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Introdução
Símbolo químico: Al
Ponto de fusão: 650ºC
O Al não seria descoberto senão em 1827, pelo alemão Woehler, que
conseguiu isolá-lo sob uma forma de pó bastante impura, ao tratar o cloreto de
alumínio pelo potássio.
Em 1821 havia sido descoberto um jazigo de hidrato de alumínio impuro,
perto da aldeia de Baux, em França. Considerado como um mineral pobre, o
alumínio só seria explorado industrialmente a partir de 1859.
O procedimento que permitiu a elaboração industrial deste metal foi
descoberto em 1854.
Hoje em dia o mineral que serve como base às ligas para fundição tem o
nome de bauxite, por advir da aldeia de Baux.
Propriedades do alumínio
O alumínio possui uma combinação de propriedades que o torna um material
muito útil em engenharia. O alumínio tem densidade baixa (2.70 g/cm3), sendo, por
isso, muito utilizado em produtos manufacturados de transporte. O alumínio tem,
também, boa resistência à corrosão na maioria dos meios naturais, devido à
estabilidade do filme de óxido que se forma na sua superfície. Muito embora o
alumínio puro apresente baixa resistência mecânica, as ligas de alumínio podem
apresentar resistências até cerca de 690 Mpa. O alumínio não é tóxico, sendo
extensivamente usado em recipientes e embalagens para alimentos. O alumínio é
muito usado na indústria eléctrica devido às suas boas propriedades eléctricas. O
preço relativamente baixo do alumínio, aliado às muitas propriedades úteis, fazem
com que este metal tenha grande importância industrial.
Produção do alumínio
O alumínio é o elemento metálico mais abundante na crosta terrestre
aparecendo sempre combinado com outros elementos, como o ferro, o oxigénio e o
silício. A bauxite, que consiste essencialmente em óxidos de alumínio hidratados, é
o minério comercialmente mais importante na produção de alumínio. No processo
Bayer (figura 1), a bauxite reage com hidróxido de sódio a temperatura elevada e o
alumínio de minério é convertido em aluminato de sódio. Depois da separação dos
elementos insolúveis, o hidróxido de alumínio é precipitado a partir da solução de
aluminato. O hidróxido de alumínio é parcialmente seco e depois calcinado, dando
origem à formação de óxido de alumínio (Al2O3).
O óxido de alumínio é dissolvido num banho de criolite (Na3AlF6 ) fundida e
electrolisado numa célula electrolítica, usando ânodos e cátodos de carbono (figura
2). No processo de electrólise, forma-se alumínio metálico no estado líquido que se
deposita no fundo da célula e que é periodicamente retirado. O alumínio retirado da
célula tem normalmente 99.5 a 99.9% de alumínio, sendo o ferro e o silício as
principais impurezas.
O alumínio que sai das células electrolíticas é colocado em grandes fornos
revestidos por refractários, onde é refinado antes do vazamento. Elementos de liga
e lingotes de alumínio enriquecidos com elementos de liga podem também ser
fundidos e misturados na carga do forno. Na operação de refinamento, o metal
líquido é purificado com cloro gasoso, de modo a remover o hidrogénio gasoso
dissolvido, seguindo-se a remoção da camada superficial de metal líquido para
retirar o metal oxidado. Depois de o material ter sido desgaseificado e removida a
camada líquida à superfície, é separado e vazado em lingotes para refusão ou em
lingotes nas formas primárias, por exemplo, lingotes para chapa ou extrusão
destinados a fabrico posterior.
Figura 1- Esquemas representativo da produção de alumínio
Figura 2 - Esquemas representativo da produção de alumínio
Ligas de alumínio para fundição
Composição das ligas
As ligas de alumínio para fundição têm vindo a ser desenvolvidas no sentido de
melhorar quer as propriedades relacionadas com o vazamento, como a fluidez e a
capacidade de alimentação do molde, quer propriedades como a resistência
mecânica, a ductilidade e a resistência à corrosão. Por isso, as composições destas
ligas são muito diferentes das composições das ligas de alumínio para trabalho
mecânico. As ligas de alumínio para fundição são classificadas nos Estados Unidos
da América de acordo com a nomenclatura da Aluminum Assocation. Nesta
classificação, as ligas de alumínio para fundição estão agrupadas segundo os
principais elementos de liga que contêm, usando-se um número de quatro dígitos
com um ponto entre os últimos dois, tal como se indica na tabela 1:
ELEMENTOS DE LIGA FUNDAMENTAIS SÉRIE
Alumínio, 99.00% mínimo 1xx.x
Cobre 2xx.x
Silício, com adições de cobre e/ou magnésio 3xx.x
Silício 4xx.x
Magnésio 5xx.x
Zinco 7xx.x
Estanho 8xx.x
Outros elementos 9xx.x
Série livre 6xx.x
Tabela 1 – Tipos de ligas de alumínio para fundição
Processos de fundição
Os três principais processos de fundição das ligas de alumínio são: Fundição
em molde de areia, fundição em molde permanente e fundição injectada.
A fundição em molde de areia é o processo de vazamento mais simples e mais
versátil das ligas de alumínio. O processo de fundição em molde de areia é
geralmente usado na produção de: 1) pequenas quantidades de peças fundidas
idênticas; 2) peças vazadas complexas, com interiores complicados; 3) peças
grandes vazadas; 4) estruturas vazadas.
No processo de fundição em molde permanente, o metal líquido é
introduzido no molde permanente por gravidade, baixa pressão ou simplesmente
por pressão centrifuga. Peças fundidas de uma mesma liga e com a mesma forma,
obtidas em molde permanente, possuem uma estrutura de grão mais fina e maior
resistência mecânica do que as peças fundidas em molde de areia. A velocidade de
arrefecimento elevada que se atinge no vazamento em molde permanente conduz
a uma estrutura de grão fino. Alem disso, o vazamento em molde permanente dá
origem a menores contracções e menor porosidade gasosa do que o vazamento em
molde de areia. No entanto, os moldes permanentes têm limitações de tamanho, e
para peças complexas este tipo de vazamento é difícil ou mesmo impossível.
Na fundição injectada atingem-se taxas de produção máximas no vazamento
de peças idênticas, sendo o metal líquido forçado a entrar no molde por acção de
uma pressão elevada. As duas metades do molde metálico estão convenientemente
fechadas para permitirem uma pressão elevada. O alumínio líquido é forçado a
preencher as cavidades do molde. Após a solidificação do metal, o molde é aberto
de modo a retirar-se a peça vazada, ainda quente. As duas metades do molde são
novamente fechadas e repete-se novamente o ciclo de vazamento. Algumas das
vantagens da fundição injectada são: 1) As peças vazadas por injecção estão
praticamente acabadas e podem ser produzidas a velocidades elevadas; 2) Permite
obter peças com tolerâncias dimensionais mais apertadas do que nos outros
processos de fundição; 3) Obtêm-se superfícies de vazamento lisas; 4) O
arrefecimento rápido inerente a este processo permite obter uma estrutura de grão
fino; 5) O processo pode ser facilmente automatizado.
Na próxima tabela apresentam-se um agrupamento das ligas com maior relevância,
que para a fundição em areia é a liga 319, uma liga Al-Si6%-Cu3,5%. Para a
fundição injectada as ligas mais usadas repartem-se pela 380 Al-Si8,5%-Cu3,5% e a
413 que é a liga eutéctica do sistema Al-Si com 12% de silício.
As aptidões à fundição são apresentadas na próxima tabela.
Nesta tabela “resistance to tearing” significa resistência à fissuração, “pressure
tightness” resistência à pressão, sendo as restantes denominações já conhecidas.
Efeito dos Elementos de Liga
O Cálcio é um fraco modificador eutéctico de ligas alumínio-silício. Ele aumenta
a solubilidade do hidrogénio e é muitas vezes responsável pela porosidade dos
fundidos. Para concentrações de cálcio superiores a aproximadamente 0,005 %,
a ductilidade das ligas alumínio-magnésio é bastante alterada.
O Cobre, em teores entre 1 e 4%, é também adicionado às ligas de alumínio
para fundição, para promover o aumento da resistência mecânica,
particularmente a temperaturas elevadas. A primeira e mais usada liga de
alumínio é a que contém 4 a 10% cobre. O cobre melhora substancialmente a
dureza nos fundidos de liga de alumínio com e sem tratamento térmico. Ligas
com 4 a 6% Cu são facilmente tratáveis termicamente. Em geral, o cobre
melhora a resistência à corrosão, mas também diminui a fluidez.
O Chumbo é usado nas ligas de alumínio para melhorar a maquinabilidade.
O Estanho melhora as características anti-fricção, requisito extremamente
necessário para o fabrico de chumaceiras. As ligas de alumínio podem conter
até 25% Sn. Este elemento pode ainda melhorar a maquinabilidade dos
fundidos.
O Ferro diminui a tendência para a liga se agarrar em moldes permanentes.
Contudo o aumento do teor de ferro diminui substancialmente a ductilidade. O
ferro reage, e forma várias fases insolúveis nas ligas de alumínio, estas fases
são as responsáveis pelo endurecimento das ligas.
O Magnésio em quantidades de 0.3 a 1 %, é adicionado para aumentar a
resistencia mecânica, principalmente através do tratamento térmico de
endurecimento por precipitação. É o elemento chave para o aumento da dureza
e da resistência mecânica nas ligas tratáveis termicamente de Al-Si. A fase de
endurecimento Mg2Si apresenta uma solubilidade limite correspondente a
aproximadamente 0,7% Mg, para além da qual não ocorre nem endurecimento
nem amaciamento da matriz. Normalmente são empregues quantidades de Mg
entre 0,07 a 0,4% nas ligas de Al-Si.
As ligas binárias de Al-Mg são largamente usadas em aplicações que requerem
uma aspecto superficial brilhante e resistência à corrosão, assim como uma boa
relação entre resistência mecânica e ductilidade. As composições destas ligas
varia entre 4 a 10%, acima de 7% a liga é tratável termicamente.
O Manganês é considerado normalmente uma impureza nas composições do
fundido. O manganês é um elemento de extrema importância em ligas brutas.
Na ausência de endurecimento por deformação plástica, o manganês não
oferece nenhum efeito benéfico nas ligas de alumínio. Contudo, existem
evidencias que, uma grande fracção volúmica de MnAl6 em ligas que contem
mais de 0,5 % de Mn pode beneficiar a influência da sanidade interna do
fundido. O manganês pode também ser empregue de modo a alterar a resposta
ao acabamento químico e anôdização.
O Níquel é usado com o cobre de modo a melhorar as propriedades a altas
temperaturas. O níquel também reduz o coeficiente de expansão térmica.
O Silício em quantidades entre 5 e 12%, é o elemento de liga mais importante
das ligas de alumínio para fundição, porque aumenta a fluidez do metal líquido e
a sua capacidade de alimentação do molde, ao mesmo tempo que aumenta a
resistencia mecanica das ligas. Para processos de fundição de arrefecimento
lento (ex.: gesso, cera perdida e areia), o teor em Si é de 5 a 7%, para moldes
permanentes 7 a 9%, e para fundição injectada 8 a 12%.
O Sódio modifica o eutectico das ligas alumínio-silício. A sua presença fragiliza
as ligas alumínio-silício.
O Titânio é extensamente usado para refinamento de grão das ligas de
alumínio, por vezes em combinação com pequenas quantidades de boro. O
titânio é muitas vezes empregue em concentrações superiores ao necessário
para o refinamento de grão de modo a reduzir a tendência para a fissuração.
O Zinco, por si só, em adição às ligas de alumínio não traz grandes benefícios,
no entanto quando acompanhado por adições de cobre e ou magnésio. As ligas
podem ser tratadas termicamente ou envelhecidas naturalmente.
Elaboração das ligas de alumínio
Constituição das Cargas
A carga deve consistir de lingote da liga e sucata limpa da mesma liga. Os
lingotes podem ser preparados em fornos de revérbero ou então comprados a
produtores de alumínio, os quais produzem lingotes para fundição de ligas
padrão.
Algumas fundições preferem fundir a sucata separadamente. Em operações
de grande volume esta sucata é fundida em fornos de revérbero. O banho é
analisado e é corrigido à composição correcta, se necessário, e depois vazados
em lingotes ou transferido líquido para consequente uso na fundição. Uma
análise rápida da composição pode ser efectuada com um espectrometro, o qual
pode completar uma análise electrónica de amostras do banho de alumínio em
apenas três minutos.
Em geral, não é desejável preparar banhos de misturas de cargas que
incluam alumínio puro, a menos que seja extremamente necessário obter o peso
e a composição correcta de todos os materiais existentes na carga.
Quando se adiciona elementos de liga ao banho de alumínio, elementos de
baixo ponto de fusão, tais como zinco e magnésio, podem ser adicionados na
suas formas puras. Contudo, elementos que contêm alto ponto de fusão (tais
como manganês, níquel, silício, titânio, crómio e cobre) são adicionados sob a
forma de ligas alumínio com alto teor do elemento necessário. O silício e o cobre
podem ser adicionados na sua forma pura, contudo a sua solubilidade no banho
é relativamente baixa. O silício tende a flutuar na superfície do banho e, como
tal, oxida-se. O magnésio também flutua e tem de ser submerso no banho
imediatamente prevenido a sua combustão e formação de escória.
Os principais aspectos a considerar quando se elaboram ligas de alumínio são:
1) Absorção de gases, especialmente hidrogénio durante a fusão e
sobreaquecimento;
2) Remoção dos gases dissolvidos;
3) Modificação química da estrutura de solidificação do silício, pela adição
de Na, ou Sr;
4) Afinação do grão das ligas com baixa fracção de eutético em que não
haja precipitação de silício;
5) Distância entre os braços secundários das dendrites, por acção da
velocidade de arrefecimento.
A fusão é normalmente conduzida em “ambiente” controlado, providenciado
pela atmosfera de um forno fechado, ou pelo emprego de fluxos de cobertura,
normalmente à base de misturas de cloreto de sódio e cloreto de potássio (50/50),
para os quais a temperatura de fusão é mais baixa que a de fusão das ligas.
A modificação química da estrutura é conseguida pela adição de sais
contendo sódio, ou cápsulas com Na metálico, ou ligas com estrôncio. Estas ultimas
são mais eficazes, com maior recuperação e com efeito mais prolongado, apesar de
necessitarem de mais tempo para se dissolverem.
Fluxagem nas Ligas de Alumínio
Na fusão do alumínio, e especialmente na refusão de retornos de fundição
ou outra sucata, a formação de óxidos e outras impurezas não-metálicas são
comuns. As impurezas ocorrem sob a forma de inclusões líquidas ou sólidas que
persistem, durante a solidificação do banho, no fundido. As inclusões podem ser
originárias de ferramentas sujas, areia e outros destroços de moldação, escória
espessa (compostos intermetálicos de Fe-Cr-Ni, normalmente encontrados em
ligas de vazamento em molde permanente), resíduos de lubrificantes de
maquinaria, e a oxidação dos elementos da liga e/ou do metal base.
O termo fluxagem, em sentido alargado, aplica-se a uma técnica de
tratamento ao fundido que contenha impurezas e inclusões como as acima
mencionadas. Fluxagem do fundido facilita a aglomeração e a separação de tais
constituintes, indesejáveis do banho.
A fluxagem é dependente da temperatura. A temperatura deve ser
suficiente alta de modo a se alcançar boa separação física ou a reacção química
desejada. A temperaturas suficientemente elevadas, a fluidez tanto do metal
como do agente de fluxagem pode ser muito elevada, o que permite um bom
contacto entre os dois e uma melhor reactividade.
Tipos de Fluxo
Para as ligas de alumínio são usados quatro tipos principais de fluxos. São os
fluxos de cobertura, fluxos de limpeza, fluxos escorificante, e fluxos refinantes.
Também se usam fluxos de limpeza de paredes, mas estes são geralmente
aplicados nas paredes dos fornos não sendo por isso adicionados ao banho.
Os fluxo de cobertura são desenhados de modo a serem usados em
pequenos fornos de modo a providenciar uma barreira física à oxidação do
banho ou de modo a servir como um agente de limpeza para a liga, retornos ou
lingotes novos a serem carregados.
Os fluxos de limpeza têm geralmente um teor mais elevado em sais de
cloreto e contem geralmente fluoretos de modo a facilitar a molhabilidade das
inclusões de oxido para melhor separação do banho.
Os fluxos de escorificação são desenhados de modo a promover a separação
da camada de oxido de alumínio que se forma à superfície do banho, sendo a
reacção exotermica provocando assim um aumento de temperatura seguido de
um aumento da fluidez local. De notar que os fluoretos molham e dissolvem os
filmes de oxido. Com agitação mecânica, este filmes rompem libertando assim
metal que se encontrava aprisionado na escória.
Os fluxos de refinamento contêm compostos que se decompõem à
temperatura de uso e são termodinamicamente favoráveis para reacção com
certos elementos metálicos existentes no banho. Por exemplo, certos compostos
que contem cloretos vão reagir em banhos de alumínio que contem magnésio,
cálcio, lítio, sódio e potássio de modo a formar cloretos insolúveis destes metais,
sendo depois removidos pela limpeza da escória superficial.
Os fluxos de limpeza de paredes contêm compostos que ajudam a minimizar
a formação de óxidos que ocorre nas paredes do forno.
Determinação do Tipo de Fluxos a Usar
As propriedades químicas das ligas determinam, em grande número, o
tratamento de fluxagem que deve ser usado. Muitas das ligas mais comuns de
alumínio – 319.0, 355.0 e 356.0, por exemplo – são basicamente similares no
aspecto em que oxidam moderadamente. Todas elas devem ser tratadas com os
mesmos fluxos de cobertura e/ou escorificantes e, finalmente, com um fluxo
desgasificante e/ou de refinamento de grão.
Contudo, algumas ligas que contêm elevadas percentagens de magnésio ou
silício podem requerer tratamentos especiais. Tais ligas de alumínio/magnésio
como por exemplo, 535.0, 518.0 e 520.0 são tratadas de modo idêntico às ligas
de magnésio. Neste caso. O fluído de limpeza do fluxo leva as peles não
metálicas e as inclusões para a superfície onde estas devem ser prontamente
escorificadas e removidas. Fluxos que contenham sódio não devem ser usados.
Nas ligas hipoeutécticas de alumínio-silício (estas contendo menos de 11,7%
de silicío), a modificação do silício com estrutura grosseira no eutéctico deve ser
acompanhada da adição de pequenas quantidades de liga principal rica em
estrôncio ou por meio de sódio metálico ou fluxos de sódio.
Contudo, no caso das ligas hipereutécticas de alumínio-silício (estas
contendo mais de 13% de silício), o refinamento primário do silício é realizado
pela adição de uma pequena quantidade de fósforo. Existem diversos agentes
de refinação que devem ser usados, mas se estes forem sais, devem estar livres
de sódio e cálcio. Pois ambos têm detrimento em relação à acção de
refinamento do fósforo.
Desgaseificação das ligas de alumínio
O alumínio e suas ligas são muito susceptíveis à absorção de hidrogénio
quando se encontram no estado fundido, sendo a solubilidade muito mais lenta
no estado solido (ver fig. 12). O hidrogénio é o único gás que é apreciavelmente
solúvel no alumínio fundido.
Figura 12 – Solubilidade do hidrogénio no alumínio.
Devido à afinidade do metal para o oxigénio, a principal fonte de absorção
de hidrogénio vai ser a redução do vapor de agua da atmosfera em contacto
com o banho.
A solubilidade do gás hidrogénio aumenta exponencialmente à medida que a
temperatura é aumentada, por isso é imperativo que se evite temperaturas
excessivas durante a fusão de modo a minimizar a absorção de gás,
especialmente se se usa um tratamento de desgasificação standard baseado
num cálculo teórico de teor de gás esperado.
Fontes de hidrogénio no alumínio
Existem muitas fontes potenciais de hidrogénio no alumínio, incluindo a
atmosfera do forno, os materiais de carga, os fluxos, componentes externos e as
reacções entre o metal fundido e o molde.
Atmosfera do forno – Os fornos aquecidos a fuel usados para fundir
podem gerar hidrogénio livre devido à combustão incompleta do fuel-oil
ou do gás natural.
Materiais de carga – Os lingotes, sucata e retornos de fundição podem
conter óxidos, produtos de corrosão, areias e outros desperdícios
provenientes de moldes, e lubrificantes usados na metalomecânica.
Todos estes contaminantes são fontes potenciais de hidrogénio através
da redução de compostos orgânicos ou decomposição do vapor de agua
da humidade contida.
Fluxos – A maioria dos fluxos salinos usados no tratamento do banho
de alumínio são higroscópios. Fluxos humidificados podem causar
absorção de hidrogénio pelo banho através da decomposição da agua.
Componentes externos - Ferramentas dos fornos tais como “rakes”,
“puddlers”, escumadeiras e pás podem induzir hidrogénio no banho se
não se encontrarem devidamente limpas. Os óxidos e resíduos de fluxos
contidos nessas ferramentas são fontes de contaminação bastante
graves devido a que vão absorver humidade directamente da
atmosfera.
Os refractários dos fornos, “troughs” e “launders”, “mortars” e
“cements”, colheres de amostragem e de vazamento são também
potenciais fontes de hidrogénio, especialmente se os refractários não se
encontram devidamente curados.
Reacções metal/molde – Se o fluxo de metal é excessivamente
turbulento durante o processo de vazamento, pode ser aspirado ar para
dentro do molde. Se o ar não poder ser expelido antes do inicio da
solidificação, ocorre provavelmente absorção de hidrogénio. A gitagem
imprópria pode também causar turbulência e sucção.
Também a excessiva humidade nos moldes de areia verde pode
providenciar uma fonte para hidrogénio à medida que a água se torna
em vapor.
Afinação do banho das ligas de alumínio
As principais impurezas nos banhos de alumínio são os metais alcalinos (lítio,
sódio, cálcio) em concentrações muito baixas (< 20 ppm) e magnésio em
elevadas concentrações (0.20 a 1.5 %). O fósforo encontra-se algumas vezes
presente como impureza quando se refunde ligas de alumínio-silício com
tratamento fosforoso hipereutectico, mas é geralmente removido por processos
de fluxagem convencionais. No caso do magnésio, ele é usualmente removido
por operações de remoção de magnésio (demagging).
Os metais alcalinos como o lítio, sódio e cálcio, são verdadeiras impurezas
que aparecem da produção primária de alumínio e podem ter efeitos
prejudiciais durante a solidificação e na integridade do fundido se não forem
removidos.
A remoção destas impurezas é termodinamicamente favorável quando são
introduzidos no banho halogenatos de cloro e flúor. A fig. 14 mostra a energia
livre de formação de vários compostos de cloro. Nesta figura pode ser verificado
que a remoção por meio de cloro no alumínio vai resultar numa formação
preferencial de cloretos de lítio, sódio, potássio e cálcio.
Figura 14 – Termodinâmica da formação de cloretos em ligas de alumínio
Existem vários métodos para a remoção destas impurezas. Pode ser usado
um simples fluxo de gás ou então injecção de fluxos sólidos ou gasosos
acoplados com um dispersor mecânico. A maioria destes processos mecânicos
são aplicados às industrias primárias, secundárias ou a industrias de produtos
de vazamento contínuo, apesar da injecção de fluxos ser também aplicável a
operações de fundição.
Controlo da Estrutura
A estrutura metalúrgica dos fundidos de alumínio é determinada por um
grande número de factores. De importância crucial, é o tamanho da célula
dendrítica ou o tamanho dos braços dendríticos, a forma e a distribuição das
fases microestruturais, e o tamanho de grão. O fundidor pode controlar a finesa
da estrutura dendrítica controlando a velocidade de solidificação.
As características microestruturais tais como o tamanho e distribuição de
fases primárias e intermetálicas é mais complexo. Contudo, o controlo químico,
o controlo da quantidade de elementos baseado na estequiometria das fases
intermetálicas e o controlo das condições de solidificação de modo a garantir
um tamanho uniforme e boa distribuição dos intermetálicos são todos meios
para este fim. O uso de modificadores e refinadores de modo a influenciar as
estruturas euteticas e hipereuteticas das ligas de aluminio-silicio é um exemplo
do método no qual as micro e macroestruturas podem ser optimizadas durante
o processo de fundição.
Estrutura de Grão
Geralmente, nos fundidos de alumínio, deseja-se obter uma estrutura de
grão equiaxial e fina. O tipo e o tamanho dos grão formados são determinados
pela composição da liga, taxa de solidificação e a adição de refinadores de grão
contendo fases intermetálicas que providenciam locais de nucleação
heterogénea.
Efeitos de refinamento de grão
Um tamanho de grão mais fino promove uma sanidade melhorada do
fundido pois minimiza o encolhimento, a fractura a quente e a porosidade
causada pelo hidrogénio.
As vantagens de um refinamento de grão são:
As propriedades mecânicas e desempenhos a altas temperaturas são
normalmente melhorados com estruturas de grão mais fino; propriedades de
estruturas pesadas são também melhoradas por práticas deliberadas de
refinamento de grão.
Melhores fundidos resultam de um estrutura de grãos mais fina, providenciada
pela criação de mais pontos de nucleação durante a solidificação do banho.
Normalmente é minimizado a contracção dos poros e a fractura a quente dos
fundidos. Melhores características de alimentação, normalmente significam uma
sanidade do fundido melhorada.
Com um tamanho de grão fino resulta um melhor controle e uniformidade de
resposta ao tratamento térmico, porque existe uma maior homogeneidade da
liga através da estrutura do fundido.
Estruturas de grão fino resultam numa melhor capacidade de extrusão, de
laminagem, e de maquinagem. Operações de acabamento superficial, como por
exemplo polimento e anodização, são também facilitadas e mais bem sucedidas
com o refinamento do grão da estrutura.
Em condições normais de solidificação, as ligas de aluminio sem refinadores
de grão possuem estruturas grosseiras colunares e ou estruturas grosseiras
equiaxiais. A estrutura colunar grosseira (fig. 17 a) é menos resistente à fractura
durante a solidificação e arrefecimento pós solidificação do que a estrutura
muito refinada para a mesma liga mostrada na figura 17 b.
Figura 17 – (a) À esquerda existe uma estrutura colunar grosseira não refinada. (b)
À direita a estrutura é equiaxial e fina visto que sofreu refinamento de grão.
Uma estrutura de grão fino também minimiza efeitos nefastos no
vazamento, bem como propriedades associadas com o tamanho e distribuição
de compostos intermetálicos. Partículas intermetálicas de grande dimensão e
insolúveis que se encontrem presentes ou se formem numa gama de
temperatura compreendida entre a temperatura de liquidus e a de solidus
reduzem as caracteristicas de alimentação.
Reduzindo a magnitude dos efeitos de fronteira de grão através do
refinamento de grão, as tendencias de fissuração a quente de algumas ligas de
solução solida, tais como as da família 2xx.x e 5xx.x, podem ser
substancialmente reduzidas.
Refinamento de Grão de Ligas de Fundição
Em ligas de fundição com 7 % de Si, são geralmente usadas ligas mestras
de alumínio-titânio ou sais de modo a refinar o grão. Um nível de adição de 0.10
a 0.25% de Ti geralmente assegura um bom refinamento o grão sendo o agente
nucleador, na ausência de boro, as partículas de TiAl3.
Apesar do sucesso do uso do titânio como um refinador de grão, verificou-se
recentemente que o boro pode ser um refinador mais eficaz que o titânio nas
ligas de alumínio-silício. A figura 18 compara o tamanho de grão conseguido
com adições de boro, titânio, e uma mistura de boro e titânio numa liga 356.
Figura 18 – Comparação da eficiência de vários refinadores de grão na liga de
alumínio 356.
Estes resultados estão em contraste com a experiência em ligas brutas, nas
quais as ligas mestras de alumínio-titânio-boro são refinadores poderosos
apesar das ligas de alumínio-boro não refinam devidamente o grão. Nas ligas
brutas mais recentes o teor de silício é geralmente inferior a 0.5 %; como nota
comparativa, as ligas de fundição contêm um teor de 7% de Si ou maior. Por
isso, pode ser que com maiores teores em silício, a eficiência das partículas
nucleantes de TiAl3 seja envenenada pela precipitação de compostos de silício-
titânio. Como consequência, são necessárias elevadas adições de titânio de
modo a se atingir um refinamento adequado em ligas que contem altos teores
de silício.
Em banhos que usam somente refinadores de grão de alumínio-boro, o
principal constituinte refinador são os precipitados de AlB2, que parecem poder
ser melhorados com teores crescentes de silício dissolvido. Contudo, o AlB2 vai-
se dissolver e reagir com titânio residual de modo a formar TiB2, que pode
assentar no fundo do forno como escória. Se isto ocorre, as capacidades de
refinamento de grão são perdidas.
A figura 19 demostra a eficiência da liga mestra Al-2.5Ti-2.5B nas ligas de
fundição 356 e 319 comparando-a com a da liga Al-5Ti-1B.
Figura 19 – Eficiência de refinadores de grão de titânio–boro nas ligas de alumínio
356 e 319.
Claramente, o uso de maiores níveis de boro e menores níveis de titânio do
que os anteriormente usados podem ter benefícios substanciais para as ligas de
fundição.
Tratamentos Térmicos
A metalurgia do alumínio e suas ligas oferece uma vasta gama de
tratamentos térmicos de modo a obter a combinações de propriedades
mecânicas e físicas desejadas.
O tratamento térmico das ligas de alumínio baseia-se na variação das
solubilidades das fases metalúrgicas. Como a solubilidade do eutéctico aumenta
com o aumento da temperatura até à temperatura de solidus (verificado no
sistema binário eutéctico da figura 20) a formação e distribuição de fases
precipitadas pode ser usada para influenciar as propriedades do material. Além
das mudanças de fases e de morfologia, outros efeitos podem ocorrer com a
elevação da temperatura para o tratamento térmico.
Figura 20 – Parte do diagrama de fases alumínio–cobre, indicando as gamas de
temperatura para realização de tratamentos térmicos.
A microsegregação na estrutura dos fundidos pode ser eliminada ou pelo
menos minimizada, as tensões residuais causadas pela solidificação ou por
têmpera são reduzidas, e fases insolúveis podem sofrer alterações.
Os tratamentos térmicos usados nas ligas de alumínio são:
Solubilização (ligas 3xx.x e 7xx.x);
Têmpera (algumas 2xx.x, 3xx.x, 4xx.x e 5xx.x);
Precipitação/Envelhecimento (ligas 3xx.x e 5xx.x);
Recozimento (geral).
Em certos casos, se a velocidade de arrefecimento da peça fundida no molde for
suficientemente rápida, pode obter-se uma liga para tratamento térmico nos estado
de solução sólida sobresaturada. Deste modo, as etapas de solubilização e têmpera
podem ser eliminadas no endurecimento por precipitação de peças fundidas, sendo
apenas necessário fazer o envelhecimento após a peça ter sido removida do molde.
Um bom exemplo de aplicação deste tipo de tratamento térmico é a produção de
pistões de automóveis endurecidos por precipitação. A designação deste
tratamento térmico é T5
Bibliografia
Sebenta das aulas teóricas de Fundição II, Engº Silva Ribeiro
Metals Handbook volume II e XV, american society of metals
Aluminum Casting Technology, 2nd edition The American Foudrymen´s Society Inc
Princípios de ciência e engenharia dos materiais, William F Smith
Cours Élémentaire de Fonderie, Syndicat général de Fondeurs de France, Volume IV
e VIII, H. Coste\