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1 ANÁLISE DA DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Christian Daniel Kozuf Mestrando em Economia e Gestão Empresarial Universidade Cândido Mendes Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste Especialista em Logística Empresarial - Universidade Federal Fluminense Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental Universidade Veiga de Almeida Resumo Atualmente, muito se comenta sobre desenvolvimento sustentável e como o homem age de maneira degradante devido ao consumo desordenado de recursos não renováveis e seu potencial poluidor destruindo todo seu ecossistema. Assim, este artigo aproveita o âmbito da problemática e aborda a discussão sobre os resíduos sólidos, demonstrando o quão importante é sua adequada destinação final. O campo de ação para específica pesquisa foi o Estado do Rio de Janeiro, demonstrando a importância da Política Nacional de Resíduos Sólidos, realizando levantamentos analíticos e evidenciando dados peculiares em escala nacional e regional, observando falhas com relação à reciclagem e coleta seletiva. Concluindo considerável melhoria na disposição final dos resíduos por parte do Estado, porém com pontos necessários de maiores atenção. Palavras-chaves: Resíduos Sólidos, Aterros Sanitários, Reciclagem, Coleta Seletiva e PNRS. Abstratc Currently, much is said about sustainable development and how man acts in a degrading way because of the inordinate consumption of non-renewable resources and their potential polluter destroying its entire ecosystem. Thus, this article takes advantage of the scope of the problem and addresses the discussion of solid waste, demonstrating how important their proper disposal. The scope for specific research was the State of Rio de Janeiro, demonstrating the importance of the National Solid Waste Policy, carrying out analytical surveys and showing peculiar data on national and regional levels, noting failures with respect to recycling and selective collection. Completing considerable improvement in the final disposal of waste by the state, but with necessary points of greatest attention. Keywords: Solid Waste, Landfill, Recycling, Selective collection, PNRS. 1 - Introdução O enorme crescimento exponencial da população nas ultimas décadas progredindo de 118,5 milhões em 1980, aos atuais 202,2 milhões, e a evolução tecnológica, desencadeiam uma ampla eficiência na produção industrial. O cenário globalizado, no qual estamos inseridos atualmente, onde a sociedade é detentora de um grande poder consumidor, propiciam que os produtos tornem-se cada vez mais baratos e descartáveis. A relação humana na biosfera do planeta tem sofrido alterações e transformações, cuja conseqüência é sentida na geração de resíduos. Inicialmente, o lixo gerado era composto somente de excrementos, mas, posteriormente ao advento da atividade agrícola (Idade Média) e da produção

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ANÁLISE DA DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Christian Daniel Kozuf

Mestrando em Economia e Gestão Empresarial – Universidade Cândido Mendes

Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental – Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste

Especialista em Logística Empresarial - Universidade Federal Fluminense

Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental – Universidade Veiga de Almeida

Resumo

Atualmente, muito se comenta sobre desenvolvimento sustentável e como o homem

age de maneira degradante devido ao consumo desordenado de recursos não renováveis e

seu potencial poluidor destruindo todo seu ecossistema. Assim, este artigo aproveita o

âmbito da problemática e aborda a discussão sobre os resíduos sólidos, demonstrando o

quão importante é sua adequada destinação final. O campo de ação para específica

pesquisa foi o Estado do Rio de Janeiro, demonstrando a importância da Política

Nacional de Resíduos Sólidos, realizando levantamentos analíticos e evidenciando dados

peculiares em escala nacional e regional, observando falhas com relação à reciclagem e

coleta seletiva. Concluindo considerável melhoria na disposição final dos resíduos por

parte do Estado, porém com pontos necessários de maiores atenção.

Palavras-chaves: Resíduos Sólidos, Aterros Sanitários, Reciclagem, Coleta Seletiva e

PNRS.

Abstratc

Currently, much is said about sustainable development and how man acts in a degrading

way because of the inordinate consumption of non-renewable resources and their potential

polluter destroying its entire ecosystem. Thus, this article takes advantage of the scope of

the problem and addresses the discussion of solid waste, demonstrating how important

their proper disposal. The scope for specific research was the State of Rio de Janeiro,

demonstrating the importance of the National Solid Waste Policy, carrying out analytical

surveys and showing peculiar data on national and regional levels, noting failures with

respect to recycling and selective collection. Completing considerable improvement in the

final disposal of waste by the state, but with necessary points of greatest attention.

Keywords: Solid Waste, Landfill, Recycling, Selective collection, PNRS.

1 - Introdução

O enorme crescimento exponencial da população nas ultimas décadas progredindo

de 118,5 milhões em 1980, aos atuais 202,2 milhões, e a evolução tecnológica,

desencadeiam uma ampla eficiência na produção industrial. O cenário globalizado, no qual

estamos inseridos atualmente, onde a sociedade é detentora de um grande poder

consumidor, propiciam que os produtos tornem-se cada vez mais baratos e descartáveis.

A relação humana na biosfera do planeta tem sofrido alterações e

transformações, cuja conseqüência é sentida na geração de resíduos.

Inicialmente, o lixo gerado era composto somente de excrementos, mas,

posteriormente ao advento da atividade agrícola (Idade Média) e da produção

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de ferramentas e mercadorias industriais (Revolução Industrial), surgiram os

restos da produção e os próprios objetos, após sua utilização. Com o

crescimento populacional registrado no século XX e a forte industrialização,

trazendo muitas opções de consumo, os resíduos aumentaram de forma

exponencial, trazendo sérios problemas de ordem ambiental para a sociedade.

(MAGERA, 2005, p.25).

Em nossa sociedade capitalista, o sucesso é medido pela quantidade de produtos

que se pode adquirir. Muitos problemas ambientais, atualmente, são decorrentes do

impacto do consumo humano. Esse consumismo exagerado produz resíduos numa taxa

mais alta do que o ambiente consegue processar (BRINGHENTI, 2004).

Um exemplo de demora no processamento de absorção do meio ambiente para

alguns materiais é o plástico, que por ser um material industrializado e derivado do

petróleo, possui um tempo de decomposição de superior a 100 anos.

De acordo com Calderoni (2003, p49), o termo resíduo é praticamente como

sinônimo de lixo, que é todo material inútil, descartado em local público, é tudo aquilo que

se “joga fora”, é objeto ou substância considerada inútil, cuja existência no ambiente é

considerada nociva.

Um dos maiores problemas em municípios em áreas urbanas, como, por exemplo, o

Estado do Rio de Janeiro, é o lixo que por muitas vezes tem sua importância ignorada pela

população, sendo lembrado somente quando ocorre atraso na coleta do lixo,

proporcionando acúmulos e problemas. Entretanto o que gera grande preocupação é a

questão da inadequada disposição e despejos desses resíduos no meio ambiente, por serem

constituídos de matérias orgânicas e inorgânicas, muitas vezes esses materiais tornam-se

nocivos à saúde, acarretando problemas de saúde pública, sanitário e ambiental.

Segundo RENOU et al. (2008, p02), a gestão de resíduos sólidos constitui, hoje, um

dos principais problemas ambientais, econômicos e sociais em todo o mundo,

principalmente, porque o volume de resíduos está crescendo mais rápido do que a

população mundial.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública -

ABRELPE (2014), o Brasil gerou no final de 2014 aproximadamente 195 mil toneladas

diárias de resíduos sólidos urbanos, onde somente 58,4% teve a destinação adequada. O

grande problema é que somente em 2014 quase 29.6 milhões de toneladas foram

inadequadamente disposta no meio ambiente.

O Governo Federal, na tentativa de solucionar tais problemas ambientais resultantes do

inadequado tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos- RSU e saneamento básico elaborou

a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS/ Lei 12.305/2010. A PNRS visava

estabelecer o fim de todos os lixões no Brasil até 2014, priorizando a coleta seletiva, a

reciclagem e instituindo planos de gerenciamento de resíduos sólidos no âmbito estadual,

municipal e nas empresas privadas como indústrias, hospitais, comércio e construção civil.

Assim, a PNRS – (BRASIL, 2010), esclarece que na gestão e gerenciamento dos resíduos

sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução,

reutilização, tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada

dos rejeitos.

O fato preocupante é que o lixo ainda é descartado inadequadamente no estado do

Rio de Janeiro, sendo aproximadamente 7mil toneladas diárias, resultando em um

somatório de 2,5 milhões anuais, sendo ainda existente a presença de 17 lixões em todo

Estado.

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A Secretaria Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro – SEA-RJ destaca que o

crescimento de depósitos clandestinos contribui, também, para o problema relacionado ao

descarte inadequado do lixo, como ocorrem nas mais de 760 favelas da Capital e Região

Metropolitana, nas comunidades situadas em morros, à criação de lixões verticais nas

encostas provocam transtornos à vizinhança e aos próprios moradores, enquanto nas

comunidades planas, lixões são comuns, o lixo doméstico e entulhos de obras são

despejados diariamente nas ruas.

Depara-se então com a problemática encontrada neste trabalho, quais os desafios e

possibilidades para a disposição dos resíduos sólidos no estado do Rio de Janeiro? A

Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS conseguiu desenvolver alguma melhora

eficaz na disposição de resíduos sólidos no Rio de Janeiro?

Os objetivos predispostos neste artigo são: Analisar falhas existentes na estrutura da

disposição final dos resíduos sólidos no estado do Rio de Janeiro; analisar a PNRS com

relação a sua eficácia na amplitude estadual; evidenciar possíveis pontos de melhorias por

parte dos municípios com relação ao problema dos RSU.

2 – Metodologia

Utilizou-se neste artigo uma pesquisa descritiva, que tem como objetivo a descrição

das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de

relação entre variáveis (Gil, 2002).

Desta forma obtendo-se dados quantitativos mediante de séries temporais

estatísticas do IBGE, SNIS, BACEN e ABRELPE, executou-se um levantamento de dados

correlacionados à gestão do RSU no Estado do Rio de Janeiro, compilando informações

nas quais destacam as problemáticas existentes, ressaltando as perspectivas e desafios para

anos futuros.

3 - Revisão de Literatura

3.1 - Uma problemática antiga

De acordo com EIGENHEER (2009, pag.102), o Rio de janeiro por ser a umas das

cidades mais importantes do país e por ter sido capital da colônia, do Império e da

República, foi onde ocorreram os primeiros passos para o desenvolvimento no saneamento

básico no Brasil. Porém, antes de ocorrer este desenvolvimento, a questão do saneamento

era crítica, as pessoas pobres jogavam seus dejetos pelas próprias janelas ou em frente do

próprio quintal, os nobres obrigavam os escravos a fazer o transporte em barris de madeira

para jogar os dejetos ao mar, sucedendo assim epidemias e pestes, tornando isso um

problema de saúde pública.

Percebe-se que mesmo nos tempos atuais, ainda é praticado atos de 450 anos atrás,

descartando-se rejeitos sem tratamento na Baia da Guanabara, poluindo praias, mares e

oceanos, nesse mesmo cenário as pessoas continuam sofrendo problemas de saúde pública

acarretados pela falta de saneamento básico.

Assim desde os tempos do império, existe a repugnante tarefa de carregar lixo e os

dejetos da casa para as praças e praias, era geralmente destinada ao único escravo da

família ou ao de menor status ou valor. Eles levavam tubos ou barris de excremento e lixo

sobre a cabeça pelas ruas do Rio. Os prisioneiros realizavam esse serviço para as

instituições públicas (KARASCH, 2000, p. 266).

Somente quando foram vinculados os surtos epidêmicos que atormentavam a

população à falta de higiene urbana, é que começaram a abordar com maior prestígio a

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questão do tratamento dos resíduos sólidos produzidos no Rio de Janeiro. Os resíduos

urbanos apresentam uma enorme quantidade de organismos patogênicos ou resíduos

químicos tóxicos que podem atingir o homem direta ou indiretamente, afetando assim sua

saúde (SISINNO,2000 apud PEREIRA NETO e STENTIFORD, 1992).

Um marco para a cidade do Rio de Janeiro foi a implantação de um sistema de

esgoto, em 1864, através de uma companhia inglesa – a The Rio de Janeiro City

Improvementes Company Limited, possibilitando uma especialização na limpeza urbana,

voltada propriamente para o lixo, ficando até o ano de 1875. Em 11 de Outubro de 1876

contratou-se a firma de Aleixo Gary, que foi uma importante referência para a limpeza

urbana do Rio de Janeiro. Seu nome serviu de referência para a designação de “gari”,

utilizada até hoje, referindo-se aos empregados responsáveis pela limpeza urbana. A

empresa de Gary atua até 1891. Após, os serviços de limpeza, ficaram a cargo da

Inspetoria de Limpeza Pública, que iniciou em 1895 a construção de um forno para queima

de lixo em Manguinhos. A experiência fracassou. Em 1907, retomou-se o tema da

incineração uma constante até a década de 60. Em 1901, foi criada a Superintendência de

Limpeza Urbana, plenamente organizada em 1904, mas serviços ainda precários.

Posteriormente, em 1940, foi criada a Diretoria de Limpeza Urbana(DLU), e, em 1975, a

Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb). EIGENHEER (2009, pag102).

“Quanto ao destino do lixo do Rio de Janeiro, a Ilha de Sapucaia foi utilizada de

1865 até por volta de 1949. A partir de então, o lixo passa a ser levado para o

aterro do Retiro Saudoso (Caju), do Amorim e de Cavalcanti (Marechal

Hermes). Só no final da década de 70 a cidade passou a ter um aterro adequado

(não sanitário) no município de Caxias” (EIGENHEER, 2009, p.102)

O Aterro de Duque de Caxias ficou comumente conhecido como ”Lixão de

Gramacho”, abstendo-se da fama de ser o maior depósito de lixo da América Latina,

acumulando nesse período 60 milhões de toneladas e permanecendo em operação ao longo

de 34 anos, até seu fechamento oficial em 05 de junho de 2012.

Ná década de 70 foi implantada a Usina de Irajá, e, em 1992, a do Caju.

Disseminadas pelo país, essas usinas não constituíram experiências bem sucedidas como

em outros países. EIGENHEER (2009, pag. 103).

Somente após o ano 2000 o Estado do Rio de Janeiro inaugurou seu primeiro

Aterro Sanitário.

3.2 - Resíduos Sólidos

Calderoni (2003 pag.49) destaca que na linguagem usual o termo resíduo é sinônimo de

lixo, sendo que o lixo é considerado todo tipo de material inútil e que sua existência no meio é nociva, devendo então ser descartado e colocado em local adequado.

A PNRS esclarece os Resíduos Sólidos como materiais, substâncias objetos ou bens

descartados resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se

procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou

semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades

tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou

exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor

tecnologia disponível”. (BRASIL) – 2010.

Sendo complementado pela NBR – 10004 – ABNT, como:

“Resíduos nos estados sólidos e semissólidos que resultam de atividades de

origem: industrial, domiciliar, comercial, agrícola, de serviços. Ficam incluídos

nesta definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles

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gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como,

determinados líquidos cujas particularidades, tornem inviável o seu lançamento

na rede pública de esgotos dos corpos de água, ou exigem para isso soluções

técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”

(ABNT, 2004).

Os resíduos sólidos possuem distintas classificações, porém estarão sendo

utilizadas neste trabalho somente as classificações quanto à origem e periculosidade.

Quadro 1 – Classificação de Resíduos Sólidos quanto à origem. Classificação dos Resíduos Sólidos: Origem

Origem: Definição:

Domiciliar Gerado nas residências, nos escritórios e nos refeitórios e sanitários das indústrias. São restos de

alimentos, papéis, plásticos, vidros, metais, dentre outros. É um tipo de resíduo menos específico e

mais variado, com potencialidade de reciclagem

Comercial Oriundo de estabelecimentos comerciais, composto quase dos mesmos resíduos que o “Lixo

residencial”. É um tipo de resíduo menos específico e mais variado, com potencialidade de reciclagem.

Industrial Resultante dos processos industriais. São restos de materiais, lodos, subprodutos dos processos de

fabricação, dentre outros. É um tipo de resíduo mais específico e menos variado, com potencialidade

de reciclagem.

Hospitalar Gerado por hospitais, farmácias, ambulatórios médicos e clínicas veterinárias. É um tipo de resíduo

mais específico e menos variado, com baixa potencialidade de reciclagem.

Vias públicas Resultado da varrição de ruas, limpeza de bueiros, bocas-de-lobo, canais, terrenos baldios, etc. É

composto por terra, folhas, entulhos, detritos diversos, galhos, dentre outros. Possui pouco potencial de

reciclagem.

Entulho da

construção civil

Gerado na construção e reforma de obras particulares, públicas, industriais e comerciais. É composto

por restos de demolições e sobras de materiais de construção. É um tipo de resíduo mais específico e

menos variado, com potencialidade de reciclagem.

Outros Proveniente de portos, aeroportos, penitenciárias além daqueles de origens diversas tais como produtos

resultantes de acidentes, animais mortos, veículos abandonados, dentre outros.

Fonte: Adaptação da ABNT NBR 10004:2004. – Associação Brasileira de Normas Técnicas.ABNT -

NBR 10004: Classificação de Resíduos. Rio de Janeiro: 2004.

.

Os Resíduos Sólidos Urbanos são constituídos pelos Resíduos das Vias Públicas e

os Resíduos Sólidos Domiciliar. Quanto à periculosidade os Resíduos podem ser

classificados pela, conforme tabela a seguir.

Quadro 2 – Classificação de Resíduos quanto a periculosidade de acordo com a NBR 10004.

Classificação dos Resíduos: Periculosidade

a) Resíduos classe I –

Perigosos

Resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas,

pode apresentar risco à saúde pública, ou ao meio ambiente, quando o resíduo for

gerenciado de forma inadequada.

b) Resíduos classe II –

Não perigosos

Resíduo de: restaurante (restos de alimentos), madeira, sucata de metais ferrosos,

materiais têxteis, sucata de metais não ferrosos (latão etc.), minerais não metálicos,

papel e papelão, areia de fundição, plástico polimerizado, bagaço de cana, borracha e

outros resíduos não perigosos.

- Resíduos classe II A –

Não inertes.

Resíduos que podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,

combustibilidade ou solubilidade em água.

- Resíduos classe II B –

Inertes.

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a

ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água

destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não

tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos

padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor,

conforme anexo G da ABNT NBR 10004.

Fonte: Adaptação da ABNT NBR 10004:2004. – Associação Brasileira de Normas Técnicas.ABNT -

NBR 10004: Classificação de Resíduos. Rio de Janeiro: 2004.

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De acordo com a PNRS (BRASIL 2010) são denominados de rejeitos os resíduos

sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por

processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra

possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

3.3 – Disposição dos Resíduos Sólidos

A disposição dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) é a etapa na qual é realizado o

despejo final em solo dos rejeitos e resíduos não tratados. Essas áreas podem ser

inadequadas (lixões e aterros controlados) ou adequadas (aterros sanitários).

3.3.1 – Lixão ou Vazadouro

O lixão ou vazadouro é o local onde ocorre de maneira descabida e inapropriada a

disposição final dos resíduos sólidos, desta forma acarreta imensos danos ao meio

ambiente, pois não existe nenhum critério de proteção, tanto ao ambiente como a saúde. “Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como a

proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos, entre

outros), geração de odores desagradáveis e, principalmente, poluição do solo e

das águas superficiais e subterrâneas pelo chorume - líquido de coloração escura,

mal cheiroso e de elevado potencial poluidor, produzido pela decomposição da

matéria orgânica contida nos resíduos.”(FEAM – 2005 pag. 08).

3.3.2 – Aterro Controlado

O aterro controlado é conceituado como uma conexão entre o aterro sanitário e o

lixão, pois o mesmo não possui o poder poluidor exacerbado do lixão, e embora apresente

técnicas ambientais, ainda propicia riscos e impactos ambientais.

Assim Bidone e Povinelli – (1999) analisam o aterro controlado como uma forma

de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, na qual preocupações tecnológicas

executivas adotadas durante o desenvolvimento do aterro, como recobrimento dos resíduos

com argila, aumentam a segurança do local, minimizando os riscos de impactos ao meio

ambiente e a saúde pública, não sendo completamente adequada, porém de maneira

exeqüível para municípios de menor estrutura

De acordo com a ABNT - NBR 8849/1985, o aterro controlado é uma técnica de

disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública

e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Esse método utiliza princípios de

engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material

inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. O emprego desta técnica de disposição

tende produzir uma poluição localizada, porém inexistindo qualquer impermeabilização de

base, sistema de tratamento de percolado (chorume mais água de infiltração) ou de

extração e queima controlada dos gases gerados.

3.3.3 – Aterro Sanitário

O aterro sanitário é a forma mais adequada para disposição, pois é composto por

técnicas que previnem riscos e impactos ambientais, tornando-se a forma mais segura para

disposição final dos resíduos sólidos urbanos.

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Britto, (2006) define o aterro sanitário como um equipamento utilizado para a

disposição de resíduos sólidos no solo, especificamente lixo domiciliar, que é

fundamentado em critérios de engenharia e em normas operacionais específicas,

permitindo a confinação segura nos termos do controle da poluição ambiental e proteção à

saúde pública.

Assim Figueiredo (2007) complementa que no aterro sanitário a disposição final de

resíduos sólidos urbanos no solo visa o seu confinamento em camadas cobertas com terra e

atende normas operacionais, com objetivo de evitar danos ou riscos à saúde pública e a

segurança e diminuindo os impactos ambientais. Aterro sanitário de resíduos sólidos consiste na técnica de

disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos

ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos

ambientais, método este, que utiliza princípios de engenharia para

confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao

menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra

na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores,

se for necessário (ABNT, NBR 8419, 1992, p.1). Desta forma BOSCOV (2008) considera que um aterro sanitário necessita ser

projetado e operado de forma a controlar a emissão de contaminantes para o meio

ambiente, ele tem a finalidade de reduzir a possibilidade de poluição das águas superficiais

e subterrâneas, do solo e do ar e eliminar impactos adversos da cadeia alimentar.

4 - Análise dos dados.

No Brasil ocorreu uma enorme evolução nas últimas décadas com relação à coleta

dos resíduos domiciliares. De acordo com o IBGE, somente 37% dos resíduos eram

coletados no início da década de 80, sendo que grande parte dos resíduos eram

inadequadamente dispostos no meio ambiente. De acordo com a ABRELPE em 2014,

foram coletados 90,86% dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), onde apenas 58% teve a

adequada disposição em aterros sanitários (Figura 1).

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Figura 1 – Gráfico sobre a evolução da disposição final dos resíduos domiciliares no Brasil (1981-2009).

Fonte: Adaptado de IBGE – Disponível em <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx? no=6&op=0&vcodigo=PD262&t=destino-lixo>

No estado do Rio de janeiro de acordo com a ABRELPE são destinados

inadequadamente quase 31,6% dos RSU, distribuídos entre lixões e aterros controlados,

conforme demonstrado na figura 2.

Segundo a Secretaria de Estado do Ambiente – SEA-RJ, embora desde 2007, 53

lixões tenham sido fechados, ainda 17 continuam em atividade. Os lixões existentes ficam

situados nos municípios de: Bom Jesus de Itabapoana; Cambuci; Cardoso Moreira; Italva;

Barra do Piraí; Mendes; Natividade; Paraíba do Sul; Porciúncula; Rio das Flores; Santo

Antônio de Pádua; São Fidélis; São José de Ubá; Saquarema; Três Rios; Valença e Varre-

Sai.

Figura 2 – Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos no Rio de Janeiro em 2014.

Fonte: Adaptado do Panorama Abrelpe 2014. - Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/Panorama

/panorama2014.pdf

O INEA e a SEA-RJ, demonstraram o arranjo regional para a disposição final dos

resíduos sólidos urbanos, com um Cenário Tedencial elaborado em 2013, vinculando as

futuras disposições dos municípios no qual estão localizados atualmente os lixões. Além

disso, foram acrescentados os Lixões nos quais ainda não foram desativados,

demonstrando a ineficiência do Estado.

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Figura 3 – Arranjos Regionais para Disposição Final de RSU.

Fonte: Adaptado de Secretaria de Estado do Ambiente – 2014 – Disponível em

<http://farm8.staticflickr.com /7345/10822923106_77d6797163_h.jpg>

Na tentativa de no Brasil, uma das primeiras iniciativas visando o desenvolvimento

sustentável e a proteção ao meio ambiente foram as elaborações das seguintes leis e

resolução:

- Política Nacional de Saneamento, em 1967, Lei Federal nº 5.318.

- Política Nacional do Meio Ambiente, Lei Federal nº 6938 de 1981,

- Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei Federal nº 9.433 de 1997,

- Lei de Crimes Ambientais, Lei Federal nº 9.605 de 1998.

- Resolução CONAMA nº 01, de 1986, tornando-se assim obrigatório, para

propósitos de concessão de licença ambiental, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para aterros sanitários e centrais de tratamento de

resíduos, dentre outros empreendimentos.

- PNSB, lei n° 11.445/2007 - sancionada em 2007 e regulamentada em 21 de junto

de 2010 – Estabelecendo diretrizes nacionais para o saneamento básico, tratamento de

resíduos sólidos, limpeza urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e de

drenagem e manejo de águas pluvias (BRASIL, 2007).

A mais importante lei vigente atualmente, a PNRS, considerada uma peça

fundamental para regularização e normatização dos resíduos no Brasil, foi sancionada em

02 de Agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Federal n°7404, de dezembro de

2010, dispondo princípios, objetivos e instrumentos, diretrizes relativas à gestão integrada

e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, às responsabilidades dos gerados e do poder

público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010).

Mediante dessa adequação com relação às novas políticas públicas de

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planejamento na gestão de resíduos, o Estado do Rio de Janeiro estabelece a Lei nº

4.191/2003 denominada de Política Estadual de Resíduos Sólidos – PERS- RJ,

desenvolvida através do Convênio MMA/ SRHU/0010/2007 firmado entre o Ministério do

Meio Ambiente e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Atendendo assim o requisito

imposto pela PNRS (BRASIL,2010), na qual descreve a elaboração de plano estadual de

resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, sendo condição para os Estados terem

acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e

serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por

incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal

finalidade.

Posteriormente, o Decreto estadual nº 42.930/11, atuando no desenvolvimento e

ampliação de antigos programas, onde conforme mencionado na PERS – 2013 a Secretaria

de Estado do Ambiente – SEA-RJ intermediou o contrato junto a Universidade Estadual do

Rio de Janeiro – UERJ para elaboração do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos – PEGIRS/RJ, além da preocupação e desdobramentos a antigos e novos

programas.

“a SEA concebeu o Programa Pacto pelo Saneamento que apresenta duas

vertentes, uma voltada para o esgotamento sanitário, RIO+LIMPO, e a outra,

LIXÃO ZERO, que tem como meta prioritária a disposição final ambientalmente

adequada dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, encerrando todos os

lixões até 2014 e remediando estas áreas remanescentes até 2016.”PERS/RJ –

2013 pag. 14

Desta forma a PERS/RJ visando à conclusão do programa Lixão Zero,

operacionalizou de forma mais abrangente alguns instrumentos, como: a concessão para o

licenciamento de aterros privados; o ICMS Verde; investimentos na construção de aterros

sanitários regionais e no rateio das despesas dos consórcios públicos interinstitucionais;

projetos e obras de remediação dos lixões desativados; e o Programa Compra de Lixo

Tratado, que auxilia os municípios com o pagamento de parte dos custos no processo de

transição da disposição em lixão para disposição adequada em aterros.

Nesse contexto, o Estado apóia as instituições privadas para construção de aterros

sanitários privados, constituindo uma alternativa plausível com a realidade dos municípios,

conforme descrito no DOERJ (2016) “o dinheiro foi aportado para uma solução regional, a

construção do aterro e através dos consórcios, através do contrato de rateio que significa o

custo operacional licitado em edital por aquele consórcio num aporte para que os

municípios pudessem ter um tempo para se preparar para essa mudança cultural na

destinação final.”

Seguem no quadro 3 os principais aterros sanitários privados do Estado do Rio de

Janeiro, sendo classificados pela quantidade diária de RSU recebidos diariamente.

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Quadro 3 – Principais aterros privados em atividade no Rio de Janeiro.

Aterros Privados - Estado do Rio de Janeiro

Aterro Empresa Responsável Ton/ Dia

1CTR Santa Rosa (Seropédica) SERB (Ciclus) 8576,29

2CTR Nova Iguaçú HAZTEC 1965,76

3CTR Alcantara (São Gonçalo) HAZTEC 1586,7

4CTR de Belford Roxo Bob Ambiental 1531,17

5Aterro de Campos dos Goytacazes Queiroz Galvão 491,74

6CTR Barra Mansa Haztec 468,36

7CTR Itaboraí Estre Ambiental 387,62

8CTR de São Pedro da Aldeia Dois Arcos 381,53

9CTR Costa Verde CTR Costa Verde 153,01

10Aterro Teresópolis Mendes e Montorsi 135,54

11CTR Santa Maria Madalena MTR 84,28 Fonte: Diario Oficial do Estado do Rio de Janeiro – Ano XLII – Nº 055 – Parte II, Data: 28/03/2016.

Torna-se imprescindível a visão futura da necessidade de eliminação dos resíduos, na

tentativa de antecipar o seu fim em aterros sanitários, propiciarem sua reciclagem de

maneira na qual possibilite a criação de um ciclo de reutilização, evitando a degradação de

novos recursos e acúmulos dos rejeitos. Assim, a PNRS (BRASIL, 2010) estabelece entre

seus principais objetivos a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos

resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nesse

sentido a inserção da coleta seletiva pelos municípios torna-se uma ferramenta

fundamental para o desenvolvimento sustentável, reciclagem e logística reversa.

A PNRS (BRASIL, 2010) define coleta seletiva como a coleta de resíduos sólidos

previamente segregados conforme sua constituição ou composição, subdividindo-se em

coleta seletiva formal (coleta regular de resíduos realizada ou apoiada pela administração

municipal por meio de organizações tais como cooperativas ou associação de catadores) e

coleta seletiva informal (coleta de resíduo realizada por catadores autônomos dispersos

pela cidade cuja quantidade não é contabilizada pelos órgãos municipais. Geralmente,

esses resíduos são vendidos para os sucateiros que comercializam diretamente com as

indústrias).

Englobando um desenvolvimento sustentável e social, a PNRS incentiva e prioriza

aos municípios a implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou

outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas

por pessoas físicas de baixa renda.

Diante do cenário nacional, analisa-se a necessidade de um amplo desenvolvimento

por parte dos municípios brasileiros no âmbito da coleta seletiva, de acordo com os dados

da Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem - CEMPRE – 2014 somente

13% da população brasileira, cerca de 28 milhões de pessoas, tiveram acesso a programas

municipais de coleta seletiva.

Com relação à coleta seletiva na cidade do Rio de Janeiro, os programas abrangem

somente 52% da população, sendo realizada a capitação de somente 959 ton./ mês, valor

relativamente pequeno se comparado as outras grandes capitais como São Paulo - SP 5000

ton./mês; Brasília-DF 3700 ton./mês; Curitiba-PR 3010 ton./mês; Goiânia-GO 2882

ton./mês entre outras (Figura 4). A seguir na figura 4

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Figura 4– Demonstrativo sobre a evolução da quantidade e abrangência populacional da

coleta seletiva no Rio de Janeiro

Fonte: Relatório CEMPRE – 2014

De acordo com Diagnóstico Anual de Resíduos Sólidos de 2014 do SNIS (Sistema

Nacional de Informações sobre Saneamento), constata-se sensível melhora no cenário do

Rio de Janeiro nos últimos anos, mesmo após a implantação de programas de coletas

seletivas, como Centrais de Triagem em Bangú e Irajá, ações individuais junto a sociedade,

ainda são pequenas se comparado ao tamanho do problema.

Quadro 4 – Maiores Cooperativas e Associações de Reciclagem - Rio de Janeiro.

Principais Associações de Catadores e Pontos de Triagem de RSU.

Nome da Unidade Município Ano de início da operação

Cooperativa de Lixo Reciclável de Barra do Piraí Barra do Piraí 2005

Associação Renascer de trabalhadores coletores de recicláveis da chatuba de mesquita - ARTCRCM

Mesquita 2011

Associação da bela amizade dos catadores de reciclaveis de mesquita - ABACRM

Mesquita 2012

COOMUB - Cooperativa de Mulheres da Baixada Mesquita 2008

Unidade de Triagem COOPCARMO Mesquita 1992

Associação reviver dos catadores de recicláveis de mesquita - ARCRM

Mesquita 2011

Unidade de Tratamento Intensivo do Lixo de Miracema Miracema 1998

Associação Esperança de Trabalhadores Coletores de Mesquita 2008

Usina de Tratamento de Lixo Natividade 2006

Usina de Irajá Rio de Janeiro 1977

Usina do Caju 2 Rio de Janeiro 1992

Usina do Caju Rio de Janeiro 1992

Galpão de triagem de Materiais Reciclados e Reutilizados Santo Antônio de Pádua 2013

Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos São Sebastião do Alto 2008

Associação de Catadores de Resíduos VR Volta Redonda 2000

Cooperativa Folha Verde Volta Redonda 2014

Fonte: SNIS – Disponível em < http://app.cidades.gov.br/serieHistorica/>

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Conclusão

A disposição de resíduos sólidos é uma problemática abrangente em todo o país,

embora no Rio de Janeiro muito já tenha sido feito em virtude da PNRS, mediante a

eliminação de lixões e a introdução de novos aterros sanitários. Ainda assim, há falhas no

governo ao obliterar o pensamento primordial da PNRS, no qual seria extinguir ao máximo

o despejo final dos resíduos sólidos, a falta de sistemas de Coleta Seletiva, enfraquecida

inserção de programas de educação ambiental e quase nulo estímulos a logística reversa

em instituições públicas e privadas, propiciando ao Estado apenas tentar eliminar o

problema final, deixando de resolver a parte mais importante que é o gerador do problema.

Infelizmente, economicamente são desperdiçados anualmente milhões de reais pela

não reutilização de materiais recicláveis, desaproveitamento do potencial energético

existente nos aterros sanitários pela falta de infraestrutura de parte dos novos aterros para

captação de gás metano, ampliando os problemas para um cenário ambiental.

Outro ponto preocupante é a falta de apoio municipal com relação aos catadores,

desperdiçando uma possibilidade de socialmente e economicamente gerar uma melhora na

vida dessas pessoas, mediante de maiores incentivos a novos programas. Um exemplo foi o

ocorrido no antigo Lixão de Gramacho no bairro Jardim Gramacho em Duque de Caxias,

após o encerramento do lixão a prefeitura indenizou os catadores, que obviamente são

moradores da região em R$ 14.000,00, sem qualquer outra espécie de auxilio, apenas

incluindo um número extremante pequeno em associações de catadores, e em parte maior

mantendo os mesmos indivíduos vivendo em condições precárias e inabitáveis, a omissão

do Estado se amplia a outras questões como falta de planejamento socioambiental, falta de

saneamento básico, entre outras inúmeras questões.

Esses são desafios e problemas que ainda precisam ser superados no Rio de Janeiro,

pois não adianta investir milhões na tentativa de recuperação da Baia de Guanabara quando

se tem em sua margem um Lixão que gera milhares de metro cúbicos mensais de chorume.

A implantação de programas de coleta seletiva, programas educacionais para

conscientização da sociedade sobre o problema ambiental dos Resíduos e um maior apoio

e ampliação as associações de catadores. As associações ou cooperativas de catadores

funcionam como importantes ferramentas de inclusão social, elas organizam e viabilizam

as atividades de maneira na qual os profissional possam trabalhar de maneira mais

estruturada , acarretando a geração de um viés econômico e sustentável.

Infelizmente, ainda existe um potencial econômico desperdiçado neste setor, uma

oportunidade perdida devido a falta organizacional dos municípios, pois com o crescente

índice de desempregados, uma outra oportunidade de criação de inserção de novos

trabalhadores e criação de renda é perdida devido a falta de estrutura e incentivo por parte

dos municípios.

Outra forma de incentivar e possibilitar que os municípios atuem de maneira mais

vigorosa ao problema, esta em o Estado elaborar políticas fiscais estaduais e federais que

possibilitem uma maior flexibilidade para empresas que atuem no setor de reciclagem,

introduzindo reduções tributárias como PIS, COFINS ou IPI.

Acredito que aumentando a parceria entre governo e novos aterros sanitários,

possibilite uma maior infraestrutura para obtenção do metano, maneira na qual pode obter

um retorno dos investimentos à médio e longo prazo, sem mencionar os ganhos

ambientais.

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