adverbios modal

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    Revista Letras, Curitiba, n. 65, p. 191-208, jan./abr. 2005. Editora UFPR 191

    A ORDENAO DOS ADVERBIAISMODALIZADORES EPISTMICOS NO

    PORTUGUS EUROPEU FALADO: UMAABORDAGEM FUNCIONAL*

    Order of epistemic modal adverbials in EuropeanPortuguese: a functional approach

    Aquiles Tescari Neto**

    Erotilde Goreti Pezatti**

    1. Introduo

    E ste trabalho estuda o posicionamento dos adverbiais modalizadoresepistmicos do tipo realmente, evidentemente, provavelmente, talvez,biologicamente, etc., em oraes1 do portugus europeu falado* Este trabalho faz parte da pesquisa desenvolvida pelo primeiro autor, sob a orientao do

    segundo, com apoio da FAPESP (processo 3/9333-).** Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de So Jos do Rio Preto/SP.1 Para este trabalho, investigamos apenas os modalizadores epistmicos representados por

    advrbios ou locues adverbiais (termos). Os epistmicos que se manifestam sob a forma de orao nofazem parte do escopo de nossa pesquisa. Outrossim, os adverbiais conectados a frases nominais utilizando a terminologia tradicional , i.e., aqueles que no se conectam a uma orao com o verboexpresso, no fazem parte do escopo deste trabalho.

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    (doravante PE), valendo-se, como arcabouo terico, da Teoria da GramticaFuncional de Dik (doravante GF).

    Na teoria da GF, os adverbiais modalizadores epistmicos (asseverativos,quase-asseverativos e delimitadores)2 so denominados satlites de nvel trs(doravante s

    3), por atuarem na camada proposicionaldo modelo de Dik (1997),

    fornecendo as avaliaes do falante (F, daqui em diante) perante o contedoproposicional por ele veiculado em um ato de fala. Na literatura lingstica, os

    adverbiais que a GF entende como s3 tem sido denominados, de modo geral,advrbios modalizadores (Castilho; Moraes de Castilho, 2002) e disjuntosatitudinais(Greenbaum, 1969; Quirk et al., 1972), um subconjunto que a literaturainsere no paradigma dos adverbiais sentenciais(Kato & Castilho, 1991; Ilari etal., 1996; Mller de Oliveira, 1993) ou adverbiais de frase(Casteleiro, 1982).

    Como este trabalho estuda os satlites epistmicos, fundamentando aanlise na Teoria da Gramtica Funcional, faz-se necessria uma breve explanaosobre o modelo de orao de Dik (1997), conforme fazemos em 2.; em 3.,fornecemos uma caracterizao geral dos satlites epistmicos, pormenorizando

    sua manifestao nos materiais do PE; em 4., discutimos o posicionamento decada subtipo de satlite epistmico (asseverativos, quase-asseverativos edelimitadores). Na seo 5., apresentamos as nossas concluses sobre aordenao dos satlites modalizadores no PE.

    2. Fundamentao terica

    A GF, por ser uma teoria caracterizada pela integrao dos componentessinttico, semntico e pragmtico, apresenta um esquema abstrato de descrioque considera tanto as propriedades formais quanto as propriedades semnticasda orao. Para fazer jus a essas propriedades formais e semnticas, a teoriaassume que a orao deve ser descrita em termos de uma estrutura de oraosubjacente (abstrata), a qual, para ser atualizada em uma expresso lingsticareal, submete-se a um conjunto de regras de expresso, que determinam a forma,a ordem e o padro de ordenao dos constituintes presentes na estruturasubjacente(Pezatti, 2004), de acordo com o esquema a seguir.

    2 Neste trabalho, acolhemos de Castilho e Moraes de Castilho (2002) a classificao dosepistmicos em asseverativos, quase-asseverativos e delimitadores.

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    Estrutura de orao subjacente

    Regras de Expresso

    Expresses Lingsticas

    Esquema 1Modelo de Orao(Dik, 1997, p. 49)

    Dik (1997) reconhece a estrutura subjacente da orao como umaestrutura complexa em que nveis ou camadas de organizao formal e semnticadevem ser distinguidos:

    Esquema 2 Estrutura de Orao Subjacente

    Essa representao da estrutura subjacente da orao em camadas implicaconsiderar que todo enunciado pode ser analisado em dois nveis: o nvelrepresentacional e o interpessoal. O nvel representacional trata da descrio

    de um EsCo ao qual F deseja referir-se e congrega as duas primeiras camadas domodelo. O nvel interpessoal trata do modo como representada por F, aodestinatrio (D), a informao relacionada interpretao.

    A GF admite, ao reconhecer a estrutura subjacente da orao como umaestrutura em camadas, a existncia de constituintes de natureza adverbial queoperam em cada um desses quatro nveis da estrutura subjacente. Essesadverbiais, denominados satlitespela GF, so os meios lexicais opcionais quetransmitem informaes adicionais acerca de uma das camadas do modelo deorao (Dik et al., 1990, p. 26). Cada tipo de satlite tem funes caractersticas

    do nvel em que aparece. Deste modo, s1especificam propriedades da estruturainterna de um EsCo (modo, velocidade, qualidade); s

    2 especificam o quadro

    externo de um EsCo (tempo, lugar, causa) (Hengeveld, 1997, p. 125); s3servem

    para exprimir a atitude de F perante o contedo proposicional por ele veiculadoem um ato de fala; s

    4modificam a estratgia comunicativa do falante.

    Nvel interpessoal:

    4. camada: ILOCUO (ato de fala) - s4; p4 - ilocuo3. camada: PROPOSIO (fato possvel) - s3; p3 -proposio

    Nvel Representacional:

    2. camada: PREDICAO (Estado de coisas) s2; p2 - predicao extendida1. camada: PREDICADO (propriedade/relao)s1; p1 -predicao centralPREDICADO; TERMOS - predicao nuclear

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    Tabela 1 Satlites modalizadores epistmicos

    Neste artigo, nosso interesse se volta, conforme j explicamos, descriodo posicionamento dos s

    3epistmicos. Dik (1990, p. 35) assim define os s

    3: s

    3

    so mecanismos lexicais por meio dos quais o falante avalia (parte de) o contedoproposicional por ele veiculado em um ato de fala. s

    3so, portanto, adverbiais

    modalizadores: ao atuarem no nvel interpessoal, servem como um recurso demodalizao aqui entendida como um mecanismo de que se vale o falantepara sinalizar/indicar suas atitudes, intenes, sentimentos (Koch, 1993) , mais

    especificamente de modalizao epistmica i.e., de uma qualificao docontedo proposicional em que F explicita seu comprometimento para com averdade do contedo proposicional (Lyons, 1977).

    3. Os sssss3 epistmicos nos materiais do PE

    Os satlites de natureza epistmica presentes no corpuscorrespondem a

    139 adverbiais (asseverativos, quase-assverativos e delimitadores). De maneirageral, os modalizadores epistmicos expressam uma avaliao de F perante ocontedo proposicional, avaliao essa que pode exprimir matizes de certeza ouratificao da proposio, no caso dos asseverativos, ou matizes de dvida,incerteza, no caso dos quase-asseverativos; os delimitadores, por sua vez,especificam os limites dentro dos quais a informao contida no contedoproposicional deve ser entendida (so denominados advrbios sectoriais porCasteleiro (1982)). s

    3asseverativos se diferenciam dos quase-asseverativos em

    termos do grau de comprometimento do falante, porquanto se F utiliza umasseverativo, o seu grau de comprometimento para com o contedo proposicional maior do que se ele utiliza um quase-asseverativo.

    Conforme se pode observar na Tabela 1, abaixo, a emergncia de satlitesepistmicos asseverativos maior, mesmo se comparada emergncia de satlitesquase-asseverativos somados aos delimitadores.

    Tipo n. %

    3Asseverativos 100 71,94

    3quase -asseverativos 17 12,23 delimitadores 22 15,83

    Total 139 100

    s

    s

    3s

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    Asseverativo n. %

    Realmente

    Mesmo

    Evidentemente

    Claro

    Naturalmente

    Certamente

    No fundo

    Com certeza

    Outros3

    36

    17

    16

    8

    4

    3

    3

    2

    11

    36

    17

    16

    8

    4

    3

    3

    2

    11

    Total 100 100

    3.1.s3Epistmicos Asseverativos

    Por meio de atitudinais asseverativos, F ratifica e enfatiza a proposio,o que configura uma maior adeso para com o contedo proposicional. Emnosso corpus, fizeram-se presentes os seguintes atitudinais epistmicosasseverativos (Tabela 2):

    Tabela 2 Satlites Asseverativos

    Os dados da Tabela 2 nos mostram que a maioria dos satlitesasseverativos representada por advrbios, conforme se verifica em (02) a (04);

    as locues adverbiais tiveram uma emergncia bem restrita, apenas 11,11% dototal de adverbiais epistmicos asseverativos (01).

    (01) Mas devia ser perigoso [o passeio entre os cabritos,rinocerontes, elefantes], com certezaque era, no dava nenhumasensao de, de grande segurana (0300:47-48)4

    3 Esses outros asseverativos referem-se aos que tiveram apenas uma ocorrncia: aparentemente,efetivamente, em certa medida, em geral, em grande parte, na prtica, na realidade, no conjunto, nitidamente,positivamente, terminantemente.

    4 Os nmeros entre parnteses, aps as transcries, referem-se respectivamente ao nmero doinqurito e ao nmero das linhas, sendo que o nmero do inqurito separa-se do nmero das linhas pormeio de dois pontos; a seqncia das linhas indicada pelo hfen.

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    (02) [...] aquilo uma velha espantosa, porque uma velha mesmo,quer dizer, porque a gente j... (0589:19-2)(03) [...] Evidentementeque hoje em dia, o desporto como ofutebol, todo ele profissional [...]. (0386:51-53)(04) O francs obrigatrio, claro. (0337:13)

    Como se observa por meio dessas ocorrncias, os s3

    asseverativos

    ratificam o contedo proposicional; atuam, por assim dizer, modalizando ocontedo proposicional. Em (01) e (02), respectivamente, o informante vale-seda locuo adverbial com certezae do advrbio mesmopara mostrar que considerade fato verdadeiro o contedo proposicional expresso. Deve-se notar que mesmoadmite, alm deste valor prototpico de s

    3atitudinal epistmico asseverativo,

    um valor paraggico de advrbio focalizador, j que essa partcula realiza umaoperao de verificao por coincidncia com um prottipo (em termos de Ilari(2002)).

    Quase-asseverativo n. %

    Talvez

    Possivelmente

    Provavelmente

    Porventura

    Aparentemente

    10

    3

    1

    1

    1

    1

    58,83

    17,65

    5,88

    5,88

    5,88

    5,88

    Total 17 100

    s vezes

    3.2.s3Epistmicos Quase-asseverativos

    Os satlites de natureza quase-asseverativa denotam umcomprometimento menor de F em relao ao contedo proposicional. Por meiodesses adverbiais, o contedo proposicional apresentado por F como umapossibilidade epistmica. A Tabela 3 resume os resultados obtidos:

    Tabela 3 Satlites Quase-asseverativos

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    Conforme se pode observar na tabela acima, talvez foi o quase-asseverativo mais freqente. (5) e (6) abaixo exemplificam satlites dessa natureza.

    (05) Procurmos realmente nos primeiros dias insistir em que elacontinuasse a ir, convencidos quepossivelmente o conflito rapidamente o conflitose sanava por si prprio, que natural em midos, e talvez at estava baseadoem alguns... livros que, da especialidade [...] (0416:08-10)

    (06) Doc quais so os pases que prefere da Europa?

    Inf Bem, prefiro talvezo que conheo melhor, no [...]? (0459:01-02)Os satlitespossivelmente(05) e talvezde (05) e (06) tomam por escopo

    toda a sentena que os segue, de modo a expressar a atitude de incerteza porparte de F.

    3.3.s3Epistmicos Delimitadores

    Os s3 delimitadores, geralmente parafraseveis pela estrutura [do pontode vistade + adjetivo], especificam a perspectiva ou os limites dentro dos quaiso contedo proposicional deve ser considerado (Hengeveld, 1997). So s

    3, visto

    que tomam a proposio como argumento. Alm disso, como afirma Greenbaum(1969), os disjuntos5 do tipo basicamente, teoricamente, etc. no admitem asparfrases que osstyle disjuncts(s

    4) admitem.6Em (07), por exemplo, a parfrase

    comumente aplicvel a s4

    (por meio de um verbo dicendi) no se aplica aodelimitadora nvel lingstico, conforme demonstra (07):

    (07) (A informante comentava a situao de trabalhadores portugueses

    em fbricas alems:)Evidentemente que, a nvel lingsticono h a mnima possibilidade de

    comunicao, s h a mmica. (0337:35-37).(07) * Evidentemente que, eu estou falando lingisticamente quando

    digo que no h a mnima possibilidade de comunicao...

    5 No trabalho de Greenbaum (1969), os disjuntos que na teoria da GF correspondem aossatlites do nvel interpessoal(s3 e s4) so subclassificados em attitudinal disjunctsestyle disjuncts:

    aqueles correspondem aos nossos s3; estes, aos s4. importante acrescentar que a nomenclatura attitudinaldisjuncts de Greenbaum abarca no apenas os s3 que, na teoria da GF so ditos atitudinais. Os s3 do tipodelimitadorestambm integram o paradigma dos attitudinal disjuncts de Greenbaum.

    6 Greenbaum (1969, p. 82; 110) explica que aosstyle disjuncts (s4) pode ser aplicado um testesinttico que consiste em uma parfrase por meio de uma orao com um verbo dicendi. Em:Confidencialmente, ela muito estpida (ibid., p. 82), o adverbial grifado um s4, por aceitar aparfrase: Eu estou falando confidencialmente quando digo que ela muito estpida.

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    O mesmo se verifica em (08) e (09).(08) (O informante falava das habilidades de esportistas africanos:)[...] mas, individualmente tm alguns elementos muito bons. (0386:28-29)(09) No entanto, acho que o, que a, esse campo da biologia molecular...

    do ponto de vista prtico de, de, de,quer dizer, da investigao experimental,, , como qualquer outro, no ? (0524:11-13).

    Os delimitadores de nosso corpus, que corresponderam a 15,83% do

    total de satlites epistmicos, foram representados por 22 adverbiais (12 advrbiose dez locues adverbiais): praticamente (3 ocorrncias), a(o) nvel (de) (3ocorrncias),profissionalmente (2 ocorrncias); com uma nica ocorrncia: decerto modo; do ponto de vista de; duma maneira geral; em certa medida; emmatria de; fundamentalmente, individualmente; materialmente; nessa

    perspectiva; neuroticamente; no aspecto prtico; oficialmente; propriamente;

    quantitativamente.

    4. A ordenao dos sssss3 Epistmicos no PE

    Dik (1981) props o seguinte esquema de ordenao linear deconstituintes na orao:7

    (10)

    P1 1 2 S 3 V 4 O 5 6 F

    7 Neste esquema, P2 e P3 so posies reservadas aos Constituintes Extra-Oracionais Tema eAntitema, respectivamente.

    P2, P1 (V) S (V) O (V), P3

    Entretanto, em nossa pesquisa, confrontamo-nos com adverbiais cujoposicionamento na estrutura linear da orao no poderia ser abrangentementecaracterizado se levssemos em conta o esquema proposto por Dik (1981). Emvirtude disso, para nossa anlise dos satlites epistmicos, esse esquema foiexpandido, de modo a tratar com mais preciso do posicionamento de nossossatlites na estrutura linear da orao (10):

    (10)

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    Em que:P1: corresponde posio ocupada por palavras-QU, conjunes

    subordinativas, pronomes relativos, podendo abrigar tambm constituintes comas funes de Tpico ou Foco, caso constituintes-Qu no se faam presentesna predicao (Pezatti; Camacho, 1997).

    1: posio mais esquerda;2: posio imediatamente antes de S (se S estiver expresso e anteposto a

    V);S: posio do Sujeito;3: posio entre S e V.V: posio ocupada pelo predicado. Em termos de Dik (1997), os

    predicados designam propriedades de ou relaes entre tais entidades e podemser representados por um Verbo, Adjetivo ou Nome;

    4: posio entre V e O;O: posio do Objeto;5: posio imediatamente posterior a O;

    6: posio imediatamente posterior a 5, mas antes da posio final.F: posio final; refere-se a constituintes alocados na zona-esquerda

    mais perifrica da sentena.

    4.1. s3Epistmicos Asseverativos

    A Tabela 4 apresenta a distribuio dos asseverativos por posio em

    nossos materiais.

    Tabela 4 Distribuio dos asseverativos por posio

    n. %

    1 39 39

    F 17 17

    3 23 23

    V 8 8

    O 2 2

    4 11 11

    Total 100 100

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    8 Na literatura lingstica, esses adverbiais so referenciados como advrbios de sentena

    (doravante AdvS), justamente em virtude do fato de eles escoparem toda a orao. Na teoria da GF, no seutiliza essa denominao (AdvS), em virtude do fato de o termo Sentena ser empregado pela GF para sefazer referncia no apenas Orao: constituintes extra-oracionas(CEOs) como Tema, Antitematambmintegram, em uma anlise funcionalista, a estrutura de uma Sentena. Neste trabalho, ao nos referirmos,portanto, aos AdvS, ns os consideraremos AdvS nos termos correntes da literatura lingstica, ou seja,entenderemos, aqui, por Sentena,o equivalente Orao(Clause)da GF, em decorrncia do fato de nesteartigo no trabalharmos, conforme j mencionamos (cf. nota 1), com CEOs efrases nominais.

    Nos materiais do PE, os s3asseverativos tiveram, de modo geral, uma ligeira

    preferncia pela posio 1, conforme exemplificado em (11) e (12). Adicionando-seao percentual de asseverativos em 1, os nmeros para os asseverativos alocadosem F (as ocorrncias (13), (14) e (02) j dada exemplificam satlites alocados emF), obtemos um total de 56% dos s

    3asseverativos alocados em posies perifricas,

    nmero por ns considerado baixo, porquanto s3e s

    4(satlites pertencentes ao

    nvel interpessoal) tendem, por tomarem como escopo toda a orao, a se alocarem

    em posies perifricas (1 ou F).8(11) Evidentemente os ndios, p, ficaram tramados com a histria [...]

    (1369:12-13).(12) Ento vou p escola embora realmente esteja em oposio com a

    professora (0416:41-42).(13) E o que aconteceu a mim aconteceu a outras tambm, claro(0304:57).(02) [...] aquilo uma velha espantosa, porque uma velha mesmo, quer

    dizer, porque a gente j... (0589:19-20).(14) Outro dia comprei carne de porco para assar e, era bastante dura, era

    muito dura mesmo, no sei, nunca vi carne de porco assim dura. (0414:18-20). interessante notar o emprego do adjetivo claro, em (15), como advrbio,

    modificando toda a orao. Para (02) e (14), reconhecemos que o advrbio mesmoexerce duas funes: (i) uma funo prototpica de asseverador do contedoproposicional, revelando-se como s

    3asseverativo (cf. as parfrases (02) e (14))

    e (ii) uma funo de partcula focalizadora valor paraggico (cf. as parfrases(02) e (14)); neste ltimo valor,paraggico(em termos de Castilho & Moraesde Castilho (2002)), o uso do advrbio mesmode (02) e (14) entendido por Ilari(2002) em termos de uma operao de verificao por coincidncia com umprottipo. Em (14), mais particularmente, parece-nos que o valor paraggicoflutua entre uma focalizao e uma intensificao do predicado.

    (02) [...] aquilo uma velha espantosa, porque de fato/realmente/verdadeiramente uma velha, quer dizer, porque a gente j...

    (02) [...] aquilo uma velha espantosa, porque exatamenteuma velha,quer dizer, porque a gente j...

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    (14) Outro dia comprei carne de porco para assar e, era bastante dura, defato/realmente/verdadeiramente era muito dura, no sei, nunca vi carne deporco assim dura.

    (14) Outro dia comprei carne de porco para assar e, era bastante dura,era exatamente muito dura, no sei, nunca vi carne de porco assim dura.

    Sobre os asseverativos intra-sentenciais, acreditamos que a adjacnciadas posies intra-sentenciais com o predicado explica o fato desses satlites

    se internarem na sentena: dada a importncia do predicado na estrutura dasentena, o advrbio embora tenda a tomar toda a proposio comoescopo , posiciona-se o mais prximo possvel dele (posies 3, V, 4 e O). Emtermos funcionais, esse posicionamento de satlites nas rbitas do predicadoexplica-se luz do Princpio de Proximidade do Ncleo (Dik, 1997), queexplicaremos com mais vagar nas sees seguintes. (15) exemplifica umasseverativo alocado em 3; (16), um asseverativo alocado na estruturasintagmtica de V.

    (15) [...] eles estavam realmenteaflitos [...] (0419:65).

    (16) E digo logo: Ah bom, ento tenho mesmoque dar a matria para eleschegarem ao fim e saberem, saberem, saberem pra passar, no [...] (0452:08-09).

    Em (15), o advrbio realmente internado na sentena um exemploclaro de co-ocorrncia de funes: desenvolve um valor prototpico deasseverador da sentena e um valor paraggico de focalizao conforme jatestado no portugus brasileiro por Castilho & Moraes de Castilho (2002),Castilho (2000) e no ingls (advrbio really) por Greenbaum (1969) , a saber,uma operao por verificao de coincidncia com um prottipo, parodiandoIlari (2002). Conforme explicamos, o fato de a posio 3 imediatamente precedero predicado, implica que essa posio seja preenchida tambm por s3asseverativos. Esse fato, associado possibilidade de emergncia de valoresparaggicos grande parte dos adverbiais alocados em 3 admitem esse valor(82,60% dos s

    3asseverativos aceitam a co-ocorrncia dos valores prototpico e

    paraggico nessa posio, sendo que 52,63% desses adverbiais sorepresentados pelo advrbio realmente) explica o posicionamento dos s

    3

    asseverativos na estrutura interna da sentena.De modo geral, est aqui caracterizada a ordenao dos s

    3asseverativos

    nos inquritos do PE. A maioria dos asseverativos (56%) aloca-se em posiesperifricas, posio que revela a vocao desses satlites de escoparem asentena. Nas posies intra-sentenciais, o percentual considervel desatlites foi explicado em termos da co-ocorrncia dos valores prototpico eparaggico, associado adjacncia satlite-predicado.

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    Tabela 5 Distribuio dos s3 quase-asseverativos

    4.2. s3Epistmicos quase-asseverativos

    Nos materiais do Portugus Fundamental, foi constatada uma prefernciamajoritria dos s

    3quase-asseverativos pela posio 1. A posio 3 foi a segunda

    preferida por esses adverbiais (Tabela 5):

    n. %

    1 12 70,58

    3 3 17,64

    4 1 5,89

    V 1 5,89

    Total 17 100

    Posio

    Essa preferncia majoritria o3

    quase-asseverativos pela posio 1 indicaa vocao desses adverbiais para atuarem como AdvS (ocorrncias 17 e 18). Ocomportamento do s

    3quase-asseverativo talvez representante prototpico

    desta classe nos inquritos do PE investigados , que, em 70% das ocorrncias,alocou-se em 1, permite-nos classific-lo como AdvS, ponto de vista que,conforme assinalamos em outra oportunidade (Tescari Neto, 2004a), diverge doproposto por Castilho & Moraes de Castilho (2002) para esse modalizador. Esses

    autores relutam em considerar como AdvS o s3 quase-asseverativo talvez, poreles classificado como advrbio de constituinte (AdvC) (Castilho & Moraes deCastilho, 2002, p. 229).

    (17) A Iolanda at tinha insistido comigo pra eu comer um ovo estreladomas eu disse-lhe que no, porqueprovavelmentefar-me-ia mal ao fgado. (0438:11-13).

    (18) a informante relatava sua experincia nos EUA procura de emprego:)[...] ento em todos os lugares me disseram que era uma altura muito m/

    talvezdaqui a um ano ou dois fosse possvel [...] (0419:58-60).A aceitabilidade, nessas ocorrncias, da parfrase provvel que

    evidencia a natureza quase-asseverativa desses satlites, os quais claramentetomam por escopo toda a orao.

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    Revista Letras, Curitiba, n. 65, p. 191-208, jan./abr. 2005. Editora UFPR 203

    Para os satlites quase-asseverativos alocados em posies intra-sentenciais (3, 4 ou V), vale a observao que fizemos aos s

    3asseverativos: a

    adjacncia com o predicado explica o posicionamento desses s3nessas posies

    (Princpio de Proximidade do Ncleo).

    4.3.s3Epistmicos Delimitadores

    A tabela abaixo apresenta-nos a distribuio dos adverbiais delimitadoresnos inquritos do PE utilizados em nossa pesquisa.

    Tabela 6 Distribuio dos s3delimitadores no PE

    n. %

    1 11 50

    F 4 18,18

    3 2 9,09

    4 5 22,73

    Total 22 100

    Pelos dados da tabela, observa-se que os satlites delimitadoresmanifestaram uma preferncia por posies perifricas (68,18% dos delimitadoresalocam-se nas posies 1 e F, conforme exemplificam, respectivamente (19) e(20)), fato que nos levou, em outra oportunidade, a considerar os delimitadoresde nosso corpus como AdvS (Tescari Neto, 2004b), proposta que diverge dasconsideraes de Castilho & Moraes de Castilho (2002) que relutam em consideraros delimitadores em mente como AdvS. Esses autores relutam em consideraros delimitadorescomo AdvS, pelo fato de esses adverbiais: (i) no admitirem asparfrases que os modalizadores epistmicos (tpicos AdvS) admitem: * prticoque Coisas Novas passou em todas as cidades brasileiras, * falandobiologicamente, a comunidade dos homens... (Castilho & Moraes de Castilho,2002, p. 235); e (ii) aceitarem figurar no incio de sentenas interrogativas:teoricamente... a gente no tem controle rgido sobre os computadores? (id.).

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    Revista Letras, Curitiba, n. 65, p. 191-208, jan./abr. 2005. Editora UFPR204

    Os estudiosos da rea freqentemente procuraram caracterizar os advrbioscomo AdvS ou advrbios de constituinte (AdvC) consoante a aplicao de umasrie de testes sintticos como esses fornecidos em Castillho & Moraes deCastilho (2002). Em Casteleiro (1982) e em Mller de Oliveira (1993) autores queconsideram os adverbiais que aqui denominamos delimitadores como AdvS(advrbios de frase em Casteleiro) uma srie desses testes sintticos sofornecidas. Em nosso trabalho, valemo-nos, entretanto, do posicionamento dos

    adverbiais quase-asseverativos e delimitadores na estrutura linear das sentenas,ao classific-los como AdvS, atitude que revela um ponto de vista estritamenteemprico-funcional (ponto de vista que elege o uso real da lngua nasdescries.

    (19) Ao nvel, por exemplo, mesmo de doenas, haver mais frequnciade determinadas doenas na Capital do que na provncia ou vice-versa? (0453:30-31).

    (20) (O informante foi indagado pelo documentador se as teorias freudianasno seriam circunstanciadas pela poca:)

    Nunca tinha visto nessa perspectiva... (0349:47-48).As posies 1 e F so, juntas, responsveis por 68,18% das ocorrncias

    dos s3delimitadores em nosso corpusdo PE, o que ratifica a nossa proposta que

    postula, para os s3

    delimitadores, o estatuto prototpico de AdvS. Esse quadroexplica-se, em termos funcionais, luz do Princpio de Ordenao Icnica(Dik, 1997). Essa tendncia dos AdvS de modo geral (e dos delimitadores, paraeste caso) de se alocarem em posies perifricas (P1 ou PF) revela a vocaodesses constituintes de escoparem a sentena, revelando-se como verdadeirosAdvS. No entanto, embora internando-se na sentena, os s

    3

    delimitadoresno deixam de circunscrever os limites dentro dos quais deve ser interpretada aproposio. So verdadeiros estratagemas alados por F para que seu(s)interlocutor(es) fixe(m) os limites dentro dos quais a proposio deve serentendida (21).

    (21) [...] a maioria das pessoas, muitas vezes at vai ali para resolver j aonvel de, de Estados Unidos da Amricadigamos, para resolver problemas que,no fundo, ultrapassam, em certa medida, os problemas psiquitricos. (0453:40-42).

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    Revista Letras, Curitiba, n. 65, p. 191-208, jan./abr. 2005. Editora UFPR 205

    5. Palavras finais

    Alocados em posies perifricas, os s3

    epistmicos deixam evidente,conforme comentamos, o seu estatuto sinttico de AdvS: 70,58% dos quase-asseverativos alocaram-se na periferia da sentena. Dos delimitadores, 68,18%alocaram-se em posies perifricas, o que nos evidencia a vocao desses

    adverbiais de atuarem como AdvS. O posicionamento dos s3 epistmicos, comoum todo, na periferia da sentena, que evidencia essa vocao dessesconstituintes de atuarem como AdvS, explica-se, conforme mencionamos, emtermos funcionais, luz do Princpio de Ordenao Icnica (Dik, 1997). Se oescopo do satlite epistmico toda a proposio, natural que esse satliteocupe ou a posio 1 ou a posio F. Esse Princpio de Ordenao Icnica deDik, aplicado aos nossos satlites, seria bem explicado luz da Lei da Ordemnatural das coisas, que j se tornou lugar-comum.

    Sobre os epistmicos asseverativos, o percentual desses adverbiaisalocados em posies perifricas (56%) contrariou as nossas expectativas aladasno incio da pesquisa. No entanto, esses adverbiais, mesmo alocando-se emposies intra-sentenciais, preservam seu papel de asseverador do contedoproposicional. No subgrupo dos s

    3asseverativos, confrontamo-nos com o

    advrbio realmente, cuja preferncia por posies intrasentenciais (61,11%dos advrbios realmentealocam-se na estrutura interna da sentena) no inibea atuao deste satlite como advrbio de sentena; pelo contrrio, nessasposies h uma co-ocorrncia de valores prototpico (de advrbio asseverativosentencial) e paraggico (focalizao e intensificao), ou seja, mesmointernando-se na estrutura sentencial, alguns advrbios como o caso doadvrbio realmente (Tescari Neto, 2004c) continuam gerando efeitos deasseverao do contedo proposicional, conforme j observado para o portugusbrasileiro por Castilho & Moraes de Castilho (2002).

    De modo geral, est aqui caracterizada a ordenao dos s3nos inquritos

    do PE. A maioria desses satlites (65,1%) aloca-se em posies perifricas, o querevela a vocao desses adverbiais de escoparem a sentena, o que se explicaem termos do Princpio de Ordenao Icnica. Nas posies intrasentenciais,

    o percentual considervel de adverbiais epistmicos foi explicado em termos daadjacncia satlite-predicado (Princpio de Proximidade do Ncleo) e, paraalguns casos (a exemplo das ocorrncias que envolveram o advrbio realmente),em termos da co-ocorrncia dos valores prototpico e paraggico desempenhadopelo adverbial.

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    RESUMO

    Neste trabalho, o objetivo estudar a ordenao dos adverbiais modalizadoresepistmicos (asseverativos, quase-asseverativos e delimitadores) no portugus europeufalado, valendo-se da Gramtica Funcional (Dik, 1997) como fundamentao terica. Nateoria da Gramtica Funcional, os adverbiais modalizadores epistmicos so denominados

    satlites proposicionais, os quais expressam uma avaliao do falante perante o contedoproposicional. Para a anlise do posicionamento dos modalizadores epistmicos noportugus europeu, valemo-nos dos materiais do Projeto Portugus Fundamental,desenvolvido pela Universidade de Lisboa (constitudo de 40 inquritos), considerandoas seguintes posies (possveis) para os adverbiais ocuparem na estrutura linear dasentena: 1 (inicial), 2, S (geralmente primeiro argumento), 3, V (predicado), 4, O(geralmente segundo argumento), 5, 6, F (final). Dos satlites epistmicos asseverativos,56,56% alocaram-se em posies perifricas; dos quase-asseverativos, 70,58% alocaram-se nessas posies; os delimitadores posicionados na periferia da sentena foramrepresentados por 68,18% do total de modalizadores delimitadores. Essa preferncia dos

    adverbiais epistmicos por posies perifricas explica-se pelo fato de os satlitesepistmicos tomarem como escopo toda a proposio (o que se traduz, em termosfuncionais, luz do Princpio de Ordenao Icnica, proposto em Dik (1997)). O

    posicionamento de alguns adverbiais epistmicos em posies intra-sentenciais, explica-se em virtude da adjacncia com o predicado (Princpio de Proximidade do Ncleo)e,

    para algumas ocorrncias, em virtude da co-ocorrncia dos valores prototpico e paraggicodesempenhados pelo advrbio.

    Palavras-chave: adverbiais modalizadores epistmicos, ordem, Gramtica

    Funcional.

    ABSTRACT

    The aim of this study is to analyse the ordering of the epistemic modal adverbials(assertive, almost-assertive and hedges) in spoken European Portuguese. In ligth of theTheory of Functional Grammar (Dik, 1997). In Functional Grammar theory, epistemicadverbials are called propositional satellites which express some judgement of the speakerin relation to propositional content. For the analysis of the epistemic modal adverbials

    ordering in European Portuguese, data from theProjeto Portugus Fundamental, developedby Universidade de Lisboawere used (the data consists of 40 interviews). The following(possible) positions where the satellite can position in the superficial structure of thesentence were considered: 1 (initial), 2, S (generally first argument), 3, V (predicate), 4,(generally second argument), 5, 6, F (end). From the assertive satellites, 56,56% were

    placed in peripheral positions; of the almost-assertive ones, 70,58% were placed in those

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    positions; hedges, positioned in the periphery of the sentence, represented by 68,18% ofthe total of modal hedges. The epistemic adverbials preference for peripheral positions isexplained by the fact of epistemic satellites take as their target the entire proposition(according to the Principle of Iconic Ordering, proposed by Dik (1997)). The intra-sentential positioning of some epistemic adverbials can be explained in terms of the

    proximity with the predicate (The Principle of Head Proximity) and, for someoccurrences, it can be explained by the co-ocorrence of prototypical and paragogic valuesattributed by the adverb.

    Key-words: epistemic modal adverbials, ordering, Functional Grammar.

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