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PAULA JARDIM PARDINI DE FREITAS
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES
PSICOMÉTRICAS DO ÍNDICE AUSCAN DE OSTEOARTRITE NA MÃO
PARA O BRASIL
Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais
2010
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PAULA JARDIM PARDINI DE FREITAS
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES
PSICOMÉTRICAS DO ÍNDICE AUSCAN DE OSTEOARTRITE NA MÃO
PARA O BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação,
nível mestrado, da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciências da Reabilitação.
Área de Concentração: Desempenho Funcional
Humano
Linha de Pesquisa: Estudos do Desempenho
Motor e Funcional Humano
Orientadora: Profª. Drª. Rosângela Corrêa Dias
Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais
2010
.
F862a
2010
Freitas, Paula Jardim Pardini Adaptação transcultural e avaliação das propriedades psicométricas do Índice AUSCAN de osteoartrite na mão para o Brasil. [manuscrito] / Paula Jardim Pardini de Freitas – 2010. 92f., enc.: il. Orientadora: Rosângela Corrêa Dias
Mestrado (dissertação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Bibliografia: f. 31-37
1. Osteoartrite – Teses. 3. Mãos – Teses. 4. Força da mão – Teses. 5. Reprodutibilidade de testes. I. Dias, Rosângela Corrêa . II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. III. Título.
CDU: 154.943 Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
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“Não vamos partir da suposição de que a vida
se manifesta de maneira mais plena nas coisas
que costumamos considerar grandes do que
naquelas que costumamos considerar pequenas”
Virgínia Woolf
.
A todos com osteoartrite nas mãos
.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que me incentivaram e ajudaram neste processo.
À minha orientadora Profa. Dra. Rosângela Corrêa Dias, agradeço pela confiança,
paciência e ensinamentos. Sua tranqüilidade, discrição e sabedoria facilitaram todo
meu percurso pelo Mestrado e a conclusão desse trabalho.
Ao Prof. Nicholas Bellamy, agradeço pelo direito concedido de tradução e adaptação
cultural do Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão e pela disponibilidade e atenção
durante todo o processo.
Às tradutoras: Izabella Biondi, Jeanne Marie Jardim Pardini, Judy Robe e Jane Ibrahim
de Carvalho pela disponibilidade, competência, demonstração de amizade, e,
principalmente, pelos momentos agradáveis que tivemos durante o processo de
tradução do AUSCAN.
Aos médicos e terapeutas que participaram do comitê de especialidade no processo de
tradução do AUSCAN e contribuíram de forma efetiva na elaboração do questionário
final: Dr. Arlindo Gomes Pardini Jr, Dra. Lúcia Helena de Assis Cabral e Dra. Rosa
Weiss Telles.
A Fernanda Cristeli, obrigada pela árdua tarefa de agendamento dos participantes,
ajuda na coleta de dados, organização das fichas e registro dos dados. Você foi
fundamental!
Ao Afrânio, meu amigo, companheiro, conselheiro, rocha firme onde ergui minha
morada, todo o meu amor e agradecimento.
.
Ao Peu, sol da minha vida. Nunca vou me esquecer de suas palavras de incentivo e de
seu abraço afetuoso.
Ao Be, meu príncipe, por sua serenidade, determinação e exemplo de disciplina e
vontade de vencer.
Aos meus pais, Jeanne e Arlindo, obrigada pelos incentivos e a ajuda sempre quando
requisitada.
A Gisele. Sem você não eu não teria conseguido nada! Obrigada por trazer amor a
minha casa e família.
Aos meus queridos amigos e companheiros do CROT que me ajudaram e incentivaram
de uma maneira ou de outra.
Ao Miguel Houri e Daniel Pardini pelo constante incentivo e palavras amigas nos
momentos de desânimo.
Aos professores, colegas e demais funcionários do programa de Pós-Graduação em
Ciências da Reabilitação, agradeço pela colaboração, disponibilidade e incentivos, em
especial a Profa. Renata Kirckwood e a Marilane.
E, principalmente:
Aos pacientes do CROT: OBRIGADA! Pelo comparecimento voluntário e
disponibilidade. Por acreditar no meu trabalho e na ciência e assim, acreditar na vida e
num mundo melhor. Foi por vocês que realizei esse trabalho. Obrigada por esses 20
anos como terapeuta de mão: vocês me confiaram suas mãos, instrumento divino de
manifestações humanas, e espero ter ajudado de alguma forma, da melhor maneira, na
recuperação de sua integridade funcional.
.
SUMÁRIO
RESUMO X
ABSTRACT XI
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO
1.1. A osteoartrite (OA) 12
1.2. A osteoartrite (OA) nas mãos 13
1.3. Critérios para avaliação da OA nas mãos 15
1.4. Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde 16
1.5. AUSCAN – Australian/Canadian Hand Osteoarthritis Index 17
1.6. Adaptação transcultural 18
1.7. Justificativa 19
1.8. Objetivos
1.8.1. Objetivo Geral 20
1.8.2. Objetivos Específicos 20
Capítulo 2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Desenho do Estudo 21
2.2. Instrumento 21
2.3. Etapa de Adaptação Transcultural do Instrumento AUSCAN
2.3.1. Adaptação transcultural 22
2.3.2. Amostra 23
.
2.4. Etapa de avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN–Brasil
2.4.1 Amostra 24
2.4.2 Procedimentos 25
2.4.3 Examinadores 26
2.4.4 Avaliação da confiabilidade 26
2.4.5 Avaliação da consistência interna 26
2.4.6 Avaliação da validade de construto 26
2.4.7 Análise Fatorial 28
2.4.8 Avaliação qualitativa do Questionário AUSCAN-Brasil 28
2.4.9 Análise estatística 29
Capítulo 3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
Capítulo 4 – ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES
PSICOMÉTRICAS DO ÍNDICE AUSCAN DE OSTEOARTRITE NA MÃO PARA O BRASIL 38
Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 68
ANEXO 1 – AUSCAN – Osteoarthritis Hand Index LK3.1 70
ANEXO 2 – AUSCAN Copyright Assignment 75
ANEXO 3 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG 77
ANEXO 4 – Autorização do Hospital Ortopédico e do CROT – Centro de
Reabilitação em ortopedia e Traumatologia para avaliação dos pacientes
.
e acesso aos prontuários 78
ANEXO 5 – Mini-Exame do Estado Mental 79
ANEXO 6 – AUSCAN-Brasil - Índice de Osteoartrite na Mão Lk3.01 80
ANEXO 7 - CCEB - Critério de Classificação Econômica Brasil/2008 85
ANEXO 8 – Questionário DASH- Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand 86
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 88
APÊNDICE B – Ficha dados sócio-demográficos e clínicos 91
APÊNDICE C - Questionário de avaliação da gravidade dos sintomas na mão
Questionário de avaliação qualitativa do Índice AUSCAN-Brasil 92
Pardini Freitas, Paula Resumo X
.
RESUMO
A osteoartrite (OA) é a doença osteoarticular mais comum na população ocidental idosa e afeta frequentemente as articulações da mão. Caracteriza-se por deterioração e perda da cartilagem hialina. Clinicamente, apresenta-se com dor, edema, limitação de movimentos, perda de força e deformidades que causam danos funcionais importantes ao paciente. Questionários para avaliação da incapacidade funcional da OA têm sido amplamente utilizados e recomendados tanto na prática clínica como em pesquisas. Até o presente momento, não há nenhuma publicação sobre questionários específicos para avaliar a funcionalidade de indivíduos com OA nas mãos que tenham sido traduzidos e validados no Brasil. O objetivo deste estudo, portanto, foi adaptar culturalmente o Índice AUSCAN de Osteoartrite (OA) na Mão escala LK 3.01 para a população brasileira e avaliar as propriedades psicométricas deste instrumento em uma amostra de pacientes brasileiros com OA nas mãos. A adaptação transcultural do Índice AUSCAN-Brasil seguiu procedimentos recomendados por Guillemin et al e a versão final foi testada em uma amostra de 20 pacientes. Setenta e três pacientes com OA nas mãos participaram da avaliação das propriedades psicométricas da versão adaptada. A confiabilidade inter-examinador foi avaliada aplicando-se o Índice AUSCAN-Brasil em um mesmo dia, em tempos diferentes, por diferentes examinadores (A1 e A2) e a confiabilidade intra-examinador foi avaliada na reaplicação após uma semana pelos mesmos examinadores (A1 ou A2). A consistência interna foi avaliada nas duas aplicações do Índice pelos dois examinadores. A validade de construto do AUSCAN-Brasil foi avaliada através da correlação do escore de suas escalas (dor, rigidez e atividades) e do escore total com outras medidas de desfecho: força de preensão e de pinça, um questionário de avaliação da gravidade dos sintomas na mão e o questionário DASH. A análise fatorial exploratória (AFE) foi conduzida para avaliar a validade fatorial do Índice AUSCAN-Brasil. Com relação aos resultados, os índices de confiabilidade apresentaram valores elevados, onde a maioria ficou acima de 0,75 (p<0,05), demonstrando elevada consistência. A consistência interna foi alta para as escalas de dor e atividade e o escore total ( de Cronbach = 0,92-0,96). As escalas de dor, rigidez e atividades do Índice AUSCAN-Brasil se correlacionaram moderadamente com a força de preensão manual e as questões de dor, rigidez e disfunção do questionário global e apresentaram boa correlação com o escore total do questionário DASH (p<0,005). Na AFE os dois fatores extraídos não sustentaram a estrutura das duas escalas de dor e atividades em medir conceitos distintos e indicou que a solução de apenas um fator possivelmente representaria a melhor configuração dos dados. Concluímos que o Índice AUSCAN-Brasil de Osteoartrite nas Mãos LK 3.01 foi adequadamente traduzido para ser utilizado na população brasileira, demonstrando ser um instrumento confiável e válido para avaliar a funcionalidade de pacientes com osteoartrite nas mãos. Palavras-chave: Osteoartrite, mãos, Índice AUSCAN de Osteoartrite nas mãos, confiabilidade, validade
Pardini Freitas, Paula Resumo XI
.
ABSTRACT Osteoarthritis (OA) is the most common joint disease among the elderly, most frequently involving the joints of the hands. It is characterized by a progressive loss of articular cartilage, pain, swelling, deceased range of joint motion and deformity, that causes severe functional limitations. In order to measure functioning and incapacity of patients with OA, self-report questionnaires have been recommended and used in the literature. Until the present, there is no published questionnaire available to evaluate functioning in patients with hand OA in Brazil. So, the aim of this study was the translation, cultural adaptation and assessment of the psychometric properties of the AUSCAN Osteoarthritis Hand Index LK3.01 for Brazil. The translation and cultural adaptation procedures followed standardized guidelines and the final version was applied to 20 patients with hand osteoarthritis (HOA). The definitive version was then applied to other 73 patients with hand OA to assess the psychometric properties. Interrater reliability was assessed in the same day by two different observers (A1 and A2) and intrarater reliability at a 1-week interval by the same observers (A1 or A2). Internal consistency was assessed from both administration of the Index. To assess the construct validity we examined partial correlations of the scales and the total AUSCAN score to different outcome measures: grip strength, pinch strength, physician global assessments and the DASH Questionnaire. Exploratory factor analysis (EFA) were conducted to assess the factorial validity of the AUSCAN. Concerning the results, the interrater and intrarater intraclass correlation coefficients for the AUSCAN-Brazil were high, up to 0.75 (p<0.005). Internal consistency was excellent (Cronbach’s = 0.92-0.96). The AUSCAN scales and the total AUSCAN score had moderate correlation with grip strength and physician global assessments questionnaire and good correlation with the DASH Questionnaire (p<0.05). Factor analysis showed that the two factors extracted did not support the intended subscale structure of the AUSCAN-Brazil Index and indicated that one factor model fits best the data. We have concluded that the AUSCAN-Brazil Hand Osteoarthritis Index KL 3.01 is reliable and valid and can be used as a suitable tool to assess functioning of patients with hand OA. Key-words: Osteoarthritis, hand, AUSCAN-Brazil Osteoarthritis Hand Index, reliability, validity
12
.
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1. A osteoartrite (OA)
A osteoartrite é a doença osteoarticular mais comum na população ocidental
idosa e afeta principalmente o quadril, o joelho e a mão1,2. Caracteriza-se
patologicamente por deterioração e perda da cartilagem hialina e formação marginal
osteofitária. Clinicamente, apresenta-se, em geral, com dor, edema, limitação de
movimentos, redução da força e presença de deformidades, que causam danos
funcionais importantes ao paciente3.
Os vários fatores etiológicos implicados na OA a definem como uma doença
multifacetária e marcada por características geográficas. Fatores como raça, sexo,
diferentes padrões de sobrecarga impostos às articulações e fatores de ordem
genética, explicam a diversidade do quadro clínico de pacientes com a forma primária
de OA4.
Além das características da população estudada, estudos epidemiológicos
podem variar de acordo com as diferentes definições da doença (segundo
características patológicas, radiológicas ou clínicas) e a articulação específica em
estudo1. Em geral, estudos radiológicos de prevalência da osteoartrite mostram
alterações em 30% de homens e mulheres acima de 65 anos, mas apenas um terço
desses são sintomáticos5. Após os 40 anos, a incidência de osteoartrite aumenta
rapidamente a cada década de vida. Até a faixa etária próxima aos 45 anos, homens
são mais acometidos que mulheres, mas acima dos 55 anos, essa relação se inverte6.
Devido à forte associação da doença com a idade, o número de indivíduos
acometidos está crescendo em consequência do intenso processo de envelhecimento
demográfico mundial. Nos Estados Unidos, de 1995 a 2005, o número de pessoas
acometidas com OA sintomática aumentou de 21 milhões para aproximadamente 27
milhões, refletindo provavelmente o envelhecimento populacional1. No Brasil, projeções
da Organização Mundial de Saúde indicam que, em 2025, o país será o sexto em
número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas7. Além disso,
o Brasil apresenta um significativo aumento na expectativa de vida da população8,
chamando a atenção sobre as condições de saúde durante esses anos adicionais de
13
.
vida9. O aumento da longevidade modifica a incidência e prevalência de doenças
crônico-degenerativas, das taxas de morbidades e de incapacidades funcionais, o que
gera um grande impacto sobre os sistemas de saúde1,9.
1.2. A osteoartrite nas mãos
A definição de osteoartrite (OA) na mão varia de acordo com diferentes
pesquisadores e depende se critérios clínicos ou radiológicos foram utilizados10.
Atualmente, o critério adotado pelo American College of Rheumatology (ACR) para o
diagnóstico da osteoartrite nas mãos é o mais usado em estudos clínicos e foi
publicado por Altman et al em 199011. Ele é delineado para mãos sintomáticas e é
baseado no exame físico de pacientes com dor nas mãos (quadro 1), fornecendo 92%
de sensibilidade e 98% de especificidade.
Quadro 1. Critérios de Classificação de OA na Mão, segundo o American College of Rheumatology (ACR)
Dor nas mãos ou rigidez na maioria dos dias do mês anterior
e
3 ou 4 características seguintes:
- Alargamento articular em duas ou mais das 10 articulações selecionadas:
segunda e terceira IFP* e IFD** ou TM*** das mãos
- Alargamento articular de duas ou mais articulações IFD**
- Menos de três articulações metacarpofalangeanas edemaciadas
- Deformidade de duas ou mais das 10 articulações IFP, IFD e TM das mãos
As 10 articulações selecionadas incluem bilateralmente as IFD e IFP do II e III dedos e a TM
(*IFP - interfalangeana proximal), (**IFD - interfalangeana distal),(***TM - trapézio-metacarpal)
Para estudos epidemiológicos, os critérios adotados pelo ACR apresentam
limitações como duração dos sintomas, inclusão de pacientes com osteoartrite erosiva,
14
.
falta de distinção entre os tipos de OA nas mãos, exclusão de pacientes assintomáticos.
Assim, para estudos epidemiológicos e genéticos, critérios radiológicos são utilizados10.
A mão é local frequente de acometimento da osteoartrite (OA). Estudos
populacionais demonstram uma alta prevalência no diagnóstico radiológico da OA nas
mãos, variando de 29-76% 12,13,14. Entretanto, apenas 3-26% dos indivíduos com OA
radiológica apresentam osteoartrite sintomática.
Em relação ao padrão de envolvimento articular radiológico, Dahaghin et al
(2005)13 revelaram que 67% das mulheres e 54,5% dos homens acima de 55 anos,
apresentaram comprometimento em pelo menos uma articulação da mão. A articulação
interfalangeana distal foi a mais acometida (47,3%), seguida pela articulação
trapeziometacarpal (35,8%), a interfalangeana proximal (18,2%) e a
metacarpofangeana (8,2%). Segundo Egger et al (1995)14, o envolvimento da mão
direita é mais frequente que da esquerda e o envolvimento articular tende a ser
bilateral, embora o grau de comprometimento em diferentes articulações em uma
mesma mão possa variar.
A OA sintomática de mão é caracterizada por dor, rigidez articular e
incapacidade15,16. Estudos populacionais têm demonstrado uma fraca associação entre
a prevalência radiológica da doença e a dor e incapacidade na mão13,14. Essa
associação, entretanto, varia de acordo com o local de envolvimento. Maior relação é
observada quando envolve a articulação da base do polegar. A dor agrava-se com o
maior número de articulações comprometidas na mão e com a forma mais grave de
acometimento radiológico. Segundo Jones et al (2001)17, dor e incapacidade aumentam
com a idade, enquanto a força de preensão palmar diminui. Essas três medidas são
significativamente piores em mulheres, independentemente do grau de gravidade da
doença. Ainda, de acordo com Jones et al, a associação entre a osteoartrite e a função
e a força de preensão palmar é amplamente mediada pela dor.
Zhang et al (2002)18 relataram que a OA sintomática de mão limita várias
atividades de vida diária: “os indivíduos com a doença tiveram 10% de redução da força
máxima de preensão, relataram maior dificuldade na escrita, manuseio ou preensão de
objetos pequenos e demonstraram dificuldade em carregar um peso de 4,5Kg”. Kjeten
et al (2005)19, em estudo em mulheres com OA de mão, constataram que a doença tem
15
.
uma importante consequência funcional em termos de dor, redução da mobilidade da
mão e da força de preensão, limitação de atividades e restrição na participação social.
Os sintomas da OA nas mãos variam consideravelmente quanto à sua presença
e ao significado para o indivíduo. Dor, incapacidade e diminuição da qualidade de vida
afetam de forma significativa a rotina diária de indivíduos com a doença. O
conhecimento das consequências funcionais da OA nas mãos é necessário para
melhorar os resultados de tratamentos e para assegurar que os serviços de reabilitação
estejam focados nas necessidades e problemas expressados pelo paciente19.
1.3. Critérios para avaliação da OA nas mãos
O tratamento da OA nas mãos encontra-se em fase dinâmica. Várias
intervenções terapêuticas têm sido propostas, tanto no âmbito da reabilitação quanto da
cirurgia e terapia medicamentosa20. Estudos clínicos randomizados em osteoartrite
para verificação da efetividade desses novos tratamentos têm aumentado
proporcionalmente21.
Preocupados com a validade dos estudos clínicos e epidemiológicos, com a
padronização das medidas de desfechos e o uso de uma linguagem comum para
interpretação dos resultados de pesquisas, instrumentos para avaliação clínica da OA
de mão têm sido revistos. A International League of Associations for Rheumatology
(ILAR) em várias reuniões com a Organização Mundial de Saúde () desenvolveram
através do grupo OMERACT (Outcome Measures for Arthritis Clinical Trials)
recomendações de medidas de desfecho em doenças reumáticas. Essas
recomendações foram publicadas no Journal of Rheumatology em 2000/2001 e
reconhecidas formalmente pela ILAR/WHO como medidas padrão ouro para essas
condições22.
As principais medidas na avaliação da osteoartrite de quadril, joelho e mão,
recomendadas pelo OMERACT 3, em estudos clínicos, devem abordar: dor, função
física, avaliação global do paciente e imagem articular. Medidas de qualidade de vida
e/ou de utility (medidas derivadas de teorias econômicas e de decisão e refletem a
preferência dos pacientes por um determinado estado de saúde, tratamento ou
intervenção) são fortemente recomendadas5,10,22.
16
.
1.4. Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde
Minayo et al (2000)23 definem que “qualidade de vida é uma noção
eminentemente humana e tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na
vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. O termo
abrange muitos significados que refletem conhecimentos, experiências e valores de
indivíduos e coletividades que são influenciados pelo momento histórico, a classe social
e a cultura a que pertencem esses indivíduos”.
Na área da saúde, o conceito qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS),
tradução da expressão inglesa Health-related Quality of Life, refere-se, segundo Minayo
et al23, ao valor atribuído à duração da vida quando esta é modificada pela percepção
de limitações físicas, psicológicas, funções sociais e oportunidades influenciadas pela
doença, tratamento e outros agravos. A QVRS tornou-se o fio condutor na tomada de
decisões clínicas e o principal indicador para a pesquisa avaliativa sobre o resultado de
intervenções. Hoje, o tema qualidade de vida é imprescindível na pesquisa na área da
saúde, pois seus resultados contribuem para verificar o impacto das diferentes
condições de saúde, aprovar e definir tratamentos e avaliar custo-efetividade do
cuidado prestado23,24,25.
Atualmente, uma das formas mais comuns empregadas de avaliação da
qualidade de vida relacionada à saúde são os questionários, que têm por finalidade
transformar medidas subjetivas em dados objetivos que possam ser quantificados e
analisados de forma global ou específica25.
Diversos questionários ou índices têm sido propostos e utilizados para avaliar a
qualidade de vida em indivíduos com diferentes doenças, e podem ser classificados em
dois grandes grupos: os instrumentos genéricos e os específicos 23,24,25. Os
instrumentos genéricos foram desenvolvidos para refletir o impacto de uma doença
sobre a vida de pacientes em uma ampla variedade de populações. Procuram englobar
vários aspectos relevantes relacionados à saúde, como: função, disfunção e
desconforto físico e emocional.
Vários instrumentos genéricos já foram traduzidos e validados para serem
utilizados no Brasil. Entre eles destacam-se: o Medical Outcomes Studies 36-item
17
.
Short-Form (MOS SF-36), o WHOQOL 100 e o WHOQOL-brief e o DASH (Disability of
the Arm, Shoulder and Hand) 23,24,25.
Os instrumentos específicos, por sua vez, avaliam de forma individual e
específica determinados aspectos da qualidade de vida cotidiana dos indivíduos
subsequentes à experiência de doença, agravos ou intervenções terapêuticas. Têm
como vantagem a maior capacidade de detectar melhora ou piora do aspecto específico
em estudo. Podem ser específicos para uma determinada função (capacidade física,
sono, função sexual), determinada população (jovens, idosos), e determinada alteração
(dor, osteoartrite)24,25.
Alguns instrumentos específicos para doenças reumáticas já foram traduzidos e
validados para o Brasil como: Stanford Health Assessment Questionnaire (HAQ)26,
questionário de incapacidade desenvolvido para avaliar pacientes com artrite
reumatóide; o Arthritis Impact Measurement Scale (AIMS)27, questionário
multidimensional para avaliar o estado de saúde de pacientes com diferentes doenças
reumáticas, e o Western Ontario and McMaster Universities (WOMAC)28, desenvolvido
para avaliar desfechos clínicos de pacientes com osteoartrite no quadril e joelho.
Até o presente momento, não há nenhuma publicação sobre questionários
específicos para avaliar a funcionalidade de indivíduos com OA nas mãos que tenham
sido traduzidos e validados no Brasil.
1.5. AUSCAN – Australian/Canadian Hand Osteoarthritis Index
O AUSCAN Hand Osteoarthritis Index foi desenvolvido pelo Prof. Bellamy e
colaboradores da Universidade de Queensland, Austrália e da Universidade de Western
Ontário, Canadá29. É um questionário tridimensional, específico e auto-administrado.
Ele investiga sintomas clinicamente relevantes nos domínios de dor, rigidez articular e
função física em pacientes com osteoartrite nas articulações da mão 29,30.
Sua concepção iniciou-se em 1995 quando havia poucos instrumentos padrões
de avaliação da OA em estudos clínicos. Nessa época, diferentes variáveis eram
analisadas, assim como uma considerável variação de escalas e instrumentos eram
utilizados, dificultando a comparação entre os estudos. Partindo, portanto, da
necessidade de padronização das medidas clínicas relevantes para o paciente com OA
18
.
de mão, foi desenvolvido o AUSCAN Osteoarthritis Hand Index 29,30. A experiência
prévia dos autores no desenvolvimento do questionário WOMAC Osteoarthritis Index,
facilitou a criação do AUSCAN, que seguiu os mesmos procedimentos31.
O Índice consiste de 15 questões divididas em três escalas distintas. A escala de
dor, com cinco questões, avalia a quantidade de dor na mão que o indivíduo refere
durante o repouso, quando segurando, levantando, torcendo ou apertando objetos. A
escala de rigidez articular, com uma questão que avalia a sensação de rigidez nas
mãos logo após acordar, de manhã. E a escala de função física ou atividades da vida
diária, com nove questões, investiga o grau de dificuldades em abrir torneiras, usar
maçanetas de cabo ou redondas, abotoar e desabotoar botões, prender jóias, abrir um
pote novo, carregar um pote cheio com apenas uma mão, descascar vegetais e frutas,
levantar objetos grandes e pesados e torcer roupas (Anexo 1)30.
O AUSCAN está disponível nas escalas Likert (LK) e visual análoga (VAS). Na
versão Likert (LK 3.0) o paciente reponde cada item em uma escala adjetiva de 5
pontos (0=nenhuma, 1=leve, 2=moderada, 3= forte, 4=muito forte). A versão AUSCAN
VA 3.0 permite que a resposta seja feita em uma escala visual análoga horizontal de 10
mm onde em seus extremos descritores adjetivos estão presentes (a esquerda =
nenhuma, e a direita = extrema).
O AUSCAN é válido, confiável e sensível na detecção de alterações clínicas
relevantes no estado de saúde de pacientes com OA de mão 30,31,32. É recomendado
como um instrumento de avaliação pela Osteoarthritis Research Society International
(OARSI) e pelo grupo OMERACT33 e já foi traduzido para 26 diferentes línguas 33,34,35.
O AUSCAN ainda não foi traduzido e validado para o Brasil.
1.6. Adaptação transcultural
A grande maioria dos questionários de avaliação da qualidade de vida foi
produzida em países de língua inglesa e assim, direcionados para serem utilizados nas
populações anglo-saxãs. Para serem utilizados em outros países requerem um
processo rigoroso de tradução e adaptação transcultural, bem como a avaliação de
suas propriedades psicométricas após sua tradução24,25.
19
.
O processo de adaptação cultural objetiva alcançar equivalência de conteúdo,
semântica, idiomática e conceitual entre a versão original e a versão adaptada. A
equivalência de conteúdo refere-se à investigação da relevância do conteúdo de cada
item do questionário para a realidade cultural em questão. A equivalência de semântica
relaciona-se a manutenção da essência do conteúdo/contexto abordado no
instrumento, evitando a tradução direta palavra por palavra de cada item do teste. A
equivalência idiomática avalia a presença de expressões ou coloquialismos presentes
em outras culturas e trabalha sua tradução adaptada para a cultura em questão. E a
equivalência conceitual ou cultural está relacionada à investigação da consistência da
medida e do modo de expressão do fenômeno em estudo nas diferentes realidades
culturais.
Apesar de apresentar um conjunto de metas e instruções criteriosas, o processo
de tradução e adaptação transcultural não assegura a manutenção das propriedades
psicométricas do instrumento original. Devido à variação nos hábitos de vida entre
culturas diversas, alguns itens podem ter significados diferentes em relação ao
questionário original. Assim, testes de avaliação da validade e confiabilidade devem ser
realizados após a tradução e adaptação do questionário 24,25.
1.7. Justificativa
Desenvolver novos instrumentos específicos para cada cultura é dispendioso,
demorado e impediria a comparação de estudos entre diferentes países ou culturas. A
adaptação transcultural e validação de um instrumento já existente é o mais
recomendado devido à operacionalização deste processo. Um instrumento
culturalmente adaptado reflete equivalência em relação ao questionário original.
A escolha do Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão fundamentou-se em sua
ampla recomendação pela OARSI/OMERACT em estudos clínicos, sua facilidade de
administração e por ser um questionário que vem sendo adaptado culturalmente em
diferentes países, possibilitando a comparação de estudos em nível internacional.
20
.
1.8. Objetivos
1.8.1- Objetivo Geral
O objetivo deste estudo foi traduzir e adaptar culturalmente o Índice AUSCAN de
Osteoartrite na Mão escala LK 3.01 para a população brasileira e avaliar as
propriedades psicométricas deste instrumento em uma amostra de pacientes brasileiros
com OA na mão.
1.8.2- Objetivos Específicos
1- Verificar se a adaptação cultural é adequada para avaliar a dor, rigidez e
função manual em pacientes com OA nas mãos.
2- Testar as propriedades psicométricas do Índice AUSCAN-Brasil adaptado
para a população brasileira:
Confiabilidade intra-examinador
Confiabilidade inter-examinadores
Consistência interna
Validade de construto
Validade fatorial
21
.
CAPÍTULO 2 - MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo metodológico de tradução, adaptação transcultural e
avaliação das propriedades psicométricas do instrumento AUSCAN para medir as
alterações clínicas relevantes no estado de saúde de pacientes com OA de mão na
população brasileira.
Os autores do instrumento autorizaram sua adaptação para a população
brasileira (Anexo 2). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Minas Gerais, parecer no 290/08 (Anexo 3). Todos os
participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
(Apêndice A).
2.2. Instrumento
O AUSCAN (Anexo 1) é um instrumento auto-administrado e não requer a
presença de um entrevistador. Entretanto, para população brasileira que possui elevado
índice de baixa escolaridade (68% de analfabetismo funcional e 7% totalmente
analfabeta)36, a aplicação do questionário foi realizada sob a forma de entrevista
padronizada. O entrevistador leu pausadamente para o paciente as instruções iniciais e
as questões a serem respondidas. Para cada questão, foi solicitado ao paciente indicar
em uma escala Likert (LK) o grau de dor, rigidez e incapacidade que ele sentiu em suas
mãos, nas últimas 48 horas. Os dois entrevistadores que aplicaram os instrumentos ao
longo do estudo foram previamente treinados em um estudo piloto para não influenciar
o paciente durante o preenchimento dos itens.
Na versão Likert (LK 3.0) do instrumento, versão utilizada na adaptação
transcultural, o paciente reponde a questão em uma escala adjetiva de cinco pontos
(0=nenhuma, 1=leve, 2=moderada, 3= forte, 4=muito forte). É recomendado que as
dimensões de dor, rigidez e função física sejam mantidas separadas e a análise seja
conduzida em uma base de escala por escala. Assim, o escore é calculado para cada
escala do Índice AUSCAN somando-se os valores marcados em cada item, sendo a
pontuação máxima para dor foi 20, para rigidez 4 e para função física 36. Entretanto,
22
.
quando se deseja agregar todas as dimensões, o método usado é a soma do escore
dos 15 itens do Índice (Escore Total do AUSCAN)30, onde a pontuação máxima é 60.
2.3. Etapa de Adaptação transcultural do Instrumento AUSCAN
2.3.1- Adaptação transcultural
O desenvolvimento da versão brasileira AUSCAN-Brasil 3.01 foi autorizado pelo
o Prof. Bellamy, autor e portador dos direitos de copyright do Índice AUSCAN para OA
de mão (Anexo 2).
Para a adaptação transcultural do AUSCAN, foi utilizado o protocolo de Guillemin
(1993)37, conforme sugestão do Prof. Bellamy, e que apresenta um conjunto de
instruções padronizadas a serem realizadas em etapas distintas.
O seguinte processo foi realizado:
1- Tradução: a versão original em inglês foi traduzida para o português por dois
tradutores independentes e qualificados, cuja língua materna era o português. Duas
traduções independentes foram geradas (T1 e T2), acompanhadas de um relatório de
comentários das dúvidas e desafios da tradução e das soluções encontradas.
2- Síntese das traduções: os dois tradutores e um relator se reuniram para sintetizar os
resultados das traduções (T1 e T2). Um relatório documentando o processo de síntese,
as dúvidas discutidas e suas resoluções, foi gerado. Essa fase finalizou com a
produção de uma versão única do questionário (versão T -12).
3- Avaliação da tradução original (back-translation): a partir da versão T-12 do
questionário, dois tradutores totalmente desconhecedores da versão original,
traduziram o questionário novamente para o inglês. Esse foi um processo de avaliação
da validade objetivando confirmar se a versão traduzida estava refletindo os mesmos
itens contidos na versão original, assegurando, assim, a consistência da tradução.
A retro-tradução destacou as inconsistências grosseiras e os erros conceituais
da tradução. Ela foi realizada por dois tradutores que não pertenciam à área de saúde e
cuja língua materna era inglês.
23
.
4- Revisão feita por um comitê: o comitê foi formado por uma equipe multidisciplinar
(dois médicos, sendo um reumatologista e um cirurgião de mão, dois fisioterapeutas e
um terapeuta ocupacional) que conhecia a doença pesquisada, a finalidade do
instrumento e os conceitos analisados. A participação de um dos tradutores teve
também grande importância. O comitê teve como objetivo produzir uma versão final do
questionário baseado nas traduções anteriores. As decisões feitas nessa etapa tiveram
a finalidade de obter equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual entre o
questionário original e a nova versão.
5- Pré-teste: foi a fase final da adaptação cultural. Teve como objetivo testar na
população alvo o novo questionário para verificar sua equivalência com o questionário
original e avaliar os erros e desvios cometidos durante a tradução.
6- A documentação do processo de tradução e o questionário final foram enviados aos
autores do AUSCAN para verificação e aprovação da tradução realizada.
2.3.2- Amostra do pré-teste
Para o pré-teste, segundo os critérios de Guillemin, foram recrutados 20
pacientes com osteoartrite primária na mão, selecionados de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão, e que estavam em tratamento no Hospital Ortopédico e no CROT –
Centro de Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, em Belo Horizonte. Ambas as
entidades autorizaram a pesquisadora a recrutar os pacientes para avaliação (Anexos 4). Foi esclarecido á todo paciente os objetivos da pesquisa e sua participação foi
vinculada à sua aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice A).
Os critérios de inclusão no estudo foram: pacientes a partir de 45 anos, com
osteoartrite sintomática em pelo menos uma articulação das mãos e que preenchessem
os critérios de classificação para OA de mão segundo o American College of
Rheumatology11 (Quadro 1). Foram excluídos os pacientes com qualquer outra
alteração ortopédica, reumatológica ou neurológica que afetasse os membros
superiores e pacientes que apresentassem déficits cogntivos. Todos os pacientes
avaliados foram submetidos a um rastreio cognitivo utilizando o Mini-Exame do Estado
Mental, versão para o Brasil (Anexo 5), onde foram adotados os valores sugeridos por
24
.
Brucki et al (2003)38, de acordo com a escolaridade: 18 pontos para analfabetos, 24
para pessoas com um a quatro anos de escolaridade, 26 para aquelas com cinco a oito
anos de escolaridade, 27 para indivíduos com nove a 11 anos de escolaridade e 28
para os com escolaridade igual ou superior a 12 anos.
Durante a aplicação do questionário no pré-teste, a cada item respondido, foi
acrescida uma pergunta ao paciente referente à compreensão do mesmo, baseada
numa escala dicotômica (fácil ou difícil). De acordo com os critérios de Guillemin37, a
adaptação cultural é necessária naquele item classificado como difícil compreensão, em
um número de participantes superior a 10% da amostra estudada. O item do
questionário deve ser revisto, modificado e aplicado novamente até que todos os itens
sejam considerados culturalmente apropriados.
A versão considerada definitiva (Anexo 6) foi aplicada em outros 73 pacientes
para avaliação das propriedades psicométricas.
2.4- Etapa de avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN–Brasil
2.4.1- Amostra
Para avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN-Brasil 3.01, foram
recrutados através de correspondência e contato telefônico e selecionados de acordo
com os critérios de inclusão e exclusão citados anteriormente, 73 pacientes com OA
nas mãos atendidos no período de janeiro de 2005 a junho de 2009. Neste período, os
pacientes foram avaliados por uma equipe de três cirurgiões de mão do Hospital
Ortopédico que realizaram o diagnóstico da osteoartrite primária segundo os critérios do
American College of Rheumatology (ACR) e foram, em seguida, encaminhados para
tratamento no setor de reabilitação da mão, do CROT Centro de Reabilitação. Os
pacientes selecionados para o estudo das propriedades psicométricas do AUSCAN não
estavam em tratamento fisioterapêutico para AO de mãos e poderiam estar em uso de
medicação rotineira, como analgésicos e drogas de ação intra-articular.
25
.
2.4.2- Procedimentos
Os pacientes selecionados receberam informações sobre a natureza e os
objetivos da pesquisa. E, estando de acordo, assinaram o TCLE - Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A).
Após a inclusão no estudo, os participantes foram submetidos individualmente a
três avaliações em tempos diferentes. Na primeira avaliação, através de um
questionário elaborado especificamente para o presente estudo, dados sócio-
demográficos e clínicos foram coletados no intuito de caracterizar a amostra (Apêndice B). Para avaliação das condições sócio-econômicas, foi utilizado o CCEB - Critério de
Classificação Econômica Brasil/2008 da ABEP – Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa39 (Anexo 7). Pelo mesmo examinador (A1), autora desse estudo, foram
aplicados, na seguinte ordem:
1. A versão adaptada do AUSCAN;
2. O questionário de avaliação global dos sintomas (Apêndice C);
3. O questionário semi-estruturado de avaliação qualitativa do Índice AUSCAN-
Brasil, elaborado especialmente para esse estudo (Apêndice C);
4. E foram avaliadas as medidas de força de preensão palmar e de pinça lateral
(Apêndice B).
A segunda avaliação foi feita no mesmo dia, aproximadamente após uma hora,
por outro examinador (A2), que aplicou:
1. O questionário DASH- Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand40 (Anexo
8);
2. E novamente, a versão adaptada do AUSCAN.
A 3ª avaliação foi realizada aproximadamente após uma semana onde a versão
adaptada do questionário foi aplicada por um dos examinadores (A1 ou A2). Nesta
ocasião, os pacientes receberam do examinador uma cartilha de orientações de
proteção articular e exercícios terapêuticos para OA de mão.
26
.
2.4.3- Examinadores
As avaliações foram administradas por dois avaliadores (A1 e A2) qualificados e
previamente treinados que seguiram instruções padronizadas para a aplicação dos
questionários e das medidas de força de preensão e de pinça. O examinador A1 era a
autora desse estudo.
2.4.4- Avaliação da confiabilidade
A confiabilidade inter-examinadores foi avaliada aplicando-se o questionário
AUSCAN-Brasil 3.01 em um mesmo dia, em tempos diferentes, por diferentes
examinadores (A1 e A2). A confiabilidade intra-examinador foi avaliada na reaplicação
do questionário após uma semana pelos mesmos examinadores. Para não influenciar
os resultados dessa medida, pacientes com qualquer intercorrência nas mãos ou
alteração do estado clínico ao longo nesse período foi excluído. Participaram da
avaliação da confiabilidade intra-examinador 58 pacientes .
2.4.5- Avaliação da consistência interna
A consistência interna reflete o grau que os diferentes itens do questionário estão
associados entre si41. Nos questionários que os valores das escalas são somados, a
avaliação da correlação entre os itens é necessária para observar a associação entre
eles como medida de um mesmo atributo. Assim, avaliamos a correlação dos itens de
cada escala do AUSCAN-Brasil e a correlação de todos os itens com o escore total, nas
aplicações do questionário realizadas pelos dois examinadores.
2.4.6- Avaliação da validade de construto
A validade de construto estabelece se um instrumento tem a capacidade de
medir um conceito ou construto que ele supostamente define41,42. A validade de
construto da versão AUSCAN-Brasil 3.01 foi avaliada através da correlação com outras
medidas de desfecho das variáveis de interesse aplicadas durante a primeira e
segunda avaliação. Foram aplicados: testes de força de preensão palmar e de pinça,
um questionário de avaliação da gravidade dos sintomas na mão utilizado por Bellamy32
no estudo de avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN versão LK3.0 e o
27
.
questionário DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand). Hipóteses de
correlação foram testadas.
Para o teste de força de preensão palmar foi utilizado o dinamômetro JamarR
(Asimow Engineering Co.), instrumento padrão para medir força de preensão, onde os
valores foram obtidos, para mão direita e esquerda, de uma média de três medidas de
força bilaterais, na posição padrão de avaliação43. O pinch gaugeR (B&L Engineering
Co.) foi o instrumento utilizado para avaliação da força de pinça lateral e seguiu-se o
mesmo procedimento de obtenção do valor médio de três medidas consecutivas
bilaterais43. Hipotetizamos que as escalas de dor e de atividade de vida diária do Índice
AUSCAN têm correlação boa a moderada com os valores das medidas de força de
pinça e preensão palmar.
Foi aplicado o mesmo questionário de avaliação da gravidade dos sintomas na
mão utilizado no estudo de avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN
versão LK3.032. O questionário consta de três questões que medem as três dimensões
avaliadas pelo AUSCAN: dor, rigidez e função manual. Na primeira e segunda
questões, o paciente responde em uma escala likert (0=nenhuma, 1=leve, 2=moderada,
3= forte, 4=muito forte) às seguintes perguntas: (1) “indique quanta dor que você sentiu
em suas mãos nas últimas 48 horas, devido à artrite em suas mãos” e (2) “indique o
grau de dificuldade que você sentiu para realizar suas atividades diárias nas últimas 48
horas, devido à artrite em suas mãos”. Na terceira questão, foi perguntado: “logo após
acordar de manhã, quanto tempo (em minutos) durou a sensação de rigidez em suas
mãos, nas últimas 48 horas?” (Apêndice C). Hipotetizamos que as escalas do Índice
AUSCAN se correlacionam bem a moderadamente com os índices de dor e disfunção
do questionário de avaliação global.
O questionário DASH - Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand – Avaliação da
Incapacidade do Braço, Ombro e Mão - foi projetado para medir as disfunções e
sintomas físicos nas pessoas com uma ou mais desordens que afetam o membro
superior40. Originalmente é composto de 30 itens registrados em uma escala Likert de
cinco pontos (Anexo 8). Os primeiros 21 itens se relacionam com o grau de dificuldade
em realizar diferentes atividades com o membro superior; os próximos cinco itens
voltam-se para a gravidade dos sintomas e os outros quatro itens enfocam atividades
28
.
sociais, o trabalho, o sono e a auto-imagem. Sendo o DASH considerado um
questionário genérico que engloba vários aspectos relevantes relacionados à saúde e o
AUSCAN um questionário específico para pacientes com OA nas mãos, hipotetizamos
que os escores totais dos dois questionários teriam moderada correlação.
2.4.7- Análise Fatorial
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) tem como objetivo descrever a estrutura de
dados do questionário a partir de sua redução a fatores comuns 41,44. Os questionários
usualmente compõem-se de perguntas ou escalas que medem os diferentes domínios
ou conceitos de um construto. Teoricamente, cada escala é composta por um conjunto
de variáveis que supostamente definem o conceito que se pretende medir. A partir da
análise fatorial exploratória (AFE) dos escores obtidos é possível examinar o
comportamento das variáveis do questionário e organizá-las em grupos relativamente
independentes que formam os fatores. O fator é, portanto, um grupo de variáveis que
estão fortemente correlacionadas entre si, mas fracamente correlacionadas com outras
variáveis de outros fatores41. O objetivo da AFE, neste estudo, foi identificar grupos de
variáveis que se comportam de maneira similar e avaliar se medem um conceito comum
proposto pelas escadas do questionário AUSCAN-Brasil. A dimensionalidade do
questionário AUSCAN teoricamente remete a sua divisão em três grupos de variáveis
(dor, rigidez e atividades). Como não é possível conduzir uma análise fatorial em uma
escala com apenas uma variável, a escala de rigidez articular não foi considerada,
conforme procederam também Allen et al (2007)45.
2.4.8- Avaliação qualitativa do Questionário AUSCAN-Brasil Através de um questionário semi-estruturado (Apêndice C), avaliamos a opinião
dos pacientes sobre o Índice AUSCAN-Brasil. Três questões foram levantadas: (1) a
facilidade/dificuldade de responder ao questionário; (2) a presença ou não de outros
sintomas ou atividades relevantes que não foram citados no Índice AUSCAN-Brasil, e
(3) uma questão aberta a comentário livre. O objetivo foi avaliar a aceitação do
questionário e a relevância do seu conteúdo na vida diária dos pacientes com
osteoartrite nas mãos.
29
.
2.4.9- Análise estatística
Inicialmente, procedeu-se ao cálculo da média aritmética e o desvio padrão das
medidas de todas as variáveis. Como algumas variáveis não mostraram atendimento ao
pressuposto de normalidade, pelo teste K-S, foi apresentado também, a mediana e o
intervalo interquartil das médias. Para as variáveis nominais foi apresentada a
proporção (soma de todas as respostas dividida pelo número de respondentes) e o
número de casos correspondente à categoria em análise.
As confiabilidades interexaminador e intra-examinador foram avaliadas pelo
coeficiente de correlação intraclasse ICC (Two Way Random) calculado para cada item,
cada escala e para o escore total do AUSCAN-Brasil 3.01. A consistência interna das
escalas de dor e atividades foi avaliada através do coeficiente de Cronbach, e
determinada em ambas as aplicações do questionário realizadas pelos diferentes
examinadores.
Para analisar a validade de construto, foram calculados os coeficientes de
correlação parcial entre as dimensões do AUSCAN e as outras medidas de desfecho.
Estas correlações foram controladas pelo sexo e idade. O coeficiente de correlação de
Pearson foi utilizado nas medidas de distribuição normal e coeficiente de Spearman
quando as medidas não apresentaram distribuição normal. O nível de significância
estatística foi estabelecido em = 0,05.
Para análise da validade fatorial do AUSCAN-Brasil, foi realizada a análise
fatorial das respostas aos itens das escalas de dor e atividades. Os fatores foram
extraídos através da análise dos componentes principais. Para identificar o número de
fatores aceitáveis foi utilizado o scree plot test. Esse teste demonstra o percentual de
variância de cada item (carga de fator) em cada fator determinado. Em um gráfico
demonstrativo da análise fatorial, cada fator (eixo X) implica um percentual da variância
total dos dados (eixo Y). Quando existem condições propícias para a AFE os primeiros
fatores tendem a explicar uma grande parcela da variação total dos dados, enquanto os
fatores subseqüentes tendem a explicar parcelas cada vez menores da variação total.
A rotação oblíqua (promax) foi utilizada para análise de carga de fator de cada item das
escalas de dor e atividades pressupondo que as dimensões da escala estavam
30
.
correlacionadas46. Os itens foram considerados pertencentes a um determinado fator
quando seu coeficiente era >0,45.
O pacote estatístico SSPS (Statistical Package for the Social Sciences) 15.0 foi
utilizado para processar os dados47.
31
.
CAPÍTULO 3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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community-based sample. Osteoarthr Cartil (2007),
doi:10.1016/j.joca.2007.01.012.
46. NUNNALY, J. C.; BERNSTEIN, I. H. Psychometric Theory. 3rd ed. New York;
McGrawHill, 1994.
47. MORGAN, G.A.; GRIEGO, O.V. Easy and use interpretation of SPSS for
Windows: answering research questions with statistics. New Jersey. Lawrence
Erlbaum Associates, Inc. Publishers,1998.
37
.
CAPÍTULO 4- ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES
PSICOMÉTRICAS DO ÍNDICE AUSCAN DE OSTEOARTRITE NA MÃO PARA O BRASIL
PAULA JARDIM PARDINI DE FREITAS1, ROSÂNGELA CORRÊA DIAS2,
FERNANDA CRISTELI NEPOMOCENO3, JOÃO MARCOS DOMINGUES DIAS2
(1) Fisioterapeuta, Terapeuta de Mão, Discente do Programa de Pós Graduação em
Ciências da Reabilitação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte,
MG, Brasil.
(2) Professores associados do Departamento de Fisioterapia, UFMG, Belo Horizonte, MG,
Brasil.
(3) Terapeuta Ocupacional
Endereço para correspondência:
Profª Rosângela Corrêa Dias
Departamento de Fisioterapia/ Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Universidade Federal de Minas Gerais - Av. Antonio Carlos 6627- Campus Pampulha, Belo
Horizonte-MG/ CEP 31270-901
Fone: (31) 3409- 4783/7407 Fax: (31) 3409-4783 Email: [email protected]
Título em inglês: Cross-Cultural Adaptation and Clinimetric Properties of the AUSCAN
Osteoarthritis Hand Index LK3.01 for Brazil.
Título para páginas do artigo:
AUSCAN-Brasil - adaptação transcultural e propriedades psicométricas
AUSCAN-Brazil - Cross-Cultural Adaptation and Psychometric Properties
Palavras-chave: Osteoartrite (OA), mãos, Índice AUSCAN de Osteoartrite nas Mãos,
confiabilidade, validade
Key-words: Osteoarthritis (OA), hand, AUSCAN-Brazil Osteoarthritis Hand Index, reliability,
validity
*Este artigo será enviado para a Revista Brasileira de Fisioterapia
38
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RESUMO
Objetivos: Traduzir e adaptar culturalmente o Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão para a
população brasileira e avaliar suas propriedades psicométricas. Métodos: A adaptação
transcultural seguiu procedimentos recomendados e a versão final foi testada em uma amostra de
20 pacientes. Setenta e três pacientes participaram da avaliação das propriedades psicométricas.
A confiabilidade inter-examinador foi avaliada aplicando-se o Índice AUSCAN-Brasil no mesmo
dia, por diferentes examinadores, e a confiabilidade intra-examinador, na reaplicação do Índice
após uma semana. A consistência interna foi testada nas aplicações do Índice pelos dois
examinadores. Avaliamos a validade de construto através da correlação do escore do AUSCAN-
Brasil com outras medidas: força de preensão palmar e pinça, questionário de avaliação da
gravidade dos sintomas e questionário DASH. A análise fatorial exploratória (AFE) foi
conduzida para avaliar a validade fatorial do Índice AUSCAN-Brasil. Resultados: Os índices de
confiabilidade apresentaram valores acima de 0,75 (p<0,05). A consistência interna foi alta para
as escalas de dor e atividade e o escore total ( de Cronbach=0,92-0,96). As escalas do Índice e o
escore total do AUSCAN-Brasil se correlacionaram moderadamente com a força de preensão
palmar e as questões do questionário global e apresentaram boa correlação com o questionário
DASH (p<0,005). Na AFE os dois fatores extraídos não sustentaram a estrutura das duas escalas
em medir conceitos distintos e indicou que a solução de apenas um fator representaria a melhor
configuração dos dados. Conclusão: O Índice AUSCAN-Brasil foi adequadamente traduzido
para ser utilizado na população brasileira e é um instrumento confiável e válido para avaliar a
funcionalidade de pacientes com osteoartrite nas mãos.
Palavras-chave: Osteoartrite, mãos, Índice AUSCAN de Osteoartrite nas mãos, confiabilidade,
validade.
39
.
ABSTRACT
Objectives: The aim of this study was the translation, cultural adaptation and assessment of the
psychometric properties of the AUSCAN Osteoarthritis Hand Index LK3.01 for Brazil. Methods:
The translation and cultural adaptation procedures followed standardized guidelines and the final
version was applied to 20 patients. The definitive version was them applied to other 73 patients to
assess the psychometric properties. Interrater reliability was assessed in the same day by two
different observers (A1 and A2) and intrarrater reliability at a 1-week interval by the same
observers (A1 or A2). Internal consistency was assessed from both administrations of the Index.
Construct validity was evaluated against several others outcome measures: grip strength, pinch
strength, physician global assessments and the DASH Questionnaire. Exploratory factor analysis
(EFA) were conducted to assess the factorial validity of the AUSCAN. Results: The interrater
and intrarrater intraclass correlation coefficients for the AUSCAN-Brasil were high, up to 0,75
(p<0,05), showing high consistency. Internal consistency was excellent (Cronbach’s =0,92-
0,96). The AUSCAN scales and the total AUSCAN score had moderate correlation with grip
strength and physician global assessments and good correlation with the DASH Questionnaire
(p<0,05). Factor analysis showed that the two factors extracted didn’t support the intended
subscale structure of the AUSCAN-Brasil Índex and indicated a one factor model fits best the
data. Conclusions: The AUSCAN-Brazil Hand Osteoarthritis Index KL 3.01 is reliable and valid
and can be used as a suitable tool to assess functioning of patients with hand OA.
Key-words: Osteoarthritis, hand, AUSCAN-Brazil Osteoarthritis Hand Index, reliability, validity
40
.
Introdução
A osteoartrite (OA) é a doença osteoarticular mais comum na população ocidental idosa e
afeta frequentemente as articulações da mão1,2. Caracteriza-se por deterioração progressiva e
perda da cartilagem articular. Clinicamente, o paciente pode apresentar dor, edema, limitação de
movimentos e deformidades nas articulações afetadas3. Redução da força de preensão,
dificuldade na execução de atividades diárias, diminuição da capacidade produtiva de trabalho e
piora da qualidade de vida são conseqüências funcionais importantes da OA nas mãos4,5.
Indivíduos com OA nas mãos são frequentemente encaminhados aos serviços de
fisioterapia e terapia ocupacional para tratamento dos sintomas e melhora do desempenho
funcional6. Com o objetivo de fundamentar as decisões clínicas e terapêuticas e avaliar a
efetividade do tratamento proposto em pacientes com doenças reumáticas, instrumentos de
avaliação do estado de saúde e da qualidade de vida têm sido fortemente recomendados por
especialistas [OARSI (Osteoarthritis Research Society International) e o grupo OMERACT
(Outcome Measures for Arthritis Clinical Trials)]7. Questionários específicos para avaliação
funcional da osteoartrite têm sido desenvolvidos e amplamente utilizados8. No Brasil, dois
índices específicos para avaliação da osteoartrite no quadril e joelho foram traduzidos e
validados: o Western Ontário and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC)9 e o
Índice algofuncional de Lequesne10. Até o presente momento, não há nenhuma publicação sobre
questionários específicos para avaliar a funcionalidade de indivíduos com OA nas mãos que
tenham sido traduzidos e validados no Brasil.
O Australian/Canadian Hand Osteoarthritis Index (AUSCAN) foi desenvolvido em uma
estrutura similar ao WOMAC, por Bellamy et al11. É um questionário tridimensional, específico e
auto-administrado. Ele investiga sintomas nos domínios de dor, rigidez articular e função física
em pacientes com osteoartrite nas articulações da mão. Consiste de 15 questões, sendo cinco para
dor, uma para rigidez articular e nove para função física (Tabela 1). O AUSCAN tem sido
recomendado e utilizado como um instrumento de avaliação de desfechos de condição clínica e já
foi traduzido para 26 idiomas diferentes 8,12.
O objetivo deste estudo foi traduzir e adaptar culturalmente o Índice AUSCAN de
Osteoartrite na Mão para a população brasileira e avaliar as propriedades psicométricas deste
instrumento em uma amostra de pacientes brasileiros com OA nas mãos.
41
.
Material e Métodos
DESENHO DO ESTUDO E ÉTICA
Trata-se de um estudo metodológico de adaptação transcultural e avaliação das
propriedades psicométricas do instrumento AUSCAN para pacientes com OA nas mãos na
população brasileira. Os autores do instrumento autorizaram sua adaptação para o Brasil. Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
INSTRUMENTO
O Índice AUSCAN é um instrumento auto-administrado e não requer a presença de um
entrevistador. Entretanto, para população brasileira que possui elevado índice de baixa
escolaridade13, a aplicação do questionário foi realizada sob a forma de entrevista padronizada.
Os entrevistadores, previamente treinados, leram pausadamente para o paciente as instruções
iniciais e as questões a serem respondidas.
Na versão Likert (LK3.0) do instrumento, versão utilizada na adaptação transcultural, o
paciente responde a questão em uma escala adjetiva de 5 pontos (0=nenhuma, 1=leve,
2=moderada, 3= forte, 4=muito forte). O escore é calculado para cada dimensão do AUSCAN,
somando os valores marcados em cada item. Assim, a pontuação máxima para a escala de dor é
20, para a escala de rigidez 4 e para a escala de função física 36. O escore total do AUSCAN é
obtido somando-se todos os valores de cada item do questionário14.
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL
Os procedimentos de tradução e adaptação transcultural seguiram os métodos e critérios
descritos por Guillemin et al15. O AUSCAN foi traduzido para o português do Brasil por dois
tradutores independentes e qualificados cuja língua materna é o português. As duas traduções
geradas (T1 e T2) foram, em seguida, sintetizadas em uma única tradução (T1-2). Na etapa
seguinte, a versão T1-2 foi traduzida novamente (back-translation) para o inglês por dois
tradutores cuja língua materna é o inglês. Um comitê multidisciplinar, constituído por dois
fisioterapeutas, um terapeuta ocupacional, um reumatologista, um cirurgião de mão e um dos
42
.
tradutores, se reuniu para discutir controvérsias e consensos após as diferentes traduções. A
versão final do questionário foi testada (pré-teste) em uma amostra de 20 pacientes.
Durante a aplicação do questionário no pré-teste, a cada item, foi acrescida uma pergunta
referente à compreensão do mesmo, baseada numa escala dicotômica (fácil ou difícil). De acordo
com os critérios de Guillemin et al15, a adaptação cultural é necessária naqueles itens
classificados como de difícil compreensão em um número de participantes superior a 10% da
amostra estudada.
AMOSTRA
Para o pré-teste foram recrutados 20 pacientes com osteoartrite primária na mão,
selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e que estavam em tratamento no
Hospital Ortopédico e no CROT – Centro de Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, em
Belo Horizonte. Os critérios de inclusão no estudo foram pacientes a partir de 45 anos, com
osteoartrite primária sintomática em pelo menos uma articulação da mão e que preenchessem os
critérios de classificação para OA na mão segundo o American College of Rheumatology16.
Foram excluídos pacientes com qualquer alteração ortopédica, reumatológica ou neurológica que
afetasse os membros superiores e que apresentassem déficits cognitivos. Todos os pacientes
foram submetidos a um rastreio cognitivo utilizando o Mini-Exame do Estado Mental17.
A versão considerada definitiva, versão AUSCAN-Brasil, foi aplicada a outros 73
pacientes para avaliação das propriedades psicométricas.
AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS
Procedimentos
Para avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN-Brasil 3.01, foram recrutados
através de correspondência e contato telefônico e selecionados de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão, 73 pacientes com OA nas mãos atendidos no período de janeiro de 2005 a
junho de 2009. Neste período, os pacientes foram avaliados por três de cirurgiões de mão do
Hospital Ortopédico que realizaram o diagnóstico da osteoartrite primária, segundo os critérios
do American College of Rheumatology (AVR) e foram, em seguida, encaminhados para
tratamento no setor de reabilitação da mão, no CROT. Os pacientes selecionados para o estudo
não estavam em tratamento fisioterapêutico para não influenciar os resultados das medidas de
avaliação de confiabilidade. Após a inclusão no estudo, os pacientes foram submetidos a três
43
.
avaliações em tempos diferentes. Na primeira avaliação, dados sócio-demográficos e clínicos
foram coletados no intuito de caracterizar a amostra. Para avaliação das condições sócio-
econômicas, foi utilizado o CCEB - Critério de Classificação Econômica Brasil/2008 da ABEP –
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa18. Pelo mesmo examinador (A1), autora desse
estudo, foram aplicados na seguinte ordem: a versão AUSCAN-Brasil, um questionário de
avaliação global dos sintomas, um questionário qualitativo semi-estruturado de avaliação do
Índice AUSCAN-Brasil, elaborado especialmente para esse estudo, e foram avaliadas as medidas
de força de preensão palmar e de pinça lateral. A segunda avaliação foi feita no mesmo dia por
outro examinador (A2), que aplicou o questionário DASH- Disabilities of the Arm, Shoulder and
Hand19 e novamente, a versão AUSCAN-Brasil. A 3ª avaliação foi realizada aproximadamente
após uma semana onde somente a versão adaptada do questionário AUSCAN-Brasil foi aplicada
por um dos examinadores (A1 ou A2).
Confiabilidade
A confiabilidade inter-examinadores foi avaliada aplicando-se o questionário AUSCAN-
Brasil em um mesmo dia, em tempos diferentes, por diferentes examinadores (A1 e A2) e a
confiabilidade intra-examinador foi avaliada na reaplicação do questionário após uma semana
pelos mesmos examinadores20. A consistência interna avaliou a correlação dos itens de cada
escala e a correlação de todos os itens com o escore total do AUSCAN-Brasil.
Validade de Construto
A validade de construto da versão AUSCAN-Brasil foi avaliada através da correlação do
escore de suas escalas (dor, rigidez e atividades) e seu escore total com outras medidas de
desfecho: medidas de força de preensão palmar e de pinça, um questionário de avaliação da
gravidade dos sintomas na mão e o questionário DASH19. Hipóteses de correlação boa a
moderada entre as medidas foram testadas. Para o teste de força de preensão palmar, foi utilizado
o dinamômetro JamarR (Asimow Engineering Co.), onde o valor foi obtido de uma média de três
medidas, na posição padrão de avaliação21. O pinch gaugeR (B&L Engineering Co.) foi o
instrumento utilizado para avaliação da força de pinça lateral, e seguiu-se o mesmo
procedimento21.
44
.
Foi aplicado o mesmo questionário de “avaliação da gravidade dos sintomas na mão”
elaborado especialmente para ser utilizado no estudo de avaliação das propriedades psicométricas
do AUSCAN versão LK3.012. O questionário consta de três questões que medem as três
dimensões do AUSCAN: dor, função manual e rigidez articular. Nas primeira e segunda
questões, o paciente responde em uma escala likert (0=nenhuma, 1=leve, 2=moderada, 3= forte,
4=muito forte) às seguintes perguntas: (1) “indique quanta dor que você sentiu em suas mãos nas
últimas 48 horas, devido à artrite em suas mãos” e (2) “indique o grau de dificuldade que você
sentiu para realizar suas atividades diárias nas últimas 48 horas, devido à artrite em suas mãos”.
Na terceira questão, foi perguntado: “logo após acordar de manhã, quanto tempo (em minutos)
durou a sensação de rigidez em suas mãos, nas últimas 48 horas?”
O questionário DASH19 foi projetado para medir as disfunções e sintomas físicos nas
pessoas com uma ou mais desordens que afetam o membro superior. É dividido em 30 questões:
21 que avaliam o grau de dificuldade em realizar diferentes atividades, cinco para a gravidade
dos sintomas e quatro itens que enfocam atividades sociais, trabalho, sono e auto-imagem. Sendo
o DASH considerado um questionário genérico que engloba vários aspectos relevantes
relacionados à saúde e o AUSCAN um questionário específico para pacientes com OA nas mãos,
hipotetizamos que os escores totais dos dois questionários teriam correlação moderada.
Análise fatorial exploratória (AFE)
O objetivo da AFE, neste estudo, foi identificar grupos de variáveis que se comportam de
maneira similar e avaliar se medem um conceito comum proposto pelas escalas do questionário
AUSCAN-Brasil. Como não é possível conduzir uma análise fatorial em uma escala com apenas
uma variável, a escala de rigidez articular não foi considerada, conforme procederam também
Allen et al22.
Avaliação qualitativa do Questionário AUSCAN-Brasil
Através de um questionário semi-estruturado, avaliamos a opinião dos pacientes sobre o
Índice AUSCAN-Brasil. Três questões foram levantadas: (1) a facilidade/dificuldade de
responder ao questionário; (2) a presença ou não de outros sintomas ou atividades relevantes que
não foram citados no Índice AUSCAN-Brasil; (3) comentário livre.
45
.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise descritiva foi realizada para caracterizar os dados demográficos e clínicos e o
nível de significância estatística para todas as análises foi estabelecido em = 0,05. As
confiabilidades inter e intra-examinadores foram avaliadas pelo coeficiente de correlação
intraclasse (ICC - Two Way Random) calculado para cada item, cada escala e para o escore total
do AUSCAN-Brasil 3.01. A consistência interna das escalas de dor e atividades foi avaliada
através do coeficiente (alfa) de Cronbach, e determinada em ambas as aplicações do
questionário realizadas pelos diferentes examinadores.
Para analisar a validade de construto, foram calculados os coeficientes de correlação
parcial entre as dimensões do AUSCAN e as outras medidas de desfecho. Estas correlações
foram controladas pelo sexo e idade. Os coeficientes de correlação de Pearson ou de Spearman
foram utilizados dependendo da distribuição das medidas.
A análise da validade fatorial do AUSCAN-Brasil foi realizada nas escalas de dor e
atividades. Os fatores foram extraídos através da análise dos componentes principais e o scree
plot test foi aplicado para identificar o número aceitável de fatores. Para a análise da carga de
fatores de cada item das escalas foi utilizada a rotação oblíqua promax. Os itens foram
considerados pertencentes a um determinado fator quando seu coeficiente era >0,45.
O pacote estatístico SSPS (Statistical Package for the Social Sciences) 15.0 foi utilizado
para processar os dados.
Resultados
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL
A versão final do questionário foi aplicada em uma amostra de 20 pacientes. Como
nenhum dos itens obteve um índice superior a 10% de incompreensão, não houve necessidade de
realizar nova adaptação cultural. O questionário definitivo, Índice AUSCAN-Brasil para OA nas
Mãos, foi então aplicado em outra amostra de 73 pacientes para avaliação das propriedades
psicométricas.
PACIENTES
Participaram do estudo da avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN-Brasil
73 pacientes. A adequação do tamanho amostral foi calculada a partir das correlações analisadas
46
.
no estudo. Considerando que a maioria das correlações ficou em torno de 0,30, pode-se estimar, a
partir desse valor, que o poder dos testes para verificar a significância das correlações (superiores
a 0) foi de 75%. Este poder amostral é considerado adequado para aceitar as inferências
realizadas20.
A grande maioria dos participantes, 60(82%), era do sexo feminino e 13 participantes
(18%) eram do sexo masculino. A idade variou de 45 a 85 anos (IQR 60-72 anos). De acordo
com o CCEB, 65% dos participantes pertenciam à classe A, 31% a classe B e 2% a classe C. Em
relação ao nível de escolaridade, 53,5% dos participantes possuíam nível superior, 31,5% ensino
médio completo, 11% ensino fundamental completo e 4% estudaram até a 4ª série do ensino
fundamental. Os participantes do estudo obtiveram no teste do Mini-Exame do Estado Mental17
um escore que variou de 29 a 30 pontos, indicando um excelente nível cognitivo. A distribuição
dos dados dos escores do AUSCAN-Brasil e das outras medidas de desfecho encontram-se na
Tabela 2.
Em relação às características clínicas das mãos afetadas, 42 (57,5%) participantes
apresentaram sintomas em ambas as mãos, 18 participantes (24,5%) somente na mão direita e 13
(18%) somente na mão esquerda. Apenas um participante era sinistro e 12 (16,4%) participantes
apresentaram sintomas apenas na mão não dominante. A Tabela 3 descreve o padrão de
acometimento das articulações nas mãos dos participantes desse estudo.
CONFIABILIDADE
Os índices de confiabilidade inter e intra-examinadores entre as escalas e o escore total do
AUSCAN-Brasil LK 3.01, apresentaram valores elevados, onde a maioria ficou acima de 0,75,
demonstrando elevada consistência. A Tabela 4 resume as medidas de confiabilidade. Os itens
das escalas de dor e de atividades apresentaram alta correlação com excelente consistência
interna demonstrada pelo de Cronbach = 0,92 e de Cronbach = 0,94, respectivamente. O
mesmo foi observado entre todos os itens e o escore total do AUSCAN-Brasil ( de Cronbach=
0,96).
VALIDADE DE CONSTRUTO
A Tabela 5 demonstra as correlações parciais entre as dimensões do AUSCAN e as
demais medidas de desfecho. As correlações mais fortes foram observadas entre as escalas de dor
47
.
e atividades do AUSCAN-Brasil (r = 0,84; p < 0,001) e entre as duas escalas e o escore total (r =
0,93 e r = 0,97, respectivamente, p < 0,001). As correlações entre as medidas de força de
preensão e as dimensões do AUSCAN foram moderadas a fracas (r = -0,33 a -0,36), porém
significativas (p < 0,001, na escala de dor e p<0,01 nas escalas de atividades e rigidez). Não foi
observada correlação entre a força de pinça e o AUSCAN-Brasil, neste estudo. A escala de
rigidez mostrou correlação moderada e significativa (r = 0,52; p < 0,001) com o número de
interfalangeanas (IF) sintomáticas, demonstrando a validade de construto da escala. As escalas de
dor, rigidez e atividades do AUSCAN-Brasil apresentaram correlação moderada e significativa (p
< 0,001) com as questões de dor, rigidez e disfunção do questionário global. Observou-se que o
questionário DASH apresentou boa correlação (p < 0,001) com o escore total e as três dimensões
do AUSCAN-Brasil.
ANÁLISE FATORIAL
A análise fatorial exploratória inicial das escalas de dor e atividades do AUSCAN-Brasil
indicou que a solução de apenas um fator possivelmente representaria a melhor configuração dos
dados. Isto ocorreu devido ao percentual de variância do primeiro fator que foi igual a 64% (valor
superior ao limite de 60%, sugerido por Hair et al25), com uma carga de fatores igual a 9,224.
Entretanto, pela análise do gráfico do scree plot test pode-se extrair um segundo fator (figura 1).
Os dois fatores extraídos explicaram 72% da variância dos dados. Após a estimação do segundo
fator houve uma tendência a estabilidade dos fatores restantes. A tabela 6 representa a matriz de
fatores rotacionados que contém a carga dos fatores para cada item das escalas de dor e
atividades. Na tabela 6, podemos observar que o fator um está carregado de itens relacionados
tanto às questões de dor quanto de atividades e não representa uma única dimensão, conforme a
estrutura proposta pelo questionário.
No questionário de avaliação qualitativa do AUSCAN, 40% dos participantes relataram
outros sintomas não abordados pelo Índice AUSCAN, como: dor à palpação da articulação, dor
ao final do dia, entre outros, e 55% acrescentaram outras atividades que tinham dificuldade de
realizar no dia a dia (atividades manuais, escrita, atividades esportivas, higiene pessoal).
Comentários importantes como: o Índice não abordou o aspecto estético das mãos com
deformidades, e também os sentimentos negativos da incapacidade, foram relatados.
48
.
Discussão
A adaptação transcultural do Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão seguiu os
procedimentos recomendados e foi concluída com a aplicação da versão traduzida em uma
amostra de 20 indivíduos com OA nas mãos. Não houve necessidade de adaptação dos itens do
questionário devido ao elevado índice de compreensão das questões elaboradas, fato confirmado
após a aplicação do questionário na amostra de 73 participantes, onde apenas 4% relataram
alguma dificuldade na compreensão dos itens. A versão adaptada foi encaminhada ao autor do
questionário que aprovou sua tradução.
Devido às características da população brasileira com importantes índices de analfabetismo13,
a aplicação do questionário foi feita sob a forma de entrevista, mesmo contando com uma
amostra de participantes alfabetizados. Para verificar a reprodutibilidade dos escores obtidos,
analisamos os índices de confiabilidade intra e inter-examinadores. A confiabilidade intra-
examinador apresentou menor índice, provavelmente, devido à presença de erros aleatórios
como: efeito reativo da primeira testagem, onde o paciente foi sensibilizado se tornando mais
atento a sua condição, ou o efeito do tempo entre as avaliações, onde eventos podem ter ocorrido
modificando a condição clínica e consequentemente, os escores do questionário13. Por outro lado,
o índice de confiabilidade inter-examinador pode ter sido influenciado pelo efeito de memória,
devido à aplicação do questionário em um intervalo curto de tempo, em um mesmo dia, elevando
o índice de correlação entre os dois escores obtidos. Procuramos controlar esse efeito, aplicando
o questionário com um maior intervalo de tempo possível, onde, nesse período, outras medidas de
desfecho foram também aplicadas20.
Observamos elevada consistência interna ( de Cronbach = 0,92-0,96) entre os itens das
escalas de dor e de atividades e entre todos os itens do questionário com o escore total do
AUSCAN-Brasil, valores semelhantes aos encontrados por outros pesquisadores 8,12,22. Massy-
Westropp et al28 também relataram resultados elevados para consistência interna do escore total
do AUSCAN e sugeriram que esse dado indicava que as escalas do AUSCAN não mediam
aspectos distintos da função manual. Observamos ainda, alta correlação entre as escalas de dor e
função do AUSCAN-Brasil (r = 0,84, P < 0,001), reforçando a idéia de sobreposição dos itens
entre as duas escalas, conforme observado também por Allen et al24 e pela análise fatorial
exploratória realizada neste estudo.
49
.
A análise das correlações parciais entre as escalas do AUSCAN e outros instrumentos de
avaliação da função manual sustentou a validade de construto das escalas do AUSCAN-Brasil e
de seu escore total. As escalas de dor, rigidez e atividades do AUSCAN-Brasil se
correlacionaram moderadamente com as questões de dor, rigidez e disfunção do questionário
global e apresentaram boa correlação com o escore total do questionário DASH. A semelhança na
estrutura dos questionários DASH e AUSCAN pode justificar a boa correlação, como o grande
número de itens relacionados a dificuldade de realização de atividades e itens relacionados aos
sintomas (dor e rigidez).
As medidas de força de preensão se correlacionaram com todas as escalas do AUSCAN,
diferente do que foi observado por Allen et al22,24, onde a força de preensão se correlacionou
apenas com a escala de atividade. Indicando mais um dado sugestivo de sobreposição de itens
entre as escalas de dor e atividades. Neste estudo, não foi observada correlação entre a força de
pinça e as escalas do AUSCAN-Brasil, mesmo sendo a amostra composta em sua maioria (78%)
de pacientes com OA na articulação trapeziometacarpal do polegar. Allen et al, ao contrário,
relataram correlação fraca, porém significativa, entre a força de pinça e as escalas de dor e
atividade do AUSCAN.
Na análise fatorial exploratória (AFE) do Índice AUSCAN-Brasil, observamos que os dois
fatores extraídos (Tabela 6) não sustentaram a estrutura das duas escalas em medir conceitos
distintos, diferente do que foi observado por Alen et al22,24. O fator um está carregado de itens
relacionados tanto às questões de dor quanto de atividades e, além disto, apresenta um percentual
de variância igual a 64%. Assim, podemos concluir que é aceitável a solução de um único fator.
Provavelmente, para os pacientes entrevistados, as duas escalas de dor e atividades do Índice
AUSCAN-Brasil avaliaram somente um construto latente: a dificuldade em realizar as atividades
de vida diária, ou por dor ou por incapacidade funcional ou pela associação de ambas as
condições. Isto pode ser justificado por Bellamy et11 al no processo de desenvolvimento do Índice
AUSCAN, ao relatar que o desfecho clinicamente relevante que o Índice se propõe a medir é a
incapacidade percebida pelo paciente. Segundo ele, medidas de desfecho como amplitude de
movimento e força manual fogem dessa definição. Provavelmente medidas objetivas de avaliação
da dor, também.
50
.
Assim, sugerimos que a análise dos dados do Índice AUSCAN-Brasil seja conduzida através
do escore total e não separadamente através de suas escalas. Entretanto, se futuros estudos forem
capazes de mostrar a tridimensionalidade da escala esta recomendação deverá ser reconsiderada.
As limitações desse estudo incluíram a avaliação de uma amostra de conveniência e não
randomizada de pacientes com OA nas mãos da população brasileira. A homogeneidade da
amostra de pacientes de grau de escolaridade e nível sócio-econômico semelhante garantiu
validade interna dos resultados obtidos, entretanto reduziu a validade externa das inferências
realizadas. Um estudo futuro em diferentes setores populacionais ajudaria a ampliar a avaliação
das características psicométricas do AUSCAN-Brasil na população com OA nas mãos,
complementando os dados apresentados.
Concluímos que os dados deste estudo permitem afirmar que o Índice AUSCAN-Brasil de
Osteoartrite nas Mãos, escala LK 3.01, foi adequadamente traduzido para ser utilizado na
população brasileira, demonstrando ser um instrumento confiável, fácil de ser aplicado e válido
para avaliar a funcionalidade de pacientes com osteoartrite nas mãos.
51
.
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54
.
Tabela 1 – Descrição dos itens dos três domínios do Índice AUSCAN: dor, rigidez e função física
Dor
Rigidez
Função Física
No repouso Após acordar Abrir torneiras
Segurando de manhã Abrir portas
Levantando Abotoar
Torcendo Prender jóias
Apertando Abrir um pote novo
Carregar um pote cheio com uma mão
Descascar frutas e legumes
Levantar objetos grandes e pesados
Torcer roupas
55
.
Tabela 2 – Descrição da amostra (N=73) quanto à distribuição dos dados dos escores do Índice AUSCAN-Brasil e de outras medidas de desfecho
VARIÁVEIS % Média
N Desvio padrão
Mediana
IQR
IFs afetadas 1,26 (2,40) 0,00 0,00 1,00
Polegares afetados 1,12 (0,80) 1,00 0,00 2,00
Força de pressão palmar (Direita) 22,48 (7,86) 20,83 18,00 25,33
Força de pressão palmar (Esquerda) 20,08 (7,37) 18,66 16,50 23,00
Força de pinça (Direita) 6,01 (1,46) 6,00 5,25 6,58
Força de pinça (esquerda) 5,39 (1,51) 5,50 4,08 6,58
DASH TOTAL 23,44 (17,93) 19,91 8,48 34,58
Questionário de avaliação dos sintomas
Questão DOR* 1,32 (,97) 1,00 1,00 2,00
Questão DISFINÇÃO* 1,33 (1,08) 1,00 0,00 2,00
Questão RIGIDEZ* 7,54 (26,56) ,00 0,00 5,00
AUSCAN-Brasil
DOR 6,58 (4,66) 6,00 3,00 10,00
RIGIDEZ 0,70 (0,98) ,00 0,00 1,00
ATIVIDADES 12,26 (8,52) 11,00 5,00 19,00
AUSCAN TOTAL 19,53 (13,28) 19,00 8,00 30,00
IQR = intervalo interquartil; IFs = interfalangeanas (proximal e distal); DASH = Disabilities of the Arm,
Shoulder and Hand.
(*) Variáveis que não seguiram a distribuição normal segundo teste K-S.
56
.
Tabela 3 – Descrição da amostra: características clínicas (N=73) do acometimento das articulações nas mãos
Articulações sintomáticas
N %
Apenas a articulação TM do polegar 40 55%
Apenas as articulações IFs (IFP e IFD) 13 18%
Articulações TM + IF (IFD e IFP) 14 19%
Outras combinações
MF + TM ou IFs
Punho + TM
4
2
5,3%
2,7%
Articulação TM
Ambos os polegares
Polegar direito
Polegar esquerdo
28
15
14
38%
20,5%
19%
Articulações IF (IFD e IFP)
Apenas uma IF
Duas IF
4-5 IF
Mais de 7 IF
10
9
7
4
14%
12%
9,5%
5,3%
TM = trapéziometacarpal; IFs = interfalangeanas; IFP = interfalangeana
Proximal; IFD = interfalangeana distal; MF = metacarpofalangeana
57
.
Tabela 4 – Resumo das medidas de confiabilidade Índice AUSCAN-Brasil (ICC)
MEDIDAS INTER INTRA
AUSCAN - ESCALAS
Dor
0,93
0,79
Rigidez 0,86 0,69
Atividades 0,92 0,88
AUSCAN - TOTAL
0,95 0,89
.
58
.
Tabela 5 – Correlações parciais entre as variáveis e as dimensões do Índice AUSCAN
Variáveis
AUSCAN
Dor
AUSCAN Rigidez
AUSCAN Atividades
AUSCAN Escore total
DASH Escore total
AUSCAN Dor
AUSCAN Rigidez* 0,66 (<0,001)
AUSCAN Atividades 0,84 (<0,001) 0,58 (<0,001)
AUSCAN total 0,93 (<0,001) 0,67 (<0,001) 0,97 (<0,001)
DASH total
0,75 (<0,001)
0,68 (<0,001)
0,81 (<0,001)
0,82 (<0,001)
Questão DOR*
0,65 (<0,001)
0,55 (<0,001)
0,52 (<0,001)
0,60 (<0,001)
0,62 (<0,001)
Questão DISFUNÇÃO*
0,49 (<0,001)
0,33 (0,01)
0,47 (<0,001)
0,49 (<0,001)
0,53 (<0,001)
Questão RIGIDEZ*
0,40 (<0,001)
0,41 (<0,001)
0,32 (0,01)
0,38 (<0,001)
0,35 (0,01)
IFs sintomáticas
0,22 (0,07)
0,52 (<0,001)
0,25 (0,04)
0,28 (0,02)
0,22 (0,073)
Polegar sintomático 0,25 (0,04) -0,05 (0,71) 0,23 (0,06) 0,23 (0,06) 0,16 (0,190)
Força Preensão D
-0,34 (<0,001)
-0,33 (0,01)
-0,30 (0,01)
-0,34 (0,01)
-0,35 (0,01)
Força Preensão E -0,34 (<0,001) -0,33 (0,01) -0,33 (0,01) -0,36 (<0,001) -0,40 (0,01)
Força Pinça D -0,21 (0,09) -0,17 (0,17) -0,14 (0,25) -0,18 (0,15) -0,23 (0,067)
Força Pinça E -0,27 (0,03) -0,16 (0,19) -0,19 (0,13) -0,23 (0,07) -0,22 (0,079)
Para as variáveis marcadas com (*) utilizou-se o coeficiente de Spearman,
nas demais variáveis, utilizou-se o coeficiente de Person.
59
.
Tabela 6 – Análise fatorial das escalas de dor e atividade do AUSCAN-Brasil
FATOR ITENS 1 2
Dor ao levantar objetos 0,932 -0,016 Dor ao pegar objetos 0,856 0,075 Dor ao girar objetos 0,847 0,014 Dor ao apertar objetos 0,795 0,036 Dificuldade em torcer roupas molhadas 0,719 0,196 Dificuldade em abrir um pote novo 0,682 0,223 Dificuldade em levantar objetos grandes / pesados. 0,658 0,294 Dificuldade em carregar um pote cheio com uma mão 0,557 0,376 Dor em repouso 0,517 0,207 Dificuldade em abotoar/desabotoar botões -0,041 0,886 Dificuldade em prender jóias / bijuteria 0,021 0,852 Dificuldade em abrir torneiras. 0,152 0,784 Dificuldade em girar uma maçaneta redonda ou de cabo 0,275 0,651 Dificuldade em descascar legumes / frutas. 0,380 0,626
Os valores marcados em negrito indicam as cargas fatoriais de cada item do Índice
AUSCAN-Brasil para cada um dos fatores representados nas colunas a direita
60
.
Número do fator 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Aut
o va
lor
10
8
6
4
2
0
Gráfico 1: Scree Plot Test. Após o fator 2 observa-se uma tendência a estabilidade dos fatores restantes
61
.
Table 1 - The items of AUSCAN within the three dimensions: pain, stiffness and physical functioning
Pain
Stiffness
Physical function
At rest After first Turning taps
Gripping wakening Turning a doorknob or handle
Lifting Doing buttons
Turning Fastening jewellery
Squeezing Opening a new jar
Carrying a full pot with one hand
Peeling vegetables/fruits
Picking up large,heavy objects
Wringing out washcloths
62
.
Table 2 – Sample characteristics (N=73)
Variables
Mean
Standard deviation
Median
IQR
Affected IP joints 1,26 (2,40) 0,00 0,00 1,00
Affected Thumb TM joint 1,12 (0,80) 1,00 0,00 2,00
Grip strength, right (kg) 22,48 (7,86) 20,83 18,00 25,33
Grip strength, left (kg) 20,08 (7,37) 18,66 16,50 23,00
Pinch strength, right (kg) 6,01 (1,46) 6,00 5,25 6,58
Pinch strength, left (kg) 5,39 (1,51) 5,50 4,08 6,58
DASH TOTAL 23,44 (17,93) 19,91 8,48 34,58
Physician global assessment of
symptom severity in the hand
Pain Question * 1,32 (,97) 1,00 1,00 2,00
Fuction Question* 1,33 (1,08) 1,00 0,00 2,00
Stiffness Question* 7,54 (26,56) ,00 0,00 5,00
AUSCAN-Brazil
AUSCAN Pain 6,58 (4,66) 6,00 3,00 10,00
AUSCAN Stiffness* 0,70 (0,98) ,00 0,00 1,00
AUSCAN Function 12,26 (8,52) 11,00 5,00 19,00
AUSCAN TOTAL 19,53 (13,28) 19,00 8,00 30,00
IQR = interquartile range. IP = interphalangeal joints. TM = trapeziometacarpal joint.
(*) Variables with abnormal distribution by K-S test and visual inspection.
63
.
Table 3 – Sample characteristics: clinical aspects (N=73)
Sintomatic joints
N %
Isolated thumb TM 40 55%
Just IP joints (PIP and DIP) 13 18%
Thumb TM and IP joints (PIP and DIP) 14 19%
Combinations
MP + TM or IP
Wrist + TM
4
2
5,3%
2,7%
Isolated thumb TM
Right and left
Right
Left
28
15
14
38%
20,5%
19%
IP joints (PIP and DIP)
One
Two
Three-five
Up to five
10
9
7
4
14%
12%
9,5%
5,3%
TM = trapeziometacarpal joint; IP = interphalangeal joints;
PIP= proximal interphalangeal joint; DIP = distal interphalangeal joint;
MF = metacarpophalangeal joint
Table 4 – Interrater and intrarater reliability for the AUSCAN-Brasil (ICC)
AUSCAN INTER INTRA
Pain
0,93
0,79
Stiffiness 0,86 0,69
Function 0,92 0,88
TOTAL
0,95 0,89
64
.
Table 5 – Correlations between AUSCAN-Brazil and other health status measures
Variables AUSCAN Pain
AUSCAN Stiffiness
AUSCAN Function
AUSCAN Total Score
DASH Total Score
AUSCAN Pain
AUSCAN Stiffiness* 0,66 (<0,001)
AUSCAN Function 0,84 (<0,001) 0,58 (<0,001)
AUSCAN total 0,93 (<0,001) 0,67 (<0,001) 0,97 (<0,001)
DASH total
0,75 (<0,001)
0,68 (<0,001)
0,81 (<0,001)
0,82 (<0,001)
Pain question*
0,65 (<0,001)
0,55 (<0,001)
0,52 (<0,001)
0,60 (<0,001)
0,62 (<0,001)
Function question* 0,49 (<0,001) 0,33 (0,01) 0,47 (<0,001) 0,49 (<0,001) 0,53 (<0,001)
Stiffiness question* 0,40 (<0,001) 0,41 (<0,001) 0,32 (0,01) 0,38 (<0,001) 0,35 (0,01)
Affected IP joints
0,22 (0,07)
0,52 (<0,001)
0,25 (0,04)
0,28 (0,02)
0,22 (0,073)
Affected thumb TM 0,25 (0,04) -0,05 (0,71) 0,23 (0,06) 0,23 (0,06) 0,16 (0,190)
Grip strength right
-0,34 (<0,001)
-0,33 (0,01)
-0,30 (0,01)
-0,34 (0,01)
-0,35 (0,01)
Grip strength left -0,34 (<0,001) -0,33 (0,01) -0,33 (0,01) -0,36 (<0,001) -0,40 (0,01)
Pinch strength right -0,21 (0,09) -0,17 (0,17) -0,14 (0,25) -0,18 (0,15) -0,23 (0,067)
Pinch strength left -0,27 (0,03) -0,16 (0,19) -0,19 (0,13) -0,23 (0,07) -0,22 (0,079)
* For the stiffness scale, pain, function and stiffiness questions, values are Spearman’s rank correlation
coefficients. For the others measures, values are Pearson’s correlation.
65
.
Table 6 – Factor analysis of AUSCAN pain and function subscales
FATOR ITENS 1 2
(Pain) Lifting objects 0,932 -0,016 (Pain) Gripping objects 0,856 0,075 (Pain) Turning objects 0,847 0,014 (Pain) Squeezing objects 0,795 0,036 (Function) Wringing out washcloth 0,719 0,196 (Function) Opening jar 0,682 0,223 (Function) Picking up large, heavy objects 0,658 0,294 (Function) Carrying a full pot with one hand 0,557 0,376 (Pain) At rest 0,517 0,207 (Function) Buttoning -0,041 0,886 (Function) Fastening jewelry 0,021 0,852 (Function) Turning faucets. 0,152 0,784 (Function) Turning doorknob/handle 0,275 0,651 (Function) Peeling vegetables or fruit 0,380 0,626
Bold values indicate items that loaded on the factor represented
66
.
Factor number14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Eige
nval
ues
10
8
6
4
2
0
Grafic 1: Scree Plot Test. Stability tendency after factor two
67
.
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Questionários de avaliação do estado de saúde e da qualidade de vida são
extensivamente elaborados por seus autores para abranger de uma forma geral e
relevante o impacto de uma doença sobre a vida de pacientes. O processo de
elaboração do AUSCAN iniciou-se com a captação de um conjunto de vários itens
sobre dor, incapacidade e rigidez articular, selecionados por pesquisadores clínicos e
pacientes com OA nas mãos e se estendeu para estudos de avaliação da
confiabilidade, validade, responsividade, sensibilidade e especificidade. Foi traduzido e
validado para vários países e agora para o Brasil.
Os objetivos deste estudo foram alcançados e o índice AUSCAN de Osteoartrite
na Mão LK 3.01 foi traduzido e validado para ser utilizado na população brasileira com
OA nas mãos. A utilização do método padronizado por Guillemin et al ordenou e
facilitou todo o processo de tradução e adaptação transcultural do Índice AUSCAN-
Brasil e assegurou sua equivalência ao índice original. Neste estudo, o Índice foi
aplicado na forma de entrevista, diferente da proposta do questionário de ser auto-
aplicado. Por este motivo, a confiabilidade inter e intra-examinadores foi analisada e
obtivemos excelentes índices. Isso assegurou o uso do Índice AUSCAN-Brasil na forma
de entrevista. A análise das correlações entre o AUSCAN-Brasil e outros instrumentos
de avaliação da função manual sustentou a validade de construto do Índice. Entretanto,
a análise fatorial não sustentou a estrutura das escalas de dor e atividades em medir
conceitos distintos e indicou que a solução de apenas um fator possivelmente
representaria a melhor configuração dos dados. Assim, sugerimos que a análise dos
dados do Índice AUSCAN-Brasil seja conduzida através do escore total e não
separadamente através de suas escalas. Entretanto, se futuros estudos forem capazes
de mostrar a tridimensionalidade da escala esta recomendação deverá ser
reconsiderada.
Para ampliar a avaliação das características psicométricas do AUSCAN-Brasil
futuros estudos devem ser realizados, como avaliação do desempenho do Índice em
uma amostra de pacientes de diferentes níveis sócio-econômicos e a avaliação da
responsividade do Índice AUSCAN-Brasil em pacientes com OA nas mãos em
68
.
tratamento. Sendo o AUSCAN um questionário específico para a avaliação da OA,
espera-se que seja sensível nas alterações funcionais ao longo do tratamento.
É frequente o encaminhamento de pacientes com OA sintomática nas mãos para
os serviços de reabilitação, onde dor, incapacidade funcional e rigidez articular são
queixas frequentemente relatadas. Entretanto, são as particularidades de cada caso,
que conduzem a escolha do tratamento. Questionários de avaliação da funcionalidade
são instrumentos de generalização de dados clínicos relevantes que permitem a
comparação entre diferentes estudos, sendo imprescindíveis na pesquisas clínicas. Seu
uso na prática clínica deve ser sempre associado a outras medidas de avaliação
objetivas e ao relato oral dos pacientes para assegurar que a proposta de tratamento
esteja focada nas necessidades e problemas expressados pelo paciente.
Sendo o Índice AUSCAN-Brasil um instrumento padrão de medidas de desfecho
fortemente recomendados por órgãos internacionais de pesquisa, seu uso facilitará a
avaliação clínica de sintomas relevantes em pacientes com osteoartrite nas articulações
da mão e a comparação de resultados de pesquisas nacionais e internacionais.
69
.
Anexo 1
70
.
71
.
72
.
73
.
74
.
Anexo 2 -
75
.
76
.
Anexo 3
77
.
Anexo 4
78
.
Anexo 5: Mini Exame do Estado Mental (Meni-Mental)
79
.
Anexo 6
Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão LK3.01
INSTRUÇÕES AOS PACIENTES
O questionário AUSCAN é dividido em seções A, B e C onde as perguntas serão feitas no formato indicado abaixo. Você deve responder colocando um “X” em um dos quadrados.
EXEMPLOS: Em uma pergunta sobre dor, 1. Se você colocar o “X” no 1o quadrado da esquerda:
Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte Você estará indicando que não sente dor. 2. Se você colocar o “X” no último quadrado da direita:
Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte Você estará indicando que sua dor é muito forte.
3. Por favor, observe: a) quanto mais para a direita você colocar o “X”, mais dor você está sentindo. b) quanto mais para a esquerda você colocar o “X”, menos dor você está sentindo. c) não coloque o “X” fora do quadrado
Você deverá indicar, neste tipo de escala, o grau de dor, rigidez e incapacidade que você tem sentido nas últimas 48 horas.
Por último, lembre-se que você vai responder a um questionário sobre suas mãos,
logo você deve pensar em suas mãos enquanto estiver respondendo. Você deve indicar a intensidade da dor, rigidez e incapacidade física que você acha que é causada pela artrite em suas mãos.
80
.
Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão LK3.01
Seção A DOR
Pense na dor que você tem sentido em suas mãos devido à artrite, nas últimas 48 horas. (Favor marcar suas respostas com um “X”) Questão: Quanta dor você sente em suas mãos?
1. Em repouso (isto é, quando você não está usando suas
mãos). Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
2. Ao pegar objetos com suas mãos. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
3. Ao levantar objetos com suas mãos. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
4. Ao girar objetos com suas mãos. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
5. Ao apertar objetos com suas mãos. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
Para uso exclusivo
do Coordenador Dor 1 ________ Dor 2 ________ Dor 3 ________ Dor 4 ________ Dor 5 ________
81
.
Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão LK3.01
Seção B RIGIDEZ
Pense na rigidez (não na dor) que você sentiu em suas mãos devido à artrite, nas últimas 48 horas. Rigidez é uma sensação de limitação ou dificuldade que você tem ao movimentar suas mãos. (Favor marcar suas respostas com um “X”)
6. Qual o grau de rigidez em suas mãos logo ao acordar de
manhã ? Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
Para uso exclusivo
do Coordenador Rigidez 6 ______
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Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão LK3.01
Seção C DIFICULDADES EM REALIZAR ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA (AVD)
Pense na dificuldade que você teve ao realizar as seguintes atividades do dia a dia devido à artrite em suas mãos, isto é, a sua habilidade em se movimentar e em cuidar de si mesmo/a, nas últimas 48 horas. (Favor marcar suas respostas com um “X”) Questão: Qual o grau de dificuldade que você tem com as seguintes atividades ? 7. Abrir torneiras. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
8. Girar uma maçaneta redonda ou de cabo. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
9. Abotoar/desabotoar botões. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
10. Prender jóias / bijuteria (ex: relógios, brincos, abotoaduras,
colares, broches, pulseiras) Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
11. Abrir um pote novo. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
Para uso exclusivo
do Coordenador DRAVD 7 _____ DRAVD 8 _____ DRAVD 9 _____ DRAVD 10 _____ DRAVD 11 _____ DRAVD: Dificuldade em Realizar Atividades de Vida Diária
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Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão LK3.01
Seção C DIFICULDADES EM REALIZAR ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA (AVD)
Pense na dificuldade que você teve ao realizar as seguintes atividades do dia a dia devido à artrite em suas mãos, isto é, a sua habilidade em se movimentar e em cuidar de si mesmo/a, nas últimas 48 horas. (Favor marcar suas respostas com um “X”) Questão: Qual o grau de dificuldade que você tem com as seguintes atividades ? 12. Carregar um pote cheio com uma mão Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
13. Descascar legumes / frutas. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
14. Levantar objetos grandes / pesados. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
15. Torcer roupas molhadas. Nenhuma Leve Moderada Forte Muito Forte
Para uso exclusivo
do Coordenador DRAVD12 _____ DRAVD13 _____ DRAVD14 _____ DRAVD15 _____ DRAVD: Dificuldade em realizar atividades de vida diária
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Anexo 7 - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL (CCEB)
Sistema de pontos
Possui
Posse de itens
Não possui
1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 1 2 3 4
Rádio 0 1 2 3 4
Banheiro 0 4 5 6 7
Automóvel 0 4 7 9 9
Empregada mensalista 0 3 4 4 4
Máquina de lavar 0 2 2 2 2
Videocassete e/ou DVD 0 2 2 2 2
Geladeira 0 4 4 4 4
Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)
0
2
2
2
2
Grau de Instrução Pontos
Analfabeto / Primário incompleto Analfabeto / Até 3ª. Série Fundamental 0
Primário completo / Ginasial incompleto
Até 4a. Série Fundamental 1
Ginasial completo / Colegial incompleto
Fundamental completo 2
Colegial completo / Superior incompleto
Médio completo 4
Superior completo Superior completo 8
Cortes do critério Brasil
Classe Pontos Total Brasil
A1 42 - 46 0,9%
A2 35 - 41 4,1%
B1 29 - 34 8,9%
B2 23 - 28 15,7%
C1 18 - 22 20,7%
C2 14 - 17 21,8%
D 8 - 13 25,4%
E 0 - 7 2,6%
ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2008 – www.abep.org – [email protected]
Dados com base no Levantamento Sócio Econômico – 2005 - IBOPE
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Anexo 8 – DASH
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Apêndice A – TCLE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nº_____________
TÍTULO DO PROJETO
Adaptação transcultural e avaliação das propriedades psicométricas do AUSCAN LK 3.01 –
Australian/Canadian Hand Osteoarthritis Index for Brazil.
INFORMAÇÕES GERAIS Você está sendo convidado(a) a participar de um projeto de pesquisa com o objetivo de adaptar
culturalmente o Índice AUSCAN de Osteoartrite na Mão para a população brasileira e avaliar as
propriedades psicométricas deste instrumento. O AUSCAN é um questionário que investiga sintomas de
dor, rigidez e função física em pacientes com osteoartrite da mão, é recomendado por órgãos
internacionais de pesquisa e já foi traduzido para mais de 30 países.
DESCRIÇÃO DOS TESTES A SEREM REALIZADOS
Você será avaliado três vezes, sendo as duas primeiras avaliações realizadas no mesmo dia por
diferentes avaliadores. A terceira avaliação ocorrerá aproximadamente após 1 semana. Ou seja, as
avaliações ocorrerão em duas etapas.
As avaliações serão realizadas no CROT – Centro de Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia ou no
Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas da UFMG.
Primeira etapa:
Primeira avaliação – Constará de:
1. Anotação dos dados pessoais e clínicos.
2. Avaliação do estado mental e do estado sócio-econômico.
3. Aplicação do AUSCAN: você responderá um questionário contendo perguntas sobre suas mãos
onde será avaliada a dor, a rigidez articular e a incapacidade física que você sente causada pela
osteoartrite em suas mãos.
Segunda avaliação:
Você será agora, avaliado por outro avaliador e o exame constará de:
1. Aplicação de um rápido questionário de avaliação dos sintomas na mão.
2. Aplicação do questionário DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand) – Avaliação da
Incapacidade do Braço, Ombro e Mão.
3. Nova aplicação do AUSCAN.
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4. Avaliação do desempenho funcional de suas mãos com a medida da força de preensão e força
de pinça com dinamômetros.
Segunda etapa:
Terceira avaliação:
1. Aplicação apenas do questionário AUSCAN.
Após a terceira avaliação você receberá uma cartilha de orientações sobre os cuidados que deve ter no
dia a dia com suas mãos para aliviar os sintomas da osteoartrite.
As pessoas que farão a coleta dos dados (avaliadores) serão identificadas e terão treinamento suficiente
para realizar todos os procedimentos. Para garantir o seu anonimato, serão utilizadas senhas numéricas.
Assim, em momento algum haverá divulgação do seu nome.
RISCOS Você não terá riscos além daqueles presentes em sua rotina diária.
BENEFÍCIOS
Você e futuros participantes poderão se beneficiar com os resultados desse estudo. Os resultados
obtidos irão colaborar com o conhecimento científico sobre os sintomas e incapacidades funcionais de
pacientes com osteoartrite nas mãos, contribuindo para desenvolvimentos futuros de modelos de
diagnóstico e tratamento.
NATUREZA VOLUNTÁRIA DO ESTUDO/ LIBERDADE PARA SE RETIRAR DO ESTUDO
A sua participação é voluntária. Você tem o direito de se recusar a participar do estudo sem dar nenhuma
razão para isso e a qualquer momento, sem que isso afete de alguma forma a atenção que você recebe
dos profissionais de saúde envolvidos com seu cuidado à saúde, ou traga qualquer prejuízo ao seu
tratamento.
PAGAMENTO
Você não receberá nenhuma forma de pagamento pela participação no estudo.
DECLARAÇÃO E ASSINATURA No.___________________
Eu, ___________________________________________________ li e entendi todas as informações
sobre o estudo, sendo os objetivos, procedimentos e linguagem técnica satisfatoriamente explicados.
Tive tempo suficiente para considerar a informação acima e, tive a oportunidade de tirar todas as minhas
dúvidas. Estou assinando este termo voluntariamente e tenho direito, de agora ou mais tarde, discutir
qualquer dúvida que venha a ter com relação à pesquisa com:
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Profa. Rosângela Corrêa Dias (coordenadora do projeto)
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Avenida Antônio Carlos, 6627 - Campus Pampulha
Departamento de Fisioterapia, 3º andar
31270-901- Belo Horizonte – MG - Fone: (31) 3409-4783
Fisiot. Paula Jardim Pardini de Freitas (pesquisadora)
CROT – Centro de Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia
R. Prof. Otávio Coelho Magalhães, 111 – Térreo – Mangabeiras
30210-300 – Belo Horizonte – MG
Fone: (31) 3289-1235
Endereços dos Comitês de Ética em Pesquisa envolvidos no estudo: Universidade Federal de Minas Gerais
Avenida Antônio Carlos, 6627 - Campus Pampulha
Unidade Administrativa II – 2º andar, sala 2005
31270-901 Belo Horizonte – MG -
Telefone: (31) 3409-4592
ASSINANDO ESTE TERMO DE CONSENTIMENTO, EU ESTOU INDICANDO QUE CONCORDO EM PARTICIPAR DESTE ESTUDO.
Assinatura do Participante:...........................................................................Data:
Assinatura da Testemunha:..........................................................................Data:
Assinatura do Investigador:.......................................................................... Data:
90
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APÊNDICE B
FICHA DE DADOS PESSOAIS E CLÍNICOS Nome:........................................................................................Data:.............................. Sexo:.......Idade:..........Profissão:...........................................Escolaridade:................. Endereço:..................................................................................Fone:............................. Médico:...........................Avaliador 1:.............................Avaliador 2:............................ Mini-mental:..............................................CSE:............................................................... Início dos sintomas de OA na mão:.....................................................................................
Data do diagnóstico:..................... Médico: ........................ Especialidade:.......................
Tratamentos realizados (data e qual) .................................................................................
Último tratamento (quando e qual):.....................................................................................
Uso de medicação (qual e periodicidade):.........................................................................
Outros problemas na mão(data e tipo):................................................................................
.............................................................................................................................................
Outras articulações afetadas (OA) no corpo:.......................................................................
MÃO(S) AFETADA(S) Articulações afetadas (a) e Articulações doloridas (d): Mão Direita: polegar TM( ), MF( ), IF( ) dedos IFD I ( ), II ( ), III ( ), IV ( ), V ( ), MF ( ), IFP II ( ), III ( ), IV ( ), V ( ) Mão Esquerda: polegar TM( ), MF( ), IF( ) dedos IFD I ( ), II ( ), III ( ), IV ( ), V ( ), MF ( ), IFP II ( ), III ( ), IV ( ), V ( ) MEDIDAS DE FORÇA:
PRENSÃO PINÇA LATERAL DIREITA ESQUERDA DIREITA ESQUERDA
TOTAL
91
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APÊNDICE C QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO GLOBAL DA GRAVIDADE DOS SINTOMAS NA MÃO 1. Por favor, indique quanta dor que você sentiu em suas mãos nas últimas 48 horas, devido à
artrite em suas mãos:
( ) nenhuma ( ) leve ( ) moderada ( ) forte ( ) muito forte
2. Por favor, indique o grau de dificuldade que você teve em realizar suas atividades nas últimas
48 horas, devido à artrite em suas mãos:
( ) nenhuma ( ) leve ( ) moderada ( ) forte ( ) muito forte
3. Logo após acordar de manhã, quanto tempo (em minutos) durou a sensação de rigidez em suas
mãos? ...........................................
QUESTIONÁRIO QUALITATIVO DE AVALIAÇÃO DO ÍNDICE AUSCAN-BRASIL Sobre o questionário:
1. Você teve dificuldade para responder o questionário AUSCAN de osteoartrite de mão?
( ) Sim ( ) Não
2. Você achou que ele incluiu todos os sintomas que você sente em suas mãos?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi não, quais sintomas ele deixou de incluir?
.............................................................................................................................................
3. Você achou que o questionário AUSCAN incluiu todas as atividades que você tem dificuldade
de realizar por causa da artrite em suas mãos?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi não, quais atividades ele deixou de incluir?
.............................................................................................................................................
4.Você gostaria de fazer algum comentário sobre o questionário?
( ) Sim ( ) Não
.............................................................................................................................................