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O PRE SAL E NOSSO
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E o Pr-sal nosso?Saiba o que a camada do Pr-sal, entenda a importncia do petrleo
para a economia mundial e veja porque a Lei n 9.478 precisa ser alterada
Ano I - Edio n 1 - Maio de 2009
A Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul, ao longo de seus 65 anos de existncia, sempre esteve atenta e participou de forma efetiva de debates pblicos se posicionando em defesa da sociedade brasileira. Os juzes gachos acreditam que a unio e o fortalecimento do Brasil contribuem para o bom andamento da Justia. Este processo, portanto, favorece para o que acreditamos ser a questo mais importante de uma nao: o desenvolvimento social.
Desde outubro de 2008 a partir de evento aberto ao pblico realizado no auditrio da Escola Superior da Magistratura, em Porto Alegre -, a entidade vem se preocupando em informar a populao sobre o que o Pr-sal e qual a importncia de modernizar a Lei do Petrleo do Pas. Importantes informaes extradas a partir de palestra com o diretor de Comunicaes da Associao dos Engenheiros da Petrobrs (Aepet), Fernando Siqueira, tm sido multiplicadas atravs de uma campanha que conta com a participao da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, OAB/RS, Associao do Ministrio Pblico do RS, Associao dos Defensores Pblicos do RS, Associao dos Magistrados do Trabalho da 4 Regio, Associao dos Membros de Tribunais de Contas do Brasil, Sociedade dos Economistas do RS e da Associao Riograndense de Imprensa.
Esta cartilha tem o objetivo de promover o esclarecimento deste que, atualmente, um dos principais assuntos que permeiam a agenda poltica-econmica-social do Brasil e do mundo. A partir da sua leitura, voc ficar sabendo o que o Pr-sal, qual a sua relao com o contexto social do Pas e porque se faz necessrio modernizar a Lei do Petrleo vigente.
Afinal, o Pr-sal nosso?
Desembargador Carlos Cini MarchionattiPresidente da AJURIS
A AJURIS e o Pr-sal brasileiro
A cartilha E o Pr-sal nosso? uma publicao da Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul.As informaes aqui apresentadas foram extradas de material da Associao dos Engenheiros da Petrobrs (Aepet). proibida a reproduo, ainda que parcial, deste material sem a prvia autorizao da entidade.Voc pode entrar em contato conosco atravs do e-mail [email protected]
Plataformas petrolferas brasileiras
FPSO de Piranema
P-54 Estaleiro Mau/Jurong - Niteri
P-52 Estaleiro Kepel/Fels - Angra dos Reis
Ao Excelentssimo Senhor Presidente da RepblicaLuiz Incio Lula da SilvaPalcio do Planalto Braslia/DF
A competncia do trabalho de prospeco realizado pela Petrobras recolocou o Brasil diante de seu destino, ao tornar acessveis informaes e recursos extraordinrios. Em fins de 2007, o pas descobriu que a natureza lhe reservara, abaixo da camada de sal, na regio ocenica situada entre o norte de Santa Catarina e o centro do Esprito Santo, um tesouro energtico equivalente a cerca de 50 bilhes de barris de petrleo, o que corresponde a 400% de todo o petrleo j encontrado em nosso pas.
Essa riqueza potencial, concentrada em uma rea de 800 km de extenso por 200 km de largura, traz consigo promessas e riscos, por suas gigantescas implicaes econmicas, sociais, polticas e geopolticas. A notcia abala o equilbrio de poder mundial, redefine a correlao de foras no campo do controle de recursos estratgicos, muda as perspectivas histricas relativas s economias emergentes, altera a insero internacional do Brasil, redesenha a cartografia do bloco dos pases exportadores de petrleo e interfere nas expectativas quanto a modelos de crescimento e produo industrial, ao ampliar os limites da energia oriunda de fontes no renovveis.
A crise financeira internacional, apesar de restringir a disponibilidade de capital para investimentos na explorao das novas reservas, torna-as ainda mais importantes e estratgicas, na exata medida em que a economia real reconquista primazia, ante o colapso do mundo virtual do mercado financeiro desregulado.
Nesse contexto, alcanam relevncia histrica as decises sobre um conjunto de desafios crticos: que posio adotar relativamente ao decreto 2.705/98, que regulamentou a Lei do Petrleo? Como garantir com mais segurana e inteligncia a soberania nacional sobre recursos to cobiados? Como explorar as novas riquezas com mais eficincia? Quais devem ser as destinaes prioritrias dos recursos?
Considerando-se todos esses pontos, a sociedade civil brasileira aguarda do governo federal, o ensejo de um dilogo amplo, franco, aberto, transparente, que envolva os mais diferentes setores de opinio e conceda aos interlocutores a oportunidade de apresentar ao pas suas propostas. As decises governamentais sobre o tratamento a ser conferido s novas reservas de petrleo abaixo da plataforma de sal exercero impacto sobre o futuro do pas, nos prximos cinqenta anos, e marcaro sucessivas geraes de brasileiros. No desejvel que elas sejam tomadas em gabinetes fechados, discricionariamente, confinadas confraria de assessores, segundo inspiraes conjunturais. Tampouco razovel postergar esse processo de consultas amplas e debate democrtico, quando
Carta Aberta ao Presidente da Repblica
se sabe que a omisso, nesse caso, pode produzir conseqncias negativas.
Portanto, dirigimo-nos ao Exmo. Presidente da Repblica, Sr. Luiz Incio Lula da Silva, apelando a seu civismo e a seu esprito democrtico, para reivindicar mudanas profundas nos mtodos de abordagem do problema. O pr-sal importante demais para ser objeto de tratamento tecnocrtico; importante o suficiente para mobilizar a sociedade civil e ativar o sentimento nacional de urgncia e participao. Sem apelo informao especializada e tcnica no haver encaminhamento consistente, soberano, seguro e adequado. Por outro lado, sem que se reconhea a dimenso eminentemente poltica e pblica da matria, e sem que se mapeiem, com preciso e lucidez, os interesses subjacentes aos distintos modelos propostos para o tratamento das questes pertinentes, faltaro s decises legitimidade e compromisso com os interesses nacionais.
com este esprito prospectivo que a Sociedade Civil Riograndense, por suas legtimas representaes, quer se inserir na discusso deste importante tema, ombreando com Vossa Excelncia a responsabilidade de encontrar os caminhos que levem o nosso Pas ao encontro de seu promissor destino.
Porto Alegre, 28 de outubro de 2008.
* Documento extrado a partir de evento realizado na Escola Superior da Magistratura AJURIS, em Porto Alegre, ocasio em que se reuniram as entidades parceiras do projeto E o Pr-sal nosso?, alm de estudantes e a comunidade civil em geral.
Pblico assina abaixo-assinado
Carlos Cini Marchionatti, Fernando Siqueira e Dorval Brulio Marques
O auditrio da Escola da AJURIS esteve lotado durante evento E o Pr-sal nosso?
AJU
RIS
AJU
RIS
AJU
RIS
O Pr-sal
A camada Pr-sal um gigantesco reservatrio de petrleo e gs natural, localizado nas Bacias de Santos, Campos e Esprito Santo (regio litornea entre os estados de Santa Catarina e Esprito Santo). Estas reservas esto localizadas abaixo da camada de sal (que podem ter at 2 km de espessura). Portanto, se localizam entre 5 e 7 mil metros abaixo do nvel do mar.
A formao da camada
Estas reservas se formaram h, aproximadamente, 100 milhes de anos, a partir da decomposio de materiais orgnicos que foram se depositando sobre a estrutura rochosa a partir da separao da frica e da Amrica, ocorrida do sul para o norte.
Os tcnicos da Petrobrs ainda no conseguem estimar a quantidade total de petrleo e gs natural contidos na camada Pr-sal. No Campo de Tupi, por exemplo, a estimativa de que as reservas so de 5 a 8 bilhes de barris de petrleo.
Em setembro de 2008, a Petrobrs comeou a explorar petrleo da camada pr-sal em quantidade reduzida. Esta explorao inicial ocorreu no Campo de Jubarte, atravs da plataforma P-34.
A descoberta do Pr-sal brasileiro
So cinco dcadas de investimentos exploratrios Durante este perodo, verifica-se crescente conhecimento sobre as bacias brasileiras O foco est no desenvolvimento de tecnologias, procedimentos analticos e solues inovadoras Atividades industriais de carter integrado
Previso de poos exploratrios no Brasil entre 008 e 0
O que voc tem que saber sobre o Pr-sal
So Francisco 4Margem equatorial 11
Esprito Santo 75Bahia 25Sergipe e Alagoas 110
TOTAL: 532 poos de petrleo
Pelotas 2Santos 80Campos 65
Potiguar 125Cear 12Solimes 25
Para onde vai a riqueza do petrleo brasileiro
Da renda de R$ 120 bilhes por ano: R$ 72 bilhes vo para os governos municipais, estaduais e federal, na forma de royalties e impostos R$ 27 bilhes so destinados para acionistas, sendo que 60% deles esto no exterior R$ 11 bilhes vo para o sistema financeiro, na forma de pagamento de juros R$ 10 bilhes so destinados ao pagamento dos salrios dos trabalhadores
Consumo X produo no Brasil
O Pr-Sal e a presso poltica e econmica
A descoberta da camada Pr-sal deixa o Brasil em uma posio um pouco mais confortvel economicamente, mas suscetvel presso poltica que deve ser exercida pelos Estados Unidos que lidera o consumo mundial e tenta salvaguardar o suprimento apropriando-se do produto de outros pases, a exemplo do que j aconteceu no Iraque e que tentou fazer no Ir. Outro possvel interessado o grupo de empresas brasileiras e estrangeiras que disputam o mercado com cerca de 3% das reservas mundiais e esto predestinadas a uma vida til no superior a cinco anos. Na tentativa de sobreviver a esta sombria previso, elas esto unindo capital, e o Brasil se tornou um alvo em particular depois do advento da descoberta das novas jazidas e da possibilidade de pular para a quarta posio no ranking dos pases exportadores, logo atrs - ou talvez ao lado - do Kwait.
Para assegurar a descoberta em mos nacionais, ser necessria a execuo de movimentos difceis e que passam pela correo da Lei 9478/97, criada pelo ento presidente Fernando Henrique Cardoso, em substituio Lei 2004/1953, para atender o programa do seu governo.
Font
e: A
epet
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Lei do Petrleo brasileiro
A Lei Ordinria n 9.478, de 6 de agosto de 1997, que tambm ficou conhecida como Lei do Petrleo, foi sancionada pelo ento presidente Fernando Henrique Cardoso (revogando a Lei n 2004). O documento marca o fim do monoplio estatal do petrleo do Pas nas atividades relacionadas explorao, produo, refino e transporte da matria-prima. At ento, este monoplio era praticado pela Petrobrs, conforme autorizava a Lei n 2004 de 1953. Desta forma, foi concedida s demais empresas da rea petrolfera - nacionais e estrangeiras - a possibilidade de atuar em todos os elos da cadeia do petrleo.
A necessidade de modernizao da Lei 9.8/99 a partir da descoberta do Pr-sal
No Brasil, confirmada a expectativa da Provncia Petrolfera do Pr-sal, estaremos em situao privilegiada: as dimenses desta Provncia, de 800 km x 200 km, indicam a possibilidade de reservas da ordem de 80 bilhes de barris, que a um preo de US$ 120,00/barril, atinge a astronmica cifra de aproximadamente US$ 10 trilhes. Esta quantia pode resolver muitos dos problemas que ora afligem o Pas.
Parlamentares de todo o Brasil receberam, em maio do ano passado, uma carta cujo objetivo apresentar propostas alternativas Lei 9.478/97, que persiste intacta e regendo os leiles da Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP). Os defensores desta lei, notadamente as empresas privadas nacionais e estrangeiras, no querem mudana do referido marco regulatrio, mas cresce na sociedade brasileira o entendimento de que tal lei no pode permanecer mais como antes, sobretudo, agora que a Petrobrs descobriu a rea do Pr-sal.
A Lei 9.478 permite (art. 5.) que qualquer empresa constituda sob as leis brasileiras, com sede e administrao no Pas, possa exercer as atividades de produo, transporte e comercializao do petrleo. O art. 26 desta Lei determina que o concessionrio ter a propriedade do petrleo ou gs produzidos, ou seja, poder dispor deles como quiser.
Atualmente, existem no mundo dois fatores conflitantes: o aceleramento do consumo mundial de petrleo e a queda, prevista para curto prazo, da produo de petrleo no mundo. Esses fatores esto inflacionando o preo do petrleo e as grandes potncias, que no tm reservas prprias para atender suas necessidades, partem para aes agressivas que garantam os respectivos abastecimentos de petrleo ou gs (vide casos do Iraque e do Ir).
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Font
e: P
etro
brs
Resultados a partir da desnacionalizao do petrleo
O que precisa mudarPercebe-se, portanto, que a Lei n 9.478, em vigor desde 1997, tem distores e
inconstitucionalidades. Diferente da lei anterior, que estabelecia o monoplio da Unio nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petrleo e outros hidrocarbonetos fludos e gases raros existentes no territrio nacional, a lei criada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no seu art. 5, permite que qualquer empresa constituda sob as leis brasileiras, com sede e administrao no Pas, possa exercer tais atividades.
Para a AJURIS e os seus apoiadores na campanha E o Pr-sal nosso?, a melhor forma de manter um controle sobre a produo, ou seja, de evitar uma explorao predatria dos reservatrios, de regular a compra e venda do petrleo, de garantir sua posse em guas internacionais e em rea de fronteira, manter a explorao, produo, refino e transporte sob regulao e fiscalizao da Unio atravs da estatal Petrobrs.
Nesse sentido, uma das propostas sugere que o governo compre os 40% das aes da Petrobrs, vendidas no governo de FHC, de forma que a empresa recupere a exclusividade da explorao do produto. Recuperando o monoplio, o Pas passa a dispor de mais recursos sobre a sua comercializao. Atualmente, enquanto os demais produtores ganham cerca de 84% sobre o valor comercializado, o Brasil nem sempre chega aos 45%. Outro benefcio seria de que, sendo o nico proprietrio, no existe risco de produo predatria.
Outras duas sugestes propem a diviso dos royalties a todos os estados e municpios do Pas e a eliminao dos leiles de energia, encarregando a Petrobrs pela produo do Pr-sal. A AJURIS incentiva o debate pblico acerca da rediscusso da Lei.
Concluses
Se, atravs de um dilogo aberto e debate firme e consistente, a sociedade brasileira garantir o monoplio da Petrobrs na extrao e comercializao do Pr-sal brasileiro, garantiremos tambm:
Desenvolvimento econmico, elevando o Brasil a uma das principais potncias do mundo Desenvolvimento social, contribuindo para o acesso do povo educao, sade, trabalho, tecnologia,
meio-ambiente sustentvel, entre outros
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O petrleo como riqueza mundial
O petrleo um recurso nico. Trata-se de uma importante e eficiente fonte de energia para a humanidade, considerando que fcil de extrair, transportar e utiliz-lo. A disponibilidade do petrleo existente no mundo atual est presente em quase tudo o que a sociedade produz e utiliza, sendo ele a fonte de energia que move 90% do transporte mundial.
Dados gerais
Petrleo: Fonte esgotvel de energia - prxima safra: 10 milhes de anos Reservas mundiais: 1,1 trilho/barris Produo mundial: 32 bilhes barris/ano Consumo EUA: 8 bilhes (interno) + 2 bilhes (bases militares) = 10 bilhes/
ano. Trata-se do maior importador de petrleo da atualidade O petrleo a fonte de energia mais significativa, tratando do modelo
energtico do mundo industrializado Dentre os pases industrializados, o petrleo a origem de mais de 50% da
energia consumida Os pases industrializados so os maiores consumidores de petrleo. Aqueles
que no o produzem tm excessiva dependncia de importaes
O petrleo e a economia mundial
O encarecimento do petrleo pode gerar processos inflacionrios, envolvendo todos os segmentos econmicos e causando grandes impactos sobre as economias de todos os pases. Este cenrio poderia por em risco o equilbrio do sistema financeiro internacional e desencadear intensas crises sociais.
O consumo de petrleo vem sofrendo forte alta nos ltimos anos, em especial, por conta do aquecimento econmico de pases como a China e a ndia, cujas populaes somam 2,3 bilhes. A partir dos anos 90, o consumo de petrleo passou a superar o seu descobrimento. Atualmente, para cada barril que se descobre, quatro so consumidos.
Matriz energtica global
Principais regies produtoras de petrleo
Perspectivas internacionais
A produo mundial de petrleo passa seu mximo entre 2004 e 2010. A partir desse perodo, dever ser sempre crescente, ainda que no ocorram guerras e conflitos
H poucas alternativas para substituio do petrleo. O gs natural uma delas, ainda que por pouco tempo
O preo do petrleo crescente O petrleo est atingindo o pico de produo A posse de reservas de petrleo implica em risco e conflito potencial O desenvolvimento de tecnologia e de fontes de energia representa um espao a ser ocupado Uma poltica estrategicamente responsvel deve investir no desenvolvimento de tecnologia e uso de
energia alternativa, por serem renovveis e limpas
Fontes: World Oil e Oil & Gas Journal
EIA : Energy Information Association / CE : Comisin Europea / WEC : World Energy Council
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