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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Economia Bacharelado em Relações Internacionais Teoria das Relações Internacionais I Marinara Moreira Oliveira A CRISE DOS MISSEIS SOB O VIÉS DA ESCOLA INGLESA E REALISTA CLASSICO Trabalho apresentado à disciplina Teoria das Relações Internacionais sob a orientação da professora doutora Marrielle Maia Alves Ferreira, como requisito parcial de avaliação.

Analise Crise Dos Misseis Marinara Moreira

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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Economia

Bacharelado em Relações Internacionais

Teoria das Relações Internacionais I

Marinara Moreira Oliveira

A CRISE DOS MISSEIS SOB O VIÉS DA ESCOLA INGLESA E

REALISTA CLASSICO

Trabalho apresentado à disciplina

Teoria das Relações Internacionais sob

a orientação da professora doutora

Marrielle Maia Alves Ferreira,

como requisito parcial de avaliação.

Uberlândia, setembro de 2012.

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Caso Crise dos Mísseis em cuba 1962

Para iniciar a apresentação do caso, o então presidente dos EUA nesse

período era John F. Kennedy, o Primeiro Ministro da URSS era Nikita

Khrushchev e em Cuba o governo era liderado por Fidel Castro.

Breve Histórico

Os Estados Unidos, descontentes com a aproximação de Cuba com a

União Soviética, bem como com as reformas que Castro implanta na Ilha,

reduz as importações de açúcar cubano, o qual passa a ser comprado pela

URSS. Assim, Cuba aprofunda sua relação com a URSS e, durante muito

tempo, tem sua economia sustentada por meio de auxílios e vantajosos

acordos firmados com a União Soviética (SOUSA, 2009). Tal acontecimento

fez com que o governo americano, temesse o avanço do socialismo na

América. Para tanto, passou a patrocinar e treinar exilados cubanos para

invadir a Ilha e tirar Fidel Castro do poder. Então, em 1961, os exilados

cubanos invadiram a Ilha, desembarcando na Baía dos Porcos. Todavia, a

incursão fracassou, tendo sido debelada pelo regime de Castro (GANSER,

2002). Após o fracasso americano na Baía dos Porcos em 1961, Cuba e União

Soviética, firmam acordos militares. Em 1962, Khrushchev decide implantar

secretamente mísseis na ilha. Em outubro desse mesmo ano, fotografias da

CIA revelaram a existência de rampas de lançamento, capazes de receber

mísseis nucleares em fase de instalação na ilha de Fidel. Em 18 de outubro o

Presidente Kennedy toma conhecimento do transporte de mísseis em navios

soviéticos em direção a Cuba. Em 22 de outubro, Kennedy declara o bloqueio

naval à ilha. Em 26 desse mesmo mês, Khrushchev anuncia oficialmente a

Kennedy que retira os seus mísseis sob o controle da ONU, com a condição de

não invadirem cuba. O episodio acaba por se desvanecer em 28 de outubro de

1962 (Infopedia, 2002-2012).

Analise Realista Clássica

Tendo como base os fatos históricos, pode se observar, que o cenário

internacional é caracterizado pela anarquia, pois não existe uma entidade

superior aos Estados que possua monopólio legitimo do uso da força. Nesse

período de tensão, ocasionado durante a Guerra Fria, temos como atores no

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sistema internacional (arena na qual os atores interagem): os EUA liderando o

bloco capitalista, a URSS liderando o bloco socialista, este ultimo tendo Cuba

em sua zona de influencia. De acordo com Morgenthau, os países

ideologicamente distintos estariam regidos pelo mesmo interesse em obter ou

manter seu poder sobre os demais.

E nesse período a ordem que existia, era a de um mundo bipolar. Os

Estados são os únicos atores para essa corrente teórica, alem disso, esses

atores decidem racionalmente sobre a relação de custo beneficio, procurando

no mínimo de autopreservação maximizar seu poder.

Pode se perceber que inclusive a URSS, passa por cima dos interesses

cubanos durante as negociações, dado que as negociações se deram entre as

duas potencias, por meio de diplomacia secreta e bilateral sem a anuência da

ilha. Que consoa com o quarto principio de Morgenthau, quando este afirma

que não há regras morais universais aplicáveis a todas as situações; 

Que nos remete a equiparação que fazem os realistas, da natureza humana

preconizada por Hobbes à natureza dos estados, personificando – os, de tal

modo que estes se caracterizam como egoístas.

Nesse sentido, a preocupação central na agenda do Estado é sua

sobrevivência e segurança, buscando ambos os países maximizar o seu

poderio. No caso dos EUA, o seu objetivo era manter a sua autopreservação

enquanto que para a URSS era maximizar o seu poder. O que como pensado

por John Herz, os insere num “dilema de segurança”. Isto é aplicado à forma

como a URSS posicionou seus mísseis na ilha cubana, a fim de demonstrar

sua capacidade de poder. Dessa forma observamos que os Estados se movem

em direção ao poder, determinados objetivos de política externa, tanto por

parte dos EUA quanto por parte da URSS, foram montados e definidos em

termos de poder em consonância com o segundo principio de Morgenthau. O

qual afirma que todo e qualquer interesse dos atores internacionais deve ser

traduzido em sua pretensão de alcançar mais poder para si mesmo.

Ainda, é válido destacar que, de acordo com Carr, não havia uma

harmonia natural de interesses entre esses Estados, mas uma harmonia

criada, quando da resolução do conflito, objetivando ambos os Estados a

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manterem seu poder, pelo que, entendido o mesmo em termos relativos, nas

palavras de John F. Ken nedy, finda a questão, não havia tanto a comemorar,

posto que não só os EUA haviam ganho, mas o outro pólo também.

Visao da escola inglesa

Ao analisar este período sob o viés da escola inglesa, é possível

observar, que o cenário internacional é caracterizado pela anarquia. Hedley

Bull, autor da escola inglesa, afirma existir um sistema de estados (ou sistema

internacional) quando dois ou mais estados tem suficiente contato entre si, com

suficiente impacto recíproco nas suas decisões. A interação dos estados que

define um sistema internacional pode ter a forma de cooperação ou de conflito,

ou mesmo de neutralidade ou indiferença recíprocas com relação aos objetivos

de cada um. (BULL, 2002). No caso da Crise dos Mísseis, temos um exemplo

de um sistema internacional.

Já uma sociedade de estados (ou sociedade internacional) existe

quando um grupo de estados, conscientes de certos valores e interesses

comuns, forma uma sociedade, criando um conjunto de regras e instituições

comuns (BULL,2002). . E para essa corrente teórica os atores são os estados

e as Organizações Internacionais, durante este período em particular crise os

atores eram os EUA, a URSS, Cuba e a ONU..

O objetivo dos estados é atingir o equilíbrio de poder, e este dentro de

uma sociedade internacional é alcançado por meio de alianças, como a que

Cuba e URSS firmaram. O equilíbrio de poder é visto, pela escola inglesa, não

apenas como forma de garantir a preservação da própria sociedade

internacional e do sistema de estados, como também meio de buscar seus

interesses estatais.

O equilíbrio de poder é considerado instituição efetiva da sociedade

internacional, mas não o único mantenedor da ordem. O direito internacional, a

diplomacia, as grandes potências e a guerra também têm funções importantes

em relação à ordem, e elas também merecem destaque. Se a opinião da

maioria esmagadora ou da preponderância dos estados pode representar "a

vontade da comunidade internacional", isto parece abrir caminho para dar força

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à lei internacional da coexistência, assim como a outros ramos do direito

internacional (BULL, 2002). Interessando ao Direito Internacional que tem

como objetivo manter a paz mundial com normas que regulam direitos e

deveres entre todos os países, fizeram vários tratados que foram assinados

entre os dois lados para evitar se uma catástrofe mundial. E como resultado os

mísseis foram retirados sob a supervisão da ONU.

BIBLIOGRAFIA

GANSER, Daniele. “Há 40 anos, a crise dos mísseis”. Le Monde

Diplomatique, 2002. Disponível em:

<http://diplo.dreamhosters.com/2002-11,a488.html>. Acesso em 21/09/2012.

SOUSA, Rainer. “50 Anos de Revolução Cubana”, 2009. Disponível em:

<http://alexandrehistoria.blogspot.com.br/2009_03_01_archive.html> Acesso

em 21/09/12.

CARR, E. H. Vinte anos de crise: 1919-1939. Uma introdução ao estudo das

relações internacionais. Brasília: UNB, [s.d.].

MORGENTHAU, H. A Política entre as Nações. Brasília: UNB, [s.d.].

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.