47
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS GRADUAÇÃO: REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Ana Cristina da Silva MOTIVAÇÃO Um resgate a valorização do homem. RIO DE JANEIRO Abril/ 2002.

Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS GRADUAÇÃO: REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Ana Cristina da Silva

MOTIVAÇÃO

Um resgate a valorização do homem.

RIO DE JANEIRO Abril/ 2002.

Page 2: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS GRADUAÇÃO: REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Ana Cristina da Silva

Professora: Maria Esther de Araújo Oliveira

MOTIVAÇÃO

Um resgate a valorização do homem.

RIO DE JANEIRO Abril/ 2002.

Page 3: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

RESUMO

A organização trouxe importantes e decisivas conquistas políticas, sociais, e econômicas, para o homem. Sua representação histórica é de significativa relevância para o sistema de Recursos Humanos, tendo em vista sua passagem pelas eras clássica, neoclássica da informação e do conhecimento. Neste contexto, pretende-se explicitar a importância do capital humano para as organizações, utilizando como fonte de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, entre outros. Busca-se elucidar através dos novos métodos motivacionais, o papel do homem e o seu desempenho nas organizações, sua conquista e os fatores que contribuem para o resgate e obtenção da automotivação, perceber que independente de sua estratégia de atuação, a motivação representa o principal instrumento de ação para todas as organizações.

Page 4: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

SUMÁRIO RESUMO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................05

CAPÍTULO I:

Uma visão sobre o processo histórico da organização institucional .....................07

1.1. A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E SUAS INOVAÇÕES .............................14

1.2. A CONTRIBUIÇÃO DO HOMEM NO UNIVERSO ORGANIZACIONAL ...................................22

CAPÍTULO II: Motivação: Uma causa muito justa! ....................................................25

2.1. O CICLO MOTIVACIONAL E SUAS PRINCIPAIS TEORIAS ................................................28

2.2. UM INCENTIVO PARA A AUTO-REALIZAÇÃO ................................................................33

CAPÍTULO III:

A MOTIVAÇÃO DE RH COMO FERRAMENTA PREPARATÓRIA PARA A ORGANIZAÇÃO E O HOMEM..............................................................................................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 46 ANEXOS .......................................................................................................................... 48

Page 5: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo explicitar a importância dos fatores

que contribuem para a motivação do homem nas organizações, proporcionando de

forma significativa uma maior reflexão no que se refere à importância do Ser Humano

como ser social, político e econômico, para a sociedade e organizações. Resgatando

assim a relevância da dimensão humana e sua valorização.

Sabe-se que a inovação e a ousadia tem sido ferramentas constantes nos

modelos de gestão empresarial, especialmente na área de recursos humanos, que por

sua vez tem conquistado resultados significativos nas organizações. Diante das

diversas mudanças, o profissional de Recursos Humanos deve se preparar para o

futuro, dando ênfase ao conhecimento das primeiras formas de organização,

observando sua representação histórica para a sociedade e para o mundo. Emerge a

cada dia novas estratégias organizacionais, principalmente no que se refere a missão e

atuação do sistema de RH.

Desta forma, o primeiro capítulo da presente análise busca desenvolver uma

breve retrospectiva sobre o surgimento das organizações, a partir do período da

Revolução Industrial e como estas apresentam-se nos dias atuais. Como originou-se o

sistema de recursos humanos, passando pela era clássica, neoclássica e atingindo a

era da informação e do conhecimento. Esta etapa tem como proposta explicitar também

a importância do capital humano para a manutenção das organizações.

O segundo capítulo refere-se ao tema Motivação, apresenta a definição e o

modo como pode ocorrer sua conquista; o desencadeamento do ciclo motivacional,

atentando para as necessidades primárias e secundárias do homem e as principais

teorias que analisam este fator. Como o homem em meio ao constante processo de

mudanças deve resgatar sua auto-realização, conscientizando-se sobre os fatores que

contribuem para a desmotivação. Como homem, enquanto ser pertencente a uma

Page 6: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

organização deve primar para a obtenção de sua satisfação e resgatar constantemente

a sua automotivação.

Para finalizar, o terceiro capítulo destaca a relevância da motivação no

sistema de RH como ferramenta preparatória para a organização e o homem. Tem-se

como proposta apresentar como as organizações estão inovando, em busca de seu

crescimento, com o intuito de não somente agregar talentos, mas sobretudo mantê-los.

Para esta atuação, as empresas acompanham a cada dia as principais tendência do

mercado, e buscam aos poucos colocar o ser humano como centro das

transformações.

O Homem necessita estar constantemente atento para as mudanças que o

mundo lhe propõe, sem esquecer que representa a "pedra angular" (base) de toda a

humanidade.

Page 7: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

CAPÍTULO I

UMA VISÃO SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Sabe-se que ao longo de toda história, a organização assim como a

humanidade sofreu por um processo constante de transformações. Com o decorrer de

cada século, obteve-se novos conhecimentos e dados, tendo como aprendizado suas

próprias experiências. Afirma-se que as organizações nasceram, desenvolveram e

morreram como se fossem organismos vivos frente a uma seleção natural das

espécies. Tomaram sobre si diferentes formas e basearam-se em diferentes valores.

Acredita-se que, a partir do momento em que o homem aprendeu a

dominar o fogo e o medo, e a aventurar-se em grupos para alimentar e sobreviver,

surgiram os primeiros empreendimentos rudimentares, buscando uma forma de

organização. Não havia neste período nenhum método específico de trabalho,

predominou durante muitos anos a improvisação e o despreparo, no qual as pessoas

viviam voltadas para a rotina do dia-a-dia.

Historicamente, a indústria começa a dar seus primeiros passos por volta

de 1776, com a invenção da máquina a vapor; entre campos e arvores da Inglaterra

percebia-se gradativamente o surgimento das fábricas e oficinas. O crescimento

também contínuo da população demandava cada vez por produtos manufaturados, e

invenções como o tear mecânico e as máquinas de alta pressão.

Neste período, começa a surgir uma nova concepção do trabalho,

trazendo profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, social e política,

denominada Revolução Industrial. Esta caracteriza-se pela passagem da manufatura à

indústria mecânica. A introdução de máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho

Page 8: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

e aumenta a produção global. Pode-se afirmar que a Inglaterra adianta sua

industrialização em 50 anos em relação ao continente europeu, e sai na frente na

expansão colonial.

O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas

classes sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários

(capitalistas) são os proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e

bens produzidos pelo trabalho. Os operários ou trabalhadores assalariados, possuem

apenas sua força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias

em troca de salários.

Este período pode ser desdobrado da seguinte forma: 1780 - 1860:

revolução do carvão e do ferro; 1860 - 1914: revolução do aço e da eletricidade.

A Revolução Industrial constitui a segunda onda de desenvolvimento

humano (sendo o primeiro, a etapa do trabalho como fonte básica de riqueza). Ocorre

neste período a intensa mecanização da indústria e da agricultura, a substituição do

artesanato pelas enormes fábricas, e consequentemente a ruptura completa das

estruturas corporativas da Idade Média, no qual a predominância da propriedade

privada, põe fim definitivo ao regime feudal.

O século XX trouxe significativas mudanças que influenciaram

poderosamente as organizações, a sua administração, e o seu comportamento.

Segundo CHIAVENATO, pode-se visualizar ao longo do século XX três eras

organizacionais distintas: a era industrial clássica, a era industrial neoclássica e a

era da informação.

* Era da Industrialização Clássica: iniciada a partir da Revolução Industrial,

teve como característica principal o fenômeno da industrialização em amplitude mundial

e o surgimento dos países desenvolvidos ou industrializados. Destaca-se o

aparecimento do automóvel e do avião; o surgimento do telefone e do rádio; e o

desenvolvimento de novas formas de organização capitalista.

Surge nesta fase os primeiros conceitos de administração, e impera a

estrutura organizacional burocrática, caracterizada pelo formato piramidal e

centralizador, com ênfase na departamentalização funcional, na centralização das

Page 9: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

decisões no topo da hierarquia, e no estabelecimento de regras e regulamentos

internos com o intuito de disciplinar o comportamento das pessoas.

Durante este período, os empresários impõem duras condições de trabalho

aos operários , a disciplina é rigorosa mas as condições de trabalho nem sempre

oferece segurança, o objetivo é garantir a margem de lucro crescente. Em algumas

fábricas a jornada ultrapassa quinze horas, os descansos e as férias não são cumpridos

e mulheres e crianças não tem tratamento diferenciado.

Passando por um processo contínuo de mudanças, o ambiente que envolvia

as organizações era conservador e voltado para o status quo. A eficiência representou

durante este período a preocupação básica, e para alcançá-la, eram necessárias

medidas de padronização, simplificação e especialização da mão-de-obra. Houve na

realidade um modelo organizacional, voltado basicamente para o passado e para a

conservação das tradições e valores tradicionais.

Neste contexto, as pessoas eram consideradas recursos de produção, como

os demais recursos organizacionais existentes e juntamente com as máquinas e

equipamentos, e o capital, constituíam os fatores tradicionais de produção: natureza,

capital e trabalho.

Surgem os conflitos entre operários, revoltados com as péssimas condições

de trabalho, e os empresários, têm-se assim as primeiras organizações de

trabalhadores da mesma espécie.

Pode-se dizer que a organização funcional exerce suas funções como uma

colcha de retalhos, na medida em que exige continuamente uma relação fragmentada

no interior da organizações, tendo como prioridade a especialização dos serviços

prestados na empresa, dificultando assim a integração entre todos os níveis de

trabalho existentes.

* Era da Industrialização Neoclássica (1950 -1990): têm-se neste período

a formação de novos modelos estruturais nas organizações, com o objetivo de

incentivar a inovação e o ajustamento às mutáveis condições externas.

Pode-se destacar como principais conseqüências do processo de

industrialização, a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. Para

Page 10: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

maximizar o desempenho dos operários as fábricas subdividem a produção em várias

operações e cada trabalhador executa uma única parte, sempre da mesma maneira

(linha de montagem). Enquanto na manufatura o trabalhador produzia uma unidade

completa e conhecia assim todo o processo, agora passa a fazer apenas parte dela,

limitando seu domínio técnico sobre o próprio trabalho.

"Traduzido na forma de emprego, o trabalho é um centro de referência da civilização e se confunde tanto com ela que, ao mesmo tempo que volatiliza, seu enraizamento e mesmo sua necessidade não são claramente discutidos". (FILHO, 1999:23)

Este período, caracteriza-se pela intensificação e aceleração das mudanças

organizacionais, substitui o modelo burocrático pela teoria estruturalista, cria uma

estrutura matricial visando unir a departamentalização funcional com uma estrutura por

produtos/serviços, buscando incessantemente alcançar maior competitividade. Origina

assim, a organização matricial que apesar de promover uma melhoria na arquitetura

das grandes organizações, não consegue remover a rigidez da velha estrutura funcional

e burocrática sobre a qual se assentava.

Os resultados da Revolução Industrial foram extraordinários, refletindo-se em

todos os setores da vida humana, pode-se apontar: o desenvolvimento da produção em

massa e a extrema divisão do trabalho; aparecimento do capitalismo industrial e

posteriormente do capitalismo monopolista, aumento demográfico, devido, em parte, as

modificações nas técnicas agrícolas; crescente urbanização, ocasionando uma série de

problemas que podem ser vistos claramente nas grandes cidades dos países onde a

industrialização demorou mais a acontecer; configuração de duas classes básicas na

sociedade: a burguesia industrial, que passava a ser a classe dominante, e o

proletariado , constituído pela massa de trabalhadores assalariados das indústrias;

melhoria das condições de vida das classes altas, pelo aparecimento de enorme

quantidade de mercadorias, proporcionando maior conflito; afirmação do Estado Liberal;

desenvolvimento do Imperialismo; o movimento operário e o socialismo.

Enfim, considera-se este período como de grandes descobertas e invenções,

o homem passa a buscar um mundo além de suas limitações, sente-se cada vez mais a

necessidade de conquistar novos ideais.

Page 11: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

* Era da Informação: com início na década de 1990, pode ser considerada

como a época atual. Destaca-se por apresentar como desafio maior, a produtividade do

conhecimento. Com tantas inovações, como o desenvolvimento contínuo do sistema

tecnológico, no qual têm-se a comunicação virtual em tempo real, há um novo despertar

que põe um pouco de lado o capital financeiro, para se dar lugar ao conhecimento. As

organizações caracterizam-se pela agilidade, flexibilidade e inovação, constituídas por

equipes multifuncionais, com intensivas redes de comunicação, aptas a enfrentar as

novas mudanças e oportunidades em um ambiente calmo ou turbulento. Têm-se como

ênfase a inovação, tendo o foco no futuro (surgimento da organização virtual),

valorizando-se sobretudo a criatividade.

"... a gestão de pessoas representa a maneira como as organizações procuram lidar com as pessoas que trabalham em conjunto em plena era da informação. Não mais como recursos organizacionais que precisam ser passivamente administrados, mas como seres inteligentes e proativos, capazes de Ter responsabilidade e de iniciativa e dotados de habilidades e de conhecimentos que ajudam a administrar os demais recursos organizacionais inertes e sem vida própria".(CHIAVENATO, 1997:28)

Estas eras, representam até o presente momento as mais importantes

quando se fala em história da organização, contudo, cabe ressaltar que este períodos

não representam algo separado, pois o movimento de mudanças ocorreu e ainda

ocorre simultaneamente. Não há como limitar, era do trabalho artesanal e era da

informação com data e horários estipulados sistematicamente. O mundo sofreu e sofre

por transformações frequentes e que muitas vezes são essenciais para a humanidade.

Percebe-se na sociedade moderna, que o homem passa a maior parte de

sua vida inserido em uma organização, depende desta para, aprender, trabalhar,

ganhar seu próprio sustento, enfim todo seu modo de sobrevivência gira em torno das

organizações. Afirma-se que as organizações constituem cada vez mais unidades

sociais, construídas e reconstruídas intencionalmente, com o objetivo de atingir

objetivos específicos.

Page 12: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Pode-se dizer que a organização consiste num sistema de atividades

conscientemente coordenadas por duas ou mais pessoas. Para Chiavenato, uma

organização somente existe quando:

1. "há pessoas capazes de se comunicarem e que

2. estão dispostas a contribuir com a ação conjunta,

3. a fim de alcançarem um objetivo comum".

Cabe ressaltar também, que por mais tecnológica que uma organização

possa ser, ela deve possuir como prioridade o ser humano, como ser complexo, com

sua sabedoria, inteligência, crenças, valores e diferenças, pois será a partir deste ser

que terá a possibilidade de almejar novos objetivos.

Uma organização deve estar munida de pessoal adequado para responder

aos seus objetivos, pois de modo contrário seu futuro fica comprometido.

Acredita-se hoje, estar valorizando o que existe de básico para a

sobrevivência de qualquer organização, que é o conhecimento, ou seja, apesar de

tantas modificações ocorridas no mundo, o seu elemento base ainda é o homem. Resta

saber até quando este irá representar o auge do interesse das organizações ?

"A massa cinzenta humana será a riqueza do amanhã. A moeda do futuro não vai ser financeira, mas intelectual. E estará na cabeça das pessoas. O recurso mais importante da organização". (CHIAVENATO,1999:29)

Em face da situação atual, onde as transformações ocorrem rapidamente, as

organizações contemporâneas, tentam acompanhar o progressivo processo de

globalização econômica. Para enfrentar a forte competição no mercado mundial, as

empresas precisam adaptar-se ao novo, indo além de suas limitações.

"as organizações permitem satisfazer diferentes tipos de necessidade dos indivíduos: emocionais, espirituais, intelectuais, econômicas, etc. No fundo, as organizações existem para cumprir objetivos que os indivíduos isoladamente não podem alcançar em face de suas limitações individuais. Assim, as organizações são

Page 13: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

formadas por pessoas para sobreporem suas limitações individuais". (CHIAVENATO,1999: 24)

Enfim, apesar da sociedade industrial transformar o homem num simples

apêndice, a qual dita seu ritmo de trabalho, as mudanças que ocorrem constantemente,

faz com que o mesmo tenha cada vez mais a consciência não somente dos direitos e

deveres, mas principalmente de se perceber enquanto ser humano complexo, inclusive

com a necessidade de satisfazer seus diferentes tipos de necessidades, até mesmo o

lazer.

Page 14: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

1.1 A Administração de Recursos Humanos e Suas Inovações

Inserida neste contexto organizacional, a Administração de Recursos

Humanos, também vem modificando-se de forma significativa.

Considera-se os Recursos Humanos como a chave vital de uma

organização, na medida em que são as pessoas que fazem as organizações e que

produzem, e sem um funcionamento de todo o sistema, a sobrevivência da organização

fica comprometida. Para que o sistema realmente funcione e haja uma sintonia perfeita

entre as pessoas e a organização, faz-se necessário uma gestão cuidadosa e eficaz.

"Diante da nova realidade estrutural, o setor de RH precisa buscar, o quanto antes, uma efetiva coordenação de suas responsabilidades através da criação, manutenção, desenvolvimento de um contingente de empregados treinado e motivado para realizar os objetivos organizacionais". (CARVALHO,1989: 11)

Na era da industrialização clássica, o RH foi denominado como Relações

Industriais, atuou como órgão mediador entre a organização e as pessoas - capital e

trabalho, com o intuito de amenizar os conflitos trabalhistas advindos de ambas as

partes. Considerado como parte complementar da máquina (apêndice), o homem

deveria ser modelado na medida do possível, pois os cargos eram desenhados de

maneira fixa e definitiva , cabendo aos empregado ajustar-se a eles, buscando o

máximo de eficiência.

O RH limitou a sua atuação nos chamados departamentos de pessoal,

considerado como primeira área formal destinada a intermediar as relações econômicas

das empresas com as pessoas, órgão responsável pelo pagamento de salários e

encargos sociais, trabalhava em função da necessidade da época, que limitava-se ao

pagamento aos funcionários de um lado, e as atividades burocráticas organizacionais

de outro.

Page 15: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

"Os departamentos de pessoal eram órgãos destinados a fazer cumprir as exigências legais com respeito ao emprego: admissão através de contrato individual, anotação em carteira de trabalho, contagem das horas trabalhadas para efeito de pagamento, aplicação de advertência e medidas disciplinares pelo não cumprimento do contrato, contagem de férias, etc." (CHIAVENATO,1999: 34)

Ou seja cabia a este órgão as atividades racionais e burocráticas, deixando

as pessoas como complementos superficiais à organização, meros provedores de força

física e muscular.

Inicialmente pensava-se que existia uma forma ótima de gerir recursos

humanos (Taylor, 1911). O trabalho correspondia a um conjunto de tarefas devendo

escolher-se o pessoal adequado ao desempenho das tarefas e treiná-los para o efeito.

Fizeram-se então abordagens psicológicas na análise das funções, proporcionando

uma visão científica da gestão de recursos humanos. Dada a complexidade da natureza

humana, esta visão científica não era suficiente para a gestão de pessoas. De fato, um

conjunto de pessoas não pode ser visto um simples aglomerado de peças mecânicas.

Tentando responder às dificuldades enunciadas, surge uma nova abordagem

(Mayo, 1927 e Miles, 1965) que baseava seus estudos nas relações humanas. Estes

preocupavam-se não apenas com a produtividade, mas também com a integração

social, o comportamento, o meio ambiente e os padrões sociais.

A partir da era neoclássica, a concepção de Relações Industriais foi

substituída por Administração de Recursos Humanos, sob um novo foco, as pessoas

passaram a ser consideradas como recursos vivos e inteligentes e não mais como

fatores complementares a produção.

Com o desenvolvimento de novas culturas de trabalho, o RH passou a ter

maior importância, pois as empresas se tornaram maiores, mais complexas e

desenvolvidas na área tecnológica. Estes fatores passaram a exigir mais

profissionalismo na escolha e na contratação de pessoas, melhor qualificação.

Os departamentos de recursos humanos, ampliam as tarefas

desempenhadas até então, e passam a desenvolver atividades operacionais e táticas.

Expandem sua função para recrutamento, seleção, treinamento, avaliação,

Page 16: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

remuneração, higiene e segurança do trabalho e de relações trabalhistas e sindicais.

Cabe ressaltar contudo, que estes departamentos atuam de forma monopolística e

centralizadora.

Desenvolve-se neste período as técnicas de gestão enfatizando a motivação,

a liderança e a participação.

A especialização mostrava-se eficiente até certo ponto, porém tornava os

processos fragmentados e extremamente demorados, já que um único processo

necessitava passar pelas mãos de diversos profissionais especialistas em ciclos

intermináveis.

Com a era da informação destaca-se as equipes de gestão de pessoas.

Como compreender este novo conceito ?

"Na era da informação lidar com as pessoas deixou de ser um problema e passou a ser a solução para as organizações. Mais do que isso deixou de ser um desafio e passou a ser a vantagem competitiva para as organizações bem sucedidas". (CHIAVENATO,1999: 34)

Acredita-se, que neste período o foco está no modo como lidar com as

pessoas, o relacionamento interpessoal nas organizações constitui a base para um bom

empreendimento. Investir sobretudo nas pessoas como agentes dotados de

competências e inteligência, que de forma singular contribuem para a administração de

diferentes organizações.

A área de gestão de pessoas inicia uma nova trajetória dentro das empresas,

passando a atuar como suporte das diversas áreas de negócio, estabelecendo políticas

e orientando os gestores nas tomadas de decisões, que envolvem pessoas.

As equipes de RH passam a proporcionar consultoria interna, transferem as

tarefas burocráticas para terceiros, delegam as atividades táticas aos gerentes de linha

de toda organização, enfim atuam buscando sobretudo uma maior aproximação com os

diferentes membros, valorizando assim a forma de lidar com o outro.

O profissional de Gestão de Pessoas, que antes era cobrado para realizar

atividades apenas específicas, passa a ter a responsabilidade de aumentar seu escopo

Page 17: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

de atuação, tornando-se um consultor de GP. A exigência é para que se tenha uma

visão generalista , ou seja, que atenda a uma ou mais áreas da empresa, sendo o

responsável por auxiliar os gestores em suas atividades relacionadas a pessoas,

procurando alinhar as necessidades destes com as políticas da empresa.

Destaca-se como aliado desta inovação, a tecnologia, que passa a exercer

um papel fundamental. É através de sistema de gestão que se organizam e se integram

as informações, tornando possível que processos operacionais cada vez mais tomem

menos tempo dos funcionários da área de Gestão de Pessoas, que desta forma podem

se dedicar quase que integralmente a questões de apoio as gerências.

O estudioso Douglas McGregor, desenvolveu um estilo próprio para

compreender a Administração de Recursos Humanos. Para ele existe duas teorias

fundamentais no gerenciamento das organizações, o qual define como Teoria X e

Teoria Y. Representam duas concepções opostas de administração, baseadas em

certas pressuposições acerca da natureza humana. Distingue como Teoria Tradicional

(Teoria X) e Teoria Moderna (Teoria Y).

Segundo Gregor, os adeptos à Teoria X acreditam que sua empresa possui

uma equipe que funciona movida apenas pela disciplina e pela possibilidade de

recompensa. As pessoas são consideradas como: inerentemente preguiçosas;

desprovidas de ambição e de desejos de assumir responsabilidades; egocêntricas;

com tendência a agir contra as necessidades da organização; resistentes à mudança.

Prevalece uma gerência autoritária.

Com relação aos adeptos à Teoria Y, consideram que seus colaboradores

vêem no trabalho uma fonte de satisfação e são capazes de se dedicar para obter

melhores resultados. Acredita-se que as pessoas são mais orientadas para o

crescimento e desenvolvimento, e não necessariamente irresponsáveis nem

naturalmente resistentes às mudanças organizacionais. A tarefa central da gerência

proporcionar condições organizacionais para criar oportunidades para as pessoas, dar

orientação, remover barreiras e encorajar o seu crescimento. Existe uma gerência

participativa.

Page 18: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Tais conclusão não levam em conta que grande parcela dos profissionais,

não pode ser classificada apenas como X ou Y, porém guardam características de

ambas Teorias.

Atualmente, estas teorias são visualizadas com os pontos extremos e

antagônicos de concepções contínuas que possuem vários graus intermediários em

gradações contínuas e sucessivas.

Pode-se dizer que o decorrente processo de mudança, através da inovação

e a ousadia tem contribuído significativamente para modelos de gestão empresarial,

especialmente na área de recursos humanos.

O planejamento de recursos humanos passou a ser encarado como

planejamento estratégico, a motivação individual deu lugar ao conceito de clima

organizacional, as tarefas perderam a importância a favor dos grupos de trabalho, o

pessoal especializado nas suas funções deu lugar ao pessoal identificado com os

objetivos da organização. Nesta nova concepção, a gestão de pessoal faz-se

conjuntamente com os recursos da organização, e toda estratégia da organização só

faz sentido se associada à estratégia de recursos humanos.

Segundo CHIAVENATO o sistema de Gestão de Pessoas, constitui-se por

seis processos básicos:

➲ Processos de Agregar Pessoas: "são processos utilizados para incluir novas

pessoas na empresa. Podem ser denominados de provisão ou de suprimento de

pessoas. Incluem recrutamento e seleção".

➲ Processos de Aplicar Pessoas: "são os processos utilizados para desenhar

as atividades que as pessoas irão realizar na empresa, orientar e acompanhar

seu desempenho. Incluem desenho organizacional e desenho de cargos, análise

e descrição de cargos, orientação de pessoas e avaliação do desempenho".

➲ Processos de Recompensar Pessoas: "são os processos utilizados para

incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas.

Incluem recompensas, remuneração e benefícios e serviços sociais".

➲ Processos de Desenvolver Pessoas: "são os processos utilizados para

capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional. Incluem treinamento e

Page 19: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

desenvolvimento das pessoas, programas de mudanças e desenvolvimento de

carreiras e programas de comunicação e consonância".

➲ Processos de Manter Pessoas: "são os processos utilizados para criar

condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das

pessoas. Incluem administração da disciplina, higiene, segurança e qualidade de

vida e manutenção de relações sindicais".

➲ Processos de Monitorar Pessoas: "são os processos utilizados para

acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem

banco de dados e sistemas de informações gerenciais".1

Em face do cenário mundial e considerando a importância das pessoas neste

processo, as organizações encaram e rompem os paradigmas, reavaliando,

repensando e retomando a valorização do ser humano e suas relações de trabalho, e

implementam os programas de qualidade de vida, por entenderem que para obter a

qualidade total necessitam de pessoas sadias.

"As mudanças recentes na gestão de recursos humanos nas organizações remetem a Teoria do Capital Humano, que se apresenta sob duas perspectivas. Primeiro, na perspectiva de uma mão de obra mais qualificada. E segundo, no alto desenvolvimento pelo trabalhador de um capital pessoal levando a empregabilidade." (FILHO,1999:24)

As preocupações da Administração de Recursos Humanos se voltam para

diferentes focos, como a globalização, pessoas, cliente, produtos/serviços,

conhecimento, resultados e tecnologia, contudo nota-se a predominância da

valorização do capital humano e intelectual. O que antes era considerado como de

grande importância entre os profissionais, como o pacote de benefícios oferecido pelas

empresas, deixou de ser. A estrutura que até então funcionava, hoje deve acompanhar

as mudanças decorrentes.

Page 20: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

"Na verdade, os papéis assumidos pelos profissionais de RH são múltiplos. Eles devem desempenhar papeis operacionais e ao mesmo tempo estratégicos. Precisam ser polícia e parceiros simultaneamente. Em outros termos, para que a área de RH possa adicionar valor à organização, ela precisa desempenhar papeis cada vez mais múltiplos e complexos". (CHIAVENATO, 1999:38)

Agora, ao contrário do que acontecia anteriormente, os profissionais já não

buscam um emprego que apenas lhes permita desenvolver e/ou garantir uma carreira

para toda vida. Suas necessidades apresentam-se a cada dia mais inovadoras como a

flexibilização do horário de trabalho, que possibilite desempenhar outras ocupações e

até mesmo a realização do trabalho em sua própria casa (teletrabalho).

"Diante dessa nova realidade estrutural, o setor de RH precisa buscar, o quanto antes uma efetiva coordenação de suas responsabilidades através da criação, manutenção e desenvolvimento de um contingente de empregados treinado e motivado para realizar os objetivos organizacionais". (CARVALHO, 1989:11)

Acredita-se que, dada a complexidade dos sistemas (pessoas e

organizações), os gestores do futuro deverão ser gestores do conhecimento

Atualmente, destacam-se quatro papéis principais do RH: Administração de

estratégias de recursos humanos, Administração da infra-estrutura da empresa,

Administração da contribuição dos funcionários, e Administração da transformação e da

mudança.

A cada dia mais o mercado exige uma postura proativa e inovadora do

profissional de RH, faz-se necessário ter competência técnica multifuncional, habilidade

interpessoal e política, visão estratégica, criatividade, espírito inovador, foco em

resultados, facilidade de comunicação, flexibilidade e auto-enegia, visto que as pessoas

constituem o mais importante ativo das organizações.

1 Todos os conceitos apresentados encontram-se no livro Gestão de Pessoas: o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações, autor Idalberto Chiavenato, 1999:12. O objetivo foi explicitar de forma sucinta e clara a definição original, apresentada nas organizações modernas.

Page 21: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

" Estas novas formas de gestão buscam reduzir a hierarquização das empresas, a documentação dos processos, a supervisão e o controle sobre os funcionários. Comparados com a burocracia, elas partem de pressupostos diferente sobre o comportamento dos trabalhadores." (JÚNIOR, 1987:71)

Para Maria Rita de Salete Lucena o RH tem como missão, "a busca da

qualidade, competência e desempenho no nível da capacitação profissional requerida

pelos desafios decorrentes da natureza, do empreendimento empresarial e das

características do mercado no presente e no futuro".

Pode-se entender como Gestão de Recursos Humanos:

a capacidade de motivar e comunicar com pessoas.

Page 22: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

1.2. A Contribuição do Homem no universo organizacional

O homem vive num mundo comandado pelas organizações. Nascem em

hospitais, estudam em escolas, compram em supermercados e outras lojas, suas casas

recebem energia elétrica e água de serviços especializados, vivem em cidades

governadas por prefeituras, são obrigados a manter relações com o Estado e trabalham

para organizações de todos os tipos. Os patrões e os trabalhadores constituíram

sindicatos. As correntes de opinião política expressam-se através de partidos políticos.

As correntes religiosas atuam através de Igrejas. Sem estas organizações o mundo não

seria o mesmo. Na verdade, há dificuldade de até mesmo imaginar como seria o

homem e o mundo sem as organizações.

Apesar de inúmeras inovações nas formas de trabalho desenvolvido em

organizações, ainda destaca-se um elemento de grande relevância: o Homem.

Considerado, como recursos humanos ou capital humano, representa a base para

qualquer organização.

Os tempos passaram, os séculos sucederam-se e mais especialmente com o

advento da ciência Administração, inicia-se um processo de esquema lógico de

trabalho, onde apesar dos pesares, torna-se importante a gestão do trabalho dos

funcionários, tanto no momento atual como projetando-se para as necessidades futuras

da organização.

"Desde que existem as formas de organizações sociais, retornando-se no tempo em uma viagem homérica até os dias da idade do fogo e da pedra lascada, todas as organizações se conscientizaram da importância daqueles componentes que fazem a máquina rodar. Ou seja, os famosos recursos humanos, os empregados, os trabalhadores, ou mais bonito: os colaboradores". ( BLAUTH, 2000:10)

Pode-se afirmar que as pessoas e as organizações estão interligadas em

uma complexa e incessante interação.

Page 23: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Desde o período que antecede a Revolução Industrial, até os dias atuais,

constata-se que uma organização só existe quando há a união de duas ou mais

pessoas em busca de um objetivo comum.

O trabalho humano sempre teve grande importância para o surgimento das

diversas organizações existentes. Foi através da mão-de-obra, que conseguiu se

alcançar significativos avanços, como a fabricação de invenções como o telefone, o

rádio e o automóvel.

Durante a fase da revolução , o homem foi agregado ao fator trabalho como

instrumento colaborador das grandes indústrias e fábricas; foi caracterizado como parte

complementar para o alcance dos objetivos desejados, atuou apenas como o apêndice

das importantes organizações que se desenvolviam gradativamente.

Para Engels, o trabalho representa "a condição fundamental de toda vida

humana, num grau tão elevado que, num certo sentido pode-se dizer: o trabalho por si

mesmo, criou o homem." (ENGELS, 1976:215)

Com a substituição do trabalho artesanal, pelas máquinas, as pessoas

passam a ser confinadas a tarefas superespecializadas, fragmentadas e parciais, a

visão do superior (empresários) encontra-se voltada unicamente para a rotina, o dia-a-

dia, como prioridade a eficiência e a eficácia de todo o trabalho.

Com a troca do ferro pelo aço como material industrial básico, a derivação do

petróleo como principal fonte de energia, a expansão da industrialização e o

aparecimento de um novo capital, contribuem para a criação de uma nova forma de

organização, baseada na burocracia.

"Nas organizações burocráticas existe uma hierarquia de funções, em que há controle da superior sobre a inferior. A hierarquia é baseada na divisão do trabalho, na formação especializada e na experiência. O desempenho está pré-determinado por regras escritas, ou seja, os funcionários limitam-se a efetuar o que lhes foi imposto por estas regras. Os salários são fixados de acordo com a categoria e escalão, e os direitos estão definidos também por regras. Nada é negociável neste tipo de organização". (RODRIGUES, 2000:10)

Page 24: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Com a chamada Administração Científica de Taylor, consolida-se a divisão do

trabalho e consequentemente a especialização dos funcionários. Nesta perspectiva o

homem contribuiu para as organizações de maneira fragmentada, de acordo com os

padrões pré-estabelecidos pelas organizações. Neste período não há maior

preocupação com os fatores que são inerentes a qualquer ser humano, como as

necessidades de se alimentar, descansar, sua segurança e higiene no ambiente de

trabalho.

Concordando com suas idéias, Henry Ford dá ênfase ao trabalho

fragmentado, no qual cada operário executa suas atividades de acordo com um setor

específico, objetiva-se sobretudo a padronização com o intuito de assegurar o máximo

de eficiência nas operações, gerando consequentemente cada vez mais lucros.

Aos poucos as organizações perdem o papel de tutor de empregados e

assumem uma chamada parceria orientada por uma missão comum, na medida em que

as pessoas constituem o principal ativo das organizações.

"Todo processo produtivo somente se realiza com a participação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso". (CHIAVENATO,1999:06)

Considerando a importância das pessoas para o progresso das organizações,

sente-se a cada dia a necessidade de encarar, romper os paradigmas, reavaliar e

retomar a valorização do ser humano.

Pode-se afirmar que o homem constitui o elemento "chave" do processo de

desenvolvimento capitalista, representa a base de posteriores estruturas e inovações.

"As necessidades do grupo podem não ser iguais as de cada um de seus integrantes. Porém, é importante que os indivíduos se sintam partes de um mesmo time." (HELLER,1999:09)

Responsável pelo desempenho futuro da sociedade e das organizações,

o homem vai aos poucos demonstrando seu interesse em obter uma digna

qualidade de vida e concomitante, um bom emprego, sem esquecer sobretudo dos

seus direitos e de sua importância para a organização, enquanto SER HUMANO.

Page 25: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

CAPÍTULO II

MOTIVAÇÃO: UMA CAUSA MUITO JUSTA!

De acordo com o Dicionário Aurélio, motivar significa: dar motivo a; causar,

ocasionar; expor os motivos, as razões. Ou seja, pode-se considerar o ato de motivar

como conseguir desenvolver em cada pessoa o prazer por aquilo que faz, é buscar em

cada um o verdadeiro motivo de estar trabalhando na empresa X e não na empresa Y.

É buscar saber o real motivo pelo qual cada colaborador trabalha do modo que

trabalha, tentando aliar os seus objetivos pessoais aos objetivos da organização. É o

ato de mostrar que o objetivo a ser alcançado individualmente faz parte de um todo

coletivo de objetivos que decerto estão inseridos dentro dos objetivos gerais de lucro e

resultado da empresa.

"O ser humano está sempre buscando alcançar objetivos, vive a fim de satisfazer novos desejos e necessidades individuais. E afirma-se que o ideal de felicidade = plena motivação humana constitui-se numa utopia da humanidade, apesar de inúmeros sistemas políticos, econômicos e sociais prometerem autenticas vantagens aos seus seguidores". (CARVALHO, 1989:16)

Considera-se de grande importância o processo de motivação, tendo em

vista que de um lado está os objetivos organizacionais a serem alcançados, e de outro,

os objetivos pessoais a serem satisfeitos.

A motivação ficou, durante muito tempo, estritamente vinculada à

remuneração, compreendendo-a como o processo que envolve todas as formas de

Page 26: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

pagamento ou de recompensas dadas aos funcionários decorrentes do trabalho

desempenhado em uma organização; ocorria de acordo com padrões rígidos e

imutáveis, contudo, no decorrer dos anos nota-se a predominância do modelo complexo

do homem, que deve ser motivado não só com salários ou satisfação pelo cargo que

ocupa, mas como necessidade de auto-realização.

"A grande motivação é a certeza da busca de expansão de novos horizontes e o desejo de substituição de paradigmas que já não nos servem". (RODRIGUEZ, 2000)

Atualmente as mudanças tem ocorrido tão repentinamente, que os Recursos

Humanos buscam a cada dia inovar quando refere-se a motivação. A missão primária

do sistema de ARH é atrair, compensar, desenvolver e reter os melhores talentos,

contudo o salário já não significa mais o principal fator de retenção.

Estudos sobre Recursos Humanos afirmam que a motivação constitui uma

das preocupações dos empresários e dos gestores, desde que Elton Mayo percebeu a

existência da organização informal no interior das empresas. Tal organização

significava que a produtividade não decorria apenas da qualidade técnica e da

eficiência dos processos, mas também da atitude das pessoas em relação às tarefas

que lhes eram solicitadas.

Acredita-se que para uma organização ser considerada competente no que

faz é preciso que ela esteja atenta aos resultados, e para alcançá-los necessita de uma

equipe motivada, com visão do que realmente deseja conquistar. Considera-se a

motivação como uma força que se encontra no interior de cada pessoa.

"O comportamento motivacional não é uniforme: mesmo que as carências dos seres humano sejam, no essencial, as mesmas. As formas como elas se apresentam e a sua importância relativa são diferentes de indivíduo para indivíduo. O comportamento dos indivíduos está relacionado como a forma como as suas carências forma ou não satisfeitas". (SILVA,1997:52)

Page 27: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Diante de um competitivo mundo de negócios há a exigência constante da

motivação sobre o comportamento do ser humano no âmbito organizacional.

HERZBERG, constitui uma fórmula prática e objetiva para gerar a motivação

humana, o qual define como "chute no traseiro"( CNT), isto é , através de uma ação

direta e simples leva-se o homem a fazer algo, a sair do seu lugar. Este ato pode vir por

meio de estímulos externos e internos. Segundo o autor existem algumas práticas

consideradas como positivas para o CNT, numa tentativa de elevar a motivação.

Destaca-se: a redução da jornada de trabalho, aumentos salariais, benefícios,

treinamentos em relações humanas e sensibilidade, comunicações (falar e ouvir os

funcionários), comunicação bidirecional, participação no trabalho e aconselhamento.

Por não possuírem um período determinado de duração , torna-se necessário o

desenvolvimento constante de novas atividades que proporcionam incentivo com o

intuito de não haver saturação.

Torna-se relevante perceber que, a motivação é gerada por fatores distintos

que estimulam a ação das pessoas, "a arte de motivar pessoas começa com a

descoberta de como influenciar o comportamento de cada uma delas. Com isso

aumentam as oportunidades de aumentar os resultados esperados pela empresa"

(HELLER,1999:06)

A qualidade de um trabalho e o seu sucesso estão diretamente relacionados

ao nível de satisfação do colaborador. Na medida em que a motivação representa a

força que estimula o homem a agir.

Apesar de existir diferentes concepções, sobre a visão do empregado ou do

empregador, a motivação constitui-se o elemento essencial para ambas, na medida em

que ajuda a proporcionar um bom desempenho profissional e ao mesmo tempo, auxilia

para o alcance da realização pessoal.

Page 28: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

2.1 O Ciclo Motivacional e suas Principais Teorias

Sabendo-se que o ser humano é constituído por desejos e anseios, direitos

e obrigações, necessidades e satisfação, torna-se de suma relevância compreender

não apenas o significado estrito da palavra motivação, mas sim entender o que

realmente circunda este termo, observando a sua importância para o homem e para a

organização.

Acredita-se na existência de fatores internos (decorrentes de suas

características próprias como personalidade, capacidade de aprendizagem, de

percepção, de motivação, entre outros) e externos (provenientes das características

organizacionais como, sistema de recompensas e punições, de fatores sociais, de

políticas, etc.) que influenciam diretamente sobre o comportamento do homem dentro

das organizações.

Alguns estudiosos, como KRECH, acreditam que o fator de motivação está

diretamente relacionado à cognição, ou seja, os atos de um ser humano são guiados

pelo que ele conhece, acredita e prevê.

Contudo, cabe ressaltar que, assim como as pessoas são diferentes, suas

necessidades individuais e os fatores que contribuem para sua motivação também são

diferenciados.

"...as necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de comportamento; os valores sociais também são diferentes; as capacidades para atingir os objetivos são diferentes; e assim por diante". (CHIAVENATO,1997: 83)

Torna-se necessário perceber que para se alcançar o resultado final, as

pessoas passam basicamente pelo mesmo processo de comportamento. Acredita-se

em três premissas que dinamizam o comportamento humano: há sempre uma

causalidade no comportamento humano; existe uma finalidade em todo comportamento

Page 29: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

humano; e em todo comportamento há um impulso, um desejo, que servem para

designar os motivos do comportamento.

Segundo MASLOW, o ciclo motivacional começa com o surgimento de uma

necessidade, esta representa uma força persistente que provoca o comportamento,

pois toda vez que surge, rompe com o estado de equilíbrio do organismo causando um

estado de tensão, insatisfação, desequilíbrio e desconforto.

Quando as necessidades são satisfeitas, o ciclo motivacional pode ser

representado da seguinte maneira:

Figura 1

Pode-se dizer que a motivação, constitui-se por recompensas Extrínsecas -

aspectos materiaIs, benefícios, salário, condições de trabalho, carro, prêmio por

produção - e Intrínsecas - natureza do trabalho em si, desejo/prazer em cumprir a

missão.

Porém quando não há a satisfação da necessidade, têm-se a frustração

identificada pelo encontro de uma barreira ou obstáculo que impede sua liberação, ou

compensação, percebida através da redução de uma necessidade que não pode ser

satisfeita totalmente. Nestes casos o ciclo motivacional ocorre de forma diferenciada.

Figura 2

__________________

1 Figuras 1 e 2: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O novo papel dos Recursos Humanos nas

organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Equilíbrio Interno

Estímulo ou

Incentivo

Necessidade Tensão Comportamento ou ação

Satisfação

Equilíbrio Interno

Estímulo Ou

Incentivo

Necessidade

Tensão Barreira

Outro Comporta-

mento derivativo

Frustração

Com-pensa-

ção

Page 30: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Torna-se relevante destacar que a satisfação de algumas necessidades é

temporal e passageira, ou melhor, a motivação humana é cíclica, o comportamento é

quase sempre um processo contínuo de resolução de problemas e de satisfação de

necessidades, à medida que vão surgindo.

Quando se fala em motivação, pode-se destacar duas importantes teorias

relacionadas a hierarquia das necessidades humanas. A teoria desenvolvida por

Maslow e a teoria defendida por Herzberg. Acredita-se que a motivação do homem para

agir e se comportar deriva de forças que estão no seu interior.

Conhecida como a teoria das necessidades humanas, a teria motivacional de

Maslow defende a tese de que as necessidades humanas estão distribuídas em uma

pirâmide de importância e de influência do comportamento humano. Na base

encontram-se as necessidades primárias (mais baixas e recorrentes) e no topo as

necessidades secundárias (mais sofisticadas e intelectualizadas).

Constituem as necessidades primárias:

1. Necessidades fisiológicas - representam o nível mais baixo das necessidades

humanas, são constituídas por necessidades inatas como de alimentação, de sono,

de repouso, ou de desejo sexual. Orientam a vida humana desde o nascimento,

estão diretamente relacionadas com a subsistência e existência do indivíduo.

2. Necessidades de Segurança: levam o indivíduo a proteger-se e qualquer perigo real

ou imaginário, físico ou abstrato. Surgem no comportamento humano quando as

necessidades fisiológicas já estão satisfeitas.

As necessidades secundárias são constituídas por:

1. Necessidades Sociais: estão relacionadas com a vida associada do indivíduo junto à

outras pessoas. Caracteriza-se pela participação, aceitação por parte do outro, troca

de amizades, de afeto e de amor.

2. Necessidades de estima: refere-se basicamente a auto-estima e auto-avaliação.

Envolvem a auto-confiança, a necessidade de aprovação social, de reconhecimento

social, de reputação e consideração.

Page 31: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

3. Necessidades de auto-realização: encontradas no topo da hierarquia caracteriza-se

pelo fato de buscar levar o indivíduo a realizar seu próprio potencial e se

desenvolver continuamente como criatura humana.

Observa-se na teoria de Maslow, que uma necessidade satisfeita não é

motivadora de comportamento, o homem já nasce com uma certa bagagem de

necessidades fisiológicas que são inatas e hereditárias, no entanto, ao ingressar em

uma determinada idade de sua vida, adquire novas necessidades de segurança. E na

mediada em que consegue controlar suas necessidades primárias têm-se o

surgimentos de necessidades mais elevadas como: sociais, de estima, e de auto-

realização.

"Uma situação de crise tende a nos levar a reduzir expectativas, achatar os impulsos e conviver com a frustração que, com o passar do tempo vicia o organismo psico-emocional, gerando uma grave doença que é a apatia. A apatia é a falta de apetite para viver". (SILVA, 1997: 54)

Já Herzberg , alicerça sua teoria no ambiente e no trabalho do indivíduo.

Defende a idéia de que a motivação humana depende de dois fatores: Fatores

Higiênicos: constituem os fatores utilizados pelas organizações para se obter a

motivação dos funcionários ( correspondem à perspectiva ambiental); e os Fatores

Motivacionais: estão diretamente relacionados ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos

deveres referentes com o cargo em si. Tais fatores envolvem sentimentos de

realização, de crescimento e de reconhecimento profissional.

Segundo Herzberg, os fatores responsáveis pela satisfação profissional são

totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação

profissional: "o oposto de satisfação profissional não seria a insatisfação, mas sim

nenhuma satisfação profissional; e, da mesma maneira, o oposto da insatisfação

profissional seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação".

Nota-se que apesar das discordâncias do que se refere as necessidades

primárias e/ou secundárias explicitas pelo ser humano, as teorias de Maslow e

Page 32: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Herzberg apresentam alguns pontos de concordância, quando busca-se analisar o que

realmente contribui para a motivação do comportamento humano dentro e fora das

organizações.

Torna-se relevante perceber que mesmo pertencentes a classes sociais e/ou

sistemas organizacionais diferenciados, o homem possui necessidades que são vitais

para sua sobrevivência, sendo estas consideradas como primárias ou secundárias

expressam de maneira concreta os fatores que influenciam diretamente sobre o

comportamento.

Page 33: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

2.2 Um incentivo para a auto-realização

Observa-se nos últimos tempos a necessidade do homem ir ao encontro de

ação criativas, inovadoras, éticas e principalmente motivadoras, com o intuito de

alcançar sua auto realização e resgatar o lado humano das organizações.

Como ser complexo, o homem, precisa de incentivos constantes, que vão

além da remuneração e dos benefícios estipulados. Considera-se a motivação como

elemento fundamental na condução das pessoas em termos de reconhecimento e

valorização de seu desempenho no interior das organizações.

"...as pessoas são motivadas por uma enorme variedade de incentivo, como salários, objetivos e metas a atingir, satisfação no cargo e na organização, necessidades de auto-realização, etc". (CHIAVENATO, 1999:216)

Cientes da necessidade e da importância da motivação, algumas

organizações buscam a cada dia inovar no seu quadro de benefícios sociais e

incentivos. Aprenderam a (re)conhecer o homem como instrumento essencial para o

seu desenvolvimento.

"Ninguém ama aquilo que não conhece, nem morre por aquilo que não crê. As pessoas são sensíveis a qualquer tipo de empreendimento, desde que os mesmos sejam capazes de satisfazer algumas de suas necessidades básicas". (GARCIA, 1987:68)

As empresas modernas tentam cada vez mais valorizar os seus recursos

humanos em busca de maior competitividade, resgatando sua qualidade pessoal, sua

auto-estima e motivação, considerando seus valores pessoais e possibilitando a

participação coletiva nas decisões. Visto que todo comportamento humano é motivado

por algo que vem de dentro do homem, sente-se a necessidade de propiciar uma

conquista pela de realização de suas necessidades.

Page 34: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

"Pessoas motivadas são essenciais para trazer à empresa novas idéias, que valem ouro no competitivo mundo dos negócios. Para o funcionário a motivação é o fator gerador de satisfação. Para o empregador; representa desempenho de qualidade". (HELLER 1999:7)

Cabe ressaltar que não existe uma fórmula mágica para a motivação, esta

refere-se a um impulso que é próprio de cada ser humano, independente da classe

social que ocupa, religião que pertença, ou organização que colabore, ela atua como

elemento de significativa contribuição para a descoberta de uma nova forma de olhar a

vida.

"A motivação salta dos mais recônditos da vida interior de cada ser, como nascente de rio que brota cristalina de um subsolo desconhecido". (ALVES, 2000)

Apesar de não conseguir descobrir o segredo sobre o que realmente gera a

motivação, alguns estudiosos perceberam o que contribui para que ocorra o inverso, e

denominaram da Teoria da Desmotivação. Nesta pesquisa, a Consultora

Organizacional Carmelita Alves cita alguns fatores que contribuem para a

desmotivação:

- a incerteza sobre o futuro da empresa e do país;

- constantes alterações no rumo dos projetos;

- ausência de metas ou falta de acompanhamento na sua realização;

- pouco reconhecimento de valor, com afeto ou melhoria de condições;

- estagnação em desenvolvimento profissional;

- tratamento desigual para potenciais similares; sub-aproveitamento de talentos;

- inibição de criatividade;

- chefias mediadoras e prepotentes;

- ambiente de trabalho sob uma competitividade insalubre;

- administrações políticas com grandes privilégios para poucos privilegiados.

Page 35: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

A desmotivação pode estar ligada a condições inadequadas ou ao excesso

de trabalho. Alguns sinais muito claros incluem o elevado índice de faltas e rotatividade

na equipe. É preciso identificar o foco da desmotivação para eliminar os fatores que a

provocam.

Segundo HELLER,

"a desmotivação nem sempre é expressa por sinais, mas pode-se identificá-la com posturas defensivas involuntárias: como braços cruzados ou o cacoete de massagear os próprios pulsos".

Estudiosos das motivações humanas afirmam que as pessoas podem ser

distribuídas em três grupos, segundo os três tipos de necessidades predominantes que

revelam: Convivência, Poder e Auto Realização. Contudo cabe ressaltar, que cada

pessoa possui habilidades, interesses, aptidões, vocações, carismas que lhes são

próprios e que fazem parte de sua "marca registrada", sua personalidade.

Durante muitos anos os fatores de recompensa e até mesmo de motivação

para o trabalho, foram os salários, serviços e benefícios sociais. Porém, como

compreender o que estes fatores representam para as pessoas e para as organizações

?

Acredita-se que para o ser humano o salário representa um

comprometimento a uma rotina diária, a um padrão de atividades e a uma ampla faixa

de relações, no interior de uma organização. Para CHIAVENATO, "o salário é a fonte

de renda que define o padrão de vida de cada pessoa. Em função do seu poder

aquisitivo".

Com relação às organizações, o fator salário corresponde a custo - porque

reflete no custo do produto ou do serviço final - e investimento - porque representa

aplicação do dinheiro em um fator de produção: trabalho, com o objetivo de se

conseguir um retorno maior a curto ou médio prazos.

O salário constitui na verdade uma forma de compensação oferecida pelas

organizações a seus funcionários.

Page 36: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

"Embora seja o principal fator de atração, o salário nominal é acompanhado de outros elementos (às vezes não financeiros) que podem fazer a diferença". (HELLER, 1999:49)

No que diz respeito aso serviços e benefícios sociais, pode-se afirmar que

estes constituem facilidades, serviços e conveniências oferecidas pela organização aos

seus participantes. Representam meios de que a organização dispõe para satisfazer as

necessidades humanas no plano dos fatores higiênicos e insatisfacientes, busca

proporcionar vantagens para a organização e para os funcionários.

Apesar de estarem diretamente relacionados aos fatores de recompensa,

estes serviços foram utilizados durante muitos anos como formas de motivar os

empregados em seu desempenho profissional.

"O valor dos salários costuma dominar as negociações. O dinheiro, porém, tem uma força motivacional de curta duração, há na realidade fatores de motivação mais eficientes". (HELLER, 1999:48)

Segundo CHIAVENATO, os planos de serviços e benefícios sociais objetivam

auxiliar o empregado em três áreas de sua vida:

* no exercício do cargo (como gratificações, seguro de vida, etc.)

* fora do cargo mas dentro da empresa ( lazer, refeitório, transporte, etc.)

* fora da empresa, ou seja, na comunidade (recreação, atividades comunitárias, etc.)

Pode-se afirmar que a motivação representa um fator primordial para o

aumento de produção e para o desempenho dos funcionários. E que em meio as

novidades pertinentes do mundo atual, o homem busca a cada dia, uma nova forma

para manter-se motivado tanto em sua perspectiva pessoal, como organizacional.

Torna-se importante perceber também que a motivação não possui apenas

efeitos a nível individual, mais também coletivo. Ela cria condições ao trabalho em

grupo, assim como disponibilidade e empenho para a participação dos funcionários na

tomada de decisões; através da motivação também é possível impelir os funcionários a

aceitar mudanças, desde que vejam satisfeitas algumas necessidades.

Page 37: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Acredita-se que a motivação permite ao homem expressar seus ideais,

projetos e objetivos, mesmo com a incerteza do dia posterior, seja de descontinuidade

ou turbulência, ele consegue ultrapassar seus impulsos e segurar na sua única certeza:

a Esperança. Como uma energia que o faz ser ele mesmo, criar, amar, lutar pelo

simples e encantado prazer de estar vivo. Pode-se dizer que isto é motivação.

Cada vez mais as empresas estão acreditando na existência de fatores

"motivadores" que geram satisfação ao funcionário como: alcançar novas conquistas,

ter a possibilidade de progredir, ter a chance de atingir seus interesses, não somente

organizacionais, mas também pessoais, obter reconhecimento e responsabilidade.

Nesta perspectiva, as organizações tem investido no resgate da dimensão

humana, à procura de meios para desenvolver o potencial de seus colaboradores. O

mercado vem obrigando as empresas a acompanharem as mudanças como um todo,

têm-se agora a necessidade não só de agregar talentos e sim de mantê-los, e para tal

sente-se a necessidade da formação de novas estratégias e novos estilos de

motivação.

"Deve-se buscar encontrar o equilíbrio nas relações entre as partes e o todo, entre o sensorial e o racional, o concreto e o abstrato, o individual e o coletivo e, principalmente reforçar a importância de estar motivado". (FELIPPE,2000I)

Em função deste cenário de constantes mudanças, pode-se considerar a

motivação como um desafio para o profissional de RH. Já não basta uma estratégia de

treinamento e desenvolvimento, o homem busca algo que está além do que lhe é

oferecido nas organizações, busca não mais meros benefícios ou gratificações, procura

o seu reconhecimento e sua auto realização.

A partir deste momento, cabe as empresas ampliar seu leque de

oportunidades e benefícios, como alternativa de atrair e principalmente manter talentos.

Atualmente as organizações buscam identificar o modelo de motivação

apropriado. É preciso descobrir quais os aspectos da motivação que faltam em cada

situação, e trabalhar no desenvolvimento delas; respeitar as necessidades das

Page 38: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

pessoas, clarear qual sua missão e seus valores perante a sociedade, definir metas,

desafios e objetivos, reconhecer suas vitórias e derrotas. Enfim, propiciar um ambiente

agradável que permita participação, autonomia, liberdade e fluência das emoções.

Se as organizações almejam por compromisso e motivação em relação ao

trabalho, é necessário possibilitar aos colaboradores oportunidades de satisfazer suas

metas pessoais e concomitante valorizarem sua participação no processo de tomada de

decisões.

Page 39: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

CAPÍTULO III

A MOTIVAÇÃO DE RH COMO FERRAMENTA PREPARATÓRIA PARA A

ORGANIZAÇÃO E O HOMEM

Emerge a cada dia novas estratégias organizacionais, principalmente no que

se refere a missão e atuação do sistema de Recursos Humanos.

Diante a necessidade constante de manter os seus colaboradores

motivados, as empresas buscam proporcionar novas alternativas, que estão

diretamente relacionadas ao incentivo no mundo do trabalho, a importância da

qualidade de vida, e a satisfação das necessidades primárias e secundárias.

Nesta perspectiva o RH tem como missão fazer com que cada funcionário

agregue algo positivo do seu dia de trabalho, atrair, capacitar e sobretudo mantê-los

motivados.

A cada dia as organizações sentem a necessidade de enfatizar o

desempenho das pessoas, permitir que estas aprendam com seus próprios erros, e

incentivá-los para o sucesso - seja através da prática do feedback, ou da premiação

(remuneração), o objetivo principal é promover um significativo processo de evolução.

A busca pela competitividade através da melhoria contínua da qualidade, que

teve início com o modelo japonês no pós-guerra, ganhou forte impulso nas últimas

décadas. A mudança do foco do produto para o processo e deste para o sistema,

permitiu à indústria ganhos substanciais em produtividade.

Os programas de qualidade, portanto, triunfaram. Porém, com maior ou

menor sucesso, em função de um aspecto que não pode jamais ser padronizado: o ser

humano. Muitas vezes considerado um "detalhe", a participação de um profissional

motivado é fator determinante de eficácia e eficiência, pois ele será o operador de

Page 40: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

equipamentos, o executor dos procedimentos e o responsável pelo cumprimento das

metas. A percepção da importância das pessoas como tal e não como um número

dentro da empresa, permitirá que o novo século venha embalado pela redescoberta do

homem. Congressos, palestras e eventos das mais diversas áreas apontam para um

novo humanismo, onde é valorizado aquele que é capaz de transformar a informação

existente e disponível em ações voltada a resultados.

O profissional alienado em paradigmas perde cada vez mais espaço para o

colaborador consciente e flexível. Pode-se então pensar que a solução está em

simplesmente trocar um pelo outro e o problema estará resolvido. Ocorre, porém, que

ambos os aspectos estão presentes em qualquer ser humano, apenas sendo

manifestados em circunstâncias diferentes.

Sendo assim, as organizações devem preocupar-se não em punir aqueles

que não aderem naturalmente a um novo programa ou idéia e sim em criar as

condições para que, frente a essa mudança, as pessoas estejam aptas a apresentar

seus medos, dúvidas e inseguranças; discuti-los e sentir-se apoiadas pelos colegas e

finalmente superar-se em busca do objetivo comum. O ser humano deve ser o primeiro

ponto a ser trabalhado na busca pela melhoria contínua da qualidade.

Pode-se dizer que as organizações objetivam acompanhar não somente as

suas próprias necessidades, mas também as do homem, sobrevivem numa busca

constante para se manter a motivação de seus colaboradores com o intuito de garantir

uma qualidade de vida e sobretudo sua lucratividade.

Contudo, mesmo perpassado por um longo e contínuo processo de

transformações, o ser humano continua representando a cada dia o elemento essencial

para o progresso de qualquer tipo de organização, seja ela social, política, cultural,

religiosa ou econômica.

Desde o despertar da ciência os filósofos buscam a compreensão do mais

complexo dos objetos de estudo: O SER HUMANO. Ao longo dos tempos a lógica

mecanicista dominou o mundo, trazendo a idéia de que existe uma linearidade. Ãs

portas da virada do terceiro milênio, observa-se um natural e saudável retorno à busca

Page 41: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

do auto-conhecimento, a volta do ser humano ao encontro do seu próprio ser e da sua

verdade individual e social. Esse homem integral é capaz de acoplar sua visão

sistêmica, intuição, razão e pensamento, sentimento e emoção, sensação e percepção,

de forma única, singular.

Demarcadas por: globalização, mundialização, fusões, aquisições,

flexibilidade do trabalho, exigência de novas competências e utilização de novas

tecnologia da comunicação; constrói-se aos poucos a empresa do futuro, e o papel de

recursos humanos ganha um novo destaque.

"Embora a maioria das pessoas ainda possa estar voltada para seu bem-estar material exterior, a preocupação com valores interiores e auto-orientação vêm crescendo regurlamente, e agora tornou-se um fator significativo para o desenvolvimento social e organizacional". (RODRIGUEZ, 2000:12)

Sob o nova ótica, o trabalho a partir da sintonia entre os interesses dos

indivíduos e das organizações começa a surgir no lugar do emprego, que na Sociedade

Industrial fazia das Organizações guias e tutoras da vida profissional e até pessoal, de

cada um de seus empregados, orientando-os nas suas diversas etapas da vida.

Após três séculos de sociedade industrial o trabalho está passando a

assumir um conteúdo crescentemente intelectual, com o aumento da importância da

informação. Este fator tem contribuído para uma revisão das correlações entre trabalho,

emprego, identidade social e individual, e ao surgimento de novas formas de

construção de identidade e de socialização.

Nesta realidade, as organizações contemporâneas vêm investindo sobretudo

na satisfação de seus colaboradores. Promovem ações de qualidade de vida, buscam

realizar maiores investimentos no ser humano, através de programas voltados para

promoção e prevenção da saúde, segurança, oferecem um leque de benefícios,

objetivando continuamente sua lucratividade de forma flexível.

As organizações modernas tentam cada vez mais valorizar os seus recursos

humanos em busca de maior competitividade, resgatando sua qualidade pessoal, sua

auto-estima e motivação, considerando seus valores pessoais e possibilitando assim

autonomia nas decisões para atingir uma performance que permita ótimos resultados.

Page 42: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Responsável pela execução de processos que envolvem "pessoas", a área

de Gestão de Pessoas se deparou com um aumento constante de atividades e, por

consequência de responsabilidades.

Segundo CARVALHO, o colaborador, dos tempos atuais, busca algumas

necessidades básicas no trabalho:

Segurança Pessoal - deseja trabalhar num ambiente onde a instabilidade do

quadro econômico, não o leve a ser demitido ao menor sinal de recessão;

Clima de Trabalho - anseia atuar em um ambiente psicológico e emocional

razoavelmente equilibrado nas relações entre funcionários de diferentes níveis

hierárquicos;

Salário adequado - busca um salário condizente com aleis do mercado de

trabalho, isto é, dentro das médias recebidas pelas diversas categorias profissionais;

Reconhecimento - estima pela valorização, em função dos esforços

espontâneos na consecução das tarefas desempenhadas;

Imparcialidade - acredita que os privilégios devam ser compatíveis aos

cargos ocupados;

Participação - possibilidade de opinar de modo direto acerca das condições

de trabalho, ambiente e estabelecimento de metas do serviço que executa;

Carreira - a oportunidade de fazer carreira constitui um elemento

motivacional nas relações de trabalho;

Treinamento - formação profissional e atualização de conhecimento

contribuem de forma significativa como fatores de motivação para os funcionários.

Preocupadas com o aumento constante da concorrência acirrada que rodeia

o mundo dos negócios, as organizações tentam inovar a cada dia. Os benefícios que

até o presente momento eram oferecidos como forma de atrair bons profissionais,

visam atualmente reter os melhores talentos.

O objetivo do século XXI é possuir uma força de trabalho saudável,

repercutindo positivamente no negócio e ocasionando maiores lucros e investimentos.

Qualidade de vida traz um retorno compensador para a empresa e para o indivíduo,

tornando as pessoas mais saudáveis e o ambiente de trabalho agradável e criativo.

Page 43: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

Apesar do homem viver num contexto de incerteza, descontinuidade e

turbulência, percebe-se a cada dia sua importância como ser complexo e pertencente

às inúmeras organizações existentes. Afinal de contas, o ser humano não veio ao

mundo somente para cumprir normas, repetir conceitos, reproduzir e repassar

experiências, mas sobretudo para poder expressar sua criatividade e individualidade.

Ser dentro de suas perspectivas o centro da transformação de toda e qualquer

organização do qual faz parte.

Mediante esta realidade, constata-se que a formulação , a atualização do

sistema de RH, o diálogo, as práticas inovadoras e a flexibilidade são considerados

como pressupostos básicos para que se possa criar uma atmosfera aonde o nível de

motivação das pessoas possa elevar-se.

Infelizmente ainda há organizações que tratam seus colaboradores como se

fossem crianças, como se não tivessem a mínima capacidade de raciocinar, de pensar

por si só. Porém, essas organizações correm desesperadamente atrás de uma "receita

de bolo", como se pudessem modificar, da noite para o dia, seus índices de motivação,

fazendo com que todos trabalhem felizes e satisfeitos, onde tudo dá certo e todos se

respeitam mutuamente.

A dinâmica organizacional não pode ser colocada dentro de um tubo de

ensaio, pois milhares de variáveis atuam a todo instante. Obter uma atmosfera de

motivação e respeito mútuo é difícil e só é alcançada com muito trabalho, esforço e

dedicação.

Page 44: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa procurou mostrar de forma sucinta a importância do

processo histórico pelo qual perpassou a organização e o homem. Sua

contribuição para os dias atuais e de que forma esta ainda influencia

significativamente sobre todos os aspectos da vida de um ser humano, na

medida em que representa não somente algo que limita-se ao mundo dos

negócios, mas também todos os demais setores que perpassam na vida de um

ser humano.

A proposta desta análise foi contribuir para o despertar de um novo

olhar sobre a contribuição do capital humano para a formação das organizações,

demonstrar que desde o período da Revolução Industrial, o sistema de Recursos

Humanos já possuía sua devida competência e importância (apesar das

inúmeras formas de atuação) para o seu desenvolvimento.

O intuito foi esclarecer que o ser humano, constitui o elemento

fundamental para qualquer organização, seja ela social, política ou econômica,

sua formação realmente só ocorre a partir da interação completa de duas ou

mais pessoas em busca de um objetivo em comum. O homem representa a

"pedra angular", a base essencial de todo tipo de relacionamento, e para que

haja o alcance de qualquer expectativa é necessário que ele esteja

constantemente motivado.

A motivação mesmo em tempos difíceis, representa o principal

instrumento de ação e desenvolvimento para todas as organizações.

Pode-se concluir através desta análise que o ser humano deve ser

tratado como tal, não como número ou "mero funcionário". Trabalhar as pessoas

e seus anseios quando se deseja quebrar paradigmas, inserir novas culturas ou

Page 45: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

novos métodos é fundamental para se aumentar a eficiência dos programas a

serem implementados pela organização. Apenas a eficácia, isto é, garantir que

todos os colaboradores tenham acesso e participem das atividades não é

condição suficiente para que se obtenha sucesso. Sem o comprometimento, as

atitudes e comportamentos voltam-se a um perigoso "cumprir de regras". Com

ele é possível o envolvimento, advindo daí, a melhoria.

Enfim, a motivação mesmo em tempos difíceis, representa o

principal instrumento de ação e desenvolvimento para todas as organizações.

Page 46: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Carmelita. A Teoria da Desmotivação. ABRH - Recursos Humanos.I Informativo da Associação, 2000. BLAUTH, Carlos. A Teoria do Tesão: Uma Visão do RH. Revista Gestão de RH, 2000. CARVALHO, Antônio Vieira de. Recursos Humanos: Desafios e Estratégias. São Paulo: Pioneira, 1989. CARVALHO, Maria do Socorro M. V. de. Na maratona da sobrevivência, vence quem

renovar. SER HUMANO. Ano XXVII, nº 85, Abril, 1993. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O novo papel dos Recursos Humanos nas Organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. _____, Manual de Reengenharia- Um guia para reinventar a humanização: a sua

empresa com a ajuda das pessoas". São Paulo S.R. Markron, 1995. _____, Recursos Humanos. Edição Compacta, 4ª Edição - São Paulo: Atlas

,1997. ENGELS, Friedrich. A Dialética da Natureza. São Paulo: Paz e Terra, 1976. FELIPPE, Maria Inês. Recursos Humanos. Criatividade, ousadia e ética: palavras -

chave para o RH. RH em Síntese 20, 1997. FILHO, Jayme Teixeira. Conflitos e Motivações: Sobre o significado do trabalho nas organizações atuais. Revista Gestão de RH, 1999. GUIMARÃES, Magui. Humanização dinâmica: um laboratório crítico. SER HUMANO. Ano XXXI, nº 119, Abri, 1997. HELLER, Robert. Como motivar pessoas. São Paulo: Publifolha, 2000. Série Sucesso profissional: seu guia de estratégia pessoal. HERZBERG, Frederick. "Mais uma vez: Como motivar seus funcionários?" In Gestão de pessoas não de pessoal - os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Campus, 1997. JÚNIOR, Antônio Ribeiro de Almeida. A barbárie organizada - um estudo sobre a sociologia das organizações,1987.

Page 47: Ana Cristina da Silva - AVM - Pós-Graduação CRISTINA DA SILVA.pdf · de pesquisa as obras de Chiavenato, Hezberg, Levinson, ... Sabe-se que ao longo de toda história, ... não

LEVINSON, Harry. Atitudes tolas em relação a motivação . In Gestão de pessoas não de pessoal : os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro, Campus, 1997. MCGRAW, Phillip C. Estratégias de Vida: Fazendo o que dá certo, fazendo o que importa. Tradução Max Altman - São Paulo: Alegro,1999. MIRANDA, José Luiz Carneiro de. Apresentação e elaboração de projetos e

monografias. Niterói: EDUFF, 1997. NETO, Florindo Renato. Motivação requer novos paradigmas. SER HUMANO

Ano XXVII, nº 85, Abril, 1993.

____, O ser humano no centro das transformações. RH em Síntese, 16. Maio/Junho, 1997. RODRIGUES, Antônio. Recursos Humanos, Gestão de Recursos ou Gestão de Pessoas? Departamento de Engenharia, Informática/ Universidade de Coimbra, Portugal, 2000. RODRIGUEZ, Martuis V. Y Rodriguez. Sistema pessoal de equilíbrio dinâmico. RH.com.br SILVA, Sérgio Bandeira de Mello e. Motivação em tempos difíceis. RH em Síntese 19 - Novembro/ Dezembro, 1997. YOSHINAGA, Emília Mieko Sakaue. A cartilha da motivação. São Paulo: S.C.P, 1996. WEISINGER, Hendrie. Inteligência emocional no trabalho. 4ª ed. Rio de Janeiro:

Objetiva, 1997.