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7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
1/36
~ E l l . r n f f i I C M M M M 6 1 f f i 0 1 J F 1 E i l I B 6 1 I o S I J i 3
N
0
18 15 de
Maio de
1915
4 mEll lf4CI 114L
Director
HOMEM
HRISTO . FILHO
e fl 9BJt9EJl9211 9aru:J211 92 f1 9eJI 9e n92 f1 9
Ul9
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
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3/36
N.
0
18 15
de Maio de 1915 ANNO
1
0
REVISTA POLITICA
Bl SEMANAL
Director - HOMEM CHRISTO FILHO
SUMM RIO
REVISTA POLITICA - O lmperio
da
Demagogia
-
Homem
Christo Filho.
CONSTITUIO INOLEZA -
A. E. d
Almeida Aze
vedo.
pACIFISMO E MILITA RISMO - Alfredo Pimenta.
As CARTAS ROANICAS - Loureno Cayolla.
o
DESTINO
DE
BYZANCI0
-
0
jean Aubry.
FACTOS
E
CRITICAS:
I - O primeiro janta
d' '
A Ideia Nacional -
II
livro do dia
-
III
Os
acontecimentos de Coimbra
-
V
..
A Cambada - V
'
O Povo de Aveiro -
VI
Dr. Carlos Braga
- VII
Agradecimento
-
Vll l
ol
nossos assignantes.
EDITOR ADMINISTRADOR: Anton
io
Rocha.
Propr
iedade de
Home
m
Ohri
sto
F i i
ho
. Redaco adminis-
trao e
of
f lc lnas de
co
m p. e im p .
Rua de Arne l l
aa
- AVEIRO. Escripto-
t lo em Lisboa - R. da Emenda .
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
4/36
lscrevem
n IDEI
NACIONAL
Ramalho
Ort igo
Conselheiro
Ayres
de
Ornellas
Homem
Christo
Cartas de Longe
,
-
Conselheiro
Luiz
de
Magalhes
Poll t lca Interna)
Alfredo Pimenta
Phllosophla Poll
t lca)
Conselheiro Jos de Azevedo
Castel lo
Branco
Questes
Dlplomatlcas)
Joo do Amaral
O Meu Dlarlo)
Conde de Sabugosa
Conselheiro
D.
Luiz de Castro
Loureno
Cayolla
(Quest
es
colonlaes)
Antonio Emilio d Almeida Azevedo
Questes Jur ld lcas)
Rocha Martins
Conselheiro Anselmo
Vieira
Questes Financeiras)
G. Jean Aubry
Questes
Ex
t
rangelras
)
Alberto Pinheiro Torres
(Q
uestes Rel lglosas
1
Victor Falco
Notas
Polt icas)
Etc., etc.
Toda
a correspondencla
relattYa
a eata ~
Ytsta deYe
ser dir ig ida
ao
DIRECTOR.
-
Cada
exemplar d A
IDEIA NACIONAL custa
50 reis.
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
5/36
Revista Politica
P R
HOMEM HRISTO FILHO
mparia
da
emagogia
Os acontecimentos passados
em
Coimbra, Lisboa, San
tarem
e Loures, durante esta semana, provam,
em
primeiro
logar, que a demagogia no desarma, em segundo logar
que o governo no quer ou no pode domina-la, em ter
ceiro logar que os
tres
partidos da Republica rivalisam
em
sectarismo, sendo difficil estabelecer qual d elles
bate
o
re ord da odiosa intolerancia politica que tem sido a prin
cipal caracteristica d este regimen abjecto.
Aos acontecimentos de Coimbra assistimos ns. Presen
cemo-los passo a passo e verificmos com indignao que
os inspiraram e dirigiram, que tom
ar
am activamente parte
n elles republicanos graduados de todos os matizes, desde o
professor
da
Universidade Angelo
da
Fonseca e o droguista
Rodrigues
da
Silva, marechaes evolucionistas,
at
aos de
mocraticos Antonio Leito e Floro Henriques, dois canalhas
da peor especie que ns vimos no meio da garotada que
apedrejava os automoveis dos chefes monarchicos a com
mandar
os arruaceiros e a injuriar e espancar os nossos
correligionarios ind
ef
ezos.
Da
parte
dos 1nonarchicos no podia
haver
e no houve
o 1ninim o acto de provocao.
Quando,
s
dez horas e meia da
~ n h
atravessmos
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548
a cidade de automovel
para
ir
esperar
e ~ t o velha os
nossos illustres correligionarios snrs. Joo d Almeida, o he
roe
dos Dembos e dr. Antonio Emilio d Almeida Azevedo,
j
se notava no largo de Samso movimento desusado. Quan
do,
me
ia
hora
depois, at
raves
smos esta
praa
com os nos
sos amigos recem-chegados, a caminho do Hotel, apassagem do
nosso automovel foi saudada com injurias proferidas cau
telosamente, a medo, porque os arruaceiros no se julga
vam ainda
em
numero sufficiente para nos insultarem
em
voz alta. Mais adeante, na
Rua
Ferreira Borges, esperava
nos
um
grupo frente do qual
se
encontrava o democra
tico Antonio Leito, que soltou um grito de abaixo os trai-
dores
a que no respondemos, que no castigmos esbofe
teando a face deslavada do impudico tratante, porque no
queriamos dar pretexto,
em
atteno s auctoridades do
districto, a qualquer alterao da ordem publica.
Momentos depois chegavam, no rapido de Lisboa, os
nossos illustres amigos snrs. Conselheiros Ayres de Ornel
las, Jos de Azeved Castello Branco, Antonio Cabral,
os
Jardim, Condes da Ponte e de Vinh e Almedina que
-
nham
tomar parte, como os primeiros,
na
sesso solemne
do Centro Academico e no
banqu
ete dos collaboradores da
Ideia Nacional
Esperavam-nos
na
estao algumas cente
nas de estudantes que saudara1n a chegada do comboio
com uma vibrante salva de palmas e muitos vivas
Patri
e a Paiva Couceiro, Ayres de Ornellas, Joo dAlmeida,
Azevedo Coutinho, Jos dAzevedo e ao auctor d estas li;
nhas. Nenhum d estes vivas podia
ser
considerado subver:..
sivo, a no
ser
que os republicanos de Coimbra solidarios
com Affonso Costa que vendeu Angola aos allemes e
r ~ ;
cebeu dinheiro do Principe de Monaco para impedir o jogo
em Portugal, com todos os seus correligionarios
graduados
que teem levado o paiz ruina e deshonra no interior e
no exterior e nos arrastam conscientemente
perda
fatal e
inevitavel da nossa independencia, a no ser, repetimos,
que os republicanos de Coimbra, coherentes pela primeira
vez
na
sua
vida, consideren1 subversivos os gritos de iva a
Patria com que a Academia Monarchica de Coimbra atroou
os ares no domingo passado, saudando
co
m essas tres
pa
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549
lavras que dizem mais que todos os discursos e todos os
programmas, a chegada quella cidade dos vultos mais emi
nentes do seu partido.
A sabida da estao
j
se encontravam alguns formi-
gas
que respondiam aos gritos de
iva
a Patria
da
Acade
mia com outros de iva a Republica Abaixo os traidores
A morte os canalhas e gestos obscenos, gritos e gestos que
passavam quasi desperc.
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55
Cerca das duas e meia da tarde os automoveis davam
entrada na
rua
do Correio, onde se devia realisar no Thea
tro Souza Bastos, a sesso solemne de reabertura do Centro
narchico Academico. Ao e
ntr
ar
n
esta
ru
a os automoveis
foram alvo
d uma
chuva de
pedra
s, uma das quaes attin
giu na cabea, felizmente protegida pelo chapeu de cco,
o snr. Conde de Vinh e Allnedina e outra o nosso prezado
e valioso correligionario snr. Joo de Menezes Parreira que
guiava o primeiro automovel e ao lado de quem ns tinha
mos tomado logar. Este nosso amigo teve que
ir
curar-se a
uma pharmacia, sendo-lhe cozido o ferimento com nove
pontos naturaes.
Durante a sesso no hou
ve
o menor incidente desa
gradavel. Os discolos, a quem teria sido facilimo introdu
zir-se no theatro, no levaram to longe a sua audacia;
elles bem
sabiam que se apparecessem quando a Academia
estivesse reunida levariam uma lio mestra que lhes ti
raria a vontade de promoverem novos tumultos.
Quando terminou a sesso, que decorreu brilhantissima,
no meio do mais delirante enthusiasmo, os estudantes reti
raram
tranquillamente para suas casas, como os oradores,
animados sempre do desejo de no
dar
motivo a quaesquer
represalias da parte do governo ou das auctoridades, lhes
tinham pedido. Os chefes monarchicos retiraram tambem de
automovel, convencidos de que a policia teria tomado as
medidas necessarias para evitar qualquer aggresso da
turba assalariada. E foi exactamente n este momento, quando
se dirigiam para o hotel afim de tomare1n p r t ~ no ban
quete
d A
Ideia Nacional
que os automoveis em que seguia
mos com os nossos collaboradores e amigos foram apedre
jados e alvejados a tiro, ficando ferido na cabea o snr.
Conde de Bertiandos. O automovel occupado pelos
snrs
.
Conselheiros Ayres de Ornellas e Antonio Cabral, Joo de
Almeida, Luiz d Almeida Braga, Joo do Amaral, Augusto
Morna e o auctor d estas linhas teve que recolher
garage
da Empreza Automobilista Portugueza onde nos conserv
mos durante duas horas e meia assistindo aos actos da mais
inverosimil selvageria, como foram a aggresso dos snrs.
Drs.
A
ntonio Sardinha, Mario de Aguiar, Alvaro de Mattos
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551
e alguns academicos que despreoccupadamente se dirigiam,
a p,
para
o Palace Hotel.
Durante duas horas consecutivas, repetimos, a ral de
Coimbra, comandada
por
Floro Henriques, Kemp Serro, ca
pito Brusco, Tavares de Carvalho, Silvano, Antonio Leito,
Rodrigues da Silva, etc., insultou, espancou, apedrejou e
alvejou a tiro alguns dos mais eminentes homens publicos
portuguezes e dedicados e pacificos correligionarios nossos
que
atravessavam a p, inteiramente ss e desarmados,
as
ruas da cidade, sem que da nossa parte tivesse havido um
s grito subversivo ou o
menor
acto de provocao.
Durante
duas
horas
um
bando de 1naltrapilhos de p descalo,
sem
eira nem beira, satisfizeram sobre pessoas indefezas os seus
instinctos sanguinarios de criminosos de direito commum,
sem que a policia ou a tropa os castigasse como mereciam,
chegando
at a disparar sobre o snr. major Costa Cabral,
commissario de policia, que nunca podia
ser
accusado de
excessivo rigor mas
apenas d uma
extrema e paciente
complacencia,
tres
tiros de revolver.
So estes miseraveis, scellerados da peor especie, com
mandados
por
officiaes paisana e membros graduados
das
tres
quadrilhas republicanas e incitados por uma imprensa
mais criminosa ainda, que ousam, no dia seguinte aos yer
gonhosos acontecimentos que estamos narrando, exigir do
governo a demisso das auctoridades que lhes permittiram
todos os excessos e todas
as
violencias e injuriar os monar
chicos que no uso d um direito elementar fazem ordeira
mente a propaganda das suas ideias, acatando
as
leis e
soffrendo sem resistencia os ultimos vexames
No pode ser,
senhor
presidente do ministerio.
V
Ex.
prometteu fazer respeitar os nossos direitos,
garantir as
nossas liberdades, pr termo
tyrannia
demagogica. Desde
que
V Ex. tomou conta do poder no houve da parte dos
monarchicos um unico gesto de rebeldia, um unico acto que
entravasse a sua aco ou prejudicasse as suas intenes
nobilissimas. Ns no faltamos a
nenhum
dos compromissos
tomados e
quer na
imprensa .quer nas tribunas das nossas
associaes no deixmos de affirmar o nosso desejo
de
cooperar lealmente com V Ex. no restabelecimento da or-
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dem publica que
nunca
perturb1nos
nem
perturbaremos
emquant
o nos no convencermos de que s nos resta a
revoluo como unico meio de
vencer
a
tyrannia
das oli
garchias e dos bandos.
Mas os acontecimentos
de
Coimbra
que se repeti
ram
j
em Lisboa,
em Santarem
e
em
Loures, fazem-nos acredi
tar que V Ex. hesita e r
ecua
perante a demagogia, cuja
unica fora vem da
ex
trema condescendencia dos contrarias.
N esse
caso, desde
que
V. Ex. falte
s
promessas exponta
neamente
feitas,
luct leg l i ossivel
Ns no pode
mos
continuar a
ser
impune1n
ente
injuriados e aggredidos
nas
ruas s porque somos monarchicos e vemos na restau
rao do antigo regmen o unico meio de salvar esta
Patria
arruinada
e deshonrada por quatro
an
nos de
tyrannia
dema '
gogica.
Ou V Ex.,
de
posse do poder e com o apoio incondi
cional do exercito,
tem
fora
para
reprimir os
arranques
cannibalescos da horda de sicrios que
ha
quatro annos
vem
p
er
turbando a vida nacional, e
se
resolve a
pr
te
rmo
a
esta
desordem
perenne que
nos
est
deshonrando aos
olhos de todo o mundo civilizado,
ou
s nos
resta
o recurso
desesperado de nos defendermos a ns proprio, por todos os
meios, dentada, paulada, facada ou a tiro, luctando
t ao fim
porque assim no-lo impe o interesse supremo
d'
esta
patria
agonisante e o nosso proprio instincto de con
servao.
Pela
nossa
parte
estamos disposto a cumprir o nosso
dever at
ao fim, convencido de
que
vale a
pena
fazer
mais este sacrificio,
encetar
mais
esta
cruzada,
tentar
mais
este
esforo
para salvar
a Causa de Deus,
da Patria
e do
Rei.
Ainda nos no falleceram as foras. Ainda no vacillou
o brao humilde que
maneja
esta penna. Ainda no tremeu
a chamma de f que brilha dentro d este peito
nem arrefe
ceu
o
en
thusiasmo que nos atirou para a primeira fila dos
combatentes. E
c
vamos luctando, avanando sempre, gal
gando obstaculos, vencendo difficuldades,
sem
um
desanimo,
sem
um desfallecimento, auscultando o corao do paiz,
vendo com satisfao formar-se nucleos poderosos de almas
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ss, espritos fortes, promptos a trocar a vida pela vida da
Patria e a sacrificar-se
em
holocausto ob
ra
im mensa da
red
empo nacional.
11as
necessario
que
atraz d esses nucleos outros
nucleos se formem, que outros soldados venha1n pr
ee
ncher
. os logares deixados vagos pelas baixas produzidas
nas
nos
sas fileiras e
que um
grande movimento
na
cional, esmaga
dor, irresistivel,
secande
os nossos esforos e apoie vigo
rosamente as
ava
nadas do exercito libertador.
N esta hora grave, n esta hora solemne em que os jor
nalistas monarchicos, ssinhos em campo, fazem fre
nte
s
investidas cobardes e traioeiras do inimigo commum,
indispensavel que o paiz os no abandone
um
s momento,
no distria una s instante a atteno que as circunstancias
re
clamam nem falte ao cumprimento de nenhum dos deve
res que a situao impe.
Unidos, disciplinados e confiantes a victoria ser nossa.
Toquem os clarins a
reunir
e
que em
cada cidade, em cada
villa,
em
cada aldeia, os bons portuguezes
se
juntem, sob
as pregas da bandeira immortal e demonstre1n com actos,
no
com meras palavras declamatorias e inuteis,
que
sabe
m
fazer r e s p ~ i t r os seus direitos e no faltam ao cumpri
mento dos seus deveres.
No basta que cada um de ns se diga monarchico e
patriota e cornmente desfavoravelmente, ao ch da familia
ou
n
uma
roda de amigos, a republica e os se
us
homens.
E preciso
que
mostremos, com actos, que son1os monarchi
cos e que somos patriotas. E indispensavel
que en
todas
as minimas aces da nossa vida confir1nemos concreta
mente
as
nossas palavras e luctemos efficazmente
pelo
triumpho das ideias
que
sinceramente professamos.
E
ne
cessario luctar, dia a dia, hora a hora, preciso vencer
E uma questo do mais elementar pudor, da mais sim
plista sensibilidade moral e da mais rudimentar intelli
gencia.
Ninguem deseja mais do que
ns, repetimos ainda uma
vez,
que
o snr. general Pimenta de Castro
se
resolva a to
mar o passo demagogia e nos liberte definitivamente
d
esse pezadello. Ainda
no
perdemos inteiramente a con-
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55-
fiana nas suas apregoadas virtudes de coragem e energia
civica.
Mas se
esta
nova
experiencia fa
lh
ar como os factos
parecem indicar tanto peior para a republica. No desani
maremos
por
is;;o.
Ser apenas
mais
uma
desilluso e
esta
atria
ha-de salvar-se qua nd
mm
Deus
o
quer ns
o queremos
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Questes Juridicas
P R
A. E.
D ALMEIDA AZEVEDO
'
COHSTITUIC O
IHGbEZ
V
A Constituio aa Republica Portugneza garante solemnemente a
portuguezes e extrangeiros residentes no paiz a
inviol bilid de
dos direi
tos concernentes
liberdade e segurana individual ; declara que nin
guem pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma cousa seno
em
virtude
da
lei, e que excepo de flagrante delicto no podero
fazer-se prises seno por ordem escri pta
da
auctoridade competente e
em
conformidade com a expressa disposio da
Segundo a mesma Constituio co mpete ao Congresso declarar em
estado de sitio, com suspenso total ou parcial de garantias constitu
cionaes, um ou mais pontos do territorio nacional.
,No estando reunido o Congresso tem o Governo aquella facul
dade, restricta porem, emquanto represso pessoal, a impr a deteno
em lugar no destinado aos reus de crimes communs.
As prises em massa, effectuadas j depois de promulgada a Cons
tituio da Republica pelos bandos a soldo do Governo, a _durao
d essas prises sem culpa formada, e a mistura de presos polticos com
assassinos e ladres, so factos que ficaro para sempre memorados.
Elles revoltaram a consciencia dos paizes cult.:>s e mostram claramente
o
que
valem farrapos
de
papel.
Na Inglaterra, onde a segurana individual absoluta, para encon
trarmos cousa parecida com aquellas declaraes solemne:::, temos
de
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
14/36
556
remontar
Magna Charta, que o Rei Joo. co:i temporaceo do n o ~ s o
D.
Affonso
2.
o.
foi
obr
igado a conceder, em
Junho
de
1215,
aos bares
acampados com a sua gente na frente do Rei em armas, apenas separa
dos pelo rio Tamisa. Temos de remontar ainda cham3da Petio de
Direito,
na
qual os Communs declararam os seus aggravo3 recusando-se
a auctorisar os impostos a t
se
lhes conceder provimento.
A firmeza das duas Casas do Parlamento alcanou plena satisfao
do Rei Carlos
1,
contemporaneo e Filippe
3.o (4
0 de Hespanha) em
unho de 68
Estes diplomas marcam epochas notaveis na historia do Direito
Constitucional Inglez, porque resolveram gravssimos conflictos en tre o
Rei e vassalos.
Mas no
d'elles
que
datam as garantias
individuaes;
essas garan
tias
j
existiam, e aquelles diplomas s as registam e reconhecem como
lei do
p i
z
Podiam a3 alteraes puhticas eclip.sal-as durante algum tem
po
mas
logo surgia e se impunha como regra
supre
ma the rule of law
s
tribu naes ordinario3.
c o n ~ t i t u i o s
por
ju
zes e
j u r d o ~
eram o
seu
principal baluarte.
Os
cidado.s offend1do5 enc etravam n \ ~ l l e s a proteco necessaria
ou por meio de aces contra os offenores, ou recorrendo ao habeas
corpus
A vict ma de uma priso H egal tinha e tem d
eaute
de si dois
caminhos abertos - ou fazer pun ir os auctores da priso, ou exigir-lhes
indemnisa-o de perdas e damnoF.
Todos os funcciona rios publicos, e at 0 3 officiaes militares que
condemnassem pessoas no sujeitas lef militar responderiam egual
mente
perante os Tribunaes ordinarios, no lhes
serv
indo
de
jm:1tificao
provar que procederam em virtude da obediencia aos superiores le
gtimos.
Cada um respond pelo5 s e u ~ actos e sobre esta regra assenta
como j notei a propria responsab f dadQ ministerizl.
A mais leve offensa encontra juzes promptos para a considerar
attentamente
e para manter o prestigio da lei.
Mas estas aces serviriam de pou co
se
os cidados no tivessem
maneira
de
obstar
continuao
de
uma priso illegal.
Tem-na e ef ficaz,
o Habeas Corpus
Em um livro celebre e
qu
e demande la Cil o actual Presidente
da Republica Franceza expoz com a clareza
que
caracterisa as
~ b r a s
dos
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
15/36
55
7
melhores auctores d'aquelle paiz o que e
~
funcciona a Constitui
o Franceza.
A paginas 28 l-se:
Les An glais au contra ire. avaien
t
bien avant ntre Revolution,
11
des lois protectrices de uret individuelle. C'est ce
qu
'ils appellaient,
en
latin, l'habeas corpus.
En
d
aut
res termes la loi
veut
que tu ales
ton corps que l'Etat n'ait pas le droit de
le
prendre s
ans
une impe
rieuse necessit sociale
et
sans une application reguliere des lois
Quando a traduco do livro appareceu publicada os inglezes no
quizeram acreditar que isto fosse erro do original, e attribuiram-no
amavelmente
traduco
. .
.
Habeas
o
rpus
no quer dizer semelh
ante
cousa.
E' um mandado dirigido por um juiz ao responsavel por um preso
- seja elle commandante mili r ou r
hef
a civil, ordenando-lhe em no
me
do Rei que lhe apresente o corpo d esse
pr
eso immediatamente, ou em
determinado dia e hora no seu Tribunal com a data e motivo da priso.
E' este o
Habeas
o
rpus
d
subjicie
ndum
estabelecido de tem pos
immemoriaes no direito inglez e regulado em 1679 pelo Habeas Corp us
Act emquanto aos presos por motivo de algum crime, e
em
1816 por
uma
nova lei emquanto aos presos
por
outro qualquer motiv
o.
A
lei
de 1679 assim como a de 1816 so leis de processo, pelas
quaes
se
estabeleceu o
mo
do pratico de
p
r em movimento os Tribu
naes e de os
fa
zer
resre
it
ar
.
Segundo estas leis os juzes que negarem o mandado de habeas
corpus ficam sujeitos multa de 5
00
libras e as pessoas que lhes no
obedecerem, no -s incorrem em multas pezadissimas, mas podem ser
immediatamente presas pelo processo de
contempt
of
court
dm que os
juizes procedem summariamente ouvindo os desobedientes e proferindo
logc sentena, sem interveno do
jur
y.
Que differena fundamental nos separa ento de Inglaterra e por
que um farrapo a nossa Constituio e no o a Constituio Ingleza?
Ponhamos de parte a questo de raa que para Gustavo Le Bon
seria a principal.
Sob o ponto de vista das instituies, a differena consiste a meu
vr em que l essas garantias so um elemento poltico da nao e de-
pois de grandes luctas identificaram-se de tal modo com o caracter in
glez que elles no concebem que
se
possa viver dignamente sem ellas.
So a
honra
e orgulho da
sua
patria
O seculo
xvu
trouxe-nos com a nossa independencia e com as
guerras de Hespanha o engrandecimento do poder real.
7/23/2019 AIdeiaNacionalN18_15Mai1915
16/36
558
O mesmo, por
i=notivos
identicos, a
ne
cessidade de centralisar
e
fortalecer o Estado, aconteceu em Frana e
em
outras
na
es do
Co
nti
nen te, mas no na Inglaterra.
Ahi as luctas politicas produziram homens que acharam modo
de
equilibrar as foras provenientes do Rei, dos bares e representantes do
povo e estabeleceram assim os alicerces da grandeza do paiz.
Defendeu as prerogativas
da
Coroa o maior espirito
da epoca-
Lord Bacon, um grande reformador scientifico.
Representou o partido conservador e legalista, que era o partido
popular, o celebre juiz Coke.
Sir Edward Coke perdeu o seu
lu
gar e soffreu uma longa priso
por ter defendido nobremente a independencia das funces judiciaes;
outros soffreram tambem; mas os Tribunaes conquistaram a sua inde
pendencia, e a sua jurisdico nem
limitada velo contencioso adminis
trativo, nem pela regra da separao dos poderes
que
no continente poz
de
facto o poder judicial em uma situao subalterna em relao ao
executivo.
Ao esprito subtil de Mon tesquieu escapou esta supremacia do po
der
judicial em Inglaterra e a sua theoria da diviso dos poderes, em
bora
errada
como exposio dos factos que se passa\'am
na
Ingla
terra, \eio a
ser
n'este importante assumpto a fonte das modernas Cons-
tituies
da
Europa. .
Qu
e funestas consequencias no tem derivado d este erro
Referi-me no artigo anterior aos bills
de
indemnidade pelos quaes
se justificam os actos do Governo e da3 auctoridades, que a respeito tle
determinados crimes e seus agentes offenderam as g r ~ n t i s individuaes.
Correspondem esses bills suspenso de determinadas garantias.
Pre
ciso porem explicar que esta suspenso compete no aos Gover
nos, mas ao Parlamento.
A faculdade que a Constituio
da
Republica Portugueza
d
ao
Governo quando no est reunido Congresso, de suspender as garan
tias, no a tem o Governo de Inglaterra.
Tal suspenso, sempre restricta a determinados crimes e seus agen
tes, pertence n'aquelle paiz exclusivamente ao
Par
lamento e faz-se por
meio
de
leis que se chamam
Suspension Acts
Estas leis no isentam de responsabilidade criminal ou civil
pel
violao das garantias indiviuaes; o seu effeito
obstar a que
na
vi
gencia d'ellas os presos possam recorrer ao Habeas Corpus e intentar
c e ~ para exigir aquella responsabilidade.
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17/36
559
Terminada vigencia do Suspension Act poderiam porem os
offen-
didos recorrer ao Habeas Corpus, se ainda estivessem presos, e instau
rr- as Dees para exigirem
uma ou outra
responsabilidade.
Os bills
de
indemnidade
que
por
sua
vez obstam a estas aces
e cobrem assim o Governo e as auctoridades.
No meu estudo Refrma Judiciaria (Porto, 1908) defendi a interven
o do
jury
especialmente no julgamento de crimes politicos.
A Constituio da
Republica Portugueza, artigo 59, adoptou a mi
nha
opinio, mas o primeiro acto dos Governos republicanos logo
que
viram
que
o jury era uma garantia de ordem e de justia e no sanc
cionarta os excessos commettidos, foi saltar por cima
da
Constituio e
estabelecer tribunaes especiaes
que
acceitaram e cumpriram a misso
imfamissima
de
condemnar
sem
provas os suspeitos
de
crimes polticos.
Se a Republica tivesse respeitado os tribunaes instituidos e consa
grados pela
sua
propria Constituio, quantos vexames, quantos sacrifi
cios, e que grandes vergonhas nacionaes no se teriam evitado
ota da
Redaco Vejamse
os artigos anteriores nos n.os 1, 5 e 10 O V artigo
sahir n um dos proximos numeros.
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18/36
Philosophia Poltica
P R
ALFREDO PIMENTA
Pacilismo
lilitarismu
Andam um pouco
na
discusso, em Portugal, as velhas theses
do
Pacifismo e Militarismo, como se, em verdade, n 'esta altura da vida, e
deante da experiencia da epocha presente, ainda fosse permittida tal
ou
qual
duvida sobre a verdade real d essas theses. A fallencia do Pacifismo
eloquente de mais para que seja preciso estarmos a accentua-la e a do
cumenta-la-pois nos basta olhar a Europa no momento presente, para
sabermos de que lado estava a razo: se do lado dos
que
prgavam a
guerra, se do lado dos que prgavam a paz. Ainda mesmo admittindo
que a guerra seja um cataclismo geral, prejudicial para todos os
que
n'ella entram e
seus
reflexos soffrem, ainda admittindo essa affirmativa,
ns entendemos que o melhor modo de a evitar, prgar a guerra e
preparar a guerra. A paz, no nos cansaremos jmais de o dizer, no
mais do
que um
preparativo para o conflicto. E'
na
paz
que
se forjam
as armas guerreiras,
que se
temperam as habilidades diplomaticas,
que
se
exercitam as foras militares, e se experimentam as capacidades co
m
bativas. A paz succede guerra porque
se
exgotam, durante esta,
as
foras, os mpetos, as habilidades e os estmulos. De resto a lei
da
vida
a guerra, e o estado da vida normal o estado da guerra. O
homem no nasce para a paz: nasce para combater. Tudo, n'elle, dasde
a primeira hora,
combate. Resistir, reagir,
viver-
combater. Uma
nao cria-se pela fora ; sustenta-se pela fora, e s pela fora pode
impr-se. No se presta (eu o sei ) esta doutrina a lamechices romanti
cas, a devaneios humanitaristas. Mas
ha
l alguma coisa peior do que
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19/36
56
as la
mechices
e
os
devaneios? Foss
em
os senhores dizer a AffonE o Hen-
riques
que
n
o talha
sse
a golpes
de
espada os limites polticos da
na
o
- e se
andasse
a
pr
gar
paz e
ha
rmonia
so
ci
al
en
tr
e
os
p ~ v o s
da
P
enn-
sula. Dissessem-lhe
que
no a
ss
altasse, pela
ca
la
da da
noite,
de sur
preza,
os muros
de
Santarem, nem
faltasse ao compromi
ss
o
de
paz
que assu-
mira
, em seu nome, Egas Moniz. E Affon
so Henriques
se
ou
vis
se
essas
s
ereias encantadoras da doutrina pac
ifis ta -
ns
no
seriamos
q
uem
somos. A no
ss
a origem, como a origem de todas as
na
es a guerra.
E affirmar-se
que se deve
a no existencia c
ontemporanea da
s g
uerras
de conquista,
influ
enc
ia do pacifismo, e
da
c
hamada
cultu
ra
moral
,
um erro de ob
se
rvao
profun
do. As g
uerras de o n q u
no
exi
s
tem
hoje, como. existiram
outr
ora,
porq
ue
so mais
difficeis
de
ef
fectu
ar
hoje
-
princi
palm
ente,
em virtude da
ma
ior com
plex
id
ad
e de interesses,
e de ell
as effect
arem
um
maior num
er
de egoism
os
in ternacionaes.
E a vivacidade d
esses
egosm
os
con
sta
n
temente presentes
q
ue
man
t
em
o
chamado
equilibrio poltico dos povos. Uma hora depois
de se re
co
nhec
er
que
esses egosmos esto apagados na maio r pa rte d
as
naes ,
o deseq uilibrio
um
facto, pelo
pre
domin io
da
menor
par
te. Repare-
se
na sin
gularida
de dos pacifistas, cuja propa
ganda em
favor da Paz, outra
coisa no
que
a
gu
erra
s
ide
i
as da
guerra.
Se eu
p
udesse
fazer o
mundo
a
meu
modo, e a
vida
dos
homens
es tivesse
subordinada
mi
nha
vontade. talvez
que me
d
esse
ao
pr
az
er de
fazer dos
homens
anjos, pui
os
e perfeitos, angelicaes
nas sua
s intenes, femininos e
graciosos n
os se
us
ges
t
os
-
ce
rto como que mais encanta
os
meus
olhos, a
fi
na haste, esvelta e bella, de uma flr, do que a g
ro
sseira ima
gem de
um
canho de 42. Mas como eu sei que os h
omens
se no subor
d inam minha
v o n t ~
nem vencem as g
uerra
s
que
so a con
sequen-
cia
fatal
dos
se
us ins
tinct
os e s
entiment
os, e a lei da s
ua
existencia,
com h
as
t
es
esv
elt
as
de
flr
es eu
en
sino-as a opprem aos canhes
de
42, canhes
ma
is fortes, e l
ev
o
s
ua
consc
ien
c
ia
e ao s
eu
espirito a
convico profunda e
in
abalavel de que
prec
iso s
er forte
,
am
ar a Fora,
cultivar a For a porque s pela Fora se vence.. S s
o pa
c ficos
os
povos
fr
acos. Os povos fortes
s
o, n
aturalm
e
nte, guerr
eiros. S s
o
paci
ficos os povos
velho
s: a fra
qu
eza
symptoma
de velhice. Os povos
novos so
guerreiro
s,
porque
a fora
symptoma de
mocidade. Ninguem
cont
esta
que isto
as
sim
se
j
a: mas
dizem que
um mal
e que
um
perigo
affirma
-lo. Eu digo antes que
um
perigo no querer reconh. .
ce-lo. A
melhor
maneira
de
no
s
defendermo
s d
elle
no
ne
ga-lo
ou
desconhece-lo :
acc
eit
a-lo e sermos,
dentro d ell
e,
um agente
da
vida.
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562
Pela Historia fora, as naes
tm
vencido pela Fora. Para que havemos
ns
de
procurar
iniciar um perodo - sacrificando a existencia do nosso
povo, a independencia da nossa nao? (Quando digo nosso povo, e
nossa
nao, no me refiro,
evidentemente,
a
Portugal-
seja
isto dito
em parenthesis). O pacifismo francez ia
arruinando
a Frana. O nascente
pacifismo inglez
enfraqueceu
a armada. Hoje os patriotas da Ft ana e
da Inglaterra olham com tremenda animosidade e com toda a razo
os pacifistas. os humanitaristas, os solidariatas, os criminosos propagan
distas do enfraquedmento nacional, do desprestigiamento patriotico que
queriam impr o seu doutrinarismo aos factos, os
seus
sonhos reali
dade, os
seus
absolutos
contingencia. No volta
de
Jean
Jaurs
que
a
Frana
se
une:
\. Olta
de
Jeanne
d
Are. Quem acceita a res
ponsabilidade tremenda de formar um povo, quer estando
frente dos
negocios da administrao publica, quer orientando, por meio do
jornal
e da tribuna, a opinio nacional, uada tem que vr (quantas vezes o
tenho dito j ) com o
seu
doutrinarismo pessoal:
tem
tudo que
vr
com
as realidades da vida, as exigencias d essa realidade, e as
nece
ssidades
effectivas
da
nao. Quem quizer
ser
pacifista,
que
o seja em sua casa,
com a mulher e os filhos. Mas no traga o pacifismo para a praa
pu
blica, para
que
o seu paiz no
se
veja, de um momento
para
o outro,
merc
de
um golpe brusco e forte
de
qualquer
visinho ou
de
qualquer
concorrente longnquo. s povos como os indivduos
na
paz que se
deixam perverter por faceis vicioR e dissolventes costumes. Na guer
ra
tudo
so, porque ella pe prova todas as qualidades da fora e ener
gia e saude, e
s
deixa viver e dominar
quem
as possuir. N'este mo
mento mesmo
me
recordo de um artigo celebre (celebre para mim, pelo
menos) de Gabriel Hanotaux, escripto no
Figaro
ahi
nos
primeiros
dias
da guerra, em que elle dizia que o estado da guerra
era
o estado nor
mal
da
humanidade,
e cantava as beneficas virtudes da guerra. Em com
panhia
de
Gabriel Hanotaux, vou
em
boa companhia, porque elle
um
francez, e
eu
tenho a fama de no
ser
alliado. Eu creio
que
depois
de
acabada
a presente guerra, ninguem mais
ter
o atrevimento
de vir
exhibir doutrinas pacifistas,
antes
toda a gente tratar de se prJ
parar
para a proxima, que ser mais cruel, mais demorada e mais teimosa
do
que a actual. E, portanto, no mais terei occasio, a no ser a titulo
de documentao historica, de me referir peste pacifista que tanto
""anarchisou a mentalidade do seculo XIX.
ALFREDO PIMENTA
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Questes oloniaes
P R
LOtmENQO C YOLL
.
s
cartas
organicas
Os
interesses elas nossas pro\incins ultramarinas teem estado quasi
por completo aban
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56
1914 reconheceu que outros assumptos
da
maior magnitude exigi
am
as
at
enes do governo e que era preciso e
st
uda-los e reso
lv
e-los imme
diatamente.
Para
isso
co
nseguiu que as camaras votassem os projectos
relutivos constituio do fundo de fomento
d
Ango
la
e aos empres
timos necessarios
para
se effectuarem os principaes melhoramen tos ma
teriaes d esta colonia e s leis organicas
da
administrao civil e da
nclministrao financeira das provincias ultramarinas.
No
temos duvida em reconhecer que era acertado o pensamen
to
que guiava o ministro
qu
e elaborou esses projectos, porque procura
mo
s
sempre ser justos e no nos deixarmos cegar por
qua
lquer paixo
partidari
a,
ao escrever estes modestos artigos. Com a mesma im
pa
rcia
lidade teremos porm de reconhecer que no foi feliz nem intelligente
a
fo
rma como se r
ea
l isou o fim a que se aspirava.
Em outra c
hr
onica nos referiremos mais especial mente lei do
fo-
mento de
An
gola. Hoje desejamos falar apenas dos que pretenderam
da
r
s
nossas
co
loni
as uma au
tonomia administrativa e
fi
n
an
ceira em
harmonia com o seu estado soci
al
e politico.
Vem de longe a
co
nvico
de
que
as
colonias, principa
lm
e
nt
e as
de populao, passado o periodo do seu inicio, caminham inflexivel
mente para alcanarem a sua independencia completa. Todas
as
vio
lencias que se m p r g ~ r m para
~
contrariarem esse anceio de emanci-
pao sero contraproducentes. Suppondo que a metropole cuide com
ha
bilidade dos interesses
da
regio e que administre muito me
lh
or e
com mais exito os negocios
co
loniaes do que os proprios
co
lonos se
riam capazes de o fazer e que se preste a aacrificios pecuniarios con
sideraveis para o desenvo lvim en
to
das suas possesses; admi
tt
indo at
a hypothese de que os proprios habitantes d e
llas
reconhecessem que
lh
e seria
co
nv
eniente, sob o po
nt
o
de
vi
st
a material, entregarem-se sem