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Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
Guida SilvaGerência do Programa de Hepatites ViraisSecretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro
História dos CTAs
-1988 – COAS – Prioridade para a população de “maior risco” – homossexuais, UDI e profissionais do sexo
- Absorção da demanda dos bancos de sangue
-Década de 90 – A noção de “risco” deixou de ser focada em grupos específicos e passou a ser relacionada a comportamento individual
-1993 – Jonathan Mann – conceito de vulnerabilidade – fatores sociais, culturais e políticos como a base da susceptibilidade
- CTAs como referência de acesso universal para testagem
- 1995 a 1998 – Financiamento do MS para a implantação – 108 CTAs
História dos CTAs
• 2001 a 2004 – Implantação de 150 CTAs (Fique Sabendo e Projeto NASCER) – Política de Incentivo
Região No CTAs %Centro-Oeste 65 15,2Norte 57 13,6Nordeste 77 18,0Sul 61 14,3Sudeste 166 38,9
Total 426 100,0Diretrizes para Organização e Funcionamento dos CTA – MS/2010
História dos CTAs
• Hoje – Descentralização e ampliação do acesso – oferta de aconselhamento e testagem na rede
• Desafios:# re-estruturação de serviços# capacitação das equipes# informação
Missão dos CTAs
• Promover a equidade e o acesso ao aconselhamento, ao diagnóstico do HIV, hepatites B, C e sífilis, e à prevenção dessas e demais DST, favorecendo segmentos populacionais de maior vulnerabilidade, com respeito aos direitos humanos, à voluntariedade e à integralidade da atenção, sem restrições territoriais.
Diretrizes para Organização e Funcionamento dos CTA – MS/2010
Estruturação dos Serviços para as Ações de
Testagem e Aconselhamento
• Horário de funcionamento – fixo, abrangente, confiável, divulgado
• Espaço facilmente localizável• Livre acesso • Anonimato flexível e voluntariedade em todos os
serviços• Acesso aos insumos de prevenção• Acolhimento• Espaço para aconselhamento individual com privacidade• Espaço para aconselhamento coletivo
Abordagem e Atenção ao Usuário
• Hepatites Virais B e C:# Oferecer testagem mediante aconselhamento aos usuários da Unidade de Saúde conforme oportunidade/necessidade# Oferecer testagem mediante aconselhamento aos usuários que procurarem testagem para HIV/Aids# Oferecer testagem para HIV/Aids/Sífilis aos usuários que procurarem testagem para Hepatites B e C
Prazo de entrega de resultados: Desejável 15 dias, máximo 30 dias.
Insumos de Prevenção
• Preservativos masculinos de 49 e 52mm – disponíveis em local de livre acesso para usuários e usuárias na recepção ou sala de atendimento
• Preservativos femininos, gel lubrificante e kit de redução de danos: disponibilizados sem barreiras de acordo com as necessidades, práticas sexuais e uso de drogas por parte dos usuários
• Os usuários não serão obrigados a passar por palestras, consultas ou identificação prévias para terem acesso aos insumos de prevenção
Perfil do Aconselhador
• Profissional capacitado em Aconselhamento para HIV/Aids/Sífilis/Hepatites B e C;
• Profissional acolhedor, que valorize a escuta, sensível às demandas do usuário, com compromisso ético;
• Que detenha os conhecimentos técnicos sobre as patologias em questão, incluindo mecanismos de transmissão, sinais e sintomas, curso evolutivo e prognóstico;
• Que domine os fluxos e instrumentos de referência aos outros níveis de atendimento;
• Que conheça os instrumentos e fluxos de Vigilância Epidemiológica das patologias em questão;
Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
• O aconselhamento consiste em um processo educativo e deve se desenvolver mediante diálogo interativo, baseado em uma relação de confiança. Tem um papel importante na promoção da saúde, pois visa proporcionar à pessoa condições para que avalie seus próprios riscos e tome decisões realistas quanto à sua prevenção e aos problemas que possam estar relacionados às DST/HIV/aids e às hepatites virais (MS, 2003), levando o indivíduo a reconhecer-se como sujeito na prevenção e manutenção da sua saúde. Este processo precisa ser desenvolvido levando-se em consideração o contexto de vida e os aspectos socioculturais nos quais os sujeitos estão inseridos.
A) Componente Educativo: (individual ou coletivo)Informações e esclarecimento de dúvidas conforme as
demandas do(s) usuário(s), interativamente, evitando repasse de conteúdo em demasia;
B) Componente Avaliação de Risco: (individual ou coletivo)No coletivo: Evitar exposições e favorecer a auto-avaliação.No individual: Avaliar conjuntamente com o usuário seu
comportamento e as possíveis exposições às hepatites virais B e C. Auxiliar o usuário a desenvolver plano viável de redução de risco no contexto de sua vida.
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
Pontos a serem abordados na avaliação de risco
a) Investigar uso de drogas e compartilhamento de materiais utilizados para o uso de drogas;
b) Investigar histórico de:• transfusão de sangue e/ou derivados;• hemodiálise, tratamento cirúrgico;• tratamento dentário;• acupuntura, tatuagem, piercings;
• doenças sexualmente transmissíveis;• contato com paciente/portador de hepatite B ou C; • exposição ocupacional;• vacinação contra hepatite B;• icterícia, hemofilia, alcoolismo, imunodepressão e
transplante;• uso de preservativos
c) Investigar também a presença atual de DST.
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
C) Componente Planejamento das Ações:
a) ajudar o usuário a avaliar e a perceber seus riscos de infecção pelas hepatites;
b) identificar barreiras para a mudança das situações de risco;
c) contribuir para a elaboração de um plano viável de redução de riscos;
d) reforçar a necessidade de triagem sorológica do(s) parceiro(s) sexual(is)
e) enfatizar a relação entre as hepatites B e C e as DST/HIV/aids no que diz respeito aos modos de transmissão;
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
f) lembrar que o consumo de álcool e outras drogas, lícitas ou ilícitas, pode alterar a percepção de risco;
g) considerar com o usuário o impacto em sua vida dos possíveis resultados do teste;
h) explicitar o fluxo de referência e contra-referência caso seja necessário o encaminhamento para serviços de maior complexidade para a complementação com testes sorológicos ou de biologia molecular
Componentes do Aconselhamento em Hepatites Virais B e C
D) Componente Emocional:
• Adotar postura de acolhimento;• Considerar as possíveis reações emocionais do usuário frente
aos possíveis resultados;• Considerar o apoio social e familiar disponível;• Evitar atitudes impositivas e ouvir o que ele tem a dizer;• Esclarecer o significado dos resultados reagentes para as
hepatites B e C;• Avaliar junto com o usuário a necessidade de comunicar aos
parceiros e familiares os seus resultados sorológicos;• Garantir o sigilo;
Aconselhamento Pré-Teste
• Reafirmar o sigilo das informações prestadas;• Identificar com clareza a demanda do usuário;• Prestar apoio emocional ao usuário;• Facilitar ao usuário a expressão de sentimentos;• Identificar as crenças e valores do usuário
acerca das hepatites;• Utilizar linguagem compatível com a cultura do
usuário;• Explicar os benefícios do uso correto do
preservativo (masculino e/ou feminino) e fazer a demonstração;
Aconselhamento Pré-Teste
• Orientar sobre o benefício do uso de material individual para utilização de drogas;
• Estimular a auto-estima e a autoconfiança do usuário;• Trocar com o usuário informações sobre a janela
imunológica, caso a situação exigir;• Trocar com o usuário informações sobre o significado
dos possíveis resultados do teste;• Considerar com o usuário o impacto em sua vida dos
possíveis resultados do teste;• Verificar qual o apoio emocional e social disponível ao
usuário (família, parceiros, amigos, trabalho e outros);
Aconselhamento Pré-Teste
• Avaliar com o usuário a realização ou não do teste;• Considerar com o usuário possíveis reações emocionais
que venham a ocorrer durante o período de espera do resultado;
• Reforçar a necessidade de adoção de práticas seguras também nesse período;
• Estimular a disseminação das orientações recebidas.
Aconselhamento Pós-Teste
• Diante do Resultado Não Reagente:
• Lembrar que um resultado não reagente não significa que o usuário está imune às hepatites B e C;
• No caso da hepatite C, ele pode estar infectado tão recentemente que ainda não teve tempo de produzir anticorpos para a detecção pelo teste;
• No caso da hepatite B, pode estar infectado tão recentemente que o exame ainda não detecta o antígeno de superfície do vírus do HBV.
• Obs: Nas duas últimas situações, deve ser avaliada a
exposição e a possibilidade de o usuário estar na janela imunológica, com a necessidade de novo teste.
Aconselhamento Pós-Teste
• Diante de Resultado Reagente:
• Permitir ao usuário o tempo necessário para assimilar o impacto do diagnóstico e expressar seus sentimentos;
• Conversar sobre sentimentos e dúvidas, prestando o apoio emocional e as informações necessárias;
• Estar atento para o manejo adequado de sentimentos comuns, tais como raiva, ansiedade, depressão, medo, negação e outros;
• Refletir sobre sentimentos associados a mitos e tabus relacionados às hepatites;
Aconselhamento Pós-Teste
• Lembrar que diante de um resultado reagente para hepatite C a pessoa pode ou não ser portadora do vírus, podendo também estar ou não com doença desenvolvida; e que, para hepatite B, um resultado reagente para o marcador HBsAg indica que ela é portadora do vírus, mas que não necessariamente tem a doença desenvolvida;
• Enfatizar que, mesmo sendo um portador assintomático, o usuário pode transmitir o vírus para outros;
• Reforçar a importância de acompanhamento médico, ressaltando que as hepatites B e C têm tratamento. As hepatites A e B têm vacina;
Aconselhamento Pós-Teste
• Reforçar a necessidade de adoção de práticas seguras para a redução de riscos de infecção por vírus de outras hepatites e aquisição de HIV/DST;
• Reforçar o benefício do uso correto do preservativo e demonstrá-lo;
• Reforçar o benefício do uso exclusivo de equipamentos para o consumo de drogas;
• Enfatizar a necessidade de o resultado ser comunicado ao(s) parceiro(s), oferecendo ajuda para tal, caso seja necessária;
• Orientar quanto à necessidade de o(s) parceiro(s) realizar(em) testagem para as hepatites, HIV e outras DST;
• Definir com o usuário os serviços de assistência necessários, incluindo grupos comunitários de apoio.
Conclusão
• Ser vulnerável, no contexto das DST, HIV/AIDS e Hepatites virais, significa ter pouco ou nenhum controle sobre o risco de se infectar, e para aqueles já infectados, ter pouco ou nenhum acesso a cuidados e suportes apropriados.
• É fundamental que o profissional de saúde tenha disponibilidade e sensibilidade para identificar as condições de maior ou menor vulnerabilidade de seus usuários.
• Sendo assim, será possível adequar as questões específicas da pessoa em atendimento, em relação a redução de riscos, proporcionando maior chance de resolutividade.