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AlambiquE | 1 Ano 01 N º 01 Junho de 2013 | R$ 12,90 LONGO CAMINHO VINHO NACIONAL ESBARRA NA BUROCRACIA E PERDE MERCADO VINHO NO NORDESTE REGIÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO MUDA A PAISAGEM DO SEMIÁRIDO DO BAR PARA OS ESTÚDIOS BEBIDAS GANHAM ESPAÇO NO MUNDO DA MÚSICA COM AS MAIS VARIADAS REFERÊNCIAS BEBIDA E FUTEBOL ESPECIALISTAS APONTAM AS CONSEQUÊNCIAS DESSA MISTURA ESPECIAL

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Destilando Conhecimento. Produto Jornalístico do Curso de Comunicação Social da Universidade Nove de Julho.

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Ano 01 • N º 01 • Junho de 2013 | R$ 12,90

LONGO CAMINHO

VINHO NACIONAL ESBARRA NA

BUROCRACIA E PERDE MERCADO

VINHO NO NORDESTE

REGIÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO MUDA A PAISAGEM

DO SEMIÁRIDO

DO BAR PARA OS ESTÚDIOSBEBIDAS GANHAM ESPAÇO NO MUNDO DA MÚSICA COM AS MAIS VARIADAS REFERÊNCIAS

BEBIDA EFUTEBOLESPECIALISTAS APONTAM AS CONSEQUÊNCIAS DESSA MISTURA

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| Índice

Seções06| Carta do Editor

12| Comidas e Bebidas

16| Convidado

18BUROCRACIASaiba os obstáculos que o vinho enfrenta antes de chegar a taça

13VINHO NO SEMIÁRIDOProdução da bebida ajuda a desenvolver a região

24| Bares

33| Agenda

44| Carta de Vinhos

28BEBIDA&MÚSICAUma combinação que pode render bons frutos

09MODERAÇÃOO alcoolismo pode passar despercebido e trazer consequências

40A MARCA DE SAMPAO Bar Brahma completa 65 anos

13VINHO NO

SEMIÁRIDOProdução da bebida ajuda a desenvolver

a região

09MODERAÇÃO

O alcoolismo pode passar des-

percebido e trazer consequências

34ÁLCOOL E FUTEBOL

Conheça casos de atletas que abusam

dessa mistura

25DUPLA FUNÇÃORolhas de cortiça conservam a bebida e o meio ambiente

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| Carta do Editor

O INÍCIO DE UMA NOVA JORNADA

Seja bem vindo. Esta é a primeira edição da Revista AlambiquE, um produto com qualidade e feito com a máxima dedicação. Ao longo de nossas

publicações será possível observar que esta não é simplesmente uma revista que fala sobre bebida alcoólica, mas sim um periódico que mostra todos os aspectos desta em nosso cotidiano. Quer um exemplo? Abordaremos nesta edição as regiões que dependem economicamente da produção de uma bebida que é apreciada em qualquer lugar do mundo: o vinho. Da mesma maneira, mostraremos os processos de produção e reciclagem das rolhas que lacram as milhares de garrafas que saem de vinícolas como a de Lagoa Grande, no Pernambuco. Discutiremos ainda sobre a infl uência do álcool na música, com uma entrevista divertida com Paulão, o vocalista da banda de rock Velhas Virgens, que acaba de lançar marca própria de cerveja. Fizemos uma visita no centro de treinamento do Palmeiras e conversamos com a equipe médica do clube para entender se o alcoolismo tem afetado a recuperação dos atletas e o seu desempenho. Como você já pôde perceber, a primeira edição da AlambiquE vem recheada de conteúdo, com matérias diversifi cadas, destilando todo o conhecimento da nossa equipe de jornalistas, profi ssionais gabaritados e dedicados em atender o seu interesse. Esperamos que você se divirta na leitura, tanto quanto nos divertimos elaborando ela para você.

Forte abraço e boa leitura!

VITORIANO SILVAEDITOR CHEFE Revista AlambiquE

Destilando Conhecimento

Editor Chefe:Vitoriano Silva

Diretor de Arte e Designer:Felipe Barreto

Diretor Comercial:Leonardo Sant’ Angelo

Reportagem:Felipe BarretoKatia OliveiraLeonardo Sant’ AngeloMax MachadoSergio BotarelliVitoriano Silva

Colaboradores:Arthur Arantes (Colunista)Nelton Fagundes Santos (Colunista)Osmar Maeda (Colunista)Rafael Benevides (Fotógrafo)

Revisão Ortográfi ca:Sérgio BotarelliKátia OliveiraVitoriano Silva

Revisão Gráfi ca:Max Machado

Impressão:[email protected]

Tiragem Total: 5.000 exemplares

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Mais um dia de trabalho que se vai, Quico e seus colegas deixam o escritório para brindar o fi m do expediente com um novo expediente, esse, na mesa de um bar.

Diferente do escritório, aqui o espaço é pequeno, então mesas são unidas e desconhecidos das cadeiras ao lado tornam-se amigos de infância após algumas rodadas. Alguns pedem bebida sem álcool, outros, após o primeiro gole, fi cam irreconhecíveis. Quico acreditando ter uma boa ideia, começa pedindo algo que desce redondo, depois, algo que desce macio e reanima e por ai vai. Parte do grupo está no bar para fi ndar o dia, a outra, para iniciar o suplício. O grupo se distingue pela rapidez dos goles, uns são lentos, deixando a bebida com tempo para que seja totalmente saboreada, esses bebem por gosto e pelo gosto. Outros são rápidos, como se fosse a dose de um remédio com sabor amargo que o corpo pede, quer, e precisa. O rubor na face, risos soltos, refl exos lentos, anunciam o fi m expediente: é hora de pagar a conta. Alguns não sabem como ir para casa, outros, tem o bar como seu lar. Alheios a hora de fechar, na mesa restam ainda Quico e mais um amigo, ambos bebem sem controle, como se nessa noite quisessem afogar as suas mágoas, mas na verdade, afogam as suas almas. Afogando-se diariamente a cada dose, morrendo aos poucos a cada gole. Aqui nessa mesas são dois dos 22 milhões de pessoas que sofrem do mesmo mal. O som alto de um bar, os gritos de alguém que se afoga impedem que uma pergunta simples seja ouvida: será que o Brasil está preparado para evitar que milhões sucumbam perante essa doença?

Um costume aceito e praticado por cerca de 50% dos brasileiros representa grande problema de saúde pública

QUANDO A RESSACA NÃO É O MAIOR DOS MALESPolítica Brasileira

MAX MACHADO

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Esse personagem “Quico” é fi ctício, mas talvez você tenha identifi cado algumas das características em alguém que conhece. Se nessas condições, após mais uma bebedeira, Quico decidir procurar ajuda do CAPS AD, (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) que faz o acompanhamento dos dependentes, terá agora dois outros problemas. Primeiro, são apenas 186 unidades para 22 milhões de dependentes de álcool. Segundo, seu funcionamento não é 24h. É necessário agendar horário, como se uma crise de abstinência respeitasse horário comercial. Se decidido a conseguir um tratamento, fosse buscar orientação com os representantes eleitos, o que ouviria não o animaria. Aqui no Brasil, o melhor para um alcoolista (página 10) são os Alcóolicos Anônimos. ”O Ministério da Saúde cuida mal do assunto e paga caro pelo descaso, com o atendimento de dependentes e vítimas de agressões e acidentes motivados pela bebida alcoólica”, explica o deputado Vanderlei Macris. Sem saber o que fazer e a quem recorrer, Quico faz uma retrospectiva da sua vida com a bebida, tenta descobrir quando seu relacionamento passou de um doce namoro a uma tentativa desesperada de divórcio. Será que eu uma noite de bebedeira ele se casou com o álcool? Será que jurou fi car junto até que a morte os separassem? A única certeza que tem é que, diferente de um bom vinho, quanto mais o tempo passa, pior fi ca. Mais um vez decidido a parar de beber, e sabendo que não tem muitas opções em ser assistido pelo poder público, e por saber que o fácil acesso é um dos fatores que prejudicam no tratamento do recuperando, Quico refez o trajeto de casa ao trabalho evitando a proximidade com os bares conhecidos. Prestes a completar o terceiro dia do novo caminho, ao sair do escritório encontra José, um grande amigo de longa data e de muitas rodadas, é mais uma vez que os dois terminarão o dia no bar. O que ele não entendia é que ‘as velhas amizades e a falta

de tratamento também são fatores que levam a recaída”, adverte Francisco Neves, presidente da A.A.E.SP (Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo).

“... SE FOSSE SÓLIDO, COMÊ-LO-IA”

O retorno à sobriedade é, para Quico, a pior parte da ressaca. Junto às dores físicas vêm as emocionais, e uma sensação de vazio que abre espaço para mais uma dose. Aguentar sozinho a culpa é difícil, nem mesmo os 22 milhões que estão na mesma condição faz o martírio mais suportável (página 10). Se não acha o tratamento pelo governo, poderia encontrar nele o culpado. Afi nal, a venda de bebidas alcóolicas é legalizada e gera milhões em impostos. Com o raciocínio ainda lento, ele pensa numa solução. “E se fi zessem uma lei que proibisse a venda de álcool?”. A explicação é como um banho de água gelada, pois incentivaria um mercado paralelo de venda de bebidas alcoólicas como as drogas. Quico começa a perceber que a sua pátria amada não é uma mãe tão gentil e o banho continua. “O Governo só intervém para solucionar problemas particulares quando é condenado judicialmente a fazê-lo.(...) Os governantes continuam agindo como se o problema não existisse”, explica o

Promotor de justiça e professor de direito constitucional Raul de Mello Franco JR. É melhor prevenir a tratar, além de ser mais barato ao Estado é menos penoso ao cidadão dependente e seus familiares. “A atuação mais importante é educar o cidadão. Antes de tudo é preciso conscientização e debate, principalmente à nova geração”, explica o deputado Vanderlei Macris, que propôs uma PEC que destinaria

20% do total dos recursos obtidos por meio da tributação da produção e aos cuidados e programas de prevenção ao consumo de bebidas alcóolicas. Enquanto não há um programa de tratamento que supra toda a demanda, existe

“ No intuito de agradar a Fifa, o Brasil deixou de lado as leis brasileiras e a segurança dos cidadãos,

mas a Lei Seca foi enrijecida. (...) É preciso

ter responsabilidade e continuidade nas regras

fi rmadas” (Vanderlei Macris).

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a possibilidade, nos casos mais extremos, de internação involuntária ou compulsório, esta última através de decisão judicial. Dependendo do nível de alcoolismo de uma pessoal, esta pode não ter mais forças para tomar decisões a respeito de sua vida. Nesse caso, uma internação forçada surtiria efeitos? Para o Presidente a AAESP, sim, “pois a pessoa não possui controle sob sua vida. Não existe controle quando se faz uso de substância que gere descontrole”. Como o vício não afeta apenas o dependente, mas toda a sua família, se for necessária uma ação drástica, essa é bem vinda, como explica o deputado Macris. “Muitas famílias estão desistindo do parente que bebe de forma desregrada. Alguns indivíduos, por causa da bebedeira, também agridem os familiares e não conseguem se livrar do vício.” O promotor Mello Jr. defende a legitimidade dessas medidas, pois tendem a ser muito melhores do que aguardar o pior. Segundo ele, não é raro essas pessoas acabarem com a sua vida ou, pior ainda, à vida daqueles com quem ela convive no meio familiar ou social.

PARECE QUE BEBE...

A liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol para a Copa do Mundo 2014 mostra como as autoridades lidam com isso. Para o promotor Mello Jr. “... é a prova mais cabal

de que o governo não vê o alcoolismo como problema, mas apenas como opção individual.” Em um país que carece de transporte público de qualidade fi ca difícil imaginar que os torcedores que irão aos jogos, beberão, esperarão o efeito passar para só depois pegar seus carros e ir para casa. “No intuito de agradar a Fifa, o Brasil deixou de lado as leis brasileiras e a segurança dos cidadãos, mas a Lei Seca foi enrijecida. (...) É preciso ter responsabilidade e continuidade nas regras fi rmadas”, explica Macris. O poder público trata o tema da mesma forma que um alcoólatra trata sua doença - não reconhecer que o uso abusivo do álcool é um problema e não uma opção. Talvez isso explique a inércia em propor soluções efi cazes. Enquanto o cidadão não for valorizado e governantes só se questionarem “e o Quico?” , milhões continuarão vivendo em uma eterna “saidera”.

Diferenças entre os termos “alcoólatra” e “alcoolista”

Os termos “alcoólatra” e “alcoolista” são usadospara defi nir a “dependência do álcool”.

“Alcoólatra”: Termo estigmatizante. Utilizado por muitos anos para designar aqueles

indivíduos que bebiam abusivamente por “idolatrar” o álcool e mesmo com os problemas

causados pela substância continuam com seu consumo. Quando a dependência está instalada,

o indivíduo bebe, em muitas ocasiões, para minimizar os efeitos da abstinência e

não para ter prazer.

“Alcoolista”: Termo menos estigmatizante, coloca o indivíduo como alguém que tem

“afi nidade” pelo álcool e não é “seduzido” por ele. Por ser uma substancia lícita, socialmente aceita e disponível, mas quando utilizada em grandes

quantidades e frequências expõe o bebedor a muitos riscos. A expressão mais adequada para

designar o indivíduo que tem sintomas físicos desencadeados pela falta do álcool, assim como

outros problemas decorrentes do uso desta substância é “dependente do álcool”.

a possibilidade, nos casos mais extremos, de

de que o governo não vê o alcoolismo como problema, mas apenas como opção individual.” Em umpúblico de qualidade fi ca difícil imaginar que os torcedores que irão aos jogos, beberão, esperarão o efeito passar para só depois pegar seus carros e ir para casa. “No intuito de agradar a Fifa, o Brasil deixou de lado as leis brasileiras e a segurança dos cidadãos, mas a Lei Seca foi enrijecida. (...) É preciso ter responsabilidade e continuidade nas regras fi rmadas”, explica Macris.

forma que um alcoólatra trata sua doença - não reconhecer que o uso abusivo do álcool é um problema e não uma opção. Talvez isso explique a inércia em propor soluções efi cazes.

DOENÇA DA ALMA E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

50% dos brasileiros consomem bebidas alcoólicas;

• 6,8 milhões de pessoas foram vítimas de vi-olência doméstica. Em 50% dos casos o agressor

havia ingerido álcool;

• 41 % dos bebedores têm depressão;

• 5% dos brasileiros já tentaram suicídio. 24% destes relataram ser relacionado

com uso de álcool;

Fonte: Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas

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| Comidas e Bebidas

P oucas coisas são tão boas quanto saborear um prato típico de alguma região

com uma bebida que caia como uma luva. Até mesmo petiscos em um momento entre amigos. Algumas dicas interessantes você verá agora, tanto no calor como para este inverno que vem chegando. Na quarta-feira e no sábado tomamos um café fraco porque no almoço vem a feijoada. E, é claro, ela requer demasiada fome para que seja experimentada com vontade. Mas antes da tradicional feijuca é muito receitada a não menos tradicional caipirinha. Cachaça (ou vodka), limão e açúcar dão o tom da bebida, que servida com gelo, abre o apetite para a refeição. É a combinação perfeita. Naquela noite romântica em que você vai a um restaurante bacana, luxuoso, com aquela luz baixa e aquele prato de massas... Nada melhor que um vinho bem selecionado. Um macarrão com molho vermelho não dispensa uma taça de vinho tinto. Há quem diga que o vinho é afrodisíaco. Aproveite! Esta é uma boa dica para o inverno. Vinho com massas e caipirinha com feijoada, mas nada consegue tanto entrosamento quanto a cerveja, acompanhando um churrasco, arroz branco e salada de maionese, não deve nada a ninguém. Além disso, a loira gelada vai muito bem com petiscos, como mortadela com limão, salame, presunto e queijo enroladinho e até salgadinho de pimenta. A cerveja é a mais eclética das bebidas, é a mais requisitada! A gelada cai muito bem em dias de calor. Com futebol e amigos, então, bem melhor. Mas é sempre bom ter em mente duas coisas: Beba com moderação e se beber não dirija.

Curta a vida!

COMA E BEBA BEM

SÉRGIO BOTARELLIREPÓRTER E CONSUMIDOR DE BEBIDAS

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CAPITAL DO VINHO TRANSFORMA PAISAGENS NO NORDESTEFortalecida pela produção de vinho, Lagoa Grande, na região do semiárido brasileiro, quebra estereótipos e mostra que a partir de seu solo fértil é possível crescer economica-mente e produzir sabores ímpares da bebida milenar

Marcado pelas secas, pelo sol que brilha forte e pela caatinga, o sertão nordestino é uma dasregiões mais carentes do Brasil e concentra

os maiores índices de pobreza de acordo com dados do Censo de 2010 do IBGE. No entanto, apesar desse cenário desfavorável, um pedaço desse semiárido tem surpreendido por exibir um panorama exatamente oposto. O vale do rio São Francisco, que a partir do cultivo de uvas e produção de vinhos tem transformado sua economia e é responsável por uma variante peculiar do vinho nacional.

FELIPE BARRETO

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Apenas no município de Lagoa Grande, conhecido como a capital do vinho do Nordeste, é possível encon-trar aproximadamente uma dezena de vinícolas, entre elas a fazenda Santa Maria, na qual são cultivadas varie-dades como Cabernet Sau-vignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Moscato Canelli, entre outras. Ali, graças ao sistema de f e r t i l i z a ç ã o e irrigação, é possível obter uvas o ano in-teiro, uma vez que cada videira produz entre duas e três vezes por ano.João Santos, assessor de comunicação da vitiviní-cola Santa Maria, uma das maiores fazendas da região e produtora de diversas marcas de vinho nacional, destaca que o clima e o sistema de irrigação con-tribuem para um cultivo efi -ciente. “As uvas produzidas aqui são saudáveis e com uma maturação plena. Isso permite fazer vinhos bem maduros, taninos fáceis e muito agradáveis na boca”, afi rmou. Com sabor marcante, o vinho produzido em Lagoa Grande coleciona prêmios nacionais e internacionais, como o Mundial de Bruxe-

las, na Bélgica e o Concurso do Ibravin – Instituto Bra-sileiro do Vinho (ambos em 2011). Reconhecidos e respeita-dos internacionalmente, es-ses vinhos também tem se destacado nacionalmente e conquistado consumidores em todo o país. O diretor de eventos Mario Sérgio Silva, morador de São Paulo, não

esconde sua p r e f e r ê n c i a pelos impor-tados, mas admite que o Vale do São Francisco vem p r o d u z i n d o

ótimos vinhos. “O trabalho da uva e o seu cultivo nas regiões de menor densi-dade climática está sendo bem elaborado para um plantio satisfatório, o que resulta em ótimos sabores”, conclui.De acordo com o Ibravin - Instituto Brasileiro do Vin-ho, a região do Vale do São Francisco produz cerca de 6 milhões de litros de vinho anualmente, o que represen-ta aproximad-amente um quarto de toda a produção na-cional. Deste total, estima-se que 20% do produto seja destinado à exportação enquanto 80%

é consumido no mercado interno. O vale do São Francisco supera até mesmo entraves impostos pela tributação no país e mantém o crescimento de suas atividades apesar da desvantagem que leva em comparação aos produtores de outros países.Um estudo encomendado pelo Ibravin, divulgado em março deste ano, apontou que a carga tributária aplicada sobre os vinhos produzidos no Brasil pode chegar até 67% do preço fi nal do produto em alguns estados.Em países como Argentina e Uruguai, por exemplo, a carga de impostos sobre o vinho não passa de 35% do valor fi nal.Segundo o economista e graduado em gastronomia Agostinho Lopes, as bebi-das produzidas no Vale do São Francisco podem con-quistar ainda mais espaço no mercado nacional. “Seus vinhos têm características próprias do Terroir. Em mi-

nha opinião, a variedade que mais se dest-aca é a Syrah, mais adap-tada ao calor e tipo de solo da região, que quando bem

cultivada, tem produzido vinhos de qualidade”, expli-

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“As uvas produzidas aqui são saudáveis e com uma matu-

ração plena. Isso permite fazer vinhos bem madu-

ros, taninos fáceis e muito agradáveis na boca”

(João Santos)

“A variedade Syrah pode competir em qualidade com

os vinhos elaborados na Austrália, que têm caracte-

rísticas mais semelhantes, to-talmente diferentes da Syrah

do velho mundo” (Agostinho Lopes)

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ca ele.Além de se destacar pelo sabor, os vinhos produzi-dos no vale desenvolver-am também o turismo na região, através do enotur-ismo, que é o turismo mo-tivado pela apreciação da bebida. Muitas vinícolas do Vale do São Francisco, como a vitivinícola Santa Maria, organizam visitas monito-radas aos vinhedos, dando acesso às áreas de cultivo da uva e de processamento do vinho, além da degustação de algumas variedades da bebida.Com a atividade, a região alcança um crescimento econômico ainda maior, uma vez que com o con-sumo dos turistas, vários empregos indiretos são ger-ados. “Promovendo o tra-balho de produção dos vin-hos em feiras, congressos e apresentações, as vinícolas da região atraem em média 3 mil visitas por mês”, obs-ervou João Santos, assessor da vitivinícola Santa Maria. Sobre o potencial de ex-portação, Agostinho Lopes também demonstra confi -ança no produto nacional. “A variedade Syrah pode competir em qualidade com os vinhos elaborados na Austrália, que têm ca-racterísticas mais semelhan-tes, totalmente diferentes da Syrah do velho mundo”, conclui.

Economia

LAGOA GRANDE: UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA CAPITAL DA UVA NO NORDESTE

Com uma população de pouco mais de 22 mil habitantes - de acordo com dados de 2010 do IBGE - Lagoa Grande-PE, localizado a 661km da capital Recife, é um típico munícipio do sertão nordestino, com paisagens domina-das pela caatinga, mas que se difere da maioria pelo progresso viabilizado pelo Rio São Francis-co. Projetos de irrigação, açudes e praias pluvi-ais favorecem os passeios de barco, a pesca e o lazer dos banhistas. As visitas às fazendas e às vinícolas da região ajudam a fortalecer ainda mais o turismo e a economia da cidade. A pouco mais de 50km de Petrolina-PE, a cidade possui fácil acesso ao aeroporto do local, que recebe voos diários in-terligando o Vale do São Francisco às demais regiões do Brasil.

Lagoa Grande só obteve sua emancipação política em 16 de julho de 1995. Antes perten-cente ao território de Santa Maria da Boa Vista, a até então vila de Lagoa Grande conseguiu se emancipar com base na Lei Estadual Comple-mentar n° 15, de 1990, que permitia a vilas com mais de 10 mil habitantes requerer sua isenção política.

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Saquê é uma bebida tradicional do Japão, produzida pela fermentação do arroz, consumida geralmente quente

e em grandes comemorações, como Ano Novo e cerimônias budistas de casamento.A primeira produção de saquê de que se tem notícia data do século III e ocorreu em Nara, antiga capital japonesa. Diversas regiões do país o produzem, mas a região que leva a fama de fabricar o melhor saquê é o distrito de Fushimi, em Kyoto. Existem hoje em torno de 1.600 fabricantes de saquê no Japão. No Brasil, a bebida é produzida por empresas brasileiras como a Sakura e a Azuma Kirin. Grande variedade de saquês brasileiros e japoneses pode ser encontrada em lojas do bairro oriental da Liberdade, em São Paulo.Classifi cado na mes-ma categoria do vinho, o saquê é um fermentado natural, com teor alcoólico em torno de 16%, cujos únicos ingredientes são arroz e água.Do arroz sai a matéria-prima para a fabricação do saquê, o koji, que resulta da remoção do excesso de óleo e proteínas contidos no arroz. Para se chegar ao koji, é preciso que o arroz seja polido, de modo a perder de um terço até a metade de sua superfície original, sendo depois ma-cerado, enxugado, vaporizado e resfriado a uma temperatura de 5º C.

Em sequência, o koji é misturado com água e arroz vaporizado para que se forme o shubo, uma pasta de grãos. O shubo é colocado num tanque e fermentado por trinta dias, com adição do koji, e novamente

de arroz vaporizado.Forma-se aí o maromi, uma mistura de bolo de saquê, sólido, e do saquê líquido. Feita a separação por fi ltragem e submetido o líquido a uma ultrafi ltragem, para garantir o sabor fresco da bebida, o saquê está pronto para ser consumido. Poderá ser mantido em garrafa por até dois anos, sem perder o sabor

natural.O saquê é geralmente servido em copos de porcelana antiga ou em pequenos copos de madeira, conhecidos por masu.

Quando aquecido a uma temperatura de até 45º C, o saquê é conhecido por kan. Torna-se encorpado e adquire um sabor acentuado de melão. Quando resfriado, o saquê é conhecido por higa e assume um sabor frutado. Ao ser servido, acrescenta-se

sal à borda do copo.

A melhor temperatura para o saquê ser consu-mido é de 35º C, porque

nessa temperatura se per-cebe melhor as delicadas características da bebida. Mas pode ser bebido em temperaturas superiores ou inferiores, de acordo com a estação do ano.

OSMAR MAEDAJORNALISTA E ASSESSOR DE IMPRENSA DA COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO

DO JAPÃO PARA O BRASIL

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Você sabe qual é o caminho per-corrido pela bebida até chegar às prateleiras das adegas e su-

permercados? Alambique fará uma viagem para descobrir seu trajeto e as burocracias enfrentadas até que ela esteja pronta, em sua taça, para uma degustação.

O vinho, bebida produzida, importada e exportada nos quatro cantos do mundo, enfrenta alta burocracia e grande quantidade de impostos na chegada ao Brasil

DA PRODUÇÃO À TAÇA: UMA LONGA E BUROCRÁTICA VIAGEM

LEONARDO SANT’ANGELO

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Apreciado por pessoas do mundo inteiro, o vinho é uma bebida alcóolica produzida por meio da fermentação do sumo de uva. É conhecido por representar importantes papéis em várias religiões, com grande destaque em cerimônias cristãs e judaicas, como a Eucaristia (representação do sa-crifício do Corpo e do Sangue de Jesus) e o Kidush (bênção recitada sobre o vinho para santificar o Shabat ou uma festa judaica). O consumo da bebida no Brasil ainda é pequeno, tanto que no começo do ano, em janeiro, as Associações: Brasileira de Supermercados (Abras), Brasileira de Exportadores e Importadores de Bebidas (Alba) e Brasileira de Bebidas (Abrab), juntamente com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), lançaram duas campa-nhas com o objetivo de estimular o consumo da bebida no país. A primeira dispõe sobre a implementação de um acordo de cooperação, firmado em 2012, que visa o aumento do consumo de vinho de 1,9 litro para 2,5 litros per capta até o final de 2016. Já a segunda, divulgada com o slogan “No verão, vá de vinho branco” tem o propósito de expandir em 20% a venda da bebida no varejo. Segundo o empresário Mariano Levy, dono da adega Grand Cru, “o Brasil ainda representa um mercado pequeno com relação a comercialização e importação de vinhos. A média de consumo brasileira é de cerca de meio litro per capta, quando se trata de vinhos importados, e de 2 litros per capta, considerando-se o vinho nacional. Na Espanha, por exemplo, a média de consumo da bebida é de 36 litros per capta”, conclui. No ano passado, o mercado de vinhos importados cresceu apenas 1,59% em valor e 1,01% em volume, com relação a 2011. Esse baixo crescimento ocorreu

porque em maio de 2012 o governo brasileiro resolveu abrir um processo para proteger as vinícolas nacionais dos avanços dos vinhos importados, medida encerrada somente em novembro. Além disso, os processos burocráticos e os altos impostos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo, também impedem maiores avanços das importações da bebida no Brasil.

“Importar no Brasil é um processo muito burocrático, muitos documentos são exigidos, há forte legislação envolvida e a carga tributária é extremamente alta.

São fatores que dificultam o negócio”, afirma Maria Aparecida Inaba, assistente comercial de importação de vinhos da DHL Global Forwarding, companhia especialista em logística e transportes aéreo e marítimo de mercadorias. Mariano Levy – que importa vinhos

“Importar no Brasil é um processo mui-to burocrático, muitos documentos são exigidos, há forte legislação envolvida e a carga tributária é extremamente alta. São fatores que dificultam o negócio”,

(Maria Aparecida Inaba).

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chilenos e argentinos por meio da empresa de logística especializada em transporte de bebidas, JF Hillebrand – expõe que o grande problema a ser enfrentado é a quantidade de impostos cobrados, “dependendo da origem da bebida, pagamos taxas que somam entre 100% e 130% do custo do vi-nho”. Para obter o direito de importar a bebida, uma empresa deve obter a permissão necessária do Ministério da

Agricultura, estar habilitada pelo Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) – que integra as atividades de registro,

acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, por meio de um fluxo único e automatizado de informações – e obter o selo fiscal, um imposto em vigor desde 1º de janeiro de 2011, que

dispõe sobre o fato de a importadora selar todas as garrafas de vinho importadas no momento do desembaraço da carga. Para

“Importar no Brasil é um processo muito burocrático, muitos docu-

mentos são exigidos, há forte legis-lação envolvida e a carga tributária

é extremamente alta. São fatores que dificultam o negócio”

(Maria Aparecida Inaba)

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ILUSTRAÇÃO: MAX MACHADO

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conseguir comprar os selos junto à Receita Federal, a empresa deve possuir um registro especial que só pode ser adquirido se a companhia não tiver nenhuma dívida com o governo federal brasileiro, o que dificulta ainda mais o negócio. Desde janeiro do ano passado, nenhuma garrafa de vinho pode ser vendida sem o selo fiscal. Como se não bastasse, o Brasil ainda possui diversas leis e decretos que devem ser respeitados para que a importação de bebidas seja autorizada e regularizada. Mesmo após conseguir todos os alvarás necessários e estar de acordo com as leis do

país, a empresa importadora ainda necessita percorrer um longo caminho (página 20). Apesar de tanta legislação e burocracia, o mercado brasileiro tem expandido e empresas especialistas no transporte de cargas pelo mundo aproveitam para desenvolver novos produtos a fim de otimizar o processo de importação e ofe-recer redução dos custos às empresas. É o caso da DHL Global Forwarding, que apresentou recentemente o DHL Flexitank, embalagem multicamada com capacidade para até 24 mil litros de carga, projetada para ser utilizada em contêineres padrão de 20 pés. O produto proporciona um ganho de 31% na capacidade da carga quando comparado a contêineres do tipo ISO tank, barris e recipientes IBC e reduz em até 90% os tempos de carregamento e descarregamento, além de poder ser descartado ou reciclado. Já a JF Hillebrand oferece o VinBulk, embalagem projetada especialmente para o transporte

de vinhos que garante uma viagem com segurança e em condições ideais à boa conservação da bebida, protegendo-a da degradação no transporte. Em contrapartida ao crescimento das importações, o Brasil procura investir e estimular a produção interna de vinho, visando não só abastecer ao mercado interno, mas também exportar para a Europa e a América Latina. “Os maiores investimentos visam estimular a produção interna, com o propósito de aumentar as exportações. Eles ocorrem principalmente em vinícolas do Sul do país, como em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul”, afirma Richard Allerberger, gerente de Importação e Exportação de Vinhos da DHL Global Forwarding. Os principais exportadores do produto ao Brasil são Argentina e Chile, na América Latina, e Portugal, Itália, França, Espanha e Alemanha, na Europa. Países como Austrália, África do Sul e Estados Unidos também costumam fazer grandes negócios com o Brasil. Apesar de representar um grande e interessante mercado ainda a ser explorado, o Brasil necessita rever seus métodos burocráticos e a quantidade de taxas cobradas para as importações de vinho. O

cenário atual impõe muitas d i f icu ldades aos empre-sários e isso se reflete

nos altos preços finais dos produtos importados. Para que a bebida passe a ser mais consumida por cada vez mais brasileiros, o governo precisa estimular o consumo revendo as leis fiscais e tributárias acerca do produto, possibilitando um barateamento da bebida. Somente desta maneira, campanhas de incentivo ao consumo do vinho poderão proporcionar de fato um aquecimento do setor.

“Dependendo da origem da bebida, pagamos taxas que somam entre 100% e 130% do custo do vinho”

(Mariano Levy)

Internacional

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A pós sete meses por aqui e mais de 150 convites para happy

hours e barzinhos, um amigo argentino, metido a antropólogo, concluiu: todas as relações do brasileiro gravitam em torno de uma garrafa de cerveja. Se ele estiver certo (e acho que está), não há guarida mais comum para a conversa do que uma mesa de bar, onde repousam a grande maioria das geladas (64% das cervejas brasileiras são consumidas fora do domicílio, diz o IBGE). Ou seja: boa parte das nossas relações sociais gira em torno de um bar. Por isso, nada mais oportuno do que procurar os melhores lugares de São Paulo para beber, trocar idéia e conhecer gente. E é isso que vamos fazer juntos, a partir de hoje, nesta coluna. Deram a mim a honra de inaugurar esse espaço recomendando uns bons bares. Mas antes de começar a conversa, faço uma proposta a você, amigo leitor. Se você já abriu essa revista e chegou até aqui, não tenho dúvidas de que é um iniciado nas artes etílicas. O acordo que proponho baseia-se no princípio da nossa Justiça. Se todos somos inocentes até prova em contrário, para nós, todos os bares serão bons. Para nós, inveterados botequeiros, todos os bares que levantam as portas de correr e nos servem cerveja nesse mundão serão como o selvagem de Rousseau. Seriam ótimos lugares se não fossem corrompidos por preços exorbitantes,

garçons estressados, fre-gueses chatos ou o couvert de violão-vocal-MPB-do-inferno. Podem ser insu-portáveis, mas sempre terão a sua graça. Não vamos achinca-lhar gratuitamente os bares, mas vamos tentar encontrar

o que eles têm de bom. Pois quem faz uma boa conversa de bar somos nozes. E somos “nozes” que podemos fazer dos bares um verdadeiro microcosmo do mundo. O ciúme, a raiva, a amizade, o amor, a tragédia, enfim, todas as histórias podem ser encontradas. E para tudo isso emergir, não é preciso grandes comes e bebes. Na realidade, eles se tornam um pano de fundo. Seja grã-fino ou humilde, o bar legal é como o bom juiz de futebol: os 90 minutos acabam e ninguém xingou a mãe dele. É tão agradável que a conversa voa e ninguém se liga que o tempo passou. Fica melhor ainda quando a carteira também não sentiu a conta - o que anda sendo raro em São Paulo. É o que vamos tentar mostrar por aqui a partir da próxima edição. A cada semana, um tema.

Até!

NÃO EXISTE BAR RUIM

ARTHUR ARANTESJORNALISTA

| Bares

FOTOS: BANCO DE IMAGENS

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CCConsideradas os únicos onsideradas os únicos onsideradas os únicos vedantes com impacto vedantes com impacto vedantes com impacto ambiental positivo, sendo ambiental positivo, sendo ambiental positivo, sendo

elas biodegradáveis, renováveis e elas biodegradáveis, renováveis e elas biodegradáveis, renováveis e recicláveis, as rolhas de cortiça usadas recicláveis, as rolhas de cortiça usadas recicláveis, as rolhas de cortiça usadas recicláveis, as rolhas de cortiça usadas recicláveis, as rolhas de cortiça usadas recicláveis, as rolhas de cortiça usadas desde o século XVII têm ganhado desde o século XVII têm ganhado desde o século XVII têm ganhado cada vez mais formas de utilizaçãocada vez mais formas de utilizaçãocada vez mais formas de utilização no mercado. no mercado. no mercado.

De uma árvore nobre com De uma árvore nobre com De uma árvore nobre com características muito características muito características muito especiais como a especiais como a especiais como a longevidade e a longevidade e a longevidade e a enorme capacidade enorme capacidade enorme capacidade de regeneração, surge de regeneração, surge de regeneração, surge a cortiça, usada em rolhas a cortiça, usada em rolhas a cortiça, usada em rolhas e materiais de decoração. e materiais de decoração. e materiais de decoração. A casca do sobreiro A casca do sobreiro A casca do sobreiro (Quercus Suber L) cresce (Quercus Suber L) cresce (Quercus Suber L) cresce nas regiões mediterrânias nas regiões mediterrânias nas regiões mediterrânias como Espanha, Itália, como Espanha, Itália, como Espanha, Itália, França, Marrocos, Argélia França, Marrocos, Argélia França, Marrocos, Argélia e principalmente, e principalmente, e principalmente, Portugal que possui Portugal que possui Portugal que possui grande importância grande importância grande importância econômica neste econômica neste econômica neste seguimento, comseguimento, comseguimento, comcerca de 716 mil cerca de 716 mil cerca de 716 mil hectares para hectares para hectares para produção.produção.produção.

Sem agredir o meio ambiente, material retirado da árvore sobreiro é responsável pela proteção e manutenção do sabor do vinho

ROLHA AMIGAROLHA AMIGAROLHA AMIGAROLHA AMIGAROLHA AMIGAROLHA AMIGA

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“O sobreiro é uma árvore que precisa de pouca in-ter-venção humana para sobre-viver. É uma árvore que está presente no mon-tado (fl o-resta de sobreiro) e coabita com out-ras espé-cies veg-etais e animais, criando um ecos-sistema perfeito”, afi rma Claudia Gonçalves, Gesto-ra de In-formação da Asso-ciação Portuguesa de Cortiça (APCOR).Hoje, calcula-se que existam mais de 2,3 milhões dehectares de fl o-restas de so-brei-ros, metade da produção mundial é portu-guesa, o restante situa-se na Espanha, Itália, França, Mar-rocos, Tunísia e Argélia.São necessários 25 anos até que o sobreiro comece a produzir cortiça e se torne rentável. O ponto inicial é quando o tronco atinge uma altura de cerca de 70 cm quando medido a 1,5 metros do chão. A partir daí, sua exploração durará em média 150 anos com cerca de 16 descortiçamentos, um a cada de nove anos. Porém para a produção de rolhas com qualidade, é utilizada a chamada cortiça reprodução, que é obtida somente após o terceiro descortiçamento, apresentando como características costas e

barrigas lisas.Segundo dados da APCOR, anualmente são produzi-das cerca de 12 milhões de de rolhas no mundo, dispo-

níveis em várias categorias e apre-sentam preços vari-ados que po-dem ir de R$1,00 a R$2,60. “Em 2012, Portugal exportou 845,7 milhões de euros, sendo que 68,4% do total dos produtos expor-tados referem-se a rolhas, assum-indo 578 milhões de euros.” explica Clau-dia Gon-çalves.Os principais

destinos das expor-tações portuguesas de cor-tiça são a França 19,53%, os EUA (16,44%), a Espanha (10,72%), a Itália (9,64%) e a Alemanha (9,34%). As ex-

portações para o Brasil têm aumentado desde 2008, in-clusive duplicando o valor entre 2008 e 2011. Em 2008, as exportações eram de 3,7 milhões de euros e 1,2 mil toneladas, já em 2011 au-mentou para 6,4 milhões de euros e 1,7 mil toneladas, conforme estatísticas da AP-COR.Na questão ambiental a rolha de cortiça não oferece riscos ao meio ambiente, po-dendo até ser considerado amiga da natureza, é o que aponta um estudo sobre o ciclo de vida das rolhas de cortiça comparando-as com cápsulas de alumínio (tamp-inhas) e vedantes de plástico (rolha plástica), concluiu-se que, para cada parte de CO₂ produzido por uma rolha de cortiça são emitidos 10 vezes mais CO₂ quando se trata da rolha plástica e 26 vezes quando é fabricada uma tampinha de alumínio,

“O sobreiro é uma árvore que precisa

de pouca inter-venção humana para sobreviver.

É uma árvore que está presente no

montado (fl oresta de sobreiro) e co-habita com outras espécies vejetais e animais, criando um ecossistema

perfeito”, (Cláudia Gonçalves).

Meio Ambiente

| Com o auxílio de máquinas específi cas, as rolhas tomam a forma adequada e recebem os acabamentos

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explica Cláudia Gonçalves. Após a utilização da cortiça em rolhas e por tratar-se de um produto com car-acterísticas naturais, que possibilitam a reciclagem e reutilização, percebe-se um número crescente no inves-timento da conscientização da po-pulação referente ao tratamento, principalmente em Portugal, França, Esta-dos Unidos e Alemanha.

A cortiça também permite a penetração de uma quantidade mínima de oxigênio no vinho após o engarrafamento, o que para alguns especialistas representa o diferencial no sabor, porém não existem pesquisas que mostrem que a ausência da rolha cause algum tipo de alteração na evolução do vinho. Outro fato interessante é que o contato da rolha de cortiça com o vinho leva a formação de compostos antioxidantes e anticancerí-genos que podem reduzir o risco de doenças cardíacas e degenerativas. “Como material de origem vegetal, a rolha de cortiça não causa impacto negativo ao meio ambiente quando descartada. Grosso modo, a reciclagem pode ter aspecto positivo na medida em que se poupa a extração mais frequente da matéria

prima,” explica o especialista ambiental Léo Urbini. Quando reciclada, a cortiça passa a ser utilizada em outras aplicações, como por exemplo, na produção de itens de escritórios, acessórios de bares, roupas e móveis. Diversas fi nali-dades na indústria utilizam a cortiça como matéria prima. Neste caso, a utili-zação desse material poupa o meio ambiente de outros materiais que podem ser perigosos. Além de ser um produto natural e rentável no mercado de bebidas, ganha cada vez mais destaque para o mercado de produtos variados com projetos sustentáveis, e por ser uma árvore que vive por muito tempo, não corre risco de extinção nos próximos 100 anos.

“O Assobiador”

Com mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de diâmetro de tronco, o Assobiador é o sobreiro mais antigo e mais produtivo, plantado em 1783, em Águas de Moura, no Alentejo – Portugal. A origem do seu nome deve-se a grande quantidade de aves que se abrigam em seus galhos. Desde 1820, já foi descortiçado mais de vinte vezes. Em 1991, o seu descortiçamento resultou em 1200 kg de cortiça, mais do que a produção registrada pela maioria dos sobreiros em toda a sua vida. Só esta extração deu origem a mais de cem mil rolhas.

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| Com o auxílio de máquinas específi cas, as rolhas tomam a forma adequada e recebem os acabamentos

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A s canções com temas amorosos e a vida de moradores do sertão não estão mais tão

predominantes no sertanejo Brasil afora. Algumas duplas já estão inovando suas letras para um público mais jovem e, agora, as bebidas alcoólicas são temas predominantes. Depois da criação do sertanejo universitário, balada, diversão e bebidas são temas constantes em suas letras. A dupla Fernando e Sorocaba canta os versos “É meu defeito, eu bebo mesmo, beijo mesmo, pego mesmo e no outro dia nem me lembro”, Michel Teló diz que “Tudo que eu quero ouvir: eu te amo e open bar”. Outras duplas também abordam o tema de forma constante.

Especialista esclarece se a presença do álcool na música nacional influencia o comportamento dos brasileiros

BEBER, CANTAR, PENSAR...

SÉRGIO BOTARELLI

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O Funk brasileiro e o Rock também apresentam o tema em suas canções. Uma dessas bandas é a Velhas Virgens. Formada em 1986, o grupo utiliza-se de letras como sexo, rock ’n’ roll na mais pura metalinguagem e bebedeira, além de ex-plicitas opiniões políticas. Porta-voz da banda, Paulão de Carvalho não acredita que letras que se utiliza de bebidas alcoólicas interfi -ram na moral de quem con-some música. “Na verdade o que seduz as pessoas é a sinceridade e a sensação de que aquilo que descreve-mos faz parte da vida deles também. Não falamos de bebida como um modo de escapar dos problemas e sim com um modo de ce-lebrar a vida, a amizade”, explica. Paulão também defende a liberdade que os artistas precisam ter para

escrever música ou praticar sua arte e brinca ao pontuar a opinião das pessoas sobre os singles da banda: “Acho que a maioria dos não fãs acha que fazemos apologia a drogas e que somos dis-cípulos do diabo. É natural dos ignorantes fazererem associações maléfi cas com a liberdade, esta sim, o drink mais sedutor e proibido no universo”.No entanto, ainda há aque-les que não apoiam a inser-ção de bebidas em letras musicais. É o caso da dupla sertaneja Cesar Menotti e Fabiano, que re-pudiam qualquer compor tamento que fuja do princi-pal exemplo fami-liar. Em entrevista ao G1, a dupla esclarece a opinião: “Por questão de princípios que sempre apli-

camos no trabalho, de letras que não agridam a moral e a ética da família brasileira, do nosso ponto de vista”, disse.O Engenheiro em Informáti-ca, Jorge Patrício, 42, acha natural bandas terem este tema como principal em suas letras, deixando claro qual o objetivo. “As Velhas Virgens fazem músicas di-vertidas e isso é a essência da banda com uma musi-calidade boa. Raimundos tinha músicas muito boas que faziam esquecer que

o tema das músi-cas era a bebida”, opina. No entanto, o estudante Jho-nata Rafael, 23, aponta infl uên-cia do alcoolismo nas músicas que tratam do assunto.

“Geralmente quando ouço eu tento me divertir. Mas algumas músicas têm certa

“Não falamos de bebida como um modo de escapar

dos problemas e sim com um

modo de celebrar a vida, a amizade”

(Paulão)

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Música na cerveja

Em 2012, a banda Velhas Virgens lançou uma cerveja exclusiva: Velhas Virgens Rockin Beer. A então símbolo da banda, pode ser comprada inclusive pela internet e era um sonho do grupo. “Sempre pensamos em lançar nossa cerveja.

O fato do nosso baixista, Tuca, estar fazendo cerveja caseira, mais o conhecimento do mestre cervejeiro Rodrigo Silveira (da Cervejaria Invicta de Ribeirão Preto, que produz a cerveja) e todo este movimento de cerveja artesanal que se espalha com o mundo criaram o ambiente ideal para colocarmos nosso projeto em prática ano passado. Tem dado muito certo”, disse, afirmando que os fãs da banda gostaram muito da criação. Velhas Virgens não é a única banda de rock que tem uma cerveja com a sua marca. Os Raimundos lançaram recentemente a Bamberg Raimundos Helles, em parceria com a cervejaria artesanal Bamberg, que também é vendida através da internet.

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descontração e diversão, porém acabam infl uencian-do o jovem a beber cada vez mais.”, diz.Mas será mesmo que a be-bida alcoólica na música in-fl uencia o comportamento do indivíduo? A psicóloga Nice Paez explica que a von-

tade pela bebida e a reação da pessoa em relação a isso está ligada mais à vulnera-bilidade de conversas de amigos, do que propria-mente à música. “Normal-mente a pessoa que não bebe é visto como ‘careta’ e é deixada de lado. Portanto,

ouvir a música em si não se torna pe-rigoso, mas como cada um absorve estas informações, como as interpreta e como isso pode se tornar um pen-samento fi xo, le-vando ao quadro de alcoolismo”, diz. Mas não são todas as pessoas que veem estas letras como agradáveis. Sobre este repú-dio, a psicóloga relaciona também ao grupo social

do indivíduo. “Depende do meio em que esta pessoa vive e quais os grupos ela está inserida, com certeza os costumes já foram insta-lados desde criança. O que ocorre é que a pessoa con-forme vai se estruturando mentalmente, vai formando suas opiniões e suas de-cisões”, acrescenta. A música como entretenimento pode levar o pensamento a lugares jamais frequentados pela pessoa, é um momento de êxtase, de alegria. Não é diferente com a cerveja, bebida mais típica em letras musicais brasileiras. Paulão acredita que esta bebida é uma forma de celebrar momentos: “A cerveja combina com a vida, com a alegria de viver. Há quem ache que ela é bebida de sambista, de pagodeiro. Eu acho que é a mais

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“Normalmente a pessoa que

não bebe é visto como ‘careta’ e é deixado de lado. Portanto, ouvir a música em si não se torna perigoso,

mas como cada um absorve estas

informações”(Nice Paez)

democrática das bebidas e é pra todo mundo”. Deixando de lado os efeitos ruins que alcoolismo podem causar, o vocalista destaca o poder de reação que a cerveja despertou em sua vida e a benfeitoria feita por ela. “A cerveja associada ao rock me deram oportunidade de ser um cara mais confiante, ousado, criativo. É por isso que digo que a banda e a bebida salvaram minha vida”, disse. Dra. Nice também explica os motivos na qual a bebida pode ser utilizada por determinada pessoa, tanto no consumo, quanto na música. “A pessoa pode querer beber para suprir outras frustrações ou para se identificar com os amigos em alguma festa ou somente para relaxar”, con-firma.Nos anos 90 os te-mas musicais, no geral, eram amo-rosos, sobre estilos de vida e histórias de acontecimen-tos vivenciados na vida cotidiana. Quem hoje é adul-to cresceu ouvindo músicas deste gênero informativo. Mas e quem vem agora? Deve crescer ouvindo sons que incluem sexo e álcool, já tradicionais no nosso co-tidiano. Como controlar? O professor Fabrício Araújo, 25, deixaria os filhos ou-virem letras que tratam de bebida alcoólica, mas com

ressalvas. “Essa é a grande situação. Será que meu filho será como eu? Ouvirá ape- nas por diversão? Ingerirá bebidas sempre que ouvir essas ditas musicas? São perguntas que dependem do social, da educação dada ao filho. Eu o permitiria, no entanto procuraria obser-var em qual situação a mu-sica está sendo empregada”, ponderou. O estudante Jhonata Rafael, lembra a di-ficuldade de limitar os filhos apenas às coisas que os pais entendem como ideal: “não tem como você proibir, pois de algum jeito ele vai ouvir, seja na escola, no celular do colega, na rua, em som de carros e muitos locais que fogem do alcance dos pais”.

Entretanto, é mes-mo delicado limi-tar os filhos de ouvirem o que gos-tam. Tem de haver um equilíbrio entre o gosto dos pais e das crianças para que não sejam mal interpretadas as limitações por parte dos pequeni-nos e isso vire con-

tra os educadores. É o que alerta Dra. Nice: “A fase da infância é a principal, jus-tamente por ser fase de es-truturação do pensamento. O ideal seria que crianças aproveitassem a fase com brincadeiras e músicas que gostam. Dizer que não se pode ouvir seria privar-lhe de informações que nos

cercam, os pais devem pres-tar atenção em como as crianças interpretam isso e como isso está afetando nas atitudes”. Segundo a espe-cialista, isso também está atrelado ao meio em que a criança vive, nos costumes familiares e na orientação psicológica desde peque-no. “Viver em um contexto de familiares e amigos que escutem músicas do gêne-ro, normalmente ocorre a identificação e projeção de como isso foi interpretado, mas não que isso necessa-riamente venha prejudicar, pois isso também pode ser compreendido pela criança somente como descon-tração”, conclui.Com sexo ou bebidas, a música deve ser apreciada da forma mais saudável possível. Mas é importante ressaltar a necessidade de se respeitar todos os gos-tos e sentir na música o que lhe agrada. “A música é um espaço pra eu dialogar com o universo”, finaliza Paulão. Portanto, não há mudança de comportamento por quem ouve músicas deste gênero, fazendo prevalecer aquilo que o indivíduo con-sidera como certo, conclui Dra. Nice. “O comportamen-to só irá surgir conforme o que ela acredita e o que ela faz em relação a isso que de-fine ser sua verdade”.

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Agenda |

19 a 22 DE JUNHO

4ª Expo Brasil Chocolate19/06/2013 até 22/06/2013São Paulo - SPLocal acessível a portadores de necessidade especiais

19 a 22 DE JUNHO

29ª Feira Internacional de Embalagens, Processos e Logística para as Indústrias de Alimentos e Bebidas25/06/2013 até 28/06/2013São Paulo - SP

2ª SIAL Brazil 201325/06/2013 até 28/06/2013São Paulo - SPLocal acessível a portadores de necessidade especiais

29ª Feira Internacional de Produtos e Serviços para a Alimentação Fora Do Lar25/06/2013 até 28/06/2013São Paulo - SPLocal acessível a portadores de necessidade especiais

Mais informações:www.expofeiras.gov.br

CALENDÁRIO DE EVENTOS

Participe. Cadastre seu evento!

MAX MACHADOREPÓRTER

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P ara esta reportagem especial a AlambiquE ouviu ex-jogadores, atletas em atividade, técnicos,

inclusive uma comissão técnica inteira, pessoas especializadas em recuperar atletas que sofrem o desgaste excessivo do esporte. Tudo isso para entender o quanto o álcool infl uência no rendimento de um atleta, mesmo que seja casual como você, se ele é prejudicial na recuperação de uma lesão, se o consumo excessivo pode afetar inclusive a alimentação, afi nal: qual o papel o álcool pode exercer na vida de um jogador de futebol?

É possível consumir bebidas alcoólicas moderadamente e jogar aquele futebol no fi m de semana. Mas se você pratica o esporte com frequência e costumeiramente se lesiona durante a atividade, deve ter cuidado redobrado com os excessos

UMA DOSE NÃO FAZ MAL A NINGUÉM

VITORIANO SILVA

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Ir ao clube no fim de semana e aproveitar a folga para sair da correria, esse parece o desfecho ideal para muitas famílias. Chegando lá os amigos esperam o homem com a cervejinha no campo de futebol society, as mulheres se juntam na beira da piscina para tomar sol saboreando alguns drinks, e a criançada se amontoa para fazer bagunça dentro da água.Você deve se identificar com isso, em maior ou menor proporção e se questionar onde é que está matéria quer chegar. Pois bem, depois do esforço da semana com reuniões estressantes, escritório, convenções, palestras, quando os homens entram no campo de futebol a primeira coisa que rola é uma latinha de cerveja, tá certo, é inocente. Mas será que é correto fazer essa associação de esporte e bebida? Será que é saudável para quem consome o álcool correr por 90 minutos e jogar uma partida de futebol ao mesmo tempo? Não é preciso ir tão longe assim para encontrar atletas que tiveram problemas com álcool, e sofreram ou ainda sofrem para se livrar do que para eles se tornou um mal, impedindo de alguma forma a continuidade em suas carreiras. Os casos mais recentes e conhecidos são dos atletas Cicinho (ex-São Paulo, Roma e atualmente no Sport Recife) e do badaladíssimo Adriano (ex-Flamengo, Inter de Milão, São Paulo, Roma e que recentemente esteve no Corinthians).Adriano inclusive é um dos casos mais lembrados tanto por torcedores como pela imprensa, afinal um jovem promissor, tinha tudo para ser ídolo em qualquer clube e na seleção brasileira, porém a influência de terceiros ou mesmo por vício, acabou por largar o futebol antes mesmo de completar 30 anos e hoje vive momento delicado. Nem mesmo clubes menores como América-RJ (2ª divisão estadual), Bangu ou ainda o Guarani de Campinas (3ª divisão do

brasileiro) conseguem acreditar que sua contratação seria vantajosa, principalmente devido ao recente histórico do atleta, medo de gastar dinheiro desnecessário e tampouco apostar que o rendimento dele irá valer a pena. Para quem aprecia o futebol, é sofrível ver o que as torcidas chamam de “jóia”, encostada, longe dos gramados, não por lesão e sim pela dependência. O pró-

prio atleta já assumiu publicamente o vício e hoje busca de todas as formas recuperar a forma e voltar à atividade. O caso do carioca Adriano não é isolado, como foi citado inicialmente Cicinho é um dos poucos que conseguiram se livrar do alcoolismo a tempo de recuperar a carreira. Em depoimento ao jornal Folha de

S. Paulo, o atleta contou que se viu no fundo do poço, “... o cúmulo foi me ver alugando casa, joguei na Europa, tinha casa, mulher, filhos e vi tudo desmoronar...”. O atleta contou que a partir daquele momento

conheceu sua nova esposa e resolveu mudar de vida. Com a ajuda da parceira largou a bebida, recuperou o físico, se reergueu, chegou de mansinho no Brasil e assinou contrato com o clube pernambucano, e

“Claro que as escapadinhas prejudicam, além de perder

o foco no tratamento, é o mesmo que usar uma droga que reverte o tratamento” –

(Paulo Zogaib)

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| Valdívia é um dos ‘baladeiros’ segundo os torcedores palmeirenses

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vem gradativamente readquirindo o bom futebol.

Ídolos Perdidos

O caso brasileiro mais crônico até hoje de alcoolismo no esporte foi de Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, peça rara no futebol, de uma genialidade sem igual, segundo Armando Nogueira, que dizia ainda que suas pernas tortas faziam dele uma lenda, reconhecida até hoje pelos amantes do esporte. Mesmo 30 anos após sua morte, inclusive quem nunca presenciou uma partida de Garrincha, sabe como os adversários sofriam na frente do Manéco. O nível de dependên-cia do garoto com as pernas em formato de arco era tão grande que depois de um sucesso meteórico no Bota-fogo do Rio de Janeiro, Mané transitou entre altos e baix-os, chegando até a largar um casamento no qual já tinha 8 fi lhos para se aventurar mundo a fora com a cantora Elza Soares, e essa ausência de um lar fi xo, culminou anos mais tarde com a morte por cirrose de um dos maiores gênios da bola que o país já contemplou. Outro que também faceleu pela

doença que acomete o fígado foi Sócrates, o Doutor da democracia corinthiana e que teve papel importantíssimo na época das Diretas Já, movimento que levou o Brasil rumo à democracia, porém Dr. Sócrates teve sorte melhor, talvez a sua graduação em medicina fez com que ele soubesse a hora de parar ou de continuar a bebedeira. Depois de uma carreira que basicamente passou entre Corinthians e Botafogo-SP, ele voltou à profi ssão para qual estudou, mas em 2012 não resistiu à doença.

O outro lado da moeda

Existem atletas que sempre consumiram bebidas alcoólicas e que dizem ser possível

conciliar o esporte com a bebedeira. Um dos mais famosos que faz questão de dizer que toda vez “tomava uma” entre as partidas é Marcos André Batista Santos, o Vampeta, penta campeão mundial com a seleção brasileira de futebol em 2002, ele afi rma que um

copinho de cachaça servia apenas para turbinar a sua atuação em campo. O ex-jogador, que hoje treina a equipe do Grêmio Osasco, recebeu a equipe da AlambiquE no centro de treinamento do clube, na cidade de Osasco e contou muitas histórias de quando ainda era jogador. A que mais chamou a atenção foi que ele aguardava até o intervalo do jogo,

“Sempre tomei minha pin-guinha na folga, isso nunca me prejudicou, e olha que eu me machuquei muito”

(Marcos, ex-goleiro do Palmeiras).

O CASO JOÃO VITOR

Após um período delicado no Palmeiras, depois de atuações irregulares, o atleta João Vitor se envolveu em uma briga com torcedores na porta do clube, foram troca de socos, chutes, e alguns pontapés na porta de sua caminhonete importada. Boletim de ocorrência efetuado, as câmeras de segurança da loja de materiais esportivos do clube provaram versão contrária da defendida pelo jogador, que acusou os torcedores de partirem para agressão. Passado seis meses, o atleta que já estava com a cabeça na guilhotina e era odiado por praticamente toda torcida palestrina, inclusive com as principais organizadas do clube fazendo diversos protestos pedindo seu desligamento, ele chegou atrasado e alcoolizado ao treino, o que causou alvo-roço em toda imprensa. Funcionários do clube denunciaram o fato, e enquanto o atleta não assumiu que era ele quem estava “cheirando a cachaça”, a torcida não sossegou, após esse novo incidente, o atleta participou apenas de mais uma partida, fi cou treinando em separado até chegar o fi m do seu contrato e para alegria da torcida foi dispensado pelo clube.

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quando sabia se era sorteado para o antidoping, caso a resposta fosse negativa ele tomava uma dose de cachaça pura para deixar “vitaminada” sua performance. “Graças a Deus fui sorteado poucas vezes para o exame, era só pra dá uma animada no jogo, volantão, eu tinha que chegar mais junto e a branquinha dava esse animo”, disse o técnico. Outro com histórias engraçadas envolvendo bebidas, inclusive uma delas sobre Vampeta, é Marcos, ex-goleiro e ídolo da torcida do Palmeiras. Segundo o atleta aposentado, uma delas ocorreu durante a comemoração do título mundial pela seleção brasileira enquanto a delegação ainda estava no Japão. Segundo “Marcão”, o grupo se reuniu após a final da Copa e a festa durou mais de 24 horas. Os grupos se revezavam entre um copo de cerveja e outro, porém o único que não saia da roda de pagode, do lado da churrasqueira e do isopor com a loira gelada era Vampeta. “Era uma coisa de louco, eu conversando com o pessoal depois e descobrimos que só o ‘Vamp’ ficou bebendo desde que começou a comemoração, mais de 24 horas sem parar, bebia mais que meu carro véio”, relatou o goleiro. E São Marcos, como é conhecido pela torcida palmeirense, endossa o coro dos que acham que em nada prejudica o consumo. “Sempre tomei minha pinguinha na folga, isso nunca me prejudicou, e olha que eu me machuquei muito. Diante disso, o algo normal para alguns, e o fim para outros através do álcool a AlambiquE conversou com profissionais da medicina e que trabalham diretamente com os esportistas para saber se é possível e ainda se é saudável conciliar o álcool com o futebol. A comissão técnica do Palmeiras foi ouvida e questionada sobre os maiores problemas que eles já enfrentaram no assunto.

Problemas sem fim

O Palmeiras em específico é um clube que frequentemente vem sofrendo com os “jo-gadores-baladeiros”, aqueles que a torcida

jura de pé junto que ficam na gandaia ao invés de se dedicarem ao esporte. Entre esses atletas mais visados estão Vagner Love, Kleber “Gladiador”, Valdívia, Marcos Assunção, Daniel Carvalho e João Vitor. Os casos mais recentes envolveram inclusive agressão física entre torcedor e jogador. Vagner Love trocou tapas com três torcedores em um supermercado da Pompéia, enquanto João Vitor, após incidente parecido na porta do clube, chegou a ir treinar embriagado segundo o departamento médico do clube (entenda melhor o caso no box na página 36). Entretanto está enganado quem pensa que isso é exclusividade do time de Palestra Itália. O Corinthians, que teve Adriano recentemente no elenco, também sofre com críticas de torcedores e imprensa a tempos. Os atletas que vivem ou viviam marcados como beberrões são Emerson Sheik, Vampeta, Gilmar e Jorge Henrique, inclusive dispensado do clube por conta dos excessos. Segundo a imprensa paulista, os torcedores do Palmeiras são os que mais pegam no pé dos atletas, e Valdívia tem sofrido muito com isso. A torcida o chama de “chinelinho”, o porque segundo eles o atleta faz corpo mole nos treinamentos, principalmente durante a recuperação das lesões, que parecem não ter fim, afinal desde que retornou ao clube aconteceram 199 partidas e o atleta esteve presente apenas em 91 delas, ou seja, em pelo menos 50% ele esteve machucado. A marcação da torcida é pesada pelo fato de que, quando o assunto é festa, ele é o primeiro a comparecer. Neste retorno ao clube, pouco mais de 2 anos, foram constadas 13 lesões, o que segundo o fisiologista do clube, Paulo Zogaib é um número altíssimo. Nenhum outro atleta se machucou tanto no período pelos números do departamento médico, o aceitável é que esportistas de alto rendimento tenham uma lesão moderada ou duas leves, que demoram no máximo

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15 dias para recuperação, porém Valdívia passa por outro tipo de problema, que é mais fisiológico, “...ele sofre com o tipo de musculatura, existem três classes diferentes de tecidos que podem compor a estrutura muscular, e a dele é a mais delicada...”, relatou o médico. Zogaib fez questão de frisar que não cabe a ele regrar o habito de cada atleta, que ele propõe o ideal, e cada um faz sua parte, mas também reforça que segundo estudo publicado pela Harvard School of Public Health, entre os efeitos do álcool no organismo o que vale ser destacado é que ele retarda a regeneração em processos de cicatrização muscular assim como óssea. “Claro que as escapadinhas prejudicam, além de perder o foco no tratamento, é o mesmo que usar uma droga que reverte o tratamento”, afirmou o profissional. José Rosan é fisioterapeuta na área esportiva e trabalha no Palmeiras desde 1999, ele disse que para as atividades que ele promove, a única dificuldade é quando atletas chegam na ressaca do dia anterior, pelo fato da desidratação, ou mesmo aquela preguiça costumeira. Já o preparador físico Fabiano Xhá sofre, o papel dele é colocar o jogador em campo pronto e em forma, e quando isso não acontece sua função não foi plenamente concluída, “se o jogador pensasse em calorias, nessa ingestão, talvez ele fosse mais solidário ao meu trabalho, agora vai na churrascaria, bebe a folga toda. Chega no outro dia pesado”, confidenciou Xhá. A reclamação do preparador é de se entender, uma dieta saudável para um atleta é entre 2.400 e 3.000 calorias ao dia, porém só em um rodízio o valor calórico quase 5.000 calorias, associado a isso cada lata de cerveja tem em média 155 calorias, e entre os atletas ouvidos, claro que nenhum quis se identificar, a média de ingestão em folga está em cerca de 12 latas, totalizando mais 1.900 calorias. Juntando com o metabolismo que fica reduzido pelo

organismo, afinal quem trabalha nessa hora é o fígado, aquele mesmo que levou Garrincha e Socrates à morte. Rosan ainda ressalta, não existe problema no consumo, mas o consumo tem que ser consciente, tem que ser com moderação e com limites, não precisa ser todo dia, alcoolismo é doença, e como toda doença pode levar a morte. Não é somente no esporte em âmbito profissional que o álcool está presente, você se lembra daquela cervejinha no clube? Pois é, ela também está inserida nessa questão do bem e do mal, Fabio Pereira da Nóbrega, tem 23 anos, é estudante de tecnologia da informação e trabalha em uma multinacional, e joga futebol todos os domingos, pela manhã, e suas palavras dizem tudo sobre a inserção do álcool no esporte amador. “Cara, é muito bom chegar no campinho (campo society) e ver a galera abrindo cerveja, aquecendo pro bate-bola, da até animo, falta gente, mas não falta a loirinha (cerveja)”. Para o consumidor, bebida deve fazer parte dos momentos de diversão e para lhe trazer o bem estar, a revista AlambiquE é especializada em bebidas alcoólicas justamente para mostrar os dois lados da moeda e provar que quando consumida na quantidade certa, a bebida, seja pinga caseira, seja espumante francês, deve proporcionar as melhores sensações, e quem vai saber a dose ideal é você mesmo, que conhece seu corpo e os seus limites. Consuma com consciência, sabendo que a responsabilidade antes de tudo é sua.

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Fundado em 1948 pelo alemão Henrique Hillebrecht, a ideia surgiu com o propósito de trazer marca a Brahma para o estado de São Paulo que até então

era dominada pela Antártica. Na época a região era considerada ponto da elite na capital, e a então doceria resolveu fechar a parceria e se tornar um bar promovendo os produtos da empresa. Desde então o local fi cou conhecido como bar Brahma.

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Localizado na esquina das avenidas Ipiranga e São João está o bar mais antigo da cidade de São Paulo, que este ano completa 65 anos, o bar Brahma.

O BAR QUE MARCA SAMPA

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Considerado um dos melhores ambientes na década de 50, o Brahma foi frequentado por muitas personalidades, desde políticos a artistas da época, como Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso, Adoniran Barbosa, Ari Barroso entre muitos outros, foi também palco de importantes discussões políticas entre estudantes na década de 60. Em virtude de uma dívida contraída

junto a marca Brahma, em 1997 o então responsável pelo bar, fechou um acordo com a Kaiser, que fez com o bar deixasse de ter o nome de Brahma para ser “São João 677”, o que não durou por muito tempo e o levou à falência neste mesmo ano. Até o ano de 1999 o bar permaneceu fechado, quando houve a ideia de se abrir uma igreja, foi quando na mesma época os empresários Álvaro Aoas e Luís Lacerda negociaram o local para que pudessem reativar o bar mais tradicional da cidade. Após dois anos fechado, o bar já reformado foi reaberto com o mesmo nome e com detalhes da decoração original. “Tivemos o cuidado de salvar as características originais do público

e também do espaço, pois estávamos interferindo num marco histórico da cidade e na memória de milhares de pessoas”, explica Sérgio Pelegrini, arquiteto responsável pela reforma do bar. Com mais de meio século de bar têm muitas histórias para contar. Qual o local mais apropriado para o dono do bar se casar? Foi o que aconteceu com Luis, um dos sócios, hoje casado, lembra-se da emoção

de quando fora noivo, “Ah, é simplesmente maravilhoso, a ideia foi da minha esposa, usamos o salão da parte de baixo, antes da segunda reforma, foi magnífico, o casamento foi com o tema de botequim”, afirmou o noivo. O local se destaca junto aos clientes devido à qualidade e a autenticidade do chopp, conhecido como um dos melhores da cidade é

servido na temperatura considerada ideal para os boêmios de plantão. Com colarinho cremoso é ideal para acompanhar os deliciosos petiscos disponíveis no cardápio. Outra iniciativa muito apreciada

é o resgate e o prestigio a antigos artistas, trazendo-os de volta ao palco do bar todas as semanas, como Cauby Peixoto, Demônios da Garoa e Elza Soares, sem deixar de lado novos nomes da música brasileira como Vanessa da Mata. Apesar da localização estar em uma área que

atualmente é considerada decadente, o local ainda é frequentado pela elite paulistana, e desde sua reinauguração tem buscado ampliar seu publico como no caso do jovem tatuador Santiago de 33 anos

“Tivemos o cuidado de salvar as características originais do público e

também do espaço, pois estávamos interferindo num marco histórico da cidade e na memória de

milhares de pessoas”(Sérgio Pelegrini)

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O BAR BRAHMA PELO BRASIL

Bar Brahma Aeroclube de São Paulo

Localizado dentro do Campo de Marte, no primeiro aeroporto de São Paulo, esta uma das uni-dades do Brahma, inaugurado em 24 de março de 2009.Endereço: Av. Olavo Fontoura, 650 Santana. São Paulo - SPSite: www.barbrahmaaeroclube.com

Bar Brahma Brasília

Inaugurado em 21 de abril de 2009, foi a segunda fi lial do bar a ser aberta. O endereço escolhido é um ponto bem conhecido da capital, no antigo Bar Monumental, local tradicional de Brasília.Endereço: 201 Sul, bloco C, loja 33, Asa Sul - Brasília - DFE-mail: [email protected]

Bar Brahma Curitiba

O único bar do país construído dentro de uma fábrica de cerveja foi inaugurado em 04 de abril de 1999. É a primeira fi liar do bar.Endereço: Av. Pres. Getúlio Vargas, 234 - Curitiba - PRSite: www.barbrahmasul.com.br

“É um local elitizado, com uma infraestrutura espetacular, garçons atenciosos e efi cientes fazem a diferença na hora de pagar mais caro. O clima do bar vem regado por uma ótima música ao vivo e uma gastronomia de literalmente tirar o chapéu, um ambiente agradável e acolhedor”.Entre os “habitué” está o também admirador Thaide, rapper de 48 anos: “com toda certeza, o Bar Brahma é um local histórico onde já tocaram alguns dos grandes nomes da MPB. Eu fi caria muito feliz em me apresentar no Brahma afi nal, nós dois somos fi guras clássicas do cenário musical de Sampa”. É por todos esses diferenciais e os

seus 65 anos de história que o bar Brahma faz parte da bagagem cultural de São Paulo, e mesmo depois de tantos anos de funcionamento, falência, altos e baixos, continua a ser o mais antigo e considerado por muitos o melhor bar de Sampa.

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T rabalho como sommelier desde 2004 e resolvi escrever esta coluna para responder a uma série das cinco

perguntas mais frequentes que já ouvi de meus clientes, amigos e até familiares. Acredito que você já tenha feito pelo menos uma dessas perguntas a alguém. É comum as pessoas quererem sa-ber de onde vêm os melhores vinhos, essa resposta depende do conhecimento, da vivencia e do tempo de taça de quem foi questionado, se for para um profissional especialista em vinho a resposta pode variar de acordo com sua preferência pessoal, fator muito relevante. Mas não ficarei em cima do muro, é indiscutível que a França

possui vinhos famosos e disputados às tapas mundo a fora, como os grandes vinhos de Bordeaux, da Champagne e da Bourgogne. A Itália também tem joias fantásticas como os Barolos, Amarones e Brunellos. Outros países também são importantes como a Alemanha, que fabrica seus vinhos à base da uva Riesling, Portugal, com o Vinho do Porto, e a Espanha com seus tintos potentes e o fortificado Jerez, além dos vários países produtores no mundo. De um modo geral pode-se dizer que para saber de onde vêm os melhores vinhos temos que provar de diferentes origens. Confesso que a dúvida dificilmente vai ser sanada. Minha Dica? Vinho bom é aquele que você

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provou e ele lhe proporcionou prazer e boas sensações, pense sempre a longo prazo e saiba que quanto mais vinhos você provar, mais exigente vai ficar. É possível comprar vinhos bons e baratos? Essa é outra questão muito comum às pessoas que apreciam a bebida. Eu digo que sim! Até pouco tempo atrás era mais difícil devido à falta de conhecimento aliada a poucas opções de compra, de disponibilidade no mercado interno. Sempre houve vinhos de péssima qualidade e com altos preços. Entretanto, atualmente as informações são mais acessíveis e as pessoas podem se aventurar na hora de comprar a bebida, escolhendo as mais variadas marcas e tipos. A concorrência também contribui para o barateamento. E caso o vinho que você compre não possua a qualidade que você deseja, escolha outro e assim por diante. Uma vez um amigo me fez uma pergunta curiosa, disse que um sommelier havia lhe indicado um vinho, que por sinal era “ótimo”, mas que ele não havia gostado e me indagou se ele é que não entendia nada da bebida. Diante desse questionamento eu afirmo que um sommelier tem a função de degustar muitos tipos de vinhos diferentes e uma responsabilidade muito grande, a de indicar as bebidas que agradem ao gosto do cliente. Quando um cliente pede auxilio ao sommelier, ele quer o vinho que lhe agrada de acordo com sua imaginação, podendo ser um vinho macio ou com pouco tanino, um vinho encorpado ou alcoólico etc... Mas o gosto de cada especialista é subjetivo, muitas vezes as pessoas têm vergonha na hora de pedir ou não se expressam bem, acabando por pedir o tipo de bebida que lhe desagrada. Outra possibilidade que não se pode excluir é o despreparo do próprio sommelier, que pode não ter a devida sensibilidade para indicar a melhor

bebida. No fim, o melhor vinho é aquele que gostamos. A quarta curiosidade a ser abordada será a combinação de frutos do mar com vinho tinto. Esta é uma situação em que depende muito do gosto de cada pessoa. É comprovado que um fruto do mar não harmoniza bem com um vinho tinto, principalmente pela quantidade de ferro contida nos tintos, que modifica o sabor do prato. O melhor a se fazer é combinar a refeição com um vinho leve e ligeiramente resfriado, de preferência branco. No entanto, se ainda assim você preferir o vinho tinto vá em frente e seja feliz. Para finalizar, já ouvi muitas pessoas me perguntarem se, na hora de presentear uma mulher, é melhor comprar um vinho leve e mais doce. Eu digo que se você fizer isso terá grandes chances de se complicar. Não aconselho agir desta forma, não é porque são mulheres que vão preferir bebidas leves e doces, muitas apreciam o vinho e conhecem bem os variados tipos da bebida. O gosto pelo vinho não depende do sexo, pense nisso. Por fim, a melhor dica de todas: beba vinho, ele é um importante aliado para ocasiões prazerosas e geralmente inesquecíveis, mas não se esqueça, sempre com moderação.

NELTON FAGUNDES SANTOSSOMMELIER

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