas mais longínquas
espalhadas pelo nosso país, sabemos
exatamente a real importância de uma
subseção da Ordem”. O debate em
torno da intervenção foi o pano de
fundo em todas as cerimônias. O pre-
sidente da subseção do Gama afirmou
que não estão postas as condições
objetivas que justifiquem uma medida
dessa natureza, conforme previsto no
texto constitucional. “O escândalo po-
lítico merece uma apuração rigorosa.
Mas ele não pode justificar uma puni-
ção amarga para a população do Dis-
trito Federal”, justifica Demas Soares,
presidente da subseção do Gama.
CAPA
Foto
s: O
AB/
DF
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lter
Zica
Diretoria da OAB/DF empossa novos dirigentes das subseções
2529
QUEM É QUEMSubsecção de Sobradinho:Presidente:
Vicente de Paulo Torres da Penha
Vice-Presidente:
Marcio de Souza Oliveira
Secretário-Geral:
Guilherme Jorge da Silva
Secretário-Geral Adjunto:
Euripedes Vieira
Tesoureira:
Aline Guida de Souza
Subsecção do Gama: Presidente:
Demas Correia Soares
Vice-Presidente:
Almiro Cardoso Farias Júnior
Secretário-Geral:
Leônidas José da Silva
Secretária-Geral Adjunta:
Rute Raquel Vieira Braga da Silva
Tesoureira: Cristiane Aires do Rego
Subsecção de Planaltina: Presidente:
Marcelo Oliveira de Almeida
Vice-Presidente:
Mário Cézar Gonçalves de Lima
Secretária-Geral:
Oneida Martins Rodrigues
Secretária-Geral Adjunta:
Edjane Rafael de Almeida
Tesoureiro:
Carlos Silon Rodrigues Gebrim
Gutemberg Bezerra, da Caixa de Assistência, Carlos Gebrim, da subseção do Gama, Edjane Almeida, da subseção do Gama, Marcelo de Almeida, da subseção de Planaltina, Francisco Caputo, presidente da OAB/DF, Daniela Teixeira, conselheira federal, Lincoln de
Oliveira, secretário geral, Mário Cézar de Lima, da subseção de Planaltina
Francisca de Lima Leite, Leônidas da Silva, Cristiane Aires, Almiro Cardoso, Emens Pereira, Demas Correia Soares, Rute da Silva, Lincoln de Oliveira e Radam Nakai Nunes
26
A implantação das 230 varas federais
previstas na Lei 12.011/2009 será feita
com critérios técnicos e sem ingerên-
cia política. A promessa foi feita pelo
presidente do STJ, César Asfor Rocha,
a uma comissão de presidentes de
seccionais da OAB, capitaneada pelo
secretário-geral do Conselho Federal,
Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
DATA VENIA
COLUNA
JUSTIÇA DESCENTRALIZADA
PROMESSA FEDERAL DEFESA REFORÇADA
RECORTE DIGITAL
Enquanto está em gestação o lança-
mento da Advocacia Geral da OAB/DF,
a direção da entidade mostrou que a
bandeira da defesa intransigente das
prerrogativas já foi hasteada. Francisco
Caputo visitou as instalações da Polí-
cia Federal no Complexo Penitenciário
da Papuda, acompanhado do presi-
dente do Conselho Federal da Ordem,
Ophir Cavalcante (foto ao lado), para
exigir que se cumpra o mandamento
segundo o qual o advogado tem o
direito de falar reservadamente com
seu cliente. Até então, as salas não ti-
nham as mínimas condições para isso.
Com o apoio da direção da OAB/DF, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região
conseguiu junto à Terracap lotes que permitirão a construção do prédio próprio para
as varas do Trabalho de Taguatinga e a implantação de vara nas cidades de Sobradi-
nho e Ceilândia. O presidente Francisco Caputo participou da solenidade de entrega
dos terrenos e comemorou a conquista. “Com os novos lotes, a Justiça do Trabalho
poderá chegar mais perto da população e dos advogados desses locais”.
Agentes e policiais podiam ouvir tudo
o que advogados e clientes tratavam,
retirando-lhes a necessária privacida-
de. Os presidentes saíram de lá com a
promessa de que a situação se resolve-
ria. E continuam vigilantes.
A receptividade dos advogados ao Re-
corte Digital, novo sistema de envio
de publicações oficiais contratado pela
OAB/DF, mostra que a direção da en-
tidade acertou em cheio. Sustentado
pelo que há de mais moderno no se-
tor, o serviço oferece o telefone celular
como ferramenta de acesso à informa-
ção e maximiza a clareza e a agilidade
do correio eletrônico para envio das pu-
blicações dos processos que tramitam
no DF, nos quais os advogados têm pro-
curação. O custo do serviço, prestado
em parceria com a Webjur, é inferior ao
pago pela OAB à empresa antecessora.
O ministro aposentado do TST Vantuil
Abdalla (foto acima) recebeu a car-
teira de advogado das mãos do presi-
dente Francisco Caputo. A cerimônia
de inscrição na OAB/DF foi feita na
sede da Seccional. “É uma honra re-
ceber uma pessoa com sua história e
atuação em prol da Justiça”, afirmou o
presidente a Abdalla, depois de o novo
advogado prestar o juramento.
NOVATO, MAS VETERANO
PARLATÓRIOS FORA DA LEI
O governo enviou à Câmara Legislativa
proposta de reajuste de salários de di-
versas categorias de servidores, inclusive
os procuradores do GDF e os defensores
públicos. De acordo com o projeto, o re-
ajuste será de 7% em setembro e mais
8% em maio de 2011. A proposta, que
teve o apoio incondicional da OAB/DF,
cria 61 cargos de defensor no DF.
Foto
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AB/
DF
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Zica
27
Q uem já caiu na armadilha de
confundir a identidade visu-
al do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil com
a marca da OAB/DF, não precisa mais
por as barbas de molho. Sem alarde, a
nova administração da Seccional do DF
tomou providências para acabar com
os inúmeros casos de confusão visual.
Disposta a resolver a questão, a nova
UMA NOVA MARCA, UMA NOVA OAB/DF
diretoria da OAB/DF contratou uma
consultoria para rever a identidade vi-
sual e oferecer uma nova marca para os
advogados de Brasília.
Voltadas para o mesmo fim, dirigidas
para o mesmo público e com suas
respectivas sedes erguidas na mesma
cidade, as duas instituições, federal e
Seccional, precisavam ser distinguidas
por uma marca que indicasse clara-
mente a diferença, sem qualquer pre-
juízo da unidade institucional histórica
que mantêm.
As logomarcas da OAB Federal e da
OAB/DF seriam idênticas, caso não
existisse o pequeno detalhe marcado
por uma estrela na parte inferior do
globo em cor azul. Algo tão sutil que
levou à sucessão de confusões em que
os impressos de uma eram, inadverti-
damente, atribuídos à outra.
Encarado como mais um desafio para
a nova administração da OAB/DF, a
reformulação da identidade visual foi
confiada a uma empresa com profis-
sionais premiados entre os designers
do mercado brasiliense. “A nova marca
da OAB/DF é inspirada em um símbolo
ícone da cidade, o avião de Brasília, as
asas do mapa”, define Pedro Garcia,
da PHD Design, responsável pela refor-
mulação da nova marca da Seccional.
Pedro lembra que, durante o desenvol-
vimento do projeto, ficou clara a iden-
tificação do globo azul como elemento
importante para as seccionais e para a
OAB federal. Também ficou posto que
a pequena estrela na parte inferior do
globo não tinha o poder de estabele-
cer uma relação com a cidade de Brasí-
lia. “Tiramos a estrela e substituímos a
faixa pela representação do avião com
curvatura na cor branca com mais vo-
lume e sombra. A referência ao Plano
Piloto na nova marca cria uma identi-
dade entre a Seccional e Brasília”, ex-
plicou o designer.
A marca da OAB/DF ficou
mais arrojada, assim como sua
nova gestão
NOVA
MARCA
ANTIGA
MARCA
28
Na primeira sessão plenária da
nova direção do Conselho
Federal da Ordem dos Advo-
gados do Brasil, realizada nos dias 8
e 9 de março, os três representantes
da OAB/DF mostraram a que vieram.
Daniela Rodrigues Teixeira, Délio Fortes
Lins e Silva e Meire Lúcia Mota Coelho
apresentaram propostas e relataram
processos de destaque que influem
diretamente no cotidiano do trabalho
dos advogados e nas garantias dos di-
reitos dos cidadãos.
O conselheiro Délio Lins e Silva foi
nomeado pelo presidente nacional
da OAB, Ophir Cavalcante, relator da
comissão especial que acompanha
as propostas de reforma do Código
de Processo Penal. A comissão apre-
sentou 33 proposições de reforma ao
Congresso Nacional. O senador Flexa
Ribeiro (PSDB-PA) transformou 21 em
emendas ao substitutivo do senador
Renato Casagrande (PSB-ES). “Ape-
nas quatro proposições foram acata-
das pelo senador Casagrande. Todas,
aqui do Distrito Federal. Isto é uma
grande vitória para nós”, afirma Délio,
sinalizando a importancia do trabalho
da Seccional.
Conselheiros Federais da
Seccional assumem
posição de liderança em importantes
debates
OAB/DF SE DESTACA NO CONSELHO FEDERAL
Outras propostas da bancada do DF
foram aprovadas pelo Conselho Fe-
deral. Os advogados aprovaram, por
unanimidade, o programa, proposto
pela Comissão da Mulher Advogada
da OAB/DF, que estabelece o direito da
mulher advogada a um lugar reservado
para amamentação, a não ser obriga-
da a passar pela inspeção por raios-X
e a vagas reservadas para estaciona-
mento nos tribunais e fóruns, além da
preferência para julgamento. A defesa
do programa foi feita pela advogada
Daniela Teixeira.
Também foi levada ao Conselho Fe-
deral a proposta para ajuizamento de
uma Ação Direta de Inconstitucionali-
dade contra a Lei Estadual 14.938/03
do estado de Minas Gerais. A lei obriga
o cidadão a pagar uma taxa incluída
no Documento de Arrecadação Esta-
dual (DAE). Os conselheiros decidiram
contestar um projeto de lei que fixava
que advogado só poderia ter acesso ao
seu cliente preso depois de três dias,
após comunicar por escrito ao delega-
do o assunto que seria tratado.
Além disso, a bancada de Brasília se
aliou para referendar as ações tomadas
pelo Conselho Federal durante os me-
ses de janeiro e fevereiro com relação à
crise política no Distrito Federal — em
especial, a ação que pede o bloqueio de
bens dos investigados na operação Cai-
xa de Pandora. Também foi pedido aos
conselheiros e às diretorias das outras
seccionais que ouçam a posição dos
conselhereiros federais do DF e da di-
retoria da OAB/DF antes de deliberarem
sobre qualquer assunto que envolva a
crise política no DF, em especial sobre o
pedido de intervenção federal.
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Conselheira Daniela Teixeira
Conselheira Meire Lúcia Mota Coelho
Conselheiro Délio Fortes Lins e Silva
Conselheiro Antenor Madruga
Conselheiro Rodrigo Badaro
Primeira sessão do Conselho Federal
30
OAB/DF e Associação
Comercial lançam campanha para
estimular acordos entre lojistas e consumidores
Fernando Berbel, professor de in-
glês em Brasília, buscava noites
de sono mais tranqüilas quan-
do decidiu comprar um novo colchão,
no fim de 2008. Percorreu várias lojas
até encontrar o produto desejado, no
valor de R$ 1,5 mil. Mas o sonho do
professor começou a virar pesadelo
quando o estabelecimento entregou
um produto diferente do que ele ha-
via comprado e ainda teve de esperar
vários dias para a correção da entre-
ga. Esse não foi o único problema.
Passadas algumas semanas de uso, o
colchão começou a afundar por causa
de um defeito nas molas. Procurada, a
loja empurrou o problema para o fabri-
cante, que o devolveu para o estabele-
cimento revendedor. Berbel tirou fotos
do colchão defeituoso, enviou para a
fábrica e avisou que procuraria o Pro-
con, mas já se passaram 13 meses e o
professor ainda não conseguiu trocar o
produto. “Lavaram as mãos”, diz ele,
sem esconder a indignação.
O caso do professor ilustra a situação
de milhões de consumidores em todo
o Brasil. Quem já não comprou um
produto e foi obrigado a passar horas
no telefone tentando resolver um pro-
O DIREITO DO CONSUMIDOR LÍQUIDO E CERTO
blema, retornou à loja inúmeras vezes
em vão, perdeu tempo, aborreceu-se e
acumulou doses excessivas de estresse
tentando fazer prevalecer seus direitos
de consumidor?
Dados do Cadastro Nacional de Recla-
mações Fundamentadas, elaborado
pelo Departamento de Proteção e De-
fesa do Consumidor, órgão subordina-
do ao Ministério da Justiça, mostram
que, entre setembro de 2008 e agosto
de 2009, o número de reclamações
que geraram processo nos Procons
de todo o país chegou ao volume de
104.867. A maioria delas está associa-
da ao segmento de produtos (55,6%).
O setor de serviços fica em segundo
lugar no ranking (16,3%).
Na tentativa de diminuir os conflitos
entre empresas e consumidores, a Or-
dem dos Advogados do Brasil do Dis-
trito Federal e a Associação Comercial
do Distrito Federal assinaram no dia 15
de março, Dia Mundial do Consumidor,
um convênio de cooperação técnica e
operacional visando implementar uma
série de atividades relacionadas à busca
de uma relação de consumo mais har-
moniosa, com a finalidade de fazer va-
ler os direitos fundamentais previstos no
Código de Defesa do Consumidor, que
completa 20 anos em 2010.
O convênio, assinado na sede da OAB/
DF, servirá de base para a realização da
campanha Ponto Pacífico, cujo obje-
tivo é solucionar de forma mais célere
problemas das relações de consumo,
para desafogar o Procon e o Poder Ju-
diciário. A ideia é permitir que órgãos
administrativos e a Justiça cuidem das
grandes discussões, como os proces-
sos coletivos.
Treinamento intensivo – O foco da
campanha será o treinamento e a
conscientização de comerciantes para
o cumprimento das regras e a imple-
mentação de novas práticas, no au-
mento de informação aos consumido-
res e na promoção de encontros mais
freqüentes entre lojistas, fornecedores
e consumidores na busca da prevenção
e solução de litígios.
“Muitas vezes, um conflito surge pelo
desconhecimento da lei. Nossa campa-
nha irá prestar mais informações para
os consumidores sobre aquilo a que eles
têm direito e dar orientações e treina-
31
balhar na solução do problema? Toda
vez que há uma resistência todos per-
dem”, analisa.
Os termos do acordo foram elabora-
dos pelo advogado Leonardo Peres
da Rocha e Silva, do escritório Pinhei-
ro Neto Advogados, responsável pela
formatação jurídica do convênio en-
tre a Associação Comercial e a OAB/
DF. “Por esse convênio, as partes vão
envidar esforços para propiciar uma
relação mais harmônica entre lojistas,
varejistas e consumidores. A idéia é a
de que o consumidor tenha acesso di-
reto aos lojistas para que os problemas
sejam resolvidos sem a necessidade de
recorrer ao Procon e a outros órgãos”,
explica Leonardo Peres.
Ele explica que o convênio buscará a
adesão dos lojistas para que eles cum-
pram as regras básicas do Código de
Defesa do Consumidor, como testar
os produtos antes da entrega. “Vamos
negociar com a associação comercial
um calendário para essas palestras e
acreditamos que isso será feito nos
próximos dois meses. Imaginamos que
teremos uma aceitação boa, pois mui-
tos lojistas tém interesse em diminuir a
disputa”, prevê o advogado.
mento para os lojistas. De forma que,
surgido o conflito, possa ser resolvido
dentro do próprio estabelecimento”,
comentou o presidente da OAB/DF, Fran-
cisco Caputo. As lojas que aderirem à
campanha estamparão em suas vitri-
nes o selo Ponto Pacífico, para que
os seus consumidores saibam que, ali,
eventuais problemas serão resolvidos
de forma mais rápida, sem ter que
acionar o Estado. O programa prevê o
treinamento dos próprios lojistas para
resolver pequenas adversidades.
“O lojista poderá usar esse selo como
estratégia de marketing da sua em-
presa. Aquele estabelecimento que
tem com o seu consumidor uma re-
lação de amizade, de respeito, é mais
bem visto por ele”, afirmou Danielle
Moreira, presidente da Associação
Comercial do DF.
Além do treinamento dos lojistas e
das campanhas de conscientização
dos consumidores, a campanha Pon-
to Pacífico instalará quiosques dentro
de shoppings centers, nos quais advo-
gados atuarão como mediadores dos
conflitos que não forem solucionados
pelos estabelecimentos. Segundo Ca-
puto, até abril será escolhido o shop-
ping onde se instalará o projeto piloto
da campanha.
Os quiosques funcionarão como cen-
tros de atendimento ao consumidor,
destinados à prevenção e solução de
litígios. A OAB/DF e a Associação Co-
mercial também estão programando a
realização de palestras e a elaboração
de cartilhas para lojistas e consumido-
res e eventos para discussão e imple-
mentação de regras de auto-regulação
para os lojistas. “Essa campanha chega
à vida do consumidor com uma men-
sagem muito forte. A de que os confli-
tos podem acontecer, mas a sociedade
tem a capacidade de dar solução sem
precisar recorrer ao Estado”, afirmou
Ricardo Morishita Wada, diretor do
Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor (DPDC).
Foco na negociação – Morishita acre-
dita que a iniciativa, uma vez implanta-
da, pode servir de exemplo para outros
estados. “O empresário precisa mudar
a forma como encara os conflitos das
relações de consumo. Ele sabe que em
algum momento vai haver uma falha,
já que o produto que ele vende pode
ter um vício, um defeito. E se ele sabe
que vai ter problema, por que não tra-
Foto
: OA
B/D
F -
Valte
r Zi
ca
Leonardo Peres da Rocha e Silva, do escritório Pinheiro Neto Advogados, Danielle Moreira, presidente da Associação Comercial do Distrito Federal, Francisco Caputo, presidente da OAB/DF, Ricardo Morishita Wada, diretor do Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor e Gilvandro Araújo, procurador geral do Cade, firmam convênio
32
A consolidação dos direitos do
consumidor no século 21 não
pede pela atualização das
normas previstas no Código de Defe-
sa do Consumidor. Editado em 11 de
setembro de 1990, e na iminência de
completar 20 anos, suas regras são
atuais e continuam responsáveis pela
garantia de valores como boa fé e ci-
dadania ampla. Essa análise é de Ri-
cardo Morishita Wada, diretor do De-
partamento de Proteção e Defesa do
Consumidor (DPDC), órgão subordina-
do à Secretaria de Direito Econômico
(SDE) do Ministério da Justiça.
“É impensável que o Estado brasilei-
ro precise intervir, por exemplo, para
fazer uma empresa de telefonia de-
volver um crédito de 20 reais. É como
colocar o presidente de uma grande
companhia atrás do balcão para ven-
der um celular”, comenta Morishita
Wada. “A atualização de que precisa-
mos não é da lei, mas das práticas,
das condutas e dos compromissos
que o mercado assumiu com cada ci-
dadão brasileiro. O que precisamos é
de um upgrade de valores”, defende
em entrevista exclusiva à revista Voz
do Advogado.
UM NOVO CONCEITO PARA O DIREITO DO CONSUMIDOR
Professor de Direito do Consumidor em
cinco universidades – PUC/SP, PUC/RJ,
Mackenzie, UniCEUB e Iesb – ele afirma
que a legislação foi referendada pela
unanimidade do Congresso Nacional
em 1990, indicando que as classes em-
presariais representadas no parlamento
aceitaram o desafio de implementá-la,
defendendo a tese de que lucro não
deve advir da fraude, da enganação e
Diretor do DPDC defende o
fortalecimento dos valores que
sustentam a cidadania
Foto
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B/D
F -
Valte
r Zi
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Morishita: o Ponto Pacífico veio para facilitar a vida do consumidor e do comerciante
33
previstos na legislação atual, como o
exercício da boa fé e da lealdade con-
tratual, a responsabilidade objetiva e
a solidariedade de todos aqueles que
vendem. Esses princípios são tradi-
cionais e norteiam qualquer relação
comercial. Não se pode prorrogar a
atualização de condutas, esperar uma
nova norma para se fazer aquilo que
já deve ser feito.
Como o DPDC avalia a campanha
Ponto Pacífico, da OAB-DF com a
Associação Comercial de Brasília?
O DPDC está acompanhando esse pro-
jeto e vê com muito bons olhos, por-
que ele vai numa linha geral que muda
o eixo do conflito para a resolução. É
uma iniciativa relevante que, uma vez
implantada, pode servir de exemplo
para outros estados. O empresário
precisa mudar a forma como encara
os conflitos das relações de consumo.
Ele sabe que em algum momento vai
haver uma falha, já que o produto que
ele vende pode ter um vício, um defei-
to. E se ele sabe que vai ter problema,
por que não trabalhar na solução do
problema? Toda vez que há uma re-
sistência todos perdem. O Brasil não
precisa disso, podemos construir os
próximos 20 anos com mais solução e
menos conflito.
Como avalia, neste momento, o
papel dos advogados nessa cam-
panha?
O advogado tem um papel ímpar
nesse processo. Ele é operador por
excelência dos conflitos e o elemen-
to chave para transformar o conflito
em solução. Eles são estratégicos, pois
têm capacidade de construir valores
para superar os conflitos e garantir
mais resolução pra vida de cada con-
sumidor. Ele é operador por excelên-
cia dos conflitos e é o elemento chave
para se transformar o conflito numa
solução, ele que detém a expertise na
gestão dos conflitos e é dele o papel
de transformação desse processo.
do abuso do poder econômico. Leia os
principais trechos da entrevista:
Como o senhor avalia as conquistas
geradas pelo Código de Defesa do
Consumidor nos últimos 20 anos?
Primeiramente, é preciso dizer que
o Código de Defesa do Consumidor
nasceu no mesmo momento da rede-
mocratização do País e teve um papel
fundamental no processo de produção
e reafirmação de valores para a so-
ciedade. Ele reafirmou valores como
transparência, honestidade e boa fé
e foi, sobretudo, uma das vértebras
que permitiu a construção de valo-
res ao longo desse período dentro de
uma prática diária que é o consumo.
O cidadão merece ser respeitado não
por aquilo que tem, merece ser res-
peitado pelo que é, não importa se
está comprando uma caixa de fósforo,
uma casa ou um navio. Ele tem o di-
reito de consumir um produto e não
passar mal, saber o prazo de validade
e receber informação correta sobre o
que está comprando. Essa construção
de valores pra cada cidadão é o que
compõe, na junção de cada direito in-
dividual, um padrão de civilidade no
qual a sociedade merece viver.
O código ensinou os brasileiros a
reclamarem mais?
Quando o cidadão reclama é ótimo,
porque ele exerce a reflexão sobre a
titularidade sobre seus direitos. É um
processo de amadurecimento. O pro-
cesso democrático mostra que não há
uma solução mágica para a resolução
dos conflitos, mas que é necessário o
envolvimento de cada um e de todos.
Isso nasce do papel que cada cidadão
exerce em sociedade. Penso que a so-
ciedade brasileira está mais madura.
Na sua opinião, qual o papel dos
empresários nesse processo de
amadurecimento?
As lideranças têm um papel relevante.
O líder é aquele que faz o que é difícil
e consegue atrair outras pessoas para
um novo patamar. Aqui reside a gran-
de responsabilidade das empresas. É
um grande desafio manter a lucrativi-
dade. É um desafio exercer uma ativi-
dade empresarial com lucro respeitan-
do os direitos dos consumidores.
Apesar dos avanços, normas bási-
cas do código como a entrega do
produto de acordo com o anuncia-
do são desrespeitadas. Isso não in-
dica a necessidade de atualização?
A gente nunca pode afastar a possibi-
lidade de atualização, mas é evidente
que a gente precisa revisitar as práti-
cas do dia a dia. É inconcebível que
uma empresa grande, uma empresa
líder de mercado, possa ter reclama-
ções de consumidores por questões
elementares. É impensável que o Esta-
do brasileiro precise intervir, por exem-
plo, para fazer uma empresa de tele-
fonia devolver um crédito de 20 reais.
É como colocar o presidente de uma
grande companhia atrás do balcão
para vender um celular. A atualização
que precisamos não é da lei, mas das
práticas, das condutas e dos compro-
missos que o mercado assumiu com
cada cidadão brasileiro. O que precisa-
mos é de um upgrade de condutas, de
práticas e de valores.
Muita coisa mudou nas relações
entre comerciantes e consumidores
nos últimos 20 anos. Uma delas foi
o surgimento das compras online,
pela internet. O Código está pre-
parado para atender aos consumi-
dores nos conflitos gerados nessa
relação de consumo?
Eu vejo isso de uma maneira muito
simples: há que se aplicar o código
nas relações comerciais via internet.
É evidente que algumas condutas
penais, dado o caráter restrito do
comércio online, são passíveis de dis-
cussão sobre alguma atualização, mas
as regras gerais e os princípios estão
34
P romessa feita, dever cumprido.
Criada oficialmente há pouco
mais de um mês pelo presiden-
te Francisco Caputo, a ouvidoria da
OAB/DF deixou de ser uma proposta
prevista numa resolução da gestão pas-
sada para tornar-se um órgão efetivo,
que já recebe um número considerável
de manifestações de advogados e ci-
dadãos. Só nas primeiras semanas de
março, a ouvidoria recebeu cerca de 20
abordagens por dia. A maioria destas
enviada pelo site da Seccional.
A ouvidoria tem por missão ampliar
os canais de comunicação dos profis-
sionais da área e, em defesa dos seus
direitos e interesses, ela visa melhorar
os serviços prestados pela OAB/DF, pelo
Judiciário e órgãos públicos, bem como
garantir o direito de manifestação da
população junto aos advogados e Sec-
cional da OAB.
O novo órgão pode, por exemplo,
subsidiar com informações a elabora-
ção de ações anti-corrupção, receber
denúncias de irregularidades de atos
e práticas contra o advogado, bem
como denúncias de improbidade ad-
ministrativa, manifestações relaciona-
OUVIDORIA SAI DO PAPEL
Ouvidoria entra em
funcionamento, aproximando o cidadão da
OAB/DF
das à ética profissional. A ouvidoria
pretende ampliar a capacidade da so-
ciedade de participar das ações desen-
volvidas pela OAB/DF, além de fomen-
tar a melhoria nos serviços prestados
pela entidade.
“A ouvidoria é a forma mais simples e
eficaz para encurtar a distância entre a
sociedade e um órgão. É a forma de
torná-lo efetivamente democrático”,
defende o Ouvidor-Geral Marcelo Soa-
res França, que acumula no currículo a
experiência de conselheiro pela regio-
nal Centro Oeste da Associação Brasi-
leira de Ouvidores (ABO).
O serviço está disponível em caráter ex-
perimental. Do projeto piloto participam
três profissionais, incluindo o Ouvidor-
Geral, cuja missão inicial é dimensionar
a demanda e estruturar as ferramentas
necessárias ao bom atendimento.
Na relação das manifestações que já
chegaram à ouvidoria, foram registra-
das desde críticas e elogios, até denún-
cias contra advogados e reclamações
contra órgãos públicos por desrespeito
às prerrogativas da categoria; reclama-
ções contra a falta de espaço em bal-
ções nas varas e demora na expedição
de alvarás para liberação de verbas de
sucumbência em nome das partes e em
detrimento do advogado.
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GERAL
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Após triagem, as mensagens são en-
caminhadas à área responsável para
elaboração de uma resposta. A meta,
informa França, é atender as manifes-
tações em até 48 horas.
A ouvidoria funciona numa sala do se-
gundo andar na sede da Seccional. A
estrutura ainda está sendo montada e
a idéia da diretoria é dotar a área de
equipamentos e profissionais suficientes
para oferecer um serviço de qualidade
para advogados e cidadãos, a exemplo
do que ocorre no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal (TJDF), cuja ouvidoria é
considerada um modelo no meio jurídi-
co e também na Seccional do DF.
Recentemente, França e o presidente
Francisco Caputo visitaram a ouvidoria
do TJDF e foram recebidos pelo ouvidor
geral, desembargador Hermenegildo
Gonçalves, para conhecer mais de per-
to o funcionamento do órgão naquela
instituição. O presidente da Seccional
também pretende visitar outras sec-
cionais que já possuem o serviço para
conhecer os métodos de trabalho, de
modo a alinhar experiências de suces-
so. “A troca de experiência com outras
ouvidorias será constante”, afirma o
ouvidor-geral da OAB/DF.
França informa que, além reclamar ou
buscar orientação pelo site, advogados
e cidadãos poderão registrar suas ma-
nifestações por telefone, por meio do
‘Fale com o Ouvidor’, ou por corres-
pondência encaminhada para o ende-
ro da Seccional pelos Correios. A OAB/
DF também colocará à disposição dos
advogados e cidadãos uma sala volta-
da para atendimento pessoal. “Vamos
lançar em breve um número de telefone
gratuito e uma central de triagem para
receber as correspondências que chega-
rão por meio de um acordo a ser fecha-
do com os Correios”, explica França.
Com o apoio do Conselho da Seccio-
nal, tais iniciativas estão sendo finaliza-
das e a expectativa do ouvidor é abrir
canais de comunicação com a socie-
dade no mais curto espaço de tempo
possível.
O projeto de criação da Ouvidoria da
OAB/DF contou com a colaboração do
advogado Erasmo Castro, ouvidor do
Ministério da Fazenda, cuja experiên-
cia é reconhecida no meio jurídico. O
modelo em implementação na Seccio-
nal prevê, ainda, a criação de unidades
operacionais da ouvidoria nas subse-
ções de Ceilândia, Gama, Planaltina,
Samambaia, Sobradinho e Taguatinga.
Tais unidades tornarão o atendimento
ainda mais ágil, na medida em que o
cidadão que vive nas cidades satélites
não precisará ir ao Plano Piloto para
tratar de assuntos de seu interesse.
Neste primeiro momento, o cargo de
ouvidor nessas cidades será exercido,
provisoriamente, por seus respectivos
presidentes. Com a implantação das
unidades operacionais, serão escolhi-
dos titulares para a função.
Hermenegildo Gonçalves recebe Francisco Caputo e Marcelo Soares. A ouvidoria é o canal entre a OAB/DF, os advogados e a sociedade
37
ESA: na vanguarda do conhecimento
vio de Salvo Venosa. A palestra será no
dia 5 de abril, às 19h, na OAB/DF.
A OAB/DF firmou convênio com o Cen-
tro de Educação Superior de Brasília,
mantenedor do IESB, para facilitar o
acesso dos profissionais do Direito à
cursos de pós-graduação. As inscrições
estão abertas.
A Escola Superior de Advoca-
cia apresenta para esse tri-
mestre um conjunto de no-
vidades para os advogados do Distrito
Federal. Atendendo a diretriz da direto-
ria da Seccional do DF, a ESA reforçou
sua grade de cursos com a organização
de seminários e palestras ao longo de
todo 2010.
CAPACITAÇÃO & TREINAMENTO
A Escola Superior de Advocacia marcou
o primeiro evento do Ciclo de Palestras
da OAB/DF em parceria com a editora
Atlas. A palestra inaugural abordará o
tema “Arbitragem e novas formas de
resolução de conflitos” e será proferida
pelo juiz aposentado do 1º Tribunal de
Alçada Civil de São Paulo e membro da
ACademia Paulista de Magistrados, Sil-
MARÇOCurso: Noções Gerais da Teoria Geral do Direito Privado Data: 2, 3, 4 e 5 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Célia Arruda Carga horária: 12 horas/aula Curso: Direito Orçamentário e Financeiro Data: 18 e 25/03, 8 e 15 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Paulo Roberto Paiva Carga horária: 12 horas/aula Curso: Processo Eletrônico Data: 15 e 17 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Gáudio de Paula Carga horária: 6 horas/aula
CURSOS:
Curso: Questões Polêmicas no Processo de ExecuçãoData: 15, 16 e 18 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Rafael Vasconcellos Carga horária: 9 horas/aula Curso: Gestão de Escritórios Data: 22, 24, 29 e 31 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Silvio Barreto Carga horária: 12 horas/aula Curso: Prática de Inquérito Policial Data: 22, 23, 24, 25 e 26 de março Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Eneida Orbage de Britto Taquary Carga horária: 15 horas/aula
Curso: Administração Legal - Manual de Procedimentos para Escritórios de Advocacia Data: 29, 30/03, 5 e 6 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professora: Erika Siqueira Carga horária: 12 horas/aula
ABRILCurso: Prática em Direito Reais Data: 5, 12, 19 e 26 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Rodrigo Fernandes Carga horária: 12 horas/aula
Curso: Direito Civil - temas polêmicosData: 6, 13, 20, 27/04 e 4 de maio Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Pablo Malheiros Carga horária: 15 horas/aula
Curso: Oratória Emocional e Argumentação Data: 12, 13, 14, 15 e 16 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Jorge Telle Carga horária: 15 horas/aula Curso: Prática em Direito Eleitoral Data: 14, 16 e 19 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Claudismar ZupiroliCarga horária: 9 horas/aula
Curso: Ética na AdvocaciaData: 26, 27, 28 e 29 de abril Horário: 19h30 às 22h30 Professor: Renato CostaCarga horária: 12 horas/aula
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Modernização. Essa é a pala-
vra de ordem da nova dire-
ção do Tribunal de Ética e
Disciplina (TED) da OAB/DF. Para tirar o
tribunal da inércia, a Ordem decidiu mo-
dernizar não só a estrutura física de suas
instalações, mas também os trâmites e
práticas processuais. A ideia é transfor-
mar o TED em uma Corte ágil, firme e
justa. Para isso, desde que tomou posse
do cargo, o presidente do TED, Claudis-
mar Zupiroli, vem fazendo um verdadei-
ro inventário do tribunal. O objetivo é
diagnosticar seus problemas para atacá-
los com os remédios adequados.
A lentidão da tramitação no TED vi-
nha levando à prescrição um elevado
percentual dos processos, com falta
de transparência na distribuição dos
casos. A falta de estrutura física e de
pessoal impedia que o TED funcionasse
com efetividade.
O inventário também trouxe surpresas
numéricas. Existia um passivo de mais
de seis mil processos parados. Sem falar
dos 500 processos contra advogados do
Distrito Federal que chegaram à Seccio-
nal no ano passado, foram autuados,
mas não tinham sequer sido distribuídos
para a instrução.
Seccional reestrutura Tribunal de
Ética para torná-lo
mais ágil
TED: UM TRIBUNAL DE FATO
“Trocando em miúdos, estavam esque-
cidos na Presidência da entidade, que
era responsável por determinar a inves-
tigação das denúncias de má atuação
profissional. A primeira providência do
presidente Francisco Caputo foi dele-
gar à Presidência do TED a responsabi-
lidade por distribuir os processos para
instruí-los”, ressalta Zupiroli. Outra no-
vidade foi a implantação de um sistema
de distribuição dos processos por sor-
teio, promessa de campanha de Capu-
to. “A prática é adotada por tribunais
de todo o país, mas ainda não existia
no TED da OAB/DF. A nova prática afas-
ta a possibilidade de uso político do tri-
bunal”, avalia o presidente do TED.
A Seccional investirá na compra de
novos equipamentos para registrar as
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Zupiroli: a modernização do TED é fundamental
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sessões do tribunal, que ainda usa fi-
tas cassetes.
Com um regimento interno refeito,
foram contratados dois advogados e
três funcionários de apoio para instruir
os processos em tempo hábil, já que
grande parte deles vinha prescreven-
do por conta da lentidão. “Queremos
dobrar o número de contratações para
dar conta da demanda que virá e ze-
rar o estoque deixado como herança”,
afirma Claudismar Zupiroli. Os advo-
gados também atuarão como defen-
sores dativos quando a parte não for
encontrada ou não apresentar defesa
no prazo regimental.
Reforço – O sistema de julgamento
do TED também não foi esquecido. O
número de membros do tribunal foi
elevado de 35 para 60, e o de turmas
de julgamento, de cinco para sete. No
lugar do antigo Conselho Pleno, en-
trou o Conselho Especial, formado pe-
los presidentes e vices das sete turmas
que, hoje, compõem o tribunal. Zupiroli
explica os benefícios da mudança: “O
Conselho Pleno restringia a possibilida-
de de aumentar o número de membros,
se necessário, porque incharia ainda
mais o plenário”, esclarece.
Com a modificação, não haverá impac-
to negativo no funcionamento do Con-
selho se for preciso criar novas turmas”.
Foram criadas, ainda, duas comissões
que darão outro ritmo aos trabalhos
do TED: a Comissão de Admissibilida-
de e a Comissão de Execução. A pri-
meira foi formada com o objetivo de
acelerar a tramitação dos processos
em sua primeira fase.
A segunda zelará para que as decisões
do tribunal não se transformem em
papéis sem qualquer validade. “Por
deficiência de acompanhamento ou
estrutura, as penalidades impostas aos
advogados não eram executadas. Mui-
tas vezes os advogados punidos por in-
frações éticas continuavam advogando
sem qualquer óbice”, denuncia.
INSTALAÇÕES PRECÁRIAS
O abandono e a precariedade do
Tribunal de Ética e Disciplina
surpreendeu a diretoria da OAB/DF.
A sala do TED tem rachaduras nas
paredes e no teto. O equipamento
de gravação das sessões está em
mau estado de conservação e é ar-
caico: ainda faz o uso de fitas casse-
tes. O ar condicionado também está
em estado deplorável e necessita de
troca urgente.
Conforme descreveu o presidente
do Tribunal, Claudismar Zupiroli,
“há um abandono muito grande no
TED”. Como os processos não eram
distribuídos por sorteio, e não havia
qualquer programa informatizado
para isso, por enquanto o sorteio é
feito de forma manual, com um glo-
bo usado em bingos.
“Há defasagem exagerada de equi-
pamentos. São computadores ultra-
passados, programas sem licença. E
o mais grave: não há um programa
informatizado de distribuição auto-
mática e aleatória dos processos por
meio de sorteio, o que obriga o Tri-
bunal a apelar para um instrumento
pré-histórico, que é o globo de bin-
go para sortear os processos a serem
julgados”, lamenta Zupiroli.
Segundo Zupiroli, são mais de cin-
co mil processos que ficam sem um
programa que permita o acompa-
nhamento adequado. Isto gera uma
situação ainda mais alarmante: uma
quantidade excessiva de processos
arquivados por prescrição. “Isso é la-
mentável porque o TED não cumpre
assim sua missão”, avalia.
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: Mar
cela
Bar
reto
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A globalização e expansão da
economia brasileira, fenôme-
nos que têm se consolidado
ao longo da última década, abriram
um novo espaço para o Direito e tor-
nou a defesa da concorrência uma
das demandas que mais se expandem
na seara da advocacia. Atento a esse
movimento e decidido a preparar a
instituição para atuar nessa área, o
Conselho da OAB/DF decidiu criar a
Comissão de Defesa da Concorrência,
instalada nesse mês de março. “Já nos
manifestamos acerca da Consulta Pú-
blica Cade nº 001/2010, que versava
sobre a eliminação da necessidade de
elaboração de acórdão de processos
julgados pelo Cade”, afirma Alexandre
Bastos, presidente da Comissão.
Segundo ele, a Comissão vai acom-
panhar de perto a atuação e os de-
bates travados no âmbito do Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência
(SBDC), composto pela Secretaria de
Acompanhamento Econômico do Mi-
nistério da Fazenda, pela Secretaria
de Direito Econômico do Ministério da
Justiça e pelo Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade). A Comis-
são também acompanhará a tramita-
ção do projeto de lei que regulamenta
a estrutura do SBDC, em discussão no
Senado Federal.
A Comissão de Defesa da Concorrên-
cia foi instalada com um quadro de 24
advogados, indicados de acordo com o
que estabelece o parágrafo 1º do art.
46 do Regimento Interno da Seccio-
nal. A orientação é proporcionar uma
maior participação dos advogados da
OAB/DF nesse segmento, aproximan-
do a instituição dos órgãos públicos
federais que discutem e regulamentam
o Direito da Concorrência.
Articulação – “Nós também preten-
demos trabalhar conjuntamente com
outras Comissões da OAB, como a de
Regulação e a de Prerrogativas”, avisa
Bastos. “Outra idéia é levar ao Conse-
OAB/DF ENTRA NA DEFESA DA CONCORRÊNCIA
Seccional instala
Comissão para acompanhar o
que acontece no Cade
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Comissão da OAB/DF acompanhará atos do Ministério da Justiça sobre concorrência
41
lho Federal a proposta de criação de
uma Comissão de Concorrência em
nível nacional. Vamos propor isso ao
presidente Francisco Caputo”.
A Comissão de Concorrência irá se
manifestar nas diversas consultas pú-
blicas, pareceres e portarias sobre o
tema, realizadas pelos órgãos inte-
grantes do SBDC, agências regulado-
ras, Advocacia Geral da União, dentre
outros. A Comissão irá também auxi-
liar e assessorar o Conselho e a Dire-
toria da OAB/DF. “Como em cada Co-
missão a decisão é do colegiado, nosso
poder de decisão terá um peso quando
da sua manifestação, sempre alinhado
com os objetivos da nossa Diretoria”,
afirma Alexandre Bastos.
Um dos primeiros temas a ser analisa-
do, comenta, é a Portaria 456/10 do
Ministro da Justiça, que regulamenta
as diversas espécies de processos ad-
ministrativos previstos na Lei 8.884, de
11 de junho de 1994.
Uma das diretrizes do trabalho a ser
desempenhado pela nova Comissão
da Seccional é difundir e estimular o
estudo do Direito Econômico. Para
isso, seus dirigentes pretendem orga-
nizar seminários e palestras, propor e
preparar cursos em todos os seus ní-
veis do básico aos estudos de caso e
firmar parcerias com as faculdades de
Direito do Distrito Federal para estimu-
lar a inclusão do Direito Econômico na
grade curricular dos cursos de Econo-
mia e Direito.
“Já estamos formando uma parceria
com a Ajufe para apoiá-la institucio-
nalmente no 2º Seminário de Direito
da Concorrência que envolverá Magis-
trados, Membros do Ministério Público
e Advogados. O evento está agenda-
do para ocorrer no 2º semestre deste
ano”, adianta Bastos.
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Alexandre Bastos: defesa do
concorrência é um tema importante
42
Por Lincoln de Oliveira
Advogar de forma eficiente
não é criar atritos, mas sim
resolver conflitos. Os ensi-
namentos do comemorado professor
italiano Giuseppe Chiovenda nunca
fizeram tanto sentido na lide cotidia-
na dos tribunais quanto atualmente.
Diariamente, advogados militantes se
deparam com as mais variadas adversi-
dades e têm de superar inúmeros obs-
táculos burocráticos para levar a justiça
até seus constituintes.
O exercício da paciência, adquirido ao
longo dos anos e conforme os quilô-
metros percorridos em corredores de
fóruns, é intrínseco à profissão. Para
minimizar o peso da carga diária, for-
necendo suporte legal, técnico e ma-
terial, é que existe a Ordem dos Ad-
vogados do Brasil. A nova gestão da
Seccional do Distrito Federal sabe disso
e conhece de perto as dificuldades dos
advogados. O motivo é simples: pela
primeira vez em sua curta, mas exitosa
história, a Diretoria da OAB/DF é com-
posta exclusivamente por advogados
militantes, sem qualquer vínculo com
outras instituições.
A OAB/DF já começou a trabalhar para
A ARTE DE ADVOGAR
amenizar os problemas causados pela
burocracia atinge de forma direta os
advogados. A direção da Seccional
criará um canal de comunicação direto
com a administração dos tribunais para
fazer, por exemplo, com que todos, ju-
ízes e membros do Ministério Público,
respeitem o mandamento inscrito no
artigo 7º do Estatuto da Advocacia e
todos os seus parágrafos e incisos. Afi-
nal, é direito do advogado exercer sua
profissão “com liberdade”.
A Diretoria da OAB/DF também está
preocupada em buscar mecanismos
para preparar o advogado para a ex-
pansão de seu mercado de trabalho.
Novos campos de trabalho surgem to-
dos os dias. Faltam profissionais bem
preparados para trabalhar no mercado
jurídico das agências reguladoras e na
área de Direito Ambiental, para citar
apenas dois exemplos de setores ca-
rentes de assistência jurídica que cres-
cem a passos largos.
Para isso existe a Escola Superior de
Advocacia (ESA), que na atual gestão
será atuante e vigilante na evolução
do mercado. A Escola criará cursos
de aperfeiçoamento que atendam às
novas demandas e permitam aos ad-
vogados conhecer, com profundidade,
as novas oportunidades surgidas gra-
ças a uma economia mundial cada vez
mais pujante.
A boa formação, o aperfeiçoamento
do conhecimento do advogado e a de-
fesa intransigente e diuturna das prer-
rogativas serão bandeiras importantes
da atual gestão. Prova disso foram as
ações do presidente Francisco Caputo.
Em pouco tempo de mandato, o presi-
dente já assinou convênios de coope-
ração entre a ESA e universidades bra-
silienses. E, recentemente, em parceria
com o Conselho Federal, fez valer o di-
reito de o advogado de falar de forma
reservada com seu cliente.
Importante frisar que, para garantir o
cumprimento do Estatuto, não foi preci-
so entrar em choque com qualquer ins-
tituição. De acordo com a doutrina de
Chiovenda, em vez de entrar em atrito,
a OAB trabalhou no sentido de solucio-
nar o conflito. E com muito êxito. Afinal,
os advogados que militam diariamente
nos Fóruns e tribunais do país sabem:
um acordo razoável, muitas vezes, é me-
lhor do que uma ótima sentença.
ARTIGO