23
Al´ em da correla¸ ao: detectando causalidade em s´ eries de observa¸ oes Renato Mendes Coutinho Santo Andr´ e, 20 de junho de 2018 Centro de Matem´ atica,Computa¸c˜ ao e Cogni¸c˜ ao UFABC - Santo Andr´ e [email protected] 1

Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Alem da correlacao: detectando causalidade

em series de observacoes

Renato Mendes Coutinho

Santo Andre, 20 de junho de 2018

Centro de Matematica, Computacao e Cognicao

UFABC - Santo Andre

[email protected]

1

Page 2: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Introducao

Page 3: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Causalidade

Descobrir mecanismos – ou seja, relacoes de causa e efeito – e

central a ciencia

O que quer dizer “A causa B”?

2

Page 4: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Como se determinam relacoes causais

• Observacao direta

• Manipulacao das variaveis: experimentos

• Tratamento vs. controle

• Observacoes – “experimentos naturais”

3

Page 5: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Falacias comuns

• Indicador vs. mecanismo

– exemplo: barometro e chuva

• Post hoc: depois, logo porque

– exemplo: vacinacao e autismo

4

Page 6: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Causalidade em series de observacoes (ou series temporais)

Correlacoes espurias: correlacao nao implica causalidade

Muitos exemplos

esdruxulos, mas

tambem acontece

em situacoes reais

http://www.tylervigen.com/spurious-correlations

Frequentemente ha variaveis de confusao: variavel A afeta tanto B

quanto C, entao B e C sao correlacionados, mas nao tem relacao

causal entre si.

5

Page 7: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Sistemas Dinamicos e Causalidade

Page 8: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Sistemas dinamicos

Sistemas que evoluem no tempo, de acordo com alguma regra ou

equacao

Equacoes de Lorenz:

dx

dt= σ(y − x)

dy

dt= x(ρ− z) − y

dz

dt= xy − βz

Descrevem muito

simplificadamente a conveccao

de ar na atmosfera.

Equacao logıstica (em tempo

discreto):

xt+1 = rxt(1 − xt)

Descreve uma populacao (por

exemplo, de insetos) que se

reproduz em geracoes discretas e

sob forte competicao entre os

indivıduos.

6

Page 9: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Atratores

Analise de sistemas dinamicos: o que acontece no longo prazo?

• Equilıbrio (ponto fixo)

• Solucoes periodicas

• Atratores estranhos (?)

7

Page 10: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

O atrator de Lorenz – serie temporal e espaco de fase

Retirado de [2]. 8

Page 11: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Sistemas complexos e caos

Atratores estranhos estao ligados ao caos.

Caos: sensibilidade as condicoes iniciais – incapacidade de previsao

a longo prazo

Difıcil de comprovar definitivamente usando dados (caotico vs.

ruidoso), mas considerado de grande importancia em muitos

sistemas

9

Page 12: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Reconstrucao de atratores

Teorema de Takens: e possıvel reconstruir o atrator inteiro com

apenas uma variavel!

reconstrucao usando a variavel x . Retirado de

[2].reconstrucao usando a variavel y

O atrator reconstruıdo nao e identico, mas tem a mesma forma do

original.

Cada ponto de um corresponde a um ponto do outro – em outras

palavras, eles sao topologicamente iguais10

Page 13: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Projecao por meio do atrator reconstruıdo

Observando pontos proximos no atrator (no espaco de fase, nao no

tempo), podemos prever o ponto seguinte

Retirado de [4]. 11

Page 14: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Projecao por meio do atrator reconstruıdo

Retirado de [3]

Observamos pontos do

atrator proximos, e vemos

aonde eles levam.

Isso nos da um poder

(limitado) de previsao

12

Page 15: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

De atratores a causalidade

Page 16: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Causalidade em sistemas dinamicos

Duas variaveis tem uma relacao causal se elas fazem parte do

mesmo sistema dinamico, e uma afeta a outra

Se duas variaveis pertencem ao mesmo sistema dinamico, elas

mapeiam o mesmo atrator!

13

Page 17: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Atratores equivalentes

Retirado de [1].

14

Page 18: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Mapeamento cruzado: projecao de um atrator sobre o outro

Usamos o atrator reconstruıdo a partir da variavel Y para projetar

o valor de X num certo instante – X

Retirado de [1].

Repetimos esse

procedimento para todos

os pontos da serie

temporal. Se a projecao

for boa, havera alta

correlacao entre os valores

projetaos e os observados

– ρ – “habilidade de

mapeamento”

15

Page 19: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Mapeamento cruzado convergente (CCM)

Retirado de [1].

Se ha causalidade, entao a

habilidade de mapeamento

deve

• ser maior do que a

correlacao simples

• aumentar a medida

que usamos mais

dados para

reconstruir o atrator

16

Page 20: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Conclusao

O metodo de mapeamento cruzado convergente e uma nova

ferramenta para investigar causalidade em series temporais

Ele tem encontrado aplicacoes em diversas areas: ecologia,

epidemiologia, genetica, e mais – mas ainda tem potencial pra

muito mais

17

Page 21: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Obrigado pela atencao!

Perguntas?

http://professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho

[email protected]

18

Page 22: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Recursos

Alguns pontos de partida para leituras e recursos importantes, nos quais baseei

a apresentacao.

• https://mathbio.github.io/edmTutorials/

Introducao a Modelagem Dinamica Empırica na Escola de Verao do

ICTP-SAIFR em janeiro/2018 (http://www.ictp-saifr.org/

school-on-physics-applications-in-biology-2/), com um enfoque

instrumental, mostrando com dados as ideias e a aplicacao do metodo em

casos simples. A secao 4, “Readings and resources”, contem as

referencias basicas da literatura no assunto.

• https://repositorio.unesp.br/handle/11449/153844

Dissertacao de mestrado de Rafael Lopes Paixao da Silva, defendida no

IFT em abril/2018 – “Aplicacao de teoria de sistema dinamicos para

inferencia de causalidade entre series temporais sinteticas e biologicas”.

Uma boa introducao ao assunto em portugues, com aplicacao a um

sistema ecologico de borboletas observadas na USP (campus Butanta).

Page 23: Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s eries ...professor.ufabc.edu.br/~renato.coutinho/present/4scmcc2018.pdf · Al em da correla˘c~ao: detectando causalidade em s

Referencias i

[1] Sugihara, G et al. Detecting Causality in Complex

Ecosystems Nature, 338, pp. 496–500 (2012)

[2] da Silva, RLP Aplicacao de teoria de sistema dinamicos

para inferencia de causalidade entre series temporais

sinteticas e biologicas, dissertacao de mestrado IFT-Unesp

(2018)

[3] Cabella, B et al, Introduction to rEDM: Empirical

Dynamics Modeling in R workshop do ICT-SAIFR (2018)

[4] Liu, Hui, et al. Nonlinear dynamic features and

co-predictability of the Georges Bank fish community

Marine Ecology Progress Series 464 pp. 195–207 (2012)