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ADUNESP FORMA in Seção Sindical do Andes - Sindicato Nacional Jornal da Associação dos Docentes da Unesp - Seção Sindical do Andes - Nº 45 - Novembro/2005 Depois das históricas batalhas contra o veto... Luta por mais verbas agora é na LO Terminada a bata- lha contra o veto do governador Ge- raldo Alckmin, a luta por mais ver- bas para a educa- ção pública paulis- ta entra em novo cenário. Agora, é hora de atuarmos para conseguir mais recursos através da Lei Or- çamentária (LO/2006). Págs. 6 e 7 Na página 12, cartaz com a posição dos deputados durante as votações na Alesp E mais... Chapão da Adunesp sai vitorioso das eleições - Pág. 2 Contra o calote no 13º salário, Adunesp exige cumprimento da legislação trabalhista - Pág. 3 Nova investida tucana na Previdência - Pág. 4 Os HU’s e as “formas alternativas” do Cruesp - Pág. 5 As deliberações do V Congresso da Adunesp - Págs. 8 e 9 Enade: Um instrumento para a mercantilização da educação - Pág. 10 Todo apoio à greve nas universidades federais - Pág. 5 Luta por mais verbas agora é na LO

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ADUNESP FORMAin Seção Sindical do Andes - Sindicato Nacional

Jornal da Associação dos Docentes da Unesp - Seção Sindical do Andes - Nº 45 - Novembro/2005

Depois das históricas batalhas contra o veto...

Luta por mais verbas agora é na LOTerminada a bata-lha contra o veto

do governador Ge-raldo Alckmin, a

luta por mais ver-bas para a educa-ção pública paulis-ta entra em novocenário. Agora, éhora de atuarmos

para conseguirmais recursos

através da Lei Or-çamentária(LO/2006).

Págs. 6 e 7

Na página 12, cartaz com a posição dosdeputados durante as votações na Alesp

E mais...

Chapão da Adunesp sai vitorioso das eleições - Pág. 2

Contra o calote no 13º salário, Adunesp exige cumprimentoda legislação trabalhista - Pág. 3

Nova investida tucana na Previdência - Pág. 4

Os HU’s e as “formas alternativas” do Cruesp - Pág. 5

As deliberações do V Congresso da Adunesp - Págs. 8 e 9

Enade: Um instrumento para a mercantilização da educação - Pág. 10

Todo apoio à greve nas universidades federais - Pág. 5

Luta por mais verbas agora é na LO

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Org

aniz

ação

2 ADUNESP FORMAin

Chapão recebe ótima votação e elegequase todos os seus candidatos

Jornal da

Associação dos

Docentes da

Unesp.

Adunesp S. Sindical

Diretoria: Milton Vieira

do Prado Júnior

(Presidente, FC/Bauru),

Sueli Guadelupe de Lima

Mendonça (Vice-

presidente, FFC/Marília),

João da Costa Chaves

Júnior (Secretário-geral,

FCL/Assis), Maria

Aparecida Segatto

Muranaka (Vice-

secretária, IB/Rio Claro),

Emanuel da Rocha

Woiski (Tesoureiro-geral,

FE/Ilha Solteira) e Carlos

Alberto Anaruma (Vice-

tesoureiro, IB/Rio Claro).

Praça da Sé, 108,

3º andar, SP.

Fones (11) 3242-7080.

Home page:

www.adunesp.org.br

E-mail: adunesp@

adunesp.org.br

Jorn. resp.:

Bahiji Haje

Nº 45 - Dezembro 2005

ELEIÇÕES NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS

Montado a partir de um compromisso claroem favor da educação pública, gratuita e dequalidade, o Chapão lançado pela Adunesp aosórgãos colegiados da Unesp, para o mandato 2005/2007, se saiu muito bem, elegendo quase todos osseus candidatos (veja abaixo).

Para a Adunesp, a importância em participarefetivamente destes órgãos reside na possibilidadede denunciarmos quaisquer medidas que possamser prejudiciais ao ensino público. Os candidatoscomprometidos com o Chapão deverão atuar demaneira uniforme, em defesa do modelo deuniversidade pública de qualidade, com ampliação

de verbas e financiamento pelo Estado; articulação eintegração do ensino, pesquisa e extensão; combate àprecarização do trabalho, às fundações e à privatizaçãodas instituições de ensino superior, entre outros.

A Adunesp aponta para a necessidade dearticulação nos órgãos colegiados centrais comoespaços reais de tomadas de decisão, visando nortearos rumos da nossa Universidade. Em seu mandato, oseleitos vão se deparar com vários temas queperpassam os diferentes colegiados e que requeremgrande atenção, como: plano de carreira docente,unidades diferenciadas, planos de saúde, revisãoestatuária, subquadro docente etc.

CO

Unidade Titular Suplente

FCL/ASSIS EDUARDO GALHARDO HELOÍSA COSTA MILTONFE/GUARATINGUETÁ MAURO HUGO MATHIAS OTHON CABO WINTERFFC/MARÍLIA LÍDIA MARIA VIANNA POSSAS MARIA VALÉRIA BARBOSAIB/RIO CLARO ROSA CAVALARI JOYCE MARY A DE PAULA E SILVAIBILCE/S. J. RIO PRETO MARCELO ANDRÉS FOSSEY VANILDO LUIZ DEL BIANCHI

CEPE

Titular Suplente Unidade

ALEARDO MANACERO JUNIOR MARIA CECÍLIA F.P. S. ZANARDI S.J.RIO PRETO/GUARATINGUETÁCARLOS ALBERTO ANARUMA SEBASTIÃO ROBERTO TABOGA RIO CLARO/S.J.RIO PRETODIONÍZIO PASCHOARELI JUNIOR GERALDO DE FREITAS MACIEL ILHA SOLTEIRAADHEMAR SANCHES OLAIR JOSÉ ISEPON JABOTICABAL/ILHA SOLTEIRAODEIBLER S. GUIDUGLI JOSÉ XAIDES DE SAMPAIO ALVES RIO CLARO/BAURUMARCOS DEL ROIO SUELI GUADELUPE DE L. MENDONÇA MARÍLIAANTONIO ROBERTO ESTEVES INGRID ANI A. FREITAS ASSIS

CCG

Titular Suplente Unidade

NEWTON LA SCALA JUNIOR APARECIDA FRANCISCO DA SILVA JABOTICABAL/S.J.RIO PRETOMÔNICA ROSA BERTÃO JOÃO DA COSTA CHAVES JUNIOR ASSISMARCELO NICOLETTI FRANCHIN GILBERTO M. BENTO GONÇALVES BAURUCARLOS ALBERTO DOS S. CRUZ VERA LÚCIA B. ISAAC RANGEL ARARAQUARARICARDO ANTÔNIO F. RODRIGUES JOSÉ LUIZ SUSUMU SASAK I ILHA SOLTEIRAJOSÉ WALTER CANÔAS CIRLENE APARECIDA H. S. OLIVEIRA FRANCAFÁTIMA APARECIDA CABRAL MARIA IZAURA CAÇÃO MARÍLIA

CCPG

Titular Suplente Unidade

GERALDO NUNES SILVA MÁRCIO FRANCISCO COLOMBO S. J. DO RIO PRETOBENEDITO DE NADAI MARIA INÊS PAGANI RIO CLAROMAURO HUGO MATHIAS VALÉRIO A. PLAMPLONA SALOMON GUARATINGUETÁLOURDES A. MARTINS S. PINTO JOÃO BOSCO FARIA ARARAQUARAMÁRIO JOSÉ FILHO HELEN BARBOSA RAIZ ENGLER FRANCAMARIA SUZANA DE S. MENIN ADRIAN OSCAR DONGO MONTOYA P.PRUDENTE/MARÍLIAANA MARIA D. OLIVEIRA MARIA LÍDIA LICHTSCHEIDL MARETTI ASSIS

CCEU

Titular Suplente Unidade

ALONSO BEZERRA DE CARVALHO ANTONIO CESAR FRASSETO ASSIS/S.J.RIO PRETOJOSÉ CARLOS MIGUEL SÔNIA MARINA T. DE OLIVEIRA MARÍLIA

CADE

Titular Suplente Unidade

ÁLVARO DE SOUZA DUTRA GENER TADEU PEREIRA GUARA/JABOTICABALARIF CAIS REINALDO JOSÉ FAZZIO FERES S.J. RIO PRETOEDSON ANTONIO CAPELLO SOUZA JOÃO ALBERTO DE OLIVEIRA BAURU/GUARATINGUETÁLUIZ ROBERTO V. BOSELLI HERALDO LORENA GUIDA MARÍLIAANTONIO FRANCISCO MAGNONI JOSÉ LUIZ VALERO FIGUEIREDO BAURUANTÔNIO LUÍS DE ANDRADE JOSÉ MILTON DE LIMA P.PRUDENTE

CH

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007

Nota: DoChapãoapresentadopela Adunesp,não obtiveramvotaçãosuficienteapenas trêscandidatos(um no Cepe,um no Cade eum na CCEU).

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sida

de

ADUNESP FORMAin

CALOTE NO 13º SALÁRIO

Adunesp exige cumprimento dalegislação trabalhista

3Nº 45 - Dezembro 2005

Em ofício divulgado no dia18/11, a Reitoria da Unesp divulgou asformas de como será pago o 13º saláriode 2005. São elas:

- Servidores estatutários ativos e ina-tivos, com 13º salário líquido de atéR$ 2.500,00, receberão integralmenteo seu pagamento até 20/12/2005;- Servidores estatutários ativos e ina-tivos, com 13º salário líquido superiora R$ 2.500,00, receberão R$ 2.500,00até 20/12/2005 e o saldo remanes-cente até o final de janeiro de 2006;- Servidores celetistas receberão aprimeira parcela até 30 de novembro

e a segunda parcela em 20 de de-zembro deste ano.

O anúncio da Reitoria, comoera de se esperar, gerou revolta noscampi. Em sua plenária realizada em10/11, a Adunesp já havia discutido amedida (que, até então, era extra-oficial). Em suas alegações, a Reitoriadiz que esta e outras medidas são ne-cessárias para que a Unesp não te-nha que fechar as contas deste anocom um déficit de cerca de R$ 12 mi-lhões. O reitor sinalizou que, “a partirdos seus princípios”, não iria respon-der por este possível rombo.

Ocorre que os trabalhadorestambém têm princípios e, entreeles, está o de não abrir mão deseus direitos, principalmente quan-do se trata de cobrir o ônus de umacrise que não foi gerada por eles.

Contenção começouno meio do ano

As medidas de controle dasdespesas tomadas desde agosto pelaReitoria, incorporadas sem discus-são pela comunidade, conseguiramproduzir uma economia de cerca deR$ 6,7 milhões nos últimos meses.Porém, segundo o reitor (em conver-sa com a Adunesp e Sintunesp, nodia 10/11), esse montante não seriasuficiente para garantir o pagamen-to integral do 13º salário, principal-mente porque a arrecadação doICMS vem oscilando muito poucoacima do previsto.

Em agosto, a Reitoria tambémanunciou que os trabalhadores nãopoderiam tirar férias neste ano eno início de 2006, porque não have-ria recursos para o pagamento de1/3 de férias. Desde aquele mo-mento, a Adunesp, embora concor-dasse com a necessidade de con-tenção de despesas, colocava que osdireitos a férias e ao 13º saláriodeveriam ser preservados e que aarrecadação não seria negativa,nos moldes que estavam sendo es-perados pela Reitoria. O Sindicatoinsistiu que os direitos dos traba-lhadores deveriam ser privilegiadosna execução orçamentária. Muitodo que a Adunesp previa aconteceu:as férias foram liberadas mês amês neste ano e integralmentepara 2006.

Jurídico da Adunespreafirma direito

A Assessoria Jurídica da Adu-nesp afirma que os servidores estatu-tários têm os mesmos direitos dosceletistas (pagamento integral do 13ºsalário), ainda que isto não apareçaem lei. O parecer da Assessoria Jurí-dica baseia-se no seguinte:

a) A Constituição Federal de 1988,reforçada ainda pelo § 3º do artigo 124da Constituição do Estado de São Pau-lo, em que pesem os regimes distin-tos de contrato de trabalho, garanteaos servidores públicos (celetistas eestatutários) o direito ao recebimentodo 13º salário, o qual, por exigência eprática da Universidade, é pago dentrodo exercício anual competente;

b) Na legislação destinada aos empre-gados públicos (celetistas), a questãodo pagamento do 13º salário está regu-lamentada pelo Decreto Federal nº57.155, de 03/11/1965. Por outro lado,no âmbito dos servidores estatutários,referida gratificação é aceita pelasLeis 10261/68 (Estatuto dos Funcioná-rios Públicos Civis do Estado de SãoPaulo) e Lei Complementar nº 180/78;

c) Em ambos os casos, depreende-seque o 13º salário, tal como vem sendofeito desde então, possui como data-limite de seu pagamento o dia 20 dedezembro de cada ano.

Assim, fica evidente que todosos trabalhadores devem receber estebenefício ainda este ano. A Adunesptem como prioridade a defesa dos di-reitos dos seus associados. Assim, vaibuscar todas as formas, inclusive jurí-dicas, para garantir o recebimentointegral do 13º salário ainda no anode 2005. O Sindicato considera que épreciso ter coragem para defender, defato, a instituição e que não podemosresolver um problema estrutural definanciamento da Universidade, cria-do por uma gestão irresponsável, ata-cando os direitos dos trabalhadores.

No momento de fechamentodesta edição, em 29/11, estava emandamento uma rodada de assem-bléias nas unidades, com o objetivode discutir o tema e propor possíveisencaminhamentos.

Diferente do compromisso assumido duranteas negociações da data-base 2005, o Conselho deReitores das Universidades Estaduais Paulistas(Cruesp) não recebeu o Fórum das Seis para novasreuniões. Por diversas vezes, a coordenação doFórum – atualmente, sob responsabilidade daAdunesp – enviou ofícios cobrando a realização dereuniões com os reitores, para discutir assuntos deinteresse da comunidade acadêmica e dasuniversidades, como é o caso da luta por mais verbasna LDO e da discussão do restante da pauta dereivindicações.

Agora, o Fórum cobra dos reitores quediscutam o andamento da Lei Orçamentária (LO),que traz emendas prevendo mais verbas para asuniversidades e o conjunto da educação pública.Até o momento, não houve resposta por escrito anenhum dos ofícios encaminhados pelo Fórum.

Fórum das Seis cobracompromisso do Cruesp e

pede reunião

Maio 2005: Manifestação em frente à Reitoria da Unesp,durante a data-base

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4 ADUNESP FORMAin

NOVA INVESTIDA TUCANA NA PREVIDÊNCIA

Fórum das Seis é contra o projetodo governador e o qualifica como

novo ataque aos servidoresEm sua reunião de 23/11, o

Fórum das Seis discutiu o Projeto deLei Complementar encaminhado

pelo governo Alckmin à AssembléiaLegislativa (PLC

30/2005), que criaa São Paulo Previ-dência (SPPREV),entidade que pas-saria a ser gestorado Regime Própriode Previdência dosServidores Públi-

cos (RPPS) e do Re-gime Próprio dePrevidência dos

Militares do Estadode São Paulo

(RPPM).O Fórum consi-

dera que o projetoé mais um ataqueaos servidores etomou as seguin-tes deliberações:a) Ser contrário elutar pela retiradadeste projeto de lei;b) Lutar pela reti-

rada do regime de urgência paraamplo debate entre os servidores

públicos;c) Buscar articular, com as demaisentidades dos servidores públicos,

mobilização para bloquear a tramita-ção deste projeto;

d) Conversar com as bancadas deoposição para obstrução de qualquer

tentativa de votação deste projetopelo governo do estado, visando ga-nharmos tempo para o debate e mo-

bilização dos servidores públicos.

O que é o PLC 30/2005Não é a primeira vez que o

governo tucano tenta reformar a pre-vidência do funcionalismo públicoestadual. A primeira investida ocor-reu em 1999, tendo à frente o entãogovernador Mário Covas. Entre ou-tras medidas, a proposta previa a co-brança de inativos e o aumento dodesconto dos ativos. Na época, a mo-bilização massiva dos servidores, queprotagonizaram passeatas e atos com

dezenas de milhares de pessoas, bre-cou o ataque.

Agora, na esteira da reformaaprovada pelo governo Lula, em âm-bito federal, o governo Alckmin voltaà carga. Uma primeira análise daíntegra do PLC 30/2005 mostra queas propostas são nocivas ao funcio-nalismo (aí incluído o pessoal dasuniversidades) sob todos os aspectos.Veja alguns pontos:

- O artigo 32 diz que a constituição dofundo com finalidade previdenciáriaseria efetuada com base em contri-buições previdenciárias mensais dosservidores públicos, ativos e inativos,dos militares do serviço ativo, dosagregados ou licenciados, da reservaremunerada ou reformados, e dos res-pectivos pensionistas, e também emcontribuição previdenciária do estado.O PLC não define quais são os índi-ces, remetendo essa função à regula-mentação complementar.

- O artigo 27 diz que “Os valores dosbenefícios pagos pela SPPREV serãocomputados para efeito de cumpri-mento de vinculações legais e cons-titucionais de gastos em áreas espe-cíficas, bem como poderão ser dedu-zidos do repasse obrigatório de recur-sos a outras entidades, órgãos ou Po-deres dos quais os inativos, ou res-pectivos beneficiários, forem originá-

rios.” Ou seja, ao contrário do quepensam algumas pessoas, a criaçãoda SPPREV não traria qualquer alívioàs contas das universidades estadu-ais paulistas, muito provavelmentelevando à diminuição do atual repas-se que lhes é feito. Por outro lado, oprojeto tem o objetivo de tornar legala inclusão dos aposentados e pensio-nistas nos índices já vinculadosconstitucionalmente à educação noestado de São Paulo.

- A gestão da SPPREV está longe dequalquer resquício de democracia.Os artigos 5, 9 e 13 prevêem que, dosoito membros do Conselho Adminis-trativo, quatro seriam indicados pelogovernador. Os seus cinco diretoresexecutivos também seriam indicadospelo governador (o artigo 23 define osalário destes diretores emR$ 9.667,00). O presidente e o su-plente do Conselho Fiscal igualmen-te seriam indicados pelo governador.

Luta contra os ataquesO Fórum das Seis e outras

entidades do funcionalismo já estãose organizando para barrar mais estaagressão aos servidores públicos. Aparticipação dos professores e servi-dores das universidades estaduaispaulistas e do Centro Paula Souzaserá fundamental. Fique atento àsinformações divulgadas pela Adunesp

e entrena luta.

Maio 2003:Passeata do

funcionalismoem São Paulo,

contra aReforma da

Previdência dogoverno Lula

1999: Ano foimarcado por

grandesmanifestações

contra asmudanças

que o governoCovas queria

fazer naprevidência

dos servidorespaulistas

Nº 45 - Dezembro 2005

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ADUNESP FORMAin

HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

Reitores propõem "formas alternativasde financiamento" e abrem brechas

para maior sucateamento

5Nº 45 - Dezembro 2005

O Conselho de Reitores dasUniversidades Estaduais Paulistas(Cruesp) encaminhou documento aogovernador Geraldo Alckmin, exter-nando sua preocupação com o financi-amento dos hospitais universitários.Um dos trechos diz o seguinte:

(...) “Considerando a insufici-ência dos recursos repassados pelo

SUS aos hospitais universitários, acrescente demanda da população pe-los serviços oferecidos nessas unida-des hospitalares, a impossibilidadedas universidades ampliarem a par-cela de recursos advindos de sua cotaparte sobre o ICMS para os hospitais,faz-se necessária a busca de soluçõesque contribuam para o equaciona-mento do déficit orçamentário destas

unidades. Nesse senti-do, e visando preservara qualidade do atendi-mento médico-hospita-lar oferecido, principal-mente à populaçãomais carente, reitera-mos a Vossa Excelên-cia a necessidade dedefinição de formasalternativas de financi-amento para os hospi-tais da USP, Unesp eUnicamp.” (...)

Em reunião nodia 23/11, o Fórum dasSeis discutiu o assun-to. Uma primeira preo-cupação diz respeito às“formas alternativas definanciamento”. Quaispoderiam ser elas? Aopção por recursos pri-vados, seja por meio deconvênios médicos oufinanciamento diretopor parte de empresas,significaria a privatiza-ção dos hospitais. E

isso, na prática, significaria a elitiza-ção do atendimento.

O Fórum das Seis defende queos hospitais universitários sejammantidos com recursos públicos. Édever do estado bancar o seu funcio-namento, garantindo os espaços ade-quados para a formação de qualidadedos médicos que são graduados naUniversidade, a realização de pesqui-sa de ponta e o atendimento especi-alizado à população.

Também circulam informaçõesde que o governo está estudando a pos-sibilidade de repassar os hospitaisuniversitários para o controle da Se-cretaria Estadual da Saúde. O Fórumconsidera, igualmente, que essa solu-ção seria problemática. De um lado,sabemos que a rede pública de saúde,vítima de um violento corte de recur-sos, está de mal a pior. Como o gover-no (federal e estadual) não priorizasaúde e educação, destinando a maiorparte dos recursos públicos para osbanqueiros, é inegável que o setorestá asfixiado. Hoje, a maioria da po-pulação que precisa recorrer à saúdepública está numa situação complica-da. Os hospitais públicos, em geral,deixam muito a desejar. Nesta situa-ção, os hospitais universitários aca-bam sendo uma exceção, embora tam-bém enfrentem problemas. Simples-mente passar sua gestão ao governoestadual não parece ser solução, massim uma forma de agravar o quadro.

O Fórum também se preocupacom a situação dos servidores dosHU’s. Como ficariam numa eventualmudança de gestão?

Debate vai continuarAlém da carta ao governador, o

Cruesp também montou uma comis-são, com representantes das três uni-versidades, para discutir os hospitaisuniversitários. Em sua reunião do dia23/11, o Fórum deliberou por ampliaro debate a respeito nas universidadese realizar um seminário sobre a ques-tão. A organização do seminário ficaráa cargo das entidades dos funcionários.Além disso, o assunto também serápautado nas reuniões entre Fórum eCruesp que venham a ocorrer.

Fórum das Seis divulga moção de apoioà greve nas universidades federais

Considerando a importância da luta dos professores e servidores dasuniversidades federais, em greve há cerca de três meses, o Fórum das Seis,

em reunião no dia 23/11, aprovou uma moção em que divulga o seu mais amploapoio ao movimento, considerando-o relevante para o marco das lutas em defesa

da educação pública e de qualidade no país. A Adunesp já havia aprovadomoção semelhante em sua plenária de 10/11. A íntegra da moção do Fórum, já

encaminhada ao governo federal, é a seguinte:

O Fórum das Seis, que con-grega professores, funcionários e es-tudantes das três universidades es-taduais paulistas, USP, Unesp eUnicamp e do Centro Paula Souza,em reunião no dia 23/11/2005, ma-nifesta seu irrestrito apoio ao mo-vimento dos trabalhadores, funcio-nários técnico-administrativos eprofessores das universidades fede-rais e dos Cefet’s, em defesa da va-lorização profissional, da recompo-sição salarial e da educação comoum direito de todos.

A proposta inicial do gover-no federal, através do MEC, de rea-juste de 0,1% aos salários dos tra-balhadores das universidades fede-rais e dos Cefet’s, é mais uma evi-dência de que a educação públicanão tem sido consideradaprioritária. Tal fato acabou ocasio-nando a deflagração da greve, queem algumas universidades ocorredesde agosto, ou seja, muitos denossos companheiros estão em lutahá mais de 80 dias. Isto fez com que,num primeiro momento, o governoalterasse sua proposta inicial esinalizasse para a recuperação in-flacionária, a concessão de um abo-no e a discussão de um plano de

carreira, porém, alijando os aposen-tados da discussão. Tais avanços,fruto da mobilização, ainda estãomuito aquém das reivindicações dostrabalhadores. Ademais, a quebra daparidade entre o pessoal da ativa eaposentados é prática que precisaser combatida e repudiada.

Diante desse impasse, queameaça a manutenção, a melhoriae a expansão da educação superiorpública, colocamo-nos ao lado denossos colegas grevistas, entenden-do que a nossa luta em defesa daeducação pública, gratuita e de boaqualidade para todos é comum, esolicitamosque o gover-no Lula daSilva nego-cie efetiva-mente comos grevistasdas universi-dades fede-rais."

Ato dosgrevistas em

frente ao MEC(23/11/2005)

Foto: Andes

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caçã

o

6 ADUNESP FORMAin Nº 45 - Dezembro 2005

Terminada a batalha contra oveto do governador Geraldo Alckmin(veja box), a luta por mais verbaspara a educação pública paulista en-tra em novo cenário. Agora, é hora deatuarmos para conseguir mais recur-sos através da Lei Orçamentária (LO)2006, propondo emendas que dimi-nuam os prejuízos gerados com aação danosa do governador durante atramitação da Lei de Diretrizes Orça-mentárias (LDO) 2006.

A LO transforma em valorestudo o que foi aprovado (em forma deíndices) durante a LDO. É um mo-mento que ainda permite remaneja-mentos de verbas.

O governador enviou seu pro-jeto de LO à Assembléia Legislativano dia 29 de setembro. O texto defi-ne o seguinte:

- O correspondente a 9,57% do ICMSpara as Universidades (R$ 3,956 bi-lhões).- R$ 309 milhões para o Centro Pau-la Souza.

Obviamente, isso fica muitoaquém do que foi vetado (10% do

ICMS para asuniversidades e1% do ICMSpara o Ceeteps).O Fórum dasSeis estudou oconteúdo da LOe reapresentouemendas comteor semelhanteao que foi veta-do pelo governa-dor na LDO:

Luta por mais verbas continuaagora na Lei Orçamentária

- 31% da arrecadaçãotributária total para aeducação pública;- 10% do ICMS efetiva-mente arrecadado paraas universidades (ouseja, sem o descontoirregular da Habitação)- 1% do ICMS efetiva-mente arrecadado parao Ceeteps.

O Fórum já pe-diu uma audiênciacom o relator da Co-missão de Finanças e Orçamento da Alesp,o deputado Edmir Chedid (PFL). O objetivoé obter um compromisso de que as emen-das da educação serão incorporadas ao re-latório a ser votado pela Comissão, o quedeve ocorrer até o dia 8/12.

O Fórum apurou, também, que háoutras cinco emendas, oriundas das audi-ências públicas realizadas no interior,que apontam para o aumentode investimentos nas universi-dades e no Ceeteps. A bancadado PT apresentou uma emendadestinando um recurso extra deR$ 8 milhões para os hospitaisuniversitários.

Em reunião realizada nodia 23/11, o Fórum das Seisavaliou que o quadro político éfavorável à aprovação dasemendas na Comissão de Fi-nanças e Orçamento. Porém, aexemplo do que ocorreu duran-te a LDO, o embate será no ple-nário. As entidades delibera-ram, ainda, por confeccionar oscartazes mostrando os deputa-dos que votaram a favor e con-tra o aumento de verbas para aeducação na LDO (veja na pág.12).

O Fórum considera rele-vante que haja uma mobilizaçãono dia da reunião da Comissão(ainda sem data definida). A con-tinuidade da mobilização na LO,a exemplo do que fizemos naLDO, será um elemento impor-tante para impulsionar a nossaluta por mais verbas no ano quevem.

O governocercou a Alespdurante asmanifestaçõescontra o veto(foto no alto).À esquerda, oplenário JK

O presidente da Adunesp, Milton Vieira doPrado Jr, fala em frente à Alesp, durante

manifestação contra o veto

Os atos contra o veto, em setembro, reuniram milhares deestudantes, professores e servidores

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Depois de umalonga e tumultuada tra-mitação, o veto do gover-nador Geraldo Alckminao aumento de verbaspara a educação públi-ca foi mantido pela As-sembléia Legislativa. Avotação aconteceu emsessão extraordinária,no dia 28/9, por posicio-namento simbólico delíderes.

A sessão começouàs 19 horas. Antes disso,cerca de dois mil mani-festantes da Unesp, USP,Unicamp e Centro PaulaSouza concentraram-seno MASP e desceram empasseata pela avenidaPaulista, passando pelaavenida Brigadeiro, atéa Alesp.

Como das outrasvezes, um verdadeiro ba-talhão de policiaisaguardava os estudan-tes, funcionários e do-centes. Apenas uma par-te foi autorizada a en-trar, ficando para foracentenas de pessoas.

Embora tenhaganho a batalha, o go-vernador sai bastantequeimado deste episódio.A mobilização da comu-nidade acadêmica, inclu-sive com a greve queatingiu várias unidadesdas universidades, bemcomo a realização deatos e passeatas em todoo estado, colocou a nu apolítica hostil do gover-no aos interesses da mai-oria da população. Estafoi a primeira vez, inclu-sive, em muitos anos, queum veto do governadorfoi submetido à votaçãona Alesp.

Alckmin manteve o vetona LDO, mas sai

queimado do episódio

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Adunesp e Sintunesp divulgammanifesto em defesa dos CCI’s

A ComissãoTécnica dos Centrosde Convivência In-fantil (CCI’s) daUnesp, criada peloCade, deve divul-gar seus resultados no iní-cio de dezembro. A expectati-va da comunidade é grande,pois a proposta abarca todos osaspectos do funcionamento desteimportante espaço da Universidade.Uma preocupação, no entanto, tomouconta dos funcionários e pais que uti-lizam os CCI’s: o boato de que haveriauma proposta de terceirizá-los. Dian-te disso, em várias unidades foramelaborados abaixo-assinados, repudi-ando essa possibilidade e solicitandoapoio para as propostas que serão di-vulgadas pela Comissão Técnica.

A reportagem do Adunesp In-forma conversou com pessoas ligadasà Administração da Unesp, que nega-ram haver qualquer proposta de ter-ceirização. No entanto, em temposneoliberais dos mais bicudos, todocuidado é pouco.

A seguir, acompanhe a íntegrade uma manifesto divulgado conjunta-mente entre a Adunesp e o Sintunesp:

O Centro de Convivência Infantil(CCI) da Unesp é resultante de reivindi-cações de sua comunidade, que lutavapelo direito à educação infantil na Unesp.Criados a partir de 1982, os CCI’s aten-diam os filhos de docentes, estudantese funcionários. Mais do que atender de-mandas, o CCI vem se constituindo emum espaço importante de concretizaçãode direitos da criança.

Inicialmente, essa conquista erados três segmentos, concepção justaquando o compromisso é com a democra-cia e a superação das desigualdades so-ciais. Porém, durante alguns anos essaconquista se restringiu aos filhos de do-centes e funcionários. Somente a partirda Portaria Unesp nº 311, de julho de2004, que o CCI voltou a atender filhosde alunos nas vagas excedentes. Mas,por que essa situação?

A justificativa permanente, assu-mida em diferentes gestões da Reitoria,são os custos. Ao longo do tempo, tem seefetivado um descompromisso da gestãoda universidade com o CCI, pois não estáentre as atividades fins da instituição, logoé alvo fácil da filosofia de corte de gastos.Essa lógica não é nova, pelo contrário, é aessência de visão de gestão predominan-te atualmente, que também atinge as ati-

vidades fins da uni-versidade.

A proposta de ter-ceirização do CCI vai aoencontro da lógica daprivatização da universi-dade. É inconcebível pen-sar a educação infantil naUnesp realizada por “ter-ceiros”. Educação é um fimda universidade, não pode

ser transformada em mercado-ria, como apregoam as políticas neolibe-rais. A Universidade tem compromissocom a educação pública em todos os ní-veis, não pode buscar a saída mais “fácil”para resolver o problema do CCI.

Em época de cortes de toda ordem,parece ser improcedente lutar pela ma-nutenção do direito à educação infantil aosfilhos da comunidade unespiana. Porémessa questão não pode ser reduzida aoolhar corporativo ou à leitura reducionis-ta de qualquer tecnocrata. É uma questãoque deve extrapolar o âmbito do imediatoe vislumbrar possibilidades reais de con-tribuir para a implantação e garantia dodireito da criança no país, pois, do con-trário, levaria a um retrocesso do que seentende e do que é de fato a EducaçãoInfantil. Como a Unesp pode contribuir?- Garantindo o direito à educação para ascrianças de zero a seis anos, filhos de do-centes, funcionários e estudantes da Unesp;- Transformando o CCI em espaço de pes-quisa das diversas áreas de conhecimen-to constitutivas da Universidade;- Articulando o estágio de diversos cur-sos com o trabalho do CCI;- Mantendo o financiamento e a gestãodo CCI;- Admitindo servidores para o CCI somen-te por concurso público e vinculando to-dos os seus servidores ao quadro funcio-nal da universidade.

A universidade, no momento atu-al, deve ser criativa e ousada ao definir suasprioridades. Saber distinguir dificuldadesestruturais de financiamento de opções demodelo de universidade é o maior desafio.É dentro desse contexto que a Reitoria devereconsiderar a proposta de terceirização doCCI, sob o risco de se perder toda a refe-rência construída nesse tempo em educa-ção infantil, seja no âmbito de pesquisa,nos estágios supervisionados, ou no aten-dimento concreto à criança. Espera-se dogestor a sensibilidade e a competência parasuperar problemas e não a indesejável ca-pacidade de inviabilizar importantes inici-ativas em nome da suposta racionalidadeadministrativa. Terceirizar o CCI é inter-romper um importante avanço para a edu-cação infantil no Brasil!”

A votação simbóli-ca, encaminhada pelopresidente da casa, de-putado Rodrigo Garcia(PFL), permitiu que abancada governista fi-casse “na moita”, semter que se manifestarpublicamente. Tambémfez com que outras ban-cadas, que haviam assu-mido compromisso com omovimento, mas que es-tavam sob forte pressãodo governador, apenasse declarassem simboli-camente contra o veto. Oefetivo voto contrário aoveto foi dado somentepelas bancadas do PT edo PC do B.

É importante de-nunciarmos, de todas asformas possíveis e emtodo o estado, os deputa-dos que votaram contraa educação, dando-lheso rótulo de “inimigos daeducação”. No início dedezembro, a Adunesp e oSintunesp estarão dis-tribuindo os cartazesque mostram a posiçãode cada deputado du-rante as votações daLDO (veja na pág. 12).

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V Congresso da Adunesp analisou acrise política e traçou planos de lutas

para o próximo períodoRealizado de 8 a 10 de setembro de 2005, em Assis, com o tema “Reafirmar oSindicato na luta contra as reformas neoliberais: Defesa da organização dos

trabalhadores e da universidade pública”, o V Congresso da Adunespanalisou a conjuntura nacional e a situação da universidade pública no

estado de São Paulo, situando a Unesp neste contexto e traçando um planode lutas para a sua categoria docente. Abaixo, acompanhe um apanhado das

principais discussões e deliberações:

Os delegadosdurante o V

Congresso daAdunesp: discussãoaprofundada sobre a

conjuntura política

nacional (FMI) e outros orga-nismos dos países impe-rialistas”, conclui o texto.O documento reafirma

que, para os trabalhado-res, interessa não ape-nas acabar com a corrup-ção, mas defender umprograma de reivindica-ções que tenha comobase as suas principaisnecessidades: Mais ver-

bas para a educação e a saúde públi-cas; Reposição das perdas para os ser-vidores públicos; Salário mínimo real;Fim das privatizações e revogação dasjá realizadas; Reforma agrária sob con-trole dos trabalhadores; Saúde e educa-ção pública de qualidade e para todos;Nenhum subsídio aos capitalistas; Re-vogação da Reforma Previdenciária;Não às Reformas Sindical, Universitá-ria e Trabalhista; entre outras.

Para os delegados presentes aoV Congresso, ainda que haja fatos no-vos e diferenciados na atual conjuntu-ra, em relação às crises anteriores(como o escândalo da era Collor, os ata-ques do governo FHC etc), a saída paraa crise continua sendo a mesma: areação, a organização e a luta dos tra-balhadores e do conjunto da populaçãoexplorada.

“Se, de um lado, temos umaparte das direções sindicais e dos vári-os movimentos sociais que se atrela ese deixa cooptar pelo governo, de outrovemos setores aguerridos e dispostos aseguir em frente na defesa dos inte-

Na Carta de Assis, apro-vada ao final do evento, os de-legados constataram que ocenário nacional mostra ogoverno Lula imerso numaprofunda crise. “Além deseguir e aprofundar a polí-tica neoliberal ditada pelogrande capital internaci-onal, fazer reformas con-tra os trabalhadores,manter o salário mínimona miséria, cortar da saúde eda educação, este governo vai além ese afunda num gigantesco mar delama, com mensalões boiando por todaparte”, diz um dos trechos do docu-mento.

“Para os trabalhadores, que ele-geram Lula com a esperança de teremum governo comprometido com os in-teresses da maioria da população, adecepção pode abrir espaço para postu-ras conservadoras, no rastro da nova‘oposição’ que se apresenta como de-fensora da moral e da ética”, enfatizaoutro ponto da carta, lembrando que,

na realidade, os parti-dos burgueses (como oPSDB e o PFL), quesempre usaram a cor-rupção como expedien-te de trabalho, procu-ram agora utilizar acrise a seu favor, ten-tando se diferenciardos acusados do PT.“Brigam entre si paraver quem será o próxi-mo a dirigir o país econtinuar aplicando, àrisca, as receitas neoli-berais ditadas peloFundo Monetário Inter-

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Análise da conjuntura denunciou acorrupção e a política neoliberal de Lula

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V CONGRESSO DA ADUNESP

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resses da classe trabalhadora”,destaca a Carta de Assis. O textolamenta a completa adaptação dadireção da CUT ao governo – in-clusive apoiando suas medidasde ataques aos trabalhadores,como se deu na Reforma da Pre-vidência –, o que levou váriossindicatos combativos a rompe-ram com a Central e optarempelo rumo da luta. No V Congres-

so, inclusive, o nosso Sindicatoreafirmou a sua desfiliação daCUT estadual, apontando para aimportância de fortalecermosfóruns de reação, como a Conlu-tas (Coordenação Nacional deLutas), fóruns estaduais em de-fesa do serviço público, entre ou-tros ligados aos movimentos so-ciais e estudantis. Na página 11,veja matéria sobre a Conlutas.

No momento em que serealizou o V Congresso da Adu-nesp, a luta por mais verbaspara a educação pública na Leide Diretrizes Orçamentárias(LDO) 2006 estava no auge, como veto do governador prestes aser votado pela Assembléia Le-gislativa.

Os delegados avaliaram aimportância de conquistarmosmais verbas para as universida-des. Foi ressaltada a situaçãoespecífica da Unesp, em que arecente expansão de vagas eunidades, impulsionada pelo go-vernador sem a devida contra-partida de recursos, aprofundouum elenco de problemas que jávinham sendo sentidos: falta deprofessores e funcionários, salaslotadas, entre outros. A Carta deAssis, inclusive, lançou umadura cobrança sobre os reitores.“É com grande descontentamen-to que vemos a ação dos nossosreitores. Em vez de se somaremà comunidade na luta contra oveto – o que, sem dúvida, fortale-ceria o movimento – preferemfazer o jogo de bastidores, ten-tando negociar com o governadorpelas costas dos milhares de es-

tudantes, professores e funcio-nários que vêm lotando a As-sembléia Legislativa há sema-nas. A carta enviada pelo Cru-esp ao governador, datada de 29de julho, vai na contramão damobilização coletiva e traz ris-cos de novos retrocessos. Nela,os reitores apontam os recursosque consideram necessáriospara manter a expansão já reali-zada e para a prevista nos próxi-mos anos”, diz o documento. Osdelegados alertaram para o fatode que a carta dos reitores aogovernador apresentava os valo-res que seriam necessários àincorporação da Faenquil (pelaUSP), da Famema e da Famerp(estas últimas pela Unesp). “Deonde o reitor Macari tira taisvalores, se a comissão criadapelo CO para estudar o assuntoainda está em andamento?”questiona o texto.

Um dos pontosdiscutidos no V Con-gresso foi a situaçãodas Unidades Dife-renciadas (UD’s). Osdelegados rejeitaramas propostas de mu-dança estatutária(que haviam sidoapresentadas pelaReitoria poucos diasantes do Congressoda Adunesp), preven-do a regularização dasUD’s.

As deliberações do VCongresso propõem a luta pelatransformação dessas UD’s emUnidades Universitárias, con-forme o Estatuto, mediante am-

pliação definitiva da dotaçãoorçamentária da Universidade.

Manifestação durante a data-base 2005:denúncia das más condições nas

unidades diferenciadas

No início de setembro,quando ocorreu o V Congresso,a Reitoria havia recém lançadomedidas de contenção de gastos(corte geral de 15% nas verbasde custeio, bloqueio de ligaçõespara celulares, suspensão danomeação de docentes até feve-reiro de 2006 e, por fim, o inde-ferimento de férias etc). Os do-cumentos lançados pela Reito-ria já sinalizavam com um pos-sível calote no pagamento do13º salário, o que viria a se con-solidar parcialmente, como

mostra matéria na página 3.A Adunesp reafirmou

em seu V Congresso que estetipo de medida em nada contri-bui para resolver os problemasfinanceiros da instituição. ACarta de Assis frisa que a prin-cipal questão neste debate épolítica. “É inaceitável que, di-ante de problemas reconheci-damente estruturais, a Reito-ria apresente medidas imedia-tistas e pontuais. Trata-se deuma visão restrita diante dagravidade da situação, maisuma vez procurando despejarsobre a comunidade acadêmicao ônus de uma crise que nãofoi gerada por ela”, diz um tre-cho, conclamando os reitores asomarem forças com professo-res, alunos e funcionários naluta por mais verbas.

Confira no siteA íntegra da Carta de Assis e de todas as

resoluções aprovadas no V Congresso pode ser conferidasna página da Adunesp na Internet

(www.adunesp.org.br).

Luta por mais verbas

Unidades Diferenciadas

Crise na Unesp

No plenário e nos grupos, os delegados fizeram um balanço da atuaçãoda entidade e traçaram um plano de lutas para o próximo período

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Um instrumento para amercantilização da educação

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A avaliação acadêmicadas instituições de ensino supe-rior e da qualidade da educação éum anseio da comunidade acadê-mica comprometida com a educa-ção pública de alta qualidade ecom o controle social da educa-ção. Contudo, desde o final dosanos 80, os organismos financei-ros internacionais e os governosneoliberais de toda a AméricaLatina têm-se apropriado desseanseio para convertê-lo em uminstrumento para impulsionar asreformas educacionais encami-nhadas pelo Banco Mundial.Além de ser um meio para impora eficiência gerencial das insti-tuições em moldes empresariaise legitimar cortes de recursospúblicos, essa pretensa avaliaçãotem sido um poderoso meio deconformar o que é dado a pensarnas universidades e, por conse-guinte, um recurso para tentarlegitimar o pensamento úniconos campi universitários.

O Enade está inscrito norol dessa avaliação que chegouao Brasil com o ajuste “estrutu-ral” decorrente da crise da dívidade 1982. O seu objetivo é hetero-nômico, confrontando diretamen-te a autonomia universitáriaconstitucionalmente assegurada,o seu método de encaminhamen-to é antidemocrático e como ins-trumento de avaliação é incom-

No dia 6 de novembro, o MEC aplicou em todo o país o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes(Enade). Embora limitado, o debate sobre o assunto gerou polêmica nas universidades. Uma parcela do

movimento estudantil conclamou os alunos a boicotarem a prova, entregando-a em branco.Seguindo deliberações de seu 24º Congresso e do 50º Conad, o Andes (Sindicato Nacional do qual faz par-te a Adunesp) reafirmou sua posição contrária ao Enade. A nota pública divulgada pelo Andes é bastanteelucidativa e contribui para o aprofundamento das discussões. A seguir, veja a íntegra do documento, inti-

tulado “Enade: Um instrumento para a mercantilização da educação”:

patível com o fazer acadêmico.Cumpre destacar que o

exame dos estudantes é parte deum sistema mais amplo, o Sina-es (Lei 10.861/04), imposto pormedida provisória e coordenadopor uma comissão nacional (Co-naes) de caráter inteiramentegovernamental. A regulamenta-ção do Enade tornou patente oseu caráter autoritário. Os diri-gentes que se recusarem a apli-car o exame podem ser punidospelo ministro, que tem o poder dedestituir o dirigente, independen-temente das decisões autonoma-mente estabelecidas pela insti-tuição. Ademais, o exame passoua ser um componente curricularobrigatório que, inclusive, prevê anão-concessão do diploma estu-dantil. Em conformidade com acultura individualista e da livreconcorrência, o exame prevê aautorga de distinções e prêmiospara os melhores, promovendo oranqueamento, tanto de estudan-tes como de instituições.

Esse caráter instrumen-tal e de cunho empresarial foilogo compreendido pelos merca-dores da educação. Atualmente,a maior parte das instituiçõesprivadas de caráter mercantil jáutiliza o Enade como um suportepara suas estratégias publicitári-as e, conforme pesquisas, estámajoritariamente satisfeita como novo instrumento que é defen-dido de modo veemente pelo Fó-rum Nacional em Defesa da Li-vre Iniciativa da Educação.

Na condição de compo-nente curricular obrigatório, oEnade define, à revelia da insti-tuição, a natureza e o caráterdos currículos e das prioridadesde formação, afrontando, aberta-mente, a autonomia didático-científica das instituições. Essadefinição abre caminho para

uma maior presença de empresá-rios e setores particularistas naeducação superior brasileira. Aexemplo do Exame Nacional deCursos (provão), as instituiçõesprivadas desprovidas de legitimida-de passam a se imiscuir na defini-ção da avaliação, fato agravadopela ausência de autonomia doINEP frente ao governo Federal. Ointeresse dos empresários nessetipo de avaliação pode ser explica-do pelo uso desse instrumento pelomercado na contratação de profis-sionais.

Consoante com os seus ob-jetivos afins aos dos empresários,esse instrumento serve tão so-mente para legitimar uma educa-ção desprovida de qualidade. Osobjetivos e os indicadores da avali-ação foram tão mal-elaborados queo Enade produziu o seguinte para-doxo: no último exame, surpreen-dentemente, a nota da prova doconhecimento específico da maiorparte dos cursos foi maior entre osestudantes ingressantes do queentre os que estão perto da conclu-são do curso, levando a crer que auniversidade impõe a ignorânciano lugar do saber.

A convocação do boicote poruma série de Executivas estudan-tis tem de ser saudada como umgesto em defesa da universidadepública de alta qualidade e de suaautonomia. Essa avaliação padro-nizada é uma agressão à autono-mia, favorece a publicidade de em-presas inescrupulosas, promove oranqueamento e a cultura empre-sarial, premiando a falsa qualidadee impondo o pensamento único.Por uma avaliação de verdade, oato de resistência estudantil e dasinstituições que se recusaram acompactuar com essa farsa é umgesto em defesa da qualidade daeducação brasileira. O Andes-SNestá junto nessa luta!”

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Em debate, uma nova direção para aslutas dos trabalhadores

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Andes já integra aConlutasDezenas de entida-

des sindicais já apóiam aConlutas, como é o caso daAdunesp, por deliberação desuas plenárias e congres-sos. Em âmbito nacional,há algumas de peso, comoé o caso do Andes (Sindica-to Nacional dos Docentes doEnsino Superior), Fenafis-co (Federação Nacional doFisco), Fenafisp (FederaçãoNacional dos Auditores Fis-cais da Previdência Social),Sindlegis (Sindicato dosServidores do Poder Legis-lativo Federal e do TCU) eUnafisco Sindical (Sindica-to Nacional dos auditoresFiscais da Receita Federal).

A posição da direção da CentralÚnica dos Trabalhadores (CUT) dianteda Reforma da Previdência feita pelogoverno Lula foi a gota d’água que falta-va para transbordar a insatisfação dofuncionalismo público com a Central.Além de não apoiar a greve nacional dosservidores contra a Reforma, em 2003,a CUT ainda defendeu publicamente asmedidas do governo Lula, fazendo corocom as reacionárias acusações de queos servidores são “privilegiados”.

No 24º Congresso do SindicatoNacional dos Docentes do Ensino Su-perior (Andes), realizado de 24/2 a 1/3/2005, a maioria dos delegados pre-

sentes ao 24º Congresso(incluindo os da Adu-nesp) condenou o apoioda CUT às reformas ne-oliberais do governo esua tentativa de isolaros servidores públicos ede boicotar suas lutas.Diante disso, decidirampela desfiliação e pelaaposta na construção denovos fóruns de luta.Os delegados tambémdeliberaram que o An-des deve continuar em-penhando-se na cons-trução de um pólo deresistência sindical àsreformas do governoLula, na defesa do movi-mento sindical, autôno-mo, classista e combati-vo. Para isso, deverá in-tensificar, em conjuntocom suas seções sindi-cais, sua participaçãoem fóruns como a Con-lutas e outros de defesa

dos serviços públicos, aliados aos mo-vimentos sociais.

Conlutas prepara seuprimeiro congresso

Com a participação de váriasentidades sindicais importantes (vejano box), a Coordenação Nacional deLutas (Conlutas) vem se transforman-do num pólo importante de reação àsreformas neoliberais do governo Lula,contrapondo-se ao apoio explícito feitopela CUT. Em 2006, a Conlutas deverárealizar seu primeiro congresso.

Seguindo a orientação defini-da no 24º Congresso do Andes e pordeliberação de suas instâncias, a

Adunesp vem apoian-do e participando dasatividades convocadaspela Conlutas e consi-dera importante queeste debate se apro-funde na categoria.Por isso, deverá realizar, no iníciodo próximo ano, seminários nas uni-dades, visando participar do primei-ro congresso da Conlutas com umposicionamento definido pela baseda categoria.

Como subsídio aos debatesque virão, esta edição do AdunespInforma traz um apanhado da histó-ria da Conlutas. Como seu próprionome diz, não se trata de uma cen-tral sindical, mas de uma coordena-ção, composta por entidades sindi-cais, organizações populares, movi-mentos sociais etc, que tem comoobjetivo organizar a luta contra asreformas neoliberais do governoLula (Sindical/Trabalhista, Univer-sitária, Tributária e Judiciária) etambém contra o modelo econômicoque este governo aplica no país, se-

guindo as diretrizes do FMI.A Conlutas surgiu como desdo-

bramento do Encontro Nacional Sindi-cal, que aconteceu em março de2004, em Luziânia (GO), e que reuniumais de 1.800 dirigentes e ativistassindicais e de movimentos sociais.Este encontro definiu um calendáriode lutas contra a reforma Sindical,cuja primeira grande atividade foi amanifestação, organizada pela Conlu-tas, em Brasília, em 16 de junho de2004, reunindo cerca de 20 mil mani-festantes.

A Conlutas define-se comoinstância organizativa que buscaconstruir-se como uma alternativapara as lutas dos trabalhadores, fren-te a degeneração da CUT. A naturezae a forma dessa alternativa estão emdebate e deverão ser o tema centraldo seu primeiro congresso.

Acima, marcha emBrasília, contra as

reformas(16/junho/2004).

À direita, o encontrode Luziânia

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12 ADUNESP FORMAin Nº 45 - Dezembro 2005

Vejacomo seportaram

osdeputados

nasvotações

sobremais

verbaspara a

educaçãopúblicapaulista

Cartazelaborado

pelo Fórumdas Seis