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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ELISEU ADILSON SANDRI AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EM LAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO OESTE-RO, EM 2007 BRASÍLIA-DF 2008

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnBPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ELISEU ADILSON SANDRI

AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EMLAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO

OESTE-RO, EM 2007

BRASÍLIA-DF2008

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ELISEU ADILSON SANDRI

AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EMLAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO

OESTE -RO, EM 2007

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde doconvênio centro-oeste (UnB, UFG, UFMS,UNIR) como requisito parcial para a obtençãodo grau de mestre em Ciências da Saúde, soba orientação do Profº Drº Pedro Sadi Monteiro.

BRASÍLIA-DF2008

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__________________________________________________________________ELISEU ADILSON SANDRI

Agrotóxicos: Utilização por Trabalhadores Rurais em Lavouras de Feijão noMunicípio de Alta Floresta do Oeste-RO, Em 2007. Eliseu Adilson Sandri - Cacoal,RO: UnB, 2008.

i-xiii, 63 p. : il

Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília,2008.

Orientador – Profº Drº Pedro Sadi Monteiro.

Bibliografia: p.38-45

1- Agrotóxico.2- Lavouras de Feijão3- Intoxicações

__________________________________________________________________

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ii

ELISEU ADILSON SANDRI

AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EMLAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO

OESTE -RO, EM 2007

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ ________________Prof. Dr. Pedro Sadi Monteiro Presidente

_____________________________________ ________________Profª. Drª. Ivone Kamada Membro

______________________________________ ________________Profª. Drª. Maria Cristina Soares Rodrigues Membro

______________________________________ ________________Profª. Drª. Solange Beraldi Suplente

BRASÍLIA-DF2008

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Dedico primeiramente a Deus........

A minha amiga Professora Simone Marçal Quintino,

pelo seu constante incentivo desde a graduação,

pós-graduação até etapa final do Mestrado.

A todos os trabalhadores rurais que se dispuseram

em participar da realização deste.

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iv

"Agradeço a atenção e a colaboração de meu

Professor orientador Dr. Pedro Sadi Monteiro, pelos

seus esclarecimentos e críticas que ajudaram no

desenvolvimento deste trabalho, jamais esquecerei

de seus ensinamentos. Aos colegas de turma, pelas

palavras de apoio em todos os momentos......"

Aos colegas da Secretaria Municipal de Saúde e da

Agência de Defesa sanitária Agrosilvopastoril do

Estado de Rondônia – IDARON –Agência de Alta

Floresta do Oeste-RO, que muito colaboraram na

prestação de informações.

E a todos aqueles que participaram deste trabalho

direta ou indiretamente prestando informações para

que se fosse possível a realização do mesmo.

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"Confiança na sua própria capacidade éimprescindível para que se possa ousar eenfrentar desafios"

Emanuel Leite.

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RESUMO

A utilização de agrotóxicos em alta quantidade e variedade contribui para aocorrência de danos à saúde humana e ambiental. Desde a década de 50, quandose iniciou a "revolução verde", foram observadas profundas mudanças no processotradicional de trabalho na agricultura bem como em seus impactos sobre o ambientee a saúde humana. A agricultura é a principal atividade econômica do município deAlta Floresta do Oeste - RO, sendo esta, caracterizada pela presença da agriculturafamiliar, este tipo de cultura se baseia em propriedades pequenas com cultivo deculturas temporárias. Entre essas, se destaca a cultura do feijão e que devido apouca estrutura das propriedades e falta de tecnologia, acabam por incluir autilização de agrotóxicos de maneiras incorretas, podem vir a acarretar casos deintoxicações. A utilização dos agrotóxicos no meio rural brasileiro vem trazendo umasérie de conseqüências, tanto para o ambiente, como para a saúde do trabalhadorrural. Em geral, essas conseqüências são condicionadas por fatores intrinsecamenterelacionados, tais como o uso inadequado dessas substâncias, a alta toxicidade decertos produtos, falta de utilização de equipamentos de proteção individual eprecariedade dos mecanismos de aplicação e de vigilância. O presente estudo tevecomo objetivo principal de conhecer a magnitude da utilização de agrotóxicos portrabalhadores rurais em lavouras de feijão no Município de Alta Floresta - RO, em2007. Para isso realizou-se um trabalho do tipo transversal descritivo e analítico; aamostra foi constituída por 74 trabalhadores. Analisando-se os dados através dosoftware EPI-INFO 6.04, foi possível identificar que os trabalhadores do sexomasculino representavam 86,5% dos entrevistados e que tinha idade variável entre18 e 68 anos com média de 42,7 ± 13,7 anos, a maior parte deles 74,3% eramproprietários das terras em que viviam e um baixo nível de escolaridade também foiverificado, onde 72,9% dos entrevistados tem no máximo a quarta série primária. Foiverificado entre os entrevistados que 25,7% já sofreram intoxicação aguda e quenão fazem uso de EPI’s, o que pode contribuir para o aumento de casos deintoxicação. Verificou-se também a opção por incinerar embalagens vazias, e que foide maior prevalência - 21 (28,4%), a opção de colocar em local próprio, o quedeveria ser o mais correto, foi o destino da embalagens vazias de 18 (21,3%) e 14(18,9%) dos produtores deixam essas embalagens em qualquer lugar no campo.Dessa forma conclui-se que devido a utilização incorreta, inadequada e em grandeescala de agrotóxicos nas lavouras de feijão no município de Alta Floresta do Oeste– RO faz com que exista naquela um grande número de casos de intoxicaçãohumana bem como elevados danos ambientais, provocados pela ação dos mesmos.

Palavras-Chave: Agrotóxicos, Lavouras de Feijão, intoxicações.

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ABSTRACT

The use of agriculture toxic chemicals in high quantity and variety greatly contributesto the occurrence of health and environmental problems. Since 1950 decade, whenthe “green revolution” began, great changes in the traditional process of agriculturalwork were observed, as also, its impact on human health and on the environment.The agriculture is the main economic activity in the city of Alta Floresta do Oeste,being mainly characterized by the presence of family agriculture, which ischaracterized by small farms with temporary cultivation, with bean being the mainproduct cultivated. Because of the lack of technology and the lack of appropriatestructure, the use of agricultural toxic chemicals in inappropriate ways occurs,representing danger to human health, and causing intoxications. In general, theutilization of toxic chemicals in the Brazilian rural areas is causing a series ofconsequences not only to our natural environment, as also to the health of theagriculturist. In general, these consequences are conditioned by intrinsically relatedfactors, such as the inadequate use of these substances, the high toxicity of certainproducts, the lack of protecting equipment use, and the precarious application andvigilance mechanisms used. The main purpose of this study is to show themagnitude of the use of toxic chemicals by agriculturists in the bean crops of AltaFloresta do Oeste – RO, in 2007. For that purpose, a transversal descriptive-analytical research was done; the data was composed of 74 workers in the beancrops of Alta Floresta do Oeste – RO. Analyzing the data through EPI-INFO 6.04software, it was identified that male workers represent 86.5% of the groupinterviewed, and their age range between 18 and 68 years old, being 42.7 ± 13.7 theaverage age. Most of them (74.3%) were the farm owners were they lived, and a lowlevel of education was also identified with 72.9% of the interviewed having completedonly up to the 4th grade. It was also verified that 25.7% of the interviewed have hadacute intoxication, and they do not use EPI’s, fact that contributes to the increase ofintoxication cases. It was also observed that the incineration of empty packages wasthe main practice among them 21 (28.4%), the correct option of putting them in theappropriate place was 18 (21.3%), and 14 (18.9%) of the agriculturists leave thosepackages in various places within the fields, increasing the risks of humanintoxication and environmental damage.

Key Words: Agriculture Toxic Chemicals, Bean Crops, Intoxications.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação, a utilização, os grupos e exemplos dos principais

agrotóxicos com formulações comercial ...................................................................06

Quadro 2. Classificação toxicológica, periculosidade, classe toxicológica e cor da

faixa no rótulo de produto agrotóxico .........................................................................07

Quadro 3: Casos de intoxicação humana por agentes tóxicos e circunstâncias –

Brasil (2003) ...............................................................................................................15

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo e a faixa etária .................25

Tabela 2: Distribuição dos entrevistados, quanto a escolaridade e a relação com a

propriedade, Alta Floresta do Oeste, 2007.................................................................26

Tabela 3: Distribuição dos entrevistados, quanto ao tempo de uso mensal de

agrotóxico em relação aos casos de intoxicação, Alta Floresta do Oeste, 2007........30

Tabela 4: Distribuição dos entrevistados, quanto informações do uso de agrotóxico

na lavora em relação aos casos de intoxicação, Alta Floresta do Oeste, 2007..........33

Tabela 5: Distribuição dos entrevistados, quanto aos cuidados durante e após o

manuseio dos agrotóxicos, Alta Floresta do Oeste, 2007. .........................................36

Tabela 6: Distribuição dos entrevistados, quanto ao que é feito com as embalagens

vazias, Alta Floresta do Oeste- RO, 2007. .................................................................37

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x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição da área pesquisada em relação a cultura desenvolvida, Alta

Floresta do Oeste/RO, 2007.......................................................................................27

Figura 2: Distribuição dos produtores pesquisados quanto a incidência de casos de

intoxicação, Alta Floresta do Oeste/RO, 2007............................................................29

Figura 3: Distribuição dos produtos mais utilizados pelos produtores pesquisados,

Alta Floresta do Oeste/RO, 200 .................................................................................31

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

Anvisa - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho

CIATs - Centros de Informações e Assistência Toxicológicas

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

CNUMH - Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano

DP - Desvio Padrão

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria

EPI - Equipamentos de Proteção Individual

FAO -Food and agriculture organization

FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

ha - hectares

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatíistica

IDARON - Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de RO

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e reforma Agrária

INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento.

mg/kg - Miligrama por Quilograma

MS - Ministério da Saúde

OIT - Organização Internacional do Trabalho

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Pam Americana de Saúde

PISQ - Programa Internacional em Segurança Química

SAI - Sistema de Informações sobre Agrotóxicos

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................... vi

ABSTRACT ............................................................................................................... vii

LISTA DE QUADROS ...............................................................................................viii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. ix

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... x

LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................01

2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................062.1. Classificação dos Agrotóxicos ...........................................................................06

2.2. O Avanço Tecnológico e o Crescimento da Utilização de Agrotóxicos .............. 08

2.3. Programa Internacional de Segurança Química................................................. 10

2.4. Intoxicação Humana por agrotóxico ...................................................................13

2.5. O Cultivo do Feijão............................................................................................. 16

3. OBJETIVOS..........................................................................................................193.1. Objetivo Geral ....................................................................................................19

3.2. Objetivos Específicos ......................................................................................... 19

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 204.1. Caracterização e Definição da área de Estudo .................................................. 20

4.2. Tipo de Estudo ...................................................................................................21

4.3. Tamanho da Amostra......................................................................................... 21

4.4. Critérios de inclusão .......................................................................................... 21

4.5. Instrumentos para Coleta de Dados ..................................................................22

4.6. Procedimento ....................................................................................................22

4.7. Questões Éticas ................................................................................................ 23

4.8. Análise dos Dados ............................................................................................ 23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................25

6. CONCLUSÃO ......................................................................................................39

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xiii

7. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 41

REFERÊNCIAS.........................................................................................................42

ANEXOS ................................................................................................................... 50

ANEXO 1................................................................................................................... 51

ANEXO 2................................................................................................................... 54

ANEXO 3................................................................................................................... 55

ANEXO 4................................................................................................................... 57

ANEXO 5................................................................................................................... 58

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1

INTRODUÇÃO

A palavra “agrotóxico” é designada pela Lei Federal n.° 7 802 de 11/07/89,

regulamentada pelo Decreto n.o 98 816, no seu artigo 2, inciso I, como sendo toda e

qualquer substância química ou mistura de substâncias utilizadas para controlar ou

destruir organismos vivos indesejáveis (BRASIL, 1989), estas substâncias são

utilizadas em todo o mundo, principalmente na agricultura como a principal

estratégia no campo, para o combate e a prevenção de pragas na lavoura.

Atualmente o Brasil é o quarto maior mercado mundial em consumo dessas

substâncias, perdendo apenas para os Estados Unidos, Japão e França e

considerando apenas a área cultivada passa a ser o oitavo. Estima-se que de 2,5 a

3 milhões de toneladas de agrotóxicos são utilizados a cada ano na agricultura

mundial, envolvendo um comércio de cerca de 20 bilhões de dólares (AGROFIT,

1998). De acordo com Peres (1999), só o Brasil importou em 1997, US$ 211,902

milhões em agrotóxicos, isto significa 40 vezes mais do que foram importados em

1960, quando estes produtos começaram a surgir no mercado nacional (ANDRADE,

1995).

O manuseio inadequado e a aplicação indiscriminada de agrotóxicos podem

causar efeitos indesejáveis, afetando tanto a saúde humana quanto ecossistemas

naturais, mas, neste caso sem dúvida, a primeira categoria é a mais afetada por

estes (CALDAS e SOUZA, 2000). A exposição a agrotóxicos pode levar a problemas

respiratórios, tais como bronquite asmática e outras anomalias pulmonares; efeitos

gastrointestinais, e, para alguns compostos, como organofosforados e

organoclorados, distúrbios musculares, debilidade motora e fraqueza (ANTLE e

PINGALI, 1994).

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A magnitude do impacto resultante do uso de agrotóxicos sobre o homem do

campo é retratada pelos números de casos de intoxicação por estes produtos, a

Organização Mundial da Saúde (OMS, 1990), estima que ocorram anualmente no

mundo cerca de 3 milhões de intoxicações agudas provocadas pela exposição aos

agrotóxicos, com aproximadamente 220 mil mortes por ano. Somente no Brasil

foram registrados 26.164 casos de intoxicação provocados por agrotóxicos no

campo entre 1997 e 2001 (SINITOX, 2002).

Estes números refletem a falta de conhecimento dos riscos associados a sua

utilização, o conseqüente desrespeito às normas básicas de segurança e a livre

comercialização, tudo isso constitui importantes causas que levam ao agravamento

dos quadros de contaminação humana e ambiental observados no Brasil. Aliado a

tudo isso são acrescentados a deficiência da assistência técnica ao homem do

campo, a falta de legislação e de controle do uso adequado destes produtos e o

baixo nível de informação dos trabalhadores quanto aos riscos a que estão expostos

(PIMENTEL, 1996; PERES, 1999; OLIVEIRA-SILVA et al., 2001; ECOBICHON,

1996).

Os custos sociais e ambientais decorrentes do uso de agrotóxico não são

internalizados na produção. Isso significa que resta ao poder público o dano

ambiental e da saúde e o custo com a reparação, a qual, certamente, não tem sido

realizada, potencializando o ciclo de crescente destruição dos ecossistemas e o

comprometimento da qualidade de vida do ser humano (OMS, 1985).

A agricultura é a principal atividade econômica do município de Alta Floresta

do Oeste, sendo esta caracterizada pela presença da agricultura familiar, este tipo

de cultura se baseia em propriedades pequenas com cultivo de culturas temporárias.

Geralmente pequenas propriedades são caracterizadas pela pouca tecnologia nas

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práticas agrícolas, incluindo o uso de pulverizadores costais para aplicação de

agrotóxicos, e pouco suporte técnico e especializado, que podem favorecer a

ocorrência de intoxicações.

A cultura temporária que se destaca no município de Alta Floresta do Oeste é

a cultura de feijão, produto este que tem o Brasil como maior produtor e consumidor

mundial, somente em 2004, foram produzidos cerca de 2,5 milhões de toneladas de

feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) em 2,6 milhões de hectares, nas três safras,

com produtividade média de 957 kg/ha (LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA

PRODUÇÃO AGRÍCOLA, 2004), segundo dados da EMATER-RO, este município se

destaca como maior produtor estadual.

É comprovado cientificamente, que o uso inadequado e o uso sem

discernimento de agrotóxicos se agravam cada vez mais, gerando riscos às vezes

irreparáveis a saúde humana, os danos podem atingir os aplicadores, os membros

da comunidade, onde os mesmos estão sendo utilizados e ou armazenados, os

consumidores de alimentos contaminados com resíduos, os indivíduos que utilizam

água contaminada. Enfim, este é um tipo de risco ao qual toda a população está

exposta, direta ou indiretamente, assim como, tem causado problemas ambientais

em escala mundial. (BORGES, FABBRO, RODRIGUEZ Jr, 2004).

Devido à utilização incorreta, inadequada e em grande escala de agrotóxicos

nas lavouras de feijão no município de Alta Floresta do Oeste – RO, optou-se

realizar a pesquisa naquele município, de forma que esta venha a contribuir para a

conscientização dos trabalhadores quanto ao uso destes produtos e

consequentemente com o número de casos de intoxicação que se tornou um

problema de saúde pública naquele município, levando em consideração também o

conhecimento de causa do pesquisador, que outrora fora, representante de empresa

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4

química na região, e sempre buscou fazer um trabalho de conscientização junto aos

agricultores, no intuito de um uso mais responsável desses produtos.

Outro indicador de peso na escolha do local foram os relatos por técnicos da

UNIDADE MISTA em 2005, hospital estadual do município de Alta Floresta do

Oeste-RO, grandes números de notificações de agravos à saúde, devido à formas

diversas de intoxicações por produtos químicos.

Diante desse quadro, verifica-se a importância de estudos de percepção de

risco de uso desses produtos, como também a questão de armazenamento, assim

espera-se que este tenha valia no auxílio para obtenção de sucesso de políticas e

estratégias no campo da saúde, como por exemplo: campanhas informativas,

educativas, treinamentos, palestras, ou seja, a importância dos temas abordados no

contexto da teoria da otimização.

De acordo com Peres (2002:135);

[...] é muito mais difícil obter uma definição do que é o risco por parte deuma população ‘leiga’(cujos saberes diferem em sua origem e construção,daqueles dos avaliadores técnicos que trabalham o conceito de risco).Segundo o autor, o risco para esse grupo, é sinônimo de perigo, daí, osriscos, para os usuários, podem passar despercebidos pelos mesmos.

Com a realização da presente pesquisa poderá ser possível verificar a relação

entre a cultura do feijão e as intoxicações por substâncias agroquímicas em

trabalhadores rurais do município de Alta Floresta do Oeste, onde em levantamento

preliminar realizado em áreas do município em que existem culturas de feijão,

observou-se que os trabalhadores não seguem normas de proteção de saúde

durante o manuseio de agrotóxicos.

A condição observada pode ser motivo de risco à saúde dos trabalhadores,

especialmente, doenças ocupacionais decorrentes de contato com agrotóxicos por

longos períodos. No caso de doenças que tenham como causa a exposição a

agrotóxicos, pode ser difícil a comprovação da associação de que conseqüências

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danosas possam ter origem durante o período de manuseio dos agrotóxicos,

podendo gerar com isso um problema social.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Classificação dos Agrotóxicos

Existem atualmente no Brasil cerca de 300 princípios ativos, que são

encontrados em mais de 2 mil formulações comerciais diferentes, por isso é

importante conhecer a classificação dos agrotóxicos quanto à sua ação e ao grupo

químico a que pertencem. Essa classificação também é útil para o diagnóstico das

intoxicações e instituição de tratamento específico (BAHIA, 1995).

Quadro 1: Classificação, a utilização, os grupos e exemplos dos principaisagrotóxicos com formulações comerciais.

Classificação Utilização Grupos Exemplos

InseticidasNo combate ainsetos, larvas eformigas.

Organofasforados; Carbonatos; Organoclorados; Piretróides.

Folidol, Azodrin,Malation, AldrinZeclram, EndrinFuradan.

Fungicidas No combate afungos

etileno-bis-ditiocarbonatos: trifenil estânico: captan: hexaclorobenzeno

Maneb, Mancozeb,Dithane, Zineb,Tiram; Duter eBrestan, Merpan

Herbicidas No combate aervas daninhas

paraguat glifosato pentacloofenol derivados do ácidofenoxiacético dinitrofenóis.

GramoxoneRound-upTordonDinoseb a DNOC

Outros grupos importantes compreendem:

raticidas ( dicumarínicos ): utilizados no combate a roedores;

acaricidas:ação de combate a ácaros diversos;

nematicidas: ação de combate a nematóides;

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7

molusquicidas: ação de combate a moluscos, basicamente contra o

caramujo da esquistossomose;

fundgantes: ação de combate a insetos, bactérias: fosfetos metálicos

(fosfina) e brometo de metila.

Os agrotóxicos são classificados ainda, segundo seu poder tóxico. Esta

classificação é fundamental para o conhecimento da toxicidade de um produto, do

ponto de vista de seus efeitos agudos. No Brasil, a classificação toxicológica está a

cargo do Ministério da Saúde.

A classificação toxicológica é baseada na identificação do componente de

risco referente a uma substância química e diferencia a toxidade dos praguicidas,

com base no ingrediente ativo e sua formulação.

As características tóxicas de uma substância ou composto químico é avaliado

por experimentações em animais de laboratório. A avaliação toxicológica do produto

permite a detecção de possíveis efeitos graves para a saúde que possam impedir o

registro e a utilização de um determinado praguicida. No caso presente, estará em

foco a ação dos praguicidas sobre animais que possuem temperatura corporal

constante (chamados de animais de sangue quente) como por exemplo aves e

mamíferos..

Quadro 2. Classificação toxicológica, periculosidade, classe toxicológica e cor dafaixa no rótulo de produto agrotóxico.

GruposClasse

DL 50Dose capaz de matar uma

pessoa adultaFaixa no

rótulo

Extremante tóxicos I < 5 mg/kg 1 pitada – algumas gotas Vermelha

Altamente tóxicos II 5-50 Algumas gotas – 1 colher de chá Amarela

Medianamente tóxicos III 50-500 1colher de chá -2 colheres de sopa Azul

Pouco tóxicos IV 500-5000 2 colheres de sopa – 1 copo verde

Muito pouco tóxicas ---- 5000 ou+ 1 copo – 1 litro ------

Fonte: OPAS/OMS, (1985)

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2.2. O Avanço Tecnológico e o Crescimento da Utilização de Agrotóxicos

Com o desenvolvimento tecnológico nos processos químicos industriais,

principalmente a partir da II Guerra Mundial, e o impulso pela concorrência

capitalista e a globalização da economia de escala, vem resultando na expansão da

capacidade de produção, armazenamento, circulação e consumo de substâncias

químicas em nível mundial. A comercialização de substâncias orgânicas em patamar

global é um exemplo disto, passando de sete milhões de toneladas em 1950 para 63

milhões em 1970, 250 milhões em 1985 e mais trezentos milhões no início da

década de 90 (KORTE e COULSTON, 1994).

Segundo o Programa Internacional em Segurança Química (PISQ), existem

mais de 750.000 substâncias conhecidas no meio ambiente, sendo de origem

natural ou resultado da atividade humana (IPCS, 1992). Cerca de setenta mil são

cotidianamente utilizadas pelo homem, e aproximadamente quarenta mil em

significantes quantidades comerciais (IPCS/RPTC, 1992). Desse total, calcula-se

que apenas cerca de seis mil substâncias possuam uma avaliação considerada

como minimamente adequada sobre os riscos à saúde do homem e ao meio

ambiente. Acrescente-se a este quadro a capacidade de inovação tecnológica no

ramo químico, que vem colocando disponível no mercado, a cada ano, entre mil e

duas mil novas substâncias.

Este processo de crescimento do setor químico se encontra estreitamente

relacionado ao desenvolvimento de uma economia global altamente interdependente

e iníqua, em que a produção, o comércio e os investimentos vêm consolidando um

processo de divisão internacional do trabalho, que tem conduzido a uma divisão

internacional dos riscos e dos benefícios.

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Enquanto cerca de 20% da população mundial, situada principalmente nos

países industrializados, consomem aproximadamente 80% dos bens produzidos, os

outros 80%, situados em geral nos países em industrialização, consomem apenas

20% (MACNEILL, WINSEMIUS e YAKUSHIJI, 1992). Na Índia, por exemplo, onde

houve o acidente químico ampliado mais grave registrado em toda a história da

humanidade (mais de 2.500 óbitos imediatos na cidade de Bhopal, em 1984, o

consumo de produtos resultantes da tecnologia química era de 1kg per capita,

enquanto nos países industrializados esse consumo era de 30 a 40 kg per capita

(MURTI, 1991).

O Brasil, dentre outros países em industrialização, como Índia e México,

sofreu um processo de intensificação de seu crescimento econômico entre os anos

60 e 80 mediante grande endividamento externo – encontra-se entre os países com

maior dívida externa -, aumento da participação de indústrias multinacionais no

processo de industrialização e forte intervenção do Estado na economia. Em 1990,

dentre os segmentos constituintes do setor industrial, o químico representava cerca

de 19% da produção do país.

De acordo com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística), ano de 2002, do total da receita líquida de

vendas de todo o setor industrial brasileiro, a indústria química respondeu por cerca

de 22% (IBGE, 2002) e na atualidade ocupa um lugar de destaque no mundo,

encontrando-se em oitavo lugar.

No Brasil, o modelo de desenvolvimento econômico adotado, sustentado pela

ausência de um sistema político democrático, particularmente entre os anos 60 e 80,

e grandes transformações na sociedade, combinando concentração de capital,

exploração da mão-de-obra e abandono ou omissão do poder público no controle e

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prevenção dos riscos químicos, resultou em rápida e desordenada industrialização.

Paralelamente, ocorreu um intenso e incontrolado processo de urbanização,

acompanhado de grande fluxo migratório do campo e das regiões mais pobres para

os grandes centros urbanos, relegando ao plano secundário os problemas sociais,

humanos ou ambientais (BECKER e EGLER, 1993).

Uma das conseqüências desse processo foi o assentamento de parte dessas

populações pobres e com baixo nível de escolaridade, que migraram do campo na

busca de melhores condições de vida e trabalho, nas áreas periféricas dos grandes

centros urbanos, passando a viver em condições precárias e sem acesso aos bens e

serviços básicos de saneamento, saúde e educação. Situação similar, em termos de

condições precárias de vida e trabalho, ocorreu também para aqueles que ficaram

nas áreas rurais.

O resultado foi a constituição de padrões inferiores de segurança e de

proteção ambiental e à saúde não só no nível internacional, mas também no nível

interno dos países de economia periférica, definindo, assim, as áreas salubres e

seguras e as insalubres e inseguras (BARBOSA, 1992; GUILHERME, 1987;

TORRES, 1993).

2.3. Programa Internacional de Segurança Química (PISQ)

A segurança química não é um tema descontextualizado do mundo atual, em

que a maioria da população do planeta vive excluída dos benefícios da

modernização/globalização. Esta mesma população, no papel que lhe cabe na

divisão internacional do trabalho, vem arcando com os riscos de um modelo de

desenvolvimento iníquo em sua natureza e dinâmica. Poucas tentativas têm sido

realizadas em anos recentes para retificar tal situação. Ainda que possa se

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considerar que muitos indicadores de progresso social - mortalidade infantil,

educação, expectativa de vida e nutrição - melhoraram significativamente em termos

de médias globais, milhões de pessoas no planeta, expostos à poluição química,

ainda vivem a ausência de água potável e saneamento (CGG, 1995).

Enfrentar as incertezas inerentes ao nosso atual modo científico de avaliaros problemas de origem química e compreender o problema de modoamplo e sistêmico envolve, então, integrar os múltiplos e simultâneosaspectos de diferentes naturezas. Nesta perspectiva, as políticas globais elocais de produção, transporte, comercialização, armazenamento, descartee segurança, assim como as direções dadas ao desenvolvimento datecnologia química estarão, simultaneamente e de modo inextricável,interagindo com as emissões de substâncias químicas que atingirão solos,águas, atmosfera e cadeia alimentar [...] (FREITAS, 2002)

Estas emissões, mediadas por reações químicas e relações sociais, culturais,

econômicas e de poder, resultarão tanto nos diferentes níveis de contaminação dos

seres humanos e ecossistemas, como nos diferentes níveis de capacidade de

resposta social ao problema. Isto implica que os processos decisórios sobre riscos

químicos com vistas à governança não podem ser realizados tendo-se por base

somente as limitadas predições técnico-científicas, exigindo-se que considerações

acerca dos inúmeros aspectos apontados, assim como, também, os inerentes

valores e interesses em jogo, façam parte dos mesmos, complementado os aspectos

de políticas públicas (FUNTOWICZ e RAVETZ, 1993).

Como observam De Marchi e Ravetz (1999), muitos dos novos riscos, como

os de origem química, combinam extremas incertezas com possibilidade de danos

extensivos e irreversíveis, exigindo novas formas de processos decisórios.

A segurança química como tema de preocupação internacional aparece já na

Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (CNUMH),

realizada em Estocolmo (Suécia), em 1972. As recomendações dessa conferência

conduziram ao estabelecimento em 1980 do Programa Internacional de Segurança

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Química (PISQ), uma “joint venture” da Organização Mundial da Saúde (OMS), da

Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (PNUMA) (ARCURI e FREITAS, 2001; PLESTINA e

MERCIER, 1996). O objetivo inicial do PISQ era prover uma base científica

reconhecida internacionalmente, para que os diversos países pudessem

desenvolver suas próprias medidas de segurança química (PLESTINA e MERCIER,

1996).

Vinte anos após a conferência de Estocolmo, foi realizada em 1992, no Brasil,

a CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento), que teve como um dos principais documentos aprovados a

Agenda 21, onde se encontra o Capítulo 19, exclusivamente dedicado ao tema.

Neste capítulo são apontados os problemas de poluição química em grande escala,

presentes e futuros, reconhecendo ser a situação mais grave nos países em

industrialização por conta da: (1) falta de dados científicos para avaliar os riscos

inerentes à utilização de numerosos produtos químicos e; (2) falta de recursos para

avaliar os produtos químicos para os quais já se dispõe de dados (CNUMAD, 1992).

Dentre o conjunto de estratégias internacionais fixadas no capítulo 19, foram

estabelecidas seis áreas programáticas, que são: (1) expansão e aceleração da

avaliação internacional dos riscos químicos; (2) harmonização da classificação e da

rotulagem dos produtos químicos; (3) intercâmbio de informações sobre os produtos

químicos tóxicos e os riscos químicos; (4) implantação de programas de redução dos

riscos; (5) fortalecimento das capacidades e potenciais nacionais para o manejo dos

produtos químicos; (6) prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos

e perigosos.

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Ainda em relação às estratégias internacionais, em 1994 foi criado o FISQ

(Fórum Intergovernamental de Segurança Química), com o objetivo de constituir um

novo mecanismo de cooperação entre governos para promover a avaliação dos

riscos das substâncias químicas e sua gestão ecologicamente racional, buscando

integrar e unificar os esforços nacionais e internacionais e, ao mesmo tempo, evitar

a duplicação de atividades e gastos (IFCS, 1997).

Embora se trate de um fórum intergovernamental, é reconhecido que as

questões relativas à segurança química, particularmente as referentes às seis áreas

programáticas do Capítulo 19, não podem ser levadas a cabo somente pelos

governos, tornando-se necessária a participação da indústria, dos diferentes grupos

de interesse não governamentais representando comunidades expostas,

trabalhadores e organizações intergovernamentais e científicas, entre outros.

Todos estes esforços internacionais referentes à segurança química não

podem ser compreendidos de modo descontextualizado. Como é observado pela

Comissão sobre Governança Global (CGG, 1995), o crescimento nas quantidades

de produtos químicos produzidos tem resultado em níveis de poluição em uma

escala tal que vem alterando a composição química das águas, do solo, da

atmosfera e dos sistemas biológicos do planeta, colocando em perigo não só o bem-

estar, mas também a sobrevivência do planeta.

2.4. Intoxicação Humana por Agrotóxicos

Segundo Pires, et al, (2005) o Serviço Integrado de Informação Tóxico-

Farmacológica do Ministério da Saúde, registrou em 2001, 5.384 casos de

intoxicação provocados por agrotóxicos no país, correspondendo a 7,1% do total das

intoxicações.

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Dados divulgados pela Fundação Instituto Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e do

Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), ambas

vinculadas ao Ministério da Saúde (MS) em 2002, foram 75.212 casos e, em 2003,

foram registrados 82.716 casos de intoxicação humana por diferentes agentes

tóxicos em várias situações circunstânciais. Dos 5.570 casos de intoxicação

atribuídos à circunstância ocupacional, 1.748 (31,4%) foram causados por

agrotóxicos de uso agrícola.

Segundo Peres, et al. (2001), o Ministério da Saúde estima que, para cada

caso de intoxicação por agrotóxicos notificados, há outros 50 não notificados. Desse

modo se considerarmos os casos registrados em 2003 atribuídos à circunstância

ocupacional, o número de casos se elevaria para 87400. Considerando apenas os

dados registrados nos Centros de Informação Toxicológicas e Assistência

Toxicológica (CIAT), pode se imaginar que o número de intoxicações que ocorrem no

Brasil atinge patamares bem elevados (TRAPÉ, 2006).

Se todos os casos fossem registrados nos CIAT’s, seria possível delinear um

mapa da situação do país no que diz respeito à intoxicação. Os profissionais nos

CIAT’s documentam todos os atendimentos prestados à população e encaminham as

fichas para um banco de notificações. Assim, as informações coletadas chegam mais

rapidamente à ANVISA e ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-

Farmacológicas (SINITOX).

Para facilitar esse registro os CIAT’s, a ANVISA criou o Disque-Intoxicação,

que atende pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido

por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência

Toxicológica (Renaciat) ou ainda o usuário pode procurar uma unidade mais próxima,

pois estes centros também funcionam em hospitais universitários, Secretarias

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Estaduais e Municipais de Saúde e fundações. Há estados que ainda estão em

processo de abertura dos centros, como Amapá, Acre, Maranhão e Tocantins.

Moreira, et al. (2002) relata que um fator que corrobora para a não notificação

dos eventos ocasionados por agrotóxicos é o fato de inexistência do CIAT em várias

localidades produtoras importantes, e usuárias de agrotóxicos, encontrando estes

somente em algumas capitais, o que dificulta o acesso da população rural a estes

centros, outro fator que contribui para o não registro dos eventos é uma cobertura

insuficiente do território nacional pelo CIAT, ocorrendo uma disparidade entre os

centros nas regiões (OLIVEIRA et al., 1995), estando presente em apenas 18

unidades da federação (FIOCRUZ, 2002).

No quadro a seguir encontram-se os levantamentos preliminares dos casos

de intoxicação humana, referentes ao ano de 2003, registrados pela FIOCRUZ,

SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas) e MS,

provocada pelos agentes toxicológicos e de algumas circunstâncias de suas

ocorrências. Verifica-se que os agrotóxicos de uso agrícola estão entre os que mais

causam intoxicação nas mais diversas circunstâncias, ficando atrás somente dos

domissanitários.

Quadro 3: Casos de intoxicação humana por agentes tóxicos e circunstâncias –Brasil (2003)

Circunstâncias

AgentesAcidenteindividual

Acidentecoletivo

AcidenteAmbiental

Ocupa-cional

Ingestão dealimentos

Tentativade suicídio Total

Agrotóxico/usoAgrícola

1613 113 23 1748 4 2185 5686

Agrotóxico/usodoméstico

1385 44 23 97 3 797 2349

Raticidas 1494 48 2 21 9 2455 4029

Domissanitários 5461 60 10 224 6 793 6554

Alimentos 148 61 - 3 271 2 485

Total 10101 326 58 2093 293 6232 19103

Fonte: MS/FIOCRUZ/SINITOX (2003).

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A intoxicação em si é o primeiro dos graves problemas dos agrotóxicos e é

comum ao trabalhador rural apresentar algum tipo de intoxicação pelo menos uma

vez no decorrer da vida, ou mais, por diferentes tipos de agrotóxicos de forma

crônica, caracterizando assim uma agricultura “suicida”. Esta situação, adicionada às

demais já citadas, diferencia o agricultor das outras categorias de trabalhadores, pois

ao longo do exercício de suas atribuições tem contato com numerosos produtos

tóxicos, o que o expõe a diversos tipos de agroquímicos, por vezes simultaneamente,

por períodos prolongados e freqüentes, o que complexifica a avaliação dos danos à

saúde provocados pela exposição a estes produtos, especificamente os

denominados efeitos tardios (SCHÜLER SOBRINHO, 1995 apud, SILVA 2003).

2.5. O Cultivo do Feijão

De acordo com o departamento de estudos socioeconômicos rurais, o feijão

teve foi um dos dez produtos agropecuários que tiveram aumento de produção entre

os anos de 1961 e 2005, passando sua produção mundial de 11.228.313 toneladas

em 1961, para 18.747.741 toneladas em 2005, o que representa um aumento de

67,0% na produção.

Existe hoje uma tendência de ampliação da área produtiva dos produtos

destinados à exportação, em especial da soja, e uma redução da área destinada aos

produtos de mercado interno. No caso do feijão, houve uma queda de 16,5% na

área cultivada, essa queda na área de cultivo dos produtos de mercado interno,

porém foi compensada em parte pelo aumento da produtividade de 34% na

produção total, no caso do feijão (FAO, 2006).

Mas as políticas públicas e seus legisladores devem lembrar que o feijão é

um alimento consumido por todas as classes sociais, vital na nutrição da população

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de baixa renda, por isso, deve garantir incentivos para a produção afim de que haja

aumento da demanda garantido o abastecimento regular com preços acessíveis.

Segundo a EMBRAPA (2000), a análise do consumo de feijão no Brasil,

primeiramente deve-se ressaltar que, apesar de importante, o feijão tem merecido

pouca atenção por parte daqueles que estudam a oferta e a demanda de alimentos.

Dessa forma, há muitos questionamentos, mas alguns pontos são de consenso, por

exemplo: sabe-se que o consumo de feijão varia conforme a região, local de moradia

e condição financeira do consumidor, com o tipo e cor de grãos entre outros

aspectos.

De uma forma simplificada, pode-se dizer que o consumo médio per capita de

feijão na década de 1960 foi de 23 kg/habitante/ano, enquanto nas décadas de

1970, 1980 e 1990 foi, respectivamente de, 20, 16 e 17 kg/habitante/ano. Por outro

lado, enquanto no período de 1974 a 1975, o consumo metropolitano per capita foi

de 16,5 kg/ ano, o consumo rural foi quase o dobro, 32 kg/ ano.

Segundo dados do IBGE (2002), a quantidade de feijão produzida na região

de Alta Floresta do Oeste no ano de 2002, é um pouco maior que a média nacional

(572 kg/ha), com uma área plantada de 9.235 hectares, foram colhidas 8.312

toneladas rendendo em média 900 kg/ha. Mesmo representando 17,2% da área

colhida e 16% da produção mundial, o Brasil, com a produtividade atual, se coloca

abaixo da média mundial que é de 627 kg/ha e bem inferior a países como EUA com

1.785 kg/ha e China com 1.418 kg/há (FAO, 2006).

O estudo das tendências do consumo de feijão é relevante pelos seus

aspectos econômico, social e cultural, pois um país como o Brasil que tem sua

identidade cultural marcada por esse tipo de alimentação tradicional, deve valorizar

os benefícios que esse alimento traz à saúde das pessoas. Esse assunto sempre

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esteve no rol de temas prioritários dos planejadores de políticas e, mais

recentemente, em virtude da maior preocupação com a saúde, uma parcela dos

consumidores passou a se interessar com mais veemência pelo tema. Esse grupo

demonstra interesse pelas qualidades nutricionais, pelo processo, tecnologias e

ingredientes utilizados na fabricação e aspectos da comercialização dos alimentos.

Por outro lado, uma parcela dos consumidores tem optado pela modernidade,

representada pelas marcas globais e fast food. Assim aparece a necessidade dos

produtores de buscarem alternativas mais adequadas às exigências do consumidor,

oferecendo-lhes produtos semi-prontos, como também a oferta de feijão orgânico

(WANDER e FERREIRA, 2001).

O que de fato não se pode esquecer é o significado de percepção de riscos. A

mesma é definida como sendo a habilidade de interpretar uma situação de potencial

dano à saúde ou à vida da pessoa, baseada em experiências anteriores e sua

extrapolação para um momento futuro, habilidade esta que varia de uma vaga

opinião a uma firme convicção (PERES, et al, 2005).

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Conhecer a magnitude da utilização de agrotóxicos por trabalhadores rurais

em lavouras de feijão no Município de Alta Floresta do Oeste - RO, em 2007.

3.2. Objetivos Específicos

Conhecer o perfil epidemiológico (idade, sexo, grau de escolaridade,

cursos de capacitação realizados) dos trabalhadores em lavouras de feijão;

Identificar os tipos de agrotóxicos que são utilizados;

Verificar a destinação das embalagens vazias de agrotóxicos após o uso.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Caracterização e Definição da Área de Estudo

O município de Alta Floresta do Oeste está localizado, no Estado de

Rondônia, a 541 Km de Porto Velho, a capital do Estado, limita-se ao Norte com os

municípios de São Miguel do Guaporé, Nova Brasilândia d' Oeste e Novo Horizonte

do Oeste; ao Leste com Alto Alegre dos Parecis a Oeste com os municípios de São

Francisco do Guaporé e Costa Marques e ao sul com a República Federativa da

Bolívia, possui uma altitude de 350 m acima do nível do mar com coordenadas

Latitude Sul: 11º58'05"e Longitude Oeste: 61º57'15". Possui uma população de

27.563 habitantes em uma área territorial de 8.597,5 Km2. (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, 2002).

O município foi criado em 1986. Sua origem foi conseqüência do avanço da

frente migratória rumo ao oeste em demanda ao Vale do Guaporé. O pequeno

núcleo populacional evoluiu rapidamente transformando-se em importante pólo

agrícola e comercial exigindo uma organização político-administrativa, sendo

atendida com a elevação da região à categoria de município.

De acordo com o escritório local da EMATER-RO, no município existem 3800

propriedades rurais que possuem suas bases econômicas voltadas principalmente

para atividades agrícola e pecuária. Dessas 652, dedicam-se a cultura temporária do

feijão, o que faz do município o maior produtor estadual em área e toneladas/ano. A

arrecadação do município em %, por participação de cada setor agropecuário tem a

pecuária de corte como maior fonte, 35% de participação, o café possui 28%, a

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pecuária de leite 19%, o feijão tem participação de 14% com uma produção média

de 6840 toneladas por ano.

4.2. Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo do tipo transversal e descritivo, por descrever as

características de determinada população ou fenômeno estabelecendo relações

entre variáveis, envolvendo o uso de técnicas padronizadas para coleta de dados e

avaliação qualitativa e quantitativa, para que seja possível determinar o número de

ocorrências, as intensidades ou as modalidades dos fenômenos individuais que

compõem o fenômeno coletivo (GIL, 1991).

4.3. Tamanho da Amostra

No intuito de atender aos critérios de precisão e correção dos procedimentos

amostrais, foi adotado para definição da amostra, um nível de confiabilidade de 95%,

margem de erro máximo permitido de 5%. Portanto, considerando as 652

propriedades rurais que se dedicam à cultura do feijão no município de Alta Floresta

do Oeste-RO, e os cálculos realizados pelo softweare desenvolvidos por Krainski

(2007), calculou-se necessariamente um total de 74 indivíduos com chance de

entrarem na amostra em relação as quais serão feitas as inferências.

4.4. Critérios de Inclusão

Foram incluídos neste estudo apenas os trabalhadores com idade superior a

18 anos; ter trabalhado na última safra de feijão, aceitar voluntariamente a participar

do estudo e não ter impedimento quanto a sua participação na pesquisa.

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Automaticamente foram excluídos todos os trabalhadores que não atenderam

os requisitos acima citados.

4.5. Instrumento Para Coleta de Dados

Por se tratar de uma pesquisa de campo, a entrevista foi o procedimento

usual neste tipo de trabalho. Segundo Minayo (2001).

[...] através dela, o pesquisador busca obter informações contidas na falados atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra,uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelosatores, enquanto sujeitos-objetos da pesquisa que vivenciam umadeterminada realidade que está sendo focalizada [...].

O questionário trabalhado foi semi-estruturado baseado em estudos

anteriores realizados por Soares et al, (2003) e Recena et al (2005), adaptado à

realidade local, no qual as questões são subdivididas em quatro grupos, descritos a

seguir: a) características do entrevistado (sexo, nível de escolaridade, idade,

ocupação no trabalho e relação de trabalho; b) dados do estabelecimento rural onde

o trabalhador exerce sua atividade (área total cultivada e culturas produzidas; c) uso

de agrotóxicos (horas/dia de trabalho, e dias/mês de exposição aos agrotóxicos,

tipos de produtos mais empregados, emprego de receituário agronômico, utilização

de equipamento de proteção, orientação de uso, local de compra do produto e tipo

de contato com agrotóxico (direto, indireto e sem contato); d) questões voltadas à

saúde do trabalhador, tais como, conhecimento dos perigos relacionados ao uso de

agrotóxicos.

4.6. Procedimento

As propriedades visitadas nos meses de dezembro de 2007 e janeiro de 2008,

foram selecionadas por amostragem probabilística, inicialmente identificada junto ao

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mapa do município, reconhecido e utilizado pela Prefeitura do município e pela

Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON).

Posteriormente o município foi dividido em 4 setores, para facilitar a identificação da

propriedade dentro do contexto municipal.

As famílias, cujo um dos membros respondeu a entrevista, foram sorteadas por

meio do endereço da propriedade rural, coletados no banco de dados do IDARON,

sendo que para cada setor foi designado um número de propriedades a serem

visitadas e aquelas que não obedeceram aos critérios de inclusão, foram de imediato

substituída pela propriedade que se localizasse mais próxima da propriedade

selecionada.

4.7. Questões Éticas

Os trabalhadores entrevistados, foram devidamente orientados quanto aos

objetivos do estudo e aqueles que concordaram em participar, assinaram um Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde (anexo 1), pois toda pesquisa envolvendo

seres humanos deve levar em conta a liberdade e a dignidade dos indivíduos que

participarão da mesma. Por isso, foi necessária a submissão do presente estudo ao

Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-RO - FACIMED.

Tendo este sido aprovado, foi expedido o certificado do mesmo com o protocolo nº

2278/2007(anexo 4).

4.8. Análise dos Dados

Os dados dos questionários foram transcritos para uma planilha em Programa

MS Excel Office XP. Posteriormente, os dados foram preparados através do

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programa EPI-INFO 6.04, (DEAN, 1994) para a realização da análise estatística

descritiva, tais como cálculo de médias aritméticas e desvio padrão. Para a

comparação dos resultados e sua significância estatística foi utilizado o teste “t de

Student” e “qui-quadrado”. Foi feita uma análise de regressão linear múltipla para

verificar a influência de alguns fatores socioeconômicos sobre essas intoxicações.

Para isso adotou-se como variáveis independentes a idade, o grau de escolaridade,

a leitura de rótulos, o uso de EPI, orientação e tempo de uso de agrotóxicos e como

variável dependente foi adotado os casos de intoxicação.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fizeram parte deste estudo 74 (setenta e quatro) produtores rurais que se

dedicam à cultura do feijão nas propriedades rurais do município de Alta Floresta do

Oeste/RO, município este que se caracteriza como o maior produtor estadual deste

cereal. Assim como em pesquisa realizada por Soares (2003), nesta, foram

considerados como indicadores sócio-demográficos (sexo, idade, nível de instrução,

relação de trabalho, ocupação), a estrutura agrária das propriedades (área em

hectares, agrotóxicos utilizados), as práticas de trabalho relacionadas aos usos de

agrotóxicos (tempo de exposição, tipo de contato, orientação de uso e emprego do

receituário agronômico).

Quanto à idade dos entrevistados, a mínima observada foi de 18 anos e

máxima de 68 anos, com uma média geral de 42,7 ± 13,7 anos. As faixas etárias

mais prevalentes foram as entre 28 e 38 anos (24,3%), as entre 38 e 48 anos

também com 24,3%, seguida da faixa que vai dos 58 anos aos 68 anos com 20,3%.

Entre os pesquisados verificou-se uma maior prevalência do sexo masculino (86,5%)

enquanto apenas 10 (13,5%) dos entrevistados eram femininos.

Tabela 1: Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo e a faixa etária, AltaFloresta do Oeste/RO, 2007.

Variáveis Freqüência %Sexo n %Feminino 10 13.5Masculino 64 86.5Total 74 100.0Faixa etária n %18 І— 28 anos 10 13.528 І— 38 anos 18 24.338 І— 48 anos 18 24.348 І— 58 anos 13 17.658 І— 68 anos 15 20.3

Total 74 100.0

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Verificou-se ainda, uma divisão do trabalho por gênero, cabendo quase

exclusivamente aos homens o preparo e aplicação de agrotóxicos, assim como nos

estudos de NOVATO-SILVA et al., 2004; SILVA et al., 1999; SILVA, 2000.

Foi verificado que além do entrevistado na propriedade, em todas as casas

moravam mais pessoas com idade superior a 12 anos; na maioria 32 (43,2%) das

propriedades morava o entrevistado mais duas pessoas, em 22 (29,7%) das

propriedades eram as entrevistadas mais três pessoas e houve propriedade em que

se encontrava o entrevistado mais 6 pessoas, sendo que 98,7% dessas outras

pessoas que residiam de alguma forma na propriedade.

O grau de escolaridade entre os participantes da pesquisa mostrou-se baixo,

uma vez que 32 (43,2%) dos entrevistados possuíam a 4ª série incompleta do ensino

fundamental e 22 (29,7%) possuíam a 4ª série completa. Oliveira-Silva, 2001,

também observou altos índices de intoxicação em pessoas com baixa escolaridade.

Quanto à relação com a propriedade, verificou-se que apenas 11 (14,9%) dos

entrevistados são empregados ou arrendatários da mesma e que a grande maioria

63 (84,9%) é proprietário ou filho deste proprietário.

Tabela 2: Distribuição dos entrevistados, quanto ao grau de escolaridade e relaçãocom a propriedade, Alta Floresta do Oeste-RO, 2007.

Grau de Escolaridade Freqüência %1ª a 4ª série incompleta 32 43.2Até 4ª serie 22 29.7Fundamental Incompleto 6 8.1Fundamental Completo 7 9.5Ensino Médio 7 9.5Total 74 100.0Relação com aPropriedadeArrendatário 8 10.8Empregado 3 4.1Filho do Proprietário 8 10.8Proprietário 55 74.3Total 74 100.0

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Como mostrado na Tabela 2, a relação entre os produtores com a

propriedade pode ser considerada como forte, uma vez que a grande maioria é

proprietário da terra ou um membro da família e, neste caso, filho do proprietário.

Isso pode ser uma explicação à questão da fixação dos produtores nas áreas junto à

lavouras de cultivo de feijão, nas quais, a maioria dos trabalhadores está fixada em

período de tempo relativamente grande. Foi identificado que estes produtores já

residem nestas propriedades em média de 11,7 ± 7,5 anos.

Entre as propriedades pesquisadas verificou-se que a maioria são menores

que 10 ha, o seja, consideradas pequenas, o que pode caracterizar que as lavouras

destinadas ao plantio do feijão podem ser classificadas como de agricultura familiar.

Para se ter uma idéia, a soma das dimensões de todas as propriedades

pesquisadas perfaz um total de 1941,6 hectares, enquanto que a média do tamanho

destas propriedades é de apenas 26,2 ± 36,0 ha. Deste total 363,6 ha (21,5%) são

produtores que se dedicam à cultura do feijão, 636,2 ha (37,6%) são áreas

destinadas ao plantio de outras culturas ou reserva de mata nativa e 691,2 ha

(37,6%) são destinadas às pastagens, 4.165 ha. (70,9%) possuem algum tipo de

cultura. Portanto a média de área destinada ao cultivo de feijão é de 4,9 ± 2,4 ha.

37.6%

21.5%

40.9%

Área de feijão Outras culturas/Reserva Pastagens

Figura 1: Distribuição da área pesquisada em relação a cultura desenvolvida, AltaFloresta do Oeste/RO, 2007

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Assim como em estudo realizado por Soares, Almeida e Moro (2003), os

resultados aqui encontrados mostram que entre os entrevistados 73 (98,6%) da

população estudada, já tiveram algum contato direto com produtos químicos

(agrotóxicos), tanto em seu uso ou simplesmente no manejo do mesmo, enquanto

que 1 (1,4%), nunca manuseou, apenas residiu em propriedades onde são ou foram

utilizados estes produtos. Quanto à continuidade desse contato 72 (97,3%)

continuam a ter, ou seja, continua utilizando agrotóxicos em sua propriedade e 2

(2,7%) afirmaram ter parado de utilizar estes produtos a mais de 1 ano. Foi

verificado que a média de tempo de utilização destes produtos entre estes

produtores é relativamente alta 8,6 ± 5,3 anos, ou seja, já existe um contato

prolongado com estes produtos.

Devido ao alto índice de utilização desses produtos, também é muito comum

entre os produtores casos de intoxicação. Entre os entrevistados 19 (25,7%) (fig. 3)

relataram ter tido algum episódio de intoxicação, valores estes que vão de acordo

com alguns trabalhos realizados para avaliar os níveis de contaminação ocupacional

por agrotóxicos em áreas rurais brasileiras que mostrou níveis de contaminação

humana variando de 3 a 23% (ALMEIDA e GARCIA, 1991; FARIAS et al., 2000;

GONZAGA et al., 1992) e que poderiam ser explicados por vários fatores que vão

desde inexperiência com o manejo do produto até a falta de orientação sobre o

mesmo.

Sintomas da intoxicação aguda incluem suor, salivação, lacrimejamento,

fraqueza, tontura, dores e cólicas abdominais, seguidos de vômitos, dificuldade

respiratória, colapso, tremores musculares, convulsões e morte (AMES et. al, 1995).

Farahat et al. (2003), num estudo com egípcios produtores de algodão, mostrou que

a exposição a estes produtos está associada à deficiência das funções neurológicas

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ligadas ao comportamento, bem como a prejuízos da capacidade de abstração

verbal, atenção e memória, já Farias et al. (2000) correlacionaram em dois

municípios da Serra Gaúcha a prevalência de transtornos psiquiátricos menores com

a incidência de casos de intoxicação aguda provocadas pela exposição aos

agrotóxicos.

74.3%

25.7%

Não Sim

Figura 2: Distribuição dos produtores pesquisados quanto à incidência de casos deintoxicação, Alta Floresta do Oeste/RO, 2007.

Garcia (1996), responsabiliza basicamente a pessoa que aplica o produto

químico pelo contaminação ambiental e de alimentos, e por sua própria intoxicação

discutindo as causas, conseqüências e soluções destes problemas apenas como

uma questão de "educação" desses trabalhadores - entendendo "educação" como

treinamento dos agricultores para o uso de agrotóxicos. "Sob este enfoque,

segurança no trabalho com agrotóxicos fica restrita somente à recomendação de

equipamentos de proteção individual e de uma série de 'cuidados' a serem

observados pelos trabalhadores", adverte o autor:

É evidente que o uso inadequado é a causa imediata dos problemas e queinformar, preparar, treinar e capacitar o usuário é conseqüência de diversosoutros fatores socioeconômicos, técnico-agronômicos e de aspectosrelacionados ao trabalho, que interferem diretamente nas condições e noambiente de trabalho.

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Os meses de maior utilização destes produtos foram verificados entre

fevereiro/março e entre outubro/novembro, observando que estes produtores

possuem freqüência mensal de exposição a esses produtos bastante elevada nos

referidos meses, conforme verifica na tabela a seguir.

Tabela 3: Distribuição dos entrevistados, quanto ao tempo de uso mensal deagrotóxico em relação aos casos de intoxicação, Alta Floresta do Oeste-RO, 2007.

Não Sim TOTALTempo de

serviço mensal n % n % N %

Até 2 dias 1 1.8 0 0.0 1 1.4

3 a 10 dias 38 69.1 11 57.9 49 66.2

11 a 20 dias 15 27.3 8 42.1 23 31.1

Mais de 20 dias 1 1.8 0 0.0 1 1.4

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0χ2 = 4.2880 p= 0.3684

O tempo de utilização dos agrotóxicos mostrados na Tabela 3 referem-se à

aplicação desses produtos na propriedade, mesmo não possuindo uma associação

estatisticamente significante (p>0,05) com os casos de intoxicação, de certa forma,

isto poderia contribuir para um possível aumento destes casos, uma vez que é

utilizado com bastante freqüência e que em 97,3% dos casos a aplicação é feita com

pulverizador costal (manual) onde há probabilidade muito grande de contato com

estas substâancias.

Foi relatado pelos produtores o uso de 8 tipos de “marcas” de agrotóxicos em

suas propriedades, entre elas, destacam-se com maior prevalência o Roundup

(derivado de glicimia) (98,6%), o 2,4 D (organofosforado) 64,9% e o Gramoxil

(Bipiridilios) 39,2%. Entre os demais, verificou-se que foram utilizados agrotóxicos de

todas as classificações desde o pouco tóxico até o altamente tóxico. Soares,

Almeida e Moro (2003) também verificaram em sua pesquisa que o agrotóxico mais

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usado é o da marca Tamaron (530 dos 1.064 entrevistados), sendo este também

classificado como altamente tóxico. No Brasil, de acordo com o Sindag (Sindicato

Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola), em 2003, 19,0% dos

produtos em linha de comercialização eram classe toxicológica I (extremamente

tóxico), 25,8% classe II (altamente tóxico), 32,0% classe III (moderadamente tóxico)

e 23,2% classe IV (levemente tóxico).

A literatura mostra que o inseticida é a principal classe de agrotóxicos

envolvidos nas ocorrências de intoxicação, principalmente organofosforados e

carbamatos, confirmando estudos conduzidos em vários países (SENANAYAKE e

PEIRES, 1995, SAADEH, et al, 1996, SOTH, 2000, SOARES, ALMEIDA e MORO,

2003).

18.9%

64.9%

5.4%

14.9%

4.1%

39.2%

6.8%

98.6%

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

60.0%

70.0%

80.0%

90.0%

100.0%

Lorsban 2,4D Flex Folidol Fusilade Gramoxil Tamaron Roundup

Figura 3: Distribuição dos produtos mais utilizados pelos produtores pesquisados, AltaFloresta do Oeste/RO, 2007.

Foi relatado ainda que 100,0% desses produtos são comprados diretamente

em revendedores e muitas vezes sem um receituário agronômico, podendo assim

contribuir para uma possível intoxicação, a falta de orientação pode também

contribuir para esses índices. Com relação a essa orientação foi relatado por 38

(51,4%) dos entrevistados que nunca tiveram orientações sobre a utilização desses

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produtos, 16 (21,6%) disseram receber orientações de profissionais habilitados, 13

(17,6%) recebem das cooperativas das quais participam e 7 (9,5%) através de

campanhas do governo. De certo modo estes valores se tornam contraditórios com

relação à conscientização sobre o produto em que 64 (86,5%) disseram ter

consciência sobre os perigos do mesmo e apenas 10 (13,5%) disseram não ter a

mínima idéia do perigo ao qual está exposto ao manusear ou aplicar estes produtos.

Neste caso verifica-se o precário acesso às informações e à educação formal, nas

comunidades em questão, também contribuem para uma diferenciação dos padrões

de comunicação. A comunicação sobre agrotóxicos é, portanto, um determinante

fundamental da contaminação humana por estas substâncias, razão pela qual a

análise do processo de comunicação deve, obrigatoriamente, fazer parte dos

estudos de avaliação integrada da contaminação por agrotóxicos (MOREIRA et al.

2001).

Conforme mostra na Tabela 4, é alta a proporção dos entrevistados que lêem

as instruções na bula do produto, valores estes que contrariam achados de Castro e

Confalonieri, (2005), que verificaram em seu estudo altos índices de agricultores que

não liam a bula. Apenas, 21 (28,4%), receberam material contendo orientações

sobre as maneiras corretas de se aplicar o produto; a grande maioria 63 (85,1%) não

obedecem aos períodos de carência após a ultima aplicação, assim como 69

(93,2%) não observam a direção do vento na hora da aplicação, como forma de

reduzir os riscos de exposição durante a aplicação dos agrotóxicos. Esses fatos

corroboram com o que afirma Peres (1999), de que o processo de comunicação rural

prevalente no Brasil contribui para o agravamento da contaminação humana do

trabalhador rural, processo este que é coroado por práticas exploratórias de venda

associado a um negligenciamento de informações por parte de técnicos do próprio

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governo e daqueles ligados ao comércio/indústria, que, em última análise, são os

responsáveis pelas informações recebidas.

Tabela 4: Distribuição dos entrevistados, quanto às informações do uso deagrotóxico na lavora em relação aos casos de intoxicação, Alta Floresta do Oeste-RO, 2007.

Já sofreu intoxicaçãoNão Sim TOTAL

n % N % n %Recebe OrientaçãoCampanhas do governo 6 10.9 1 5.3 7 9.5Cooperativa 9 16.4 4 21.1 13 17.6Nunca teve 27 49.1 11 57.9 38 51.4Profissionais habilitados 13 23.6 3 15.8 16 21.6

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Você costuma ler embalagensNão 15 27.3 6 31.6 21 28.4Sim 40 72.7 13 68.4 53 71.6

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Já recebeu material sobreo uso destes produtosNão 36 65.5 14 73.7 50 67.6Sim 19 34.5 5 26.3 24 32.4

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Você obedece ao tempo decarênciaNão 47 85.5 16 84.2 63 85.1Sim 8 14.5 3 15.8 11 14.9

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Você observa a direção doventoNão 52 94.5 17 89.5 69 93.2Sim 3 5.5 2 10.5 5 6.8

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0

Franco (2001) defende a informação para o agricultor como alternativa

exeqüível para reverter o uso exagerado de agrotóxicos. Na realidade, apurou-se

que o emprego de agrotóxicos está arraigado, culturalmente aceito como a única

alternativa viável para produzir mais e melhor. Neste contexto, a falta de

informação de orientação detalhada e despreparo técnico da categoria explicam

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a dependência do uso de agrotóxicos, a falta de iniciativa para implantação de

técnicas agrícolas de cultivo não agressivas à saúde dos agricultores e ao meio

ambiente, justificam muitas atitudes e formas de expressão inicialmente vistas

como discrepantes ou anormais, porém na realidade dos agricultores, significam

manifestações espontâneas diante das exigências e pressões impostas pelo

trabalho.

Na tentativa de reduzir diretamente os índices de morbi-mortalidade das

intoxicações por agrotóxicos de forma alternativa eficiente e de baixo custo, alguns

estudos propuseram a implantação de programas de qualificação do trabalho rural

(LEAL FILHO, 1993; LONDON e BAILIE, 2001; LYZNICKI, 1997). A educação

ambiental também pode ser considerada uma medida complementar, em certos

casos substituta de instrumentos de política, ao motivar a mudança de

comportamento (ANDRADE, 1995; ANTLE e CAPALBO, 1994).

Quando se observam os dados relativos às medidas de segurança utilizadas

por esses produtores no manuseio e aplicação desses produtos tóxicos, se constata

que apenas 3 (4,1%) desses produtores utilizam meios de proteção como luvas,

roupas impermeáveis e máscaras, ou seja, dizem ter consciência da periculosidade

do produto, mas se expõe na hora do uso. Este mesmo fato ocorreu na pesquisa

realizada por Castro e Confalonieri, (2005), no município de Cachoeiras dos

Macacus, RJ, onde eles verificaram que 85,0% dos entrevistados não utilizavam

EPI’s, mesmo sabendo de sua importância. Geralmente alegam que mesmo com a

utilização dos equipamentos não estariam totalmente imunes aos riscos de

contaminação (ALBUQUERQUE et al., 2004).

No tocante ao item uso de equipamento de proteção individual, sabe-se que

na prática da pulverização manual de agrotóxicos, o equipamento considerado ideal

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é o macacão impermeável, acompanhado de botas e luvas de borracha, de máscara

com filtros especiais para produtos químicos específicos, porém como dito

anteriormente isso na maioria dos casos não é feito. Se torna necessário que a

utilização sistemática e eficaz dos EPIs só poderá se tornar práxis na medida em

que os usuários dos produtos agrotóxicos tomarem consciência de sua real eficácia

e perceberem na prática seus benefícios em termos de melhoria das condições de

saúde. A consciência disso passa pela educação que contempla também a

escolarização. Não será apenas, ou tão somente, o rigor normativo expresso em

“rótulos” que levará os agricultores a usarem tais equipamentos.

De acordo com dados mostrados na Tabela 5, verifica-se a falta do cuidado

dos produtores no manuseio e na aplicação dos agrotóxicos. Entre os que já

sofreram algum tipo de intoxicação, 10 (52,6%), disseram lavar as mãos apenas “às

vezes” durante o manuseio destes produtos, enquanto que entre os que nunca

sofreram nenhum tipo de intoxicação, existe um cuidado maior com a higiene das

mãos, onde verificou-se que 40 dos 55 entrevistados que estão neste grupo fazem

higiene da mão periodicamente durante o manuseio destes produtos, gerando entre

estas categorias diferenças estatisticamente significativas (p<0,05).

Percebe-se que 15 (27,3%) dos entrevistados que não sofreram nenhuma

intoxicação só lavam as mãos, às vezes, quando lidam com estes produtos.

Em relação a tomar banho imediatamente após o manuseio dos agrotóxicos,

apenas 16 (29,1%) dos entrevistados relataram que nunca foram intoxicados e 5

(26,3%) que já foram intoxicados, disseram tomar. Quanto à roupa, tanto os que

nunca sofreram intoxicação quanto os que já sofreram, possuem o hábito de trocar,

logo após o manuseio.

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Foi verificado também que muitos possuem hábitos de comer ou fumar

durante o uso ou manuseio destes produtos, 67,3% dos que nunca foram

intoxicados disseram que bebem e fumam sempre ou, às vezes, durante a aplicação

e entre os que já foram intoxicados, esta proporção é de 57,9 % que fazem isso

sempre ou, às vezes.

Tabela 5: Distribuição dos entrevistados, quanto aos cuidados durante e após omanuseio dos agrotóxicos, Alta Floresta do Oeste-RO, 2007.

Já sofreu intoxicaçãoNão Sim TOTALCuidados durante e após o

manuseio dos agrotóxicos. n % n % n %Lavar mãos e rosto quando lida P = 0,0453Às vezes 15 27.3 10 52.6 25 33.8Sempre 40 72.7 9 47.4 49 66.2

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Tomar banho após o trabalho P= 0,8585Às vezes 37 67.3 13 68.4 48 64.9Nunca 2 3.6 1 5.3 3 4.1Sempre 16 29.1 5 26.3 21 28.4

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Come ou fuma durante uso p = 0,7099Às vezes 32 58.2 10 52.6 42 56.8Nunca 18 32.7 8 42.1 26 35.1Sempre 5 9.1 1 5.3 6 8.1

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0Troca roupa limpa após uso p = 0,2299Às vezes 4 7.3 0 0.0 4 5.4Sempre 51 92.7 19 100.0 70 94.6

TOTAL 55 100.0 19 100.0 74 100.0

Já no item “disposição final dos resíduos”, a opção por incinerar foi de maior

prevalência 21 (28,4%), a opção de colocar em local próprio1, o que deveria ser o

mais correto, foi o destino das embalagens vazias de 18 (21,3%) e 14 (18,9%) dos

produtores que deixam essas embalagens em qualquer lugar no campo. Para Trapé

(2003) esta opção de queimar as embalagens permite observar a construção do

1 Este ato significa que após o uso, o agricultor deve fazer a tríplice lavagem, perfurar e guardaressas embalagens, para devolvê-las em até um ano em um posto de recolhimento.

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pensamento errôneo desses trabalhadores, pois eles associam o ‘fim’ dos perigos à

‘invisibilidade’ das embalagens e dos “restos” de produto, fato que os colocam em

maior exposição a estes agrotóxicos, uma vez que os restos não são eliminados e

estes passam a ficar exposto diretamente com o solo. Araújo et al. (2000) estudaram

as práticas de uso de agrotóxicos em plantadores de tomate de duas localidades do

Estado de Pernambuco, lá também encontraram altos índices de produtores que

queimam as embalagens.

Diante do exposto verifica-se a necessidade de um aumento de consciência

ecológica dos consumidores, que esperam que as empresas reduzam os impactos

negativos de sua atividade sobre o meio ambiente. Isso tem gerado ações de

algumas empresas visando comunicar ao público uma imagem institucional

“ecologicamente correta”. A adoção de um procedimento que se ocupa da

destinação final das embalagens vazias de agrotóxicos é complexa e requer a

participação efetiva de todos os agentes envolvidos na fabricação: comercialização,

utilização, licenciamento, fiscalização e monitoramento das atividades relacionadas

com manuseio, transporte, armazenamento e processamento dessas embalagens.

Tabela 6: Distribuição dos entrevistados, quanto ao que é feito com as embalagensvazias, Alta Floresta do Oeste-RO, 2007.

O que é feito das embalagens vazias n %

Usa-se para carregar água 9 12.2

Usa-se para carregar gasolina 2 2.7

Coloca-se em lugar próprio 18 24.3

Usa-se para colocar outros produtos 8 10.8

Devolve ao comerciante 2 2.7

Deixa em algum lugar no campo 14 18.9

Queima 21 28.4

Total 74 100.0

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A devolução de embalagens vazias e sua posterior reciclagem ou incineração

é um assunto pouco abordado no Brasil urbano. Mas no campo muitos esforços têm

sido envidados no sentido de transformar a legislação em uma realidade que

beneficia o meio ambiente e contribui para números que colocam o Brasil à frente da

América Latina e da América do Norte quando se fala no índice de devolução

(INPEV, 2007).

Segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias

(INPEV, 2007), órgão responsável pelo recolhimento, reciclagem ou incineração das

embalagens, somente no ano de 2007 retirou do meio ambiente 21.129 toneladas de

embalagens de defensivos agrícolas, somente no Estado de Rondônia foram 59

toneladas, valor este 51% maior que no ano anterior onde foram recolhidas 39 mil

toneladas.

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6. CONCLUSÃO

Os objetivos da realização desse estudo, foi de conhecer a forma pela qual os

trabalhadores rurais usam os agrotóxicos nas lavouras de feijão no município de Alta

Floresta do Oeste-RO. Conforme os dados apresentados, é possível fazer algumas

considerações, tais como:

- Que proporcionalmente, a maioria dos trabalhadores são homens e as faixas

etárias verificadas, incluem desde trabalhadores jovens até idosos, principalmente

com idades entre 28 e 38 anos e os de 38 a 48 anos;

- Os períodos de exposição aos agrotóxicos pelos trabalhadores são

diferenciados, pois, uma proporção maior deles trabalha no intervalo de três a dez

dias, enquanto, outros numa proporção menor de trabalhadores ficam um período

maior no manuseio com agrotóxicos e assim, tanto em um grupo quanto em outro

podem, provavelmente, estar sofrendo estímulos que venham contribuir para a

ocorrência de problema de saúde decorrentes das referidas exposições;

- Um baixo grau de escolaridade dos trabalhadores da lavoura de feijão, o que

pode contribuir para a não leitura dos rótulos ou a má interpretação das informações.

Desta forma podendo implicar em manuseio inadequado desses produtos, e

consequentemente ocasionando uma intoxicação;

- O fato de que muitos dos trabalhadores estão na atividade há vários anos e

dada a essa condição podem estar sujeitos a contribuir para o aumento de riscos a

saúde, considerando, inclusive, a falta de utilização de equipamentos de proteção

individual, a falta de conhecimento sobre o devido manuseio e o desconhecimento

da destinação das embalagens vazias após uso;

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- A falta de acesso às informações sobre estes produtos, seja por meio de

pessoas especializadas ou por meio de campanhas de governo, afim de que se

possa ter melhores esclarecimentos sobre a periculosidade destes produtos.

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7. RECOMENDAÇÕES

Baseando-se nos resultados encontrados na presente pesquisa, sugere-se

algumas recomendações:

- Apresentação dos resultados à Secretaria Municipal de Saúde, visando

subsidiar elaboração de programas de capacitação dos trabalhadores;

- Que os órgãos ligados à agricultura deste município, a partir dos dados

obtidos neste estudo, tenham base para a tomada de atitudes que busquem

desenvolver programas, visando à conscientização dos trabalhadores quanto ao uso

destes produtos, e ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) buscando

consequentemente, uma diminuição do número de casos de intoxicação por uso de

agrotóxicos;

- Espera-se também que a partir dos dados do presente, sirvam como base

para futuras investigações de mesma natureza, que venham a contribuir para uma

diminuição de casos de intoxicação por agrotóxicos naquele município,

proporcionando ao agricultor uma melhor qualidade de vida.

- Fazer sempre a leitura do rótulo do produto, buscando maiores informações

sobre utilização correta e segura, bem como, em casos de intoxicação utilizar o

serviço telefônico de emergência do fabricante que consta no mesmo;

- Devolver as embalagens vazias ao centro de coleta de embalagens vazias

de agrotóxicos de seu município, para que posteriormente estas sejam processadas

junto ao Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV);

- Em casos de intoxicação, o agricultor deverá procurar o mais rápido possível

o órgão de saúde mais próximo de sua propriedade, buscando fazer o registro no

Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIAT);

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ANEXOS

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ANEXO 1TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você esta sendo convidado (a) a participar, como voluntário da pesquisa-

AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EM LAVOURASDE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO OESTE-RO, EM 2007 no

caso de você concordar em participar, favor assinar ao final do documento. Sua

participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá desistir de

participar e retirar seu consentimento.Sua recusa não terá nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou

com a instituição.

NOME DA PESQUISA: Agrotóxicos: Utilização por Trabalhadores Rurais em

Lavouras de Feijão no Município de Alta Floresta do Oeste-RO, Em 2007

PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Eliseu Adilson Sandri

ENDEREÇO:Rua dos Pioneiros , 1759, Ap. 2 Cacoal RO.

TELEFONE: (69)3451-6159

PATROCINADOR: Pesquisador Responsável.

OBJETIVOS: Conhecer a prevalência de utilização de agrotóxicos por trabalhadores

rurais em lavouras de feijão no Município de Alta Floresta do Oeste - RO, em 2007

PROCEDIMENTO DO ESTUDO: As famílias cujo um dos membros responderá à

entrevista serão sorteadas por meio do endereço da propriedade rural, coletados no

banco de dados do IDARON.

RISCOS E DESCONFORTOS: O pesquisador garante que não há riscos de

qualquer natureza para os participantes desta.

BENEFICIOS: Obtenção de banco de dados de informações sobre uso e intoxicação

por agrotóxico.

CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Não haverá nenhum gasto com

sua participação, como também você não receberá nenhum pagamento pela sua

participação.

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: O pesquisador garante o sigilo quanto a

sua identificação.

Assinatura do Pesquisador Responsável: ______________________________

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TERMO CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO

Eu, ...................................................................................................,declaro que

li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informada (o) pelo

pesquisador............................................................................dos procedimentos que

serão utilizados, riscos e desconfortos, benefícios, custo/reembolso,

confidencialidade da pesquisa e concordo em participar da mesma. Fui esclarecida

(o) que posso retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isso

resulte em qualquer penalidade.

Declaro ainda que recebi uma cópia desse Termo de Consentimento.

LOCAL E DATA:______________________________________

NOME E ASSINATURA DO SUJEITO OU RESPONSÁVEL (menor de 18 anos):

_________________________________ _____________________

Nome por extenso Assinatura

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Declaração de Infra-Estrutura e Autorização Para Uso da Mesma

Ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP

Universidade de Brasília – UnB

Declaro, a fim de viabilizar a execução da pesquisa intitulada

“AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EM LAVOURAS

DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO OESTE-RO, EM 2007”, sob

a responsabilidade do pesquisador Eliseu Adilson Sandri, conforme Resolução CNS

196/96, que a área de Ciências da Saúde conta com toda a infra-estrutura

necessária para a realização e que os pesquisadores estão autorizados a utilizá-la.

De acordo e ciente,

Brasília DF, 12 de setembro de 2007.

_________________________________

Profº Dr Pedro Sadi Monteiro

Endereço: .........................

Fone: ................................

Cep:..................................

Universidade: ...................

Declaração de Registro de Materiais e Equipamentos

Não se aplica

Declaração para uso de Arquivos e Semilares

Não se aplica

Declaração para uso de Clínica Laboratórios e Escolas

Não se aplica

Tema para Doação de boletim técnicos

Não se aplica

Declaração de compromisso do patrocinador

Não se aplica

Outros documentos

Não se aplica

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ANEXO 2Declaração de Responsabilidades e Termo de compromisso do(s) Pesquisador(es)

Ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP

Nós, Eliseu Adilson Sandri, Profº Dr Pedro Sadi Monteiro, pesquisadores

responsáveis pela pesquisa intitulada “Agrotóxicos: Utilização por Trabalhadores

Rurais em Lavouras de Feijão no Município de Alta Floresta do Oeste-Ro, em 2007”

considerações éticas e legais para o exercício de pesquisa no meio rural,

declaramos que:

Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das

informações, que serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;

os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho

serão utilizados apenas para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;

os materiais e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob

a responsabilidade do Curso de Ciências da Saúde da UnB.

Não há qualquer acordo restritivo à divulgação pública dos resultados;

Os resultados da pesquisa serão tornados públicos através de publicações

em periódicos científicos e/ou em encontros científicos, quer sejam favoráveis ou

não, respeitando-se sempre a privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da

pesquisa;

A UnB será comunicada da suspensão ou do encerramento da pesquisa,

por meio de relatório apresentado anualmente ou na ocasião da suspensão da

pesquisa com a devida justificativa.

Assumimos o compromisso de cumprir os Termos da Resolução n. 196/96,

de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde

e demais resoluções complementares à mesma (240/97, 251/97, 292/99, 303/2000 e

304/2000).

Brasília – DF, 12 de setembro de 2007.

____________________Ms. Eliseu Adilson SandriRG no 559.481 SSP/ROCPF no. 659.867.412-34

________________________Profº. Dr Pedro Sadi MonteiroRG no ……………….CPF no ......................

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ANEXO 3

DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADES E TERMO DE COMPROMISSO DAINSTITUIÇÃO

Ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP

Universidade de Brasília / UnB

Declaramos, a fim de viabilizar a execução do projeto de pesquisa intitulado

“AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EM LAVOURAS

DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO OESTE-RO, EM 2007”, sob a

responsabilidade dos pesquisadores Eliseu Adilson Sandri, Profº Dr Pedro Sadi

Monteiro, que a Universidade de Brasília – UnB dispõe, conforme Resolução CNS

196/96, assume a responsabilidade de fazer cumprir os Termos da Resolução nº

196/96, de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério

da Saúde e demais resoluções complementares à mesma (240/97, 251/97, 292/99,

303/2000 e 304/2000), além de zelar para que o pesquisador cumpra os objetivos do

projeto, por meio de acompanhamento do departamento de origem do(s)

pesquisador(es) e relatório anual enviado a UnB.

De acordo e ciente,

Brasília – DF, 12 de setembro de 2007.

_____________________________

Profº Dr Pedro Sadi Monteiro

RG. nº.

CPF: nº

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB

Caro Senhor

Você está convidado a participar de uma pesquisa cientifica EXPERIMENTAL

sobre: ”AGROTÓXICOS: UTILIZAÇÃO POR TRABALHADORES RURAIS EM

LAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA DO OESTE-RO, EM

2007”. O método utilizado para desenvolver a pesquisa será a aplicação de um

questionário com perguntas estruturadas, abertas e fechadas.

É válido ressaltar que a identidade do participante desta pesquisa

(respondendo ao questionário) será totalmente preservada, uma vez que este

instrumento não contém qualquer indicador da identidade do participante. Para a sua

segurança, inexiste campo de identificação individual em nosso questionário.

Antecipadamente, agradecemos a valiosa colaboração e o tempo dispensado

para o preenchimento deste questionário.

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ANEXO 4CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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ANEXO 5

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIAFACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

DADOS DO ENTREVISTADO

Nome do entrevistado: _________________________________________________Linha: ___________ Lote: _______________Quadra____________Idade: _______anos

1) Quantas pessoas, acima de 12 anos, moram na propriedade?_______pessoas

Parentesco sexo idade trabalha na lavoura__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não

Sem parentesco

__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não__________ ( )mas ( )fem _______ ( )sim ( )não

2) Até que ano você estudou?

( ) analfabeto ( ) alfabetizado s/ escolarização( ) até 4 série ( ) até 8 série( ) ensino médio completo ( ) superior( ) outro qual:________

3) Com relação a esta propriedade, você é?( ) Proprietário( ) Filho do proprietário(a)( ) EmpregadoOutros :_______________

DADOS DA PROPRIEDADE

4) Há quantos anos mora nesta propriedade? ___anos ( ) Não mora5) Tamanho da propriedade. (em alqueire da região Norte)______ ou Hectares:___6) Quantos alqueires de área se planta de feijão:__________ ou hectares:_______7) Quantos alqueires com outras lavouras:___________ ou hectare :___________8) Quantos alqueires com pastagens:_____________ ou hectares:______________

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9) A água consumida pelos moradores da propriedade vem de onde?( ) poço comum ( ) encanada sem tratamento ( ) poço semi-artesiano( ) encanada tratada ( ) mina ( ) rio

10) Quais são as 4 principais culturas produzidas nesta propriedade?1.____________ 2.______________ 3.___________ 4._______________

11)Quais são as tarefas que você costuma fazer, no geral?

( ) Plantar lavoura ( ) Colher lavoura ( ) Fazer consertos em geral( )Lidar c/ máquinas ( ) Cuidar horta ( ) Podar plantação( ) Preparar o solo ( ) Cuidar lavoura ( ) Lida doméstica( ) Lidar com animais ( ) Usar prod. Veter. ( ) Passar agrotóxicos na lavoura( ) Armazenar produção ( ) Usar ração / sal mineralOutras tarefas_________________________

DADOS SOBRE O USO DE PRODUTOS QUÍMICOS (AGROTÓXICOS) USADOSNO CONTROLE DE PRAGAS NA LAVOURA

12) Qual o nome que você usa para designar estes produtos?( ) veneno ( ) agrotóxico ( ) defensivo agrícola( ) pesticida ( ) química( ) agroquímico ( )praguicida

13) Na sua opinião agrotóxicos são venenos? ( ) sim ( ) não

14) Com relação ao uso desses “produtos”( ) costuma usar ( ) já usou, mas parou há mais de um ano ( ) já usou maisparou a menos de um ano.

15) Há quanto tempo está sem usar estes produtos?( ) menos de 1 ( uma) semana( ) entre 1 semana e 2 (duas) semanas( ) entre 2 semanas e 1 (um ) mês( ) mais de 1 (um) mês( ) mais de 1 (um) ano

16) Que produtos químicos de uso agrícola, foram usados nesta propriedade nosúltimos 12 meses?( ) tamaron ( ) nuvacrom ( ) furadan( ) 2,4 D ( ) roundup ( ) trifuralina( ) mirex ( ) politrim ( ) outros quais_____________________________

17) Quais são os meses em que se aplica mais vezes estes produtos químicos napropriedade?( ) janeiro ( ) maio ( ) setembro( ) fevereiro ( ) junho ( ) outubro( ) março ( ) julho ( ) novembro( ) abril ( ) agosto ( ) dezembro

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18) Quais são os meses em que não se aplica estes produtos químicos napropriedade?( ) janeiro ( ) maio ( ) setembro( ) fevereiro ( ) junho ( ) outubro( ) março ( ) julho ( ) novembro( ) abril ( ) agosto ( ) dezembro

19) Durante quantos anos você vem usando (ou usou) estes“produtos”?____anos

20) Nos meses de maior utilização destes “produtos”, em média, quantos dias pormês você costuma ou costumava trabalhar com eles?( ) até 2 dias / mês( ) de 3 a 10 dias / mês( ) de 11 a 20 dias / mês( )mais de 20 dias / mês

21) Neste período marcado acima, quais tarefas você costuma ou costumavafazer?( ) Aplicando os produtos ( na área plantada)( ) Ajudando com mangueiras e a usar equipamentos( ) Limpando equipamentos e utensílios( ) lavando roupas sujas dos produtos( ) No transporte e armazenamento dos produtos( ) Entrando em uma lavoura com aplicação recente( ) Outras formas:__________________________________

22) Você acha necessário o uso destes produtos nas lavouras? ( )sim ( ) não

23) Você acha que poderia haver um bom rendimento na lavoura sem o usodestes produtos?( ) sim ( ) não

24) Na safra (colheita), em média, você trabalha ou trabalhava quantas horas pordia na lavoura? _____Horas

25) Qual o principal tipo de equipamento usado, nesta propriedade, para aplicarestes produtos?( ) Pulverizador costal manual ( ) Pulverizador costal motorizado( ) Pulverizador puxado por trator( ) Outros: ______________________________________________

26) O que é feito com a sobra destes produtos, já preparados, depois de seremaplicados?( ) guarda no celeiro ( ) utiliza em outra aplicação( ) joga no chão ( ) larga em qualquer lugar( ) joga em algum açude ou rio ( ) outros quais_____________

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27) Onde são comprados os produtos utilizados nesta propriedade:( ) revendedoras (comércio) ( ) cooperativa ( ) outros____________

28) De quem você recebe orientação sobre o uso destes produtos: (pode marcarmais de uma)( ) profissional (vendedor) da revendedora( ) pessoal da cooperativa/associação( ) campanhas do governo (estadual ou municipal)( ) amigos, familiares( ) outros: _________________________________________( ) nunca tive orientação técnica de agrônomos ou técnicos agrícolas

29) Você já assistiu na tv, ouviu algum programa ou participou de algum cursoque falasse sobre cuidados na aplicação destes produtos?( ) sim ( ) não

30) Você costuma ler as instruções das embalagens desses produtos sobre autilização na lavoura para saber como utiliza-los?( ) sim ( ) não

31) Você costuma ler as instruções sobre os cuidados e perigos desses produtosantes de utiliza-los?( )sim ( )não

32) Você já recebeu algum material por escrito, como livretos, panfletos oucartilhas, com orientações sobre o uso destes produtos?( ) sim ( ) não

33) Você lê as instruções de uso constante na bula do produto químico?( ) Sim ( ) Não

34) Você obedece o tempo de carência após a última aplicação antes dacolheita?( ) sim ( ) não ( ) não sabia que existia tempo de carência

35) Você observa a direção do vento durante aplicação do produto?( ) sim ( ) não

36) Em qual horário preferencialmente você aplica estes produtos? _________

DADOS SOBRE A SAÚDE DO TRABALHADOR

37) Costuma usar algum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) paralidar com estes “produtos”?

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Equipamento situação de usosempre nunca às vezes

Botas ( ) ( ) ( )Chapéu ( ) ( ) ( )Roupas impermeáveis ( ) ( ) ( )Máscara para produtos químicos ( ) ( ) ( )Outros. Quais?______________

38) Utiliza o EPI com freqüência? ( ) sim ( ) não

39) Você tem hábitos ao usar estes, tais como:

lavar mãos e rosto cada vez que lida c/ estes "produtos"?

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) às vezes

tomar banho completo após o trabalho c/ estes "produtos"?

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) às vezes

trocar roupa limpa todos os dias após usa os "produtos"?

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) às vezes

evitar comer ou fumar enquanto usa os "produtos"`?

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) às vezes

40) Onde ficam guardados estes produtos nesta propriedade?( ) Em depósito reservado para guardar estes produtos( ) Em local da casa de moradia : porão, armários, canto, etc.( ) Em lugar fora da casa, onde já são guardados outros produtos agrícolas, comoceleiro , paiol..( ). Outros quais _________________________

41) O que é feito com as embalagens vazias?( ) Larga em algum lugar no campo( ) Joga no córrego próximo( ) Deixa próximo ao poço da linha( ) Enterra( ) Queima( ) Recolhe para o depósito municipal/ depósito de lixo comum( ) Coloca em lugar próprio para guardar estas embalagens( ). Devolve ao comerciante( ) Vende Para quem _ ________( ) Reaproveita em casa. Como: _________________( ) Outros. Quais______________________________

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42) Onde são lavados os equipamentos de aplicação:( ) local próprio ( ) rio/lago/açude( ) no poço da linha ( ) na lavoura ( )outro ________

43) Você já sentiu algum mal estar por ter usado estes "produtos" ? ( ) Sim ( ) Não44) Quando foi a última vez que sentiu mal estar por causa destes "produtos"? Mês: ____ Ano: ______

45) O que você sentiu?

46) você já foi intoxicado por estes produtos?( ) sim ( ) não

47) Quando foi a sua ultima intoxicação por estes produtos?

Mês_____ Ano ________

48) Quem diagnosticou esta intoxicação ?( ). Diagnosticada por médicos( ). Por outros profissionais de saúde (quem: __________ )( ). Por si mesmo(o entrevistado)( ). Revendedores dos produtos( ). Por outras pessoas: (quem_ ____________________ }

49 )Alguma vez foi hospitalizado(a) ou procurou ajuda médica por intoxicação devidaa estes "produtos"?( ) Não ( ). Sim, de 2 a 3 vezes( ).Sim, uma vez. ( ). Sim, quatro ou mais vezes.

50) Precisou ficar afastado de suas atividades habituais?( ) Nào precisou( ) Sim, ficou parado por _____ dias( ) Trocou para atividades mais leves.

51) O seu acidente foi registrado no INSS (emitiram a CAT- Comunicação deAcidente de Trabalho)?( ) Não procurou registrar( ) Tentou mas não conseguiu. Por que?__________________________________( ) Sim foi registrado.( ) NA ( ). NS/ NR

52) Qual o tipo de assistência que este acidente recebeu?( )Tratamentos caseiros ( ) Agentes comunitários de saúde( ) Posto de saúde ( ) Consultório particular( )Hospital da cidade ( ) Hospital de cidades( )Outros*: _____________________________