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Pág. Rua Comandante Almiro, 211 - Centro - Feira de Santana-BA (75) 3221.7259 1 01. Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente. “Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas”. (MEIRELES, 2000, p. 27). “A matilha dos filhos fareja o sonho inacabado, perseguindo tua lapela castanha, o açúcar do linho, olor de café aquecido”. (CARPINEJAR, 2008, p. 58-59). Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo uma percepção A) sensorial. B) sentimental. C) emotiva. D) onírica. E) racional. 02. “SE” - Djavan Você disse que não sabe se não Mas também não tem certeza que sim Quer saber? Quando é assim Deixa vir do coração Você sabe que eu só penso em você Você diz que vive pensando em mim Pode ser, se é assim Você tem que largar a mão do não Soltar essa louca, arder de paixão Não há como doer pra decidir Só dizer sim ou não Mas você adora um se Eu levo a sério mas você disfarça Você me diz à beça e eu nessa de horror E me remete ao frio que vem lá do sul Insiste em zero a zero e eu quero um a um Sei lá o que te dá, não quer meu calor São Jorge por favor me empresta o dragão Mais fácil aprender japonês em braile Do que você decidir se dá ou não De acordo com a música e com as metafunções de Halli- day, indique a resposta correta: A) “Você disse que não sabe se não” – indica uma meta- função textual por dedução, já que é uma ideia ilógica. B) “Quer saber?” – Indica uma metafunção ideacional ou experiencial por causa de um afirmação e suposição. C) “Deixa vir do coração” – Indica uma metafunção inter- pessoal. D) “E me remete ao frio que vem lá do sul” – Expressa uma metafunção interpessoal. E) “Mais fácil aprender japonês em braile do que você de- cide se dá ou não” – Indica uma metafunção textual por indução. Aluno(a): __________________________________________________________ Data: ___ /____/ 2019 Professor: Celso Silva Turma: Site Assunto: Linguagens ENEM 03. Leia a crônica de Clarice Lispector, publicada no Jornal do Brasil em 29 de março de 1969, para responder à questão. Perguntas grandes Pessoas que são leitoras de meus livros parecem ter re- ceio de que eu, por estar escrevendo em jornal, faça o que se chama de concessões. E muitas disseram: “Seja você mesma.” Um dia desses, ao ouvir um “seja você mesma”, de repente senti-me entre perplexa e desamparada. É que também de repente me vieram então perguntas terríveis: quem sou eu? como sou? o que ser? quem sou realmente? e eu sou? Mas eram perguntas maiores do que eu. (A descoberta do mundo, 1999.) A sugestão “seja você mesma” deixou a autora “perplexa e desamparada” porque A) ironizou que seus leitores não eram capazes de com- preender o que ela queria expressar em seus textos. B) inconvenientemente, ela percebeu que não sabia como ser, no jornal, uma escritora tão boa quanto nos livros. C) provocou questionamentos de ordem existencial, para os quais não encontrou resposta. D) levou-a a se perguntar se seria capaz de evitar as temi- das concessões ao escrever para o jornal ou revista . E) gerou dúvidas quanto à sua identidade, pois se viu divi- dida em duas escritoras com estilos polissindetos. 04. A questão se refere à charge a seguir: Fonte: dediscursos.blogspot.com. Disponível em:<http://desdiscursos.blo- gspot.xcom/2011/12/crimes-ambientais.html>. Acesso em: set. 2018, Assinale a alternativa que exprime o teor crítico da charge. A) A pichação somente contribui para o aumento da polui- ção visual da cidade. B) É necessário investir efetivamente em educação para a conscientização ambiental. C) Há incoerência entre a proibição governamental e sua efetiva fiscalização. D) A pichação é uma forma ilegítima de protesto social e educacional. E) Os pichadores demonstram total indiferença com o meio ambiente e a lei.

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GRAMÁTICA - PROF. CELSO SILVA

01. Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente.

“Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre dos meus dedoscolore as areias desertas”.

(MEIRELES, 2000, p. 27).“A matilha dos filhosfareja o sonho inacabado,perseguindo tua lapela castanha,o açúcar do linho,olor de café aquecido”.

(CARPINEJAR, 2008, p. 58-59).

Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo uma percepção

A) sensorial.B) sentimental.C) emotiva.D) onírica.E) racional.

02. “SE” - Djavan

Você disse que não sabe se nãoMas também não tem certeza que simQuer saber? Quando é assimDeixa vir do coraçãoVocê sabe que eu só penso em vocêVocê diz que vive pensando em mimPode ser, se é assimVocê tem que largar a mão do nãoSoltar essa louca, arder de paixãoNão há como doer pra decidirSó dizer sim ou nãoMas você adora um seEu levo a sério mas você disfarçaVocê me diz à beça e eu nessa de horrorE me remete ao frio que vem lá do sulInsiste em zero a zero e eu quero um a umSei lá o que te dá, não quer meu calorSão Jorge por favor me empresta o dragãoMais fácil aprender japonês em braileDo que você decidir se dá ou não

De acordo com a música e com as metafunções de Halli-day, indique a resposta correta:

A) “Você disse que não sabe se não” – indica uma meta-função textual por dedução, já que é uma ideia ilógica.

B) “Quer saber?” – Indica uma metafunção ideacional ou experiencial por causa de um afirmação e suposição.

C) “Deixa vir do coração” – Indica uma metafunção inter-pessoal.

D) “E me remete ao frio que vem lá do sul” – Expressa uma metafunção interpessoal.

E) “Mais fácil aprender japonês em braile do que você de-cide se dá ou não” – Indica uma metafunção textual por indução.

Aluno(a): __________________________________________________________ Data: ___ /____/ 2019Professor: Celso Silva Turma: Site Assunto: Linguagens ENEM

03. Leia a crônica de Clarice Lispector, publicada no Jornal do Brasil em 29 de março de 1969, para responder à questão. Perguntas grandes Pessoas que são leitoras de meus livros parecem ter re-ceio de que eu, por estar escrevendo em jornal, faça o que se chama de concessões. E muitas disseram: “Seja você mesma.” Um dia desses, ao ouvir um “seja você mesma”, de repente senti-me entre perplexa e desamparada. É que também de repente me vieram então perguntas terríveis: quem sou eu? como sou? o que ser? quem sou realmente? e eu sou? Mas eram perguntas maiores do que eu.

(A descoberta do mundo, 1999.)

A sugestão “seja você mesma” deixou a autora “perplexa e desamparada” porque

A) ironizou que seus leitores não eram capazes de com-preender o que ela queria expressar em seus textos.

B) inconvenientemente, ela percebeu que não sabia como ser, no jornal, uma escritora tão boa quanto nos livros.

C) provocou questionamentos de ordem existencial, para os quais não encontrou resposta.

D) levou-a a se perguntar se seria capaz de evitar as temi-das concessões ao escrever para o jornal ou revista .

E) gerou dúvidas quanto à sua identidade, pois se viu divi-dida em duas escritoras com estilos polissindetos.

04. A questão se refere à charge a seguir:

Fonte: dediscursos.blogspot.com. Disponível em:<http://desdiscursos.blo-gspot.xcom/2011/12/crimes-ambientais.html>. Acesso em: set. 2018,

Assinale a alternativa que exprime o teor crítico da charge.

A) A pichação somente contribui para o aumento da polui-ção visual da cidade.

B) É necessário investir efetivamente em educação para a conscientização ambiental.

C) Há incoerência entre a proibição governamental e sua efetiva fiscalização.

D) A pichação é uma forma ilegítima de protesto social e educacional.

E) Os pichadores demonstram total indiferença com o meio ambiente e a lei.

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05. Examine a tira Hagar, o Horrível do cartunista americano Dik Browne (1917-1989).

O ensinamento ministrado por Hagar a seu filho poderia ser expresso do seguinte modo:

A) “A fome é a companheira do homem trabalhador.” B) “O estômago que raramente está vazio despreza ali-

mentos vulgares.’’ C) “Nada é mais útil ao homem do que uma sábia descon-

fiança.” D) “Muitos homens querem uma coisa, mas não suas con-

sequências.”E) “É impossível para um homem ser enganado por outra

pessoa que não seja ele mesmo.”

06. Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e su-marenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, mal-criados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagan-do. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cor-tara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no frag-mento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.

A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.

B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.

C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.

D) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.

E) assume funções discursivas distintas nos dois contex-tos de uso.

07.

Disponível em: <http://www. blogdefrases.com.br>. Acesso em: 24 set. 2014. (Adaptado).

Na tirinha, a locutora utiliza o imperativo verbal para desa-fiar seu interlocutor a lhe apresentar uma prova de amor. Essas formas imperativas apresentam um caso de varia-ção na pessoa do verbo, tendo a seguinte configuração:

A) “mate” e “peça” são formas de 2ª pessoa correlaciona-das ao pronome “tu”; “prova” e “coloca” são formas de 3ª pessoa correlacionadas ao pronome “você”.

B) “prova” e “coloca” são formas de 2ª pessoa correlacio-nadas ao pronome “tu”; “mate” e “peça” são formas de 3ª pessoa correlacionadas ao pronome “você”.

C) “prova” e “coloca” são formas de 3ª pessoa que deri-vam do presente do modo subjuntivo e se correlacio-nam ao pronome de 3ª pessoa “você”.

D) “mate” e “peça” são formas de 2ª pessoa que derivam do presente do modo indicativo e se correlacionam ao pronome de 2ª pessoa “tu”.

E) Todos os verbos estão no imperativo, fazendo um pedi-do ao pronome “tu”.

08. Leia a fábula a seguir:

A FORMIGA E A POMBA

Uma Formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.Uma Pomba que estava numa árvore sobre a água, arran-cou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a mar-gem.Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo. A Formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a Pomba voasse para longe a salvo.

De acordo com a temática desenvolvida nessa fábula, qual poderia ser a moral da história?

A) Antes só do que mal acompanhado. B) Os preguiçosos colhem o que merece. C) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. D) Quem com ferro fere com ferro será ferido. E) “Quid pro quo”.

09. Transpondo a fala da personagem Mine para o discurso indireto, a forma correta é:

A) A Mine perguntou a Testão: − Você ficou sabendo da última do Dan?

B) A pergunta de Mine a Testão foi: se ele já sabia da últi-ma do Dan.

C) Mine indagou de Testão: − Sabe da última do Dan?D) A Testão Mine pergunta se sabia da última do Dan.E) Mine perguntou a Testão se tinha ficado sabendo da

última do Dan

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10. A charge ilustra uma situação bastante comum acerca das desigualdades entre pessoas do sexo biológico feminino e masculino. Sobre questões de gênero, pode-se afirmar que

A) desigualdades de gênero assolam somente mulheres com baixa condição socioeconômica e escolaridade, sobretudo as brancas e indígenas.

B) dadas as conquistas das mulheres na contemporanei-dade, as desigualdades de gênero não são mais pre-sentes no mercado de trabalho.

C) não obstante a luta do movimento feminista, mulheres ainda são alvo recorrente de violência doméstica, sexu-al e afetiva.

D) dados estatísticos dos órgãos de pesquisa apontam que mulheres da região Nordeste são as que mais re-gistram queixas de violência.

E) uma medida de notável repercussão no cenário nacio-nal foi a promulgação da Lei Maria da Penha, com a única finalidade de imputar maior pena ao agressor

11. Observe os dois quadrinhos acima. Leia, analise-os e es-colha a alternativa CORRETA.

A) A personagem feminina acredita que ler é uma inven-ção do cotidiano.

B) O personagem masculino acredita que a vida é muito perigosa.

C) “Viver sem ler é perigoso” porque as pessoas que leem muito acreditam em tudo que ouvem.

D) Aquelas pessoas que não leem podem ser facilmente enganadas.

E) A leitura não é um caminho para o conhecimento.

12. Meu cenário Petrúcio Amorim Nos braços de uma morena quase morro um belo dia Ainda me lembro o meu cenário de amor Um lampião aceso, um guarda-roupa escancarado Um vestidinho amassado debaixo de um batom Um copo de cerveja, uma viola na parede E uma rede convidando a balançar Num cantinho da cama um rádio a meio volume Um cheiro de amor e de perfume pelo ar Numa esteira, o meu sapato pisando o sapato dela Em cima da cadeira aquela minha bela cela Ao lado do meu velho alforje de caçador Que tentação! Minha morena me beijando feito abelha E a lua malandrinha pela brechinha da telha Fotografando o meu cenário de amor

Disponível em: https://www.vagalume.com.br/petrucio-amorim/meu-cena-rio.html Acesso em: 24/06/2017.

As canções populares podem se revestir do lirismo e da expressividade que são mais comuns na esfera literária. No texto, um dos recursos expressivos empregados é a personificação, presente, por exemplo, nos segmentos:

A) “nos braços de uma morena” e “o meu cenário de amor”. B) “quase morro” e “Ainda me lembro”. C) “Um lampião aceso” e “uma viola na parede”.D) “Um vestidinho amassado” e “um rádio a meio volume”.E) “uma rede convidando a balançar” e “a lua malandrinha

(...) fotografando”.

13. A personagem Mafalda do cartunista Quino está reagin-do à primeira definição de democracia nessa charge. Tal reação é oportuna pela diversidade de desdobramentos e pelos usos que a democracia foi e está sendo utilizada ao longo dos séculos. Mesmo passando tanto tempo desde a primeira definição de democracia, algumas afirmações permanecem válidas.

Assinale a alternativa correta.

A) A democracia deve ser estabelecida pela igualdade ju-rídica nas eleições, uma segurança pública militarizada e o nacionalismo integral ou ultranacionalismo.

B) Em um sistema democrático, o poder pode ser atri-buído com base em eleições livres em que ocorra a participação política ampla e a concorrência justa pelos cargos eletivos.

C) Em uma democracia liberal, o governo eleito expressa a vontade do povo e, para isso ser possível, esse go-verno deve possuir poderes ilimitados sem regulações.

E) A democracia deve ser estabelecida com o braço forte do Estado para permitir a uma pessoa ou a um grupo o poder político necessário para se conduzir o país ao progresso.

E) A democracia aparece como uma metonímia da reali-dade.

14. As gírias de cada região: qual é a boa no seu pedaço?A gíria que o nosso morro criou cedo a cidade aceitou e usou [...] aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português

(Noel Rosa, “Não tem tradução”, 1933)

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Os diversos modos de falar do povo brasileiro conferem as sonoridades, as cores e os sabores da língua, que está em constante transformação, de acordo com a dinâmica socio-cultural. Um dos recursos que mais movimentam o idioma é o neologismo, palavra ou expressão que se introduz ou tenta se introduzir na língua, ou ainda confere novos senti-dos a palavras já existentes.As gírias são neologismos empregados por grupos que têm em comum a profissão, a idade, a classe social ou a região, com o objetivo de criar uma identidade linguísti-ca, facilitando a comunicação entre os pares e excluindo os que não pertencem àquela comunidade. Existem gírias típicas de determinado local ou região. Segundo João Bos-co Serra e Gurgel, autor do Dicionário de gíria: modismo linguístico, o equipamento falado do brasileiro

(7. ed. Brasília, 2005), “os regionalismos são os maiores tributários das gírias”. A gíria que o nosso morro criou

Durante muito tempo, as gírias eram condenadas ao papel de vilãs do bem falar, associadas à marginalidade. Ao longo da Colônia e do Império, muitos termos foram criados para pos-sibilitar a comunicação entre os escravizados sem que os se-nhores tivessem conhecimento do que se tratava. O escritor Plácido de Abreu, no prefácio de seu romance Os capoeiras (1886), transcreve um glossário da gíria corrente nesses gru-pos. “Alfinete”, por exemplo, significava faca, “alto da sinago-ga”, rosto ou cabeça, e “desgalhar” é fugir da polícia. Na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, por exemplo, as gírias eram associadas à malandragem. Nas canções eternizadas por Moreira da Silva, o Kid Moren-gueira, encontramos várias dessas expressões, como “va-gulino” (vagabundo), “desguiar na carreira” (fugir corren-do), “entregador” (delator).Há também gírias características de uma geração, muitas vezes empregadas por adolescentes como uma forma de se distinguir dos mais jovens e dos mais velhos. Como ob-serva o sociolinguista Anthony Julius Naro, gírias adquiri-das nesse período continuam sendo empregadas ao longo da vida, como marca da juventude.

Hoje a gíria ganhou espaço na publicidade, no jornalismo, na política e até na literatura. A TV, o rádio e, mais recente-mente, a internet aceleram a divulgação de modismos lin-guísticos, que ultrapassam o contexto em que foram cria-dos, tornando-se nacionais e muitas vezes internacionais. É o caso de “shippar”, neologismo derivado do inglês rela-tionship, que significa aprovar um novo casal, de amigos ou de namorados, geralmente relacionado a personagens de séries e novelas, ou a ídolos adolescentes. A internet é um espaço muito produtivo nesse sentido. Termos como “miga”, designando pessoa de qualquer sexo e idade, e “falsiane”, rótulo para o(a) falso(a) amigo(a), transpõem a web e invadem a fala de crianças, jovens e adultos. De acordo com o texto, é correto afirmar que as gírias são

A) modismos linguísticos associados à marginalidade e à vulgaridade.

B) produções associadas à malandragem porque tiveram origem no Rio de Janeiro.

C) modismos linguísticos que podem ultrapassar as esfe-ras sociais onde surgiram originalmente.

D) expressões criadas pela população de baixa escolari-dade, cuja variedade linguística é desvalorizada social-mente.

E) ideias diatópicas e diacrônicas da língua.

15. Observe a imagem e leia o fragmento para responder à ques-tão.

MARTINS, Aldemir. Gato vermelho, Gravura, 50cm X 70cm. s/d.Disponível em: <http://www.espacoarte.com.br/obras/6082-aldemir-martins>. Acesso em: 02 mar. 2018.

História de uma gataMe alimentaramMe acariciaramMe aliciaramMe acostumaram O meu mundo era o apartamentoDetefon, almofada e tratoTodo dia filé-mignonOu mesmo um bom filé... de gato Me diziam, todo momentoFique em casa, não tome ventoMas é duro ficar na suaQuando à luz da luaTantos gatos pela ruaToda a noite vão cantando assim Nós, gatos, já nascemos pobresPorém, já nascemos livresSenhor, senhora ou senhorioFelino, não reconhecerás [...]

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De manhã eu voltei pra casaFui barrada na portariaSem filé e sem almofadaPor causa da cantoria Mas agora o meu dia-a-diaÉ no meio da gatariaPela rua virando lataEu sou mais eu, mais gataNuma louca serenataQue de noite sai cantando assim Nós, gatos, já nascemos pobresPorém, já nascemos livresSenhor, senhora ou senhorioFelino, não reconhecerás

BUARQUE, Chico. História de uma gata. Disponível em: <http://www.letras-musicais.mus.br/chico-buarque/historia-de-uma-gata>. Acesso em: 02 mar. 2018.

O gato representado na imagem se mostra estático e de olhar um tanto tristonho, ao passo que a gata da canção se mostra

A) gaiata e desprendida. B) servil e pragmática.C) obediente e resignada.D) arrependida e demente.E) pesarosa e incompreendida.

Gabarito:

01. A

02. E

03. C

04. C

05. C

06. E

07. B

08. E

09. E

10. C

11. D

12. E

13. B

14. C

15. A