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Análise dos Desempenhos Históricos dos Alunos dos Cursos de Ciências Contábeis no
Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade
Lizandra da Silva
Graduada em Ciências Contábeis
UNISINOS
e-mail: [email protected]
Clóvis Antônio Kronbauer
Doutor em Contabilidad y Auditoria
UNISINOS
e-mail: [email protected]
Antônio Carlos Brunozi Júnior
Doutorando em Ciências Contábeis
UFV – CRP/UNISINOS
e-mail: [email protected]
Kélim Bernardes Sprenger
Mestranda em Ciências Contábeis
UNISINOS
e-mail: [email protected]
Área Temática: Iniciação Científica (IC).
RESUMO
Com essa pesquisa, buscou-se como objetivo analisar a evolução histórica dos desempenhos
dos alunos dos cursos de Ciências Contábeis no Exame de Suficiência do Conselho Federal de
Contabilidade. O presente estudo analisou os Exames realizados durante os períodos de 2000
a 2004, e de 2011 a 2015, anos que foram exigidos esse instrumento de avaliação para os
alunos do curso de Contabilidade. Há de se destacar que esse Exame ainda encontra-se em
vigência para a obtenção do registro profissional dessa carreira. Em aspectos metodológicos,
para atingir aos objetivos dessa pesquisa descritiva, utilizou-se da pesquisa documental com
abordagem quantitativa. Com base nisso, o estudo aplicou estatísticas descritivas simples para
os índices de aprovação, reprovação e desistência dos alunos que realizaram o Exame de
suficiência nos períodos analisados. Além disso, ocorreu a aplicação do teste t de médias para
duas amostras, com o intuito de verificar se existem diferenças de aprovações para os blocos
de anos estudados. Os resultados mostraram-se diversificados com preocupações para a área
contábil quanto a esse Exame. Os índices de aprovações mostraram-se menores no decorrer
dos anos, com o percentual de aprovação, em média, menor do que 50% para os discentes que
realizaram essa prova. Esses resultados foram variáveis para os estados e as regiões
administrativas do Brasil. Os testes t de médias confirmaram que ocorreram diferenças nos
índices de aprovações comparando os períodos de 2000 a 2004 e 2011 a 2015. Em resumo,
esse estudo evidenciou deficiências dos alunos quanto à aprovação nesse Exame, o que pode
causar preocupações para o ensino e a área contábil.
Palavras-chave: Contabilidade. Exame de Suficiência. Ensino.
2
1 INTRODUÇÃO
O profissional Contábil enfrenta uma série de mudanças em seu ambiente de trabalho,
decorrentes de órgãos reguladores, globalização e tecnologias de informação e comunicação.
Além disso, esse especialista está inserido em um cenário de complexidade das organizações
e transações, que exigem profissionais cada vez mais capacitados para satisfazer as novas
demandas.
A partir dessas exigências e complexidades do ambiente profissional, cabe uma
reflexão sobre a qualificação dos especialistas da Contabilidade que estão no mercado, pois
em um cenário competitivo, o profissional Contábil deve considerar assumir grandes desafios
e oportunidades. Ainda, no que tange às necessidades do mercado, é preciso verificar se os
profissionais Contábeis estão preparados para atendê-las.
Essa preparação desses profissionais é necessária devido às diversidades de atividades
relacionadas à Contabilidade. Segundo Silva (2000), a atuação desse especialista não se limita
em apenas fornecer informações a credores e investidores. Para o autor, o profissional
contábil gera conteúdos essenciais à tomada de decisão, com fatos que auxiliam em predições
e previsões para as estruturas e ações realizadas nas empresas.
Para fomentar essas funções e incentivar um adequado desempenho do profissional
contábil, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) instituiu, no Brasil, o Exame de
Suficiência como requisito para a obtenção do registro profissional. No início dos anos 2000,
esse Exame já foi solicitado por meio da Resolução CFC n° 853/99, mas foi suspenso em
2005 por determinação judicial.
No entanto, em 11 de junho de 2010, foi assinada a Lei n° 12.249, que determinou o
Exame de Suficiência da classe contábil como pré-requisito obrigatório para o exercício dessa
profissão de forma regular. O Exame foi instituído não apenas para obtenção do registro
profissional, mas também com a finalidade de resguardar a qualidade dos serviços prestados
aos seus usuários e o atendimento de um nível mínimo de conhecimento necessário ao
desempenho das atribuições deferidas ao Contabilista.
Com a inserção desse Exame, surgiu o interesse da classe contábil e outros
interessados sobre os resultados atingidos com essa prova (BORGES, 2015; SILVA et al.,
2015). Essa curiosidade está relacionada, principalmente, com a formação dos alunos de
Ciências Contábeis, que refletirão no desempenho desses discentes para a obtenção do
registro profissional e, consequentemente, para as suas futuras atividades no mercado
profissional.
Com base nisso, esse presente estudo reconhece a importância desse Exame e a sua
relação com a qualidade dos serviços contábeis prestados por futuros profissionais. Diante
disso, reforça-se a importância do desempenho dos alunos nessa exigência para a obtenção do
registro profissional. Borges (2015), Madeira, Mendonça e Abreu (2003) e Coelho (2003)
indicam a representatividade desse Exame e a sua utilidade como instrumento de mensuração
para a qualidade do ensino na área de Contabilidade. Além disso, esses autores enfatizam a
necessidade de elucidações claras sobre o desempenho dos alunos nesse Exame de
Suficiência.
Diante do exposto, a presente pesquisa buscou contribuir com a evidenciação dos
desempenhos dos alunos no Exame de Suficiência do CFC. E, ainda, evidenciar se os
resultados foram diversificados ao longo dos anos, evidenciando as grandes mudanças
ocorridas na Contabilidade. Dessa forma, o problema de pesquisa é o seguinte: Qual o
desempenho histórico dos alunos dos cursos de graduação de Ciências Contábeis no Exame
de Suficiência do CFC?
3
Com essa indagação da pesquisa, e considerando a delimitação desse trabalho para os
períodos de 2000 a 2004 e 2011 a 2015, o objetivo geral do estudo foi analisar a evolução
histórica dos desempenhos dos alunos dos cursos de Ciências Contábeis no Exame de
Suficiência do CFC.
Especificamente, esse estudo buscou: i) identificar e analisar os resultados do Exame
de Suficiência do CFC por unidade federativa do Brasil; ii) identificar e analisar os
desempenhos dos alunos nesse Exame para as cinco regiões geográficas do país, e, iii) Avaliar
se os desempenhos dos discentes são diferentes na “primeira fase”, de 2000 a 2004, e na
“segunda fase”, de 2011 a 2015, de exigência do Exame de Suficiência do CFC.
Esse estudo se justifica em duas vertentes. Primeiro, esse instrumento de avaliação é
uma forma de apurar a qualidade do ensino e dos alunos em Contabilidade. Conforme a
Resolução CFC n°853/99, art. 2°, o Exame de Suficiência é a prova de equalização destinada
a comprovar a obtenção de conhecimentos médios, consoante os conteúdos programáticos
desenvolvidos no curso de bacharelado em Ciências Contábeis e no Curso de Técnico em
Contabilidade. Segundo, esse Exame de Suficiência é uma ferramenta para as próprias
instituições de ensino superior, como processo de avaliação e acompanhamento dos cursos.
Para Madeira, Mendonça e Abreu (2003, p. 105), com esse Exame “é possível identificar as
prováveis deficiências, permitindo o aprimoramento dos cursos reduzindo as reprovações”.
Em resumo, três são os pilares que justificam e mostram a relevância dessa pesquisa,
sendo: 1) o Exame de Suficiência, por determinação legal, é obrigatório para o exercício da
profissão; 2) é importante nivelar o conhecimento dos profissionais Contabilistas no mercado;
e 3) verificar os níveis de aprovação no Exame de suficiente é relevante para avaliar
indiretamente a qualidade dos cursos de Ciências Contábeis oferecidos pelas instituições
brasileiras.
Em seguida, esse estudo apresenta o referencial teórico e os procedimentos
metodológicos. Após, os resultados, discussões e considerações finais são evidenciados.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Breve Histórico sobre a Evolução da Contabilidade e seu Ensino no Brasil
Para poder caracterizar o ensino da contabilidade no Brasil, é relevante que se
apresentem os aspectos históricos do sistema educacional Contábil brasileiro. Historicamente,
percebe-se que o sistema educacional brasileiro, de modo geral, absorveu a concepção de que
ao produzir conhecimento o estudante deveria assumir uma atitude passiva, de espectador da
realidade, o que não é mais admitido no mundo globalizado.
O interesse pela pesquisa histórica da contabilidade no Brasil é motivado por dois
fatores: o aumento do número de programas Stricto Sensu em Controladoria e Contabilidade,
principalmente a partir da Lei n° 9.394/96, e o advento das novas diretrizes curriculares
nacionais para os cursos de Ciências Contábeis, com o Parecer CNE/CES n° 289/2003, e da
Resolução CNE/CES n° 10/2004, que sustentam a formação de profissionais dotados de
competências profissionais que reflitam a diversidade das demandas sociais.
Os primeiros grandes movimentos para a profissão Contábil no Brasil ocorreram, no
início do século XIX, com a chegada da Família Real. No Brasil colonial e imperial, a
instrução superior era ministrada no exterior, nas Universidades de Paris e Coimbra,
beneficiando apenas os filhos de famílias ricas. Em 1572, iniciaram-se os primeiros cursos
superiores no Brasil.
4
Segundo Franco (1997), nos séculos XVIII e XIX, o ensino de contabilidade
caracterizou-se pelas aulas de comércio, formando contadores, desde 1754 até meados do
século XIX.
Em 1808, foi criada uma cadeira de Aula Pública de Ciências Econômicas no Rio de
Janeiro, atribuída a José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu. Em 1809, foram criadas as
Aulas de Comércio, por meio de Alvará de 15 de julho desse ano, iniciando-se o ensino
comercial no Brasil.
Saes e Cytrynowicz (2001) e Martins et al. (2006) citaram as Aulas de Comércio no
Rio de Janeiro e na Província do Maranhão, além de aulas de Ciências Econômicas. Para Saes
e Cytrynowics (2001), essas formas de ensino atendiam aos negócios públicos e privados, e
foram usadas durante o Império.
Após acontecimentos menos destacados, em 1930, o Brasil passou pela maior
convulsão política de sua história. Depois de uma revolução vitoriosa, instalou-se no poder o
Governo Provisório liderado por Getúlio Vargas, que imprimiu grande ímpeto às mudanças
institucionais que levaram à regulamentação de várias profissões, dentre as quais, a de
Contabilista.
Em 1931, foi concretizada a reforma do ensino comercial, efetuada nos mesmos
moldes que haviam sido reivindicados durante o 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade.
Nesse ano, foi instituído também o registro obrigatório dos guarda-livros e dos contadores na
16ª Superintendência do Ensino Comercial. No ano seguinte, o Governo Provisório baixou o
Decreto nº 21.033, que estabeleceu novas condições para o registro de contadores e guarda-
livros e que resolvia o problema dos práticos. O Decreto estabeleceu condições e prazos para
o registro desses práticos e, a partir de então, a profissão Contábil esteve indissoluvelmente
ligada à preparação escolar.
Diante dessa evolução histórica do ensino da contabilidade no Brasil, existe um fato
que merece destaque devido à sua relevância. Em 1945, o Decreto-Lei de 22/09, reformulou o
ensino da contabilidade em dois níveis, a saber: Nível médio – Técnicos de contabilidade, e
Nível superior - Bacharéis em Ciências Contábeis e Atuarias.
Um ano depois, com a edição do Decreto-Lei nº 9.295/46, a história da Contabilidade
no Brasil entra numa nova fase. Os meses seguintes à edição do Decreto-Lei foram tomados
em articulações para a criação dos Conselhos Regionais nos vários Estados (CRC) e para a
consolidação do Conselho Federal de Contabilidade.
Com a evolução Contábil, o ensino no país passou por profundas modificações,
principalmente com a criação da Lei Orgânica de 1910; a reorganização dos ensinos
secundário e superior pelo Decreto nº 11.530, de 18/3/1915; a promulgação da Lei de
Diretrizes e Bases nº 4.024/61, prevista na Constituição de 1946 e cujos debates duraram de
1948 até 1961. Após, seguiram-se as reformas introduzidas pelas Leis nº 5.540/68 e 5.692/71,
culminando com a atual Lei nº 9.394/96, de 20/12/1996.
A Resolução nº 03/92, ao criar o currículo mínimo para o curso, buscava melhorar a
qualificação dos futuros profissionais em Contabilidade. Entre as determinações, encontra-se
a inclusão das disciplinas de Ética Profissional, Perícia Contábil, Monografia e Trabalhos de
Conclusão de Cursos, nas quais são salientadas as aptidões e as habilidades que foram
consideradas essenciais na formação do profissional. Com base na Lei nº 9.394/96, a
SESU/MEC baixou o Edital nº 4, de 10/12/97, convocando as IES a apresentarem propostas
para as novas Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores, as quais seriam elaboradas a
partir das sugestões de suas várias Comissões de Especialistas. A de Ciências Contábeis
apresentou o relatório final referendado pelo Departamento de Política Superior (DPES) da
SESU/MEC, em 12/4/1999. Esse documento representou uma grande abertura para as IES
5
definirem seus currículos plenos e assumirem a escolha do perfil de seus alunos conforme a
demanda do mercado regional.
Neste momento faz-se necessário o entendimento sobre Instituição de Ensino Superior
(IES). De acordo com a Lei n° 9.394/96, art. 52, “as universidades são instituições
pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de
extensão e de domínio e cultivo do saber humano”.
Marion (1996, p. 25) afirma que “a instituição de ensino superior é o local adequado
para a construção do conhecimento, para a formação da competência humana”. Assim,
analisando as obras dos autores pesquisados, percebe-se a evolução histórica do ensino da
contabilidade no Brasil.
2.2 O Exame de Suficiência do CFC
A qualidade do ensino em Contabilidade e as grandes mudanças ocorridas nessa
profissão exigiram a imposição de instrumentos que avaliassem os conhecimentos dos alunos
e profissionais nessa área (BORGES, 2015; SILVA et al., 2015).
A primeira tentativa de exigir dos bacharéis em Ciências Contábeis a aprovação em
Exame de Suficiência para obtenção de registro profissional junto ao CRC foi implantada pela
Resolução CFC n° 853/99. A partir da aprovação dessa resolução ocorreram dez edições do
Exame de Suficiência Contábil entre os anos 2000 e 2004, período que será tratado como a
primeira fase de aplicação do referido Exame, base de dados para essa pesquisa.
Em linhas gerais a Resolução CFC n° 853/99 regulamentava que o Exame de
Suficiência ocorreria semestralmente e que para obter aprovação seria necessário alcançar no
mínimo 50% dos pontos possíveis. Além de elencar as seguintes áreas do conhecimento
exigidas na prova: a) Contabilidade Geral; b) Contabilidade de Custos; c) Contabilidade
Pública; d) Contabilidade Gerencial; e) Noções de Direito Público e Privado; f) Matemática
Financeira; g) Teoria da Contabilidade; h) Legislação e Ética Profissional; i) Princípios
Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade; j) Auditoria Contábil;
k) Perícia Contábil; l) Português e m) Conhecimentos Sociais, Econômicos e Políticos do
país.
De acordo com o artigo segundo da Resolução CFC nº 853/99, o Exame era uma
prova destinada a equalizar e comprovar a obtenção de conhecimentos médios, desenvolvidos
nos cursos de Bacharelado em Ciências Contábeis e no de Técnico em Contabilidade.
Referente ao objetivo do Exame de Suficiência Contábil, segundo palavras do
presidente do CFC, Alcedino Gomes Barbosa (CFC, 2002): Não se trata, apenas, de uma prova para medir conhecimentos técnicos e legitimar
um registro profissional. O alcance é muito maior. O Conselho só conseguirá
continuar avançando como categoria e se adequando às demandas da Contabilidade
em tempo de economia globalizada e revolução tecnológica se investir na formação
de profissionais. O Exame de Suficiência é um instrumento fundamental para
estimular a modernização das instituições de ensino e dos currículos dos cursos de
Ciências Contábeis e de Técnico em Contabilidade. A consequência imediata dessas
mudanças será a formação de profissionais com uma base mais sólida.
Em 2005, a exigibilidade do Exame foi suspensa, por medida judicial. Segundo Lopes
(2010), a suspensão ocorreu, pois feriu o princípio constitucional do livre exercício
profissional. De acordo com o inciso XIII do Art. 5 da Constituição Federal: “É livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a Lei estabelecer”.
6
Com a globalização é possível observar uma revolução na ciência Contábil, com a
finalidade de alinhar as práticas Contábeis brasileiras ao padrão internacional. Segundo Bacci
(2002, p. 144): A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de procedimentos, de
padrões que atendam a globalização, e que pela pulverização dos investimentos a
nível mundial nas bolsas de valores, vêm tentando uma uniformização dos informes
Contábeis com objetivos claros de se adotar maior transparência e evidenciação dos
critérios aplicados.
Na expectativa de adequar as disposições da Lei societária brasileira com as práticas
internacionais, em 28 de dezembro de 2007, foi publicada a Lei nº 11.638, que reformulou a
parte Contábil da Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76). Essa Lei veio para atender
à necessidade de maior transparência e qualidade das informações Contábeis, em virtude da
nova realidade econômica do Brasil e do mundo, com suas economias globalizadas e
mercados abertos aos fluxos de capitais estrangeiros.
Após essa melhoria ocorrida na legislação societária no Brasil, tornava-se necessária a
atualização na Lei que regia a profissão Contábil. Em 11 de junho de 2010, foi sancionada a
Lei n° 12.249, que alterou diversos aspectos do Decreto-Lei n° 9.295/46, que regulamentava a
profissão Contábil até aquele momento. Entre as alterações trazidas na aprovação da nova
Lei, destaca-se o artigo 76: Os artigos 2
o, 6
o, 12, 21, 22, 23 e 27 do Decreto-Lei no 9.295, de 27 de maio de
1946, passam a vigorar com a seguinte redação, renumerando-se o parágrafo único
do art. 12 para § 1o: Os profissionais a que se refere este Decreto-Lei somente
poderão exercer a profissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado em
Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, aprovação em Exame
de Suficiência e registro no Conselho Regional de Contabilidade a que estiverem
sujeitos.
A partir da Lei n° 12.249/10, se estabeleceu a segunda fase de exigência do Exame de
Suficiência, como forma obrigatória de obtenção do registro profissional no CRC. O período
de aplicação das provas se iniciou em 2011 e se estende até os dias atuais.
O profissional que deseja obter registro, junto ao CRC do seu Estado, precisa obter
aprovação no Exame de Suficiência, que consoante ao artigo terceiro da Resolução CFC nº
1.373/2011 ocorrerá semestralmente e para a aprovação o candidato deve obter 50% dos
pontos possíveis. O conteúdo programático é elencado no Capítulo III da referida Resolução.
Para o caso específico dos bacharéis em Ciências Contábeis, que é o foco dessa pesquisa, são
exigidas as seguintes áreas de conhecimento: a) Contabilidade Geral; b) Contabilidade de
Custos; c) Contabilidade Aplicada ao Setor Público; d) Contabilidade Gerencial; e)
Controladoria; f) Teoria da Contabilidade; g) Legislação e Ética Profissional; h) Princípios de
Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade; i) Auditoria Contábil; j) Perícia
Contábil; k) Noções de Direito; l) Matemática Financeira e Estatística e m) Língua
Portuguesa.
Atualmente, os Exames são organizados pela Fundação Brasileira de Contabilidade,
que é uma entidade de natureza cultural sem fins lucrativos.
Ainda, sabe-se que o Exame de Suficiência é requisito obrigatório para o registro
profissional dos bacharéis em Ciências Contábeis. E com essa obrigatoriedade surge a
necessidade de se avaliar continuamente o desempenho dos candidatos que prestam o Exame,
com a finalidade de avaliar também quesitos como, por exemplo, a qualidade do ensino da
ciência Contábil no Brasil. O que salienta a importância desse estudo.
7
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo utilizou-se da pesquisa documental e da abordagem quantitativa
para o seu desenvolvimento (BEUREN et al., 2013; ROESCH, 2009). Além disso, pode ser
caracterizado pela sua natureza descritiva, pois buscou descrever os dados históricos e
estatísticos de aprovação, reprovação e desistência referentes ao Exame de Suficiência do
CFC, durante os dois períodos de exigência.
A descrição desses dados tem o objetivo de analisar o comportamento histórico dos
índices de desempenho dos bacharéis em Ciências Contábeis e comparar as médias de
aprovação no Exame nos anos de 2000 a 2004 e no período de 2011 a 2015.
3.1 Dados do Estudo
Os dados utilizados nesse estudo são secundários e referem-se aos índices médios de
aprovação, reprovação e desistências dos alunos no Exame de Suficiência nas suas duas fases
de exigência. Essas informações são limitadas aos resultados obtidos pelos bacharéis em
Ciências Contábeis, que necessitam ser aprovados no referido Exame para obter o registro
profissional. Assim, não é relevante fazer referências quanto à amostra ou população.
Para essa pesquisa, a denominação de “primeira fase” do Exame contemplou as suas
dez primeiras edições, de acordo com a Resolução CFC n° 853/99, de 2000 a 2004. Os dados
necessários para o estudo estão disponíveis no Caderno Analítico do Exame de Suficiência –
Histórico dos Resultados (CFC, 2007). Para a “segunda fase” do Exame de Suficiência, após
a sua retomada com a aprovação da Lei de n° 12.249/2010, a presente pesquisa abordou
também dez edições no período de 2011 a 2015. Esses dados, da “segunda fase”, foram
coletados no sítio do CFC, e quando não disponíveis, eles foram solicitados por e-mail
enviado para esse órgão da classe contábil.
Os dados foram disponibilizados pelas unidades da federação (26 Estados e o Distrito
Federal) e pelas regiões do Brasil: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Com base
nisso, tornou-se possível as análises das informações mais detalhadamente.
3.2 Tratamento e Análise dos Dados do Estudo
Para a operacionalização dos dados desse estudo, além da separação em unidades
federativas e regiões administrativas do Brasil, a presente pesquisa aplicou técnicas
estatísticas para a análise das informações.
Primeiramente, esse estudo utilizou-se para os índices de aprovação, reprovação e
desistência de estatísticas descritivas simples, contemplando: média, variância e desvio
padrão. Em um segundo momento, com o intuito de comparar os resultados de aprovações das
duas fases do Exame de Suficiência foi aplicado o teste t de médias para duas amostras com a
presunção de variâncias equivalentes.
Segundo Triola (2008), o teste t pressupõe a distribuição normal dos dados e a
comparação entre médias é uma forma de observar se os valores de duas amostras são iguais
ou diferentes em determinados períodos. Para Hair et al. (2009), com esse tipo de teste é
possível testar hipóteses quantitativas para as pesquisas.
Com base nisso, a finalidade da aplicação desse teste foi comparar se existem
diferenças nos resultados de aprovações (desempenho) de todas as unidades federativas
conjuntamente (Brasil) do Exame em suas duas fases. Com isso, as hipóteses estatísticas da
presente pesquisa foram:
H0: Os resultados de aprovações dos alunos de graduação do curso de Ciências
Contábeis no Brasil são iguais para a “primeira fase”, de 2000 a 2004, e “segunda fase”, de
2011 a 2015, do Exame de Suficiência do CFC (µ2000-2004= µ2011-2015);
8
H1: Os resultados de aprovações dos alunos de graduação do curso de Ciências
Contábeis no Brasil são diferentes para a “primeira fase”, de 2000 a 2004, e “segunda fase”,
de 2011 a 2015, do Exame de Suficiência do CFC (µ2000-2004# µ2011-2015).
Adicionalmente, o presente estudo também realizou testes t de médias para duas
amostras considerando o agrupamento dos dados por regiões administrativas do Brasil. Para
esses processos estatísticos houve a utilização do Excel do software SPSS 20®.
3.3 Limitações do Método
Vergara (1997, p. 59) afirma que “todo método tem possibilidades e limitações”.
Sendo assim, é conveniente antecipar-se a possíveis críticas dos leitores, informando quais as
limitações sofridas pela pesquisa que, todavia, não invalidaram sua realização.
As limitações dessa pesquisa são:
- por se tratar de um estudo apenas do desempenho no Exame de Suficiência, algumas
informações relevantes podem ser desconsideradas com relação ao ensino da Contabilidade
no Brasil, como, por exemplo, um comparativo com o Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (ENADE);
- a pesquisa não trata das políticas e estratégias de ensino que podem ser
desenvolvidas para a melhoria do cenário avaliado. No entanto, visa apresentar dados e
análise crítica que poderão subsidiar outro estudo comparativo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Exame de Suficiência do CFC “Primeira Fase” Os dados para analisar a “primeira fase” de exigência do Exame de Suficiência
compreendem as 10 edições do referido Exame, e que ocorreram nos anos de 2000 a 2004. Os
referidos dados foram tabulados, e os percentuais de aprovação, reprovação e ausências
encontram-se apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Estatísticas dos Exames do CFC de 2000 a 2004
Nº EXAMES APROVADOS REPROVADOS AUSENTES
% % %
1 1º/2000 83,8 16,2 4,9
2 2º/2000 56,9 43,1 5,2
3 1º/2001 69,0 31,0 5,6
4 2º/2001 57,1 42,9 6,2
5 1º/2002 54,3 45,7 7,1
6 2º/2002 46,7 53,3 6,6
7 1º/2003 61,7 38,3 4,6
8 2º/2003 47,7 52,3 5,2
9 1º/2004 44,3 55,7 5,6
10 2º/2004 65,2 34,8 6,4
MÉDIA 58,7 41,3 5,7
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
Com base nos dados da Tabela 1, se observa que nesta “primeira fase” do Exame, o
percentual médio de aprovação dos bacharéis em Ciências Contábeis, no Exame de
Suficiência, foi de 58,7%, nas dez edições realizadas. Contudo, se observa que há uma
significativa variação nos percentuais de aprovação.
9
Os resultados evidenciaram que, nesta “primeira fase” do Exame, o melhor índice de
aprovação foi registrado justamente na primeira edição do Exame, ou seja, na edição 1 de
2000, quando houve aprovação de 83,8% dos bacharéis em Ciências Contábeis que prestaram
a prova. Já na 1ª edição do Exame de 2004, observou-se o pior índice de aprovação, visto que
apenas 44,3% dos candidatos que prestaram a prova foram aprovados.
Ainda com base nos dados da Tabela 1, cabe destacar que a exceção da primeira
edição da prova, em todas as demais os índices de aprovação foram inferiores a 70%, sendo
que em apenas três edições os índices de aprovação foram inferiores a 50%. Por fim, cabe
destacar ainda, que houve praticamente uma constância no que se refere aos candidatos
desistentes, ou seja, aqueles que não compareceram às provas, o que remete a um nível médio
de ausências de 5,7%, nas 10 edições do Exame desta “primeira fase”.
Com vistas a aprofundar as análises nesta “primeira fase”, procedeu-se na descrição
dos resultados observados nas cinco regiões geográficas que dividem o país e agrupam as
unidades federativas membros. Observou-se que a região Nordeste possui a melhor média
dessa “primeira fase” de aplicação do Exame de Suficiência, pois 65,1% dos bacharéis que
prestaram o Exame alcançaram aprovação no período. Se pode verificar também que a região
Nordeste possui todas as médias do período superiores à média nacional. O desempenho desta
região é seguido pelo da região Sul, com a segunda melhor média do período analisado, com
63,1% de aprovação.
É importante relembrar que as análises em questão se referem ao desempenho dos
bacharéis em Ciências Contábeis, egressos da graduação e que dependem do Exame para
obter seu registro profissional.
Os Estados com melhores desempenhos nessa primeira fase do Exame foram: 1º.
Sergipe com índice médio de aprovação de 81,6%; 2º. Acre com índice médio de aprovação
de 75%. Cabe destacar que nesse Estado, da região Norte não ocorreu Exames nos seguintes
períodos: primeiro e segundo semestre de 2000, e primeiro semestre de 2002; 3º. Ceará com
índice médio de aprovação de 71,4%; 4º. Bahia com índice médio de aprovação de 69,2%; e
5º. Rio Grande do Sul, com a média de 68% de aprovação no período.
Ainda com base nos dados da pesquisa, verifica-se que a região com o pior índice
médio de aprovação no Exame de Suficiência Contábil foi a região Centro-Oeste, com apenas
50,4% de aprovados no Exame de Suficiência na “primeira fase” de aplicação do Exame.
Observa-se que essa região registrou todas as médias abaixo da média nacional.
De acordo com os dados da pesquisa, os Estados com os menores índices médios de
aprovação no Exame de Suficiência da “primeira fase” foram: Mato Grosso do Sul, com
apenas 43,7% de aprovação média; Mato Grosso, com apenas 47,5% de aprovação média; e
Goiás com média de aprovação de apenas 47,8%.
Com base no levantamento da média de aprovação dos três Estados com menor
desempenho no país, verificou-se que eles fazem parte da região Centro-Oeste, que
apresentou a menor média entre as cinco regiões.
Em abril de 2005, o Exame de Suficiência, após dez edições consecutivas foi suspenso
por determinação legal, uma vez que havia sido instituído por uma resolução e não por lei.
Contudo, o Exame passou novamente a ser exigido a partir de 2011, período inicial da análise
que continua na seção seguinte.
4.2 Exame de Suficiência do CFC “Segunda Fase” Após seis anos suspenso, o Exame de Suficiência voltou a ser obrigatório e aplicado
em todo território nacional a partir de 2011, instituído pela Lei n° 12.249, que foi aprovada
em 11 de junho de 2010.
10
Em relação, à “segunda fase” de exigência do Exame de Suficiência, foi elaborada a
Tabela 2, que contém informações relativas às 10 edições do referido Exame, e que ocorreram
nos anos de 2011 a 2015.
Tabela 2 – Estatísticas dos Exames do CFC de 2011 a 2015
Nº EXAME TOTAL
INSCRITOS
TOTAL
APROVADOS
APROVADOS
%
TOTAL
REPROVADOS
REPROVADOS
%
TOTAL
AUSENTES
AUSENTES
%
1 1º/2011 14.255 3.695 27,6 9.688 72,4 872 6,1
2 2º/2011 19.690 10.221 54,7 8.454 45,3 1.015 5,2
3 1º/2012 26.315 10.795 43,6 13.979 56,4 1.541 5,9
4 2º/2012 32.003 6.739 23,1 22.487 76,9 2.777 8,7
5 1º/2013 37.226 11.119 33,0 22.587 67,0 3.520 9,5
6 2º/2013 40.474 14.732 40,0 22.099 60,0 3.643 9,0
7 1º/2014 43.144 18.016 47,3 20.099 52,7 5.029 11,7
8 2º/2014 37.066 12.909 39,6 19.659 60,4 4.498 12,1
9 1º/2015 43.616 19.771 52,0 18.251 48,0 5.594 12,8
10 2º/2015 43.376 5.061 13,3 32.961 86,7 5.354 12,3
MÉDIA 33.717 11.306 37,4 19.026 62,6 3.384 9,3
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
Com base nos dados da Tabela 2, se observa que na “segunda fase” do Exame, o
percentual médio de aprovação dos bacharéis em Ciências Contábeis, foi de 37,4%, nas dez
edições analisadas.
Observa-se que, de maneira geral, há um crescimento no número absoluto de
candidatos inscritos a cada edição. A média de inscritos no período foi de 33.717 bacharéis,
sendo a primeira edição de 2011, com 14.255, a que apresentou menor número de inscritos. Já
no primeiro semestre de 2015, o número de inscritos chegou a 43.616 bacharéis em Ciências
Contábeis.
Também se nota que há uma variação significativa nos percentuais de aprovação, e
observa-se que, nesta “segunda fase” do Exame, o melhor índice de aprovação foi registrado
na segunda edição de 2011, quando houve aprovação de 54,7% dos bacharéis em Ciências
Contábeis que prestaram o Exame. Já na 2ª edição do Exame em 2015, observou-se o pior
índice de aprovação, visto que somente 13,3% dos candidatos que prestaram a prova foram
aprovados.
Ainda com base nos dados da Tabela 2, cabe destacar que a exceção das edições 2 de
2011 e 1 de 2015, em todas as demais os índices de aprovação foram inferiores a 50%. Ainda
é possível observar que houve uma crescente no que se refere aos candidatos desistentes, pois
no primeiro Exame de 2011 foram 6,1% dos inscritos, já no segundo Exame de 2015, foram
12,3%. Verifica-se ainda o aumento do número de inscritos para realizar o Exame. No
primeiro Exame de 2011 foram 14.255 inscritos, enquanto que na segunda edição de 2015
foram 43.376.
Há ainda de se destacar que no segundo semestre de 2015 obteve-se o maior índice de
reprovação do Exame 86,7%, o que representa 32.961 dos inscritos presentes no Exame de
Suficiência do CFC. Além disso, com base nos índices de reprovação do Exame, percebe-se
que em apenas duas edições desta fase, o percentual de aprovados superou o percentual de
reprovados, sendo estas edições ocorridas no 2º semestre de 2011 e no 1º semestre de 2015. A
média geral de reprovação é de 62,6% dos presentes na aplicação do Exame.
11
Para aprofundar as análises desta “segunda fase” de exigência do Exame, procedeu-se
à descrição dos resultados observados nas cinco regiões geográficas que dividem o país e
agrupam as unidades federativas membros.
Com base nas informações se constata que a região Sul apresentou a melhor média
dessa “segunda fase” de aplicação do Exame de Suficiência, pois 48,8% dos bacharéis que
prestaram o Exame alcançaram aprovação no período. Pode-se observar também que além da
região Sul, a região Sudeste apresentou médias acima da média nacional em todas as edições
do Exame.
Os Estados com melhores desempenhos na “segunda fase” do Exame foram: 1º. Rio
Grande do Sul com índice médio de aprovação de 51%; 2º. Rio de Janeiro com índice médio
de aprovação de 49,8%; 3º. Santa Catarina com 49,1% de aprovação média; 4º. Distrito
Federal, que apresentou um índice médio de aprovação de 46,6%, e 5º. Paraná com índice
médio de aprovação de 46,3%.
Ainda se notou que a região com o menor índice médio de aprovação no Exame de
Suficiência Contábil é a região Norte, com apenas 22,9% de aprovados no Exame de
Suficiência na “segunda fase” de aplicação dessa prova. Percebe-se que essa região obteve
todas as médias abaixo da média nacional.
Com relação à análise dos Estados com os menores valores de médias de aprovações
no Exame, observou-se a seguinte ordem: Acre, com apenas 17,9% de aprovação média;
Amazonas, com apenas 21,9% de aprovação média; e Roraima com média de aprovação de
apenas 22,3%.
Com base no levantamento da média de Estados que apresentaram a menor média no
país, verificou-se que eles fazem parte da região Norte, que apresentou a menor média entre
as cinco regiões.
A exigibilidade do Exame permanece até os dias atuais, porém essa pesquisa limita-se
até o Exame realizado no segundo semestre de 2015. A seguir apresenta-se a comparação
entre as fases 1 e 2, referentes as aplicações e exigência do Exame de Suficiência para os
bacharéis em Ciências Contábeis.
4.3 Comparação entre a “Primeira e a Segunda Fase” do Exame de Suficiência do CFC
Com base em análises descritivas simples é possível observar que na “primeira fase”
de exigência do Exame de Suficiência Contábil registrou-se médias de aprovações dos
bacharéis superiores a “segunda fase”. A média da fase 1 corresponde a 58,7% e a da fase 2 a
37,4%. Percebe-se que há uma tendência significativa de queda nos níveis de aprovação ao
longo das edições do Exame de Suficiência nas provas destinadas aos bacharéis egressos dos
cursos de Ciências Contábeis, sendo que esta redução no índice de aprovação perfaz 63,7%.
A partir dessa observação, surge a necessidade de comparar estatisticamente as médias
de aprovação nas duas fases de exigência do Exame, com a finalidade de verificar se há
diferenças estatísticas significativas entre as médias de aprovação nas duas fases de exigência
do referido instrumento de avaliação.
Na Tabela 3 são apresentados os resultados do Teste t para duas amostras presumindo
variâncias equivalentes, das médias nacionais por Estado, comparando as duas fases de
exigência do Exame de Suficiência Contábil.
Com base na Tabela 3, pode-se verificar que a média de aprovações no Exame de
Suficiência da fase 1 foi 59,6% dos presentes no dia de realização das provas. Já na fase, a
média de aprovação foi de 37,4%, o que mostra que houve queda no índice médio, mas faz-se
necessário avaliar se esta redução pode ser considerada como sendo estatisticamente
significativa.
12
Assim, observa-se que a variância do segundo período é superior. Na fase 1 de
aplicação do Exame, a variância foi de 79,0059, enquanto no segundo período de exigência
do teste obteve-se o resultado de 101,6145. Nas duas amostras tem-se 27 observações, o que
representa os 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal.
Tabela 3 - Teste t para Médias Nacionais de Aprovação no Exame do CFC
Medidas Estatísticas Primeira Fase Segunda Fase
Média 59,5053 35,1771
Variância 79,0059 101,6145
Observações 27 27
Variância agrupada 90,3102
Hipótese da diferença de média 0
GL 52
T estatístico 9,4061
Prob. (T<=t) uni-caudal 0,0000
t crítico uni-caudal 1,6747
Prob. (T<=t) bi-caudal 0,0000
t crítico bi-caudal 2,0066
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
Na aplicação do referido teste foi utilizado o nível de significância de 1%. O resultado
obtido para “Prob. bi-caudal” foi de 0%, comprovando que existe diferença significativa entre
as médias de aprovações nas duas fases de aplicação do Exame de Suficiência do CFC.
Para complementar a investigação sobre as diferenças entre as médias de aprovações
no Exame nas duas fases foram aplicados os mesmos procedimentos estatísticos utilizados
anteriormente por região (Tabela 4).
Conforme Tabela 4, verifica-se que na região Centro-Oeste existe diferença
significativa entre as médias de aprovação dos bacharéis de Ciências Contábeis que prestaram
o Exame de Suficiência da classe, nas duas fases, pois o valor Prob. é igual a 0,0078.
A partir dos resultados apurados, pode-se afirmar que, também, na região Nordeste há
uma diferença significativa entre as médias de aprovação da “primeira e da segunda fase” do
Exame, pois o teste apresenta valor de Prob. significativo a 0,01%.
Segundo os dados da Tabela 4, pode-se verificar que há significativa diminuição da
média de aprovação da “primeira para segunda fase” na região Norte. Na “primeira fase” de
aplicação do Exame, período entre os anos 2000 e 2004, o índice médio de aprovação foi de
55,5%, enquanto a “segunda fase” apenas 22,9% dos candidatos obtiveram aprovação no
Exame. Ainda com base nas informações dessa Tabela, é possível afirmar que existe
diferença significativa entre as médias de aprovação na fase 1 e 2 na região Norte, com valor
Prob. bi-caudal igual 0%.
Referente à Região Sudeste, observa-se que há uma diminuição da média de
aprovação da fase 1, 59,3%, para a fase 2, 45,8%. Essa percepção foi comprovada com a
probabilidade do teste t de médias para a aceitação da hipótese de diferenças entre os dois
períodos. O valor de Prob. foi inferior ao nível de significância à 5%.
Por fim, na região Sul, constatou-se que Prob. é igual a 0,00276, o que torna possível
afirmar que há diferença significativa entre as médias de aprovação dos bacharéis de Ciências
Contábeis que prestaram o Exame de Suficiência da “primeira para a segunda fase” de
exigência.
13
Em resumo, notou-se diferenças significativas nacionalmente e dentro das regiões, o
que comprova cenários e exigências diferentes para a Contabilidade no Brasil. O que se
refletiu nos desempenhos dos alunos no Exame de Suficiência do CFC.
Tabela 4 - Teste t para Médias por regiões de Aprovação no Exame do CFC
Medidas Estatísticas
Centro-Oeste Nordeste
Primeira
Fase
Segunda
Fase
Primeira
Fase
Segunda
Fase
Média 50,3542 33,2398 65,0722 36,283
Variância 171,4351 155,1847 138,3958 170,1997
Observações 10 10 10 10
Variância agrupada 163,3099 154,2978
Hipótese da diferença de média 0 0
GL 18 18
T estatístico 2,9946 5,1824
Prob. (T<=t) uni-caudal 0,0039 0
t crítico uni-caudal 1,7341 1,7341
Prob. (T<=t) bi-caudal 0,0078 0,0001
t crítico bi-caudal 2,1009 2,1009
Medidas Estatísticas
Norte Sudeste Sul
Primeira
Fase
Segunda
Fase
Primeira
Fase
Segunda
Fase
Primeira
Fase
Segunda
Fase
Média 55,4895 22,9337 59,2558 45,8473 63,13 48,7837
Variância 161,8248 117,8211 167,551 216,3521 127,9441 230,5000
Observações 10 10 10 10 10 10
Variância agrupada 139,823 191,9515 179,222
Hipótese da diferença de
média 0 0 0
GL 18 18 18
T estatístico 6,1564 2,16441 2,3962
Prob. (T<=t) uni-caudal 0,0000 0,0221 0,0138
t crítico uni-caudal 1,7341 1,7341 1,7341
Prob. (T<=t) bi-caudal 0,0000 0,0442 0,0276
t crítico bi-caudal 2,1009 2,1009 2,1009
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo dessa pesquisa foi comparar os resultados médios de aprovação no Exame
de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade, referente aos bacharéis em Ciências
Contábeis, que realizaram as provas nas duas fases de exigência do referido Exame. Sendo a
“primeira fase” composta por dez edições realizadas entre 2000 e 2004, e a “segunda fase”
pesquisada as dez edições que ocorreram entre 2011 e 2015.
Conforme os resultados dos testes realizados nessa pesquisa, assegurado o nível
mínimo de confiança de 95%, foi possível observar que há uma diferença significativa entre
as médias de aprovação dos bacharéis em Ciências Contábeis nas duas fases distintas.
A média geral de aprovação da “segunda fase” (37,4%) é consideravelmente inferior à
média obtida na “primeira fase” (58,7%). Contudo, notou-se que a tendência de redução do
índice médio de aprovação, dos bacharéis que prestaram o Exame de Suficiência, vem desde a
14
primeira fase. Cabe destacar que o número de inscritos para realizar o Exame vem
aumentando em cada edição.
Observou-se que na “segunda fase” do Exame, durante nas edições do Exame 1 e 2 de
2013 e 1 de 2014 aconteceu um fenômeno de crescimento da média de aprovação dos
bacharéis em Ciências Contábeis. Porém, a tendência de queda se manteve durante a
“segunda fase” como um todo.
A partir da constatação de baixos níveis de aprovação no Exame de Suficiência do
CFC faz-se necessário uma reflexão sobre a qualidade do ensino das Ciências Contábeis no
Brasil. E da importância do Exame de Suficiência quanto ao objetivo de nivelar os bacharéis a
um nível médio de conhecimento, para habilitarem-se a registrarem-se para o exercício da
profissão Contábil.
Com a finalidade de demonstrar os índices de aprovação de cada Estado e região do
Brasil, no que se refere ao Exame de Suficiência Contábil, os resultados obtidos por essa
pesquisa são relevantes informações para entidades como o Conselho Federal de
Contabilidade, os Conselhos Regionais de Contabilidade e Instituições de Ensino Superior.
Devido ao aumento excessivo dos percentuais de reprovação, faz-se necessário,
principalmente por parte do CFC, por se tratar do órgão responsável pela classe, cobrar das
instituições o fortalecimento na formação nos cursos de Ciências Contábeis ofertados no
Brasil.
Diante do exposto, esse estudo apresentou contribuições relevantes e induz às novas
pesquisas na área. Com isso, sugere-se a realização de novas pesquisas que ajudem a obter
dados qualitativos e quantitativos complementares as análises apresentadas, como, por
exemplo, comparar os desempenhos médios do período com o desempenho médio dos
concluintes dos cursos bacharéis no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(ENADE). Outra sugestão é realizar estudo de caso, em Instituições de Ensino Superior,
realizando uma análise comparativa quanto aos conteúdos exigidos na prova do Exame de
Suficiência, a proposta nacional proposta para esses conteúdos e o que as instituições
realmente aplicam no seu currículo. Além de estudos que visem explicar o desempenho
apresentado por essa pesquisa se faz fundamental para auxiliar conselhos e instituições de
ensino a aprimorar a formação dos profissionais Contabilistas.
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