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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS Instituto de Ciências da Natureza (ICN) Isis Marina Figueiredo Silva Análise dos Espaços Públicos do Município de Varginha MG Alfenas/2011

Análise dos Espaços Públicos do Município de Varginha MG Isis... · Destacando entre os espaços públicos da cidade as praças, parques e o Zoológico Municipal. Assim realizou-se

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

Instituto de Ciências da Natureza (ICN)

Isis Marina Figueiredo Silva

Análise dos Espaços Públicos do Município de

Varginha – MG

Alfenas/2011

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Isis Marina Figueiredo Silva

Análise dos Espaços Públicos do Município de

Varginha – MG

Trabalho de Conclusão de Curso,

apresentado como requisito para

obtenção do título de bacharel em

Geografia pela Universidade

Federal de Alfenas (UNIFAL – MG).

Orientador: Prof. Dr. Paulo

Henrique de Souza

Alfenas/2011

3

Isis Marina Figueiredo Silva

Análise dos Espaços Públicos do Município de Varginha - MG

A Banca examinadora abaixo-assinada

aprova o Trabalho de Conclusão de

apresentado como parte dos requisitos

para aprovação na disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso II e

obtenção do título de bacharel em

Geografia pela Universidade Federal de

Alfenas (UNIFAL – MG).

Aprovada em:

Prof. Dr. Paulo Henrique de Souza Assinatura:

Universidade Federal de Alfenas

Prof.ª Dr.ª Rúbia Gomes Morato Assinatura:

Universidade Federal de Alfenas

Prof. Dr. Líneo Aparecido Gaspar Junior Assinatura:

Universidade Federal de Alfenas

4

Dedico este trabalho à minha

querida família, aos meus

amigos e ao Renato.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois sem ele não teria conquistado mais essa etapa de

minha vida.

À Universidade Federal de Alfenas pela oportunidade de realizar este sonho.

Ao Prof. Dr. Paulo Henrique de Souza por ser meu orientador neste trabalho.

Ao Chefe do Departamento de Ciências da Natureza, Prof. Dr. Ronaldo Luiz Mincato

pela compreensão quando solicitada sua ajuda.

Aos professores que em todos esses anos, se dedicaram para nos engrandecer

através do conhecimento.

Aos meus lindos avós paternos que estão presentes hoje e sempre em minha vida.

Aos meus queridos pais, pelo apoio e paciência que sempre dedicaram a mim.

À madrinha Cleide por ser minha inspiração.

Ao meu namorado Renato Félix dos Santos, meu companheiro que esteve do meu

lado em todas as horas desta minha trajetória na universidade.

A todos que me cederam um pouco de sua atenção, quando foram abordados para

a aplicação do questionário.

A todos minha eterna gratidão.

6

“Os Geógrafos estão condenados

por aquilo que o poeta Carlos

Drummond de Andrade chamava de

“sentimento do mundo”. O

verdadeiro geógrafo deverá ser

alguém dotado de sensibilidade para

captar o espírito do tempo”.

Carlos A. de F. Monteiro, 2001.

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RESUMO

Este trabalho resulta de uma pesquisa acerca do uso e monitoramento dos espaços

públicos de Varginha – MG. Objetivou-se avaliar e analisar (qualitativamente) os

espaços públicos, bem como compreender a importância e os papéis destes para a

cidade, contribuindo para os estudos referentes à organização do espaço urbano e

de forma mais específica e restrita, referentes à utilização dos espaços públicos pela

própria sociedade. Destacando entre os espaços públicos da cidade as praças,

parques e o Zoológico Municipal. Assim realizou-se uma revisão bibliográfica,

treinamento de técnicas relacionadas à pesquisa, trabalho de campo, aplicação do

questionário, análise das informações e tabulação dos dados e a elaboração dos

gráficos. A partir da obtenção dessas informações, foi possível fazer a

sistematização e análise das mesmas, propiciando assim, a elaboração do material

utilizado e apresentado, bem como na redação do trabalho. Sendo assim, foi

possível perceber as opiniões dos entrevistados em relação a esse tema pertinente

sobre os importantes papéis de diversos espaços públicos da cidade de Varginha-

MG.

PALAVRAS-CHAVE: Varginha; Espaço Público; Espaço Urbano.

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ABSTRACT

This work results from a survey on the use and monitoring of public spaces Varginha

- MG. The objective was to evaluate and analyze (qualitatively) the public spaces, as

well as understand the importance and roles of the city, contributing to the studies on

the organization of urban space and a more specific and restricted regarding the use

of public spaces the company itself. Highlighting the spaces between the city's public

squares, parks and the City Zoo. So we carried out a literature review, technical

training related to research, field work, the questionnaire, information analysis and

data tabulation and graphing. Upon obtaining this information, it was possible the

systematization and analysis of the same, thus enabling the development of the

material used and presented, as well as in writing of the paper. Thus, we can see the

opinions of respondents in relation to this issue about the appropriate roles of several

important public spaces in the city of Varginha-MG.

KEYWORDS: Varginha; Public Space; Urban Space.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa de localização do Município de Varginha – MG..........................p. 21

Figura 2 – Praça da Fonte (Praça José de Resende Paiva)..................................p. 31

Figura 3 – Parque Florestal São Francisco de Assis.............................................p. 32

Figura 4 – Parque Novo Horizonte.........................................................................p. 32

Figura 5 – Parque Centenário................................................................................p. 32

Figura 6 – Zoológico Municipal (Zoobotânico Dr. Mário Frota)..............................p. 33

Gráfico 1 – Índice de frequentadores dos espaços públicos..................................p. 22

Gráfico 2 – Porcentagem dos espaços públicos mais utilizados............................p. 23

Gráfico 3 – Frequência de utilização dos espaços públicos..................................p. 24

Gráfico 4 – Acessibilidade dos espaços públicos para a população......................p. 24

Gráfico 5 – Percepção quanto ao uso dos espaços públicos................................p. 25

Gráfico 6 – Percepção quanto à manutenção dos espaços públicos....................p. 26

Gráfico 7 – Percepção quanto à limpeza dos espaços públicos............................p. 26

Gráfico 8 – Percepção quanto à segurança nos espaços públicos.......................p. 27

Gráfico 9 – Proximidade do entrevistado com os espaços públicos......................p. 28

Gráfico 10 – Tipo de espaço público próximo ao entrevistado..............................p. 29

Gráfico 11 – Percepção quanto a preservação dos espaços públicos..................p. 29

Gráfico 12 – Percepção quanto à importância dos espaços públicos....................p. 30

Gráfico 13 – Preferência de uso/finalidade dos espaços públicos.........................p. 31

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Sumário

1. Introdução/Referencial Teórico....................................................................11

2. Objetivos........................................................................................................18

2.1- Objetivo Geral...........................................................................................18

2.2- Objetivo Específico...................................................................................18

3. Materiais e Métodos......................................................................................18

3.1. Materiais................................................................................................19

3.2. Procedimentos Metodológicos..............................................................19

4. Resultados.....................................................................................................20

5. Considerações Finais....................................................................................33

6. Referências Bibliográficas............................................................................35

7. Anexos – Questionário.................................................................................37

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1- INTRODUÇÃO/REFERENCIAL TEÓRICO

A Geografia insere-se no estudo da cidade, onde as relações sociais se

efetivam na forma de relações espaciais. A reflexão sobre a cidade é também uma

reflexão sobre a prática socioespacial, ou seja, o modo em que se realiza a vida na

cidade, sob as formas e momentos de apropriação. Portanto o espaço urbano alega

um sentido profundo, se revelando enquanto condição, meio e produto da ação

humana devido ao seu uso durante o tempo. Dessa forma a cidade supera a ideia

de ser considerada como um simples local dos fenômenos, revelando ser a condição

do sentido da vida humana nas suas dimensões, onde de um lado há a acumulação

de tempos e de outro a possibilidade da realização da vida. De tal forma que a

cidade-obra acaba se realizando enquanto lugar do possível (CARLOS, 2004).

Os espaços públicos são essenciais para o funcionamento e identificação da

cidade. São espaços de uso universalista e não descriminado, palco de diversas

atividades individuais e coletivas. Constituindo lugares de interação social, propícios

a encontros informais e não programados.

A definição de espaço público abrange o espaço de uso coletivo, gratuito e

administrado pelo poder público, nesse caso o município. Exerce função de grande

importância em uma cidade. Tendo destaque para três utilidades: ecológica, estética

e social. Estruturando e organizando a malha urbana. Definindo as suas condições

de acessibilidade e a capacidade de mobilidade de pessoas e bens (circulação) e a

aptidão para a realização de diferentes atividades.

Os gregos na antiguidade valorizavam a vida pública e negavam a vida

privada, pelo fato de que esta estava ligada aos monótonos e irrelevantes ciclos da

natureza orgânica. Se estas atividades eram reconhecidas como essenciais para a

vida humana, os aspectos ligados à vida privada eram renegados por este povo,

àqueles que em sua concepção não alcançariam a plenitude da dignidade humana

(TUAN, 1983).

Para realizar este trabalho, é importante primeiramente analisar a vida

cotidiana, como forma de determinar o vivido, à medida que a sociedade produz o

12

espaço, apropriando-se e dominando-o. Para (Santos, 1994) “O cotidiano é a quinta

dimensão do espaço e por isso deve ser objeto de interesse dos Geógrafos, a quem

cabe forjar os instrumentos correspondentes de análise”.

Nesse contexto, a cidade é o conjunto de lugares apropriados e produzidos

pelos grupos sociais experiências de tempos e ritmos diferentes. Todo lugar é

produto social, e, portanto espacialidade, apropriado pelas práticas sociais na

satisfação das necessidades individuais e coletivas de reprodução e de

identificação. No mesmo espaço cruzam-se diferentes tempos como, por exemplo, o

do trabalho e do lazer. A paisagem urbana tem imprimido tempos passados, as

marcas do território são memórias de outros tempos e outras espacialidades

(SALGUEIRO, 2003).

Santos (1988, p. 72) enfatiza que: “ A paisagem é a materialização de um

instante da sociedade e o espaço resulta do casamento da sociedade com a

paisagem. (...) O espaço contém o movimento. Por isso, paisagem e espaço

complementam-se e se opõem.

Conceituando Espaço Público, o artigo 99 do Código Civil, define os bens

públicos em três classes: 1 – os bens de uso comum do povo; 2 – os bens de uso

especial e 3 – os dominicais. Os bens de uso comum são os que podem ser

utilizados por toda a sociedade da coletividade em igualdade de condições e que

não podem ser utilizados de forma privada. Onde o Estado é o titular destes, pois

não podem ser adquiridos como bem próprio de ninguém (LUNARDELLI, 2005).

Ao observar um espaço público, deve-se considerar de um lado sua

configuração física e, de outo, o tipo de práticas e dinâmicas sociais que aí se

desenvolvem. Ele passa então a ser analisado como um conjunto indissociável das

formas com as práticas e dinâmicas sociais. É desse modo que a noção de espaço

público pode vir a se organizar na categoria de análise geográfica. De forma que

essa parece ser a única forma de se determinar uma relação direta entre a condição

de cidadania e o espaço público, ou seja, sua configuração física, seus usos e

vivência efetiva (GOMES, 2002).

Neste contexto se configura a questão principal da reflexão deste trabalho: o

espaço público é, ou não, utilizado pelo conjunto da Sociedade varginhense,

considerando suas práticas socioespaciais cotidianas? A resposta a este

questionamento é o objeto de estudo deste trabalho, onde a problemática encontra-

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se na análise das diferentes formas de usos da cidade e seus respectivos espaços

públicos, por meio das práticas socioespaciais cotidianas de seus usuários ou não.

Assim, pretendem-se desenvolver argumentos sobre as formas, os sentidos e as

funções de parcelas do espaço urbano para o entendimento da noção de espaço

público, fundamentando na opinião da população sobre o espaço público na cidade

de Varginha – MG.

Os espaços de convívio público são elementos urbanos importantes para

melhores condições de vida na cidade. No entanto, a usabilidade de um espaço

público urbano está relacionada a fatores de acessibilidade, segurança, variedade

de usos, flexibilidade do espaço.

Os locais públicos se popularizaram e com a expansão urbana, o centro

tradicional com suas praças, passa a ser desvalorizado, não sendo mais um

importante ponto de referência para a população (FRÚGOLI JÚNIOR, 1992).

Assim, o espaço urbano se fragmentou entre áreas ricas e pobres, espaço

privado com funções públicas e espaço público livre, com isso a paisagem urbana

ganhou uma nova configuração. Nesse contexto, seus potenciais e suas funções

não são explorados totalmente, à medida que estes se diminuem a meros espaços

de contemplação, passagem de pedestres, pontos de ônibus e etc.

Para entender a relação entre lazer/esporte/espaços e equipamentos, temos

que considerar a relação entre essas diferentes dimensões, a importância da relação

entre espaços públicos e a vida urbana e as reais possibilidades de transformarmos

os espaços físicos das cidades em lugares dotados de significado afetivo para a

comunidade (RECHIA, 2007).

Como já observado, as práticas socioespaciais são extremamente

importantes para a análise desta pesquisa, porque é assim que os espaços

adquirem sentidos, ou seja, através dos usos efetuados, vivenciados e percebidos

pelos diferentes indivíduos da sociedade, sendo por meio das situações mais

simples como o trajeto de passagem, ou, então, as práticas nas quais a interação do

sujeito com o espaço público se mostra de forma mais clara por meio da sua

utilização e apropriação para necessidades diárias. De maneira que, as práticas

socioespaciais se tornam mediadoras da apropriação da cidade ou parte dela e, por

consequência, dos seus lugares e dos espaços públicos.

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É notável que os usuários têm uma relação dualista com o espaço público,

representando duas atividades: o usuário pode se apropriar do espaço público

(privatização do espaço de uso coletivo), ou pode fazer o uso equivocado deste

espaço, vandalizando-o (mau-trato do espaço público). Ambas atitudes com a

intenção de transgressão (BARRETTO, 1999).

O caos urbano, as velocidades dos automóveis e da vida agitada das

metrópoles (sintomas que já podemos perceber nas cidades menores), juntamente

com a falta de segurança das ruas, cria um novo ambiente urbano pouco apropriado

para a vida comunitária nos lugares públicos, reafirmando a tendência no século XX

já iniciada cem anos antes da interiorização da vida, com o surgimento de lugares

que se voltam para si e não para a cidade. Espaços estes climatizados e protegidos

artificializam os lugares públicos ao tentarem traduzi-los como parte de sua

ambientação interna (DIAS, 2005).

À falta de uma política pública de criação de espaços realmente

democráticos e para a melhoria dos espaços comunitários, acaba se restringindo ao

“urbanismo de pracinhas”, com intervenções limitadas na melhoria da rua e/ou de

pracinhas que podem render votos nas próximas eleições (DIAS, 2005).

Os processos de planejamentos urbanos tornaram-se a solução encontrada

para os problemas causados pelo crescimento urbano desenfreado, incentivados

principalmente nas cidades brasileiras nas últimas décadas e efetivados atualmente

através do Estatuto das Cidades, lançado em 2001 pelo Governo Federal. Com base

no discurso urbano-modernista, onde zoneamento e índices urbanísticos ditam o

crescimento e desenvolvimento das cidades, os Planos Diretores Urbanos se

tornaram os modelos atuais de crescimento das grandes cidades brasileiras (DIAS,

2005).

A definição de espaço público adotada nesta pesquisa foi proposta por

Macedo (1997), “Todo e qualquer espaço destinado prioritariamente ao lazer público

e gratuito, seja ele de uso ativo, passivo ou misto”.

Esse conceito associa-se ao conceito estatal, gestão de Estado (Governo),

nacional, estadual, municipal e também está ligado ao uso público, da sociedade em

geral, portanto de uso coletivo (BARRETTO, 1999).

Pensar as cidades como uma mistura de espacialidades e temporalidades é

afirmar que o processo de produção do espaço urbano cria formas, conteúdos e

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representações inseridos em múltiplos níveis de investigação. Pois o que nos

interessa é o tempo social, e este só se faz sentido quando relacionado com o

espaço (ABREU, 2003).

Para que um espaço seja considerado público, deve propiciar aos cidadãos

à acessibilidade a todos, onde se possam interagir entre si livremente, a despeito de

sua condição social. Esses espaços ditos públicos (ou semi-públicos) são edificados

e modificados devido à dinâmica de mudanças da própria sociedade, podendo haver

mudanças em função da tecnologia da construção ou de novas atividades. Portanto,

através dos tempos, ocorreram mudanças no que se entende por espaço público

com relação à cidade em contraposição ao tipo de local desejado (HERMANN,

2007).

A representação das informações e observações do espaço público permite

uma visão de como se está utilizando-o. Suas diferentes formas de uso e a maneira

como seus habitantes utilizam estes espaços (SPOSITO, 2001).

Há uma necessidade dos planejadores buscarem a qualidade dos espaços

públicos, através da interpretação das necessidades sentidas pela sociedade em

seus espaços de lazer, pois há problemas existentes na cidade, que são nocivos a

qualidade de vida local (BENI, 2007).

Pesquisas apontam que os indivíduos podem usar um espaço público por

diversas motivações: para descanso, atividades esportivas, assistir jogos, ler,

trabalhar, se exibir, ir a um compromisso, admirar a agitação da cidade, encontrar

outras pessoas, contato com a natureza, manter a criança distraída, ver o que

aquele espaço oferece, e principalmente para entretenimento com outros indivíduos

(WHYTE, 1988; JACOBS, 2000).

Cada formato da paisagem é criado como resposta a certas necessidades

ou funções do presente, o tempo pode passar, mas a forma continua existindo. Em

consequência, o passado técnico da forma é uma realidade a ser levada em conta

quando se tenta analisar o espaço. As mudanças nas estruturas não podem

reproduzir todas as formas e, portanto somos forçados a usar formas do passado

(SANTOS, 1986).

Mais do que olhar a paisagem urbana é preciso ver, qual tipo de uso está

sendo realizado neste espaço urbano, onde se localizam as atividades econômicas,

16

o espaço da produção e como são distribuídas as áreas residências e de lazer, o

espaço da reprodução (SPOSITO, 2001).

As relações ambientais entre o homem e o ambiente se constituem através

da atitude que ele define como uma postura cultural, a postura que se tem em

relação ao mundo. Ou seja, dois indivíduos não veem a mesma realidade, assim

como dois grupos sociais não fazem exatamente a mesma avaliação do meio

ambiente (TUAN, 1980).

Ressaltando que o lugar da identificação, produzido através da familiaridade

é cada vez mais definido fora do bairro, o que leva a tendência da criação de lugares

de lazer privados ou semi-públicos que substituem o lugar da rua, da praça, do

comércio local. O mundo de lazer agregado pelo mundo da mercadoria invade e

modifica a estrutura do tempo/modo do lazer. (...) O cidadão passa a ser

considerado apenas usuário, evidenciando e caracterizando o momento da

reprodução espacial, onde o valor de uso cede lugar ao valor de troca (CARLOS,

2001).

A crescente fragmentação social é seguida de um fragmentário territorial

transformando os espaços públicos em objetos de disputa ou apenas em espaços

de instrumentais para o deslocamento. Com o desaparecimento do terreno da vida

comum, também desaparecem as formas de sociabilidade que reúnem os diferentes

segmentos sociais (GOMES, 2002).

Analisando os territórios de exclusão nas cidades médias, observou-se que

a primeira maneira de o Poder Público interferir diretamente no aumento/expansão

dos processos de exclusão no interior das cidades é através da infra-estrutura

diferenciada para as diferentes camadas sociais (GUIMARÃES; VIEIRA;NUNES,

2005).

Como muitos espaços se encontram abandonados pelos poderes públicos e

pela população que dispõem cada vez mais de meios que possam fazer por exercer

e reclamar a cidadania, os espaços públicos se tornam terra de ninguém, sem

regras de uso, perdendo sua característica fundamental, ou seja, a de terreno de

convivência, associação social, encontro entre pessoas diferentes, ou definindo em

uma palavra, espaço democrático. Desrespeito, sujeiras, vandalismos, invasões são

algumas características frequentes nesse tipo de espaço, sem que isso gere uma

reação da comunidade (GOMES, 2002).

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Nas estratégias dos planejamentos o uso da cidade é pensado na perspectiva

simplificada das necessidades, aparecendo separadamente, na cidade, depois de

estabelecidas suas funções e bem delimitadas, como aquela do morar, do trabalho e

do lazer. Assim busca-se uma solução técnica. Essa ideia de uso reduz a cidade ao

seu nível funcional. Decorrente do fato que se pensa a cidade apenas enquanto

meio físico, teatro da atividade econômica e, portanto, lugar a ser ordenada pelo

planejador para viabilizar essas necessidades (CARLOS, 2004).

Nas cidades caóticas, aqui no Brasil, o espaço público se torna vital como o

ar, um lugar de descompressão e precisa ser revalorizado contrapondo a esta

arquitetura introvertida (com muita propriedade), sendo prioridade na cidade (DIAS,

2005).

A qualidade de vida dos habitantes da cidade é garantida, pela existência de

um sistema de espaços públicos abertos de lazer. A quantidade destes locais deve

estar combinada com a ordenação de um sistema, de modo que toda a comunidade

possa desfrutar dos espaços abertos públicos igualitariamente, com praticamente a

mesma facilidade de acesso (PUPPI, 1981).

A acessibilidade ao lazer urbano: parque, praças, entre outros – e outras

maneiras de manter contato com a natureza, combatendo o stress são, uma garantia

da preservação da qualidade de vida (JACOBI, 1998);

O espaço de lazer, devido a sua diversidade de equipamentos, promove o

encontro e alegria dos indivíduos desumanizadas pelo cotidiano da cidade; sendo

que nas grandes cidades, pode transpor o limite da “cidade das necessidades

elementares”, definindo as periferias urbanas, ser residual à funcionalização dos

espaços urbanos, que caracteriza as concepções e estratégias urbanísticas

mundializadas (DAMIANI, 1997).

Sendo assim, o espaço de lazer tem uma importância social, por ser um

espaço de encontro e de convívio. É através deste convívio que acontece à tomada

de consciência, o despertar do cidadão para descobrir que os espaços urbanos

equipados, conservados e principalmente animados para o lazer são fundamentais

para uma vida melhor e que se constituem num direito dos brasileiros (MULLER,

2002).

Quando falamos em direitos, devemos levar em conta suas vertentes. Em

uma das vertentes, compreende-se a ampliação do espaço público de lazer nos

18

diferentes pontos da cidade, ou seja, um aumento dos equipamentos de lazer

principalmente nos bairros periféricos. Em outra, diz respeito ao direito que o

cidadão possui em frequentar os diferentes pontos do município, correspondendo a

um dos elementos presentes no direito ao entorno, não sendo possível na maioria

das vezes, pois esse indivíduo acaba se restringindo ao seu bairro ou mesmo à sua

casa, não sendo apenas por causa das distâncias físicas, mas devido à sua

diferente classe social (LUCAS, 2003).

2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

Analisar a relevância que os espaços públicos coletivos possuem para a

sociedade de Varginha/MG, identificando dentre esses os principais locais de lazer

elegidos pela população no município, destacando a preferência de uso nas praças,

parques e Zoológico Municipal.

2.2- Objetivos Específicos

- verificar a percepção que a população de Varginha/MG possui dos espaços

públicos presentes no município;

- identificar quais locais públicos são mais priorizados pela população para o

lazer e recreação;

- delimitar a função que cada espaço público de Varginha possui perante o

universo de usuários;

- analisar o grau de sociabilização que ocorre entre os usuários destes

espaços públicos; e

- identificar quais são os usos e as funções que cada espaço público exerce

na sociedade, através da visão e opinião dos agentes nela envolvidos.

3- Materiais e Métodos

19

3.1- Materiais

Os materiais utilizados na pesquisa e nas atividades de campo foram:

- Questionário investigativo;

- Mapas do município de Varginha – MG;

- Veículos para transporte e deslocamento nas atividades de campo;

- Material de pesquisa de campo para registro; e

- Softwares e hardware para o tratamento das informações.

3.2- Procedimentos Metodológicos

Primeiramente foi realizado um estudo prévio relacionado ao tema de estudo

para obter um melhor conhecimento sobre o assunto e assim desenvolver o projeto

final deste trabalho.

Foi necessário selecionar os espaços de estudo, que no caso foram: praças,

parques e o zoológico municipal. Na sequência foram realizados trabalhos de

campo, para um maior conhecimento da área selecionada, sendo esta etapa

fundamental para alcançar o objetivo deste trabalho.

Logo após foi elaborado um questionário, avaliando o uso e monitoramento

dos espaços públicos da cidade. A montagem foi feita de forma simples e informal,

ou seja, de fácil entendimento a todos. Podendo ser aplicado para todas as pessoas,

independente do seu extrato social ou nível escolar.

A aplicação do questionário para população foi realizada em dois dias em

diferentes lugares: nas ruas, praças e no comércio da cidade. No total foram

entrevistadas cem pessoas, escolhidas aleatoriamente e com diferentes extratos

sociais.

Para obter os resultados desta pesquisa, foi necessária a interpretação das

informações contidas nas entrevistas. Em seguida foi feita a análise das informações

e tabulações de dados para a elaboração dos gráficos.

Tendo por base a avaliação qualitativa do desempenho dos espaços que é a

reflexão do modo de como estes respondem às solicitações a que estão sujeitos no

decorrer da sua utilização.

20

Foram fundamentais para a elaboração deste trabalho, as visitas aos locais

públicos selecionados. Para compreender diretamente as respostas adquiridas na

aplicação do questionário. De maneira que acabo por ser não somente a

investigadora dos fatos, mas também testemunha do seu estado.

Portanto para redigir a redação do trabalho, foi-se destinado um tempo

específico, para que o texto amadurecesse juntamente com a pesquisa.

Conhecendo os locais citados é fácil analisar e compreender os dados coletados em

campo e assim transparecer a opinião da sociedade varginhense quanto a avaliação

realizada sobre os espaços públicos.

4- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como resultado da pesquisa, tem-se o levantamento e análise de alguns

espaços públicos presentes na cidade de Varginha-MG.

Varginha é um município localizado no Sul de Minas Gerais, possui uma

área de 395 km², situado no domínio geomorfológico do planalto Atlântico do

sudeste. É a terceira maior cidade do Sul de Minas Gerais, com uma população de

123.081 habitantes (IBGE, 2010) e sua densidade demográfica é de 311,29 hab/km²

(IBGE 2010). Com um perímetro urbano de 62.58km, localiza-se a uma latitude

21°35`22`` Sul e a uma longitude 45° 28`21`` Oeste, estando a uma altitude de 950

metros (Figura 1).

O município de Varginha conta com noventa e duas praças, três parques e o

Zoobotânico Dr. Mário Frota também chamado de Zoológico Municipal. Dados

retirados do mapa fornecido pela prefeitura.

Nota-se que dessas noventa e duas praças existentes na cidade, trinta e

duas são localizadas na área central do município. No levantamento feito foi

constatado, que as praças localizadas em bairros periféricos não são intensamente

utilizadas como as praças localizadas nas áreas centrais da cidade.

As praças de bairros periféricos, segundo os entrevistados, não se

encontram em bom estado de conservação, falta segurança, manutenção, ao

contrário daquelas localizadas nos bairros mais nobres e centrais do município.

21

Resultados preliminares apontam que as praças de Varginha-MG, em geral,

possuem uma grande importância como espaço público, uma vez que nelas há uma

relevante relação com a sociedade, além de a população utilizá-las para lazer e

outra atividades do dia-a-dia.

Figura 1 – Localização do Município de Varginha – MG.

Fonte: IBGE (2011). Acessado em 10/09/2011.

No âmbito dos parques ficou claro que o Parque Florestal São Francisco de

Assis (Figura 3), é utilizado pelo Tiro de Guerra do município para o treinamento dos

soldados, como exemplo a sobrevivência na mata fechada.

O parque também oferece passeios em trilhas, para os aventureiros

dispostos a ter uma boa caminhada em contato direto com a natureza. Os demais

parques Novo Horizonte (Figura 4) e Centenário (Figura 5) são mais utilizados como

lazer pela sociedade.

O Zoológico tem como principal função o contato indireto do ser humano

com os animais ali presentes e a natureza; a preservação dos animais com risco de

extinção, promovendo o lazer para os visitantes. Também podendo ser utilizado

22

como local de trabalho de campo para os alunos das escolas do município. (Figura

6).

Na avaliação da cidade em relação à frequentação dos espaços públicos,

84% responderam que frequentam algum tipo e 16% disseram não frequentar

nenhum. (Gráfico 1). Levando-se em conta a população total da área urbana do

município, verifica-se que a grande parcela dos munícipes frequenta e utiliza essas

áreas por alguma razão. Isso é indicativo da importância que tais lugares assumem

no cotidiano desta localidade, mesmo que sirvam única e exclusivamente como

ponto de passagem.

Disto extrai-se a grande responsabilidade que o poder público possui para

com relação à manutenção desses espaços e até mesmo com sua expansão

objetivando a disponibilização de novos espaços, favorecendo o estabelecimento

dos elevados padrões de sustentabilidade que se fazem necessários para a

melhoria da qualidade e vida dos munícipes.

Obviamente a indicação de frequência a esses lugares não assegura que a

utilização seja feita a contento.

Gráfico 1 – Índice de frequentadores dos espaços públicos.

Em relação ao tipo de espaço público frequentado, observa-se uma ampla

preferência pelas praças, pois cerca de 86% dos entrevistados indicaram a opção

por esses lugares, enquanto que apenas 6% preferem o zoológico, 4% parques e

outros 4% afirmaram não frequentar nenhum desses lugares. (Gráfico 2).

23

Mais uma vez convém lembrar que mesmo os índices menores de

preferência são significativos, pois dizem respeito a uma população total situada ao

redor de cem mil habitantes, assegurando que cerca de seis mil pessoas frequentam

o zoológico local e outras quatro mil os parques. Esse montante de pessoas não

pode ser desconsiderado, pois equivale à população de algumas localidades

menores que se situam no seu contexto geográfico.

Gráfico 2 – Porcentagem dos espaços públicos mais utilizados.

Em relação à frequência com que a população utiliza esses espaços

públicos, verifica-se que a maioria - 67% dos entrevistados - respondeu visitá-los às

vezes, sem, contudo, precisar o que se entende pela expressão “às vezes”. Entre os

consultados 23% asseguraram utilizar esses espaços continuamente – sempre;

enquanto que 10% afirmaram nunca utilizarem os espaços públicos da cidade.

(Gráfico 3). Esse terceiro grupo sinaliza coerência com a resposta espontânea

apresentada na primeira indagação feita aos entrevistados, uma vez que nela 16%

respondeu não utilizar os espaços públicos.

Gráfico 3 – Frequência de utilização dos espaços públicos.

24

Quando questionados quanto à acessibilidade dos espaços públicos, 51%

responderam que estes locais encontram-se adequados às exigências básicas que

se fazem necessárias, enquanto que 49% discordam disso, entendendo que os

locais não se encontram adequados por não apresentarem infra-estrutura de

acessibilidade conforme o necessário. (Gráfico 4).

Possivelmente essa divisão deva-se mais a interpretação que os usuários

possuem acerca das condições de acessibilidade que devem prevalecer nos

espaços públicos, do que ao conhecimento que verdadeiramente possuem do que

vem a ser a acessibilidade.

Gráfico 4 – Acessibilidade dos espaços públicos para a população.

A pesquisa nos revela qual a opinião dos entrevistados quanto ao uso que a

população faz dos espaços públicos de Varginha – MG. Os entrevistados

25

salientaram que o uso não é adequado com 73%, definindo este mau uso,

esclarecemos que o destaque nesta questão é o vandalismo e a depredação destes

espaços enquanto 27% responderam que o uso é adequado para tais locais.

(Gráfico 5).

Este uso inadequado é constatado quando observamos algumas praças e

parques pichados, com seus equipamentos quebrados e suas lixeiras arrancadas,

devido ao ato de vandalismo às vezes comum nestes lugares, por justamente

pertencerem à esfera pública.

Cabe ao Poder Público envidar esforços no sentido de salvaguardar essas

áreas da depredação e assegurar sua condição de uso satisfatório por parte dos

munícipes, iniciando o processo a partir do resgate da cidadania.

Gráfico 5 – Percepção quanto ao uso dos espaços públicos.

Na questão da manutenção dos espaços públicos, 69% da população

disseram que a manutenção não é devidamente adequada e 31% dos entrevistados

discordam, respondendo que consideram essa manutenção de acordo com as

necessidades dos espaços. (Gráfico 6).

No entanto, devemos levar em consideração que pessoas frequentadoras

apenas de espaços públicos que se encontram no centro e/ou em áreas nobres da

cidade irão responder que a manutenção é realmente adequada, mas para os

indivíduos que frequentam as áreas periféricas do município a realidade é outra.

Pois nestes locais a manutenção é precária ou nunca foi feita, sendo facilmente

observada nessas regiões desprovidas de interesses.

26

Gráfico 6 – Percepção quanto à manutenção dos espaços públicos.

A limpeza dos espaços públicos não agrada muito a população, pois 63%

dos entrevistados disseram que limpeza dos locais está a desejar e 37%

responderam que os espaços estão limpos como deveriam. (Gráfico 7).

Outra resposta que deve ser analisada por região onde o entrevistado

frequenta. Pois novamente nos espaços localizados na área central e áreas nobres

estarão em melhores condições em relação à limpeza do que aqueles situados nas

porções periféricas da cidade.

Gráfico 7 – Percepção quanto à limpeza dos espaços públicos.

27

Quanto à segurança, 70% dos pesquisados responderam que não

consideram os espaços públicos seguros e 30% afirmam ter segurança nestes

espaços. (Gráfico 8). Aqui possivelmente deva estar relacionado à localização dos

postos policiais na cidade.

Dando segurança para os espaços localizados próximos aos postos,

enquanto que as áreas mais longínquas não contam com tais serviços com a

mesma eficiência. Evidenciando a necessidade de remanejamento do policiamento

no município.

Obviamente uma rotina de uso colabora com a normatização das condições

de uso desses lugares, pois, a medida em que a população ocupa e restabelece à

frequência de uso, ocorre uma natural expulsão dos indivíduos subversivos que

ainda não entenderam a importância do respeito ao patrimônio público e alheio,

engrossando o coro daqueles que vivem na marginalidade.

Gráfico 8 – Percepção quanto à segurança nos espaços públicos.

Em relação à região onde o entrevistado reside, foi questionado se há

presença de espaço público no local, a maioria respondeu que moram perto de

algum tipo, com 73% e 27% disseram não haver espaços públicos próximos a sua

moradia. (Gráfico 9).

Uma vez que muito mais da metade dos indivíduos moram próximos a locais

denominados públicos, podemos considerar que a cidade possuindo 92 praças, 3

parques e o zoológico, oferece aos moradores um número satisfatório de espaços

28

públicos tendo em vista a população que atinge a casa de 120.000 habitantes

distribuída numa área total de 396 km².

Gráfico 9 – Proximidade do entrevistado com os espaços públicos.

Para os casos de entrevistados que responderam morar perto de algum tipo

de espaço público foi questionado qual tipo de espaço localiza-se próximo a sua

residência, onde 61% responderam praças; 14% disseram parques; 6% marcaram a

opção do zoológico e 19% não responderam. (Gráfico 10). Como há um número

maior de praças espalhado pela cidade, é natural que a maioria das respostas seja

essa opção.

Tendo outros números significativos, como os parques e os que não

responderam. Este último deixa clara a incoerência com a resposta anterior, já que

27% responderam não residir próximo a espaços públicos e nesta somente 19%

deixaram a questão em branco. O zoológico ficou com 6% entrevistados, sua

localização é próxima a uma área ainda em expansão na cidade.

Gráfico 10 – Tipo de espaço público próximo ao entrevistado.

29

Quanto à avaliação da preservação dos espaços públicos, observa-se que

58% responderam não serem preservados e 42% discordaram considerando estes

locais em bom estado. (Gráfico 11). Novamente a questão está relacionada à

localização, pois aqueles preservados são os que dispõem de manutenção, portanto

se encontram em áreas centrais e nobres da cidade.

Em áreas afastadas do centro encontraremos alguns espaços preservados

quando visitados logo após sua construção, infelizmente, passado algum tempo,

começam a ser esquecidos e abandonados, perdendo a atração que exercem sobre

a população, permitindo a ocupação por andarilhos e baderneiros.

Gráfico 11 – Percepção quanto a preservação dos espaços públicos.

Todos os entrevistados disseram considerar importante a existência dos

espaços públicos na cidade. (Gráfico 12). Salientando que todos aqui questionados,

30

compreendem a necessidades destes espaços na malha urbana da cidade. Mesmo

que não entendam funcionalmente, sabem que existe uma finalidade e utilidade para

estes lugares.

E como a maioria diz utilizá-los, entende-se que a importância dos espaços

públicos também é pessoal, pois de alguma maneira são usados pela população

local. Mesmo que este uso seja indireto (utilizando-o, por exemplo, apenas como

passagem ou de ponto de ônibus).

Gráfico 12 – Percepção quanto à importância dos espaços públicos.

Sendo questionada qual a finalidade mais importante, 50% responderam

todas as finalidades que comtemplavam o questionário; 28% disseram que era para

o lazer; 13% optaram pelo o esporte; 5% marcaram a opção descanso e 4%

escolheram a recreação. (Grafico 13).

A maioria concorda com o fato de que os espaços públicos podem ser

utilizados de diferentes maneiras, tantas que nem todas foram citadas no

questionário. E cabe ao usuário decidir qual é a mais importante na sua concepção.

Gráfico 13 – Preferência de uso/finalidade dos espaços públicos.

31

Ainda foi estabelecido através da opinião dos entrevistados qual o Espaço

Público mais bonito da sua cidade. A maioria correspondendo a 85%, respondeu a

Praça da Fonte (Praça José de Resende Paiva). Também sendo considerada pela

maioria 62%, como o local mais visitado. (Figura 2).

No entanto, é a praça central, ou seja, aquela em que praticamente todos

tende a passar por entre ou em frente. Local de realização de eventos do município,

contando com uma concha acústica, rodeada de bares, restaurantes, lanchonetes

bancos, pontos de ônibus e etc. Podendo ser essa a razão pela qual foi escolhida

nestes dois itens do questionário e não necessariamente ser a resposta de fato das

questões propostas.

Figura 2 – Praça da Fonte (Praça José de Resende Paiva)

32

Fonte: portalvarginha.com.br

Figura 3 – Parque Florestal São Francisco de Assis Fonte: blogdomadeira.com.br

Figura 4 – Parque Novo Horizonte Fonte: blogdomadeira.com.br

Figura 5 – Parque Centenário

33

Fonte: vivibeneton.blogspot.com

Figura 6 – Zoológico Municipal (Zoobotânico Dr. Mário Frota)

Fonte: varginhaonline.com.br

Como já apresentado, as praças possuem diferentes significações em seus

usos, hoje em dia segundos os resultados obtidos as praças, os parques públicos e

o Zoológico Municipal são utilizados na maioria das vezes para: 1)Lazer ; 2)Esporte.

Nesse contexto, seus potenciais e suas funções não são explorados

totalmente, à medida que estes espaços se diminuem a meros espaços de

contemplação, passagem de pedestres e etc.

Com a aplicação do questionário, avaliando o uso e monitoramento é

possível observar a insatisfação da população para essas questões, sendo que na

maioria o problema é a falta de assistência do Órgão Público competente, ou seja, a

prefeitura.

Dessa forma é necessário que o uso dos espaços públicos seja consciente e

monitorado constantemente, para que não haja vandalismo e nem depredação dos

mesmos por parte da população.

Os órgãos públicos competentes devem estar mais atentos em relação a

manutenção dos espaços públicos, principalmente aqueles localizados nos bairros

fora da região central. Para assim melhor atender a toda a população em relação à

igualdade da condição dos espaços públicos na cidade de Varginha – MG.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

34

Ao fim deste trabalho, acredita-se ter conquistado os objetivos, ou seja,

analisar a relevância dos os espaços públicos coletivos para a sociedade de

Varginha/MG, identificando dentre esses os principais locais de lazer elegidos pela

população no município. Optando por este tema por considera-lo de fundamental

importância para a qualidade de vida urbana.

Constatando por meio de pesquisa de campo, as percepções que a

população possui dos espaços públicos, identificando quais locais são mais

priorizados por estes para o lazer, delimitando a função de cada espaço para os

diferentes usuários, realizando uma análise do grau de sociabilização entre os

espaços e os usuários e quais são os usos e funções que cada um exerce na

sociedade.

O problema encontrado nesta pesquisa foi primeiramente a negação do

esvaziamento dos espaços públicos e da vida pública, pois existem variáveis que

determinam a intensidade do uso. O sucesso da existência destes espaços é relativo

à utilização destes pelos moradores locais. E verifica-se uma carência de estudos

que apresentem uma análise das variáveis relativas à dinâmica de apropriação dos

espaços públicos, através da opinião e concepção da comunidade respondendo o

que influencia a percepção do potencial de atratividade e a intensidade de uso dos

espaços públicos.

Um dos grandes desafios do urbanismo moderno é adequar as cidades às

necessidades do cotidiano, trazendo de volta às ruas os cidadãos, de forma que

esses interajam entre si, e que de alguma forma possam trazer a espontaneidade e

a vida às cidades, com a clareza de que viver nessas mesmas cidades pode ser

confortável e prazeroso, desde se tenha em mente os tantos perigos que elas

oferecem, e que naturalmente, tenha como se proteger destes.

Observando os espaços denominados públicos vislumbra-se um mundo de

acontecimentos interligados, rotineiros ou casuais. É possível perceber que estas

áreas refletem uma realidade, ainda que seja a pequena realidade de um bairro,

mas que tem ligação com o restante da cidade e suas transformações.

As relações corriqueiras encontradas nestes ambientes são onde se ocorre

à interação entre as pessoas, que muitas vezes se conquistam amizades e toda

sorte de relações que se podem perpetuar para toda uma vida: namoro, casamento,

35

filhos, etc. Mas a sociedade atual impõe mudanças contribuindo cada vez mais para

que essas relações fiquem restritas a determinados espaços.

O município sofre com a expansão urbana, o que salienta a segregação

social percebida nesta pesquisa. Locais mais afastados da área central tem

predestinação a não terem infra-estrutura adequada. Realidade essa de Varginha e

muitas outras cidades médias da região, devido ao crescimento acelerado, não se

consegue atender a todos. Porém o centro é o lugar de manifestações da relação

social e este sempre estará pelo menos razoavelmente equipado com estruturas que

deem suporte para que essa relação se concretize.

Nos bairros periféricos encontramos diversos problemas quanto à utilização,

acessibilidade, preservação, manutenção, segurança e limpeza. Demonstrando o

descaso das politicas públicas para com essas regiões.

Generalizando a qualidade ambiental dos espaços públicos se diferenciam

de acordo com o setor e/ou região que se esta inserida, ou seja, de acordo com os

padrões-socioeconômicos.

Portanto é de extrema importância, que o poder público busque alternativas

para melhorar os equipamentos e gerencie melhor os recursos financeiros

destinados para a manutenção dos espaços públicos. Realizando consultas prévias

junto à população que são os mais interessados na melhoria destes equipamentos e

são os que realmente os utilizam.

Destacando, a fundamental importância de que haja uma preocupação com

a organização espacial do espaço público. De forma que através desta pesquisa,

tentamos mostrar que a categoria "espaço público” necessita ser analisada e

organizada sob as bases de cidadania para que com as mudanças ocorridas nestas

áreas se promova o aumento da qualidade de vida.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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36

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WHYTE, Wiliam.City: Rediscoveringthe center. New York: Doubleday, 1988.

7- Anexo 1 - Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

38

Questionário Avaliando o uso e monitoramento dos Espaços Públicos de Varginha –

MG

1)Você frequenta algum espaço público (Praças, Zoológico ou Parque ) de sua

cidade?

Sim ( ) Não ( )

2)Qual Espaço Público você frequenta?

Praças ( ) Zoológico ( ) Parque ( )

3)Com que frequência?

Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

4)Você considera os Espaços Públicos acessíveis à toda a população de sua

cidade?

Sim ( ) Não ( )

5)Você considera adequado o uso que a população faz dos Espaços Públicos da

sua cidade?

Sim ( ) Não ( )

6)Você considera adequada a manutenção dos Espaços Públicos?

Sim ( ) Não ( )

7)Você considera adequada a limpeza dos Espaços Públicos da sua cidade?

Sim ( ) Não ( )

8) Você considera adequada a segurança nos Espaços Públicos da sua cidade?

Sim ( ) Não ( )

9)Onde você mora tem algum tipo de Espaço Público?

Sim ( ) Não ( )

10)Qual tipo de Espaço Público? (No caso de morar perto de algum)

Praças ( ) Zoológico ( ) Parque ( )

39

11)Você considera preservados (em bom estado) os Espaços Públicos da sua

cidade?

Sim ( ) Não ( )

12)Você considera importante a existência dos Espaços Públicos na sua cidade?

Sim ( ) Não ( )

13)Para qual finalidade?

Lazer ( ) Esporte ( ) Recreação ( ) Descanso ( )

Todas ( )

14)Na sua opinião qual é o Espaço Público mais bonito da sua cidade?

15)Na sua opinião qual é o Espaço Público mais visitado na sua cidade?