Adolescentes em Cena: Psicodrama e Justiça Restaurativa por trás dos Muros!

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    Revista Brasileira de Psicodrama, So Paulo, v. 23, n. 2, 82-88, 2015

    Adolescentes em Cena: Psicodrama e Justia Restaurativa por trs dos

    Muros!

    Teens in Action: Psychodrama and Restorative Justice behind the Walls!

    Adolescentes en Cena: Psicodrama y Justicia Restaurativa detrs de las

    Paredes!

    Carolyn Jane Cornes Magalhes

    Instituto Sedes Sapientiae (DPSedes) e-mail: [email protected]

    Laisa Daniela Teixeira Malta

    Instituto Sedes Sapientiae (DPSedes) e-mail: [email protected]

    Resumo

    Este artigo apresenta um projeto que articula Psicodrama e Justia Restaurativa com gruposde adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, em uma unidade de internao daFundao CASA em So Paulo. O principal objetivo do trabalho diminuir a reincidncia doato infracional e coconstruir um espao de dilogo, reflexo e vivncia. A metodologiasociopsicodramtica facilita o acesso a emoes e padres relacionais em vrios domnios dasvidas desses adolescentes, preparando-os para a reinsero social.

    Palavras-chave: Sociodrama. Psicodrama. Adolescentes. Justia Restaurativa. Grupo.

    Abstract

    This article describes a project using Psychodrama and Restorative Justice with adolescents ina youth prison in So Paulo. The main aim of this work is to reduce the rate of re-offense andcreate a space for dialogue, reflection and shared experiences. The methodology of socio-

    psychodrama facilitates access to emotions and relationships in various areas of the lives ofthese adolescents preparing them for their return to society.

    Keywords: Sociodrama. Psychodrama. Adolescents. Restorative Justice. Group.

    Resumen

    Este artculo presenta un proyecto que articula el psicodrama y la justicia restaurativa con

    DOI: 10.15329/2318-0498.20150010

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    grupos de adolescentes en cumplimiento de la medida socio-educativa en una unidad deprisin de la juventud de la Fundacin CASA de So Paulo. El objetivo principal de estetrabajo es reducir la recurrencia de la ofensiva ley y coconstruir un espacio de dilogo,reflexin y experiencia. La metodologa sociopsicodramtica facilita el acceso a lasemociones y a las relaciones en varias reas de la vida de esos adolescentes, preparndoles

    para su regreso a la sociedad.

    Palabras-clave: Sociodrama. Psicodrama. Adolescentes. Justicia restaurativa. Grupo.

    INTRODUO

    O projeto Sonhar e voar quebrando as correntes nasceu em 2012 com a introduo

    do mtodo sociopsicodramtico em resposta necessidade de aprofundar e transformar nossotrabalho realizado desde 2004 com adolescentes internos na Fundao CASA (antiga Febem).A Fundao CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) uma

    instituio pblica do Estado de So Paulo, que atende adolescentes em cumprimento demedidas socioeducativas, previstas no Estatuto da Criana e do Adolescente, aps cometeremato infracional. Esse projeto trabalha com os adolescentes multireincidentes emcumprimento da medida socioeducativa de internao, ou seja, adolescentes que esto

    privados de liberdade e j passaram por outras internaes.Esse projeto utiliza uma metodologia caracterizada pela articulao dos fundamentos

    da Justia Restaurativa e do Psicodrama. O propsito do trabalho a sada dessesadolescentes, visando reinsero social por meio do desenvolvimento de um projeto de vida,

    caracterizado por espontaneidade, novos papis, diminuio dos ciclos de violncia ereconciliao, recursos para lidar com conflitos, abordando essas e muitas outras temticaspertinentes adolescncia e realidade de cada grupo no aqui e agora.

    Justia Restaurativa um procedimento voluntrio que comeou no Canad em 1974,que rene pessoas diretamente envolvidas e afetadas por um crime ou ato infracional,orientados por um mediador com o objetivo de buscar solues em relao ao crime e s suasconsequncias. Em vez de ficar preso, o ofensor entra em um programa de JustiaRestaurativa, no qual concorda em se encontrar com a vtima, ouvir a perspectiva dela e o queaquela ao lhe causou, pedir desculpas e juntos acharem uma maneira de reparar os danos.Programas de Justia Restaurativa esto sendo utilizados principalmente no mbito judicirioem pases como Nova Zelndia, Colmbia, Costa Rica e Canad.

    Os principais fundamentos da Justia Restaurativa usados so a nfase no trabalhocom crculos, o estmulo e o modelo de perguntas restaurativas e os ciclos de agresso ereconciliao, fundamentos estes que so somados e coconstrudos com a rica metodologiasociodramtica, juntamente com seus instrumentos e suas tcnicas.

    E por que a nfase no trabalho em crculos e com crculos? Trabalhamos com osCrculos de Paz elaborados por Kay Pranis, inspirados nas prticas restaurativas dos povosindgenas norte-americanos e canadenses, os crculos so uma forma de estabelecer umaconexo profunda entre as pessoas, explorar as diferenas em vez de extermin-las e ofertar atodos igual e voluntria oportunidade de participar, falar e ser ouvido sem interrupo(PRANIS, 2010, p. 10-11).

    Acreditamos que nesses crculos todos tm a chance de se olhar nos olhos;

    literalmente todos no crculo tm lugares iguais, o que pode progressivamente se tornar ummodelo interno de democracia, provendo experincias de dilogo e construo coletiva. As

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    perguntas afetivas/restaurativas como: O que aconteceu? ou como se sente a respeito?,em vez de por que fez isso? so aquelas que acessam o que h de mais humano e podecontribuir para novas formas de convvio e fortalecimento de vnculos.

    Outro fundamento da Justia Restaurativa o trabalho com os ciclos de agresso ereconciliao de Olga Botcharova (2008), desenvolvidos para trabalhar com resoluo de

    conflito posterior guerra na Bsnia. Esses ciclos trabalham a conscincia da raiva e oexerccio para superar ou transformar o conflito presente nas relaes com aresponsabilizao e a restaurao como alternativa punio.

    Esse mtodo tem se mostrado extremamente forte e rico no acesso desses adolescentesa dinmicas e relaes violentas, papel de vtima e ofensor, ciclo de agresso que os mantmmultireincidentes e em situaes de extrema violncia e risco. Como no possvel envolveras vtimas, os familiares ou qualquer personagem real nas sesses com esses grupos, visto queos adolescentes esto internados, o mtodo psicodramtico por meio das cenas construdas

    pode e introduz diversos personagens, relaes e fantasias que fazem parte das vidas dessesjovens. Poder contracenar ou assumir o papel, por exemplo, da vtima de um assalto, ou desua me, ou at do policial, tem mobilizado e enriquecido os papis e o autoconhecimento dosadolescentes envolvidos.

    Segundo Moreno (CUKIER, 2002, p. 271), o mtodo sociodramtico ummtodo profundo de ao que trata das relaes intergrupais e das ideologias coletivas. Astcnicas e os instrumentos, como inverso de papis, interpolao de resistncia, realidadesuplementar, assim como o palco, plateia e cenas construdas, so a base do trabalho.Observamos que com esses instrumentos os adolescentes acessam contedos e vivenciamtemas que nunca haviam sido acessados.

    A afirmao de Moreno (CUKIER, 2002, p. 77) cada segunda vez verdadeira alibertao da primeira norteou as construes dramticas durante as sesses, possibilitandonovas respostas s velhas ou s novas situaes no palco psicodramtico ou no mundo,

    como os jovens chamam o mundo fora dos muros da instituio, palco da vida real.

    MTODO

    Trabalhamos a cada semestre com um grupo fechado de dez adolescentes, com idadesentre 15 e 19 anos. As sesses tm durao de 90 minutos e so realizadas uma vez porsemana, durante um perodo de trs meses, totalizando em mdia 12 sesses. Os adolescentesso escolhidos pela equipe tcnica da instituio com os seguintes critrios: estar em fase dedesinternao, ter pelo menos um parente que esteja disposto a receb-lo em casa depois dasua desinternao (para que o projeto trabalhe junto com o adolescente e sua famlia) e terinteresse em participar do projeto.

    O trabalho dividido em algumas etapas. O primeiro contato com esses adolescentes individual ou em dupla, com o objetivo de apresentao pessoal e do projeto. As prximasetapas so em grupo e seguem um percurso de integrao, estabelecimento de vnculo,reconhecimento do eu, reconhecimento do tu, onde cada grupo constri uma histria prpria.Alguns temas so vivenciados por todos os grupos, por exemplo: o que me trouxe aqui?, araiva, a vingana, as escolhas de vida, as vtimas, o que os levam a reincidir e o dia dadesinternao.

    As sesses so estruturadas segundo as etapas tradicionais na prtica psicodramtica:

    1. Aquecimento inespecfico. Muitas vezes, no comeo das sesses, os adolescentes

    aparecem tensos, cansados e nervosos principalmente por causa da convivncia na unidade.Por isso, uma etapa muito importante o aquecimento inespecfico, que feito com

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    conversas, jogos, crculos de paz e aquecimento corporal, preparando-os para as prximasetapas da sesso.

    2. Aquecimento especfico. Essa fase corresponde ao conjunto de procedimentosdestinados construo do papel para facilitar o desempenho do protagonista. nessa fase

    que os membros do grupo podem focalizar nos conflitos ou nas situaes que queremtrabalhar. Usamos a tcnica de fantasia dirigida, recordaes, jogos e entrevista do papel paraajud-los a se preparem para a etapa da dramatizao.

    3. Dramatizao. A dramatizao o clmax das sesses e a fase em que o diretortrabalha o conflito, usando as tcnicas psicodramticas com o apoio do ego-auxiliar. O estilode direo utilizado pela diretora e pelo ego-auxiliar caracteriza-se pela definio prvia sobrequem assumira o papel de diretora na fase de dramatizao. No entanto, trabalham emambiente de confiana e criatividade em que a direo flui e podem entrar no papel dediretora ou de ego-auxiliar vrias vezes durante a sesso. Nessa fase, as tcnicas de inversode papis, solilquio, interpolao de resistncia e duplo so as mais utilizadas. A inverso de

    papis uma tcnica que ajuda uma pessoa a se colocar no lugar do outro. O solilquio usado para o protagonista, o ego-auxiliar ou quem est em cena se expressar verbalmente,organizar seus pensamentos e fazer reflexes a respeito da dramatizao. A interpolao deresistncia ajuda o indivduo a olhar a situao com novos pontos de vista e imaginar outrasmaneiras de lidar com suas experincias. Na tcnica do duplo, so duas pessoas querepresentam uma s. Essa tcnica ajuda o protagonista a ouvir o que ele mesmo no consegueexpressar e ter um insight de seu comportamento e suas atitudes.

    4. Compartilhamento. A etapa de compartilhamento acontece no final das sesses e uma oportunidade para os membros do grupo se expressarem em relao ao que sentiram ou

    pensaram durante o encontro. Nessa etapa, podem ser utilizadas dramatizaes, objetosintermedirios e crculo de paz. Os adolescentes compartilham insights durante ocompartilhamento especificamente depois de entrar no papel da vtima ou dos parentes davtima. Muitos relatam que foi a primeira vez que realmente conseguiram se colocar no lugardo outro.

    EM CENA

    A seguir relatamos dois momentos do trabalho para ilustrar cenas vivenciadas pelosgrupos. Aps o aquecimento especfico no qual cada um foi convidado a falar: Hoje eu querofalar sobre (qualquer assunto que gostariam de abordar), mas eu no quero falar sobre...(qualquer assunto que no gostariam de abordar), o grupo foi convidado a construir cenassobre os temas relatados. Uma dessas cenas foi com o protagonista Frank (nome fictcio), 17anos. Presenciou o assassinato do pai, usurio de drogas, aos oito anos. Frank falou: Hoje euquero falar sobre paternidade, mas eu no quero falar sobre meu pai. Acabava de tornar-se

    pai havia uma semana, a me era sua namorada de 17 anos. Estava muito feliz, mas frustradopor estar distante do filho. Antes da dramatizao, Frank havia dito como que meu filho vaise lembrar de mim depois que eu morrer? Eu fui ao velrio do meu amigo antes de ser preso.Ele tinha minha idade e foi assassinado. Eu comecei a pensar o que ele fez com a vida dele?Ele no fez quase nada e vai ser lembrado como um bandido. Eu no quero isso para minhavida. Eu quero que meu filho fale meu pai era um bom pai, ele brincava comigo, ele sentou

    do meu lado quando aprendi a escrever e a ler, ele jogava bola comigo e brincava comigo.Iniciou-se o aquecimento de Frank para assumir o papel de pai seguido da

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    dramatizao. Na cena, teve o encontro com o filho de trs anos, ficando a ego-auxiliar nopapel do filho. Jogaram bola, brincaram e conversaram. Por meio de inverso de papis,Frank fez solilquios como pai e como filho. No compartilhamento, relatou como foiimportante ter tido essa oportunidade e que tinha muitas coisas para pensar e refletir.

    A outra cena refere-se a um grupo de adolescentes em um assalto. Dois rapazes

    roubaram um carro no semforo. Um policial entrou na cena e os adolescentes atiraram nomotorista do carro. A vtima estava cada na calada quando sua me (representada por ego-auxiliar) chegou. Vendo o filho cado, entrou em desespero, gritando: meu filho, meu filho,no morre!. Nesse instante, a utilizao da tcnica de Interpolao de Resistncia ajudou osadolescentes a perceberem a situao com mais seriedade: pararam de rir e um dosadolescentes na plateia pediu para entrar na cena. Levantou-se e ocupou o lugar de um dosladres. Antes de continuar a cena, virou-se para a diretora e disse: mas est errado elesrindo enquanto a vtima est morrendo, vocs me trocaram tarde demais, eu tinha que entrarantes de ele ter atirado!. Nesse instante, o adolescente teve um insightde como ser vtima,mesmo estando na plateia. Terminou a cena com uma tentativa de ajudar a vtima.Foi umverdadeiro insightdramtico, pois na vigncia de um contexto dramtico pleno que a plateiase envolve com essa intensidade.

    RESULTADOS

    Dos 46 participantes que compareceram em pelo menos dez sesses, 33 noapresentaram reincidncia. Considerando que a probabilidade de reincidncia muito alta porse tratarem de adolescentes multireincidentes (para a maioria a terceira ou quartainternao), os resultados apontam para mudanas significativas nas vidas dessesadolescentes.

    Alguns compartilhamentos dos adolescentes expressam essas mudanas:

    - Aprendi a me colocar no lugar das pessoas que eu fazia infeliz e aprendi a conhecere controlar minha raiva.

    - Hoje sou uma pessoa que pensa nas coisas e nas consequncias e vejo seprejudicaro algum.

    - Mudei uma grande parte de meus pensamentos, modos de interagir e se expressar.- Desejo construir uma famlia saudvel e feliz, ter um emprego registrado de

    mecnico e ter uma casa.- Eu tenho certeza de que no reincido mais pela Fundao nem presdios, porque

    mudei meus pensamentos e minhas atitudes e, hoje, tenho um objetivo a ser cumprido e umsonho a ser realizado.

    CONSIDERACES FINAIS

    O contrato com esses adolescentes estabelece sigilo, desde que fique respeitada aintegridade fsica e mental de todos os integrantes. O que coconstrudo, dito ou vivenciadono grupo deve permanecer no grupo, portanto no constar no relatrio para o juiz.Acreditamos que isso contribui para que as respostas e as vivncias sejam mais ricas e fiis verdade interna de cada adolescente participante.

    Percebemos que os encontros em grupo, as coconstrues dramticas em todas asetapas tm contribudo para muitos adolescentes, principalmente, como um modelo relacionalde respeito, sigilo e confiana. Sentir-se includo, respeitado e em um espao criado em que avida e todas as suas nuances podem ser expressas e vivenciadas mostrou-se importante para

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    estimular a espontaneidade, o autoconhecimento e maior reflexo sobre suas escolhas.No requisito para o trabalho o conhecimento sobre o ato infracional dos

    adolescentes. Durante o processo, a nfase dada para a vivncia de vrios papispsicodramticos e sociais, e no s de jovem infrator.

    A essncia do trabalho est em reconstruir a vida, represent-la simbolicamente em

    todas as suas dimenses, na ao, no pensamento, na palavra, nas relaes e nos conflitos. Asautoras dirigem e participam, no papel de ego-auxiliares, de cenas da vida cotidiana desses

    jovens, um espao onde possvel viver a vida das famlias, na escola, nos bailes, nas ruas,nos assaltos ou mesmo as escolhas, os medos e as emoes, como raiva, dio, sonhos ealegria.

    Os fundamentos como o Crculo de paz e o Ciclo de violncia, adaptados aotrabalho e oriundos das prticas de Justia Restaurativa, demonstraram ser ferramentasimportantes e facilitadoras para a reflexo, o dilogo e as vivncias de contedos, queacreditamos ser de suma importncia nos grupos, principalmente, o papel de vtima e ofensor,as emoes presentes e as possveis atuaes para a quebra do ciclo de violncia. Para agrande maioria, essas ferramentas atuaram como verdadeiros duplos, explicitandosentimentos e papis cristalizados, alm da riqueza do encontro e das relaes que seestabelecem a partir do compartilhar de histrias.

    O trabalho em grupo com esses adolescentes utilizando-se da metodologiasociodramtica e dos fundamentos da Justia Restaurativa tem se mostrado uma experincianica, indita e transformadora na rotina por trs dos muros.

    REFERNCIAS

    BOTCHAROVA, O. Implementation of Track Two Diplomacy Developing a Model ofForgiveness. In: HELMICK, R. G.; PETERSEN S. J. (orgs.). Forgiveness andReconciliation: Public Policy and Conflict Transformation. Philadelphia: Templeton Press,2008, p. 281.CUKIER, R. Palavras de Jacob Levy Moreno. So Paulo: gora, 2002, p. 77, 271.PRANIS, K. Processos Circulares. So Paulo: Palas Atenas, 2010, p. 10-11.

    Recebido: 15/02/2016

    Aceito: 16/03/2016

    Carolyn Jane Cornes Magalhes. Atriz pela faculdade de Kent (Inglaterra). Pedagoga pelafaculdade de Goldsmiths, Londres, (Inglaterra), Psicodramatista pelo Instituto SedesSapientiae (DPSedes). Facilitadora de Crculos de Justia Restaurativa pelo Centro deDireitos Humanos e Educao Popular de Campo Limpo (CDHEP). Fundadora eCoordenadora da Associao guia projeto Sonhar e voar quebrando as correntes. Rua

    Fonte do Salgueiro, 170, Jardim Sertozinho. CEP 04826-250. So Paulo, SP. Tels.: (11)5924-3051 / (11) 99935 2828

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    Laisa Daniela Teixeira Malta. Psicloga pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP.Psicodramatista em formao pelo Departamento de Psicodrama do Instituto SedesSapientiae, Facilitadora de Crculos de Justia Restaurativa pelo Centro de Direitos Humanose Educao Popular de Campo Limpo (CDHEP). Membro da Associao guia Projeto

    Sonhar e voar quebrando as correntes. Rua Valdomiro Silveira, 27, Santana, CEP 02536-020. So Paulo, SP. Tel.: (11) 97347-8543