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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Fisiologia e Biofísica Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Fisiologia e Farmacologia
Ana Paula Araújo Ferreira Ribeiro
ADAPTAÇÕES RENAIS INDUZIDAS PELO TREINAMENTO AERÓBIO EM RATOS NORMAIS EM
REPOUSO E SOB EFEITO DO EXERCÍCIO
Belo Horizonte
2009
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ANA PAULA ARAÚJO FERREIRA RIBEIRO
ADAPTAÇÕES RENAIS INDUZIDAS PELO TREINAMENTO AERÓBIO EM RATOS NORMAIS EM
REPOUSO E SOB EFEITO DO EXERCÍCIO
Trabalho apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de doutora em Ciências, na área de concentração de Fisiologia, sob orientação da Profa Maria Aparecida Ribeiro Vieira.
Belo Horizonte
2009
Dedico esta tese a todos que possam se
beneficiar de alguma maneira com este trabalho.
AGRADECIMENTOS
À Profa Dra Maria Aparecida Ribeiro Vieira, agradeço a oportunidade de
iniciar uma nova linha de pesquisa no Laboratório de Fisiologia renal, sob sua
orientação. Obrigada por comprar o bilhete de ida nesta viagem e espero que o
percurso da mesma tenha valido a pena. A sua contribuição foi muito valiosa
na minha formação pessoal, acadêmica e científica. Obrigada por tudo!
Aos meus “amigos” do Laboratório de Fisiologia Renal pelo
companheirismo em todas as etapas do processo, sendo eles: Lílian Fernanda
Pacheco, Lúcio Ricardo Leite Diniz, Viviane Gomes Portela, Roseli Martins
Rezende Pereira, Kátia Daniela da Silva, Priscila Elisa da Silveira, Regiane
Cerceau e Gustavo Cosenza.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo
fomento em bolsa de estudos e taxa de bancada para a realização deste
estudo.
A GAUSTEC Magnetismo, em nome de Cláudio Henrique Teixeira
Ribeiro, pela fabricação e concessão da esteira motorizada para ratos ao
Laboratório de Fisiologia Renal.
Ao Laboratório de Endocrinologia e Metabolismo do Departamento de
Fisiologia e Biofísica, em nome da Profa Dra Adelina Martha dos Reis, pela
realização dos radioimunoensaios de peptídeo natriurético atrial.
Ao Laboratório de Biofísica do Departamento de Fisiologia e Biofísica,
em nome do Prof. Dr. Jorge Luiz Pesquero, por permitir a utilização do
espectrofotômetro e da centrífuga para eppendorfs.
Ao Prof. Dr. Múcio Flávio Barbosa Ribeiro, do Departamento de
Parasitologia, por permitir utilização da microcentrífuga para hematócrito.
Ao Laboratório de Enzimologia e Físico-Química de Proteínas do
Departamento de Bioquímica e Imunologia, em nome de Jamil Silvano de
Oliveira, pela doação dos reagentes azida sódica e ácido succínico para o
ensaio da atividade enzimática da succinato desidrogenase.
Ao Laboratório de Ecologia e Fisiologia de Microorganismos do
Departamento de Microbiologia, em nome de Jacques Robert Nicoli, pela
doação do reagente tetrazólio para o ensaio da atividade enzimática da
succinato desidrogenase.
Ao Laboratório de Patologia Comparada, em nome de Geovanni Dantas
Cassali, pelo auxílio nos ensaios histológicos.
À secretaria da Pós-Graduação, em nome de Maria Célia da Silva Costa,
pela competência nos serviços prestados aos alunos durante o curso.
Aos técnicos Darcy Ferreira Santos e Janine Costa Ivo pela atenção e
dedicação quando solicitados. A contribuição de vocês foi de grande valia.
Ao Emerson Batista Machado, aluno voluntário de Iniciação Científica,
pelo auxílio na coleta de dados.
Aos colegas de corredores, principalmente aos do bloco D4 e B4,
agradeço a convivência saudável do dia-a-dia. Durante todo o processo
dividimos nossas dúvidas, expectativas, fracassos e sucessos. Foi muito bom
compartilhar isto com vocês.
Por último, e não menos importante, à minha família pelo apoio
incondicional. Ao meu marido, pelo carinho, compreensão e apoio nesse
período de formação tão extenso e árduo.
LISTA DE ABREVIATURAS ADH – vasopressina Ang II – angiotensina II ANP – peptídeo atrial natriurético Cosm – clearance osmolar CH2O livre – clearance de água livre ECA – enzima conversora de angiotensina EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético ET-1 – endotelina 1 FU – fluxo urinário FSR – fluxo sanguíneo renal FEH2O – fração de excreção de água FENa+ - fração de excreção de sódio FEK+ - fração de excreção de potássio FRNa+ - fração de reabsorção de sódio FRK+ - fração de reabsorção de potássio DTP – distância total percorrida LDH – lactato desidrogenase L-NAME – Ng-nitro-L-arginina metil éster K+ - potássio Na+ - sódio NADH - nicotinamida adenina dinucleotídeo NO – óxido nítrico NPr-A – receptor para peptídeo natriurético tipo-A
NPr-C – receptor para peptídeo natriurético tipo-C NT – não-treinado PMSF - fluoreto de fenilmetilsulfonil RFG – ritmo de filtração glomerular RIE – radioimunoensaio SDH – succinato desidrogenase SRA – sistema renina-angiotensina TEMP – teste de esforço máximo progressivo T – treinado TTE – tempo total de exercício Vmáx – velocidade máxima de corrida VO2máx - consumo máximo de oxigênio
RESUMO
A maioria dos trabalhos da literatura que relatam o efeito do exercício físico sobre a função renal se referem apenas ao efeito agudo do exercício aeróbio sobre os rins. Assim, não se sabe como os rins se comportam quando o organismo é submetido a sessões repetidas de exercício aeróbio. Os objetivos deste estudo foram investigar as adaptações renais, hormonais e morfológicas induzidas por um treinamento físico de intensidade moderada em ratos normais, em repouso e sob efeito do exercício. Ratos Wistar machos (n=69; 180 a 200g) foram aclimatados à esteira e submetidos a um teste de esforço (TEMP) usado para determinar a capacidade funcional de cada rato. Baseado nos resultados do TEMP, os ratos foram divididos em dois grupos: treinados (T) e não-treinados (NT). O grupo T foi submetido a 8 semanas de treinamento sendo 5 dias/semana, 60 min/dia a uma intensidade de 65% da velocidade máxima de corrida atingida no TEMP. O grupo NT caminhou a 5m/min sendo 5min/dia durante as 8 semanas. Os grupos passaram por dois protocolos experimentais sendo todos realizados após 48h da aplicação do TEMP pós-treinamento. No protocolo 1, os ratos permaneceram em gaiolas metabólicas com o intuito de se investigar o efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre o perfil geral (hematócrito, hemoglobina, ingestão de água e de ração e produção de fezes) e sobre parâmetros de função renal, na situação de repouso. Amostras de sangue foi coletado ao final de cada 24h. No protocolo 2 foi investigado o efeito desse treinamento sobre parâmetros de função renal e perfil hormonal, na situação pós-exercício de intensidade absoluta (35min a 21m/min). O ritmo de filtração glomerular (RFG) em todos os protocolos foi estimado pelo clearance de creatinina. Ambos os grupos foram sacrificados ao término dos protocolos 1 e 2 sendo coletados sangue, rins, átrios e músculos sóleo e gastrocnêmios. O volume plasmático foi medido em repouso (VP) usando a técnica do Azul de Evans. O desempenho no TEMP pós-treino foi maior no grupo T. A sobrecarga do treinamento não foi excessiva já que a atividade da lactato desidrogenase sérica foi menor no grupo T. O treinamento não alterou a morfologia dos rins e induziu uma menor variabilidade nas respostas diárias de ingestão de água e ração e produção de fezes e urina. Em repouso, o grupo T apresentou um aumento no RFG e na fração de reabsorção de Na+, K+ e água. Ambos foram acompanhados por um aumento no VP e no ADH plasmático. O treinamento não afetou o RFG e nem a excreção de água e eletrólitos pós-exercício. Os grupos, quando submetidos ao mesmo exercício, mostraram inibição da diurese, mas o grupo T foi mais eficaz em conservar água corporal, mesmo realizando um exercício de intensidade menor. A maior conservação de água provavelmente está relacionada ao aumento do VP, do vasopressina plasmática e do RFG. Portanto, o treinamento físico de intensidade moderada induziu alterações renais de repouso e pós-exercício que garantem uma maior eficiência na manutenção da homeostasia.
ABSTRACT RENAL ADAPTATIONS INDUCED BY EXERCISE TRAINING OF MODERATE INTENSITY IN NORMAL RATS AT REST AND POST-EXERCISE
Research papers linking exercise and renal function have focused on the acute effect of aerobic exercise. At present, there is no data showing how the kidneys respond when the body is submitted to repeated sessions of aerobic exercise. The main purpose of this study was to examine the renal, hormonal and morphological adaptations induced by exercise training of moderate intensity in normal rats at rest and post-exercise. Wistar male rats (n=69; 180 to 200g) were acclimatized using a treadmill and submitted to an effort test (ET) used to determine each rat exercise capacity. Based on the ET, the rats were divided into 2 groups: trained (T) and untrained (UT). Both groups exercised for 8 weeks, 5 days a week. The T group exercised for 60 min/day at an intensity of 65% of maximal speed reached on the TE. The UT groups walked 5 min/day at 5m/min. Both groups were submitted to two experimental protocols which were performed 48 hours after the post-training ET. In protocol 1, rats were kept at individual metabolic cages in order to investigate the effect of exercise training of moderate intensity on the general profile (hematocrit, plasma hemoglobin, food and water intake and faeces production) and on renal parameters at rest condition. Blood was sampled every 24 hours. In protocol 2, it was investigated the exercise training effect on the renal parameters as well as on hormonal profile at post-exercise (35min at 21m/min) condition. Glomerular filtration rate (GFR) in both protocols was estimated using the creatinine clearance. Both groups were sacrificed after protocols 1 and 3 when blood, kidneys, atriums, soleus and gastrocnemius muscle tissues were sampled. The plasma volume (PV) was measured at rest using the dye-dilution method Evans blue. The performance in the post-training ET activity was higher in the T group. Training load was not excessive since serum lactate dehydrogenase activity was even lower in the group T. The training did not alter the kidneys morphology and induced a lower variability in the daily responses of water and food intake, and faeces and urine production. At rest, group T showed an increase in GFR and in the reabsorption fraction of Na+, K+ and water. These effects were followed by an increase in PV and in the plasma vasopressin. Exercise training did not affect GFR and the excretion of water and electrolytes post-exercise. The groups after an absolute submaximal exercise showed diuresis inhibition, but group T was more efficient in conserving body water even when exercise intensity was lower. The water conservation was probably most related to the increase in PV and plasma vasopressin, and GFR. Therefore, exercise training of moderate intensity induced renal alterations at rest and post-exercise which would be responsible for a greater efficiency in homeostasis maintenance.
SUMÁRIO
Dedicatória i
Agradecimentos ii
Lista de abreviaturas iv
Resumo vi
Abstract vii
1 Introdução 01
1.1 Efeito do exercício agudo sobre a função renal 03
1.2 Efeito do exercício crônico sobre a função renal 07
2 Objetivos 10
2.1 Objetivos específicos 10
3 Materiais e Métodos 11
3.1 Cuidados éticos 11
3.2 Amostra 11
3.3 Procedimentos prévios ao treinamento 11
3.3.1 Protocolo do treinamento físico de intensidade moderada 12
3.3.2 Teste de esforço máximo progressivo (TEMP) 13
3.3.3 Atividade da desidrogenase lática (LDH) 14
3.3.4 Atividade da succinato desidrogenase ( SDH) 15
3.4 Protocolos experimentais 17
3.4.1 Protocolo I – perfil geral e função renal de ratos treinados na situação de repouso
18
3.4.1.1 Perfil geral dos ratos treinados em repouso 18
a) Hematócrito, hemoglobina e volume plasmático 18
b) Histologia dos rins 20
c) Ingestão e excreção 20
3.4.1.2 Função renal dos ratos treinados em repouso 23
3.4.2 Protocolo II – Função renal de ratos treinados na situação pós- exercício
27
3.4.2.1 Proteínúria 29
3.5 Dosagens complementares ( albumina sérica e hormônios) 30
3.5.1 Albumina sérica 30
3.5.2 Peptídeo atrial natriurético (ANP) 31
3.5.3 Vasopressina e aldosterona 33
3.6 Análise estatística 34
4 Resultados 35
4.1 Avaliação da eficácia do treinamento 35
4.2 Perfil geral dos ratos treinados em repouso (Protocolo I) 37
4.3 Função renal nos ratos treinados em repouso (Protocolo I) 40
4.4 Função renal nos ratos treinados pós-exercício (Protocolo II) 44
4.5 Perfil hormonal nos ratos treinados em repouso e pós- exercício (Protocolo II)
50
5 Discussão 53
5.1 Avaliação do treinamento 53
5.2 Função renal de ratos treinados em repouso 55
5.3 Função renal de ratos treinados pós-exercício 61
6 Conclusão 66
7 Referências 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Progressão do treinamento físico de intensidade moderada.
13
Tabela 2 - Concentrações plasmáticas e urinárias de sódio e potássio em ratos T e NT, em repouso.
41
Tabela 3 - Parâmetros renais pós-exercício dos ratos T e NT medidos após 8 horas de permanência em gaiolas comuns.
49
Tabela 4 - Albumina no soro e proteinúria em ratos T e NT em repouso e pós-exercício.
49
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fatores controladores da função renal durante o exercício agudo.
06
Figura 2 - Curva padrão de volumes crescentes de fração mitocondrial hepática ou muscular (sóleo e gastrocnêmio) de rato.
17
Figura 3 - Curva padrão do corante Azul de Evans.
19
Figura 4 - Representação esquemática da gaiola metabólica.
21
Figura 5 - Sequência de procedimentos que os grupos T e NT foram submetidos ao longo de 14 dias de permanência em gaiolas metabólicas.
21
Figura 6 - Esquema de coleta de dados para a medição da função renal dos ratos T e NT em repouso.
24
Figura 7 - Gaiola comum.
28
Figura 8 - Seqüência experimental para a medição da função renal dos ratos T e NT sob efeito do exercício.
29
Figura 9 - Curva padrão concentrações crescentes de proteína.
30
Figura 10 - Curva padrão concentrações crescentes de albumina.
31
Figura 11 - Resultados dos TEMP aplicados ao longo do treinamento.
35
Figura 12 - Progressão dos parâmetros medidos no TEMP aplicado ao longo do treinamento.
36
Figura 13 - Atividade enzimática da lactato desidrogenase sérica em ratos T e NT, em repouso.
37
Figura 14 - Atividade da SDH em fração mitocondrial de homogenato de músculo esquelético de ratos T e NT, nas situações de repouso e pós-exercício.
38
Figura 15 - Acompanhamento das variações diárias do peso corporal, ingestão de água, e de ração e produção de urina e de fezes em ratos T e NT, em repouso.
39
Figura 16 - Volume plasmático de ratos T e NT ao final das oito semanas de treinamento.
39
Figura 17 - Hematócrito e concentração de hemoglobina em ratos T e NT, em repouso, antes e após o treinamento.
40
Figura 18 - Corte histológico de rins esquerdos de ratos NT e T.
40
Figura 19 - Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre o RFG, o FU e a FEH2O.
41
Figura 20 - Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre a excreção, a reabsorção e o clearance de sódio.
42
Figura 21 - Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre a excreção, a reabsorção e o clearance de potássio.
43
Figura 22 - Efeito de uma sessão de exercício submáximo absoluto sobre o volume cumulativo de urina de ratos T e NT.
44
Figura 23 - Delta da área sob as curvas de volume cumulativo de urina produzido em repouso e exercício pelos grupos T e NT.
45
Figura 24 - Ritmo de filtração glomerular, fluxo urinário e fração excreção de água em ratos T e NT, em repouso e sob efeito do exercício.
46
Figura 25 - Correlação entre o RFG e o fluxo urinário dos ratos T e NT em repouso e sob efeito do exercício.
46
Figura 26 - Fração de excreção e reabsorção de sódio em ratos T e NT, em repouso e pós-exercício.
48
Figura 27 - Fração de excreção e reabsorção de potássio em ratos T e NT, em repouso e pós-exercício.
48
Figura 28 - Clearance osmolar e de água livre em ratos T e NT, em repouso e pós-exercício.
48
Figura 29 - Concentrações plasmáticas de vasopresina e aldosterona em ratos T e NT, em repouso e pós-exercício.
50
Figura 30 - Ensaio típico de binding de ANP em cortes longitudinais de rins de ratos T e NT.
51
Figura 31 - Concentração plasmática de ANP em ratos T e NT, em repouso e sob efeito do exercício.
52
1 INTRODUÇÃO
As sessões isoladas de exercício ocasionam respostas metabólicas e
cardiovasculares transitórias. As repetições freqüentes dessas sessões
produzem adaptações permanentes, caracterizadas como respostas crônicas
ao exercício ou treinamento físico (Thompson et al., 2001). Os componentes
essenciais do treinamento são a intensidade, a duração, a freqüência e a
progressão do exercício. A interação dessas variáveis resulta na sobrecarga
cumulativa à qual o tecido ou órgão terá que adaptar-se. Além disso, o
treinamento é adequado quando se determina objetivamente as respostas
iniciais do indivíduo ao exercício (consumo máximo de oxigênio, freqüência
cardíaca, pressão arterial, concentração de lactato sanguíneo) utilizando-se
testes de esforço máximo (American College of Sports Medicine, 2003).
Protocolos de treinamento aeróbio usados recentemente em estudos com
ratos, camundongos e coelhos também foram determinados a partir das
respostas desses animais aos testes de esforço máximo progressivo (TEMP)
(Carvalho et al., 2005; De Moraes et al., 2004; Evangelista et al., 2005; Martins
et al., 2005; Véras-Silva et al., 1997). Semelhante aos estudos com humanos,
nem todos os TEMP realizados em animais são acompanhados da medida
direta do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) (Carvalho et al., 2005; Martins
et al., 2005; De Moraes et al., 2004).
Alguns parâmetros medidos em TEMP ou em testes não exaustivos vem
sendo utilizados como preditores da intensidade do treinamento aeróbio em
animais, na ausência da medida do VO2máx., sendo eles: a velocidade máxima
de corrida atingida no TEMP, o limiar de lactato sanguíneo, a velocidade crítica
e o estado estável do lactato sanguíneo. Todos esses parâmetros mostraram-
se adequados para tal objetivo (Billat et al., 2005; Carvalho et al., 2005;
Manchado et al., 2005; Martins et al., 2005; Priviero et al., 2004).
Nem sempre os princípios do treinamento físico são levados em
consideração em estudos que se utilizam dele. Os estudos de Bergamaschi et
al. (1997) e de Kohzuki et al. (2001) cujos objetivos foram avaliar os efeitos do
exercício crônico sobre a insuficiência renal não realizaram qualquer
progressão de carga até o alcance da velocidade desejada de corrida no início
do treinamento, e não forneceram nenhuma sobrecarga ao longo de até oito
semanas de treinamento. Carvalho et al. (2005) observaram um aumento
significativo na velocidade máxima atingida no TEMP após o treinamento de
quatro semanas a uma intensidade correspondente ao limiar de lactato
(19,50±1,63 x 27,60±1,17 m•min-1). Portanto, no início do treinamento a
velocidade correspondente ao limiar de lactato era 14,90±1,49 m•min-1 e, após
quatro semanas de treinamento, passou a corresponder a 22,60±1,17 m•min-1.
As velocidades de corridas anteriores foram estatisticamente diferentes entre
si, mas não houve diferença no percentual da velocidade máxima de corrida no
início e após as quatro semanas de treinamento (76±3% x 82±2%). A
intensidade de exercício proposta pelo estudo de Carvalho et al. (2005) foi
mantida devido ao incremento de carga obtido pelo TEMP. Se tal correção não
ocorresse, os animais passariam a correr em uma intensidade de exercício
mais baixa. As adaptações aeróbias provocadas pelo exercício crônico têm
estreita relação com a sobrecarga de exercício (American College of Sports
Medicine, 2003).
O aumento do volume sanguíneo é considerado uma adaptação ao
treinamento aeróbio de longa duração tendo como principal causa a expansão
do volume plasmático (Sawka et al., 2000; Kargotich et al., 1998; Fellmanm,
1992; Convertino et al., 1980). Estudos indicam haver uma redução do
hematócrito na ocorrência de hipervolemia induzida pelo treinamento (El-Sayed
et al., 2005; Fellmann, 1992), ao passo que outros estudos não mostraram
diferença (Sawka et al., 2000; Convertino, 1991). O aumento no conteúdo de
albumina no plasma é considerado o principal responsável pela expansão de
volume induzida pelo treinamento aeróbio (Bexfield et al., 2009; Nagashima et
al., 2000; Kargotich et al., 1998; Gillen et. al.,1994; Convertino, 1991). A
expansão do volume plasmático induzida pelo treinamento aeróbio mostra-se
uma adaptação vantajosa na dissipação de calor corporal, na obtenção de um
maior débito cardíaco e volume de ejeção durante o exercício, no aumento da
perfusão sanguínea dos músculos ativos durante o exercício e no aumento no
conteúdo de água corporal, postergando o início de um quadro de desidratação
(Zavorsky, 2000; Sawka et al., 2000; Kargotich et al., 1998; Fellmann, 1992;
Convertino, 1991).
O sistema cardiovascular tem um papel fundamental na execução do
exercício. Os músculos esqueléticos ativos dependem do débito cardíaco para
fornecendo-lhes oxigênio e substratos suficientes para a realização do
exercício. Essa relação é intensidade dependente (Maughan et al., 2000). Os
benefícios do exercício aeróbio crônico sobre o coração fizeram aumentar a
expectativa de vida bem como reduziu a ocorrência de eventos
cardiovasculares (American College of Sports Medicine, 2003). A quantidade
de estudos sobre treinamento aeróbio e coração citados no PubMed1 chega a
ser vinte e uma vezes maiores do que a combinação treinamento e rins (8075 x
377 estudos). Apesar de poucos estudos, o treinamento aeróbio está
demonstrando melhorar a qualidade de vida e a baixa capacidade funcional de
pacientes com doenças renais (Cheema e Singh, 2005; Molsted et al., 2004;
Segura-Ortí et al., 2009). Nos livros de Fisiologia do Exercício (Mcardle et al.,
2006; Powers e Howley, 2006) também se encontram citadas, em maior
volume, as adaptações cardiovasculares, seguidas das adaptações
bioquímicas e metabólicas induzidas pelo treinamento aeróbio. Interessante
ressaltar, que não há menção às adaptações causadas pelo treinamento
aeróbio nos rins em nenhuma dessas fontes bibliográficas consideradas
importantes na área de atividade física.
1.1 Efeito do exercício agudo sobre a função renal
Em condições de repouso, os rins possuem a maior taxa de perfusão
sanguínea entre todos os órgãos, se comparado como percentual do débito
cardíaco ou relativo à massa do órgão. O aumento do fluxo sanguíneo para os
músculos ativos, incluindo o miocárdio, durante o exercício é concedido em
parte pelo aumento do débito cardíaco e em parte pela diminuição da perfusão
da circulação esplânica e renal. O aumento da estimulação simpática nos
vasos renais e esplânicos parece ser o principal responsável pela redução do
fluxo sanguíneo nestes leitos durante o exercício agudo (Mcallister, 1998;
________________________ 1 http:// www.pubmed.gov
Mcallister et al., 1996). Di Carlo e Bishop (1990) mostraram um aumento na
atividade simpática renal em coelhos durante um exercício agudo na esteira
comparado com o repouso.
Embora o sistema nervoso simpático pareça ser determinante na
vasoconstrição induzida pelo exercício na vasculatura renal e,
conseqüentemente, na redução do fluxo sanguíneo renal (FSR), outros fatores
podem estar envolvidos. A endotelina 1 (ET-1), substância vasoconstritora
derivada do endotélio, está envolvida nas mudanças induzidas pelo exercício
na distribuição do fluxo sanguíneo (Maeda et al., 1998). No estudo de Maeda et
al. (2004) foi observado que o exercício de alta intensidade (30 m/min)
culminou no aumento da produção de ET-1 nos rins de ratos e associou-se que
essa resposta contribuiu para a redução do FSR. Os autores propuseram que
há uma interação da produção de ET-1 e do óxido nítrico na regulação do FSR
durante o exercício agudo. A administração de um antagonista do receptor ETA
reverteu a redução da atividade da óxido nítrico sintase e a produção de óxido
nítrico nos rins durante o exercício agudo. Portanto, a ET-1 pode participar da
redução do FSR durante o exercício agudo atenuando a produção de óxido
nítrico, além da ação vasoconstritora.
A angiotensina II (Ang II) contribui também para a redistribuição do débito
cardíaco durante o exercício agudo. O estudo de Stebbins e Symons (1995)
conduzido em porcos demonstrou que o antagonista da Ang II reverteu a
redução do fluxo sanguíneo esplânico durante exercício de alta intensidade na
esteira. Convertino et al. (1983) observaram que as concentrações plasmáticas
de Ang II aumentaram durante o exercício de maneira intensidade-dependente.
O aumento da atividade simpática renal durante o exercício pode induzir maior
liberação de renina nos rins, levando a uma formação aumentada de Ang II.
Recentemente, Maeda et al. (2005) demonstraram um aumento acentuado nas
expressões renal do RNA mensangeiro do angiotensinogênio e da enzima
conversora de angiotensina (ECA), medidas imediatamente após um exercício
agudo de alta intensidade (30 m/min). Além disso, foi confirmada uma
regulação para cima da proteína da ECA e um aumento da Ang II tecidual,
ambas respostas observadas nos rins, após o exercício. Esses resultados
sugerem que o exercício agudo de alta intensidade induziu uma maior
estimulação do sistema renina angiotensina no tecido renal. Ainda no estudo
de Maeda et al. (2005) foram observadas reduções do FSR e esplânico e
aumento do fluxo sanguíneo para o músculo tibial anterior durante o exercício
agudo. Atribuiu-se que o sistema renina angiotensina, mediante a Ang II, cause
vasoconstrição e o conseqüente decréscimo no FSR, o que auxiliaria no
aumento do fluxo sanguíneo para os músculos ativos, contribuindo, portanto,
para a redistribuição do fluxo sanguíneo durante o exercício.
A redução do FSR durante o exercício mostra-se intensidade-
dependente e está relacionada com o aumento da atividade do sistema
nervoso simpático e da ação de agentes vasoconstritores, como Ang II e ET-1
na vasculatura renal (Mcallister et al, 1996; Maeda et al., 1998). Concomitante
à redução do FSR, ocorre redução no ritmo de filtração glomerular (RFG), no
entanto, esta se mostra menos acentuada devido ao aumento da pressão
hidráulica intraglomerular. A vasoconstrição seletiva da arteríola eferente
mediada pela Ang II pode estar associada a esta resposta do RFG. Essa
vasoconstrição poderia elevar ou manter a pressão hidrostática nos capilares
glomerulares, ou seja, a fração de filtração aumenta (Bergamaschi et al., 1991).
Em situações de exercício agudo, sem qualquer interferência do
treinamento, o RFG mostrou-se ou ligeiramente reduzido ou permaneceu
inalterado durante exercício de baixa intensidade (40-50% do VO2max).
Entretanto, o RFG sofreu uma redução de até 50% dos valores de repouso
durante o exercício de alta intensidade ou máximo (Poortmans, 1984;
Zambraski, 1996). Além da vasoconstrição renal induzida pelo exercício agudo,
a alteração na permeabilidade dos capilares glomerulares pode ser
responsável por essa mudança no RFG. As proteínas plasmáticas
praticamente não atravessam a membrana basal dos capilares glomerulares,
mas durante o exercício agudo pode ocorrer um aumento da permeabilidade
glomerular das proteínas, com consequente aumento da pressão oncótica do
filtrado (Gündüz et al., 2003).
O comportamento de outros parâmetros renais e hormonais já foi
estudado durante o exercício agudo. A figura abaixo sintetiza algumas destas
respostas. O sistema nervoso simpático direta e indiretamente está relacionado
com a conservação de água e sódio durante o exercício agudo. Tanto o
glomérulo quanto os túbulos renais são inervados pelo sistema nervoso
simpático que, quando estimulado pelo exercício, estimula a secreção de
renina pela mácula densa do aparelho justaglomerular e aumenta diretamente
a reabsorção tubular de sódio e água. A secreção de renina ativa o sistema
renina-angiotensina- aldosterona contribuindo para a maior reabsorção tubular
de sódio e água e secreção tubular de potássio durante o exercício agudo.
Figura 1: Fatores controladores da função renal durante o exercício agudo. Sendo: FSR=fluxo sanguíneo renal, RVR= resistência vascular renal, PAM=pressão arterial média, RFG=ritmo de filtração glomerular, FF= fração de filtração e ADH= vasopressina. Adaptado de Zambraski (1996).
Dependendo da intensidade do exercício, observam-se respostas
diferenciadas no fluxo urinário (FU) e na excreção de eletrólitos. O fluxo de
urina e a excreção de sódio permaneceram inalterados ou aumentaram
ligeiramente durante o exercício de baixa intensidade. Contrariamente, durante
o exercício de intensidade moderada-alta foi observada uma inibição da
diurese e um declínio significativo na fração de excreção de sódio (Freund et
al., 1991; Montain et al., 1997; Nagashima et al., 2001).
O exercício agudo tende a reduzir o FSR e aumentar a conservação de
água e sódio. No entanto, não se sabe se o treinamento aeróbio irá
potencializar esta resposta durante o exercício. Adicionalmente, ainda se
desconhece se o treinamento aeróbio altera a função renal de repouso, sem
qualquer efeito do exercício.
As adaptações induzidas pelo treinamento aeróbio sobre os rins ainda
são pouco exploradas em animais ou humanos sem patologias. Estudos sobre
esse tema desenvolvidos até o momento priorizaram verificar os efeitos do
exercício sobre o FSR e a participação de alguns agentes vasoconstritores e
vasodilatores na resposta vascular renal mediando à redução do FSR durante
o exercício agudo.
1.2 Efeito do exercício crônico sobre a função rena l
Di Carlo e Bishop (1990) e Armstrong e Laughlin (1984) observaram
durante uma sessão de exercício agudo uma menor redução no fluxo de
sangue para os órgãos esplânicos e os rins em coelhos e ratos treinados,
comparado com os não-treinados. Essa menor redução do fluxo sanguíneo
renal e esplânico nos treinados poderia ser atribuída a uma menor atividade
simpática em uma mesma intensidade absoluta de exercício. Em artérias
renais de porcos, o treinamento reduziu as respostas contráteis induzidas pela
norepinefrina, um efeito que parece ser abolido pela remoção do endotélio.
Adicionalmente, o relaxamento independente do endotélio induzido pelo
nitroprussiato de sódio na artéria renal não foi afetado pelo programa de
treinamento, sugerindo então que a menor vasoconstrição da artéria renal
observada em animais treinados resulta da liberação aumentada de
substâncias relaxantes derivadas do endotélio (Mcallister et al., 1996).
De Moraes et al. (2004) verificaram que o treinamento aeróbio de
intensidade moderada alterou a reatividade vascular em rins de coelhos,
potencializando a vasodilatação renal dependente e independente do endotélio.
Os pesquisadores utilizando-se do método de perfusão em rim isolado
observaram um aumento da vasodilatação dependente do endotélio (54 ± 6%)
em animais treinados comparado com os não-treinados (41 ± 8%). A perfusão
contínua dos rins isolados com inibidor da síntese de óxido nítrico (L-NAME)
bloqueou completamente a vasodilatação adicional induzida pela acetilcolina
nos animais treinados, resposta não encontrada nos não-treinados. A pressão
de perfusão renal nos treinados foi reduzida de 54 ± 6 para 38 ± 5% em rins
perfundidos com L-NAME. A bradicinina induziu respostas vasodilatadoras
similares em rins dos animais treinados e não-treinados. Por último, o
treinamento aumentou a vasodilatação independente do endotélio induzida
pelo nitroprussiato de sódio (45 ± 10% x 36 ± 7%). Esses resultados sugerem
que o aumento da vasodilatação em rins de coelhos treinados está relacionada
a um aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico (NO), provocada
provavelmente por alterações funcionais no endotélio vascular, e a um
aumento da sensibilidade do músculo liso vascular renal ao NO.
Sugere-se que o estresse por fluxo seja o principal estímulo para as
adaptações vasculares renais induzidas pelo exercício aeróbio crônico. O
estresse por fluxo torna-se aumentado no decorrer das repetições das sessões
agudas de treinamento aeróbio. O aumento do débito cardíaco e da pressão
arterial média durante o exercício, associados com a vasoconstrição renal,
resultaria em aumento da velocidade do fluxo sanguíneo e, consequentemente,
em aumento do estresse por fluxo na circulação renal, apesar da redução do
FSR total. O aumento do estresse por fluxo está associado com uma regulação
para cima da NO sintase endotelial e com a regulação para baixo da ET-1,
favorecendo, portanto, na resposta vascular aumentada observada após os
programas de exercício aeróbio crônico (Busse e Flemingm 1998; Chien et al.,
1998).
O comportamento das respostas induzidas pelo exercício aeróbio sobre
os rins altera com a intensidade do exercício. O exercício agudo de alta
intensidade provocou a liberação de citocinas pró-inflamatórias, aumentou a
expressão de RNA mensageiro de ET-1, reduziu os metabólitos estáveis do NO
e reduziu a expressão de RNA mensageiro da NO sintase endotelial, todas
essas respostas observadas em rins de ratos (Maeda et al., 1998; Miyauchi et
al., 2003; Pedersen e Hoffman-Goetz, 2000). Atribuí-se essas respostas a um
menor estresse por fluxo na rede vascular renal durante exercício de alta
intensidade. Embora não medido diretamente, esse estresse por fluxo
resultaria na regulação para baixo da NO sintase endotelial e uma conseqüente
redução na produção de NO em rins de rato, junto com aumento na expressão
e liberação de ET-1. Como ET-1 pode cronicamente regular para cima a NO
sintase endotelial, é concebível que exposição repetida a estímulos
vasoconstritores provocaria na circulação renal uma adaptação fisiológica
favorecendo a vasodilatação e preservando a perfusão renal durante o
exercício agudo (De Moraes, 2004).
Baseado nos estudos relatados até o momento sobre os efeitos do
exercício aeróbio agudo e crônico sobre a função renal, o FSR foi o foco
principal dos estudos com animais normais. Esses estudos objetivaram
investigar quais são os fatores envolvidos na redução do FSR durante o
exercício agudo bem como investigar o efeito do treinamento aeróbio sobre o
fluxo sanguíneo durante o exercício. Ao contrário do FSR, o comportamento de
outros parâmetros da função renal são ainda pouco explorados, principalmente
sobre influência do treinamento. O conhecimento da interação entre
treinamento aeróbio e função renal servirá para identificar os benefícios da
atividade física sobre a função renal tanto em repouso quanto durante o
exercício.
2 OBJETIVOS
Investigar as possíveis adaptações causadas pelo exercício físico crônico
de intensidade moderada na função renal de ratos normais em duas situações
distintas: em repouso e sob efeito do exercício agudo.
2.1 Objetivos específicos
• Montar e padronizar um protocolo de treinamento físico de intensidade
moderada para ratos, em esteira;
• Investigar se o exercício físico crônico de intensidade moderada:
• Afeta o perfil geral (hematócrito, hemoglobina, volume plasmático,
aspecto morfológico renal, ingestão de água e de ração) e
parâmetros de função renal, na situação de repouso;
• Interfere com parâmetros de função renal, na situação pós-
exercício agudo de intensidade absoluta.
• Altera o perfil plasmático de hormônios como a vasopressina
(ADH) e aldosterona tanto em repouso, quanto pós-exercício
agudo;
• Altera o conteúdo plasmático e atrial de ANP (peptídeo atrial
natriurético) bem como seu binding a rins de ratos normais, em
repouso e pós-exercício.
3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Cuidados éticos
Todos os procedimentos utilizados neste estudo foram aprovados pelo
Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universide Federal de Minas
Gerais (n°182/08).
3.2 Amostra
Um total de 69 ratos machos adultos da linhagem Wistar foram utilizados
no presente estudo. O peso inicial dos ratos, antes do início do treinamento,
variou entre 180 e 200g.
Os ratos foram fornecidos pelo Centro de Bioterismo (CEBIO), localizado
no próprio Departamento de Fisiologia e Biofísica (ICB-UFMG). No biotério, os
ratos tiveram livre acesso à água e ração granulada sob monitoramento da
temperatura ambiente e controle do ciclo claro-escuro (14-10h).
3.3 Procedimentos prévios ao treinamento
Todos os ratos foram submetidos a um TEMP antes do início do
treinamento físico. O objetivo do mesmo foi caracterizar a capacidade de
corrida de cada rato medindo-se parâmetros de desempenho no teste de
esforço. Os ratos resistentes à corrida no TEMP bem como aqueles com
desempenho muito acima ou muito abaixo da média geral foram descartados.
O restante foi dividido aleatoriamente em dois grupos nos quais foi observado
se as variáveis de desempenho no teste de esforço permaneceram
semelhantes entre os grupos.
Os grupos experimentais consistiram em:
� Grupo controle: ratos não-treinados (NT);
� Grupo experimental: ratos treinados (T) a uma intensidade
moderada, correspondente a 65% da velocidade máxima de corrida
(Vmáx) atingida no TEMP.
Os ratos do grupo T foram treinados em uma esteira motorizada de
cinco pistas (GAUSTEC Magnetismo, Brasil). O treinamento físico foi realizado
em uma sala de experimentação animal do próprio Laboratório de Fisiologia
Renal (ICB/UFMG) e, nesse local, houve monitoramento da temperatura
ambiente durante todo o período de treinamento. A temperatura seca e úmida
foi de 24,6 ± 0,3 e 22 ± 0 °C, respectivamente.
3.3.1 Protocolo do treinamento físico de intensidad e moderada
O protocolo de treinamento utilizado no presente estudo foi adaptado de
um protocolo de treinamento de oito semanas, já descrito na literatura (Priviero
et al., 2004), utilizando ratos Wistar como amostra. Os ratos foram submetidos
a oito semanas de treinamento com sessões de 60 min/dia e freqüência de 5
dias/semana. As sessões de treinamento foram sempre realizadas no período
vespertino. A Vmáx atingida no TEMP foi o parâmetro usado para determinar a
intensidade de treinamento, conforme também utilizado por outros
pesquisadores (Jackson et al., 2005; Martins et al., 2005). Nas três semanas
iniciais, a velocidade e duração das sessões de exercício foram aumentadas,
gradualmente, até que a velocidade de corrida desejada (65% Vmáx atingida no
TEMP) fosse atingida. A partir da 4ª semana de treinamento, o grupo T correu
a uma velocidade correspondente a 65% Vmáx atingida no TEMP,
correspondendo a um exercício de intensidade moderada. A velocidade de
corrida do grupo T foi corrigida na 5ª semana de treinamento. A correção foi
baseada na Vmáx atingida no TEMP aplicado ao final da 4ª semana de
treinamento. O objetivo dessa manobra foi tentar manter a mesma intensidade
de exercício ao longo do treinamento. A Tabela 1 sumariza como foi a
progressão das sessões de exercício, em termos de intensidade e duração, até
atingir-se a intensidade desejada de 65% da capacidade máxima de cada rato,
respeitando-se o princípio da individualidade do treinamento.
Os ratos não-treinados também tiveram acesso à esteira para garantir a
mesma manipulação entre os grupos. Durante as oito semanas de treinamento,
os ratos do grupo NT (não-treinados) caminharam a uma velocidade de 5
m/min, por 5 min, numa freqüência também de 5 dias por semana.
Tabela 1: Progressão do treinamento físico de intensidade moderada. Adaptado de PRIVIERO et al. (2004). Sendo: TEMP= teste de esforço máximo progressivo; Vmáx= velocidade máxima de corrida atingida no TEMP; TTE= tempo total de exercício; DTP=distância total percorrida.
Progressão do treinamento
1°°°° TEMP Medição da Vmáx de cada rato; Medição de outros parâmetros de desempenho no TEMP: TTE e DTP
1a SEMANA Intensidade: 28% Vmáx Duração: 30-40 min diários Frequência: 5 vezes por semana
2ª SEMANA Intensidade: 44% Vmáx Duração: 45 min Frequência: 5 vezes por semana
3ª SEMANA Intensidade: 65% Vmáx Duração: 50 min Frequência: 5 vezes por semana
4ª SEMANA Intensidade: 65% Vmáx Duração: 60 min Frequência: 5 vezes por semana
2°°°° TEMP Medição da Vmáx de cada rato, novamente; Medição de outros parâmetros de desempenho no TEMP: TTE e DTP
5ª a 8ª SEMANAS Intensidade: 65% Vmáx, corrigida pelo teste de esforço realizado após a 4ª semana; Duração: 60 min Frequência: 5 vezes por semana
3°°°° TEMP Medição da Vmáx de cada rato, novamente; Medição de outros parâmetros de desempenho no TEMP: TTE e DTP
3.3.2 Teste de esforço máximo progressivo (TEMP)
Inicialmente, os ratos foram submetidos a um período de adaptação à
esteira, que consistiu em uma corrida diária de 10 min a uma velocidade de 5 a
8 m/min, durante uma semana (Jackson et al., 2005). Os ratos resistentes à
corrida durante o processo de adaptação foram excluídos da amostra.
Posteriormente, os ratos foram submetidos a um TEMP baseado no protocolo
de Carvalho et al. (2005). Os ratos iniciaram o teste com a velocidade de 6
m/min e, a cada 3 min de exercício, havia um incremento da velocidade em 3
m/min até o rato atingir a fadiga. Esta foi caracterizada pela recusa do animal
em continuar a correr mesmo sob a influência de um estímulo e/ou perda de
sua coordenação motora. O estímulo utilizado foi a estimulação elétrica na
grade de metal localizada na parte traseira da esteira. A intensidade do choque
foi a mínima necessária para manter o rato correndo (American Physiological
Society, 2006). A fadiga foi delimitada durante o TEMP quando, pela terceira
vez consecutiva, o rato parava na grade de estimulação elétrica por mais de 2
segundos com intervalo de 60 segundos entre as paradas e/ou na primeira e
única vez em que o rato parava de correr e estacionava na grade de
estimulação elétrica por mais de 10 segundos corridos (Balthazar, 2008).
O tempo total de exercício, a distância total percorrida e a velocidade
máxima de corrida, medidos no TEMP aplicado no início e ao final do
treinamento, foram parâmetros usados para determinar se os ratos estavam
realmente treinados, conforme já utilizados em outros estudos (Jackson et al.,
2005; Carvalho et al., 2005; De Moraes et al., 2004).
3.3.3 Atividade da desidrogenase lática (LDH)
A atividade da LDH total é um marcador de danos celulares induzidos
pelo exercício ou mesmo por implicações patológicas (Brancaccio et al., 2008).
A enzima LDH catalisa a redução do piruvato com o NADH, tendo como
resultado a produção de lactato e NAD+, sendo a reação reversível. No
presente estudo, a atividade da LDH em amostras de soro de ratos T e NT foi
determinada pré e pós-treinamento. Cerca de 80 µl de sangue, sem
anticoagulante, foi coletado por punção venosa da cauda. Posteriormente, o
sangue foi centrifugado por 10 min a 2000 rpm e o soro obtido foi armazenado
em geladeira. A dosagem da LDH no soro foi feita no mesmo dia da coleta das
amostras de sangue.
A determinação da atividade da LDH sérica foi feita pelo método de
cinética química utilizando-se o Kit da Bioclin (Quibasa, Brasil). A velocidade de
decomposição do NADH foi quantificada, medindo-se a queda da
absortividade, a 340 nm, a uma temperatura de 37 °C . A queda da absorbância
de cada amostra foi lida por um período de 3 min, especificamente, nos tempos
0, 1°, 2° e 3° min. Fez-se a média das diferenças d e absorbância por minuto
(∆A/min) e multiplicou-se o resultado pelo fator de calibração (FC = 8016) para
a obtenção do resultado.
3.3.4 Atividade da succinato desidrogenase (SDH)
A SDH é um complexo enzimático ligado à membrana interna da
mitocôndria que cataliza a oxidação do succinato a fumarato. Nos ratos
treinados aerobicamente, espera-se um aumento da atividade dessa enzima do
Ciclo de Krebs.
A atividade da SDH foi determinada de acordo com os métodos de
Narahara et al. (1979) e Kun e Abood (1949). A preparação da fração
mitocondrial foi de acordo com o estudo de Narahara et al. (1979) e a reação
colorimétrica para estimativa da SDH usando-se a fração mitocondrial foi de
acordo com o estudo de Kun e Abood (1949).
Inicialmente, padronizou-se o ensaio usando-se fígado de ratos Wistar
já que a atividade hepática da SDH é mais elevada do que no tecido muscular
esquelético (Kun e Abood, 1949). Fez-se uma curva padrão concentração-
efeito da atividade da SDH no tecido hepático e, posteriormente, fez-se a
mesma curva usando tecido muscular esquelético.
Padronização do ensaio do SDH usando fígado e músculo de rato
Nesse ensaio, foram utilizados três ratos Wistar não pertencentes à
amostra dos protocolos experimentais I e II. Imediatamente após o sacrifício
dos ratos, os fígados foram removidos e colocados em uma placa resfriada
contendo solução de Ringer. Um pool de 23 g de tecido hepático foi utilizado no
ensaio. O tecido foi cortado cuidadosamente em fatias menores e suspendido
em 3 volumes de solução tampão contendo 0,19 M de sucrose, 0,1 M de Cacl2
e 4 mM de Tris-HCl, a uma temperatura de 0 °C e pH 8. A suspensão foi
homogeneizada em um tubo falcon resfriado usando-se um homogeneizador
Polytron PT-35, em baixa velocidade, por 5 min. O homogenato resultante foi
centrifugado por 5 min a 800 g. O sobrenadante túrbido foi removido e
armazenado. O pellet foi ressuspendido em 3 volumes da solução tampão
citada acima e novamente foi homogeneizado por 5min sendo, esse
homogenato, centrifugado a 800 g por 5 min. O sobrenadante foi novamente
removido e armazenado. O pellet novamente foi ressuspendido,
homogeneizado e centrifugado como citado anteriormente. Os sobrenadantes
obtidos das três homogeneizações e centrifugações foram unidos e novamente
centrifugados por 15 min a 800 g para retirar a turbidez. O pellet resultante
dessa centrifugação foi descartado e o sobrenadante mais claro foi
centrifugado por 15 min a 10.000 g. O pellet resultante desta última
centrifugação foi considerado a fração mitocondrial. Esta fração foi
ressuspendida em um pequeno volume (2,5 ml) de solução tampão contendo
0,19 M de sucrose e 20 mM Tris-HCl, a uma temperatura de 0 °C e pH 7,5.
A atividade da SDH em preparações teciduais é detectável quando o
formazan é formado pela redução do tetrazólio na presença do succinato. Pela
determinação colorimétrica do formazan, estima-se a atividade da SDH (Green
e Narahara, 1980). No presente estudo, a reação colorimétrica foi preparada da
seguinte maneira: em um tubo de ensaio, adicionava-se 0,5 ml de tampão
fosfato 0,1 M (pH 7,4), 0,5 ml de succinato de sódio 0,2 M (pH 7,4), 1 ml de
cloreto de trifeniltetrazólio 0,1% e volumes crescentes de fração mitocondrial do
fígado (25, 50, 75, 100 e 200 µl), sendo corrigido o volume final da reação.
Posteriormente, os tubos foram agitados e colocados em banho-maria a 38 °C
por 15 min. Imediatamente após a retirada dos tubos do banho, 7 ml de
acetona foram adicionados em cada tubo. Os tubos foram vedados, agitados
vigorosamente e, posteriormente, centrifugados a 800 g por 5 min. A
absorbância do sobrenadante foi lida nos comprimentos de onda de 420 e
458nm sendo, a cor da reação, estável por várias horas.
O mesmo procedimento usado na preparação da fração mitocondrial do
fígado foi utilizado no preparo da fração mitocondrial de músculo esquelético de
ratos. Um total de seis ratos não pertencentes à amostra dos protocolos
experimentais I e II foi utilizado nesse ensaio. Os músculos esqueléticos
utilizados foram o sóleo e o gastrocnêmio medial e lateral. As curvas padrão
volume de fração mitocondrial hepática ou muscular versus absorbância do
formazan (proporcional à atividade da SDH) estão mostradas na Fig. 2.
Figura 2: Curva padrão de volumes crescentes de fração mitocondrial hepática ou muscular (sóleo e gastrocnêmio) de rato versus absorbância do formazan (proporcional à atividade da SDH). M, absorbância da fração mitocondrial de músculo esquelético lida a 420 nm (M420) e 458 nm (M458); F, fração mitocondrial de fígado lida a 420 nm (F420) e 458 nm (F458).
Para se determinar a atividade da SDH na fração mitocondrial do tecido
muscular de ratos T e NT, preparada como descrito na padronização do
ensaio, foi utilizada uma alíquota de 100 µl da fração obtida dos músculos
coletados nos protocolos experimentais I e II. Essa alíquota foi escolhida com
base na curva padrão obtida para a fração mitocondrial do músculo esquelético
de rato (Fig. 2), pois a absorbância do formazan foi superior a 0,100, como
recomendado por Green e Narahara (1980).
3.4 Protocolos experimentais
No presente estudo, foram utilizados dois protocolos experimentais de
acordo com seus respectivos objetivos:
1) Protocolo I: Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre o
perfil geral (hematócrito, hemoglobina, volume plasmático, aspecto morfológico
renal, ingestão de água e de ração) e sobre parâmetros de função renal, na
situação de repouso;
Músculo + Fígado
0 50 100 150 200 250-0.150
0.000
0.150
0.300
0.450
0.600
M420 (r2 = 0,98)
M458 (r2 = 0,99)
F420 (r2 = 0,94)
F458 (r2 = 0,98)
B
Fração Mitocondrial ( µµµµl)
Abs
orbâ
ncia
do
form
azan
(nm
)
2) Protocolo II: Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre
parâmetros de função renal, na situação pós-exercício de intensidade absoluta.
Além dos parâmetros renais (ritmo de filtração glomerular, fluxo urinário
e excreção de água e de Na+ e K+), as concentrações plasmáticas de ADH,
aldosterona e ANP bem como o conteúdo atrial de ANP foram determinados
em ambos os protocolos.
3.4.1 Protocolo I – Perfil geral e função renal de ratos treinados na situação de repouso
3.4.1.1 Perfil geral dos ratos treinados em repouso
a) Hematócrito, hemoglobina e volume plasmático
A concentração de hemoglobina no sangue e o hematócrito dos ratos T
e NT foram determinados antes e após o treinamento. O sangue foi coletado
por punção venosa da cauda. As amostras de sangue para hematócrito foram
coletadas em tubos capilares, em triplicatas. Para a quantificação do
hematócrito, utilizou-se o método de microhematócrito onde se obteve a
percentagem de hemácias pela centrifugação do sangue, dentro de um tubo
capilar, a 10.000 rpm por 5 min. Cerca de 40 µl de sangue heparinizado foi
coletado para a dosagem de hemoglobina sendo, a mesma, feita logo após a
coleta do sangue. A concentração de hemoglobina no sangue foi determinada
por teste colorimétrico usando o Kit da Bioclin (Quibasa, Brasil) cujo método
adotado é a cianometahemoglobina. O Ferricianeto de potássio, em pH
fracamente alcalino, oxida o átomo de ferro da molécula de hemoglobina
formando a metahemoglobina. Esta é convertida em cianometahemoglobina
após a reação com o cianeto de potássio. A coloração avermelhada é
proporcional à concentração de hemoglobina da amostra que é lida em
espectrofotômetro a um comprimento de onda de 540 nm.
O volume plasmático foi medido pelo método de Belcher e Harris (1957),
o qual utiliza o corante Azul de Evans. Para se medir o volume plasmático,
deve-se usar uma substância que não atravesse rapidamente a membrana dos
capilares, mas que permaneça no sistema vascular depois de injetada na
corrente sanguínea. O método baseia-se no princípio de conservação da
massa, no qual a massa total de uma substância, depois de dispersada num
compartimento líquido, é igual à massa total que foi introduzida no
compartimento. O corante Azul de Evans, que se liga às proteínas plasmáticas,
foi utilizado como marcador do volume plasmático (Hines e Mifflin, 1995; Hines
et al., 2005).
Um total de 13 ratos foi utilizado para a quantificação do volume
plasmático, sendo 6 não-treinados e 7 treinados. A medição foi feita após as 8
semanas de treinamento. Cada rato foi colocado em uma caixa de contenção e
a veia lateral direita da cauda foi puncionada utilizando um catéter BD de
calibre 24G. Em seguida, injetou-se 200 µl de Azul de Evans 0,5% dissolvido
em NaCl a 0,9%. Exatamente 5 min após a injeção, 500 µl de sangue foi
retirado da veia lateral esquerda da cauda. O sangue foi centrifugado a 3000
rpm, por 10min. A absorbância do plasma foi lida em espectrofotômetro a um
comprimento de onda de 620 nm. A concentração de Azul de Evans no plasma
foi quantificada multiplicando-se a absorbância pelo fator de calibração. Este
fator foi calculado a partir da curva padrão com concentrações conhecidas de
Azul de Evans, construída utilizando plasma de um rato doador (Fig. 3).
Figura 3: Curva padrão do corante Azul de Evans (r=0,99).
0.000 0.025 0.050 0.075 0.100 0.125-0.500
0.000
0.500
1.000
1.500
2.000
2.500
Evans Blue (mg.ml -1)
Abs
orbâ
ncia
(620
nm
)
b) Histologia dos rins
Os rins esquerdos dos ratos T e NT foram utilizados nas análises
histológicas. Técnicas convencionais de coloração (eosina-hematoxilina) foram
usadas na preparação das lâminas (Prophet et al., 1992; Luna, 1968).
c) Ingestão e excreção
A função renal de repouso dos ratos T e NT foi medida em gaiolas
metabólicas onde houve monitoramento da ingestão de água e ração, bem
como a produção de fezes e urina (Fig.4). Previamente a medição da função
renal em si, verificou-se o efeito do treinamento sobre os parâmetros
monitorados nas gaiolas metabólicas. Após o treinamento, foram investigados
a ingestão de água e de ração e a produção de urina e fezes pelos ratos
treinados, mantidos em repouso em gaiolas metabólicas. Para essas medidas,
foram utilizados 14 ratos sendo sete treinados (T) e sete não-treinados (NT).
Os ratos foram colocados individualmente em gaiolas metabólicas
(Nalgene, USA) (Fig. 4) 48 h após a realização do TEMP aplicado ao final do
treinamento. A quantidade ingerida de água e ração e a produção de urina e
fezes foi medida a cada 24 h por um período de 14 dias (Fig. 5). Os frascos
para administração de água e coleta de urina das gaiolas eram graduados e
possuíam capacidade para 100 ml. A quantidade de ração ingerida era
quantificada, gravimetricamente, utilizando-se uma balança digital (Coleman,
Brasil) com precisão de 0,05 g. No início de cada dia, colocava-se sempre a
mesma quantidade de ração (35 g) em cada gaiola. A quantidade de fezes
produzidas também foi quantificada por gravimetria.
Durante todo o experimento as gaiolas metabólicas foram mantidas em
uma sala com controle do ciclo claro-escuro (14-10 h) e da ventilação, além do
monitoramento da temperatura ambiente. A sala possuía um ar condicionado
que foi sempre ajustado para manter a temperatura seca em torno de 23-25 °C.
Ao longo dos 14 dias de permanência nas gaiolas metabólicas, os ratos
treinados foram submetidos a sessões de exercício com o objetivo de evitar o
destreinamento dos mesmos. A manutenção do treinamento para o grupo T
consistiu em realizar a mesma sessão de exercício executada durante o
treinamento prévio, ao passo que para o grupo NT, consistiu em caminhar na
esteira a 5m/min, por 5min. A Figura 4 mostra os procedimentos a que ambos
os grupos foram submetidos ao longo dos 14 dias. Para se evitar um possível
efeito das sessões de exercício realizadas nos dias anteriores, no grupo T, as
variáveis sob estudo não foram quantificadas nos dias 4, 7, 10 e 13.
Figura 4: Representação esquemática da gaiola metabólica. Na gaiola é possível monitorar a ingestão de água e ração e a produção de urina e fezes.
Figura 5: Sequência de procedimentos que os grupos T e NT foram submetidos ao longo de 14 dias de permanência em gaiolas metabólicas. Sendo: T = manutenção do treinamento, R = repouso e L = limpeza das gaiolas.
Os ratos T e NT foram retirados das gaiolas metabólicas após o 14°dia e
foram colocados em caixas de polipropileno, mantidas na mesma sala das
gaiolas metabólicas. Posteriormente, esses mesmos ratos foram submetidos a
dois procedimentos experimentais com o objetivo de se delinear o protocolo
experimental, onde o efeito do exercício agudo sobre a função renal de ratos
treinados foi investigada. Esses procedimentos foram:
• Determinar por quanto tempo o grupo NT suportaria correr na esteira, a
uma velocidade de 21 m/min;
• Determinar o tempo mínimo, de permanência nas gaiolas, necessário
para o início de eliminação de urina pelos ratos T e NT após a sessão de
exercício a 21 m/min.
Inicialmente, o grupo NT foi submetido a duas sessões de exercício a
uma velocidade de 21 m/min cada, com intervalo de 3 dias entre elas. Essa
velocidade de corrida correspondeu a 65% Vmáx atingida no TEMP para o grupo
NT. O exercício foi interrompido quando os ratos NT atingiram a fadiga, a qual
foi determinada da mesma forma que aquela determinada no TEMP. O tempo
médio de corrida do grupo NT foi de 45,8 ± 10,2 min.
Para se determinar quando os ratos T e NT iniciariam a produção de
urina pós-exercício, ambos os grupos foram colocados em gaiolas individuais
comuns imediatamente após uma sessão de exercício de 35 min a 21 m/min. A
duração do exercício foi estipulada como sendo correspondente a 76% do
tempo no qual os ratos NT atingiram a fadiga. Devido à dificuldade de se
coletar urina e sangue durante o exercício, a função renal de ratos T e NT foi
avaliada imediatamente após os mesmos serem submetidos ao exercício. Dos
14 ratos avaliados, treze eliminaram urina nas primeiras 7 h de permanência
nas gaiolas e apenas um rato não eliminou urina até esse período. O tempo
médio para início da produção de urina foi de 305 ± 37 min. Ou seja, após o
exercício, os ratos levaram em média 5 h para iniciar a eliminação de urina.
Baseado nos resultados obtidos, considerou-se adequado o tempo de 480 min
(8 h) para se avaliar a função renal pós-exercício. Esse tempo foi
correspondente da média obtida do tempo para início da produção de urina
adicionada de dois desvios padrões (SD = 92 min). Se a média do tempo para
início do fluxo urinário fosse considerada, metade da amostra ainda não
haveria urinado.
3.4.1.2 Função renal dos ratos treinados em repouso
Nessa série experimental foram utilizados 12 ratos, sendo seis treinados
e seis não-treinados. A função renal de repouso foi medida a cada 24 h
utilizando-se gaiolas metabólicas. Durante todo o experimento, as gaiolas
metabólicas foram mantidas em uma sala com controle do ciclo claro-escuro
(14-10 h) e da ventilação, além do monitoramento da temperatura ambiente. A
sala possuía um ar condicionado que foi sempre ajustado para manter a
temperatura seca em torno de 23-25 °C.
Os ratos foram colocados individualmente nas gaiolas metabólicas 48 h
após a realização do TEMP aplicado ao final do treinamento. Ambos os grupos
permaneceram nas gaiolas metabólicas por 5 dias, sendo a função renal
medida no 1°, 4° e 5° dias (Fig.6). De acordo com dados prévios do nosso
laboratório, 3 dias de permanência nas gaiolas são suficientes para que haja
aclimatação dos ratos às mesmas. Por isso, o efeito do treinamento na função
renal de repouso foi avaliado a partir do 4° dia de permanência nas gaiolas. A
Figura 4 mostra o esquema do procedimento usado nessa série experimental.
Vale ressaltar que a urina coletada na gaiola metabólica não era
contaminada com resquícios de ração. Para evitar tal contaminação, foi
necessário fazer uma adaptação no compartimento de ração da gaiola para
evitar que o rato retirasse a mesma desse local. A ato de roer a ração fora do
local apropriado contamina a urina, já que resquícios de ração podem cair no
recipiente de coleta de urina.
Nos dias de coleta de sangue (1º, 4º e 5º dias), os ratos foram retirados
das gaiolas metabólicas ao final das 24 h e foram levados à uma outra sala
onde se fez o procedimento de coleta. Cada rato, individualmente, foi colocado
em uma caixa de madeira aquecida (31 cm altura x 31 cm largura), por um
período de 5 min. O objetivo do aquecimento foi causar vasodilatação na
cauda, facilitando assim a punção venosa da mesma. Logo após o período de
aquecimento, o rato foi transferido para uma caixa de contenção compatível
com o tamanho do mesmo, deixando exposta apenas a cauda. Após a
assepsia da mesma, cerca de 700 µl de sangue foram coletados por punção da
veia lateral esquerda da cauda utilizando um catéter BD de calibre 24. O
sangue foi centrifugado a 3000 rpm por 10 min e o plasma foi armazenado em
freezer a -20 °C. Terminada a coleta de sangue, os ratos retornavam para as
gaiolas metabólicas.
No 2° dia de gaiola metabólica o grupo T foi submet ido a uma sessão de
exercício na mesma intensidade e duração do treinamento prévio, com o
objetivo de evitar o destreinamento. O grupo NT caminhou na esteira a 5 m/min
por 5 min. Logo após o término do exercício, ambos os grupos retornaram para
as respectivas gaiolas metabólicas.
Ao final do 5° dia, os ratos foram retirados das ga iolas metabólicas
retornando, cada grupo, para as caixas de polipropileno. O grupo T foi
submetido novamente a mais uma sessão de exercício para a manutenção do
treinamento e o grupo NT novamente caminhou na esteira. Quarenta e oito
horas após a sessão de exercício, os ratos foram sacrificados por decapitação,
sem utilização de sedação. Após a decapitação, o sangue proveniente do
tronco foi coletado e as patas traseiras, rins e átrios foram removidos. Todos os
tecidos removidos foram pesados em balança digital (Coleman, Brasil) com
precisão de 0,05 g.
Figura 6: Esquema de coleta de dados para a medição da função renal dos ratos treinados e não-treinados em repouso.
1°°°° 2°°°° 3°°°° 4°°°° 5°°°°
Aclima tação à gaiola gaiola
dias
Medida da função renal
Coleta de sangue
Coleta de sangue
Coleta de sangue
T
Gaiola Metabólica
O sangue foi coletado em um tubo falcon heparinizado e,
posteriormente, foi aliquotado (2 ml) em tubos tipo eppendorf para avaliação da
função renal e para dosagens de ANP e vasopressina. Ao sangue destinado à
dosagem de ANP foi adicionado um pool de inibidores de proteases (EDTA 10-5
M, pepstatina 0,5x10-5 M e PMSF 10-5 M). Em seguida, esse sangue foi
centrifugado, por 20 min, a 2500 rpm a uma temperatura de 4 °C. Já o sangue
para a dosagem de vasopressina foi centrifugado a 4 °C, por 10 min, a 3000
rpm. O sangue destinado à dosagem de aldosterona foi coletado em um tubo
falcon à parte, sem anticoagulante, para a obtenção do soro. Após a
centrifugação, as amostras de plasma e soro foram armazenadas em freezer a
-80 °C.
Imediatamente após a decapitação e coleta de sangue, foram removidos
os rins, átrios e patas traseiras dos ratos. As patas traseiras direita e esquerda
foram cortadas utilizando-se uma tesoura cirúrgica e dissecadas até tornar
expostos os músculos posteriores da perna. Os músculos gastrocnêmio e sóleo
foram cortados em sua origem e inserção e colocados imediatamente em
nitrogênio líquido e, posteriormente, armazenados a -80 °C. Logo após a
retirada das patas, foi realizada uma incisão longitudinal no abdômen e as
vísceras abdominais foram deslocadas de modo que os rins ficassem expostos.
Com auxílio de uma tesoura, o rim esquerdo foi removido e armazenado em
solução de formol tamponado a 10% para análise histológica. O rim direito foi
também removido e colocado imediatamente em nitrogênio líquido e,
posteriormente, armazenado a -80 °C. O rim direito foi utilizado nos ensaios de
binding de ANP. Os átrios direito e esquerdo também foram removidos,
colocados em nitrogênio líquido e, posteriormente, armazenados a -80 °C.
Os parâmetros renais medidos foram: o ritmo de filtração glomerular
(RFG), o fluxo urinário (FU), as frações de excreção de sódio (FENa+) e de
potássio (FEK+), o clearance osmolar (Cosm), o clearance de água livre (CH2O
livre) e os clearances de sódio e potássio.
O RFG foi determinado por meio do clearance de creatinina, a qual foi
quantificada no plasma e urina utilizando-se o kit colorimétrico da Bioclin
(Quibasa, Brasil). As amostras de urina diluída (1:25) e plasma reagiram em
meio alcalino com o ácido pícrico (60 mmol/l) formando um complexo
creatinina-picrato de cor amarelo-avermelhada. A absorbância desse complexo
foi lida em espectrofotômetro (Barnstead/Turner SP-830 plus) a um
comprimento de onda de 510 nm. Como o ácido pícrico também reage com os
cromogênios plasmáticos, o ácido acético (12,25 mol/l) foi adicionado nas
amostras de plasma abaixando o pH do meio e promovendo a decomposição
do picrato de creatinina, permanecendo inalterada a cor derivada dos
cromogênios. A amostra de plasma foi novamente lida a 510 nm no
espectrofotômetro. A diferença entre as duas leituras das amostras de plasma
forneceu o valor final da absorbância da creatinina plasmática. A absorbância
da creatinina urinária foi corrigida pela diluição da urina (1:25).
As concentrações de creatinina no plasma e urina foram determinadas
multiplicando-se os valores das absorbâncias pelo fator de calibração. Esse foi
calculado a partir da curva padrão de creatinina feita com o reagente padrão do
kit (creatinina 3 mg/dl). Os pontos utilizados na curva foram 30 µg/ml, 15 µg/ml
e 0,5 µg/ml.
O RFG foi estimado utilizando a equação abaixo:
RFG (ml.24h -1) = ( [CREA] urina x FU ) / [CREA] plasma
Sendo:
[CRE] urina : concentração de creatinina na urina (µg/ml)
[CRE] plasma: concentração de creatinina no plasma (µg/ml)
FU: fluxo urinário (ml.24h-1)
A quantificação das concentrações de sódio (Na+) e potássio (K+) nas
amostras de plasma e urina foi feita por fotometria de chama (CELM, FC180).
O fotômetro de chama mede a intensidade da radiação emitida pelos átomos
excitados dos metais-terrosos e a intensidade dessa emissão é proporcional a
concentração desses metais nas amostras. Previamente à leitura das
amostras, o fotômetro foi calibrado com as soluções padrões de sódio (140
mEq/l) e potássio (5 mEq/l). As amostras de plasma foram diluídas 1:200 para
a leitura de sódio e potássio. Já as amostras de urina foram diluídas 1:200 para
a leitura do sódio e 1:6000 para a leitura do potássio.
A medição das osmolalidades do plasma e urina foi feita utilizando o
osmômetro de ponto de congelamento (Microsmette, Advanced Instruments,
USA). As amostras de plasma foram diluídas 1:2 e as amostras de urina foram
diluídas 1:5. Previamente à leitura das amostras, o osmômetro foi calibrado
com soluções padrões cujas concentrações eram 100 mOsm/kg, 290 mOsm/kg
e 500 mOsm/kg.
Conhecendo-se os valores de RFG, FU, concentração de Na+ e K+ no
plasma e urina bem como a osmolalidade plasmática e urinária, calculou-se
outros parâmetros renais como mostrado a seguir:
� Fração de excreção de água: FE H2O (%) = FU /RFG x 100
� Fração de excreção de Na +: FENa+ (%) = Qex Na+/QFNa+ x 100
� Fração de excreção de K +: FEK+ (%) = QexK+/QFK+ x 100
� Clearance de água livre: C H2O (ml.24h -1) = FU - Cosm
� Clearance osmolar:
Cosm (ml.24h -1) = Osmolalidadeurina x FU / Osmolalidadeplasma
Sendo:
� Quantidade excretada de Na +: Qex Na+ = [Na+]urina x FU
� Quantidade excretada de K +: Qex K+ = [K+]urina x FU
� Quantidade filtrada de Na +: QFNa+ = [Na+]plasma x RFG
� Quantidade filtrada de K +: QFK+ = [k+]plasma x RFG
3.4.2 Protocolo II – Função renal de ratos treinado s na situação pós-exercício
O objetivo do protocolo II foi investigar o efeito do exercício agudo de
intensidade absoluta na função renal em ratos treinados (n = 15) e não-
treinados (n = 15). O exercício consistiu em 35 min de corrida na esteira a uma
velocidade de 21 m/min. Ou seja, ambos os grupos realizaram um exercício de
duração semelhante e intensidade diferente. A duração do exercício foi
estipulada após testar quanto tempo o grupo NT conseguiria correr na
velocidade estabelecida de 21 m/min. Esta correspondeu a uma intensidade de
65% Vmáx atingida no TEMP para o grupo NT e 55% Vmáx atingida no TEMP
para o grupo T. Ou seja, para o grupo NT correspondeu a um exercício de
intensidade moderada e para o T correspondeu a uma intensidade baixa.
Quarenta e oito horas após a realização do teste de esforço aplicado ao
final do treinamento, os grupos T e NT foram colocados, individualmente, em
gaiolas comuns (Fig. 7) e submetidos a duas situações experimentais (Fig. 8).
Na primeira situação (1º dia), os ratos T e NT permaneceram nas gaiolas em
repouso. Já na segunda situação (6º dia), previamente à entrada nas gaiolas,
ambos os grupos correram por 35 min a uma velocidade de 21m/min
(intensidade absoluta). Nas 2 situações experimentais, o volume de urina foi
medido a cada 30 min durante um período de 8 h. Ao final das 8 h, 700 µl de
sangue foram coletados por punção venosa da cauda para a medição da
função renal. O procedimento de coleta de sangue foi o mesmo citado no
protocolo I.
Ao término da 1ª e 2ª situações experimentais, os ratos foram retirados
das gaiolas e colocados em caixas de polipropileno. As situações
experimentais (1º e 6º dias) e exercício absoluto seguido de sacrifício (11º dia)
foram realizados com intervalo de quatro dias entre eles (Fig.8). O intervalo
consistiu em dias alternados de sessões de treinamento (T) e repouso (R),
como também executado em parte do protocolo I. Essas sessões de exercícios
serviram para a manutenção do treinamento do grupo T. Para o grupo T, a
sessão de exercício foi a mesma executada no treinamento prévio e, para o
grupo NT, consistiu em caminhar na esteira por 5min a 5m/min.
Figura 7: Gaiola comum: formada por um funil de vidro, suporte de madeira, proveta de 10 ml, tela de arame e gaiola. A tela de arame fica localizada entre o funil e a gaiola e sua função é reter as fezes produzidas pelos ratos durante o experimento. O funil de vidro desemboca na proveta onde a urina é coletada. O volume de urina foi medido em intervalos de 30 min durante 8h.
Figura 8: Seqüência experimental para a medição da função renal dos ratos treinados e não-treinados sob efeito do exercício. Sendo T = manutenção do treinamento e R = repouso.
Os ratos treinados (n = 10) e não-treinados (n = 10) foram sacrificados
por decapitação imediatamente após serem submetidos a um exercício de 35
min a 21 m/min, mesma sessão de exercício realizada na 2° situação
experimental. O restante dos ratos foi sacrificado no estado de repouso. Todos
os procedimentos de coleta de sangue, tecidos e órgãos pós-sacrifício foram os
mesmos realizados no protocolo I. As variáveis estudadas em repouso foram
as mesmas estudadas sob efeito do exercício. Portanto, os procedimentos de
dosagens descritos no protocolo I foram os mesmos para o protocolo II.
3.4.2.1 Proteínúria
A proteinúria foi medida na urina coletada ao final dos 480 min de
permanência dos ratos nas gaiolas, em repouso e pós-exercício. A dosagem da
proteinúria foi feita por reação colorimétrica usando-se o Kit da Labtest
Diagnóstica S.A. (Brasil). O complexo vermelho de pirogalol-molibdato de sódio
quando combinado com a proteína em meio ácido, forma um cromóforo de cor
azul, com o máximo de absorção em 600 nm. A quantificação da proteinúria foi
feita multiplicando-se as absorbâncias obtidas das amostras de urina pelo fator
de calibração, calculado a partir de uma curva padrão construída com
concentrações conhecidas de proteína. A curva padrão foi feita usando-se a
solução estoque de proteína do Kit cuja concentração era 50 mg/dl (Fig. 9).
Figura 9: Curva padrão concentrações crescentes de proteína versus absorbância a 600 nm (r=0,99).
3.5 Dosagens complementares (albumina sérica e horm ônios)
3.5.1 Albumina sérica
A concentração de albumina no soro dos ratos T e NT foi quantificada ao
final dos 480 min de permanência nas gaiolas, nas situações repouso e pós-
exercício.
A dosagem da albumina foi feita por reação colorimétrica usando-se o
Kit da Bioclin (Quibasa, Brasil). Em presença da albumina, o verde de
bromocresol forma um complexo corado, que exibe um espectro de absorção
diferente do corante no seu estado livre, permitindo assim, a dosagem da
albumina. O complexo formado foi lido em espectrofotômetro a um
comprimento de onda de 630 nm.
A quantificação da concentração de albumina no soro foi feita
multiplicando-se as absorbâncias obtidas das amostras de soro pelo fator de
calibração calculado a partir de uma curva padrão construída com
concentrações conhecidas da proteína. A curva padrão foi feita usando-se a
solução estoque de albumina do Kit cuja concentração era 3,8 g/dl (Fig. 10).
0.0 12.5 25.0 37.5 50.0 62.50.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Proteína (mg.dl -1)
Abs
orbâ
ncia
(600
nm
)
Figura 10: Curva padrão concentrações crescentes de albumina versus absorbância a 630 nm (r=0,99).
3.5.2 Peptídeo natriurético atrial (ANP)
A dosagem de ANP no plasma, átrios e urina (urodilatina) foi feita por
radioimunoensaio de duplo-anticorpo (RIE). O binding de ANP no rim,
especificamente, o ensaio de competição pela ligação com o receptor NPr-C e
NPr-A, foi realizado utilizando-se a técnica de autorradiografia.
Previamente à realização dos radioimunoensaios, fez-se a extração do
ANP no plasma e a homogeneização dos tecidos atriais coletados. O plasma
foi extraído usando-se as colunas Sep-Pak C18, que foram ativadas com 8 ml
de acetonitrila e lavadas com 8 ml de acetado de amônio a 0,2%, pH 4. Em
seguida, o plasma foi aplicado à coluna sendo, a mesma, lavada
posteriormente com 5 ml de acetato de amônio. O ANP adsorvido foi eluído
com 3 ml de acetronitrila 60% em acetato de amônio 0,2%. Após a evaporação
em Speed-Vac, as amostras foram reconstituídas com tampão (fosfato de sódio
0,1 M, NaCl 0,14 M, albumina bovina 0,1%, azida sódica 0,01%, triton X-100
0,1%, pH 7,4) e dosadas por RIE. Os átrios foram homogeneizados em 2 ml de
solução de ácido acético 0,1 M, contendo inibidores de proteases (EDTA 10-5
M, Pepstatina 0,5x10-5 M e PMSF 10-5 M). Após a centrifugação, alíquotas do
0.0 0.9 1.8 2.7 3.6 4.50.0
0.1
0.2
0.3
Albumina (g.dl -1)
Abs
orbâ
ncia
(630
nm
)
sobrenadante foram diluídas em tampão fosfato para a determinação do ANP
por RIE.
O RIE para dosagem de ANP foi baseado na técnica descrita por
Gutkowska et al. (1987). O ANP imunorreativo de rato, obtido após a iodação e
purificação do mesmo, foi determinado por RIE. O ANP extraído foi
reconstituído em 0,5 ml de tampão (fosfato de sódio 0,1 M, NaCl 0,14 M,
albumina bovina 0,1%, azida sódica 0,01%, triton X-100 0,1%, pH 7,4). O
homogenato de átrios foi diluído em tampão de ensaio (1:3000). As amostras
de urina foram usadas diretamente no ensaio. Todas as amostras (plasma,
átrios e urina) foram incubadas overnight com 100µl de anticorpo anti-ANP a
4°C. Adicionou-se 100 µl (8.000 cpm) de 125I-ANP e novamente as amostras
foram incubadas por mais 24 h. A separação do imunocomplexo foi feita por
precipitação com segundo anticorpo (soro de cabra anti gama-globulinade de
coelho). Após 2 h, à temperatura ambiente, adicionou-se 0,5 ml de
polietilenoglicol 6,25% em água. Os tubos foram centrifugados por 20 min, 4
°C, a 1.500 xg. Após aspiração do sobrenadante, a radioatividade do
precipitado foi determinada em contador gama (LKB).
O conteúdo de proteína foi determinado no homogenato do tecido atrial
utilizando-se o metódo de Bradford (1976).
O ensaio de competição pela ligação com o NPr-A e NPr-C foi feito em
cortes longitudinais de rins de ratos treinados e não-treinados. Os rins foram
cortados no criostato a -20 °C a uma espessura de 16 µm e, posteriormente,
foram colocados em lâminas de vidro gelatinizadas. Estas foram armazenadas
em freezer a -80 °C até o dia do ensaio. Dezesseis cortes de rins foram
necessários para cada rato. Inicialmente, os cortes passaram por uma lavagem
ácida de 10 min com acetado de sódio 0,04 M em NaCl 0,15 M, pH 5,0, no
gelo. Posteriormente, foram pré-incubados em Tris-HCl 50 mM, pH 7,4 durante
15 min, a 25 °C e, logo após, incubados em Tris-HCl 50 mM, pH 7,4, contendo
150 mM NaCl, 5 mM MgCl2, 40 µg/ml de bacitracina, 0,5% BSA e 125I-ANP
(20.000 cpm/100 µl). No processo de incubação, dos 8 cortes, cada um
recebeu uma concentração diferente e crescente de aANP (10-12 a 10-6 M). Nos
outros 8 cortes, cada um recebeu uma concentração também diferente e
crescente de cANP (10-12 a 10-6 M). As lâminas foram dispostas para
sensibilização das telas em cassetes de 48 h. Após esse período, as telas
sensibilizadas foram escaneadas pelo aparelho Phosphorlmager (Fugi, Bas-
1000) e as imagens digitalizadas foram analisadas utilizando o programa Image
Gauge 3.12. A medida da ligação de cada peptídeo aos seus receptores
específicos foi dada em pixels/mm2. O peptídeo aANP se liga ao receptores
NPr-A e NPr-C, contudo o peptídeo cANP se liga apenas ao receptor NPr-C.
Por diferença, sabe-se a quantidade de receptores NPr-A e NPr-C em cada
grupo experimental.
3.5.3 Vasopressina e aldosterona
As dosagens dos hormônios vasopressina e aldosterona foram feitas
pela Divisão Veterinária do Instituto Hermes Pardini. A técnica de
radioimunoensaio foi utilizada para a quantificação de ambos os hormônios.
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O teste de normalidade Shapiro-Wilk foi aplicado para observar se as
variáveis estudadas possuíam distribuição normal. A análise Two-Way Anova
foi utilizada nas comparações entre os grupos ao longo do tempo e Post hoc foi
utilizado quando p ≤ 0,05. A análise Two-Way Anova com Medidas Repetidas
foi utilizada nas comparações entre repouso e exercício, ao longo do tempo, no
mesmo grupo. O teste t Student independente foi utilizado nas comparações
entre os grupos T e NT e o teste t pareado usado nas comparações dentro do
mesmo grupo antes e após o tratamento. O nível de significância considerado
foi p ≤ 0,05. Os dados estão expressos como média ± erro-padrão da média.
Nas variáveis que apresentaram distribuição não-normal, se aplicou testes não-
paramétricos.
4 RESULTADOS
4.1 Avaliação da eficácia do treinamento O tempo total de exercício no TEMP, aplicado ao final do treinamento, foi
maior no grupo T (34,0 ± 1,0 min) quando comparado com o grupo NT (24,0 ±
1,0 min) (Fig. 11A), mostrando que o treinamento foi efetivo para aumentar a
capacidade de corrida dos ratos. A intensidade relativa de corrida foi
equivalente durante todo o treinamento, mas a velocidade de corrida
determinada pelos TEMP diferiu no início (16,3 ± 0,5 m/min) e ao final da 4°
semana de treinamento (20,8 ± 0,7 m/min) (Fig. 11B). Ainda no TEMP pós-
treinamento, o grupo T correu uma distância 85% maior quando comparado ao
grupo NT (528 ± 44 vs 286 ± 33 m) (Fig. 11C).
Figura 11: Resultados dos TEMP aplicados ao longo do treinamento (n = 7 - 11). A, Tempo total de exercício no TEMP aplicado antes e após o treinamento; *p < 0,0001 vs Tantes e **p = 0,003 vs NTapós. B, Velocidades de corrida (65% da Vmáx) atingidas no TEMP no início e ao final da quarta semana de treinamento; *p < 0,001 vs Antes. C, Distância percorrida antes e após o treinamento; *p = 0,001 vs Tantes e **p = 0,0009 vs NTapós.
Antes 4°°°°semana0.0
10.0
20.0
30.0
*
B
Período do treinamento
Ve
loci
dade
de
cor
rida
cor
resp
onde
nte
a 6
5% V
máx
(m.m
in-1
)
NTantes NTapós Tantes Tapós
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
A**
Treinamento
*
T em
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de
exer
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o no
TE
MP
(min
)
NTantes NTapós Tantes Tapós
0
200
400
600
800
***
C
Treinamento
Dis
tânc
ia p
erco
rrid
a(m
)
A Figura 12 mostra as progressões significativas dos parâmetros medidos
nos TEMP aplicados ao longo do treinamento para o grupo T. Ao final do
treinamento, os ratos T apresentaram aumento de cerca de 54% no tempo total
de exercício (Fig.12A), 47% na velocidade máxima de corrida (Fig.12B) e
aumento de 111% na distância total percorrida no TEMP (Fig.12C)..
Figura 12: Progressão dos parâmetros medidos no TEMP aplicado ao longo do treinamento (n = 10). A, Tempo total de exercício no TEMP aplicado antes e na 4ª e 8ª semanas de treinamento. B, Velocidades máximas de corrida atingidas no TEMP antes e na 4ª e 8ª semanas de treinamento. C, Distância percorrida antes e na 4ª e 8ª semanas de treinamento. *p < 0,0001 vs Antes e **p < 0,0001 vs 4°semana.
A atividade da LDH sérica apresentou redução significativa no grupo T
ao final do treinamento, quando comparado ao grupo NT (Fig. 13). Previamente
ao início do treinamento, a atividade da LDH mostrou-se semelhante entre os
grupos (NT= 182,8 ± 29,4; T= 233,6 ± 37,3 U.litro -1 (p = 0,34). Quando se
compara a atividade enzimática da LDH pré e pós-treinamento dentro do
mesmo grupo, o grupo T mostrou uma redução significativa de 49% após o
treinamento, ao passo que o grupo NT não apresentou diferença na atividade
da LDH antes e pós-treinamento.
Antes 4°semana 8°semana0
15
30
45
*
***
A
Tem
po to
tal d
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ercí
cio
(min
)
Antes 4°semana 8°semana0
10
20
30
40
50
****
B
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(m.m
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Antes 4°semana 8°semana0
200
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600
800
1000
*
***C
Dis
tânc
ia p
erco
rrid
a(m
)
Figura 13: Atividade enzimática da lactato desidrogenase sérica em ratos T e NT, em repouso, medida antes e após o treinamento (n = 5 -7). *p < 0,006 vs Tantes e **p < 0,02 vs NTapós.
A atividade enzimática da SDH, em tecido muscular, é outra ferramenta
utilizada para verificar a eficácia do treinamento. Assim, nesse estudo, houve a
tentativa de quantificar tal enzima em músculo esquelético de ratos treinados e
não-treinados, tanto em repouso quanto sob efeito do exercício submáximo.
Isto foi feito baseando-se na curva padrão que relacionou volumes crescentes
de fração mitocondrial, preparada a partir de músculo esquelético de ratos, com
a absorbância a 458 nm (Fig. 2).
A Fig. 14 mostra que não houve diferença significativa na atividade
enzimática da SDH, indicada por meio da absorbância do formazan, em tecido
muscular de ratos T e NT, em repouso. A atividade enzimática da SDH também
não se mostrou diferente entre os grupos T e NT quando ambos estavam sob
efeito do exercício (Fig. 14). No entanto, quando se compara a absorbância do
formazan entre repouso e exercício dentro do mesmo grupo, observa-se
diferença significativa somente no grupo T (Fig. 14).
4.2 Perfil geral dos ratos treinados em repouso (Protocolo I )
O treinamento físico pelo protocolo por nós utilizado não afetou
parâmetros como peso corporal, ingestão de água e de ração e produção de
urina e de fezes (Fig. 15). Com exceção do período de aclimatação (3 dias
NTantes NTapós Tantes Tapós
0
100
200
300
***
Treinamento
LDH
(U.li
tro
-1)
iniciais), a similaridade desses parâmetros nos grupos NT e T foi mantida
durante os demais dias de observação pós-treinamento físico.
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.000
0.100
0.200
0.300
0.400* p=0,007 (vs Trepouso)
Abs
orbâ
ncia
do
form
azan
(45
8nm
)
Figura 14: Atividade da SDH em fração mitocondrial de homogenato de músculo esquelético de ratos T e NT, indicada por meio da absorbância do formazan, nas situações de repouso e pós-exercício (35min a 21m/min). Não houve diferença na absorbância do formazan entre os grupos, em repouso e pós-exercício. Comparação dentro de cada grupo: NTrepouso vs NTexercício (p=0,11); Trepouso ≠ Texercício (p=0,007).
Os ratos treinados, após as 8 semanas de treinamento, apresentaram
um aumento do volume plasmático comparado aos ratos NT (13,89 ± 0,83 ml
vs 17,87 ± 1,37 ml; p = 0,04) (Fig. 16). O aumento do volume plasmático pós-
treinamento não foi acompanhado por qualquer alteração na concentração de
hemoglobina (NT = 13,70 ± 0,53 mg.dl-1; T = 12,96 ± 0,42 mg.dl-1; p = 0,32) e
no hematócrito (NT = 49 ± 0%; T = 49 ± 1%; p = 0,60) após o treinamento
(Fig.17). Quando se compara pré e pós-treino dentro de cada grupo, apenas os
ratos NT tiveram um aumento nas concentrações de hematócrito (45 ± 1 vs 49
± 0 %; p = 0,007) e de hemoglobina (12,58 ± 0,44 vs 13,70 ± 0,53 mg.dl-1; p =
0,05) no pós-treino (Fig. 17). O treinamento físico de intensidade moderada não afetou o aspecto
morfológico dos rins (Fig. 18). Em ambos os grupos, observou-se uma
preservação da arquitetura tecidual, caracterizada pela presença de tecido
epitelial cúbico simples nos túbulos renais. As células do parênquima renal
apresentaram núcleos centrais e esféricos com nucléolo evidente.
Figura 15: Acompanhamento das variações diárias do peso corporal (A), ingestão de água (B), e de ração (C) e produção de urina (D) e de fezes (E) em ratos T e NT, em repouso, mantidos por 14 dias em gaiolas metabólicas individuais. *p < 0,05 vs NT; n = 10 ratos/grupo. Figura 16: Volume plasmático de ratos T e NT ao final das oito semanas de treinamento (n = 6 – 7 ratos/grupo). A, Volume plasmático total (ml), *p = 0,04 vs NT. B, Volume plasmático corrigido por peso (ml/100g), *p = 0,01 vs NT.
NT T0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
*
A
Vol
ume
plas
mát
ico
(ml)
NT T0.0
2.0
4.0
6.0
*B
Vol
ume
plas
mát
ico
(ml.1
00g
peso
-1)
1°°°° 2°°°° 3°°°° 5°°°° 6°°°° 8°°°° 9°°°° 11°°°° 12°°°° 14°°°°0.0
25
30
35
40
NTT
Aclimatação
Dias
Água
inge
rida
(ml.2
4h-1
)
B
1°°°° 2°°°° 3°°°° 5°°°° 6°°°° 8°°°° 9°°°° 11°°°° 12°°°° 14°°°°0.0
10.0
12.5
15.0
17.5
20.0
NTT
Aclimatação
D
Dias
Flux
o ur
inár
io(m
l.24h
-1)
1°°°° 2°°°° 3°°°° 5°°°° 6°°°° 8°°°° 9°°°° 11°°°° 12°°°° 14°°°°0.0
15
20
25
30
35
NTT
Aclimatação
* *
C
DiasR
ação
inge
rida
(g.2
4h-1
)
1°°°° 2°°°° 3°°°° 5°°°° 6°°°° 8°°°° 9°°°° 11°°°° 12°°°° 14°°°°-10
-5
0
5
10
* *
Aclimatação
A
TNT
Dias
∆∆ ∆∆ P
eso
corp
oral
(g)
1°°°° 2°°°° 3°°°° 5°°°° 6°°°° 8°°°° 9°°°° 11°°°° 12°°°° 14°°°°0
5
10
15
20
NTT
Aclimatação
**
Dias
Feze
s pr
oduz
idas
(g.2
4h-1
)
E
Figura 17: Hematócrito (A) e concentração de hemoglobina (B) em ratos T e NT, em repouso, antes e após o treinamento. A, *p = 0,0007 vs NTantes (n = 6). B, *p = 0,05 vs NTantes (n = 7).
.
Figura 18: Corte histológico de rins esquerdos de ratos NT (painel à esquerda) e T (painel à direita). Aumento, 60 vezes, Hematoxilina-Eosina.
4.3 Função renal nos ratos treinados em repouso (Protocolo I )
As concentrações plasmáticas e urinárias de sódio e potássio não se
diferiram entre os grupos NT e T, em repouso, durante 5 dias em que foram
mantidos em gaiolas metabólicas (Tab. 2).
Em repouso, os ratos treinados apresentaram um maior RFG (Fig. 19A)
e um fluxo urinário semelhante comparado aos ratos não-treinados. Como
esperado, o grupo T apresentou uma menor FEH2O (Fig. 19C).
NTantes NTapós Tantes Tapós
0
15
30
45
60
*A
Hem
atóc
rito
(%
)
NTantes NTapós Tantes Tapós
0
4
8
12
16
*B
Hem
oglo
bina
(g.
dl-1
)
Tabela 2: Concentrações plasmáticas e urinárias de sódio e potássio em ratos não- treinados (NT) e treinados (T), em repouso, medidas em 3 dias diferentes de permanência em gaiolas metabólicas. Sendo:[ ], concentração; ur, urina; pl, plasma.
Parâmetros renais 1º DIA 4º DIA 5º DIA
[Na+]ur (mEq/l) NT
T 57 ± 32 78 ± 13
99 ± 6 104 ± 9
106 ± 6 118 ± 4
[Na+]pl (mEq/l) NT T
134 ± 3 133 ± 1
129 ± 1 132 ± 3
130 ± 3 127 ± 2
[K+]ur (mEq/l) NT
T 179 ± 23 218 ± 22
197 ± 14 230 ± 11
233 ± 23 254 ± 11
[K+]pl (mEq/l) NT
T 4,3 ± 0,3 4,7 ± 0,3
4,0 ± 0,3 4,1 ± 0,1
8,0 ± 0,7 6,6 ± 0,4
Figura 19: Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre o RFG (A), o FU (B) e a FEH2O (C). Os ratos treinados (T) e não-treinados (NT) foram mantidos em gaiola metabólica por 5 dias, em situação de repouso (n =6). A, *p = 0,003 vs NT RFG. C, *p<0,001 vs NT. O fator dia não influenciou nos parâmetros avaliados.
0 10
500
1000
1500
2000
2500
4 5 6
NT
T
* *
A
`
Dias
Ritm
o de
filtr
ação
glo
mer
ular
(ml.2
4h-1
)
0 10
8.0
10.0
12.0
14.0
16.0
4 5 6
NT
T
B
´
´
Dias
Flu
xo u
rinár
io(m
l.24h
-1)
0 10.0
0.5
1.0
1.5
2.0
4 5 6
NT
T
C
* **
Dias
´
Fra
ção
de e
xcre
ção
de á
gua
(%)
Em repouso, os ratos treinados apresentaram uma redução significativa
na FENa+ comparado ao grupo NT (Fig. 20A). Como esperado, a FRNa+ foi
maior no grupo T na situação de repouso (Fig. 20B).
Figura 20: Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre a excreção (A), a reabsorção (B) e o clearance (C) de sódio (n = 6). Os grupos T e NT foram mantidos em gaiola metabólica por 5 dias, em situação de repouso. *p < 0,05 vs NT e **p < 0,05 vs 1º dia. Em C, o treinamento não interferiu no clearance de sódio.
Com relação ao potássio, o comportamento foi similar ao sódio. Em
repouso, a FEK+ foi menor e, consequentemente, a FRK+ foi maior nos ratos
treinados comparativamente ao grupo controle (Fig. 21). O treinamento físico
de intensidade moderada não alterou a depuração plasmática de potássio (Fig.
21C).
0 10.0
4 5 6
98.5
99.0
99.5
100.0NT
T
****
B
´Dias
Fra
ção
de r
eabs
orçã
o de
Na
+
(%)
0 10.0
3.5
7.0
10.5
14.0
4 5 6
NT
T**
C
Dias
´
Cle
aran
ce d
eN
a+
( µµ µµE
q.24
h-1
)
0 10.0
0.4
0.8
1.2
1.6
4 5 6
NT
TA
**
´
**
Dias
Fraç
ão d
e ex
creç
ão d
e N
a+
(%)
Os valores da osmolalidade plasmática nos grupos T e NT foram baixos
(~240 mOsmKg-1) em todos os dias de gaiolas metabólicas. Utilizou-se plasma
diluído (1:10) para a medição da osmolalidade e acredita-se que isso possa ter
contribuído nas leituras baixas obtidas. No protocolo II utilizou-se plasma
diluído 1:2 e obteve-se leitura satisfatória da osmolalidade plasmática no grupo
controle. Portanto, no protocolo I, não serão apresentados os valores de
clearance osmolar e de água livre dos ratos T e NT.
Figura 21: Efeito do treinamento físico de intensidade moderada sobre a excreção (A), a reabsorção (B) e o clearance (C) de potássio (n = 6). Os grupos T e NT foram mantidos em gaiola metabólica por 5 dias, em situação de repouso. *p = 0,009 vs NT e **p < 0,001 vs 5º dia. Em C, o treinamento não interferiu no clearance de potássio.
0 10.0
4 5 6
25.0
35.0
45.0
55.0
65.0
75.0
NT
T
A
**
Dias´
Fra
ção
de e
xcre
ção
de K
+
(%)
0 10.0
4 5 6
25.0
35.0
45.0
55.0
65.0
75.0
NT
T
*
B*
´Dias
Fra
ção
de r
eabs
orçã
o de
K+
(%)
0 10
4 5 6
200
400
600
800
NT
T
C****
Dias
´
Cle
aran
ce d
e K
+
( µµ µµE
q.24
h-1
)
4.4 Função renal nos ratos treinados pós-exercício (Protocolo II )
Os grupos T e NT realizaram um exercício submáximo de intensidade
absoluta (35 min de corrida na esteira, a 21 m/min). Imediatamente após o
exercício, ambos os grupos foram colocados em gaiolas comuns, por um
período de 8 h (480 min). A produção de urina foi monitorada ao longo desse
tempo sendo, a função renal, investigada ao término do mesmo.
Em ambos os grupos, a sessão de exercício reduziu a produção de urina
(Fig. 22).
Figura 22: Efeito de uma sessão de exercício submáximo absoluto (35 min a 21 m/min) sobre o volume cumulativo de urina de ratos não-treinados (A, *p < 0,05 vs NTrepouso) e treinados (B, *p < 0,05 vs Trepouso) (n = 8 ratos/grupo).
No grupo NT, o exercício inibiu a produção de urina a partir dos 180 min,
ao passo que no grupo T, essa inibição já ocorreu aos 60 min (Fig. 22). No
grupo NT a inibição da produção de urina é mais tardia e a desinibição já
ocorre aos 420 minutos. Contrariamente, no grupo T, a inibição da produção de
urina ocorre logo aos 60 min pós-exercício e, mesmo ao final dos 480 min, a
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540-1.0
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
NTrepouso
NTexercício
* * * * * **
A
Tempo (min)
Vol
ume
cum
ulat
ivo
de u
rina
(ml)
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540-1.0
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
Trepouso
Texerccio
* * * * ** * *
** * *
**
*
B
Tempo (min)
Volu
me
cum
ulat
ivo
de u
rina
(ml)
inibição ainda permanece (Fig.22). Quando se compara o delta da área sob as
curvas (ASC) do volume cumulativo de urina produzido em repouso e pós-
exercício, o grupo T apresentou maior delta comparado ao grupo NT (Fig. 23),
evidenciando que a inibição da produção de urina foi realmente maior nesse
grupo.
Figura 23: Delta da área sob as curvas (ASC) de volume cumulativo de urina (VCU) produzido em repouso e exercício pelos grupos T e NT (n = 8 ratos/grupo). *p = 0,04 vs NT.
No grupo NT, a sessão de exercício fez aumentar significativamente o
RFG o que refletiu em uma FEH2O pós-exercício reduzida, já que o fluxo
urinário permaneceu inalterado (Fig. 24). Esta FEH2O pós-exercício reduzida
também foi observada no grupo T. No entanto, o RFG foi similar ao valor de
repouso e o fluxo urinário sofreu uma redução significativa após 8 h da
realização do exercício (Fig. 24).
Quando se correlaciona RFG e fluxo urinário pós-exercício, o grupo T
apresenta uma correlação menor (r = 0,25) comparado ao grupo NT (r = 0,59)
(Fig. 25, painel inferior). Já as correlações observadas em repouso foram
similares nos grupos NT e T que, por sua vez apresentou valor similar ao
observado no grupo NT pós-exercício (Fig. 25, painel superior).
NT T0
500
1000
1500
*
AS
C d
o V
CU
(del
ta: r
epou
so -
exe
rcíc
io)
Figura 24: Ritmo de filtração glomerular (A), fluxo urinário (B) e fração excreção de água (C) em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e sob efeito do exercício (35 min a 21 m/min) (n = 7 – 9 ratos/grupo). *p < 0,02 vs NTrepouso e **p < 0,05 vs Trepouso.
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
200
400
600
800
**
A
Riti
mo
de fi
ltraç
ão g
lom
erul
ar(m
l.8h
-1)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
**
B
Flux
o ur
inár
io(m
l.8h
-1)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
***
C
Fra
çao
de e
xcre
ção
de á
gua
(%)
Figura 25: Correlação entre o RFG e o fluxo urinário dos ratos não-treinados e treinados em repouso (painéis A e B) e sob efeito do exercício (painéis C e D).
Nesse protocolo, no qual a função renal foi avaliada por um período de
apenas 8 h nenhuma diferença na fração de excreção e de reabsorção de
sódio e potássio foi observada, nem mesmo nos ratos do grupo T, em repouso
(Fig. 26 e 27). Como mostrado nas Figuras 20 e 21, as FENa+ e FEK+ analisadas
após um período mais longo, 24h, apresentaram-se reduzidas em relação ao
grupo NT. E, mesmo assim, nenhum efeito do exercício agudo foi detectado
(Fig. 26 e 27).
A sessão de exercício para o grupo NT provocou um aumento
significativo no clearance osmolar e tornou o clearance de água livre mais
negativo (Fig. 28). O simples treinamento aumentou o clearance osmolar e
tornou o clearance de água livre mais negativo no grupo T em repouso, mas o
exercício não foi capaz de afetar esses parâmetros.
Em ambos os grupos, a sessão de exercício aumentou
significativamente a osmolalidade urinária (Tab. 3). O peso do rim esquerdo
não se diferiu entre os grupos tanto em repouso quanto pós-exercício.
Não-treinado (Exercício)
0 200 400 600 800 10000.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0r=0,59C
RFG (ml.8h -1)
Flux
o ur
inár
io (m
l.8h
-1)
Treinado (Exercício)
0 200 400 600 800 10000.0
2.0
4.0
6.0
8.0r=0,25D
RFG (ml.8h -1)
Flux
o ur
inár
io (m
l.8h
-1)
Não-treinado (Repouso)
0 200 400 600 800 10000.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0r=0,60A
RFG (ml.8h -1)
Flux
o ur
inár
io (m
l.8h
-1)
Treinado (Repouso)
0 200 400 600 800 10000.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0r=0,49B
RFG (ml.8h -1)
Flux
o ur
inár
io (m
l.8h
-1)
Figura 26 : Fração de excreção (A) e reabsorção (B) de sódio em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e pós-exercício (35 min a 21 m/min) (n = 7 – 9 ratos/grupo). Não houve diferença dentro de cada grupo e nem entre os grupos.
Figura 27 : Fração de excreção (A) e reabsorção (B) de potássio em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e pós-exercício (35 min a 21 m/min) (n = 7 - 9 ratos/grupo). Não houve diferença dentro de cada grupo e nem entre os grupos.
Figura 28: Clearance osmolar (A) e de água livre (B) em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e pós-exercício (35 min a 21 m/min) (n = 7 – 9 ratos/grupo). *p = 0,01 vs NTrepouso e **p < 0,04 vs NTrepouso.
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5A
Fraç
ão d
e ex
creç
ão d
e N
a+ (
%)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.0
99.5
99.6
99.7
99.8
99.9
100.0B
Fra
ção
de r
eabs
orçã
o de
Na
+(%
)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
10
20
30
40A
Fra
ção
de e
xcre
ção
de K
+(%
)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
70
85
100B
Fra
ção
de r
eabs
orçã
o de
K+(%
)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
-20
-15
-10
-5
0
***
BCle
aran
ce d
e H
2O li
vre
(ml.8
h-1
)
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
5
10
15
20
***A
Cle
aran
ce o
smol
ar(m
l.8h
-1)
Tabela 3: Parâmetros renais pós-exercício dos ratos treinados e não-treinados medidos após 8 horas de permanência em gaiolas comuns. Sendo: Osm., osmolalidade.
Parâmetro medido Não-treinado (NT) Treinado (T)
Repouso Exercício Repouso Exercício
Rim esquerdo (g.100g-1 peso) 0,30 ± 0,01 0,31 ± 0,02 0,31 ± 0,01 0,37 ± 0,01
[Na+] plasma (mEq.L-1) 140 ± 2 140 ± 1 144 ± 1 139 ± 1
Conteúdo [Na+] plasma (mg) 44,7 ± 06 -- 59,2 ± 0,4# --
[K+] plasma, (mEq.L-1) 5,2 ± 0,1 5,0 ± 0,3 4,9 ± 0,1 4,9 ± 0,2
Conteúdo [K+] plasma (mg) 2,82 ± 0,05 -- 3,42 ± 0,07# --
[Na+] urina, (mEq.L-1) 34 ± 9 72 ± 14 54 ± 6 76 ± 12
[K+] urina, (mEq.L-1) 96 ± 12 201 ± 34 114 ± 12 193 ± 12
Osm. Plasmática, (mOsm.Kg-1) 283 ± 1 272 ± 1 284 ± 1 277 ± 2
Osm. Urinária, (mOsm.Kg-1) 779 ± 67 1324 ± 153* 933 ± 72 1237 ± 86**
*p <0,05 vs NTrepouso; **p <0,05 vs Trepouso; # p<0,0001 vs NTrepouso
A excreção urinária de proteína bem como a concentração plasmática de
albumina não foram afetadas pelo exercício agudo (Tab. 4). Em repouso,
ambos os parâmetros apresentaram semelhanças entre os grupos. No entanto,
a quantidade total de albumina no soro estava significativamente aumentada no
grupo T (0,70 ± 0,02 g vs 0,53 ± 0,01 g; p<0,0001), em repouso.
Tabela 4: Albumina no soro e proteinúria em ratos não-treinados e treinados em repouso e pós-exercício.
Parâmetro medido Não-treinado (NT) Treinado (T)
Repouso Exercício Repouso Exercício
[Albumina] soro (g.dl-1) 3,83 ± 0,06 4,09 ± 0,06 3,87 ± 0,10 4,18 ± 0,05
[Proteína] urina, (mg.dl-1) 45,70 ± 3,82 59,60 ± 8,63 46,37 ± 3,23 60,88 ± 3,24
Excreção urinária de proteína, (mg.8h-1)
1,65 ± 0,26 1,94 ± 0,16 2,24 ± 0,24 2,11 ± 0,16
4.5 Perfil hormonal nos ratos treinados em repouso e pós-exercício (Protocolo II )
Em repouso, a concentração plasmática do ADH se mostrou aumentada
nos ratos T comparado aos NT (22,3±1,7 vs 17,5 ± 0,9 pg.ml-1; p=0,05), mas
não houve diferença na concentração plasmática de aldosterona (T=18,1 ± 6,1
ng.dl-1 vs NT=15,5 ± 3,4 ng.dl-1; p=0,76). O grupo T, quando sob efeito do
exercício, apresentou um aumento na concentração plasmática de
vasopressina (T = 31,2 ± 3,9 vs NT = 18,7 ± 1,8 pg.ml-1; p=0,01) e uma redução
na concentração plasmática de aldosterona (T=46,73 ± 2,64 vs NT=75,10 ±
10,81; p<0,05) (Fig. 29).
Figura 29: Concentrações plasmáticas de vasopresina (A) e aldosterona (B) em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e pós-exercício (35 min a 21 m/min). Em A (n = 4 – 5): *p < 0,05 vs NTexercício e **p <0,05 vs Trepouso; # p=0,05 vs NTrepouso; B (n = 3 – 6), #p < 0,05 vs NTrepouso, *p < 0,05 vs Trepouso e **p <0,05 vs NTexercício.
Quando se compara as respostas hormonais dentro do mesmo grupo,
pôde-se observar que o exercício aumentou a concentração plasmática de
vasopressina para o grupo T e que esta resposta não foi observada para o
grupo NT (Fig. 29A). Já a aldosterona plasmática foi aumentada pelo exercício
tanto nos ratos NT, como nos ratos T (Fig. 29B). No entanto, o aumento de
aldosterona pós-exercício, no grupo T, foi significativamente menor do que no
grupo NT.
Com relação ao ANP, a Fig. 30 ilustra um experimento de ligação do
mesmo em cortes longitudinais de rim direito de rato NT (painel à esquerda) e
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
10
20
30
40
***A
Vas
opre
ssin
a pl
asm
átic
a(p
g.m
l-1) #
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0
30
60
90 #
***
BA
ldos
tero
na p
lasm
átic
a(n
g.dl
-1)
de um rato T (painel à direita). Pode-se observar que não houve diferença
detectável de ligação do ANP entre os rins (NT e T).
Figura 30: Ensaio típico de binding de ANP em cortes longitudinais de rins de ratos não-treinados (NT, painel à esquerda)) e treinados (T, painel à direita) em repouso. O ensaio de competição foi feito pelo deslocamento do 125I-ANP com concentrações crescentes de ANP não marcado (10-12 a 10-6 M). Não houve diferença, em pixels/mm2, entre os rins de ratos NT e T.
A síntese tecidual de ANP nos átrios direito (T = 326 ± 15 vs NT = 324 ±
50 ng.mg-1 proteína; p = 0,96) e esquerdo (T = 300 ± 21 vs NT = 283 ± 65
ng.mg-1 proteína; p = 0,84) bem como a sua concentração plasmática não se
diferirem entre os grupos quando em repouso ((T = 1,14 ± 0,22 vs NT = 1,56 ±
0,27 ng.ml-1) (Fig. 31). No entanto, contrariamente ao observado para a
vasopressina e aldosterona, o exercício reduziu o ANP plasmático sendo, esta
redução, observada apenas no grupo NT (de 1,56 ± 0,27 para 0,44 ± 0,04
ng.ml-1; p=0,01; Fig.31).
Figura 31: Concentração plasmática de ANP em ratos treinados (T) e não-treinados (NT), em repouso e sob efeito do exercício (35 min a 21 m/min). #p < 0,05 vs NTrepouso, *p < 0,05 vs NTexercício (n = 3 – 6).
A excreção urinária de urodilatina foi semelhante nos grupos NT (92,4 ±
13,2 pg.8h-1) e T (119,6 ± 13,4 pg.8h-1) em repouso e o exercício não foi capaz
de afetar tal excreção (T = 112,5 ± 6,6 pg.8h-1 e NT = 93,1 ± 9,3 pg.8h-1).
NTrepouso NTexercício Trepouso Texercício
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
#
*A
NP
pla
smát
ico
(ng.
ml-1
)
5 DISCUSSÃO
5.1 Avaliação do treinamento
O treinamento físico utilizado no presente estudo se mostrou eficiente já
que houve uma melhora significativa, nos ratos treinados, em todos os
parâmetros medidos no TEMP aplicado ao final das oito semanas de
treinamento. A velocidade de corrida na qual os ratos treinaram dependeu da
Vmáx atingida no TEMP. Como este parâmetro mostrou uma melhora
significativa ao final da 4ª semana para o grupo T, se fez necessário a correção
da velocidade de corrida. Sem este ajuste, os ratos correriam em uma
intensidade de exercício mais baixa, podendo afetar as respostas adaptativas a
serem adquiridas com o exercício crônico. A correção da velocidade de corrida
foi uma adaptação feita ao protocolo de treinamento descrito por Priviero et al.,
2004 e utilizado no presente estudo.
Outras ferramentas utilizadas para verificar a eficiência e a sobrecarga
do treinamento foram as medições das atividades da SDH no músculo e da
LDH no soro, respectivamente. A determinação da atividade da LDH sérica nos
ratos treinados teve por objetivo assegurar que a função renal fosse medida
sem que os ratos apresentassem quaisquer danos celulares em decorrência
dos exercícios (treinamento e teste de esforço). Níveis elevados de LDH na
circulação sanguínea durante e após o exercício estão associados a rupturas
celulares induzidas, principalmente, por exercícios intensos com características
excêntricas (Dieli-Conwright et al., 2009; Brancaccio et al., 2006; Kobayashi e
Takeuchi, 2005; Rumley et al., 1985 ). Como as corridas de longa duração têm
um componente excêntrico predominante, a enzima LDH pode aumentar
consideravelmente no soro (França et al., 2006). Dependendo das condições
em que o exercício for realizado, como a intensidade e duração do mesmo, a
atividade da LDH pode permanecer alterada por horas ou até mesmo semanas
(duas) após a realização do exercício (Brancaccio et al., 2008; Kobayashi e
Takeuchi, 2005). A enzima LDH encontra-se no citoplasma das células
musculares e, na circulação sanguínea, encontra-se em baixas quantidades,
salvo quando ocorre ruptura celular e extravasamento da LDH para a
circulação (Brancaccio et al., 2006; Lott e Stang, 1980). Como esperado, o
grupo NT não apresentou qualquer alteração na atividade da LDH pré e pós-
treino. O mesmo comportamento era esperado no grupo T, no entanto, houve
uma redução significativa na atividade da LDH pós-treino. Este resultado
mostra pelo menos que a função renal foi medida em ratos T com integridade
muscular, sem danos provocados por sessões prévias de exercício. Essa
redução observada no grupo T talvez possa estar associada ao aumento do
volume plasmático, o que diluiria a LDH o soro. No entanto, a redução da
enzima no grupo T pós-treino foi de 49%, ao passo que o aumento do volume
plasmático foi de 29%. Dubouchaud et al. (2000) relataram um aumento das
isoenzimas LDH1-4 (lactato-piruvato) e uma redução da LDH5 (piruvato-
lactato) no músculo pelo treinamento aeróbio sugerindo que o músculo adquiriu
maior capacidade oxidativa com o treinamento. No entanto, não se sabe se a
LDH no soro é influenciada pelo treinamento aeróbio, em condições de
repouso.
Não houve diferença na atividade da SDH entre os grupos T e NT tanto
em repouso, quanto sob efeito do exercício, embora se esperasse encontrar
um aumento na atividade da SDH nos músculos dos ratos T ao final do
treinamento. Embora Criswell et al. (1993) tenham verificado que 12 semanas
de treinamento aeróbio de intensidade moderada foram suficientes para
aumentar a atividade da SDH nos músculos sóleo e gastrocnêmio de ratos,
Terblanche et al. (2001) relataram que o treinamento aeróbio intenso de 6
semanas não alterou a atividade da SDH de repouso medida no músculo
gastrocnêmio de rato. Já o estudo de Silva et al. (2009) mostrou que 8
semanas de treinamento aeróbio de intensidade moderada aumentou a
atividade da SDH em quadríceps de camundongos, em repouso. Percebe-se
que a resposta da SDH frente ao treinamento aeróbio se difere entre os
estudos, uma vez que há diferenças no volume e intensidade do treinamento e
nos grupos musculares onde a medição da atividade da SDH foi realizada.
Talvez a combinação do volume-intensidade do treinamento e músculos
selecionados para a medição (sóleo e gastrocnêmio) não tenha sido suficiente
para aumentar a atividade da SDH nos ratos T no presente estudo. Os
músculos da pata do rato exibem perfis metabólicos diferentes dependendo da
predominância das fibras musculares tipo I ou II (Mccullagh et al., 1996;
Laughlin e Armstrong, 1983). Pode-se esperar que a atividade do complexo
enzimático oxidativo da SDH apresente diferenças entre os músculos da pata e
uma maior atividade é esperada em músculos com predomínio de fibras tipo I,
como o músculo sóleo. Como o método empregado para a medição da SDH,
neste estudo, exigia uma maior quantidade de músculo para a detecção da
enzima, o uso do sóleo apenas era insuficiente. Então, adicionou-se ao último,
o gastrocnêmio que é um músculo com perfil mais glicolítico (fibras tipo II) do
que oxidativo (fibras tipo I). No entanto, Takekura e Yoshioka (1990) mostraram
que o treinamento aeróbio de 16 semanas aumentou a atividade de enzimas
oxidativas, como a SDH, tanto em fibras tipo I, quanto em tipo II. O treinamento
aeróbio de 8 semanas talvez seja insuficiente para produzir um aumento
detectável na atividade da SDH em músculos oxidativos-glicolíticos de ratos.
Isto porque, em estudos nos quais foram usados volumes maiores de
treinamento (12 e 16 semanas), foi observado um aumento da SDH em
músculos com o mesmo perfil dos utilizados no presente estudo (Criswell et
al.,1993; Takekura & Yoshioka,1990).
O mesmo exercício executado por ambos os grupos levou a um
aumento na atividade da SDH nos ratos T, o mesmo não ocorrendo para os
ratos NT. Mesmo sob estímulo de um exercício de menor intensidade, o grupo
T apresentou uma maior atividade da SDH, mostrado pelo aumento da
absorbância do formazan, resposta esta não obtida no grupo NT após exercício
de maior intensidade. Terblanche et al. (2001) e Lawler et al. (1993) verificaram
que o exercício agudo não altera a atividade da SDH em ratos sedentários.
5.2 Função renal de ratos treinados em repouso
O treinamento físico de intensidade moderada induziu adaptações tanto
no glomérulo, quanto no túbulo renal. Os resultados obtidos em gaiolas
metabólicas onde se mediu diariamente a função renal de repouso em ratos T
mostraram um aumento do RFG e da reabsorção de água e dos eletrólitos
sódio e potássio, ambos importantes na manutenção do equilíbrio hídrico-
eletrolítico do organismo.
O aumento do RFG nos ratos T não foi acompanhado por um aumento
no FU, o que levou a uma menor FEH2O em repouso. O FSR não foi medido no
presente estudo e não há estudos recentes sobre o efeito crônico do exercício
aeróbio sobre o mesmo. Em 1984, Armostrong e Laughlin verificaram que o
FSR permanecia inalterado em ratos após 13 semanas de treinamento aeróbio
(30 m/min), em esteira. Em estudos recentes, o foco principal tem sido a
investigação dos fatores envolvidos na vasoconstrição renal induzida pelo
exercício agudo (Maeda et al., 1998; 2004; 2005).
O aumento do RFG pode ser associado, em parte, à elevação da
vasopressina plasmática observada no grupo T em repouso. Bouby et al.
(1996) observaram um aumento no RFG em ratos normais e acordados após
administração crônica de um análogo da vasopressina (1-desamino 8-D
vasopressina). Os autores sugeriram que o efeito da vasopressina sobre o
RFG se daria pela sua ação antidiurética e não por sua ação vasoconstritora
nos rins. O aumento da vasopressina induziria um aumento da reciclagem
intra-renal da uréia que, por sua vez, reduziria a concentração de NaCl na
mácula densa do aparelho justaglomerular. Esta menor concentração de NaCl,
levaria a um aumento do RFG pelo mecanismo de feedback túbulo-glomerular.
Neste estudo, observou-se que o exercício inibiu a diurese em ambos os
grupos e esta conservação de água corporal está associada à vasopressina.
Portanto, espera-se que sessões repetidas de exercício induzam liberações
crônicas de vasopressina e esta, por sua vez, também possa estar relacionada
ao aumento do RFG, como observado por Bouby et al. (1996) e também
proposto por Bankir et al. (1993).
O aumento do RFG de repouso induzido pelo treinamento físico não
pode ser explicado apenas pela vasopressina. No entanto, pouco se sabe a
respeito do efeito do treinamento aeróbio sobre os rins. As respostas já
estudadas estão relacionadas ao efeito do treinamento sobre a atividade
simpática renal e a reatividade vascular renal. Assim, Negrão et al. (1993)
verificaram que o treinamento aeróbio de 13 semanas reduziu a atividade
simpática renal de repouso em ratos normotensos. Adicionalmente, foi
observado que o treinamento aeróbio levou a um aumento da vasodilatação
renal dependente e independente do endotélio (De Moraes et al., 2004) e uma
“regulação para baixo” (downregulation) da endotelina renal (Maeda et al.,
1998). Esses fatores citados poderiam influenciar mais na resposta do RFG em
situação de exercício, onde se observa maior estimulação simpática renal e
maior resposta vascular frente à alteração do fluxo sanguíneo.
O grupo T apresentou um aumento de 29% no volume plasmático após
o treinamento. Sabe-se que as respostas renais à expansão de volume incluem
aumento do RFG, diurese e natriurese (Randolph et al., 1998; Kaufman, 1990).
Contrariamente, o aumento do volume plasmático observado neste estudo foi
acompanhado por menor FENa+ e FEH2O, apesar do RFG se mostrar
aumentado no grupo T. O aumento do volume plasmático induzido pelo
treinamento físico não foi acompanhado por qualquer alteração nos valores de
hematócrito e hemoglobina.
A hipervolemia induzida pelo treinamento aeróbio geralmente é
associada a um aumento no conteúdo de albumina no plasma (Bexfield et al.,
2009; Nagashima et al., 2000; Kargotich et al., 1998; Gillen et. al.,1994;
Convertino, 1991). Neste estudo a concentração de albumina sérica não se
mostrou diferente entre os grupos após o treinamento. No entanto, quando se
analisa o conteúdo total de albumina no soro, o grupo T apresentou um
aumento comparado ao grupo NT. Consequentemente, espera-se uma maior
retenção de água no espaço vascular do grupo T devido ao aumento de
proteína circulante, já que 1 g de proteína promove a contenção de 14-15 ml
H2O (Scatchard et al.,1944; Yang et al., 1998). Então, em nosso estudo, o
aumento, de albumina no soro, de 0,17g (de 0,53 para 0,70 g) no grupo T
promoveria um aumento no volume plasmático de 2,38 - 2,55 ml. Isto
corresponde a 60 - 65% do volume real de aumento (4 ml) observado no
volume plasmático (de 13,8 ± 0,9 ml no NT para 17,9 ± 1,5 ml no T). Fatores
como síntese hepática aumentada de albumina, decréscimo na degradação de
albumina e a redistribuição da albumina do espaço intersticial para o espaço
vascular podem contribuir para o aumento no conteúdo de albumina sérica
(Nagashima et al., 2000; Yang et al., 1998). No entanto, não se sabe como o
treinamento aeróbio interfere nesses fatores. Recentemente, observou-se um
aumento na expressão do mRNA para albumina hepática em ratos submetidos
a 12 dias de treinamento aeróbio moderado e intenso (Bexfield et al., 2009). Ou
seja, a síntese hepática de albumina provavelmente está relacionada com o
aumento no conteúdo de albumina sérica observado com o treinamento.
As concentrações de sódio no plasma bem como a osmolalidade
plasmática permaneceram constantes entre os grupos, apesar do grupo T estar
volume expandido. Semelhantemente à albumina, o conteúdo de sódio no
plasma foi maior no grupo T. Portanto, o treinamento físico induziu um aumento
de 32% no conteúdo de sódio no plasma. Estudos têm atribuído um papel
importante aos hormônios vasopressina e aldosterona na expansão do volume
plasmático induzido pelo treinamento aeróbio devido à ação desses hormônios
nos túbulos distais e ductos coletores onde promovem maior reabsorção de
sódio e água. Porém, não há relatos a cerca de medidas efetivas das frações
de excreção de eletrólitos e água (Zavorsky, 2000; Shoemaker et al., 1998).
Neste estudo, foi verificado uma menor FENa+ e de FEH2O nos ratos
treinados, em repouso. A redução da FENa+ ocorreu devido ao aumento
significativo da carga filtrada de sódio no grupo T, sem alterar a carga
excretada do mesmo, acarretando uma maior reabsorção de sódio no grupo T.
A aldosterona plasmática não explica esta resposta já que esta variável não
apresentou diferença entre os grupos quando em repouso (Fig. 28). Ressalta-
se que a ação da aldosterona está mais direcionada ao túbulo distal e ao ducto
coletor, locais onde percentualmente se têm menor reabsorção de sódio
comparado ao total reabsorvido no túbulo proximal (67% do sódio filtrado) e no
segmento espesso ascendente da alça de Henle (25%). Isso sugere que o
efeito do treinamento físico na reabsorção renal aumentada de sódio possa
ocorrer no túbulo proximal e/ou no segmento espesso ascendente.
Alguns fatores podem ter contribuído para o aumento na FRNa+ nos ratos
T. Se o aumento do RFG observado no presente estudo fosse acompanhado
por um FSR constante, se esperaria um aumento na concentração de proteínas
nos capilares peritubulares, aumentando a pressão oncótica nesse local. Como
resultado, ocorreria aumento da reabsorção de sódio e água no túbulo
proximal. A reabsorção de sódio tanto no túbulo proximal, quanto no segmento
espesso ascendente da alça de Henle está associada direta e indiretamente à
bomba Na+, K+-ATPase localizada na membrana basolateral das células. No
entanto, até o presente, não se sabe o efeito do treinamento aeróbio sobre
essa enzima nos diferentes segmentos do néfron.
Em repouso, os ratos T apresentaram uma redução na FEH2O
acompanhado por um aumento no CH2O livre negativo. Esses resultados
sugerem que a vasopressina contribuiu para o aumento da reabsorção renal de
água induzida pelo treinamento físico. A vasopressina se liga ao receptor V2 na
membrana basolateral das células principais do ducto coletor aumentando a
reabsorção de água pelo deslocamento de canais de água (aquaporina 2) para
a membrana apical das células (Bankir, 2001). Ainda é desconhecido o efeito
do treinamento aeróbio sobre os sítios de ação da vasopressina nos rins.
Os resultados do presente estudo indicam reabsorção tubular de sódio
não mediada pela aldosterona e reabsorção tubular de água via vasopressina
nos ratos T em repouso, ou seja, a reabsorção de sódio parece ocorrer nos
segmentos iniciais do néfron, ao passo que na reabsorção de água há
participação dos segmentos distais. Não se pode descartar que o treinamento
tenha induzido reabsorção de sódio, via ativação da bomba Na+, K+-ATPase,
não acompanhada por reabsorção de água, como ocorre no segmento espesso
ascendente da alça de Henle. No entanto, como citado anteriormente, ainda
não é conhecido o efeito do treinamento aeróbio na atividade e/ou densidade
da bomba Na+, K+-ATPase renal.
As alterações renais de FENa+ e FEH2O observadas nos ratos T, na
situação de repouso, não foram acompanhadas por alterações significativas no
ANP plasmático e nem na urodilatina. Como os ratos T se encontram volume-
expandidos poderia se esperar uma maior secreção atrial de ANP para o
plasma e também uma maior excreção urinária de urodilatina, no sentido de
corrigir o aumento da volemia. No entanto, os níveis destes dois peptídeos
foram similares nos grupos T e NT em repouso. Importante ressaltar que,
nesse estudo, pela primeira vez, foi investigado o efeito do treinamento aeróbio
sobre a urodilatina urinária. O treinamento físico também não afetou, quando
em repouso, o conteúdo de ANP nos átrios direito e esquerdo e nem o binding
renal de ANP, observações semelhantes àquelas obtidas para o ANP
plasmático. Alguns estudos têm relatado que a expansão de volume induzida
pelo treinamento aeróbio é acompanhada por um reajuste na sensibilidade dos
reflexos reguladores de volume, tornando-os menos sensíveis (Randolph et al.,
1998; Gillen et al., 1994; Kaufman, 1990). Isto poderia, talvez, ser a razão da
expansão de volume não ter sido acompanhada por um aumento no ANP
plasmático.
Em repouso, a FEK+ foi menor nos ratos T. Como a carga filtrada de
potássio foi maior nesses ratos e não houve diferença na carga excretada,
houve um aumento na FRK+. O efeito do treinamento aeróbio sobre a FEK+
ainda era desconhecido até o presente estudo. Enquanto o eletrólito sódio é
apenas reabsorvido nos túbulos renais, o potássio é tanto reabsorvido quanto
secretado, sendo que esta secreção ocorre nas células principais do túbulo
distal final e ducto coletor, via bomba Na+,K+-ATPase. Em condições
fisiológicas normais, espera-se que o sódio seja reabsorvido enquanto o
potássio seja secretado nos túbulos renais. Curiosamente, o treinamento físico
moderado levou a uma maior FRK+, similar ao observado para o sódio. Tanto a
concentração plasmática de potássio, quanto a aldosterona plasmática,
principais reguladores da secreção renal de potássio, foram semelhantes nos
grupos T e NT. A possível explicação para a reabsorção renal aumentada de
potássio seria a manutenção da concentração plasmática do mesmo, já que os
ratos T estavam volume-expandidos. Como esperado, houve um aumento de
21% no conteúdo de potássio no plasma do grupo T. Resta saber como o
treinamento aeróbio afeta o transporte tubular de potássio viabilizando uma
maior fração de reabsorção do mesmo. A reabsorção de potássio se dá
predominantemente por transporte paracelular e está associada indiretamente
ao transporte de soluto e água em diferentes segmentos do néfron. Especula-
se que seja no túbulo proximal e/ou no segmento espesso ascendente da alça
Henle, locais onde ocorre maior reabsorção renal de potássio (67% e 25%,
respectivamente). Portanto, o treinamento pode ter aumentado a reabsorção de
potássio via arraste de solvente no túbulo proximal e/ou pela diferença de
voltagem gerada pela reabsorção de sódio no segmento espesso ascendente.
O treinamento físico não alterou os clearances de sódio e potássio em
repouso já que as concentrações plasmáticas e urinárias de ambos os
eletrólitos bem como o fluxo urinário não foram diferentes entre os grupos.
5.3 Função renal de ratos treinados pós-exercício
Para investigar o efeito do exercício sobre a função renal de ratos T e
NT, amostras de sangue e urina foram coletadas durante de 8 h após a
realização da sessão de exercício. Este procedimento se fez necessário pela
dificuldade de se coletar a urina durante o exercício. Avaliar a função renal pós-
exercício teve por objetivo investigar o efeito, sobre os rins, do exercício em
ratos sob efeito ou não do treinamento.
O clearance de creatinina foi o método adotado para a quantificação da
RFG pós-exercício. A constância na formação e excreção de creatinina faz dela
um marcador do RFG comumente usado nos últimos 40 anos, em virtude de
sua estreita relação com o clearance de inulina e da sua relativa independência
de fatores como dieta, grau de hidratação e metabolismo protéico (Gualano et
al., 2008; Fleck, 1999; Poortmans e Vanderstraeten, 1994). Os valores de
creatinina no plasma e urina apresentam variações circadianas e, devido a
isso, a função renal pós-exercício e em repouso foi medida em dias diferentes,
mas sempre no mesmo horário do dia (Pasternack & Kuhlback, 1971). O
clearance de creatinina também tem sido utilizado, em outros estudos, para a
medição de função renal durante o exercício agudo (Poortmans e Ouchinsky,
2006; Banfi et al., 2008; Mallié et al., 2002).
No presente estudo, o RFG pós-exercício não foi diferente entre os ratos
T e NT. Como já relatado anteriormente, o treinamento físico de intensidade
moderada aumentou o RFG de repouso. Quando se compara o RFG pós-
exercício dentro de cada grupo, o exercício absoluto aumentou o RFG do grupo
NT, o mesmo não ocorrendo para o grupo T. Durante o exercício espera-se
uma redução do fluxo sanguíneo para os rins e, paralelamente, uma redução
do RFG. O exercício elevou o RFG nos ratos NT provavelmente porque o
mesmo foi quantificado 8 h após o exercício. Caso a medição ocorresse
durante o exercício, muito provavelmente, seria observada uma redução do
mesmo, como já verificado em outros estudos (Zambraski, 1996; Freund et al.,
1991; Tidgren et al., 1991; Musch et al., 1987). Pode ter ocorrido um aumento
compensatório do RPG após o exercício devido à vasoconstrição renal sofrida
pelos ratos NT durante o exercício absoluto, que foi mais intenso
comparativamente ao realizado pelo grupo T. Este não apresentou o mesmo
aumento do RFG após o exercício como obtido pelo grupo NT. Como a sessão
de exercício representou um menor esforço para o grupo T, provavelmente
induziu uma menor vasoconstrição renal a ser compensada após o exercício.
Além disso, o RFG já se encontrava aumentado nos ratos T em repouso. Isto
pode estar associado a uma menor redução do FSR durante o exercício
conforme observado em ratos e coelhos treinados (Di Carlo e Bishop, 1990;
Armstrong e Laughlin, 1984). Esta resposta é atribuída a uma menor atividade
simpática renal em uma mesma intensidade absoluta de exercício.
Quando se compara o comportamento do FU imediatamente após o
exercício, ao longo de 480 min, o grupo T mostrou uma inibição maior da
diurese. Portanto, os ratos treinados têm maior capacidade de retenção de
volume mesmo realizando um exercício de intensidade menor. Aliado a isto,
está o fator tempo. A diurese, nos ratos T, foi inibida mais rapidamente durante
o exercício e a inibição foi mantida por mais tempo. Ao final dos 480 min de
permanência nas gaiolas, o FU do grupo NT já se mostrava semelhante ao
valor de repouso, ao passo que o FU do grupo T ainda se mostrava reduzido.
Quando se correlaciona RFG e FU durante o exercício, o coeficiente de
correlação torna-se menor para o grupo T. Isto provavelmente está relacionado
com a maior capacidade dos ratos T em conservar volume durante o exercício.
Ou seja, considerando um mesmo RFG durante o exercício, o grupo T produz
um menor volume de urina comparado ao grupo NT.
A FEH2O pós-exercício não apresentou diferença entre os grupos já que
o RFG e o FU mostraram-se também semelhantes. Comparando-se dentro de
cada grupo, o exercício absoluto promoveu uma redução significativa na FEH2O
e a intensidade desta redução foi proporcional em ambos os grupos (40-50%).
Uma maior redução da FEH2O pós-exercício era esperada no grupo T devido à
inibição mais intensa da diurese, nesse grupo. O aumento do RFG pós-
exercício no grupo NT contribuiu para a menor FEH2O observada nesse grupo.
Como relatado anteriormente, parece ter havido uma compensação do RFG já
que o mesmo foi medido após e não durante o exercício. Durante o exercício,
poderia se esperar uma maior FEH2O para o grupo NT, devido a uma redução
esperada tanto do RFG, quanto do FU nesse grupo.
As FENa+ e FEK+ também não foram diferentes entre os grupos. Para o
grupo T, talvez a sessão de exercício não tenha sido suficiente para induzir
alguma alteração tubular na reabsorção e secreção de eletrólitos, apesar de ter
aumentado a concentração plasmática de aldosterona. O grupo NT, mesmo
realizando um exercício mais intenso, também não apresentou diferença na
fração de excreção de eletrólitos, mas aumentou a concentração plasmática de
aldosterona. Portanto, o grupo NT, pós-exercício, filtrou mais eletrólitos, mas
também os excretou na mesma intensidade.
O exercício absoluto foi suficiente para elevar a concentração plasmática
de aldosterona em ambos os grupos, mas de maneira diferenciada. O exercício
absoluto causou maior aumento no grupo NT. A secreção de aldosterona está
diretamente relacionada à estimulação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona (SRA), principalmente o aumento na concentração de Ang II no
plasma. Alguns estudos já mostraram que o exercício agudo eleva a
concentração de Ang II circulante e também de seus precursores, angiotensina
I e renina (Woods et al.,2004; Kinugawa et al.,1997; Milledge e Catley, 1982). O
SRA é estimulado quando ocorre aumento da atividade simpática renal. Como
o exercício aumenta a atividade simpática de maneira intensidade-dependente
causando vasoconstrição renal e esplâcnica a fim de aumentar a perfusão dos
músculos ativos, espera-se um aumento da aldosterona também intensidade-
dependente como observado por Montain et al. (1997). Já foi observado que o
treinamento aeróbio reduz a estimulação do eixo-hipotálamo-hipófise-adrenal
após o exercício agudo (Park et al., 2005; Watanabe et al., 1992; Buono et al.,
1987). No entanto, não se sabe se o treinamento aeróbio afeta a secreção de
Ang II durante o exercício submáximo. Filho et al. (2008) verificaram que o
treinamento reduziu as concentrações de Ang II circulante, em repouso.
Baseado no exposto acima é compreensível observar um maior aumento da
aldosterona durante o exercício no grupo NT comparado ao T.
Quando a função renal foi medida em períodos de 24 h, em repouso, foi
observado que o treinamento levou a uma maior FRNa+ e FRK+, o que não
aconteceu quando tais frações foram medidas pelo período de 8 h, também em
repouso. Isto poderia ser devido ao fato de que a produção de urina e excreção
de Na+ e K+ são afetadas pelo ritmo circadiano sendo o período de luz escura
onde ocorre maior excreção de eletrólitos e produção de urina (Aizman et al.,
1994). Assim, há uma maior precisão nos valores de função renal de repouso
quando medida por período de 24 h. No presente estudo, a função renal de
repouso foi medida por período de 8 h com o intuito de se detectar, caso
houvesse, o efeito do exercício agudo sobre a função renal nos ratos reinados.
Os ratos T e NT apresentaram Cosm e CH2O livre pós-exercício
semelhantes entre os grupos. Ambos Cosm e CH2O livre, no grupo T, não foram
afetados pela sessão de exercício. Porém, para o grupo NT, a sessão de
exercício mais intensa levou a um aumento no Cosm e a um CH2O livre mais
negativo. O aumento do Cosm pós-exercício no grupo NT está associado,
provavelmente, ao aumento da quantidade filtrada e excretada de solutos pós-
exercício. O CH2O livre mais negativo, no grupo NT, não pode ser explicado por
um aumento na concentração plasmática de vasopressina. Os resultados
obtidos de Cosm e CH2O livre pós-exercício, para o grupo NT, não traduzem o
que está acontecendo durante o exercício.
A concentração plasmática de vasopressina aumentou ainda mais no
grupo T quando o mesmo foi submetido a uma sessão de exercício de
intensidade mais leve comparado ao grupo NT. Esse aumento da vasopressina
imediatamente após o exercício não refletiu em um CH2O livre pós-exercício
mais negativo para o grupo T. No entanto, o CH2O livre pós-exercício já se
encontrava aumentado (mais negativo) no grupo T, na situação de repouso.
Sabe-se que a concentração plasmática da vasopressina eleva-se de maneira
intensidade-dependente do exercício agudo (Montain et al., 1997; Wade,
1984).No entanto, ainda não é claro o efeito do treinamento aeróbio sobre a
concentração plasmática de vasopressina em repouso e durante o exercício e
nem sobre os receptores de vasopressina, V1 e V2.
Os hormônios vasopressina e ANP possuem ações opostas no
organismo. Enquanto a vasopressina é antidiurética, o ANP caracteriza-se por
ser natriurético e diurético, e executa essa função inibindo o receptor V2 de
vasopressina nos ductos coletores renais. No presente estudo, a sessão de
exercício causou uma intensa inibição no ANP plasmático no grupo NT,
resposta esta, contrária aos estudos onde foi observado um aumento no ANP
plasmático durante o exercício (Rogers et al., 1991; Ibanez et al., 1990). O
exercício causa um aumento no débito cardíaco e, consequentemente, no
retorno venoso causando expansão atrial, o que é considerado o principal
estímulo para a secreção de ANP. Portanto, durante o exercício se esperaria
um aumento do ANP plasmático nos ratos NT. Pan (2007) mostrou que ratos
treinados secretam ANP para o plasma de maneira intensidade-dependente
durante exercícios de diferentes intensidades. Em nosso estudo, a sessão de
exercício, para o grupo T, não foi suficiente para aumentar o ANP plasmático,
embora sua concentração tenha sido superior à encontrada no grupo NT pós-
exercício. Mesmo assim, as FENa+ e FEH2O foram semelhantes nos ratos T e
NT pós-exercício.
Em conjunto, os resultados desse trabalho mostram que o protocolo de
treinamento aeróbio de intensidade moderada, aqui utilizado foi adequado e
que o treinamento leva a adaptações renais de repouso como maior filtração
glomerular e maior reabsorção renal de sódio e potássio. O treinamento
também interfere na resposta renal ao exercício agudo de intensidade absoluta.
6 CONCLUSÃO
O protocolo de treinamento físico de intensidade moderada para ratos
em esteira, padronizado neste trabalho, foi adequado ao estudo da função
renal;
O treinamento físico de intensidade moderada induziu adaptações na
função glomerular e tubular, além de induzir adaptações em alguns hormônios
atuantes nos rins.
Em repouso:
• O treinamento aumentou a filtração glomerular, a qual pode, pelo
menos em parte, ser atribuída à vasopressina;
• A reabsorção aumentada de sódio provavelmente não é devido à
aldosterona, ao passo que a reabsorção aumentada de água está
associada à vasopressina. Já a reabsorção aumentada de
potássio parece não ocorre via inibição da aldosterona;
• Apesar do aumento no volume plasmático, o treinamento não
alterou o ANP circulante, nem a urodilatina na urina. Isto favorece
a conservação renal de água e sódio.
Pós-exercício:
• Os ratos treinados são mais eficientes em provocar antidiurese e
a vasopressina é um dos responsáveis diretos por esta resposta;
• O ritmo de filtração glomerular (RFG), já aumentado pelo
treinamento (repouso), não foi afetado pelo exercício sugerindo
que o treinamento induziu adaptação renal o que preveniria
oscilações durante o exercício.
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