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ALEXANDRE FONSECA BARROS DETERMINANTES DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO SEGMENTO BANCÁRIO: UM ESTUDO ECONOMÉTRICO SOBRE AS EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO NO PERÍODO DE 2007 A 2014. Varginha MG 2014

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ALEXANDRE FONSECA BARROS

DETERMINANTES DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO

SEGMENTO BANCÁRIO: UM ESTUDO ECONOMÉTRICO SOBRE AS

EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO NO PERÍODO DE 2007 A 2014.

Varginha – MG

2014

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ALEXANDRE FONSECA BARROS

DETERMINANTES DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO

SEGMENTO BANCÁRIO: UM ESTUDO ECONOMÉTRICO SOBRE AS

EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO NO PERÍODO DE 2007 A 2014.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como parte dos requisitos para

conclusão do curso Economia com Ênfase

em Controladoria pela Universidade Federal

de Alfenas – MG.

Orientador: Professor Gabriel Rodrigo

Gomes Pessanha.

Varginha – MG

2014

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ALEXANDRE FONSECA BARROS

DETERMINANTES DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO

SEGMENTO BANCÁRIO: UM ESTUDO ECONOMÉTRICO SOBRE AS

EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO NO PERÍODO DE 2007 A 2014.

A banca examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para conclusão do curso Economia com Ênfase em Controladoria pela Universidade Federal de Alfenas – MG.

Aprovado em:

Prof. Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha

Universidade Federal de Alfenas – campus Varginha Assinatura:_______________

Prof.

Universidade Federal de Alfenas – campus Varginha Assinatura:_______________

Prof.

Universidade Federal de Alfenas – campus Varginha Assinatura:_______________

Varginha – MG

2014

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Dedico a Deus, aos meus pais, namorada e amigos pelo apoio na realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que contribuíram para minha formação e para o

desenvolvimento desse trabalho, em especial:

Ao meus pais pelo apoio, não somente nesta jornada, mas em toda minha vida me

ajudando a superar as limitações que surgiram nessa caminhada.

À minha namorada, Flávia, pela sua compreensão, apoio e motivação durante todo o

curso.

Ao Prof. Gabriel Gomes Pessanha, que sempre se colocou à disposição para auxiliar

no que era preciso. Dedicou seu tempo com compreensão e atenção, auxiliando me

na conclusão deste trabalho.

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RESUMO

As boas práticas de governança corporativa visam transparecer a maneira em que a

empresa é dirigida e controlada, assim como sua responsabilidade perante todos

aqueles que estão envolvidos. Isso resulta em empresas mais competitivas, mercado

financeiro mais desenvolvido, maiores investimentos e desenvolvimento econômico.

Nesse contexto, o objetivo do trabalho é analisar se os resultados das companhias

que possuem capital aberto na bolsa de valores de São Paulo, em específico, o

segmento bancário, impactam nas métricas de governança corporativa adotadas no

Brasil. O trabalho visa contribuir, ainda, com a realidade brasileira na medida em que

denota as diferenças na literatura americana com o cenário vivenciado no Brasil. Para

isso, buscou-se analisar o comportamento do Índice de Governança Corporativa

(IGOV) desenvolvido por Silveira, Barros e Fama (2004) e dos índices desenvolvidos

pela metodologia de Capital, Ativos, Eficiência, Rentabilidade e Liquidez (CAMEL).

Com o intuito de entender a relação que ocorre entre as variáveis o presente trabalho

utilizou-se do uso de ferramentas econométricas, para analisar se existe relação entre

o índice de Governança Corporativa e os índices da metodologia CAMEL, durante o

período de 2007 a 2014. A análise de regressão revelou que 99% das mudanças

ocorridas no IGOV são explicadas pelas variáveis independentes.

Palavras-chave: Governança corporativa. Cenário brasileiro. Setor bancário.

Regressão.

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ABSTRACT

The good corporate governance practices aim to disclose the way in which the

company is directed and controlled as well as its accountability to all those involved

resulting in more competitive and a more developed financial market, leading

investments and greater economic development. In this context, the objective is to

analyze the results of companies with publicly traded on the stock exchanges of São

Paulo, in particular, the banking segment, impacting corporate governance metrics

adopted in Brazil. The work aims to contribute also with the Brazilian reality in so far

as denotes the differences in American literature with the scenario experienced in

Brazil. For this, we sought to analyze the behavior of corporate governance index

(IGOV) developed by Silveira, Barros and Fama (2004) and the indexes developed by

Capital, Assets, Management, Earnings and Liquidity (CAMEL). In order to understand

the relationship that occurs between variables, this study was used econometric tools,

such as the possibility of proof of relationship that may or may not exist between the

content of Corporate Governance and the contents of the CAMEL methodology, during

the period 2007 to 2014. The regression analysis showed that 99% of IGOV changes

are explained by the independent variables.

Keywords: Corporate Governance. Brazilian scenario. Banking segment. Regression.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura genérica de uma sociedade por ação e a função financeira. .... 17

Figura 2 – Os elos do desenvolvimento da tríade mercados-corporações-nações. .. 19

Figura 3 – Impactos macroeconômicos da governança corporativa ......................... 20

Figura 4 – A postura ativa dos proprietários e a regulação legal............................... 23

Figura 5 – Possíveis benefícios externo da governança corporativa sobre as

companhias ............................................................................................................... 24

Figura 6 – Modelo Conceitual Teórico ....................................................................... 33

Gráfico 1 – Comparação entre algumas empresas de grande porte norte

americanas com as brasileiras .................................................................................. 26

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Os fatores determinantes da formação e do desenvolvimento do sistema

capitalista. ................................................................................................................. 20

Quadro 2 – Fatores que influenciaram na manutenção da governança corporativa no

século XX e XXI. ....................................................................................................... 21

Quadro 3 – Principais recomendações sobre governança corporativa ao longo dos

anos no Brasil. ........................................................................................................... 28

Quadro 4 – Comparativo dos Segmentos de Listagem ............................................. 30

Quadro 5 – Alguma das principais ocorrências para o setor bancário brasileiro ....... 32

Quadro 6 – Determinando as hipóteses .................................................................... 35

Quadro 7 – Construção do índice .............................................................................. 37

Quadro 8 – Descrição e metodologia de cálculo das variáveis ................................. 38

Quadro 9 – Construção do índice com os valores utilizados na metodologia. .......... 49

Quadro 10 – Os principais tipos de stakeholders e seus principais objetivos. .......... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Limites de investimento para fundos de pensão ..................................... 27

Tabela 2 – Estatística Descritiva ............................................................................... 40

Tabela 3 – Teste de Colinearidade ........................................................................... 40

Tabela 4 – Matriz de Correlação ............................................................................... 41

Tabela 5 – Modelo Mínimos Quadrados Ordinários .................................................. 41

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABC BRASIL – Arab Banking Corporation Brazil S.A.

ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas

AIM – Mercado de Investimento Alternativo

ALFA INVEST – Banco de Investimentos ALFA S.A.

AMAZONIA – Banco da Amazônia S.A.

AMEC – Associação de Investidores no Mercado de Capitais

BACEN – Banco Central

BANESTES – Banco do Estado do Espírito Santo S.A.

BIC – Banco Industrial e Comercial S.A.

BIS – Bank of International Settlements

BM&FBovespa – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BRASIL – Banco do Brasil S.A.

BRB – Banco de Brasília S.A.

CAMEL – Capital, Asset, Management, Earning and Liquidity

CEO – Chief Executive Officer

CFO – Chief Financial Officer

COSIF – Plano Contábil das Instituições Financeiras

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DAYCOVAL – Banco Daycoval S.A.

FGC – Fundo Garantidor de Crédito

FMI – Fundo Monetário Internacional

FUNCEF – Fundo de Previdência dos Funcionários da Caixa Econômica Federal

GRETL – Software GNU Regression, Econometric and Time-series Library

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IAS GAAP – International Accounting Standards Generally Accepted Accounting

Principles

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IGOV – Índice de Governança Corporativa

INDUSVAL – Banco Indusval & Partners S.A.

IPO – Initial Public Offering

LEI das S.A. – Lei 6.404/76 das Sociedades Anônimas

MERC BRASIL – Banco Mercantil do Brasil S.A.

MERC INVEST – Banco Mercantil de Investimentos S.A.

NASDAQ – National Association of Securities Dealers Automated Quotation

NORD – Banco do Nordeste do Brasil S.A.

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ON – Ações Ordinárias

PARANA – Paraná Banco S.A.

PCAOB – Public Company Accounting Oversight Board

PETROS – Fundo de Pensão dos Funcionários da Petrobrás

PN – Ações Preferenciais

PREVI – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil

PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional

RA – Relatório Anual

SEC – Security Exchange Commission

SOX – Lei Sarbanes-Oxley

SPC – Secretaria de Previdência Complementar

US GAAP – United States Generally Accepted Accounting Principles

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15

2.1 Governança Corporativa .................................................................................. 15

2.2 A Governança Corporativa no Brasil ................................................................ 25

2.3 A Governança Corporativa pela ótica da BM&FBovespa ................................. 29

2.4 Segmento Bancário das Empresas Listadas na Bovespa ................................ 31

3. METODOLOGIA .................................................................................................... 33

3.1. Modelo conceitual teórico e hipótese .............................................................. 33

3.2 Amostra e coleta dos dados ............................................................................. 34

3.3 Tratamento dos dados ..................................................................................... 34

3.3.1 Dados em Painel........................................................................................ 34

4. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................... 40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 44

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1. INTRODUÇÃO

Uma empresa que adota práticas de governança corporativa passa a oferecer

mais garantias de que os gestores estarão exercendo corretamente o seu papel, e,

consequentemente a responsabilidade perante todos aqueles que estão envolvidos,

resultando em empresas mais competitivas e um mercado financeiro mais

desenvolvido atrelados aos objetivos dos investidores de modo a proporcionar maior

capitação de capital e maior desenvolvimento econômico.

Destaca-se a governança corporativa no setor bancário brasileiro devido ao

processo de reestruturação da economia consolidado com o Plano Real que por sua

vez deu início à concentração de mercado atual no segmento. Essa centralização do

segmento bancário ocorreu tanto pela integração dos mercados financeiros quanto

pelo processo de mudanças na legislação brasileira, que buscava fortalecer o

mercado e a economia nacional com entrada de recursos e aumento da oferta de

crédito às organizações gerando forte estímulo aos processos de fusão, aquisição e

consolidação das instituições financeiras privadas, como também, pela privatização

dos bancos de capital estadual. Outro ponto que serviu para nortear o trabalho é a

importância essencial deste setor na economia, já que as crises bancárias decorrentes

ou não do mal posicionamento do gestor perante a governança corporativa pode

desestabilizar a situação econômica e política das nações gerando assim crise

sistêmica.

O Brasil caracteriza se pela concentração acionária por parte de investidores

institucionais distinguindo-se da metodologia adotada em termos de governança

corporativa em países como os Estados Unidos. Houve assim a necessidade de se

criar mecanismos de governança corporativa efetiva e bem estruturada onde as

companhias brasileiras pudessem se nortear.

Este trabalho tem como finalidade observar se os resultados das companhias

que possuem capital aberto na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

(BM&FBovespa), em específico, o segmento bancário, impactam nas métricas

determinam a governança corporativa adotadas no Brasil trazendo mais confiabilidade

aos investidores. Para isso, foi realizado um estudo econométrico com dados

referente ao período de 2007 a 2014, utilizando índices da metodologia de Capital,

Ativos, Eficiência, Rentabilidade e Liquidez (CAMEL) com o intuito de verificar se estas

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influenciam o comportamento do índice de governança corporativa desenvolvido por

Silveira, Fama e Barros (2004).

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Governança Corporativa

Entre os assuntos mais importantes discutidos nos últimos 20 anos, o tema

governança corporativa está entre os principais no que tange a moderna gestão. Para

Rossetti e Andrade (2011) a governança corporativa possui fundamentos sólidos,

definidos a partir de princípios éticos na condução dos negócios e seu

desenvolvimento possui razões macro e microeconômicas. A Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – grupo que reúne as 30 maiores

economias industriais do mundo –, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco

Mundial e até mesmo o G8 - grupo internacional que reúne os sete países mais

industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo: Estados Unidos, Japão,

Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá, mais a Rússia - também acreditam

que a governança corporativa tenha uma base sólida para o crescimento econômico

e para a interação entre os mercados no mundo, reconhecendo que boas práticas

governamentais são essenciais no controle de riscos em investimentos de empresas

que possuem capital aberto.

Rossetti e Andrade (2011) ainda destacam:

A governança corporativa é um dos mais novos e importantes pilares da arquitetura econômica global¹, e, A governança corporativa é um dos instrumentos determinantes do desenvolvimento sustentável, em suas três dimensões – a econômica, a ambiental e a social². 1 (Internacional Corporate Governance Network. Annual Conference. Frankfurt, 1998); 2 (OECD. Guidelines for multinacional enterprises: anual report. Paris: OECD, 2001).

Para Fontes Filho (2009) essa questão adquiriu força a partir de 2001, devido

aos escândalos que ocorreram nos Estados Unidos particularmente pelos casos da

Enron, da WorldCom e da Parmalat por aqueles que administravam empresas de

maneira fraudulenta. Assim, ao estabelecer procedimentos para melhorar a

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governança dentro das empresas, sucedeu uma disseminação do assunto com maior

intensidade para a Europa e nos anos 90 para o Brasil.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), essa

discussão surgiu da necessidade em superar o conflito entre os acionistas e os

gestores empresariais. A deficiência de um conselho especializado e a não

implementação de práticas sobre governança corporativa estava levando as

empresas a cometerem abusos de poder, erros estratégicos e fraudes. A fim de não

perderem a confiança dos investidores, algumas regras foram utilizadas, como,

sistemas regulatórios; leis de proteção ao acionista; conselho de administração

interessado nas pretensões dos shareholder;1 auditoria independente, e a uma maior

transparência nas informações. (IBCG, 2009).

Almeida et. al. (2010) explicam que a Governança Corporativa coloca em pauta

questões relevantes, como o papel do Conselho de Administração no estabelecimento

de normas de conduta e define responsabilidades por meio dos mecanismos de

monitoramento e controle. O objetivo da governança é proteger os acionistas e os

credores, de forma a assegurar que eles não sejam expropriados pelos agentes da

organização.

Assaf Neto (2009) complementa de forma a retratar a governança como um

meio de transparecer a maneira que a empresa é dirigida e controlada assim como

sua responsabilidade perante todos aqueles que estão envolvidos. Para ele a auditoria

interna se torna indispensável para a empresa, pois é a partir dela que serão evitadas

fraudes nos relatórios contábeis da empresa. Nos Estados Unidos o comitê de

auditoria interno é obrigatório para todas as empresas que possuem capital aberto, já

no Brasil, de acordo com o Banco Central (BACEN), essa obrigatoriedade se dá

apenas para instituições financeiras, porém cada vez mais a Comissão de Valores

Mobiliários (CVM) e o IBCG vêm destacando esta importância para as empresas

brasileiras.

Apesar do reconhecimento da importância na gestão dos negócios, Rosseti e

Andrade (2011) discorrem que o tema não esteja bem difundido no mundo corporativo

por três motivos:

1 Detalhado em ANEXO A – Os principais tipos de stakeholders e seus objetivos. ROSSETTI, J. P., ANDRADE, A. Governança Corporativa: Fundamentos, Desenvolvimento e Tendências. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2011.

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1. Pelo fato da expressão ainda ser recente - uma vez que o primeiro

código de melhores práticas de governança corporativa – o Cadbury Reporty –

ocorreu em 1992 na Inglaterra. Fontes Filho (2009) complementa ao articular

que essa proposta foi constituída pelo Banco da Inglaterra com participação da

Bolsa de Valores Inglesa e do Conselho de Contadores, a fim de melhorar o

controle de prestação de contas e nas funções dos auditores. Posteriormente em

1995 foi instituído o primeiro livro editado com esse título – Corporate

Governance, de R.Monks e N.Minow, e a primeira iniciativa do organismo

multilateral OCDE com a edição do Principles of corporate governance em 1999.

2. Pela sua amplitude - já que pode ser descrito entre diversos âmbitos,

desde as que regulamentam os direitos societários aos que enfatizam os direitos

financeiros e gerenciais.

3. Pela diversidade de modelos - tipos de determinantes institucionais

para diferentes localidades ao redor do mundo, podendo restringir direitos para

os acionistas ou os stakeholders2, mas principalmente entre a diferença entre

sociedades de capital aberta, fechada, privadas ou estatais.

Silva e Leal (2005) ressaltam que o conceito de governança corporativa não se

restringe apenas às empresas que possuem capital aberto, mas se aplica a todas as

empresas que buscam uma relação de transparência e confiança com as partes com

que mantêm algum relacionamento. Assim, a governança corporativa se torna um

conjunto de práticas e processos formais de supervisão da gestão executiva de uma

empresa que visa proteger os interesses dos acionistas.

Gitman (2010) retrata a estrutura típica de governança corporativa, conforme a

Figura 1, onde os acionistas elegem um conselho administrativo, que por sua vez

contratam um gestor profissional para gerir a empresa atendendo aos interesses,

metas e planos dos acionistas.

Figura 1 – Estrutura genérica de uma sociedade por ação e a função financeira.

2 Detalhado em ANEXO A – Os principais tipos de stakeholders e seus objetivos. Op. Cit.

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Fonte: Gitman (2010). Nota: Os títulos exatos e a organização diferem de uma empresa para outra.

Em uma forma de se averiguar isso Fontes Filho et al. (2009) evidencia a

estrutura de gestão vinculada ao corpo executivo da organização, que denota a

importância das decisões no papel do executivo principal, assim a governança

corporativa trata a empresa pelas perspectivas dos proprietários ou financiadores.

O Anexo B, ao final do trabalho, relaciona os 8 “Ps" da governança corporativa

de modo a destacar a relação entre Propriedade, Princípios, Propósitos, Papéis,

Poder, Práticas, Perenidade e Pessoas constituído como questões essenciais para o

desenvolvimento e bom funcionamento da governança corporativa dentro das

organizações.

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Segundo Srour (2005) o mau funcionamento do mercado de capitais ocorre

devido à falta de transparência das firmas e por meio de políticas que vão de encontro

com o interesse dos acionistas, o que ocasiona graves implicações para o mercado,

já que muitas companhias acabam perdendo credibilidade e consecutivamente não

haverá financiamento por parte dos investidores.

Rossetti e Andrade (2011) destacam, na Figura 2, a razão essencial do

interesse da OCDE pelas melhores práticas de governança corporativa no mundo por

meio da ligação entre mercados, corporações e nações.

Figura 2 – Os elos do desenvolvimento da tríade mercados-corporações-nações.

Fonte: Rosseti e Andrade (2011).

Silveira (2010) completa que o resultado dessa implementação resultaria em

empresas competitivas e um mercado financeiro mais desenvolvido, ocasionando

investimentos e maior desenvolvimento econômico, como visto na Figura 3.

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Figura 3 – Impactos macroeconômicos da governança corporativa

Fonte: Silveira (2010)

Rossetti e Andrade (2011) destacam alguns fatores que serviram como base

de desenvolvimento da governança corporativa ao longo do tempo.

Quadro 1 – Os fatores determinantes da formação e do desenvolvimento do sistema capitalista.

Século XVI

e XVII

A sanção da ética calvinista A conciliação da diligência empreendedora com a vida espiritual. A boa origem e o bom uso da riqueza.

Século

XVIII

A doutrina liberal A “mão invisível” do mercado. A liberdade de empreender. A acumulação privada.

A revolução Industrial Os novos modos de produção. As mudanças dramáticas nos bens de capital.

Século XIX

As grandes escalas A produção em série. O crescimento vertiginoso dos volumes de produção.

A ascensão do capital A migração do poder para o capital. A emersão de nova classe dominante.

Século XX

A institucionalização da sociedade anônima. O crash do mercado 1929-1933, o desenvolvimento da

macroeconomia e a revisão das funções do Estado. O agigantamento das corporações e o divórcio propriedade-

gestão. O desenvolvimento da ciência da administração.

Fonte: Rossetti e Andrade (2011).

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Silveira (2010) ressalta os últimos acontecimentos referenciando o trabalho de

Becht, Bolton e Röell (2002), e completa, destacando dois sistemas falhos que

impulsionaram a crise financeira de 2008:

Quadro 2 – Fatores que influenciaram no desenvolvimento da governança corporativa no século XX e XXI.

Século XX

e XXI

Mudança de posicionamento dos investidores perante os executivos e acionistas controladores, os tornando mais participativos.

A utilização crescente de mecanismos anti-takeover. Onda de privatizações. Crescimento do mercado acionário e a integralização do mercado

de capitais pelo mundo. Crises nos mercados emergentes. Escândalos fraudulentos nos EUA e Europa. Crise financeira global de 2008:

Sistema de remuneração financeira dos executivos. Falhas dos conselhos de administração perante os riscos.

Fonte: Becht, Bolton e Röell (2002).

Segundo Assaf Neto (2009) a quebra de grandes empresas abala sua

credibilidade em todo o mundo. Para minimizar esses acontecimentos foi instaurada

em 2002 a lei conhecida como Sarbanes-Oxley (SOX), criado por Paul S. Sarbanes e

Michael Oxley. Esta torna bons princípios de governança corporativa, obrigatório para

todas as empresas dos Estados Unidos, em 2005 essa lei ampliou-se para todas

aquelas que possuíam capital aberto no mercado financeiro dos EUA. O objetivo da

SOX era inibir qualquer prática que possa ser maléfica aos interesses dos acionistas,

e um de seus pontos mais importantes foi à criação de uma agência federal, Public

Company Accounting Oversight Board (PCAOB) com supervisão da Security

Exchange Commission (SEC) chamada pelo autor de CVM dos EUA. Essa lei também

se aplica as empresas brasileiras que possuem ações no mercado de capitais dos

Estados Unidos.

Becht, Bolton e Röell (2002) relatam que de acordo com a nova lei os CEOs

que forem encontrados manipulando resultados para benefício próprio iria enfrentar

penas severas de prisão. Essa legislação impõe que o auditor seja estritamente

limitado em suas atividades de consultoria dentro da empresa, e que essa auditoria

será agora selecionada por um comitê de auditoria composto inteiramente por

conselheiros independentes sendo fiscalizado pelo PCAOB e para reduzir o risco de

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conflito entre auditor e firma, o chefe de contabilidade deve ser substituído a cada

cinco anos.

Vale destacar uma publicação de Silveira (2006) que exemplifica o caso da

empresa Peach Holding, já que optou por abrir seu capital no Mercado de Investimento

Alternativo (AIM) em Londres totalizando um gasto de US$ 500 mil, incluindo US$

7.600 de taxas para a bolsa, porém caso ela preferisse realizar seu Initial Public

Offering (IPO) – sigla conhecida mundialmente pela abertura de capital da empresa –

teriam que desembolsar cerca de US$ 2 milhões para adequação às exigências da

SOX, além de mais US$ 100 mil para cobrir as taxas à National Association of

Securities Dealers Automated Quotation (NASDAQ). Diante disso as bolsas europeias

estão se tornando novos centros de negociação de empresas globais.

Gitman (2010) relata que são esperadas mudanças que simplifique as

exigências da SOX, uma vez que sua implementação impôs um enorme ônus

financeiro às empresas que pretendem aderir às regras e para as que já aderiram,

gerando muita discussão entre empresas e reguladores.

Na Figura 4 destaca-se que nas corporações bem governadas os interesses

públicos e privados são bem harmonizados, melhorando seu desempenho, gerando

assim, maiores retornos (ROSSETI e ANDRADE, 2011).

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Figura 4 – A postura ativa dos proprietários e a regulação legal.

Fonte: (Monks, Robert A.G. The emperor’s noghtingale. Oxford: Capstone, 1998. Apud Rosseti; Andrade, 2011)

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Esse pensamento é reforçado por meio do conjunto de mecanismos de

incentivo e controle que visam a assegurar que as decisões sejam tomadas em linha

com os objetivos de longo prazo das organizações (BM&FBOVESPA, 2014).

Para Silveira (2010) há dois benefícios ao se tratar de governança, os

benefícios externos e internos. Algumas empresas podem usar dessa governança

como forma de se diferenciar das demais, assim o tornando mais atraente para os

investidores, facilitando a captação de recursos e a redução do custo de capital. Já os

benefícios internos estariam ligados ao aprimoramento do processo decisório na

gestão que melhoram as perspectivas de fluxo de caixa, apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Possíveis benefícios externo da governança corporativa sobre as companhias

Fonte: Silveira (2006, apud Silveira 2010).

Algumas características descritas por Rossetti e Andrade (2011) podem ser

destacadas, sendo elas: não há necessidade de existir um modelo único de

governança corporativa, podendo ser encontrados elementos comuns que dão

suporte às melhores práticas, mas cada país precisará adequar as suas situações

culturais, jurídicas e econômicas. Os governos também devem proporcionar

flexibilidade para que os mercados funcionem de maneira eficaz e atendam aos

interesses dos acionistas e aos demais interessados e devem ser levados em conta

os custos e os benefícios de sua regulamentação. Seus princípios são de natureza

evolutiva e devem ser revistos constantemente.

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25

2.2 A Governança Corporativa no Brasil

A primeira entidade brasileira a regulamentar esse propósito foi o IBCG,

lançando em 1999, o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança

Corporativa. A conduta proposta no documento está alinhada as práticas da SOX,

trazendo informações sobre o conselho de administração e sua conduta esperada.

Em sua última versão destacam-se também os princípios como gestão, auditoria

independente, conselho fiscal e a conduta e os conflitos de interesses. O instituto

ainda ressalta que apensar do aprofundamento sobre o tema governança corporativa

e da pressão à adoção as boas práticas, o Brasil se caracteriza na concentração

acionária por parte de investidores institucionais - seguradoras, fundos de pensão e

fundos de investimentos, entre outros -, na baixa efetividade dos conselhos de

administração e ainda sobre a propriedade e gestão, demandando assim um alto

aperfeiçoamento no que tange a governança corporativa (IBCG, 2009).

A recente evolução da economia brasileira, principalmente pelo que tange o

mercado de capitais, a quantidade recorde de IPO’s e emissões de ações,

investimentos estrangeiros, fusões e aquisições e internacionalização dentre outros,

exigem e reforçam a necessidade de se fomentar uma Governança Corporativa

efetiva e bem estruturada, já que em alguns casos a falta de requisitos mínimos de

Governança Corporativa impede que algumas empresas consigam tirar melhor

proveito da economia e do mercado de capitais no Brasil (IBCG e Booz & Company,

2009).

Silveira (2010) levanta um ponto muito importante quando adverte que o tema

governança corporativa tem como principal aspecto ser elaborada pela ótica norte

americana, assim, é necessário diferenciar os problemas que lá ocorrem com os do

Brasil. Lá a maior parte das companhias de grande porte apresentam uma grande

dispersão em sua base acionária, já as brasileiras possuem a presença marcante de

um acionista controlador, atuando como executivo principal da empresa ou agindo por

indicação de alguém de confiança, ocasionando conflitos entre o acionário controlador

e os demais acionários minoritários, conforme o Gráfico 1.

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Gráfico 1 – Comparação entre algumas empresas de grande porte norte americanas com as brasileiras

Fonte: Silveira (2010)

Essa discrepância relatada no Gráfico 1, pode ser entendida ao analisar os

estudos de Lustosa e Leal (2004) já que destacam os fundos de pensão, uma vez

que, estes representam uma classe importante de investidores atuantes no Brasil. A

entrada desses fundos de pensão foram estabelecidas por meio do acordo de

acionistas promovendo alguns direitos aos fundos, tais como a nomeação de

membros do conselho de administração, possibilitando maiores práticas de

governança nas empresas atuando de forma mais ativa com presença nos conselhos

de administração e fiscalização das companhias ao qual o dinheiro é investido.

Almeida et. al. (2010) complementam ao destacar os processos de

privatizações, fusões e aquisições e o crescimento dos fundos de pensão, que por

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sua vez, contribuem para os estudos da governança das corporações. Todo esse

processo tem impactado e promovido mudanças nas legislações de diversos países.

Oliveira (2009) relata em seus estudos que no Brasil cerca de 50% do total de

ativos de investimento é representado pelos três maiores fundos de pensão

brasileiros, o Fundo de Pensão dos Funcionários da Petrobrás (PETROS), o Caixa

de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (PREVI) e o Fundo de

Previdência dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (FUNCEF) sendo

regulamentados pela SPC (Secretaria de Previdência Complementar) possuindo

metas e restrições de investimentos em renda fixa, renda variável e imobiliários, além

de estarem sujeitos às regulamentações do mercado financeiro, principalmente da

CVM.

Silveira (2010) destaca o aumento dos limites de investimentos dos fundos de

pensão em segmentos mais comprometidos com a governança corporativa, ou seja

permite uma alocação de recursos maior para mercados mais “eficientes”, conforme

a Tabela 1.

Tabela 1 – Limites de investimento para fundos de pensão

Segmento de listagem na Bovespa Planos de Benefício definido ou de contribuição

definida

Novo Mercado 70%

Nível 2 60%

Bovespa Mais 50%

Nível 1 45%

Segmento Tradicional 35%

Fonte: Silveira (2010)

Todavia, o relatório da OECD (2012) levanta informações importantes tal que

se torne imprescindível o governo brasileiro definir parâmetros e limites do interesse

público em empresas estatais, visto que intervenções no mercado não estão gerando

credibilidade para o setor, já que o torna incerto. A CVM e a BM&FBovespa procuram

coordenar melhor suas diretrizes, em contra partida, o IBGC e a Associação de

Investidores no Mercado de Capitais (AMEC) acreditam que ainda há uma falta de

clareza sobre o alcances das exigências e esperam que tanto o governo quanto as

empresas estabeleçam regras mais claras e transparentes como forma de garantir

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maior proteção aos investidores e criar ambiente favorável ao alinhamento de

interesses. Para Silveira (2010) o Brasil tem um desafio fundamental em orientar as

empresas para que busquem aperfeiçoar suas práticas de governança corporativa a

fim de suas decisões tornarem-se as melhores para o interesse dos acionistas.

De certo modo, diversos tentativas estão sendo implementadas ao longo dos

anos pelas instituições brasileiras com o intuito de minimizar a assimetria de

informação. Desse modo podemos destacar o Quadro 3, pois exemplifica uma série

de documentos que buscam contribuir com o tema de alguma maneira, visando

orientar sobre as questões que afetam o relacionamento entre empresa e investidores.

Quadro 3 – Principais recomendações sobre governança corporativa ao longo dos anos no Brasil.

Cartilha CVM, 2002

Com a publicação desta cartilha, a CVM busca estimular o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro por meio da divulgação de práticas de boa governança corporativa. Para os investidores, a análise das práticas de governança auxilia na decisão de investimento, pois a governança determina o nível e as formas de atuação que estes podem ter na companhia, possibilitando-lhes exercer influência no desempenho da mesma.

PETROS, 2002

Foi elaborado o Manual de Governança dos Investimentos Petros buscando constantemente instrumentos que estimulem boas práticas de governança corporativa nas empresas em que tem participação, como, por exemplo: indicação de Conselheiros independentes e bem informados, transparência nos processos de gestão e prestação de contas dos administradores das empresas. (Petros, 2002).

BNDES, 2004

A reformulação da Lei das S.A., a partir de 2001, foi um importante marco para que o mercado de capitais brasileiro iniciasse os primeiros passos na prática de políticas de boa governança. Durante muito tempo os acionistas brasileiros, institucionais ou não, posicionaram-se fora da gestão da empresa, o que induzia a uma administração pouco transparente e que muitas vezes não objetivava a maximização dos resultados da empresa a longo prazo.

FUNCEF, 2005

O Manual de Governança Corporativa tem como objetivo consolidar os preceitos e normas voltados às melhores práticas de governança corporativa, servindo de suporte no âmbito do relacionamento societário das participações relevantes, da Fundação dos Economiários Federais (FUNCEF).

ABRASCA, 2011

Código foi elaborado com base nas melhores práticas de governança corporativa existentes no Brasil e no exterior. A ABRASCA seguiu um modelo de regulação baseada em princípios, ao invés de regras detalhadas, tendência já incorporada pelas normas de contabilidade internacionais, de forma a buscar, mais que o mero cumprimento de aspectos formais, a observância da essência da regulação.

PREVI, 2012

A PREVI entende que o aperfeiçoamento das práticas de governança é um processo contínuo que envolve diversos agentes do mercado tais como: empresas, investidores, reguladores e conselheiros. Como investidor institucional, que atua ora como acionista controlador, ora como acionista minoritário, a PREVI tem consciência do seu papel no desenvolvimento econômico e social do Brasil e da sua relevância no aperfeiçoamento das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras.

IBCG, 2013

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa tem como propósito ser referência em Governança Corporativa, contribuindo para o desempenho sustentável das organizações e influenciando os agentes a promoverem maior transparência, justiça e responsabilidade. Dessa forma divulga o Código

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das Melhores Práticas de Governança Corporativa, que contém uma série de práticas derivadas dos valores e princípios que o Instituto adota como mentores de sua atividade.

BM&FBovespa, 2014

A BM&FBOVESPA acredita que boas práticas de governança corporativa requerem contínuo aprimoramento. O Conselho, em seu papel de guardião da governança, promove e estimula a contínua avaliação de seu modelo e processos, pois entende que a adoção de boas práticas gera valor para todas as suas partes interessadas e permite a sustentabilidade e perpetuação de sua atividade que tem papel fundamental no mercado de capitais.

Fonte: Elaborado pelo autor (2014).

Em pronunciamento do então Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles,

no evento “Boa Governança no Sistema Financeiro Nacional” (2008) ressaltou que ao

contrário das economias mais maduras, que possuem participações acionárias mais

fragmentadas, no Brasil a propriedade e o controle ainda não são tão separados.

Assim, a estrutura de propriedade ainda é caracterizada por alta concentração das

ações com direito a voto, sedimentando empresas de controle familiar ou controladas

por um grupo restrito de investidores, pela sobreposição entre propriedade e gestão e

por acionistas minoritários pouco ativos. Porém destaca que a crescente maturidade

empresarial pelo que o país enfrentou, permitiram que houvesse um avanço

significativo nos últimos anos em direção às melhores práticas de governança,

convergindo gradualmente para o padrão das economias mais avançadas.

2.3 A Governança Corporativa pela ótica da BM&FBovespa

Devido às mudanças ocorridas no mercado por meio da abertura do mercado

nacional, houve a necessidade de se criar mecanismos de governança corporativa

onde as companhias pudessem se nortear. Assim, a BM&FBovespa criou em 2000,

novos segmentos de listagem para as empresas listadas na bolsa, chamados de Novo

Mercado e Níveis Diferenciados de Governança Corporativa 1 e 2, estabelecendo por

meio de adesão espontânea das companhias, níveis de condutas e normas para suas

negociações (BM&FBOVESPA, 2006).

Outro segmento importante é chamado de Bovespa Mais e tem por finalidade

englobar aquelas empresas com potencial de crescimento e que desejam ingressar

no mercado de capitais de forma gradativa, por acreditarem na ampliação gradual da

base acionária como caminho para o desenvolvimento mais adequado à sua realidade

(BM&FBOVESPA, 20--a).

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O Nível 1 e Nível 2 – são segmentos especiais de listagem desenvolvidos com

o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo

tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias

(BM&FBOVESPA, 20--b).

A principal diferença entre o Novo Mercado e o Nível 2 refere-se à emissão de

ações preferenciais. Enquanto as empresas do Novo Mercado só possuem ações

ordinárias, as empresas do Nível 2 têm ações preferenciais, muito embora os titulares

dessas ações preferenciais tenham direito de voto em algumas matérias específicas

(BM&FBOVESPA, 20--c).

Embora tenham fundamentos semelhantes, o Novo Mercado é direcionado

principalmente à listagem de empresas que venham a abrir capital, enquanto os Níveis

Diferenciados 1 e 2 destinam-se a empresas que já possuem ações negociadas na

atual Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA, 20--d).

Quadro 4 – Comparativo dos Segmentos de Listagem

BOVESPA MAIS NOVO

MERCADO NÍVEL 2 NÍVEL 1 TRADICIONAL

(a partir de 23/5/2014)

Características das Ações Emitidas

Permite a existência somente de ações ON

Permite a existência de

ações ON e PN (com direitos adicionais)

Permite a existência de ações ON e

PN (conforme legislação)

Permite a existência de ações ON e PN

(conforme legislação)

Percentual Mínimo de Ações em

Circulação (free float)

25% de free float até o 7º

ano de listagem No mínimo 25% de free float Não há regra

Distribuições públicas de ações

Não há regra Esforços de dispersão acionária Não há regra

Vedação a disposições

estatutárias (a partir de 10/05/2011)

Quórum qualificado e "cláusulas pétreas"

Limitação de voto inferior a 5% do capital, quórum qualificado e

"cláusulas pétreas” Não há regra

Composição do Conselho de

Administração

Mínimo de 3 membros (conforme legislação)

Mínimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem

ser independentes com mandato unificado de até 2

anos

Mínimo de 3 membros (conforme legislação)

Vedação à acumulação de

cargos (a partir de 10/05/2011)

Não há regra Presidente do conselho e diretor presidente ou

principal executivo pela mesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão)

Não há regra

Obrigação do Conselho de

Administração (a partir de 10/05/2011)

Não há regra Manifestação sobre qualquer oferta pública de aquisição de

ações da companhia Não há regra

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Demonstrações Financeiras

Conforme legislação

Traduzidas para o inglês Conforme legislação

Reunião pública anual

Facultativa Obrigatória Facultativa

Calendário de eventos corporativos

Obrigatório Facultativo

Divulgação adicional de informações (a

partir de 10/05/2011)

Política de negociação de

valores mobiliários

Política de negociação de valores mobiliários e código de conduta

Não há regra

Concessão de Tag Along

100% para ações ON 100% para ações ON e PN (a partir

de 10/5/2011)

80% para ações ON (conforme legislação)

Oferta pública de aquisição de ações

no mínimo pelo valor econômico

Obrigatoriedade em caso de cancelamento de registro ou saída do segmento

Conforme legislação

Adesão à Câmara de Arbitragem do

Mercado Obrigatório Facultativo

Fonte: BM&FBovespa, 2014.

2.4 Segmento Bancário das Empresas Listadas na Bovespa

Camargo (2009) discorre sobre o processo de reestruturação da economia

brasileira consolidado com o Plano Real, já que possibilitou ao Brasil reforçar seu

sistema financeiro. Em contrapartida, deu-se início à concentração atual observada

no segmento, tanto pela integração dos mercados financeiros quanto pelo processo

de globalização do setor financeiro brasileiro nas últimas duas décadas.

Para Santos (2005) a concentração das operações em poucos bancos ocorre,

em parte, das mudanças na legislação brasileira, que buscava fortalecer o mercado e

a economia brasileira com entrada de recursos e aumento da oferta de crédito às

organizações gerando forte incentivo aos processos de fusão, aquisição e

consolidação das instituições financeiras privadas, como também, pela privatização

dos bancos de capital estadual.

Dentre os acontecimentos na legislação bancária ao longo dos anos, podemos

destacar as principais, relatadas no Quadro 5, que mostra a evolução das melhores

práticas de gerenciamento perante as crises ocorridas no período.

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Quadro 5 – Alguma das principais ocorrências para o setor bancário brasileiro

Ano

1994

Adesão ao Acordo da Basiléia I: O Bank of International Settlements (BIS), estabeleceu os limites mínimos para a constituição de um banco e o limite mínimo de

patrimônio líquido 8% dos ativos ponderados pelo risco (BC, 2014a).

1995

Criação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional (PROER) com a finalidade de recuperar instituições financeiras

em risco de insolvência (BC, 2014b).

1995 Criação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com garantia de até R$ 20 Mil por

titular (FGC, 2014).

2004 Acordo de Basiléia II: três pilares: Requerimento de Capital, Supervisão,

Transparência e Disciplina de Mercado (BC, 2014a).

2006 Elevada a cobertura do FGC para R$ 70.000,00 (FGC, 2014).

2010

Acordo de Basiléia III: Os bancos terão que triplicar o total de suas reservas de

proteção contra uma futura crise passando a 7 %. Já a existência mínima de capital

passou de 8% para 10,5% (BC, 2014a).

2013 Elevada a cobertura do FGC para R$ 250.000,00 (FGC, 2014).

Fonte: Elaborada pelo autor (2014)

Coimbra (2011) destaca a atual crise do subprime – 2007 e suas implicações

nas empresas brasileiras de capital aberto levando investidores a questionar a real

competência dos múltiplos agentes envolvidos com governança corporativa, em

especial conselheiros de administração e membros de comitês de auditoria, para

avaliar corretamente os riscos a que as empresas estavam expostas.

Já Fortuna (2007) apresenta uma ênfase especial para à governança do

sistema bancário, tanto público como privado, não só pela sua importância mas

também pela sua complexidade em padrões de governança. Adicionalmente, relata

que o ônus proveniente de uma governança fraca no sistema bancário possui efeitos

muito mais severos do que em outros setores da economia já que as instituições

financeiras são utilizadas como meio de circulação da riqueza das famílias e no caso

de uma quebra poderiam induzir enormes custos sistêmicos e sociais.

Nos capítulos anteriores foi realizado uma contextualização referente a

governança corporativa no Brasil e no mundo ressaltando suas principais

características e diferenças e para analisar um dos principais segmentos das

companhias de capital aberto no país procurou-se destacar a governança corporativa

no setor bancário brasileiro e suas implicações, já que possuem um papel essencial

na economia, pois, quando os bancos são eficientes, estimulam o crescimento da

produtividade da economia como um todo, por outro lado, as crises bancárias podem

desestabilizar a situação econômica e política das nações gerando crise sistêmica.

Nesse sentido não foi dado respectivo aprofundamento em determinados assuntos

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com o intuito de não fugir do escopo do trabalho. Nas próximas seções serão

abordadas, respectivamente, a parte metodológica e os resultados.

3. METODOLOGIA

3.1. Modelo conceitual teórico e hipótese

A análise quantitativa foi o método de pesquisa utilizado na realização deste

trabalho. Essa análise tem como finalidade a identificação da relação entre as

variáveis e caracteriza-se pela objetividade das informações, através da utilização de

técnicas estatísticas para o tratamento dos dados afim da generalização dos

resultados buscados. (VERGARA, 2006)

A hipótese geral deste trabalho pode ser representada a partir das proposições

apresentadas na Figura 6.

Figura 6 – Modelo Conceitual Teórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2014) Nota: 𝐻0 e 𝐻1 são as hipóteses que serão utilizadas na regressão

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3.2 Amostra e coleta dos dados

Para mensurar a influência das variáveis no índice de Governança Corporativa

foi utilizado um modelo de regressão com dados em painel ajustado pelo método de

mínimos quadrados ordinários. Inicialmente os dados da pesquisa era composto por

27 empresas, listadas pela BM&FBovespa no setor bancário. No entanto, pela

indisponibilidade de dados foram utilizadas no estudo apenas 13 empresas. Os dados

foram coletados junto ao sistema do software Economática, já corrigidos pela inflação,

no período compreendido entre setembro de 2007 a março de 2014, já que e o

software utilizado para o tratamento dos dados foi o gretl versão 1.9.92. Os dados são

trimestrais e consiste em 33 variáveis e 351 observações, tendo como estrutura do

painel 13 unidades de corte transversal e 27 intervalos de tempo.

3.3 Tratamento dos dados

3.3.1 Dados em Painel

Gujarati e Porter (2011) afirmam que os dados em painel oferecem “dados mais

informativos, maior variabilidade, menos colinearidade entre variáveis, mais graus de

liberdade e mais eficiência”, assim os dados em painel podem medir os efeitos que

não podem ser observados por uma série temporal pura.

Wooldridge (2010) complementa que nessa teoria haverá uma série temporal

para cada registro do corte transversal do conjunto de dados e sua principal

característica é ser acompanhável de um intervalo de tempo. Outro benefício é ter

múltiplas observações sobre as mesmas unidades o que facilita o estudo da

importância das defasagens do comportamento.

A descrição das variáveis utilizadas e o sentido (direto ou inverso) esperado da

relação entre as variáveis independentes e dependentes são apresentadas no Quadro

5, e têm por objetivo verificar de que maneira as variáveis afetam o índice de

Governança Corporativa.

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Quadro 6 – Determinando as hipóteses

Variável Dependente

Descrição Sinal

Esperado

L_IGOV

A construção do índice de governança corporativo desenvolvido por Silveira, Fama e Barros (2004) é detalhada no Quadro 7.

--------

Variáveis Independentes

-------- --------

L_C1

Na perspectiva de solvência, quanto menor, melhor. O Banco

Central considera valores entre 6 e 12 como normais, e valores

extremos devem merecer maior atenção. Negativo

C2

Quanto menor, melhor. O ideal em termos financeiros é a

empresa dispor de Patrimônio Líquido suficiente para cobrir o

Ativo Permanente e ainda sobrar uma parcela suficiente para

financiar o Ativo Circulante.

Negativo

C5

Quanto maior, melhor. Menor dependência de recursos de

terceiros pode diminuir o risco. No entanto, não são

recomendados valores muito elevados. Positivo

A3

Quanto maior, melhor. Pois enquanto intermediador

financeiro, os bancos necessitam de um volume maior de

depósitos, aumentando assim os recursos à sua disposição

que serão repassados aos tomadores de recursos.

Negativo

M1

Quanto menor, melhor, pois as despesas diminuem o

resultado. Nesse sentido, o ideal é que as despesas

administrativas representem, em termos proporcionais, a

menor parcela possível dos resultados dos bancos.

Negativo

E7

Quanto maior, melhor, pois o ideal é que as despesas

operacionais sejam mínimas, maximizando o resultado

decorrente da operação do banco. Positivo

E8

Quanto maior, melhor, pois o ideal é que a instituição

financeira maximize seu resultado econômico. Valores

maiores para este índice significam que a instituição consegue

obter menores valores para as despesas.

Positivo

L2

Quanto maior, melhor. De maneira similar à interpretação do

indicador, é importante que o banco mantenha uma parcela

considerável de seus ativos totais em seus ativos de curto

prazo.

Positivo

L3

Quanto maior, melhor, pois a instituição financeira deve

manter recursos disponíveis a curto prazo para pagar suas

dívidas imediatas. Positivo

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36

L4

Quanto maior, melhor. Ideal que seja igual ou superior a 1, pois

a instituição financeira deve manter disponibilidades para

cobrir os saques realizados em decorrência de depósitos à

vista, promovendo a segurança financeira.

Positivo

L_G1

Diversas pesquisas apontam para uma maior facilidade de

ocorrência de processos de fusões e aquisições nas

organizações de maior porte. Positivo

Fonte: Dados estudados (2014)

Para isso foi testada a hipótese de existência de relação entre as variáveis e o

índice de Governança Corporativa, sendo utilizada como variável dependente o

L_IGOV (logaritmo da variável Índice de Governança Corporativa) e como variáveis

independentes os índices calculados, apresentados nos Quadros 5 e 6,

respectivamente.

O modelo geral de regressão é dado, por:

𝑦 = 𝛽0 + 𝛽1𝑥1 + … + 𝛽𝑗𝑥𝑗 + 𝑢

Sendo,

𝑦 = variável dependente;

𝑥 = variável independente;

𝛽0 = intercepto;

𝛽𝑗 = mudança esperada em 𝑦 devido ao aumento de uma unidade em 𝑥𝑗, estando as

outras variáveis fixas;

𝑢 = erro.

Foi utilizado como medida de práticas de governança corporativa, o índice

desenvolvido por Silveira, Barros e Fama (2004), na qual, o índice IGOV, Quadro 6, é

calculado a partir de um conjunto de 20 perguntas binárias e objetivas. Cada resposta

positiva adiciona um ponto ao índice, com as empresas apresentando um nível de

governança corporativa de 0 a 20. O índice foi construído de forma a levar em conta

quatro dimensões consideradas importantes pela literatura para avaliação das

práticas de governança corporativa: acesso às informações; conteúdo das

informações; estrutura do Conselho de Administração; e estrutura de propriedade e

controle. De acordo com os autores, o índice destaca as recomendações constantes

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dos códigos de melhores práticas de governança do IBGC (Instituto Brasileiro de

Governança Corporativa) e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Quadro 7 – Construção do índice

Dimensão de Governança Corporativa

# Pergunta para construção do Índice de Governança Corporativa?

Acesso às Informações

1 É possível obter o Relatório Anual (RA) da companhia via Internet?

2 O website dispõe de documentos relativos a governança corporativa?

3 O website dispõe de apresentações para analistas ou dados que possibilitem projeções operacionais e financeiras da empresa?

4 O website é bilíngüe e possui uma seção de Relações com os Investidores?

5 Não houve necessidade de contato direto com a companhia para obtenção de informações sobre a empresa.

Conteúdo das Informações

Públicas

6 O RA inclui uma seção específica dedicada à implementação de princípios de Governança Corporativa?

7 O RA ou outro documento4 explica a remuneração global dos executivos?

8 Os demonstrativos são apresentados em US-GAAP ou IAS-GAAP?

9 O RA, website ou algum outro documento inclui uma seção com estimativas de lucros ou projeções de retornos financeiros (ROA, ROE, etc.)?

10 O RA, website ou algum outro documento corporativo apresenta o valor adicionado/destruído pelo negócio no período com base em alguma medida de lucro econômico?

Estrutura do Conselho de

Administração

11 Os cargos de Diretor Executivo e Presidente do Conselho de Administração são ocupados por pessoas diferentes?

12 A empresa possui um Conselho de Administração com 5 a 9 membros?

13 Mais do que 80% do Conselho de Administração é composto por conselheiros externos?

14 O Conselho de Administração possui mandato unificado de um ano?

15 A empresa possui Acordo de Acionistas?

Estrutura de Propriedade e

Controle

16 A empresa emite apenas ações com direito a voto (ON)?

17 As ações preferenciais correspondem a menos que 50% do total de ações?

18 O controlador possui menos que 70% do total de ações ordinárias?

19³ O excesso (DIF) de direitos de controle (%ON) em relação aos direitos sobre o fluxo de caixa (%TA) do controlador é menor que 23%?

20 A empresa concede tag along aos detentores de ações preferenciais?

Fonte: Adaptado de Silveira, Barros e Fama (2004) 3Nota: Não foram utilizados os valores para a questão 19.

Assim como Rezende (2012) os indicadores utilizados nesta pesquisa seguem

a estrutura do Plano de Contas – COSIF. Foram realizadas adaptações a estes

indicadores a fim de adequá-los ao segmento bancário das empresas com capital

aberto na BM&FBovespa. Nesta pesquisa foram utilizados 33 indicadores contábeis,

3 Procedimento dos cálculos se encontram no APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados

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os quais estão distribuídos nas cinco dimensões da metodologia CAMEL, conforme

descrito pelo Quadro 8.

Quadro 8 – Descrição e metodologia de cálculo das variáveis

Variáveis Descrição e metodologia de cálculo

Indicadores de Capital Adequacy (Adequação do Capital)

C1 Fórmula: ATIVO TOTAL / PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO. Mede a utilização de recursos próprios no financiamento de ativos detidos pela entidade.

C2 Fórmula: ATIVO PERMANENTE AJUSTADO / PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA AJUSTADO. Mostra o percentual de comprometimento do patrimônio de referência em relação à imobilização do ativo.

C3 Fórmula: (PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO DO ÚLTIMO BALANÇO) / PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO DO ÚLTIMO BALANÇO. Mede a taxa de Crescimento do Patrimônio Líquido Ajustado.

C4 Fórmula: (PLA ESTRITO – PLA ESTRITO DO ÚLTIMO BALANÇO) / PLA ESTRITO DO ÚLTIMO BALANÇO. Mostra a evolução do patrimônio que representa os recursos próprios que farão frente aos riscos assumidos nas aplicações dos recursos.

C5 Fórmula: CAPITAL SOCIAL/ATIVO TOTAL. Mede o percentual do ativo total financiado com recursos dos acionistas.

Indicadores de Assets Quality (Qualidade de Ativos)

A1 Fórmula: ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA / ATIVO TOTAL. Mede a proporção dos ativos que geram receita de intermediação financeira em relação ao Ativo Total.

A2 Fórmula: (ATIVO TOTAL – ATIVO TOTAL DO ÚLTIMO BALANÇO) / ATIVO TOTAL DO ÚLTIMO BALANÇO. Mede a taxa de crescimento do Ativo Total dos bancos.

A3 Fórmula: DEPÓSITOS TOTAIS /ATIVO TOTAL. Mede o percentual do ativo total financiado por depósitos.

Indicadores de Management (Eficiência)

M1

Fórmula: VALOR ABSOLUTO DAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS / (RESULTADO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA + RECEITA DE SERVIÇOS + AJUSTE DOS TDVS E DO HEDGE DE FLUXO DE CAIXA). Mede a proporção de despesas administrativas em relação ao resultado de intermediação financeira e receita de serviços.

M2

Fórmula: (VALOR ABSOLUTO DAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS – RECEITA DE SERVIÇOS) / ((ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA + ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Mede a rentabilidade dos ativos de renda de intermediação financeira para cobertura das despesas administrativas. Valores positivos demonstram que as receitas de serviços não foram suficientes para a cobertura das despesas administrativas.

M3 Fórmula: RECEITA DE SERVIÇOS / VALOR ABSOLUTO DAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS. Apresenta a proporção de cobertura das despesas administrativas pelas receitas de serviços.

M4 Fórmula: (OPERAÇÕES DE CREDITO DO ANO CORRENTE /OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO ANO ANTERIOR) -1. Mede a expansão das operações de crédito.

M5 Fórmula: RECEITAS OPERACIONAIS DO ANO CORRENTE / RECEITAS OPERACIONAIS DO ANO ANTERIOR) -1. Mede a evolução das receitas operacionais.

M6 Fórmula: DESPESAS OPERACIONAIS DO ANO CORRENTE / DESPESAS OPERACIONAIS DO ANO ANTERIOR) -1. Mede a evolução das despesas operacionais.

M7 Fórmula: DESPESAS OPERACIONAIS / ATIVO TOTAL. Mede o custo associado ao gerenciamento de todos os ativos.

Indicadores de Earnings (Rentabilidade)

E1 Fórmula: LUCRO LÍQUIDO / ((PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Mede a remuneração do Capital próprio dos bancos.

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39

E2 Fórmula: LUCRO LÍQUIDO / ((ATIVO TOTAL + ATIVO TOTAL DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Mede a adequação dos ganhos e também a capacidade de construção do capital próprio. Indica a rentabilidade do ativo.

E3 Fórmula: RENDA DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO / ((OPERAÇÕES DE CRÉDITO + OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Revela a taxa de aplicação em operações de crédito no período analisado.

E4

Fórmula: RECEITA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA / ((ATIVOS DE RENDA DR INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA + ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Mede a taxa de aplicação líquida a que os ativos de renda de intermediação financeira foram investidos.

E5

Fórmula: RESULTADO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA / ((ATIVOS DE RENDA DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA + ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Evidencia a rentabilidade dos ativos de renda de intermediação financeira da instituição.

E6 Fórmula: RESULTADO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA / RECEITA OPERACIONAL. Demonstra o resultado da atividade principal em relação ao montante das receitas operacionais.

E7 Fórmula: RESULTADO OPERACIONAL / RECEITA OPERACIONAL. Demonstra o quanto de resultado operacional foi gerado em relação às receitas operacionais.

E8 Fórmula: LUCRO LÍQUIDO / RECEITA OPERACIONAL. Demonstra o quanto de lucro líquido foi gerado em relação às receitas operacionais.

E9 Fórmula: RECEITA OPERACIONAL / ((ATIVO TOTAL + ATIVO TOTAL DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Apresenta quanto o banco é capaz de gerar receitas em relação ao ativo total.

E10

Fórmula: RECEITA OPERACIONAL / ((ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA + ATIVOS DE RENDA DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DO ÚLTIMO BALANÇO) / 2). Apresenta quanto o banco é capaz de gerar receitas em relação aos ativos de renda de intermediação financeira.

E11 Fórmula: (RECEITAS OPERACIONAIS – DESPESAS OPERACIONAIS) / PATRIMONIO LIQUIDO AJUSTADO. Mede a rentabilidade operacional sobre o Patrimônio Líquido.

E12 Fórmula: (RECEITAS OPERACIONAIS – DESPESAS OPERACIONAIS) / ATIVO TOTAL. Mede a rentabilidade operacional sobre o Ativo Total.

Indicadores de Liquidity (liquidez)

L1 Fórmula: DISPONIBILIDADES / ATIVO TOTAL. Mostra a participação do que há de mais líquido na instituição em relação ao total de seu ativo.

L2 Fórmula: ATIVOS DE CURTO PRAZO / ATIVO TOTAL. Demonstra a proporção dos ativos de curto prazo em relação ao ativo total.

L3 Fórmula: ATIVOS DE CURTO PRAZO / EXIGIBILIDADES IMEDIATAS. Revela a capacidade de pagamento das exigibilidades imediatas com os ativos de curto prazo.

L4 Fórmula: DISPONIBILIDADES / DEPÓSITOS À VISTA. Evidencia a capacidade do banco para honrar seus compromissos imediatos.

L5 Fórmula: ATIVOS DE CURTO PRAZO / DEPÓSITOS TOTAIS. É um indicador que reflete a liquidez corrente do banco.

Indicadores Características Gerais

G1 Fórmula: Medido pelo logaritmo do ativo total.

Fonte: Adaptado de Bressan (2009).

Foi apresentado a metodologia do trabalho e o processo de obtenção tanto dos

dados quanto da estrutura quantitativa do modelo com o intuito de facilitar o

entendimento dos resultados obtidos que serão discutidos na próxima seção.

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40

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

Esta parte tem como objetivo analisar as medidas de tendência das variáveis.

Abaixo, Tabela 2, é apresentado as estatísticas descritivas dos resultados obtidos no

trabalho.

Tabela 2 – Estatística Descritiva

Estatísticas descritivas, usando as observações de abril de 2007 a março 2014

Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Padrão

L_C1 2,1513 2,1916 0,47831 3,6582 0,58468

C2 0,17073 0,10169 0,00036 1,1059 0,2071

C5 0,09864 0,079997 0,01275 0,41232 0,071831

A3 0,28745 0,25609 -0,086 0,71994 0,13111

M1 0,01203 0,003687 -0,086 0,23603 0,038493

E7 0,30329 0,31277 -0,13287 0,53904 0,11233

E8 0,06001 0,062035 -0,52195 0,59633 0,070269

L2 0,62274 0,63399 0,57145 0,96356 0,15237

L3 1,2109 1,1865 -0,05195 3,9818 0,42165

L4 64,307 0,20516 0,11667 6405 442,47

L_G1 1,954 1,9559 1,6046 2,2134 0,095241

Fonte: Dados estudados (2014)

Além da estatística descritiva, é importante apresentar como se comportou as

correlações das variáveis para atestar o ingresso das variáveis independentes no

modelo proposto. Os resultados da colinearidade são apresentados na Tabela 3. Vale

ressaltar que todos os pressupostos iniciais da análise de regressão foram testados e

respeitados.

Tabela 3 – Teste de Colinearidade

Colinearidade

L_C1 7,87

C2 2,407

C5 6,473

A3 3,994

M1 2,127

E7 3,452

E8 1,279

L2 1,688

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41

L3 4,761

L4 1,139

L_G1 2,273

Valor mínimo possível = 1,0

Valores > 10,0 podem indicar um problema de colinearidade

Fonte: Dados estudados (2014)

Foi realizado o teste de colinearidade, ver Tabela 3, para averiguar possíveis

problemas de colinearidade, mas podemos observar que todos os valores obtidos

respeitam os pressupostos deste modelo.

Tabela 4 – Matriz de Correlação

Matriz de Correlação

--- L_C1 C2 C5 A3 M1 E7 E8 L2 L3 L4 L_G1

L_C1 1

C2 0,3739 1

C5 -0,896 -0,438 1

A3 0,0831 0,3596 -0,174 1

M1 -0,145 -0,103 0,1706 0,1566 1

E7 -0,263 -0,201 0,2643 0,1686 0,2206 1

E8 -0,333 -0,081 0,3118 0,0996 0,0094 0,2409 1

L2 -0,251 -0,157 0,1205 0,0891 0,4325 0,2365 -0,101 1

L3 -0,202 -0,413 0,2451 -0,392 0,4975 0,0485 -0,041 0,4111 1

L4 0,0734 0,2762 -0,125 -0,005 -0,023 -0,218 -0,053 -0,055 -0,092 1

L_G1 0,4527 0,3217 -0,419 -0,043 -0,453 0,1176 0,0028 -0,223 -0,502 -0,007 1

Fonte: Dados estudados (2014)

A matriz de correlação (Tabela 4) foi elaborada com o intuito de se averiguar

eventuais problemas de multicolinearidade entre as variáveis, já que podem

comprometer o ajuste final do modelo de regressão. É possível observar que não há

correlação expressiva entre as maiorias das variáveis, sendo que muitas têm

correlação próxima à zero. A maior colinearidade ocorreu entre os indicadores C5 e

L_C1 apresentando uma maior tendência de uma relação linear negativa entre as

variáveis, já que o coeficiente de correlação se aproxima de -1. Porém, pode ser visto

que mesmo com algum valor expressivo, o modelo não foi prejudicado.

Tabela 5 – Modelo Mínimos Quadrados Ordinários

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42

Modelo Mínimos Quadrados Ordinários

Variável dependente: L_IGOV

--------------------------------------------------------------------------------

Variáveis Independentes coeficiente razão-t p-valor

L_C1 −0,343824 −7,442 1,00e-012 ***

C2 −0,181193 −2,793 0,0053 ***

C5 −0,926093 −3,048 0,0025 ***

A3 −0,342671 −3,936 0,0056 ***

M1 2,20872 5,525 7,05e-08 ***

E7 0,666604 4,320 2,11e-05 ***

E8 −0,618750 −4,648 4,98e-06 ***

L2 1,07275 11,32 4,78e-025 ***

L3 −0,389481 −6,971 1,93e-011 ***

L4 −8,62558e-05 −4,191 3,64e-05 ***

L_G1 1,48900 19,90 3,54e-057 ***

R-quadrado 0,995964 P-valor(F) 7,60x10−251

Fonte: Dados do trabalho (2014) Nota: *** Significativos a 1%

Conforme o resultado obtido por meio da metodologia de regressão (Tabela 5),

as variáveis independentes explicam em 99% dos casos as mudanças ocorridas na

variável dependente. Tal coeficiente apresentou significância inferior a 1%, fato este,

que denota confiabilidade do parâmetro. Como o P-valor ≤ 𝛼, então pode-se dizer que

𝐻0 é rejeitado.

A Tabela 5 apresenta os resultados do modelo de regressão ajustado para a

variável dependente IGOV. A partir dela, pode-se ressaltar que de acordo com os

coeficientes negativos das variáveis L_C1, C2, C5, A3, E8, L3 e L4 haverá uma

relação inversa com o índice de Governança Corporativa, pois acarretarão em uma

diminuição desta, já as variáveis M1, E7, L2 e L_G1 apresentaram uma relação

positiva. Todos os parâmetros foram altamente significativos (p-valor inferior a 1%).

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43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de ferramentas econométricas, foi feita uma análise dos índices de

Capital Adequacy (Adequação de capital), Assets Quality (Qualidade de ativos),

Management (Eficiência), Earnings (Rentabilidade), Liquidity (Liquidez) e

Características gerais para observar uma possível relação com o índice de

Governança Corporativa.

Inicialmente calculou se os coeficientes de correlação, e pode se observar que

o modelo não foi prejudicado devido a significância dos parâmetros (Teste F).

Posteriormente, procedeu-se o teste de hipótese por meio do modelo de regressão

com dados em painel ajustado pelo método de mínimos quadrados ordinários, que se

mostrou adequado, explicando 99% das mudanças que ocorrem na variável

dependente com uma significância inferior a 1%.

Deve-se levar em conta que não foi possível, devido a amostra utilizada nesta

pesquisa, medir com rigor todo o segmento bancário. Assim, não é possível fazer

generalizações dos resultados observados, para todas as empresas brasileiras com

ações negociadas na BM&FBovespa, principalmente devido às variações dos

resultados dentre os diversos setores da economia, o que constitui uma limitação para

a pesquisa. Considerando o destaque desta temática no meio acadêmico e

profissional, recomenda-se como estudos futuros, o aprofundamento do estudo de

modo a identificar o que gerou a não coerência com alguns dos sinais esperados no

trabalho, ou ainda o desenvolvimento de instrumentos de pesquisas que apresentem

maior diversificação dos setores estudados atrelados a indicadores para mensurar se

os resultados da companhias determinam as diferentes métricas de Governança

Corporativa estabelecidos pela BM&FBovespa.

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44

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49

APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados

Quadro 9 – Construção do índice com os valores utilizados na metodologia.

Dimensão de Governança Corporativa

Pergunta para construção do

Índice de Governança Corporativa?

AB

C B

RA

SIL

ALF

A IN

VE

ST

AM

AZ

ON

IA

BA

NE

ST

ES

BIC

BR

B

BR

AS

IL

DA

YC

OV

AL

IN

DU

SV

AL

ME

RC

BR

AS

IL

ME

RC

IN

VE

ST

NO

RD

BR

AS

IL

PA

RA

NA

Acesso às Informações

1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0

2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1

3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

4 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1

5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Conteúdo das Informações

Públicas

6 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 0 0

7 1 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0

8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

9 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1

10 1 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0

Estrutura do Conselho de

Administração

11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

12 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

14 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

15 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0

Estrutura de Propriedade e

Controle

16 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0

17 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

18 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1

19 - - - - - - - - - - - - -

20 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1

Total Total 12 7 12 9 13 9 15 15 14 11 8 7 10

Fonte: Adaptado de Silveira, Barros e Fama (2004). Nota: Não foram utilizados os valores para a questão 19.

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ANEXO A – Os principais tipos de stakeholders e seus objetivos

Quadro 10 – Os principais tipos de stakeholders e seus principais objetivos.

STAKEHOLDERS Principais Interesses em jogo nas

companhias

SHAREHOLDERS

(Proprietários,

Investidores)

Quanto ao regime legal.

Acionistas.

Cotistas.

Quanto à participação:

Majoritária.

Minoritária.

Quanto à gestão:

Participantes ativos.

Outorgantes.

Quanto ao controle:

Integrantes do bloco de

controle.

Fora do bloco de controle.

Quanto à classe de ações:

Com direito a voto.

Sem direito a voto.

Proprietários, investidores:

Dividendos ao longo do tempo

(a).

Ganhos de capital:

maximização do valor da

empresa (b).

Máximo retorno total (a) + (b).

INTERNOS

(Efetivamente

envolvidos com a

geração e o

monitoramento de

resultados)

Órgão de governança:

Direção executiva.

Conselho de

administração.

Conselho fiscal.

Auditores independentes.

Auditores internos.

Empregados.

Conselho de administração e

direção executiva:

Base fixa de remuneração.

Bonificações de balanço.

Stock options.

Outros órgãos de governança:

retribuições em bases fixas.

Empregados:

Segurança.

Salários.

Participação nos lucros.

Benefícios assistenciais

materiais.

Reconhecimento,

oportunidades,

desenvolvimento pessoal.

EXTERNOS

(Integrados à cadeia de

negócios)

Credores.

Partes interessadas a

montante:

Fornecedores diretos.

Integrantes distantes da

cadeia de suprimentos.

Partes interessadas a

jusante:

Clientes.

Consumidores.

Credores: resultados positivos,

capacidade de liquidação de

dívidas contraídas.

Fornecedores: regularidade,

desenvolvimento conjunto.

Clientes/consumidores: preços

justos, produtos conformes,

confiáveis, seguros.

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ENTORNO

Restrito: comunidades locais

em que a empresa atua.

Abrangente: a sociedade

como um todo.

Governos.

ONGs.

Comunidades locais: geração

de empregos e contribuições

para o desenvolvimento.

Sociedade como um todo:

bem-estar social, balanço

social efetivamente

contributivo para inclusão

socioeconômica.

Governos: conformidade legal,

crescimento, geração de

empregos.

ONGs: adesão às três

principais causas –

preservação ambiental, direitos

de minorias e provisões.

Fonte: Rossetti e Andrade (2011).

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ANEXO B – Os 8 “Ps” da Governança Corporativa

PROPRIEDADE

Atributo fundamental, diferenciador das companhias. Tipologias:

Familiar, consorciada, estatal, anônima.

Fechada, aberta.

Concentrada, pulverizada.

Estreitas Relações com as razões de ser e com as diretrizes da governança.

PRINCÍPIOS

Fairness. Senso de justiça e equidade.

Disclosure. Transparência quanto aos resultados, oportunidades e riscos.

Accontability. Prestação responsável de contas.

Compliance. Conformidade com instituições legais e com marcos regulatórios.

PROPÓSITOS

(a) Maximização do retorno total dos investimentos dos shareholders (RTS).

(b) Conciliação do RTS com interesses de outros stakeholders.

(a) + (b) Maximização iluminada do valor

PAPÉIS

Clareza na separação de papéis:

Acionistas, conselheiros, gestores.

Conselho de Administração e Diretoria Executiva.

Chairman e CEO.

Alçadas e responsabilidades claramente definidas.

PODER

Constituição da estrutura de poder: prerrogativa dos shareholders.

Definição compartilhada de decisões de alto impacto.

Planejamento das sucessões nos órgãos da administração.

PRÁTICAS

Constituição e empowerment dos órgãos de governança.

Direcionamento, homologação e monitoramento: estratégias, operações e resultados.

Instituição de sistemas de acompanhamento de riscos e descontinuidades.

Gestão de conflitos, de custos de agência, de relacionamentos internos e externos.

PERENIDADE

Salvo em casos excepcionais, objetivo último das organizações.

Presente em todas as empresas, com maior visibilidade nas familiares. Fortemente associável a:

Desenvolvimento de lideranças.

Gestão eficaz de riscos.

Tratamento das questões-chave, internas e externas.

Criação de valor para os shareholders, conciliada com os de outros stakeholders.

PESSOAS

Postura ética na condução de questões societárias, de negócios e práticas de gestão.

Harmonização de interesses: convergência para bons resultados.

Base dos outros "7 Ps", do legados e das condutas que conduzem a perenidade.

Fonte: Rosseti e Andrade (2011).