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Água que muda a vida do povo no sertão piauiense Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1183 Junho/2013 Campinas do Piauí Implantado há cerca de um ano, o quintal produtivo de Auzeni de Sousa Silva e Raimundo Nonato de Sousa Primo, no município de Campinas do Piauí, já está fazendo toda a diferença na rotina de quatro famílias que cultivam hortaliças, na pequena tarefa de terra doada para o casal por uma das famílias beneficiadas com o plantio, seu Augusto pai de Auzeni. A ideia de iniciar a horta surgiu em janeiro de 2012, seis anos após a implantação da primeira cisterna, implementada pelo P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas). Raimundo Salinas, como é conhecido Raimundo Nonato de Sousa Primo, conta que em tempos difíceis, precisou sair de sua terra natal e tentar ganhar a vida no corte de cana em Ribeirão Preto. Passou quatro anos sendo praticamente escravizado pelo dono das terras. Então decidiu reverter o quadro. Organizou uma greve dos trabalhadores rurais, com duração de 15 dias. Após a greve, foi demitido por justa causa, por lutar por seus direitos. Mas somente em 2010 voltou para o Piauí. “Voltei porque vi que podia melhorar a qualidade de vida do meu povo. Acredito muito na luta e pelo que luto” diz. Após perder dinheiro com o arrendamento de uma terra no povoado de Salinas, Raimundo conheceu Auzeni e falou para ela sobre o quintal produtivo. Eles decidiram, então, produzir o seu próprio quintal, e convidar algumas famílias para fazer parte deste projeto. O agricultor afirma que foi difícil até de começar a produzir porque ninguém acreditava que poderia dar certo. No começo eram seis famílias, mas duas desistiram e ficaram apenas quatro famílias cuidando do quintal produtivo. Em pouco tempo eles tiveram o resultado esperado. E bem no meio da seca, o verde brotou e fez com que Auzeni e Raimundo Salinas voltassem a ter esperança de dias melhores. O casal fez o

Água que muda a vida do povo no sertão piauiense

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Água que muda a vida do povo

no sertão piauiense

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1183

Junho/2013

Campinas do Piauí

Implantado há cerca de um ano, o quintal produtivo de Auzeni de Sousa Silva e Raimundo Nonato de Sousa Primo, no município de Campinas do Piauí, já está fazendo toda a diferença na rotina de quatro famílias que cultivam hortaliças, na pequena tarefa de terra doada para o casal por uma das famílias beneficiadas com o plantio, seu Augusto pai de Auzeni. A ideia de iniciar a horta surgiu em janeiro de 2012, seis anos após a implantação da primeira cisterna, implementada pelo P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas).

Raimundo Salinas, como é conhecido Raimundo Nonato de Sousa Primo, conta que em tempos difíceis, precisou sair de sua terra natal e tentar ganhar a vida no corte de cana em Ribeirão Preto. Passou quatro anos sendo praticamente escravizado pelo dono das terras. Então decidiu reverter o quadro. Organizou uma greve dos trabalhadores rurais, com duração de 15 dias. Após a greve, foi demitido por justa causa, por lutar por seus direitos. Mas somente em 2010 voltou para o Piauí. “Voltei porque vi que podia melhorar a qualidade de vida do meu povo. Acredito muito na luta e pelo que luto” diz.

Após perder dinheiro com o arrendamento de uma terra no povoado de Salinas, Raimundo conheceu Auzeni e falou para ela sobre o quintal produtivo. Eles decidiram, então, produzir o seu próprio quintal, e convidar algumas famílias para fazer parte deste projeto. O agricultor afirma que foi difícil até de começar a produzir porque ninguém acreditava que poderia dar certo. No começo eram seis famílias, mas duas desistiram e ficaram apenas quatro famílias cuidando do quintal produtivo.

Em pouco tempo eles tiveram o resultado esperado. E bem no meio da seca, o verde brotou e fez com que Auzeni e Raimundo Salinas voltassem a ter esperança de dias melhores. O casal fez o

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Realização Apoio

primeiro canteiro de coentro, cebolinha, melancia, abobora, manga e macaxeira, além de criar porco, galinha para postura, galinha caipirão e galinha caipira. E a produção não para por aí. Eles pretendem aumentar o plantio com a chegada da segunda água através da cisterna-calçadão, que está sendo construída no quintal a poucos metros dos canteiros e é um implemento do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas) que é financiada pelo MDS, com realização da Obra Kolping do Piauí. A produção, além de alimentar as 12 pessoas envolvidas no projeto e alguns animais, permite que as famílias economizem mais na hora de fazer a feira.

Dona Auzeni conta com tristeza os tempos de dificuldades. “A gente sofreu muito pela falta de água na região, chegamos ao ponto de buscar água na comunidade vizinha, que fica a 13 km daqui. No meio do caminho, tinha uma ladeira enorme e o jumento caia porque não tinha mais força. Como eu não tinha força para colocar as ancas de volta, tinha que derramar toda a água e voltar novamente no açude para repor a água. Hoje é mais fácil. Se a primeira água facilitou nossa vida, quem dirá a segunda? Vai ser melhor ainda. Vamos poder até aumentar nosso quintal e produzir mais”, destaca.

A família nutre uma expectativa muito grande para a chegada dessa nova água e espera poder contar com ela o mais rápido possível.

Com esperança em resultados melhores ainda, diante do que já foi visto em pouco tempo de produção, Raimundo Salinas completa dizendo: “O nosso desejo é poder utilizar a água dessa cisterna-calçadão da melhor forma possível, e poder aumentar a nossa produção e também a renda e o conforto da família. A gente acreditou em tudo que o programa passou e deu certo. Então, concluímos que com força de vontade e muito trabalho dará certo de novo”.