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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA CURSO DE FARMÁCIA LUSIANE DA CONCEIÇÃO GOMES LIMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO HEPÁTICA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO DURANTE A FEBRE EM RATOS. BRASÍLIA - DF 2016

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA

CURSO DE FARMÁCIA

LUSIANE DA CONCEIÇÃO GOMES LIMA

ANÁLISE DA PRODUÇÃO HEPÁTICA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO DURANTE A FEBRE EM RATOS.

BRASÍLIA - DF 2016

LUSIANE DA CONCEIÇÃO GOMES LIMA

ANÁLISE DA PRODUÇÃO HEPÁTICA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO DURANTE A FEBRE EM RATOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Farmácia da Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia, como requisito parcial para obtenção do grau de Farmacêutico. Orientadora: Profa. Dra. Fabiane Hiratsuka Veiga de Souza

BRASÍLIA - DF 2016

LIMA, Lusiane da Conceição Gomes. Análise Da Produção Hepática De Espécies Reativas De Oxigênio Durante A Febre Em Ratos/Lusiane da Conceição Gomes Lima. Brasília. UnB/ Faculdade de Ceilândia, Distrito Federal - Brasília, 2016. 42p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Farmácia como requisito parcial para obtenção do grau de Farmacêutico. Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia, Distrito Federal – Brasília – DF.

LUSIANE DA CONCEIÇÃO GOMES LIMA

ANÁLISE DA PRODUÇÃO HEPÁTICA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO DURANTE A FEBRE EM RATOS.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Orientadora: Profa. Dra. Fabiane Hiratsuka Veiga de Souza

(FCE/ Universidade de Brasília)

___________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Gustavo Barboni Dantas do Nascimento

(FCE/ Universidade de Brasília)

___________________________________________________ Profa. Dra. Vivian da Silva Santos (FCE/ Universidade de Brasília)

BRASÍLIA - DF 2016

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente а Deus, o centro de tudo, o meu guia. A luta não foi

fácil, mas em momento algum pensei em desistir ou fraquejar, pois o Teu amor, e a fé

que em Ti deposito me levantaram quando as forças pareciam querer me abandonar,

obrigada por tudo meu Pai! A Ti dedico essa conquista, na certeza de que continuarás

a conduzir os meus passos em direção a Sua vontade.

À Santíssima Virgem Maria, que me acolheu e me sustentou nos momentos

mais difíceis. Agradeço-te, Mãezinha, por me ser uma fortaleza em minha vida, por

ser um exemplo pra mim e por não me deixar esquecer que Deus é a força que conduz

a minha vida. Agradeço imensamente aos meus pais Eleni e José por me transmitirem

valores fundamentais. Dedico essa, bem como as minhas demais conquistas a vocês,

muito obrigada por estarem sempre ao meu lado e lutarem para a realização desse

sonho. Mãe eu te agradeço também pela dedicação diária, pelas orações, por todo o

incentivo, por não me deixar desanimar e por me ensinar sempre a esperar o melhor

de Deus para mim, você é o meu maior exemplo.

Aos meus irmãos Cristiane e Francisco por acompanharem de perto essa

jornada e por serem fonte de incentivo e referências para mim. Agradeço também ao

meu precioso sobrinho Ryan Lucas que chegou logo no início dessa trajetória e trouxe

uma felicidade enorme para a minha vida. Essa conquista eu compartilho com vocês

com muita alegria, pois vocês são parte dessa vitória!

Ao meu namorado e melhor amigo, Jean, por todo amor, carinho e

compreensão dedicados a mim ao longo desses meses. Muito obrigada por me ajudar

e me acalmar sempre, o seu apoio constante fez com que eu me sentisse forte e

confiante. Serei eternamente grata a você por tudo que fez e faz por mim.

À minha orientadora Profa. Drª Fabiane, pelo empenho e dedicação, a admiro

muito, os seus ensinamentos contribuíram imensamente para o desenvolvimento

deste trabalho.

E a todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dessa caminhada, о mеυ

muito obrigada.

RESUMO

A febre é o sinal clínico mais importante da resposta de fase aguda frente à uma infecção. Estudos sugerem que as espécies reativas de oxigênio (ERO’s) são liberadas por macrófagos como uma defesa contra a invasão bacteriana, apresentando um papel importante no controle de muitos processos fisiológicos. Sabendo que o fígado representa um componente importante do sistema imune, sendo altamente povoado por diversas células imunes durante processos infecciosos e possuindo componentes necessários para a defesa de primeira linha, é de suma importância avaliar a produção de ERO’s por esse órgão durante a resposta febril. Neste estudo avaliou-se a produção de ERO’s no fígado de ratos durante a febre induzida por LPS. Para isso, foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas. Os animais receberam injeção endovenosa de LPS (5 μg/kg) ou do seu veículo (salina 0,9%, 2 mL/Kg). A partir de então, cada animal teve sua temperatura corporal aferida a cada 15 minutos, durante 6 h. Em seguida os animais foram anestesiados e eutanasiados por decapitação para a retirada do fígado. A quantificação de ERO’s foi feita por ressonância paramagnética eletrônica (RPE) utilizando o marcador CMH. Os resultados do presente estudo demonstram que os animais tratados com LPS apresentam maior concentração de ERO’s no fígado, esse aumento pode ser decorrente de uma maior produção de ERO’s e/ou da redução dos sistemas antioxidantes. Palavras-chave: Febre, ERO’s, Lipopolissacarídeo, LPS, Fígado.

ABSTRACT Fever is the most important clinical sign in an acute phase caused by an infection. Studies suggest that reactive oxygen species (ROS) are released by macrophages as a defense against bacterial invasion, having an important role controlling many physiological processes. Knowing that the liver is an important component of the immune system, being highly populated by immune cells during infection processes and having components necessary for first-line defense it is indubitably important to evaluate the ROS role by this organ during a fever response. In this study was been evaluated the ROS production in rat liver during fever induced by LPS. For this, were used Wistar rats, males and females. The animals received an intravenous injection of LPS (5 mg / kg) or its vehicle (0.9% saline, 2 ml / kg). From then on, each animal had its body temperature measured every 15 minutes for 6 h. Then, the animals were euthanized and the liver was removed. ROS quantification was made by electron paramagnetic resonance using standard CMH. The results of this study demonstrate that animals treated with LPS had a higher concentration of ROS in the liver. This increase may be due to greater production of ROS and/or the reduction of antioxidant agents. Keywords: Fever.ROS. Lipopolysaccharide. LPS. Liver.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mecanismo pelo qual a IL-1 (e possivelmente TNF e IL-6) age sobre o “organum vasculosum laminae terminalis” (OVLT) para produzir a febre..................14

Figura 2: Mecanismo da febre de origem infecciosa.................................................15

Figura 3: Compartimentação subcelular de ERO’s................................................... 19

Figura 4: Participação de ERO’s mitocondrial na regulação de diversos processos celulares.....................................................................................................................20

Figura 5: Efeito da administração de LPS sobre a temperatura corporal..................30

Figura 6: Amplitude do sinal de RPE em função da [CP•] em padrões de calibração de [CP•] dissolvidos em tampão Krebs-Hepes (círculos)...........................................31

Figura 7: Espectro típico de CM• a partir de amostras do fígado de animais após a administração de LPS ou salina..................................................................................32

Figura 8: Aumento na [ERO’S] no fígado de ratos após a administração endovenosa de LPS........................................................................................................................32

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

AA - ácido araquidônico

AINE - antiinflamatório não esteroidal

APOHA - área pré-óptica do hipotálamo anterior

AMPc - adenosina monofosfato cíclico

ATP - adenosina trifosfato

°C - graus Celsius

C - cascata de complemento

Cm - centímetros

cK - células de Kupffer

COX - ciclooxigenase

C5a - componente 5a do complemento

DNA - ácido desoxirribonucleico

EP - receptor de prostaglandina

ERO’s - espécies reativas de oxigênio

g - gramas

GHz - gigahertz

h - horas

H2O2 - peróxido de hidrogênio

icv - intracerebroventicular

IL - interleucina

IL-1β - interleucina 1beta

i.p - intraperitoneal

i.v - intravenosa

Kg - quilogramas

LPS - lipopolissacarídeo

mg - miligramas

min - minutos

mL - mililitros

mM - milimolar

mW - megawatt

n - número de animais

NADH - nicotinamida-adenina-dinucleotídio

NO - óxido nítrico

O2 - oxigênio

OH - hidroxila

OVLT – organum vasculosum laminae terminalis

PG - prostaglandina

PGE2 - prostaglandina E

PGG2 - prostaglandina G2

PGH2 - prostaglandina H2

RNAm - ácido ribonucleico mensageiro

RPE - ressonância paramagnética eletrônica

SEC - células endoteliais sinusoidais

SC - células estreladas

TLR-4 - toll-like receptor 4

TNF- α - fator de necrose tumoral α

TXA2 - tromboxano A2

μg - microgramas

μL - microlitros

VDAC - canal de ânion dependente de voltagem

v/v - volume/ volume

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

1.1. Termorregulação ........................................................................................ 12

1.2. Resposta Febril .......................................................................................... 12

1.3. Pirógenos .................................................................................................... 16

1.4. Espécies Reativas de Oxigênio- ERO’s .................................................... 17

1.5. Fígado ......................................................................................................... 21

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 24

3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 25

3.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 25

3.2. Objetivo Específico .................................................................................... 25

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 26

4.1. Drogas ......................................................................................................... 26

4.2. Animais ....................................................................................................... 26

4.3. Cirurgia para Implante de Transmissores de Temperatura na Cavidade Peritoneal .............................................................................................................. 27

4.4. Mensuração Da Temperatura Corporal Dos Ratos.................................. 27

4.5. Procedimentos Experimentais .................................................................. 28

4.6. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ........................................ 28

4.7. Estatística ................................................................................................... 29

5. RESULTADOS ................................................................................................... 30

5.1. Efeito da Administração de LPS sobre a Temperatura Corporal ........... 30

5.2. Efeito da Administração de LPS sobre a Produção de ERO’s ............... 31

6. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 34

7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 37

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 38

9. ANEXOS ............................................................................................................. 42

9.1. Anexo 1 ....................................................................................................... 42

12

1. INTRODUÇÃO

1.1. Termorregulação

A termorregulação consiste na manutenção da temperatura corporal central

relativamente constante. A temperatura corporal normal em humanos é de

aproximadamente 37°C, podendo variar entre 33,2°C e 38,2°C. Tais oscilações

podem ocorrer ao longo do dia (ritmo circadiano), ao longo de um mês (ciclo

menstrual) e ao longo de toda a vida (envelhecimento) (TANSEY & JOHNSON, 2015).

Os mecanismos termorreguladores autonômicos têm grande importância na

homeostase fisiológica. Para garantir a função fisiológica ideal e a sobrevivência, os

seres humanos devem ser capazes de preservar a temperatura corporal frente aos

desafios da temperatura ambiente. Neste contexto, vários mecanismos

termorreguladores visam à manutenção da temperatura corporal normal, tais como os

mecanismos de conservação e produção de calor (vasoconstrição, piloereção) e os

mecanismos de dissipação de calor (sudorese, vasodilatação cutânea) (TANSEY

& JOHNSON, 2015).

É importante destacar que a termorregulação ocorre por meio de um sistema

complexo, sendo que o centro termorregulatório está localizado na área pré-óptica do

hipotálamo anterior (APOHA). Os neurônios termossensíveis dessa região integram

sinais aferentes sobre a temperatura corporal central e periférica e provocam várias

respostas comportamentais e fisiológicas, controlando a produção ou a dissipação do

calor (BOULANT et al., 1997).

A frequência de disparo dos neurônios dessa região é afetada tanto por

variações na temperatura sanguínea da área adjacente, como por influência de

conexões diretas com termorreceptores distribuídos na pele e nos músculos

(BOULANT, 2000).

Vale ressaltar que desvios anormais da temperatura desafiam a

termorregulação do organismo. Sendo assim, variações da temperatura fora do

intervalo normal podem ser fatais (TANSEY & JOHNSON, 2015).

1.2. Resposta Febril

Desde os tempos antigos a resposta febril tem sido reconhecida como um

importante sintoma de doença, sendo tratada durante muitos anos como um

fenômeno que ameaçava a vida. Porém, atualmente a febre tem sido considerada

parte importante dos mecanismos de defesa do organismo (HARDEN et al., 2015).

13

A febre é o sinal clínico mais importante da resposta de fase aguda frente a

uma infecção bacteriana, de modo que estudos realizados no século passado, e nas

últimas décadas, têm contribuído muito para a compreensão deste processo complexo

e dos mecanismos responsáveis por sua indução (SOARES et al., 2012; NETEA;

KULLBERG; VAN DER MEER, 2000).

Kluger (1991) define a febre como uma resposta biológica complexa, altamente

integrada, caracterizada pela elevação controlada da temperatura corporal, resultante

da atividade neuronal hipotalâmica. Diante desse conceito, é importante salientar que

apesar das infecções serem a causa mais comum da febre, outras várias doenças não

infecciosas também podem ter a febre como sua apresentação clínica primária

(DINARELLO, 1996; CURY, 1994).

Como foi mencionado anteriormente, a temperatura corporal normal é regulada

por um centro no hipotálamo que controla o equilíbrio entre a perda e a produção de

calor. Desse modo, a febre ocorre quando há um desequilíbrio do termostato

hipotalâmico, o que provoca a elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal

(RANG et al., 2007).

A febre ocorre pela ação de algumas citocinas (pirógenos endógenos) sobre os

centros termorregulares do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadeando

respostas metabólicas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição

periférica, aumento do metabolismo basal) (VOLTARELLI, 2011).

Estudos demonstram que a prostaglandina E2 (PGE2) tem papel chave nesse

processo, visto que ela promove o aumento de AMPc e faz com que o hipotálamo

promova a elevação da temperatura corporal, levando ao aumento da geração de

calor e a redução da sua perda (HARDMAN & LIMBIRD, 2006).

Quando um microrganismo invade um hospedeiro e entra em sua corrente

sanguínea, a estimulação de leucócitos e de outros tipos de células promove a síntese

e liberação de um grupo de moléculas que podem induzir a resposta febril (NETEA;

KULLBERG; VAN DER MEER, 2000).

Dentre essas substâncias, o fator de necrose tumoral (TNF-α), a interleucina-

1β (IL-1β) e a interleucina-6 (IL-6) são consideradas as principais responsáveis pela

mediação da resposta pirogênica durante a infecção (DINARELLO & BUNN, 1997).

Ao alcançarem a circulação essas substâncias estimulam a produção de

prostaglandina E2 por várias células (endoteliais, macrófagos e até neurônios) na

vizinhança dos centros termorreguladores hipotalâmicos, sendo que as maiores

14

concentrações de PGE2 estão próximas dos órgãos circunventriculares (organum

vasculosum laminae terminalis, OVLT) (Figura 1) (VOLTARELLI, 2011). A PGE2

produzida por essas células é considerada um importante mediador pirogênico da

febre (EVANS; REPASKY; FISHER, 2015).

Figura 1: Mecanismo pelo qual a IL-1 (e possivelmente TNF e IL-6) age sobre o

“organum vasculosum laminae terminalis” (OVLT) para produzir febre. A IL-1

proveniente da circulação sistêmica estimula neurônios, células endoteliais e

macrófagos do OVLT a produzirem PGE2, que se difunde para o centro

termorregulador (POM: núcleo pré-óptico medial), onde vai inibir a ação de neurônios

sensíveis ao calor e elevar o limiar térmico. CA: comissura anterior. POME: núcleo

pré-óptico mediano. Adaptado de: VOLTARELLI, 1994.

A prostaglandina E2 (PGE2) é derivada de eicosanóides, formada a partir da

ciclooxigenase, uma enzima responsável pela ciclização e oxigenação do ácido

araquidônico. A PGE2 atua sobre os receptores EP3 na APOHA para desencadear a

resposta febril, ao se ligar a esses receptores ocorre a diminuição dos níveis

15

intracelulares de adenosina monofosfato cíclico (AMPc), com consequente redução

da atividade neuronal (FOSTER et al., 2015; OISHI et al., 2015).

Como resultado há a inibição dos neurônios sensíveis ao calor e excitação dos

neurônios termossensíveis, elevando assim o limiar térmico. Estas respostas

involuntárias aumentam a temperatura corporal central em diferentes graus,

dependendo da magnitude da infecção, constituindo uma resposta imunológica crucial

(FOSTER et al., 2015; OISHI et al., 2015).

A Figura 2 descreve o mecanismo da febre, em que a estimulação de leucócitos

por produtos bacterianos induz a síntese de citocinas, com uma indução subsequente

da síntese de PGE2 na APOHA, desencadeando a resposta febril.

Figura 2: Mecanismo da febre de origem infecciosa. A invasão microbiana

periférica aciona a resposta imunológica não específica, ativando leucócitos e fazendo

com que os mesmos liberem substâncias pró-inflamatórias, tais como as citocinas

pirogênicas IL-6, IL-1β e TNF-α. Estas, por sua vez, estimulam a produção de PGE2

dentro da APOHA. Os neurônios situados nessa região orquestram a resposta febril

após a PGE2 se ligar aos seus receptores. Adaptado de: ARONOFF & NEILSON,

2011.

16

De acordo com Voltarelli (2011) a febre vai atuar no aumento da velocidade da

quimiotaxia de neutrófilos e da secreção de substâncias antibacterianas (peróxidos,

superóxidos, lisozima e lactoferrina), no aumento da produção de interferons, na

estimulação das fases de reconhecimento e sensibilização da resposta imunológica,

promovendo uma interação mais eficiente entre macrófago e linfócito T, e na redução

da disponibilidade de ferro, a qual limita a proliferação bacteriana. Através destas

alterações fisiológicas, a febre apresenta um papel importante na sobrevivência do

hospedeiro durante episódios infecciosos (EVANS; REPASKY; FISHER, 2015).

É importante ressaltar que embora existam dados consideráveis indicando que

febres moderadas são benéficas para o hospedeiro infectado, a elevação da

temperatura corporal acima de certa temperatura (por exemplo, 42°C) pode ser muito

prejudicial ao organismo (TANSEY & JOHNSON, 2015).

1.3. Pirógenos

O termo pirógeno é utilizado para descrever qualquer substância que provoque

febre. Os pirógenos exógenos são derivados de fora do hospedeiro, sendo a grande

maioria produtos microbianos, toxinas ou micróbios, que induzem a produção e

liberação de proteínas imunorreguladoras denominadas citocinas, essas substâncias

atuam como mediadores endógenos da febre (DINARELLO, 1996; ROTH & SOUZA,

2001).

As citocinas são pequenas proteínas, produzidas principalmente por células

imunocompetentes, que têm como principal função a regulamentação e a

coordenação das respostas imunitárias. Elas podem ser classificadas de acordo com

a sua função em citocinas pró-inflamatórias e citocinas antiinflamatórias. As citocinas

pró-inflamatórias incluem IL-1β, TNF, IL-6, IL-12 e IL-18, enquanto que as citocinas

antiinflamatórias incluem IL-4, IL-10 e IL 13 (CONTI et al., 2004; DINARELLO, 1996).

Existe uma enorme variedade de pirógenos exógenos, mas um exemplo

clássico é o lipopolissacarideo (LPS) de bactérias gram-negativas. A injeção de LPS

é um modelo experimental de inflamação sistêmica comumente utilizada, sendo um

importante agente causador da patogênese do choque séptico (VOLTARELLI, 2011;

LEON et al., 1999).

O LPS é um componente da parede celular de bactérias gram-negativas que

possui 3 partes: O-polissacarideo, R-core e lipídeo A. Dependendo da dose, da

17

temperatura ambiente e da via de administração, a administração de

lipopolissacarideo causa uma febre estereotipada e reprodutível que consiste em

várias fases e dura de 6 a 8 horas, sendo que a destruição do lipídeo A reduz ou

elimina os efeitos pirogénicos (DINARELLO & WOLFF, 1982; RIETSCHIEL & BRADE,

1992; SOARES et al., 2012).

É amplamente aceito que o LPS induz febre por meio da ativação de receptores

identificados como toll-like receptors (TLR)-4 que são expressos por populações de

células imunitárias inatas, incluindo macrófagos, neutrófilos e células dendríticas

(EVANS; REPASKY; FISHER, 2015).

A estimulação dessas células, especialmente monócitos/macrófagos e

neutrófilos, leva à síntese de mediadores pró-inflamatórios que atua como pirógenos

endógenos para estimular diretamente o centro termorregulador do hipotálamo e

causar febre (NETEA; KULLBERG; VAN DER MEER, 2000; OGAWA & KANOH,

1984).

Segundo Blatteis (2007), o início das respostas febris, após a administração de

LPS, está correlacionado com o aparecimento do LPS em células de Kupffer do fígado

(cK), a sua chegada ativa imediatamente a cascata do complemento (C) e a

consequente produção do componente 5a do complemento (C5a). O C5a é ativado,

estimulando as células de Kupffer a liberar prostaglandina E2 (PGE2) pela ação das

enzimas ciclooxigenases COX-1 e -2.

A febre induzida por LPS ocorre por meio de mecanismos autonômicos

acionados pela PGE2, que se liga a receptores de prostaglandinas EP3 expressos por

neurônios de termorregulação no núcleo da área pré-óptica medial do hipotálamo. A

elevação da temperatura corporal se dá por meio da liberação de noradrenalina, que

aumenta a termogênese no tecido adiposo marrom e induz vasoconstrição nas

extremidades para reduzir a perda de calor passivo. A PGE2 é considerada um

mediador pirogênico crucial da febre (EVANS; REPASKY; FISHER, 2015).

1.4. Espécies Reativas de Oxigênio - ERO’s

Na maioria das vezes, os termos ''radicais livres'' e ''espécies reativas de

oxigênio (ERO’s)'' são usados alternadamente (LUSHCHAK, 2014).

Entretanto, o termo espécies reativas de oxigênio (ERO’s) inclui as espécies

radicais livres e outras, que embora não contenham elétrons desemparelhados são

altamente reativas em decorrência de sua instabilidade (RIBEIRO et al., 2005).

18

Os radicais livres são moléculas ou fragmentos de moléculas que contém um

ou mais elétrons não emparelhados (CORDOVA & NAVAS, 2000).

De acordo com Manente et al., (2011) os radicais livres são espécies altamente

reativas geradas nos organismos vivos com a finalidade de proteção, entretanto, em

algumas circunstâncias, estes são responsáveis pela ocorrência ou o agravo de danos

teciduais, a sua ativação pode causar processos traumáticos nos tecidos pelo

desencadeamento de diversas cadeias de reações (CORDOVA & NAVAS, 2000).

Já as espécies reativas de oxigênio (ERO’s) são moléculas geradas por meio

da redução parcial do oxigênio molecular (O2) (HERNÁNDEZ-GARCÍA et al., 2010).

O oxigênio é utilizado como aceptor final de elétrons pelos organismos

aeróbicos, pois permite uma elevada produção de energia na respiração, em

consequência do seu alto potencial eletroquímico. Entretanto, devido a sua

configuração eletrônica o oxigênio pode sofrer reduções parciais e levar a formação

de radicais livres (RIBEIRO et al., 2005).

As ERO’s possuem elétrons desemparelhados em um átomo de oxigênio, estas

propriedades lhes conferem meia vida curta e elevada reatividade, visto que elas

reagem rapidamente com outras moléculas químicas, a fim de emparelhar seus

elétrons. Estas reações muitas vezes levam a formação de grandes quantidades de

outros radicais, gerando uma cadeia de reações que irá ativar várias vias de

sinalização (GUTTERIDGE & HALLIWELL, 2000).

As principais espécies reativas são o ânion superóxido (O2-), o radical hidroxila

(OH-) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) (ARAUZ; RAMOS-TOVAR; MURIEL, 2016).

Quanto ao potencial de reatividade, pode-se afirmar que os radicais hidroxila

são os mais reativos, causando degradações subletais ou letais (toxicidade), enquanto

que o superóxido e o peróxido de hidrogénio têm uma reatividade mais baixa, mas

podem causar danos locais ou ativação da cascata de sinalização, quando presentes

em maiores concentrações (TAFANI et al, 2015).

Cinco compartimentos principais contêm ERO’s: mitocôndria, citoplasma,

organelas individuais ligadas à membrana (peroxissomos, endossomos e

fagossomos), exossomos e líquidos extracelulares, incluindo o plasma. As ERO’s são

produzidas pela ação de diferentes enzimas, sendo que a mitocôndria é o principal

compartimento celular responsável pela produção de espécies reativas de oxigênio.

As ERO’s produzidas na mitocôndria podem ser desintoxicadas ou podem deixar a

19

organela através de canais, como o canal de ânion dependente de voltagem (VDAC)

ou as aquaporinas (Figura 3) (TAFANI et al., 2015).

Figura 3: Compartimentação subcelular de ERO’s.

1- ERO’s mitocondrial, que pode ir para o citoplasma através de VDAC

(superóxidos) ou através de aquaporinas (peróxidos).

2- ERO’s citosólica.

3- Redoxossomos.

4- ERO’s incluídos em exossomos e vesículas a partir de derramamento de

membranas plasmáticas danificadas.

5- ERO’s extracelular em fluidos extracelulares e no plasma. Adaptado de:

TAFANI, 2015.

Vale destacar que a mitocôndria desempenha um papel crítico na sobrevivência

celular, gerando a grande maioria de células de fornecimento de adenosina trifosfato

(ATP), e também influenciando a apoptose, o ciclo celular e o e metabolismo. A

mitocôndria gera ATP através da respiração aeróbia, em que a glicose, piruvato e

NADH são oxidados, gerando assim ERO como um subproduto (DRAKE et al., 1998;

COMINELLI, 2004).

Em circunstâncias normais, os efeitos deletérios causados pela natureza

altamente reativa de ERO’s são equilibrados pela presença de antioxidantes, incluindo

20

a glutationa, carotenóides e enzimas antioxidantes, tais como a catalase e a glutationa

peroxidase (REUTER et al., 2010). Essas substâncias são capazes de inativar

moléculas reativas de oxigênio, restabelecendo o equilíbrio e evitando o estresse

oxidativo, no entanto, um desequilíbrio entre a estabilidade das reações de oxiredução

e a quantidade de ERO’s é altamente prejudicial (JESUS et al., 2015).

Altas concentrações de espécies reativas de oxigênio provocam danos

celulares. Os alvos biológicos mais vulneráveis são proteínas, lipídeos e DNA,

resultando numa condição denominada estresse oxidativo, a qual pode estar

relacionada ao surgimento de condições patológicas no organismo, incluindo doenças

neurodegenerativas, diabetes, câncer e envelhecimento prematuro (MRAKIC-

SPOSTA, et al., 2012; SENA & CHANDEL, 2012).

Apesar dos efeitos danosos das ERO's, estudos indicam que sua formação

nem sempre é deletéria. As espécies reativas de oxigênio apresentam um papel muito

importante no controle de muitos processos fisiológicos, como na resposta

inflamatória aguda e na defesa contra processos infecciosos (REUTER et al., 2010).

Figura 4: Participação de ERO’s mitocondrial na regulação de diversos processos celulares. Adaptado de: SENA & CHANDEL, 2012.

As ERO’s desempenham função fundamental na destruição de

microrganismos, constituindo um fator essencial no combate a infecções, além disso,

atuam na regulação de processos celulares variados, incluindo a diferenciação,

21

apoptose, adaptação metabólica, autofagia e regulação da longevidade (Figura 4)

(SENA & CHANDEL, 2012; ZHU et al., 2016).

Nas últimas décadas, a elucidação dos papeis fisiológicos de ERO’s,

juntamente com os seus efeitos danosos, têm ampliado os conceitos de estresse

oxidativo e de sinalização redox (ZHU et al., 2016).

1.5. Fígado

O fígado é a maior víscera do corpo humano, desempenhando um grande

número de funções vitais à saúde do organismo. Com base nisso a compreensão da

fisiologia hepática é fundamental para a análise dos processos patológicos que

acometem o órgão (SCHINONI, 2006).

O fígado exerce o trabalho de manter a homeostasia metabólica do corpo. Isso

inclui o processamento de aminoácidos, carboidratos, lipídios e vitaminas da dieta, a

síntese de muitas proteínas plasmáticas e a detoxificação e excreção para a bile de

produtos de eliminação endógenos e xenobióticos. Dessa forma, o fígado está

vulnerável a ampla variedade de insultos metabólicos, tóxicos, microbianos e

circulatórios (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).

A alta atividade metabólica deste órgão é muito importante para a geração de

radicais livres. Vários radicais livres são induzidos por enzimas no fígado, incluindo a

diamina oxidase, a aldeído desidrogenase, a triptofano dupla oxidase, a

desidrogenase hepática e o complexo enzimático citocromo P450 (ARAUZ; RAMOS-

TOVAR; MURIEL, 2016).

As ERO’s são liberadas por macrófagos hepáticos após a ativação de citocinas,

LPS e prostaglandinas, como uma defesa contra a invasão bacteriana (ARTHUR;

KOWALSKI-SANDERS; WRIGHT, 1988).

As mitocôndrias e citocromo P450 nos hepatócitos, as células de Kupffer e os

neutrófilos são responsáveis pela produção de ERO’s, as quais podem agir positiva

ou negativamente dependendo do funcionamento da célula, da intensidade e da

duração da tensão oxidativa produzida na célula (ARAUZ; RAMOS-TOVAR; MURIEL,

2016).

O fígado é um importante componente do sistema imune, embora não seja

classificado como um órgão de função primariamente imunológica. Componentes da

resposta imune inata e adaptativa estão presentes ou são sintetizados no fígado

(SCHINONI, 2006).

22

Por ser um órgão altamente vascularizado, o fígado é altamente povoado por

diversas células imunes durante processos infecciosos e inflamatórios sistêmicos,

suprindo os metabólitos essenciais para a resposta de estresse e os componentes

necessários para a defesa de primeira linha no sítio de inflamação, restringindo os

limites da lesão tecidual, clareando agentes agressores e auxiliando no reparo celular

(VOLTARELLI, 2011; SCHINONI, 2006).

O revestimento sinusoidal do fígado contém as populações de células não

parenquimatosas, que consistem em células de Kupffer (cK), células endoteliais

sinusoidais (SEC) e células estreladas (SC). Todos os três tipos de células parecem

desempenhar um papel crucial na homeostase do fígado (SMEDSROD et al., 1994).

A maioria das bactérias que entram na corrente sanguínea são absorvidas e

eliminadas no fígado. Os mecanismos específicos que estão subjacentes à função do

fígado na resolução de infecções bacterianas sistêmicas continuam a ser

indeterminados, no entanto a grande maioria dos estudos realizados até o momento

tem destacado a função dos macrófagos teciduais residentes (células de Kupffer) que

revestem os sinusóides hepáticos (GREGORY & WING, 2002).

O fígado é rico em células de Kupffer, que estão em contato direto com a

circulação (DINARELLO,1982) essas células são ativadas por vários estímulos

bacterianos, incluindo o lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) (SEKI et al., 2000).

A principal função das células de Kupffer é a remoção, por fagocitose, de corpos

estranhos e materiais particulados, bem como a captação e a detoxicação de

endotoxinas (SOARES, 2001). Sendo assim, essas células parecem exercer um papel

fundamental nas respostas imunes inatas e na defesa do hospedeiro através da

expressão e secreção de vários mediadores inflamatórios, incluindo radicais livres e

citocinas (WINWOOD & ARTHUR, 1993; MIRANDA et al., 2004).

Além disso, a eliminação rotineira de organismos estranhos a partir do fígado

parece depender em parte da infiltração de neutrófilos. Estudos sugerem que os

neutrófilos que se infiltram no fígado após uma infecção exercem um amplo efeito

sobre as defesas do hospedeiro por meio da modulação da produção de citocinas e a

síntese de óxido nítrico (NO) por células de Kupffer (GREGORY & WING, 2002).

Os neutrófilos ativados, isto é, aqueles que expressam proteínas de adesão,

fixam-se e migram através do endotélio, causando destruição de tecidos pela

liberação de radicais livres, enzimas proteolíticas e peroxidase (MIRANDA et al.,

2004).

23

Dessa forma, o fígado constitui um importante sítio de regulação do sistema

imune o que, de certa forma o torna mais susceptível e vulnerável à resposta imune,

como em processos sépticos, por exemplo (SCHINONI, 2006).

24

2. JUSTIFICATIVA

A febre é uma elevação regulada na temperatura corporal central, resultante de

uma alteração no termostato endógeno, sendo considerada parte essencial dos

mecanismos de defesa do organismo contra agentes infecciosos. Contudo, os

mecanismos envolvidos nesse processo não estão completamente elucidados

(KLUGER, 1991).

Estudos sugerem que a estimulação das células do sistema imune por diversos

pirógenos exógenos, tais como o LPS, leva à síntese de mediadores pró-inflamatórios,

incluindo espécies reativas de oxigênio, essas substâncias parecem desempenhar

uma importante função na destruição de microrganismos, constituindo um fator

significativo no combate a infecções.

Considerando a complexidade das vias moleculares que coordenam a resposta

febril e em vista da necessidade de se conhecer melhor as propriedades e atividades

específicas das ERO’s durante a febre induzida por LPS, percebe-se a importância de

mais pesquisas acerca do assunto.

Deste modo, caracterizar e quantificar as espécies reativas de oxigênio durante

a febre pode revelar vias de sinalização importantes para este processo, que poderão

ser extremamente úteis para uma maior compreensão dos mecanismos envolvidos na

resposta febril e para o desenvolvimento de novas terapias antitérmicas.

25

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Avaliar a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO’s) durante a febre

em ratos.

3.2. Objetivo Específico

- Analisar a produção de ERO’s no fígado de ratos controles e febris.

26

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Drogas

As seguintes drogas foram usadas nos experimentos:

Cloridrato de oxitetraciclina (Terramicina®, Pfizer, São Paulo, Brasil);

Dexametasona (Azium®, Mantecorp Ind. Quím. e Farm. Ltda., Rio de

Janeiro, Brasil);

Cloridrato de S (+) cetamina (Ketamin®, Cristália, São Paulo, Brasil);

Xilazina 2% (Calmiun®, Agener União, São Paulo, Brasil);

Cloridratos de lidocaína e fenilefrina (Novocol 100®, S. S. White Artigos

Dentários Ltda, Rio de Janeiro, Brasil);

LPS (endotoxina de E. coli0111: B4, Sigma ChemCo., St. Louis, EUA).

CP

CMH

4.2. Animais

Os experimentos foram conduzidos utilizando ratos (Rattus norvegicus),

variedade Wistar, fêmeas e machos, pesando entre 180 e 200 g. Foram utilizados 8

ratos, divididos em dois grupo: LPS e controle. Os animais foram provenientes e

alojados no Biotério do Instituto de Biologia (IB) da Universidade de Brasília (UnB) em

ambiente de temperatura de 24º ±1ºC, sob um ciclo claro-escuro de 12 horas, com

água e alimentos fornecidos ad libitum. Os procedimentos cirúrgicos e os

experimentos farmacológicos foram realizados no Laboratório de Bioquímica e

Química de Proteínas do IB/UnB, sempre no período das 08 às 18 h. O projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética no Uso Animal (CEUA) do Instituto de Biologia da

Universidade de Brasília, UnB Doc. 147474/2015 (Anexo 1).

4.3. Cirurgia para Implante de Transmissores de Temperatura na Cavidade

Peritoneal

A temperatura corporal dos animais foi medida por meio de transmissores de

temperatura (Data Loggers, Subcue, Calgary Canada) que foram implantados na

cavidade peritoneal dos ratos. Antes das cirurgias, os transmissores foram

desinfectados em solução de álcool 70% (v/v; imersão por 30 min). Os animais foram

anestesiados com o uso de uma mistura de ketamina e xilazina (60 mg/Kg e 10 mg/Kg,

27

respectivamente, i.p.). Após tricotomia e antissepsia da pele, foi feita uma incisão de

aproximadamente 2 cm na pele e músculos peritoneais. O transmissor foi lavado com

solução salina estéril e então inserido na cavidade peritoneal e, em seguida, o músculo

e a pele foram suturados separadamente. Esse procedimento foi realizado uma

semana antes dos experimentos.

4.4. Mensuração da Temperatura Corporal dos Ratos

A mensuração da temperatura corporal dos ratos durante os experimentos foi

realizada por transmissores implantados cirurgicamente na cavidade abdominal,

descritos anteriormente. O procedimento experimental foi realizado dentro da zona

termoneutra para ratos, ou seja, a temperatura da sala experimental foi mantida a

27°±1°C. Os animais permaneceram nesse ambiente por pelo menos uma hora antes

do início dos experimentos, para a ambientação dos mesmos. Para o processo de

leitura da temperatura corporal por telemetria, os transmissores implantados na

cavidade peritoneal foram programados para serem acionados no dia anterior ao

experimento. As temperaturas basais foram determinadas pela média das 4 medições

anteriores a qualquer tratamento.

4.5. Procedimentos Experimentais

Cada animal foi utilizado apenas uma vez. Os animais foram transportados

para a sala de experimentação, onde permaneceram em repouso por uma hora. Após

esse período suas temperaturas basais foram determinadas por 4 vezes, a intervalos

de 15 minutos.

Os animais foram alocados em grupos experimentais e receberam injeção

endovenosa de LPS (5 μg/kg) ou do seu veículo (salina 0,9%, 1 mL/Kg). A dose de

LPS usada foi padronizada para os experimentos em nosso laboratório. A partir de

então, cada animal teve sua temperatura corporal aferida a cada 15 minutos, durante

6 h. Em seguida os animais foram anestesiados e eutanasiados por decapitação. Um

pedaço do lobo esquerdo do fígado foi retirado, cortado em fatias e imerso em 147 µL

de tampão Krebs-Hepes e 3 µL de CMH (10 mM), atingindo concentração final de 200

µM de CMH. Em seguida essa solução foi incubada a 37C durante 60 min. Após esse

período o sobrenadante foi coletado, transferido para microtubos, imediatamente

congelado em nitrogênio líquido e armazenado a -80ºC até a realização da análise da

produção de ERO’s total por ressonância paramagnética eletrônica (RPE). Sabe-se

28

que a oxidação de CMH leva a formação de CM•(3-metoxi-carbonilproxilnitróxido)

paramagnético. Os espectros de RPE de CM• e CP• são idênticos a 150 K, por esta

razão as amostras para a curva de calibração foram obtidas a partir de uma solução

estoque do padrão 3-carboxi-proxil (CP•) (Noxygen, Alemanha) preparado em tampão

Krebs-Hepes e diluído nas concentrações de 10, 25, 50, 100 e 200 µM.

4.6. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)

Devido a sua alta reatividade e meia-vida extremamente curta, os radicais livres

são difíceis de detectar. A RPE é uma técnica de detecção baseada no

comportamento de radicais livres submetidos a um campo magnético. Os radicais

livres contém elétrons desemparelhados que podem atuar como paramagnéticos e,

portanto se alinharem no campo magnético gerado pelo espectrômetro de RPE.

Quando uma fonte de energia externa sob a forma de microondas é aplicada a

amostra, esses elétrons livres mudam de um estado de baixa para um estado de alta

energia. Esta absorção de energia pode ser medida, e correlaciona-se diretamente

com a quantidade de radicais livres presentes na amostra.

Para a detecção de ERO’s por RPE é necessário o uso de spin traps e/ou spin

probes para estabilizar as ERO’s e aumentar sua meia-vida para que o sinal possa

ser detectado por RPE. Para a detecção de ERO’s total foi utilizado o spin probe 1-

Hidroxi-3-metoxicarbonil-2, 2, 5,5-tetrametilpirrolidina (CMH) (Noxygen, Alemanha),

ERO’s total representa todas as espécies reativas de oxigênio, entretanto as principais

espécies marcadas pelo spin probe usado são ânions superóxidos, peróxido de

hidrogênio e radicais hidroxila.

As medidas de RPE foram realizadas em um espectrômetro Bruker EMX500,

utilizando a banda X (9,35 GHz), potência 20 mW e campo de modulação de 1 Gauss.

Todas as medidas foram feitas a 150 K.

Padrões de calibração de 10, 25, 50, 100 e 200 µM de CP•, dissolvidos em

tampão Krebs-Hepes, foram utilizados para fazer a curva de calibração. A relação

entre a amplitude do sinal de RPE (l) e a concentração de radicais [ERO’s] (µM) pode

ser calculada pelo teste t de Student. A inclinação da curva de calibração foi indicada

como s (µM-1) e a intersecção no eixo y foi indicada como l0. A concentração de

radicais nas amostras foi calculada da seguinte forma: [ERO’s] = (l-l0/s).

29

4.7. Estatística

Os dados são apresentados como média ± EPM (erro padrão da média). As

comparações estatísticas entre os grupos SAL e LPS foram efetuadas por test t de

Student, com a utilização do programa estatístico Prism 5.0. O nível de significância

considerado foi de 5% (p < 0,05).

30

5. RESULTADOS

5.1. Efeito da Administração de LPS sobre a Temperatura Corporal

Os animais foram alocados em grupos experimentais e receberam injeção

endovenosa de LPS (5 μg/kg) ou do seu veículo (salina 0,9%, 2 mL/Kg). Logo após

as injeções de LPS observou-se a elevação da temperatura dos animais tratados com

LPS e dos que receberam o controle (Figura 05). Esse aumento ocorreu devido à

manipulação dos animais e segue o padrão de resposta febril induzida por esse

estímulo em ratos.

Os ratos tratados com LPS (5 μg/kg, iv) e o seu veículo apresentaram um

aumento significativo na temperatura corporal, com perfil bifásico iniciando-se após

1,5 h, atingindo o primeiro pico em cerca de 2,5 h e o segundo em cerca de 5 h após

a injeção, sendo a temperatura corporal mantida elevada durante as 6 h de

observação (Figura 05).

O animais do grupo salina não apresentaram variações significativas da

temperatura corporal durante todo o período de observação, exceto na primeira hora

após a administração de salina, em decorrência da manipulação para a realização das

injeções endovenosas.

0 1 2 3 4 5 636.0

36.5

37.0

37.5

38.0

38.5

39.0

39.5

40.0

Veículo/Salina

Veículo/LPS

________________________***

Tempo (h)

Tem

pera

tura

(C

)

Figura 5: Efeito da administração de LPS sobre a temperatura corporal. Os

animais receberam LPS (símbolos cheios) por via intravenosa na dose de 5 μg/Kg/mL,

ou o mesmo volume de solução salina 0,9% (símbolos vazios). Os pontos

31

representam a média ± EPM da temperatura corporal (em °C) dos animais, medida

por telemetria.

5.2. Efeito da Administração de LPS sobre a Produção de ERO’s

Os padrões de calibração de 10, 25, 50, 100 e 200 µM de CP·, dissolvidos em

tampão Krebs-Hepes foram utilizados para fazer a curva de calibração (Figura 6).

Nesse caso, a inclinação da curva foi de s= 0,0779 µM-1 e a intersecção no eixo y foi

l0=-0,22.

Figura 6: Amplitude do sinal de RPE em função de [CP•] em padrões de calibração de [CP•] dissolvidos em tampão Krebs-Hepes (círculos). Curva de calibração calculada pelo teste t de Student.

A figura 7 apresenta o espectro de RPE típico de CM•, obtido a partir de

amostras de fígado de ratos tratados com LPS ou Salina. A amplitude do sinal foi

definida como os valores de pico a pico, nesse caso demonstra-se o valor de 0,49

para o um animal do grupo Salina/Salina e de 1,89 para um animal do grupo

Salina/LPS

32

Figura 7: Espectro típico de CM• a partir de amostras de fígado de animais após a administração de LPS ou salina.

A Figura 8 mostra a [ERO’S] no fígado de ratos 6 h após a injeção endovenosa

de Salina ou LPS. Os animais tratados com LPS tiveram [ERO’S] média= 262 ± 59 µM

em comparação com [ERO’S] média= 105 ± 19 µM, para os animais que receberam

salina.

Figura 8: Aumento na [ERO’S] no fígado de ratos após a administração

endovenosa de LPS. As colunas representam a média ± EPM da [ERO’S] no fígado

33

de animais tratados com solução salina 0,9% (SAL) ou LPS 5μg/Kg/mL.

34

6. DISCUSSÃO

Há algumas décadas, as espécies reativas de oxigênio foram destacadas por

causarem dano oxidativo em biomoléculas, contribuindo para o desenvolvimento de

uma variedade de doenças. No entanto, estudos mais recentes sugeriram que ERO’s

intracelulares representam um componente importante da cascata de sinalização

intracelular (ZHU et al., 2016). Deste modo, este trabalho buscou consolidar antigas e

novas ideias sobre o papel fisiológico e patológico de ERO’s para uma melhor

compreensão das suas propriedades e atividades específicas no fígado durante a

febre induzida por LPS.

Grande parte dos conhecimentos atuais acerca dos mecanismos moleculares

envolvidos na febre provém de estudos em animais tratados com lipopolissacarídeo

(LPS). O LPS é uma molécula constituinte da parede de bactérias gram-negativas que

após se ligar a receptores (TLR)-4 induz a ativação de diversas vias de sinalização as

quais aumentam a produção e secreção de moléculas pró-inflamatórias, tais como o

fator de necrose tumoral (TNF) e a interleucina-6 (IL- 6). Essas citocinas são liberadas

por macrófagos do fígado (isto é, células de Kupffer), bem como por macrófagos de

outros órgãos. Neste modelo, a prostaglandina E2 (PGE2) produzida por células

endoteliais vasculares cerebrais é considerada um mediador importante da resposta

pirogênica (ROTH & BLATTEIS, 2014; ZHU et al., 2016).

A dose de LPS usada neste estudo (5 μg/Kg, iv) induziu resposta febril

moderada e contínua. Nos primeiros momentos ocorreu um aumento típico da

temperatura corporal decorrente da manipulação dos animais, em seguida, foram

observados picos de temperatura cerca de 2,5h e 5h após a injeção de LPS. Sabe-se

que administração de LPS, dependendo da dose, temperatura ambiente e via de

administração induz uma febre estereotipada e reprodutível que consiste em várias

fases e dura de 6 a 8 horas, de modo que a elevação da temperatura observada

durante as 6 horas é semelhante ao descrito na literatura para a resposta típica a

doses moderadas de LPS. (SOARES et al., 2012).

Neste trabalho, investigou-se a hipótese de que a administração endovenosa

de LPS poderia induzir o aumento na concentração de ERO’s no fígado de ratos e

buscou-se avaliar a importância dessas espécies reativas no controle da resposta

febril.

Primeiramente é importante destacar o papel dual do oxigênio. O oxigênio é um

elemento não-metálico altamente reativo que forma compostos com a maioria dos

35

outros elementos, ele possui dois elétrons desemparelhados o que o torna

paramagnético. O paramagnetismo refere-se ao estado magnético de uma espécie

química com um ou mais elétrons não emparelhados. A característica paramagnética

permite a detecção e quantificação de O² em sistemas biológicos utilizando

espectrometria de ressonância paramagnética eletrônica (EPR), técnica específica

para a detecção de radicais que foi utilizada neste estudo (ZHU et al., 2016).

O oxigênio é uma molécula essencial para a vida aeróbia, contudo a sua

utilização resulta na formação de espécies de oxigênio reativas (ERO’s), que em altas

concentrações podem causar dano oxidativo aos constituintes celulares, o que

representa a base molecular da toxicidade do oxigênio (ZHU et al., 2016).

Embora os efeitos nocivos do oxigênio tenham sido relatados, estudos recentes

sugerem que ERO’s intracelulares são um componente importante da cascata de

sinalização intracelular, possuindo um papel duplo na fisiologia. Por um lado, as

ERO’s derivadas de O² contribuem para a morte de microorganismos patogênicos por

células fagocíticas, promovendo assim a sobrevivência do hospedeiro. Por outro lado,

ERO’s atuam como segundos mensageiros para ativar a transdução de sinal celular,

levando a respostas fisiológicas desejadas (WEIDINGER & KOZLOV, 2015; ZHU et

al., 2016). Os resultados do presente estudo indicam que os animais tratados com o

LPS apresentaram uma maior concentração de ERO’s no fígado.

ERO’s estão relacionados a uma ampla variedade de doenças humanas.

SZUSTER-CIESIELSKA e colaboradores (2004) investigaram a produção de espécies

reativas de oxigênio no sangue de pacientes com carcinoma de laringe e de pacientes

saudáveis e observaram uma maior concentração de ERO’s nos pacientes com o

carcinoma.

O estresse oxidativo foi documentado também em tecido adiposo de

camundongos, o principal objetivo deste estudo foi verificar se a presença ou ausência

de proteínas do tipo UCPs afeta a geração de ERO’s (SHABALINA et al., 2014).

Além disso, o aumento na produção de EROS no cérebro após o tratamento

com LPS já foi avaliado em roedores (PINHEIRO, 2015), porém, até o momento não

se conhece estudos que tenham demonstrado o aumento dessas espécies no fígado

de animais durante a febre.

Sabendo que o fígado representa um componente importante do sistema

imune, sendo altamente povoado por diversas células imunes durante processos

infecciosos e inflamatórios sistêmicos e possuindo componentes necessários para a

36

defesa de primeira linha, é de suma importância avaliar o papel de ERO’s sobre esse

órgão durante a resposta febril (SCHINONI, 2006).

Sabe-se que as células de Kupffer que revestem os sinusóides hepáticos

exercem possivelmente um papel essencial nas respostas imunes inatas e na defesa

do hospedeiro através da expressão e secreção de vários mediadores inflamatórios,

incluindo espécies reativas de oxigênio e citocinas, constituindo um componente

importante do sistema imune. As células de Kupffer (cK) são ativadas por vários

estímulos bacterianos, incluindo o lipopolissacarídeo e liberam essas substâncias

como uma defesa contra a invasão bacteriana (MIRANDA et al., 2004; SEKI et al.,

2000).

Os dados obtidos revelaram um aumento de espécies reativas de oxigênio em

amostras de fígados de ratos tratados com LPS quando comparados com o grupo

controle. É importante ressaltar que o aumento na concentração de ERO’s pode ser

decorrente de um aumento na sua produção e/ou da redução dos sistemas

antioxidantes.

As defesas antioxidantes enzimáticas são responsáveis pela proteção do

organismo contra a ação oxidativa das ERO’s e incluem a atividade da superóxido

dismutase, catalase, glutationa peroxidase, glutationa redutase e glutationa S-

transferase (HALIWELL, 2012).

Estudos recentes sugerem que quando a produção de espécies reativas de

oxigênio está sob controle homeostático, elas desempenham funções fisiológicas

importantes, assim o aumento das espécies reativas de oxigênio pode representar um

importante evento no controle da resposta febril (ZHU et al., 2016).

Ainda há muito a entender sobre os papéis de ERO’s produzidas no fígado

durante a resposta febril, é possível que elas contribuam para o aumento da resposta

febril ou que sejam uma consequência do aumento de temperatura desencadeado

durante a febre. Mais estudos estão sendo realizados em nosso laboratório na

tentativa de elucidar essas questões.

37

7. CONCLUSÃO

As espécies reativas de oxigênio são temas de pesquisa nos últimos anos,

devido à sua importância vários ensaios clínicos buscam avaliar o seu papel em

processos celulares. Os dados obtidos neste estudo revelam um aumento na

concentração de espécies reativas de oxigênio no fígado de ratos durante a resposta

febril induzida por LPS. Dada a relevância dessas espécies em processos fisiológicos,

esse aumento pode representar um fator importante no controle da resposta febril. No

entanto, é necessário mais estudos para que essa hipótese seja confirmada.

38

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. ANEXOS

9.1. Anexo 1