Absolvição.1979. Recortes Impressos

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  • 8/11/2019 Absolvio.1979. Recortes Impressos

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  • 8/11/2019 Absolvio.1979. Recortes Impressos

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    ,.:C\.; ..,

    06 -SBADO,

    10 DE FEVEREIRO DE 1996

    ENTREVISTA

    A GAZETA DO IGUAU - CADERNO 1

    ALUZIO

    PALMAR

    No

    h

    indenizao para a tortura

    Nao gosto de falar

    do

    assunto, mas o mo

    mento

    propcio para

    que

    a

    histria seja res

    gatada . Com esta fra

    se o jornalista Aluizio

    Palmar decidiu receber

    a

    nossa reportagem em

    seu gabinete na Secre

    taria Municipal de Meio

    Ambiente para um bre

    ve relato do perlodo

    negro em que esteve

    nas garras dos rgos

    repressores

    da

    ditadu

    ra

    militar. Ele e oempre

    srio Czar Cabral(hoje

    presidente da ACIFI),

    foram dois dos milhares

    de brasileiros que pas

    saram por momentos

    de horror diante das tor

    turas impostas regime

    totalitrio que ficou

    frente do Pas de 1964

    at

    o

    incio dcada

    de

    80.

    nalistas,

    estudantes

    universitrios, lderes

    comunitrios e setores

    progressistas da Igreja

    Catlica. Na ocasio,

    ele foi preso em Casca

    vel

    quando se prepara

    va

    para uma viagem a

    Curitiba, onde se reuni

    ria com demais mem

    bros do partido . Foi

    um

    ano

    e

    oito meses de

    represso intensa.

    Em 71, juntamente

    com um grupo de pre

    sos polticos, ele foi tro

    cado por um embaixa

    dor americano que tinha

    sido sequestrado no

    Rio de Janeiro. A partir

    da foi mandado

    ao

    Chi

    le onde ficou

    por

    dois

    anos, tempo suficiente

    para que pudesse se

    ausentar antes do gol

    pe do general Augusto

    Aluizio era

    militante ativo

    do Partido

    Comunista

    Brasileiro(o

    antigo PCB).

    11 no se podia pichar

    muros,

    distribuir

    panfletos,

    a prpria circulao da

    imprensa universitria ou

    operria era proibida ..

    Foi preso

    ------------------

    duas vezes. A primeira

    ocorreu logo aps a im

    plantao da ditadura.

    A segunda e bem mais

    prolongada foi depois

    de instalado

    o

    Ato Insti

    tucional n 5, em 1969

    que proibia manifesta

    es de rua, imp6s a

    censura em todas as

    redaes de jornais,

    institucionalizou a tortu

    ra

    e perseguia principal

    m e n t e s ~ n d i c a l i s t a s jor-

    Pinochet, que derrubou

    Salvador AI/ende. De

    pois passou seis anos

    na Argentina.

    Em 1979

    foi julgado

    revelia(porque

    era

    tido como morto) pelo

    Conselho Permanente

    da 1-

    Auditoria

    da

    Mari

    nha e foi absolvido por

    unanimidade, trs me

    ses antes da Anistia.

    Ele figurava no Comit

    Brasileiro pela Anistia.

    lores rutas

    Fones (045) 574-5374 - 574-4591

    Av. Repblica Argentina, 1718 - Foz do Iguau

    Alulz io

    Pai quando

    voltava

    do

    aOio, em

    1979

    Antes de sua primeira

    priso, Aluizio era

    um

    dos coordenadores

    do

    Plano Nacional de Alfa

    betizao, que tinha

    vnculo com

    o

    Minist

    rio

    da

    Educao

    e

    foi

    criado no governo Joo

    Goularl . Iniciad

    a

    di

    tadura o Plano logo foi

    encerrado e ele demiti

    do sumariamente.

    Em

    1988

    foi readmitido

    s

    que em um nlvel bem

    inferior. Ele agora est

    entrando com uma

    Ao na Justia para

    reaver os direitos traba

    lhistas dos anos de per

    seguio.

    do PCB no Rio de Janei

    ro E a priso ocorreu dias

    depois do golpe. Fui acu

    sado

    de

    ter

    promovido

    uma festa no Sindicato dos

    Operrios Navais, onde a

    msica mais

    tocada era

    uma pardia de ~ s c a r a

    Negra, que ironizava os

    ditadores e clamava por

    liberdade.

    Gazeta-

    Nessa poca

    voc, passou

    quanto

    t em - '

    po preso?

    Aluzio- Eu fui indici

    ado por

    conta

    do Plano

    Nacional de Alfabetiza

    o, que utilizava o mto

    do Paulo Freire. Era um

    programa amplo de ensi

    nar a ler e escrever, como

    tambm conscientizar as

    pessoas sobre os seus di

    reitos. Nessa primeira vez.

    Ns soframos presso

    Gazeta- E

    ai

    voc deflagrar a guerrilha con

    continuou com o traba- tra a ditadura. Uma foi em

    lho de militncia de es-

    ~ i n a s n a

    Serra do Capa

    querda?

    ra), outra no Rio(na Zona

    Aluizio- Sim, e a eu Canavieira) e o Oeste do

    j fui para uma semi-clan- Paran, para onde eu vim

    destinidade, ou

    r--

    __________ --.

    seja,

    no fre

    quentava mais

    locais pblicos.

    Logo em

    segui

    da comeou a

    fase

    de

    clan

    11 Os culpados devem

    ser ulgados pelo crimes

    praticados para que tudo

    isso no caia no

    esquecimento.

    destinidade ab- - - ---------------

    soluta e eu fiquei no tra

    balho de

    reorganizao

    das bases do partido, que

    estava totalmente des

    mantelada, tanto junto

    aos canavieiros do Rio,

    como aos operrios da

    construo civil e os es

    tudantes secundaristas e

    universitrios. Eu era se

    cretrio de agitao e pro

    paganda:

    Gazeta- Com isso, a

    perseguiilo teve

    pros

    seguimento?

    Aluzio- Sim. O Sis

    tema continuava fechado.

    E eu continuei na clan

    destinidade at a minha

    segunda priso em 69.

    Gazeta- Como que

    ocorreu

    a idia

    da

    resis

    tncia

    ditadura?

    Aluzio- Ns tivemos

    vrios debates durante

    dois anos dentro do par

    tido. Depois de muita re-

    flexo,

    che-

    organizar uma rede campo

    nesa de apoio para a forma

    o da resistncia armada,

    j que ficou muito difcil

    combater o sistema nas ci

    dades.

    Gazeta-

    Foi

    ai que

    ocorreu a sua segunda

    prisilo?

    Aluzio-

    Eu

    fui preso

    novamente em 4 de abril

    de 69, trs dias aps o AI-

    5. Ns tnhamos uma

    fa

    zenda em Cascavel onde

    fazamos nossas reunies e

    os

    treinamentos

    para

    a

    guerrilha prximo ao Par

    que Nacional.

    Gazeta- A partir da

    vocs ficaram visados pe

    los rgilos repressores?

    Na sua opinio o

    presidente Fernando

    Henrique Cardoso,

    ape

    sar

    de

    ter

    um

    passado

    progressista, no est

    contribuindo para que

    os culpados pela tortu

    ra

    sejam punidos exem

    plarmente. Veja

    a

    se

    guir a Integra

    da

    entre

    vista.

    11 Eu era tido como morto.

    gamos con

    cluso que t

    nhamos que

    lutar pela re

    democratiza

    o do Pas,

    Aluizio- Os jagunos e

    pistoleiros da rea come

    aram a ficar de olho em

    ns, a desconfiar que ali

    havia algo mais do que

    um

    simples grupo que veio de

    fora para comprar terras. J

    sabam um pouco sobre a

    nossa prtica de esqerda.

    E quando ns sentimos que

    a rea estava queimada ,

    decidimos fazer uma eva

    cuao depois de um longo

    debate em Curitiba. Quan

    do eu retornava de Curiti

    ba com

    um

    carro que trazia

    diversos materiais, desde

    literatura de esquerda a ar

    mamentos. Decidimos dar

    uma parada em Cascavel

    para levar um presente a um

    campons( um peixe, j que

    era uma sexta-fei ra santa).

    Foi a que o jipe que me le

    vava bateu em outro carro.

    Justamente ali estava um

    cagoeta . Ele me reconhe

    ceu, chamou a polcia e eu

    fui levado Delegacia da

    cidade onde fui submetido

    a vrias sesses de tortura.

    Depois fui mandado a Foz

    do Iguau e fiquei recolhi

    do no 34, onde fiquei um

    tempo e depois, amarrado

    ROMERO SALES

    Gazeta- Aluizio, em

    que circunstncias, local

    e quando aconteceu a

    sua primeira prisilo du

    rante o golpe militar?

    Mesmo assim tinha que

    tomar cuidado, pois os

    caras podiam querer me

    pegar para me matar de

    verdade ..

    porque esta

    va muito di

    Aluzio- O golpe foi na

    madrugada de 31 de mar

    o de 64. Eu era dirigente

    psicolgica.

    O sistema

    ainda era um pouco folga

    do, mais frouxo. E eu fi

    quei preso por alguns dias,

    menos de um ms.

    AZULEJO BARATO?

    Decorados

    e Pisos ELIANE

    Aqui fcil pagar:

    1 30 60 90 120 dias

    Rua Guimares Rosa nO

    1815

    - Vila Portes

    Fone 522-2318

    fcil atravs dos meios

    institucionais. No se po

    dia pichar muros, distri

    buir panfletos, a prpria

    circulao

    da

    imprensa

    universitria ou operria

    era

    proibida. Qualquer

    reunio para se trocar

    idias, traar planos, ou

    mesmo no plano cultural.

    Um grupo saiu do parti

    do e organizou uma dis

    sidncia, que foi o antigo

    ~ R - 8 .

    Gazeta- E a forma

    ilo da resistncia arma

    da

    propriamente dita?

    Aluizio- Em

    68 ns

    escolhemos as reas para

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    usa:::

    a

    JOQNAL g AStL

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    que

    figur na l ista

    do

    Co-

    1 mlW llruslJelro DI'Ja .\r}lstln como morto

    .;

    , pelas

    JorllS de seguranca, foI JUlgado ontf m

    li

    revelia

    pelo Conselho }.ermanente

    dt'

    ,Jus.,

    j tlca da

    l-

    AUdItoria

    de M a ~ l n h a , IlUm P/'OCl'S

    1;' 50 Sobre 9")\1 H-li,

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    .Jorge

    MedeIros do

    I

    I Valle. por atividades

    tel'l'orlstas. "

    I

    . O processo JUlgado ontem, onde

    AluIzio l :;.

    ,.; t,ava denunciado

    pejo

    promotor

    Aleeu

    Salves (

    i I

    dos Snlltos, da aUditorIa

    da 5" Clrcunscrlao i

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    i Judlclcrla .\1lJltar,

    como

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