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Aby Warburg e Walter Benjamin: a legibilidade da memória Por Maria João Cantinho * Resumo: Apenas após a década de 90, a obra de Aby Warburg foi “revisitada” por autores que fizeram um trabalho notável na sua divulgação e também na pesquisa do seu arquivo. De uma actualidade bem pertinente, os conceitos warburgianos são considerados hoje um importante marco na viragem da historiografia, sobretudo aplicada a temas como a fotografia, o cinema e a história de arte. A ideia de uma “ciência sem nome”, aludindo a uma pretensa unidade da ciência, visa uma interdisciplinaridade que é hoje um dos conceitos caros às ciências humanas. Por outro lado, Warburg partilhava com Benjamin uma historiografia ao arrepio do historicismo e de uma visão redutora da história. É precisamente a partir do conceito de imagem e da “imagem em movimento” e também da ideia de “vida póstuma das imagens” (Nachleben) que Warburg parte, para definir a abertura da historiografia. Palavras-chave: Historiografia, imagem, Pathosformel, Mnemosyne Aby Warburg and Walter Benjamin: the readability of memory Abstract: After the 1990’s decade, the work of Aby Warburg was “revisited” by authors that made a remarkable work in his propagation and also they’re contributions for the research of his archive. With a pertinent actuality, the Warburgian’s concepts are considered, in our days, an important mark in the turning of historiography, especially when applied to subjects such as photography, cinema and art history. The idea of a “Nameless Science”, alluding to a supposed unity of science, aims at a interdisciplinary view, which is now so valued in the humane sciences. On the other hand, Warburg shared with Benjamin a historiography that shivers from historiography and from a reductive view of history itself. It is precisely from this concept of image and of “moving image” and also from the idea of the “image's posthumous life” (Nachleben) that Warburg sets from to define the openness of historiography. Kea-words: Historiography, Image, Pathosformel, Mnemosyne * Professora Auxiliar no Iade (Creative University of Lisbon).

Aby Warburg e Walter Benjamin a Legibilidade Da Memoria (1)

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Aby Warburg e Walter Benjamin: a legibilidade da memria Por Maria Joo Cantinho* Resumo: Apenas aps a dcada de 90, a obra de Aby Warburg foi revisitada por autores que fizeram um trabalho notvel na sua divulgao e tambm na pesquisa do seu arquivo. De uma actualidade bem pertinente, os conceitos warburgianos so considerados hoje um importantemarconaviragemdahistoriografia,sobretudoaplicadaatemascomoa fotografia, o cinema e a histria de arte. A ideia de uma cincia sem nome, aludindo a umapretensaunidadedacincia,visaumainterdisciplinaridadequehojeumdos conceitos caros s cincias humanas. Por outro lado, Warburg partilhava com Benjamin umahistoriografiaaoarrepiodohistoricismoedeumavisoredutoradahistria. precisamente a partir do conceito de imagem e da imagem em movimento e tambm da ideiadevidapstumadasimagens(Nachleben)queWarburgparte,paradefinira abertura da historiografia. Palavras-chave: Historiografia, imagem, Pathosformel, Mnemosyne Aby Warburg and Walter Benjamin: the readability of memory Abstract: After the 1990s decade, the work of Aby Warburg was revisited by authors thatmadearemarkableworkinhispropagationandalsotheyrecontributionsforthe researchofhisarchive.Withapertinentactuality,theWarburgiansconceptsare considered,inourdays,animportantmarkintheturningofhistoriography,especially whenappliedtosubjectssuchasphotography,cinemaandarthistory.Theideaofa Nameless Science, alluding to a supposed unity of science, aims at a interdisciplinary view, which is now so valued in the humane sciences. On the other hand, Warburg shared withBenjaminahistoriographythatshiversfromhistoriographyandfromareductive view of history itself. It is precisely from this concept of image and of moving image and also from the idea of the image's posthumous life (Nachleben) that Warburg sets from to define the openness of historiography. Kea-words: Historiography, Image, Pathosformel, Mnemosyne

* Professora Auxiliar no Iade (Creative University of Lisbon). 2 I Aby Warburg: um sismgrafo do seu tempo Aolongodestesltimosanos,aproliferaodeestudossobreAbyWarburg, historiador de arte, tem vindo a demonstrar a singularidade da obra e do pensamento deste autor, cujo mbito no se restringe histria de arte, mas possui um alcance muito mais vasto. O seu contributo foi essencialmente o de desenvolver um conjunto de conceitos e de instrumentos que so actualmente utilizados pelas mais diversas reas, nomeadamente asartes,comdestaqueparaafotografiaecinema,aantropologia,osestudossobrea imagem,aiconografia,etc.RessaltemosemWarburgosaspectosdecisivosque produziram uma viso articulada e complexa da cultura, construda a partir de conceitos operatriosquelheconferemorganicidade,taiscomoNachleben,Pathosformele Mnemosyne.Estespossuemumcarcterdinmicoeoperatrio,nosentidoemque Nachleben no se resume a uma mera sobrevivncia esttica, tal como Pathosformel eMnemosynenoso,damesmaforma,instnciasformaisvazias,conservadorase reprodutivas,nombitodoscnonesdavisotradicionaldahistriadearteeda iconografia. Ao invs, elas constituem-se como instncias de repetio, com afinidades no modo como Deleuzeusou o conceito de repetio, na articulao com a questo da produodadiferena,nasuaobraDiferenaeRepetio.Podemos,relembraruma relao de afinidade com a morfologia goethiana1 e os seus estudos sobre as formas, bem como os estudos de Cassirer sobre o mesmo tema. Nascido em Hamburg, em 1866, Aby Warburg morreu em 1929. Oriundo de uma famlia abastada de banqueiros judeus, cuja origem remonta ao sculo XVIII, toda a sua existncia de Privatgelehrter2 foi garantida pela fortuna da famlia. Numa carta dirigida aoseuirmoMaxWarburg,datadade30deJunhode1900,Abyescreviaqueo capitalismo pode tambm levar a cabo um trabalho de reflexo com o mais vasto alcance, reconhecendoasuacondiocomoprivilegiada.TendoestudadoHistria,Histriade Arte e Psicologia em Bona, em 1888 passou uma temporada em Florena, onde se inicia na anlise das figuras em movimento. No ano a seguir,em 1889, Warburgestuda com HubertJanitschekeentraemcontactocomaescolavienensedeHistriadeArte.Em 1891 estuda Medicina e em 1892 presta servio militar na cavalaria, em Karlsruhe. em 1891 que apresenta, em Strasbourg, a tese sobre O Nascimento de Vnus e A Primavera, de Boticcelli, sendo este o incio de um trabalho de investigao que toma como objecto privilegiado o Renascimento e a sobrevivncia (Nachleben) da Antiguidade. Este estudo 3 ser posteriormente publicado, em 1893. Nele, Warburg confronta-se com os limites de uma histria de arte estetizante e formal, que resulta de uma abordagem meramente eruditadeestiloseavaliaoesttica3,propondoumnovomodelodeabordagemda histriadearte.Dissonosdconta,nosDudi-Huberman,naquelequeumestudo marcante sobre a obra de Warburg, mas tambm Giorgio Agamben, no seu ensaio Aby Warburg et la Science sans nom:A essncia do ensinamento e do mtodo de Warburg () identifica-se na recusadomtodoestilstico-formalquedominaahistriadeartenofinaldo sculo XIX e no deslocamento do ponto central da investigao: da histria dos estilos e da avaliao esttica aos aspectos programticos e iconogrficos da obra dearte,talcomoelesresultamdoestudodasfontesliterriasedoexameda tradio cultural. (AGAMBEN, 2006, p. 107) DessarecusatambmnosfalaErnstGombrich,quefoidirectordoInstituto Warburg, quando refere uma franca repulsa pela histria de arte que se orienta para um paradigmaestetizante(GOMBRICH,1987,p.88).Otermoutilizadopeloprprio Warburg,numanotainditade1923.Naverdade,oqueohistoriadorpretende ultrapassaraslimitaesdahistriadearte,queeleconsideraprisioneiradeuma considerao puramente formal da imagem e abri-la leitura e interpretao das imagens, em que a forma , a seus olhos, indissocivel do seu contedo.Foi no semestre de Vero de 1927 que Aby Warburg decidiu consagrar o seu tempo ao estudo de Burckhardt e sua obra histrica, deixando bem claras as razes pelas quaistantoBurckhardtcomoNietzschelheinteressavam:paraWarburg,eleseram verdadeiramentehistoriadores,nocomoosmestresdeumtempoquehaviasido explicado,massobretudocomosujeitosdeumtempoimplicado(DIDI-HUBERMAN, L'ImageSurvivante,2002,p.117).Paraohistoriador,elesrepresentavamos receptores,oscaptadores(Auffnger)davidahistrica.(ibidem),emsuma,os sismgrafosdoseutempo.Nesseseminrio,Warburgfazusodeumametfora geolgicausadapeloprprioBurkhardt,falandodessainquietaoqueconstituia apreenso histrica:Ns devemos reconhecer em Burkhardt e em Nietzsche os receptores de ondas mnemnicas (als Auffnger der mnemischen Wellen) e compreender como aconscinciadomundo(Weltbewusstsein)afectacadaumdelesdumamaneira 4 diferente. Ns devemos tentar fazer de maneira a que cada um ilumine o outro e que esta reflexo nos ajude a compreender Burkhardt como sofrendo a prova (als Erleider) da sua prpria profisso [de historiado]. Os dois so sismgrafos muito sensveis(sehrempfindlicheSeismographen)emqueasbasestrememquando recebem e transmitem as ondas [de choque, de memria]. (DIDI-HUBERMAN, L'Image Survivante, 2002, p. 118) Aby Warburg assumiu para si esta condio, ao contribuir para a anlise do que deve ser o papel do historiador. Mais do que um leitor ou um intrprete do passado, ele configura uma forma de viver implicada na sua poca e a sua percepo dos fenmenos histricos reveladora dessas ondas de choque subterrneas que a atravessam.Um dos aspectos que mais marcaram o pensamento de Warburg foi, no apenas a presena do paganismo e o modo como ela impregna a cultura e a arte ocidentais, como tambm o prprio mito e a magia, que configuram a sua singular viso, contribuindo para umadimensomaiscomplexadaanlisedaimagem,nosentidoemqueconvoca dimenses mais ligadas experincia afectiva, tal como ressalta a dimenso psicolgica da cultura. Nas suas Notas Inditas para a Conferncia de Kreuzlingen sobre O Ritual daSerpente,elerefere,enquantoprincpiometodolgicoparacompreendera importnciadaarticulaodinmicaentreimagenseestruturasculturais,modosde pensar,etc.,aexignciadeumapsicologiadosmodosdeexpressohumana (MICHAUD,2012,p.265),modeloessequeterasuaexpressonabiblioteca warburguiana e, em particular, na obra Bilderatlas Mnemosyne. A esse propsito devemos lembrar a viagem de Aby Warburg entre 1895 e 1896, pela Amrica e onde passou algum tempo, em particular no Arizona e no Novo-Mxico, tendo estudado os rituais dos ndios Hopis. No foi apenas a presena do ritual e da magia que imprimiu uma orientao nova no trabalho de Warburg (e que mais tarde ser nele incorporada), mas tambm a questo da relao entre o smbolo e a imagem, atravs do contacto de Warburg com as teorias de Richard Semon (GOMBRICH, 1987, p. 242). Este dizia: ()amemrianoumapropriedadedaconscincia,masaqualidade quedistingueovivodamatriainorgnica.Elaacapacidadedereagiraum acontecimento durante um certo tempo; ou seja, uma forma de conservao e de 5 transmissodeenergia,desconhecidadomundofsico.Cadaacontecimento agindo sobre a matria viva deixa a um vestgio, que Semon chama engrama. A energia potencial conservada nesteengrama pode ser reactivadae descarregada emcertascondies.Pode-sedizerqueoorganismoagedumacertamaneira porque ele se lembra do acontecimento precedente. essaarazopelaqualWarburgfaladossmboloscomosendoportadoresde umacargaenergtica,comodinamogramasquesotransmitidosaosartistasnum estadodetensoelevadaaomximo,masquenosopolarizadasquantosuacarga gentica (GOMBRICH, 1987, pp. 248-249). A polarizao d-se na sua carga negativa ou positiva quando h um reencontro de uma nova poca e das suas necessidades vitais, podendocausarumareinversocompletadasignificao,isto,socontactocoma novapocaproduzapolarizao.Talconcepoconstituiopressupostodeonde Warburg parte, para explicar a vida pstuma das imagens e dos smbolos, no sentido emqueessamesmapolarizaopossuiopoderdareactivao.Osmbolosituar-se-ia assim, de acordo com Warburg, numa esfera intermediria entre a conscincia e a reaco primitiva,trazendoemsiapossibilidadedeumaregressocomotambmadeum conhecimentomaiselevado,umaespciedeintervalooudeterradeningumno centro da prpria experincia humana. E, como nos explica Giorgio Agamben: () da mesma forma que a criao e a fruio da arte requerem a fuso de duasatitudespsquicasquehabitualmenteseexcluemmutuamente(um abandonodesiapaixonadoeumafriaedistanteserenidadenacontemplao ordenadora),acinciasemnomeprocuradaporWarburg,comoeleodiz numanotade1929,umaiconologiadointervalo,ouumapsicologiado movimento pendular entre a posio das causas como imagens e a sua posio como signos (AGAMBEN, 2006, pp. 115-116). Aforasimblicadopensamentonascedessatenso,aproximando-sea concepo warburguiana da ideia de arqutipo de Jung, ainda que o seu nome jamais aparea nas notas de Warburg. A presena da componente mtica no pensamento, neste sentido de uma imagem primordial, que em Jung aparece como inconsciente colectivo, tambm se encontra presente em Warburg, bem como a magia, a qual desempenha uma funo central na sua teoria. Quando este fala das divindades astrolgicas dos calendrios alemes do tempo da Reforma, refere uma constituio primitiva da alma, unitria e de 6 amplo alcance. (WARBURG, Gesammelte Schriften, 1932, pp. 491-492). Nesse mesmo texto designa a lgica como aquilo que cria o espao do pensamento entre o homem e o objectoporintermdiodadesignaoconceptualmenteseparadora,enquantoamagia voltaprecisamenteadestruiresseespaodepensamento,pelauniointegradorado homem e objecto. Num acutilante texto de Jos Miranda Justo, o autor salienta que precisamente essapolaridadeentrelgicaemagiaquedefineohorizonteapartirdoqualsedeve consideraravisowarburguianadomito.essapolaridadequepermiteuma convergncianumamesmaconstituioprimitiva(ouestadoprimitivo)daalma (JUSTO,2012,p.52).Oastrlogo,referidoporWarburg,consegueexercerem simultneo duas prticas, a prtica abstracta de determinar o espao (medir) e a prtica concreta de fazer, de produzir, a unio entre os homens e aquilo que os rodeia (aco mgica)(idem).Sem,noentanto,explicitarcomoseproduzessaconvergncia,ela produz-seexactamentenamedidaemquehajadeumdosladosumfactorcapazde desencadearessaproduo.(Ibidem).Detemo-nosnaanlisedaproduodeste dispositivooperatrioparacompreenderoconceitowarburguianodeNachleben, explicvelapartirdamagia.Isto,comoumavidaqueserenovaeseperpetua, produzindo-separaalmdetodososcondicionalismosqueasujeitam,graasaoseu impulso energtico de vida, num sentido, precisamente, de energueia e que se traduz em aspirao unio. E este anseio corresponde experincia concreta da separao e que a experincia do sofrimento4.A polaridade entre lgica e magia desdobra-se em trs nveis distintos, como nos mostra Jos Miranda Justo no seu ensaio. O que permite configuraes distintas dessas instnciasefazressaltaraintensidadeoperatriadessesconceitosnoseiodateoria warburguiana. A fora da magia, enquanto parte que integra o mito, a da destruio da separaoquealgicatratadeinstituir,umaresistnciaactivaequesubsistefaceao poderanalticoeseparadordalgica.Eessepoder,tambmelevemdaprimitividade, procurando levar a cabo o rasgo ou a fissura que est na base da tragdia da humanidade. Todavia,amagia,comoseupoderderesistirseparao,encontrasempremodose formas de responder ao sofrimento da separao, irrompendo como energia viva, como fluxo, no seio dessa tragdia. Warburg fala de um combate sem tempo no tempo. Uma luta que transcende o tempo histrico, pela forma como a repetio se inscreve e produz 7 novas formas e configuraes. No entanto, esse combate tambm uma garantia de um equilbrio de foras que se regulam entre si.Apolaridadeentrelgicaemagiarompecomoparadigmadalinearidadeda histria e do seu fluxo temporal contnuo, no propondo uma abolio do tempo o que seria contraditrio mas defende, antes, a ideia de um permanente regresso, isto , um tempo de retorno perptuo (JUSTO, 2012, p. 54), algo prximo do eterno retorno do idnticodeNietzsche,numapropostaderenovadacontinuaodatragdiadacultura (idem). Por outro lado, a vida das imagens, segundo a proposta de Warburg, aproxima-se tambmdomodelodeWalterBenjamin,quandoestepropeacategoriadaimagem dialtica para a compreenso da histria. 8 II Aby Warburg e Walter Benjamin: a legibilidade da memria A proximidade entre Aby Warburg e Walter Benjamin coloca-se a vrios nveis, ainda que nunca se tenham aproximado. Por sentir uma afinidade com o pensamento de Warburg,Benjamin tentou aproximar-se, atravs de Hofmannsthal, numa carta que lhe escreveuemOutubrode1926,(BANJAMIN,1993,pp.437-438),pedindo-lheque chamasse a ateno do seu crculo (e no s de Aby Warburg) para o seu trabalho sobre oTrauerspielbarroco,sobretudonoseucaptulosobreamelancolia.Aquestoque poderia interessar-lhes (tambm a Fritz Saxl e a Erwin Panofsky) era precisamente a da melancolia,pelaformacomoosdoishistoriadoreshaviamtrabalhadosobreaobrade Drer,Melancolia,numtextode1923.Maistarde,seriaoseuamigoScholema intercederporBenjamin,numaaproximaoaSaxl,oquetambmviriaarevelar-se complicado, resultando finalmente no falhano da tentativa de aproximao de Benjamin enumazedumedapartedesterelativamenteaocrculodeWarburg,histriaquefoi recentemente reconstituda por Sigrid Weigel (WEIGEL, 2013). Aindaqueorenascimentowarburguianosejaposterioraobenjaminiano, interessanteressaltaraironiahistricaquesubverteuaordem,tendosidoapartirde Benjamin que se deu o renascimento de Warburg. Foi sobretudo Wolfang Kemp (e no a biografiadeGombrich,quetevepoucoimpactonaalturaemquefoipublicada)quem veio reavivar os estudos sobre Aby Warburg (KEMP, 1975), estabelecendo afinidades e passagens com Walter Benjamin. Outro autor que veio reavivar os estudos de Warburg foiGeorgesDidi-Huberman,queanalisaafinidadesentreosdoisautores,sobvrios aspectos, em vrias obras suas.UmadasrelaesmaisinteressantesqueKemprefereaquelaquesepode estabelecerentreosprojectosdeAbyWarburg(Bilderatlas)eaobradeBenjamin Passagenwerk. Se, por um lado, se tratam de projectos inacabados, no esse, todavia, o aspecto que mais os aproxima, mas sim o mtodo utilizado por ambos: a montagem. Em Aby Warburg, a montagem feita a partir de imagens e, em Benjamin, feita a partir de citaes.Aideiasubjacenteadeumareconstruoculturalqueseencontrapresente nos dois autores. No s essa compreenso da histria (da histria de arte em Warburg), mastambmadecertastemticasquelhessoafins,comoaideiadesuspenso,do movimento/curso da histria, a questo do mito (como vimos atrs e que, em Benjamin, 9 tambmseapresentacomoimagem,arqutipojungiano),oentrelaamentoentrea imaginao, razo e memria e o modo como ambos operam com os conceitos de imagem e de palavra, o desejo de redeno do passado e a viso crtica da tcnica, por oposio dimenso do mito. Umadasrelaesmaisfortesentreambos,nosestabelecidaporKempmas tambmporDidi-Huberman5justamenteentreoconceitowarburguianode Pathosformeleoconceitodeimagemdialtica6,utilizadocomoumadascategorias fundamentaisbenjaminianas.Confrontamo-noscomelaaolongodetodaasuaobraO LivrodasPassagens,sobretudonaLetraN(BENJAMIN,GesammelteSchriftenV, 1972), em que o autor reflecte sobrea teoria do conhecimento ea teoria do progresso, sendo essa, tambm, uma categoria fundamental nas suas Teses, em Sobre o Conceito de Histria (BENJAMIN, ber den Begriff der Geschichte, 1977).Sendooinstrumentofundamentaldasuateoriadoconhecimentohistrico,a imagemdialtica,noentanto,umadasmaisenigmticasecomplexasdoseu pensamento. Por outro lado, ela nunca foi desenvolvida de forma sistemtica, conhecendo uma evoluo a partir do conceito de origem (Ursprung), o qual aparece no Trauerspiel barroco,etropeamosemalgumasocorrnciasdoconceitonosseusmateriais preparatriosparaassuasteses.Nessetexto,emparticularnosmateriaispreparatrios para as Teses, Benjamin refere-se imagem dialtica como um raio esfrico que percorre todo o horizonte do passado (BENJAMIN, Gesammelte Schriften I, 3, 1972, p. 1233). Erefere-seaelacomoomomentoemqueocorreoconhecimentohistricoouuma exploso,namedidaemquefazdeflagrarocontinuumdahistriaealibertadasua linearidade.Liberta-atambmdomodelodatemporalidadecausalqueestabelecea ligao do presente com o passado. A imagem dialtica cria, assim, uma histria que no cronolgica,massimfigurativa(Bildlich),recorrendorememorao,enquanto operao resgatadora do passado, num sentido revolucionrio (e no teolgico, ainda que haja uma transposio da categoria messinica para o domnio laico).Arememorao,deacordocomBenjamin,diz-nosqueopassadonose completou. A refutao a Horkheimer, que defendia que a histria est acabada e que idealista pensar-se que ela inacabada7, clara, nesta passagem de Walter Benjamin: Far-se-umacorrecoaestasreflexes,apensarqueahistriano somente uma cincia, mas tambm uma forma de rememorao. O que a cincia 10 constatou, a rememorao pode modificar. A rememorao pode transformar o que inacabado (a felicidade) em qualquer coisa de acabado e o que acabado (o sofrimento)emqualquercoisadeinacabado.(BENJAMIN,Gesammelte Schriften V, 1972, pp. 588, 589). Eprecisamentepeladialticaemsuspenso,criadapelaimagemdialtica nessesaltodetigreparaopassado,ouseja,oinstanteemqueaimagemdialtica, atravsdarememorao,permiteoresgatedopassado,apartirdopresente,formando uma constelao:No que o passado lance a sua luz sobre o presente ou o presente sobre opassado.Umaimagem,pelocontrrio,aquiloemqueoOutroraencontrao Agoraparaformarumaconstelao.(BENJAMIN,GesammelteSchriftenV, 1972, pp. 577, 578). Esta ideia da constelao definida por Benjamin como a imagem dialtica, como estado de suspenso da histria: a imagem a dialtica em suspenso. Porque, ao passo que a relao do presente com o passado puramente temporal, a relao do Outrora com o Agora dialtica. (idem). Ela a imagem dialtica - faz deflagrar totalmente a relao temporal (no sentido cronolgico) com o passado. A relao do passado com o presente dialtica,imaginale,podemosaindadizer,sasimagensdialticassoimagens autenticamentehistricas,isto,no-arcaicas.(Idem).aimagementenda-se dialtica-queconfereopoderdalegibilidadehistricaaohistoriador,esseagorada cognoscibilidade,pelopoderdarememorao.Isto,estacontmemsiopoderde actualizar o passado, atravs da leitura da imagem (BENJAMIN, Gesammelte Schriften V,1972,p.577).Ouseja,asimagenspossuemumapotencialidadeouumndice histrico, que nos diz que elas no apenas pertenceram a uma poca determinada, como tambm s se tornam legveis numa determinada poca: A marca histrica das imagens noindicaapenasqueelaspertencemaumadeterminadapoca,masindicasobretudo que elas no alcanam a legibilidade seno numa determinada poca. (Idem) Por isso, o historiador o que tem a capacidade de ler as imagens ou, dizendo de outro modo, ler o que nunca foi escrito e que se deixa vislumbrar pela rememorao e pela possibilidade de reactivao do potencial das imagens.A relao entre o trabalho do historiador e o do alegorista, bem como o do fillogo, encontram-se de tal modo entrelaados que se torna difcil, seno impossvel, destrina-11 los, sendo na linguagem que a histria se apresenta, tambm. Se, por um lado, a imagem dialticacondiodeaberturaedeleituradahistria,elatambm,poroutro,uma imagem de sonho, ideia que Benjamin explora e desenvolve nO Livro das Passagens, nomeadamente na Letra K. Essa concepo, que Benjamin bebe tanto na psicanlise de Jung como no surrealismo, configura-se como o contexto de anlise das fantasmagorias dosculoXIXeassumidaporBenjamincomocondiodohistoriadorquando Benjamin cita Michelet: Cada poca sonha com a seguinte (BENJAMIN, Gesammelte SchriftenV,1972,p.46).Essanaturezadaimagemdialticarevela-se,talcomoem Warburg,comoaexpressodeumapolarizaodaimagemeacargaexplosivae revolucionriadasuaenergiaquelibertaahistria,despertandooquehnelade inconsciente e ainda-no-sabido. Tal como Walter Benjamin pensou a histria, a partir da categoria operatria de imagemdialtica,foideformacorrespondentequeWarburgprocurou,apartirdo conceito de Pathosformel, uma representao tambm imaginal da histria de arte e precisamente atravs delas, como mdium, que construiu, pelo mtodo da montagem, o seuBilderatlasMnemosyne.Comojvimosanteriormente,Warburgconcebea investigaoiconogrficaedasimagenscomoumadinamologia,quetantoGombrich (GOMBRICH, 1987) como Agamben (AGAMBEN, 2006) esclarecem nos seus textos, a partir dos estudos de Warburg sobre o Renascimento e o modo como eles olhavam para a Antiguidade.D-se uma polarizao ou uma reactivao quando ela entra em contacto com uma novapoca,emfunodassuasnecessidades,comojhavamosvisto.Anoode Pathosformel aparece no seu ensaio sobre Durer e a AntiguidadeItaliana (1905). Ao analisarumagravuradeDrer,nomeadamenteAMortedeOrfeu,Warburgir sobretudoanalisaraexpressodosgestoseaacentuaodoscorposedavidaem movimento. A possibilidade de acompanhar as imagens desde a Antiguidade pag deve-seaofactodeelaspermaneceremcomotensoenergtica,isto,dasuanaturezade engrama que concentra em si essa energia. Como diz Warburg, logo na introduo suaobraBilderatlasMnemosyne,estesengramasdaexperinciaemotivasobrevivem como patrimnio hereditrio da memria.(WARBURG, DerBilderatlas Mnemosyne. Gesammelte Schriften, 2000, p. 23). Antnio Guerreiro ressalta, a partir da leitura da obra Ninfe,deAgamben,queOsPathosformelnsobrevivemnasimagensporqueesto carregados de tempo, de memria histrica (GUERREIRO, O Pathosformel e a imagem 12 dialctica: correspondncias entre Warburg e Benjamin, 2012, p. 76), acrescentando que ApolarizaoemWarburgadialectizaodaimagemedarememorao benjaminianas (idem).TalcomoWalterBenjamin,tambmoafastamentodohistoricismomarcaa posio de Warburg, pela ideia de que as imagens histricas ou as imagens que nos so transmitidaspelamemriahistrica,precisamdeserreactivadas,isto,polarizadas, tornandopossvelasuasignificaoeoresgatedessamesmasignificaonuma determinada poca. Nada mais esclarecedor do que essa correspondncia entre o Atlas de Warburg e O Livro das Passagens, pois se Warburg pretendia recuperar e reconstruir a memriaculturaldoOcidenteporimagens,WalterBenjamintambmvisaomesmo objectivo, procurando resgatar a memria histrica por imagens dialticas, concentrando estasumapolaridadequereactivadapelasualeituraeinterpretao.Nasimagens dialticas,comoescreveWalterBenjamin,otempoaloja-seeelasestosaturadasde tempo, at exploso (BENJAMIN, Gesammelte Schriften V, 1972, p. 578).Emambososcasos,emBenjamineWarburg,aimagemcomportaemsia memria de um acontecimento forte, que reenvia para experincias originrias, como uma espciedemarcaouumtraosobreosestratosmaisarcaicosdaconscincia. precisamente por essa razo que a imagem traz consigo uma carga energtica, destruindo, a partir desse potencial a ideia de um modelo de histria como narrativa, linear e contnua. Isto,emlugardeumencadeamentocausaldeacontecimentos,numalgicade continuidade linear, h saltos, os instantes dialticos que recompem a ideia de histria como imaginal ou figurativa, correspondendo a uma ideia de constelao.SeBenjaminprocuravacombateressaideiadehistriaassentenumabase narrativa, tal ideia devia-se sua correspondncia com a ideologia do progresso, que ele queria abolir, procurando uma nova forma de escrever e ler a histria, valorizando a histria dos vencidos. A ideia warburguiana de uma histria construda por imagens e apartirdelasaproxima-sedabenjaminianaporumaanalogianasuaconcepoda histria. semelhana de Benjamin, o primado da imagem determinou uma superao nadimensoexclusivamentenarrativadahistriaedoseudiscurso.Domesmomodo, essa analogia entre os dois autores manifesta-se no poder rememorativo da imagem em Warburg, a imagem aparece como condensao energtica, possuindo um valor afectivo que fissura a continuidade e reclama uma dimenso no-discursiva da histria.13 14 III Bilderatlas Mnemosyne: ler as imagens Warburg consagrou os ltimos anos da sua vida ao seu projecto Der Bilderatlas Mnemosyne (Atlas/lbum da memria), ao qual ele tinha dado o nome que se encontrava entradadabibliotecaWarburg,Mnemosyne.Estepermaneceuinacabadocomasua morte, em 1929, restando uma quarentena de pranchas, onde foram fixadas volta de um milhar de fotografias. A, possvel reconhecer os seus temas iconogrficos preferidos. Conforme nos diz Agamben: Mnemosyne mais do que uma orquestrao, mais ou menos estruturada, dos objectivos que haviam guiado a pesquisa de Warburg durante essa poca. Ele definiu-a uma vez, de forma muito enigmtica, como uma histria de fantasmas para pessoas verdadeiramente adultas (AGAMBEN, 2006, p. 117).Agamben esclarece-nos, recordando o pressuposto da imagem, pelo seu carcter engramtico e que dava imagem o estatuto de rgo da memria social, condensando em si uma polaridade que lhe advinha das tenses espirituais de uma cultura (idem). A memriadaEuropa,nassuasimagensfantasmticas,apresentava-secondensadamente na sua obra que foi construda no atlas de Warburg. Assim, estava explicado o nome de Mnemosyne.Tornavapossvelaoeuropeutomarconscinciadasuatradioculturale das suas prprias contradies e aceder a uma espcie de identidade.Warburg constri, assim, a memria visual da cultura europeia, nas suas origens emetamorfosesnsitas,earelaoqueeleestabeleceentreasimagensdispostasnas pranchasdesfazrelaeshierrquicaseisolantes,queconduziamauma classificao/organizaoqueassubalternizavaentresi.Aoinvs,seriaatravsdo confrontoedacoexistnciaentreessasimagensdopassadoeasdopresentequese tornaria possvel conferir novos significados s obras artsticas, em lugar de um processo de classificao convencional. Warburg rejeita, desta forma, os conceitos de hierarquia cultural ou de gnio artstico, propondo uma estrutura que se abre interpretao fecunda egeradoradeumnovoespaocrtico,susceptveldeseabrirconstruodasua identidade no presente.15 Ossinaisiconogrficosdasimagensmigramoudeslocam-seatravsdassuas transformaeseconquistamnovossignificados,potenciadoresdenovasleituras.A percepodasobrasdearteedasimagensabre-seaumatemporalidadeindita,mais dinmica, pelo modo como o receptor afectado pelo teor engramtico da imagem. Com a sua natureza polarizada, a imagem oferece-se a uma leitura dos seus extremos opostos eWarburganalisa,aesterespeito,atensoentredionisacoeapolneonasobrasde Drerprocurandoauscultarnelesasobrevivnciadasformas(Nachleben)eo deslocamentodossinaisiconogrficos.Esteexerccio,odeprocurarossinaisede acompanhar a sua transformao, s pode captar-se por uma forma outra de conhecimento equegaranteumatransversalidadeaopensamento:atravsdaimaginao.Didi-Hubermandi-lodeformainequvoca,noseuensaioLirecequenajamaistcrit (DIDI-HUBERMAN, Lire ce que n'a jamais t crit, 2012, p. 243). Mas este modo de ligar e de re-ligar as imagens no pode ser reduzido a uma forma pessoal e gratuita, mas a um modo de descoberta que obedece a uma lgicaafim da montagem (esse processo privilegiadodeoperaremBenjamineWarburg,quetantodevedescobertado inconsciente e tarefa da interpretao dos sonhos).Como o diz Georges Didi-Huberman: () a imaginao aceita o mltiplo (e desfruta dele). No para resumir o mundo ou esquematiz-lo numa frmula de subsumpo: nisso que um atlas se distinguedetodoobrevirioedetodootratadodoutrinal.()Aimaginao aceita o mltiplo e recondu-lo sem cessar para a descobrir novas relaes ntimas esecretasdenovascorrespondnciaseanalogiasqueseroinesgotveis() (DIDI-HUBERMAN, Lire ce que n'a jamais t crit, 2012, p. 244). PodemosconcluirqueoatlasdeimagensdeWarburgseoferecequiloaque Benjaminchamaalegibilidade(Lesbarkeit)domundonassuascondiestanto histricas, como fenomenolgicas e imanentes, abrindo-se a uma visibilidade das coisas edosseuselos.Nestesentido,alegibilidadedomundoouoactodeleromundodiz respeito a algo de fundamental e que se prende com o acto de conferir sentido s coisas. Trata-se de encontrar essas ligaes ntimas e secretas que religam o mundo e as tornam pertena de uma mesma constelao, na qual o reenvio e a pertena so reguladas pelas suas correspondncias e analogias. O poder da leitura, que em Walter Benjamin cabe aohistoriadordomaterialismodialtico,emWarburgpertenceaohistoriadordearte, define-sea partir dos poderes de semelhana que nos aparecem de formainconsciente. 16 Nestesentido,Didi-Hubermanaplicaoconceitodeaparelhodeleituraaoatlas,pois neleestcontidaessapotencialidadedalegibilidadequepossibilitaavisibilidadedo mundo e das coisas, a partir das imagens.No por acaso que me vem memria o conceito de legente de Maria Gabriela Llansol,aestepropsito.Tambmolegente,nooqueseprendecontinuidadeda narrativa, mas aquele que l o mundo a partir das imagens, libertando-o da cadeia do texto narrativo.NoLivrodasComunidades,dizMariaGabrielaLlansolassim:Anade Pealosanoamavaoslivros:amavaafontedeenergiavisvelqueelesconstituem quandodescobriaimagenseimagensnasucessodasdescriesedosconceitos. (LLANSOL, 1999, p. 75). Este modo de entrar de leitura e de captar nas imagens a sua energia d-nos conta de dois aspectos: por um lado, da percepo do carcter engramtico das imagens, num sentido warburguiano e, por outro, de uma superao do acto de leitura, pelaprocuradoselosntimosquereligamasimagensentresi.Longedeseconstituir comoumleitorpassivo,olegenteconvocadopelaimaginaoepeloseupoder medinico, secreto, de re-ligar o mundo e de lhe conferir sentido. 17 Bibliografia AGAMBEN, G. (2006).Aby Warburg et la Science sans Nom.DansG.Agamben,La PuissancedelaPense(J.G.Rueff,Trad.,pp.107-126).Paris:Bibliothque Rivages. BANJAMIN, W. (1993). Briefe I. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag. BAUDELAIRE,C.(2006).AInvenodaModernidade(SobreArte,Literaturae Msica). (P. Tamen, Trad.) Lisboa: Relgio d'gua. BENJAMIN, W. (1972). Gesammelte Schriften I, 3. Frankfurt: Suhrkamp Verlag. BENJAMIN, W. (1972). Gesammelte Schriften V. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag. BENJAMIN, W. (1977). ber den Begriff der Geschichte. Dans W. 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Se Walter Benjamin um assumido herdeiro de Goethe e do seu pensamento, perante o qual tem uma dvida no modo como pensa a origem e o fenmeno originrio, a imagem dialtica, em Aby Warburg ele encontra-se bem presentena questo da reactivao das imagens. Vide, a este propsito, a obra de Maria2 Traduzido por homem de letras, habitualmente. 3 Nesse sentido, Warburg e Walter Benjamin aproximam-se, do ponto de vista da anlise esttica, recusando esseformalismoestticoeprocurandoumaperspectivaquedcontadavidadasformasedosgneros estticos. 4 Aby Warburg refere-se a esta experincia nas suas notas para a Conferncia de Kreutzlingen, de 1923. 5 Didi-Huberman d incio a um estudo mais sistemtico a partir de 2000 e em que o autor parte da anlise da imagem dialtica benjaminiana, em Devant le Temps, Les ditions de Minuit, Paris, 2000. Esse estudo pode ser considerado embrionrio, no sentido em que ser, depois, alargado e os seus conceitos aplicados anlisedimgemwarburguiana.Todavia,aquelaqueconsideradaasuaobramaissistemticasobre Warburg LImage Survivante, Histoire de lArt et Temps des Fantmes selon Aby Warburg, Les ditions de Minuit, Paris, 2002.0 6Ver,aestepropsito,oensaiodeGUERREIRO,Antnio,OPathosformeleaimagemdialtica: correspondnciasentreWarburgeBenjamin,inMendes,Anabela,MatosDias,Isabel,Justo,JosM., Hanenberg,Peter,Qualotempoeomovimentodeumaelipse?,EditoradaUniversidadeCatlica Portuguesa,Lisboa,2012,pp.70/79.importanteressaltarocontributodeAntnioGuerreiroparaa recepo da obra de Aby Warburg em Portugal e tambm no Brasil. Uma boa parte do interesse sobre Aby Warburg em Portugal se deve a este autor. Tambm o Colquio Internacional de 2012, em Lisboa, em torno da obra de Warburg contribuiu bastante para a sua divulgao. 7 Benjamin refere-se, aqui, a uma carta de Horkheimer, datada de Maro de 1937. A resposta de Benjamin posio de Horkheimer pode encontrar-se no Livro das Passagens, na passagem [N 8, 1].