69
ANA MARIA LIMA O RELACIONAMENTO DOS ASSESSORES DE COMUNICAÇÃO COM EDITORES DA MÍDIA IMPRESSA EM SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao MBA em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para obtenção do grau de especialista. Orientadora: Profa. Msc. Melissa Bergonsi CURITIBA 2014

ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

  • Upload
    vuliem

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

ANA MARIA LIMA

O RELACIONAMENTO DOS ASSESSORES DE COMUNICAÇÃO COM EDITORES DA MÍDIA IMPRESSA EM SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao MBA em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para obtenção do grau de especialista. Orientadora: Profa. Msc. Melissa Bergonsi

CURITIBA 2014

Page 2: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

RESUMO

Este trabalho refere-se à visão dos editores de mídia impressa de Santa Catarina sobre as práticas das assessorias de comunicação. Busca entender o que pensam os jornalistas, reunindo informações para medir os resultados das ações das agências de comunicação. Para isso foram desenvolvidos uma pesquisa bibliográfica sobre as bases da assessoria de imprensa no Brasil, e um levantamento sobre as teorias de comunicação que dialogam sobre os valores-notícia, condutas nas redações e a ética que permeia o relacionamento entre assessores e jornais. Foram realizadas duas pesquisas de campo, uma quantitativa com jornais de todo o estado, e outra qualitativa com dois jornais, um estadual e um regional. O resultado da pesquisa coloca as assessorias de comunicação no papel de grandes parceiras das redações e indica que sem elas as redações precisariam ser bem maiores em número de jornalistas. Foram apontadas a má qualidade de muitos releases e a forma primitiva de envio, como ineficientes e ainda bastante utilizadas pelos assessores. Quanto à receptividade, os jornalistas se mostraram abertos aos assessores que buscam as formas corretas de dialogar com as redações. Sobre a influência comercial nas redações, os editores assumiram a facilidade de divulgarem conteúdos indicados pelos patrocinadores, mas garantiram que em primeiro lugar estão os critérios de noticiabilidade e respeito ao público. O presente trabalho, além de apontar as características importantes na conduta dos assessores, esclarece alguns pontos polêmicos sobre a constituição das notícias e a relação do assessor.

Palavras-chave – assessoria de imprensa, assessor de imprensa, jornais impressos, noticiabilidade

Page 3: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

ABSTRACT

This research refers newspaper editor's opinion about a press offices conduct in Santa Catarina. It allows understand what the journalists thinks about their actions, gathering reports to measure results of communication actions of press office.

The bibliograph reference researched talks about the press assessory history in Brazil and after about mainly theories of value newsworthiness, ethic and relationship between journalists and press office. Two surveys was realized: one quantitative with newspapers of whole state, and another qualitative research with two newspapers one local and one state. The results lay emphasis on that the press office are big partners to newspapers, and without it the newspaper structure should be bigger than are nowadays. The bad quality of text from some press offices and the outdated form to send contents was pointed like inefficient and they says that it often happen.

About receptivity, the newspapers editor's ensures have being opened at all kinds of contribution from press office, however is better when they pursue a newspaper in a correct form, at right timetable with a directed information.

About comercial influence on journalistic department, they answered that it can happen because the press office of advertisers feels comfy to call or visit and suggest themes, but, at the same time they ensure that never perverts the newsworthiness values and respects primarily the readership.

The research beyond to indicate importante characteristics of press office’s conduct, clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists.

Key words – press office, press agent, newspaper, newsworthiness,

Page 4: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 4

1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 4

1.3 Justificativa ..................................................................................................... 5

1.4 Método e Técnica de Pesquisa....................................................................... 5

2 ASSESSORIA DE IMPRENSA E JORNALISTAS ................................................. 8 2.2 ASSESSORIA DE IMPRENSA SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES ..... 9

2.2.1 História da assessoria de imprensa no Brasil.............................................11

2.3 PRÁTICAS DE ASSESSORIA DE IMPRENSA............................................ 17

2.3.1 Produtos de uma assessoria de imprensa..................................................19

2.3.2 O papel do assessor ..................................................................................22

2.3.3 Formação do assessor de imprensa...........................................................25

2.4 RELAÇÃO DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIA ...............................28

2.4.1 Relacionamento e Noticiabilidade...............................................................30

2.4.2 Dilema ético: jornalistas ou assessores?...................................................33

2.4.3 Pesquisa a visão dos jornalistas.................................................................35

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ......................................................................... 37

3.1TIPO DE PESQUISA ..................................................................................... 37

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ......................................................................... 37

3.3 COLETA DE DADOS .................................................................................... 40

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................................... 41

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ....................................................................... 43

4. AI NA VISÃO DOS JORNAIS EM SANTA CATARINA........................................44 4.2 RELACIONAMENTO.....................................................................................44

4.3 ÉTICA ...........................................................................................................47

4.4 PAPEL DO ASSESSOR................................................................................48

4.5 PRINCIPAIS ERROS.....................................................................................50

4.6 PRODUTOS DE COMUNICAÇÃO.................................................................51

4.7 OUTRAS OBSERVAÇÕES............................................................................51

CONCLUSÃO ..........................................................................................................54

Page 5: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

REFERÊNCIAS..........................................................................................................57 ANEXO I............ ........................................................................................................ 58

ANEXO II ............. ..................................................................................................... 59 ANEXO III ............. .................................................................................................... 64  

Page 6: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

5

 

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema central o relacionamento das

redações com as assessorias de imprensa sob a ótica das redações.

A atividade de assessoria de imprensa é mais antiga, data do início do

século XX, mas a aplicação dos padrões jornalísticos ao trabalho é mais

recente, a partir da década de 60. Com o avanço tecnológico, econômico e

social, a assessoria de imprensa também precisou mudar sua forma de agir.

Hoje as redações estão bem mais enxutas, e as agências de comunicação

crescem no país. Boa reputação se tornou necessidade de primeira ordem e

a imprensa é um dos principais meios de construir ou destruir reputações.

São temas deste estudo a conduta do assessor e como os jornalistas se

relacionam com o assédio e possível influência comercial sobre os critérios

jornalísticos da redação. As questões que este trabalho aborda tem o intuito

de contribuir com o trabalho dos assessores e estudantes de comunicação

para entenderem na prática as nuances da atividade. As expectativas dos

jornalistas de redação sobre o trabalho dos assessores também é um ponto

tratado neste projeto, no sentido de orientar os estudantes e jornalistas que

estão entrando no universo da assessoria de imprensa.

1.1 OBJETIVO GERAL

Levantar dados sobre a visão da mídia impressa sobre o trabalho das assessorias de imprensa.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Desenvolver uma pesquisa quantitativa sobre detalhes da relação

entre os produtores de conteúdo de assessorias de imprensa e os editores da

mídia impressa.

b) Identificar as ações de assessoria que têm resultado positivo e as

que têm resultado negativo junto aos veículos de comunicação.

Page 7: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

6

 

c) Identificar ações que os editores da mídia impressa esperam dos

assessores de imprensa para uma relação de sucesso.

1.3 JUSTIFICATIVA

O projeto de pesquisa é importante, em primeiro lugar, para

acrescentar informações para o mercado de assessoria de imprensa em

Florianópolis, que ainda é, em boa parte, caracterizado pelo “savoir faire” de

cada agência ou assessor. A pesquisa busca revelar o que os editores de

jornal consideram importante, positivo ou negativo. E, sobretudo, de todos

esforços de uma assessoria de imprensa, o que efetivamente vai resultar em

publicação. Para a comunidade acadêmica é importante, sendo mais um

referencial teórico e dados atualizados sobre a relação dos veículos de

comunicação com os assessores de imprensa. É demarcado

geograficamente no Estado de Santa Catarina, e delimitado à imprensa

escrita. Conterá informações importantes para os profissionais que atuam

diretamente neste mercado. Para minha carreira, o projeto em questão é uma

experiência marcante, pois coroa um processo de migração do trabalho como

repórter para o universo da assessoria de comunicação, no qual ainda tenho

pouca experiência na prática, mas, a partir do desenvolvimento desta

pesquisa, pude adquirir grande referencial teórico, contato com dados

importantes sobre a prática da assessoria de imprensa, e diálogo com os

editores dos principais jornais do estado.

1.4 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA

Foi realizada uma pesquisa exploratória bibliográfica com o intuito de

municiar o projeto dos referenciais teóricos necessários para discorrer com

segurança sobre o tema proposto. Inicialmente se discorrerá sobre o

surgimento da atividade de assessoria de imprensa, e as bases que

influenciam hoje. Serão tratadas as principais atividades, os conflitos

existentes, ética profissional, e o que faz das informações corporativas uma

notícia publicável.

Page 8: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

7

 

Todo estudioso que pretenda empreender um projeto de pesquisa científica em ciências sociais deverá, então, se munir de um certo estoque de erudição teórica (de natureza filosófica e científica) e adotar os procedimentos metodológicos e técnicos pertinentes, segundo os objetivos e possibilidades postos pela própria pesquisa social (BARROS e JUNQUEIRA, 2005, p. 37).

Para levantar os dados necessários, no sentido de atingir o objetivo da

pesquisa, se apresentaram duas opções: entrevista de profundidade ou

questionários. Como a pesquisa se propõe a trabalhar uma realidade

estadual, foi necessário pensar uma forma viável geograficamente. A opção

de questionários quantitativos se mostrou mais adequada, pois possibilita

uma pesquisa com maior número de jornais e permite reunir melhor os

pontos-chave a que a pesquisa se destina.

Foi então desenvolvida uma pesquisa descritiva, feita através da

aplicação de questionário quantitativo realizado com os principais jornais das

seis mesorregiões de Santa Catarina. Ao todo foram aplicadas pesquisas

com nove jornais. O referencial teórico consiste na utilização de teorias científicas reconhecidas no campo de conhecimento em que se insere o trabalho proposto, a fim de sustentar os argumentos das hipóteses e fornecer explicações plausíveis sobre os fenômenos observados (BARROS e JUNQUEIRA, 2005, p. 45).

Para fortalecer o comprometimento do trabalho com o saber acadêmico foi realizada

mais uma pesquisa de campo, desta vez uma entrevista de profundidade. Compilados os

dados da pesquisa quantitativa, é necessário não só apontar os resultados, mas buscar

informações com profundidade para poder identificar os motivos e hipóteses que a pesquisa

aponta. Neste caso, selecionei dois editores de jornais estaduais e os entrevistei

pessoalmente.

As opções são várias, mas a definição deve ser feita a partir do problema de pesquisa e do objeto de estudo. Podemos examinar um tema de pesquisa a partir de revisão da literatura, análise de conteúdo, análise de discurso, entrevistas, estudo de caso ou mesclar diversos tipos (BARROS e JUNQUEIRA, 2005, p. 45).

As entrevistas de profundidade propiciaram maior proximidade com os

editores, que discorreram mais detalhadamente sobre as questões que

ficaram duvidosas no questionário qualitativo. Além disso, os editores

Page 9: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

8

 

acrescentaram situações, encontros e desencontros com o trabalho dos

assessores.

Page 10: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

9

 

2 ASSESSORIA DE IMPRENSA E JORNALISTAS

O cotidiano dos jornalistas, nas duas últimas décadas, foi radicalmente

transformado com a ascensão da Internet, dos meios de comunicação

emergentes e a velocidade com que toda informação é transmitida. Não só a

tecnologia, como as novas necessidades de informação resultaram em

fenômenos nunca imaginados antes. Uma das tendências de comunicação

que cresceu a partir da segunda metade do século XX foi a valorização da

imagem corporativa. Pessoas públicas, empresas e organizações passaram

a despender esforços e montar equipes especializadas para tratar deste

campo.

A valorização da capacidade profissional do jornalista para atuação no relacionamento com a imprensa e na comunicação institucional é etapa recente num processo um pouco mais longo, sustentado no interesse das organizações e pessoas em divulgar suas informações e opiniões para a sociedade por meio da imprensa (DUARTE, 2011, p. 52).

Com esse cenário, muitos profissionais saíram das redações e

veículos de imprensa em geral e passaram a fazer assessoria de imprensa

para as organizações. A abertura desse mercado se apresentou, para muitos,

com maiores possibilidades rentáveis. E, em meio ao crescimento deste

nicho de mercado, a competitividade proporcionou uma grande segmentação

de serviços. O mercado de assessoria de comunicação ficou mais

especializado, profissional e inteligente.

Os profissionais de Relações Públicas geram informação pré-empacotada para promover os pontos de vista de suas organizações sobre determinados temas e para comunicar aspectos de interesse sobre esses assuntos a seus públicos – tanto internos como externos. Estratégias de informação pública também ajudam as organizações a cumprir com exigências legais, prestar contas à sociedade, fazer lobby e, entre outros propósitos, comunicar ações e operações organizacionais que possam causar impacto ou contribuir à formação de determinadas imagens nas mentes de seus públicos (MOLLEDA, 2011, p. 152).

Page 11: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

10

 

A relação entre jornalistas e assessores tornou-se uma intrincada rede

de relacionamento, informações, interesses e posições. O assessor, com sua

posição definida, pode ser ora parceiro, ora inimigo do repórter. Um jogo de

exposição e ofuscamento de informações que envolve as mais diversas

situações, financeiras, políticas, empáticas ou somente de valor-notícia. O

profissionalismo nesta área está se sobrepondo ao mero “bom

relacionamento” com as redações. É, hoje, necessário ter procedimentos de

redação e formatos textuais, conhecimento da organização e das pessoas

que fazem e como fazem o jornalismo.

Os profissionais de relações públicas devem ser prudentes ao usar métodos de subsídios diretos e/ou indiretos para conseguir a atenção dos meios de comunicação social e os atores políticos que influenciam decisões organizacionais e governamentais. Esses subsídios informativos devem incluir enquadramentos cuidadosamente produzidos e a arrumação dos pacotes informativos para que sejam usados facilmente, ajudando, dessa forma, a construir um modelo completo de diálogo ativo com os meios de comunicação (MOLLEDA, 2011, p. 154).

E é nesse intuito que assessores de imprensa e agências de

comunicação estão se especializando e se preparando para garantir um

espaço estratégico na imprensa para seus clientes e assessorados, e

consequentemente na agenda pública. Esta pesquisa junto aos editores dos

principais jornais do Estado de Santa Catarina vem ao encontro dessa

tendência. Se trata de entender cada vez melhor as ações de assessorias de

imprensa que têm resultados positivos junto à mídia impressa, já que,

diferentemente do campo das publicações publicitárias, esta é uma relação

que, em hipótese, independe de investimentos financeiros diretos, e tem mais

a ver com a habilidade de relacionamento e qualidade de informações

prestadas à imprensa.

2.2 SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES

As primeiras iniciativas de comunicação organizacional ocorreram no

início do séc. XX nos Estados Unidos, cujo principal expoente foi Ivy Lee,

Page 12: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

11

 

contratado para melhorar a imagem do empresário Jonh D. Rockefeller, que

estava desgastada por conta de sua política em defesa do monopólio. Lee

inovou o conceito de comunicação pública por criar uma relação franca com

os jornalistas. Assumiu o trabalho de produzir informações com interesses

explícitos, mas determinou que não eram destinadas a espaços comerciais.

Eram informações verídicas com o intuito de contribuir com as reportagens

jornalísticas e desmistificar boatos, e se colocou à disposição para esclarecer

qualquer dúvida e abrir o acesso ao seu assessorado. De acordo com

Chaparro (2002, p. 4), em 1906 Ivy Lee abandonou o jornalismo para

estabelecer o primeiro escritório de relações públicas do mundo em New

York. Estava criada a primeira assessoria de imprensa. A carta aos editores

escrita por Ivy Lee se tornou um marco no surgimento da assessoria de

imprensa e representa um conjunto de regras éticas seguido até hoje.

Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos fazer a divulgação de notícias. Isto não é agenciamento de anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria melhor na seção comercial, não o usem. Nosso assunto é exato. Maiores detalhes, sobre qualquer questão, serão dados prontamente. E qualquer diretor de jornal interessado será auxiliado, com o maior prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nosso plano é divulgar, prontamente, para o bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta franqueza, à imprensa e ao público dos Estados Unidos, informações relativas a assuntos de valor e de interesse para o público (LEE, apud CHAPARRO, 2002, p. 6).

A assessoria de imprensa prosperou juntamente com a economia

norte-americana nas primeiras décadas do séc. XX, prestando um papel

também motivador. De acordo com Chaparro, após a crise de 1929, com a

nova realidade econômica, as assessorias de imprensa se tornaram mais

informativas, prestando um serviço à população para compreender melhor o

que estava acontecendo. Ivy Lee partilhou e compreendeu este momento,

antes de morrer, em 1935.

Segundo Chaparro (2006), citando Chaumely e Huisman, o exercício

da atividade foi exportado para o Canadá em 1940 e em seguida para a

Europa, por iniciativa da Esso Standard e da Shell. Nessa época também

surgiram as primeiras discussões acerca da natureza da atividade de

Page 13: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

12

 

Assessoria de Imprensa, se é divulgação propagandística ou relações

públicas.

No Brasil as assessorias de imprensa foram influenciadas pelo modelo

norte-americano na década de 60 e estrategicamente prioritárias para os

investimentos das multinacionais que estavam se instalando no boom

econômico pós-Kubitscheck.

As relações públicas cresceram mais rápido nos países que copiaram o modelo Norte-Americano, entre eles o Brasil. Depois da segunda guerra mundial, e mais acentuadamente após a eleição de Juscelino Kubitschek, para aqui convergiram com prioridade estratégica, os investimentos das grandes multinacionais – e com as fábricas vieram as relações públicas profissionalizadas e práticas de assessoria de imprensa, que disseminadas pelas empresas nacionais e pela administração pública, vulgarizaram a técnica do press release e a eficácia persuasiva dos “favores e agrados”(CHAPARRO, 2011, p.11).

2.2.1 Assessoria de imprensa no Brasil

O início das atividades que deram origem à assessoria de imprensa no

Brasil não diferem do período em que se iniciaram nos Estados Unidos,

datam do início do século XX, mas aqui as atividades se iniciaram no meio do

poder público. De acordo com DUARTE (pg. 52) o primeiro presidente a

pensar em noticiar uma cobertura oficial foi Campos Sales (1898 – 1902),

que, no ano de 1901, levou o jornalista Tobias Monteiro, do Jornal do

Commercio (RJ), como secretário particular em sua viagem à Europa para

publicar seus relatos à imprensa. A estruturação oficial do setor no governo

se deu poucos anos depois.

Já a implantação do atendimento à imprensa e divulgação jornalística na área pública ocorre em 18 de novembro de 1909, quando o presidente Nilo Peçanha, ao organizar a estrutura do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, cria a Seção de Publicações e Biblioteca para integrar serviços de atendimento, publicações, informação e propaganda. O setor tinha como finalidade distribuir informações por meio de notas ou notícias fornecidas à imprensa e aos particulares que as solicitassem e editar o Boletim do Ministério (DUARTE, 2011, p. 52).

Page 14: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

13

 

No meio privado, de acordo com Duarte (2011, p.52), a primeira

experiência se deu em 1914, com a empresa canadense The Light and

Power Co. Ltda., concessionária da iluminação e do transporte coletivo na

cidade de São Paulo. O departamento era denominado Relações Públicas e

tinha como principal função manter o relacionamento com os órgãos de

imprensa e os poderes públicos. Outro pioneiro nesta área foi o inventor

Santos Dumont, que “inovou ao contratar serviço de clipping, para saber o

que a imprensa européia falava dele” (DUARTE, 2011 p. 53). O Marechal

Cândido Rondon também inovou nas estratégias de relações públicas, ao

contratar um escritório no Rio de Janeiro para promover a implantação de

telégrafos no interior do país; a experiência deu sinais importantes dos

conflitos aos quais o exercício da atividade está exposto: “A divulgação era

apenas positiva e não tratava dos problemas cada vez mais freqüentes, que

abalaram a credibilidade do escritório e da comissão junto à imprensa”

(DUARTE, 2011, p. 53).

Em 1931, durante o Governo Provisório, é estruturado o Departamento

Oficial de Propaganda na Imprensa Nacional, que depois veio a ser o

Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPPC) e em seguida

Departamento Nacional de Propaganda (DNP). O Estado, ao longo dessas

experiências de assessoria de imprensa governamental, foi se estruturando e

fortalecendo a sua influência nos meios de comunicação. De acordo com

Duarte, o ápice ocorre entre 1939 e 1945, por meio do Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP) e Departamentos Estaduais de Imprensa e

Propaganda (Deips), que tinham grande, senão total domínio sobre a

imprensa. O Governo Vargas almejava total controle político e ideológico da

população.

Em 1944, por exemplo, a Agência Nacional ligada ao DIP, atuava com 220 funcionários e atividades típicas de uma agência de notícias, contando com equipes de reportagem e um sistema de difusão de material jornalístico para todo o Brasil (DUARTE, 2011, p. 54).

Com o fim da ditadura Vargas, jornalistas são convidados a trabalhar

como funcionários públicos, como forma de obter apoio e silêncio. De acordo

Page 15: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

14

 

com Duarte (2011, p. 3), termos comuns neste período, os “Jetons” eram

complementos salariais pagos pela instituição geralmente pública ou

entidades de classe aos jornalistas que faziam coberturas, ou então o

“Jabaculê”, presentes ou dinheiro ofertado pelas fontes. A profissão de

jornalista não estava regulamentada e muitos precisavam trabalhar em dois

lugares, em geral na imprensa e em algum órgão público, a situação

favorecia patrões e Governo. Duarte denomina como um “histórico sistema

institucionalizado de cooptação” a relação entre órgãos públicos e imprensa

desde o surgimento dos primeiros jornais.

Vínculos com base em relações de trocas de favores, corrupção e subordinação de veículos de comunicação e jornalistas a governos remontam ao século XIX, com a imprensa áulica. No Período 1853-1866 havia ‘verbas secretas’ do governo para subvenção de jornalistas (DUARTE, 2011, p. 55).

Duarte ainda aponta uma outra marca negativa na história da

assessoria de comunicação e relações públicas no Brasil. Em outro momento

histórico, durante o AI-5, os assessores de comunicação dos órgãos

governamentais eram “necessariamente incompetentes, bloqueadores do

fluxo de comunicação, criadores de cortina de fumaça, porta-vozes do

autoritarismo” (Duarte, 2011, p. 55).

Notadamente o período da Ditadura Militar no Brasil foi um período

singular para as relações públicas e divulgação de imagem governamental,

foi nessa época que a Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP)

ganhou força e espaço de superministério.

Com sua força de barganha, sempre administrada em favor da imagem popular da Ditadura, a AERP logo se tornou modelo para governos estaduais e municipais, bem como para empresas de grande porte, em particular as estatais (CHAPARRO, 2002, p. 12).

Foi desenvolvido um modelo teórico e estratégico no I Seminário de

Relações Públicas do Executivo, em 1968, onde foram debatidos temas

como as diretrizes de relações públicas no Governo, promoção institucional,

imagem do governo e opinião pública.

Page 16: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

15

 

De acordo com Chaparro (2002, p.13), “explica-se assim em boa parte

o porquê da estranha popularidade alcançada pelo general Garrastazu

Médici, cuja fotografia chegou a disputar espaço com a imagem do venerado

padre Cícero, nas casas pobres de camponeses nordestinos”.

A tendência do duplo emprego continuava a existir entre os jornalistas,

que podiam exercer funções de assessoria de imprensa sem se afastar das

redações. Esse canal aberto nos veículos, somado ao trabalho estratégico

das relações públicas do governo, fazia a atividade de assessoria de

imprensa se expandir, “em um processo que se nutria na euforia de

prosperidade do ‘milagre econômico’, regado pelos dólares da dívida externa”

(CHAPARRO, 2002, p. 14). A história das relações públicas no meio privado

no Brasil é marcado pela influência das grandes multinacionais a partir da

década de 50.

As relações públicas cresceram mais rápido nos países que copiaram o modelo norte-americano, entre eles o Brasil. Depois da Segunda Guerra Mundial, e mais acentuadamente após a eleição de Juscelino Kubitschek, para aqui convergiram, com prioridade estratégica, os investimentos das grandes multinacionais – e com as fábricas vieram as relações públicas profissionalizadas e as práticas de assessoria de imprensa, que, disseminadas pelas empresas nacionais e pela administração pública, vulgarizaram a técnica do press release e a eficácia persuasiva dos ‘favores e ‘agrados’ (CHAPARRO, 2002, p. 11).

Em 1971 foi realizada uma nova experiência em assessoria de

imprensa, com forte base nos princípios jornalísticos, foi fundada a Unipress,

uma agência criada pelos jornalistas Reginaldo Finotti e Alaor José Gomes.

A experiência da Unipress foi favorecida pela valorização das editorias de economia, que cresceram como alternativa ao jornalismo político, danificado pela repressão e pela censura. O jornalismo econômico passou a ser feito com seriedade, por bons profissionais. E transbordou dos meios impressos para a mídia eletrônica. A Unipress pôde consolidar um modelo jornalístico de assessoria de imprensa, sobretudo como alimentadora de pautas. (CHAPARRO 2002, p.15).

A ideia surgiu a partir de uma experiência de sucesso em assessoria

de imprensa no meio empresarial, quando os dois jornalistas abandonaram a

Page 17: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

16

 

carreira na imprensa para montar o setor de imprensa da Volkswagen, que,

de acordo com Chaparro (2002, p.15), “tornou-se fonte de consulta

obrigatória para editores, pauteiros e repórteres de Economia das grandes

redações”. Depois desta experiência, e neste mesmo modelo, surgiu a

Mecânica de Comunicação, de Ênio Campói.

O interesse da imprensa por pautas relacionadas à economia, cultura e negócios aumentou em paralelo ao desenvolvimento do país, fruto do surgimento de grandes empresas estatais e privadas e do crescimento de uma classe media ávida por informações. Com novos temas na agenda dos meios de comunicação, informar e influenciar a opinião pública passou a ter relevância para as organizações comerciais e industriais (DUARTE, 2011, p. 58).

E logo surgiram outras agências de comunicação, com profissionais

provenientes das redações, e formou-se um movimento para organizar

teoricamente e politicamente o exercício da atividade de assessoria de

imprensa. Torna-se evidente um debate que sobrevive até os dias atuais

sobre o exercício da atividade de assessoria de imprensa, se exclusiva de

Relações Públicas ou jornalistas.

Brasil começou a implementar, em 1980, a ruptura entre assessoria de imprensa e suas raízes de relações públicas, criando e consolidando uma experiência de assessoria de imprensa jornalística única no mundo (DUARTE, 2011, p. 17).

Na década de 80 são realizados importantes debates na definição da

atividade de assessoria de imprens. No ano de 1986 foi concluído o primeiro

Manual de Assessoria de Imprensa adotado pela Federação dos Jornalistas

Profissionais.

O ressurgimento da democracia, o movimento sindical, a liberdade de imprensa, novos padrões de competitividade e o prenúncio de maiores exigência quanto aos direitos sociais e dos consumidores fazem as empresas e instituições tomarem providências para se comunicar com a sociedade e seus diversos segmentos. E a imprensa foi identificada como o grande instrumento e o caminho mais curto para influenciar a agenda pública, informar e construir uma agenda positiva (DUARTE, 2011, p. 59)

Page 18: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

17

 

Pouco antes deste período, uma das entidades que veio a

desempenhar um importante papel no mercado da comunicação empresarial,

criada em outubro de 1967. Foi a ABERJE – associação de editores de

jornais e revistas de empresa. Hoje com o nome de Associação Brasileira de

Comunicação Empresarial, a ABERJE possui um amplo trabalho de

pesquisa, atividades, cursos, e notícias do mundo da comunicação

empresarial.

Este primeiro movimento acabou proporcionando o surgimento de outros profissionais que se encarregavam do relacionamento entre organizações e mídia. Surgia, também, a preocupação das próprias empresas em promover este relacionamento e assim que em 1967 surgia a Associação Brasileira de Jornalismo Empresarial (ABERJE), congregando as empresas que faziam uso da nova ferramenta de comunicação, estabelecendo uma ponte com a mídia (RESENDE, 2003, p. 28).

Duarte aponta que, ao atuarem como intermediários qualificados,

“aproximando fontes e imprensa, estimulando a circulação de informação

verdadeira e recusando tarefas de manipulação, persuasão e controle”, os

assessores se tornaram grandes parceiros das redações, contribuindo com a

transparência entre organização e sociedade. “Ficam caracterizadas nos

anos 80, as possibilidades éticas e técnicas de a assessoria de imprensa ser

um robusto e ativo suporte para informação da sociedade” (Duarte, 2011, p.

61). Ele acrescenta que foi nesse período que surgiram instituições

produtoras de conteúdo, mídias institucionais e o relacionamento entre fontes

e imprensa foi moralizado.

Uma publicação especializada, que circula semanalmente nas redações de jornais, assessorias de imprensa e agências de publicidade, Jornalistas & Cia., indica que o boom aconteceu no final dos anos 1990, com a abertura do mercado. De 1996 a 1998, as Assessorias de Imprensa cresceram 43%. Os números confirmam ser este um dos segmentos que mais aumentou na área de comunicação do país nos últimos anos, sobretudo em comparação a 1996, quando existiam setecentas empresas no mercado (CHINEM, 2003 p. 16).

Page 19: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

18

 

De acordo com Duarte o processo de obtenção de credibilidade,

entretanto, não foi fácil ou pacífico e dependeu das circunstâncias de cada

profissional.

Duarte afirma que atualmente a comunicação nas organizações no

Brasil passa por um período tão importante quanto o período da

redemocratização. A comunicação digital reduziu a importância dos intermediários e fez surgir novas arenas e formas de diálogo, caracterizado por interatividade, instantaneidade, fortalecimento e multiplicação dos públicos, todos críticos, informados e em permanente conexão (DUARTE, 2011, p.71).

O momento é de crise em alguns veículos de comunicação em todo o

mundo, por outro lado são incontáveis as oportunidades de comunicação que

surgem na era da informação em rede. O assessor de imprensa mantém a

natureza de seus propósitos, mas precisa se adequar às novas plataformas

de atuação. De acordo com Duarte a imprensa tradicional perde importância

relativa como arena pública e mensageira.

Permanece com a saudável responsabilidade de ampliar o ambiente de transparência, qualificando os relacionamentos e agilizando os fluxos de informação de maneira que a comunicação seja mais efetiva em benefício da organização e da sociedade (DUARTE, 2011, p. 71).

2.3 PRÁTICAS DE ASSESSORIA DE IMPRENSA

A atividade de assessoria de imprensa é amplamente utilizada por

empresas, políticos, celebridades, profissionais liberais e qualquer pessoa ou

organização que queira construir uma imagem midiática com um serviço

especializado nesta área. De acordo com Monteiro, um dos efeitos

pretendidos com a presença na mídia é a conquista do apoio da opinião

pública e em consequência a sobrevivência no mercado.

A notícia institucional, sem abandonar suas características informativas, assume caráter político, passando a ser utilizada estrategicamente nos segmentos sociais que detêm o poder de

Page 20: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

19

 

decisão ou o poder de influenciar decisões que possam beneficiar a instituição que a originou (MONTEIRO, 2011, p.123).

Duarte cita uma afirmação de Nilsom Lage sobre uma pesquisa norte-

americana, que aponta que 60% das notícias publicadas nos veículos de

comunicação têm origem em fontes institucionais.

Esta presença está relacionada aos eficientes sistemas de divulgação, um suporte onipresente, uma rede de influência que conquistou uma capacidade natural e, muitas vezes, imperceptível de intervir na pauta dos veículos e na agenda da sociedade (DUARTE, 2011, p. 307).

Falta esclarecimento não só entre a população, mas também entre

administradores, empresas e até entre jornalistas sobre os serviços de

assessorias de imprensa e do papel do assessor. Ainda é muito complexa a

sua atuação para que haja um conceito abrangente e compreensível por

todos. Há a difusão cultural do mito da neutralidade jornalística o qual a mídia

se atribui, de informar pelo compromisso público. E não seria algo natural

para a população entender que muitas notícias são sugeridas ou totalmente

produzidas.

Distante da idéia de “espelho de mundo”, o jornal talvez seja apenas um “caco” de espelho que pretende refletir a sociedade. E o que define essa visão particular sobre a realidade muitas vezes está fora do alcance do leitor padrão, que vê o jornal realmente como espelho e desta forma completa o círculo ideológico da notícia (SEABRA, p. 84).

Seabra ainda acrescenta que nem sempre o que sai na imprensa é o

mais importante, do ponto de vista do interesse público “Muitas vezes, o

interessante, mesmo que desimportante, merece mais espaço do que o

importante, taxado de desinteressante (SEABRA, 2003, p. 84).

A atividade de assessoria de imprensa também tem em sua história

algumas manchas pouco nobres ou mesmo de desserviço à informação de

utilidade pública, como cooptações, engessamento de fluxo de informações e

até disseminação de boatos e inverdades.

Page 21: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

20

 

Foi comum o chamado redator que, pela manhã, trabalhava em um órgão governamental, elaborando textos para divulgação e, à tarde, dirigia-se a um jornal ou rádio, onde atuava como jornalista e, na chegada, deixava o material que produzia para um redator – ou ele próprio editava. Durante o Regime Militar, o release teve uso disseminado em órgãos públicos, o que criou má fama e preconceitos (DUARTE, 2011, p. 305)

Mas é verdade também que todos os processos políticos, culturais e

tecnológicos pelos quais a população brasileira passou nas últimas décadas

ocasionaram uma verdadeira revolução na atuação das assessorias, que

evoluíram muito profissional e eticamente. E as relações entre assessoria e

imprensa estão cada vez mais permeadas pela linha da clareza e da troca.

2.3.1 Produtos de assessoria de imprensa

O trabalho de assessoria de imprensa no Brasil tem influências de sua

origem e das transformações políticas e econômicas pelas quais o país

passou a partir da metade do século XX. Por ser um país muito grande e

diversificado, há uma variação enorme nos modelos de comunicação

existentes nas grandes capitais das populações do interior. A Fenaj lançou

um Manual de Assessoria de Imprensa, editado pela primeira vez em 1985.

Com ausência de bibliografia nacional sobre o assunto, o manual foi

construído a partir do saber dos profissionais em atuação e sistematizou e

organizou nacionalmente o trabalho e atendeu as expectativas dos jornalistas

que trabalhavam em Assessorias de Imprensa.

A atividade de assessoria de imprensa define-se como um ‘serviço prestado a instituições públicas e privadas, que se concentra no envio frequente de informações jornalísticas, dessas organizações, para os veículos de comunicação em geral’ (FENAJ, 2007, p. 07).

O trabalho de assessoria de imprensa é necessariamente um trabalho

de planejamento estratégico constante, pois, tratando-se de notícias, todo o

trabalho é de antecipação, de construção de agendas. O assessor deve,

junto do núcleo decisório das organizações, elencar assuntos prioritários,

Page 22: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

21

 

notícias e eventos que serão criados no decorrer do ano e aí também

delinear a visibilidade midiática necessária para atender aos objetivos.

Deve-se começar com o mapeamento de todos os órgãos de divulgação, classificando-os por ordem de importância para a organização, elaborando um mailing list completo, a ser periodicamente atualizado, e mantendo um arquivo específico. Este arquivo deve conter os nomes dos veículos de comunicação, dos diretores, dos editores, dos chefes de redação e dos jornalistas especializados, endereço eletrônico, telefone, fax etc. (KUNSH, 2003, p.192).

Além de um mailing list detalhado e atualizado, é necessário conferir o

que e como foi publicado sobre a organização. Para acompanhar o resultado

dos esforços em comunicação é feito um trabalho de armazenamento e

classificação de tudo o que é veiculado na mídia, chamado clipping. De

acordo com Duarte (2011, p. 261), trata-se de “identificar sistemática e

rotineiramente na imprensa as citações sobre a organização ou temas

previamente determinados, organizá-las, avaliá-las e encaminhar ou deixar à

disposição para conhecimento dos interessados”.

Cada organização demanda um planejamento de comunicação

diferente, com produtos de assessoria de imprensa diferentes, por isso um

bom planejamento leva tempo para ser feito, e deve ser desenvolvido com

base em pesquisas de manuais e estruturas internos, pesquisas com

públicos de interesse e uma sintonia fina com os planejamentos

administrativos. Jorge Duarte acrescenta que o assessor de imprensa pode

desenvolver Plano de Comunicação, Plano de Divulgação Jornalística e

Plano para Crises, “O plano, em geral, tem origem em uma política de

comunicação (...) e prevê a forma de atuação, objetivos e cronograma para

uma atividade ou período de tempo determinado” (Duarte, 2011, p.267).

De acordo com Duarte, o release é o instrumento mais usual e

tradicional em assessoria de imprensa. Independentemente da localização

geográfica, do tipo de informação ou tamanho da equipe, assessores de

comunicação e redações lidam diariamente com releases, é o instrumento-

chave para um sistema de informação e relacionamento. Duarte (2011,

p.269) afirma que o release “é entendido como uma sugestão de pauta, e

não como notícia acabada, embora até possa ser veiculado na íntegra”.

Page 23: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

22

 

Ele (o release) apresenta a notícia do ponto de vista da fonte, mas adaptada ao ângulo e formato que aumente as possibilidades de despertar interesse pelo jornalista e tornar-se notícia nos meios de comunicação (DUARTE, 2011, p. 308).

Existem diferentes opiniões sobre os releases, muitos os jornalistas,

não gostam de receber emails em grande quantidade sobre notícias que não

são de suas editorias, alguns consideram esta ação como amadorismo das

assessorias, porém outros gostam de estar informados sobre outras áreas da

comunicação. Duarte (2011, p. 308) ilustra uma cena recorrente nos

bastidores do trabalho de assessoria de imprensa: “Discutido às vezes

palavra por palavra, vírgula por vírgula com a diretoria de uma empresa antes

de ser liberado, ao chegar na redação pode ir para a lixeira digital ou física”.

O release é distribuído na suposição de que seu conteúdo possa gerar interesse, mas não é possível, tratar do assunto pessoalmente com cada jornalista. Ele é encaminhado e deixa-se a critério de quem recebe a iniciativa do contato pessoal para esclarecimento e aprofundamento (DUARTE, 2011, p.305).

Nessa citação, Jorge Duarte trata do release oficial sobre um

determinado assunto. Porque não só é possível como é e usual e necessária

a produção de releases, notas e outros formatos de textos jornalísticos

exclusivos para cada jornalista. Duarte chama de ‘Exclusivo’.

Destinado para apenas um jornalista ou veículo, o que pela personalização, aumenta as chances de uso e de maior destaque. Costuma ser combinado previamente, e implica compromisso, pelo assessor de imprensa, de não divulgar o assunto até o jornalista utilizar a informação ou cancelar seu aproveitamento (DUARTE, 2011, p. 317).

Duarte também salienta a atenção que se deve ter com os colunistas,

que, em sua maioria, só trabalham com informações exclusivas: “Considere

que colunas não apenas têm um dos maiores índices de leitura dos jornais,

mas também pautam os demais jornalistas (…) acima dos objetivos

estratégicos de comunicação, a assessoria de comunicação deve seguir uma

Page 24: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

23

 

política de imparcialidade com os veículos de comunicação, tratando-os de

forma igual, independente do tamanho ou alcance da mídia.

As entrevistas coletivas são um instrumento importante de

comunicação, mas devem atentar para o “bom senso, caráter público da

notícia e interesse social” (KUNSCH, 2011, p. 192). Se fôssemos discorrer

aqui sobre a diversidade de produtos e serviços que uma assessoria de

imprensa pode oferecer, provavelmente resultaria em um livro. Jorge Duarte

conseguiu reunir em um artigo produtos e serviços de uma assessoria de

imprensa de forma abrangente e profunda. Baseado nesse artigo, se podem

citar aqui os mais comuns: acompanhamento de entrevistas, administração

da assessoria de imprensa, análise do noticiário, apoio a eventos, arquivo de

material jornalístico, artigos, auditoria de mídia, avaliação dos resultados,

briefing, brindes, capacitação de jornalistas, concursos, contatos estratégicos,

entrevistas coletivas, fotos, jornal mural, mailing, manuais, plano de

comunicação, plano de divulgação jornalística, plano de gerenciamento de

crises, press kit, publieditorial, relatórios, release, notas oficiais, comunicado,

position paper, site, treinamento de fontes, veículos jornalísticos, visitas

dirigidas.

2.3.2 O papel do assessor

A credibilidade é o valor primordial do assessor de imprensa. Uma

postura ética, cordial e competente na resolução dos conflitos, transparência

com os colegas da imprensa e com a organização.

Ao profissional, tanto de jornalismo como de relações públicas, cabe o importante papel de intermediar a comunicação entre as organizações e a mídia impressa e eletrônica, que multiplicará as informações para toda a sociedade. Por isso ele deve ter sempre em vista a responsabilidade social dos seus atos e os interesses da opinião pública (KUNSCH, 2003, p. 192).

O assessor de imprensa deve ser a pessoa mais próxima do

assessorado, não deve confundir proximidade com bajulação, pois o

assessor tem sempre muito trabalho a fazer, mas precisa ser atendido ao

Page 25: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

24

 

telefone ou pessoalmente, quando for o caso, tão rápido quanto a ocasião

demandar, e o assessor precisa ter acesso total ao assessorado, sobretudo

em caso de emergência. Para que, caso seja publicada uma notícia

prejudicial, o assessorado possa cobrar do assessor o fato de não tê-lo

interrompido, mesmo em um compromisso importante. Por mais delicada que

seja a situação, nada deve ser mais importante do que evitar um mal-

entendido publicado na imprensa.

O assessor precisa ser muito perspicaz no entendimento da

organização e seu dirigente, alguns são mais discretos e outros mais

vaidosos. Da mesma forma que precisa valorizar a figura desse dirigente, é

necessário ter à frente a instituição, e as pessoas responsáveis pela atuação

e sucesso do todo. Duarte (2011, p. 332) afirma que o dirigente deveria

aparecer em função do êxito da instituição. Existem os líderes natos,

empreendedores, empáticos, que sabem se comunicar e que facilitam o

trabalho do assessor, pois este porta-voz preparado beneficia a imagem da

instituição. Também existem os porta-vozes que precisam de preparo, e é

sempre uma relação delicada cuidar da imagem do outro.

Outro ponto delicado é que o dirigente entende muito do seu negócio e

o assessor entende de informação. E o dirigente é chefe do assessor, então

está posto o conflito. Há dirigentes que não admitem que o assessor lhes

diga como proceder com a imprensa.

É curioso notar como alguns clientes ainda têm dificuldade para aceitar o fato de que seu assessor é um especialista em imprensa e portanto está prática e teoricamente mais preparado para dizer-lhe quando e como agir em relação aos meios noticiosos de comunicação. Por vaidade ou ignorância, o cliente pode “atropelar” seu assessor de imprensa, ou impeli-lo a fazer algo contrário aos princípios do bom jornalismo. Os resultados costumam ser desastrosos (DUARTE, 2011, p. 336).

Se espera do assessor de imprensa, além desta postura de

proximidade discreta e estratégica do assessorado, uma relação de profundo

conhecimento e bom senso na relação com os jornalistas. Duarte afirma que

o assessor “passa a ser a referência principal como uma ponte entre redação

e organização, agindo como um mediador qualificado” (Duarte, 2011, p.259).

Page 26: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

25

 

Deve ser atributo do assessor de imprensa entender o cotidiano dos

jornalistas, o timing diário e muitas vezes o desconhecimento do assunto que

procuram, entender essas demandas e dar aos jornalistas as informações de

que precisam e desdobramentos possíveis, disponibilizar banco de dados

sobre a organização e porta-vozes. Respeitar o jornalista, valorizar seu

trabalho, dar pronto atendimento e não privilegiar alguns veículos em

detrimento de outros.

Os produtos e serviços de uma assessoria de imprensa se

diversificaram a tal ponto que o assessor de imprensa assume um papel

multitarefas, multimídia, e precisa conhecer e entender novos processos e

tecnologias. Para Duarte (2011, p.255), “atuar com comunicação significa

refletir e agir sobre toda a organização e suas interações com os diferentes

públicos”.

O assessor de imprensa assume a responsabilidade de gestor de equipes ou processos e muitas vezes o relacionamento com jornalistas é apenas parte de suas atividades. Os objetivos deixam de ser simples exposição na mídia, para incorporar a noção de posicionamento estratégico da organização com o público interno e sociedade, seja com fins mercadológicos, de informação ou, simplesmente, imagem (DUARTE, 2011, p. 255).

Cada tipo de negócio, público ou privado, pequeno ou grande, vai

demandar uma espécie de trabalho de comunicação, e este pode se

aproximar mais da publicidade e propaganda, relações públicas ou apenas

atendimento direto com jornalistas.

A comunicação total consiste no uso combinado de todas as formas de comunicação para atingir alvos determinados. Obviamente, cada tipo de negócio exige soluções próprias. Assuntos aparentemente triviais, se forem bem interpretados e trabalhados, tornam-se atraentes para a mídia. Mas é preciso trabalhar esse detalhe, e de preferência entregar a tarefa a um profissional, por estar mais apto a desempenhar a função (CHINEM, 2003, p. 11).

2.3.3 Formação do assessor de imprensa

Page 27: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

26

 

A atividade de assessoria de imprensa se iniciou sendo exercida

basicamente por profissionais de Relações Públicas na Europa e nos

Estados Unidos. No Brasil, de acordo com Duarte (2011, p.63), no momento

em que a legislação das profissões de jornalista e de relações públicas foram

definidas, na década de 60, a assessoria de imprensa não tinha importância

de mercado de trabalho e “era parte integrante das atividades corriqueiras de

relações públicas”.

Em 1968, já desvinculada academicamente da área de administração e inserida, como carreira e área de estudo, nos cursos de Comunicação, a área de relações públicas conquistou uma regulamentação de enorme abrangência no campo profissional, iniciando, mesmo, em faces de colisão com outras profissões, em especial com o jornalismo (CHAPARRO, 2002, p. 11).

A migração de jornalistas para este mercado de trabalho no Brasil se deu

notadamente a partir da década de 80. Segundo Duarte, até esse período ainda havia

preconceito até mesmo por parte da Fenaj, a postura mudou apenas a partir de 1980,

“quando Washington Mello, um jornalista que atuou como assessor de imprensa, dirigiu a

entidade e estimulou o debate” (Duarte, 2011, p. 64).

De acordo com Schmitz, a atividade de assessoria de imprensa era vista como

“jornalismo chapa branca” pelos colegas de redação.

Aliás, a maioria dos jornalistas brasileiros nem imaginava que essa área se transformaria em importante mercado de trabalho. Embora ainda persista, em menor escala, até então se travavam batalhas corporativas, confronto com as áreas afins, defesa de reserva de mercado e um grande preconceito aqueles que, sendo profissionais na mídia, optassem por trabalhar fora das redações (LIMA e SCHMITZ, 2013, p. 3).

Até que a Fenaj organizou o Manual de Assessoria de Imprensa, em

1986, selando a atividade como missão de jornalistas.

Page 28: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

27

 

E o Manual de assessoria de imprensa (FENAJ, 1986), editado originalmente em 1985 (edição zero) demarca os divisores e limites de competência entre as atribuições de jornalistas, relações públicas e publicitários. Tornou-se um marco, inaugurando as discussões inconclusas sobre essa atividade atrelada ao jornalismo. A publicação passou a nortear o papel das assessorias, por vencer intolerância e preconceito, definir status e competências, desmistificar utopias e sistematizar o conhecimento prático dos jornalistas nesse mercado de trabalho. Pois, além de ‘ensinar como fazer’, discutia a postura profissional e as questões éticas (SCHMITZ, 2013, p. 4).

De acordo com Schmitz e Lima, na época alguns teóricos, dentre eles

Margarida Kunsch, questionaram a formação do jornalista para atender o

universo de especificidades exigida pela atividade de Relações Públicas: “Só

conceitos, técnicas e teorias do jornalismo e mesmo de assessoria de

imprensa, não dão conta dessa perspectiva mais global da comunicação

organizacional” (KUNSCH apud SCHMITZ, 2013, p.3). Mas, diante do

sucesso de alguns casos de jornalistas à frente de assessorias de

comunicação de grandes empresas, esta atividade foi ficando cada vez mais

a cargo de jornalistas.

Os jornalistas passaram a ampliar a gama de serviços para além da AI

(assessoria de imprensa) e a atuar em gestão da comunicação. Para Duarte

(2011, p. 68), no mercado brasileiro os profissionais que atuam em

assessoria de imprensa podem “editar publicações, produzir e gerenciar

conteúdo de internet, atuar com planejamento e gestão de equipes,

marketing político, comunicação interna, relações públicas, marketing,

divulgação e em uma série de outras tarefas”.

A ampliação das atividades das assessorias de Imprensa nos últimos anos levou o profissional jornalista a atuar em áreas estratégicas das empresas, tornando-se um gestor de comunicação. E isso privilegiou a integração de outros profissionais de relações públicas, propaganda e publicidade numa equipe multifuncional e eficiente. (FENAJ, 2007, p. 7).

Já os profissionais de Relações Públicas abriram mão da AI e perderam espaço na

comunicação organizacional durante alguns anos. E, com o recente boom da

informação/Internet/relacionamento, a área da comunicação tornou-se um setor de extrema

importância nas organizações e a profissão de RP recuperou status e mercado.

Page 29: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

28

 

Mais recentemente, com a ampliação da importância da comunicação organizacional, a profissão voltou a ganhar espaço, embora impasses permaneçam. Relações públicas tornou-se categoria no festival de publicidade de Cannes (PR Lions), tem sido descrita como profissão do futuro e permanece como a formação que oferece a visão mais ampla da comunicação organizacional (DUARTE; DUARTE, 2006, p. 2).

O mercado de trabalho de assessoria de comunicação cresceu e se diversificou, se

tornou possível, encontrar os mais diversos serviços sendo executados por profissionais de

Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas, dentro das empresas e em agências de

diversos formatos. Sendo que a assessoria de comunicação continua em destaque, de

acordo com pesquisa da Abracom (Anexo I), o serviço de AI ainda ocupa a fatia de 39% dos

serviços contratados em comunicação. É um território onde sobrevive quem tem tato,

organização, criatividade, relacionamento e sabe se reinventar.

Os jornalistas saem na frente quando a especialidade exigida é de relacionamento

direto com as redações dos veículos. Seja pelo fato do relacionamento pessoal ou o

conhecimento do meio, os jornalistas ainda são maioria no exercício da assessoria de

imprensa.

Todo jornalista que opta pelo trabalho em uma Assessoria de Imprensa, ou que um dia se descobre trabalhando na área por um desses mistérios insondáveis que ninguém arrisca decifrar e acaba se dando bem, deve dominar perfeitamente as normas relativas a essa atividade e ter um amplo conhecimento a respeito do jornalismo e da sociedade como um todo. Unindo a essa instrumentalização teórica e prática um comportamento ético, o assessor de imprensa terá condições de contribuir para que se estabeleça um fluxo de informações mais intenso e eficaz entre as instituições e seus numerosos públicos Conceitos que explicam esse termo – públicos (CHINEM, 2003, p. 11).

2.4 RELAÇÃO DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIA

A relação de uma assessoria de imprensa com a mídia(,) pode ser,

muito superficialmente, descrita como uma relação de troca. Mas a realidade

é que estudiosos e pesquisadores ainda não conseguiram decifrar

completamente os mecanismos que irão determinar o que e como será

publicado.

Page 30: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

29

 

As fontes de informação do jornalista são diversificadas, fluidas. Suas opções de seleção, apuração e edição dos assuntos misturam política editorial do veículo, criatividade, percepção e gosto pessoal, facilidade de produção e desafio profissional. Ao conhecer e entender os sistemas de produção da notícia nos diferentes meios de comunicação e veículos, o assessor (sobretudo se passou por redações) passa a ter mais chances de interferir no processo, oferecendo pautas e informações adaptadas a cada um (DUARTE, 2011, p. 307).

A relação dos campos empresariais, políticos e artísticos teve uma

nova relação midiática a partir da profissionalização da assessoria de

imprensa no Brasil. A interface das corporações passou a contar com

serviços especializados para noticiar fatos, atender à demanda da imprensa e

construir situações que gerem repercussão midiática.

Conscientes da importância do acesso a mídia e poder que têm junto a ela as instituições trabalham para serem “lembradas pela imprensa”, para ampliarem sua presença nos veículos e, mais do que isso, para serem reconhecidas como referências para atingir esses objetivos, produzem textos informativos para divulgação jornalística, compreendendo pautas, releases, position paper, informações oficiais, comunicados, artigos, notas técnicas, enfim produzem notícias. (MONTEIRO, 2011 p. 120)

“Conjugar os dois objetivos com ética e respeito mútuo é essencial

para um relacionamento sem 'ruídos' entre assessores de imprensa e

jornalistas” (CALDAS2003, p. 306,). De acordo com Nelsom Traquina, a partir

da década de 70 surgiram inúmeros estudos e teorias relacionados ao papel

da mídia e à influência política, na intenção de entender o papel do jornalismo

e suas causas e efeitos.

Estão presentes pelo menos de uma forma implícita, senão explicitamente nos códigos deontológicos, e estão no centro de toda uma mitologia que coloca os jornalistas no papel de “servidor do público” que procura a verdade, no papel de “cão de guarda” que protege os cidadãos contra abusos do poder, no papel de contra poder, que atua doa a quem doer, no papel de herói do sistema democrático (TRAQUINA, 2005, p. 162).

De acordo com esse autor, teóricos de esquerda afirmavam que o

jornalismo caminhava em direção à construção de uma realidade em defesa

Page 31: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

30

 

do capitalismo, enquanto que teóricos de direita acusavam os jornalistas de

pertencerem a uma classe de “esquerda” e “anticapitalistas”, e expressavam

suas ideologias através da construção de notícias.

O fim da guerra fria, a ascensão da Internet e as transformações

políticas mundiais colocaram fim a esta discussão polarizada e o mundo do

tripé visibilidade, interconectividade e velocidade gerou inúmeras outras.

Quando um artista de televisão, um jogador de futebol ou mesmo um político aparecem no noticiário muitas vezes, o público nem sabe que por trás dessa informação há o esforço de um assessor de imprensa. Mas se alguém perguntar para o entrevistado – no caso, o parlamentar – quem foi o responsável por esse feito, o deputado matreiramente dirá que foi ele próprio com seu "esforço", ou que ele apareceu graças ao "povo" que o elegeu. (CHINEM, 2003, p. 13).

Nos dias atuais informação é poder e reputação é patrimônio que pode

ser construído estrategicamente. Neste meio, parte essencial são os veículos

mediadores da comunicação que precisam de informação e credibilidade

junto aos públicos. Se as informações chegam prontas aos veículos e

direcionadas às editorias que delas necessitam, não há puritanismo que as

impeçam de serem publicadas.

Os editores-chefes dos departamentos de radiojornalismo, telejornalismo e os diretores de redação de jornais e de revistas avaliam se estão efetivamente diante de uma notícia e, para aproveitá-la, verificam se é atual, se aconteceu em local próximo e se é do interesse de seus ouvintes, telespectadores ou leitores (FORTES, 2003, p.234).

2.4.1 Relacionamento e Noticiabilidade

Um fator que contribui no caso de assessores de imprensa que já

passaram por redações é a relação pessoal com os colegas de profissão. As

relações de amizade e proximidade contribuem na hora do envio de uma

informação. Mas as pesquisas apontam que um fator para optar por um

Page 32: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

31

 

assessor que já tenha experiência em redações é o conhecimento sobre a

rotina das redações.

O autor também identifica que as organizações preferem a assessoria de jornalistas mais experientes, com predileção por aqueles com passagem pelas redações, pois os jornalistas da mídia aproveitam os releases de colegas que conhecem e mantêm uma relação de confiança (77%), que colaboram com o seu trabalho (98%), viabilizam as entrevistas (98%) e dominam o assunto da pauta (91%). Ainda segundo a pesquisa, os jornalistas nas assessorias tornam as fontes mais éticas, transparentes e de melhor conteúdo, para 83% dos jornalistas na mídia (SCHIMITZ, 2013, p. 3).

O primeiro passo no relacionamento com as redações é saber quem é

quem. Tratar a todos com equidade, mas saber a pessoa que deve receber

em primeira mão cada tipo de informação. Os colunistas em geral são mais

independentes, mas o espaço editorial terá sempre uma pessoa que o

gerencia, pode ser um editor ou chefe de editoria.

Nelson Traquina (2005, p. 150) foi o autor brasileiro que dialogou

sobre as teorias do jornalismo, uma delas a Teoria da Ação Pessoal ou

Teoria do gatekeeper, um termo que surgiu na década de 50 para designar a

pessoa que decide o que vai ou não ser publicado. De acordo com Traquina

o primeiro pesquisador desta teoria foi David Manning White, sobre a rotina

de um jornalista de meia idade que apontou durante uma semana os motivos

pelos quais deixou de publicar determinadas notícias. White defendia que os

motivos pelos quais a notícia era ou não selecionada dependia do julgamento

individual de cada gatekeeper, independente da realidade macro ou

microssociológica à qual ele estaria submetido.

Nesta teoria o processo de produção da informação é concebido como uma série de escolhas, onde o fluxo de notícias deve passar por diversos gates, isto é, portões que não são mais que áreas de decisões em relação às quais o jornalista, isto é o gatekeeper, tem que decidir se vai escolher essa notícia ou não (TRAQUINA, 2005, p. 150).

A teoria do gatekeeper foi colocada em cheque por outros teóricos que

apontam que os critérios de noticiabilidade que White indica como subjetivos

Page 33: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

32

 

são os mesmos destacados nas normas profissionais do jornalismo, e que,

estando o jornalista inserido na organização, ele adota os princípios e

condutas que lhe são transmitidos por diversas formas.

A decisão sobre o destino do texto que chega é única e exclusiva do gatekeeper, jornalista que conhece e assume os critérios editoriais do veículo em que atua e faz, permanentemente uma seleção do que pode ou não ser notícia, onde, que espaço obterá, o enfoque que será dado, a oportunidade do uso das informações (DUARTE, 2011, p. 309).

A teoria organizacional também citada nos estudos de Nelsom

Traquina aponta que os conceitos de noticiabilidade são transmitidos por

socialização de acordo com o veículo em que se vai trabalhar, e que estes

códigos não são transmitidos formalmente, mas sim assimilados por uma

espécie de osmose.

Em termos sociológicos significa que se socializam e aprendem as ‘regras’ como um neófito em uma subcultura. Basicamente a aprendizagem da política editorial, é um processo através do qual o novato descobre e interioriza os direitos e as obrigações do seu estatuto, bem como suas normas e valores” (TRAQUINA, 2005 p. 153).

Seabra (2011, p. 82) narra o quanto é subjetiva a decisão sobre o que

deve ser publicado, contando um fato ocorrido na Faculdade de

Comunicação da Universidade de Brasília. A faculdade foi invadida por

ladrões que levaram diversos equipamentos eletrônicos, e os professores

tentaram pautar a imprensa local, pois muitos dos alunos seriam

prejudicados, e outros roubos já haviam ocorrido. Segundo ele, os colegas de

redação não noticiaram o fato, alegando já terem feito matéria sobre isso.

Dois dias depois a faculdade virou assunto em rede nacional, com o fato de

uma aluna do mestrado ter cuidado do filhote de um beija-flor que havia caído

do ninho, tratando dele até que tivesse forças para voar. Os alunos ligaram

para a mesma emissora de TV que havia ignorado a sugestão de pauta

anterior e contando esta nova pauta. A pauta foi aceita no noticiário local e

encerrou o Jornal Nacional daquele dia.

Page 34: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

33

 

Há, em relação ao aspecto do valor notícia, todo um trabalho a ser feito pelas assessorias junto de seus clientes, convencendo-os que não adianta querer transformar uma informação que não tenha relevância em notícia. O trabalho, neste caso, não irá se enquadrar dentro dos valores notícia do veículo e, portanto, não será aproveitada. Ao mesmo tempo, e como refletem os jornalistas, pode criar um desgaste do assessor junto da redação, fazendo com que as informações que venha a distribuir acabem encontrando maior resistência (RESENDE, 2005, p. 52).

Uma definição conceitual sobre o que pode ser notícia não é algo que

possa ser generalizado. Cada região, cidade, veículo de comunicação,

editoria, ou chefe de redação tem um conceito diferente sobre o que merece

ser publicado. Segundo Jorge Duarte, a tentativa de explicar o

funcionamento de uma redação jornalística e a ação dos jornalistas em seus

locais de trabalho é uma tarefa, por vezes, inglória.

Ao mesmo tempo que o filtro das redações é capaz de separar o joio do trigo, se houver interesse e competência, as assessorias cada vez mais se profissionalizaram e aumentaram sua capacidade de interferência no trabalho das redações adaptando as notícias aos interesses dos meios (DUARTE, 2011, p. 307).

Os fatores que determinam o que é notícia a partir do trabalho de

assessorias de imprensa e o que é notícia pautada por iniciativa do jornal

devem conter os mesmos atributos; de acordo com Monteiro (2011, p. 119), a

informação precisa ter “atualidade, interesse, importância e facilidade de

assimilação”. Entre o que acontece e o que é noticiado ocorrem diversos

processos, alguns teóricos exploram profundamente o tema entre o real e o

simbólico. Notícia pode ser o fato em si, a versão do fato noticiada ou, como

Motta apud Monteiro cita, “metafato”, “onde o real é apenas um vago

referente, reacontecendo com mais riqueza no enunciado do jornalista”.

Não apenas identificam e divulgam, como também produzem acontecimentos, fatos e informações com base nas possibilidades de tornarem-se notícia, com conteúdo e formato pronto para ser aceito pelos meios de comunicação de massa. Nos Estados Unidos o termo pseudoevento foi criado na década de 60 para caracterizar os acontecimentos gerados apenas para transformar-se em notícia (DUARTE, 2011, p.307).

Page 35: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

34

 

2.4.2 Dilema ético: jornalistas ou assessores?

A história das relações de trabalho, bem como a dos profissionais de

comunicação no Brasil passaram por inúmeras transformações nas últimas

décadas, e é importante destacar dois pontos: de um lado, a tendência ética

se fortaleceu no conceito da administração moderna, e de outro os

fenômenos de comunicação acompanharam essa evolução na mídia com seu

papel fiscalizador, que se tornou mais livre e plural. E entre estes dois polos:

as organizações mais engajadas e a mídia mais crítica, se desenvolveu um

complexo sistema de comunicação, com base na assessoria de imprensa,

visando à transparência, à responsabilidade social e ambiental.

E, com o avanço industrial e tecnológico e o aperfeiçoamento dos meios de comunicação de massa, apareceram, no início do século XX e com mais intensidade depois da Segunda Guerra Mundial, as relações públicas, que contribuíram decisivamente para ampliar a aproximação dos públicos com as organizações e propiciar a introdução de formas variadas de comunicação (jornais, revistas, comunicados à imprensa, boletins, folhetos, reuniões, murais, etc.) (KUNSCH, 2003, p.201).

As empresas precisaram abrir as portas, inscrever seus valores e

papéis sociais junto ao público interno e externo, e não puderam mais

sustentar por muito tempo uma imagem que não corresponda aos reais

procedimentos.

O primeiro aspecto a considerar é que as organizações pelo papel que exercem na sociedade, são fontes importantes de informações e tem o dever e o direito de prestar contas de suas ações perante os públicos e a opinião pública. O trabalho, portanto de relacionamento com a mídia não deve se restringir à divulgação de seus produtos e serviços, mas elas devem ter um compromisso e uma responsabilidade pública como fontes de informações (KUNSH, 2003 p.196).

Entretanto, a naturalidade dessa relação não está muito clara, nem

para a grande população, nem para muitos profissionais de comunicação.

Ainda existem diversos preconceitos, provenientes da história um tanto

Page 36: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

35

 

obscura da imprensa brasileira e dos conceitos antigos e ultrapassados sobre

o papel das empresas.

Chaparro faz uma excelente observação sobre os conflitos entre

interesse público e interesse particular na relação entre mídia e sociedade,

desmistificando as polaridades que o senso comum aponta.

Será esse um verdadeiro conflito? Penso que não. Trata-se de um falso conflito. Porque não se deve cair na simplificação de ver no interesse público o valor que se opõe ao interesse particular, como se de um lado estivesse o bem e do outro o mal. O que se opõe a um interesse particular é outro interesse particular. E o jornalismo não tem como, nem porque, temer ou desprezar os interesses particulares; além de legítimos, está neles a engrenagem dos conflitos da atualidade, dos quais o jornalismo ocupa-se, com as ferramentas do relato veraz e do comentário independente (CHAPARRO, 2002, p. 20).

Humberto Manera Filho, citado por Kunsch (2003, p.198) neste trecho,

aponta a importância de se ter sim uma postura crítica quanto à atuação das

assessorias de imprensa no momento atual, salientando antes que “não quer

dizer que em uma economia aberta a atividade seja mais ou menos idônea

do que qualquer outra do mercado de comunicação”.

A crítica não só tem fundamento como é o próprio Calcanhar de Aquiles do setor marcado pela heterogeneidade e pelo crescimento desordenado alimentado pelo grande contingente de profissionais sem espaço nos meios de comunicação e pela falta de regulamentação adequada para a atividade (FILHO, 1998, p. 18 apud KUNSH, 2003, p.198).

Este é um dos pontos-chave da pesquisa de campo que se segue, e

sabemos que é apenas uma informação no universo que abrange a produção

de notícias. Um critério ético possível é a busca do assessor em identificar e

produzir informação de acordo com os critérios do jornalismo, e, da parte dos

gatekeepers, reconhecer estes mesmos critérios na informação enviada.

Page 37: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

36

 

Fundamental é não abrir mão em nenhum momento do critério jornalístico para a avaliação da informação, mesmo que isso venha a contrariar muitas vezes um determinado assessorado. É melhor que isso aconteça do que comprometer um trabalho sério e honesto e deixar de ter o respeito e a colaboração dos profissionais de imprensa em outras ocasiões (CONJAI, 1994, p. 41).

Os assessores de imprensa são ainda importantes pontes no acesso à

informação em momentos de crise, quando a imprensa volta os olhares para

determinada organização. Nas assessorias mais profissionalizadas, em geral,

a orientação é de assumir a responsabilidade e fornecer a informação correta

aos públicos.

Sendo assim (...), precisa aglutinar recursos e meios que dêem liberdade à criação de públicos genuínos, discutindo suas perplexidades, levantando controvérsias e adotando as ações conjugadas que realmente ocasionem transformações sociais, evitando-se o emprego de uma comunicação interesseira e dominada (FORTES, 2003, p. 238).

2.4.3 Pesquisa ‘A visão dos jornalistas’

A pesquisa “Assessorias de Comunicação na visão dos jornalistas”

(Anexo II) realizada pelo portal Comunique-se foi realizada nos anos de 2003

até 2006, e é bastante completa no sentido de apontar uma expectativa, ou

um conjunto de procedimentos esperados pelas redações dos assessores de

imprensa para uma relação de sucesso. Entenda-se aqui sucesso como

parceria, acesso, troca de informações e uma construção de imagem positiva

do assessorado na imprensa. Algumas questões foram adicionadas e outras

excluídas no decorrer dos quatro anos em que foi realizada. Mas é esta

investigação a que mais se aproxima do objetivo deste trabalho de pesquisa,

por isso a necessidade de ser aqui citada. A pesquisa trata detalhadamente

dos serviços e ferramentas de comunicação entre assessor e jornalistas:

release, sala de imprensa, coletivas, follow up. Dentre essas questões,

algumas contribuem com o projeto de pesquisa, e apontam já

direcionamentos que podem ser detalhados ainda mais. Fazendo uma média

Page 38: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

37

 

dos resultados nas quatro pesquisas, é possível identificar os seguintes

pontos:

a) Sobre o perfil do assessor: 78% dos entrevistados apontaram

que preferiam o que atua em todo o processo, sugerindo

pautas, ganchos e personagens;

b) A prontidão na entrega das informações por parte do assessor

de imprensa foi a característica preferida de 47% dos

jornalistas;

c) Não dominar o assunto ou querer “vender o peixe” do

assessorado são os principais erros do assessorado;

d) Dentre os entrevistados, 73% responderam que consideravam o

envio de informações e releases necessário, mas mal-praticado,

tendo em vista que recebiam muitos materiais que não eram

úteis;

e) Oito questões tratam da ferramenta sala de imprensa on-line, e

a maioria dos entrevistados respondeu que as organizações

ainda não utilizavam em quantidade e qualidade a ferramenta

da sala de imprensa, e que é bastante útil este espaço quando

atualizado, com fotos, dados, biografias e outras informações.

3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Foi realizada uma pesquisa exploratória bibliográfica sobre o conceito

de assessoria de imprensa, a história do surgimento da atividade no mundo e

as bases de como se desenvolveu no Brasil. Também foram abordados os

conflitos éticos, o papel do assessor de imprensa e os conceitos de

noticiabilidade.

Em seguida foi desenvolvida uma pesquisa descritiva[,] feita através

da aplicação de um questionário (Anexo III) quantitativo realizado com os

principais jornais das seis mesorregiões de Santa Catarina. O questionário foi

dividido em quatro partes: 1.Relacionamento e noticiabilidade, 2.Dilema ético:

Page 39: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

38

 

jornalistas ou assessores, 3. Práticas de assessoria de imprensa, e 4. Papel

do assessor. Após a compilação dos dados, no momento de comentá-los,

esses temas foram divididos em outros tópicos, para melhor explicitar os

pontos necessários.

Após a compilação dos dados, resumo do trabalho e apresentação em

banca, foi realizada uma entrevista de profundidade com um editor de um

jornal regional (A) e com um editor de um jornal de abrangência estadual (B),

para extrair informações mais completas e profundas sobre pontos que

necessitaram de mais informações do que na pesquisa quantitativa. Para

obter maior liberdade, e acesso a informações mais confidenciais, a

identidade do editor e do jornal não foram reveladas neste trabalho.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi realizada com nove jornais distribuídos entre as seis

mesorregiões do estado:

Mesorregião da Grande Florianópolis

1. Diário Catarinense

Tiragem – 40 mil

Editorias – Política, Economia, Geral, Mundo, Segurança, Cadernos,

Esportes

Abrangência – Estadual

Redação – 90 profissionais

Numero de colunistas – 14

2. Notícias do Dia

Tiragem – 15 mil

Abrangência – Municípios da Grande Florianópolis e municípios da região de

Joinville

Editorias – Cidade, Política, Economia, Região, Mundo, Segurança, Esporte e

Cultura

Redação – aproximadamente 60

Numero de colunistas – 10

Page 40: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

39

 

Mesorregião do Norte Catarinense

1.Jornal A Notícia

Tiragem – 23 mil

Abrangência – Estadual, com foco na região norte.

Editorias – Anexo, Economia/Mundo, Política, Esporte, Geral/Cidade

Redação (número de jornalistas) – 54

Numero de colunistas – Colunistas diários são seis, possui colaboradores, o

número varia bastante.

Mesorregião do Oeste Catarinense

1. Diário do Iguaçu

Circulação – 12 mil

Abrangência – 76 municípios da região oeste

Editorias – seis editorias e quatro cadernos especiais semanais

Redação – dezoito jornalistas

Colunistas – oito colunistas

2. A Voz do Oeste

Tiragem – 1,5 mil

Abrangência – Chapecó

Editorias – Política, Geral, Economia, Educação, Segurança e Esporte

Redação – quatro

Número de colunistas – seis

Mesorregião de Serrana

1. Correio Lageano

Tiragem: 6,2 mil

Abrangência: 18 cidades da Serra Catarinense

Editorias: Geral, Política, Economia, Cidades, Segurança, Esporte, Clip e

Opinião.

Redação: 16 jornalistas (entre on-line e off-line)

Colunistas: cinco colunistas

Page 41: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

40

 

Mesorregião do Sul Catarinense

1.  Jornal Notisul

Tiragem - oito mil

Cidades que abrange – Tubarão, Laguna, Braço do Norte, São Ludgero,

Pedras Grandes, Orleans, Rio Fortuna, São Martinho, Santa Rosa de Lima,

Jaguaruna, Treze de Maio, Imbituba, Imaruí, Paulo Lopes, Armazém,

Sangão, Capivari de Baixo, Gravatal, Pescaria Brava e Grão-Pará

Editorias – Segurança, Política, Economia, Geral, Esporte e Extra.

Redação (número de jornalistas) – 10

Numero de colunistas – 16

2. Jornal A Tribuna

Tiragem – 6 mil

Editorias – economia, esporte, entretenimento, política, portal, geral,

segurança, sendo assim a radio Hulha Negra também faz parte do grupo A

TRIBUNA, está concentrada na nossa sede e TV Tribuna no canal 12.

Abrangência – 24 municípios (Região AMREC)

Redação – seis jornalistas, dois estagiários, editor chefe, coordenadora de

redação e fotógrafo

Numero de colunistas - 17

Mesorregião do Vale do Itajaí

Jornal de Santa Catarina:

Tiragem – 18,5 mil

Abrangência – 59 municípios do Vale do Itajaí

Editorias – 7 sete

Redação – São cerca de 45 profissionais, a maioria jornalistas

Número de colunistas – 10

A realidade de cada redação é muito diferente, este é um ponto citado

dentre as limitações da pesquisa. Sendo assim, o mercado de comunicação

em cada região tem uma atuação diferente. Em cada jornal foi solicitado, via

telefone, um contato com o editor-chefe, chefe de redação, pauteiro, ou

Page 42: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

41

 

pessoa que tivesse maior intimidade com a seleção de pautas do jornal e

contato com assessorias de imprensa, ou seja, os gatekeepers das redações.

Além das grandes diferenças no tamanho das equipes, e tiragens, cada

região do estado tem características próprias no meio da comunicação,

muitas delas relacionadas à natureza econômica de cada região. O jornal A

Notícia, de Joinville, por exemplo, abrange a cidade mais populosa do

estado, de economia majoritariamente industrial. O correio Lageano pertence

a outra realidade, atende à região serrana, uma região com menor

desenvolvimento econômico, voltado para agricultura, pecuária. Sendo as

necessidades de comunicação e os critérios de noticiabilidade e de

relacionamento com as assessorias bastante diferentes.

Na entrevista de profundidade escolheu-se um jornal de abrangência

regional e outro de abrangência estadual, com o objetivo de poder observar

os pontos de diferença em diferentes proporções de redação, economia e

serviços de assessoria.

3.3 COLETA DE DADOS

Foi solicitado às redações, por telefone, o contato com alguma pessoa

da redação que tivesse bastante experiência no relacionamento com as

assessorias, que poderia ser o editor-chefe, chefe de redação, pauteiro, ou

pessoa que tivesse maior intimidade com a seleção de pautas do jornal e

contato com assessorias de imprensa. As informações sobre a pesquisa

foram explicitadas no primeiro contato para o repórter ou atendimento, no

intuito de obter ali, antecipadamente, informações sobre a redação e sobre a

pessoa certa a responder o questionário. Identificada a pessoa, fiz contato

telefônico e em seguida encaminhado email com informações básicas sobre

a minha pesquisa, instruções sobre o questionário e o questionário em

anexo. Entre o primeiro contato com as redações e o recebimento do último

questionário foram 38 dias. Algumas responderam prontamente no primeiro

dia, outras demoraram semanas, e após vários contatos. O questionário foi

composto de 23 perguntas, algumas de múltipla escolha e outras para serem

enumeradas; elas foram divididas em quatro temáticas importantes do

projeto.

Page 43: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

42

 

A entrevista de profundidade foi elaborada com foco em responder os

pontos que ficaram em dúvida no questionário. E com muitos pontos em

aberto para acrescentar informações. Foram realizadas duas entrevistas,

uma com um editor de um jornal estadual e outra com um editor de jornal

regional.

Cada tipo de pesquisa contribuiu com diferentes objetivos do trabalho.

A pesquisa quantitativa possibilitou uma diversidade de amostra de nível

estadual e as questões da pesquisa quantitativa abordaram um número maior

de assuntos. Já, na pesquisa qualitativa, eu considero que as entrevistas

revelaram aspectos mais específicos do dia a dia da relação com os

assessores e exemplos bem práticos. Alguns detalhes foram acrescentados,

e a proximidade permitiu a revelação de aspectos mais íntimos e até secretos

que permeiam as relações e influências no meio midiático.

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

O questionário foi construído com o objetivo de atender pontos-chave

da pesquisa. E, por mais que estivessem agrupadas, algumas questões

foram colocadas em ordem diferente, até para não obter um procedimento

previsível no entrevistado, dentro dos quatro eixos eu apontei outros pontos-

chave que gostaria de destacar.

RELACIONAMENTO E NOTICIABILIDADE

Forma de contato: questões 1, 2, 3

Média de retorno, dos contatos e publicações: questões 4, 5, 6, 7

DILEMA ÉTICO: JORNALISTAS OU ASSESSORES

Erros dos assessores: questões 10, 15 e 21

Relação da publicidade com o espaço editorial: questões 11,12,13, 14

PRÁTICAS DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E

PAPEL DO ASSESSOR

Papel do Assessor: questões 16, 19, 22

Relação com os assessores: questões 8, 9, 23

Page 44: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

43

 

Produtos de Assessoria: questões 17, 18

Logo que recebi todos os questionários, coloquei os resultados em

uma tabela do Excel para a tabulação de dados. As questões de

enumeração, dificultaram bastante a tabulação dos dados em uma amostra

tão pequena, acredito que melhor seria ter solicitado para assinalar apenas

uma.

Em uma questão de múltipla escolha, três entrevistados responderam

mais de uma opção; em outra questão, um deles assinalou duas; e em outra

questão um deles assinalou uma e acrescentou um dado no espaço “outro”,

neste caso registrei os detalhes no comentário da pesquisa. Em outra

questão dois entrevistados assinalaram todos os itens. Eu não anulei as

respostas, apenas fiz a tabulação normal e apontei o detalhe.

Em duas questões de enumerar, dois entrevistados assinalaram

apenas um dos itens, neste caso eu considerei apenas os itens assinalados

como “primeiro lugar”.

A questão 14 foi anulada, pois as duas respostas podem levar a uma

conotação semelhante. A pergunta tratava-se do que se espera do assessor,

e as duas respostas que citarei a seguir levam a entender como um

posicionamento muito semelhante: “Atuar de várias formas oferecendo

pautas e ganchos que de alguma forma beneficiem sua empresa ou

instituição, mas não exercer cobranças com a redação, caso a pauta não seja

publicada”, e “Manter um relacionamento constante com a redação

oferecendo informações e contatos em geral com o intuito de ter facilidades

na hora em que a assessoria precisa de espaço para sua empresa e

instituição”.

A entrevista de profundidade foi um exercício muito interessante de

fazer. Marquei as entrevistas nas redações, tive uma excelente receptividade,

as entrevistas tiveram duração de aproximadamente 30 minutos, e vários

pontos que objetivei foram atendidos. Algumas informações que foram

acrescentadas por eles enriqueceram bastante a minha pesquisa.

No encaixe dos dados da pesquisa de profundidade na análise da

pesquisa quantitativa, identifiquei quais questões estariam relacionadas a que

tópicos, e em que parágrafo seria mais adequado colocar as informações,

Page 45: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

44

 

para que o texto ficasse encadeado e pudesse conduzir a pesquisa da forma

mais didática possível. Destaquei os assuntos colocando algumas citações

dos entrevistados.

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

O principal ponto que merece um destaque no momento de análise

dos dados é a grande diferença (em abrangência, tiragens, redação, volume

de páginas, etc.) entre os jornais das seis mesorregiões do estado e os dois

jornais que têm abrangência estadual, o Diário Catarinense em Florianópolis

e o jornal A notícia em Joinville. A amostra também é pequena diante da

quantidade de jornais do estado, a ADJORI – Associação de Jornais do

Interior de Santa Catarina tem 188 associados, e os nove jornais

entrevistados para a pesquisa não estão incluídos, porque são considerados

grandes em relação aos associados da ADJORI.

Pela frieza da relação via telefone e email e pela quantidade limitada

de questões, não foi possível adentrar profundamente em questões que

considero complexas, polêmicas e controversas, como, por exemplo: a

relação do interesse comercial do jornal em conflito com valores de notícia no

campo editorial.

Uma outra limitação, ou pode-se dizer cuidado, foi o de não repetir as

questões presentes na pesquisa do Portal Comunique-se anexada a este

trabalho. Até pode vir a contribuir com uma visão mais recente sobre o

assunto, mas este trabalho não se propõe de forma alguma a ser uma

continuidade da pesquisa realizada de 2003 a 2006 pelo portal de

comunicadores.

Nas entrevistas de profundidade acredito que não houve limitação;

poderia ter incluído mais duas entrevistas, mas isso dificultaria o

encadeamento das questões no texto.

4 ASSESSORIA DE IMPRENSA NA VISÃO DOS JORNAIS EM SANTA

CATARINA

Page 46: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

45

 

O objetivo da pesquisa quantitativa foi levantar alguns pontos

considerados importantes no relacionamento das assessorias de imprensa

com os veículos de comunicação impressos em Santa Catarina, como, por

exemplo: a forma de contato, as rotinas e a influência dos assessores com os

jornalistas. Por esse motivo, escolheu-se uma pesquisa quantitativa onde

foram colocadas questões de múltipla escolha, no intuito de padronizar as

respostas sobre uma maior quantidade de pontos-chave.

Inicialmente foram selecionados um jornal de cada uma das seis

mesorregiões catarinenses. Em seguida, constatei que havia mais de uma

cidade e de um jornal importante em algumas regiões e, então, foram

incluídos mais três jornais.

Nas entrevistas de profundidade obtive o êxito esperado, apesar de

terem sido feitas com apenas dois jornais, um estadual e outro regional. Os

editores foram bastante abertos, sinceros e receptivos. Com um apontamento

prévio das questões, consegui conduzir a entrevista em todos os pontos que

objetivei.

4.2 RELACIONAMENTO

Há uma gama de ferramentas de comunicação à disposição dos

comunicadores. Para atender o objetivo da pesquisa de apontar atitudes de

resultado para assessores junto aos jornais, iniciou-se a pesquisa

identificando o meio físico de contato mais utilizado pelos assessores de

imprensa dentre as opções: telefone, email, chat, e outro. O email foi o

preferido de 100% dos entrevistados.

A quantidade de emails diários enviados por assessores de imprensa

aos entrevistados foi muito semelhante; apesar de a resposta ser aberta, a

maioria deles respondeu “entre 200 e 300”, resultando em uma média de

240. Este dado do maior jornal do Estado Diário Catarinense não se

conseguiu levantar, pela quantidade de contatos que eram feitos com cada

editor ou colunista. A entrevistada informou apenas a quantidade que

recebia em sua caixa de emails, que totalizava 50 por dia.

Page 47: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

46

 

Os contatos telefônicos foram contabilizados em uma média de 12 por

dia, e os contatos via chat, eram cinco, descritos no questionário como

Facebook ou Skype. Quando questionados[,] os jornalistas revelaram que a

preferência deles era pelo contato por email em 100% dos casos. Apenas um

dos entrevistados disse que todos os contatos eram importantes e sem

distinguir o meio físico do contato e o objetivo da comunicação: poderia ser

uma informação, release, aviso de pauta, informação em off, pois qualquer

dado que pudesse resultar em notícia era válido.

A questão do contato tomou outro rumo na entrevista de profundidade.

O editor do jornal A declarou que gostava quando recebia a visita dos

assessores de imprensa interessados em conhecer a redação, e que

esquadrinhar a forma pode trabalhar a imagem do cliente e contribuir com a

redação: “Eu acho que se um assessor, mesmo que resida em outra região,

se quiser enviar e emplacar informações aqui, ele tem que vir ao menos uma

vez conhecer pessoalmente a redação dos jornais e as rádios.”, disse o editor

do jornal A. Este também valorizou o contato telefônico quando é para trocar

informações e não apenas reforçar a “venda do peixe”. No caso do jornal B, a

entrevistada afirmou que os repórteres e assessores precisam entender a

rotina do jornal, e que não se deve visitar a redação ou ligar depois das 16

horas, a não ser se for para responder a algum pedido de informação da

redação: “É impossível emplacar algo se não se adiantar, ligar cedo, as

respostas também precisam ser rápidas, se responder só no dia seguinte o

trabalho é em vão”.

Logo, buscou-se identificar o retorno desses contatos. Para 77% dos

entrevistados, até 20% dos contatos recebidos das assessorias de imprensa

resultavam em diálogo, para 11% até 50% eram retornados, e, para 11%, até

70% dos contatos eram retornados. O editor do jornal B afirmou que o

assessor precisa entender a estrutura física e os espaços do jornal para

saber para quem enviar o tipo certo de informação, no formato mais

adequado: “Precisa saber o estilo da editoria, do colunista, o que interessa, o

momento certo de enviar, se fizer isso a probabilidade de publicar é bem

maior.”.

Para entender ainda mais os detalhes do resultado do trabalho dos

assessores, questionou-se, destes contatos feitos, qual porcentagem

Page 48: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

47

 

resultava em publicação. A maioria dos entrevistados (88,8%) afirmou que

20% dos contatos resultavam em publicação, apenas 11% afirmaram que

publicavam até 70% dos conteúdos recebidos de assessorias.

Na entrevista de profundidade[,] ambos os editores entrevistados

afirmaram que não publicavam releases, mas que grande parte do que

publicavam era construído com colaboração dos assessores. O editor do

jornal A assumiu que, “Se não fosse o trabalho dos assessores, uma redação

como a nossa deveria ter duas vezes mais jornalistas”. A editora do jornal B

afirmou que a política do jornal apostava no jornalismo colaborativo, que era

aquele que estimulava a participação dos leitores no envio de pautas, fotos,

sugestões e, neste caso, entra também a relação dos assessores: “O

trabalho dos assessores é muito importante, mas ele precisa ser bom e nos

garantir exclusividade para ter um bom espaço. As páginas de destaque são

sempre produzidas por trabalha interno da redação, mas as demais podem

ser ocupadas com divulgação sugerida por assessorias.”[.]

Na pesquisa qualitativa, questionou-se quantos releases recebidos

eram publicáveis: 77,7% dos entrevistados consideraram que até 20%

poderiam ser publicados, para 33,3% dos entrevistados o número de

releases publicáveis subiu para metade dos recebidos. Para identificar com

mais precisão o resultado positivo do release no trabalho de assessoria de

imprensa, questionou-se quantos eram efetivamente publicados, neste caso

100% dos entrevistados afirmaram que no máximo 20% deles.

Para o editor do jornal A, na entrevista de profundidade, cerca de 10%

dos releases que recebiam eram publicáveis, mas o jornal tinha como política

não publicar release na íntegra. O jornal B também afirmou que nunca

publicava releases.

O jornalista acaba por conquistar reconhecimento público, e as

pessoas podem abordá-lo quando o encontram pessoalmente. Porém,

diferentemente da TV, o jornal impresso não proporciona tamanha

popularidade da imagem do editor, mas, ainda assim, 44,4% dos

entrevistados disseram que já haviam sido contactados fora do horário e local

de trabalho por assessores; e todos consideram normal, “pois jornalismo é

uma profissão de total envolvimento e compromisso público”.

Page 49: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

48

 

4.3 ÉTICA

O tema ética foi tratado nesta pesquisa de uma forma abrangente,

considerando alguns pontos importantes. O primeiro deles é o ponto sobre o

que consideravam ética no conflito de interesses públicos X privados no

veículo de comunicação. Sobre o velho dilema da influência do campo

publicitário sobre o espaço editorial, 55% dos entrevistados responderam que

não existe e 44% responderam sim. Colocou-se outra pergunta para quem

acreditava que essa influência existe, e 55,5% discordaram e 44% não

responderam; por último, colocou-se a opção “concordo pois o jornal é um

veículo privado”, e nenhum entrevistado assinalou. Quando questionados

diretamente sobre o veículo em que trabalhavam no momento, se já tinham

evitado veicular alguma notícia que prejudicasse algum anunciante, 55%

disseram que sim e 44% disseram que não. Aprofundou-se este ponto

questionando sobre uma situação hipotética na qual estivesse ocorrendo um

fato que pudesse prejudicar algum dos anunciantes do jornal, caso fosse

noticiado. Dos entrevistados, 77,7% apontaram que “Procedemos da mesma

forma como se tratasse de alguma empresa que não fosse anunciante, abro

espaço para ouvir a versão produzida pela assessoria de imprensa, mas sem

assumir posição de defesa do anunciante”, e 22,2% dos entrevistados

afirmaram “Procuramos a assessoria de imprensa do anunciante para

encontrar a melhor forma de construir a reportagem para que minimize os

efeitos negativos da notícia sobre o anunciante, ou até reverta o caso para

um saldo positivo para o anunciante”.

Na entrevista de profundidade, o editor do jornal A confirmou que

havia uma relação de parceria com os assessores de organizações que eram

anunciantes do jornal, mas não publicaria nada que não fosse interessante

para o leitor, e também não deixaria de noticiar coisas que pudessem ter uma

conotação negativa para eles, mas antes buscaria o maior número de

informações possíveis com as assessorias: “O jornal não é obrigado a

publicar uma informação de uma empresa privada que não seja interessante

para a comunidade, que não seja uma informação jornalística. O jornal tem

uma parceria com a prefeitura, mas não deixa de noticiar informações

importantes para a população, mesmo que seja negativa, “como uma falta de

remédio ou atendimento num posto de saúde (...) nós conversamos com a

Page 50: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

49

 

diretoria do jornal, e buscamos uma forma de fazer, mas se toda mídia está

falando, não podemos deixar de informar”.

O editor do jornal B citou exemplos interessantes sobre os limites da

influência dos anunciantes, afirmando que pode-se ter uma relação bem

próxima com os assessores de imprensa de empresas anunciantes, e até

fazer certas escolhas: “Não vemos problema nisto, já passou a época em que

setor comercial e redação não se falavam, hoje os editores sabem do que

acontece no setor comercial. Nós temos, por exemplo, aqui uma editora de

projetos especiais, que desenvolve cadernos que são comercializados, e faz

o comercial dialogar com a redação na produção do encarte”. De acordo com

o editor essa influência tem limites: “Certa vez um anunciante, do ramo de

educação, solicitou uma reunião com a redação e questionou sobre a

possibilidade de não entrevistarmos fontes da concorrência do segmento de

mercado deles, nós obviamente falamos que era impossível, e que não

poderíamos deixar de noticiar o fato de que um aluno da concorrência

obtivesse grande destaque”.

4.4 PAPEL DO ASSESSOR

Sobre as práticas de assessoria de imprensa que mais colaboram com

a redação, 55% dos entrevistados destacaram que é em primeiro lugar

“facilitar o acesso a fonte”, em segundo lugar “oferecer pautas exclusivas”[,] e

em terceiro lugar “sugerir pautas criativas”. Na entrevista de

profundidade, o editor do jornal A destacou a rapidez, agilidade e sinceridade

que os assessores precisam ter. O assessor do jornal B deu dicas

importantes sobre como emplacar informações, a estratégia de ser

informado, ágil, criativo, e parceiro das redações: “O jornalista que pega um

fato normal e faz uma produção em cima disto, algo diferente, algo que já não

tenha saído no site, no rádio e em outras mídias. O assessor que consegue

um personagem para a matéria (...) eu tenho alguns assessores que são

referência para mim, que eu ligo para pedir informações, trocar idéias...”.

Outra questão aplicada para entender a importância do assessor, ou

seu papel frente à organização, é a que aponta quem o jornalista procura

primeiro quando necessita com urgência uma informação, onde 44,4%

afirmaram que “a primeira pessoa disposta a passar informações na empresa

Page 51: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

50

 

ou instituição”, 33,3% procuravam o assessor de imprensa e 22,2%

procuravam diretamente a fonte da empresa ou instituição.

Na pesquisa de profundidade[,] o editor do jornal A disse que alguns

assessores disponibilizam o telefone da fonte para a redação, outros

preferiam ser esta ponte sempre: “Se ele for um assessor ágil, tudo bem, mas

se ele demorar para dar a posição da fonte, a gente tenta ligar direto pra

fonte, e até é melhor porque a informação chega mais crua, menos

produzida”.

Outro ponto importante sobre o papel do assessor é como os editores

entendiam a sua relação pessoal com o assessor, onde 88% achavam que

era uma relação de parceria/coleguismo, e 11%, distante/reservada. Nenhum

deles assinalou que era uma relação de amizade/fidelidade.

Nas entrevistas de profundidade, tanto no jornal A quanto no jornal B,

ficou nítido em várias situações que a relação que mais prospera entre

jornalistas e assessores é a de parcerias, trocas constantes de informação,

dicas até sobre outras pautas, e o que constrói esta relação é o

conhecimento sobre o funcionamento da redação, o compromisso com

exclusividade e qualidade da informação.

O editor do jornal A revelou que existe a possiblidade de construir em

conjunto com o editor algumas reportagens: “Tínhamos por exemplo uma

página dupla para tratar de uma forma bem completa a pauta de um

aeroporto regional, e a gente construiu todos os espaços em conjunto com a

assessoria (...) em alguns casos até oferecemos a possibilidade de publicar o

nome do assessor ou do fotógrafo que contribuiu com a reportagem”.

4.5 PRINCIPAIS ERROS

Quando questionados sobre o pior erro dos assessores entre “passar

informação errada”, e “dificultar o acesso a informações”, 66,6% optaram pela

segunda opção. Havia a opção “outro” aberta para preenchimento e três

entrevistados apontaram outros erros: enviar foto com baixa qualidade, enviar

informação atrasada, privilegiar determinados colunistas ou veículos.

Page 52: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

51

 

Surpreendentemente apenas um afirmou, como pior erro, enviar informação

errada.

Para o editor do jornal B os erros e acertos dos assessores estão

totalmente ligados à qualidade, exclusividade e velocidade da informação:

“Tem assessor que manda email com título: Nota Exclusiva e a gente vê que

foi copiado para dezenas de outros jornais (...) já recebemos fotos que o

assessor diz que é exclusiva e no dia seguinte a gente vê que a mesma foto

foi publicada em outro jornal”. A velocidade da resposta e o horário de

contato com a redação é fundamental: “Quando a gente pede uma

informação, tem assessor que responde dois dias depois, daí já era, perdeu

tempo (...) e o horário do contato, assessor tem que saber que não deve ligar

depois das 17 h, a menos que seja uma notícia bombástica, pra gente poder

incluir algo neste horário”.

O editor do jornal A afirmou que bloqueavam o contato dos assessores

que consideram ruins: “Na verdade quando o assessor é chato, o texto é

ruim, não tem um telefone de contato do assessorado, não responde uma

dúvida de um repórter, não retorna, a gente coloca o email na lista de lixo

eletrônico, é bloqueado dos nossos e-mails, e quando a gente percebe que o

assessorado troca de assessor a gente desbloqueia”.

Na hora do follow-up, questionou-se qual o pior erro que o assessor

comete, e 33% achavam que é tentar vender o peixe do cliente a qualquer

custo, 33% disseram que é ausência de conhecimento e informações

completas sobre a pauta, para 11% era “Ligar em horário inadequado”, 22%

assinalaram todos (indevidamente) e um deles assinalou “Outro” e descreveu

não conhecer o veículo ao qual estava ligando.

Quando foram questionados sobre os critérios pelos quais respeitavam

uma assessoria, 55,5% responderam veracidade nas informações; 11,1%,

pontualidade nos horários de envio e respostas. Nesta resposta encontramos

uma inconsistência de posicionamento, cruzando os dados com uma questão

anterior onde o envio de informações erradas não foi assinalado como um

grave erro do assessor para os entrevistados. Três entrevistados assinalaram

duas respostas (indevidamente); dois afirmaram veracidade nas informações

e pontualidade nos horários de envio das respostas, e um deles veracidade

nas informações e honestidade de interesses.

Page 53: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

52

 

4.6 PRODUTOS DE COMUNICAÇÃO

As perguntas sobre a sala de imprensa foram incluídas para identificar

a opinião dos jornalistas sobre este espaço, ainda pouco utilizado, e quais as

informações que o jornalista gostaria que estivessem disponíveis on-line.

Para 77% dos entrevistados as salas ou espaço de imprensa poderiam ser

úteis, mas eram mal utilizados, e para 11% deles “Poucas empresas e

instituições possuem espaço de informações para a imprensa nos sites”.

Para 44% dos entrevistados, em primeiro lugar seria importante ter

releases atualizados e, em segundo lugar, um bom arquivo fotográfico nas

salas de imprensa. Em 33% das respostas “Dados e pesquisas atualizadas”

ficou em primeiro lugar.

Quando questionados sobre o follow up, contato telefônico após envio

de informações, 66,6% disseram que só é válido se tem alguma informação a

acrescentar, 22,2% afirmaram que não se deve fazê-lo e que a redação deve

fazer o contato se precisar, e 11,1%, que sempre é importante este contato.

Na entrevista de profundidade, os editores dos jornais A e B afirmaram

que o follow up é importante, quando se tem algo a acrescentar ou quando se

quer confirmar o recebimento de uma informação exclusiva. O editor do jornal

B afirmou que, se não for exclusiva, a informação não deve ser publicada.

4.7 OUTRAS OBSERVAÇÕES

A entrevista de profundidade permitiu uma coleta bem mais profunda

de informações e percepções dos editores sobre as questões da pesquisa.

Algumas surpreendentes e outras não foram pensadas na hora da

elaboração dos pontos-chave desta pesquisa.

Por exemplo, a questão da regionalidade das informações. O editor do

jornal A, que atende uma região de 20 municípios, disse que cerca de 90%

das matérias eram regionais, mas havia uma relação também com as

assessorias de imprensa de organizações públicas estaduais e federais. O

editor do jornal B, que é estadual, afirmou que frequentemente recebia

ligações de assessorias de imprensa de São Paulo e Rio de Janeiro para

Page 54: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

53

 

tentar emplacar alguma informação de alguma fonte: “Educadamente a gente

explica que não nos interessa fontes (privadas) de outro estado, que nós

priorizamos fontes daqui, exceto no caso de matérias governamentais, mas

ainda assim o enfoque é catarinense”.

Houve um ponto curioso sobre a natureza das assessorias. No jornal A

que é regional, o editor afirmou que a maioria dos encaminhamentos de

pauta eram de assessorias de organizações públicas; no caso do jornal B,

que é estadual, o editor afirmou que a maioria dos contatos era feita por

assessorias de organizações privadas.

Ambos os editores afirmaram que é necessário maior profissionalismo

dos assessores. E o editor do jornal A afirmou que 10% dos que saem da

academia têm preparo para exercer assessoria, e citou ainda um fato recente

que ocorreu de um concurso onde a exigência para o cargo de assessor de

imprensa era de ensino médio. Para ele era preocupante o despreparo dos

profissionais desta área: “Aquela coisa de pegar um mailing e disparar

release para todos, vai parar no lixo eletrônico das redações.”.

Page 55: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

54

 

5. CONCLUSÃO

Ainda que a atividade tenha se iniciado no Brasil com traços de

cooptação, conhecida como jornalismo “chapa-branca”, hoje a assessoria de

imprensa não só é indispensável para a prestação de informação pública,

como é grande abastecedora de informações das redações. Neste trabalho

conclui-se que, sem a colaboração das assessorias, as redações precisariam

de um número bem maior de jornalistas.

É uma atividade que até há pouco tempo atrás era vista com algum

receio, devido à falta de profissionalismo que existiu e ainda impera em

alguns nichos, em ambos os lados– redações e assessorias. Mas, hoje, os

editores consideram positiva esta relação e gostam de receber ligações e

visitas de assessores, desde que nos horários adequados. Quando recebem

informações exclusivas, com enfoques e informações interessantes,

direcionadas às editorias certas e com utilidade pública, sempre são

publicadas.

A pesquisa nos dá sinais importantes, como o tamanho do campo que

pode ser explorado pelo mercado de comunicação. Apenas 20% de todos

esforços de assessorias de imprensa geram notícia atualmente. Poderia ser

mais, se houvesse mais conhecimento e qualidade no envio de conteúdos.

Outro campo que pode ser explorado é o das salas de imprensa

virtuais. Os entrevistados afirmaram que hoje estes espaços poderiam ser

úteis, mas são inexistentes ou mal utilizados.

O acesso ao porta-voz é destacado como uma das funções esperadas

pelos jornalistas. Porém, em caso de urgência na busca de uma informação,

ou de ineficiência do assessor, o repórter busca diretamente a fonte.

A rapidez do assessor teve destaque tanto na pesquisa quantitativa

quanto qualitativa, “Para o repórter de redação cada minuto é importante na

composição da matéria, se o assessor envia a resposta tarde, ou no dia

seguinte, foi desperdício de trabalho, não vai ser publicado”, afirmou um dos

editores.

Quanto ao tabu da influência do setor comercial sobre o jornalístico,

alguns editores assumiram que pode existir, por conta da proximidade com o

setor de comunicação do cliente, onde o próprio assessor se sente mais à

Page 56: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

55

 

vontade para ligar e enviar conteúdo, porém garantiram que qualquer pedido

que possa ferir os princípios do jornalismo não seria atendido.

As maiores críticas por parte da redação foram sobre os releases mal

escritos e aqueles distribuídos em massa, mas ainda assim consideraram

importante receber, para terem conhecimento. As qualidades mais

referenciadas positivamente por um assessor de imprensa foram a

veracidade nas informações, o respeito aos dias e horários. Para os editores,

os assessores que cometem erros, como informação errada, ou dificultam o

acesso ao assessorado ficam queimados no meio jornalístico, e aqueles que

adquirem boa reputação acabam se tornando fontes importantes de

informação para os jornais.

Outro ponto importante sobre o papel do assessor é como os editores

entendiam a sua relação pessoal com o assessor, onde 88% achavam que

era uma relação de parceria/coleguismo, e 11%, distante/reservada. Nenhum

deles assinalou que era uma relação de amizade/fidelidade.

Os jornais regionais recebiam mais conteúdo de assessorias públicas,

e os estaduais, de meios privados.

Fica notável neste estudo que a comunicação adquire um caráter mais

horizontalizado, que a imprensa precisa da colaboração de organizações,

empresas, pessoas públicas e leitores para compor os noticiários, e que os

bons assessores de imprensa são grandes parceiros na mediação desta

relação. Contudo, fica claro na opinião dos editores que o sucesso depende

mais da experiência, formação e habilidade do jornalista do que das relações

de amizade na imprensa.

Page 57: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

56

 

REFERÊNCIAS

AMARAL, Cláudio. A história da Comunicação Empresarial no Brasil. São Paulo, 1999.

BARROS, Antonio Teixeira; JUNQUEIRA, Rogério D.A elaboração do projeto de pesquisa. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 32-50.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: teoria e pesquisa. Barueri, SP: Manole, 2003. 369 p.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: políticas e estratégias. São Paulo: Saraiva, 2009.

CHAPARRO, Manuel Carlos. Cem anos de assessoria de imprensa. In: DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 3-21.

CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003.

DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa no Brasil. In: DUARTE, Jorge. (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 51-76.

DUARTE, Jorge. Produtos e serviços de uma assessoria de imprensa. In: DUARTE, Jorge. (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 4. ed.São Paulo: Atlas, 2011. p. 254-273 .

DUARTE, Jorge; DUARTE, Márcia Yukiko Matsuuchi. Papel e atuação de jornalistas e relações públicas em uma organização, segundo jornalistas. Animus. Santa Maria, 2006. p. 129-148..

CONJAI. Manual nacional de assessoria de imprensa. 2.ed. Rio de Janeiro: Conjai, 1994.

FENAJ. Manual de assessoria de comunicação: imprensa. 4. ed. Brasília, 2007.

FERREIRA, Márcio . Entrevista. Disponível em : http://marcioferreira.wordpress.com/2010/03/29/algumas-repostas-sobre-assessoria-de-comunicacao/.  Acess    15/10/2014

FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. 2. ed. São Paulo: Summus, 2003.

GARRIDO, Bruno Sampaio. Comunicação entre órgãos públicos: limites entre a intenção e a realização. Disponível em : http://www.bocc.ubi.pt/pag/garrido-comunicacao-bocc-05-09.pdf . Acess 10/11/2014

Page 58: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

57

 

MOLLEDA, Juan-Carlos Um modelo de diálogo com a Imprensa, In: DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia:Teoria e Técnica. São Paulo: Atlas, 2011. p.151-161. MONTEIRO, Graça França. A notícia institucional. In: DUARTE, Jorge. (Org.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: teoria e técnica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2011, v. 1, p. 115-136. PESSOA, Sonia. Comunicação empresarial: Uma ferramenta estratégica, capítulo da monografia - Introdução ao Estudo da Comunicação Empresarial no Brasil - da tática à estratégia uma importante ferramenta de marketing. Trabalho apresentado como conclusão do curso de Especialização em Gestão Estratégica de Marketing, no Unicentro Newton PaivaBelo Horizonte, 2003

RESENDE, Lino. Economia, valor notícia e assessorias de imprensa. 2003. 68 f. Monografia de especialização. Faculdade Cândido Mendes, Espírito Santo, 2003. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/resende-lino-economia-valor-noticia.pdf>. ROSA, Mário. A era do escândalo. São Paulo : Geração Editorial, 2003

SEABRA, Roberto. Produção da notícia: a redação e o jornalista. In: DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: Teoria e Técnica. São Paulo: Atlas, 2011. p.105-120.

LIMA, Samuel; SCHMITZ, Aldo Antonio. Os jornalistas nas assessorias: uma análise do perfil do trabalho jornalístico fora da mídia. In: SBPJOR – ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO, 11/2013. Brasília.

TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010

TRAQUINA, Nelsom. Teoria do jornalismo: porque as notícias são como são? 2 ed. Florianópolis: Insular, 2005

Page 59: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

58

 

ANEXO I

Trecho da pesquisa ABRACOM sobre mercado de comunicação no Brasil

Page 60: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

59

 

ANEXO II

A pesquisa “Assessorias de Comunicação na visão dos jornalistas” do

Portal Comunique-se

AS ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO NA VISÃO DOS JORNALISTASCOMPILAÇÃO EDIÇÕES 2003 / 2004 / 2005 / 2006

Quantidade de respostas 2003 2004 2005 20061094 1261 620 741

Sobre o perfil e o desempenho do assessor1. Que perfil de assessor de imprensa é mais útil para o jornalista? 2003 2004 2005 2006Aquele que apenas faz a ponte entre a fonte e o jornalista 11,1% 9,4% 9,7% 9,2%Aquele que simplesmente encaminha informações 1,8% 2,8% 0,8% 1,1%

74,9% 78,7% 80,5% 81,2%Aquele que ajuda apenas quando é solicitado 12,2% 9,1% 9,0% 8,5%

2003 2004 2005 2006Os assessores atuam efetivamente como parceiros da imprensa 14,5% 16,1% - -

Os assessores são mais comprometidos com os interesses de seus clientes 85,5% 83,9% - -

2003 2004 2005 2006Viabilizar uma entrevista com porta-voz - - 12,1% 14,4%Enviar prontamente informações sobre o assunto em questão - - 49,0% 46,3%Sugerir pautas novas com enfoques criativos - - 19,4% 20,9%Encaminhar pautas exclusivas - - 7,1% 5,7%Distribuir releases, avisos de pautas e notas - - 12,4% 12,7%

2003 2004 2005 2006Agendando almoços, reuniões e encontros informais - - 28,7% 29,7%Enviando informações via e-mail - - 17,7% 21,3%Colocando-os em contato por telefone - - 53,6% 49,0%

a) Conhecimento do funcionamento da imprensa 2003 2004 2005 2006Ruim 18,5% 9,7% 10,2% 6,7%Regular 66,8% 61,5% 65,3% 60,9%Bom 14,7% 28,9% 24,5% 32,5%

b) Conhecimento do assunto divulgado 2003 2004 2005 2006Ruim 13,0% 6,4% 5,3% 4,5%Regular 67,9% 53,8% 62,8% 57,2%Bom 19,1% 39,8% 31,9% 38,3%

c) Qualidade do material encaminhado às redações 2003 2004 2005 2006Ruim 21,1% 14,4% 13,6% 8,4%Regular 67,7% 62,1% 65,9% 64,8%Bom 11,3% 23,5% 20,5% 26,8%

d) Qualidade exclusivamente do texto dos releases 2003 2004 2005 2006Ruim - 19,1% 27,8% 11,8%Regular - 59,2% 65,5% 65,0%Bom - 21,8% 16,8% 23,2%

e) Relacionamento com os jornalistas 2003 2004 2005 2006Ruim 16,7% 8,7% 9,3% 5,6%Regular 66,9% 58,2% 60,6% 58,2%Bom 16,5% 33,1% 30,1% 36,2%

f)Agilidade nas respostas 2003 2004 2005 2006Ruim 28,1% 19,5% 19,9% 16,3%Regular 59,1% 55,5% 60,9% 60,6%Bom 12,9% 25,0% 19,2% 23,2%

6. Em quais circunstâncias o follow-up é válido? 2003 2004 2005 2006

Aquele que atua em todo o processo, sugerindo pautas e ajudando a conseguir ganchos e personagens

2. Tendo em vista o papel do assessor de imprensa de ser o elo entre empresas e jornalistas, você acha que:

3. Quais funções do assessor de imprensa mais colaboram para o desenvolvimento de suas matérias?

4. Como o assessor de imprensa pode facilitar o seu contato com porta-vozes das empresas?

5. Como você percebe as características abaixo no trabalho dos assessores? Utilize a seguinte escala: 1 significa "ruim" e 3 significa "bom".

Page 61: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

60

 

Sempre - 21,3% 25,8% 24,2%Somente quando não repondo ao e-mail enviado com sugestão de pauta - 6,3% 8,1% 7,3%

- 66,4% 58,6% 62,4%Nunca - 6,0% 7,6% 6,2%

2003 2004 2005 2006Não dominar o assunto - 1º 2º 2ºQuerer vender o "peixe" do cliente a qualquer preço - 2º 1º 1ºLigar em dia e/ou horário inadequado - 3º 3º 3º

2003 2004 2005 2006Procuro a assessoria de imprensa, para agilizar o contato com a fonte - 85,2% 63,2% 57,8%

- 14,8% 6,9% 5,9%Procuro informações no site da empresa primeiramente - - 29,8% 36,3%

Sobre o envio de material para jornalistas

2003 2004 2005 2006Até 25% 28,4% 19,2% 23,7% -De 26% a 50% 30,6% 31,1% 29,4% -De 51% a 75% 28,0% 36,7% 32,4% -De 76% a 100% 13,0% 13,0% 14,5% -

2003 2004 2005 2006Até 25% 24,9% 29,2% 34,4% 22,5%De 26% a 50% 19,1% 22,7% 21,9% 23,9%De 51% a 75% 19,5% 21,3% 16,6% 26,3%De 76% a 100% 36,5% 26,8% 27,1% 27,3%

2003 2004 2005 2006Título da mensagem 1ª 1ª 1ª 1ªNome do cliente da assessoria no remetente da mensagem 4ª 2ª 2ª 2ªMensagem personalizada 5ª 3ª 3ª 3ªNome da empresa de assessoria no remetente da mensagem 3ª 4ª 4ª 4ªNome do assessor no remetente da mensagem 2ª 5ª 5ª 5ªFollow-up realizado pela assessoria - 6ª 6ª 6ª

2003 2004 2005 2006

1,0% 1,0% 0,8% 0,5%

80,7% 79,8% 53,6% 80,8%Necessário, pois aproveito a maioria do material que recebo 18,3% 19,2% 45,7% 18,6%

2003 2004 2005 2006Sim. Considero essa prática extremamente invasiva 7% 10,0% 4,4% 8,0%

93% 90,0% 95,7% 92,0%

14. Quanto ao foco dos releases que você recebe freqüentemente: 2003 2004 2005 2006Estão dentro do foco da minha editoria e do meu veículo 38,2% 38,6% 40,3% -Estão dentro do foco do veículo mas não interessam à editoria que cubro 22,9% 23,7% 25,2% -Estão dentro do foco da editoria que cubro mas não interessam ao veículo 22,9% 22,9% 22,6% -

Às vezes, quando o assessor tem mais dados para acrescentar ou personagem para sugerir

7. Ordene os principais erros cometidos pelos assessores durante o follow-up, a partir da seguinte escala: 1º é o "erro mais grave" e 3º é o "erro menos grave".

8. Considerando que você precisa falar com uma fonte que ainda não conhece, como você procede?

Procuro a fonte diretamente, pois as assessorias são um intermediário desnecessário

9. Entre os e-mails que você recebe diariamente, quantos são informações enviadas por assessorias de comunicação?

10. Entre as informações que as assessorias enviam diariamente para o seu e-mail, quantas você abre e lê?

11. Ordene as razões que o(a) levam a abrir e ler os e-mails com informações que as assessorias enviam, a partir da seguinte escala: 1ª é a “razão mais importante” e 6ª é a “razão menos importante”.

12. Você considera o envio de releases e outras informações pelas assessorias:

Desnecessário, pois não preciso de material de terceiros para a minha produção diária

Necessário porém mal praticado, na medida em que recebo muito material que não me é útil

13. Você considera que o envio de releases para o seu e-mail configura prática de SPAM (mensagens não solicitadas passíveis de processos judiciais)?

Não. Apesar de não ter solicitado o envio de material, meu e-mail é um instrumento para o exercício da profissão

Page 62: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

61

 

Estão completamente fora do foco 16,0% 14,8% 11,9% -

Sobre as ferramentas de interação com jornalistas

2003 2004 2005 2006

Convites Presenças Convites Presenças Convites Presenças Convites Presenças

Até 5 34,6% 83,5% 48,8% 89,1% 46,8% 88,5% - -

De 6 a 10 27,1% 11,4% 26,8% 8,8% 29,0% 6,9% - -

De 11 a 20 23,8% 2,1% 18,5% 1,7% 17,6% 4,3% - -

De 21 a 50 11,8% 2,4% 5,0% 0,3% 5,5% 0,3% - -

Mais de 50 2,7% 0,6% 0,9% 0,1% 1,2% - - -

Média geral 15/mês 4/mês 10/mês 3/mês 10/mês 3/mês - -

2003 2004 2005 2006

- 1ª 1ª 1ªRecebo muitos convites que não são foco da minha editoria - - 2ª 2ªAs assessorias promovem coletivas de pouca relevância - 2ª 3ª 3ªO tempo que se gasta com o deslocamento não justifica a ida a coletivas - 3ª 4ª 4ªTrabalho somente com informações exclusivas - - 5ª 5ªMeu veículo tem como política não participar de coletivas - 4ª 6ª 6ª

2003 2004 2005 2006Aceito o convite - 83,6% 80% 80,2%Não participo de coletivas por Internet sob hipótese alguma - 16,4% 20% 19,8%

18. Qual o melhor dia da semana para a realização de coletiva online? 2003 2004 2005 2006Segunda-feira - - 24,7% 23,5%Terça-feira - - 25,3% 28,6%Quarta-feira - - 18,7% 20,0%Quinta-feira - - 4,7% 5,0%Sexta-feira - - 9,5% 6,8%Nenhum dia - - 17,1% 16,2%

2003 2004 2005 2006Entre 0h e 6h - - - 3,1%Entre 6h e 8h - - - 2,2%Entre 8h e 10h - - - 20,2%Até 10h - - 17,7% -Entre 10h e 12h - - - 27,1%Entre 10h e 13h - - 25,5% -Entre 12h e 14h - - - 7,2%Entre 13h e 16h - - 24,5% -Entre 14h e 16h - - - 26,3%Entre 16h e 18h - - - 5,5%Entre 16h e 19h - - 11,8% -Entre 18h e 20h - - - 3,9%A partir das 19h - - 6,3% -Entre 20h e 22h - - - 2,3%Entre 22h e 0h - - - 2,2%Nenhum deles - - 14,2% -

a) Não visito salas de imprensa online 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 27,2% 63,7% 37,9%Concordo - 45,8% 24,0% 39,8%Concordo totalmente - 27,1% 12,3% 22,3%

15. Quantos convites para participar de coletiva de imprensa você acredita que recebe no período de um mês? Desses convites, quantos você aceita e efetivamente comparece ao evento?

16. Ordene as razões que o (a) levam a recusar um convite de coletiva de imprensa, a partir da seguinte escala: 1ª é a “razão mais importante” e 6ª é a “razão menos importante”.

O enxugamento das redações provocou acúmulo de trabalho, tornando o tempo do jornalista mais escasso

17. Imagine a seguinte situação: você é convidado para uma coletiva por internet, de tema relevante para a editoria que você cobre. Na data e na hora marcadas você tem disponibilidade para acessar a coletiva diretamente de seu computador. Como você procede?

19. Qual a melhor faixa de horário para a realização de coletiva online?

20. Avalie as salas de imprensa que várias empresas mantêm em seus sites na Internet, a partir da seguinte escala: 1 significa "discordo totalmente" e 5 significa "concordo totalmente".

Page 63: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

62

 

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 5,9% 7,1% 8,2%Concordo - 23,1% 20,9% 18,7%Concordo totalmente - 71,0% 71,9% 73,1%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 13,0% 13,8% 7,9%Concordo - 25,9% 33,5% 19,3%Concordo totalmente - 61,2% 52,7% 72,8%

d) Acho desnecessária a manutenção de um ambiente para jornalistas 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 75,4% 74,8% 76,9%Concordo - 15,1% 12,3% 14,7%Concordo totalmente - 9,6% 12,8% 8,4%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 5,9% 7,6% 7,2%Concordo - 17,0% 16,9% 14,7%Concordo totalmente - 77,2% 75,5% 78,1%

f) Normalmente não encontro nelas as informações que procuro 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - - 8,9% 8,9%Concordo - - 57,4% 56,2%Concordo totalmente - - 33,7% 34,9%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - - 8,2% 9,2%Concordo - - 30,5% 29,9%Concordo totalmente - - 61,4% 60,9%

2003 2004 2005 2006Releases atualizados - - 18,0% 89,6%Dados estatísticos e pesquisas - - 17,8% 84,1%Arquivo fotográfico - - 13,8% 72,2%Artigos e posicionamento da empresa sobre questões atuais - - 13,3% 52,5%Calendários de eventos que a empresa participará - - 11,9% 51,6%Biografias de porta-vozes - - 9,3% 43,5%Press-kit - - 10,4% 42,2%Arquivo de vídeo - - 5,0% 22,3%Nenhuma, pois raramente consulto as salas de imprensa - - 0,6% 2,9%

2003 2004 2005 2006

- - 75,8% 77,0%Mesmo não pesando na minha caixa postal eu prefiro receber textos - - 24,2% 23,0%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 7,3% 8,9% 8,4%Concordo - 36,8% 40,5% 38,8%Concordo totalmente - 55,9% 50,6% 52,8%

2003 2004 2005 2006

b) Qualquer empresa que se preocupe com sua imagem tem por obrigação manter em seu site uma área para jornalistas

c) É comum encontrar nos sites de empresas áreas para jornalistas desatualizadas, o que é ruim para a imagem da empresa

e) Ter somente uma lista de releases disponível no site não resolve. O ambiente precisa fornecer uma diversidade de informações, como fotos, estatísticas, comunicados etc.

g) Quando preciso de uma informação específica sobre determinada empresa, procuro primeiro no site da própria empresa

21. Que tipo de informações você gostaria de encontrar nas salas de imprensa?

22. Em função da Internet, tornou-se possível o encaminhamento de informação para a imprensa de forma mais completa, utilizando-se recursos multimídia, com textos, fotos e vídeos, entre outras coisas – isso sem pesar a caixa postal. O que você pensa sobre essa nova possibilidade?

Acho interessante poder receber informações de divulgação mais completas e trabalhadas

23. Qual a sua avaliação sobre as auditorias de imagem (recurso para conhecer a opinião dos jornalistas sobre determinados assuntos)? Utilize a seguinte escala: 1 significa "discordo totalmente" e 5 significa "concordo totalmente".a) Considero as auditorias de imagem um recurso importante para as assessorias criarem um planejamento de comunicação

b) Fico mais propenso(a) a participar de auditorias de imagem quando o assunto me interessa

Page 64: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

63

 

Discordo totalmente - 8,6% 16,8% 8,0%Concordo - 35,8% 44,0% 39,5%Concordo totalmente - 55,7% 39,2% 52,5%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 23,1% 12,9% 19,3%Concordo - 42,9% 38,6% 47,0%Concordo totalmente - 34,0% 48,5% 33,7%

d) Prefiro responder auditorias de imagem por e-mail 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 15,6% 15,5% 17,6%Concordo - 40,2% 37,6% 39,7%Concordo totalmente - 44,2% 46,9% 42,8%

e) Prefiro responder auditorias de imagem por telefone 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 53,9% 51,3% 50,5%Concordo - 35,6% 35,0% 38,2%Concordo totalmente - 10,5% 13,7% 11,3%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 12,2% 11,0% 11,8%Concordo - 27,2% 27,1% 28,8%Concordo totalmente - 60,6% 61,9% 59,3%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 46,5% 56,2% 58,0%Concordo - 28,6% 25,1% 24,7%Concordo totalmente - 24,9% 18,7% 17,4%

h) Nunca aceito participar de auditorias de imagem 2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - 58,5% 51,1% 51,8%Concordo - 32,0% 38,5% 35,8%Concordo totalmente - 9,6% 10,5% 12,4%

2003 2004 2005 2006Discordo totalmente - - 33,3% 31,2%Concordo - - 41,3% 44,1%Concordo totalmente - - 25,4% 24,7%

Sobre o uso geral da tecnologia/Internet

2003 2004 2005 2006Em casa - 77,9% - 87,5%No trabalho, de uso exclusivo - 69,2% - 63,8%No trabalho, compartilhado com outros funcionários - 35,3% - 35,3%

2003 2004 2005 2006Acesso à Internet por linha telefônica - 91,1% - -Acesso à Internet por banda larga - 71,8% - -Áudio (caixas de som ou headfone) - 22,5% - -CD-Rom - 62,1% - -Drive leitor de disquetes - 75,7% - -

c) Fico mais propenso(a) a participar de auditorias de imagem quando conheço a assessoria ou o assessor que está conduzindo a pesquisa

f) O sigilo de meus dados é fundamental para que eu participe de auditorias de imagem

g) Acho justo que a assessoria retribua o tempo que gasto respondendo pesquisas com algum brinde de valor simbólico

i) Não gosto quando uma assessoria de imprensa me liga pedindo para eu responder uma pesquisa ou sondagem

24. Onde você possui acesso à Internet (é possível marcar mais de uma opção)?

25. Assinale abaixo os recursos disponíveis no computador que você utiliza para trabalhar (é possível marcar mais de uma opção):

Page 65: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

64

 

ANEXO III

Questionário aplicado na pesquisa deste trabalho

QUESTIONÁRIO

RELAÇÃO DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIA

1. RELACIONAMENTO E NOTICIABILIDADE

1. Qual a forma mais utilizada pelos assessores de imprensa para entrar em contato

com a redação do seu jornal?

( ) Email

( ) Telefone

( ) Chat (Facebook, Skype, etc.)

( ) outro:______________

2. Qual deles você prefere?

( ) Email

( ) Telefone

( ) Chat

( ) outro

3. Aponte a quantidade de contatos diários com a redação:

Quantos emails? ( )

Quantos telefonemas? ( )

Quantas abordagens em chat? ( )

4. Qual porcentagem desses contatos resulta em diálogo?

( ) Até 20%

( ) Até 50%

( ) Mais de 70%

5. Qual porcentagem dos contatos resulta em publicação?

( ) Até 20%

( ) Até 50%

( ) Mais de 70%

6. Qual porcentagem de releases publicáveis a redação recebe das assessorias por

dia?

Page 66: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

65

 

( ) Até 20%

( ) Até 50%

( ) Mais de 70%

7. E qual porcentagem é publicada?

( ) Até 20%

( ) Até 50%

( ) Mais de 70%

8. É comum você ser abordado por assessores fora do expediente e local de

trabalho?

( ) sim

( ) não

9. Se sim, como se sente?

( ) Acho bom, pois vejo como uma forma de usar meu tempo livre para enriquecer

meu trabalho.

( ) Acho normal, pois jornalismo é uma profissão de total envolvimento e

compromisso público.

( ) Não gosto. Para isso há o telefone e email de trabalho.

2. DILEMA ÉTICO: JORNALISTAS OU ASSESSORES

10. O que você considera como falta mais grave para um assessor de imprensa?

( ) Passar informação errada

( ) Dificultar o acesso a informações

( ) Outro________________________________________________________

11. Em um jornal, o campo publicitário exerce influência sobre o meio jornalístico?

( ) Sim

( ) Não

12. Se sim, o que pensa sobre esta influência que o campo publicitário exerce sobre

o espaço jornalístico?

( ) Discordo.

( ) Concordo pois o jornal é um veículo privado que serve para publicar notícias de

interesse dos anunciantes.

13. Qual a posição do jornal em matérias que possam prejudicar algum anunciante?

( ) Não publicamos algo que prejudique algum de nossos anunciantes.

Page 67: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

66

 

( ) Procuramos a assessoria de imprensa do anunciante para encontrar a melhor

forma de construir a reportagem para que minimize os efeitos negativos da notícia sobre o

anunciante, ou até reverta o caso para um saldo positivo para o anunciante.

( ) Procedemos da mesma forma como se tratasse de alguma empresa que não

fosse anunciante, abro espaço para ouvir a versão produzida pela assessoria de imprensa,

mas sem assumir posição de defesa do anunciante.

14. No jornal em que trabalha já foi evitado veicular alguma notícia que prejudicasse

algum anunciante?

( ) Sim

( ) Não

15. O faz você respeitar uma assessoria?

( ) Veracidade das informações

( ) Honestidade dos interesses

( ) Pontualidade nos horários de envio e respostas

( ) Amizade

( ) Outro

3. PRÁTICAS DE ASSESSORIA DE IMPRENSA

16. Enumere de 1 a 5 quais destas práticas de assessoria de imprensa melhor

colaboram com o trabalho da redação:

( )Facilitar o acesso ao porta-voz da empresa ou instituição

( )Sugerir pautas criativas

( )Oferecer pautas exclusivas

( )Enviar grande quantidade de releases avisos de pautas e notas, mesmo que não

exclusivos

( ) Outra

17. O que acha dos “espaços da imprensa” ou “salas de imprensa” nos sites de

empresas e instituições?

( )Acesso com frequência e tem informações úteis[.]

( )Poucas empresas e instituições possuem espaço de informações para a imprensa

nos sites.

( ) As salas ou espaço de imprensa poderiam ser úteis, mas são mal utilizados.

18. Responda apenas se tiver assinalado a última opção da questão anterior:

Que tipo de informação gostaria de encontrar nas salas ou espaços de imprensa das

empresas e instituições? (enumere por ordem de importância)

Page 68: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

67

 

( )Releases atualizados

( )Dados estatísticos e pesquisas

( )Arquivo fotográfico

( )Artigos e posicionamento da empresa sobre questões atuais

( )Calendário de eventos

( )Biografias de porta-vozes

( )Press Kit

( )Arquivo e vídeo

4. O PAPEL DO ASSESSOR

19. Enumere o que configura melhor o papel do assessor

( ) Ser a ponte entre o jornalista e o porta-voz fonte.

( ) Manter um relacionamento constante com a redação, oferecendo informações e

contatos em geral com o intuito de ter facilidades na hora em que a assessoria precisa de

espaço para sua empresa e instituição.

( ) Atuar de várias formas, oferecendo pautas e ganchos que de alguma forma

beneficiem sua empresa ou instituição, mas não exercer cobranças com a redação, caso a

pauta não seja publicada.

( ) Outra

20. Em que ocasiões o assessor deve fazer follow up?

( ) Quando não respondo o email com sugestão de pauta.

( ) Quando tem alguma informação a acrescentar.

( ) Sempre

( ) Não deve fazer follow nunca, se precisar de mais informações eu entro em

contato.

21. Qual o principal erro que o assessor deve evitar na hora do follow:

( )Ausência de conhecimento e informações completas sobre a pauta

( ) Tentar vender o peixe do cliente a qualquer custo

( ) Ligar em horário inadequado

( ) Outro __________________________________________________________

22. Quando precisa com urgência de uma informação quem você ou a redação têm

orientação para procurar primeiro?

( ) O assessor de imprensa

( ) O porta voz da empresa ou instituição

( ) A primeira pessoa disposta a passar informações na empresa ou instituição

Page 69: ANA MARIA LIMA - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/04/TCC_Ana_Maria_Lima_PDF.pdf · clarify polemic points about making News and relationship between press office and journalists

68

 

23. Como você vê as relações dos jornalistas com os assessores?

( )Parceria/coleguismo

( )Amizade/fidelidade

( )Distante/reservada

( ) Outra __________________________________________________________