14
DAMÁRIO DACRUZ, BIOGRAFADO A “TODO RISCO” – HISTÓRIA DO POETA E FOTÓGRAFO QUE CONTRIBUI SÓCIO- CULTURALMENTE PARA A CIDADE DE CACHOEIRA Elton Vitor Coutinho 1 Resumo Essa pesquisa faz parte do projeto A construção social do corpo no Recôncavo Baiano. Tendo em vista o corpo como representação e identidade, propõe-se aqui um resumo sobre a vida e a obra do poeta e fotógrafo Damário Dacruz. Essa pesquisa é baseada na importância que ele trouxe para as cidades do interior da Bahia e levou essa importância para fora do Brasil. A pesquisa tem um caráter teórico e prático, uma vez que o resultado desta foi a produção de um livro-reportagem do artista aqui apresentado, como Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Desta forma, o aporte metodológico utilizado veio, principalmente, dos estudos sobre biografia. Palavras-chave: Damário Dacruz – biografia – corpo Introdução O livro-reportagem tem uma importância significativa na contemporaneidade, pois ele não se limita aos padrões tradicionais do jornalismo cotidiano e tenta reproduzir a realidade da forma mais completa possível. Sendo assim, estende a leitura do real, dando ao leitor outras maneiras de interpretar a realidade. Para a construção da grande reportagem, existem algumas etapas que justificam o livro- reportagem enquanto meio ideal para ser trabalhado aqui. As etapas são: pauta, captação, redação e edição. Falando detalhadamente apenas dos dois primeiros, a pauta, no livro- reportagem, aparece de forma mais ampla, pois, entre outras coisas, não se limita a periodicidade. Dentro da pauta, existem tipos de liberdade que restringem ainda menos a maneira de como se trabalhar os temas – liberdade de angulação, temática, de fontes, temporal, do eixo de abordagem e liberdade de propósito. A segunda etapa, captação, é 1 Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), pesquisador do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Arte e Patrimônio e bolsista PIBIC, vinculado à Fapesb, orientado pelo prof. Ms. Danillo Barata. Email: [email protected] . Cel: (71) 9253-9118

Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

DAMÁRIO DACRUZ, BIOGRAFADO A “TODO RISCO” – HISTÓRIA DO POETA E FOTÓGRAFO QUE CONTRIBUI SÓCIO-

CULTURALMENTE PARA A CIDADE DE CACHOEIRA

Elton Vitor Coutinho1

Resumo

Essa pesquisa faz parte do projeto A construção social do corpo no Recôncavo

Baiano. Tendo em vista o corpo como representação e identidade, propõe-se aqui um resumo

sobre a vida e a obra do poeta e fotógrafo Damário Dacruz. Essa pesquisa é baseada na

importância que ele trouxe para as cidades do interior da Bahia e levou essa importância para

fora do Brasil. A pesquisa tem um caráter teórico e prático, uma vez que o resultado desta foi

a produção de um livro-reportagem do artista aqui apresentado, como Trabalho de Conclusão

de Curso em Jornalismo. Desta forma, o aporte metodológico utilizado veio, principalmente,

dos estudos sobre biografia.

Palavras-chave: Damário Dacruz – biografia – corpo Introdução

O livro-reportagem tem uma importância significativa na contemporaneidade, pois ele não

se limita aos padrões tradicionais do jornalismo cotidiano e tenta reproduzir a realidade da

forma mais completa possível. Sendo assim, estende a leitura do real, dando ao leitor outras

maneiras de interpretar a realidade.

Para a construção da grande reportagem, existem algumas etapas que justificam o livro-

reportagem enquanto meio ideal para ser trabalhado aqui. As etapas são: pauta, captação,

redação e edição. Falando detalhadamente apenas dos dois primeiros, a pauta, no livro-

reportagem, aparece de forma mais ampla, pois, entre outras coisas, não se limita a

periodicidade. Dentro da pauta, existem tipos de liberdade que restringem ainda menos a

maneira de como se trabalhar os temas – liberdade de angulação, temática, de fontes,

temporal, do eixo de abordagem e liberdade de propósito. A segunda etapa, captação, é

1 Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), pesquisador do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Arte e Patrimônio e bolsista PIBIC, vinculado à Fapesb, orientado pelo prof. Ms. Danillo Barata. Email: [email protected]. Cel: (71) 9253-9118

Page 2: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

realizada de forma mais rica e precisa, através da interação nas entrevistas. Além destas, outro

método de captação interessante, oriundo das ciências sociais, é a observação participante.

Dentro dos formatos e gêneros traçados no livro-reportagem, a biografia é que ocupa um

espaço sólido no Brasil, sendo considerada como uma narrativa que tem por função contar a

história de vida de uma pessoa.

Existe grande demanda no Brasil e no mundo em escrever biografias. Um dos motivos

talvez seja o interesse do leitor em querer saber sobre a vida real e humana de determinado

biografado, de se identificar com aquela história narrada ou até contrapor-se às suas idéias.

Acredita-se também que as pessoas se interessam por biografias, pelo fato delas projetarem

outra vida, outra história, outro contexto e novos destinos, levando o leitor numa viagem que

tem volta e essa volta, muitas vezes, está mais próxima da sua realidade do que o próprio

leitor imagina.

Por isso, escrever um livro-reportagem sobre a biografia de Damário Dacruz – o primeiro

que contará sua trajetória –, vai além do traçar seu perfil, sua história e o seu olhar futurista

sobre o Recôncavo Baiano, é dar destaque a um homem que contribui(u) sócio-culturalmente

para Cachoeira e cidades vizinhas e aproximar o cidadão baiano ao poeta e fotógrafo aqui

retratado.

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, pós-graduado em

Comunicação e Mercado pela Universidade Salvador e Especialista em Marketing pela Escola

Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, Damário Dacruz nasceu no bairro de

Santo Antônio Além do Carmo, Salvador-Bahia, em 27 de junho de 1953. Aos cinco anos de

idade, já se interessava por manifestações artísticas, ingressando, desde cedo, no teatro. Foi

poeta e fotógrafo. Suas fotografias, na maioria das vezes, expressam intimamente o que ele

foi e o que sentiu. Ora um sonhador à procura de expressões artísticas, ora um enamorado de

Cachoeira, cidade que lhe concedeu, por unanimidade, em 2005, o título de cidadão

cachoeirano.

“Nunca sabemos quando viramos poeta. Sei apenas quando comecei a escrever poemas”.

Foi assim que Damário Dacruz descreveu o seu marco como fazedor de arte. Entende-se

Damário como uma personalidade cachoeirana, como uma pessoa que chegou à cidade logo

após a enchente de 19892 e como um contribuidor social e artístico em nome da sua casa de

2 Enchente que ocorreu em 24 de dezembro de 1989, inundando as cidades de Cachoeira e São Félix. O ocorrido deixou cerca de oito mil habitantes desabrigados, além de afetar a economia que, na época, era sustentada basicamente pelo turismo e pelo comércio. (Fonte: jornal A Tarde de 26 de dezembro de 1989)

Page 3: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

cultura, Pouso da Palavra3. “Aprendi com Jorge Amado que ninguém vence sozinho. Por isso,

o Pouso da Palavra não se chama Atelier de Damário Dacruz. Quero o Pouso com as mais

diversas linguagens da arte e com artistas trocando idéias e contribuindo mutuamente na

produção de uma arte inovadora e de qualidade”, relatou em entrevista.

No início da década de noventa, muitas pessoas não acreditavam na recuperação da

cidade. A família de Damário, inclusive, achou na época, que a “loucura” dele tinha

ultrapassado os limites, quando o poeta resolveu apostar na cidade. Enquanto muitos

investiam na Linha Verde, Porto Seguro e Lençóis, por exemplo, a opção de Dacruz foi

definitiva: comprar um sobrado na cidade em setembro de 1991 e criar o Pouso da Palavra.

Ele comentava que há mais de 15 anos dizia aos jovens estudantes ou a quem visita o

Pouso, que Cachoeira não é mais uma cidade do passado. Afirmava que ela é uma cidade do

futuro e a nossa responsabilidade é enorme nas questões sobre a Cultura e sobre o

Ecossistema. “Quanto mais preservarmos Cachoeira da forma que ela é mais moderna ela

será”, comentou Dacruz.

GLOBALIZACÃO

Quanto mais sonho com Cachoeira,

mais amanheço em Nova York.

“Globalizacão” é um pequeno poema que demonstra a revolta de Damário Dacruz em

relação à rapidez das informações e às mudanças bruscas que ocorrem na cidade. Foi escrito

em 1999 e exibido pela primeira vez em exposição na Fundação Hansen Bahia. Hoje percorre

o mundo em camisetas mostrando o grande dilema do homem moderno sob os efeitos da

globalização. “Afinal, onde estamos com tanta informação que nos chega com extraordinária

rapidez? Sabemos hoje mais rapidamente quantos iraquianos morreram em Bagdá do que

aconteceu ontem em Cachoeira”, desabafou.

3 Em 21 de setembro de 1991, Damário Dacruz comprou um sobrado em ruínas, em Cachoeira, e transformou seu amor pela cidade e pela poesia no Pouso da Palavra (espaço de arte, cultura e comunicação), inaugurado em 22 de junho de 2000 com o intuito de abrigar variadas linguagens artísticas. Integra o Pouso da Palavra, a produção poética e fotográfica de Damário Dacruz, com a produção de outros artistas prioritariamente do Recôncavo da Bahia, cidades vizinhas e da capital baiana. O espaço agrega também galeria de arte, acervo da poesia baiana contemporânea, café literário e o atelier de criação do idealizador Dacruz. Logo após dois anos de sua inauguração, o Pouso recebeu mais de quarenta mil visitantes e até hoje recebe um número significativo de pessoas.

Page 4: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

Tendo em vista sua paixão por Cachoeira, além de sua influência social e cultural,

Damário contribuiu para a cidade quando reacendeu a poesia no recôncavo e registrou, com

seu olhar fotográfico, corpos que, de certa forma, reafirmam a identidade de Cachoeira.

O biografado passou por uma fase sensível da sua vida porque esteve com câncer no

pulmão e, por isso, mereceu grande atenção por parte do biógrafo. É válido ressaltar que

existiu uma preocupação em se distanciar criticamente do objeto de estudo e o assumir uma

responsabilidade ética do biógrafo frente ao biografado. Pois, segundo Edvaldo Pereira Lima

(2009), o autor jamais deve perder de vista que por toda a amizade que possa ter com o

biografado, a relação com ele está ancorada numa relação de autor-personagem.

Segundo Sérgio Vilas Boas (2002), é comum que os biógrafos prefiram biografar um

indivíduo que ao menos mereça seu respeito e estimule sua capacidade individual de

investigação e é esse um dos motivos que levou o realizador desse artigo a pesquisar sobre

Damário DaCruz, um homem comum (não celebridade mercadológica), mas com grande

prestígio social e cultural.

Livro-reportagem, Biografia e o Novo Jornalismo

O jornalismo contemporâneo, como parte integrada da comunicação, tem por finalidade

primeira reproduzir o concreto, numa tentativa de informar ao público, em diversas

angulações da realidade social, sobre o que acontece no mundo. É a velha função de informar,

explicar e orientar. Para reproduzir os fatos considerados atuais, o jornalismo se utiliza da

notícia e, quando se quer aprofundar determinados temas, utiliza o instrumento da

reportagem, a fim de ampliar os acontecimentos, apresentando várias perspectivas, em várias

dimensões.

Foi em 1920 que a reportagem começou a se inserir em definitivo no jornalismo. Nessa

mesma época, começou a ganhar espaço em periódicos de comunicação com o viés

interpretativo. Para Edvaldo Pereira Lima (2009), a reportagem pode ser definida basicamente

como um veículo de comunicação impressa não-periódico que apresenta reportagens em grau

mais amplo em relação ao tratamento tradicional nos meios de comunicação jornalística.

E é partindo do gancho da reportagem que se chega ao livro-reportagem. Este, por si só, já

é interdisciplinar por agregar técnicas e conceitos oriundos de outras áreas de conhecimento

como a história e a literatura, por exemplo, e também, segundo Lima (2009), um subsistema

híbrido do jornalismo e da editoração. O livro-reportagem serve para ampliar o papel do

Page 5: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

jornalismo contemporâneo-tradicional, buscando novas dimensões para o contexto da

realidade como um todo. Além disso,

Universalidade, em jornalismo, significa variedade tanto no plano da abordagem de diferentes

temas quanto da multiplicidade de aspectos que se aborda de um mesmo tema. (...) Portanto, um

livro-reportagem isolado é dotado de universalidade, por sua vez, porque necessariamente capta e

traduz várias facetas do objeto abordado. (LIMA, 2009, p. 49)

Mesmo no século XIX, na Europa, o livro-reportagem, como subgênero da literatura, já

ter força, foi no século XX, principalmente nas décadas de 20, 30, 50, 60 e 80 que muitas

coisas aconteceram e se ajustaram tanto no Brasil quanto no mundo. O marco se dá no final

da Segunda Guerra Mundial, com a publicação do livro Hiroshima, de John Hersey. Já no

Brasil, dois profissionais da imprensa marcam essa época: Euclides da Cunha e João do Rio.

Depois deles, a revista O Cruzeiro, a Realidade e o Jornal da Tarde, seguiram com o

jornalismo literário.

O livro-reportagem não só complementa a imprensa cotidiana, por abordar profundamente

temas pouco trabalhados nela, como foge também de alguns preceitos do jornalismo

convencional. Um deles é a atualidade. O jornalismo tradicional, por ser factual, só está

interessado pelo o que acaba de acontecer. Seu tempo presente é efêmero e não-duradouro. Já

o livro-reportagem se preocupa com a contemporaneidade, não do aqui agora, e sim com uma

contemporaneidade mais extensa.

Mesmo se valendo de muitas características da literatura, o livro-reportagem, por não ser

ficcional e por fazer parte do jornalismo, apresenta três características fundamentais deste: o

conteúdo, o tratamento e a função. Em termos do primeiro, o livro-reportagem se preocupa

com a veracidade e a verossimilhança dos fatos. É o real que está em pauta. Em relação ao

tratamento, compreende a clareza e aceitação do leitor, atingindo, através da linguagem

concisa, da montagem e da edição do livro, a comunicação. E, por fim, a função, que oferece

informações relevantes da contemporaneidade.

Nos casos mais bem-sucedidos, o livro-reportagem apresenta tanto um aprofundamento extensivo

quanto intensivo da realidade. Na abordagem extensiva, o número e a qualidade dos detalhes

enriquece a narrativa, conduzindo-a para um grau de informação superior aos dos veículos

cotidianos. Na intensiva, a verticalização dinamiza a compreensão do tema focalizado pela

reportagem, inserindo-o precisamente no contexto contemporâneo. (LIMA, 1951, p. 29)

Page 6: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

A grande reportagem em livro evoluiu bastante com o new journalism. Segundo Tom

Wolf (2005), a literatura mais importante escrita hoje na América é de não-ficção. Essas

reportagens especiais eram conhecidas como as matérias que fugiam do padrão tradicional do

jornalismo e da notícia pura e simples e, por isso, foi rotulada de novo jornalismo.

Começou-se a falar em novo jornalismo na década de 60, mais precisamente final de

1966, e nunca foi considerado um movimento como outros que tinham na frente a palavra

“novo”. Essa década foi marcada, nos Estados Unidos, por uma grande efervescência cultural,

de transformações sociais e comportamentais, embebidas pela contra-cultura. Entretanto,

alguns autores acreditam que o Novo Jornalismo não é tão novo assim. Muitos explicam que

esse tipo de narrativa, com fonte inspiradora no realismo social, já era usado por autores como

Honoré de Balzac, Charles Dickens e Daniel Dafoe, desde século XVII. Eles, já nessa época,

usavam os recursos técnicos do ponto de vista, o registro fiel da realidade e a construção cena

a cena.

Mas foi Truman Capote, ao lançar A sangue frio, que denomina seu trabalho como

romance de não-ficção. Vários desses trabalhos que tinham como viés recursos técnicos da

literatura ficcional, principalmente o uso do fluxo de consciência, foram combatidos tanto

pela comunidade literária quanto jornalística. Porém,

O que me interessava não era simplesmente a descoberta da possibilidade de escrever não-ficção

apurada com técnicas em geral associadas ao romance e ao conto. Era isso – e mais. Era a

descoberta de que é possível na não-ficção, no jornalismo, usar qualquer recurso literário, dos

dialogismos tradicionais do ensaio ao fluxo de consciência, e usar muitos tipos diferentes ao

mesmo tempo, ou dentro de um espaço relativamente curto... para excitar tanto intelectual como

emocionalmente o leitor. (WOLF, 2005, p. 28)

Existem vários métodos de captação (histórias de vida, documentação, visão

multidimensional), mas se pretende, aqui, enfatizar apenas uma: a observação participante.

Esse método teve seu auge nos Estados Unidos, na década de 60, também com o new

journalism. Muitas coisas estão passando por transformação nessa época e o modo de

captação do real não podia ficar de fora. Segundo Lima (2009) não há como retratar a

realidade senão com cor, vivacidade e presença. “Isto é, com mergulho e envolvimento total

nos próprios acontecimentos e situações, os jornalistas tentando viver, na pele, as

circunstâncias e o clima inerente ao ambiente de seus personagens.” (LIMA, 2009, p. 122-

123).

Page 7: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

Ao escrever uma reportagem, o autor do livro começa um jogo tácito com o leitor. O autor

tem um papel interessante de atrair o leitor, a fim de que este leia toda a obra numa mescla

entre o mundo emocional e o real. A linguagem deve ser convidativa. A fruição pelo texto

tem essa finalidade ao gratificar o leitor, conduzindo-o a narrativa. “Leva o leitor a uma nova

desordem e permite que ele próprio constitua um reordenamento possível, para o qual o

próprio texto oferece sua contribuição.” (LIMA, 2009, p. 139) E mais,

(...) tocar o leitor, sensibilizá-lo, estimulá-lo, movê-lo para que a comunicação se dê. Todo

processo de comunicação causa um efeito no receptor, mas esse efeito só é eficaz, do ponto de

vista do emissor, se antes há o contato comum, o elo de ligação que se transforma no portal

conhecido pelo qual o leitor avança para o universo desconhecido que a obra propõe. Por

associações de idéias, memórias, identificações e projeções – nos níveis intelectual, emocional –, o

leitor pode sentir-se algo familiarizado com o mundo contido no livro, inclinado a penetrá-lo.

(LIMA, 2009, p. 143)

O autor ainda propõe uma classificação para configurar os mais variados tipos de livro-

reportagem existentes, sem esgotar outras possíveis modalidades. São: livro-reportagem-

perfil, livro-reportagem-depoimento, livro-reportagem-retrato, livro-reportagem-ciência,

livro-reportagem-ambiente, livro-reportagem-história, livro-reportagem-nova consciência,

livro-reportagem-instantâneo, livro-reportagem-atualidade, livro-reportagem antologia, livro-

reportagem-denúncia, livro-reportagem-ensaio e livro-reportagem-viagem.

Além disso, Lima também propõe ao jornalismo literário o alicerce da

transdiciplinaridade: “Minha proposta nessa direção é o jornalismo literário avançado, que

integra, uma síntese, contribuição de distintos campos de conhecimento, alavancando um

novo conjunto de paradigmas para a compreensão do real.” (LIMA, 2009, p. 438)

Após perpassar pelo mérito da reportagem e do livro-reportagem, reservam-se aqui alguns

parágrafos para retratar o que mais interessa ao realizador desse artigo, a biografia, também

um gênero literário de não ficção, em componente híbrido, tratando-se de um trabalho duro,

pessoal e subjetivo. O objetivo maior da biografia é justamente gerar conhecimento sobre o

passado de alguma pessoa. “A verdade e a ficção tecem o realismo da biografia, e as formas

de subjetividade contemporânea entrelaçadas na vida do biografado compõem um jogo de

intervenções entre vários campos do saber: história, semiótica, filosofia, literatura, jornalismo

e psicologia” (VILAS BOAS, 2002, p. 38).

Até metade do século XVIII quase não existia biografias em que o centro fosse apenas

uma pessoa. Ao contrário, eram grupos de pessoas que estavam em destaque, principalmente

Page 8: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

nobres, reis, pintores e até poetas. Isso era viável, pois o objetivo, na época, era traçar o perfil

de alguém pela glória de Deus. Escritores como Samuel Johnson e James Boswell foram

considerados os precursores da biografia moderna. Antes, a relação dos heróis biografados se

limitava aos pais e amigos, e seu passado, sua infância, muitas vezes, não era reflexo do

caráter de transição do indivíduo. Hoje já acrescenta a estes, família de um modo geral,

parentes e, até mesmo, inimigos.

A historiografia está inserida na biografia de forma determinadora, uma vez que ela

“contempla pesquisa, interpretação e recursos normativos” (VILAS BOAS, 2002, p. 19).

Além disso, pelo fato de um dos objetivos da biografia ser gerar conhecimento sobre o

passado de alguém, a história é uma das fontes indispensáveis. Ao gerar esse conhecimento

sobre o passado, algo começou a ser questionado pelos críticos literários: quais os direitos e

até que ponto deveria revelar a vida privada de uma pessoa?

As biografias são classificadas em: biografias autorizadas, independentes, encomendadas

e ditadas. Aqui merece destaque apenas a primeira, em que são escritas e publicadas com a

autorização do biografado e dos entrevistados que ajudarão a compor o livro-reportagem.

Alguns críticos enfatizam a importância das biografias independentes (as que são escritas sem

o consentimento do biografado) por considerar que o acesso às informações autorizadas pode

prejudicar a boa biografia quando, por exemplo, o biografado se sente no direito de suprimir

trechos ou capítulos do livro. Entretanto, “insistir em narrar uma biografia independente pode

significar não acessar arquivos importantes.” (VILAS BOAS, 2002, p. 49)

Ainda segundo Vilas Boas (2002), os biógrafos, por também serem autores, estão

livres para escolher quem biografar. Entretanto, a maneira de como seguir na captação, na

interpretação e na narração está sujeito a fatores que muitas vezes independem dele (do

biografado). Por isso, o biógrafo tem de negociar com parentes, familiares, entre outras

fontes. Daí a importância de se fazer uma biografia autorizada, pois, independente do contrato

biográfico, não se pode esperar total independência. “Condição inevitável do trabalho

biográfico é revolver a intimidade da personalidade. Portanto, o contrato autoral não é (ou não

deveria ser) questão de fé ou malícia, mas de vigor interpretativo.” (VILAS BOAS, 2002, p.

49)

É notória como a biografia influencia o comportamento humano tanto do biografado

quanto do biógrafo e, principalmente, do leitor. E quanto mais o biografado for uma

“celebridade”, mais os leitores se interessam por sua vida, mesmo não se identificando com

ela. Entretanto, é válido ressaltar que essa preferência por personalidades em destaque,

principalmente do ponto de vista do autor, está cada vez mais diminuindo. Os homens vistos

Page 9: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

como comuns estão entrando nesse cenário e ganhando destaque para serem biografados, que

é o que acontece(u) com Damário Dacruz.

Damário Dacruz, o poeta da fotografia

Leonino, filho de Oxossi e gêmeo de Damari, Damário Matos Dacruz ou “Dam”, para os

íntimos, foi pai de Damini e Dimitri Dacruz. Fez parte da entidade Hora da Criança, dirigida

pelo arte-educador Adroaldo Ribeiro Costa. Com 21, iniciou suas viagens ao exterior, quando

conviveu com guerrilheiros latino-americanos pela Bolívia e Peru.

Mas foi com 15 anos que surgiram os seus primeiros versos escritos. Ainda na sala de

aula do ginásio, quando todos discutiam matemática, “algo em mim e além de mim me fez

rebelde e parei de escutar a professora para obedecer apenas o meu desejo em criar”. Aqueles

seus primeiros versos o deixaram mais feliz do que um dez no boletim. “A poesia me fez ir

para as ruas colecionar ventos perigosos”, informou.

Filho e neto de comerciantes e caixeiro do armazém-empório Sulamericano aos nove

anos, Dacruz falava de seu pai com certa tristeza na voz. Daniel Dacruz, já falecido, marcou a

vida do poeta em dois momentos. O primeiro quando ele ainda tinha 17 anos, em que viu um

“pai de família” ser demitido por seu pai. O segundo, quando seu pai o expulsou de casa por

“Dam” ter escolhido fazer Jornalismo e não Engenharia. Mas nada disso fez com que ele

deixasse de escrever os seus versos.

TODO RISCO

A possibilidade de arriscar

é que nos faz homens. Vôo perfeito

no espaço que criamos.

Ninguém decide sobre os passos que evitamos.

Certeza de que não somos pássaros

e que voamos. Tristeza

de que não vamos por medo dos caminhos.

Page 10: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

Durante sua carreira, Damário escreveu vários poemas, mas, sem dúvida, Todo risco é o

poema mais conhecido dele. As quatro primeiras edições do livro venderam tanto nas livrarias

de Salvador que foram suficientes para comprar o Sobrado. Já foi traduzido para várias

línguas e foi também tema de vestibular da Universidade do Rio de Janeiro na década de 90.

O texto circula em várias páginas na internet através de sites, blogs e artigos. Em setembro de

2008, o poema Todo Risco foi tema central do Congresso de Educadores da Universidade

Federal da Bahia.

Segundo Dacruz, as fotografias, em comparação às suas poesias, apesar de

complementares, são mais racionais. Ela começou, na observação do fotógrafo, quando do seu

desejo, ainda na adolescência, em ter uma câmera daquela exposta nas vitrines de Salvador.

Mas sabia que seus pais jamais dariam um presente. Daí, ele teve que aguardar a maioridade,

ter o seu primeiro emprego e, nas primeiras férias, comprar a sua primeira câmera. Uma

Yachica, lente fixa de cristal azulada, 35mm, 1.4. E foi com ela que viajou para Bolívia tirar

suas primeiras fotos. E diante a tanta exuberância boliviana, exuberância de paisagens,

Damário começou a fotografar pessoas. E foi ali, naquele momento, que ele entendeu que

seria muito mais um fotógrafo de gente do que de paisagem.

Dacruz, criador da linguagem Fotopoema, em Brasília, em 1981, já publicou três livros.

Vela Branca, em 1973; Todo Risco, o ofício da Paixão, de 1993, e Segredo das Pipas, em

2003. Além disso, foi o idealizador e coordenador-geral do Espaço de Arte, Cultura e

Comunicação – Pouso da Palavra –, localizado em Cachoeira. Lá ele realizava atividades de

divulgação das diversas linguagens artísticas da região, provocando a criatividade e

ampliando o acesso da população.

Qual a importância de Damário Dacruz para Cachoeira e sua interferência na vida social e

cultural da cidade? Essa é uma pergunta muito simples de responder. Primeiro Damário

Dacruz contribuiu socialmente e culturalmente para a cidade de Cachoeira com a criação da

casa de cultura Pouso da Palavra como já foi relatado. Além disso, através de sua obra –

poesia e fotografia – ele mostrou Cachoeira para o Brasil e para o mundo e incentivou e

divulgou artistas do Recôncavo Baiano.

“Sou soterocachoeirano, apesar de ter trocado o mar pelo rio. Considero o mar exagerado,

incerto. Já o rio, tenho a certeza de que ele sempre seguirá para frente.” Ao chegar à cidade,

Damário despertou curiosidade em muitos moradores. “Quando me estabeleci de forma mais

concreta, em Cachoeira, alguns pensaram que eu tinha vindo para fazer política partidária, que

a minha intenção era ser vereador ou prefeito”. Mas a cidade já era uma das suas paixões

Page 11: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

desde os quinze anos de idade “e eu tinha certeza de que um dia ela retomaria a sua trilha de

brilho”, concluiu Damário.

Descrição dos procedimentos utilizados

O objetivo central dessa biografia foi verificar a importância e a interferência sócio-

cultural que o poeta e fotógrafo Damário Dacruz teve em Cachoeira assim que se instalou na

cidade – dois anos após a enchente de 1989 –, tendo como foco principal suas poesias. Além

disso, contou resumidamente a história de vida do artista baiano através de fontes orais

(secundárias) tanto do biografado quanto de parentes, amigos e familiares e através de fontes

primárias (gravadas e impressas). Na biografia, pontos da sua vida enquanto jornalista,

fotógrafo e agitador cultural também foram narrados. Contextualizou-se sua história no tempo

e no espaço e analisou-se o incentivo de produção e divulgação que Dacruz deu a alguns

artistas do Recôncavo Baiano, que até então não tinham visibilidade no mercado artístico-

cultural da região. Reproduziram-se algumas de suas poesias que têm como tema central

Cachoeira. Da mesma forma, mostrou a visibilidade que Damário Dacruz deu à cidade

quando levou, para vários países da Europa e América Latina, suas poesias e fotografias.

O cronograma de atividades se iniciou basicamente em dezembro de 2009. Nesse período,

foram coletados os dados oriundos de revistas e jornais impressos, além de blogs. No mês

seguinte, procedeu-se a leitura dos arquivos. Logo em seguida, análise dos dados e a pré-

listagem das possíveis fontes entrevistadas. Em fevereiro, confeccionou-se a pauta, a lista

definitiva dos entrevistados e iniciaram-se as entrevistas. No início de março, as entrevistas

ainda estavam sendo finalizadas e a redação do livro sendo principiada. Abril e início de maio

foram os meses integrais para escrever todo o livro. Final de maio, correção e revisão da

biografia. Junho, revisão final, entrega do produto para o pacote gráfico e posterior impressão.

O modelo de análise central utilizado para as entrevistas (realizadas em Cachoeira, São

Félix e Salvador), após a captação do áudio em formato mp3, foi a transcrição na íntegra. Em

seguida, a edição e exame do que deveria colaborar ou não para a escrita da biografia.

Colaboraram, assim, as entrevistas que realmente tiverem ligação com os objetivos do

produto, além do que julgou ser interessante para compor a vida (poética) e obra do

biografado. Apesar da existência desse método, isso não implicou na inflexibilidade do

realizador-entrevistador em relação ao uso de outras técnicas. Algumas entrevistas, por

exemplo, foram feitas via email, por conta da distância física e impossibilidades de alguns

entrevistados. Outro fato foi a recusa de uma fonte a falar diante do gravador eletrônico.

Nesse caso, utilizei apenas um bloco de notas.

Page 12: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

As entrevistas significam justamente “ter de lhe dar com lembranças/recordação (por via

oral ou escrita) de amigos, familiares e conhecidos que conviveram direta ou indiretamente

com o biografado.” (VILAS BOAS, 2002, p. 60). Portanto, deve-se privar pela oralidade da

entrevista aberta embebida de observação e diálogo. Cremilda Medina, por exemplo, sugere o

que chama de “entrevista aberta”, onde quem toma a centralidade da entrevista é o próprio

entrevistado, fazendo com que o diálogo flua mais facilmente.

O entrevistado principal foi Damário Dacruz. A partir das entrevistas com o ele, foram

escolhidas, das cinqüenta fontes consultadas, trinta e duas para relatar fatos delimitados da

sua vida. Entretanto, dessas trinta e duas fontes, apenas dezenove foram realmente

entrevistadas por questões de logística e, em especial, de recusa. Foram suas histórias, seus

relatos da infância, juventude e fase adulta, suas lutas em movimentos sociais, sua chegada à

Cachoeira, a criação do Pouso da Palavra, suas profissões, suas fotografias e o ofício de ser

poeta, em excelência, que restringiram a escolha das fontes e delimitaram o contexto em que

as entrevistas foram fundamentadas.

Os entrevistados secundários foram: os seus dois filhos biológicos, escolhidos para falar

do Damário Dacruz enquanto pai. Sua ex-esposa, mãe dos seus filhos, para registrar

momentos da vida conjugal, assim como o Damário na sua fase de mudança (juventude à fase

adulta). Seu irmão caçula para cruzar relatos da infância de Damário. Da mesma forma, o

melhor amigo do poeta, quando criança, que também o acompanhou na adolescência. Uma

amiga da época da faculdade e dois outros da fase adulta. Foram entrevistados também, dois

poetas que falaram sobre sua relação com Damário, dando ênfase em suas poesias. A

funcionária da sua casa de cultura Pouso da Palavra. Dois artistas do Recôncavo Baiano que

tiveram suas obras expostas no Pouso e que são gratos a Damário pela visibilidade que este

deu às obras e, consequentemente, a eles. A atual Assessora de Comunicação da Hemoba

(substituta do cargo de Damário) e o diretor da Fundação. O sócio do “Empório dos Sentidos”

(segunda casa de cultura do poeta) e o dono do “Café com Arte Sebo Ana Néri” (casa de

cultura incentivada por ele), também foram entrevistados. Além da última namorada do poeta

e o médico oncologista que o acompanhou na fase da doença.

Para isso, ainda foi utilizado o método dedutivo, no qual partiu das teorias e técnicas

acerca do produto (livro-reportagem – biografia), além de registros iconográficos e pesquisas

em sites e periódicos sobre o biografado.

As técnicas para a coleta de dados e confecção do livro-reportagem consistiram,

previamente, na elaboração da pauta, nas entrevistas jornalísticas, na observação participante

e na documentação.

Page 13: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

A pauta foi a definição de rumos do entrevistador/realizador, mas não algo fechado e

inalterado. A partir dela, puderam ser descobertos novos ângulos de análise. Foi realizado

também um bom planejamento de abordagem, a partir da pauta, para que houvesse a coleta de

informações através de livros, revistas, gravações, entrevistas, etc, dando “voz” a várias

fontes.

As entrevistas jornalísticas, em perfil humanizado, sob o método de compreensão do real,

pretenderam-se trazer uma interação humana entre o realizador e o entrevistado. Dessa

maneira, compreendeu, de forma ampla, o entrevistado em relação a sua vida,

comportamentos, conceitos e valores. Nas entrevistas, o realizador se serviu tanto como

ouvinte quanto interferiu na estrutura do relato.

Outro processo de captação de informações utilizado foi a observação participante e suas

técnicas. O autor da biografia morou com o biografado durante três meses em sua residência,

na cidade da Cachoeira, vivenciando precisamente o cotidiano de Damário Dacruz,

observando-o com riqueza de detalhes seus modos, seus gestos, suas falas, seus padrões de

comportamento, motivações, valores, causa e conseqüência das atitudes, hábitos, maneiras,

costumes, estilos de móveis, vestes, decoração, comida, o cuidar da casa e os outros detalhes

simbólicos que passaram a existir. Além disso, como sugere Cremilda Medina, a observação

participante, do ponto de vista do observador, é uma forte aliada às entrevistas, já que se

estabelece um maior grau de participação com o entrevistado, facilitando o diálogo e

reduzindo os estranhamentos.

Através dos mais diversos meios (impresso, digital, por exemplo), foi utilizado, ainda

como método de captação, a documentação, para coletar, examinar, classificar e usar os dados

sobre o biografado. O autor também teve acesso ao arquivo pessoal e artístico do poeta,

mediante acordo tácito, falado e escrito (Ver anexo). É válido ressaltar que, dentre o arquivo

pessoal do poeta, o que se sobressaiu foram matérias impressas de jornais e revistas. Sendo

assim, pelo fato dos jornais e revistas, por exemplo, construírem ou destruírem personalidades

e imagens houve uma atenção dobrada acerca do veículo.

A oralidade esteve no centro das entrevistas e foi um recurso para elaboração de dados

referentes à vida social do entrevistado. Prestou-se atenção ao valor da experiência em si e da

cronologia dos fatos julgados importantes.

Referências bibliográficas

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. São Paulo: Companhia das Letras, 6ª ed.,1998.

Page 14: Anais - SANTOS Elton Vitor Coutinho Da Silva Dos[1]

CAPOTE, Truman. A sangue frio. São Paulo: Companhia das letras, 2003.

LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. Rio de Janeiro: agir, 1969.

LIMA, Edvaldo Pereira. O que é livro-reportagem. Coleção Primeiros Passos. São

Paulo: editora Brasiliense, 1993.

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: o livro reportagem como extensão do

jornalismo e da literatura. São Paulo: Manole, 2004.

MEDINA, Cremilda. A arte de tecer o presente – narrativas do cotidiano. São Paulo:

Summus, 2003.

VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

1988.

VILAS BOAS, Sergio. Biografias & biógrafos – jornalismo sobre personagens. São

Paulo: Summus, 2002.

VILAS BOAS, Sérgio. Biografismo: reflexões sobre as escritas da vida. São Paulo:

Unesp, 2008.

VILAS BOAS, Sérgio. Perfis. São Paulo: Summus, 2003.

WOLF, Tom. Radical chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras,

2005.