52
JOÃO ARTUR ANDION MELO ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007 RESUMO A presente pesquisa trata a respeito do “ Acesso à Justiça nos Juizados Especiais: análise do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 ”, baseado na abordagem acerca do que prevê o art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição Federal vigente que foi regulamentado com edição da Lei 9099/95 dispondo sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais diante do que prevê o parágrafo 1º do art. 7º da Lei Estadual 6.816/2007. Justifica-se pelo direito ao acesso à justiça estar consagrado no art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição Federal vigente, proporcionando de forma ampla e irrestrita que qualquer cidadão possa ter o direito de recorrer à Justiça quando tiver seus direitos coibidos ou usurpados. E, ainda, em virtude das prescrições previstas na Lei 9099/95 que dispões sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, visando além de desafogar o Poder Judiciário e dar plenitude ao acesso à Justiça, proporcionar, então, o acesso de todos, prevendo no caput do art. 54 da citada lei a isenção de custas, taxas ou despesas para todos aqueles que buscam o acesso ao Juizado Especial, em primeiro grau de jurisdição. Objetiva analisar a constitucionalidade ou não do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 diante do direito ao acesso à justiça nos Juizados Especiais, investigando acerca dos

ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A presente pesquisa trata a respeito do “Acesso à Justiça nos Juizados Especiais: análise do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007”, baseado na abordagem acerca do que prevê o art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição Federal vigente que foi regulamentado com edição da Lei 9099/95 dispondo sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais diante do que prevê o parágrafo 1º do art. 7º da Lei Estadual 6.816/2007.

Citation preview

Page 1: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

JOÃO ARTUR ANDION MELO

ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

RESUMO

A presente pesquisa trata a respeito do “ Acesso à Justiça nos Juizados Especiais: análise do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 ”, baseado na abordagem acerca do que prevê o art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição Federal vigente que foi regulamentado com edição da Lei 9099/95 dispondo sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais diante do que prevê o parágrafo 1º do art. 7º da Lei Estadual 6.816/2007. Justifica-se pelo direito ao acesso à justiça estar consagrado no art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição Federal vigente, proporcionando de forma ampla e irrestrita que qualquer cidadão possa ter o direito de recorrer à Justiça quando tiver seus direitos coibidos ou usurpados. E, ainda, em virtude das prescrições previstas na Lei 9099/95 que dispões sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, visando além de desafogar o Poder Judiciário e dar plenitude ao acesso à Justiça, proporcionar, então, o acesso de todos, prevendo no caput do art. 54 da citada lei a isenção de custas, taxas ou despesas para todos aqueles que buscam o acesso ao Juizado Especial, em primeiro grau de jurisdição. Objetiva analisar a constitucionalidade ou não do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 diante do direito ao acesso à justiça nos Juizados Especiais, investigando acerca dos princípios norteadores e fundamentais do acesso à Justiça, as atribuições e competências dos Juizados Especiais, análise do caput do art. 54 da Lei 9099/95 diante da edição da Lei 6816/2007 e análise do parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007.

Palavras-chaves: Acesso à Justiça. Juizados Especiais. Lei Estadual.

Page 2: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I – ACESSO À JUSTIÇA

1.1. O acesso à justiça: fundamentação conceitual 8

1.2. A legislação e barreiras de acesso à Justiça 11

CAPÍTULO II – JUIZADOS ESPECIAIS

2.1. Abordagem conceitual e histórica 16

2.2. Base legal 17

2.3. Princípios norteadores 21

CAPÍTULO III – PREVISÕES DA LEI ESTADUAL 6816/2007

3.1. A lei 6816/2007 26

3.2. Debate e discussões 27

CONCLUSÃO 32

REFERENCIAS 34

2

Page 3: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa se inscreve sobre a temática “ Acesso

à Justiça nos Juizados Especiais: análise do parágrafo 1º do art. 7º da Lei

6816/2007”. Tal estudo se baseia na consagração do acesso à justiça previsto

no inciso XXXV, § 1º, do art. 5º da Constituição Federal vigente que foi

regulamentado com edição da Lei 9099/95 dispondo sobre os Juizados

Especiais Cíveis e Criminais, visando desafogar o Poder Judiciário e dar

plenitude ao acesso à Justiça. Na referida lei, notadamente no caput do art. 54

da Lei nº 9.099/95, é encontrado que é isenta de custas, taxas ou despesas

todos aqueles que buscam o acesso ao Juizado Especial, em primeiro grau de

jurisdição. No entanto, ocorreu a edição da Lei 6.816/2007, prevendo em seu

parágrafo 1º do art 7º que:

(.. .) O valor do depósito recursal será de 100% (cem por cento) do valor da condenação, observado o limite de 40 (quarenta) vezes o valor do salário mínimo, e deverá ser efetuado e no prazo dispostos no parágrafo 1º, do art. 42, da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Tal parágrafo do citado diploma legal suscita discussão sendo assim,

portanto, carente de uma análise acerca os propósitos constitucionais

regedores do acesso à justiça e as determinações principiológicas e regedoras

dos Juizados Especiais, no sentido de se observar pela sua constitucionalidade

ou não, bem como observar sua inserção nos óbices que inibem o acesso à

3

Page 4: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

justiça. E, neste sentido, o presente estudo pretende abordar de que forma o

parágrafo da citada lei acima se contrapõe à legislação federal, coibindo o

acesso à Justiça e ferindo os ditames propostos para a atuação dos Juizados

Especiais.

Há de se analisar ainda a exigência contida no parágrafo 1º do art 7º,

da Lei 6.816/2007, no que pertine às exigências de deposito recursal.

Assim sendo, objetiva analisar a constitucionalidade ou não do

parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 diante do direito ao acesso à justiça

nos Juizados Especiais, investigando acerca dos princípios norteadores e

fundamentais do acesso à Justiça, as atribuições e competências dos Juizados

Especiais.

Metodologicamente o presente estudo será desenvolvido por meio de

uma pesquisa descritiva bibliográfica a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros, doutrina, jurisprudência, livros,

publicações, sites da Internet e artigos científicos disponíveis. Tal condução

proporcionará uma revisão literária na abordagem e análise da temática

proposta. Com isso, o presente estudo procura analisar a edição da Lei

6.816/2007, notadamente o parágrafo 1º do art. 7º mediante o direito ao

acesso à Justiça e às determinações cabíveis e previstas para os Juizados

Especiais.

Para tanto, no primeiro capítulo está abordada a questão da

fundamentação conceitual acerca do acesso à justiça e as barreiras a ela

impostas.

No segundo capítulo é tratado acerca dos Juizados Especiais

efetuando uma abordagem conceitual e histórica, sua base legal e princípios

norteadores.

Por fim, no terceiro capítulo é abordada analiticamente a questão

atinente ao parágrafo 1º do art. 7º da Lei Estadual 6816/2007 com

apresentação dos debates e discussões.

4

Page 5: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

CAPÍTULO I

ACESSO À JUSTIÇA

1.1. O acesso à justiça: fundamentação conceitual

O acesso à justiça, tendo por base as expressões utilizadas por Hugo

Nigro Mazzili 1 , João Batista Damasceno 2 , Mario Capelletti 3 , Maria Helena

Carvalho 4 e Horácio Rodrigues 5 , está previsto no inciso XXXV, § 1º, do art.

5º, que trata dos direitos e garantias individuais e coletivos, estabelecendo

que "(.. .) a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou

ameaça a direito".

No entanto, conforme Mario Capelletti 6 , a expressão "acesso à justiça"

é indubitavelmente reconhecida como de difícil definição, mas que, por outro

lado tem a serventia de determinar as finalidades mais expressivas e básicas

1 MAZZILLI, Hugo Nigro. O acesso à justiça e o Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1998.2 DAMASCENO, João Batista. Acesso á justiça, gratuidade e essencialidade da prestação jurisdicional. Rio de Janeiro: UCM/UERJ, 2004.3 CAPPELLETTI, M. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988.4 CARVALHO, Maria Helena Campos de. Acesso à justiça. In:.Sociologia Geral e do Direito. Campinas: Alínea, 2004. Cap. 9, p. 167-178.5 RODRIGUES, Horácio Wanderley. Acesso à justiça no direito processual brasileiro. São Paulo: Primeira Edição, 1994.6 Op, Cit., p. 31.

5

Page 6: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

de todo sistema jurídico, identificadas nas promessas do Estado em permitir a

reivindicação das pessoas de seus direitos e estes sejam resolvidos por ele.

Assim, fica, inicialmente, entendido que o sistema explicitado

anteriormente deve expressar toda a plenitude de acessibilidade a todos e que;

segundo o que está prescrito constitucionalmente, deve efetivamente produzir

resultados que contemplem a todos os brasileiros de forma individual e

socialmente justos.

O que, segundo Cândido Dinamarco 7 e Galeno Lacerda 8 , provavelmente,

o primeiro reconhecimento explícito do dever de o Estado assegurar igual

acesso à Justiça veio com o Código Austríaco de 1895 que conferiu ao Juiz

um papel ativo para equiparar as partes.

Há que se considerar que, conforme observado por Paulo Henrique

Lucon 9 , desde épocas anteriores e até mesmo recentemente, ressalvadas as

exceções, a realidade jurídica brasileira se manteve indiferente, ou seja, a

falta de disponibilidade para arcar com os custos da Justiça já apresentavam

problemas, muito embora não eram então tão percebidos.

Neste sentido reforçava Mario Cappelletti 1 0 que: "Os estudiosos de

direito, como o próprio sistema judiciário, encontravam-se afastados das

preocupações reais da maioria da população ". E no Brasil, conforme anotado

por Agapito Machado 1 1 e Calmon Passos 1 2 , com a evolução para o Estado

Democrático de Direito, foi garantido na Constituição Federal os princípios

como: a liberdade, a justiça, a participação e a garantia de uma sociedade

pluralista. O fato é que estabelecer tais direitos apenas de maneira formal não

caracteriza uma sociedade justa, igual e com total liberdade.

Em virtude disso, é exatamente na Carta Magna vigente que surge a

garantia da gratuidade do acesso á justiça que tornou a ser percebida como

7 DINAMARCO, Cândido Rangel . Pr incípios e cr i tér ios no processo das pequenas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais , 1985.8 LACERDA, Galeno. Dos juizados de pequenas causas. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1983.9 LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Juizados Especiais Cíveis , aspectos polêmicos. Revista de Processo. São Paulo. V. 23, nº90. Abr. / jun. 199810 Op. Cit., p. 132.11 MACHADO, Agapito. A nova reforma do Poder Judiciário: EC nº 45/04. Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 600, 28 fev. 2005. Disponível em http://jus2.uol.com.br . Acesso em: 24 out. 2007.1 2 PASSOS, J . J . Calmon. A cr ise do Poder Judiciár io e as reformas instrumentais : avanços e re t rocessos. in Revista Diálogo Jurídico, Salvador , CAJ - Centro de Atual ização Jurídica, nº . 04, julho, 2001

6

Page 7: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

uma garantia constitucional, quando dispõe no artigo 5º inciso LXXIV que " o

Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem

insuficiência de recursos". Dispõe ainda de forma complementar, em seu

artigo 134 que "a Defensoria Pública é instituição essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em

todos os graus, dos necessitados, na forma do art.5º, LXXIV ”.

Tal previsão assume assim, conforme menciona José de Albuquerque

Rocha 1 3 e Nildomar Soares 1 4 , a gratuidade a forma de garantia constitucional

estando prevista entre os direitos individuais do cidadão.

Na evolução conceitual no que se relaciona ao aspecto de acesso à

justiça, Boaventura Santos 1 5 observa que o acesso à justiça é "aquele que mais

diretamente equaciona as relações entre o processo civil e a justiça social,

entre igualdade jurídico-formal e desigualdade sócio-econômica ".

Para Boaventura de Souza Santos 1 6 , existem alguns obstáculos que

influenciam na obtenção de resultados das investigações processuais,

obstáculos esses de natureza econômica, social e cultural. Isto quer dizer que

nos estudos do autor, este assinalou que a justiça civil possui altos preços que

pesam nas possibilidades financeiras dos cidadãos em geral, revelando que ela

é proporcionalmente mais pesada no bolso dos cidadãos economicamente mais

desfavorecidos. Enfatiza o autor que estes cidadãos desfavorecidos são

fundamentalmente os protagonistas e os interessados nas ações de menor valor

e são nessas ações que a justiça é proporcionalmente mais cara, o que

configura um fenômeno da dupla vitimização das classes populares face à

administração da justiça.

Continua suas observações Boaventura Souza Santos 1 7 , que a

vitimização do cidadão menos favorecido economicamente é tripla na medida

em que um dos outros obstáculos investigados, a exemplo da lentidão dos

processos, pode ser facilmente convertido num custo econômico adicional e

este é proporcionalmente mais gravoso para os cidadãos de menores recursos.

13 ROCHA, José de Albuquerque. Estudos sobre o Poder Judiciário. São Paulo: Malheiros, 1995., p. 87.14 SOARES, Nildomar da Silveira. Juizados Especiais: a Justiça da Era Moderna agoniza. Teresina, Jus Navigandi a. 4, n. 39, fev. 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/ Acesso em: 01 abril. 2008.1 5 SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: O social e o pol í t ico no país . São Paulo: Cartez, 1996, p . 167.16 Op. Cit., p. 167.17 Op. Cit. p. 168.

7

Page 8: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Conforme seu entendimento, devido essas dificuldades de natureza

econômicas, social e cultural, cria-se uma falta de credibilidade,

principalmente por parte dos menos afortunados no que tange a idoneidade

dos magistrados.

Já segundo Maria Helena Campos de Carvalho 1 8 , o conceito de acesso à

Justiça sofreu uma mudança equivalente no estudo e ensino do processo civil.

Para a autora mencionada, a teoria era de que, embora o acesso à justiça

pudesse ser um "direito natural", os direitos naturais não necessitavam de uma

ação do Estado para sua proteção, isto porque esses direitos eram

considerados anteriores ao Estado e sua preservação exigia apenas que o

Estado não permitisse que eles fossem infringidos por outros.

Neste sentido, a autora em questão menciona que o Estado, portanto,

permanecia visualmente passivo com relação a problemas tais como o

detectado pela aptidão de uma pessoa para reconhecer seus direitos e defendê-

los adequadamente, na prática. Com isso, a autora observa que o direito ao

acesso efetivo mencionado, tem sido lenta e progressivamente reconhecido

dentro de um contexto que se revela de importância capital e inserido entre os

novos direitos individuais e sociais, uma vez que fora constatado sua inserção

na titularidade de direitos destituída de sentido, na ausência de mecanismos

para sua efetiva reivindicação.

Ainda observa Maria Helena Campos de Carvalho 1 9 , que o acesso à

justiça pode, portanto, ser entendido como um requisito fundamental, ou

melhor dizendo, dentre os direitos humanos ele é o mais básico por ser

incluído num sistema jurídico que se entenda como moderno e igualitário na

pretensão de garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos.

Mediante tal exposição, passa-se a efetuar um aprofundamento analítico

acerca dos óbices do acesso à justiça.

1.2. A legislação e as barreiras de acesso à justiça

18 Op. Cit., p. 171.19 Op. Cit., p. 173.

8

Page 9: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

A efetividade do acesso á Justiça não é tarefa fácil e, conforme

mencionam Maria Helena Campos de Carvalho 2 0 , Horácio Rodrigues 2 1 e João

Batista Damasceno 2 2 , as diferenças entre as partes e os problemas do sistema

Judiciário não podem jamais ser completamente erradicadas.

Diante disto, nada mais certo do que iniciar a identificação dos

obstáculos que dificultam a tão esperada efetividade do acesso ao Judiciário.

É o que faz Ana Lucia Sabadell 2 3 ao elencar outras entre as principais

barreiras de acesso ao judiciário, identificando-as como barreiras econômicas,

sociais, pessoais, jurídicas, dentre outras. Para ela, as barreiras econômicas

estão evidenciadas pelos altos custos do processo que intimidam as partes e

que muitas vezes desistem de solicitar a proteção judiciária porque não podem

pagar as despesas ou porque não é satisfatória a relação entre o custo do

processo e o beneficio esperado.

No que concerne às barreiras sociais, a autora esclarece que estas se

expressam por desconfiarem do sistema de justiça, os eventuais litigantes

desistem do processo. A falta de confiança é devida a experiências anteriores

dos interessadas ou a relatos de outras pessoas. Uma outra barreira social

consiste no medo de romper relações sociais e sofrer represálias, quando se

inicia um processo contra amigos, vizinhos, empregadores ou pessoas

poderosas.

No que concerne às barreiras pessoais, estão assinalados pela autora, a

falta de informações sobre direito de proteção judicial e, principalmente,

sobre possibilidades de assistência gratuita. Isso impedem pessoas oriundas de

classes desfavorecidas de exercerem seus direitos. Além disso, a inferioridade

cultural dificulta a comunicação com os advogados e os juízes, criando

ulteriores desvantagens.

Por fim, inscrevendo as barreiras jurídicas, a autora observa que trata-

se de obstáculos relacionadas com as regras de organização do processo e de

funcionamento dos tribunais: excessiva duração do processo e incerteza em

relação ao resultado; distância geográfica dos tribunais; número limitado de

juízes, promotores, e procuradores; incompetência profissional e psicológica

20 Op. Cit., p. 173.21 Op. Cit., p. 111.22 Op. Cit., p. 91. 23 SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 202.

9

Page 10: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

de advogados. Uma ulterior barreira jurídica constitui a falta de meios

processuais adequados para determinados tipos de conflitos. Exemplo: a

mulher que é vitima de violência doméstica não deseja, na maioria dos casos,

a punição do companheiro, mas sim solucionar o problema das agressões.

Vê-se, pois, que há o desejo e o anseio dos profissionais do Direito, dos

requerentes e de toda população brasileira de que se encontre na instituição da

Justiça uma infra-estrutura adequada para que esta possa atender aos anseios e

requerimentos do cidadão. Deseja-se que seja renovada em sua infra-estrutura,

que esteja totalmente informatizada com equipamentos de ultima geração e em

quantidade suficiente para atender a demanda.

Pelo que se pôde apreender, é constatada de forma indubitável que a

questão financeira é um dos principais óbices por causa das desigualdades

sociais uma maioria esmagadora de pessoas no Brasil que não tem recursos

suficientes para um pleito judicial.

Inclusive é ressaltado por Hugo Nigro Mazzili 2 4 a burocracia também é

uma das responsáveis pela morosidade processual. E na ótica de João Batista

Damasceno 2 5 também é inegável que a pobreza é um dos maiores obstáculos

do acesso ao Direito e atinge cerca de um terço da população brasileira. E,

por outro lado, neste sentido, Horácio Rodrigues 2 6 chama atenção para a

responsabilidade civil do Estado, resultante da demora na prestação

jurisdicional.

Sob este aspecto apresentado fica o entendimento de que o serviço

oferecido pelo Poder Judiciário consiste no oferecimento de um serviço

público ao cidadão e realizado pelo Estado, quando este deve zelar pela

qualidade dos serviços e grau de perfeição no contexto de sua organização e

funcionamento, respondendo todos os envolvidos pela execução destes

serviços e pelos danos que venham ocorrer.

Já no que tange às despesas processuais, conforme João Batista

Damasceno 2 7 , pode-se observar que são bastante dispendiosas na maior parte

das sociedades modernas. A própria sucumbência ou o valor dos honorários

advocatícios pode por vezes onerar o custo das partes.

24 Op. Cit., p. 132..25Op. Cit., p. 91.26 Op. Cit., p. 55. 27Op. Cit., p. 91.

10

Page 11: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Por isso, conforme Hugo Nigro Mazzili 2 8 , ao se observar que

anteriormente a promulgação das leis que versam sobre causas de menor valor

monetário e complexidade, havia barreiras no caminho de quem solicitava a

Justiça para a solução de tais tipos de lides.

No ver de Gláucio Gonçalves 2 9 , as causas que envolviam somas

relativamente de menor valor eram as mais prejudicadas pela barreira dos

custos, o que para o autor mencionado, dentro dos moldes judiciais formais,

tais custos poderiam exceder o montante da controvérsia de uma tal maneira

que o próprio objeto da demanda poderia transformar-se em uma futilidade.

Outra questão abordada por Maria Helena Carvalho 3 0 é a demora na

solução de um litígio que é também empecilho. Para Hugo Nigro Mazzili 3 1 o

alongamento temporal, além de prejudicial o próprio sistema, pode produzir

efeitos bastante devastadores para as partes, tendo em vista a inflação. E

mesmo que haja a efetividade no sentido de igualdade processual das partes, o

tempo tende a onerar o elo mais fraco do litígio, que em virtude da

hipossuficiência pode vir a não suportar com a demora e abandonar suas

pretensões ou até mesmo aceitar acordos injustos e prejudiciais mais que

encurtem o prazo processual.

A partir do que observa Maria Helena Carvalho 3 2 , os obstáculos no

acesso á Justiça, no âmbito pessoal, vislumbram também dificuldades em

reconhecer a existência de um direito juridicamente exigível. Para ela em

questões que envolvem interesses de membros da população podem ocorrer

determinadas situações, diante das quais, um direito pode vir a ser infringido,

porém pode passar desapercebido, visto que, por vezes, falta o conhecimento

jurídico básico. Este próprio desconhecimento, ou melhor, esta limitação,

conforme João Batista Damasceno 3 3 , enseja na sujeição a um cotidiano que

pode não se apresentar como justo. E há que se observar que não é só a

"ignorância" que afasta os cidadãos da Justiça, a própria estrutura desta é que

impõe barreiras ao acesso; procedimentos complicados, formalismo,

28 Op. Cit., p. 101.29 GONÇALVES, Gláucio Ferreira Maciel. Direito à tutela jurisdicional. Revista de informação legislativa, volume 33, n.°129, 1996.30 Op. Cit, p. 169.31 Op. Cit., p. 101.32 Op. Cit, p. 169.33Op. Cit., p. 91.

11

Page 12: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

ambientes que intimidam, como o dos tribunais; juizes e advogados, fazem

com que o litigante sinta-se inerte , um prisioneiro em um mundo estranho.

Uma outra barreira, conforme anotado por Gláucio Gonçalves 3 4 está

relacionada diretamente à reunião de interesses, quando as várias partes

interessadas sem desejo de negociações, mesmo quando possível à

organização e a demanda, podem estar dispersas por invocarem seus interesses

sem acordo prévio nem futuro, carecendo da necessária informação ou

simplesmente tornando-se incapazes em estabelecer uma estratégia comum de

solução para o caso.

Verifica-se com o exposto que o acesso à justiça é um direito de todo e

qualquer cidadão brasileiro e que este deve ser pleno, mesmo reconhecendo

uma série de óbices que obstaculizam a sua efetividade.

34 Op. Cit., p. 130.

12

Page 13: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

CAPÍTULO II

JUIZADOS ESPECIAIS

2.1. Abordagem conceitual e histórica

Roberto Bacellar 3 5 , Marcos Jorge Catalan 3 6 , Luiz Andréa Gaspar 3 7 ,

Galeno Lacerda 3 8 , Antonio Pessoa Cardoso 3 9 , Ronaldo Frigni 4 0 , Felipe Barros

Rocha 4 1 , Paulo Henrique Lucon 4 2 e Nildomar Soares 4 3 entendem que a origem

dos Juizados Especiais remonta a idéia de uma justiça especializada, para

lidar com causas de pequeno valor financeiro, que teve seu surgimento na

Inglaterra no longínquo século XI.

No entanto, conforme Antonio Pessoa Cardoso 4 4 , o seu aparecimento

se dá na verdade em 1873, quando a lei austríaca acolhe o sistema. Em

35 BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados Especiais: A nova mediação paraprocessual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.36 CATALAN, Marcos Jorge. O procedimento do juizado especial cível. São Paulo: Mundo Jurídico, 2003.37 GASPAR, Luiza Andréa. Juizados Especiais Cíveis. São Paulo: Iglu, 1998.38 LACERDA, Galeno. Dos juizados de pequenas causas. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1983.39 CARDOSO, Antônio Pessoa. A justiça alternativa: juizados especiais. Belo Horizonte: Ciência Jurídica, 1996.40 FRIGINI, Ronaldo. Comentários a lei de pequenas causas. São Paulo: Editora de Direto, 1995.41 ROCHA, Felippe Borring. Juizados Especiais Cíveis: Aspectos Polêmicos da Lei nº 9.099, de 26.9.1995. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.4 2 LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Juizados Especiais Cíveis , aspectos polêmicos. Revista de Processo. São Paulo. V. 23, nº90. Abr. / jun. 199843 SOARES, Nildomar da Silveira. Juizados Especiais: a Justiça da Era Moderna agoniza. Teresina, Jus Navigandi a. 4, n. 39, fev. 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/ Acesso em: 01 abril. 2007.44 Op. Cit., p. 31.

13

Page 14: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

seguida, segundo esse autor, em 1912, nos Estados Unidos, é criado a Poor

Man’s Court , sendo criado vinte e dois anos depois, em 1934, a Small Claims

Courts , em Nova Iorque, destinada a julgar causas com valores financeiros

ínfimos.

Foi exatamente a partir da inspiração dessas experiências

internacionais, com base nas informações recolhidas dos autores mencionados,

que os Juizados Especiais brasileiros surgiram inicialmente com a

nomenclatura de Juizados Especiais de Pequenas Causas e, posteriormente,

passaram a ser denominados Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

A sua base conceitual está assentada num tipo de juízo com

procedimentos simples e objetivos que possibilitem acordos negociados de

valores que sejam mensurados como pequenos, com uma estrutura sem

complexidade e que tenha a informalidade no desenvolvimento de suas

atividades.

Tais procedimentos simples num juizado dotado de informalidade

possibilitam a execução de atendimentos rápidos com audiências eficazes,

desnecessária apresentação de advogado, dentre outras medidas eficientes

para gerar celeridade, tudo possibilitando custos menores para a realização da

Justiça.

2.2. Base legal

No Brasil, conforme Roberto Bacellar 4 5 , a idéia de Juizados Eséciais

nasce com os Conselhos de Conciliação e Arbitramento, no Rio Grande do

Sul, criado pela Associação de Juízes do Rio Grande do Sul – AJURIS,

conselhos esses que procuravam resolver problemas de pequena importância

visando um acordo entre as partes. Mas, segundo o autor, com a edição da Lei

n° 7.244/84, denominada Lei de Pequenas Causas, é que se dá o início

propriamente dito de um procedimento especial, mais célere e informal, para

as causas de valor até vinte salários mínimos, tendo sempre a conciliação

como meta principal.

45 Op. Cit., p. 56.

14

Page 15: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Os Juizados Especiais de Pequenas Causas, conforme Ronaldo

Frigni 4 6 , foram criados por força da aprovação da Lei n° 7.244/84, que

objetivava buscar a celeridade processual, bem como facilitar o acesso à

justiça eliminando os entraves que faziam com que a população julgasse

errônea e equivocadamente o Poder Judiciário.

No entendimento de Galeno Lacerda 4 7 , os Juizados de Pequenas

Causas seriam uma espécie de Justiça do futuro, acessível a todos, sem as

formalidades e complicações que embaraçam a justiça comum e o mais

importante de tudo, seria célere, gratuita e isenta de ônus econômicos, porque

a Justiça é um serviço público essencial, tal como a educação, a segurança e a

saúde, não podendo ser negada aos que dela necessitam, principalmente as

pessoas de baixa renda.

Na ótica de José Afonso Silva 4 8:

A implantação destes juizados veio como imperativo de sobrevivência do Poder Judiciário, visto o crescente descrédito na Justiça, fato que era gerado pelo excessivo número de feitos que avolumavam as Varas Judiciais, muitos das quais envolvendo valores considerados pela sociedade como de pouca expressão.

Desta forma, conforme o autor mencionado, os fins que inspiraram à

instituição dos Juizados Especiais de Pequenas Causas foram: permitir o fácil

acesso à Justiça dos interessados em causas de pequeno valor; a absorção de

uma área de conflitos sociais até então não alcançada pela jurisdição comum;

permitir para tais causas, o acesso de interesses humildes. Resumindo, seria à

justiça dos litigantes carentes.

Com a promulgação da Constituição Federal vigente, em 1988, ficou

estabelecido por força artigos 24, X e 98, I, impondo à União, aos Estados e

ao Distrito Federal a criação de juizados de pequenas causas:

Art. 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (. . .) X – criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas. (. . .) Art. 98 – A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação,

46 Op. Cit., p. 74. 47 Op. Cit, p. 31. 48 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 411.

15

Page 16: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.

A partir desta determinação, Rui Alvim 4 9 entende que os arts. 24, X,

e 98, I, ambos da Constituição Federal de 1988, indicam duas realidades

distintas, considerando que através do art. 24, X, citado, verifica-se que o

legislador constitucional assumiu a existência dos Juizados de Pequenas

Causas. Já tendo em vista o disposto no art. 98, I, citado constata-se que,

nesta hipótese, refere-se o texto a causas cíveis de menor complexidade.

Assim, a partir dessa nova ordem constitucional, é publicada a Lei

n° 9.099, de 27/09/1995, instituindo os Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

A partir de então estava regulamentada toda determinação constitucional

estatuída no artigo 98, inciso I da CF/88, instituindo, portanto, nova

sistemática aplicação da justiça, criando, assim, órgãos próprios e

independentes da Justiça Comum, tendo à disposição um procedimento próprio

e específico para estabelecer um rol de princípios informativos norteadores do

processo perante o Juizado. Tal diploma legal visa, dentre outros objetivos,

busca esforços no sentido de minimizar ao máximo a morosidade do Poder

Judiciário, buscando a celeridade desejada. Por esta razão, foram criados na

Justiça Estadual, em 1995, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, os quais

são regidos pela Lei n° 9.099/95, visando o desafogamento e celeridade no

Judiciário. Por força desta lei, os Juizados Especiais são competentes para

decidir causas que atinjam determinado valor ou em razão da matéria, aquelas

tidas como de menor complexidade ou poder ofensivo no âmbito criminal.

Mediante isso, observa-se que o objetivo no Juizado Especial Cível é

a conciliação ou transação, buscando-se sempre um acordo ou o

consentimento das partes. Sempre foi seu ideal, também, conseguir abreviar o

lapso temporal entre o fato e a prestação jurisdicional sancionatória, que

afasta a desconfortável sensação de impunidade.

49 ALVIM, Rui Carlos Machado. As despesas das diligências dos oficiais de justiça nas execuções fiscais da Fazenda Pública do Estado de São Paulo: A súmula n. 190, do Superior Tribunal de Justiça, e a atual posição do Tribunal de Justiça de São Paulo. In: Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. N. 55/56. São Paulo: PGESP, jan./dez. 2001. p. 355-402.

16

Page 17: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

É a lei 9099/95 que veio regulamentar dispondo sobre os Juizados

Especiais Cíveis e Criminais, explicitando nas disposições gerais, logo em seu

art. 1º:

Art. 1º. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

Conforme visto no artigo acima, tais juizados são regidos por

princípios orientadores que se encontram estabelecidos no art. 2º da Lei nº

9.099/95.

Já o artigo 2º da lei supracitada, estabelece que: “ Art. 2º. O processo

orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,

economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a

conciliação ou a transação”.

A competência dos juizados especiais se expressa no art. 3º da Lei

9099/95, que estabeleceu, no caso dos juizados especiais cíveis:

Art. 3º. O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civl; III - a ação de despejo para uso próprio; IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. § 1º. Compete ao Juizado Especial promover a execução: I - dos seus julgados; II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei. § 2º. Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. § 3º. A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação. Art. 4º. É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro: I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; II - do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer

17

Page 18: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

natureza. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

No caput do art. 54 da Lei nº9.099/95, isenta de custas, taxas ou

despesas, aqueles que buscam o acesso ao Juizado Especial, em primeiro grau

de jurisdição: "Art. 54 – O acesso ao Juizado Especial independerá, em

primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas " E

além de isentar de custas, o procedimento sumaríssimo desonera a parte

vencida, no que tange ao pagamento de honorários de sucumbência, em

primeiro grau de jurisdição, conforme artigo 55, da Lei n° 9.099/95:

Art. 55 - A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Tal determinação evidencia que a lei em referência procura

estabelecer os critérios para a admissibilidade simples e acessível a toda

população. Por conta disso, passa-se para os princípios norteadores dos

Juizados Especiais.

2.3. Principio norteadores

Neste tocante, conforme Roberto Bacellar 5 0 , dentre os vários

princípios que regem a Lei 9.099/95, assim como aqueles que regem o Código

de Processo Civil, o devido processo legal é aquele basilar, que oferece

sustento aos demais.

Para José Afonso Silva 5 1 , tal princípio está assentado na

Constituição Federal vigente, quando, no seu art. 5, LIV, assinala que

“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo

legal”. E, segundo ele, combinado com o direito de acesso á Justiça, previsto

no art. 5, XXXV, e o contraditório e a plenitude de defesa, previstas no art. 5,

LV, fecha-se o ciclo das garantias processuais, envolvendo, pois, a garantia

50 BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados Especiais: A nova mediação paraprocessual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 132..51 Op. Cit., p. 430.

18

Page 19: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

do contraditório, a plenitude do direito de defesa, isonomia processual e a

bilateralidade dos atos procedimentais.

Vê-se fundamentado o princípio do devido processo legal devido sua

previsão legal no artigo 5º, LIV, da Constituição Federal de 1988, que

assegura:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (. . .) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Assim sendo, tal princípio basicamente corresponde uma proteção à

liberdade e à propriedade, eis que para haver a restrição em algum destes

direitos, haverá necessariamente de haver o devido processo legal. Assim,

mediante o princípio basilar do processo legal, traz-se à lume os cinco

princípios fundamentais que regem o sistema dos Juizados Especiais Cíveis..

O primeiro princípio pode ser observado como sendo o princípio da

oralidade, princípio este tradicional, mas que, segundo Francisco Wildo

Dantas5 2 , através dele foi dado um poder as partes de se manifestarem,

podendo, mesmo que de maneira informal expor motivos os quais ensejaram

na lide. É claro que há quem entenda que este princípio possa prejudicar

direitos inerentes às partes pela falta de conhecimento técnico, justificando-se

na falta de capacidade postulatória e cerceamento de defesa, pois, julga-se

que restou ferido o princípio da ampla defesa. Porém, não convém

pormenorizar a divergência, restando-nos a dissecar o referido princípio. E em

conformidade com o autor mencionado, de acordo com o princípio da

oralidade, não existe a obrigatoriedade dos atos serem praticados por escrito

perante o juiz, podendo ser feitos oralmente.

Quanto ao princípio da isonomia, José Afonso Silva 5 3 prescreve que

este princípio não se limita apenas ao enunciado da igualdade perante lei,

mas, mencionando também a igualdade entre homens e mulheres,

acrescentando vedações a distinção de qualquer natureza e qualquer forma de

discriminação.

52 DANTAS, Francisco Wildo. Jurisdição, ação (defesa) e processo. São Paulo: Dialética, 1997, p. 162.53 Op. Cit., p. 213.

19

Page 20: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

O caput, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, traz a

previsão legal do princípio da isonomia, dizendo:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (.. .) .

Por esta razão, conforme o mesmo autor, caracteriza-se pela

igualdade das partes. Tal princípio encontra aplicação legal no Código de

Processo Civil, em seu artigo 125, I, onde o juiz deverá assegurar às partes

igualdade de tratamento. Esta igualdade era entendida como uma igualdade

formal, absoluta, porém, não se pode deixar de levar em consideração a

desigualdade econômica das partes, motivo pelo qual, atualmente, prevalece a

igualdade substancial das partes, ou seja, tratamento igual aos iguais e

desigual aos desiguais.

O princípio do Juiz Natural, na observação de Francisco Wildo

Dantas5 4 , é a de que tal princípio apresenta duplo aspecto, considerando que,

o primeiro, se identifica no princípio da investidura, por considerar-se que

somente é juiz aquele que for regulamente investido de jurisdição e, pelo

segundo, por vedar-se juízo ou tribunal de exceção, como assegurado no art.

5º, XXXVII, da Constituição Federal vigente. Assim sendo, conforme o autor

mencionado, o princípio do juiz natural busca impedir uma possível

arbitrariedade estatal, criando a necessidade da pré-existência de um juiz para

o julgamento de uma causa, assim como proíbe o juízo ou tribunal ad hoc, ou

seja, no ordenamento jurídico brasileiro não existe a figura do tribunal de

exceção, conforme estabelece o artigo 5º, XXVII, da Constituição Federal de

1988. Insere-se ainda no princípio do juiz natural a imparcialidade deste.

Já o princípio da inafastabilidade do controle judiciário, conforme

José Afonso Silva 5 5 , está previsto no art. 5, XXXV, da Constituição Federal,

que declara: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou

ameaça a direito”, possibilitando, pois, o ingresso em juízo nas leis

processuais, cabendo ao Poder Judiciário o monopólio da jurisdição,

garantindo o direito de invocar a atividade jurisdicional sempre que se tenha

54 Op. Cit., p. 43.55 Op. Cuit.,p. 430.

20

Page 21: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

como lesado ou simplesmente ameaçado um direito, individual ou não, uma

vez que o art. 5, XXXV, consagra o direito de invocar a atividade

jurisdicional, como direito público subjetivo, invocando a jurisdição para a

tutela do direito daquele contra quem se age, contra quem se propõe a ação.

Vê-se, portanto, conforme o autor mencionado, que a

inafastabilidade do controle judiciário é outro importante princípio que se

dirige inicialmente ao legislador, impedindo este de criar normas que visem

restringir ou afastar a apreciação judiciária. Concomitantemente, garante a

todos o acesso à justiça.

Outros princípios que são regedores dos Juizados Especiais são,

segundo Ada Grinover 5 6 , o princípio do contraditório, que indica também a

atuação de uma garantia fundamental de justiça, na qual está absolutamente

inseparável da distribuição da justiça organizada; o princípio da audiência

bilateral, onde o juiz, por força de seu dever de imparcialidade, coloca-se

entre as partes; o princípio da publicidade dos atos processuais, que consagra

o dever administrativo de manter plena transparência em seus

comportamentos, previsto no art. 37, caput, da Lei Magna; o princípio da

motivação das decisões judiciais, para o controle popular sobre o exercício da

função jurisdicional, em vista da garantia das partes à possibilidade de

impugnação para efeito de reforma, com a finalidade de aferir-se em concreto

a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões; o princípio do

duplo grau de jurisdição, indicando a possibilidade de revisão, por via de

recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau, que corresponde à

denominada jurisdição inferior, garantindo, assim, um novo julgamento por

parte dos órgãos da jurisdição superior; o princípio da identidade física do

órgão julgador, preconiza-se que o mesmo juiz que instruiu o processo prolate

decisão final; o princípio de imediatidade, indispensável à oralidade que nem

mesmo seria possível conceber um processo oral sem o contato direto e

pessoal do Juiz com as partes; o princípio da concentração dos atos

processuais, para a celeridade do processo, porquanto não deve haver um

lapso temporal muito grande entre a prática de um ato processual e um outro;

o princípio da simplicidade, que ocorre a limitação de causas de teor mais

56 GRINOVER, Ada Pellegrine et all. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 1995, p. 98.

21

Page 22: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

complexo; o princípio da informalidade, este assim como os demais, traz

consigo a idéia de derrubar o formalismo dos atos processuais, tornando o

magistrado mais ativo, servindo como apoio à solução de litígios,

aproximando-se de um resultado justo; o princípio da economia processual,

que visa o rendimento máximo a ser obtido da lei com o mínimo de atos

processuais; o princípio da celeridade presente em todos os momentos

possíveis na Lei nº 9.099/95, dentre outros.

Desta forma, evidencia-se que os princípios supramencionados

traçam diretrizes a serem seguidas pelos Estados ao instituírem os Juizados

Especiais, a fim de dar cumprimento ao art. 98, inciso I, da Constituição

Federal.

A partir da abordagem analítica realizada, o presente estudo passa

para o debate acerca da adoção da Lei 6.816/2007 que incide sobre os

Juizados Especiais e, por conseqüência, o acesso à Justiça.

22

Page 23: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

CAPÍTULO III

PREVISÕES DA LEI ESTADUAL 6816/2007

3.1. Lei 6816/2007

Em conformidade com o anteriormente exposto no presente trabalho,

encontrou-se a consagração do acesso à justiça previsto no inciso XXXV, § 1º

do art. 5º, da Constituição Federal vigente.

Tendo em vista os diversos problemas do Poder Judiciário brasileiro

há décadas, para atender a previsão constitucional do acesso à justiça foi

efetuada a edição da Lei 9099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais

Cíveis e Criminais, visando desafogar o Poder Judiciário e dar plenitude ao

acesso à Justiça.

No caput do art. 54 da Lei nº 9.099/95, é encontrado que estão

isentas de custas, taxas ou despesas todos aqueles que buscam o acesso ao

Juizado Especial, em primeiro grau de jurisdição, quando tal previsão atende

às exigências democráticas, as previsões constitucionais do princípio de

isonomia, visando facilitar o acesso à Justiça..

No entanto, no Estado de Alagoas, ocorreu no dia 12/07/2007 a

edição da Lei 6.816/2007, prevendo: “ A estrutura das turmas recursais, o

processamento de recurso inominado nos Juizados Especiais do Estado de

Alagoas e dá outras providências”.

Na citada Lei 8.216/2007 é encontrado em seu parágrafo 1º do art 7º

que:

Art. 7º - A interposição de recursos inominados cíveis nos Juizados Especiais do Estado de Alagoas, dependerá do recolhimento das custas judiciais e do depósito recursal. Parágrafo 1º - O valor do depósito recursal será de 100% (cem por cento) do valor da condenação, observado o limite de 40

23

Page 24: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

(quarenta) vezes o valor do salário mínimo, e deverá ser efetuado e no prazo dispostos no parágrafo 1º, do art. 42, da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Tal parágrafo do citado diploma legal suscitou discussão acerca de

conflitos de competência constitucional, a exemplo de contrariar princípios

constitucionais regedores do acesso à justiça e das determinações

principiológicas e regedoras dos Juizados Especiais, levando-se a um debate

acerca da sua constitucionalidade ou não.

Observou-se, portanto, que a edição da Lei 6.816/2007, notadamente

na previsão contida no seu parágrafo 1º do art 7º, onde ficou determinado que

o valor do depósito recursal será de 100% do valor da condenação, observado

o limite de 40 (quarenta) vezes o valor do salário mínimo, e deverá ser

efetuado nos prazos dispostos no parágrafo 1º, do art. 42, da Lei nº 9.099, de

26 de setembro de 1995.

3.2. Debates e discussões

Em primeiro lugar, os debates levantaram a questão da sobreposição

da Lei Estadual 6.816/2007 sobre a Lei Federal 9099/95, esta última a Lei dos

Juizados Especiais. O posicionamento a respeito da sobreposição da Lei

Estadual sobre Lei Federal é adotado com o argumento de que a primeira

altera mecanismo referenciado ao recurso já disposto na citada lei federal,

ocasionando a obrigatoriedade de se recolher além das custas processuais

devidas, também o valor correspondente ao valor integral da sentença pela

parte condenada, possibilitando, segundo esta corrente, um conflito com o que

já foi explicitado na Lei Federal e contrariando aos mecanismos executórios

previstos e vigentes na legislação brasileira.

Entre as entidades contrárias a tal condução alagoana, está a Ordem

dos Advogados do Brasil – OAB, seccional do Mato Grosso que tem

protestado contra a iniciativa tomada pelo Conselho de Supervisão dos

Juizados Especiais do Estado do Mato Grosso, que em 2006 editou Resolução

que fixava a cobrança de R$ 20 para diligências de oficiais de justiça no

âmbito dos Juizados Especiais, sempre que a parte não fosse beneficiária da

justiça gratuita. Desta forma a OAB do Estado exigiu judicialmente a não

24

Page 25: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

cobrança de taxas em Juizados Especiais, alegando que tal cobrança contraria

o princípio da lei federal criadora dos Juizados que previu a inexistência de

cobrança de custas para as partes.

Esta corrente entende que a Lei Federal, ou seja, Lei 9099/95, no

parágrafo 1º do seu art. 42 estabelece que haja pagamento de preparo para que

o recurso seja admitido e é pacífico o entendimento de que o preparo nada

mais é que o pagamento das despesas processuais, e não faz vinculação deste

ao valor da condenação.

Um outro posicionamento vai mais além da sobreposição da Lei

Estadual sobre a Lei Federal. Desta feita, baseado no art. 22 da CF/88 que

prevê "Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: I. direito

civil, comercial, penal, processual , eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,

espacial e do trabalho (.. .) ", há o entendimento de ocorrência de indevida

invasão do legislativo alagoano na competência da União, propondo, com

isso, Ação Direta de Inconstitucionalidade baseada no ar. 102, I, a, da CF/88

e Lei 9868/99.

A respeito da cobrança de taxas e custas, entende. Mantovanni

Colares Cavalcante 5 7 que não haverá custas para embargos e recursos nos

Juizados Especiais, alegando que: “(.. .) a parte que interpõe o recurso cível

esta isenta de custas, por ser beneficiária da gratuidade da justiça ou usuária

da assistência judiciária aos necessitados ”. No entanto, ele ressalva que:

“(.. .) Como as custas são matéria de organização judiciária, cabe a cada

Estado elaborar sua tabela, sendo razoável concluir que o valor deve ser

ínfimo, exatamente para não barrar o acesso da população menos favorecida

aos Juizados Especiais a nível de segunda instância (Turmas Recursais) ”.

Além disso, o autor ainda ressalta que: “(.. .) a utilização do Regimento de

Custas nos Juizados Especiais está restrito à hipótese de recurso, já que na

primeira instância não pode haver cobrança de custas, taxas ou despesas ”.

Sobre tais entendimentos, Ana Maria Pereira de Oliveira 5 8 esclarece

que os recursos cabíveis e sua disciplina legal, tendo em vista que “(.. .) a

forma como os recursos contra as decisões dos Juizados Especiais se opera,

teve, assim, suas linhas gerais traçadas na citada norma constitucional, que

57 CAVALCANTE, Mantovani Colares. O preparo do recurso nos Juizados Especiais. Fortaleza: UF, 2005.58 OLIVEIRA, Ana Maria Pereira. Recursos nos Juizados Especiais Cíveis. Informativo ABAMI, Rio de Janeiro, julho de 1998.

25

Page 26: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

dispôs que seu julgamento caberia a turmas de juizes de 1° grau ”,

entendendo a autora que além desse recurso, que não foi nominado,

provavelmente para evitar comparações com a apelação do Código de

Processo Civil, existe a previsão legal de embargos de declaração prevista no

art.48 da Lei 9099/ 95, que não são tidas, à unanimidade, como recurso,

sendo, para alguns, um incidente de complementação do julgado, o recurso

inominado ficou, portanto, previsto no art. 41 da Lei 9099/95 e que é cabível

contra as sentenças, excetuadas as homologatórias de acordo ou de laudo

arbitral, que são irrecorríveis. Neste caso, atenta a autora mencionada que

além da assistência por advogado, exige-se que o recurso seja regularmente

preparado nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes à sua interposição, não

havendo necessidade de internação do Recorrente para que proceda ao

pagamento, incluindo-se as despesas processuais, ressalvada a hipótese de ser

o Recorrente beneficiário da gratuidade de justiça. Entende ela, com isso, que

tais exigências legais de assistência de advogado e pagamento de custas

deixam claro a intenção do legislador em desestimular a interposição de

recursos, e que a isenção de despesas processuais fica restringida ao primeiro

grau de jurisdição. Isto quer dizer, portanto, que, segundo ela, em grau de

recurso o recorrente vencido arcará com as custas e honorários advocatícios,

que serão fixados pela Turma Recursal, de 10% a 20% do valor da condenação

ou do valor corrigido da causa, conforme previsto pelo art. 55 da Lei 9099/95.

As discussões vão se ampliando no debate, tendo, inclusive,

aprofundando o tema, posicionamentos nas discussões acerca da

constitucionalidade da cobrança das custas e taxas judiciais.

Quando Gustavo Sampaio Valverde 5 9 aborda que a

inconstitucionalidade da maioria das custas dos serviços forenses, amparado

ao que preceitua a Constituição Federal, em seu art. 24, inciso IV, ao dispor

que a União, os Estados e Distrito Federal devem legislar concorrentemente

sobre custas dos serviços forenses, inserindo-se, pois, no conceito das normas

de estrutura, na medida em que outorga competência legislativa tributária aos

entes políticos especificados. Salienta ele nos casos das taxas judiciais estas

devem estar submetidas plenamente aos princípios e normas do Sistema

59 VALVERDE, Gustavo Sampaio.A inconstitucionalidade da base de cálculo das custas judiciais. Revista Dialética de Direito Tributário, n. 47, agosto, 1999, p.33.

26

Page 27: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Tributário Brasileiro, o qual, em razão do seu específico regime jurídico,

estarão sempre sujeitas. Com isso, entende ele, que as custas, taxas e

emolumentos cobrados para ingresso de pleitos judiciais são entendidas na

correspondência à taxa devida pela prestação de certos serviços que emanam

da prática de atos processuais, sendo, porém, que a esta cobrança, traz o

debate acerca de inibição desta de acesso à Justiça.

O argumento de João Batista Damasceno 6 0 é o de que as questões

problemáticas na prestação do serviço judiciário, que ao cobrar por este

serviço, se confronta com o seu art. 5º.LXXIV, da Constituição Federal, que

assegura aos hipossuficientes econômicos a prestação de assistência integral e

gratuita, desde que comprovem insuficiência de recursos. E sobre esta

discussão há que observar as colocações de Nelson Nery Junior 6 1 , que se

posiciona da forma ao se expressar que a garantia constitucional de acesso à

justiça não significa que o processo deva ser gratuito. No entanto, se a taxa

judiciária de modo criar obstáculo ao acesso à justiça, tem-se entendido ser

ela inconstitucional por ofender o princípio aqui estudado. Isto quer dizer,

portanto, da necessidade de um limite de razoabilidade na cobrança da taxa

judiciária.

Também é observado por Miguel Slhessarenko Júnior 6 2 que em vista

“(.. .) um Judiciário brasileiro: extremamente moroso, com elevadas taxas e

custas processuais e um formalismo exacerbado ”, razão esta que contribui

substancialmente para a criação de Juizados Especiais capazes de contemplar

a proteção dos direitos dos cidadãos e que estes Juizados se desligavam da

burocracia judicial e do formalismo processual, garantindo, assim, o acesso à

Justiça. Salienta ele que com o advento da Lei 9099/95, com promulgação da

EC 22/99 e da Lei Federal 10.259/01, tais diplomas legais forneceram eficácia

ao dispositivo constitucional sedimentados nos “(.. . .) princípios basilares do

avanço processual na abertura do amplo, pleno e efetivo acesso à Justiça ”,

notadamente no que ficou disposto no art. 2º da Lei nº 9.099/95, em que: " o

processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,

informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que 60 DAMASCENO, João Batista. Acesso á justiça, gratuidade e essencialidade da prestação jurisdicional. Rio de Janeiro: UCM,UERJ, 2004. 61 NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado e legislação processual civil extravagante em vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 62 SLHESSARENKO JUNIOR, Miguel. A justiça Milionária. Cuiabá: TRF, 2007.

27

Page 28: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

possível, a conciliação ou a transação ". Por esta razão, entende o autor

mencionado, que:

A Justiça brasileira é extremamente cara e o devido processo legal, associado ao amplo direito de defesa, com o necessário formalismo, faz com que muitas demandas circulem por anos e anos na Justiça singular ou nas Instâncias Superiores, o que gera um grande acúmulo e sobrecarga de processos, com gastos constantes e intermináveis na busca da solução do litígio 6 3 .

Por esta razão, entende o autor acima apresentado que os Juizados

Especiais representam, portanto, os anseios dos cidadãos brasileiros, que

encontravam intermináveis óbices burocráticos para a solução de seus

conflitos, solucionando, para o autor, o problema concreta e efetivamente de

acesso à Justiça, permitindo ao cidadão comum o acesso direto, informal,

rápido, gratuito e participativo.

Há que se considerar que em decisão tomada pelo Conselho Nacional

de Justiça no Procedimento de Controle Administrativo, atendendo pleito da

Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso, ficou

estabelecido que não deve mais ser cobrada custas das partes, suspendendo a

cobrança nos Juizados do Mato Grosso.

Neste sentido, encontra-se que, de acordo com o relator do CNJ,

Oscar Argollo 6 4:

(. . .) a iniciativa contraria frontalmente a lei que estabelece o funcionamento dos Juizados Especiais, que diz expressamente que as partes não pagarão custas. Enquanto perdurar o efeito da aludida resolução, haverá obstáculo para ajuizamento das ações perante os juizados especiais, com a criação e incidência de custas, situação que a lei procurou contornar, justamente para garantir acesso a todas as pessoas.

Com este argumento o Plenário do Conselho Nacional de Justiça

decidiu, por unanimidade, em sessão suspender cobrança de taxa em juizados

especiais do Estado do Mato Grosso. A suspensão foi determinada em caráter

liminar até o julgamento definitivo do caso.

63 Op. Cit. 64 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Obstáculo à Justiça: Cobrança de taxa em Juizados Especiais contraria lei. Revista Consultor Jurídico, 7 de junho de 2007.

28

Page 29: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

Neste sentido, é de se compreender que pelo fato do direito ao

acesso à justiça estar consagrado no art. 5º, § 1º, XXXV da Constituição

Federal vigente, proporcionando de forma ampla e irrestrita que qualquer

cidadão possa ter o direito de recorrer à Justiça quando tiver seus direitos

coibidos ou usurpados. Isto leva também a entender que as prescrições

previstas na Lei 9099/95 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e

Criminais, visando além de desafogar o Poder Judiciário e dar plenitude ao

acesso à Justiça, proporcionar, então, o acesso de todos, prevendo no caput do

art. 54 da citada lei a isenção de custas, taxas ou despesas para todos aqueles

que buscam o acesso ao Juizado Especial, em primeiro grau de jurisdição. É,

portanto, razoavelmente entendido que a cobrança de taxas para interposição

de recursos nos Juizados Especiais sai por completo da sua razão de

existência em conformidade com o previsto na lei de criação dos próprios

Juizados Especiais.

29

Page 30: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

CONCLUSÃO

O presente estudo foi desenvolvido no sentido de abordar de forma

analítica a temática “O acesso à Justiça nos Juizados Especiais: análise do

parágrafo 1º do art. 7º da Lei 6816/2007 ”.

Para tanto foi desenvolvida inicialmente uma abordagem acerca da

fundamentação conceitual e das barreiras de acesso à Justiça, tratando a partir

de uma revisão da literatura a condição de abrangência do Estado

Democrático de Direito na inserção e inclusão do cidadão de forma ampla e

irrestrita no seu acesso à Justiça.

Desta parte dos estudos ficou evidenciado que o acesso à justiça a

todos os cidadãos brasileiros é garantido constitucionalmente, muito embora

ocorram inumeráveis óbices que obstaculizam seu acesso.

Como conseqüência dessa disposição constitucional, em seguida o

presente estudo passou a tratar acerca de uma abordagem conceitual,

histórica, legal e principiológica dos Juizados Especiais e o seu papel como

um instrumento para servir ao cidadão e a sua razão inovadora que foi

introduzida na Constituição Federal atendendo às exigências do Estado

Democrático de Direito mencionado anteriormente.

Com isso, entende-se conclusivamente que a implantação dos

Juizados Especiais foi sem dúvida uma importante alavanca para o acesso à

Justiça, inserindo e incluindo o cidadão brasileiro ao atendimento dos seus

anseios.

Após abordagem do acesso á Justiça proporcionado pela criação dos

Juizados Especiais, o presente trabalho focou seus objetivos à análise do

parágrafo 1º do art. 7º da Lei Estadual 6816/2007, que determinou a cobrança

de depósito recursal no valor de 100% do valor da condenação.

Com base, portanto, na revisão da literatura efetuada durante a

realização do presente estudo, ficou observada a existência de correntes que

30

Page 31: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

se posicionaram contrárias à cobrança de taxas pelos Juizados Especiais, uma

vez que tal cobrança fere frontalmente a Lei Federal criadora dos referidos

Juizados.

Na literatura são encontrados diversos argumentos baseados, em

primeiro lugar, que a cobrança de taxas nos Juizados Especiais integram os

óbices e barreiras de acesso à Justiça, que contraria o principio norteador de

criação dos próprios Juizados Especiais.

Em segundo lugar, os posicionamentos contrários à cobrança de

taxas pelos Juizados Especiais, além de inibir o acesso à Justiça promovem,

também, exclusão do cidadão comum e de empresas de pequeno porte de

buscar na Justiça a solução para o desequilíbrio das relações ou direitos

passíveis de apreciação judicial.

De forma mais contundente, as correntes contrárias entendem que,

no caso específico da lei alagoana, houve uma invasão na competência do

legislador estadual, quando o assunto está na esfera de competência da União

por se tratar de uma Lei Federal.

As discussões e debates, evidentemente, prosseguirão, embora o

entendimento de que a cobrança de taxas de qualquer natureza nos Juizados

Especiais inibe verdadeiramente o acesso à Justiça criando mais uma barreira

dentre as mencionadas no decorrer do trabalho.

Em virtude disso entende-se que o posicionamento contrário se

enquadra dentro da realidade desejada pelo cidadão e por pequenas empresas

que encontram na cobrança de tais taxas recursais evidentes obstáculos para

promoção da justiça. Evidentemente que apesar da tendência mais

pronunciada da doutrina pelo posicionamento contrário, carece, portanto, de

mais aprofundada apreciação para que se encontre eficiente e eficazmente o

caminho de se manter o acesso à justiça plenamente para todo cidadão

brasileiro.

Por esta razão, o presente estudo, longe de exaurir todas as

possibilidades e implicações do tema em questão, pretendeu modesta e

tranqüilamente contribuir para ampliação e aprofundamento dos debates de

tão importante temática e por exigência de sua própria natureza conflitante.

31

Page 32: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

REFERÊNCIAS

ALAGOAS. Constituição de Alagoas. Maceió: SERGASA, 1989

________. Lei 6816/2007, de 12 de julho de 2007. Maceió: Governo do Estado de Alagoas, 2007.

ALBUQUERQUE, Cândido Bittencourt de. Poder Judiciário – A Reforma Administrativa Possível (Algumas Reflexões). Fortaleza: UFC, 1999.

ALVIM, Rui Carlos Machado. As despesas das diligências dos oficiais de justiça nas execuções fiscais da Fazenda Pública do Estado de São Paulo: A súmula n. 190, do Superior Tribunal de Justiça, e a atual posição do Tribunal de Justiça de São Paulo. "In": Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. N. 55/56. São Paulo: PGESP, jan./dez. 2001. p. 355-402.

BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados Especiais: A nova mediação paraprocessual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2002.

CAPPELLETTI, M. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988

CARDOSO, Antônio Pessoa. A justiça alternativa: juizados especiais. Belo Horizonte: Ciência Jurídica, 1996.

CARVALHO, Maria Helena Campos de. Acesso à justiça. In:.Sociologia Geral e do Direito. Campinas: Alínea, 2004. Cap. 9, p. 167-178.

CARVALHO, Rubens Miranda. Contribuição de melhoria e taxas no direito brasileiro. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999.

CATALAN, Marcos Jorge. O procedimento do juizado especial cível. São Paulo: Mundo Jurídico, 2003.

CAVALCANTE, Mantovani Colares. O preparo do recurso nos Juizados Especiais. Fortaleza: UF, 2005.

CIARLINI, Rita. A nova cara da justiça. In: Revista Consulex. Nº. 35. Brasília: Novembro de 1999.

CLÈVE, Clèmerson Merlin. Poder Judiciário: autonomia e justiça. Revista dos Tribunais – vol.82, n.691, p.34-44, mai.1993.

32

Page 33: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

DAMASCENO, João Batista. Acesso á justiça, gratuidade e essencialidade da prestação jurisdicional. Rio de Janeiro: UCM/UERJ, 2004.

DANTAS, Francisco Wildo. Jurisdição, ação (defesa) e processo. São Paulo: Dialética, 1997.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Princípios e critérios no processo das pequenas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985

FRIGINI, Ronaldo. Comentários a lei de pequenas causas. São Paulo: Editora de Direto, 1995.

GASPAR, Luiza Andréa. Juizados Especiais Cíveis. São Paulo: Iglu, 1998.

GONÇALVES, Gláucio Ferreira Maciel. Direito à tutela jurisdicional. Revista de informação legislativa, volume 33, n.°129, 1996.

GRINOVER, Ada Pellegrine et all . Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 1995

JANCZESKI, Célio Armando. Taxas: doutrina e jurisprudência. Curitiba: Juruá, 1999.

KREBS, Fernando Aurvalle (Org). A Reforma do Poder Judiciário. Curitiba: Juruá, 1999.

LACERDA, Galeno. Dos juizados de pequenas causas. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1983.

LARA, Valdir de Resende. Natureza jurídica das despesas processuais. In Revista de Processo n. 46. Rio de Janeiro: Forense.s/d p. 213-219.

LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Juizados Especiais Cíveis, aspectos polêmicos. Revista de Processo. São Paulo. V. 23, nº90. Abr./jun. 1998

MACHADO, Agapito. A nova reforma do Poder Judiciário: EC nº 45/04. Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 600, 28 fev. 2005. Disponível em http://jus2.uol.com.br . Acesso em: 24 out. 2005.

MAZZILLI, Hugo Nigro. O acesso à justiça e o Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1998.

NASCIMENTO, Iran Velasco. Custas processuais no âmbito da Justiça Federal. Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 57, jul. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/ Acesso em: 01 nov. 2005.

NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação processual civil extravagante em vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

33

Page 34: ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS: ANÁLISE DO PARÁGRAFO 1º DO ART 7º DA LEI 6816/2007

OLIVEIRA, Ana Maria Pereira. Recursos nos Juizados Especiais Cíveis. Informativo ABAMI, Rio de Janeiro, julho de 1998.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Obstáculo à Justiça: Cobrança de taxa em Juizados Especiais contraria lei. Revista Consultor Jurídico, 7 de junho de 2007.

ROCHA, Felippe Borring. Juizados Especiais Cíveis: Aspectos Polêmicos da Lei nº 9.099, de 26.9.1995. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

ROCHA, José de Albuquerque. Estudos sobre o Poder Judiciário. São Paulo: Malheiros, 1995.

ROCHA, José de Moura. Custas. São Paulo: Saraiva, 1977.

RODRIGUES, Horácio Wanderley. Acesso à justiça no direito processual brasileiro. São Paulo: Primeira Edição, 1994.

SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica: Introdução a uma leitura externa do direito.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: O social e o político no país. São Paulo: Cartez, 1996.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2004.

SILVA, Plácido e. Vocabulário Jurídico. Vol. 1 e 2. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1990.

SILVA, Ovídio; GOMES, Fabio. Teoria geral do processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2004.

SLHESSARENKO JUNIOR, Miguel. A justiça Milionária. Cuiabá: TRF, 2007.

SOARES, Nildomar da Silveira. Juizados Especiais: a Justiça da Era Moderna agoniza. Teresina, Jus Navigandi a. 4, n. 39, fev. 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/ Acesso em: 01 maio. 2004.

VALVERDE, Gustavo Sampaio. A inconstitucionalidade da base de cálculo das custas judiciais. Revista Dialética de Direito Brasileiro, n. 47, Agosto, 1999, p. 33-44.

ZANON, José Antonio. Direitos do Consumidor e a Responsabilidade dos Fornecedores. Campinas, S.P: Copola, 1996.

34