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Aplicação de Agrotóxicos A aplicação de agrotóxicos, tal como se conhece hoje, não difere essencialmente daquela praticada há 100 anos, e se caracteriza por um considerável desperdício de energia e de produto químico, constituindo-se em sério risco de acidente para o agricultor e para o meio ambiente. Para melhorar a qualidade e eficiência dos tratamentos e reduzir o desperdício de produtos e contaminação do ambiente, os pulverizadores devem ser calibrados periodicamente, utilizando-se equipamentos e métodos reconhecidos no Brasil e internacionalmente. A aplicação de agrotóxicos é uma ciência aplicada de natureza multidisciplinar, envolvendo, as áreas de medicina, ecologia, biologia, química, física, engenharia, sociologia, economia e comércio. O uso indevido e inadequado de agrotóxicos é responsável pelos altos índices de intoxicação verificados entre os produtores e trabalhadores rurais, provoca a contaminação dos alimentos consumidos pela população, causando ainda grandes danos econômicos e ambientais à sociedade. A Carta do Rio de Janeiro apresenta uma série de sugestões para minorar o problema. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA , tecnologia de aplicação de agrotóxicos é o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com mínimo de contaminação de outras áreas. Os agrotóxicos devem exercer a sua ação sobre um determinado organismo que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja ele uma planta daninha, um inseto, um fungo ou uma bactéria. Qualquer quantidade do produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia e estará representando uma forma de perda. A fixação pouco exata do alvo eleva invariavelmente a perda de grande proporções, pois o produto é então aplicado sobre partes que não têm relação direta com o controle. Por exemplo, em média, 30% do produto aplicado visando folhas atingem o solo por ocasião da aplicação (Matuo, 1990). As classes de risco de toxicidade, caracterizadas pelas faixas coloridas e por símbolos e frases, indicam o grau de periculosidade de um produto, mas não definem de forma exata quais sejam esses riscos. Os maiores riscos de intoxicação estão relacionados ao contato do produto ou da calda com a pele. A via mais rápida de absorção é pelos pulmões; daí, a inalação constituir-se em grande fator de risco. Assim, os trabalhadores que aplicam rotineiramente agrotóxicos devem se submeter periodicamente a exames médicos. A utilização de agrotóxicos é influenciada por diversos fatores, dentre os quais destacam-se o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e o veículo utilizado no produto. É aconselhável que as pulverizações com agrotóxicos sejam realizadas nas horas mais frescas o dia, ou seja, pela manhã e ao final da tarde, a fim de evitar a evaporação rápida do produto aplicado. Deve-se interromper a pulverização quando a velocidade do vento ultrapassar 3 m/s (as folhas das

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Aplicação de Agrotóxicos

A aplicação de agrotóxicos, tal como se conhece hoje, não difereessencialmente daquela praticada há 100 anos, e se caracteriza por umconsiderável desperdício de energia e de produto químico, constituindo-se emsério risco de acidente para o agricultor e para o meio ambiente. Para melhorar aqualidade e eficiência dos tratamentos e reduzir o desperdício de produtos econtaminação do ambiente, os pulverizadores devem ser calibradosperiodicamente, utilizando-se equipamentos e métodos reconhecidos no Brasil einternacionalmente.

A aplicação de agrotóxicos é uma ciência aplicada denatureza multidisciplinar, envolvendo, as áreas de medicina,ecologia, biologia, química, física, engenharia, sociologia, economiae comércio.

O uso indevido e inadequado de agrotóxicos éresponsável pelos altos índices de intoxicação verificados entre osprodutores e trabalhadores rurais, provoca a contaminação dosalimentos consumidos pela população, causando ainda grandesdanos econômicos e ambientais à sociedade. A Carta do Rio de

Janeiro apresenta uma série de sugestões para minorar o problema.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA, tecnologia de aplicação de agrotóxicos é o emprego de todos osconhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produtobiologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica,com mínimo de contaminação de outras áreas.

Os agrotóxicos devem exercer a sua açãosobre um determinado organismo que se desejacontrolar. Portanto, o alvo a ser atingido é esseorganismo, seja ele uma planta daninha, um inseto,um fungo ou uma bactéria. Qualquer quantidade doproduto químico que não atinja o alvo não teráqualquer eficácia e estará representando uma formade perda. A fixação pouco exata do alvo elevainvariavelmente a perda de grande proporções, pois o produto é então aplicadosobre partes que não têm relação direta com o controle. Por exemplo, em média,30% do produto aplicado visando folhas atingem o solo por ocasião da aplicação(Matuo, 1990).

As classes  de  risco  de  toxicidade, caracterizadas pelas faixascoloridas e por símbolos e frases, indicam o grau de periculosidade de umproduto, mas não definem de forma exata quais sejam esses riscos. Os maioresriscos de intoxicação estão relacionados ao contato do produto ou da calda com apele. A via mais rápida de absorção é pelos pulmões; daí, a inalação constituir-seem grande fator de risco. Assim, os trabalhadores que aplicam rotineiramenteagrotóxicos devem se submeter periodicamente a exames médicos.

A utilização de agrotóxicos é influenciada por diversos fatores,dentre os quais destacam-se o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, oingrediente ativo e o veículo utilizado no produto.

É aconselhável que as pulverizações com agrotóxicos sejamrealizadas nas horas mais frescas o dia, ou seja, pela manhã e ao final da tarde, afim de evitar a evaporação rápida do produto aplicado. Deve-se interromper apulverização quando a velocidade do vento ultrapassar 3 m/s (as folhas das

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árvores começam a se agitar).

Cuidados durante a aplicação

Evitar a contaminação ambiental - preservar a natureza;Utilizar equipamento de proteção individual - EPI (macacão de PVC,luvas e botas de borracha, óculos protetores e máscara contra eventuaisvapores). Em caso de contaminação substituí-los imediatamente;Não trabalhar sozinho quando manusear produtos tóxicos;Não permitir a presença de crianças e pessoas estranhas ao local detrabalho;Preparar o produto em local fresco e ventilado, nunca ficando a frentedo vento;Ler atentamente e seguir as instruções e recomendações indicadas norótulo dos produtos;Evitar inalação, respingo e contato com os produtos;Não beber, comer ou fumar durante o manuseio e a aplicação dostratamentos;Preparar somente a quantidade de calda necessária à aplicação a serconsumida numa mesma jornada de trabalho;Aplicar sempre as doses recomendadas;Evitar pulverizar nas horas quentes do dia, contra o vento e em dias devento forte ou chuvosos;Não aplicar produtos próximos à fonte de água, riachos, lagos, etc;Não desentupir bicos, orifícios, válvulas, tubulações com a boca;Usar os produtos menos tóxicos para as abelhas ou outros insetospolinizadores; eNão aplicar antes das irrigações (por aspersão), pois as gotas d'águalavam o produto das folhas, anulando o tratamento e contaminando osolo e os cursos d'água.

Guardar os produtos em embalagens bem fechadas, em locaisseguros, fora do alcance de crianças e animais domésticos e afastados dealimentos ou ração animal. Manter o produto em sua embalagem original e nãoreutilizar as embalagens vazias.

Tecnologia Moderna de Aplicação

Entre as mais modernas tecnologias deaplicação de agrotóxicos conhecidas e utilizadas noBrasil está a Aviação Agrícola que, além de utilizaraeronaves fabricadas no País pela Embraer (EMB200Ipanema), consegue reduzir a quantidade deagrotóxicos de 60 litros por hectare para menos de 5l/ha (ultra-baixo-volume ou UBV). Além disso, reduzem até 4 vezes o tempo de aplicação: enquanto na técnica convencional do altovolume - AV (40 a 60 litros de agrotóxicos por hectare) pulverizam-se de 30 a 50

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hectares em uma hora de trabalho, com o avião pode-se cobrir de 80 a 120 ha nomesmo período. Com a vantagem de uma melhor uniformidade na distribuição ede não se compactar o solo (no caso da aplicação motorizada).

Logo depois do avião agrícola, a maismoderna tecnologia de aplicação de agrotóxicos está nosveículos motorizados, como o da foto ao lado. Essasmáquinas, além de acelerarem o trabalho, expõem menoso aplicador aos efeitos deletérios dos produtos químicossobre o organismo.

A Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa) desenvolveu o bocal eletrostático para pulverizadores,um equipamento que reduz o uso de agrotóxicos em plantações. Segundo opesquisador do Laboratório de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos daEmbrapa Aldemir Chaim, que criou o bocal, o aparelho é indicado parapequenos agricultores e para culturas de porte arbustivo, como uva e café, porexemplo.

Segundo a Radiobrás, a Embrapa Meio Ambienteadaptou-o em pulverizadores motorizados costais e, em testesrealizados na cultura de tomate estaqueado, demonstrou que anova tecnologia aumenta 19 vezes a deposição de agrotóxicosnas plantas e reduz em 13 vezes a contaminação dosaplicadores. O desperdício para o solo é extremamentereduzido, pois as gotas carregadas com eletricidade estáticasão fortemente atraídas pelas plantas. Se a quantidade de agrotóxico depositadonas plantas pelo processo de pulverização convencional é suficiente paracontrolar o problema fitossanitário, teoricamente, o mesmo controle poderia serconseguido com a pulverização eletrostática, reduzindo-se 19 vezes a doseaplicada.

A Embrapa Meio Ambiente, já desenvolveu também dois bicospneumáticos eletrostáticos que geram pequenas gotas com alto nível de carga,que poderão ser utilizados em pulverizadores costais ou tratorizados. Algumasempresas fabricantes de equipamentos já se mostraram interessadas nessa novatecnologia e provavelmente, dentro de alguns meses, alguns equipamentosestarão disponíveis no mercado.

O Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos- SINTAG disponibiliza uma série de trabalhos técnicos apresentados durante oII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DEAGROTÓXICOS: EFICIÊNCIA, ECONOMIA E PRESERVAÇÃO DA SAÚDEHUMANA E DO AMBIENTE.

Outros artigos sobre agrotóxicos estão disponíveis no Portal daComunicação em Agribusiness e Meio Ambiente - AGRICOMA.

Legislação Federal de Agrotóxicos

A Norma Regulamentadora Rural - NRR5 - Produtos Químicos tratados seguintes produtos químicos utilizados no trabalho rural: agrotóxicos eafins, fertilizantes e corretivos.

O site da Associação Nacional dos Defensivos Agrícolas - ANDEFtranscreve na íntegra o Dec. Nº 4.074, de 04/01/02, que trata do assunto.

As pessoas físicas e jurídicas que sejam prestadoras de serviços naaplicação de agrotóxicos, seus componentes e afins, ou que os produzam,importem, etc. estão sujeitas à LEI N 7.802, de 11/07/1989, que dispõe sobre a

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pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem erotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização,a propaganda comercial, a utilização, a importação, aexportação, o destino final dos resíduos e embalagens, oregistro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalizaçãode agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outrasprovidências.

Primeiros Socorros

Problemas relativos ao envenenamento por agrotóxicos constamdeste site, no capítulo dedicado às Doenças no Meio Rural.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia deSanta Catarina - CREA-SC fornece uma série de recomendações sobre o usoadequado dos agrotóxicos na lavoura, orientações no caso de envenenamento(primeiros socorros), proteção ao meio ambiente, descarte de embalagens e atésobre a Receita Agronômica.