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Revista Digital da AFOTORR Aka 1ª EDIÇÃO Agosto/2021

Akada AFOTORR Agosto/2021

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Revista Digital da AFOTORRAka1ª EDIÇÃO

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Revista Digital da AFOTORRPrimeira Edição

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SUMÁRIO

07 Expediente

08 Palavras do Presidente

11 Dedicatória

12 Homenagem à Devair Fiorotti (In memorian)

14 Cronologia da fotografia em Roraima

20 Amazônias (Exposição de Fotografias)

32 AFOTORR realiza trabalho com fotografias encontradas por coletor de material

reciclável

34 História, Mulheres e a Fotografia

38 A importância da fotografia na minha vida, por Loretta Emiri

42 Lagos e Savanas, por Sewbert Jati

46 Composição atual da AFOTORR

47 Recortes da História: principais ações da AFOTORR

49 Agradecimentos

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Esta é a primeira edição da Revista da Associação Roraimense de Fotografia - AFOTORR. É um periódico publicado primeiramente no formato eletrônico (online) e de acesso livre e gratuito. Sua frequência será anual e estará disponível nos sítios da internet da AFOTORR.

O nome da revista “AKA” foi inspirado na palavra em Macuxi, A’KA, s. - Inke’, î’rî ya’karumanen, sisiupan, que significa (Luz – claridade) em alusão a fotografia e uma homenagem aos povos indígenas1 2.

A revista é composta de fotografias, artigos sobre fotografia, relatos das atividades da associação e pesquisa científica.

Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado, permitindo o compartilhamento do mesmo com reconhecimento da autoria deste e publicação inicial nesta revista.

1 RAPOSO, Celino Alexandre.CRUZ, Maria Odileiz Souza. Dicionário da Língua Makuxi, 2ª Edição, Revista e Ampliada. Editora UFRR. Boa Vista, 2016.

2 Esse nome foi uma indicação do Historiador José Victor Dornelles Mattioni, membro do Conselho Curador.

DIREÇÃO GERALJorge Donizetti Pavani

PROJETO GRÁFICOLuiz Cláudio Corrêa Duarte

DIAGRAMAÇÃOLuiz Cláudio Corrêa Duarte

CONSELHO EDITORIALArmando NahmiasMaria Conceição de Sant’Ana Barros Escobar (Conceição Escobar)Elisangela Martins (Eli Macuxi) Geoge AmaroLuiz Mário Severo Avila Jorge MacêdoJosé Victor Dornelles Mattioni (Victor Mattioni)

COORDENAÇÃO DO DOSSIÊ TEMÁTICO DESTA EDIÇÃOMaria Conceição de Sant’Ana Barros EscobarJosé Victor Dornelles Mattioni

AUTORES DESTA EDIÇÃOMaria Conceição de Sant’Ana Barros Escobar; Eli Macuxi; José Victor Dornelles Mattioni; Sewbert Jati; Loreta Emiri

REVISÃOMaria Conceição de Sant’Ana Barros Escobar, Marcelo Camacho, J Pavani, Jorge Macedo e José Victor Dornelles Mattioni.

FOTOGRAFIAS DE:Adilson Brilhante, Armando Nahmias, Maria Conceição de Sant’Ana Barros Escobar; Devair Fiorotti (In memorian), George Amaro; José Victor Dornelles Mattioni; Jorge Macedo; Luiz Mário Severo Avila, Loretta Emiri; Marcelo Camacho; Sewbert Jati e Yolanda Menê.

Expediente

Endereços:https://www.flickr.com/photos/149393414@N03/with/34670393800/Instagram: @afotorrhttps://www.facebook.com/afotorremail: [email protected]

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Palavra do Presidente

A Associação Roraimense de Fotografia (AFOTORR) surgiu a partir da realização do 1º Festival de Fotografia da Amazônia, em novembro de 2015, na cidade de Boa

Vista, Roraima (RR), pelos amantes da fotografia JPavani, Marcelo Camacho, Conceição Escobar e Antônio Bentes.

A AFOTORR foi fundada em 23 de junho de 2016, uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, vinculada à Confederação Brasileira de Fotografia – Confoto. Os membros fundadores são Adilson Brilhante, Antônio Bentes, Conceição Escobar, Marcelo Mora, Marcelo Camacho, George Amaro, Jorge Macêdo, Jorge Donizetti Pavani, Luiz Mário Severo Avila, Yolanda Simone Mêne e Wank Carmo. Em 2018, Sewberti Jati, José Victor Dornelles Mattioni, Eli Macuxi e Armando Nahmias integraram a associação.

Como parte do circuito dos Salões Nacionais de Fotografias no território brasileiro ligados a Confoto, em janeiro de 2017 realizamos o 1º Salão Nacional de Fotografia de Boa Vista, no Centro Multicultural da Orla Taumanan, com 80 fotos de 44 autores de Foto-clubes do Brasil, e uma mostra paralela de dez membros da AFOTORR.

A AFOTORR tem a prerrogativa de cumprir um intercâmbio entre o que se produz em termos de fotografia no estado de Roraima com abordagens na região norte e o restante do país. Sendo assim, entre junho de 2016 a junho de 2019, a Associação teve uma programação com exposições, rodas de conversas, oficinas, debates, workshops e participou de eventos na área da fotografia e das artes visuais.

No ano de 2018 começa o Projeto Memórias, a partir da análise de um acervo de fotografias, descoberto por um coletor de materiais recicláveis, que o entrega ao Dr. Jaime de Agostinho, e este destina a AFOTORR. Depois de muita pesquisa, um artigo está sendo escrito pelos membros com publicação prevista para este ano.

A partir de 2020, em função da pandemia do COVID-19, a AFOTORR procurou se adequar às exigências do distanciamento social e

A ASSOCIAÇÃO RORAIMENSE DE FOTOGRAFIA E SEU ENGAJAMENTO NO PROCESSO DIGITAL

Fundadores da AFOTORR. Da esquerda para à direita e em pé, Marcelo Mora, Wank Carmo, Luiz Mário S. Ávila, Jorge B. Pavani, Jorge Macedo, Antônio Bentes e Adilson Brilhante. Sentados, da esquerda para a

direita: Marcelo Camacho, Yolanda Simone Menê, Conceição Escobar e George Amaro (agachado).

(Foto de George Amaro, no Estúdio F3, em 23 de junho de 2016.)

se engajou definitivamente ao processo digital. A criação e publicação desta Revista Digital, intitulada de “Aka”, que significa “Luz” na língua Macuxi, representa um marco nessa nova etapa.

Agradeço a colaboração dos membros da AFOTORR na construção desta revista eletrônica e convido o leitor a conhecer um pouco mais nosso trabalho.

Jorge Donizetti PavaniPresidente da Associação Roraimense de Fotografia

Foto oficial da Fundação da AFOTORR

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Esta revista é dedicada à todas as pessoas que amam a Fotografia e que trabalharam com ela e por ela. É também dedicada à todas as pessoas que faleceram vítimas da COVID-19, em especial, a Fotojornalista Zuleida Vianna Simões Batista1 e o Fotógrafo Azamor Fernando Mora2, que dedicaram suas vidas à Fotografia em Roraima.

1 Falecida em 1 de fevereiro de 20212 Falecido em 7 de março de 2021'

Dedicatória

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HOMENAGEM A DEVAIR FIOROTTI(In memorian)

Por Eli Macuxi

Devair Fiorotti era enorme. Um homem grande mesmo, nos seus quase um metro e noventa. Embora tenha seguido carreira acadêmica depois de ter se formado em Letras e tornado pesquisador da língua e da

literatura, nunca deixou de lado o espírito de um lavrador curioso, que aprende também pela experiência, pela tentativa e erro. Em Roraima, além de atuar nas Universidades Estadual e Federal, Devair dedicou-se a distintas atividades criativas, entre elas a poesia, a pintura e a fotografia.

Como poeta, Devair não tinha pudores. Escrevia o que tinha vontade, lançou diversos livros de poemas, com destaque para Urihi, que em parceria com o artista indígena contemporâneo, Jaider Esbell, tornou-se referência para o vestibular em Roraima. Já começava a alçar voos maiores, com a criação de uma editora que iria dar prioridade a autores indígenas, pela qual chegou a lançar os títulos Cantos e Encantos Meriná Eremu, Panton Pia’ e Eu canto a noite, livro póstumo de Alex Silva, um jovem poeta da cidade de Rorainópolis, interior do Estado que fora aluno de Devair.

Apaixonado pelos povos indígenas de Roraima, com quem realizou grandes empreitadas de coleta e publicação de cantos da tradição oral, produziu fotografias que se inserem no entrelugar do registro e da arte, com inúmeros retratos e paisagens. Entusiasta e criativo, buscava experimentar formas diversas não apenas para a captação quanto para a exposição das imagens que produzia. Assim como acontece com a maioria dos artistas brasileiros, investia na parceria, no trabalho colaborativo como aconteceu, por exemplo, quando organizou os Festivais Yamix, ocorridos na cidade fronteiriça de Pacaraima. Generoso, não foram poucas as vezes que sacou recursos próprios para expor a poesia e a arte produzida aqui, sendo último exemplo disso a exposição Meu Roraima, que permitiu que fotografia fosse vista pelo público no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Roraima.

Falecido em março de 2020, Devair deixa um legado imenso. Grande artista visual, fotógrafo, poeta, professor, pesquisador, esse homem nascido no Espírito Santo trouxe à Roraima a pureza do espírito criativo, da solidariedade, do companheirismo e do empenho realizador. E é por tudo isso que a Associação de Fotografia de Roraima lhe presta sinceras homenagens.

Foto de Devair Fiorotti da Série: Meu Roraima

O enorme Devair e o seu Roraima.

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UMA CRONOLOGIA DA FOTOGRAFIA EM RORAIMA: DE HÜBNER ATÉ A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO RORAIMENSE DE FOTOGRAFIA

(AFOTORR)1

Reunimos aqui alguns dos eventos, fotógrafos e pesquisadores que contribuíram para a história da fotografia em Roraima, a começar pelos registros de George Hübner, no fim do século XIX. Nesta breve

cronologia, destacamos expedições, a vinda de migrantes que contribuíram para a difusão da fotografia em Roraima, assim como iniciativas coletivas, como o Grupo Passarão na década de 1980, a criação do Fotoclube Roraima, e a fundação da AFOTORR.

1885 - George Hübner (1862-1935), realiza sua primeira viagem à América do Sul, interessado em coletar dados e imagens sobre os povos nativos da região para sociedades científicas, com as quais já mantinha contato, e também visando o promissor mercado de exploração. Fez duas expedições: a primeira à nascente do rio Orinoco, Venezuela, e a outra por um longo trecho do rio Branco, afluente do rio Negro.2

1907 - Theodor Koch-Grünberg (1872 – 1924) fotógrafo, botânico e naturalista, viajou à região Norte do Brasil e pela Venezuela, no período de 1911 a 1913.

1912-1922 – Registros pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) são realizados na região, como a fazenda S. Marcos e os índios da etnia Waimiri-Atroari.

1924 - Alexander Hamilton Rice Jr. (1875 -1956) - Acompanhado de fotógrafos, sua expedição fotografa Boa Vista na década de 1920, sendo realizado o primeiro registro aéreo da cidade, em 1924.

1925 – Silvino Simões Santos Silva (1886-1970) - Dentre os seus registros da Amazônia, fotografou e filmou a região do rio Uraricuera;

1 Por Maria Conceição de Santana Barros Escobar e José Victor Dornelles Mattioni Contribuíram para este trabalho os fotógrafos Jorge Macêdo, J.Pavani, Ed Andrade Jr, Thiago Laranjeiras, Marcelo Camacho, Marcelo Mora, Maurício Zouein, Márcio Lavôr Chaves, Tana Halú Barros.2 Livro Valle do Rio Branco publicado em 1906.

1927 - Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), lidera uma expedição para inspecionar a “Linha demarcatória de Fronteira ao Norte”; sobe o Monte Roraima e explora a região do Uraricuera. Retorna em 1930 chefiando a “Comissão Brasileira de Demarcação de Fronteira (CBDF). Em ambas as expedições, sua equipe realiza muitos registros fotográficos.

1948 - Padre Marcos Lunatti, fotografou Roraima no período entre 1948 e 1958.

1962 - Azamor Fernando Mora (1938 - 2021), escultor, fotógrafo, natural de Cruzeiro do Sul (Acre), estabeleceu em Boa Vista a Foto Mora Estúdio Fotográfico, registrando eventos, festas de Debutantes, etc, tendo atuado como fotógrafo por mais de 30 anos.3

1963 - Damásio Douglas (1945) Nascido em Normandia/RR. Damásio não se considera um fotógrafo profissional, mas amador. Usava uma câmera Box e com ela fez os primeiros registros do Monte Roraima, por onde andou por mais de 8 vezes4.

1970 - Luiz Mário Severo Avila (1950), sargento e topógrafo do exército, fotografa a construção da rodovia BR-174, no período de 1970 a 1973. Fundador da AFOTORR e atualmente é o Diretor Financeiro.

1971 - Claudia Andujar (1931), fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira, que desde a década de 1970 se dedica à defesa dos índios Yanomami;

1977 - Loretta Emiri (1947), escritora italiana, linguista, conviveu e fotografou os Yanomamis, nas regiões do Catrimâni, Ajarani e Demini, vivendo em Roraima por dezoito anos.

- Léo Pinto Guerreiro, fotografa à serviço do Governador Ramos Pereira que lança uma Cartilha/Folheto, com o Título “Roraima”, com apoio da Universidade Federal de Santa Maria – RS, em 1977.

1979 - Alcino Arruda (1947) estabelece seu ponto de revelação na Praça do Centro Cívico de Boa Vista, entre 1979 e 1980. De Pernambuco, veio para Roraima em 1972. Envolvido com a fotografia desde os seus 14 anos, mas só veio a pôr em prática comercialmente em 1977. Militar, fotografou o cotidiano dos quartéis do exército, formaturas e solenidades.5

1981 – Wank Carmo fixou em Boa Vista. Natural do Rio de Janeiro – RJ, fotografou e fotografa para agências de publicidades, revistas e jornais. Participou de exposições individuais e coletivas.

3 Entrevista concedida à Conceição Escobar em 20/11/2015.Faleceu em 7 de março de 2021, vítima da COVID-19.4 Entrevista concedida à conceição Escobar em 13/11/2015.5 Entrevista concedida à Conceição Escobar em 13/11/2015.

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1983 – Chega em Boa Vista, Jorge Macedo, Geógrafo, natural do Ceará (1956). Participa de várias expedições como fotógrafo e membro do IHGER- Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico de Roraima, destacando-se a reconstituição da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, no trecho Forte São Joaquim/RR – Barcelos/AM, expedição ao Monte Caburaí, Monte Roraima, Expedição “Terra Incógnita” no Parque Nacional da Serra da Mocidade/ICMBio e de Expedições na área Yanomami. Participou de exposições individuais e coletivas. Tem muitos trabalhos publicados.

1985 - Grupo Passarão de Fotografia, Coletivo atuante nos anos 80, com Jorge Macedo, Terezinha Kaufeman, Antônio Bentes, Damásio Douglas, entre outros, sendo a primeira formação de um grupo de fotografia que se tem conhecimento.6

1986 – Bruto Franco Melchiorri (1930-2009). Codinome Abakoy, natural de Roma/Itália, morou em Boa Vista/RR, desde 1982. Fotógrafo, Artista Plástico, Escritor e empreendedor, sobe o Monte Roraima em 1986, para uma aventura que duraria dois solitários meses, comendo paçoca, para fotografar “a magia da floração única do planeta e as figuras mágicas feitas de rochas”, que foram publicadas no livro “Monte Roraima”, edição esgotada.7

1988 – José de Oliveira Silva, natural de Juazeiro (BA). Veio para Roraima e iniciou fotografar em 1989. Foi fotógrafo de eventos até 2001, quando se acidentou. Sempre revelou as suas fotos em preto e branco em preto e branco. Produziu muitos monóculos. 8

1990 - José de Souza Gomes Neto (1960) - Foi fotógrafo de eventos e de publicidade. Implantou o primeiro serviço de revelação fotográfica em 1 hora em Boa Vista, com equipamento importado. Trabalhou como bancário, mas desde que iniciou suas atividades no ramo da fotografia nunca mais parou e a partir de 2007 faz manutenção de equipamentos fotográficos em sua conhecida empresa SOS Câmeras.9

1990 – José Alves de Lima e Maria Costa Lima iniciam a fotografia ao Consumidor, pois antes era por malote. Chegam a possuir, 13 lojas de coletas e 8 laboratórios de revelação de filmes ao Consumidor em Boa Vista, envolvendo toda a família.10

6 Mensagem Jorge Macêdo em 12/2/2021.7 Entrevista de Conceição Escobar com Marilene Nobre Melchiorri em 22/11/2015.8 Entrevista concedida à Conceição Escobar em 23/11/2015.9 Entrevista concedida à Conceição Escobar em 2015.10 Entrevista concedida à Conceição Escobar, em 2015.

1995 – Silvestre Silva. Fotógrafo da GT Consultoria de Comunicação Ltda ( São Paulo), fotografa a cachoeira Garã-Garã, aos pés do Monte Caburaí. A foto ilustra a capa da Lista telefônica 950, Roraima de 1996/1997.

1998 - Alan Suassuna. Fotógrafo do Museu Integrado de Roraima - MIRR participa da expedição ao Monte Caburaí. Sua foto ilustra a Lista Telefônica 950, Roraima, Telemar no ano 2000.

- Jorge Donizetti Pavani (1963), fotojornalista, natural de Amparo/SP, radicado em Boa Vista/RR registra a expedição ao Monte Caburaí, o ponto mais setentrional do Brasil.

Anos 2000 – Ed Andrade Junior, Thiago Laranjeiras, Marcelo Camacho, Robson Czaban iniciam as primeiras publicações de fotografias digitais de aves em Roraima.

2007 – Os pesquisadores Efren Ferreira, Jansen Zuanon Bruce Forsberg, Michael Goolding e Silio Romério Briglia-Ferreira, lançam o livro Rio Branco: Peixes, Eologia e Conservação e Roraima, ilustrado com fotografias dos autores, com apoio da ACA, INPA e Sociedade Civil Mamiruá.

2009 – Prefeitura de Boa Vista lança concurso Concurso de Fotografia 9 de Julho, retomado em 2013 a 2019.

- Sebastião Salgado fotografa o Monte Roraima para o Livro Gênesis

2010 - Fotoclube Roraima é Fundado em 14 de maio.

- Tana Halú Barros, expõe no Museu Integrado de Roraima – MIRR, fotografias sobre peculiaridades da cultura indígena de Roraima, integrando um circuito com o artista plástico Bartô, o poeta Edgar Borges e Zanny Adairalba.

- Jorge Macêdo montou a Exposição RORAIMEIRA – 25 ANOS;

2012 – Marcelo Camacho, tem registros publicados na revista National Geographic Brasil;

- Embrapa Roraima lança na Livraria Saber, o livro ‘Orquídeas de Roraima’, com autorias de Joaci Luz e Jane Franco. A publicação aborda a orquidofilia tropical e reúne um vasto acervo fotográfico de orquídeas e dos locais de ocorrência no estado;

- Fotoclube Roraima realiza a 1ª exposição Fragmentos de Roraima, com fotografias reveladas em fine art.

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2013 – Bruno C. Garmatz, natural do Rio Grande do Sul, vive em Roraima desde 1983. Lança o Livro Monte Roraima: a morada de Makunaima, com fotos entre os anos 2000 e 2011.

- exposição fotográfica “Olhar Brasileiro” no período de 23 de julho a 9 e agosto, no Espaço de Arte e Cultura União Operária, da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A exposição faz parte do encerramento do projeto “Olhar Brasileiro - do Sertão de Virgulino ao Berço de Canaima”, um trabalho de formação artística e preservação da cultura de comunidades tradicionais de todo o país por meio da fotografia. A iniciativa é da produtora Latitude 7 que, em Roraima, conta com o apoio do Ponto de Cultura “A Bruxa Tá Solta”.

2014 – Sebastião Salgado registra os Yanomami entre as fronteiras do Amazonas e Roraima.

- Adilson Brilhante realiza, no Rio Grande do Sul, a exposição “Tepequém na fotografia de Adilson Brilhante”, com fotos registradas em infravermelho, a primeira por um fotógrafo em Roraima. Esta série foi exposta em novembro de 2015, durante o Fest Foto, em Boa Vista, no sub-solo da SECULT.

- Fotoclube Roraima realiza a exposição, Fragmentos de Roraima 2014, de 1 a 31 de agosto, na Galeria Franco Melchiorri,11 com a curadoria de Marcelo Camacho.

2015 - Festival de Fotografia da Amazônia (Fest Foto), uma realização coletiva de JPavani, Marcelo Camacho, Antonio Bentes e Conceição Escobar, em Boa Vista, com os convidados Alberto Cezar Araújo – AM; Álvaro Severo – PE; Egberto Nogueira, Paulo Whitaker e João Ripper, Milton Shirata, Marcelo Castilha – SP; Mike Bueno – MT; Adilson Brilhante, Jorge Macêdo, Marcelo Seixas, Wank Carmo, Márcio Lavôr e Inaê Brandão de Roraima e com os professores Moacir Francisco de S. Barros – UFMT, Éder Rodrigues, Linoberg Farias, Paulo Sousa Sarmento e Maurício Zouein (UFRR) e Rodrigo Queiroz:

2016 – 2 de março - Exposição Belezas de Roraima, no Prédio da Intendência, na Orla Taumanan, pelos Fotógrafos JPavani, Jorge Macêdo e Marcelo Camacho. Promoção da FETEC.12

- 23 de junho - Fundação da Associação Roraimense de Fotografia – (AFOTORR).

11 Folha Web , disponível em https://folhabv.com.br/noticia/Confira-os-destaques-da-Coluna-Social-de-hoje-01-08/173, acesso em 21/7/2020.12 Disponível em <https://www.culturaamazonica.com.br/2016/03/14/as-belezas-de-roraima-pelas-lentes-de-marcelo-camacho-j-pavani-e-jorge-macedo/>.

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AMAZÔNIAS

Amazônias é uma exposição coletiva de 23 fotografias de 10 fotógrafos associados da Associação Roraimense de Fotografia (AFOTORR).

A exposição traz a visão oblíqua do homem amazônico sobre si mesmo. O fotógrafo é o índio, o garimpeiro, o ribeirinho e é ele próprio percorrendo a linha incerta dos sentidos, dos significados, do universo que as diversas amazônias forjam em sua alma.

Em ‘Amazônias’, a Amazônia desfila  as poses não ensaiadas dos primeiros raios de sol, da conquista do humano e de suas frustrações, levando a beleza em canoas até as tribos que conhecem os segredos do equilíbrio de todas as forças, transmutando os sentidos da evolução civilizatória.

A imagem desse universo fascinante, refletida, pensada  e ressignificada em cada espaço de consciência com que fortuitamente se depara, segue a partir de agora seu rumo incerto, molhando, organificando, vastificando os sentidos e as almas daqueles que se permitem inundar.

Marcelo CamachoCurador

Jorge Macêdo J Pavani

Sewbert Jati

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Marcelo Camacho

Marcelo Camacho

Marcelo Camacho

J Pavani

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George Amaro

Victor Mattioni

Sewbert Jati

Sewbert Jati

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Jorge Macêdo

Armando Nahmias

Armando Nahmias

George Amaro

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Adilson Brilhante

Adilson Brilhante

Adilson Brilhante

Jorge Macêdo

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Luiz Mário Severo Avila

Luiz Mário Severo Avila

Conceição Escobar

Conceição Escobar

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No decorrer dos trabalhos foi escrito um artigo, intitulado “Fantasmagorias do passado em fotos abandonadas: Tecidos da memória através da migração de fotografias” que participou da chamada para submissão de artigos para o Dossiê Nº.70, “História e Fotografia: modos de ver e contemporaneidades” da PUC-SP, com a participação do Professor Dr. Francisco Gomes, da UFRR.

AFOTORR REALIZA TRABALHO COM FOTOGRAFIAS

ENCONTRADAS POR COLETOR DE MATERIAL RECICLÁVEL

Victor MattioniConceição Escobar

Associação Roraimense de Fotografia iniciou, no ano de 2019, o Projeto Memória, com o objetivo de preservar registros fotográficos públicos ou de particulares por meio da criação de um acervo digital disponível

à população. O primeiro trabalho surgiu com a doação voluntária de registros fotográficos

pelo professor Jaime D’Agostinho ao fotógrafo Jorge Donizetti Pavani (J.Pavani), Presidente da AFOTORR, em 2018.

Essa doação refere-se a um conjunto de 1.281 (um mil duzentos e oitenta e um) documentos, como fotografias, postais e santinhos encontrados pelo coletor de materiais recicláveis Fernando Gomes da Silva.

Conhecido por Coletor, Fernando Gomes da Silva foi o responsável pela retirada destes arquivos que, conforme o mesmo relatou, estavam em uma lixeira em um bairro de Boa Vista, capital de Roraima. Ele teria apresentado o material para um Colecionador e este fez a doação para a Associação.

O processo de triagem, organização e análise dos registros serviram de material de estudo. Alguns dados auxiliaram a identificar pessoas e regiões onde as fotografias foram realizadas.

Em meio às dificuldades para se conseguir informações das imagens, foram realizados consultas com pessoas e instituições que pudessem auxiliar com informações.

O tema “Memória” foi transformado em um Projeto com o objetivo de realizar os estudos técnicos e qualitativos a partir daquelas fotos, tendo sido aprovado em reunião de diretoria, incluindo um segundo objetivo específico que é a criação de um Centro de Memória, sugerido por J. Pavani.

O Professor Dr. Wagner da Silva Santos considerou o projeto muito importante e orientou sobre os cuidados ao manusear o acervo fotográfico.

Este é o primeiro trabalho realizado pela AFOTORR, que visa à preservação e divulgação de registros fotográficos impressos ou digitais.

Como se trata de fotos realizadas em outros estados e países, o projeto elaborado realçou aspectos metodológicos e experimentais do manuseio, conservação da memória fotográfica, de leitura e de interpretação.

Sacola contendo as fotos doadas. Foto: Victor Mattioni

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HISTÓRIA, MULHERES E FOTOGRAFIA

Por Eli Macuxi

A história da arte é marcada pelo apagamento das mulheres enquanto produtoras. A elas, frequentemente, coube apenas o papel de musas inspiradoras. Mas esse olhar sobre a história e a participação das

mulheres nas artes vem mudando. Quando se trata da história da fotografia, há muitos nomes femininos a se conhecer. É o caso, por exemplo, da britânica Julia Margareth Cameron, que fotografou entre 1864 e 1875 e contribuiu grandemente para a ideia de que a fotografia era um novo tipo de arte da sociedade industrial. Com sua produção, Julia provocou um abalo na ideia de que a fotografia limitava a criatividade e apenas reproduzia o real. Apontando sua câmera para cenas cuidadosamente elaboradas, ela mostrou que a fotografia não era um mero registro, mas podia ser empregada para gerar ilusões, retratando anjos, por exemplo.

Essa capacidade de subverter uma ordem e provocar discussões importantes sobre o status da fotografia também pode ser vista no trabalho das estadunidenses Margareth Bourke-White, que foi fotógrafa de guerra e Diane Arbus, que apresentou o bizarro do cotidiano ao mundo através de suas lentes, na primeira metade do século XX.

Na história de Roraima um nome feminino tem destaque mundial por sua contribuição utilizando as lentes: Claudia Andujar, que durante o período da ditadura civil-militar contrariou o discurso que caracterizava a Amazônia como “uma terra sem homens” e apresentou ao mundo a diversidade dos homens amazônicos, em especial o povo Yanomami. Ainda na Amazônia, o olhar de fotógrafas como a belenense Elza Lima e a paulista Marcela Bonfim segue destacando a formação diversa do povo e da cultura, quebrando paradigmas e propondo discussões importantes sobre a região.

Na Associação de Fotografia de Roraima, o perfil das atuais associadas é um retrato bastante fiel do que tem sido o desafio da multiplicidade de papeis exercidos pelas mulheres na sociedade. Da sócia fundadora Conceição Escobar à benemérita Loretta Emiri, todas, além de fotógrafas, atuam em áreas distintas, como a engenharia e a docência. Comigo não é diferente. Poeta e professora de história, vi a fotografia ganhar espaço crescente, passando do lugar de simples registro do cotidiano a uma paixão que se insere no cerne da minha atividade profissional e criativa. Pensar a fotografia, propor discussões sobre sua história e o impacto que sua onipresença impõe às formas de ver do homem contemporâneo, tem sido o desafio que me liga ao ato de fotografar e à Associação de Fotografia de Roraima. É meu jeito de estar nesse grupo de mulheres que dedicam parte importante do seu tempo à prática de olhar e subverter o olhar, empregando técnicas, propondo temáticas e, com isso, marcando a participação feminina também na fotografia roraimense.

Yolanda Simone Mêne. Manifesto pela Saúde Indígena em frente a Assembleia Estadual de Roraima.

Yolanda Simone Mêne. Manifesto pela Saúde Indígena em frente a Assembleia Estadual de Roraima.

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Yolanda Simone Mêne. Manifesto em 8 de março contra violência contra as mulheres Yolanda Simone Mêne. Mulheres Indígenas.

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A IMPORTÂNCIA DA FOTOGRAFIA NA MINHA VIDA

Loretta Emiri, 12-07-20

Era uma Kodak com fole, a máquina fotográfica de meu pai. Com ela eternizou camaradas, armas, oásis e populações do norte da África na época da Segunda Guerra Mundial. Eternizou objetos por ele mesmo

construídos quando ficou muitos anos prisioneiro na Escócia. Eternizou os que o acompanhavam durante excursões a lindos lugares italianos no imediato pós-guerra. Até a própria morte, por dezenove anos consecutivos eternizou minha mãe no dia do aniversário dela, quando cumpriam o ritual de realizar uma viagem a lugarejos do território em que viviam, sendo que festejavam também o aniversário de seu casamento. Com essa Kodak bati minhas primeiras fotos e, fielmente, continuei a utilizá-la até que não mais encontrei os rolos; amei-a profundamente, porque me permitiu dialogar e conhecer melhor meu pai. Quando voltei à Itália, depois dos primeiros quatro anos vividos entre os Yanomami, a máquina tinha sido roubada por um consanguíneo que acumula objetos e esmaga sentimentos.

Desde pequenina, tinha na cabeça que queria ir trabalhar no chamado Terceiro Mundo. Em idade madura, o romântico desejo virou necessidade interior. Para verificar se era realmente isso que eu queria, e almejando ser alcançada pela coragem de tomar uma decisão, com jovens vindos de várias regiões italianas, numa cidadezinha na beira do mar Adriático, participei de uma experiência chamada “campo de trabalho”. Conheci pessoas que atuavam entre os indígenas em Roraima, escutei seus depoimentos, fui seduzida por belíssimas e intrigantes fotos que retratavam os Yanomami. Durante a experiência a coragem me beijou, assim que pude tomar a decisão de deixar o decrépito Primeiro Mundo para correr atrás do jovem Terceiro.

No começo minha atuação se deu na área da assistência sanitária: a Perimetral Norte, quista pelos militares, quase levou os Yanomami ao extermínio, a causa das doenças introduzidas pelos trabalhadores da estrada; seguiram as campanhas de vacinações e o controle da malária e da verminose. Quando a situação normalizou-se, pude me dedicar ao estudo e sistematização da língua e à alfabetização de adultos na língua materna, atividades que resultaram, entre outros, na compilação do “Dicionário Yãnomamè-Português”, da “Gramática pedagógica da língua Yãnomamè”, materiais que se tornaram muito úteis às pessoas que trabalhavam, ou teriam ido trabalhar com os Yanomami.

Na língua Yãnomamè, que é uma das seis que fazem parte da família linguística Yanomami, a palavra “utu” significa sombra, e também espírito. Na cultura Yanomami qualquer coisa possui um espírito, sejam objetos, animais ou elementos da natureza. Quando alguém morre, com ele deve desaparecer

tudo aquilo que lhe pertenceu: os bens materiais são destruídos ou queimados, destruída é a roça, queimados os abrigos de caça, apagados os rastros. Depois do contato com o homem branco, por extensão o termo “utu” passou a ser utilizado para indicar fotografia, slide, imagem reproduzida. Durante os anos vividos entre eles, bati relativamente poucas fotos. Os Yanomami não gostavam de ser fotografados porque temiam que os autores e detentores das fotografias não respeitassem o tabu cultural, muito sentido na época, segundo o qual, se ficasse uma só foto, o espírito do morto não poderia alcançar a dimensão que eles chamam de “terra de cima”.

Entre as fotografias por mim batidas, há algumas que podem ser consideradas artísticas; entretanto todas elas são um simples registro etno-fotográfico, que introduz à vida e cultura Yanomami: mulheres, meninos, homens, velhos são retratados em atitudes simples, cotidianas; são vistos simplesmente como seres humanos sempre ameaçados de genocídio e etnocídio pelo homem branco que quer aculturá-los, evangeliza-los, destruir florestas, saquear subsolos em nome de uma pretensa superioridade cultural. Se tivéssemos a humildade de escutar os Yanomami, de observar sua sagrada relação com a natureza e com todos os espíritos que a compõem, deixaríamos de nos encher a boca com a palavra “ecologia”, que para os ocidentais é apenas um termo à moda. Para os Yanomami, e demais povos indígenas, “ecologia” é um estilo de vida, evidência comprovada pelo fato deles terem preservado intacta a floresta amazônica até os nossos dias.

O envolvimento com a questão indígena, agravado pelo fato de eu ser mulher sozinha e estrangeira, implicou em muita solidão, muita marginalização. Mas a fotografia me ajudou também nestes momentos tensos e tristes. Eu gosto da macro-fotografia: com foto de insetos e flores, realizei uma série de cartões postais intitulada “Amazônia em seus pormenores”, cujo principal resultado foi trazer beleza para minha vida. Embora hoje em dia esteja morando na Itália, continuo socializando tudo aquilo que produzi, inclusive as fotos, para manter viva a atenção sobre os Yanomami e demais povos indígenas, pois continuam sendo ameaçados pela insensibilidade, ganância, bulimia dos homens brancos que têm transformado a terra numa lixeira imensa e tóxica. Quando a saudade dos amigos indígenas e brasileiros me alcança, bato fotos de pormenores de flores. Porém meu sujeito preferido é o mar Adriático: quando olho para ele é meu espírito que enxergo.

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Com Bonecas - Loretta Emiri

Loretta Emiri - Com macaco de Estimação

Alteridade - Loretta Emiri

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LAGOS DO LAVRADO E GASES DE EFEITO ESTUFA

Sewbert Jati

Lagos e áreas alagáveis naturais ou antrópicas são fontes de gases de efeito estufa cujas maiores extensões encontram-se na bacia Amazônica (0,73 milhões de km²). Composta de um mosaico de habitats: planícies

fluviais de água preta e clara (igapós), de água branca (várzeas) e interfluviais como campinas, campinaranas, florestas alagáveis e savanas úmidas. Pesquisas nessas áreas são escassas, contribuindo com incertezas no assunto. No entanto uma pesquisa realizada nas savanas úmidas de Roraima veio contribuir com estimativas de emissão de gás carbônico (CO2) e gás metano (CH4) oriundos de lagos do Lavrado. Essa pesquisa será contada por inteira em um livro, mas aqui temos uma prévia.

Os ambientes aquáticos de Roraima são influenciados pela variação do rio Branco. No estado encontramos igarapés, rios, lagos, várzeas, igapós, chavascais e buritizais. A construção desses ambientes naturais se deram ao longo de eventos tectônicos e às flutuações passadas do clima e da erosão. As savanas úmidas de Roraima (Lavrado) encontram-se dentro do maior bloco de savanas da Amazônia brasileira, que está situado no complexo paisagístico Rio Branco – Rio Rupununi, distribuído em 54.000 km2 entre o Brasil e a Guiana; o lado brasileiro compreende 39.800 km2 estabelecidos no nordeste do Estado de Roraima. O Lavrado tem estações bem definidas (seca de outubro a março e chuvosa de abril a setembro) com pluviosidade anual entre 1000 a 2000mm, temperatura média anual entre 25 a 27ºC, solos pobres com disponibilidade mineral escassa e o fogo de origem antrópica recorrente.

As savanas úmidas de Roraima são uma parte do Lavrado, que caracterizam-se por “campos” dominados por gramíneas em superfície plana com pequenas depressões onde se formam lagos e pequenos cursos d’água (igarapés) ladeados por veredas de buritis (Mauritia flexuosa).

A região onde se desenvolveu a pesquisa está localizada entre os municípios de Boa Vista, Alto Alegre e Mucajaí à margem direita do rio Branco (entre os rios Cauamé e Mucajaí). A paisagem é uma superfície plana e baixa. Nesse pediplano as altitudes variam entre 85 e 140 metros acima do nível do mar. A vegetação dominante é formada por gramíneas, que intercalam-se com espécies arbustivas

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(mais abundantes) ou arbóreas. As espécies arbustivas mais frequentes são a Curatella americana (Caimbé) e as Byrsonima ssp.(Murici). A Mauritia flexuosa (Buriti) é também muito comum nesta paisagem, ocupa as áreas brejosas e matas de galeria dos igarapés, formando as veredas.

Para estimar a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) nas savanas úmidas de Roraima e investigar a influência de fatores ambientais sobre estas emissões, medidas de emissões e variáveis ambientais foram realizadas num gradiente transversal ao rio Branco, partindo de Boa Vista em direção ao município de Alto Alegre, cercando uma área de ~160 km². A área amostrada compreendeu uma densa rede de lagos (a maioria temporários). A pesquisa foi realizada pelo período de um ano.

Observou-se em cada lago: emissão de GEE usando câmaras flutuantes, sobre a superfície dos lagos; coletas de água e ar para determinação da concentração de gases; e medias ambientais (velocidade do vento, temperatura do ar e da água, concentração de oxigênio e o nível de água).

Os resultados da pesquisa demonstraram que: (1) os lagos estudados são muitos pequenos, com 0,5 a 20 hectares: 62% deles apresentam área menor que 5 hectares; (2) O oxigênio dissolvido na água diminuiu com a profundidade, variando entre 4,6 a 1,4mg/l na superfície da água e 2,1 a 0,0mg/l no fundo do lago, sendo que em 10% dos lagos o oxigênio dissolvido chegou a 0%; (3) A temperatura da água variou de 21,5 a 31,2°C. (4) A profundidade dos lagos variou de 0,45 a 2,3m; (5) As concentrações de CO2 variaram, de 220,616 a 404,271microMol e de CH4 foram de 1,09 a 1,39microMol; (6) As emissões de CO2 e CH4 são maiores quando aumentam os ventos, a temperatura e quando

diminui a profundidade dos lagos; (7) São emitidos, por ano um total de 13,14 toneladas de CO2 e 0,02 toneladas de CH4.

Portanto, podemos observar que as savanas úmidas são fontes de carbono para a atmosfera, sendo a maior parte (600 vezes mais) emitida em forma de CO2 e uma pequena quantidade emitida em forma de CH4.

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COMPOSIÇÃO DA AFOTORR

DIRETORIA EXECUTIVAJorge Donizetti Pavani, Presidente, acumulando a Diretoria de Fotografia.Luiz Mário Severo Avila, Diretor Financeiro.Conceição Escobar, Secretária.

CONSELHO CURADORElisangela Martins (Eli Macuxi)George AmaroJorge Macêdo de Souza José Victor Dornelles Mattioni (Victor Mattioni)Marcelo Fernando Mariano Mora

CONSELHO FISCALArmando NahmiasGeorge AmaroJorge Macêdo de Souza

DEMAIS SÓCIOSAdilson Brilhante RibeiroLoretta EmiriMarcelo CamachoSewbert Rodrigues Jati Yolanda Simone Salomão Mêne

RECORTES DA HISTÓRIA: PRINCIPAIS AÇÕES DA AFOTORR ENTRE 2016 E 2020

2016

Desvendando as imagens - exposição com recursos didáticos especiais e oficina de fotografia para alunos e alunas do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP-DV/RR).

Exposição Uma pequena experiência dos Sentidos – varal fotográfico com os registros realizados durante a oficina com alunos e alunas do CAP-DV/RR como parte da comemoração dos 15 anos da unidade.

2017

1º Salão de Fotografia de Boa Vista - exposição com 80 fotos de 44 autores, além de uma mostra paralela com a participação de 10 fotógrafos de Roraima.

Exposição Olhares Amazônicos - Rodas de conversas em parceria com escolas estaduais. O evento contou com a presença da CONFOTO e do Fotoclube Luz na Lente, de Manaus – AM.

Rodas de Conversa e Oficinas - “Brincando com a luz” e “Fototaxia, em busca do elo perdido” com o fotógrafo Miguel Chikaoka, sob a coordenação de Marcelo Camacho em parceria com o Núcleo Amazônico de Pesquisa em Relações Internacionais (NAPRI-UFRR).

Seminário sobre Direitos Autorais, em parceria com o Curso de Comunicação Social da UFRR, sob a coordenação de George Amaro.

Exposição Simulacro, do fotógrafo Adilson Brilhante em parceria com o curso de Artes Visuais da UFRR.

2018

Exposição Panorama Roraima – sob a curadoria de Mayra Lamy, no Salão da Fotografia Consigo, em São Paulo – SP. Participaram os fotógrafos Adilson Brilhantes, George Amaro, Jorge Macêdo, J.Pavani, Marcelo Camacho, Marcelo Seixas, Sewbert Jati e Yolanda Simone Mêne.

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AGRADECIMENTOS Agradecemos a todas as pessoas, empresas e instituições que contribuíram para as atividades realizadas pela AFOTORR.

PARCEIROSBirdwatching Roraima BrazilCentro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual de Roraima (CAP-DV/RR)Confederação Brasileira de Fotografia (CONFOTO)Curso de Comunicação Social da UFRRCurso de Relações Internacionais da UFRRCursos de Artes Visuais da UFRREstúdio F3 - George AmaroEstúdio Jorge MacêdoFecomércio RRFederação das Indústrias do Estado de Roraima - FIERFundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (FETEC)Galeria Jaider EsbellGiuseppe de Maria Governo do Estado de RoraimaPrefeitura de Boa Vista/Secretaria Municipal de ComunicaçãoPró-Reitoria de Extensão da UFRRRC EngenhariaSebrae Roraima Secretaria de Estado de Cultura - SECULT/RR SESC RoraimaSOS CâmerasTribunal Regional Eleitoral (TRE)Universidade Estadual de Roraima (UERR)Universidade Federal de Roraima (UFRR)

2019

Exposição Amazônias – realizada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR), sob a curadoria de Marcelo Camacho.

Exposição Aves do Brasil, exposição com fotos de Marcelo Camacho e J.Pavani; foi uma realização entre a AFOTORR e a BirdWatchingBrazil.

2020

Participação no Circuito Fotografia em Tempo de Afeto, Coletivo Norte pelo Norte, promovido por Marcela Bonfim, em Porto Velho – RO, na composição Céu Aberto, coordenada por Eli Macuxi, com a participação de Jorge Macêdo, J.Pavani, Josias M. Casadecaba, Clevison Nascimento, Marcelo Camacho, Conceição Escobar, Lucy Ferraz, Yolanda S.S. Mêne, Nara Nasco, Victor Mattioni e Devair Fiorotti (In Memoriam).

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