AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    1/36

    ~ E l l . r n f f i I C M M M M 6 1 f f i 0 1 J F 1 E i l I B 6 1 I o S I J i 3

    N

    0

    18 15 de

    Maio de

    1915

    4 mEll lf4CI 114L

    Director

    HOMEM

    HRISTO . FILHO

    e fl 9BJt9EJl9211 9aru:J211 92 f1 9eJI 9e n92 f1 9

    Ul9

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    2/36

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    3/36

    N.

    0

    18 15

    de Maio de 1915 ANNO

    1

    0

    REVISTA POLITICA

    Bl SEMANAL

    Director - HOMEM CHRISTO FILHO

    SUMM RIO

    REVISTA POLITICA - O lmperio

    da

    Demagogia

    -

    Homem

    Christo Filho.

    CONSTITUIO INOLEZA -

    A. E. d

    Almeida Aze

    vedo.

    pACIFISMO E MILITA RISMO - Alfredo Pimenta.

    As CARTAS ROANICAS - Loureno Cayolla.

    o

    DESTINO

    DE

    BYZANCI0

    -

    0

    jean Aubry.

    FACTOS

    E

    CRITICAS:

    I - O primeiro janta

    d' '

    A Ideia Nacional -

    II

    livro do dia

    -

    III

    Os

    acontecimentos de Coimbra

    -

    V

    ..

    A Cambada - V

    '

    O Povo de Aveiro -

    VI

    Dr. Carlos Braga

    - VII

    Agradecimento

    -

    Vll l

    ol

    nossos assignantes.

    EDITOR ADMINISTRADOR: Anton

    io

    Rocha.

    Propr

    iedade de

    Home

    m

    Ohri

    sto

    F i i

    ho

    . Redaco adminis-

    trao e

    of

    f lc lnas de

    co

    m p. e im p .

    Rua de Arne l l

    aa

    - AVEIRO. Escripto-

    t lo em Lisboa - R. da Emenda .

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    4/36

    lscrevem

    n IDEI

    NACIONAL

    Ramalho

    Ort igo

    Conselheiro

    Ayres

    de

    Ornellas

    Homem

    Christo

    Cartas de Longe

    ,

    -

    Conselheiro

    Luiz

    de

    Magalhes

    Poll t lca Interna)

    Alfredo Pimenta

    Phllosophla Poll

    t lca)

    Conselheiro Jos de Azevedo

    Castel lo

    Branco

    Questes

    Dlplomatlcas)

    Joo do Amaral

    O Meu Dlarlo)

    Conde de Sabugosa

    Conselheiro

    D.

    Luiz de Castro

    Loureno

    Cayolla

    (Quest

    es

    colonlaes)

    Antonio Emilio d Almeida Azevedo

    Questes Jur ld lcas)

    Rocha Martins

    Conselheiro Anselmo

    Vieira

    Questes Financeiras)

    G. Jean Aubry

    Questes

    Ex

    t

    rangelras

    )

    Alberto Pinheiro Torres

    (Q

    uestes Rel lglosas

    1

    Victor Falco

    Notas

    Polt icas)

    Etc., etc.

    Toda

    a correspondencla

    relattYa

    a eata ~

    Ytsta deYe

    ser dir ig ida

    ao

    DIRECTOR.

    -

    Cada

    exemplar d A

    IDEIA NACIONAL custa

    50 reis.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    5/36

    Revista Politica

    P R

    HOMEM HRISTO FILHO

    mparia

    da

    emagogia

    Os acontecimentos passados

    em

    Coimbra, Lisboa, San

    tarem

    e Loures, durante esta semana, provam,

    em

    primeiro

    logar, que a demagogia no desarma, em segundo logar

    que o governo no quer ou no pode domina-la, em ter

    ceiro logar que os

    tres

    partidos da Republica rivalisam

    em

    sectarismo, sendo difficil estabelecer qual d elles

    bate

    o

    re ord da odiosa intolerancia politica que tem sido a prin

    cipal caracteristica d este regimen abjecto.

    Aos acontecimentos de Coimbra assistimos ns. Presen

    cemo-los passo a passo e verificmos com indignao que

    os inspiraram e dirigiram, que tom

    ar

    am activamente parte

    n elles republicanos graduados de todos os matizes, desde o

    professor

    da

    Universidade Angelo

    da

    Fonseca e o droguista

    Rodrigues

    da

    Silva, marechaes evolucionistas,

    at

    aos de

    mocraticos Antonio Leito e Floro Henriques, dois canalhas

    da peor especie que ns vimos no meio da garotada que

    apedrejava os automoveis dos chefes monarchicos a com

    mandar

    os arruaceiros e a injuriar e espancar os nossos

    correligionarios ind

    ef

    ezos.

    Da

    parte

    dos 1nonarchicos no podia

    haver

    e no houve

    o 1ninim o acto de provocao.

    Quando,

    s

    dez horas e meia da

    ~ n h

    atravessmos

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    6/36

    548

    a cidade de automovel

    para

    ir

    esperar

    e ~ t o velha os

    nossos illustres correligionarios snrs. Joo d Almeida, o he

    roe

    dos Dembos e dr. Antonio Emilio d Almeida Azevedo,

    j

    se notava no largo de Samso movimento desusado. Quan

    do,

    me

    ia

    hora

    depois, at

    raves

    smos esta

    praa

    com os nos

    sos amigos recem-chegados, a caminho do Hotel, apassagem do

    nosso automovel foi saudada com injurias proferidas cau

    telosamente, a medo, porque os arruaceiros no se julga

    vam ainda

    em

    numero sufficiente para nos insultarem

    em

    voz alta. Mais adeante, na

    Rua

    Ferreira Borges, esperava

    nos

    um

    grupo frente do qual

    se

    encontrava o democra

    tico Antonio Leito, que soltou um grito de abaixo os trai-

    dores

    a que no respondemos, que no castigmos esbofe

    teando a face deslavada do impudico tratante, porque no

    queriamos dar pretexto,

    em

    atteno s auctoridades do

    districto, a qualquer alterao da ordem publica.

    Momentos depois chegavam, no rapido de Lisboa, os

    nossos illustres amigos snrs. Conselheiros Ayres de Ornel

    las, Jos de Azeved Castello Branco, Antonio Cabral,

    os

    Jardim, Condes da Ponte e de Vinh e Almedina que

    -

    nham

    tomar parte, como os primeiros,

    na

    sesso solemne

    do Centro Academico e no

    banqu

    ete dos collaboradores da

    Ideia Nacional

    Esperavam-nos

    na

    estao algumas cente

    nas de estudantes que saudara1n a chegada do comboio

    com uma vibrante salva de palmas e muitos vivas

    Patri

    e a Paiva Couceiro, Ayres de Ornellas, Joo dAlmeida,

    Azevedo Coutinho, Jos dAzevedo e ao auctor d estas li;

    nhas. Nenhum d estes vivas podia

    ser

    considerado subver:..

    sivo, a no

    ser

    que os republicanos de Coimbra solidarios

    com Affonso Costa que vendeu Angola aos allemes e

    r ~ ;

    cebeu dinheiro do Principe de Monaco para impedir o jogo

    em Portugal, com todos os seus correligionarios

    graduados

    que teem levado o paiz ruina e deshonra no interior e

    no exterior e nos arrastam conscientemente

    perda

    fatal e

    inevitavel da nossa independencia, a no ser, repetimos,

    que os republicanos de Coimbra, coherentes pela primeira

    vez

    na

    sua

    vida, consideren1 subversivos os gritos de iva a

    Patria com que a Academia Monarchica de Coimbra atroou

    os ares no domingo passado, saudando

    co

    m essas tres

    pa

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    7/36

    549

    lavras que dizem mais que todos os discursos e todos os

    programmas, a chegada quella cidade dos vultos mais emi

    nentes do seu partido.

    A sabida da estao

    j

    se encontravam alguns formi-

    gas

    que respondiam aos gritos de

    iva

    a Patria

    da

    Acade

    mia com outros de iva a Republica Abaixo os traidores

    A morte os canalhas e gestos obscenos, gritos e gestos que

    passavam quasi desperc.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    8/36

    55

    Cerca das duas e meia da tarde os automoveis davam

    entrada na

    rua

    do Correio, onde se devia realisar no Thea

    tro Souza Bastos, a sesso solemne de reabertura do Centro

    narchico Academico. Ao e

    ntr

    ar

    n

    esta

    ru

    a os automoveis

    foram alvo

    d uma

    chuva de

    pedra

    s, uma das quaes attin

    giu na cabea, felizmente protegida pelo chapeu de cco,

    o snr. Conde de Vinh e Allnedina e outra o nosso prezado

    e valioso correligionario snr. Joo de Menezes Parreira que

    guiava o primeiro automovel e ao lado de quem ns tinha

    mos tomado logar. Este nosso amigo teve que

    ir

    curar-se a

    uma pharmacia, sendo-lhe cozido o ferimento com nove

    pontos naturaes.

    Durante a sesso no hou

    ve

    o menor incidente desa

    gradavel. Os discolos, a quem teria sido facilimo introdu

    zir-se no theatro, no levaram to longe a sua audacia;

    elles bem

    sabiam que se apparecessem quando a Academia

    estivesse reunida levariam uma lio mestra que lhes ti

    raria a vontade de promoverem novos tumultos.

    Quando terminou a sesso, que decorreu brilhantissima,

    no meio do mais delirante enthusiasmo, os estudantes reti

    raram

    tranquillamente para suas casas, como os oradores,

    animados sempre do desejo de no

    dar

    motivo a quaesquer

    represalias da parte do governo ou das auctoridades, lhes

    tinham pedido. Os chefes monarchicos retiraram tambem de

    automovel, convencidos de que a policia teria tomado as

    medidas necessarias para evitar qualquer aggresso da

    turba assalariada. E foi exactamente n este momento, quando

    se dirigiam para o hotel afim de tomare1n p r t ~ no ban

    quete

    d A

    Ideia Nacional

    que os automoveis em que seguia

    mos com os nossos collaboradores e amigos foram apedre

    jados e alvejados a tiro, ficando ferido na cabea o snr.

    Conde de Bertiandos. O automovel occupado pelos

    snrs

    .

    Conselheiros Ayres de Ornellas e Antonio Cabral, Joo de

    Almeida, Luiz d Almeida Braga, Joo do Amaral, Augusto

    Morna e o auctor d estas linhas teve que recolher

    garage

    da Empreza Automobilista Portugueza onde nos conserv

    mos durante duas horas e meia assistindo aos actos da mais

    inverosimil selvageria, como foram a aggresso dos snrs.

    Drs.

    A

    ntonio Sardinha, Mario de Aguiar, Alvaro de Mattos

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    9/36

    551

    e alguns academicos que despreoccupadamente se dirigiam,

    a p,

    para

    o Palace Hotel.

    Durante duas horas consecutivas, repetimos, a ral de

    Coimbra, comandada

    por

    Floro Henriques, Kemp Serro, ca

    pito Brusco, Tavares de Carvalho, Silvano, Antonio Leito,

    Rodrigues da Silva, etc., insultou, espancou, apedrejou e

    alvejou a tiro alguns dos mais eminentes homens publicos

    portuguezes e dedicados e pacificos correligionarios nossos

    que

    atravessavam a p, inteiramente ss e desarmados,

    as

    ruas da cidade, sem que da nossa parte tivesse havido um

    s grito subversivo ou o

    menor

    acto de provocao.

    Durante

    duas

    horas

    um

    bando de 1naltrapilhos de p descalo,

    sem

    eira nem beira, satisfizeram sobre pessoas indefezas os seus

    instinctos sanguinarios de criminosos de direito commum,

    sem que a policia ou a tropa os castigasse como mereciam,

    chegando

    at a disparar sobre o snr. major Costa Cabral,

    commissario de policia, que nunca podia

    ser

    accusado de

    excessivo rigor mas

    apenas d uma

    extrema e paciente

    complacencia,

    tres

    tiros de revolver.

    So estes miseraveis, scellerados da peor especie, com

    mandados

    por

    officiaes paisana e membros graduados

    das

    tres

    quadrilhas republicanas e incitados por uma imprensa

    mais criminosa ainda, que ousam, no dia seguinte aos yer

    gonhosos acontecimentos que estamos narrando, exigir do

    governo a demisso das auctoridades que lhes permittiram

    todos os excessos e todas

    as

    violencias e injuriar os monar

    chicos que no uso d um direito elementar fazem ordeira

    mente a propaganda das suas ideias, acatando

    as

    leis e

    soffrendo sem resistencia os ultimos vexames

    No pode ser,

    senhor

    presidente do ministerio.

    V

    Ex.

    prometteu fazer respeitar os nossos direitos,

    garantir as

    nossas liberdades, pr termo

    tyrannia

    demagogica. Desde

    que

    V Ex. tomou conta do poder no houve da parte dos

    monarchicos um unico gesto de rebeldia, um unico acto que

    entravasse a sua aco ou prejudicasse as suas intenes

    nobilissimas. Ns no faltamos a

    nenhum

    dos compromissos

    tomados e

    quer na

    imprensa .quer nas tribunas das nossas

    associaes no deixmos de affirmar o nosso desejo

    de

    cooperar lealmente com V Ex. no restabelecimento da or-

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    10/36

    552

    dem publica que

    nunca

    perturb1nos

    nem

    perturbaremos

    emquant

    o nos no convencermos de que s nos resta a

    revoluo como unico meio de

    vencer

    a

    tyrannia

    das oli

    garchias e dos bandos.

    Mas os acontecimentos

    de

    Coimbra

    que se repeti

    ram

    j

    em Lisboa,

    em Santarem

    e

    em

    Loures, fazem-nos acredi

    tar que V Ex. hesita e r

    ecua

    perante a demagogia, cuja

    unica fora vem da

    ex

    trema condescendencia dos contrarias.

    N esse

    caso, desde

    que

    V. Ex. falte

    s

    promessas exponta

    neamente

    feitas,

    luct leg l i ossivel

    Ns no pode

    mos

    continuar a

    ser

    impune1n

    ente

    injuriados e aggredidos

    nas

    ruas s porque somos monarchicos e vemos na restau

    rao do antigo regmen o unico meio de salvar esta

    Patria

    arruinada

    e deshonrada por quatro

    an

    nos de

    tyrannia

    dema '

    gogica.

    Ou V Ex.,

    de

    posse do poder e com o apoio incondi

    cional do exercito,

    tem

    fora

    para

    reprimir os

    arranques

    cannibalescos da horda de sicrios que

    ha

    quatro annos

    vem

    p

    er

    turbando a vida nacional, e

    se

    resolve a

    pr

    te

    rmo

    a

    esta

    desordem

    perenne que

    nos

    est

    deshonrando aos

    olhos de todo o mundo civilizado,

    ou

    s nos

    resta

    o recurso

    desesperado de nos defendermos a ns proprio, por todos os

    meios, dentada, paulada, facada ou a tiro, luctando

    t ao fim

    porque assim no-lo impe o interesse supremo

    d'

    esta

    patria

    agonisante e o nosso proprio instincto de con

    servao.

    Pela

    nossa

    parte

    estamos disposto a cumprir o nosso

    dever at

    ao fim, convencido de

    que

    vale a

    pena

    fazer

    mais este sacrificio,

    encetar

    mais

    esta

    cruzada,

    tentar

    mais

    este

    esforo

    para salvar

    a Causa de Deus,

    da Patria

    e do

    Rei.

    Ainda nos no falleceram as foras. Ainda no vacillou

    o brao humilde que

    maneja

    esta penna. Ainda no tremeu

    a chamma de f que brilha dentro d este peito

    nem arrefe

    ceu

    o

    en

    thusiasmo que nos atirou para a primeira fila dos

    combatentes. E

    c

    vamos luctando, avanando sempre, gal

    gando obstaculos, vencendo difficuldades,

    sem

    um

    desanimo,

    sem

    um desfallecimento, auscultando o corao do paiz,

    vendo com satisfao formar-se nucleos poderosos de almas

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    11/36

    553

    ss, espritos fortes, promptos a trocar a vida pela vida da

    Patria e a sacrificar-se

    em

    holocausto ob

    ra

    im mensa da

    red

    empo nacional.

    11as

    necessario

    que

    atraz d esses nucleos outros

    nucleos se formem, que outros soldados venha1n pr

    ee

    ncher

    . os logares deixados vagos pelas baixas produzidas

    nas

    nos

    sas fileiras e

    que um

    grande movimento

    na

    cional, esmaga

    dor, irresistivel,

    secande

    os nossos esforos e apoie vigo

    rosamente as

    ava

    nadas do exercito libertador.

    N esta hora grave, n esta hora solemne em que os jor

    nalistas monarchicos, ssinhos em campo, fazem fre

    nte

    s

    investidas cobardes e traioeiras do inimigo commum,

    indispensavel que o paiz os no abandone

    um

    s momento,

    no distria una s instante a atteno que as circunstancias

    re

    clamam nem falte ao cumprimento de nenhum dos deve

    res que a situao impe.

    Unidos, disciplinados e confiantes a victoria ser nossa.

    Toquem os clarins a

    reunir

    e

    que em

    cada cidade, em cada

    villa,

    em

    cada aldeia, os bons portuguezes

    se

    juntem, sob

    as pregas da bandeira immortal e demonstre1n com actos,

    no

    com meras palavras declamatorias e inuteis,

    que

    sabe

    m

    fazer r e s p ~ i t r os seus direitos e no faltam ao cumpri

    mento dos seus deveres.

    No basta que cada um de ns se diga monarchico e

    patriota e cornmente desfavoravelmente, ao ch da familia

    ou

    n

    uma

    roda de amigos, a republica e os se

    us

    homens.

    E preciso

    que

    mostremos, com actos, que son1os monarchi

    cos e que somos patriotas. E indispensavel

    que en

    todas

    as minimas aces da nossa vida confir1nemos concreta

    mente

    as

    nossas palavras e luctemos efficazmente

    pelo

    triumpho das ideias

    que

    sinceramente professamos.

    E

    ne

    cessario luctar, dia a dia, hora a hora, preciso vencer

    E uma questo do mais elementar pudor, da mais sim

    plista sensibilidade moral e da mais rudimentar intelli

    gencia.

    Ninguem deseja mais do que

    ns, repetimos ainda uma

    vez,

    que

    o snr. general Pimenta de Castro

    se

    resolva a to

    mar o passo demagogia e nos liberte definitivamente

    d

    esse pezadello. Ainda

    no

    perdemos inteiramente a con-

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    12/36

    55-

    fiana nas suas apregoadas virtudes de coragem e energia

    civica.

    Mas se

    esta

    nova

    experiencia fa

    lh

    ar como os factos

    parecem indicar tanto peior para a republica. No desani

    maremos

    por

    is;;o.

    Ser apenas

    mais

    uma

    desilluso e

    esta

    atria

    ha-de salvar-se qua nd

    mm

    Deus

    o

    quer ns

    o queremos

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    13/36

    Questes Juridicas

    P R

    A. E.

    D ALMEIDA AZEVEDO

    '

    COHSTITUIC O

    IHGbEZ

    V

    A Constituio aa Republica Portugneza garante solemnemente a

    portuguezes e extrangeiros residentes no paiz a

    inviol bilid de

    dos direi

    tos concernentes

    liberdade e segurana individual ; declara que nin

    guem pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma cousa seno

    em

    virtude

    da

    lei, e que excepo de flagrante delicto no podero

    fazer-se prises seno por ordem escri pta

    da

    auctoridade competente e

    em

    conformidade com a expressa disposio da

    Segundo a mesma Constituio co mpete ao Congresso declarar em

    estado de sitio, com suspenso total ou parcial de garantias constitu

    cionaes, um ou mais pontos do territorio nacional.

    ,No estando reunido o Congresso tem o Governo aquella facul

    dade, restricta porem, emquanto represso pessoal, a impr a deteno

    em lugar no destinado aos reus de crimes communs.

    As prises em massa, effectuadas j depois de promulgada a Cons

    tituio da Republica pelos bandos a soldo do Governo, a _durao

    d essas prises sem culpa formada, e a mistura de presos polticos com

    assassinos e ladres, so factos que ficaro para sempre memorados.

    Elles revoltaram a consciencia dos paizes cult.:>s e mostram claramente

    o

    que

    valem farrapos

    de

    papel.

    Na Inglaterra, onde a segurana individual absoluta, para encon

    trarmos cousa parecida com aquellas declaraes solemne:::, temos

    de

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    14/36

    556

    remontar

    Magna Charta, que o Rei Joo. co:i temporaceo do n o ~ s o

    D.

    Affonso

    2.

    o.

    foi

    obr

    igado a conceder, em

    Junho

    de

    1215,

    aos bares

    acampados com a sua gente na frente do Rei em armas, apenas separa

    dos pelo rio Tamisa. Temos de remontar ainda cham3da Petio de

    Direito,

    na

    qual os Communs declararam os seus aggravo3 recusando-se

    a auctorisar os impostos a t

    se

    lhes conceder provimento.

    A firmeza das duas Casas do Parlamento alcanou plena satisfao

    do Rei Carlos

    1,

    contemporaneo e Filippe

    3.o (4

    0 de Hespanha) em

    unho de 68

    Estes diplomas marcam epochas notaveis na historia do Direito

    Constitucional Inglez, porque resolveram gravssimos conflictos en tre o

    Rei e vassalos.

    Mas no

    d'elles

    que

    datam as garantias

    individuaes;

    essas garan

    tias

    j

    existiam, e aquelles diplomas s as registam e reconhecem como

    lei do

    p i

    z

    Podiam a3 alteraes puhticas eclip.sal-as durante algum tem

    po

    mas

    logo surgia e se impunha como regra

    supre

    ma the rule of law

    s

    tribu naes ordinario3.

    c o n ~ t i t u i o s

    por

    ju

    zes e

    j u r d o ~

    eram o

    seu

    principal baluarte.

    Os

    cidado.s offend1do5 enc etravam n \ ~ l l e s a proteco necessaria

    ou por meio de aces contra os offenores, ou recorrendo ao habeas

    corpus

    A vict ma de uma priso H egal tinha e tem d

    eaute

    de si dois

    caminhos abertos - ou fazer pun ir os auctores da priso, ou exigir-lhes

    indemnisa-o de perdas e damnoF.

    Todos os funcciona rios publicos, e at 0 3 officiaes militares que

    condemnassem pessoas no sujeitas lef militar responderiam egual

    mente

    perante os Tribunaes ordinarios, no lhes

    serv

    indo

    de

    jm:1tificao

    provar que procederam em virtude da obediencia aos superiores le

    gtimos.

    Cada um respond pelo5 s e u ~ actos e sobre esta regra assenta

    como j notei a propria responsab f dadQ ministerizl.

    A mais leve offensa encontra juzes promptos para a considerar

    attentamente

    e para manter o prestigio da lei.

    Mas estas aces serviriam de pou co

    se

    os cidados no tivessem

    maneira

    de

    obstar

    continuao

    de

    uma priso illegal.

    Tem-na e ef ficaz,

    o Habeas Corpus

    Em um livro celebre e

    qu

    e demande la Cil o actual Presidente

    da Republica Franceza expoz com a clareza

    que

    caracterisa as

    ~ b r a s

    dos

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    15/36

    55

    7

    melhores auctores d'aquelle paiz o que e

    ~

    funcciona a Constitui

    o Franceza.

    A paginas 28 l-se:

    Les An glais au contra ire. avaien

    t

    bien avant ntre Revolution,

    11

    des lois protectrices de uret individuelle. C'est ce

    qu

    'ils appellaient,

    en

    latin, l'habeas corpus.

    En

    d

    aut

    res termes la loi

    veut

    que tu ales

    ton corps que l'Etat n'ait pas le droit de

    le

    prendre s

    ans

    une impe

    rieuse necessit sociale

    et

    sans une application reguliere des lois

    Quando a traduco do livro appareceu publicada os inglezes no

    quizeram acreditar que isto fosse erro do original, e attribuiram-no

    amavelmente

    traduco

    . .

    .

    Habeas

    o

    rpus

    no quer dizer semelh

    ante

    cousa.

    E' um mandado dirigido por um juiz ao responsavel por um preso

    - seja elle commandante mili r ou r

    hef

    a civil, ordenando-lhe em no

    me

    do Rei que lhe apresente o corpo d esse

    pr

    eso immediatamente, ou em

    determinado dia e hora no seu Tribunal com a data e motivo da priso.

    E' este o

    Habeas

    o

    rpus

    d

    subjicie

    ndum

    estabelecido de tem pos

    immemoriaes no direito inglez e regulado em 1679 pelo Habeas Corp us

    Act emquanto aos presos por motivo de algum crime, e

    em

    1816 por

    uma

    nova lei emquanto aos presos

    por

    outro qualquer motiv

    o.

    A

    lei

    de 1679 assim como a de 1816 so leis de processo, pelas

    quaes

    se

    estabeleceu o

    mo

    do pratico de

    p

    r em movimento os Tribu

    naes e de os

    fa

    zer

    resre

    it

    ar

    .

    Segundo estas leis os juzes que negarem o mandado de habeas

    corpus ficam sujeitos multa de 5

    00

    libras e as pessoas que lhes no

    obedecerem, no -s incorrem em multas pezadissimas, mas podem ser

    immediatamente presas pelo processo de

    contempt

    of

    court

    dm que os

    juizes procedem summariamente ouvindo os desobedientes e proferindo

    logc sentena, sem interveno do

    jur

    y.

    Que differena fundamental nos separa ento de Inglaterra e por

    que um farrapo a nossa Constituio e no o a Constituio Ingleza?

    Ponhamos de parte a questo de raa que para Gustavo Le Bon

    seria a principal.

    Sob o ponto de vista das instituies, a differena consiste a meu

    vr em que l essas garantias so um elemento poltico da nao e de-

    pois de grandes luctas identificaram-se de tal modo com o caracter in

    glez que elles no concebem que

    se

    possa viver dignamente sem ellas.

    So a

    honra

    e orgulho da

    sua

    patria

    O seculo

    xvu

    trouxe-nos com a nossa independencia e com as

    guerras de Hespanha o engrandecimento do poder real.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    16/36

    558

    O mesmo, por

    i=notivos

    identicos, a

    ne

    cessidade de centralisar

    e

    fortalecer o Estado, aconteceu em Frana e

    em

    outras

    na

    es do

    Co

    nti

    nen te, mas no na Inglaterra.

    Ahi as luctas politicas produziram homens que acharam modo

    de

    equilibrar as foras provenientes do Rei, dos bares e representantes do

    povo e estabeleceram assim os alicerces da grandeza do paiz.

    Defendeu as prerogativas

    da

    Coroa o maior espirito

    da epoca-

    Lord Bacon, um grande reformador scientifico.

    Representou o partido conservador e legalista, que era o partido

    popular, o celebre juiz Coke.

    Sir Edward Coke perdeu o seu

    lu

    gar e soffreu uma longa priso

    por ter defendido nobremente a independencia das funces judiciaes;

    outros soffreram tambem; mas os Tribunaes conquistaram a sua inde

    pendencia, e a sua jurisdico nem

    limitada velo contencioso adminis

    trativo, nem pela regra da separao dos poderes

    que

    no continente poz

    de

    facto o poder judicial em uma situao subalterna em relao ao

    executivo.

    Ao esprito subtil de Mon tesquieu escapou esta supremacia do po

    der

    judicial em Inglaterra e a sua theoria da diviso dos poderes, em

    bora

    errada

    como exposio dos factos que se passa\'am

    na

    Ingla

    terra, \eio a

    ser

    n'este importante assumpto a fonte das modernas Cons-

    tituies

    da

    Europa. .

    Qu

    e funestas consequencias no tem derivado d este erro

    Referi-me no artigo anterior aos bills

    de

    indemnidade pelos quaes

    se justificam os actos do Governo e da3 auctoridades, que a respeito tle

    determinados crimes e seus agentes offenderam as g r ~ n t i s individuaes.

    Correspondem esses bills suspenso de determinadas garantias.

    Pre

    ciso porem explicar que esta suspenso compete no aos Gover

    nos, mas ao Parlamento.

    A faculdade que a Constituio

    da

    Republica Portugueza

    d

    ao

    Governo quando no est reunido Congresso, de suspender as garan

    tias, no a tem o Governo de Inglaterra.

    Tal suspenso, sempre restricta a determinados crimes e seus agen

    tes, pertence n'aquelle paiz exclusivamente ao

    Par

    lamento e faz-se por

    meio

    de

    leis que se chamam

    Suspension Acts

    Estas leis no isentam de responsabilidade criminal ou civil

    pel

    violao das garantias indiviuaes; o seu effeito

    obstar a que

    na

    vi

    gencia d'ellas os presos possam recorrer ao Habeas Corpus e intentar

    c e ~ para exigir aquella responsabilidade.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    17/36

    559

    Terminada vigencia do Suspension Act poderiam porem os

    offen-

    didos recorrer ao Habeas Corpus, se ainda estivessem presos, e instau

    rr- as Dees para exigirem

    uma ou outra

    responsabilidade.

    Os bills

    de

    indemnidade

    que

    por

    sua

    vez obstam a estas aces

    e cobrem assim o Governo e as auctoridades.

    No meu estudo Refrma Judiciaria (Porto, 1908) defendi a interven

    o do

    jury

    especialmente no julgamento de crimes politicos.

    A Constituio da

    Republica Portugueza, artigo 59, adoptou a mi

    nha

    opinio, mas o primeiro acto dos Governos republicanos logo

    que

    viram

    que

    o jury era uma garantia de ordem e de justia e no sanc

    cionarta os excessos commettidos, foi saltar por cima

    da

    Constituio e

    estabelecer tribunaes especiaes

    que

    acceitaram e cumpriram a misso

    imfamissima

    de

    condemnar

    sem

    provas os suspeitos

    de

    crimes polticos.

    Se a Republica tivesse respeitado os tribunaes instituidos e consa

    grados pela

    sua

    propria Constituio, quantos vexames, quantos sacrifi

    cios, e que grandes vergonhas nacionaes no se teriam evitado

    ota da

    Redaco Vejamse

    os artigos anteriores nos n.os 1, 5 e 10 O V artigo

    sahir n um dos proximos numeros.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    18/36

    Philosophia Poltica

    P R

    ALFREDO PIMENTA

    Pacilismo

    lilitarismu

    Andam um pouco

    na

    discusso, em Portugal, as velhas theses

    do

    Pacifismo e Militarismo, como se, em verdade, n 'esta altura da vida, e

    deante da experiencia da epocha presente, ainda fosse permittida tal

    ou

    qual

    duvida sobre a verdade real d essas theses. A fallencia do Pacifismo

    eloquente de mais para que seja preciso estarmos a accentua-la e a do

    cumenta-la-pois nos basta olhar a Europa no momento presente, para

    sabermos de que lado estava a razo: se do lado dos

    que

    prgavam a

    guerra, se do lado dos que prgavam a paz. Ainda mesmo admittindo

    que a guerra seja um cataclismo geral, prejudicial para todos os

    que

    n'ella entram e

    seus

    reflexos soffrem, ainda admittindo essa affirmativa,

    ns entendemos que o melhor modo de a evitar, prgar a guerra e

    preparar a guerra. A paz, no nos cansaremos jmais de o dizer, no

    mais do

    que um

    preparativo para o conflicto. E'

    na

    paz

    que

    se forjam

    as armas guerreiras,

    que se

    temperam as habilidades diplomaticas,

    que

    se

    exercitam as foras militares, e se experimentam as capacidades co

    m

    bativas. A paz succede guerra porque

    se

    exgotam, durante esta,

    as

    foras, os mpetos, as habilidades e os estmulos. De resto a lei

    da

    vida

    a guerra, e o estado da vida normal o estado da guerra. O

    homem no nasce para a paz: nasce para combater. Tudo, n'elle, dasde

    a primeira hora,

    combate. Resistir, reagir,

    viver-

    combater. Uma

    nao cria-se pela fora ; sustenta-se pela fora, e s pela fora pode

    impr-se. No se presta (eu o sei ) esta doutrina a lamechices romanti

    cas, a devaneios humanitaristas. Mas

    ha

    l alguma coisa peior do que

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    19/36

    56

    as la

    mechices

    e

    os

    devaneios? Foss

    em

    os senhores dizer a AffonE o Hen-

    riques

    que

    n

    o talha

    sse

    a golpes

    de

    espada os limites polticos da

    na

    o

    - e se

    andasse

    a

    pr

    gar

    paz e

    ha

    rmonia

    so

    ci

    al

    en

    tr

    e

    os

    p ~ v o s

    da

    P

    enn-

    sula. Dissessem-lhe

    que

    no a

    ss

    altasse, pela

    ca

    la

    da da

    noite,

    de sur

    preza,

    os muros

    de

    Santarem, nem

    faltasse ao compromi

    ss

    o

    de

    paz

    que assu-

    mira

    , em seu nome, Egas Moniz. E Affon

    so Henriques

    se

    ou

    vis

    se

    essas

    s

    ereias encantadoras da doutrina pac

    ifis ta -

    ns

    no

    seriamos

    q

    uem

    somos. A no

    ss

    a origem, como a origem de todas as

    na

    es a guerra.

    E affirmar-se

    que se deve

    a no existencia c

    ontemporanea da

    s g

    uerras

    de conquista,

    influ

    enc

    ia do pacifismo, e

    da

    c

    hamada

    cultu

    ra

    moral

    ,

    um erro de ob

    se

    rvao

    profun

    do. As g

    uerras de o n q u

    no

    exi

    s

    tem

    hoje, como. existiram

    outr

    ora,

    porq

    ue

    so mais

    difficeis

    de

    ef

    fectu

    ar

    hoje

    -

    princi

    palm

    ente,

    em virtude da

    ma

    ior com

    plex

    id

    ad

    e de interesses,

    e de ell

    as effect

    arem

    um

    maior num

    er

    de egoism

    os

    in ternacionaes.

    E a vivacidade d

    esses

    egosm

    os

    con

    sta

    n

    temente presentes

    q

    ue

    man

    t

    em

    o

    chamado

    equilibrio poltico dos povos. Uma hora depois

    de se re

    co

    nhec

    er

    que

    esses egosmos esto apagados na maio r pa rte d

    as

    naes ,

    o deseq uilibrio

    um

    facto, pelo

    pre

    domin io

    da

    menor

    par

    te. Repare-

    se

    na sin

    gularida

    de dos pacifistas, cuja propa

    ganda em

    favor da Paz, outra

    coisa no

    que

    a

    gu

    erra

    s

    ide

    i

    as da

    guerra.

    Se eu

    p

    udesse

    fazer o

    mundo

    a

    meu

    modo, e a

    vida

    dos

    homens

    es tivesse

    subordinada

    mi

    nha

    vontade. talvez

    que me

    d

    esse

    ao

    pr

    az

    er de

    fazer dos

    homens

    anjos, pui

    os

    e perfeitos, angelicaes

    nas sua

    s intenes, femininos e

    graciosos n

    os se

    us

    ges

    t

    os

    -

    ce

    rto como que mais encanta

    os

    meus

    olhos, a

    fi

    na haste, esvelta e bella, de uma flr, do que a g

    ro

    sseira ima

    gem de

    um

    canho de 42. Mas como eu sei que os h

    omens

    se no subor

    d inam minha

    v o n t ~

    nem vencem as g

    uerra

    s

    que

    so a con

    sequen-

    cia

    fatal

    dos

    se

    us ins

    tinct

    os e s

    entiment

    os, e a lei da s

    ua

    existencia,

    com h

    as

    t

    es

    esv

    elt

    as

    de

    flr

    es eu

    en

    sino-as a opprem aos canhes

    de

    42, canhes

    ma

    is fortes, e l

    ev

    o

    s

    ua

    consc

    ien

    c

    ia

    e ao s

    eu

    espirito a

    convico profunda e

    in

    abalavel de que

    prec

    iso s

    er forte

    ,

    am

    ar a Fora,

    cultivar a For a porque s pela Fora se vence.. S s

    o pa

    c ficos

    os

    povos

    fr

    acos. Os povos fortes

    s

    o, n

    aturalm

    e

    nte, guerr

    eiros. S s

    o

    paci

    ficos os povos

    velho

    s: a fra

    qu

    eza

    symptoma

    de velhice. Os povos

    novos so

    guerreiro

    s,

    porque

    a fora

    symptoma de

    mocidade. Ninguem

    cont

    esta

    que isto

    as

    sim

    se

    j

    a: mas

    dizem que

    um mal

    e que

    um

    perigo

    affirma

    -lo. Eu digo antes que

    um

    perigo no querer reconh. .

    ce-lo. A

    melhor

    maneira

    de

    no

    s

    defendermo

    s d

    elle

    no

    ne

    ga-lo

    ou

    desconhece-lo :

    acc

    eit

    a-lo e sermos,

    dentro d ell

    e,

    um agente

    da

    vida.

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    20/36

    562

    Pela Historia fora, as naes

    tm

    vencido pela Fora. Para que havemos

    ns

    de

    procurar

    iniciar um perodo - sacrificando a existencia do nosso

    povo, a independencia da nossa nao? (Quando digo nosso povo, e

    nossa

    nao, no me refiro,

    evidentemente,

    a

    Portugal-

    seja

    isto dito

    em parenthesis). O pacifismo francez ia

    arruinando

    a Frana. O nascente

    pacifismo inglez

    enfraqueceu

    a armada. Hoje os patriotas da Ft ana e

    da Inglaterra olham com tremenda animosidade e com toda a razo

    os pacifistas. os humanitaristas, os solidariatas, os criminosos propagan

    distas do enfraquedmento nacional, do desprestigiamento patriotico que

    queriam impr o seu doutrinarismo aos factos, os

    seus

    sonhos reali

    dade, os

    seus

    absolutos

    contingencia. No volta

    de

    Jean

    Jaurs

    que

    a

    Frana

    se

    une:

    \. Olta

    de

    Jeanne

    d

    Are. Quem acceita a res

    ponsabilidade tremenda de formar um povo, quer estando

    frente dos

    negocios da administrao publica, quer orientando, por meio do

    jornal

    e da tribuna, a opinio nacional, uada tem que vr (quantas vezes o

    tenho dito j ) com o

    seu

    doutrinarismo pessoal:

    tem

    tudo que

    vr

    com

    as realidades da vida, as exigencias d essa realidade, e as

    nece

    ssidades

    effectivas

    da

    nao. Quem quizer

    ser

    pacifista,

    que

    o seja em sua casa,

    com a mulher e os filhos. Mas no traga o pacifismo para a praa

    pu

    blica, para

    que

    o seu paiz no

    se

    veja, de um momento

    para

    o outro,

    merc

    de

    um golpe brusco e forte

    de

    qualquer

    visinho ou

    de

    qualquer

    concorrente longnquo. s povos como os indivduos

    na

    paz que se

    deixam perverter por faceis vicioR e dissolventes costumes. Na guer

    ra

    tudo

    so, porque ella pe prova todas as qualidades da fora e ener

    gia e saude, e

    s

    deixa viver e dominar

    quem

    as possuir. N'este mo

    mento mesmo

    me

    recordo de um artigo celebre (celebre para mim, pelo

    menos) de Gabriel Hanotaux, escripto no

    Figaro

    ahi

    nos

    primeiros

    dias

    da guerra, em que elle dizia que o estado da guerra

    era

    o estado nor

    mal

    da

    humanidade,

    e cantava as beneficas virtudes da guerra. Em com

    panhia

    de

    Gabriel Hanotaux, vou

    em

    boa companhia, porque elle

    um

    francez, e

    eu

    tenho a fama de no

    ser

    alliado. Eu creio

    que

    depois

    de

    acabada

    a presente guerra, ninguem mais

    ter

    o atrevimento

    de vir

    exhibir doutrinas pacifistas,

    antes

    toda a gente tratar de se prJ

    parar

    para a proxima, que ser mais cruel, mais demorada e mais teimosa

    do

    que a actual. E, portanto, no mais terei occasio, a no ser a titulo

    de documentao historica, de me referir peste pacifista que tanto

    ""anarchisou a mentalidade do seculo XIX.

    ALFREDO PIMENTA

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    21/36

    Questes oloniaes

    P R

    LOtmENQO C YOLL

    .

    s

    cartas

    organicas

    Os

    interesses elas nossas pro\incins ultramarinas teem estado quasi

    por completo aban

  • 7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915

    22/36

    56

    1914 reconheceu que outros assumptos

    da

    maior magnitude exigi

    am

    as

    at

    enes do governo e que era preciso e

    st

    uda-los e reso

    lv

    e-los imme

    diatamente.

    Para

    isso

    co

    nseguiu que as camaras votassem os projectos

    relutivos constituio do fundo de fomento

    d

    Ango

    la

    e aos empres

    timos necessarios

    para

    se effectuarem os principaes melhoramen tos ma

    teriaes d esta colonia e s leis organicas

    da

    administrao civil e da

    nclministrao financeira das provincias ultramarinas.

    No

    temos duvida em reconhecer que era acertado o pensamen

    to

    que guiava o ministro

    qu

    e elaborou esses projectos, porque procura

    mo

    s

    sempre ser justos e no nos deixarmos cegar por

    qua

    lquer paixo

    partidari

    a,

    ao escrever estes modestos artigos. Com a mesma im

    pa

    rcia

    lidade teremos porm de reconhecer que no foi feliz nem intelligente

    a

    fo

    rma como se r

    ea

    l isou o fim a que se aspirava.

    Em outra c

    hr

    onica nos referiremos mais especial mente lei do

    fo-

    mento de

    An

    gola. Hoje desejamos falar apenas dos que pretenderam

    da

    r

    s

    nossas

    co

    loni

    as uma au

    tonomia administrativa e

    fi

    n

    an

    ceira em

    harmonia com o seu estado soci

    al

    e politico.

    Vem de longe a

    co

    nvico

    de

    que

    as

    colonias, principa

    lm

    e

    nt

    e as

    de populao, passado o periodo do seu inicio, caminham inflexivel

    mente para alcanarem a sua independencia completa. Todas

    as

    vio

    lencias que se m p r g ~ r m para

    ~

    contrariarem esse anceio de emanci-

    pao sero contraproducentes. Suppondo que a metropole cuide com

    ha

    bilidade dos interesses

    da

    regio e que administre muito me

    lh

    or e

    com mais exito os negocios

    co

    loniaes do que os proprios

    co

    lonos se

    riam capazes de o fazer e que se preste a aacrificios pecuniarios con

    sideraveis para o desenvo lvim en

    to

    das suas possesses; admi

    tt

    indo at

    a hypothese de que os proprios habitantes d e

    llas

    reconhecessem que

    lh

    e seria

    co

    nv

    eniente, sob o po

    nt

    o

    de

    vi

    st

    a material, entregarem-se sem