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121 MONTEIRO, R. H. e ROCHA, C. (Orgs.). Anais do V Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual Goiânia-GO: UFG, FAV, 2012 ISSN 2316-6479 ALCEU PENNA E ERTÉ: UMA DIMENSÃO ARTÍSTICA DA ILUSTRAÇÃO DE MODA PARA O CRUZEIRO E HARPER´S BAZAAR Gabriela Ordones Penna [email protected] Pesquisadora independente Resumo O mineiro Alceu Penna (1915-1980) e o franco-russo Romain de Tirtoff (1892-1990) – conhecido como Erté - foram importantes ilustradores do século XX, que compartilharam uma inventividade incomum na criação de ilustrações de moda para O Cruzeiro e Harper´s Bazaar, respectivamente. Eles revolucionaram a moda e o bem-vestir em seus tempos, propondo linhas menos presas às flutuações de estilo e mais em consonância com o espírito criativo e estético dos seus desenhos. Este artigo intenciona trazer à luz os seus caminhos comuns na ilustração de moda, pensando em uma dimensão artística desses trabalhos. Palavras-chave: Erté – Alceu Penna – ilustração de moda - arte Abstract The Brazilian Alceu Penna (1915-1980) and the franc-russian illustrator Romain de Tirtoff (1820- 1990), known as Erté, were important illustrators of the XX century, which shared an uncommon creativity in their fashion illustration for O Cruzeiro and Harper´s Bazaar. They revolucioned the fashion and the elegance in their times, proposing costumes less attached to the styles fluctuations and more in tune with the creative spirit of their drawings. This article intends to investigate their common professional careers in fashion illustration, searching an artistic dimension of the work of these two illustrators. Key words: Erté – Alceu Penna – fashion illustration - art Uma biblioteca que “fala” Estabelecer relações entre a obra do ilustrador brasileiro, nascido em Curvelo – MG, Alceu Penna (1915-1980) e o ilustrador russo radicado na França Romain de Tirtoff (1892-1990), conhecido por Erté podem, à primeira vista, surpreender. Na realidade, eu vislumbrei como o trabalho dos profissionais se entrelaçava no decorrer da minha pesquisa de mestrado. 1 Thereza Penna me recebeu na residência em que dividiu com o irmão no Rio de Janeiro, e lá pude conferir a biblioteca do ilustrador, cuidadosamente preservada. Em meio a livros variados, uma publicação sobre Erté chamou a atenção e me abriu questionamentos acerca das influências que moldaram seu traço. 1 PENNA. Gabriela Ordones. Vamos Garotas! Alceu Penna, moda, corpo e emancipação feminina (1938-1957). Dissertação (mestrado em Moda Cultura e Arte) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2007.

ALCEU PENNA E ERTÉ: UMA DIMENSÃO ARTÍSTICA DA …[email protected] Pesquisadora independente Resumo o mineiro alceu Penna (1915-1980) e o franco-russo romain de tirtoff (1892-1990)

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6479ALCEU PENNA E ERTÉ: UMA DIMENSÃO ARTÍSTICA DA ILUSTRAÇÃO DE

MODA PARA O CRUZEIRO E HARPER´S BAZAAR

Gabriela ordones [email protected]

Pesquisadora independente

Resumoo mineiro alceu Penna (1915-1980) e o franco-russo romain de tirtoff (1892-1990) – conhecido como erté - foram importantes ilustradores do século XX, que compartilharam uma inventividade incomum na criação de ilustrações de moda para O Cruzeiro e Harper´s Bazaar, respectivamente. eles revolucionaram a moda e o bem-vestir em seus tempos, propondo linhas menos presas às flutuações de estilo e mais em consonância com o espírito criativo e estético dos seus desenhos. este artigo intenciona trazer à luz os seus caminhos comuns na ilustração de moda, pensando em uma dimensão artística desses trabalhos.Palavras-chave: erté – alceu Penna – ilustração de moda - arte

Abstractthe Brazilian alceu Penna (1915-1980) and the franc-russian illustrator romain de tirtoff (1820-1990), known as erté, were important illustrators of the XX century, which shared an uncommon creativity in their fashion illustration for O Cruzeiro and Harper´s Bazaar. they revolucioned the fashion and the elegance in their times, proposing costumes less attached to the styles fluctuations and more in tune with the creative spirit of their drawings. this article intends to investigate their common professional careers in fashion illustration, searching an artistic dimension of the work of these two illustrators.Key words: erté – alceu Penna – fashion illustration - art

Uma biblioteca que “fala”

estabelecer relações entre a obra do ilustrador brasileiro, nascido em curvelo – MG, alceu Penna (1915-1980) e o ilustrador russo radicado na França romain de tirtoff (1892-1990), conhecido por erté podem, à primeira vista, surpreender. Na realidade, eu vislumbrei como o trabalho dos profissionais se entrelaçava no decorrer da minha pesquisa de mestrado.1

thereza Penna me recebeu na residência em que dividiu com o irmão no rio de Janeiro, e lá pude conferir a biblioteca do ilustrador, cuidadosamente preservada. em meio a livros variados, uma publicação sobre erté chamou a atenção e me abriu questionamentos acerca das influências que moldaram seu traço.

1 Penna. Gabriela ordones. Vamos Garotas! alceu Penna, moda, corpo e emancipação feminina (1938-1957). Dissertação (mestrado em Moda cultura e arte) - centro Universitário Senac, São Paulo, 2007.

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6479não existem documentos que comprovem essa relação. nesse sentido,

Bonadio (2008), nos traz uma avaliação em que a falta de registros históricos acerca das ilustrações de alceu Penna, não impossibilitam o estudo do seu processo criativo. Há que se pensar que, as ilustrações já são em si registros que nos colocam, de alguma maneira, em contato com seus criadores. Segundo Pareyson (1989, p.56) a obra é muito mais reveladora do que qualquer documento ou confissão ou testemunho direto sobre a vida de seu autor.

além disso, podemos pensar que os livros de alceu Penna não são meros objetos dispostos em uma estante ao acaso. eles possuem uma ligação com o ilustrador, já que foram selecionados e organizados em meio a tantos outros. tal como Merleau-Ponty (2004, p.24) afirma, a nossa relação com as coisas que nos cercam não é distante e, por isso, o homem está investido nas coisas e as coisas estão investidas nele.

alceu Penna e erté vivenciaram reconhecidas carreiras, tanto na imprensa, quanto nos figurinos. Alceu Penna foi um dos principais ilustradores de O Cruzeiro (1928-1980)2 e um pioneiro figurinista para cassinos e peças, como a série teatral escândalos (1950) de Bibi Ferreira e os shows da rhodia têxtil (1960-1970). erté desenhou moda para revistas de prestigio, como La Gazette du bon ton (1912-1925)3, Harper´s Bazaar (1867 -)4 e costumes para shows e teatro como, Folies Bergère, a ópera La traviatta (1935).

Nessa trajetória semelhante nos figurinos e na moda, essa última se destaca ao inaugurar uma nova perspectiva para a ilustração de moda, menos dependente dos modismos e mais em consonância com o espírito criativo de seus desenhos.

Alceu Penna e Erté: os caminhos comuns na ilustração de moda

alceu Penna assinou sugestões de moda para as elegantes durante três décadas (1930 a 1960) na revista O Cruzeiro se tornando referência em moda e estilo. as suas ilustrações de iam de fantasias de carnaval até vestidos para os

2 O Cruzeiro foi a primeira grande revista ilustrada a circular nacionalmente no Brasil. criada pelo empresário visionário Assis Chateaubriand em 1928, sustentava o título de a revista que acompanha o ritmo da vida moderna. Contou com a colaboração de grandes nomes como Monteiro Lobato, Millôr Fernandes, Ziraldo e alceu Penna, sendo considerada a revista da família brasileira.

3 a Gazette du bon ton fundada por Lucian Voguel em 1912 e se tornou uma referência na área das revistas especializadas em moda, conseguindo unir colaborações de forma única entre artistas, costureiros e ilustradores. as maiores maisons de alta costura como redfern, Worth, Poiret, Doucet tinham as suas criações veiculadas exclusivamente na revista, respeitando os mais altos padrões de qualidade.

4 a publicação foi fundada em 1867 pela Hearst co. Grafava-se Harper’s Bazar até 1929, quando passou a ser utilizada Harper’s Bazaar. Se tornou uma revista de grande influência entre as mulheres americanas, principalmente sob a direção de Carmel Snow, que foi editora de 1933 a 1958, período em que a publicação promoveu estilismo, fotografia e ilustração. Atualmente a revista e editada em 27 países e é vendida em mais de 90 países. Em novembro de 2011 foi lançada a primeira edição brasileira.

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6479bailes tradicionais no teatro Municipal-rJ. Uma das seções mais completas a

“Portifólio Modas” era repleta de criações originais do ilustrador e sugestões de modelos de costureiros internacionais.

em vista da demora da chegada das novidades da moda internacional - naquele tempo as noticias do exterior chegavam por agências e com certo atraso - alceu Penna se destacou por suas viagens internacionais, nas quais visitava os ateliês dos costureiros e trazia as novidades para O Cruzeiro5. Seus desenhos eram aguardados e fielmente copiados.

Heloisa Buarque de Holanda relembra seu entusiasmo diante dos desenhos de alceu Penna:

“Alceu Penna era um modelo de comportamento. Sentíamos suas páginas como modernas, atuais, descoladas. eram frases, gestos, formas de olhar e seduzir, as roupas, chapéus, maiôs, fantasias. Ah! As fantasias de carnaval, fielmente copiadas pelas costureiras do bairro...” (BUarQUe, 2006, mimeo)

Erté, também, compartilhou de uma significante trajetória na imprensa desenhando para importantes revistas do período como a Gazette du bon ton e para a norte-americana Harper’s Baazar, esta onde fez a sua carreira mais sólida, contribuindo para a revista por nada menos que doze anos (1915 a 1926).

O sucesso e influência dos desenhos de Erté, assim como os de alceu Penna, provocava uma ansiedade feminina acerca das próximas edições:

“tão populares eram as contribuições pra Harper´s, que as mulheres ansiosamente esperavam cada edição, para verem o que erté estava tramando. Muitas guardaram capas e preservaram a revista em álbuns de recortes.” (BLUM, 1976, p. Vi)

os formatos das colunas de moda de ambos ilustradores possuíam algumas particularidades. É interessante notar que, em ambas, há presença de pequenos textos descritivos. as ilustrações veiculadas nas revistas especializadas preenchiam boa parte da necessidade de muitas mulheres em renovar os seus guarda-roupas, observando muitas vezes restrições financeiras e a limitada oferta de

5 Segundo thereza Penna, irmã e arquivista do ilustrador, alceu Penna custeava a maior parte das viagens internacionais. (informação oral, 2006)

Fig. 01. alceu Penna.

o cruzeiro. editorial

retalhos. 10 julho 1943

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6479roupas prontas no mercado. além disso, colocavam erté e alceu Penna como

árbitros do bem-vestir.em dezembro de 1924 a Harper’s Bazaar anuncia a mais nova criação

de erté, em que a roupa é sugerida para suprir uma necessidade e ocasião específica, no caso, os passeios de carro, a grande novidade dos tempos modernos: “A imaginação de Erté flerta com o prático quando ele cria um casaco para passeios de carro e com detalhes em pele de leopardo”.

No período da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o editorial de Alceu Penna intitulado “retalhos” em 10 de julho de 1943 ensinava as leitoras a usarem a criatividade para enfrentar os tempos de escassez: “a leitora possui retalhos velhos? Sobras de outros vestidos? naturalmente! Pois bem aqui vão idéias para aproveitá-los. São vestidos bonitos modernos e acima de tudo baratos.” (Fig. 01).

outro ponto, também, que chama a atenção nos editoriais do erté e alceu Penna – a cor. a presença e a ausência dela, a maneira de se empregá-la, provocam sensações e alteram a percepção dos leitores em relação ao desenho. Farina (1986) chama a atenção que nas artes visuais a cor não é apenas um elemento decorativo ou estético, ela é fundamento de expressão.

os editoriais de erté eram em preto e branco, menos como uma escolha e mais como uma limitação gráfica do inicio do século XX. Percebe-se um “investimento visual” nos textos, a presença de adjetivações e descrições, em um esforço que convida o leitor a um exercício de imaginação. Se por um lado esse traço é entendido como forma de suprir a falta do detalhamento da cor, por outro realça certa dramaticidade.

Essa característica é percebida no editorial de Erté para Harper’s Baazar em maio de 1924 (Fig. 02):

“Uma faísca brilhante de preto e branco e verde é alcançada pela capa da tarde de crepe chinesa negra associada com um crepe chinês verde e branco. as mangas possuem recortes para mostrar o crepe branco e verde, e crepe branco.”

os editoriais de alceu Penna já eram amplamente coloridos, fruto de um esforço de inovação editorial de O Cruzeiro6. a utilização da cor será um dos pontos mais surpreendentes de seu trabalho, uma vez que ele era daltônico.7

embora muito populares entre os leitores, os modelos sugeridos nos editoriais de moda de alceu Penna não foram comercializados por lojas ou por

6 a revista O Cruzeiro era em sua maior parte em preto e branco, porém as páginas de moda e a coluna “as Garotas” eram coloridas, o que as tornavam, entre outras coisas, uma atração à parte.

7 Segundo thereza Penna, irmã do ilustrador, ela, frequentemente, precisava colocar etiquetas nas tintas usadas por alceu Penna para evitar que ele as confundisse. (informação oral, junho 2006)

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6479ele mesmo, algo condizente com o seu posicionamento de não se considerar um

estilista.8

o caminho de erté nesse sentido foi um pouco diferente, pois as suas criações chegaram a ser comercializadas. Segundo estorick (1976, p.V), após a Primeira Guerra Mundial, erté estabeleceu parcerias por três anos com lojas de departamento sofisticadas nos EUA.

as ilustrações de alceu Penna e erté serviram ao espetáculo e à fantasia, não meramente ao vestir, puro e simples. a obra dois ilustradores causou um grande impacto por onde passaram, alterando as expectativas tradicionais relacionadas à ilustração de moda. ao alargarem os horizontes do ato de desenhar moda, provocam um desejo incontido de pensá-las em uma dimensão artística.

Alceu Penna e Erté: uma dimensão artística da ilustração de moda

Pensar em uma dimensão artística das ilustrações de moda de Alceu Penna e erté é, também, notar o crescente entrelaçamento entre o campo da arte e outras áreas como a fotografia, ilustração e a moda, que refletiram um cenário de sucessivas rupturas que marcariam as artes, a partir da virada do século XiX:

“na virada do século XiX para o século XX, o aparecimento de uma cultura de moda moderna dentro do domínio da alta costura, desenvolvendo-se em estreita conexão com as vanguardas artísticas, levaram um novo ritmo e outra concepção de modo de vida para o universo da moda.” (raMoS, 2006, p. 06).

essa transformação abriu portas para uma aproximação, cada vez maior entre a moda e arte, que se estenderá durante todo o século XX:

a arte não para nunca de fazer eco ao seu contexto, de responder-lhe a distância. É como se buscasse sempre uma cumplicidade para produzir um texto que revele sua razão escondida. Qualquer artefato é seu local de encontro inclusive o vestido. (ceLant, 1999, p.174)

nesse sentido a arte se torna material da moda e vice-versa. Se distanciando de ser apenas vestuário, a moda começa a sair de um confinamento e flertar com o seu redor. Tal como a fotografia, enquanto era apenas uma ferramenta ficava externa e alheia à arte, mas enquanto material ela se mistura com a arte (roUiLLÉ, 2009, p.337).

nesse cenário, cresce a parceria entre ilustradores e criadores de moda, que foi evidenciada pelo alto investimento das revistas especializadas como Vogue,

8 informação oral, julho 2006, thereza Penna.

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6479Gazette du bom ton e Harper’s Bazaar, na contratação de um time estrelado de

ilustradores:

“Muitos do time original da Gazette como Pierre Brissaud, andré Marty, charles Martin, George Barbier and Pierre Mourgue, já estavam trabalhando para Vogue nas três edições (americana, inglesa e francesa), assim como em outras revistas de alto padrão de qualidade.” (BLacKMan, 2007, p.10)

o intenso diálogo entre a moda e a arte refletiu na criação da maior parte dos ilustradores contemporâneos a erté, como George Barbier, Paul iribe e Lepape. as formas geométricas da art Déco marcaram o traço de erté em toda a sua contribuição para a Harper´s Bazaar. capas com barrado de triângulos, vestidos com estampas de círculos sobrepostos, colas e vestidos em forma retangular adornavam mulheres de olhos esfumaçados e joias exuberantes.

a arte brasileira estava presente nos editoriais de alceu Penna, principalmente, naqueles que mostravam elementos típicos do país, como o carnaval e a festa de São João, como a seção Momo de fevereiro de 1962:

“(...) alceu resolveu criar mais uma série de fantasias, o que já é tradição na revista. temos agora 23 modelos para o carnaval de 62. todos bem sugestivos. alguns trazendo nomes evocativos do Rio que ficou nas paisagens a pico de pena de rugendas ou nas imagens de Debret (...)”.

ao contrário dos costureiros, grande parte dos ilustradores, mesmo desfrutando de um reconhecimento do meio profissional, continuava sem gozar de um status de criadores, uma vez que havia certa obediência do impulso criativo dos ilustradores em relação às criações dos costureiros.

Segundo cidreira (2005) a moda enfrentou problemas para alcançar um reconhecimento,

Fig.04. alceu Penna. o cruzeiro. editorial Momo 1962

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6479uma vez que o seu aspecto funcional contrapunha a uma contemplação artística,

assim como a ilustração de moda.É interessante perceber, no entanto, que os desenhos de moda de erté

para a Harper’s Bazaar eram frutos de criações próprias, algo constante ao longo da sua trajetória, diferenciando-se da maioria dos ilustradores do período como Barbier e Lepape, que desenhavam criações de outros designers.9 (BLUM, 1976, p.Viii).

a perseguição pela inovação e a liberdade no vestir podem ser percebidas nas cartas escritas ao editor da revista na edição de março de 1919:

“Você mencionou o tempo em que eu contribuí para a Harper’s Bazar. eu não procurei seguir as tendências de moda, mas dentre as minhas criações cada mulher poderia selecionar algo que a vestisse bem, sem se prender estritamente à moda vigente”. (BLUM, 1976, p. Viii).

alceu Penna experimentou ao longo de sua carreira a criação de modelos próprios e tal como erté, também tentou manter certo discernimento em relação às flutuações da moda, chegando a afirmar que certas coisas não dependem da moda para ser moda10.

Mesmo experimentando essa liberdade, o ilustrador reproduziu modelos de costureiros renomados como Balenciaga, christian Dior. no entanto, esse traço convivia com uma boa dose de nacionalização e inventividade por parte do ilustrador, algo surpreendente, dada a influência estrangeira no país11. os editoriais dedicados a festas típicas do Brasil como o carnaval e o São João eram esperados com entusiasmo pelos leitores. as ilustrações de erté mantiveram a silhueta feminina, mesmo diante da masculinização da moda, a partir de meados dos anos 1920.

no entanto, mesmo erté e alceu Penna tendo se desvencilhado da obediência cega à moda, isso não lhes conferia uma liberdade absoluta em seus fazeres. a ilustração deveria obedecer ainda à sua função primeira, que é ser fonte de informação e inspiração de moda para os leitores. não haveria espaço para algo que fugisse totalmente do imaginário vigente.

tal como na arte, em que é preciso observar a coerência interna de cada obra a ser formada, podemos também pensar nesse sentido em relação às ilustrações de moda. Pareyson (1989, p.61) afirma que o processo artístico é

9 Deve-se fazer apenas uma exceção na carreira de erte quando ele desenhou, brevemente, para Poiret quando era um iniciante.

10 alceu Penna: Dez respostas sobre moda. entrevista concedida à revista Chuvisco, 1960 circa.

11 O Brasil vivenciava influências estrangeiras marcantes na primeira metade do século XX. O modo de vida inspirado no bom gosto francês convivia com a meteórica influência do American Way of Life, marcado pela Política de Boa Vizinhança. Não se pensava em uma moda brasileira nesse período. É algo que vai começar a ser problematizado a partir dos anos 1960, com o grande impulso provocado pelo sucesso dos desfiles-shows da Rhodia Têxtil.

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6479uma mistura harmônica entre fazer e obedecer, liberdade e obediência. assim,

ambos ilustradores, provavelmente, conviviam com o dilema entre a liberdade do impulso criativo e a obediência aos gostos de suas leitoras.

o olhar peculiar dos dois ilustradores em relação à mulher e à moda é condizente com a forma das próprias ilustrações criadas, algo que nos remetem às reflexões de Pareyson (1989, p.62) acerca da inseparabilidade entre forma e conteúdo nas obras de arte.

o traço dos dois ilustradores revelam figuras femininas que parecem sair do papel, como se fossem dotadas de vida. elas inquietam, ao mesmo tempo em que paralisam, convidam a apreciá-las em cada detalhe, como se fossem inesgotáveis. essa inquietude se relaciona com o vazio inerente às imagens artísticas, proposto por Didi-Huberman (1998, p.31), que nos faz procurar eternamente por algo que falta, ou seja, para algo que vai além do visível.

Percebe-se por essas observações, uma espiritualidade, assim como visto nas artes, era traduzida nos seus gestos de formar, sublinhando uma identidade, um estilo relacionado ao traço de cada um: “colocada como um signo da arte, a pessoalidade do artista torna-se ela própria

energia formante, vontade e iniciativa de arte, ou melhor, modo de formar, isso é estilo.” (PareYSon, 1989, p.62)

Ao exibir editoriais de moda peculiares, Alceu Penna influenciou muitas mulheres a olharem com mais apreço os elementos da cultura brasileira e a adotarem um modo de vestir mais moderno, que valorizassem a feminilidade e liberdade, traduzidos em um corpo freqüentemente à mostra: “(...) Se alceu Penna não provocou uma redescoberta do Brasil com seus desenhos – num momento de importação maciça de modelos estrangeiros -, no mínimo chamou atenção para o valor e a beleza do produto nacional. (...)” (caStro, 2007, mimeo)

Fig.05. alceu Penna. o cruzeiro.

editorial carnaval. Fevereiro, 1963.

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6479erté, da mesma forma, incentivou o discernimento em relação à adoção

das modas e disseminou uma feminilidade atemporal. Diana Vreeland, a lendária editora da Vogue américa, reconheceu o trabalho de erté como uma das maiores influências na moda no século XX e seu trabalho para a Harper’s Bazaar uma valiosa contribuição para a humanidade. (eStoricK, 1976, p.V)

É ao perceber o poder de influência dessas obras em relação aos seus espectadores é que podemos entendê-las como dotadas de uma função social, tal como percebida na arte, ao veicular, criar ou legitimar normas, podendo estar, inclusive, à frente da sociedade enfatizando o seu caráter emancipatório, tal como proposto por Jauss (1994, p.51).

erté sugeriu uma revolução futura no vestuário ao propor a roupa unisex:

“Quando e, 1926 ele criou figurinos unisex, ele estava quarenta anos à frente da moda que estava por vir. os homens deveriam parar de se parecerem como garçons em seus trajes de noite, ele alertava há meio século, e assim de fato fizeram.” (ESTORICK: 1979:01).

não se sabe ao certo se alceu Penna e erté tiveram consciência das transformações que estavam operando nos hábitos femininos. tal pensamento nos leva a pensar que, tal como na arte, as suas obras mesmo concebidas e planejadas por eles mesmos, os escaparam, para além de qualquer intencionalidade:

a realização acabada contém acentos, relações e valores que são de responsabilidade exclusiva de sua existência objetiva, não importando se o criador teve consciência de que isto constituiu o resultado de sua criação. (SiMMeL, 2005: 96)

assim, dadas as pistas percorridas até o momento, poderia se questionar se a ilustração de moda pode ser arte ou, pelo menos, se pode ser dotada de dimensão artística. Cidreira (2007, p.86) esclarece que a questão hoje não se trata mais de pensar se moda é arte, mas sim quando ela é.

naturalmente, porque, em meio a tantas produções, somente algumas se destacam e se afirmam como algo singular e inteiro, traços intrínsecos a uma obra de arte, tal como observado por Pareyson (1989, p.30). assim, observando essas reflexões podemos pensar, também, quando a ilustração de moda é arte.

Os editoriais de moda de Erté e Penna eram atípicos se observamos a maioria, pelo fato que se ocupavam mais em criar do que simplesmente seguir tendências ou mesmo reproduzir modelos de outros designers. assim, os ilustradores ao destacarem os seus desenhos de moda dos “usos prosaicos” atribuídos pela sociedade, eles propõem um novo caminho para a ilustração de moda, mais ligada a sua dimensão sensível, estética e, por que não, artística. (VaLVerDe, 2007, p.135)

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6479não é mero acaso que as obras desses dois ilustradores tenham sobrevivido

ao tempo. entretanto, a razão que as tornam “vivas”, é porque convocam o espectador de todas as épocas a contemplá-las na sua existência, observando a cada traçado, a cada escolha de cores, a cada movimento sugerido pelas roupas, toda a sua unidade e singularidade.

em uma dimensão estética, as ilustrações de erté e alceu Penna convidam a serem gozadas “na percepção receptiva”, colocada por Dewey (1974, p.257), já que se realizam menos como representações da moda e mais como espetáculos visuais que falam a todos os nossos sentidos.

Conclusão

alceu Penna e erté consagraram-se ilustrando moda para importantes revistas do século XX. Semelhantes em suas trajetórias, não apenas na imprensa, mas também na criação incessante de figurinos para shows, teatros, óperas e outros. ambos viveram em um momento em que a moda era tudo menos democrática e mesmo assim deram à ilustração de moda novos desdobramentos.

À frente de seus tempos, erté e alceu Penna desenharam mulheres belíssimas em corpos que se movimentavam para além dos limites impostos pela realidade. Perceber as similaridades de suas ilustrações é caminhar para universos particulares e destacados do cotidiano, já que a fantasia parecia ser um imperativo nas suas obras.

olhar para uma ilustração, que transcende a intenção de, simplesmente, mostrar uma roupa, que possui detalhes únicos e singulares, na qual identificamos uma marca invisível do seu criador, é pensar em uma dimensão extraordinária da obra desses ilustradores e na dimensão de artisticidade presente nesses trabalhos.

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HoLLanDa, Heloisa Buarque. texto manuscrito. rio de Janeiro, 2006 (mimeo).

Crédito das ilustrações

Fig. 01. alceu Penna. editorial de moda retalhos. in: O Cruzeiro, 10 julho 1943.

Fig. 02 erté. Harper’s Bazar, março 1923. in: BLUM. Stella. Fashion Drawings and illustrations from Harper’s Bazar. new York: Dover Publications, 1974.

Fig. 03. erté. Harper’s Bazar, dezembro, 1920. in: BLUM. Stella. Fashion Drawings and illustrations from Harper’s Bazar. new York: Dover Publications, 1974.

Fig.04. alceu Penna. editorial de fantasias Momo. in: O Cruzeiro, fevereiro, 1962.

Fig.05. alceu Penna. editorial fantasias. in: O Cruzeiro, fevereiro, 1963.

Minicurrículo

Gabriela ordones Penna é Mestre em Moda, cultura e arte pelo centro Universitário Senac-SP (2007). Sobrinha-neta e pesquisadora da obra do artista gráfico Alceu Penna. Autora do livro “Vamos Garotas! alceu Penna, moda, corpo e emancipação feminina (1938-1957)” (annaBlume: 2010). realizou a pesquisa histórica sobre alceu Penna na exposição “o Brasil na ponta do lápis: Alceu Penna, modas e figurinos” no Senac-SP (2007) e para o museu Memorial da Cultura Mineira Vale em Belo Horizonte (2011).