HABEAS CORPUS Nº 31.711 - SP (2003/0205236-0) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHERIMPETRANTE : OSVALDO J PACHECO IMPETRADO : PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL EXTRAORDINÁRIA DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : VICTOR GERALDO SIMONSEN FILHO PACIENTE : DARCY EPAMINONDAS DE ALMEIDA

EMENTA

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 186, VI E VII, E ART. 188, III E VIII, DO DECRETO-LEI N.º 7.661/45, C/C OS ARTS. 29, CAPUT, E 69, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA R. DECISÃO QUE RECEBEU A PEÇA ACUSATÓRIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.

I - Não é inepta a denúncia que, ao imputar a prática de delito societário aos acusados, deixa de individualizar pormenorizadamente a conduta de cada um deles, mas fornece dados suficientes à admissibilidade da acusação, permitindo a adequação típica (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).

II - A jurisprudência tem entendido que por se tratar de decisão interlocutória simples, o recebimento da denúncia em crimes de natureza falimentar, prescinde de exaustiva fundamentação. Na hipótese dos autos, entretanto, não houve qualquer fundamentação, constando quanto ao recebimento da peça acusatória tão somente a expressão "recebo a denúncia", o que torna imperiosa a sua anulação. (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).

III - O entendimento consagrado por esta Corte é o mesmo firmado nos Enunciados n.º 147 e n.º 592 da Súmula do c. Supremo Tribunal Federal, segundo os quais, o prazo prescricional nos crimes falimentares começa a correr da data do trânsito em julgado da sentença que encerrar a quebra ou de quando deveria estar encerrado o procedimento falimentar, ou seja, dois anos após a sua decretação (art. 132, § 1º, do Decreto-Lei nº 7.661/45).

Writ parcialmente concedido para anular a r. decisão que recebeu a denúncia, determinando que outra seja proferida, como se entender de direito, desde que com a devida fundamentação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Jorge Scartezzini, Laurita Vaz e José Arnaldo da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 25 de maio de 2004 (data do julgamento).

MINISTRO FELIX FISCHER Relator

Documento: 1290743 - EMENTA / ACORDÃO - Site Certificado- DJ: 01/07/2004 Página 1 de 1