26
7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 1/26  

Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Não é novidade observar que as cartas de Paulo não são fáceis de ler (2 Pe 3:15s.), mas para aquele que está preparado para dedicar tempo e esforço, o estudo delas é imensamente compensador. Não menos se dá isto com 1 Coríntios, carta que surgiu das dificuldades práticas que assediavam uma igreja grega do primeiro século, muito distante do ideal de uma igreja cristã. Temos aqui uma típica epístola paulina. O apóstolo elogia os seus correspondentes por suas virtudes cristãs, e os repreende rotundamente por seus muitos fracassos. Ele acrescenta ao conhecimento deles algumas passagens grandiosas, notavelmentea sua discussão do amor no capítulo 13 e a da ressurreição no capítulo 15. O que quer que toque, trata-o à luz dos grandes princípios cristãos. Vê sempre as coisas temporais à luz das coisas eternas. O que escreve é relevante para as nossas necessidades, em muitos aspectos bem diferentes. Ele mostra como levar os nossos problemas ao ponto em que é derramada luz sobre eles pelas grandes verdades cristãs. Não podemos deixar de ter proveito quando ponderamos suas palavras.

Citation preview

Page 1: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 1/26

 

Page 2: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 2/26

2

INTRODUÇÃO

Não é novidade observar que as cartas de Paulo não sãofáceis de ler (2 Pe 3:15s.), mas para aquele que está preparadopara dedicar tempo e esforço, o estudo delas é imensamentecompensador. Não menos se dá isto com 1 Coríntios, carta quesurgiu das dificuldades práticas que assediavam uma igreja gregado primeiro século, muito distante do ideal de uma igreja cristã. Temos aqui uma típica epístola paulina. O apóstolo elogia os seuscorrespondentes por suas virtudes cristãs, e os repreenderotundamente por seus muitos fracassos. Ele acrescenta aoconhecimento deles algumas passagens grandiosas, notavelmentea sua discussão do amor no capítulo 13 e a da ressurreição nocapítulo 15. O que quer que toque, trata-o à luz dos grandesprincípios cristãos. Vê sempre as coisas temporais à luz dascoisas eternas. O que escreve é relevante para as nossasnecessidades, em muitos aspectos bem diferentes. Ele mostracomo levar os nossos problemas ao ponto em que é derramadaluz sobre eles pelas grandes verdades cristãs. Não podemosdeixar de ter proveito quando ponderamos suas palavras.1 

1 MORRIS, Leon. I Coríntios - Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica, volume 7.

São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989. 

Page 3: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 3/26

3

1ª CARTA AOS CORÍNTIOS

I. A CIDADE DE CORINTO

Corinto era uma grande metrópole de origem grega. Narealidade, apesar de Atenas ser a capital, era a cidade maisimportante da Grécia, por sua localização geográfica. No tempo dePaulo, era uma das maiores cidades do Império Romano, comcerca de 400.000 habitantes, um número considerável, na época

(hoje já é bastante!). Ficava a 80 km de Atenas, sendo rotacomercial, uma espécie de encruzilhada do mundo da época (porisso que era a mais importante da Grécia). Era a capital daprovíncia da Acaia. Paulo implantou o evangelho ali (At 18.1-3),tendo ficado um ano e meio na cidade (At 18.11). Parece queconseguiu muitos frutos em seu trabalho (At 18.9-10).

De Corinto, Paulo foi para Éfeso (At 18.18-19), onde ficoupor três anos (At 20.17 e 31). Foi de Éfeso que escreveu aprimeira carta aos coríntios (1Co 16.8). Na realidade, esta

primeira carta foi a segunda, pois antes ele escrevera uma, que seperdeu (1Co 5.9).

A EPÍSTOLA PERDIDA 

a) Assunto: Fala sobre a pureza moral. 1 Cor. 5.9 é otexto que revela que foi escrita para instruir os crentescristãos de Corinto, a se separarem dos crentes professos

que persistiam no pecado da imoralidade.b) Dificuldade: Tal missiva foi alvo de uma máinterpretação da igreja, sendo necessário Paulo explicarque não advogava uma alienação dos cristãos dasociedade coríntia, mas sim, que era necessária umaseparação absoluta da igreja para com o mal, imperanteno ambiente moral de Corinto.c) Conteúdo: o teor completo é totalmente desconhecido. Teorias afirmam que fragmentos de 1 Co (16.12-20) e 2Co (6.14-7.1) formam parte do texto desta epístola,preservados por Paulo nestas outras

Page 4: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 4/26

4

Corinto era uma cidade altamente intelectual. O principalhobby da cidade era ir para as praças e ouvir os grandes filósofose pensadores exporem suas idéias. Era uma cidade que

transpirava cultura e conhecimento. Paulo entendia que oevangelho poderia chegar ali e mudar a cosmovisão da cidade. Oevangelho não é antiintelectualista, ao contrário, ele é dirigido àrazão.

Embora Corinto fosse uma cidade acentuadamenteintelectual, era ao mesmo tempo profundamente depravadamoralmente. David Prior diz que, como a maioria dos portosmarítimos, Corinto se tornou tão próspera quanto licenciosa. Talvez Corinto tenha ganhado a fama de ser uma das cidades

mais depravadas da história antiga. A palavra korinthiazesthai,viver como um coríntio, chegou a ser parte do idioma grego, esignificava viver bêbado e na corrupção moral. A nova moralidadeque estamos vendo hoje nada mais é do que a velha moralidadetravestida com roupagem um pouquinho diferente2.

A cidade de Corinto era corrompida por algumas razões:3 

A prostituição. Em Corinto se confundia religião com práticasexual. Naquela cidade, a deusa Afrodite era adorada e tinha o

seu templo sede na Acrópole, uma montanha com mais de 560metros de altura, na parte mais alta da cidade. Afrodite eraconsiderada a deusa do amor. Peter Wagner afirma queaproximadamente mil sacerdotisas trabalhavam como prostitutascultuais nesse templo de Afrodite. Milhares de coríntios adoravamseus deuses ―visitando‖  essas ―sacerdotisas‖.  Se não bastasseisso, essas prostitutas cultuais, à noite, desciam para a cidade deCorinto e se entregavam aos muitos marinheiros e turistas que alichegavam de todos os cantos do mundo. E, então, o clima da

cidade era profundamente marcado pela promiscuidade sexual.O homossexualismo. Corinto era a cidade onde ficavam os

principais monumentos de Apoio. Esse deus grego representava oideal da beleza masculina. A adoração a Apolo induzia a juventude de Corinto bem como a juventude grega em geral a seentregar ao homossexualismo. Talvez Corinto fosse o centrohomossexual do mundo na época. Se você quer ter uma vagaidéia do que significava Corinto, lembre-se que Paulo escreveu

2

 PRIOR, David. A Mensagem de 1 Coríntios: A vida na igreja local. São Paulo: ABU Editora,2001. 3 LOPES, Hernandes Dias Lopes, I Coríntios: Como resolver conflitos na Igreja. São Paulo:

Hagnos, 2008 

Page 5: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 5/26

5

sua carta aos romanos dessa cidade. Parece que Paulo escreveuRomanos 1.24-28 abrindo a janela da sua casa e olhando para acidade de Corinto. A cidade estava entregue às práticas

homossexuais sem nenhum pudor. Muitos membros da igreja deCorinto, antes da sua conversão, tinham vivido na prática dohomossexualismo (ICo 6.9-11).

Além deste contexto, os problemas na igreja eram tantos quePaulo lhe escreveu mais de uma carta e pretendia voltar à igrejapara uma segunda visita (1Co 16.5-8). Anteriormente, fizera umaque, parece, nada adiantou (1Co 2.1). Já tinha enviado Timóteopara ver se ele conseguia resolver os problemas da igreja (1Co4.17). Como este não conseguiu resolvê-los, Paulo mesmo iria

(1Co 4.19). Parece que isto também não resolveu, pois ele sedispôs a uma terceira visita (2Co 12.14).

Os problemas eram bem sérios, mesmo. Aliás, à exceção deFilipenses, todas as cartas foram escritas para resolver problemasnas igrejas. Mas Corinto ―abusava do direito de ter problemas‖.Assim podemos ver que o mito da igreja perfeita se esboroa. Paraalguns, a igreja de hoje é mundana, perdida, e precisamos voltarà pureza da igreja primitiva. Mas esta não era pura. Comoveremos em Corinto, a igreja primitiva tinha problemas bem maisgraves que os das nossas igrejas, hoje. Isto para nós é um alento.

Nunca seremos perfeitos. Isto não deve nos desestimular nacarreira cristã nem nos levar a nos acostumarmos com nossasfalhas. Mas deve nos lembrar que não somos as piores pessoas dahistória do cristianismo e saber que Deus sempre usou servosimperfeitos e falíveis. Não é perfeição que ele procura em nós. Édisposição de viver com ele, de amá-lo e de servi-lo.

Peter Wagner diz que  I Coríntios provavelmente tem mais

conselhos práticos para os cristãos do nosso tempo do quequalquer livro da Bíblia. Estudar essa carta é fazer umdiagnóstico da igreja contemporânea, é ver suas vísceras eentranhas. E colocar um grande espelho diante de nós mesmos.4 

II. O TESTEMUNHO SOBRE A IGREJA

A igreja de Corinto era uma igreja que havia sido muitoabençoada por Deus em diversos aspectos. Quando Paulo inicia

4  WAGNER, Peter. Se não tiver amor. Editora Luz e Vida. Curitiba, PR. 1983: p. 27.

Page 6: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 6/26

6

esta carta ele reconhece, no capítulo primeiro, que Deus haviaabençoado a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais, de donsespirituais, ao ponto de ―não lhes faltar dom nenhum‖. Corinto

era uma igreja carismática no sentido bíblico da palavra, ou seja,tinha os ―carismas‖ do Espírito de Deus, os dons, através dosquais desenvolvia seu serviço prestando culto a Deus ecumprindo a sua missão neste mundo. Infelizmente, por motivosque desconhecemos esta igreja de Corinto, que havia sidofundada pelo apóstolo Paulo, com menos de três anos de fundadacomeçou a desviar-se dos padrões de conduta e de doutrina que oapóstolo havia estabelecido por ocasião de sua fundação.

O testemunho sobre a igreja de Corinto não era bom (1Co

5.1). Se a vida moral era baixa, o ambiente interno não eramelhor (1 Co 1.10-12). Era uma igreja imoral e briguenta, cheiade partidos. Corinto é realmente uma incógnita. É a igreja maiscarismática, mais cheia de dons, mostrada como modelo emcertos segmentos carismáticos contemporâneos, mas é a piorigreja do Novo Testamento. O procedimento dos cristãos de lá erapior que o procedimento dos pagãos, como nós já lemos em1Coríntios 5.1.

Uma reflexão séria deve ser feita aqui. Dons não significam,necessariamente, qualidade espiritual. Pode parecer estranho,mas este é o testemunho que nos fica das duas cartas aoscoríntios. A santificação tem um aspecto ético que se sobrepõe aocarismático. Santificação não se relaciona a êxtases e a dons,mas ao caráter espiritual e moral da pessoa.

Antonio Gilberto (Pentecostal) escreveu: “ Os crentes deCorinto tinham dons espirituais (1.7), mas muitos eram imaturos,insubmissos, ignorantes, além de carnais. Em uma igreja é

 possível haver crentes fervorosos, que gostam de movimento eagitação sem, contudo, haver espiritualidade real, advinda doEspírito Santo. Às vezes o que parece fervor espiritual é maisemocionalismo, resultante de motivações e mecanismos externos”.5 

Contudo, mais do que a qualquer outra igreja, Paulo devotouseu talento, tempo e lágrimas à congregação de Corinto. Osmembros receberam três visitas (2 Co 13.1), orientação sadia,longas cartas e incessante oração. Apresentaram diversosproblemas práticos que angustiavam a jovem congregação

coríntia. Como pai dessa igreja específica (4.15), Paulo orientou5 GILBERTO, Antonio. I Coríntios: Os problemas da igreja e suas soluções. Lições Bíblicas

2T2009. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.5. 

Page 7: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 7/26

7

os crentes sobre como lidar com todas as suas dificuldades. Noentanto, suas palavras não estão limitadas a certas pessoas ou adeterminada época; Paulo deixou por escrito orientações para a

igreja universal. A mensagem teológica que ele apresenta aplica-se a situações existentes em inúmeras congregações através domundo. De fato, seus ensinamentos sobre casamento, divórcio,separação, virgense viúvas (capítulo 7) servem para todos. Conseqüentemente, aepístola de Paulo é dirigida a cada crente de qualquer época ouséculo em todas as partes do mundo.6 

III. UM ESBOÇO DA CARTA

Para compreendermos melhor o material contido na primeiraepístola, eis o seu esboço, que nos ajudará a ―visualizar‖ oconteúdo:

1. Saudação e cumprimento –  1.1-92. Os partidos na igreja e a tentativa de incompatibilizá-lo

com Apolo –  1.10 a 4.213. Um caso grosseiro de imoralidade –  5.1-134. A ida a tribunal de irmãos contra irmãos e casos de

impureza –  6.1-205. Ensino sobre casamento –  7.1-406. Carne oferecida a ídolos e a autoridade apostólica  –  8.1 a

11.17. Irregularidade nos cultos, o uso de véu, festas religiosas,

ceia do Senhor –  11.2-348. Dons espirituais –  12.1 a 14.409. Ensino sobre a ressurreição dos mortos –  15.1-58.10. Instruções sobre a oferta, observações e saudações finais

 –  16.1-24Vamos comentar estes tópicos, mesmo que sinteticamente,

nesta ordem exposta.

1. SAUDAÇÕES E CUMPRIMENTOS  –  1.1-9.

Ele escreve a carta junto com Sóstenes (1.1). Este fora chefe

da sinagoga em Corinto, antes da conversão, e pagou um preço6 HNDRIKSEN, William. Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. São Paulo, SP: EditoraCultura Cristã. 2003.

Page 8: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 8/26

8

alto por isso (At 18.17). Talvez tenha sido ele quem levou a notíciada igreja a Paulo, em Éfeso. Logo na saudação, o apóstoloprocura mostrar aos coríntios que eles eram chamados para

viverem em santidade (1.2) e para terem uma vida irrepreensível(1.8). Não faltava nenhum dom à igreja (1.7), mas ela precisavalembrar que era chamada para santidade. Dons sem caráter nãoadiantam muito. Dons serviam de catarse, mas nãoaperfeiçoavam a igreja. A verdadeira espiritualidade deve semanifestar em caráter.

2. OS PARTIDOS NA IGREJA E A TENTATIVA DEINCOMPATIBILIZÁ-LO COM APOLO  –  1.10-4.21.

Havia grupos na igreja (1.12). Um grupo era apegado aPaulo. Outro gostava mais de Apolo, que foi para a região deCorinto depois que Paulo saiu (At 18.24 e 27). O grupo judaizante, que tinha tendências para guardar o judaísmo,preferia Pedro. E havia os que se julgavam mais espirituais, quediziam ser de Cristo. Parece que a polarização era mais entrePaulo e Apolo (3.4-6). Este é um dos mais sérios problemas

encontrados nas igrejas: as pessoas que se tornam donas daverdade ou do evangelho. Paulo entendeu que este o primeiroproblema a atacar, a desunião na igreja. Ninguém deve se gloriarem nada, a não ser no Senhor (2.31).

Paulo tinha consciência de seu ministério e não sepreocupava com a opinião dos coríntios sobre ele (4.3-4), mascorrigiu-os porque isto, emitir opinião sobre o ministérioapostólico, era um problema para a igreja. Com lucidez, ele bemexpôs o conceito que alguns fazem do obreiro (4.9-13). Na mentede muita gente, hoje, um pastor ou um missionário é umfrustrado que não deu certo em alguma área secular e arranjouum jeito de se manter. Paulo lembra à igreja que foi ele quem osgerou espiritualmente (4.15). Como não o respeitavam? Como nãovalorizavam o trabalho dele? Era o mesmo que não valorizar a fédeles. Eles eram o que eram pela instrumentalidade dele. Então,seu trabalho tinha valor. A liderança de uma igreja não deve seridolatrada, mas deve ser respeitada.

Page 9: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 9/26

9

3. UM CASO GROSSEIRO DE IMORALIDADE, 5.1-13.

Vemos neste capitulo a censura de Paulo a um membro daigreja que estava se relacionando sexualmente com sua própria

madrasta (Incesto). Tanto a Lei Rabínica (Lv 18.5) como a LeiRomana proibiam tais atitudes.

O que podemos observar no texto:a) Um pecado grave havia sido cometido (incesto, v. 1b) Havia por parte da igreja uma concessão (fermento), v.6c)  Eles não lamentavam aquela situação (lamentar), v.2d) Eles estavam até achando legal aquela situação

(ensorbebecidos), v. 2e)  Faltou a devida disciplina, v.2

Um membro da igreja vivia amasiado com a madrasta (5.1).Paulo havia escrito pedindo que ele fosse desligado da igreja (5.9-11), mas não foi atendido. Aliás, isto mostra que houve uma cartaanterior à que chamamos de primeira. Por vezes, a igreja é rápidaem emitir opinião sobre as pessoas de fora e esquece as pessoasde dentro. Ele censura isto. Que a igreja cuide de si mesma,primeiro (5.12). Não apenas este caso, mas pessoas com o caráterdescrito em 5.11 não deveriam desfrutar da comunhão da igreja.Por vezes somos rápido na crítica às outras pessoas, edescuidamos de nos analisarmos. Um bom lembrete.

O cidadão que vivia incestuosamente com a esposa do paideveria ser ―entregue a Satanás‖ (v. 5). Que significa isto?Satanás é o príncipe deste mundo (Jo 12.31 e 1 Jo 5.19). A igrejadeveria considerá-lo como pertencente a Satanás. Sua condutanão era de alguém pertencente a Cristo. ―Entregue‖ deve serentendido neste caso: a igreja é propriedade de Cristo e Satanásnão tem poder sobre ela (1Jo 5.18). Sendo tirado da comunhão da

igreja, esta o deixaria na mão do poder maligno, para que eleaprendesse como Satanás é mau e se arrependesse. Foi isso quePaulo fez com Himeneu e Alexandre (1Tm 1.20).

Paulo insiste em que a igreja deve desligar esta pessoa, aquem chama de iníquo (5.13). Há pessoas que não têm condiçõesde serem membros da igreja e esta precisa permanecer atenta aisto, 1 Co 5.9-13.

Estamos vivendo uma época em que se Paulo viesse exporesta mensagem, desta forma, não seria bem recebido. Hoje se dizque a verdade é relativa e que cada pessoa tem sua própriaverdade. Estamos vivendo a relativização dos valores morais. Se

Page 10: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 10/26

10

diz que a vida de cada um é governada por aquilo que a pessoasente que é melhor. Se a pessoa está se sentindo bem emdeterminado lugar, se algo está fazendo-lhe bem, então, não

importa outras questões, outros critérios. O critério que é usado ésentir-se bem e passa a ser o principal para governar a condutadas pessoas. O que valida uma situação ou uma conduta é euestar ou não me sentindo bem no que estou fazendo.

4. A IDA A TRIBUNAL DE IRMÃOS CONTRA IRMÃOS E CASOSDE IMPUREZA, 6.1-20

Membros de igreja têm problemas entre si. Isto faz parte danatureza humana. Mas deveriam resolver sem necessitar recorrera tribunais humanos. Em Corinto, o ditado muito conhecido ebastante usado entre os homens, prevaleciam ali: Amigos,amigos, negócios à parte. Ele trata disto em 6.1-6. E faz umaobservação em 6.7: só o haver demandas entre eles já era umavergonha. Dissensões na igreja são uma vergonha para otestemunho.

De alguma maneira aqueles irmãos, cidadãos de Corinto,estavam agindo e prejudicando uns aos outros.Conseqüentemente, isso fazia com que parte deles entrasse na justiça, influenciando no relacionamento dentro da igreja. Eramirmãos em Cristo que tinham processos uns contra os outros. Decerta forma, essa situação é semelhante à que vivemos hoje.

Na cidade de Corinto, quando uma pessoa falhava com aoutra, era imediatamente levada ao tribunal para ser julgada.Lamentavelmente, isto também acontecia com membros da igreja:

procuravam a lei dos incrédulos para resolver os seus problemasde relacionamento. Os ―crentes‖ imitavam o modelo comum deseu tempo, como comenta o prof. William Barclay: “os gregos secaracterizavam por ser um povo naturalmente litigioso. Ostribunais e processos eram de fato os seus divertimentos e passatempos principais... numa típica cidade grega todos oshomens eram mais ou menos advogados e passavam grande partedo tempo decidindo casos legais ou se envolvendo com eles. Osgregos eram famosos ou notó rios, pelo apego à lei”. 7 

7 BARKLEY, Willian. Comentário do Novo Testamento, I e II Corintios, volume 9. Portugal:La Aurora: 1978.

Page 11: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 11/26

11

Os crentes estavam dando um péssimo testemunho aosperdidos. Quando Paulo fala dos ―injustos e santos‖ não falasobre o caráter dos juízes do mundo. O que ele está falando é com

relação a crentes e não-crentes. Não é que Paulo esteja colocandoem dúvida a idoneidade moral dos tribunais do mundo nem ocaráter dos seus juízes, mas o fato da igreja levar seus assuntosinternos para fora dos seus portões para serem resolvidos nomundo é um péssimo testemunho. Essa atitude arranhava amaior evidência do cristianismo, o amor.

Paulo diz que existia uma prática injusta, pecaminosa, edanosa entre os irmãos. Não prevalecia a verdade, a caridade, oamor e nem o perdão. Eles estavam ferindo-se uns aos outros,

quebrando os laços da comunhão e levando a contenda delespara fora da igreja.

Paulo aponta algumas soluções:

a) Evitar danos e contendas dentro da igreja e caso surjamnão levar para tribunais fora da igreja (Ler os versículos de 1 à 4)Ele diz que não se pode criar espaço para esta imaturidade dentroda igreja, a ponto de viver brigando uns com os outros, ficarbatendo cabeça, abrindo feridas e machucando uns aos outros. A

postura de uma vida cristã madura é evitar contendas a qualquercusto.

b) Buscar solução do problema por meio de um sábioaconselhamento (Ler os versículos 5 e 6)

c) Dispor a sofrer o dano: (Ler o versículo 7) A proposta dePaulo não está focada no direito e na justiça, mas no exercício doperdão e da misericórdia. Paulo diz que sofrer o dano é melhor doque ganhar uma causa e envergonhar o nome do evangelho. Háestudiosos que enfatizam que o ponto que Paulo assinala é que ira juízo com um irmão já é incorrer em derrota, seja qual for oresultado do processo legal. Obter a vitória no veredicto poucosignifica.

O alerta de Paulo para nós é este: cuidado com os seusdireitos! Você conhece aquele tipo de gente que diz: ―É melhorpassar por cima do meu cadáver do que por cima dos meusdireitos!‖. Paulo diz para não brigarmos pelos nossos direitos. Jesus recomendou sofrer o dano. A nossa atitude é dar a outra

face, andar a segunda milha e dar a capa (Mt 5:38-42). Deusespera de nós essa reação. Abraão agiu assim, quando houvecontenda entre os seus pastores e os pastores de Ló. Ele se

Page 12: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 12/26

12

dispôs sobre o dando e como líder, permitiu a Ló escolhercomprimazia. Davi também agiu assim, quando teve a vida deSaul em suas mãos não revidou... Precisamos entender que é

melhor perder o dinheiro do que perder um irmão e o testemunhocristão.

d) As contendas e os danos dentro da igreja devem levá-la auma auto-avaliação (Ler os versículos 9-11). A igreja precisa terclaras convicções quanto ao futuro.

Paulo associa este caso com a impureza moral da igreja (6.8-10). Parece que o padrão moral da igreja era baixo mesmo. 1ª)―Todas as coisas me são lícitas‖: A cidade de Corinto defendiauma liberdade total, irrestrita e incondicional. Eles estavamtransformando a liberdade em libertinagem. Paulo coloca um,porém, isso porque para a sociedade e para a igreja de Corintotodas as coisas eram lícitas. Aquela igreja não tinha limites. A leique regia a vida deles era: é proibido proibir! Eles nãosuportavam leis e restrições (v:12).

―O alimento é para o estômago assim como o sexo é para ocorpo‖: a máxima  da igreja de Corinto para incentivar aimoralidade da igreja era essa. Mas Paulo ensina: ―Os alimentos

são para o estômago, e o estômago para o alimento; Porém ocorpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor parao corpo‖ (v: 13). Os coríntios pensavam que assim como o apetiteé natural e o corpo precisa de alimento, também o sexo era umdesejo natural e precisava ser satisfeito. Para eles uma pessoanão podia reprimir seus apetites sexuais. Eles entendiam queassim como o alimento é preparado para o estômago, o corpo erapreparado para o sexo. Paulo então, os confronta mostrando queeles estavam errados. O corpo é para o Senhor e o Senhor para o

corpo, e não para a prostituiçãoPaulo ensina que o sexo é uma benção, mas pode se tornar

uma maldição. Ele é uma benção dentro do casamento, mas umsério problema fora dele. Paulo diz que Deus está comprometidocom o nosso corpo, porque Ele o criou e o ressuscitará (v:14). Afilosofia grega não dava nenhum valor ao corpo. O corpo eraapenas a prisão da alma. Por isso, os gregos pensavam que tudoaquilo que você faz com o corpo não conta. E Paulo diz que onosso corpo deve ser usado para a glória de Deus. E que Jesus

comprou e remiu o nosso corpo (v: 15-18).Portanto, Paulo recomenda:

Page 13: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 13/26

13

a)―Fugi da impureza‖ (v:18): em relações às tentaçõessexuais a bíblia nos manda fugir. Ser forte é fugir! A única atitudesegura em relação ao sexo é fugir. Faça como o jovem José do

Egito eb) ―Glorificai a Deus no vosso corpo‖ (v:19-20): O Espírito

Santo nos foi dado com o propósito de glorificarmos a Cristo. Enós glorificamos a Deus quando usamos o nosso corpo emsantidade, pureza e quando o entregamos como instrumento de justiça e não como servos do pecado (Rm 6:12-14). 

5. ENSINO SOBRE CASAMENTO, 7.1-40Havia muita confusão sobre esta questão, na igreja. O

capítulo 7 é longo e trata do casamento, mostrando como a igrejatinha dificuldades nesta área. Ao mesmo tempo vemos como omundo da época, mundo que a igreja copiava, também eraconfuso neste ponto.

A primeira declaração de Paulo é problemática (7.1). Ela sechoca com Gênesis 2.18. por isso devemos entender que ele está

dizendo. Conforme Morris: “Havia na antigüidade umageneralizada admiração pelas práticas ascéticas, incluindo-se ocelibato. Pelo menos alguns dos coríntios partilhavam dessaadmiração. Paulo faz todas as concessões aos pontos de vistadeles. Concorda que o celibato é „bom‟ e expõe algumas de suasvantagens. Mas considera o casamento como normal”.8  

É bom , mas não é necessário  nem é moralmente melhor  que ohomem não toque mulher . Ele não defende o celibato. Aponta parao perigo de se procurar a prostituição (muito comum e vista como

prática religiosa, pelos pagãos). Mostra que Satanás trabalhanesta área (v. 5).

Há deveres no casamento (7.3-5). Deve haver um acordoentre os cônjuges sobre questões sexuais.

Ele defende o casamento sem rompimento (7.10-11), masreconhece que, quando é tomada a iniciativa por uma das partes,a outra está livre (7.15). Havia um grupo, na igreja, que defendiao celibato. Paulo diz a eles que fiquem como estão. Não se casem.

8 MORRIS, Leon. I Coríntios - Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica, volume 7.

São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989. 

Page 14: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 14/26

14

Querem ser celibatários? Que o sejam. Mas se alguém quisercasar, que se case (7.27-28).

Mas muitos dos conceitos emitidos por Paulo foram

pronunciados por ele na perspectiva de que a vinda de Jesusestava bem perto (7.29). Isto deve ser levado em conta. Umexemplo disto se vê no celibato que ele praticava e que gostariaque outros praticassem. O próprio Paulo tinha o dom de poderviver sem esposa, por isso podia se dedicar totalmente à obra deDeus, em longas viagens missionárias e prisões pelo evangelho,porque não tinha família para cuidar (7.7 e 32-34).

Na perspectiva de uma vinda iminente de Jesus, como sepresumia numa fase em que o pensamento teológico da igrejaainda não fora completado, poder dedicar-se à pregação como elefazia, era muito bom. Todo o capítulo traz um pano de fundoescatológico, ou seja, de que se viviam os últimos tempos dahistória.

6. CARNE OFERECIDA9  A ÍDOLOS E A AUTORIDADEAPOSTÓLICA, 8.1-11.1.

Havia festivais pagãos oferecidos aos deuses nos templos dacidade, onde se sacrificavam animais e se comia a carne deles.Fazia parte da cultura pagã daqueles dias. Os novos convertidosde Corinto, grande parte deles ex-idólatras (1Cor 6:9-11), estavamcheios de dúvida se podiam ao menos comer carne, pois semprecorriam o risco de, sem saber, estarem comendo a carne dealgum animal que havia sido oferecido aos ídolos e aos demônios.

Eles haviam discutido o assunto e se dividiram em dois

grupos: os ―fortes,‖ que achavam que podiam comer, e os ―fracos,‖que achavam que não e preferiam ficar com os legumes (leia 1Co8 — 10 para ver o contexto). E mandaram uma carta a Paulo sobreisto (1Cor 8:1). Eram os crentes livres para comer carne mesmocorrendo este risco? A resposta de Paulo foi tríplice:

a) O crente não deveria ir ao templo pagão para estas festase ali comer carne, pois isto configuraria culto aos ídolos eportanto, idolatria. É referindo-se a participar do culto pagão que

9 NICODEMUS, Augustus. É carne oferecida ao diabo, posso comer? Disponível in:http://tempora-mores.blogspot.com.br/2013/11/e-carne-oferecida-ao-diabo-posso-comer.html. 

Page 15: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 15/26

15

ele diz ―não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dosdemônios‖ (1 Co 10:19-23).

b) O crente poderia aceitar o convite de um amigo pagão e

comer carne na casa dele, mesmo com o risco de que esta carnetivesse sido oferecida aos ídolos. E não deveria levantar oassunto. Se não houvesse ninguém que levantasse a questão eninguém que fosse se sentir ofendido, o crente poderia comer acarne oferecida por seu amigo descrente. Se, todavia, houvessealguém presente ali que se escandalizasse, o crente não deveriacomer. A proibição de comer não era porque era pecado, masporque iria ofender o irmão de consciência débil e fraca queporventura estivesse ali também, como convidado (1Cor 10:27-

31).c) E por fim, Paulo diz que o crente pode comer de tudo que

se vende no mercado sem perguntar nada. O argumento dele éque a terra e a sua plenitude –  isto é, tudo o que Ele criou –  é deDeus e intrinsecamente bom, se usados corretamente. (1Cor10:25-26).

Mais tarde, ele escreve a Timóteo criticando os que ―exigemabstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos,com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecemplenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e,recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pelapalavra de Deus e pela oração, é santificado‖ (1Tim 4.3-4).

Parece claro que o raciocínio de Paulo é que a carne só setorna anátema e proibida para o crente enquanto estiver noambiente pagão de consagração aos ídolos. Uma vez que a carnesaiu de lá e foi para o açougue e de lá para a mesa do crente oudo seu vizinho descrente, não representa mais qualquer ameaça

espiritual. De outra forma, Paulo não teria permitido o seuconsumo em casa e na casa de um amigo. A restrição é somenteno ambiente de culto e consagração pagã.

Alguns dos coríntios, para não arriscar, tinham preferido sócomer legumes, com receio de ficarem contaminados com osdemônios a quem a carne teria sido oferecida: ―o débil comelegumes‖ (Rm 14.2). Paulo certamente preferia que os crentes dacidade seguissem o caminho dos que ele chama de ―fortes,‖ que édaqueles que já aprenderam que só há um Deus e um Senhor e

que tudo é dele. A Igreja não pode ficar refém da ética dos―débeis‖ pois inevitavelmente descamba para o legalismo. Mas, eleadmite que ―não há este conhecimento em todos‖ (1  Co 8.7) e

Page 16: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 16/26

16

determina que, em amor e consideração a estes irmãos, hajarespeito e consideração uns para com os outros.

Em resumo: à exceção dos churrascos nos templos pagãos,

os crentes podiam comer em casa carne comprada no mercado, ena casa de amigos descrentes quando convidados. Quem não sesentisse a vontade para fazer isto, por causa da consciência, quecomesse legumes. Não havia problemas, desde que nãocondenassem os que se sentiam tranquilos para comer carne. Eestes, não deveriam zombar e desprezar os outros.

No capítulo 9 Paulo ensina sobre o seu direito de receber osustento financeiro da igreja, mas embora seja princípio claro dasEscrituras que o trabalhador é digno do seu salário, Paulo abriu

mão desse direito, por um propósito mais elevado. Dessamaneira, ele ilustra como se trabalha com a liberdade cristã.

Paulo evidencia alguns argumentos para provar o seu direitode receber o sustento financeiro da igreja de Corinto:

a) Seu apostolado (1-6): alguns crentes da igreja de Corintoquestionavam a autenticidade do apostolado de Paulo. Alguns oconsideravam um impostor. Paulo defende seu apostoladomostrando que ele era autêntico e não espúrio. Ele começa

levantando a seguinte questão: qual é a prova de um verdadeiroapóstolo? Para ser um apóstolo, uma pessoa precisava possuirduas credenciais: ter visto a Jesus (v:1) e realizar sinais (II Co12:12). Paulo tinha essas duas credenciais. Ele ainda argumentaque qualquer pessoa poderia questionar a genuinidade do seuapostolado, menos os membros da igreja de Corinto. Isso, porquea conversão deles era uma prova da eficácia do seu ministério e oselo do seu apostolado.

b) Paulo menciona dois direitos essenciais de um apóstolo (v:

4-6): o primeiro direito era o de se casar e levar consigo umaesposa; e de ser acompanhado por um cristão no ministérioitinerante, como fizeram os demais apóstolos; o segundo direitoque ele tinha era o direito de não ter de trabalhar secularmenteenquanto estivesse trabalhando na obra do ministério. Paulo,porém, abriu mão desses dois direitos. Ele não se casou nem foisustentado pela igreja, antes trabalhou com as próprias mãospara o seu sustento pessoal para não criar qualquer obstáculo aoevangelho de Cristo (v:12).

Paulo não vê o ministério como uma fonte de lucro nem oevangelho como um produto de mercado. Ele não se servia do

Page 17: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 17/26

17

evangelho, ele servia ao evangelho. A igreja não era para ele umaempresa familiar. Há líderes atualmente que fazem da igreja umaempresa particular, onde o evangelho é um produto, o púlpito é

um balcão, o templo uma praça de negócios e os crentes são osconsumidores. Para estes a Igreja deixou de ser uma agência doReino de Deus há muito tempo.

No capitulo 10, O apóstolo Paulo prossegue o seuensinamento, concluindo essa seção sobre liberdade cristã. Nocapítulo 8, ele enfatizou que precisamos balancear oconhecimento com o amor, uma vez que o conhecimentoensoberbece, mas o amor edifica. No capítulo 9, o apóstoloexemplifica a questão da liberdade com a própria vida, evocando

o tema do sustento pastoral, revelando que embora fosse umdireito seu receber salário da igreja, voluntariamente abriu mãopor razões mais nobres: amor ao evangelho, aos pecadores e a simesmo. E neste capítulo Paulo dá um exemplo negativo do povode Israel. Ele nos ensina duas lições nesse capítulo: nossaexperiência religiosa deve ser balanceada com a precaução,cuidado e vigilância e também deve ser balanceada com aresponsabilidade cristã.

A experiência deve ser balanceada com a precaução (v: 1-22) Talvez a frase central do capítulo 10, seja o versículo 12: ―Aqueleque pensa que estar em pé, cuide para que não caia‖. Talvez ogrande orgulho do povo da igreja de Corinto é que essa igreja segloriava do seu elevado grau de espiritualidade. Eles estavamvaidosos de si mesmos. Paulo, então, precisa adverti-los. Avaidade é o primeiro degrau da queda. Paulo usou a nação deIsrael como exemplo para advertir os crentes de Corinto. Ele faztrês advertências:

Paulo adverte que privilégios não são garantia de sucesso (v:1-4): A nação de Israel recebeu muitas bênçãos de Deus:proteção, orientação, sustento, perdão, mas a despeito de tantosprivilégios, Israel fracassou. Israel foi tirado do Egito com mãoforte e poderosa; tinha sido libertado do Egito pelo poder de Deusda mesma forma que os crentes têm sido redimidos do pecado.

Paulo adverte que um bom começo não é garantia de umfinal feliz (v: 5-12): Quem começa bem nem sempre termina bem.Muitos que corriam bem, hoje estão longe do Senhor. Paulo

mostra um fato extremamente marcante. Nenhuma geração dahistória da humanidade viu e se beneficiou de tantos milagrescomo aquela geração de quem Deus não se agradou 

Page 18: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 18/26

18

7. IRREGULARIDADE NOS CULTOS, O USO DE VÉU, FESTASRELIGIOSAS, CEIA DO SENHOR, 11.2-34.

As atitudes dos crentes da igreja de Corinto estavam

afetando o culto e refletindo na adoração. Os três problemas quesurgiram na igreja em relação ao culto: a posição da mulher; amaneira que a ceia do Senhor estava sendo celebrada e o uso dosdons espirituais (capítulo 12). As tradições que Paulo mencionano primeiro versículo, são sobre os ensinamentos orais e oconteúdo da pregação que ele passava para a igreja. Hoje o ensinoestá fundamentado não no ensino oral, mas na Palavra escrita.Algumas pessoas confundem a tradição com o tradicionalismo. Atradição é a fé viva das pessoas que já morreram e o

tradicionalismo é a fé morta das pessoas que ainda estão vivas.a) Comportamento das mulheres no culto  (v. 3-16): Para

discernirmos o ensino de Paulo sobre a questão do véu,precisamos compreender o contexto cultural em que o véu foiusado. Nas terras orientais o véu é a honra e a dignidade damulher. Com o véu na cabeça, ela poderia ir a qualquer lugarcom segurança e profundo respeito. Porém sem o véu, a suareputação era atingida.

Nenhuma mulher freqüentava uma reunião pública semusar o véu. Somente as prostitutas tinham ousadia e coragem desair às ruas sem o véu. Esse comportamento naturalmentecausava uma série de distração para os homens durante o culto,além de representar uma negação da submissão no Senhor queas mulheres casadas deviam ao marido. O véu representava nacultura de Corinto, a honradez da mulher e a submissão aomarido.

As mulheres têm espaço na igreja. Paulo fala que a mulher

orava e profetizava na igreja (v:5). Elas exerciam o ministério deoração e palavra na igreja. Mas essa prática deveria ser exercidareconhecendo a dignidade dela e a sujeição ao seu marido.

b) O Desprezo pelo culto (v: 17-34): Estava acontecendouma divisão na igreja de Corinto. Além do culto à personalidadeem torno de alguns líderes (1:12), agora Paulo mostra que oscrentes estavam indo à igreja e voltando para casa piores (11:17),onde os ricos estavam desprezando os pobres (v:21).

Havia uma refeição comum nas igrejas, chamada de ágape .Era um momento de comunhão. Parece que se seguia à ceia, queera a parte última do culto. As pessoas traziam sua comida de

Page 19: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 19/26

19

casa. Parece que em Corinto fundiram a ceia e o ágape. Os ricostraziam muito e exibiam finas iguarias, e os pobres passavamnecessidades e havia bebedeiras (11.20-22). Paulo diz que isto

não era a ceia (v. 20) e passa a explicar a ceia. Ele recebeu estaforma de celebração da ceia. Fica em aberto se a recebeu doSenhor Jesus ou de outros apóstolos, mas fica certo que pelo ano50 de nossa era, a igreja já seguia esta prática de celebrar a ceia.Ela é um ato memorial (vv. 24-25), ou seja, ela lembra o sacrifíciode Jesus na cruz. Oportuna lição! A igreja nunca pode perder devista o sacrifício de Jesus, nunca deve deixar de comemorá-lo.Ela existe por causa dele. 

Paulo nos ensinou que quando nos reunirmos ao redor da

mesa do Senhor (ceia) devemos: olhar para trás, para frente, paradentro e ao redor.

a) Devemos olhar para trás (v. 26a): para o sacrifício deCristo na cruz - Jesus está nos ordenando que lembremos nãodos seus milagres, mas da sua morte.

b) Devemos olhar para frente (v. 26b): a ceia aponta para asegunda vinda de Cristo.

c) Devemos olhar para dentro (v. 28): avaliar o nosso coração

e analisar a nossa vida. É digno de observar que Paulo diz:―Examine o homem a si  mesmo e coma‖. Paulo não diz paradeixar de comer. Você não deve fugir da ceia por causa dopecado, a mesa da ceia é lugar de inclusão e não de exclusão. Elaé um instrumento de restauração, cura e de reconciliação. É ummomento que devemos aguçar os sentidos da nossa alma eexaminar-nos e nos voltarmos para o Senhor. d) Devemos olharao redor (v: 33,34): a ceia é um momento de comunhão.

Leon Morris diz que todos que participam da mesa sãoindignos, pois ninguém jamais pode ser digno da bondade deCristo para conosco. Mas em outro sentindo podemos virdignamente, isto é com fé. Participar da ceia indignamente éassentar-se à mesa de forma leviana e irrefletida, ou seja,precisamos discernir o que Cristo fez por nós na cruz. Participarda ceia hospedando pecado no coração, sem a devida disposiçãode arrependimento é fazê-lo de forma indigna.10 

10 MORRIS, Leon. I Coríntios - Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica, volume 7.

São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989. 

Page 20: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 20/26

20

8. DONS ESPIRITUAIS, 12.1-14.40.

A seção sobre dons espirituais vai do capítulo 12 até ocapítulo 14. O tema é o mesmo nestes três capítulos. O capítulo

13 não é parêntesis, como se quebrasse a argumentação quesurge em 11 e 12, mas é a apresentação do maior dom, que é oamor. Pode se ter todos os demais, mas sem este, nenhum valecoisa alguma (13.1)

Novamente precisamos ter em conta, para um bomentendimento do assunto, que a igreja estava em formação, que oNovo Testamento estava sendo escrito, e que as característicasdaquela época eram bem diferentes das nossas. Os apóstoloseram poucos, as distâncias entre as igrejas eram enormes e,conseqüentemente, os contatos das igrejas eram escassos, osmeios de transporte eram lentos e a comunicação era precária. Asigrejas estavam infestadas de falsos mestres fazendo afirmaçõesque Jesus nunca fizera, e sem respaldo algum (por isso, o dom dediscernimento, mostrado em 12.10 (veja, principalmente, naNTLH).

O que domina a discussão nos capítulos 12 e 14 é o dom delínguas. Como é mostrado em Corinto, parece mais uma algaravia

de sons extáticos que o que realmente houve no dia depentecostes, conforme relato de Atos dos Apóstolos.

Em Atos 2, no dia de pentecoste, as línguas foraminteligíveis (At 2.8), e em Corinto não o eram (1Co 14.9 e 16).

Em pentecoste, as línguas falaram aos homens (At 2.6-8) eem Corinto, falavam a Deus (1Co 14.2).

Em pentecoste não houve necessidade de intérprete (At 2.8)e em Corinto havia (1Co 14.5 e 14.13).

Em pentecoste houve edificação das pessoas (At 2.11) e emCorinto havia dissensão, orgulho e escândalo (1Co 14.23).

Em pentecoste, o falar em línguas ajudou a muita gente,preparando-as para a mensagem de Pedro, e levando-as àconversão (At 2.41), e em Corinto ajudava apenas o falante (1Co14.4 e 14.17).

 Tecnicamente, em pentecoste houve um caso de xenoglossia(falar línguas estrangeiras) e em Corinto, um caso de glossolalia

(falar sílabas desconexas, em êxtase).

Page 21: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 21/26

21

Mas o texto de Atos 2.8 nos deve levar a uma consideração:a ênfase não estava no falar, mas no ouvir! Não era como osdiscípulos falavam, mas como os ouvintes entendiam em sua

língua. Foram idiomas ou dialetos compreensíveis, entendíveis.Mas tudo em Corinto resvalava para dissensões. Os dons,

que deveriam edificar, serviam para fragmentar a igreja. Por isto,no meio da discussão, o capítulo 13.

Mas observemos os dons, como relatados nos versículos 8-10: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons decurar, operações de milagres, profecia, discernimento deespíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas. Mas oponto central da discussão deve ser o capítulo 13 porque o amorrelativiza todos os demais dons.

9. ENSINO SOBRE A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, 15.1-58.

É o trecho de 15.1-58. Este é, sem dúvida, o mais grandiosocapítulo de toda a Bíblia. Vale a pena lê-lo todo, em seqüência. Éa pedra de toque da esperança cristã. Se Jesus fosse Deus,

tivesse nascido de uma virgem, tivesse morrido pelos nossospecados na cruz e tudo se acabasse na sepultura, não haveriacristianismo. Isto é obvio.

Mas a igreja, tão cheia de dons, era cheia de errosdoutrinários. Conforme o v. 12, havia gente que negava haveralguma coisa como ressurreição de mortos. Mas Paulo é muitoenfático e afirma com segurança que se não há ressurreição demortos, o cristianismo não faz sentido algum (vv. 13-19).

A pregação da igreja repousava sobre algumas verdadesinconfundíveis; (1) Jesus era o messias esperado; (2) ele foramorto; (3) ele ressuscitara; (4) ele voltará. No primeiro sermão daigreja, Pedro deixou isto bem claro (At 2.31) e voltou a reafirmá-loem um segundo sermão (At 3.15) e insistiu nisto (At 4.2 e 11). Abase de tudo é que Jesus ressuscitou. Esta é a nossa garantia denossa ressurreição (1Co 15.20-23).

A ressurreição de Jesus é fato bem documentado. Além dasvárias aparições aos apóstolos, isolados ou em grupos, numa vez

ele aparecera a cerca de 500 pessoas, sendo que alguma delasainda vivia (v. 6). Era como se Paulo dissesse; ―Vocês nãoacreditam? Vão lá e perguntem aos que viram!‖. 

Page 22: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 22/26

22

A ressurreição de Jesus é a garantida nossa (15.20-28).Paulo faz uma analogia com Levítico 23.10-11. Os primeirosfrutos que o lavrador trazia para serem ofertados a Deus como as

primícias anunciavam a colheita próxima. A ressurreição de Jesus é assim: o prenúncio da ressurreição de todos os crentes. Edepois argumenta com Gênesis 3.17-19. Assim como a morteentrou no mundo por Adão, a vida entrou no mundo por Jesus (v.22). Ele venceu a morte porque era sem pecado. Na conversão nóssomos identificados com ele, ligados a ele. Seremos tornados sempecado (1Jo 3.2) e ressuscitaremos para viver para sempre.

Um aspecto confuso é o da questão do batismo pelos mortos(vv. 29-34). Quando alguém estava se preparando para o batismo

e morria, um parente ou amigo recebia esta cerimônia por ele.Paulo não aprova nem desaprova o ato. Apenas o menciona, comoargumento ad hominem , para levá-los a aceitar a ressurreiçãocomo fato. Eles criam, com esta prática estranha. Como negavamcom palavras?

A ressurreição do corpo ocupa longa seção (vv. 35-49). Oargumento paulino é simples. Cristo ressuscitou com um corpoque pôde ser visto e apalpado (Lc 24.36-43 e Jo 20.27). Foi umaressurreição física, não algo místico. Já sabemos que Corinto erauma cidade grega. Para os gregos, o corpo não tinha valor, sendoapenas a prisão da alma. Por que ressuscitá-lo? A idéia deressurreição pregada pelos cristãos era motivo de zombaria dosgregos (At 17.31-32). Mas para os cristãos, a matéria não é má,como era para os gregos. O corpo não é mau. Deus assumiu umcorpo, na pessoa de Jesus! E assim Paulo faz quatro afirmações:

(1ª) O corpo presente é corruptível; o corpo futuro seráincorruptível;

(2ª) O corpo presente é desonra; o corpo futuro será glória;(3ª) O corpo presente é fraco; o corpo futuro ressuscitará em

poder;

(4ª) O corpo presente é natural; o corpo futuro seráespiritual.

Daqui passa ele para a conquista da morte (vv. 50-58). É umtrecho de magnífica poesia épica. Precisamos ser transformados,mas não devemos temer isto. Nem todos morrerão porque quando

Cristo vier, os que estiverem vivos serão transformados (v. 52). Osmortos ressuscitarão primeiro, mas os vivos serão transformados.Será o fim da morte. Isto deve suscitar duas atitudes em nós. A

Page 23: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 23/26

23

primeira é gratidão a Deus por este final tão glorioso que teremos(v. 57). O segundo é que devemos continuar firmes na fé, semnunca desanimar (v. 58). Nosso trabalho e nossa carreira cristã

não são sem sentido.

10. AS INSTRUÇÕES FINAIS, 16.1-24.

O capítulo 16 traz as instruções finais, começando por umaorientação sobre a oferta que aqueles cristãos, de melhor situaçãofinanceira, deviam fazer pelos menos favorecidos, os da Judéia,que enfrentavam grande perseguição e tinham seus bens

confiscados (16.1-5). Há um princípio aqui que deve reger nossorelacionamento: nossos bens servem para beneficiar outros,principalmente nossos irmãos desfavorecidos. Devemos viver emmutualidade.

Os capítulos finais das cartas paulinas são muitoenriquecedores e até mesmo cheios de ternura. Aparece seurelacionamento pessoal com os crentes, as palavras desaudações, estímulo e reconhecimento do caráter de muitosdeles. Paulo expressa o desejo de visitá-los, não apenas depassagem, mas permanecendo algum tempo com eles (vv. 5-7).Havia uma fraternidade, uma vivência de relacionamento entreaqueles crentes que nossas igrejas perderam hoje. Cada um denós assiste um culto e sai para sua vida em seu apartamento,sem viver em relacionamento com os demais. Eles se visitavam,se hospedavam, se socorriam, se envolviam uns com os outros.

O apóstolo está entrado em anos, mas continua pregando eembora tenha oposição, não faz conta disto (vv. 8-9). Ele tem uma

missão e quer cumpri-la. Não busca aplausos, mas apenas desejacumprir seu dever para com Cristo. É um modelo de obreiro:trabalhar até morrer sem Se preocupar com os críticos.

E ainda tem tempo de orientar a igreja no trato com doisobreiros, Timóteo e Apolo (vv. 12-12). Timóteo foi o substituto dePaulo na organização das igrejas, na administração dosmissionários. Na época das cartas era o assistente de Paulo.Apolo foi o grande orador, pregador itinerante. A igreja precisa deburocratas, administradores, e de missionários. De pessoas mais

tímidas, como Timóteo parece ter sido, e pessoas maisexuberantes, como Apolo parece ter sido. Somos diferentes, mas

Page 24: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 24/26

24

todos temos espaço para servir a Deus dentro de sua igreja e doseu reino.

Nas recomendações finais, elogios a Estéfanas, que, tudo

indica, era o pastor da igreja (vv. 15-16). Se não era o pastor, eradiácono ou um líder expressivo. Sua liderança deveria ser acatadae ele tinha visitado Paulo, acompanhado de mais dois irmãos (v.17). E que bonita expressão sobre eles: ―Gente como essa mereceelogios‖ (v. 18, Linguagem de Hoje). Não devemos servir a Deuspara receber elogios, mas pode se dizer isto a nosso respeito, quemerecemos elogios?

Áquila e Priscila estavam lá, em Éfeso, e a igreja se reuniana casa deles (v. 19). As igrejas não tinham templos e se reuniamem casas. Na realidade, o lar de cada crente em Jesus deveria seruma igreja, um pólo de irradiação do evangelho.

CONCLUSÃO

A carta começa com dureza e termina com ternura, nassaudações. Mas o final textual é muito bonito. Paulo escreve a

oração que era feita pela igreja primitiva: Marana Tha , expressãoaramaica que significa ―Vem (com sentido de rapidez), nossoSenhor!‖ (v. 22). O desejo pela volta de Jesus deve ser nossaoração. E ele conclui com uma bênção, como fez em todas ascartas: que a graça de Jesus estivesse com eles, e o amor dele,Paulo, estava com eles.

O apóstolo termina sua carta invocando a graça do Senhor Jesus sobre a igreja: ―A graça do Senhor Jesus seja convosco!‖ (16.23). Talvez essa seja a carta mais difícil que Paulo escreveu. A

ferida feita pelo amigo é uma ferida que traz cura. Após exortarduramente essa igreja, Paulo diz: ―O  meu amor seja com todosvós, em Cristo Jesus‖ (16.24). 

Page 25: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 25/26

25

REFERENCIAL BÍBLIOGRÁFICO

A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, Comentada por

Charles Hodge. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.ATKINSON, David. A Mensagem de Rute. São Paulo: ABUEditora, 1ª Ed. 1991.

BARKLEY, Willian. Comentário do Novo Testamento, I e IICorintios, volume 9. Portugal: La Aurora: 1978.

BAYLY, Lewis A prática da piedade. São Paulo: PES, 2010.

BITTENCOURT, B.P. A personalidade viva de Paulo. SãoBernardo: Faculdade de Teologia, 1964.

CALVINO, João. I Coríntios - Comentário à Sagrada Escritura.São Bernardo do Campo, SP: Edições Paracletos, 1996.

CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado - Versículopor Versículo, Volume 4. São Paulo: Editora Candeia, 1993.

ERDMAN, Charles R. Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios.São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1957.

GILBERTO, Antonio. I Coríntios: Os problemas da igreja e suassoluções. Lições Bíblicas 2T2009. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

HENRY, Mathews. Comentário Bíblico Mathews Henry, Volume 2.Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

HODGE, Charles. Comentario De I Corintios (Spanish Edition).Madrid: Banner of Truth, 1996. 

LIMA, Leandro Antonio de. Razão da esperança. São Paulo:Editora Cultura Cristã, 2006

LOPES, Hernandes Dias Lopes, I Coríntios: Como resolver

conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.MACARTHUR, John. I Coríntios - Estudos bíblicos de JohnMacArthur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

PRIOR, David. A Mensagem de 1 Coríntios: A vida na igreja local.São Paulo: ABU Editora, 2001.

VON ALLMEN, Jean-Jacques. Estudo sobre a Ceia do Senhor.São Paulo, Duas Cidades, 1968.

WAGNER, C. Peter. Se Não Tiver Amor. Curitiba: Luz e Vida,1982.

Page 26: Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

7/18/2019 Análise Das Cartas de Paulo Aos Corintos - 1 Corintios - Prof. Pádua

http://slidepdf.com/reader/full/analise-das-cartas-de-paulo-aos-corintos-1-corintios-prof-padua 26/26

26

WHITE, John; BLUE Ken. Restaurando o ferido. Florida: EditoraVida. 1992.