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“ANÁLISE DAS OBRAS DE ARTE DE ROMERO BRITTO”
APRENDIZADO/INTERPRETAÇÃO/PRODUÇÃO
Ossélia Ioni Viola Dreher1 Claudia Cirineo Ferreira Monteiro2
Resumo O presente artigo é resultado de um projeto desenvolvido com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Igléa Grollmann Ensino Fundamental e Médio na Cidade de Cianorte/PR., no ano de 2013. O citado projeto é um dos requisitos para a conclusão da participação no PDE
3 e apresenta a reflexão
sobre a leitura de imagem, que surgiu ao se constatar, na prática cotidiana, as dificuldades encontradas em trabalhar interpretações, análises e reflexões das obras de arte. Teve como objetivo subsidiar o ensino da arte, através de inúmeras possibilidades de atividades de leitura de imagem e atividades para estimular a observação, a sensibilidade e a interpretação dos alunos ao lerem imagens de modo que estes compreendessem os contextos das manifestações artísticas e valorizassem o processo do fazer artístico. Para tanto optou-se pelas obras de arte do consagrado artista brasileiro Romero Britto, que utiliza técnicas particulares com cores vibrantes e composições ousadas. Restando, por fim, a satisfação de ver um projeto criativo que influenciou o contexto social e escolar de maneira surpreendente.
Palavras-Chave: Arte. Leitura de Imagem. Fazer artístico. Romero Britto. 1. INTRODUÇÃO
Considerando que as Diretrizes do ensino de artes tem como prioridade a
História da Arte, centrando-se no estudo e na leitura de obras artísticas, este projeto,
desenvolvido no Colégio Estadual Igléa Grollmann, na cidade de Cianorte/PR, no
ano de 2013, com alunos do ensino médio teve como objetivo proporcionar o estudo
da arte e sua influência no contexto social e escolar por meio da leitura das imagens de
Romero Britto.
A necessidade de conhecimento reflexivo sobre a leitura de imagem no
contexto escolar foi o principal motivo que levou a elaboração desse projeto de
pesquisa com aplicação na escola, dentro do Programa de Desenvolvimento
Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. O
aprofundamento e o conhecimento foram importantes para que este conhecimento
tivesse maior visibilidade na prática pedagógica.
1Ossélia Ioni Viola Dreher, professora PDE 2012, atua na rede Estadual de Educação do município de
Cianorte na área de artes. 2 Claudia Cirineo Ferreira Monteiro, orientadora e professora do Departamento de Design e Moda da
Universidade Estadual de Maringá. 3 Programa de Desenvolvimento Educacional ao quais os professores do Estado do Paraná que se
encontram no nível III da carreira docente podem participar por meio de processo seletivo. A exigência feita pela SEED é de que o docente desenvolva um projeto de intervenção na sala de aula visando transformar uma determinada realidade ali presente.
Portanto escolheu-se a leitura de imagens das obras de arte de Romero Britto
como ponto de partida para este trabalho, levando o aluno a perceber e
compreender o processo criativo, e a partir da observação, chegar a uma
interpretação prática.
Importante mencionar que o trabalho com a leitura da obra de arte contempla
o encaminhamento metodológico do ensino da arte, proposto nas Diretrizes
Curriculares Da Educação Básica, que de acordo com Paraná (2008) são: teorizar,
sentir e perceber, e o trabalho artístico.
Por fim, frisa-se que o trabalho proposto terá como metodologia principal a
leitura de imagem que será realizada utilizando-se as obras de arte do artista
Romero Britto.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Leitura de Imagem.
A imagem é a forma de expressão e de comunicação que vincula as pessoas
às mais antigas e ricas tradições. Sendo assim, a leitura da imagem, enriquecida
pelo esforço da análise, pode se tornar um momento privilegiado para o exercício de
um espírito crítico que, consciente da história da representação visual na qual ela se
inscreve, assim como de sua relatividade, poderá dela tirar a energia de uma
interpretação criativa.
A leitura de imagem é a interpretação de uma figura, seja ela uma obra
artística, ou algo do nosso cotidiano visual, feita por meio do domínio dos elementos
visuais ou do vocábulo da própria mensagem. Buoro (2002, p. 30) afirma que “a
leitura de imagem partirá da premissa de que arte é linguagem, construção humana
que comunica ideias, e o objeto arte será considerados, portanto, como texto visual”.
Para Carvalho (2012) uma imagem é como um texto permite uma leitura
própria do conhecimento das imagens figurativas e abstratas, seus conceitos, estilos
e épocas, relacionados com a percepção e imaginação, criando assim harmonia
entre o observador e a imagem.
A imagem também pode servir de instrumento de intercessão entre o homem e o próprio mundo. No caso, a imagem não é tão considerada em seu aspecto de comunicação quanto “como produção humana que visa estabelecer uma relação com o mundo”. (JOLY, 2006, P. 59).
A leitura de imagem é um dos pontos mais importantes do ensino da arte,
pois o mundo é repleto de imagens, produtos, propagandas entre outros.
Para se ler uma imagem o ser humano deve possuir conhecimentos
interdisciplinares, tanto históricos e antropológicos quanto estéticos, não basta o
conhecimento inato. É o processo de criação de sentidos somado a construção de
interpretações, tanto do artista como do leitor, que se revela a leitura de imagem.
Sendo assim, necessário se faz as informações visuais obtidas da experiência e
conhecimento armazenado, ou seja, além dos conhecimentos técnicos, é necessário
sensibilidade para poder sentir a obra.
O artista plástico modifica a forma de vários materiais em outras formas. Faz
a pedra virar um rosto; dá outra forma ao barro. Ainda, trabalha com a luz, a cor e o
desenho, para representar o mundo e expressar-se em imagens. Isso tudo nada
mais é que o estudo das imagens. Por meio desta linguagem, podem estudar a
natureza, o cotidiano, os meios de comunicação, as telas, fotografias, esculturas
para compreender melhor o mundo que os rodeia.
Assim como a linguagem plástica tem seu contexto formal ou recurso para a
expressão. A linha, a cor, o volume e superfície são elementos expressivos que dão
forma as imagens. O ritmo, o equilíbrio, o movimento e a profundidade são
elementos intelectuais que compõe nas imagens.
A localização no tempo e no espaço, o tema, o motivo, os significados, a
crítica e a estética levam a compreender o sentido, as entrelinhas, as mensagens
implícitas na obra de arte. Dessa maneira assim como o texto as imagens também
podem ser lidas.
O artista é um criador de linguagens que busca compreender também os modos de produção, de linguagem de outros artistas, dialogando com eles. Entender esse diálogo plástico é participar do mundo da criação, é aprofundar-se nos conteúdos da leitura visual. (BUORO, 2002, p. 54).
As diferentes imagens encontradas no dia a dia significam arte. As pessoas
veem as imagens de formas diferentes e como algo desconhecido. A fruição é
individual. A emoção, a sensação e o pensar que a imagem provoca, são
modificações internas provocadas pelas sutilezas da própria linguagem. Na
presença de uma obra de arte, a admiração não é passiva, algo penetra na obra e
ao mesmo tempo desperta novas sensibilidades.
È importante lembrar também que, embora a obra de arte seja aberta, embora permita uma infinidade de leituras, é ela que, em última instância, dirige essa leitura. Na experiência da fruição estética, é necessário deixar a obra ser, presença única, realidade sensível carregada de significado espiritual e de valor artístico. (MARTINS, 1998, P. 75,76).
Com o ensino da arte o aluno passa a ter um olhar mais sensível,
percebendo, compreendendo e analisando as qualidades das imagens existentes no
mundo, fazendo uma leitura mais apreciada e detalhada. A imagem é carregada de
informações sobre cultura do mundo. Por isso, ao ler uma imagem, é possível
conhecer a sociedade e ampliar o conhecimento sobre outras culturas.
Considerar uma imagem como texto visual, repleto de mensagens e
composto de diversos tipos de signos, equivale a considerar esta imagem como
linguagem ou como ferramenta de expressão da comunicação. Se fizer a leitura de
imagem antes de ler um texto, facilitará a compreensão do mesmo. Visto ser a
Leitura de imagem uma possibilidade de perceber, compreender e interpretar.
Em uma educação para a compreensão crítica, a História da Arte paralela a
leitura de imagem deve ser compreendida como prática de representação.
Desse modo, o interesse está em despertar, por meio da leitura de imagens,
uma leitura e uma compreensão da realidade, interpretando uma contextualização
reflexiva. Hernandez (2000) apresenta a proposta para organizar o ensino da
compreensão da cultura visual centrado em obras de arte, para que o aluno possa
refletir, descrever e interpretar a obra de arte, incorporando os elementos estéticos
presentes nas obras.
O professor possibilita ao aluno contato com imagens onde apresentam
conteúdos correspondentes às aspirações e necessidades humanas. Isso porque o
conhecimento artístico, nas obras de arte, revela o prazer estético, e o aluno passa a
adquirir um olhar crítico.
Para Schlichta (2009, p. 32) o conhecer excede a capacidade de enxergar, é
necessário saber para ver e compreender os sentidos ou as razões de ser um
objeto.
Para realizar uma leitura de imagem o professor pode partir de qualquer um
dos conteúdos: um gênero; uma linguagem ou uma técnica; um período ou
movimento artístico; um artista; um elemento formal, e outros e, no desenvolvimento
do trabalho, acrescentando outros, graduando e selecionando-os de acordo com os
conhecimentos já adquiridos e com a experiência do grupo.
Sempre que possível é necessário aliar o conhecimento dos códigos com a
apreciação de obras, afinal, o aluno terá maiores possibilidades de apropriação das
representações artísticas.
A interpretação (da obra) ocorre quando se instaura uma simpatia, uma congenialidade, uma sintonia, um encontro entre um dos infinitos aspectos da forma e um dos infinitos pontos de vistas da pessoa: interpretar significa conseguir sintonizar toda realidade de uma forma através da feliz adequação entre um de seus aspectos e a perspectiva pessoal de quem a olha. (PAREYSON, 1989, p. 167).
Por meio de imagens constrói-se o pensar, deste modo os professores,
ensinando a arte, podem contribuir para a construção de “leitores de imagens”.
Segundo Manguel (2001, p. 172) “se olhar para uma pintura é equivalente a
ler, então é uma forma muito criativa de leitura, uma leitura em que devemos não só
transformar as palavras em sons e sentido, mas as imagens em sentidos e
histórias”.
A leitura visual requer a participação do leitor de forma complexa, pois este
deve vasculhar a imagem exaustivamente em cada ponto que se oferece a
interpretação. Sendo assim, o professor pode assumir um papel de mediador entre
seu aluno e a imagem.
Diante desse contexto, conclui-se que, atividades de leitura no sentido de ver
além da transparência, apreendendo a imagem na sua opacidade; de apropriação e
de construção dos seus significados são de extrema importância, especialmente no
âmbito do Ensino Médio, pois se conectam com a necessidade dos alunos
aprenderem a orientar-se, a encontrar sentidos e pontos de referência que lhes
permitam interpretar não só as representações, mas também a própria realidade.
Reforçando essa afirmativa:
“A leitura de imagens é uma das principais práticas no âmbito do ensino de Artes Visuais, pois enriquece a compreensão que os alunos têm de si mesmos e do mundo e, concomitantemente, a sua experiência. Afinal, trata-se de uma maneira especificamente humana não só de assimilar, mas, sobretudo, de produzir representações fundamentadas na história humana e social.” (SCHLICHTA, 2009, p. 60).
O estudo da arte na escola tem como principal meta possibilitar o acesso aos
conhecimentos artísticos necessários à leitura não só da imagem ou da realidade,
mas também da política, do seu modelo econômico, educacional e cultural.
Essa proposta de leitura de imagens ou “Textos visuais” tem como finalidade
explorar os “conteúdos estruturantes” de uma imagem, destacando as obras do
artista Romero Britto, superando as dificuldades dos alunos do ensino médio
relatadas neste projeto.
2.2 Estratégia de Ação.
O objetivo do projeto é que o aluno seja capaz de compreender a arte como
uma construção histórica, uma linguagem, um meio de expressão e representação;
compreender que um objeto artístico, é diferente dos objetos que cumprem uma
função mediata, prática e material.
O projeto em questão apresentou as seguintes estratégias de ação:
Inicialmente foi apresentado um pré-projeto no intuito de informar ao aluno o
objetivo do trabalho a ser desenvolvido;
Posteriormente foi realizada a leitura sobre a vida do artista Romero Britto;
Em todas as atividades foram expostas as obras do artista estudado,
realizando assim a interpretação e participação dos alunos na análise e reflexão das
obras escolhidas;
Pintura utilizando as técnicas de Romero Britto em mesas e bancos de
concreto, parede do colégio em ambiente destinado aos alunos para leitura;
Pinturas com as técnicas do Romero Britto, nos tambores de lixos e
apagadores para as salas de aulas.
Para finalizar o presente projeto será realizada uma exposição dos trabalhos
executados pelos alunos envolvidos; com acesso a toda comunidade escolar.
Com isso, os alunos terão oportunidade de colocar em prática a criatividade, a
interpretação, a cor, forma, textura, sentimentos, emoções e concretizando uma
aprendizagem com mais conhecimento. Buoro (2002, p. 238) afirma: “O encontro
com a arte e com o mundo viabilizado pelo conhecimento sensível é um processo
sem volta”.
2.3 Procedimentos Metodológicos.
O projeto foi desenvolvido com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual
Igléa Grollmann Ensino Fundamental e Médio na Cidade de Cianorte/PR., no ano de
2013. O projeto em discussão trouxe à baila a leitura de imagem, e nele buscou-se o
estímulo à observação, a sensibilidade e a interpretação das obras de arte do artista
brasileiro Romero Britto.
Nesse ínterim, o projeto que tratou as artes visuais com tamanha
profundidade possibilitou análises de algumas temáticas, tais como: cores, linhas,
ponto, formas, texturas, propaganda, interpretações, além de ter possibilitado a
reflexão sobre a arte popular.
2.4 Resultados e Discussão.
A partir dos estudos realizados e o projeto feito, prosseguiu-se com a
elaboração do material didático como subsídio ao trabalho a ser desenvolvido junto
aos alunos. Optou-se pela elaboração de uma Unidade Didática que é um material
contendo texto de fundamentação com as respectivas atividades a serem
desenvolvidas.
Após a elaboração do material didático, passou-se à implementação do
projeto na escola. Apresentou-se o projeto e o material didático para a Direção e a
Coordenação Pedagógica, para o qual a escola se dispôs a ajudar naquilo que
estava ao seu alcance e foi deixada uma cópia do material apresentado para facilitar
o acompanhamento. Para os professores e funcionários, a apresentação se
materializou na Semana Pedagógica. E, ao iniciar o ano letivo foi feita a
apresentação do projeto com intuito de informar aos alunos do ensino médio o
objetivo do projeto e as etapas a serem desenvolvidas, incluindo o espaço e o
calendário das aulas. Os alunos aprovaram e ficaram empolgados com o projeto,
sendo então agendada a data para início das atividades no contra-turno.
Considerando a visão errônea dos alunos quanto a disciplina de arte no que
se refere à reflexão, leitura e interpretação, foi preciso chamar a atenção para a
importância do ver e do analisar, bem como cativá-los para o estudo.
Com o intuito de organizar as atividades a serem realizadas na disciplina, foi
necessário distribuí-las em partes, como serão expostas na sequencia.
1ª Parte – Apresentação do projeto para os alunos.
Primeiramente foram apresentados textos para leituras e foram
acompanhadas com reflexões e análises individuais e em grupo. Para compreensão
do contexto histórico e cultural foram estudadas arte popular e cubismo, bem como,
artistas desses períodos juntamente com o estudo de suas obras e também a leitura
de outras imagens relacionadas ao período, o qual facilitou nas interpretações das
obras de arte de Romero Britto. Esta metodologia propiciou momentos para
aprofundar os conhecimentos adquiridos sobre a arte e atividades para reflexão.
Esta fase foi extenuante devido à grande quantidade de material teórico, porém os
alunos aprovaram o conteúdo por meio de maciça participação.
Na sequencia, partiu-se para o estudo do artista Romero Britto que ilustra a
tendência da produção artística popular. Com a aplicação do material, foi possível
aprofundar os estudos e até mesmo observar as imagens estudadas no site oficial
do artista. Num primeiro momento, muitos alunos disseram que não o conhecia, mas
aos poucos começaram a lembrar de algumas obras que já tinham visto, mas não
sabiam que era do artista em questão.
2ª Parte – Conhecendo o artista e leitura de imagens do artista.
Após o estudo do artista, propôs-se a leitura e análise de suas obras de arte.
Nesse momento os alunos realizaram no papel releituras, interpretações artísticas
individuais com características compositivas do artista para uso da pintura nos
apagadores, latões de lixo, mesas e bancos de concreto e parede, o que, na opinião
dos alunos foi muito prazeroso. Todos participaram com entusiasmo e realizaram
releituras fazendo uso da técnica de Romero Britto. Abaixo podem ser observadas
algumas das produções realizadas pelos alunos do projeto após leitura de textos e
imagens e de reflexão sobre o artista estudado e que mostra a compreensão dos
alunos sobre o conteúdo (Figura 1).
Figura 1 - Releituras dos alunos após estudo do artista Romero Britto.
Fonte: Elaboração do autor.
3ª Parte – Estudo de cor, leitura de imagens e esboço dos projetos.
Em seguida trabalhou-se a origem, a influência e a importância das cores,
com ênfase na análise das cores empregadas nas obras de arte de Romero Britto.
Na sequencia, foram realizadas atividades de interpretações usando a técnica de
Romero Britto em papel sulfite como prévia para as pinturas dos latões de lixo.
(Figura 2).
Figura 2 – Interpretações dos alunos após estudo das cores nas obras de Romero Britto para serem usadas nos latões de lixo.
Fonte: Elaboração do autor.
Uma das fases do projeto foi a leitura de imagens e análise das obras de arte
de Romero Brito a fim de utilizar a mesma técnica em apagadores. Neste momento
os alunos deveriam observar, analisar e interpretar as obras do artista para a
execução das peças o que trouxe muita empolgação proporcionando momentos de
grande discussão sobre o fazer artístico. (Figura 3).
Figura 3 – Interpretações dos alunos após estudo das obras de arte de Romero Britto para serem usadas nos apagadores.
Fonte: Elaboração do autor.
Também realizaram interpretações no papel Canson os projetos para serem
aplicados nas mesas do cantinho da leitura. A aprovação dos alunos foi tamanha
que os mesmos solicitaram a professora para levar os desenhos para casa com o
intuito de terminar no mesmo dia. (Figura 4).
Figura 4 - Interpretações dos alunos após estudo das obras de arte de Romero Britto para serem usadas nas pinturas das mesinhas.
Fonte:Elaboração do autor.
Um dos momentos mais empolgantes para os alunos foi quando souberam
que poderiam pintar uma das paredes da escola, chamada de “Cantinho da Leitura”.
Para a realização do projeto os alunos desenharam no papel Paraná e pintaram com
tinta guache as obras que seriam utilizadas neste espaço. Para homenagear o
artista os alunos fizeram o autorretrato de Romero Brito para ser pintado em local de
destaque. (Figura 5 e 6).
Figura 5 - Autorretrato de Romero Britto.
Fonte:Elaboração do autor.
Figura 6 – Interpretações feitas pelos alunos após terem estudado as obras do Romero Britto para serem usadas na parede.
Fonte:Elaboração do autor.
4ª Parte – Atividades práticas, pinturas dos objetos.
Após trabalhar o conteúdo teórico em sala de aula, inclusive desenhando e
pintando no papel todos os desenhos que ilustrariam os objetos escolhidos, os
alunos foram para as atividades práticas. E objetos comuns do cotidiano foram
transformados em verdadeiras obras de artes. Lixaram os latões, apagadores,
mesas, bancos e paredes. Esta fase foi trabalhosa devido ao tipo de tinta utilizada e
a grande quantidade de detalhes utilizados nas obras, porém o resultado foi
recompensador. (Figura 7).
Figura 7 – Interpretações nos apagadores
Fonte: Elaboração do autor.
Na sequencia são apresentadas as imagens das pinturas realizadas nos
latões de lixo. Foram necessários vários encontros para a finalização das pinturas,
que, como foi apontado anteriormente, exigia muitos detalhes, característica latente
das obras do artista estudado. (Figura 8).
Figura 8 – Interpretações nos Latões de lixo.
Fonte:Elaboração do autor.
Logo após realizaram as pinturas nas mesas e nos bancos de concreto no
cantinho da leitura. (Figura 9).
Figura 9 – Interpretações nas mesas.
Fonte:Elaboração do autor.
Por fim a pintura da parede da escola. Esse foi o momento mais esperado do
projeto, os alunos pintaram na parede do “Cantinho da leitura”, obras de arte
maravilhosas, capricharam, ficaram muito lindas e os alunos se realizaram. Abaixo
foto da parede antes e o depois (Figura 10).
Figura 10 – Interpretações na parede.
Fonte:Elaboração do autor.
Para a fase final, onde foi realizado o acabamento de todas as obras de arte,
contou-se com a participação de uma pessoa do setor “Operacional Auxiliar”, dando
uma demão de verniz para maior durabilidade nas obras de arte e também com a
participação de uma pessoa do setor “Agente Educacional I”, que teve a belíssima
ideia de ativar o jardim com plantações de flores alem da pintura em uma carriola
velha onde foi usada para plantar flores. No total foram customizados vinte
apagadores, dez mesas de concreto, seis latões de lixo e uma parede da escola,
todos eles com desenhos da releitura do trabalho de Romero Britto.
Nesta fase, os alunos tiveram oportunidade de colocar em prática a
criatividade, a interpretação, o uso da cor, forma, textura, sentimentos, emoções e
concretizaram uma aprendizagem com mais conhecimento.
5ª Parte – Exposição dos projetos realizados
Para finalizar o projeto foi realizada uma exposição dos trabalhos
desenvolvidos pelos alunos envolvidos. O resultado do projeto foi recompensador,
contando com a presença de toda a comunidade escolar, bem como divulgado em
mídia impressa4, mídia televisiva5 e em meios digitais6.
Após a exposição do projeto os alunos organizaram as fotos e vídeos para
serem colocados na pagina do colégio7. Foi muito prazeroso e gratificante, pois
todos os envolvidos no projeto se sentiram orgulhosos e satisfeitos pelo grandioso
trabalho realizado. (Figura 11).
Figura 11 – Interpretações na parede.
Fonte: Elaboração do autor.
Ao término das atividades práticas proposta na implementação foi proposta
uma avaliação do projeto e dos alunos com relatos da experiência vivida, onde se
teve a confirmação da aprendizagem. O projeto teve repercussão entre os alunos e a
comunidade. Declarou a diretora Silvia Vilela de Oliveira Rodrigues:
“Além de promover o aprendizado, vemos a alegria com que os alunos se emprenharam neste projeto. Conforme eles foram percebendo que a escola estava ficando bonita, foram tendo reconhecimento, tinham mais empolgação para continuar. Com certeza esse projeto mudou a cara da escola”.
Os alunos comentaram positivamente a respeito do projeto abordando sobre
a possibilidade de aprender a ler imagens, usar a imaginação e as texturas utilizadas
pelo artista. Os alunos também comentaram sobre a arte de Romero Britto, como
4 http://www.tribunadecianorte.com.br/variedades/projeto-inspirado-em-romero-britto-leva-arte-para-o-
ambiente-escolar-26445/ http://www.tribunadecianorte.com.br/cidades/arte-de-romero-britto-inspira-alunos-e-transforma-cara-do-colegio-iglea-26660/ 5 http://globotv.globo.com/rpc/parana-tv-1a-edicao-paranavai/v/arte-na-escola-estudantes-dao-cara-
nova-ao-patio-de-colegio-em-cianorte/2786742/ 6 https://www.facebook.com/media/set/?set=a.455894611175110.1073741887.366278496803389&typ
e=3 7 http://www.colegioiglea.com.br/rometo-britto-inspira-projeto-de-arte-do-colegio-iglea/
aponta uma das alunas “Eu acho que a arte do artista Romero Britto é muito alegre e
com isso conquista a todos”.
Abaixo relatos dos alunos que participaram da análise e compreensão da arte
do artista brasileiro Romero Britto:
“As obras são magníficas que nos contagiam. Os quadros, as esculturas são maravilhosas sem falar do colorido que o artista faz uso. Tudo é encantador, valeu muito a pena poder ter participado desse projeto, adorei”. (Aluno A, 14 anos).
“Muitas pessoas enxergam a arte de maneira simples. Mas as cores empregadas nas obras de arte parecem que falam da beleza da vida e de coisas boas do mundo, mas há muito mais do que isso, por trás de grandes telas elas nos contam histórias... Ao estudar as obras de arte de Romero Britto passei a ver a arte de uma maneira mais completa meu conceito sobre arte mudou, pois quando nos concentramos em um quadro parece até que os desenhos realmente falam conosco”. (Aluno B, 16 anos).
Nos relatos dos alunos, ficou claro o entusiasmo e o despertar para a
importância da arte. Importante ressaltar a importância da leitura de imagens. As
colocações dos alunos revelam que o trabalho desenvolvido ajudou a produzir novas
maneiras de perceber, analisar e interpretar a arte.
Atividades desenvolvidas com o Grupo de Trabalho em Rede - GTR
Em paralelo a essa atividade foi desenvolvido o GTR com professores da
rede pública do Paraná, Os Grupos de Trabalho em Rede - GTR/2013 constituem
em uma das atividades da Turma PDE/2012 e caracteriza-se pela interação a
distância entre o Professor PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual,
cujo objetivo é a socialização e discussão do Projeto de Intervenção Pedagógica, da
Produção Didático-Pedagógica e da Implementação do Projeto na Escola. E, para
cumprir tais objetivos, apresentou-se o projeto “Análise das Obras de Arte de
Romero Britto” Aprendizado/Interpretação/Produção. Que oferece um
aprofundamento teórico sobre o assunto.
Os Professores participantes ao lerem o projeto chegaram à conclusão que o
projeto concederá ao aluno um conhecimento aprofundado a respeito do pintor
brasileiro Romero Britto, e também permitirá melhor interpretação e análise de suas
obras, proporcionando assim, o desenvolvimento da criatividade no seu fazer
artístico, pautado na importância da apreciação, da interpretação, da percepção e de
possíveis produções artísticas realizadas pelos próprios alunos.
O GTR consistiu no desenvolvimento de três temáticas e o objetivo de cada
uma delas foi cumprido com sucesso. Primeira temática – Leitura do Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola. O objetivo desta temática é promover entre os
participantes deste GTR discussões sobre o referido Projeto.
O objetivo das atividades da primeira temática foi cumprido por todos os
participantes do curso e a socialização e discussão do Projeto de Intervenção
Pedagógica, foi analisada de forma a propor um estudo da arte que traga influência
no contexto social e escolar dos alunos, tornando-os críticos e criativos.
Na segunda temática: Apresentação da Produção Didática-Pedagógica com o
objetivo principal era a participação de todos com sugestões, críticas e menção de
atividades já realizadas. Desse modo, a Produção Didático-Pedagógica, elaborada
enquanto estratégia metodológica do Projeto de Intervenção Pedagógica foi
analisada e discutida com a participação de todos gerando muitas contribuições
entre o grupo. Etapa concluída com êxito.
Já na terceira Temática com a Implementação Pedagógica do Projeto
desenvolvido na escola. Foi feito o debate com os professores envolvidos no curso,
no qual foram relatadas práticas vivenciadas nas escolas. Nessa fase vislumbram-se
muitas declarações positivas sobre o sucesso da Implementação.
Depoimento de uma professora que participou do GTR:
“Vejo que a implementação da proposta pedagógica está sendo um sucesso e não poderia ser diferente, pois foi bem elaborada e fundamentada, assim como a produção do material didático pedagógico, feita de forma clara, com atividades acessíveis e atrativas para os alunos. Por isso, só resta parabenizar a professora pelo desempenho e agradecê-la pela oportunidade de compartilhar conosco sua produção, a qual será bem aproveitada em nossas aulas, bem como e os resultados obtidos, com todos os imprevistos, que sabemos que podem ocorrer e, principalmente, a satisfação pelo envolvimento por parte dos alunos. Certamente as atividades despertarão o interesse de outras turmas pelo pintor Romero Britto, o qual foi bem homenageado pela professora e seus alunos do ensino médio”.
Houve troca de experiência por todos os participantes do grupo, com
atividades realizadas em suas escolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre a experiência do PDE, cabe ressaltar a sua importância e seu
lado inovador e a elaboração de um projeto, a pesquisa, a construção de material
didático, a implementação na escola, o grupo de trabalho em rede, enfim todas
essas ações em seu conjunto contribuíram para o crescimento profissional, e
também um incentivo à formação continuada.
A possibilidade de escolher o objeto de estudo (leitura de imagem) veio no
sentido de aprofundar um dos conteúdos a serem trabalhados na disciplina.
Seguiu-se com a proposta de estudo a leitura de imagem. Explicitou-se que
se iria refletir sobre o contexto histórico e cultural, as relações entre aprendizado,
interpretação e produção.
Como o projeto propõe leitura de imagem, reflexões e interpretações, foi
preciso trabalhar a importância do ver e do analisar, desafiando-os a este exercício
tão necessário num espaço coletivo. Necessário também, cativar os alunos para o
estudo. Na disciplina de arte parece que leitura ou reflexão não são expectativas de
trabalho dos alunos. Foi preciso chamar a atenção para a necessidade do
conhecimento como subsídio indispensável para produzi-los.
Nas atividades práticas, a vivência de processos de criação desafiou os
alunos na construção individual e coletiva de formas artísticas, privilegiando os
momentos de ver, refletir, analisar, interpretar, fazer e conhecer a arte. Explorou-se,
a partir do artista Romero Britto, a experimentação de materiais, o objeto, a
simplificação das formas na composição. Também foi possível abordar os processos
de criação, suas preocupações, estudos, desafios, e suas trajetórias.
Diante do apresentado, ficou claro o entusiasmo e o despertar para a
importância da arte, de igual forma, para a leitura de imagens. As colocações dos
alunos revelam que o trabalho desenvolvido ajudou a produzir novas maneiras de
perceber, analisar e interpretar a arte.
O projeto envolve experiência, discussão e reflexão vinculadas à visão
popular da arte, do conhecimento e da produção criativa, vistas como históricas
temporais e culturais. Através do fazer, apreciar, e do contextualizar, possibilitando
um crescimento de processos criadores nas linguagens artísticas. Desse modo, o
projeto desenvolvido contribuiu na aprendizagem, no desenvolvimento da
percepção, da observação, na imaginação e até mesmo na sensibilidade dos alunos
e após esse estudo os mesmos terão uma nova visão diante de uma obra de arte e
acrescentarão influência no contexto social e escolar, tornando-os críticos e
criativos.
Para realização do projeto foi necessário exceder algumas horas. Foi
trabalhoso, cansativo, porém prazeroso e todos ficaram felizes na realização do
projeto. O grupo formado por doze alunos foi responsável pela arte que contagiou
todo o colégio.
Enfim, os objetivos buscados foram alcançados com êxito. A realização desse
trabalho trouxe muita satisfação ao ver tamanho empenho por parte dos alunos,
além de grande capacitação no que diz respeito ao ensino da arte.
REFERÊNCIAS
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