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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1879 Julho/2014 São João do Sabugi Acesso a água mudou a vida da família de seu Zacarias O senhor Zacarias do Patrocínio Fernandes e Dona Maria de Morais Fernandes, moradores do Sítio São João de Baixo nos arredores município de São João do Sabugi, região Seridó, do Rio Grande do Norte, e pais de cinco filhos, toda semana plantam hortaliças, graças ao acesso, este ano, ao programa da segunda água (P1+2). A conquista fez seu Zacarias e a família permanecerem nas terras que herdaram da mãe dele. Antes, eles possuíam um comércio na cidade e vendiam produtos de consumo diverso, mas não estava dando certo e seu Zacarias decidiu que seria melhor se mudar para o sítio e investir na criação de animais e na plantação. “Esse sítio foi herança da minha mãe. Como não estava dando certo o comércio, eu decidi me mudar. Minha esposa não queria, no começo, mas depois aceitou”, contou. Após sete anos dessa mudança, seu Zacarias sofreu um problema de saúde e teve que passar por uma cirurgia de hérnia de disco. Nesse período, ele teve que abandonar o trabalho. Então, a esposa, dona Maria, e o filho mais velho assumiram as atividades, mas tiveram que vender muitos animais e deixar a plantação de lado. Dona Maria disse que esse período foi difícil. “O sofrimento com a doença era grande demais e eu tinha ainda que cuidar dos animais que restavam, além de cuidar dele, e dar conta de tudo”, relatou. Depois dessa fase, já recuperado, Zacarias começou a plantar verduras em bacias, mas a falta de água prejudicava o plantio. “Era um sacrifício grande para pegar água. Quando o açude secava a gente tinha que se virar para conseguir água em algum lugar. Era triste e a gente só faltava morrer de cansaço”, afirmou. Com a chegada da cisterna-calçadão, o agricultor aumentou a produção de frutas e verduras. Hoje, ele produz alface, coentro, rúcula, quiabo, Seu Zacarias e Dona Maria Plantação de cebolinha

Acesso à água mudou a vida de seu Zacarias

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Seu Zacarias e dona Maria largaram o comércio na cidade e foram no sítio São João de Baixo, Município de São João do Sabugi-RN, para viver da produção de alimentos que a terra lhe proporcionava. Enfrentou um grave problema de saúde, mas se recuperou e, em seguida, conquistou a cisterna de segunda água (P1+2). Hoje, satisfeito, ele e a família produzem frutas, hortaliças, doces e criam animais. A segunda água mudou a vida da família.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1879

Julho/2014

São João do Sabugi

Acesso a água mudou a vida da família de seu Zacarias

O senhor Zacarias do Patrocínio Fernandes e Dona Maria de Morais Fernandes, moradores do Sítio São João de Baixo nos arredores município de São João do Sabugi, região Seridó, do Rio Grande do Norte, e pais de cinco filhos, toda semana plantam hortaliças, graças ao acesso, este ano, ao programa da segunda água (P1+2). A conquista fez seu Zacarias e a família permanecerem nas terras que herdaram da mãe dele. Antes, eles possuíam um comércio na cidade e vendiam produtos de consumo diverso, mas não estava dando certo e seu Zacarias decidiu que seria melhor se mudar para o sítio e investir na criação de animais e na plantação. “Esse sítio foi herança da minha mãe. Como não estava dando certo o comércio, eu decidi me mudar. Minha esposa não queria, no começo, mas depois aceitou”, contou. Após sete anos dessa mudança, seu Zacarias sofreu um problema de saúde e teve que passar por uma cirurgia de hérnia de disco. Nesse período, ele teve que abandonar o trabalho. Então, a esposa, dona Maria, e o filho mais velho assumiram as atividades, mas tiveram que vender muitos animais e deixar a plantação de lado. Dona Maria disse que esse período foi difícil. “O sofrimento com a doença era grande demais e eu tinha ainda que cuidar dos animais que restavam, além de cuidar dele, e dar conta de tudo”, relatou. Depois dessa fase, já recuperado, Zacarias começou a plantar verduras em bacias, mas a falta de água prejudicava o plantio. “Era um sacrifício grande para pegar água. Quando o açude secava a gente tinha que se virar para conseguir água em algum lugar. Era triste e a gente só faltava morrer de cansaço”, afirmou. Com a chegada da cisterna-calçadão, o agricultor aumentou a produção de frutas e verduras. Hoje, ele produz alface, coentro, rúcula, quiabo,

Seu Zacarias e Dona Maria

Plantação de cebolinha

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Apoio

Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome

cebolinha, pimentão, banana, mamão, seriguela e pretende aumentar o cultivo com o plantio de beterraba, cenoura e couve flor. Utilizando sempre a ajuda do adubo orgânico, como o esterco e folhas, seu Zacarias faz questão de dizer que tudo é de qualidade “Minha plantação não tem nada de veneno, todos que vêm comprar aqui dizem que compram porque sabem que eu não costumo usar nada que seja ruim para o meio ambiente e para as pessoas “ ressaltou. As sementes utilizadas para o plantio são adquiridas a partir de um processo natural, seu Zacarias explica que espera colher os grãos das próprias plantas, coloca elas no sol para secar e, a partir disso, começa um novo plantio. “Acho melhor fazer dessa forma, porque eu não vou precisar gastar mais dinheiro para ir à cidade comprar sementes. E também acho que isso é mais natural, as plantas ficam até mais bonitas “ afirmou. Ele comercializa os produtos na feira e também em casa. A renda ajuda nas despesas. Ele diz que antes pensava em ir embora para algum lugar em que o acesso à água fosse mais fácil. “Eu tinha vontade de ir embora daqui, antes de ter essa água. Tinha hora que eu pensava que não ia aguentar, mas aqui agora está um paraíso”, diz. O casal também recebeu ovelhas para criação e utiliza as verduras que não são vendidas para ajudar na alimentação dos animais. “Nós utilizamos as verduras que não vendemos para alimentar os animais. Isso ajuda demais porque, além de ajudar na saúde dos animais, a gente acaba gastando menos com a ração”, afirma Dona Maria. Seu Zacarias é conhecido na região por fabricar doces, fazendo a mistura de vários tipos de frutas e sabores. Ele conta que aprendeu a fazer tudo sozinho e o chouriço é sua especialidade e o que mais vende na comunidade. “Faço doce de mamão, leite, coco, manga, goiaba e também misturo eles para ver se fica bom. O chouriço é muito procurado pelo povo. Com a cisterna eu vou poder plantar mais frutas e fazer mais tipos de doce para vender também”, revelou. Dona Maria e seu Zacarias destacam que a convivência com o semiárido é possível se houverem iniciativas como essa, que ajudam no desenvolvimento do agricultor mesmo em um clima seco, “Recebemos esse incentivo para plantar e criar animais, mesmo nesse clima seco que tem na região em que vivemos podemos colher bons frutos“ apontou seu Zacarias. “Isso tudo foi muito bom para nossa família e todas as outras famílias que também receberam esse projeto em suas casas“ disse dona Maria. Contador de histórias e ouvinte frequente de rádio, seu Zacarias destaca a importância do programa da segunda água (P1+2) e diz que esse projeto está dando certo. “Essa cisterna é uma reserva de água que ajuda muito. Agricultor sofre muito porque nem sempre as coisas dão certo, mas essa deu”, concluiu.

Seu Zacarias mostra canteiro de cebolinha e pimentão Criação de caprinos