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Liziane Batista Vicente ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA DA LEITURA NO CONTEXTO DA LUDICIDADE: SABERES E PRÁTICAS UNIR Fundação Universidade Federal de Rondônia 2014

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Liziane Batista Vicente

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA DA LEITURA NO CONTEXTO DA

LUDICIDADE: SABERES E PRÁTICAS

UNIR

Fundação Universidade Federal de Rondônia

2014

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Liziane Batista Vicente

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA DA LEITURA NO CONTEXTO DA

LUDICIDADE: SABERES E PRÁTICAS

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em

Pedagogia – do Campus de Guajará-Mirim, da

Fundação Universidade Federal de Rondônia –

UNIR, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia –

Habilitação em Docência, Gestão e,

Supervisão Escolar e Orientação Escolar.

Orientador: Prof. Me. Jacinto Pedro. P. Leão

UNIR

Fundação Universidade Federal de Rondônia

2014

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Artigo aprovado como requisito para a obtenção do grau de Licenciado Pleno em Pedagogia –

Habilitação em Docência, Gestão e Supervisão Escolar e Orientação Educacional, Fundação

Universidade Federal de Rondônia, Campus de Guajará-Mirim/RO, pela seguinte banca

examinadora.

Guajará-Mirim, 11 de dezembro de 2014.

_____________________________________

Jacinto Pedro P. Leão

Chefe do Departamento Acadêmico de Ciências da Educação – DACE

Portaria nº 1.127/2014/GR/UNIR

31.10.2014

BANCA EXAMINADORA

Prof. Jacinto Pedro P. Leão (Orientador)___________________________________________

Mestre em Educação em Ciências e Matemáticas. NPADC/UFPA.

Profª Janine Félix da Silva (Membro)_____________________________________________

Mestre em Linguística - UNIR.

Profª Rosemeire Ferrarezi Valiante. (Membro)______________________________________

Mestre em Linguística - UNIR

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Dedico este trabalho em especial a Deus; aos

meus pais, parentes, e amigos, pelo estímulo e

pela compreensão aos nossos objetivos; ao

querido professor pela dedicação e paciência,

ao nos orientar e nos fazer acreditar na nossa

capacidade.

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“A imagem de infância é reconstituída pelo

adulto por meio de um processo: de um lado,

ela está associada a todo um contexto de

valores e aspirações da sociedade, e, de outro,

depende de percepções próprias do adulto, que

incorporam memórias de seu tempo de

criança”. (KISHIMOTO, 2003, p. 19).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9

1. ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA .................................................................................. 11

2. DIÁLOGOS ENTRE LEITURA E LUDICIDADE ........................................................ 14

2.1 Leitura ............................................................................................................................ 14

2.2 Ludicidade ..................................................................................................................... 17

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............................................ 20

3.1 Contextualização da pesquisa ........................................................................................ 20

3.2 Análises dos resultados ................................................................................................. 21

3.2.1 Professoras .................................................................................................................. 21

3.2.2 Coordenadora pedagógica ........................................................................................... 23

3.2.3 Alunos ......................................................................................................................... 24

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 25

5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26

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RESUMO: O presente artigo aborda a alfabetização científica da leitura no contexto da

ludicidade, considerando as práticas e os saberes dos docentes e discentes. Tem como

objetivos identificar, analisar e compreender os fatores que influenciam a constituição da

alfabetização científica da leitura, desenvolvida também por meio da ludicidade. Os objetivos

foram orientados pelo questionamento básico: como é constituída a alfabetização científica da

leitura no contexto da ludicidade? De junho a novembro de 2014, foi realizada pesquisa

qualitativa teórica (CHASSOT, 2000 e 2003; FREIRE, 2006; FRIEDMAN, 2006;

KISHIMOTO, 2003) e de campo. Esta foi desenvolvida, mediante entrevista semiestruturada

junto às duas professoras, cinco alunos e uma coordenadora pedagógica. Os resultados

evidenciaram que a alfabetização científica da leitura, mediante o desenvolvimento das

práticas e saberes da ludicidade, amplia o processo ensino e aprendizagem dos conteúdos

científicos e cotidianos.

Palavras-chave: Alfabetização científica. Leitura. Ludicidade.

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INTRODUÇÃO

A alfabetização científica é de extrema importância na vida do docente e do

discente. Atualmente o mundo exterior tem invadido o interior da escola, aguçando a

curiosidade do aluno e estimulando assim à construção de conhecimento. Desta maneira a

alfabetização científica propõe obtenção da visão crítica.

Nos anos 80 e 90, o ensino era centrado na necessidade de fazer com que os

alunos adquirissem conhecimentos científicos, mas os alunos apenas decoravam os conteúdos,

sem interpretá-los e compreendê-los. O aluno era reconhecido pelo que decorava e o professor

tinha êxito pelo grande número de conteúdos que passava. Alguns conteúdos ou

conhecimentos, trabalhados durante as aulas, eram inúteis para vida do aluno, pois a educação

possibilitava que o aluno somente recebesse conhecimento, não lhe dando a oportunidade de

expressar seus conhecimentos e curiosidades. Mas, atualmente, o ensino propõe interpretação,

compreensão e diálogo da linguagem dos conteúdos formais com os processos comunicativos

informais, propõe ao aluno exercer a sua cidadania, o desenvolvimento físico, afetivo e

cognitivo, incluindo os aspectos sociais e pessoais do aluno, tendo uma aprendizagem

significativa e não somente aprendizagem de nomenclaturas: assim como Renato Lessa, ex-

presidente do “Instituto Ciência Hoje” defende que: “A cultura científica é estratégica para o

desenvolvimento individual e social e, portanto, deve ser incorporada ao cotidiano das

pessoas”. (LESSA, s/d, s/p).

Dessa forma, a procura por perguntas e respostas, vinculadas com a realidade do

cotidiano do aluno, tornam-se aliadas para buscar novos conhecimentos reflexivos, analíticos

e dialógicos, proporcionando o prazer da descoberta, da interpretação e da compreensão, da

alfabetização científica, como o processo de construção de leitura de mundo do aluno,

descobertas de problemas e possibilitando-lhe a capacidade de solucioná-los, obtendo

aprendizado por vivências e experiências.

A alfabetização científica, como processo articulado de leitura crítica da

linguagem do texto e contexto, para a construção significativa de conhecimento, não acontece

ao acaso. Ela precisa ser trabalhada desde a infância, pois segundo o Programa Internacional

de Avaliação de Alunos, que avalia o sistema de ensino de vários países a cada três anos, o

Brasil tem ficado como um dos últimos colocados. Para que este quadro venha ser revertido,

deve-se investir na alfabetização científica desde cedo, fazendo assim com que esta ganhe

significado para o aluno, oferecendo oportunidades concretas de elaborar práticas de leitura e

de compreensão dos aspectos físicos e sociais que existem ao seu redor, levando o aluno a

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investigar, de maneira reflexiva, crítica, interpretativa e dialógica, tornando o aprendizado

mais lúdico.

Outro aspecto essencial é a leitura crítica nos textos formais e informais. Ela

existe desde os primórdios e está presente constantemente no cotidiano dos alunos. Porém,

como é que os alunos vêm vivenciando esta prática na sua vida escolar e na vida de leitor?

Considera-se que quanto mais cedo se ler para a criança, se tem mais chances dessa criança se

tornar um leitor. É imprescindível que a criança se torne adepta da leitura, tendo em vista que

antes mesmo de começar a ler, ela já lê, enquanto vivencia o cotidiano, folheando as páginas,

observando as figuras, imaginando e estabelecendo relações e diálogos com imagens e

representações sociais e ambientais, como também ouvindo e contando histórias.

É necessária que haja a presença de leitores próximos da criança, pois ela observa

a forma como as pessoas leem, e refletem se é interessante ler como o pai ou a mãe ler, o

professor e os amigos. Infelizmente, nem todas as crianças tem o privilégio de ter leitores por

perto. O professor deve atuar como mediador do processo de interpretação e compreensão da

linguagem formal da ciência com a linguagem informal do mundo, de modo que a criança

vivencie a leitura com prazer, como um hábito de ampliação do olhar crítico sobre as várias

linguagens presentes em todas as coisas, objetos, símbolos. O aluno passa a vivenciar a

liberdade para ler e descobrir o mundo da leitura, como processo de intensificação da

autonomia na escolha do livro e do momento da sua leitura. É necessário que haja um

ambiente, um espaço acolhedor e aconchegante, onde o aluno possa se sentir à vontade e sinta

alegria em estar neste espaço, sem imposição, autoritarismo criativo.

Além da alfabetização científica e a leitura, a ludicidade é indispensável, pois o

lúdico faz parte da sociedade há muito tempo. Entretanto, houve um tempo em que não

existia tanta relevância. O lúdico é o instrumento material e simbólico onde a criança também

desenvolve seus aspectos cognitivos, afetivos, psicológicos e sociais, permitindo que expresse

seus sentimentos e externe sua subjetividade. O lúdico, apesar de ser feito “à vontade”, é coisa

séria e rica, proporcionando um aprendizado significativo e enaltecedor, tanto para o aluno,

quanto para o professor, pois proporciona e evidencia que a criança construa, reconstrua,

aprenda a conviver, fazer e compartilhar aquilo que aprendeu de forma significativa,

contextualizada, pessoal e dialógica.

Através do lúdico, é construída a autonomia, criatividade, identidade da criança,

no enfrentamento de desafios, medos e limitações. Ela aprende a respeitar os amigos e as

regras que são expostas no ato lúdico. Tais atitudes vivenciadas no presente refletem as

atitudes da criança. O importante no lúdico não é somente jogar ou brincar, mas o resultado

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que os mesmos geram na criança de maneira autêntica, pessoal e espontânea. Portanto, para

ter um bom resultado, é conveniente que haja planejamento, e que se considere os interesses,

a realidade e as necessidades da criança.

As matrizes teóricas, como Chassot (2000 e 2003), Freire (2006), Friedman

(2006) e Kishimoto (2003), fundamentaram a elaboração do presente artigo.

O artigo foi organizado em três tópicos. No primeiro, refletimos sobre a

importância da alfabetização científica. No segundo, estabelecemos diálogos entre leitura e

ludicidade. No terceiro, apresentamos as análises da pesquisa, a partir dos saberes e das

práticas dos professores, coordenação pedagógica e alunos.

1 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA

A alfabetização científica, segundo Aguilar (1999), ultimamente vem sendo

trabalhada, na didática das Ciências, na linguagem científica e na linguagem da vida

cotidiana. Entendendo a ciência, contribui para refletir, interpretar, compreender, controlar e

prever transformações que ocorrem na natureza. A alfabetização científica pode ser

considerada como processo constante de leitura da linguagem do texto e do contexto, para

interpretar e compreender os significados do cotidiano das escolas e da comunidade.

A alfabetização científica é o fundamento das vivências formais e informais dos

alunos, elaboradas para entenderem a ciência, o universo e as suas manifestações, pois,

segundo Chassot (2000) e (2003), a ciência pode ser considerada como uma linguagem

construída para nos explicar o mundo natural. Para isso, é necessário que os alunos se tornem

mais críticos, reflexivos, e agentes transformadores da sociedade e do mundo, articulando os

saberes populares com os saberes escolares.

A ciência contempla aspectos históricos, ambientais, éticos, políticos, etc,

acarretando vantagens para uma alfabetização científica mais significativa. Em consonância

com o que está escrito acima, Furió (apud CHASSOT, 2003, p. 97) defende que a “[...]

alfabetização científica signifique possibilidades de que a grande maioria da população

disponha de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários para se desenvolver na vida

diária, ajudar a resolver os problemas e as necessidades de saúde e sobrevivência básica,

tomar consciência das complexas relações entre ciência e sociedade”.

É relevante escutar as falas dos alunos, suas experiências de como chegaram a “tal

conclusão ou resultado”, seu mundo, sua realidade, sua linguagem, não somente impor e ser

somente aquilo que se explicou no quadro, ou seja, não desvalorizar o conhecimento dos

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alunos, porque não há uma ciência desinteressada por eles. A educação tem papel

fundamental e contribuinte para formar um aluno pensante, reflexivo e interpretativo,

comprometido com a sociedade em que vive e com as futuras gerações, pois por mais que a

ciência tenha as suas “incertezas e indeterminações”, tem que ser comprometida com a

humanidade. Não se deve aceitar toda e qualquer informação, mas não se pode descartar as

contribuições das invenções e das descobertas da ciência.

Chassot (2003, p. 94) entende uma pessoa como alfabetizada cientificamente, a

partir do momento que sabe ler a linguagem em que está escrita a natureza animal, vegetal,

mineral e o mundo de forma ampliada. É um analfabeto científico aquele incapaz de uma

leitura significativa, ética e humana do universo. Por conta disso,

[...] seria desejável que os alfabetizados cientificamente não apenas tivessem

facilitada a leitura do mundo em que vivem, mas entendessem as necessidades de

transformá-lo em algo melhor. Tenho sido recorrente da exigência de com a

ciência melhoramos a vida no planeta [...].

A alfabetização científica é um processo permanente de aprendizagem, de

interpretação, de compreensão, de diálogo e de leitura crítico-reflexivo das linguagens

presentes na natureza e nas relações objetivas e subjetivas, elaboradas pelos homens e

mulheres. De acordo com Chassot (2000) e (2003), a prática de ensino da alfabetização

científica, no processo de aprendizagem, é elaborada mediante a leitura constante dos

conhecimentos, que facilita aos homens e mulheres uma leitura de mundo onde vivem. A

linguagem, como processo de estabelecimento de comunicação, está relacionada à leitura do

contexto, ajudando a entender o ambiente, vivenciado pelos alunos.

A alfabetização científica propicia a interpretação e o entendimento das

linguagens. A leitura crítica, reflexiva e contextualizada é a fonte do processo ininterrupto da

alfabetização das linguagens verbais e não-verbais. A linguagem é um dos instrumentos

materiais e simbólicos, imprescindíveis para a prática cotidiana do ensino. Assim sendo,

interagir com a linguagem científica e a linguagem cotidiana do aluno é a matéria-prima para

a construção incessante das leituras dos códigos, símbolos e representações, para interpretá-

los, compreendê-los e internalizá-los, a fim de captar os significados dos saberes, experiências

e práticas.

A educação crítica é fundamental para formar um aluno pensante e comunicativo,

comprometido com a elaboração da existência material e imaterial das pessoas próximas e

distantes, geograficamente, com que, atualmente, vive. A prática do educador é a ponte que

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permite o diálogo, a comunicação e aprendizagem, profundamente, comprometida com o ser

humano. Por isso, a prática educativa não é exclusivamente técnica, mas, afetiva, ética e

estética.

A prática educativa, na alfabetização científica, não é um modelo pronto, mas,

inacabado, (re)elaborado, (re)planejado. Tudo está em constante elaboração, porque, enquanto

processo, está entrelaçado com as leituras sobre as vivências, as linguagens, os textos e os

contextos, sendo gravitada por certezas, incertezas e indeterminações. É comprometida com a

humanidade, pois as relações que ocorrem, contribuem para o desenvolvimento do mundo

físico e social. Em consonância, a tecnologia representa revolução e contribui para que cada

vez mais a sociedade venha a ser alfabetizada cientificamente, ou seja, construída e orientada,

na sala de aula, pela prática docente e pela educação crítica. Chassot (2000 e 2003) diz que,

ao falarmos de ciência, estamos falando também de história, cidadania, política, etc.

A dúvida e o questionamento são considerados motores da alfabetização

científica. Questionar significa aqui a vontade de se obter respostas. Os alunos desenvolvem

suas habilidades na vida escolar, e no seu cotidiano, para não serem “alienados”. Sobre

alfabetização científica, Chassot (2003, p. 91) acredita “[...] que se possa pensar mais

amplamente nas possibilidades de fazer com que alunos e alunas, ao entenderem a ciência,

possam compreender melhor as manifestações do universo”. Portanto, faz se necessário que

tais aspectos sejam cada vez mais instigados nos alunos, fazendo com que eles se vejam como

questionadores para obtenção de respostas e se conscientizem da sua contribuição para a

sociedade.

Desta maneira, o conceito e a importância da alfabetização científica de leitura

estão em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino

Fundamental, das Ciências Naturais (BRASIL, 1997, p. 62):

Desde o início do processo de escolarização e alfabetização, os temas de natureza

científica e técnica, por sua presença variada, podem ser de grande ajuda, por

permitirem diferentes formas de expressão. Não se trata somente de ensinar a ler e

escrever para que os alunos possam aprender Ciências, mas também de fazer usos

das Ciências para que os alunos possam aprender a ler e a escrever.

Quando se refere às ciências, remete-se ao entendimento de nomenclaturas,

fórmulas, tabelas relacionadas às mesmas, porém observa-se que ciência não ocorre somente

desta forma, mas vai além de conceitos. Como relatado acima, proporciona e evidencia a

relevância da alfabetização científica, que se vincula com aspectos que o aluno se depara

diariamente, mostrando a proposta que a alfabetização científica estabelece e a relação com as

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práticas de leituras, tornando o aluno alfabetizado cientificamente, fazendo uso da ciência de

forma significativa. Isso nos leva a refletir sobre o (CHASSOT, 2003, p. 99):

Como fazer uma alfabetização científica? Parece que se fará uma alfabetização

científica quando o ensino da ciência, em qualquer nível – e, ousadamente, incluo o

ensino superior, e ainda, não sem parecer audacioso, a pós-graduação –, contribuir

para a compreensão de conhecimentos, procedimentos e valores que permitam aos

estudantes tomar decisões e perceber tanto as muitas utilidades da ciência e suas

aplicações na melhora da qualidade de vida, quanto às limitações e consequências

negativas de seu desenvolvimento.

Portanto, a alfabetização científica ocorre de maneira significativa na sociedade

em si, levando em consideração os conhecimentos científicos e tecnológicos, a leitura do

universo, a compreensão da sua importância, seu significado, seus benefícios, sua linguagem,

sua potencialidade na educação e suas transformações. Proporciona o questionamento,

efetuando necessidades de respostas para tais questionamentos, fazendo com haja

conscientização do indivíduo como ser pensante culturalmente e socialmente. Díaz (apud

CARVALHO, 2011, p. 65) diz que “[...] a alfabetização científica é a finalidade mais

importante do ensino de Ciências; estas razões se baseiam em benefícios práticos pessoais,

práticos sociais, para a própria cultura e para a humanidade [...]”, propiciando contribuições

relevantes beneficiando a todos, pois tais benefícios são interligados, considerando que à

medida que o indivíduo se realize pessoalmente, sua realização implica na sociedade.

2 DIÁLOGOS ENTRE LEITURA E LUDICIDADE

Elaboramos, neste tópico, diálogos entre ludicidade e leitura, como meios

intensificadores da alfabetização científica, construída na relação docente-discente.

2.1 Leitura

A leitura surgiu desde os primórdios da existência humana. Os povos se

comunicavam através de desenhos, rabiscos ou símbolos e assim registravam marcas que

expressavam seus sentimentos ou leitura de mundo. Porém esta prática sofreu alterações ao

longo dos séculos. Com isso, o ser humano começou a compreender a necessidade de se

atualizar e buscar mecanismos que o façam acompanhar estas mudanças. Por isso, a “[...]

definição de leitura é muito mais ampla que decifrar palavras: ler é entender uma situação,

interpretar uma mensagem gráfica e outras decodificações de signos, contribuindo assim para

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o sujeito se inserir na sociedade” (LONGEN, 2008, p. 26). A leitura dos códigos da escrita

possibilita que o indivíduo se torne capaz de fazer reflexões sobre o mundo em que vive e

atuar sobre ele, buscando transformá-lo, passando assim a ser parte integrante e participativa

deste mundo.

O ato de interpretar, olhar e entender gestos mostra que o indivíduo, antes mesmo

de ser alfabetizado, já é capaz de fazer “leituras” do que acontece ao seu redor. Ao vir à

escola, os alunos já trazem um conhecimento prévio sobre leitura interagindo com o

conhecimento que adquirem no âmbito escolar:

O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma atividade

de procura por partes do leitor, no seu passado, de lembranças e conhecimentos,

daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que forma pistas e

sugere caminhos, mas que certamente não explica tudo o que precisa explicar.

(KLEIMAN apud SILVA, 2007, p. 206).

A leitura produz compreensão, e compreensão exige a utilização de

conhecimentos prévios. Neste contexto, Kleiman (apud SILVA, 2007, p. 206) esclarece que a

leitura “[...] é um ato social entre dois sujeitos, leitor e autor, que interagem entre si

obedecendo a objetivos e necessidades socialmente determinados”. Para que a leitura

aconteça significativamente, a linguagem é indispensável, pois a partir do momento que o

aluno lê o texto, o personagem, a história e a qualidade textual, ele constrói sua visão em

relação a cada um desses itens através da sua linguagem. Desta forma, Matêncio (apud

SILVA, 2007, p. 208) diz que “[...] Finalmente, o trabalho através da linguagem é aquele

realizado tanto pelo professor como por seus alunos na tentativa de construir o processo de

ensino e aprendizagem”. A oralidade também é relevante, pois o aluno, ao trocar ideias e

interagir, desenvolve sua forma de se expressar e argumentar oralmente. Ler e discutir leva o

aluno a transferir suas ideias de forma concreta. Neste sentido, Geraldi (apud SILVA, 2007, p.

210) defende que:

A linguagem é vista como um lugar de interação humana. Por meio dela, o sujeito

que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, a não ser falando; com ela o

falante age sobre o ouvinte, constituindo compromisso e vínculo que não

preexistiam à fala.

Ao aprender a falar, a criança desenvolve sua capacidade de ler, sendo relevante o

incentivo à leitura. Entretanto, a cobrança exagerada para que a criança venha a ler pode se

tornar sufocante, pois aprender a ler não é tão simples e fácil. No início a criança ao aprender

a ler, sente-se insegura, devido a ser um processo “novo”. É necessário ousar no incentivo à

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leitura do aluno porque a criança observa e analisa o interesse, o esforço, o tempo para

aprender, também avalia as recompensas para se aprender a ler, entre outras coisas.

Ao ler, o leitor fixa a informação e as palavras escritas, e com a intensidade que

se lê há o impulsionamento para ler mais, descobrindo o prazer de ler, infiltrando-se no

mundo mágico da leitura e encontrando respostas para suas questões e desejos, permitindo

que ultrapasse suas fronteiras. É preciso se atentar para a emoção, o prazer e a curiosidade que

o aluno tem para ler e observar o que compreendeu do texto lido, considerando os contatos

prévios que a criança tem com a leitura, permitindo que esta faça a construção daquela.

Para o professor agir de forma eficaz para o ensino da leitura, é necessário que ele

seja orientador e facilitador da aprendizagem, conheça os alunos, observe suas qualidades e

realidade social, e crie condições para o incentivo à leitura. O professor precisa agir como

exemplo de um leitor. É evidente que o aluno não se torna leitor da noite para o dia. Este

processo acontece gradativamente com o aluno compreendendo a importância da leitura.

Espera-se que o aluno venha ser capaz de interpretar, refletir e extrair informações de um

texto, além de observar o modo como o texto é organizado, pois o leitor pensa o texto, em

seguida pensa com o texto e por fim repensa o texto.

A leitura é de extrema importância no cotidiano do aluno, pois a partir do

momento em que, através dela, as pessoas adquirem algum conhecimento para melhorar sua

vida, fica mais fácil encontrar o seu lugar no mundo, como FREIRE (2006, p. 11) defende: “a

leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa

prescindir da continuidade da leitura daquele”, ressaltando que a bagagem cultural que o

aluno traz de casa complementa o que aprende na escola, observando as semelhanças e

facilitando a leitura na vida da criança. Na escola a continuação em aprender a ler a palavra

não deve interferir negativamente, e sim positivamente. Vale ressaltar que ler não é somente

soletrar, mecanizar na memória, mas sim entender seu significado para que aconteça com

qualidade e não somente com “quantidade”.

A leitura propõe ao aluno obter experiência, conscientização da sua importância e

contribui para que se tenha liberdade para pensar, agir e compreender que é relevante a

descoberta da leitura e de se fazer a leitura refletindo o que vivencia no seu contexto, como

Freire (2006, p. 15) relata que na medida em que se tornou íntimo do seu mundo e que

percebia e o entendia, ia perdendo seus temores. Acrescenta também que no chão do quintal

da sua casa, era onde ele escrevia e lia as palavras do seu mundo, isto é, “[...] o chão foi o meu

quadro-negro; gravetos, o meu giz”. Antes de entrar na escola, a criança lê do seu jeito,

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aprende observando o ato de leitura dos pais, professores e amigos e, quando percebe a

existência das inúmeras coisas que precisam ser lidas, ela se interessa ainda mais.

Sobre leitura Perrotti (2005, p. 18), professor de Biblioteconomia da Universidade

de São Paulo (USP) e consultor do MEC, reflete que a prática docente deve considerar a

relação da criança com a leitura, ou seja, as “[...] crianças colocadas em condições favoráveis

de leitura adoram ler. Leitura é um desafio para os menores, vencer o código escrito é uma

tarefa gigantesca”. A reflexão enfatiza que quanto mais cedo a criança ouvir histórias, pegar

nos livros e consequentemente começar a ler, maiores chances de se tornar um bom leitor. A

criança não irá somente “ler”, mas irá se envolver em práticas de leituras que contribua para

viver no mundo da leitura.

Um aspecto importante a ser destacado é o ambiente favorável à leitura. Este

local precisa ser acolhedor, convidativo, ter iluminação e ventilação adequada, regras

combinadas, ter liberdade, para o aluno não somente ler “preso” em uma cadeira, ter limpeza

e linguagem adequada. Outro fator relevante é o de conscientização de como cuidar do livro.

Proporcionando a oportunidade de ensinar a criança a pegá-lo, tocá-lo e ter a liberdade de

saber manuseá-lo com segurança propiciando chances de leitura, levando em consideração a

idade da criança tanto no sentido de cuidar dos livros, quanto à história a ser lida para a

criança, assim a leitura se torna um processo dinâmico e prazeroso.

2.2 Ludicidade

Segundo Huizinga (2000), lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que

quer dizer "jogo". E ludicidade está relacionada a jogos, brinquedos, atividades de prazer e

divertimento, de forma autêntica e espontânea. Traduzir a palavra não é fácil, pois cada um

pode entender de uma maneira. Huizinga (2000, p. 6) defende que “[...] A existência do jogo

não está ligada a qualquer concepção do universo. Todo ser pensante é capaz de entender à

primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma, mesmo que sua língua não possua

um termo capaz de defini-lo [...]”.

Antigamente, o jogo era visto como inútil, não sendo considerado sério. Isto

ocorria porque a sociedade associava-o ao jogo de azar. Porém, no Romantismo, no século

XIX, o jogo ressurge como algo sério e com o intuito de educar a criança.

Cada jogo possui suas especificidades podendo conter tanto semelhanças como

distinções. O sistema de regras que distingue o tipo de jogo, especificando o mesmo com suas

peculiaridades, representando a riqueza e relevância no processo do jogo. É algo criativo,

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alegre, precisa de uma linguagem própria, diante disso identifica-se e diferencia-se o jogo de

acordo com o seu contexto, possui um objeto e contém objetivo:

Assumir que cada contexto cria sua concepção de jogo, não pode ser visto de modo

simplista, como mera ação de nomear. Empregar um termo não é um ato solitário.

Subentende todo um grupo social que o compreende, fala e pensa da mesma forma.

Considerar que o jogo tem um sentido dentro de um contexto significa a emissão de

uma hipótese, a aplicação de uma experiência ou de uma categoria fornecida pela

sociedade, veiculada pela língua enquanto instrumento de cultura dessa sociedade.

(KISHIMOTO, 2003, p. 16).

O jogo permite que o aluno represente e expresse a sua realidade, reproduzindo

aspectos existentes no ambiente que a criança vive, correlacionado com a sua cultura.

Também faz parte de fase mais rica de um ser humano a infância. Neste aspecto, Kishimoto

(2003, p. 19) considera que a “[...] infância é, também, a idade do possível. Pode-se projetar

sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral”. Dessa forma,

desperta o imaginário da criança, dá oportunidade de retratar jogos do passado e comparar

com os atuais, mostrando como jogos vivenciados na infância refletem no hoje e agora do

indivíduo expressando seu mundo real, seus valores, seu pensar e seu agir.

No jogo, Huizinga (apud KISHIMOTO, 2003, p. 23) considera importante a

presença das “[...] características: o prazer, o caráter “não-sério”, a liberdade, a separação dos

fenômenos do cotidiano, as regras, o caráter fictício ou representativo e sua limitação no

tempo e espaço”. No jogo haverá prazer no sentido de ganhar, e frustação quando se perder, e

apesar de ser mencionado “não-sério”, é muito sério e tem real relevância na vida de uma

criança, dando condições para viajar pelo mundo da imaginação, auxiliando nos fatores

internos, externos, tempo, espaço e motivação. Kishimoto (2003, p. 25) fala que quando a

criança brinca livremente e se satisfaz ela demonstra através do sorriso, que causa desta forma

um efeito positivo, tornando a criança mais flexível e ativa, se concentrando nas atividades

com espontaneidade. Kishimoto (2003, p. 26) enfatiza que “[...] a ausência de pressão do

ambiente cria um clima propicio para investigações necessárias à solução de problemas”.

Para Groos apud Brougére (apud KISHIMOTO, 2003, p. 31), o jogo é uma

necessidade biológica, psicológica e um instinto, assim destaca:

Se o jogo remete ao natural, universal e biológico, ele é necessário para a espécie

para o treino de instintos herdados. Desta forma, Groos retoma o jogo enquanto ação

espontânea, natural (influência biológica), prazerosa e livre (influência psicológica)

e já antecipa sua relação com a educação (treino de instintos).

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O jogo desempenha um papel de destaque para que a criança se autodesenvolva.

Piaget (apud KISHIMOTO, 2003, p. 32), endossa que, através do jogo, a criança assimila o

conhecimento de forma espontânea e prazerosa, demonstrando o nível cognitivo em que

encontra seus conhecimentos e suas construções. Toda prática recreativa requer planejamento,

previsões e avaliações constantes. Através da utilização dos jogos se potencializa e explora a

construção do conhecimento da criança motivando-a internamente.

O jogo oportuniza à criança a construção de sua autonomia, criticidade e

responsabilidade, ambos providos da motivação. Com o jogo, há vários benefícios que a

criança acarreta, dentre eles, o desenvolvimento cognitivo: através do qual, a criança pensa e

demonstra seus pensamentos expressados através das atitudes, interagindo com o meio em

que vive, assimilando de maneira mais natural e prazerosa e não de forma repetitiva e

enfadonha. O jogo contribui para que o pensamento da criança se torne mais rico,

promovendo nesta a possibilidade de solucionar conflitos, possibilitar cooperação e propiciar

lealdade, ou seja, situações que vivenciam atualmente e vivenciarão futuramente.

É importante salientar que a brincadeira se vincula ao jogo e a ludicidade, como

um recurso que ensina, promove o desenvolvimento do aluno de forma promissora, autêntica,

com objetivos claros e precisos enaltecendo o tal instrumento como relevante para o ensino-

aprendizagem interagindo com o cognitivo, afetivo e social construindo conhecimento de

maneira potencializadora, devido à brincadeira e ao jogo educativo terem espaço garantido na

educação. Além desses fatores, são levadas em consideração as brincadeiras tradicionais

(KISHIMOTO, 2003, p. 38):

A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade

popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. Considerada como parte de uma

cultura popular, essa modalidade de brincadeira guarda a produção espiritual de um

povo em certo período histórico. Acultura não- oficial, desenvolvida especialmente

de modo oral, não fica cristalizada. Está sempre em transformação, incorporando

criações anônimas das gerações que vão sucedendo. Por ser um elemento folclórico,

a brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato,

tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.

Apesar de não se conhecer a origem de algumas brincadeiras se tem acesso às

mesmas e principalmente brinca-se com elas. Pode- se observar também que algumas

preservam sua forma original de brincar, outras sofrem alterações com o passar dos tempos,

propiciando a reflexão sobre o poder da expressão oral. Além dessas brincadeiras, há as

brincadeiras do faz de conta, evidenciando a presença marcante da imaginação aliada à

representação simbólica e a linguagem, fazendo com que a criança se expresse e se

conscientize do seu papel na sociedade. Kishimoto (2003, p. 39) elucida que “[...] o faz-de-

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conta permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se

materializam nos temas das brincadeiras”, evidenciando que o que as crianças reproduzem nas

brincadeiras, advém das ideias e ações que elas vivenciam na família, na escola, no bairro e

etc. Há também as brincadeiras de construção, que enriquecem o sensorial da criança

estimulando à criatividade e liberdade. Desta forma a criança desenvolve suas habilidades:

Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e

permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação bem como a educadores o

estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Desta forma,

quando está construindo, a criança está expressando suas representações mentais, além de

manipular objetos. (KISHIMOTO, 2003, p. 40)

É necessário relevar a fala da criança, ação, ideia e como adquiriu tal

entendimento e como concluiu este entendimento, assim logo se trabalhará a linguagem

verbal e não verbal transformando o pensamento da criança no seu tempo e espaço. Um aliado

imprescindível é o brinquedo, pois o brinquedo é importante, visto que gera situações de

pensamentos e reais. Kishimoto (2003, p. 18) afirma que o “[...] brinquedo que comporta uma

situação imaginária também comporta uma regra. Não uma regra explícita, mas uma regra que

a própria criança cria”. O mundo representado é mais atraente que o real, resolve problemas

do passado como já se planeja o futuro, no momento em que a criança brinca de ser mãe, ela

reflete situações que já viu em relação à mãe cuidando de um bebê, como evidencia ser

futuramente mãe. O brincar é mais específico, foca-se na alegria de brincar, e não na

competição, as regras são mais “livres”. Nesse aspecto se analisa a socialização, interação e a

participação da criança, o significado, expectativas, ações, objetos, alterações que os

brinquedos consentem nas brincadeiras.

3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A pesquisa qualitativa de campo, materializada pela entrevista semiestruturada

junto aos sujeitos da pesquisa, como professor (a), alunos e coordenadora pedagógica, foi

realizada de junho a novembro de 2014.

3.1 Contextualização da pesquisa

A pesquisa de campo ocorreu em uma Escola Municipal de Educação Infantil e

Ensino Fundamental, criada pelo Decreto de Lei nº. 1.134/88 de 18 de janeiro de 1988,

localizada na Av. 12 de Outubro, 3216, bairro: Caetano, na cidade de Guajará-Mirim – RO,

nas proximidades do Cartódromo Municipal. Atende uma clientela de alunos, dos quais a

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maioria é oriunda dos bairros periféricos da cidade, como Jardim das Esmeraldas, Planalto,

Próspero, Nossa Senhora de Fátima, Liberdade. Esses bairros foram criados sem

infraestrutura e saneamento básico.

Até então, o bairro São Caetano se ressentia da inexistência de um

estabelecimento escolar mais próximo, para atender aos filhos de seus moradores. Graças aos

esforços do prefeito Sr. Isaac Bennesby, em parceria com o então governador do Estado de

Rondônia Sr. Jerônimo Garcia de Santana, a escola foi construída.

Saul Bennesby1, nascido em 27/10/1888, na cidade de Faro/Portugal, veio para o

Brasil na companhia de um casal de tios, diretamente para Belém do Pará, em 1900

naturalizando-se brasileiro. Casou-se no ano de 1933, com a Sr.ª Estrela Salgado Bennesby,

com a quem teve 01 (um) filho. Ficou viúvo em 1935, casando-se pela 2ª vez com a Sr.ª Ana

Salgado Bennesby, em 1936, com a quem teve 07 (sete) filhos. Em 1913 foi viver e trabalhar

em Fortaleza do Abunã, indo depois, precisamente em 1940, para Vila do Abunã, onde

permaneceu até o ano de 1965, já como comerciante tradicional da região. No ano de 1965,

por motivo de saúde, foi para o Rio de Janeiro para tratamento, porém veio a falecer em

14/08/1966.

3.2 Análises dos resultados

Elaboramos as análises da pesquisa, considerando as práticas dos professores,

coordenadora pedagógica e alunos.

3.2.1 Professoras

O professor “A” entende por alfabetização científica o processo de leitura e

interpretação crítica dos textos e contextos, construídos ou não pelos alunos, sujeitos do

processo ensino e aprendizagem, mediados pela prática docente dialógica, contextualizada e

significativa:

O termo alfabetização científica tem cada vez mais alcançado maior repercussão nos

espaços escolares, portanto, acredito que a mesma vai além da formação do

professor, para que se tenha um bom desempenho na prática em sala de aula. Dessa

forma, é essencial que a alfabetização científica esteja na formação do professor.

Alfabetização científica está relacionada à formação da prática docente e discente,

para contribuir na leitura constante das múltiplas linguagens presentes nos vários textos

1 Pai do ex-prefeito da cidade de Guajará-Mirim/RO, Isaac Bennesby (in memoriam).

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verbais e não-verbais. A importância da alfabetização científica, segundo a docente, reside na

contribuição que poder permitir, ao aluno, interpretação dos textos dos conteúdos formais e

informais, ou seja, a “[...] alfabetização científica traz ao aluno interpretações, leitura de

mundo cada vez mais ampla para que o aluno possa crescer em seu conhecimento”.

A docente considera relevante investir na alfabetização científica nos anos iniciais

da vida escolar do aluno, ressaltando que através da mesma, o aluno progride no

conhecimento e desenvolvimento escolar. Por isso, há a exigência “[...] que se trabalhe nos

anos iniciais, já que a educação infantil é base para que a criança possa progredir nos anos

posteriores”. Juntamente com a alfabetização científica, a docente relata que utiliza

instrumentos lúdicos na aula de leitura, quando diz que sempre procura “[...] trazer a realidade

de meus alunos para a sala de aula, sempre trabalhando de forma lúdica”. Elenca quais

instrumentos lúdicos utiliza na sala de aula, para contribuir no processo de leitura dos alunos:

Procuro sempre trazer jogos como: brincadeiras cantadas com a bola, brincadeira de

roda, jogos de boliche, jogos de dado, música. Assim ocorre o aprendizado

interdisciplinar, ou seja, com um conteúdo de português trabalham-se os demais,

dessa maneira as crianças aprendem mais e interagem com o professor.

As propostas evidenciam que o aluno tem um aprendizado significativo, logo os

instrumentos lúdicos contribuem para a alfabetização científica, por isso, a docente relata que

os “[...] instrumentos lúdicos são parte integrante do mundo infantil, é da vida de todo ser

humano. E com os jogos podemos trazer a realidade de cada aluno e intercala-las. Assim a

atividade lúdica funciona como um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos,

afetivos e sociais”.

Desta maneira, podemos observar que os instrumentos lúdicos contribuem de

forma significativa e eficaz para a alfabetização científica e para a leitura na sala de aula,

como a docente nos relata que a alfabetização científica se entrelaça com a leitura no contexto

da ludicidade. Dessa forma, a “[...] melhor maneira possível, pois se a alfabetização científica

for iniciada e desenvolvida na educação infantil com certeza a aprendizagem ficará mais

completa e prazerosa. Não devemos esquecer a formação do professor é muito importante

sem a qual não será possível desenvolver um trabalho de qualidade”.

A professora B entende, por alfabetização científica, não somente o fato de

“estudar”, mas que o aluno saiba que a aprendizagem é algo que se constrói, ou seja, a “[...]

forma que o aluno aprenda a importância de que a aprendizagem só se concretiza através do

conhecimento e que, aprender brincando, é mais prazeroso”. No processo de leitura, a

docente enfatiza a importância da alfabetização científica, para que tal processo ocorra de

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maneira significativa no aprendizado do aluno. Ele deve ser construído “[...] através das

atividades lúdicas e jogos pedagógicos, pois o aluno aprende com mais facilidade. A leitura

precisa ser trabalhada de forma espontânea e não imposta”.

A docente destaca a relevância de investir na alfabetização científica nos anos

iniciais, para que, posteriormente, elabore coletivamente o aprendizado, organizado “[...] para

que o aluno possa conhecer tudo que se passa ao seu redor, no mundo, pois a maioria dos

alunos não tem acesso às informações externas do seu convívio”. Além de enfatizar a

alfabetização científica como instrumento que auxilie os alunos na leitura, a docente utiliza

alguns instrumentos lúdicos que facilita na aprendizagem da leitura, como “[...] o cantinho da

leitura, textoteca e jogos pedagógicos”.

A docente aponta os instrumentos lúdicos que mais utiliza para auxiliar de

maneira determinante na leitura e descreve o que cada um desenvolve no aluno, como as “[...]

cantigas de roda, brincadeiras lúdicas e jogos. Cantigas de roda: desenvolvem a expressão oral

e a concentração. Brincadeiras lúdicas: desenvolve o interesse e o prazer de aprender. Jogos:

estimula a concentração, o raciocínio motor, psicológico e afetivo”. Os instrumentos lúdicos

contribuem também para a alfabetização científica, pois como mencionado anteriormente, o

desenvolvimento e aprendizado do aluno ocorrem de maneira significativas. Durante a

alfabetização científica, “[...] as crianças que brincam no processo de alfabetização

apresentam maior facilidade em assimilar as atividades a serem desenvolvidas, além de

desenvolver sua autonomia”.

Além dos instrumentos lúdicos contribuírem para a alfabetização científica dos

alunos, contribuem também significativamente na leitura do aluno, a docente destaca, “[...] o

lúdico desperta no aluno o poder da imaginação, através das histórias contadas ou lidas, elas

criam e recriam no seu mundo imaginário”. Os instrumentos lúdicos contribuem com

relevância na aprendizagem dos alunos. O contato com jogos, músicas e brincadeiras facilita a

aprendizagem do aluno de forma prazerosa e eficaz. Com isso a docente avalia os

instrumentos lúdicos juntamente com a alfabetização científica e a enfatiza como um “[...]

instrumento essencial, onde o aluno se desprende da obrigatoriedade de conteúdos e age de

maneira descontraída”.

3.2.2 Coordenadora pedagógica

A coordenadora pedagógica compreende a alfabetização científica como “[...] a

renovação das práticas pedagógicas”. Considera a mesma importante, “[...] porque busca a

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renovação das ações e práticas na forma de ensinar e aprender”. E que investir na

alfabetização científica nos anos iniciais é relevante, “[...], pois a renovação motiva os

participantes no projeto”. Diz utilizar instrumentos lúdicos na aula de leitura, “[...] porque

facilita a criatividade dos envolvidos” e o instrumento lúdico que mais gosta de usar é “a

música, pois as melodias facilitam a concentração e a aprendizagem”. Explica como são

trabalhados os instrumentos lúdicos na escola. São trabalhados de acordo “[...] com as

atividades elaboradas. Os jogos normalmente são de matemática, brincadeiras que motivam a

concentração e brinquedos para despertar a curiosidade dos alunos”.

A coordenadora pedagógica incentiva a utilização de instrumentos lúdicos para a

leitura, “[...] porque é um instrumento facilitador da aprendizagem”. Há projetos na escola

que ajudam e incentivam na ludicidade, os quais são: “[...] Sacola da Leitura, Criando e

Recriando a Reciclagem, Vigilantes da Natureza, Coral do Saulzão e Fanfarra do Saulzão”.

Relata que a ludicidade realmente contribui para um aprendizado significativo na leitura, isto

é, “[...] historicamente as escolas que apresentam resultados de aprendizagem, tem propiciado

aos alunos a ludicidade, pois a leitura de códigos e a leitura cultural necessitam de estímulos

que propiciam o aprendizado”.

3.2.3 Alunos

A aluna “A” disse nunca ter ouvido falar em alfabetização científica. Sendo

perguntado o porquê que nunca ouviu falar, disse: “[...] porque a professora nunca me falou”.

Gosta de ler, “[...] porque acha legal”. Quais os gêneros que mais gosta de ler? São os

seguintes: “poesia porque é top”2; de romance “porque é importante”. Prefere ler

individualmente, “porque é mais legal”. Gosta de jogos, brincadeiras, brinquedos e músicas

que ensinam e incentivam sobre leitura, “porque é divertido”. Desses instrumentos citados

acima, o que a aluna gosta é “[...] a música, porque sua irmã coloca música para ela ouvir e

ela aprende mais”.

A aluna “B” também disse nunca ter ouvido falar sobre alfabetização científica,

“[...] porque sua mãe nunca havia falado para ela”. Relatou adorar ler. Dos gêneros textuais

que mais gosta de ler, foi dito que é a poesia e romance, isto é, “[...] poesia porque adora e

romance porque é interessante”. Prefere ler “[...] em grupo, porque gosta mais”. Também

gosta de jogos, brincadeiras, brinquedos e músicas que falem sobre leitura, “porque é mais

divertido”. E desses instrumentos o que mais gosta é “da música, porque faz aula de música”.

2 “Legal, bom, de boa qualidade”.

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Além das alunas “A” e “B”, não ouvirem falar de alfabetização científica, o aluno

“C” também nunca ouviu falar, porque ninguém ainda falou para ele, nem em casa, nem na

escola. Segundo o aluno, gosta de ler, “porque é legal”. O gênero que gosta de ler é poesia,

“[...] porque tem música”. Gosta de ler em grupo, pois “[...] as pessoas são legais”, ou seja, os

alunos que estudam com ele na sala de aula. Gosta dos instrumentos lúdicos (jogos,

brincadeiras, brinquedos e músicas) que falem sobre leitura, “porque é divertido”. Desses

instrumentos o que mais gosta, são “os brinquedos devido à variedade dos mesmos”.

A aluna “D” já ouviu falar sobre alfabetização científica “na escola”. E que gosta

de ler, “porque através da leitura aprende mais”. Os gêneros que mais gosta de ler são:

quadrinhos e ficção, “porque simplesmente adora”. Prefere ler individualmente, “porque acha

melhor, se concentra mais”. Gosta de jogos, brincadeiras, brinquedos e músicas sobre leitura,

“porque a leitura se torna mais divertida”. E dos instrumentos que mais gosta de aprender

sobre leitura, “são os jogos”, por ser legal. O aluno “E” igualmente a aluna “D”, já ouviu falar

sobre alfabetização científica “em casa”. Gosta de ler porque é bom. Os gêneros que mais

gosta de ler são: “ficção porque é bom e realista porque é legal”. Prefere ler na sala de aula,

“porque aprende mais”. Como os alunos mencionados acima, gosta de (jogos, brincadeiras,

brinquedos e músicas), que falem e ensinem sobre leitura, “porque é bom e aprende mais com

a música”. E, segundo os alunos entrevistados, eles aprendem a ler mais com esses

instrumentos lúdicos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como finalidade analisar a constituição da alfabetização

científica da leitura no contexto da ludicidade, considerando os saberes e as práticas docentes

e discentes. Os objetivos foram: identificar, compreender e analisar os fatores que influenciam

a constituição da alfabetização científica da leitura no contexto da ludicidade, considerando os

saberes e as práticas docentes e discentes, de uma escola municipal de Educação Infantil e

Ensino Fundamental, de Guajará-Mirim/RO.

A coordenadora e professoras evidenciaram a importância que a alfabetização

científica da leitura tem no contexto escolar, tanto para os docentes, quanto para os discentes.

A leitura faz parte da vida do aluno antes mesmo de virem para a escola (leitura prévia),

contribuindo para o desempenho e aprendizagem dos alunos. Se a leitura for bem trabalhada

nos anos iniciais, é a base para a criança progredir nos anos seguintes de ensino. A ludicidade

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aliada à alfabetização científica e a leitura proporcionam ao aluno um aprendizado

significativo, criativo e reflexivo, salientando o desenvolvimento integral dos alunos.

Dos alunos entrevistados, dois já haviam ouvido falar sobre alfabetização

científica, e os demais ainda não tinham ouvido falar. Nas falas dos discentes, ficou visível a

constituição da alfabetização científica no contexto escolar, fundada nas práticas de leitura,

mediante os saberes dos jogos, música, brinquedos e brincadeiras, que fazem realmente

diferença no processo ensino e aprendizagem.

Observamos que a relação professor-aluno é determinante no processo de ensino e

aprendizagem, para a construção e constituição da alfabetização científica da leitura,

considerando as práticas e as experiências lúdicas, atravessadas pelas linguagens verbal e não-

verbal. O conteúdo textos dos livros didáticos, na alfabetização científica, é interpretado,

compreendido e contextualizado, fazendo referência ao contexto social e cultural dos alunos,

para intensificá-la a aprendizagem da leitura crítica, reflexiva e dialógica.

Conclui-se que a alfabetização científica, contribui para o processo ensino-

aprendizagem de forma prazerosa, despertando o interesse pelo mundo da leitura interligado

com a ludicidade evidenciando o desenvolvimento do aluno.

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