658
ANO DE 1 969 LIVRO 3 ANAIS DO SENADO Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal TRANSCRIÇÃO SENADO FEDERAL

ANAIS - 1969 - LIVRO 3 - TRANSCRIÇÃO

  • Upload
    lyxuyen

  • View
    251

  • Download
    6

Embed Size (px)

Citation preview

  • ANO DE 1969LIVRO 3

    ANAIS DO SENADO

    Secretaria Especial de Editorao e Publicaes - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

    TRANSCRIO

    SENADO FEDERAL

  • 20 SESSO DA 3 SESSO LEGISLATIVA DA 6 LEGISLATURA, EM 17 DE NOVEMBRO DE 1969

    PRESIDNCIA DOS SRS. GILBERTO MARINHO E CATTETE PINHEIRO

    s 14 horas e 30 minutos, acham-se presentes os Srs. Senadores:

    Adalberto Sena Oscar Passos Edmundo Levi Cattete Pinheiro Sebastio Archer Victorino Freire Petrnio Portella Sigefredo Pacheco Menezes Pimentel Waldemar Alcntara Wilson Gonalves Duarte Filho Dinarte Mariz Manoel Villaa Ruy Carneiro Argemiro de Figueiredo Pessoa de Queiroz Jos Ermrio Teotnio Vilela Leandro Maciel Jlio Leite Jos Leite Aloysio de Carvalho Antnio Balbino Josaphat Marinho Carlos Lindenberg Paulo Torres Gilberto Marinho Nogueira da Gama Carvalho Pinto Jos Feliciano Fernando Corra Filinto Mller Bezerra Neto Mello Braga Celso Ramos Attlio Fontana Guido Mondin Daniel Krieger Mem de S.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): A lista de presena acusa o comparecimento de 40 Srs. Senadores. Havendo nmero regimental, declaro aberta a Sesso. Vai ser lida a Ata.

    O Sr. 2-Secretrio procede leitura da Ata da Sesso anterior.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): Em discusso a Ata.

    O SR. VICTORINO FREIRE (sbre a ata. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, comunico a V. Ex., para que conste da Ata, que representei a Mesa do

    Senado, V. Ex. e a Liderana da Maioria, na posse do Exmo. Sr. General-de-Exrcito Ernesto Geisel, na Presidncia da PETROBRS.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): A Mesa agradece ao Sr. Senador Victorino Freire pelo desempenho da misso de que fra investido e far consignar o fato na Ata dos nossos trabalhos.

    Continua em discusso a Ata. Se nenhum dos Srs. Senadores desejar fazer

    uso da palavra, encerrarei a discusso. (Pausa.) Est encerrada. Em votao a Ata, com a retificao do nobre

    Senador Victorino Freire. Os Srs. Senadores que a aprovam queiram

    permanecer sentados. (Pausa.) Est aprovada. O Sr. 1-Secretrio o seguinte:

    EXPEDIENTE

    MENSAGENS

    DO SR. PRESIDENTE DA REPBLICA, NOS

    SEGUINTES TERMOS:

    MENSAGEM N 15, DE 1969

    (N 59/69, na origem)

    Excelentssimos Senhores Membros do

    Senado Federal: Nos trmos dos arts. 42, item III, e

    121, da Constituio, tenho a honra de submeter a considerao do egrgio Senado

  • 2

    Federal, o nome do Doutor Jos Nri da Silveira, para exercer o cargo de Ministro do Tribunal Federal de Recursos.

    Conforme se verifica do anexo Curriculum Vitae, o indicado preenche todos os requisitos legais para a investidura, de vez que, atravs de tda a sua vida pblica, tem revelado, em intensa atividade judiciria, notvel saber e reputao ilibada, nos trmos da Constituio Federal.

    Braslia, em 14 de novembro de 1969. Emlio G. Mdici.

    "CURRICULUM VITAE"

    DO DOUTOR JOSE NRI DA SILVEIRA

    Nascimento: Lavras do Sul, Estado do Rio

    Grande do Sul, em 24-4-1932. Filiao: Severino Silveira e D. Maria Rosa

    Machado da Silveira. Juiz Federal da 1 Vara, Seo Judiciria do

    Estado do Rio Grande do Sul, tendo presidido a Comisso de Instalao da Justia Federal naquele Estado e exercido a funo de primeiro Diretor do Fro da mencionada Seo, at janeiro do corrente ano.

    2. Exerceu o cargo de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, no binio 1967 a 1969.

    3. Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Pontifcia Universidade Catlica do mesmo Estado, desde 1963 a 1965, respectivamente.

    4. Desempenhou anteriormente as funes de Consultor Geral do Estado do Rio Grande do Sul durante o segundo Govrno do Engenheiro Ildo Meneghetti, mantido no cargo pelo Governador Valter Peracchi Barcellos, do qual se exonerou para assumir Justia Federal.

    5. Foi titular da Consultoria Jurdica do Estado do Rio Grande do Sul, por concurso pblico.

    6. Exerceu no Conselho do Servio Pblico do Estado, em cuja repartio in-

    gressou no ano de 1933 atravs de concurso pblico, dentre outras funes, a de Tcnico de Administrao e de Conselheiro substituto.

    7. Foi, durante muitos anos, membro e presidente do Conselho Consultivo da Administrao do Departamento Estadual de Abastecimento do Leite.

    8. Exerceu tambm o cargo de Assistente Jurdico da Prefeitura Municipal de Prto Alegre, bem como as funes de Assessor Jurdico da Secretaria da Administrao do Estado.

    9. Em 1967 integrou a Comisso de Juristas designada pelo Govrno do Estado para elaborar projeto de adaptao da Constituio do Estado do Rio Grande do Sul Constituio Federal de 24 de janeiro de 1967.

    10. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, colou grau em 1955 com o ttulo de aluno laureado, conquistando mdia geral de 9,56 em seu curso jurdico. tambm bacharel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    11. Exerceu advocacia militante no Fro de Prto Alegre, no perodo de 1955 a 1965.

    12. Paraninfo da turma de bacharis em direito da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul no ano de 1965, tem seu discurso publicado sob o ttulo "Revoluo e a Evoluo do Direito".

    13. Possui inmeros pareceres jurdicos publicados no Dirio Oficial do Estado do Rio Grande do Sul e no Correio do Povo de Prto Alegre.

    14. detentor da insgnia da Ordem do Mrito do Servio Pblico do Estado do Rio Grande do Sul, no grau "Grande Mrito", havendo, outrossim, recebido portaria de louvor do Ministro-Presidente do Conselho da Justia Federal, ao trmino de mandato de direito do Fro da

  • 3

    Seo Judiciria do Rio Grande do Sul, em janeiro do corrente ano.

    ( Comisso de Constituio e Justia.)

    MENSAGEM N 16, DE 1969

    (N 60/69, na origem)

    Excelentssimos Senhores Membros do

    Senado Federal: De acrdo com o preceito constitucional, tenho

    a honra de submeter aprovao de Vossas Excelncias a designao que desejo fazer do Embaixador MOZART GURGEL VALENTE JUNIOR, ocupante do cargo de Ministro de Primeira Classe, da carreira de Diplomata, do Quadro de Pessoal, Parte Permanente, do Servio Exterior Brasileiro, do Ministrio das Relaes Exteriores, para exercer a funo de Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil junto ao Govrno dos Estados Unidos da Amrica, nos trmos dos artigos 22 e 23, da Lei n 3.917, de 14 de julho de 1961.

    Os mritos do Embaixador MOZART GURGEL VALENTE JUNIOR, que me induziram a escolh-lo para o desempenho dessa elevada funo, constam da anexa informao do Ministrio das Relaes Exteriores.

    Braslia, em 17 de novembro de 1969. Emlio G. Medici.

    "CURRICULUM VITAE" E INFORMAES AMPLAS

    DO EMBAIXADOR MOZART GURGEL VALENTE JUNIOR

    Nascido no Rio de Janeiro, Distrito Federal,

    em 11 de novembro de 1917. Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, em 1938.

    2. Ingressou na carreira de Diplomata como Cnsul de 3 Classe, por concurso, em 28 de agsto de 1940; promovido a Segundo-Secretrio, por antiguidade, em 10 de dezembro de 1945; promovido a Primeiro-Secretrio, por merecimento, em 2 de janeiro de 1953; Conselheiro em 2 de julho de 1956; promovido a Minis-

    tro de Segunda Classe, por merecimento, em 5 de maio de 1959; promovido a Ministro de Primeira Classe, por merecimento, em 22 de abril de 1965.

    3. Durante a sua carreira, o Embaixador Mozart Gurgel Valente Junior exerceu as seguintes funes no exterior: Cnsul de Terceira Classe em Argel, de 9 de abril de 1943 a 24 de agsto de 1944; Terceiro Secretrio na Embaixada em Roma, de 30 de agsto de 1944 a 10 de dezembro de 1945; Segundo-Secretrio na Embaixada em Roma, de 10 de dezembro de 1945 a 29 de abril de 1949; Segundo-Secretrio na Misso junto s Naes Unidas, de 26 de julho de 1951 a 2 de janeiro de 1953; Primeiro-Secretrio na Misso junto s Naes Unidas, de 2 de janeiro de 1953 a 31 de outubro de 1953; Cnsul-Adjunto em Anturpia, de 21 de novembro de 1953 a 16 de outubro de 1954; Primeiro-Secretrio na Embaixada em Bruxelas, de 18 de outubro de 1954 a 2 de julho de 1956; Conselheiro na Embaixada em Bruxelas, de 2 de julho de 1956 a 3 de dezembro de 1957; Ministro-Conselheiro na Delegao junto UNESCO, de 21 de maro de 1960 a 28 de fevereiro de 1961: Ministro-Conselheiro na Misso do Brasil junto Comunidade Econmica Europia, de 28 de fevereiro de 1961 a 15 de setembro de 1964; Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil em Belgrado, de 23 de novembro de 1965 a 14 de novembro de 1968.

    4. Alm dessas funes, o Embaixador Mozart Gurgel Valente Junior, exerceu as seguintes misses e comisses: Auxiliar da Secretaria da III Reunio de Consulta dos Ministros das Relaes Exteriores das Repblicas Americanas, Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1942; Designado para servir na Comisso Tcnica Brasileira, junto Misso Tcnica Americana, em 21 de setembro de 1942; em misso na frica Francesa, de 26 de janeiro de 1943 a 9 de abril de 1943; Encarregado do Consulado em Argel, de 11

  • 4

    de novembro de 1943 a 2 de maro de 1944. disposio da Delegao do Brasil junto ao Comit Francs de Libertao Nacional, de 6 de maro de 1944 a 24 de agsto de 1944. disposio da Embaixada em Roma, de 26 de outubro de 1944 a 31 de dezembro de 1945; Auxiliar, interino, do Secretrio-Geral, em 20 de setembro de 1950; Secretrio da Delegao do Brasil IV Reunio de Consulta dos Ministros das Relaes Exteriores das Repblicas Americanas, em Washington, em maro de 1951; Encarregado da Delegao do Brasil junto ONU, de 27 de outubro de 1961 a 19 de fevereiro de 1952; Assessor da Delegao do Brasil VII Sesso da Assemblia-Geral da ONU, em Nova Iorque, outubro de 1952; Encarregado do Consulado em Anturpia, de 1 de abril de 1954 a 5 de maio de 1954; Encarregado de Negcios em Bruxelas de 1 de novembro de 1954 a 12 de dezembro de 1954; de 16 de janeiro de 1955 a 25 de janeiro de 1955; de 2 de dezembro de 1955 a 6 de janeiro de 1956 e de 18 de janeiro de 1957 a 26 de janeiro de 1957. disposio do Ministro de Estado, para exercer funes de assessoria, em ligao com a Presidncia da Repblica, para assuntos ligados Operao Pan-Americana, em julho de 1958; Assessor da Delegao do Brasil XII Sesso da Assemblia-Geral das Naes Unidas, em Nova Iorque, em setembro de 1958; Assessor da Delegao do Brasil Reunio Informal dos Ministros das Relaes Exteriores das Repblicas Americanas em Washington em setembro de 1958; Assessor da Delegao do Brasil reunio da "Comisso Especial do Conselho da OEA, encarregada de formular novas medidas de cooperao econmica" (Comit dos 21), em Washington, em novembro de 1958; Assessor da Delegao do Brasil segunda Reunio do "Comit dos 21", em Buenos Aires, em abril de 1959; Delegado suplente do Brasil XIV Sesso da Assemblia-Geral das Naes Unidas, em Nova Iorque, setembro de 1959; Encarrega-

    do de Negcios junto CEE de 4 de julho de 1960 a 3 de julho de 1961; Delegado do Brasil ao III Perodo de Sesses da Comisso Especial para Estudar a Formulao de Novas Medidas de Cooperao Econmica (Comit dos 21) em Bogot, em 5 de setembro de 1960; Membro da Delegao do Brasil viagem de servio aos pases do Mercado Comum Europeu, em novembro de 1960; Encarregado de Negcios junto CEE, de 5 de agsto de 1961 a 22 de agsto de 1961; de 31 de janeiro de 1962 a 15 de julho de 1962 e de 16 de agsto de 1962 a 7 de dezembro de 1962; Membro da CEE junto II Reunio no Quai d'Orsay em Paris, em maro de 1962; Membro da Misso Oficial enviada a Washington para tratar de Assuntos da Operao Panamericana, em dezembro de 1962; Encarregado de Negcios junto CEE de 4 de fevereiro de 1963 a 1 de maro de 1963 e de 26 de maro de 1963 a 5 de setembro de 1963 e de 20 de agsto de 1964 a 14 de setembro de 1964; Chefe do Gabinete do Ministro de Estado das Relaes Exteriores, em 27 de abril de 1964; Assessor da Delegao Brasileira IX Reunio de Consulta de Ministros de Estado, em Washington, julho de 1964; Membro da comitiva do Senhor Ministro de Estado, Embaixador Vasco Leito da Cunha, em sua viagem Argentina, em abril de 1965; Membro da Delegao Brasileira X Reunio de Consulta dos Ministros de Estado das Relaes Exteriores dos Estados Americanos, em Washington, em junho de 1965; Delegado do Brasil II Conferncia Interamericana Extraordinria, no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 1965; Chefe da Delegao do Brasil XIV Conferncia da Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e Agricultura, em Roma, outubro de 1967; Secretrio-Geral Adjunto e Substituto do Secretrio-Geral de Poltica Exterior, em 14 de novembro de 1968; Secretrio-Geral de Poltica Exterior, em 6 de fevereiro de 1969; Ministro, interino, das Relaes Exteriores,

  • 5

    em 14 de maio de 1969, 4 de junho de 1969 e 16 de setembro de 1969.

    5. Consultados os assentamentos pessoais do Embaixador Mozart Gurgel Valente Junior verifica-se que:

    a) foi diversas vzes elogiado pelo desempenho dado s misses e comisses que lhe foram confiadas;

    b) nada consta dles que o desabone. 6. O Embaixador Mozart Gurgel Valente Junior,

    que se encontra presentemente na Secretaria de Estado, onde exerce a funo de Secretrio-Geral, indicado para exercer a funo de Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil junto ao Govrno dos Estados Unidos da Amrica.

    Secretaria de Estado das Relaes Exteriores, em 17 de novembro de 1969. R. F. Leite Ribeiro, Chefe da Diviso do Pessoal.

    ( Comisso de Relaes Exteriores.)

    MENSAGEM N 17, DE 1969

    (NA 62/69, na origem)

    Excelentssimos Senhores Membros do

    Senado Federal: De acrdo com o preceito constitucional, tenho

    a honra de submeter aprovao de Vossas Excelncias a nomeao que desejo fazer do Professor Lus Antnio da Gama e Silva para exercer a funo de Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil junto ao Govrno da Repblica Portuguesa, nos trmos dos artigos 22 e 23, 1 da Lei n 3.917 de 14 de julho de 1961.

    Os mritos do Professor Lus Antnio da Gama e Silva que me induziram a escolh-lo para o desempenho dessa elevada funo, constam da anexa informao do Ministrio das Relaes Exteriores.

    Braslia, em 17 de novembro de 1969. Emlio G. Mdici.

    "CURRICULUM VITAE" E INFORMAES AMPLAS DO PROFESSOR

    LUS ANTNIO DA GAMA E SILVA

    Nasceu na cidade de Moji-Mirim, Estado de So Paulo, no dia 19 de maio de 1913, filho de Acrsio da Gama e Silva, magistrado em So Paulo, e Ana da Gama e Silva. Descende, pelos dois ramos, de tradicionais famlias da Paraba e de So Paulo. Contraiu matrimnio, em 1941, com Eddy de Mattos Pimenta. O casal tem quatro filhos.

    2. Fz os estudos das primeiras letras em sua terra natal, no Colgio Imaculada Conceio, dirigido pela Congregao das Filhas de Jesus, passando a realizar o curso primrio e preparatrios para o curso mdio no Colgio Schmidt. No entanto, foi sob pessoal orientao paterna que se preparou para ingressar no curso ginasial, tendo feito, diretamente, conforme permitia a lei ento vigente, os exames do primeiro para o segundo ano no Ginsio Culto Cincia, de Campinas, matriculando-se, posteriormente, no Ginsio Diocesano Santa Maria, do bispado de Campinas, encerrando sses estudos no ano de 1929.

    3. Em maro de 1939, aps exames vestibulares, matriculou-se no 1 ano da Faculdade de Direito de So Paulo, ainda Instituto isolado de ensino superior federal. Recebeu grau de Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais, em janeiro de 1934, com vinte anos de idade.

    4. Durante seu curso acadmico, o Professor Lus Antnio da Gama e Silva participou ativa e intensamente da vida universitria, quer no setor cultural, quer na poltica do Centro Acadmico XI de Agsto, quer no movimento constitucionalista de 1932, que eclodiu no Estado de So Paulo.

    5. Colaborou em peridicos estudantis na Faculdade de Direito, assim como em revistas e jornais de So Paulo, de Moji- Mirim e de Esprito Santo do Pinhal.

  • 6

    Data dessa poca o seu encontro com a literatura: escreveu contos e poesias.

    6. Inscreveu-se, ainda bacharelando, no Partido Republicano Paulista, tendo exercido atividade na propaganda da Chapa nica por So Paulo Unido, assim como porteriormente, nas fileiras de sua agremiao partidria, ao lado dos grandes vultos da poca, como os professres Cndido Mota, Manoel Pedro Vilaboim, e doutores Altino Arantes, Jlio Prestes de Albuquerque, Joo Sampaio, Ataliba Leonel, Levy Sobrinho, Francisco Junqueira, Rodrigues Alves Sobrinho, Ibrahim Nobre, Joo Batista Lima Figueiredo, Hiplito do Rego e tantos outros.

    7. Nesse perodo, passou a exercer suas atividades no "Correio Paulistano", rgo do Partido Republicano Paulista, onde atingiu o cargo de redator poltico e sub-redator-chefe (1937), para, mais tarde, por incompatibilidade com o chamado Estado Nvo, ser demitido de seu jornal. No entanto, em 19 de novembro de 1945, ao lado de Joo Sampaio e Wladimir de Toledo Piza, regressa ao rgo paulistano e assume o cargo de redator-chefe. Aps haver exercido, interinamente, a Promotoria Pblica, de Moji-Mirim (1935), por alguns meses, reiniciou suas atividades profissionais em So Paulo, onde passou a ensinar Portugus e Histria, e, mais tarde, Lgica, no Liceu Pan-Americano (1935/36), no Colgio Carlos Gomes (1936/37) e no Liceu e depois Colgio Rio-Branco (1937/1943).

    8. De 1938 a 1945, continuou em sua luta constante contra o Estado Nvo, participando de movimentos tendentes restaurao do regime democrtico no pas, principalmente atravs de duas entidades constitudas logo aps a Revoluo Paulista de 1932, das quais foi fundador, assim como de outros organismos e grupos que, em So Paulo e no Pas, visavam ao mesmo destino. Foi de sua autoria o manifesto com que o Gr-

    mio Politcnico da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo convocou os brasileiros para a reconstitucionalizao do Pas. Participou efetivamente de todos os movimentos que culminaram com o restabelecimento das franquias democrticas.

    9. Nessa fase, foi diretor e presidente da Cruz Vermelha Brasileira, Seo de So Paulo.

    10. Eleito, em Conveno, membro da Comisso Diretora do Partido Republicano, foi tambm escolhido, por votao dos convencionais, para integrar a chapa de deputados Assemblia Nacional Constituinte, de 1946.

    11. Apesar de tda a atividade cvica e poltica, o Professor Lus Antnio da Gama e Silva no abandonou seus estudos jurdicos, tendo em 1944, em concurso pblico de ttulos e provas, obtido a livre docncia de Direito Internacional Privado da Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo e, a partir de 1945, passou a lecionar essa matria como substituto (1945/1951), Professor catedrtico interino (1952/1953) e Professor catedrtico (de 1953 em diante).

    12. Nesse ano prestou, novamente, concurso pblico de ttulos e provas para concorrer, com mais quatro candidatos, ctedra de Direito Internacional Privado, tendo obtido a mdia geral 9,95. Foram membros da Comisso Examinadora, os Professres Vicente Rao, Lino de Moraes Leme, Amilcar de Castro e Albrico Fraga e Desembargador Anto de Moraes.

    13. Em sua atividade universitria, na Faculdade de Direito, foi designado, em 1956, para membro do Conselho Tcnico e Administrativo, em 1957 para Vice-Diretor, em 1959/1962, Diretor, tendo sido reconduzido para mais um mandato (1962/1965). Deixou a direo da Faculdade de Direito para assumir, como Vice-Reitor, a Reitoria da Universidade de So Paulo. Logo aps, foi no-

  • 7

    meado Reitor, com mandato de trs anos (1963/1966), cargo para o qual foi reconduzido, em 1966, sendo o nico Reitor a obter a recomendao por indicao do Conselho Universitrio. Professor de Direito Internacional Privado da Faculdade de Direito da Pontifcia Universidade Catlica de Campinas.

    14. Leal s suas convices, o Professor Lus Antnio da Gama e Silva advoga uma Democracia orgnica, e a defesa das liberdades fundamentais do homem liberdade com responsabilidade, tendo participado em todos os movimentos cvicos, polticos e militares que visavam a sses objetivos comuns, o que veio a culminar na Revoluo Democrtica de 31 de maro de 1964. Vitorioso o movimento, foi nomeado Ministro de Estado da Justia e Ministro de Estado da Educao e Cultura, permanecendo nesses cargos de 3 a 16 de abril de 1964.

    15. Convidado, logo aps, para assumir a Procuradoria-Geral da Repblica declinou do convite. Posteriormente (1966), foi nomeado Juiz da Crte Internacional de Arbitramento de Haia, com mandato de cinco anos. Voltou Reitoria da Universidade de So Paulo, para continuar seu trabalho de Professor e de administrador. De 1938 a 1957, desempenhou o cargo de Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de So Paulo.

    16. Na Universidade, o Presidente Arthur da Costa e Silva foi convoc-lo para Ministro de Estado da Justia, onde permaneceu por mais de dois anos e sete meses, tempo em que desenvolveu intensa atividade tanto no campo jurdico, como no poltico e, principalmente, na defesa e sustentao dos propsitos e fins da Revoluo brasileira de 1964. Durante sua administrao, dinamizou os trabalhos de reforma de Cdigos, o que veio possibilitar a promulgao do Cdigo Penal, do Cdigo Penal Militar, do Cdigo de Processo Penal Militar, da

    Lei de Organizao da Justia Militar, e do Estatuto dos Estrangeiros (lei que define a situao jurdica do estrangeiro no Brasil). Tambm foram promulgadas, em sua administrao, dentre outras, a Lei dos Direitos Humanos, a Lei que regula a liberdade de expresso artstica, a Lei do Sistema do Arquivo Nacional, a Lei de Organizao Administrativa do Ministrio da Justia, a Lei que regula a venda de terras a pessoas naturais e jurdicas estrangeiras, a Lei de Segurana Nacional, a Lei das Inelegibilidades, a Lei dos Registros Pblicos. Deixa, em estgio final, os estudos de reviso do Cdigo Civil.

    17. autor do artigo 199 da Constituio do Brasil, que equipara pessoas naturais de nacionalidade portugusa a brasileiros. Na Lei que regula a venda de terras a estrangeiros, o Ministro Gama e Silva excluiu os portuguses das restries impostas a naturais de outros pases.

    18. Na imprensa, na literatura especializada, no Brasil e no estrangeiro, encontram-se inmeros trabalhos seus: conferncia, discursos, pareceres, estudos jurdico. Entre stes: "A Ordem Pblica em Direito Internacional Privado"; "As Qualificaes em Direito Internacional Privado"; "A Lei Penal nas Relaes Jurdicas Internacionais"; "Sucesso de Estrangeiros no Brasil"; "Orao de Paraninfo"; "Uma Emprsa Civilizadora de Portugal". Proferiu conferncias na Escola Superior de Guerra (1958, 1968 e 1969).

    19. Pertence o Professor Lus Antnio da Gama e Silva, entre outras, s seguintes entidades: Associao Brasileira de Direito Internacional, Associao Paulista de Imprensa, Associao dos Advogados de So Paulo, Instituto dos Advogados de So Paulo, Instituto Clvis Bevilqua, Unio Cultural Brasil-Estados Unidos, Associao Henri Capitant para o Progresso da Cincia (Frana),

  • 8

    Instituto Latino-Americano de Direito Comparado, Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional, Instituto Interamericano de Estudos Jurdicos Internacionais (O.E.A.), Instituto de Cultura Hispnica de Madri, Colgio dos Advogados (Mxico), Associao dos Advogados de Braga (Portugal), e outros. Scio Benemrito do Liceu Literrio Portugus do Rio de Janeiro e Scio de Honra do Real Gabinete Portugus de Leitura (Rio de Janeiro).

    20. Participou de inmeros Congressos Jurdicos e Conferncias Internacionais em So Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Cear, Coimbra, Madri, Quito, Bogot, Buenos Aires, Cidade do Mxico, onde teve destacada atuao pelas teses que apresentou e nas sesses que presidiu, entre as quais sobressaem, as promovidas pelo Instituto dos Advogados Brasileiros e de So Paulo, "Inter-American Bar Association", Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional, Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Penal e Cincia Penitenciria, Colquios Luso-Brasileiros, e "Jornadas Latino-Americanas de Direito Comparado". Foi Delegado do Brasil Conferncia Inter-Americana Extraordinria (Rio de Janeiro) e designado Delegado do Brasil Assemblia-Geral da UNESCO, em Paris.

    21. Recebeu, ainda, os seguintes ttulos: Doutor "Honoris Causa" da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Doutor "Honoris Causa" da Universidade Central do Equador; Doutor "Honoris Causa" da Faculdade de Direito da Universidade de Saragoa (Espanha); Professor Honorrio da Pontifcia Universidade Catlica do Equador.

    22. O Professor Lus Antnio da Gama e Silva foi distinguido com as seguintes condecoraes:

    Nacionais: Gr-Cruz da Ordem Nacional do Mrito;

    Grande Oficial da Ordem do Mrito Naval; Grande Oficial da Ordem do Mrito

    Aeronutico; Grande Oficial da Ordem do Mrito Militar; Gro-Cruz da Honorfica Ordem Acadmica de

    So Francisco das Arcadas; Grande Oficial da Ordem do Infante D.

    Henrique, da Casa de Portugal (So Paulo); Medalha Santos Dumont; Medalha Tamandar; Medalha Martim Afonso de Souza; Medalha Clvis Bevilqua; Medalha Marechal Caetano de Faria; Medalha Jos Bonifcio; Medalha Oscar Freire; Medalha Saturnino de Brito; Medalha da Primeira Observao Area

    Nacional; Medalha da Instalao da Policia Militar (DF); Medalha da Constituio (1932); Medalha Nina Rodrigues; Medalha Mrito e Dedicao; Medalha Rui Barbosa; Medalha MMDC. Estrangeiras: Gr-Cruz da Ordem Militar de Cristo, de

    Portugal; Gr-Cruz da Ordem de Simo Bolivar, o

    Libertador, da Venezuela; Grande Colar da Ordem de So Raimundo de

    Peafort, da Espanha; Grande Oficial da Ordem de So Carlos, da

    Colmbia;

  • 9

    Grande Oficial da Ordem da Repblica do Senegal;

    Comendador Numerrio da Ordem de Isabel, a Catlica, da Espanha;

    Grande Oficial da Ordem do Mrito da Repblica Federal da Alemanha;

    Medalha Libertador Mariscal de Castilha, do Peru;

    Medalha da Organizao Internacional do Trabalho (Genebra).

    Secretaria de Estado das Relaes Exteriores, em 17 de novembro de 1969. R. F. Leite Ribeiro, Chefe da Diviso do Pessoal.

    ( Comisso de Relaes Exteriores.)

    MENSAGEM N 18, DE 1969

    (N 61/69, na origem)

    Excelentssimos Senhores Membros do

    Senado Federal: De acrdo com o preceito constitucional, tenho

    a honra de submeter aprovao de Vossas Excelncias a designao que desejo fazer do Embaixador Everaldo Dayrell de Lima, ocupante do cargo de Ministro de Primeira Classe, da carreira de Diplomata, do Quadro de Pessoal, Parte Permanente, do Servio Exterior Brasileiro, do Ministrio das Relaes Exteriores, para exercer a funo de Chefe da Delegao Permanente do Brasil junto Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura, nos trmos dos arts. 22 e 23, pargrafo 7, da Lei n 3.917, de 14 de julho de 1961.

    2. Os mritos do Embaixador Everaldo Dayrell de Lima, que me induziram a escolh-lo para o desempenho dessa elevada funo, constam da anexa informao do Ministrio das Relaes Exteriores.

    Braslia, em 17 de novembro de 1969. EMLIO G. MDICI.

    "CURRICULUM VITAE" E INFORMAES AMPLAS DO EMBAIXADOR EVERALDO DAYRELL DE LIMA

    Nascido em Srro, Estado de Minas Gerais,

    em 3 de janeiro de 1913. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais. Diplomado pelo Instituto Rio Branco no Curso de Aperfeioamento de Diplomatas.

    2. Ingressou na carreira de Diplomata como Cnsul de Terceira Classe, por concurso, em 29 de maro de 1939; promovido a Segundo Secretrio, por antigidade, em 10 de dezembro de 1945; promovido a Primeira Secretrio, por merecimento, em 31 de maro de 1952; Conselheiro em 29 de maio de 1955; promovido a Ministro de Segunda Classe por merecimento, em 19 de junho de 1956; promovido a Ministro de Primeira Classe, por merecimento, em 15 de outubro de 1964.

    3. Durante a sua carreira o Embaixador Everaldo Dayrell de Lima, exerceu as seguintes funes no exterior: Cnsul de Terceira Classe no Consulado Geral em Liverpool, de 4 de junho de 1942 a 12 de junho de 1945; Terceiro Secretrio na Embaixada em Londres, de 12 de junho de 1945 a 10 de dezembro de 1945; Segundo Secretrio na Embaixada em Londres, de 10 de dezembro de 1945 a 2 de dezembro de 1946; Segundo Secretrio na Embaixada em Roma, de 16 de maio de 1950 a 7 de abril de 1952; Primeiro Secretrio na Embaixada em Buenos Aires, de 13 de novembro de 1953 a 10 de agosto de 1954; Ministro-Conselheiro na Embaixada em Paris, de 24 de setembro de 1956 a 22 de agsto de 1961; Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil junto ao Reino da Grcia de 8 de agsto de 1967 at a presente data.

    4. Alm dessas funes, o Embaixador Everaldo Dayrell de Lima, exerceu as seguintes misses e comisses: Encarregado do Consulado em Liverpool, de 18 de setembro de 1944 a 5 de janeiro de

  • 10

    1945. disposio da Delegao do Brasil junto ao Comit Executivo para Organizao das Naes Unidas, Londres, agsto de 1945. Secretrio da Delegao do Brasil Reunio da Comisso Preparatria da Organizao Internacional das Naes Unidas, Londres, novembro de 1945. Designado Delegado do Brasil, s reunies do "Combined Food Board", Londres, fevereiro de 1946. Secretrio-Assistente das Comisses na Conferncia Interamericana para a Manuteno da Paz e da Segurana no Continente, agsto de 1947. Secretrio da IX Conferncia Internacional Americana em Bogot, em 19 de maro de 1948. Auxiliar de Gabinete do Secretrio-Geral, em 21 de dezembro de 1949. Assessor da Delegao do Brasil Sesso Ordinria do Conselho da F.A.O., em Roma, em junho de 1951. Assessor da Delegao do Brasil XI Sesso Plenria do Comit Consultivo Internacional do Algodo, em Roma, maio de 1952. Substituto do Chefe da Diviso Poltica do Departamento Poltico e Cultural do Ministrio das Relaes Exteriores, em 4 de outubro de 1954. Chefe Substituto da Diviso Poltica do Departamento Poltico e Cultural do Ministrio das Relaes Exteriores, em outubro de 1955. Chefe Substituto da Diviso Poltica do Departamento Poltico e Cultural do Ministrio das Relaes Exteriores, em maro de 1958. Encarregado de Negcios em Paris, de 27 de fevereiro de 1957 a 30 de abril de 1957; de 6 de agsto de 1957 a 30 de setembro de 1957; de 10 de julho de 1958 a 10 de agsto de 1958; de 5 de novembro de 1958 a 5 de janeiro de 1959; de 14 de novembro de 1959 a 26 de abril de 1960 e de 20 de junho de 1961 a 4 de agsto de 1961. Delegado do Brasil X Conferncia Geral da Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura (UNESCO), em Paris, em novembro-dezembro de 1958. Encarregado de Negcios em Paris, de 20 de junho de 1961 a 4 de agsto de 1961. Chefe da Diviso da Europa Oriental, em 13 de fevereiro

    de 1962. Encarregado de inspecionar as Reparties Consulares e os escritrios do SEPRO no Canad, EUA e Mxico, em 20 de junho de 1962.

    Delegado Suplente da Delegao do Brasil XVII Sesso da Assemblia-Geral das Naes Unidas, em Nova York, em setembro de 1963. Chefe do Departamento Cultural e de Informaes, em 29 de abril de 1964. Representante do Ministrio das Relaes Exteriores no Grupo Executivo da Indstria Cinematogrfica (GEICINE), em agsto de 1964. Representante do Brasil na Inaugurao do Colgio Experimental Paraguai-Brasil, em setembro de 1964. Presidente da Comisso de Seleo de Filmes, em 4 de maio de 1965. Delegado do Brasil XX Sesso da Assemblia-Geral das Naes Unidas, em Nova York, em setembro de 1965.

    Chefe do Departamento Cultural em 1966. 5. Consultados os assentamentos pessoais do

    Embaixador Everaldo Dayrell de Lima, verifica-se que:

    a) foi diversas vzes elogiado pelo desempenho dado s misses e comisses que lhe foram confiadas;

    b) nada consta ales que o desabone. 6. O Embaixador Everaldo Dayrell de Lima,

    que se encontra presentemente em Atenas, onde exerce as funes de Embaixador Extraordinrio e Plenipotencirio do Brasil junto ao Reino da Grcia, indicado para exercer as funes de Chefe da Delegao Permanente do Brasil junto Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura.

    Secretaria de Estado das Relaes Exteriores, em 17 de novembro de 1969. R. F. Leite Ribeiro, Chefe da Diviso do Pessoal.

    ( Comisso de Relaes Exteriores.)

  • 11

    OFCIOS

    DO SR. 1-SECRETARIO DA CMARA DOS DEPUTADOS

    Enviando reviso do Senado autgrafo do

    seguinte projeto:

    PROJETO DE LEI DA CMARA N 10, DE 1969

    (N 4.021-B/66 na Casa de origem)

    Declara de utilidade pblica, para efeito de

    desapropriao, imveis rurais localizados no municpio de Atalaia, no Estado de Alagoas, para utilizao da rea, como campo de instruo militar, pelo 20 Batalho de Caadores e Guarnio Federal de Macei, e d outras providncias.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 Ficam declarados de utilidade pblica,

    para efeito de desapropriao, os imveis rurais componentes de uma rea situada a sudeste da cidade de Atalaia, no municpio do mesmo nome, no Estado de Alagoas, representados pelas seguintes propriedades:

    I So Loureno, limitada, ao norte, pelo imvel Santa Isabel; ao sul, pelos imveis Salgado e Gavio; e a leste, pelo rio Paraba; a oeste, pelos imveis Santa Isabel e Gavio;

    II Nova Olinda, limitada, ao norte, pelo imvel Salgado; ao sul, pelos imveis Granja So Sebastio e So Paulo; a leste, pelo rio Paraba; a oeste, pelo imvel Gavio;

    III So Joo, limitada, ao norte, pelos imveis Nova Olinda e Gavio; ao sul, pelo rio Paraba e imvel So Macrio; a leste, pelo imvel Granja So Sebastio; a oeste, pelo imvel Serraria de Baixo;

    IV Gavio ou Valparaso, limitada, ao norte, pelos imveis Isabel e So Loureno; ao sul, pelo imvel Serraria; a leste, pelos imveis So Joo, Nova Olinda e Salgado; a oeste, pelo povoado Branca e imvel Isabel;

    V So Macrio, limitada, ao norte, pelo imvel So Joo e terras do Sr. Luiz Medeiros; ao sul, pelos imveis So Paulo e Floresta; a leste, pelo rio Paraba e imvel Flor do Paraba; a oeste, pelos imveis Brasileiro e terras do Sr. Luiz Medeiros;

    VI Floresta, limitada, ao norte, pelos imveis So Francisco, Boa F e Ch de Jaqueira; ao sul, pelos imveis So Geral e Mussu; a leste, pelos imveis Belm e Canoas; a oeste, pelos imveis Corrupaco e Gravat.

    Art. 2 Os imveis referidos no artigo anterior se destinam ao Ministrio do Exrcito, para utilizao da rea, como campo de instruo militar, pelo 20 Batalho de Caadores e Guarnio Federal de Macei.

    Art. 3 Esta Lei entrar em vigor na data de sua publicao.

    Art. 4 Revogam-se as disposies em contrrio.

    (s Comisses de Segurana Nacional e de Finanas.)

    DO SR. PREFEITO DO DISTRITO FEDERAL N 346, de 24 de abril, de 1969,

    encaminhando a prestao de contas da Prefeitura do Distrito Federal, relativa ao exerccio de 1968.

  • 12

    PARECERES

    PARECER N 77, DE 1969

    da Comisso do Distrito Federal, sbre a

    Indicao n 1, de 1964, que sugere o exame de questes relacionadas com a Assistncia Mdico-Hospitalar em Braslia.

    Relator: Sr. Lino de Mattos As questes relacionadas pelo eminente

    Senador Cattete Pinheiro e indicadas ao exame desta Comisso, revestem-se, inegvelmente, de alta importncia, tanto mais quando considerado o setor especfico a que se referem.

    preciso, no entanto, considerar que os problemas propostos, embora atuais e relevantes, escapam ao campo de nossa iniciativa, servindo, porm, como valiosos subsdios, para quando se apresentar a oportunidade de estudo da matria relacionada com a estrutura administrativa do Distrito Federal.

    Assim, opino no sentido de ser a presente indicao sobrestada, at que ste rgo tcnico julgue conveniente a sua volta para um reexame mais oportuno.

    Sala das Comisses, 13 de novembro de 1969. Wilson Gonalves, Presidente Lino de Mattos, Relator Adalberto Sena Manoel Villaa Clodomir Millet Jos Feliciano Attlio Fontana Jos Leite Aurlio Vianna.

    PARECER

    N 78, DE 1969

    da Comisso de Constituio e Justia, sbre o Projeto de Lei do Senado n 127, de 1968, que altera a letra "a" do art. 9 da Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional).

    Relator: Sr. Aloysio de Carvalho O Projeto de Lei do Senado n 127,

    de 1968, manda acrescentar letra a do art, 9 da Lei de Diretrizes e Bases da Edu-

    cao (Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961) algumas expresses no sentido de excluir do elenco de atribuies do Conselho Federal da Educao o exame de assuntos referentes administrao das entidades escolares, salvo em grau de recurso.

    O artigo 9 em causa especifica as atribuies do referido Conselho, alm de outras conferidas por lei. A letra a indica a de "decidir sbre o funcionamento dos estabelecimentos isolados de ensino superior, federais e particulares". O Projeto. recomenda ao texto esta ressalva: "cabendo-lhe, porm, apenas em grau de recurso, o exame de assuntos referentes a administrao, que so da alada dos conselhos dos respectivos estabelecimentos".

    Ora, o que na letra a do art. 9 se contm no significa que o Conselho Federal de Educao possa interferir diretamente na administrao dos estabelecimentos isolados de ensino superior, federais e particulares, para que seja preciso consignar a exceo. A atribuio que pela lei conferida ao Conselho a de decidir sbre o funcionamento, o que, por nenhuma forma, se confunde com a administrao de tais estabelecimentos. certo que o Conselho decide sbre o funcionamento sem ditar ordens, de primeira mo, sbre a administrao. Tanto que na mesma lei se declara, pelo art. 80, que as Universidades gozaro de autonomia didtica, administrativa, financeira e disciplinar, que ser exercida na forma dos seus estatutos. E o art. 85 expressa que os estabelecimentos isolados oficiais sero constitudos sob a forma de autarquias ou fundaes e os particulares, sob a forma de fundaes ou associaes, existindo, quando se tratar de fundao, um conselho de curadores com as funes de aprovar o oramento anual, fiscalizar a sua execuo e autorizar os atos do diretor no previstos no regulamento do estabelecimento (art. 86). Acresce que o art. 87 preceitua que "a competncia do Conselho Universitrio em

  • 13

    grau de recurso ser exercido, no caso de estabelecimentos isolados, estaduais e municipais, pelos conselhos estaduais de educao; e, no caso de estabelecimentos federais, ou particulares, pelo Conselho Federal de Educao" (sic) tornando-se, pois, suprflua a ressalva pretendida pelo Projeto.

    Evidenciada a impropriedade dste em face do sistema a que obedece o diploma fundamental da Educao Nacional, somos, do ponto de vista da tcnica legislativa, pela sua desaprovao.

    Sala das Comisses, em 4 de novembro de 1969. Carlos Lindenberg, Presidente Aloysio de Carvalho, Relator Bezerra Neto Wilson Gonalves Eurico Rezende Edmundo Levi Nogueira da Gama Josaphat Marinho.

    PARECER

    N 79, DE 1969

    da Comisso de Educao e Cultura, sbre o Projeto de Lei do Senado n 127, de 1968.

    Relator: Sr. Adalberto Sena No presente projeto, de autoria do Sr. Senador

    Lino de Mattos, objetiva-se alterar o disposto na letra a do art. 9 da Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (Lei de Diretrizes e Bases da Educao).

    2. Nos atuais trmos dsse item, atribuio do Conselho Federal de Educao "decidir sbre o funcionamento dos estabelecimentos isolados de ensino superior, federais e particulares". A sse texto, pretende-se acrescentar algumas expresses restritivas ficando o dispositivo com a seguinte redao:

    "a) decidir sbre o funcionamento dos estabelecimentos isolados de ensino superior, federais e particulares, cabendo-lhe, porm, apenas em grau de recurso, o exame de assuntos referentes administrao, que so da alada dos conselhos dos respectivos estabelecimentos."

    3. Tal alterao assim preconizada pelo ilustre proponente:

    "Os assuntos atinentes administrao dos institutos isolados de ensino superior e dos estabelecimentos particulares de igual nvel no devem, por bvias razes de ordem pedaggica, ficar a cargo de um rgo como o Conselho Federal de Educao, que precisa revestir-se de tdas as caractersticas de um verdadeiro "Board of Education."

    4. Na apreciao da matria, comeou a douta Comisso de Constituio e Justia por demonstrar a impropriedade de uma proposio baseada, como o caso, em equvoca interpretao do texto legal em que veio a incidir.

    5. Realmente, dos trmos da letra a do art. 9 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao, nada se pode inferir com o sentido de ter-se prescrito ou sequer admitido a interferncia do Conselho Federal de Educao em decises atinentes administrao interna das escolas em referncia.

    6. A exata significao do texto , sem dvida, a que apenas reflete esta dupla inteno do legislador; por um lado, a de atribuir ao Conselho Federal competncia para decidir sbre as condies bsicas ou essenciais, legal e pedaggicamente, exigveis para que seja autorizado o funcionamento das escolas superiores isoladas; e, por outro lado, a de, pelo emprgo da expresso "federais e particulares", excluir, dessa esfera de atribuio, as escolas superiores estaduais e municipais, sbre cujo funcionamento a competncia decisria ficou reservada, na mesma lei, aos Conselhos Estaduais de Educao.

    7. E to pacfico tem sido sse entendimento que o prprio Conselho Federal o traduziu, de forma minudente e inequvoca, ao expedir, atravs da sua Presidncia, a Portaria n 4, de 4 de abril de 1963, tomando em considerao o Pa-

  • 14

    recer n 92/63, emitido pelas respectivas Comisses de Ensino Superior e de Legislao Normais.

    8. Ademais, se qualquer dvida aparentemente ocorresse, essa dvida forosamente haveria de desfazer-se, em face de outros dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases que asseguram, em trmos insofismveis, a autonomia administrativa e didtica dos institutos em apro.

    Diante do exposto, a Comisso de Educao e Cultura tambm desaconselha a aprovao do projeto.

    Sala das Comisses, em 14 de novembro de 1969. Mem de S Presidente Adalberto Sena, Relator Antnio Carlos Aloysio de Carvalho Edmundo Levy Duarte Filho.

    PARECER

    N 80, DE 1969

    da Comisso de Constituio e Justia, sbre o Projeto de Lei do Senado n 40, de 1967, que altera a Lei n 4.069-A, de 12 de junho de 1962, que cria a Fundao Universidade do Amazonas, e d outras providncias.

    Relator: Sr. Clodomir Millet O presente projeto, apresentado pelo

    ilustre Senador lvaro Maia, altera o art. 8 da Lei n 4.069-A, que cria a Fundao Universidade do Amazonas, visando a estabelecer que "o Conselho Diretor, presidido pelo Reitor da Universidade, eleger, entre seus membros, o Presidente da Fundao".

    O projeto, afirma o Autor, visa a sanar irregularidade comprovada ao longo da vigncia da citada Lei n 4.069, consistente na dualidade de autoridade da Presidncia do Conselho Diretor da Fundao Universidade do Amazonas.

    Anexo ao projeto h um Ofcio do Reitor da Universidade do Amazonas, solicitando ao Senador lvaro Maia apro-

    veitar algumas emendas que tomava a liberdade de sugerir, visto que elas corrigiriam algumas falhas da Lei nmero 4.069-A.

    Acontece, porm, que durante a longa tramitao do projeto, em parte motivada pelo recesso do Congresso, o Presidente da Repblica baixou o Decreto-Lei n 657, de 27 de junho de 1969, alterando a Lei que criou a Fundao Universidade do Amazonas. Pelo nvo texto legal, foram atendidos os objetivos desejados pelo Senador lvaro Maia e pela Reitoria daquele rgo de ensino superior do Amazonas.

    Assim, opinamos pela rejeio do projeto em apro pelo fato do mesmo estar compreendido no Decreto-Lei n 657, de 27-6-69.

    Sala das Comisses, em 11 de novembro de 1969. Aloysio de Carvalho, Presidente em exerccio Clodomir Millet, Relator Bezerra Neto Wilson Gonalves Edmundo Levi Antnio Balbino Eurico Rezende Arnon de Mello Carlos Lindenberg Antnio Carlos Josaphat Marinho.

    PARECER

    N 81, DE 1969

    da Comisso de Educao e Cultura, sbre o Projeto de Lei do Senado n 40, de 1967.

    Relator: Sr. Adalberto Sena O presente projeto, apresentado em 1967 pelo

    Senador lvaro Maia, visa a modificar o 1 do art. 8 da Lei nmero 4.069-A, de 1962, que criou a Fundao Universidade do Amazonas.

    Nesse pargrafo (que trata da eleio do Presidente da Fundao, pelo Conselho Diretor da entidade), intercala-se uma clusula nos trmos da qual a presidncia dsse Conselho seria exercida pelo Reitor da Universidade.

    A alterao justificada pela necessidade de evitar a existncia de "uma dupla direo administrativa" e tem a

  • 15

    abon-la o exemplo de idntico procedimento na Universidade de Braslia, tambm constituda sob a forma de Fundao.

    Verifica-se, no obstante, que o objetivo desejado pelo proponente j foi atingido pelo Decreto-Lei n 657, baixado pelo Presidente da Repblica em 27 de junho ltimo, que alterou algumas disposies, inclusive as do art. 8, da lei acima referida.

    Por tal motivo, alis j ponderado pela Comisso de Constituio e Justia, a Comisso de Educao e Cultura reconhece a desnecessidade do projeto e opina contrriamente sua aceitao.

    Sala das Comisses, em 14 de novembro de 1969. Mem de S, Presidente Adalberto Sena, Relator Antnio Carlos Aloysio de Carvalho Duarte Filho Edmundo Levi.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): A Mesa faz consignar a retificao de notcia, hoje inserta na terceira pgina da "Smula Informativa", referente a fato que, segundo a verso, teria ocorrido com o Sr. Senador Pessoa de Queiroz, e que, manifestamente, no se poderia ter verificado, desde que S. Ex. no se afastou de Braslia, neste fim de semana.

    H oradores inscritos. O primeiro deles o Sr. Senador Attlio

    Fontana, a quem concedo a palavra. O SR. ATTLIO FONTANA (sem reviso do

    orador.): Sr. Presidente, Srs. Senadores, inicialmente, desejo agradecer ao nobre Senador Eurico Rezende por me ter cedido a sua inscrio, o que me possibilita pronunciar a orao a que me proponho. Embora S. Ex. no esteja presente no momento, desejo consignar meu agradecimento.

    O observador imparcial e honesto de nosso desenvolvimento econmico e social h de concluir que, a partir da Revoluo de 64, o Brasil est trilhando o

    bom caminho da recuperao econmica e da paz social.

    A revoluo eclodiu quando a taxa de inflao aproximava-se a 100% ao ano e a taxa de desenvolvimento estava abaixo de 2%. Nesses ltimos cinco anos a produo alcanou um incremento de 6% a 7%: a produo de petrleo passou de menos de 100.000 barris por dia, a 200.000 barris; as refinarias tambm se desenvolveram e duplicaram a sua capacidade. As exportaes apresentaram um aumento mdio de 200 milhes de dlares anuais e, para ste ano, espera-se que a exportao atinja a 2 bilhes e 200 milhes de dlares, contra 1 bilho e 400 milhes antes da Revoluo.

    A nova poltica trabalhista, com a criao do Fundo de Garantia por Tempo de Servio, criou uma situao de maior harmonia entre capital e trabalho, estimulou os empresrios a ampliarem suas atividades, acabando com os atritos entre empregados e patres; possibilitou a criao do Banco Nacional de Habitao e est resolvendo o angustiante problema de habitao, com a construo de centenas de milhares de moradias.

    Prticamente, foram eliminados, felizmente, os grandes deficits das emprsas estatais, como sejam o Lloyd Brasileiro, a Rde Ferroviria Federal, a Fbrica Nacional de Motores e outras mais. A Fbrica Nacional de Motores foi vendida, no que, entendemos, o Govrno Brasileiro andou muito acertado.

    A questo do frete martimo, sem dvida, foi mais uma vitria, pois a economia que estamos fazendo, dentre tantas, nos transportes de cabotagem, como de longo curso, contribuem para estimular o desenvolvimento do Pas.

    Em conseqncia da poltica do Govrno, o caf e o cacau vm alcanando preo superior ao de antes da Revoluo. Nosso potencial hidreltrico tambm duplicou, nos ltimos cinco anos, e est

  • 16

    em vias de maior expanso. Naturalmente, um setor que impulsionar o desenvolvimento dste Pas, quer seja nos centros urbanos como na zona interiorana, principalmente com a eletrificao da zona rural. No setor de rodovias e telecomunicaes, jamais tivemos um rpido desenvolvimento como o atual. Realmente, de ano para ano, est crescendo, em grande quantidade, o nmero de quilmetros de estradas pavimentadas e outras implantadas. Isto representa grande estmulo ao desenvolvimento.

    Apesar dessas evidncias, ainda existem aqules que fazem crticas infundadas aos nossos Governantes, como o caso do ilustre Deputado Caruso da Rocha, que, em recente discurso na Cmara, fz interpelaes ao Govrno, que no se justificam porque parecem pouco sinceras. Parece que o ilustre Parlamentar esqueceu-se, de todo, daquele quadro sombrio de antes da Revoluo, teceu vrias indagaes, criticou, esqueceu o muito que j foi realizado.

    Lamentvelmente, porm, aqule Deputado, to contundente em suas crticas, no fz quaisquer sugestes, no apontou caminho algum a ser seguido, limitou-se a criticar.

    O SR. AURLIO VIANNA: Permite V. Ex. um aparte?

    O SR. ATTLIO FONTANA: Pois no, com prazer.

    O SR. AURLIO VIANNA: Discordo de V. Ex. em no achar que foi sincero o Deputado Caruso da Rocha. S. Ex. um dos maiores valres da nova gerao de parlamentares, dos mais autnticos, moo de cultura e de convico. As suas crticas podem no ser procedentes, mas so sinceras, no ponha V. Ex., qualquer dvida nisto. homem de moral elevada, de princpios ticos respeitveis. Inclusive, se S. Ex. acusou, sem dados concretos, V. Ex. poderia discutir a proposio e os princpios do Deputado Caruso da Rocha?

    O SR. ATTLIO FONTANA: Tenho aqui presente, nobre Senador Aurlio Vianna, os seis itens que aqule ilustre Deputado formulou. No sei se V. Ex. tomou dles conhecimento. Eu o estou tomando, atravs do Jornal do Brasil, do dia 15 prximo passado.

    Na verdade no concordamos sequer com os trmos das indagaes formuladas.

    Por isso mesmo chegamos a esta concluso de que devia aqule ilustre deputado procurar dar a sua inteligente colaborao, apontando os erros e oferecendo sugestes que possam ser aproveitadas, como ainda h pouco tempo fz o nobre Senador Jos Ermrio, que em longo discurso apresentou sugestes vrias e que certamente sero consideradas pelo Executivo.

    O ilustre Deputado Caruso da Rocha no chegou a formular nenhuma sugesto, o que ns estranhamos, porque sabemos que se trata de jovem inteligente, mas pareceu que no estava imbudo dos melhores propsitos quando pronunciou sse discurso.

    No quero, com isto, dizer que no existam srios problemas a desafiar a inteligncia e o patriotismo do Govrno e do povo brasileiro. Realmente, sabemos que, num pas como o nosso, problemas existem em quantidade e muitas providncias precisam ser tomadas, no apenas pelos homens do Govrno, mas por todos ns que temos o dever de dar a nossa contribuio, desenvolvendo nossas atividades, sugerindo medidas adequadas de sorte que o prprio Govrno possa ter um maior conhecimento de todos os problemas que afligem o povo brasileiro. Ns mesmos, freqentemente, temos usado esta tribuna para trazer nossas observaes e crticas, com propsito construtivo, para que o Govrno observe, tome conhecimento e encontre as verdadeiras solues de que tanto necessitamos. Hoje mesmo, neste modesto

  • 17

    pronunciamento, faremos meno a problemas que conhecemos e que no tm sido, at agora, equacionados.

    J tenho afirmado, desta tribuna, que o Govrno da Revoluo muito tem feito pelo desenvolvimento agrrio, mas ste , ainda, o setor que maiores atenes reclama.

    Est em curso a maior colheita de trigo de tda a nossa histria, segundo previes, e, dependendo das condies climticas, atingiremos 1.100 toneladas, isto , um tro das nossas necessidades. Realmente, o Govrno, atravs de preo-estmulo, atravs de financiamentos e de outras providncias, principalmente a produo de melhores sementes, tem estimulado e desenvolvido a lavoura de trigo, e, espera-se termos a maior colheita de todos os tempos.

    Isso evidencia que poderemos alcanar a auto-suficincia, se adotarmos tcnicas adequadas. H pases, grandes produtores de trigo, que tm a mesma latitude no Hemisfrio Norte que o Brasil no Hemisfrio Sul. o caso do Mxico, da China Continental, do Paquisto e da ndia. sses pases, h poucos anos, eram grandes importadores de trigo, e o Mxico, por exemplo, passou de importador a exportador e frisamos bem, smente o Norte do Mxico est na mesma latitude que o Sul do Brasil e le forneceu sementes de trigo ao Paquisto e ndia. E stes dois pases, segundo notcias de tcnicos e observadores, tiveram grandes resultados com a semente de trigo que adquiriram do Mxico. O Brasil, conforme tcnicos europeus que nos visitaram afirmaram, poder produzir muito mais trigo do que os trs milhes de toneladas que atualmente consumimos.

    O SR. JOS ERMRIO: V. Ex. permite um aparte?

    O SR. ATTLIO FONTANA: Com grande prazer.

    O SR. JOS ERMRIO: V. Ex. salienta assuntos de grande intersse para o Pas. No Mxico se planta trigo desde 40 metros de altitude at 2.500 metros de altura, 2.600 e 2.700 tambm, uma variedade enorme de clima, o que no acontece no Brasil, pois os Estados do Sul no tm essa variedade de altitude. O Paquisto, em menos de quatro anos j est com seis milhes de toneladas, est auto-suficiente. A ndia, em 1971 no importar nem uma tonelada de trigo, j est com a sua produo suficiente para o seu consumo. Portanto, muito oportuno salientar esta situao da agricultura nacional, que apesar das melhorias da produo, ainda est longe do que precisamos.

    O SR. ATTLIO FONTANA: Agradeo a colaborao do nobre Senador Jos Ermrio, parlamentar em que todos ns reconhecemos o intersse e o desejo de dar a sua colaborao, porque estudioso de matria como esta, e um dos Senadores que mais freqentemente focalizam problemas econmicos, problemas que todos desejamos ver bem encaminhados e bem resolvidos.

    Infelizmente, o grande inimigo de nossa triticultura tm sido determinados rgos governamentais, que ainda no conseguiram livrar-se das distores e dos vcios do passado.

    O SR. JOS ERMRIO: Muito bem! O SR. ATTLIO FONTANA: Realmente, h

    muitos anos o Govrno vem cometendo digamos certos equvocos em relao ao problema tritcola nacional. Enquanto procura estimular os triticultores com preos justos, remuneradores, no est cuidando o Govrno do problema de forma mais prtica, mais econmica, pois pretende retirar, com a poltica que adota, quase tda a produo da regio, para centros de consumo, isto com elevado dispndio em transporte e em ensilagem, enquanto que uma rde de moinhos, que outrora existia na

  • 18

    zona de produo, est numa situao ruinosa, porque, por incrvel que parea, o trigo entregue aos moinhos da zona de produo custa ao moageiro um preo mais elevado do que no centro de consumo, arcando o Govrno com despesa desnecessria de retirada de grande parte do trigo da zona produtora para a zona de consumo.

    Depois, a pecuria da zona de consumo recorre aquisio dos subprodutores de trigo na zona de consumo para alimentar os rebanhos existentes na zona de produo de trigo. A situao to grave que medida que se vai desenvolvendo a triticultura em regies novas, os moinhos a existentes entram em situao de runa, e as emprsas moageiras procuram, sem dvida, afastar-se daquela regio. H, por assim dizer, um verdadeiro passeio: a retirada do trigo da zona de produo e a restituio dos produtos derivados de trigo para aquela mesma zona.

    Quero frisar que esta situao existe h mais de quinze anos e ainda no foi corrigida, muito embora as classes produtoras, os sindicatos da indstria do trigo do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paran, tenham encaminhado, em tempos passados, exposio do problema aos Srs. Ministros da Agricultura e da Fazenda, e sses aos seus rgos subordinados, como, no caso, a SUNAB, que dispe de uma Departamento exclusivamente para cuidar dsses problemas, ou seja, do escoamento da safra, e da importao do trigo e outros correlatos.

    Em outras ocasies, com muita veemncia e com os argumentos que bem conhecemos porque em tda nossa vida sempre tivemos contacto com a classe interiorana, do triticultor, do operrio e de industriais tivemos oportunidade de fazer sentir ao Sr. Presidente da SUNAB da necessidade de encontrar-se outra soluo, caso desejssemos, realmente, aumentar a produo de trigo no Brasil.

    Como disse o prprio Presidente da SUNAB, o nosso dispndio em divisas chega ao redor de cento e sessenta milhes de dlares, anualmente, para importao de trigo. Muito embora tenha aumentado a nossa produo, continua o deficit, porque o consumo tambm cresceu. De sorte que, se, a exemplo de todos os outros produtos oriundos da lavoura e da pecuria, o trigo tivesse custo menor na zona produtora do que na zona de consumo, haveria muito maior facilidade para o escoamento da safra de trigo, e teramos uma economia muito grande em frete e armazenagem.

    Agora, por exemplo, como j dissemos, a maior safra de trigo, pelo menos em promessa, est em curso. Mas, os rgos responsveis vo-se encontrar a braos com a dificuldade do transporte, da retirada do trigo da zona de produo para a zona de consumo, uma vez que grande parte dos moinhos que existiam outrora na zona de produo j cerraram as suas portas, transferindo-se para novos centros de consumo ou mesmo limitando-se a conservar seus moinhos paralisados.

    Sr. Presidente e Srs. Senadores, preciso que o Govrno, atravs dos rgos responsveis, adote uma outra poltica, a poltica do preo justo na zona de produo, porque alm de o Banco do Brasil faturar o trigo aos moinhos da zona de produo pelo mesmo preo da zona de consumo, ainda a SUNAB decidiu, nos ltimos anos, que sejam cobradas as despesas poupadas, como se o trigo viesse do estrangeiro.

    Vejam V. Ex.s que absurdo est ocorrendo, pois o trigo colhido na zona produtora vendido aos moinhos pelo mesmo preo porque o quele no Rio de Janeiro, em Pernambuco ou na Bahia mais as despesas porturias.

    Dessa forma, bvio que os moinhos no podem, na zona de produo, submeter, subsistir, e nem mesmo nos Estados produtores. No Rio Grande do Sul, o maior produtor, que contribuiu com 70,

  • 19

    ou 80% da produo do trigo nacional, outrora os moinhos do Estado, exportavam farinha para outros Estados no produtores de trigo, e os resduos, farelo e farelinho eram consumidos pela pecuria bovina, suna, e por animais de pequeno porte.

    Com o transporte de trigo em gro para as zonas distantes, como os Estados do Nordeste, o que se verifica? E que no havendo naquela Regio, em tempos no muito distantes, o consumo de subprodutos, farelo e farelinho eram exportados para o Exterior, a baixo preo, deixando a zona pecuria dos Estados produtores de trigo em carncia dsses subprodutos.

    Tudo isto, atravs de relatrios, atravs de conferncias pessoais, os industriais, os homens do Sul, no tm poupado fras em demonstrar junto, s autoridades competentes.

    Ainda recentemente, o Sindicato do Trigo do Rio Grande do Sul enviou um longo memorial ao Sr. Ministro da Fazenda, fazendo essas observaes, de que a industria de trigo no podia continuar funcionando porque a situao era de flagrante desigualdade. Acreditamos que o atual Govrno soube escolher o homem certo para o lugar certo, isto , o Sr. Cirne Lima como Ministro da Agricultura. S. Ex. com a sua inteligncia, com o seu dinamismo, com o seu alto esprito pblico e patritico h de corrigir essas distores, pois, como se sabe, filho do maior Estado produtor de trigo, que o Rio Grande do Sul.

    Fazemos sses comentrios da tribuna do Senado com o mais sincero e objetivo escopo a fim de colaborar com o Govrno da Repblica, com o Sr. Presidente da Repblica e os Srs. Ministros. sse problema deve ser tratado por um rgo, que integrado pelo Sr. Ministro do Planejamento, da Fazenda, da Agricultura, pelo Presidente do Banco do Brasil e, no tenho certeza, pelo Presidente do Banco Central.

    De sorte que, se fr examinado o problema e verificadas as distores que existem nesse setor, haveremos de dar o impulso que todos desejamos triticultura nacional, economizando preciosas divisas que podem ser aplicadas em outros setores para impulsionar o desenvolvimento. Com o desenvolvimento teremos condies de oferecer mercado de trabalho para a juventude na idade em que ela deve iniciar o seu trabalho, o seu ganha-po de cada dia. Smente quando se corrigirem distores como essas poderemos chegar a um desenvolvimento para o qual o Pas oferece condies excepcionais, em benefcio do povo brasileiro.

    Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cattete Pinheiro):

    Com a palavra o Sr. Senador Aurlio Vianna. O SR. AURLIO VIANNA (sem reviso do

    orador.): Sr. Presidente e Srs. Senadores, membro que sou, para grande honra minha, da Comisso do Distrito Federal, estou na obrigao de estudar os problemas que interessam populao de Braslia, visando sempre a segurana, o progresso e a consolidao da cidadela da integrao nacional.

    Venho tribuna para focalizar assunto que vai merecer, no tenho dvidas, tda a ateno do Governador da Cidade, Coronel Hlio Prates da Silveira.

    Sua Excelncia vai encontrar uma cidade com muitos problemas, como tda urbe em desenvolvimento, muitos dles j equacionados, para a devida soluo.

    Vai encontrar o problema das favelas do Distrito Federal, que desafia a argcia e o trabalho de qualquer administrador, e vai encontrar um problema menor, mas que, ao certo, vai merecer de S. Ex. tda a ateno, no smente porque interessa segurana dos habitantes de Braslia como tambm por referir-se a

  • 20

    uma grande corporao de homens dedicados ao trabalho de preservao do bem-estar do nosso povo.

    Desejo falar, Sr. Presidente e Srs. Senadores, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, cujos integrantes, quase todos egressos da Guanabara, sentem-se frustrados nas suas aspiraes, les que foram, dalgum modo, pioneiros, e que vm prestando assinalados servios Capital, tanto no combate aos incndios como no amparo a quantos estejam ameaados na sua integridade patrimonial ou fsica.

    Numa admirvel reportagem de Cludio Kuck Foi dito que o bombeiro morre um pouco cada dia. le tira pessoas presas em elevadores, em ferragens de carros acidentados ou em conseqncia de desabamentos, combate abelhas africanas, salva quase suicidas, abre portas, cuida de escapamentos de gs e gua, captura dbeis mentais."

    le arrisca a vida a cada hora, cada instante, obedecendo, sem titubear, voz do dever e, muito mais do que do dever, da prpria conscincia.

    Kuck fala-nos da vida do bombeiro, que comea de madrugada, com o toque da alvorada. Continua com o caf e a faxina do quartel. Ento, so trs horas de exerccios que tanto pode ser dar saltos, subir cordas, natao, remo, escalar montanhas, sobrevivncia nas selvas, como aulas sbre anatomia ou fisiologia humanas, ou, ento, praticar respirao artificial, dar massagens cardacas de emergncia ou de como evitar pnico em sinistros. Noutro dia, aprendem a desativar bombas, a lidar com eletricidade, com aparelhos de rdio.

    O bom bombeiro tem de saber um pouquinho de cada coisa. Estar pronto para o que der e vier. Alm de tudo, preocupa-se o bombeiro com a alegria do povo e, atravs da sua banda de msica, uma das melhores do Brasil, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal,

    atravs de audies que vm marcando poca, revela o seu grande desejo de causar satisfao ao povo da nossa Capital.

    Os quatro mil e quinhentos bombeiros da Guanabara atenderam, em 1968, a mais de quatro mil chamados de incndio, sem falar nos milhares de atendimentos diversos. Esta a misso do bombeiro: servir, servir sempre e em qualquer tempo, servir sejam quais forem as dificuldades e os perigos. So homens sem mdo, ou que o vencem para servir o prximo.

    Quadros h, na histria da nossa cidade, que revelam e fixam a conduta e os atos hericos dos soldados do fogo, quando arriscam a vida e, prejudicando a sade, transmitem aos outros partes da sua prpria personalidade humana, livrando-os da morte certa.

    Nos Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra ou no Brasil, em qualquer parte do mundo, o seu trabalho o mesmo; mesmo a sua dedicao e a sua vida e outra no a sua imortal divisa "morrer, se preciso, para salvar".

    Podemos parodiar, em a les nos referindo, a clebre frase: "nunca tantos deveram e devem a to poucos".

    Os bombeiros da nossa Capital vieram da Guanabara. L, deixaram amigos, parentes e, vzes, alguns poucos bens adquiridos com suor e ingente trabalho. Muitos voltaram tangidos, talvez pela saudade ou pela desiluso, e os que aqui permaneceram, ainda hoje, esperam que a sua corporao seja estruturada e que e efetivo do Corpo de Bombeiros seja fixado cada dois anos, conforme determina a Lei.

    Houve poca, quando s havia em Braslia um quartel, para abrigar os elementos da corporao, pouco equipamento e viaturas, faltavam condies tcnicas e materiais para satisfazer os reclamos e a imperiosa necessidade de Braslia.

  • 21

    Hoje, as viaturas, para combate ao fogo, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal so as mais atuais, as mais completas, das melhores das que existem em tda a Amrica Latina.

    Esta cidade dinmica, no pra, no descansa, num ritmo de construo verdadeiramente impressionante, mas, ao lado dos apartamentos, que nos abrigam, h centenas de barracos, todos les de madeira, onde vivem milhares de operrios, de candangos nordestinos, ameaados pelo fogo, que j tem consumido inmeras dessas rsticas construes.

    ste problema, o problema dos barracos, o problema das favelas, como dizia, no incio destas desataviadas palavras, vai desafiar, tambm, a argcia e a capacidade do atual Governador de Braslia.

    Sabemos que o problema das favelas universal. Favelas h nos pases capitalistas, nos pases infracapitalistas, nos pases desenvolvidos como nos pases subdesenvolvidos. um problema universal e a humanizao das favelas um desafio a qualquer administrador e, no caso vertente, ao atual administrador de Braslia.

    A segurana dos habitantes de Braslia est num Corpo de Bombeiros organizado, atuante, capaz, e em quantidade de homens que possam, num dado momento, atender aos reclamos desta cidade, quanto ao centro e quanto s cidades-satlites que em trno do centro gravitam.

    ste quadro que lhes apresento, Srs. Senadores, retrata a situao do Corpo de Bombeiros de Braslia.

    Pelo Decreto-lei n 9, de 1967, deveria haver um coronel. Mas sse coronel ainda no existe. Tenentes-coronis h dois e, em Braslia existem trs; h um excedente. Majores deveria haver cinco, em Braslia; h sete. Portanto, h dois excedentes. Capites, vinte e quatro; te-

    mos em Braslia, vinte. H portanto, quatro vagas. No corpo atual h um capito-qumico; em Braslia, existe um. O quadro est preenchido. Capito-farmacutico: h previso de um, no quadro atual, ainda vago.

    Capito mdico para 1 do quadro atual, existe uma vaga.

    Primeiros-tenentes 36 no quadro atual. Sabem V. Ex.as quantas vagas existem? Trinta e seis. No h, portanto, primeiros-tenentes no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

    Segundos-tenentes 13 so do quadro atual e h 13 vagas. Ento, na Corporao, no temos primeiros-tenentes.

    Segundos-tenentes do QOA, no quadro atual, nenhum, mas em Braslia h 13, portanto, 13 excedentes.

    Segundos-tenentes do QOE, no quadro atual, pelo Decreto-Lei n 9, no existem, mas em Braslia h 6, portanto 6 excedentes.

    Ento, de Coronel a Segundos-Tenentes, pelo quadro atual, deveramos ter 84. Em Braslia temos apenas 50. H, portanto, inmeras vagas a serem preenchidas.

    Praas Subtenentes Pelo quadro atual, Decreto-Lei n 9/67, h 11; em Braslia 90, no Rio 3, aguardando reforma 29; 1os-Sargentos: 78 pelo Quadro atual, em Braslia 33, vagas 45, aguardando reforma 8; 2os Sargentos: Quadro atual: 128, em Braslia 74, vagas 54, aguardando reforma 20; 3os-Sargentos: Quadro atual: 97, em Braslia 64, no Rio 6, vagas 27, aguardando reforma 26: Cabos: 170, em Braslia 142, no Rio 5, vagas 23, aguardando reforma 49; Soldados-Bombeiros: 670 pelo Quadro atual, em Braslia 577, no Rio 17, vagas 76, aguardando reforma 30.

    Sr. Presidente, ste quadro diz tudo: a Corporao hoje est preparada em material, em viaturas e instrumentos de

  • 22

    combate ao fogo, est preparada para atender nossa cidade de cinco mil quilmetros quadrados. Diversos quartis j foram construdos nas cidades-satlites, mas, convenhamos, com ste quadro que acabei de apresentar ao Senado, ao Senado que legisla para o Distrito Federal pela nova Constituio, no possvel, por mais capacidade que os bombeiros tenham, no possvel atender a uma rea to vasta, com uma populao que aumenta explosivamente h quem diga que Braslia j possui muito perto de 500 mil habitantes.

    Os bombeiros atendem aos incndios nas casas comerciais ou particulares, nos ministrios. Houve um incndio que devorou boa quantidade de casas construdas na Cidade Livre e ameaou quase todo aqule ncleo pioneiro. Arriscando a vida, cumpriram o seu dever. Incndios em Ministrios, devorando um dles e quase o outro. Incndios no cerrado. E o bombeiro no se preocupa apenas com apagar incndios: salva a qualquer cidado cuja vida esteja em perigo. um que se afoga; um que sofreu um desastre. Quem precise do bombeiro, tem-no a seu lado para atend-lo.

    Mas, como a Corporao poder exercer as suas atividades, com a segurana requerida, se est desfalcada desta maneira? uma cadeia com diversos elos arrebentados: passa do Capito para o Subtenente, existindo aqule hiato que so os Primeiros-Tenentes e os Segundos-Tenentes.

    Deixaram a Cidade Maravilhosa. Os que ali ficaram ou os que voltaram para l, muitos dles j foram promovidos, tendo o mesmo tempo que muitos dos que aqui se encontram, j foram beneficiados, justamente, por promoes. Os daqui continuam marcando passo e no smente fazem os servios que lhes so exigidos, sacrificando a sade e a vida, como tambm todos os servios burocrticos da Corporao.

    E se porventura chamados para atenderem a Anpolis, a Abadiana, para atenderem Alexnia, para atenderem Formosa ou Luzinia, cidades que fazem parte de Braslia, compondo seu cinturo-verde, les so levados a atender a quantos pedidos cheguem.

    Eu sei que ste assunto no um assunto poltico, que no um assunto explosivo, mas estou na convico de que merece no s a ateno da Casa, como tda a considerao do nvo Govrno.

    Fui informado de que o ex-Prefeito Wadj Gomide estava interessando-se por ste problema, desejando reestruturar os quadros da Corporao, alguns dles, como acabei de mostrar e demonstrar, ainda acfalos. Se sses quadros, que me foram entregues, so genunos, so verdadeiros, j disse e reafirmo agora: falta ao Corpo de Bombeiros o prprio Coronel, o oficial de patente mais elevada; falta ao Corpo de Bombeiros o seu Capito-Mdico, o seu Farmacutico. A Corporao est desfalcada de inmeros cabos; de inmeros soldados-bombeiros; de inmeros primeiros-sargentos (45 em 78); de inmeros segundos-sargentos (74 em 128); de inmeros terceiros-sargentos (27 em 97). E, queiramos ou no queiramos, ns, que habitamos apartamentos, modestos ou luxuosos, os que habitam casas de tbuas, que so milhares em Braslia, queiramos ou no, dependemos dessa Corporao para trmos uma certa segurana. Os bombeiros so admirados no mundo inteiro. Tm participado at mesmo de revolues, cumprindo l o seu dever sempre de salvar.

    Lembro-me de um episdio da nossa Histria; no dia da proclamao da Repblica, o Corpo de Bombeiros da Guanabara, do Rio de Janeiro, foi convocado creio que por Benjamin Constant. Atendeu convocao, e ali se encontrava pronto para cumprir a sua misso,

  • 23 a misso especfica que caracteriza a funo do bombeiro, de salvar.

    E, assim, em tda parte, na guerra, na paz, aqui, ali, acol, o bombeiro uma necessidade, estimado, respeitado, querido.

    Sr. Presidente, estou nesta tribuna para transmitir um aplo ao nvo Govrno de Braslia, um Professor, um Humanista, o Coronel Hlio Prates da Silveira, para que receba as nossas palavras de um Senador e membro da Comisso do Distrito Federal como uma colaborao, e que mande estudar imediatamente o assunto que estamos abordando, o problema que acabamos de apresentar, e determine providncias urgentes para que seja reestruturado o quadro do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

    Nunca se amotinaram; nunca reclamaram pblicamente. sses homens, geralmente de origem humilde, cumprem o seu dever com as foras que tm.

    Fui informado de que, depois de um dos incndios que tanto preocuparam a populao de Braslia, o seu esfro foi tanto que ficaram, muitos dles, estafados e at mesmo tiveram que se recolher aos seus aposentos, ou s enfermarias, para que pudessem recuperar a sade abalada pelo esforo extraordinrio que fizeram. Logo, o que ns pedimos urgente, um aplo que deve encontrar eco.

    Estamos certo, Sr. Presidente, de que o nvo Governador de Braslia levar em considerao as nossas palavras, que exprimem o pensamento da Comisso do Distrito Federal, qui de todo o Senado. (Muito bem! Muito bem!)

    O SR. PRESIDENTE (Cattete Pinheiro): Com a palavra o Sr. Senador Carlos Lindenberg.

    O SR. CARLOS LINDENBERG (l o seguinte discurso.): Sr. Presidente, Srs. Senadores, leio no Jornal do Brasil do

    dia 15 uma breve notcia do falecimento de Rafael Lenir Miranda, um dos espritos mais altrustas e abenegados que tenho encontrado na vida.

    A publicao que vou ler aqui uma resumida, mas significativa biografia do grande morte, modesta, simples, humilde, como, estou certo, le, pela sua formao gostaria que fsse, se dependesse de sua aprovao.

    Diz o jornal: "LEVI MIRANDA FOI SEPULTADO NO

    ABRIGO DO CRISTO REDENTOR, QUE AJUDOU A FUNDAR EM 1936

    O corpo de Rafael Levi Miranda foi sepultado ontem de manh, no cemitrio do Abrigo do Cristo Redentor, instituio que fundou em 1936 e da qual era provedor perptuo.

    Com 74 anos, le morreu s 8h 15 min. de quinta-feira passada, vtima do mal de Parkson. Nascido em Amargosa, interior da Bahia, dedicou 41 anos de sua vida aos flagelados e, por isso, mereceu a Ordem do Mrito Nacional e a Ordem do Mrito Naval. Hoje, sua obra ampara crca de 4.000 mil indigentes, a metade crianas.

    EXEMPLO

    Filho de um pastor evanglico, Levi Miranda teve slida formao religiosa e, desde jovem, demonstrou sua solidariedade para com os pobres. Em 1928, era bancrio no serto baiano e assistiu a sca dizimar os flagelados. Para minorar seus sofrimentos, fundou e dirigiu um albergue noturno, at que foi transferido para Barra Mansa, onde criou a Associao Comercial que ainda existe.

    Naquela cidade fluminense, le, a mulher, Dona Maria Angelina de Sousa, e o filho, Antnio Isidro, promoveram campanha a fira de con-

  • 24

    seguir 25 camas para um asilo de rfs. Depois disso; voltou Bahia, onde criou o primeiro Abrigo do Cristo Redentor, que foi reaberto no Rio em 1936.

    Em 1938, abriu o Instituto Profissional Getlio Vargas, com capacidade de abrigar 500 menores. Dois anos depois criou uma sucursal de Abrigo em Niteri e fundou a Escola de Pesca Darci Vargas. No ano de 1941, Levi Miranda recebeu convite do Governador de Pernambuco Senhor Agamenon Magalhes para organizar uma obra de assistncia aos pobres de Recife. Surgiu ento um nvo Abrigo Cristo Redentor, com diretoria autnoma e capacidade para 500 internos.

    Rafael Levi Miranda estve envolvido em vrias outras obras de caridade, como a Escola de Lavradores e Vaqueiros Presidente Vargas, e seu esprito de abnegao fz com que recebesse medalhas e homenagens.

    Uma das mais expressivas foi-lhe prestada por Austregsilo de Athaide, em 5 de fevereiro de 1957, na Tribunal de Imprensa: "Levi prossegue sem alarde, na humildade de homem que s trabalha para o prximo. Com muito menos do que le tem feito pelos pobres, h muito santo nos altares."

    Conheci Levi Miranda num dia, j bem longnquo, no Palcio do Catete, quando aguardvamos ser recebidos pelo inesquecvel Presidente Getlio Vargas, de quem era amigo, e por le considerado e apoiado, face s obras que realizava, com desprendimento excepcional, e as iniciativas constantes, que idealizava, de amparo aos pobres, s crianas e aos jovens, sempre com o sentido de dar-lhes uma profisso digna, capaz de os tornar teis coletividade e Ptria.

    Simples e extremamente modesto, porm comunicativo, le a mim se apre-

    sentou, entrando logo no assunto de sua obsesso, que ali o levara Abrigo Cristo Redentor e Escola Darcy Vargas, na poca em plena expanso.

    Baixo, retacado, forte e saudvel, senti seu entusiasmo, sua sinceridade, seu desprendimento, sua capacidade, sua dedicao misso a que se entregara, despertando tudo isso em mim profunda admirao, simpatia e respeito por aqule homem despretensioso, metido num terno de brim zuarte, cujos olhos cintilavam ternura e bondade.

    Impressionado, procurei saber quem era Levi Miranda. Antigo e alto funcionrio do Banco do Brasil, desviou-se da carreira para se dedicar inteiramente ao bem do prximo descalido, sempre, porm, mantido nos quadros do referido estabelecimento. Religioso convicto e praticante, dedicou-se inteiramente s instituies que lhe foram entregues e s que fundou com idealismo invulgar, amparando, instruindo, orientando adultos, crianas, jovens de ambos os sexos no Abrigo Cristo Redentor, na Escola de Pesca Darcy Vargas, na Casa do Pequeno Jornaleiro e em outras organizaes da mesma natureza, em vrios pontos do pas.

    O SR. RUY CARNEIRO: V. Ex. d licena para um aparte, Senador Carlos Lindenberg?

    O SR. CARLOS LINDENBERG: Pois no. O SR. RUY CARNEIRO: V. Ex. est

    rendendo homenagem a um grande apstolo do bem que foi Levi Miranda. Trabalhava eu no gabinete do Presidente do Banco do Brasil, o saudoso Dr. Joo Marques dos Reis, e l conheci Levi Miranda. Levi Miranda trabalhava no setor da Tesouraria, era Caixa do Banco do Brasil. O Banco o liberou para que le fsse organizar e dirigir o Abrigo Cristo Redentor, Escola Darcy Vargas e a Casa do Pequeno Jornaleiro, j referidos por V. Ex.. Na primeira recolhia os nossos patrcios batidos pela idade e

  • 25

    pela pobreza. As demais instituies destinadas aos menores, maravilhosas obras que tiveram graas ao seu esforo benemrito e pertinaz, situao tima. Agora porm, em face da molstia insidiosa que o vitimou, no sei como esto se mantendo. V. Ex. o descreveu bem. Levi Miranda, com aquela bondade infinita possuia excelentes amizades junto s pessoas afortunadas do Rio, o que lhe permitia angariar recursos necessrios para a manuteno de centenas de velhinhos e crianas. Foi o seu esprito de bondade que marcou uma poca no Rio, constituindo tremendo sacrifcio para le a divina causa que colocou nos ombros. Visitei-o por vrias vzes, quando estava no Banco do Brasil com o Presidente Marques Reis. Depois que deixei o Banco, continuei a manter relaes de amizade com o saudoso Levi Miranda e at h pouco tempo, convocado por um programa na TV Tupi do Rio em benefcio de instituies de caridade, inclusive o Abrigo Cristo Redentor, tive oportunidade de fazer uma referncia especial a le. A saudosa e grande dama brasileira, Dona Darcy Vargas, lhe deu grande apoio, assim como o saudoso e eminente Presidente Getlio Vargas, verdadeiros sustentculos da obra benemrita do meu amigo Levi Miranda. A notcia de sua morte me causou tristeza. le vinha doente h muito tempo e sofrendo bastante com a molstia de Parkson, que estava destruindo impiedosamente aqule gigante de ternura humana, e pos fim a uma existncia que deveria ser eterna. Quero, aqui, trazer minha palavra de saudade, de exaltao figura daquele grande benemrito, homem imensamente bom, que levou tda sua existncia a servio do bem, procurando ajudar aos pobres e aos que necessitavam de sua assistncia.

    O SR. ANTNIO BALBINO: Permite o nobre orador uma interveno?

    O SR. CARLOS LINDENBERG: Com muito prazer, Senador Antnio Balbino.

    O SR. ANTNIO BALBINO: Raramente interfiro nos debates do Senado. Sinto-me, porm, na obrigao de, ao ver com palavras to apropriadamente justas, expressos os testemunhos de pesar de V. Ex. pelo falecimento de Levi Miranda, deixar aqui, em sua memria, tambm o meu testemunho de apro e a minha homenagem de profundo reconhecimento, com a citao de alguns episdios de que fui testemunha na minha passagem pela vida pblica, durante o perodo em que exerci o Ministrio da Educao e Cultura, e tambm o Ministrio da Sade do Governo do Presidente Getlio Vargas. Levi Miranda no se caracterizou, na vida pblica e no desdobramento de suas atividades de assistncia social, apenas pelos fatos e pelo exerccio das funes notrias, que todos conhecemos. le era, como bem salientou o Senador Ruy Carneiro, precisamente, uma excepcional figura humana; onde havia uma necessidade a prover, onde havia um conselho a ministrar, onde se precisava de algum para ajudar o seu semelhante, Levi Miranda no necessitava de ser convocado; le estava sempre espontneamente presente. Recordo-me de um episdio muito marcante e que deu incio, apesar da nossa situao de conterrneos, s nossas relaes: eu tive a fortuna de ser apresentado a Levi Miranda, pessoalmente, pelo Presidente Getlio Vargas, num dos momentos de dificuldade do Conselho de Servio Social, que estava numa fase de reorganizao, nos idos de 1953. Tnhamos alguns problemas humanos muito delicados e havia necessidade de fazer-se nova estruturao que permitisse mais eficincia aos diferentes rgo que integravam os departamentos dos assistentes sociais do Ministrio, e, ao mesmo tempo, de estimular o concurso, j ento muito incipiente, da emprsa privada, na colaborao da melhoria de situao dessa obra to meritria. O Presidente Getlio Vargas, numa das conversas normais de des-

  • 26

    pacho, me sugeriu que procurasse Levi Miranda e me aconselhasse com le. Depois, tive oportunidade de me fazer essa apresentao. Da em diante, Levi Miranda foi sempre um conselheiro que nunca me faltou. A le devo tdas as providncias tomadas na poca em que estive no Ministrio para a reformulao do Conselho de Servio Social, numa colaborao estreita com Dona Eugnia Hamann, recentemente falecida, e vrias idias proveitosas, porque Levi, com tda sua bondade, era muito objetivo, muito tolerante, muito compreensivo. Nunca, nas diferentes oportunidades que tive na minha vida, depois de estar com Levi, nunca ouvi dle palavra de amargura, fsse contra quem fsse. Pelo contrrio, mesmo quando se tratava de escalpelar, um pouco mais vivamente, a atitude egostica de algum dos representantes de nossa burguesia, no sensvel ao sofrimento de grandes massas, principalmente o das crianas, o Levi, que era um campeo e ardoroso da causa, era, ao mesmo tempo, o defensor das fraquezas humanas. As fraquezas humanas para le tinham sempre um lado explicvel. Achava que ningum era irrecupervel. Depois, quando cuidei de um plano de assistncia social com a criao de um conjunto assistencial no meu Estado, a Levi Miranda devo, tambm, o primeiro esbo dessa tarefa. Em algumas visitas que fz ao meu Estado, sempre colhi dle as melhores sugestes; mais do que isto, sempre, por intermdio dle, achei franqueadas algumas portas que me ajudaram, tanto no Ministrio, como no Govrno, a encontrar um pouco mais de ajuda, como no caso da criao da maternidade que hoje funciona em Salvador, ajuda que representava o seu esprito altrustico. Tudo o que le, realmente, pedia era uma s coisa: que se ocultasse o nome dle. Era um homem inteiramente refratrio a qualquer idia de publicidade, infenso a fazer, do cumprimento do seu dever, um motivo de propaganda ou de pretexto

    para que, em trno do seu nome glorioso, se tecesse uma aurola de benemerncia. Creio que, num momento como ste, de tanto egosmo, de tanto arbtrio, de tanto dio, de tanto ressentimento, um momento to pouco brasileiro na vida do Brasil, que sempre foi um Pas de tolerncia, de compreenso, de cordura, de dilogo, a evocao de figura como a de Levi Miranda, com caractersticas que, para os que foram testemunhas da sua vida ntima, tanto o enaltecem, representa, para ns, mais do que o simples cumprimento de um dever e de justia, reverenciar a sua memria. ste ato que V. Ex. est praticando, ao qual outros companheiros j se associam e a que venho prestar o testemunho da minha solidariedade, representa, em cada um de ns, tambm, um certo testemunho, motivo para que no desapaream, de todo, neste Pas, os coraes, as inteligncias, os sentimentos como os que soube to bem, excepcionalmente, cultivar Levi Miranda.

    O SR. CARLOS LINDENBERG: Agradeo aos Srs. Senadores Ruy Carneiro e Antnio Balbino os apartes com que me honraram, porque vieram completar e dar maior importncia ao discurso que estou fazendo, referente a Levi Miranda, uma vez que o meu conhecimento com aquele grande brasileiro desaparecido era quase superficial. Conhecia as suas obras, a sua benemerncia, a sua bondade, a sua humildade em querer estar sempre escondido. Sabia tambm, que prestava, principalmente mocidade e s crianas, os maiores e mais relevantes servios.

    Portanto, Sr. Presidente, sinto-se satisfeito e honrado com as interferncias dos nobres Colegas, porque, deram, como disse, maior realce e maior sentido s minhas palavras, para que todos ns e para os que tiverem notcia dessa plida orao minha fiquem melhor conhecendo o grande brasileiro desaparecido, e cujo nome precisa ser sempre lembrado para que outros sigam o seu exemplo.

  • 27 (Retomando a leitura.) Quando precisei organizar a Escola de Pesca

    Caboclo Bernardo, cuja construo fra iniciada no Governo anterior, procurei Levi Miranda, alguns anos aps nosso encontro no Catete.

    Aceitou a nova incumbncia, foi ao nosso encontro vrias vzes em Vitria, e ps mos obra. Nessa poca, j o mal de Parkson se instalara em seu organismo e os primeiros sintomas eram percebidos mesmo pelos leigos. Ainda assim, sua atividade era extraordinria como que impulsionada por fra divina. Infelizmente, mais tarde, foi obrigado a abandonar, contrafeito, o que realizava no Esprito Santo, por circunstncias adversas sua vontade e que impediram prosseguisse.

    Passei alguns anos sem v-lo, mas acompanhava, distncia, sua obra em outras instituies, sentindo que elas declinavam como que acompanhando a sade daquele gigante benfeitor. Da ltima vez que o acaso me levou a Levi Miranda, tive uma grande emoo, vendo-o j deformado pela molstia, mal podendo andar e falar, mas, ainda assim, cuidando corajosamente, embora angustiado, das necessidades de suas obras, j um tanto desamparadas e que a inflao levara a dificuldades econmicas.

    pena que no disponha dos elementos necessrios para fazer um necrolgio altura do merecimento da alma e da grandeza de Levi Miranda, mais tive a honra de v-lo completado pelos apartes dos ilustres Senadores Ruy Carneiro e Antnio Balbino.

    Quis, porm, prestar-lhe, nesta Casa, esta singela homenagem pstuma, para deixar consignado, nos Anais, a lembrana de um homem, de uma personalidade que, sendo o prottipo da humildade e da modstia, faz com que sua vida se constitua em uma lio de grandeza d'alma, de fra de vontade de desprendimento, de amor ao prximo sem distines, de cor-

    reo, de dignidade. Seus exemplos so um evangelho para as geraes presente e futuras, que se disponham a prestar servios ao povo e ao Pas, sem alardes, sem pedir e sem esperar recompensas, apenas satisfeitos consigo mesmos. Foi Levi Miranda um dos grandes benfeitores da mocidade desamparada e desvalida. Morreu quase no anonimato, humildemente, como sempre quis viver.

    A sua Exm. Famlia a manifestao do nosso mais profundo pesar pelo seu desaparecimento e a certeza de que seu nome permanecer, neste Pas, sempre como a bondade feita homem. (Muito bem! O orador cumprimentado.)

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): Tive a honra de conhecer Levi Miranda e devo tambm, como os eminentes Colegas, Senadores Carlos Lindenberg, Ruy Carneiro e Antnio Balbino, dar testemunho das notveis qualidades de esprito e de corao que marcavam a personalidade dsse grande brasileiro.

    A modstia, a humildade que lhe eram caractersticas no o impediram, merc de uma benemrita obra de assistncia social infncia brasileira, de tornar-se um nobre exemplo, uma viva lio a ser apontada aos mestres de hoje.

    Comparecem mais os Srs. Senadores: Flvio Brito Milton Trindade Lobo da

    Silveira Clodomir Millet Arnon de Mello Eurico Rezende Vasconcelos Trres Aurlio Vianna Lino de Mattos.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): Sbre a mesa, requerimento que ser lido pelo Sr. 1-Secretrio.

    lido o seguinte:

    REQUERIMENTO N 55, DE 1969

    Nos trmos do art. 212, letra y, do

    Regimento Interno, requeiro transcrio nos Anais do Senado da inclusa entrevista

  • 28 do Senador Filinto Mller ao Jornal do Brasil de 16 de novembro corrente.

    Sala das Sesses, em 17 de novembro de 1969. Mem de S Victorin