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AIdeiaGenialDeus MIOLO Final

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AIdeiaGenialDeus

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  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, sP, Brasil)

    Munroe, MylesA ideia genial de Deus: entenda a inteno original de Deus / Myles

    Munroe; traduo Marson Guedes. So Paulo: Editora Vida, 2011.

    Ttulo original: Gods Big Idea: Reclaiming Gods Original Purpose for Your Life.

    ISBN 978-85-383-0223-0

    1. Autorrealizao (Psicologia) - Aspectos religiosos - Cristianismo 2. Vida crist 3. Vida crist - Ensinamentos bblicos I. Ttulo.

    CDD-248.411-09367

    ndices para catlogo sistemtico:1. Vida crist: Ensinamentos bblicos 248.4

    1. edio: dez. 2011

    Editora VidaRua Isidro Tinoco, 70 TatuapCEP 03316-010 So Paulo, SP

    Tel.: 0 xx 11 2618 7000Fax: 0 xx 11 2618 7030

    www.editoravida.com.br

    2008, Myles Munroe Ttulo do original Gods Big Idea: Reclaiming Gods Original Purpose for Your Life Copyright da edio brasileira 2011, Editora Vida Edio publicada com permisso de Destiny Image Inc. (Shippensburg, PA).

    Todos os direitos desta traduo em lngua portuguesa reservados por Editora Vida.

    Proibida a reproduo por quaisquer meios, salvo em breves citaes, com indicao da fonte.

    Scripture quotations taken from Bblia Sagrada, Nova Verso Internacional, NVI Copyright 1993, 2000 by International Bible Society .Used by permission IBS-STL U.S. All rights reserved worldwide.Edio publicada por Editora Vida, salvo indicao em contrrio.

    Todas as citaes bblicas e de terceiros foram adaptadas segundo o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

    Editor responsvel: Marcelo SmargiasseEditor-assistente: Gisele Romo da Cruz Santiago

    Editor de qualidade e estilo: Snia Freire Lula AlmeidaTraduo: Marson Guedes

    Reviso de traduo: Marsely de Marco Martins DantasReviso de provas: Josemar de Souza Pinto

    Projeto grfico e diagramao: Karine dos Santos BarbosaCapa: Arte Peniel

  • DeDicatria

    Aos 7,5 bilhes de pessoas que cambaleiam sob o fardo secreto que buscar o propsito e a razo da prpria existncia. famlia da humanidade perdida na fumaa da confuso coletiva

    que causamos, a confuso sobre os motivos que colocaram a ns, cria-turas viventes, neste planeta girando no espao.

    s crianas e aos jovens de nossos pases que esto desiludidos com as armadilhas da religio, apagados por causa da decepo com a pol-tica e desconfiados das promessas vazias da cincia. Este livro dedica-se a ajud-los a encontrar a mais grandiosa das respostas para um corao em busca.

    Aos lderes religiosos e aos polticos, responsveis por liderar e pro-ver respostas para as pessoas de seus pases e para o mundo. Que este livro os inspire a olhar para a mais grandiosa das alternativas de restau-rao nacional e global.

  • agraDecimentos

    Um autor nunca escreve um livro sem antes t-lo escrito em seu cora-o e em sua mente. So milhares de pessoas que do contribuies e influenciam sua vida. Depois disso, o livro escrito em um esforo colaborativo de muitas pessoas que, por meio de um processo corpo-rativo, entregam um produto do qual milhes podem tirar proveito. Portanto, impossvel para qualquer autor receber todo o crdito por qualquer obra que produza.

    A gerao atual no a nica que contribuiu para esta obra. Alguns, que j foram para o Reino alm da terra tambm ajudaram, e h ainda aqueles que todos os dias acrescentam algo ao meu desenvolvimento.

    Em primeiro lugar, quero agradecer a meu amigo Don Milam, que continua a exercer presso sobre meu potencial ainda no utilizado e a acreditar no contedo que tenho. Ele chega a ponto de acreditar que sou uma biblioteca ambulante de livros ainda no escritos.

    Steve, meu fiel e dedicado editor: Sua capacidade de captar e trans-mitir a profundidade de meus pensamentos no nada menos do que um milagre. Este livro no teria sado da cmara incubadora do meu corao sem sua habilidade e seu talento.

    Gostaria de agradecer a Ruth, minha esposa amada, e a nossos ma-ravilhosos filhos, Charisa e Chairo (Myles Jr.), por continuarem me dando tempo para liberar o potencial de cada livro e incentivar-me a cumprir meu propsito compartilhando-me com outras pessoas.

  • recomenDao

    Myles Munroe no apenas um amigo querido; tambm algum que muito me ajudou a moldar nossa compreenso do Reino de Deus. Deus est nos convocando a deixar de lado nossas brigas, lutas e contendas e simplesmente adotar a verdade de que o Reino de Deus j uma realidade, e ele governa na terra. A grande ideia de Deus, o novo livro do pastor Myles, como um mapa do tesouro para as promessas da Bblia, ensinando-nos o que verdadeiramente significa buscar o Reino de Deus e sua justia, para que todo o mais possa se encaixar perfeitamente.

    Matthew CrouchCEO, Gener8Xion Entertainment

  • sumrio

    Prefcio 13

    Introduo 17

    Cap tulo 1 O jardim do den: o Reino de Deus na terra 21

    Cap tulo 2 O poder do princpio do jardim 37

    Cap tulo 3 Cu e terra: um choque entre culturas 53

    Cap tulo 4 O mestre dos jardineiros: o segredo de um jardimbem cultivado 69

    Cap tulo 5 Quem cultiva seujardim? 83

    Cap tulo 6 Compreendendo a influncia do jardim 99

    Cap tulo 7 Criando a cultura do Reino 112

    Cap tulo 8 Gerando a comunidade do Reino 133

    Cap tulo 9 Engajando-se na cultura popular 149

    Cap tulo 10 Dois mundos vivendo na mesma terra 164

  • Prefcio

    O mundo dirigido por homens mortos. Talvez esta afirmao possa surpreender voc, mas, depois de pensar um pouco, provavelmente concordaria, se considerasse que todas as ideologias que servem de fun-dao para governos, religies, instituies sociais e cvicas so cons-trudas sobre as ideias de homens mortos. Imperialismo, monarquia, socialismo, comunismo, democracia e ditadura, todas nascem de ideias cultivadas, incubadas e desenvolvidas por homens que, embora tenham descansado h muito tempo, ainda vivem na prtica dessas ideias nas sociedades modernas.

    Este livro trata do poder irreprimvel das ideias. Nosso planeta gira em torno do poder das ideias, e essas ideias geraram a condio em que a terra se encontra. Considere isso: todo governo de todo pas orienta--se e regula-se por ideias. Todas as leis e as legislaes so produtos de ideias, e os padres sociais e culturais de todas as comunidades ao redor do mundo so resultado de ideias que as sociedades consideraram acei-tveis, e assim expressam-se no comportamento social.

    Este livro trata da ideia que foi introduzida na terra pelo Criador da terra, mas que foi logo perdida depois que a jornada humana teve incio. Desde ento, tem sido objeto da busca do esprito humano. Essa ideia teve origem na mente e no corao do Criador e serviu de motivao e propsito para a criao do Universo fsico e da espcie humana. Neste livro refiro-me a essa ideia como a grande ideia e tento provar que superior juno de toda sabedoria e ideias do intelecto humano. uma ideia que est alm das reservas filosficas

  • A ideiA geniAl de deus

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    da histria humana e suplanta as instituies que governam a huma-nidade desde sua primeira sociedade.

    A grande ideia no uma ideia nova. Foi imitada, disfarada, mal utilizada, interpretada e compreendida equivocadamente pela humani-dade ao longo da Histria e parece fugir compreenso do mais sbio de ns. a busca intensa dessa grande ideia ao longo da Histria que produziu todas as ideologias que viemos a adotar, e essa busca germi-nou em todas as religies da terra que os humanos seguem. Essa grande ideia a nica resposta ao forte clamor existente no corao de cada humano e pode satisfazer o vcuo perptuo no esprito da humanidade.

    O que essa grande ideia? A grande ideia a ideologia que serviu de fundao do primeiro governo, do governo original, institudo na terra. a aspirao divina, a viso celeste e o propsito eterno do Criador para sua criao e humanidade no planeta Terra. A grande ideia o conceito do programa de governo definitivo para a humanidade sobre a terra, que satisfaz todas as necessidades fundamentais da humanidade e que produz uma cultura que integra todas as aspiraes nobres de toda a humanida-de, tais como igualdade, justia, paz, amor, unidade e respeito pela digni-dade humana, valor humano e capacidade de deciso comunitria. Essa ideia contm e superior a todas as nobres aspiraes da democracia, do socialismo, do comunismo, do imperialismo, da ditadura e de todas as religies. Minha esperana que este livro revele a beleza dessa grande ideia, que pode solucionar todos os problemas terrenos problemas como guerras, terrorismo, crime, epidemia de aids, abuso infantil, des-truio ambiental, conflitos entre culturas, pobreza, opresso, limpeza tnica, crise econmica, desintegrao familiar, corrupo poltica e reli-giosa, violncia nas comunidades e a cultura do medo.

    Este livro o resultado da minha luta pessoal em busca de significado, motivo, esperana e compreenso da vida. Debati-me com inconsistn-cias, fracassos e decepes nas tentativas humanas de autogoverno e de produzir a utopia que continua sendo prometida. Fiquei igualmente afli-to e desiludido com as promessas das religies, pois a Histria exps seus defeitos gigantescos. Esses defeitos revelaram-se na extorso de recursos, comrcio de armas, cruzadas humanas destrutivas, inquisies, opresso,

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    Prefcio

    instituio do comrcio escravagista, corrupo e, mais recentemente, na motivao ao terrorismo e destruio da vida humana. Minha espe-rana na cincia e educao foi arremessada contra a parede quando vi o progresso do conhecimento e da tecnologia tornar-se vtima da aplicao imoral e ser abusado pelo poder desprovido de conscincia.

    Como fizeram milhes, retirei-me para dentro de mim em busca das respostas que no estavam mo dentro das estruturas e institui-es que deram forma sociedade humana. Essa busca levou-me ao mais mal compreendido homem do planeta Terra: um jovem filsofo judeu que proclamou uma ideia nova. Ela no era ortodoxa, familiar, no tinha sido tentada, mas desafiou todas as ideias previamente con-cebidas pela humanidade. Essa ideia singular tratava de todas as ne-cessidades, aspiraes, perguntas e anseios da experincia humana, ao mesmo tempo que mostrava os defeitos, fraquezas, irracionalidade e inferioridade de nossas ideias.

    Tal ideia singular acabou sendo to completa que abarca todo o es-pectro da vida dos indivduos e das naes. Prov satisfao para toda a raa humana, bem como para todo o planeta Terra.

    Essa ideia no uma filosofia metafsica, nebulosa, impraticvel e csmica, que s poderia funcionar em outro mundo. No precisa ser relegada ou preservada em algum tipo de experincia aps a morte. Antes, uma ideologia prtica, inteligvel, alcanvel e amigvel, pron-ta para atuar na terra, embora se origine em outra dimenso. uma ideia que pode funcionar para governos nacionais, negcios corporati-vos, vida civil, famlias e comunidades. uma ideia para crianas, adul-tos, ricos, pobres e tudo o que h no meio.

    Creio to intensamente nessa grande ideia e dou testemunho de suas evidncias na minha experincia de vida que dediquei toda a minha vida a propag-la, espalhando-a por a, compartilhando-a com cada ser humano com o qual deparo.

    Essa ideia no dogma religioso, nem alguma posio teolgica bitolada que isola a pessoa do restante da famlia humana. Antes, su-planta qualquer posio institucional religiosa e desafia as fronteiras limitadas de todas as outras filosofias e ideologias da humanidade.

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    Essagrande ideia to pura que entra em conflito com todas as teses que aprendemos e leva-nos a uma fronteira que invoca a melhor natu-reza da humanidade.

    Qual essa ideia? a concepo divina da colonizao da terra pelo Reino dos cus, que impacta o territrio da terra com a cultura amoro-sa do cu na terra, produzindo uma colnia de cidados que expressam a natureza, os valores, a moral e o estilo de vida do cu na terra. No uma ideia religiosa, mas uma invaso global de amor, alegria, paz, bon-dade, amabilidade, justia, pacincia e retido sob a influncia do go-vernante celestial: o Esprito de Deus.

    a ideia que a humanidade pode ser restaurada paixo, ao prop-sito e ao plano do Criador. Que plano esse? O de estender seu reino celestial terra, fazendo dela uma colnia dos cus. Como isso ser al-canado por intermdio da humanidade, a terra, com sua natureza divi-na, se manifestar em todos os comportamentos humanos. No uma religio, mas a manifestao do governo de outra esfera da existncia. Que ideia! a Grande Ideia. Junte-se a mim enquanto descobrimos a maior das ideias que j ingressou no planeta Terra. Vamos aprender os motivos pelos quais no poderia ter origem na terra, mas precisava ser trazida para a terra pelo mais benevolente dos reis e governantes de um pas de outro mundo.

  • introDuo

    A morte nunca consegue matar uma ideia. As ideias so mais po-derosas do que a morte. As ideias continuam vivas depois que os homens morrem e nunca podem ser destrudas. Na verdade, as ideias produzem tudo. Tudo comeou como uma ideia, tudo consequn-cia da concepo de uma ideia. Este livro resultado de uma ideia, e o papel no qual est impresso j foi uma ideia. O calado nos seus ps, as roupas que voc veste, a casa na qual mora, o carro que dirige, a xcara na qual bebe e a colher que usa no passam de ideias que vieram luz por causa da diligncia humana.

    interessante observar, e a Histria serve de prova, que as ideias so indestrutveis. De fato, qualquer tentativa de destruir uma ideia parece servir apenas para faz-la crescer e multiplicar-se. As ideias que pare-cem subjugadas, ou obrigadas a submergir em uma gerao, emergem em outra gerao e causam impacto nas geraes futuras.

    Lutar contra uma ideia a luta mais difcil! Em termos filosficos, as ideias no podem ser destrudas por armas concretas como espadas, tanques, armas nucleares, nem por armas biolgicas ou qumicas. As ideias podem ter prazo de validade em uma estante, mas no podem ser extintas. Por qu? Porque ficam incubadas em um local em que ne-nhuma arma consegue atingir: a mente. Se voc matar um homem, no destri suas ideias. As ideias podem ser transferidas e podem sobreviver durante geraes.

    por isso que todas as ideologias sobrevivem, no importa a opi-nio que voc tenha sobre elas. Imperialismo, comunismo, socialismo,

  • A ideiA geniAl de deus

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    democracia, ditadura e monarquia: todos so ideias indestrutveis, em-bora os homens que as conceberam tenham morrido. por isso que mes-mo as tentativas de reagir ao espectro do terrorismo so to difceis! O terrorismo uma ideia propagada por extremistas: essa ideia vendida, negociada e transferida para a mente de outras pessoas e transforma-se nos fundamentos filosficos do comportamento destrutivo que se trans-formou no maior dos desafios de segurana do sculo XXI. Como se luta contra o terrorismo? Uma bala consegue matar uma ideia? O terrorismo morre quando um terrorista morto? Como se vence a guerra contra uma ideia? Minha convico que a nica maneira de derrotar uma ideia ruim oferecer uma ideia melhor. As ideias so destrudas com ideias.

    Tenho a convico de que a batalha pela terra uma batalha de ideias. Sempre foi uma batalha de ideias. Ao longo da Histria, a hu-manidade lutou por causa de ideias. A guerra fria foi o resultado de um conflito de ideias. A Segunda Guerra Mundial foi um conflito deideias. A Guerra da Coreia foi um conflito de ideias. O apartheid foi uma ideia que oprimiu a dignidade humana, enobrecendo alguns humanos e rebaixando outros: foi basicamente um conflito de ideias a respeito de raa, etnia e valor humano. As tenses entre a China e a cultura ocidental foram consequncias de ideias. Todas essas questes e acontecimentos histricos foram guerras ideolgicas.

    Talvez a esta altura, j que discutimos tanto sobre ideias, seja pro-veitoso atentar para a definio do conceito de uma ideia. Para cap-tar inteiramente o que uma ideia, necessrio comear com o que se chama de preceito. A palavra preceito uma construo gramatical que incorpora o prefixo pre-, que significa antes, e -ceito, a raiz da palavra, que significa pensamento ou o implica. Portanto, a palavra preceito significa antes de pensar, ou o pensamento antes do pensamento. Na essncia, um preceito o pensamento original que se refere ao pen-samento alicerador. Quando um preceito concebido, chamado de uma ideia. Portanto, uma ideia um pensamento concebido que se torna o alicerce de um conceito, que se desenvolve em imagem mental e produz um produto. Portanto, uma ideia pode ser, e normalmente , a fonte da criao. A criao uma ideia manifesta.

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    Introduo

    Quando se concebe um pensamento-ideia, ele pode ser cultivado em uma teoria e emerge como uma filosofia. nesse estgio quando uma ideia pode se transformar em uma filosofia que a fundao de um sistema de crenas toma forma. Um sistema de crenas torna-se o motivador de todo comportamento, de toda reao diante da vida e do ambiente. A crena tambm torna-se uma lente pela qual toda vida vista e interpretada. Na essncia, as ideias so o fundamento de uma filosofia que se torna nossa maneira de pensar, nosso conceito da ver-dade e nosso sistema de crenas. Assim, cria-se nosso estilo de vida e condicionamento mental.

    Nada to poderoso como a filosofia, e a fonte da filosofia so os preceitos, que so as ideias que passamos a conceber e aceitar. O pen-samento controla o mundo, e nos tornamos aquilo em que pensamos. Esta a premissa da afirmao do rei Salomo na Antiguidade, mais de trs mil anos atrs: Porque, como [um homem] imagina em sua alma, assim ele (Provrbios 23.7, ARA). No possvel algum viver alm da filosofia e do sistema de crenas. Voc s mudar quando sua filosofia mudar, e sua filosofia s mudar quando suas ideias mudarem.

  • Captulo 1

    o jardim do den: o reino de Deus na terra

    Onde quer que eu v, percebo que mais e mais pessoas se dizem can-sadas da religio. H algum tempo fui convidado para fazer uma palestra em uma

    conferncia internacional espiritual na Cidade do Mxico. Era certa-mente uma reunio ecumnica de propores globais. Os palestrantes anunciados incluam um lder indiano sique, assim como um dos mais importantes ims do islamismo. O prprio Dalai Lama iria se apresen-tar antes de mim. O arcebispo catlico do Mxico estava l, assim como o arcebispo anglicano da Canturia, Inglaterra. Eu era o nico evang-lico na lista de palestrantes.

    Quando cheguei com minha esposa cidade do Mxico, nossa preocupao era sobre como seramos recebidos. A preocupao foi desnecessria. O pessoal do dilogo inter-religioso saudou-nos en-tusiasticamente com um abrao caloroso e palavras animadoras. Na verdade, a mulher responsvel pela coordenao do evento me disse: Voc bastante conhecido por sua reputao. Sinta-se vontade para falar o que quiser. Diga tudo que quiser dizer.

    Meu horrio era o ltimo da programao, por volta das 15 horas. Todos os palestrantes falaram antes de mim, e poucas pessoas compa-receram s sesses. No sei o que falaram a meu respeito, mas durante minha apresentao a sala estava lotada. Sentados na primeira fila, ao lado de minha esposa, estavam os lderes budista, sique e muulmano, todos paramentados com seus belos mantos.

  • A ideiA geniAl de deus

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    Dei uma olhada naquele monte de gente e pensei: Deus, tem mi-sericrdia!. Foi quando me empolguei. Livrei-me do medo humano, subi ao palco no poder do Esprito Santo e disse:

    Fiquem em p, todos, vamos orar. Deem as mos, e vamos entrar em harmonia com o poder do Esprito Santo.

    Todos os presentes fizeram exatamente o que pedi. A uno veio so-bre mim com autoridade, comecei a orar, e algo impactou aquele lugar. De repente, todos comearam a chorar. Tudo estava muito silencioso, a no ser por um suave som de choro.

    Finalmente eu disse: Sentem-se. Nesse instante tudo estava to quieto que se podia ouvir um alfinete

    caindo. Ento disse a eles: Hoje, quero falar a vocs sobre o propsito original de Deus e

    por que ele criou cada ser humano sabia que aquela era minha opor-tunidade para entregar a mensagem que precisavam ouvir.

    Quando terminei minha palestra, trinta e cinco minutos depois, uma salva de palmas irrompeu no recinto, e as pessoas aplaudiam de p. Gritos de mais, mais, mais! eram ouvidos no local. A diretora subiu ao palco, aplaudindo e concordando com a plateia.

    Fale mais ela insistiu, sorrindo. Mais? Sim. Eles querem ouvir mais. Continue, por favor.Ento, durante mais vinte e cinco minutos, contei a eles por que Jesus

    Cristo diferente de Buda, Maom, Confcio e todos os outros funda-dores das religies mundiais. Eu disse:

    Em primeiro lugar, deixe-me esclarecer que no sou um homem religioso. Em segundo lugar, estou convencido de que a fonte nmero um de todos os nossos problemas a religio.

    O local ficou em silncio total. Em terceiro lugar, estou aqui para representar um Homem que

    nunca foi religioso, cujas teologia, psicologia e ideologia esto muito

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    acima da religio. Creio que sua tese a respeito da conduta humana e do futuro da humanidade a nica resposta que temos. Aps analisar todas as outras apresentaes, e todas as ideologias que foram apresen-tadas, proclamo que a dele superior.

    Apesar de parecer impossvel, a sala ficou ainda mais silenciosa. Por exemplo continuei , a maioria das religies diz olho

    por olho, dente por dente, mas esse grande filsofo diz Ame seus ini-migos o im muulmano contorceu-se em sua cadeira . Vim aqui para falar sobre aquilo de que mais precisamos. O mundo no precisa de mais religio, pois sabemos que somos o problema. O que precisa-mos de um governo no mundo, e vim falar a vocs sobre um governo alternativo. O nico que funciona o Reino de Deus. Cada um de vo-cs nesta sala equivocou-se na hora de interpretar Jesus Cristo.

    Segui nessa linha por mais trinta minutos, e no final fui novamente ovacionado de p.

    Por que minha mensagem foi to bem recebida? Porque no falei sobre uma religio. Se tivesse pregado o cristianismo, minha apre-sentao nunca teria funcionado. Em vez disso, falei sobre Deus, seu Filho e sua grande ideia, e as pessoas a devoraram. Por qu? Porque as pessoas esto cansadas de ouvir falar em religio. Esto cansadas de coisas que no funcionam, que no respondem s perguntas nem aos desejos mais profundos de sua alma. O mundo inteiro est procuran-do algo mais.

    O mundo de hoje est arruinado por causa do desassossego e da violncia. Guerras, genocdio, limpeza tnica e terrorismo, tudo isso exprime o violento choque de culturas em uma escala sem precedentes. No corao desse conflito cultural encontram-se fundamentos ideo-lgicos profundamente arraigados. So fundamentos em oposio e firmam-se na religio. Sempre que uma religio se torna a base de uma cultura, fica muito difcil mudar essa cultura, pois fundamentada em um sistema de convices, de crenas. Historicamente, as diferenas religiosas foram e continuam sendo responsveis pelos conflitos mais violentos da Histria. Claramente, a religio representa um fracasso para a humanidade.

  • A ideiA geniAl de deus

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    Uma ideia de beleza singUlar

    A religio uma ideia do homem, no de Deus. A ideia original de Deus muito maior e muito melhor do que qualquer coisa que ns, seres humanos, poderamos imaginar. E qual foi a grande ideia de Deus? Ele decidiu ampliar seu Reino divino para o plano terres-tre, expandir seu domnio sobrenatural e atingir o domnio natural. Ou, em outras palavras, Deus decidiu encher a terra com a cultura do cu.

    Como Deus ps sua grande ideia em prtica? Aqui, assim como em quase tudo o que faz, Deus fez o inesperado. Tipicamente, reinos e imp-rios humanos entram em ascenso ou queda por meio de guerras e conquistas. Mas no o Reino de Deus. Pelo fato de seus pensamentos no serem os nossos pensamentos, e de seus caminhos no serem os nos-sos caminhos (veja Isaas 55.8), Deus fez algo completamente diferente. Quando decidiu trazer a cultura do cu para a terra, Deus no se valeu de guerras. No partiu para conquistas. No promulgou um cdigo de leis. No. Quando decidiu trazer o cu para a terra, fez algo muito mais simples, algo singularmente belo e maravilhoso.

    Ele plantou um jardimApesar de invisvel, o cu um local literal. um Reino que

    tem territrio e governo o governo de Deus. Desde o princpio, Deus tinha uma meta bem simples: expandir seu Reino celestial e invisvel e atingir a terra visvel. Essa inteno inicial o corao das Escrituras. Historicamente, sempre que um reino ou imprio quises-se expandir sua influncia ou territrio, isso ocorria basicamente de duas formas: colonizao ou franca conquista. Sendo o nico e in-contestvel Criador e Governador de tudo o que existe, Deus optou por expandir sua influncia e domnio saindo do espiritual para o natural, saindo do invisvel para o visvel estabelecendo na terra uma colnia, ou posto avanado, do cu. Seu plano era povoar esse posto avanado com seus prprios filhos seres humanos criados sua imagem que viveriam e fariam funcionar seu Reino sagrado nos domnios terrestres.

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    Ao contrrio do padro seguido pelos reis e governantes humanos ao longo da Histria, a ideia original desse posto avanado do cu na terra no era a de uma fortaleza imponente com muralhas altas, ameias e paliadas, projetadas para intimidar uma populao amedrontada. No. Deus iniciou seu Reino na terra plantando um jardim no den, um local especialmente preparado para servir de habitao para os pri-meiros representantes humanos de seu Reino na terra. Deste ponto ne-vrlgico de abundncia e beleza, seguiriam o mandato de seu governo para serem frteis e multiplicarem-se (Gnesis 1.28), povoando a terra com outros de sua espcie e plantando os jardins do Reino aonde quer que fossem. Dessa forma, tal como o fermento no po, infundi-riam o territrio da terra com a nao do cu.

    entendendo a inteno original de deUs

    A chave para entendermos a razo da presena dos homens na terra entender a inteno original de Deus. Se soubermos quais eram os intentos iniciais de Deus, poderemos entender melhor onde nos en-contramos agora e para onde precisamos ir.

    A palavra inteno pode ser definida como propsito original. mais importante saber qual era a inteno de uma pessoa do que sa-ber o que de fato ela disse ou fez. Se no discernirmos corretamente a inteno, haver um mal-entendido. Esse um dos motivos pelo qual existem tantas pessoas confusas no mundo: interpretamos mal a inten-o original de Deus. Interpretamos mal no apenas a ns mesmos, mas tambm o propsito de Deus ao nos colocar na terra.

    Quando entendemos essa inteno, vemos o quadro geral. Se vir-mos ou ouvirmos somente uma pequena parte do todo, nossa interpre-tao ser equivocada, e chegaremos a uma concluso incorreta. Deus tem um propsito em tudo o que faz. Todos ns que somos cidados de seu Reino fazemos parte de seu plano global. Mas, em geral, tudo o que vemos uma pequena poro que nos envolve em determinado momento. Se consultarmos regularmente a Bblia (o guia de Deus para a vida em seu Reino), ele nos dar conta de sua inteno, o que, por sua vez, nos ajudar a visualizar o quadro geral.

  • A ideiA geniAl de deus

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    A inteno tambm o componente mais crtico da motivao. a fonte da motivao, o motivo pelo qual uma pessoa faz ou cria algo. No entanto, a menos que seja claramente especificada, a inten-o fica oculta. Um bom exemplo disso a obra de arte de um pintor renomado. Os artistas raramente explicitam sua inteno: deixam que sua arte fale por si mesma. Para aqueles que dispem de tempo e disposio para investigar, a inteno por trs do trabalho de um artista pode ser discernida da prpria pintura. Nenhuma outra expli-cao necessria.

    Como j disse, se a inteno for desconhecida, a interpretao equivocada inevitvel. Equvocos ao interpretar a inteno so uma garantia de que desperdiaremos tempo, talento, energia, dons e recur-sos. Tudo o que fizermos ser perda de tempo se no soubermos o que Deus pretendia. Esse o problema com a religio. A religio , no m-ximo, o melhor palpite dos homens sobre a inteno original de Deus. A maioria das religies tenta chamar a ateno de Deus, o que uma abordagem errada. J temos a ateno de Deus. A chave para a vida e o propsito, no entanto, est em descobrir a inteno de Deus.

    Felizmente para ns, Deus no escondeu sua inteno, obscurecendo--a como um artista faria em suas pinturas. Em vez disso, a criao revelou Deus e sua inteno (algumas vezes chamada de revelao geral), e o mesmo vale para sua Palavra (algumas vezes chamada de revelao es-pecial). Um exemplo do primeiro caso pode ser encontrado em Salmos 19.1: Os cus declaram a glria de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mos. A revelao geral refere-se ao que podemos aprender so-bre Deus por meio da observao da ordem criada. A revelao especial tem a ver com o que Deus explicitamente revela sobre ele mesmo, seja por meio de declaraes ou manifestaes claras coisas a respeito dele que nunca descobriramos ou reconheceramos sozinhos. A Bblia est repleta dessas afirmaes da autorrevelao de Deus.

    Na verdade, a inteno original de Deus afirmada explicitamente no captulo 1 da Bblia.

    Ento disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana. Que ele domine sobre os peixes

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    do mar, sobre as aves do cu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao cho. Criou Deus o homem sua imagem, imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abenoou, e lhes disse: Sejam frteis e multipliquem-se! Encham e sub-juguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do cu e sobre todos os animais que se movem pela terra. (Gnesis 1.26-28)

    A expresso Deus disse indica que a seguir se declara a inteno de Deus, de seu propsito, aquilo que de antemo havia concebido em sua mente. preciso ouvir atentamente sempre que Deus falar, pois esta-mos prestes a receber a revelao de sua inteno. Nesse caso, descobri-mos qual a inteno de Deus seu propsito ao criar o Universo, o planeta que chamamos de Terra, junto com todas as suas criaturas, especialmente a raa humana. Em primeiro lugar, Deus nos diz o que pretendia fazer: criar uma espcie chamada homem sua imageme semelhana. Ento, ele nos diz o motivo: para que possamos reinar edominar toda a terra e suas criaturas.

    Para facilitar isso, Deus preparou um ambiente especial para os re-presentantes humanos, uma base inicial de onde poderiam realizar sua inteno e encher a terra com a cultura do cu.

    Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no den, para os lados do leste, e ali colocou o homem que formara [...]. O Senhor Deus colocou o homem no jardim do den para cuidar dele e cultiv-lo. (Gnesis 2.8,15)

    A inteno original de Deus era povoar a terra com a raa humana, que governaria o Planeta em seu nome. realmente muito simples.

    Criada para ser habitada

    Existem muitas outras referncias na Bblia que expressam cla-ramente a inteno original de Deus. Por exemplo, o profeta hebreu Isaas afirmou que Deus criou a terra especificamente para ser habitada pelos seres humanos.

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    Pois assim diz o Senhor, que criou os cus, ele Deus; que moldou a terra e a fez, ele fundou-a; no a criou para estar va-zia, mas a formou para ser habitada; ele diz: Eu sou o Senhor, e no h nenhum outro. (Isaas 45.18)

    No plano de Deus, a terra sempre teve um propsito. Deus nunca quis criar a terra para deix-la vazia. Desde o incio, mesmo antes de form-la, Deus a imaginou repleta de plantas e vida animal de toda es-pcie. Os seres humanos criados imagem de Deus fariam o trabalho de superviso e exerceriam a autoridade que lhes foi delegada.

    Um dos antigos salmos hebreus diz: Os mais altos cus per-tencem ao Senhor, mas a terra ele a confiou ao homem (Salmos 115.16). O desejo de Deus era expandir seu governo real do cu para a terra, mas no queria fazer isso pessoalmente. Em lugar disso, es-colheu criar a humanidade sua prpria imagem seres espirituais habitando um corpo fsico perfeitamente adaptado para viver na di-menso natural. A terra foi dada ao homem. Logo, est fora de prumo qualquer religio que ensine ou enfatize que deixaremos a terra para viver a eternidade em outro lugar na prxima vida. Se estivermos vidos para deixar a terra e viver eternamente em outro lugar qual-quer, estaremos interpretando incorretamente a inteno de Deus. Embora a Bblia afirme claramente que o mundo atual vai acabar (veja 1Corntios 7.31; 1Joo 2.17), ela tambm promete que uma nova terra vai substitu-lo.

    Pois vejam! Criarei novos cus e nova terra, e as coisas pas-sadas no sero lembradas. Jamais viro mente! (Isaas 65.17).

    Assim como os novos cus e a nova terra que vou criar sero duradouros diante de mim, declara o Senhor, assim sero duradouros os descendentes de vocs e o seu nome (Isaas 66.22).

    Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos cus e nova terra, onde habita a justia (2Pedro 3.13).

    Ento vi novos cus e nova terra, pois o primeiro cu e a primeira terra tinham passado; e o mar j no existia. (Apocalipse 21.1)

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    Se a inteno original de Deus que a terra fosse habitada mu-dasse quando o mundo atual acabar, por que criaria um mundo novo? O futuro da humanidade no Reino dos cus sempre envolver a terra uma terra recriada.

    A inteno original de Deus e seu propsito duradouro era expandir seu Reino celestial invisvel para a terra. Assim, influenciaria a terra pelo cu, e o faria por intermdio do domnio exercido por seus filhos terrestres, filhos criados sua imagem. Colonizao o processo que estende um governo monrquico (ou de qualquer tipo de governo) de um local para outro com o estabelecimento de um posto avanado, chamado colnia. Dito de forma simples, a inteno original de Deus era transformar a terra em uma colnia do cu.

    Entendo que a maioria das pessoas hoje em dia enxergue a coloni-zao de maneira negativa, principalmente aqueles que, como eu, vi-veram debaixo do domnio colonial. E com uma boa razo: durante a Histria, quase toda colonizao humana caracterizou-se por coero, brutalidade, ganncia, explorao e opresso. Essas caractersticas, na realidade, refletem a natureza e as tticas de Satans, principal inimigo da humanidade, que se apoderou ilegalmente da colnia-jardim origi-nal de Deus e destronou Ado e Eva, seus legtimos governantes.

    A colonizao era a ideia original de Deus. Diferente do jeito huma-no de colonizar, a colnia de Deus na terra assumiu a forma de um jar-dim. Como analogia, um jardim compartilha as mesmas caractersticas gerais de uma colnia, mas sem a carga negativa. Em ntido contraste com a maneira violenta e brutal de expanso dos imprios humanos, a maneira de Deus foi bem mais sutil. Um jardim comea com um solo abandonado que gradualmente se transforma, seguindo um processo belo e completo. Da mesma maneira, a influncia do Reino de Deus sobre a terra aumenta aos poucos, e normalmente sem ser notada, e isso at que chegue o dia de encher a terra, embebendo-a com a cultura do cu. Jesus comparou o processo do fermento agindo no po.

    O Reino dos cus como o fermento que uma mulher to-mou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada. (Mateus 13.33)

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    Ele tambm comparou o Reino a uma semente de mostarda.

    Com que se parece o Reino de Deus? Com que o compa-rarei? como um gro de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele cresceu e se tornou uma rvore, e as aves do cu fizeram ninhos em seus ramos. (Lucas 13.18,19)

    O objetivo final de Deus quando plantou um jardim-colnia era encher a terra com sua glria. A glria de Deus um dos temas impor-tantes da Bblia. Por exemplo, Deus disse a Moiss: To certo como eu vivo [...] a glria do Senhor encher toda a terra (Nmeros 14.21, A21). O rei Salomo, filho de Davi, orou: Bendito seja o seu glorioso nome para sempre; encha-se toda a terra da sua glria (Salmos 72.19). Deus reitera este tema com Habacuque, o antigo profeta hebreu, com as palavras: Mas a terra se encher do conhecimento da glria do Senhor, como as guas enchem o mar. (Habacuque 2.14)

    Em hebraico, a palavra para glria kabod, e o equivalente em grego doxa. As duas palavras significam pesado ou peso pesado. Mais especificamente, glria refere-se plena natureza de uma coisa. Deus quer encher a terra com todo o seu peso, sua natureza verdadeira e completa, a plenitude de quem ele e da impresso que d. Ele quer ser na terra exatamente o que no cu. Salmos 19.1 diz que os cus esto cheios da glria de Deus. Ele quer que a terra se encha da mesma maneira, com pessoas plenas de sua natureza e Esprito.

    a asCenso qUeda e asCenso... deUm reino

    Entender a inteno original de Deus ajuda-nos a compreender a Bblia, sua palavra escrita. Muitas pessoas interpretam equivocadamente a Bblia e sua mensagem porque entendem equivocadamente a inteno original de Deus. Dito de maneira simples, a Bblia fala sobre a ascenso, queda e ascenso do reino de Deus na terra. Ela conta a histria de um reino estabelecido, um reino perdido e um reino reconquistado. Os dois primeiros captulos do livro de Gnesis descrevem o estabelecimento do reino terrestre de Deus sob o domnio de Ado e Eva, que foram criados por Deus sua imagem e dele receberam domnio.

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    O captulo 3 de Gnesis conta como Ado e Eva perderam seu reino terrestre, enquanto o restante da Bblia registra o plano de Deus em operao para reconquistar o reino e restaur-lo a seu lugar anterior.

    A Bblia comea com a criao da dimenso natural os cus e a terra , mas, antes mesmo disso, ele criou e estabeleceu a dimenso sobrenatural, que conhecemos como cu, como o centro invisvel de seu poder. O cu o primeiro reino de Deus, o reino original. Sendo um reino, tendo Deus como seu rei, o cu um pas to real quanto qualquer nao na terra, apesar de ser invisvel.

    Isso no se refere a seus pases de origem, para os quais poderiam ter voltado se desejassem, mas para outro pas, em outro lugar.

    Em vez disso, esperavam eles uma ptria melhor, isto , a p-tria celestial. Por essa razo Deus no se envergonha de ser cha-mado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade. (Hebreus 11.16)

    O cu, portanto, um pas, um reino governado por um rei: Deus. Rei o nico ttulo adequado para descrever o lugar de Deus no cu, porque ele no foi colocado no poder pelo voto. Deus governa seu reino por direito divino, o direito da criao. Pelo fato de Deus ter criado todas as coisas, todas as coisas a ele pertencem. Ele o legtimo governante do Universo. Em Salmos 103.19 lemos: O Senhor estabeleceu o seu trono nos cus, e como rei domina sobre tudo o que existe. Nunca haver outro governante porque o reino de Deus eterno: O teu trono, Deus, subsiste para todo o sempre (Salmos 45.6a).

    Como da natureza dos reinados expandirem seu territrio, Deus decidiu expandir seu Reino invisvel e sobrenatural em direo di-menso visvel e natural. Ele criou os cus e a terra, plantou um lindo jardim no den como o ponto central e inicial da expanso de seu Reino na terra. Encheu a terra com plantas e animais de vrias esp-cies. Por fim, ele criou um homem e uma mulher seres humanos moldados sua imagem e semelhana e colocou-os no jardim na qualidade de representantes de seu Reino para governarem a terra sob sua total autoridade.

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    Os seres humanos receberam o poder sobre a dimenso terrestre, mas Deus permanece rei porque tudo pertence a ele. O salmista diz:

    Do Senhor a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem; pois foi ele quem a fundou sobre os mares e firmou-a sobre as guas (Salmos 24.1,2).

    Pois o Senhor Altssimo temvel, o grande Rei sobre toda a terra! (Salmos 47.2).

    Quando Deus criou a humanidade, deu-nos domnio sobre a terra, mas nunca nos fez proprietrios. Deus o rei da terra, e Ado e Eva eram seus administradores, revestidos de autoridade quase ilimitada para governarem em seu nome.

    Como primeiro posto avanado do Reino invisvel de Deus no do-mnio visvel, o den era um toque de cu na terra. Tudo que se refe-ria a ele refletia a cultura, o governo e os hbitos do cu. Na verdade, ali era o paraso. Infelizmente, esse estado idlico de coisas no durou muito. No captulo 3 de Gnesis vemos a trgica histria de como um usurpador, um pretendente demonaco ao trono, obteve controle do posto terreno do cu usando uma combinao de sutileza e trapaa. Ado e Eva, os mordomos do den, foram induzidos a desobedecer ao comando do Rei, renunciando assim a seu domnio e autoridade sobre a terra. Satans, um querubim desempregado com delrios de grandeza e arqui-inimigo de Deus tomou controle sobre o que no tinha direito e rapidamente o contaminou com o veneno de sua malignidade nociva. O paraso foi perdido, e, desde ento, ns, humanos, esperamos pela restaurao de nosso reino perdido.

    Os oito captulos seguintes de Gnesis descrevem o aprofunda-mento da corrupo cultural, moral, mental, imaginativa e compor-tamental em razo da natureza pecaminosa herdada por Ado e Eva, assim como da contnua influncia mortal do domnio maligno e ile-gal de Satans.

    O captulo 12 de Gnesis comea com a histria do plano de Deus para reconquistar e recuperar o reino terreno que a humani-dade perdeu. Deus chama Abrao e, por meio de seus descendentes,

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    construiu sua nao, seu povo. Por meio desse povo, mais tarde en-viou seu Filho terra a fim de restabelecer seu reino e tir-la das mos do falso pretendente.

    Aps sculos de preparao quando Deus sentiu que havia che-gado a hora Jesus Cristo, o Filho de Deus, nasceu de uma virgem e cresceu em uma famlia pobre. Como sua misso era restabelecer o Reino dos cus na terra, no surpreende que sua mensagem fosse uma mensagem do Reino, uma mensagem de colonizao por assim dizer. As primeiras palavras registradas de Jesus foram: Arrependam-se, pois o Reino dos cus est prximo (Mateus 4.17b). Sua vida, ministrio, morte e ressurreio romperam o poder do falso pretendente, restau-raram o reino terreno a seu Pai e abriram a porta para a humanidade reconquistar seu lugar legtimo nesse reino.

    assim na terra Como no CU

    Jesus ensinou seus seguidores a orar: Pai nosso, que ests nos cus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no cu (Mateus 6.9,10). Com essas palavras, ele mais uma vez estava chamando seu Pai para restaurar o governo e a cultura de seu Reino na terra, assim como sempre fora no cu e tambm como fora no comeo do den. Como era o Reino de Deus na terra? Como era a vida no posto terreno do cu, o jardim-colnia de Deus na terra?

    Essencialmente, o den era um reflexo direto da dimenso natural do cu na dimenso sobrenatural. Para comeo de conversa, tinha terra territrio. Todo reino precisa de territrio, j que sem territrio no h nada para um rei governar. Apesar de invisvel, a dimenso sobrena-tural do cu vasta e infinita muito maior do que a dimenso na-tural visvel aos olhos humanos. O den era uma dimenso fsica com territrio fsico. por isso que Deus no criou o homem antes. Criou a terra primeiro para que o homem tivesse um territrio sobre o qual governar. Ado e Eva governaram o den e toda a ordem criada exata-mente como Deus governava no cu.

    Em segundo lugar, o den tinha uma lngua em comum com o cu. Qualquer nao ou reino precisa de uma lngua comum, ou perder a

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    coeso nacional e social. Ado e Eva tinham uma lngua comum com seu Criador. Conversavam de maneira aberta e desprendida com Deus, em um relacionamento completamente transparente: sempre sabiam exatamente o que se esperava deles. Tudo isso mudou quando o falso pretendente assumiu o controle.

    por isso que, quando estamos fora do Reino, no entendemos o que Deus diz e no sabemos mais o que se espera de ns. Uma carac-terstica da vida no Reino que podemos falar e entender a lngua do Reino, e aqueles que esto de fora no podem.

    O den tambm compartilhava as leis e a Constituio do cu. Isso no foi escrito em lugar nenhum, pois Deus os colocou no corao e na mente do casal humano que criou. Eles sabiam quais eram as expectativas e exigncias de Deus. Entendiam como Deus queria que vivessem e o que queria que fizessem. As instrues de Deus eram simples: Sejam frteis, multipliquem-se, encham a terra e subjuguem--na. Ele colocou apenas uma restrio em suas atividades, uma restri-o para proteg-los: E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer rvore do jardim, mas no coma da rvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente voc morrer (Gnesis 2.16,17). Com exceo dessa proibio, eram completamente livres.

    No incio, o den funcionava de acordo com o cdigo moral do cu. Toda nao deve ter um cdigo moral, ou ento as pessoas se torna-ro a prpria lei e faro o que quiserem, gerando caos, desordem e anarquia. No comeo, Ado e Eva no tinham conscincia do cdigo moral. Viviam em perfeita harmonia com Deus. No havia menti-ra, roubo ou crime, nem imoralidade sexual ou qualquer outro com-portamento corrupto que caracteriza a vida num mundo degradado. Quando a trapaa e a fraude do falso pretendente os levaram a deso-bedecer nica restrio de Deus, sentiram imediatamente todo o peso do cdigo moral do Reino, que produziu neles uma profunda sensao de vergonha e culpa.

    O den e o cu tambm compartilhavam valores. Faz parte da ci-dadania em qualquer pas concordar com os valores expressos dessa

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    O jardim do den: o Reino de Deus na terra

    nao. No Reino dos cus, o valor mais importante a obedincia vontade do Rei. Por meio de sua desobedincia, Ado e Eva mos-traram que no compartilhavam os valores do Rei, e por isso que tiveram de deixar o jardim.

    A desobedincia de Ado e Eva no somente violou o cdigo mo-ral do reino, mas tambm seus costumes e normas sociais. Todas as naes e reinos tm costumes (cdigos no escritos de conduta apro-priada to arraigados no consciente das pessoas que assumem um peso de lei) e normas sociais (hbitos, etiqueta, cortesia e padres de comportamento considerados a norma para aquela sociedade). A violao dessas normas faz que a pessoa seja rotulada de antissocial e algumas vezes at de criminosa.

    No Reino dos cus, a palavra do Rei lei e abrange tanto os costu-mes como as normas sociais. Ela absoluta e inviolvel. Desafiar o Rei intolervel. Lcifer (Satans) e um tero dos anjos do cu descobri-ramisso do pior jeito quando armaram um golpe contra o Rei e foram banidos do cu por causa dos distrbios que causaram. Ado e Eva fize-ram a mesma descoberta ao serem expulsos do paraso.

    Resumidamente, sendo um posto avanado do cu na terra, o jar-dim-colnia do den era uma exposio da cultura do cu. A cultura o auge de todos esses elementos: terra, lngua, leis, constituio, cdigos morais, valores, costumes e normas sociais. Ela define um povo. A cul-tura inerente, surge naturalmente, e exatamente isso que Deus quer para os cidados do Reino. No quer que nos esforcemos para obedecer a leis escritas em placas de pedra ou impressas em livros. Quer escrev--las em nossa mente e em nosso corao, para que sirvam como uma segunda pele. Dessa forma, no precisaremos pensar em como viver a cultura do Reino. Simplesmente a viveremos.

    Ao criar um posto do cu na terra, Deus queria estabelecer um pro-ttipo do pas original, o cu, em outro territrio. Plantar o jardim foi uma maneira particularmente apropriada de realizar esse desejo. Em primeiro lugar, a beleza natural, a vida vibrante e a fertilidade abun-dante do jardim so reflexos visveis das caractersticas similares do Reino invisvel de Deus. O cu um pas espiritual de indescritvel

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    beleza, energia e abundncia porque o centro do poder para o Rei do Universo, que tudo isso e mais um pouco infinitamente mais.

    Em segundo lugar, um jardim transforma a terra que ocupa, trans-formando o solo estril em um local de beleza, proviso e propsito. Da mesma maneira, o Reino dos cus transforma a dimenso natural, onde quer que as duas se cruzem, de forma que a dimenso natural se torna um reflexo fiel do cu.

    A grande ideia de Deus foi reproduzir o Reino dos cus na dimen-so visvel. Para isso, ele plantou um posto avanado do Reino na terra e a povoou com sditos que governariam de acordo com o governo do Reino, viveriam de acordo com a cultura do Reino e espalhariam a influncia do Reino at que enchesse e transformasse a terra. O termo poltico para esse tipo de expanso governamental colonizao.

    Contudo, o den tambm era um jardim. E, assim como os reinos expandem-se transplantando seu governo e sua cultura para outros lu-gares por meio da colonizao, os jardins expandem-se pelo transplante de arbustos, mudas e enxertos no novo solo. O propsito de Deus era que os sditos de seu Reino no den seus mordomos-jardineiros expandissem o jardim, o governo e a cultura do Reino transplantando--os aonde quer que fossem.

    Essa ainda a grande ideia de Deus e seu propsito para hoje. Deus ainda trabalha com horticultura. Todos os sditos do Reino com-partilham o chamado e a comisso de seu Rei para serem jardineiros re-ais, lanando as sementes e plantando jardins de cultura e governo do Reino por todo o mundo, at que a terra se encha do conhecimento da glria do Senhor, como as guas enchem o mar (Habacuque 2.14).