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ANÁLISE ERGONÔMICA DOPROCESSO DE LAVRA DE UMA MINA

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ANÁLISE ERGONÔMICA DOPROCESSO

DE LAVRA DE UMA MINA SUBTERRÂNEA DE EXPLORAÇÃO DE

POTÁSSIO EM SERGIPE

Fábio Mota Ribeiro de Oliveira (VALE) [email protected]

Helenice Leite Garcia (FANESE) [email protected]

Sandra Patrícia Bezerra Rocha (FANESE) [email protected]

Com a busca constante por partes das organizações de melhores

índices de produtividade e conseqüentemente de ganho de capital faz

com que as organizações levantem constantemente seus índices de

desenvolvimento e de seus processos. E para quue haja um aumento

nesses índices as empresas estão investindo cada vez mais na

confiabilidade de toda cadeia produtiva, além de realizar uma análise

criteriosa das condições de seus postos de trabalho onde as atividades

são desenvolvidas. Para as grandes organizações a eficiência não

depende somente do método de trabalho e de equipamentos modernos,

mas mais sim de um conjunto de fatores organizacionais e funcionais

em seus processos que garantam a integridade física e a mental dos

trabalhadores, bem como do processo produtivo. Contudo, o fator

humano deve ser considerado como um dos elementos mais

importantes do sistema produtivo, pois qualquer desvio ou perda da

capacidade física e/ou mental poderá interromper ou paralisar a

cadeia produtiva e conseqüentemente a produtividade almejada pela

organização. O presente estudo irá buscar através de ferramentas de

análises ergonômicas, possíveis situações de desconforto ou até mesmo

de risco ergonômicos para os trabalhadores da mineração da Empresa

estudo de caso, em sua mina de exploração de Cloreto de Potássio,

através do sistema convencional de lavra por minerador contínuo tipo

Marietta. Neste estudo foram coletados dados através do cesso

ergonômico e identificados tais riscos ergonômicos por meio de análise

ergonômica dos postos de trabalhos com o intuito de fornecer para a

empresa estudo de caso informações para permitir que a mesma atue

na melhoria da qualidade de vida laboral dos profissionais lotados

neste ambiente e, conseqüentemente, o aumento em seus índices de

produtividade.

Palavras-chaves: Ergonomia, Agentes ambientais, Mina Subterrânea.

XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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1. Introdução

Com o advento da modernidade das organizações, a concorrência e a excelência no processo produtivo vislumbrado pelas empresas, fazem com que estas organizações visem à melhoria contínua de seus postos de trabalho e conseqüentemente a redução dos custos com o grande número de empregados afastados de suas funções devido ao ambiente laboral. Sabe-se que as empresas para se manter no mercado globalizado, dependem do método de trabalho aplicado, bem como, de ações organizacionais que garantam a prevenção à saúde e a integridade física e mental de seus trabalhadores. Nesta filosofia, o trabalhador deve ser considerado o meio mais importante deste processo, sendo que qualquer interferência ou redução da capacidade física e/ou mental afetará a produtividade das organizações.

Os Riscos Ambientais e Ergonômicos podem afetar a saúde, a integridade física e mental dos trabalhadores em decorrência dos Acidentes de Trabalho, bem como das Doenças Ocupacionais ou Profissionais.

A Norma Regulamentadora nº 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho. Além disso, esta NR relaciona estes, dependendo da natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição e tais riscos poderão causar danos à saúde dos trabalhadores. Assim como a Norma Regulamentadora nº 17 sobre ergonomia, em seu item 17.1, estabelece métodos que permitem uma avaliação das condições de trabalho no ambiente laboral, bem como, parâmetros mínimos a serem adotados pelas organizações de trabalho com o intuito de proporcionarem ambientes mais confortáveis e seguros para os trabalhadores (MANUAL DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2006).

O presente estudo trata do processo de lavra de uma mina subterrânea de extração de potássio, situada na cidade de Rosário do Catete em Sergipe – Brasil. Essas atividades de extração de minério são exercidas a aproximadamente 500 metros de profundidade e em regime de turno de 6 horas. As análises qualitativas e quantitativas serão comparadas através da aplicação das ferramentas: censo ergonômico e da análise ergonômica do posto de trabalho, visando estabelecer nexo causal entre as possíveis queixas dos trabalhadores com as atividades exercidas em seus postos de trabalho por meio do levantamento ergonômico de suas atividades.

2. Definições de Ergonomia

Segundo Gonçalves (2000), ergonomia pode ser entendida como a ciência que estuda a interação homem-ambiente de trabalho, com o intuito de adequar as atividades ao homem, respeitando as características de cada individuo e suas limitações, para a obtenção da racionalização do processo produtivo.

Para Iida (2005), a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, devendo-se avaliar as organizações como um todo e não somente os aspectos mecanizados ou humanos e suas interações, procurando levar em consideração o clima das organizações e seu ambiente físico, objetivando um ambiente saudável.

De acordo com Grandjean (1998), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Esta compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria avalia a sociedade no trabalho. O objetivo prático da ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A

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realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano.

Segundo Couto (1995), a ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologia que visa à adequação do trabalho ao homem, através de estudos interdisciplinares em ciências humanas e exatas, para adequação do ambiente de trabalho ao ser humano.

Portanto, independente do autor considerado, compreende-se que a ergonomia como um conjunto de métodos e estudos científicos visa o conhecimento do ser humano em seus aspectos fisiológicos e antropométricos em relação a sua vida laboral, com objetivo de adaptação da máquina ao homem.

3. Tipos de Ergonomia segundo a International Ergonomics Association

A International Ergonomics Association (I.E.A.) descreve a ergonomia em três tipos: Ergonomia Física, Ergonomia Cognitiva e Ergonomia Organizacional, de forma que estas podem ser caracterizadas da seguinte forma:

É possível, também, o uso de alíneas, que obedecem às seguintes indicações:

a) Ergonomia física: está relacionada com as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e a biomecânica que tem relação com a atividade física. Estes incluem estudos da postura no trabalho, manuseio, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto do posto de trabalho, segurança e saúde;

b) Ergonomia cognitiva: está relacionada com a mente, percepção, memória, raciocínio e resposta motora, que possam afetar as interações entre o homem e um sistema. Estes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomadas de decisões, desempenho, interação homem máquina, stress e treinamento;

c) Ergonomia organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo as estruturas organizacionais, políticas e processo. Estes incluem comunicação, gerenciamento de recursos, projeto, organização do trabalho, grupo, participação, paradigmas e gestão.

Contudo, pode-se dizer que estas três etapas devem ser utilizadas como uma única ferramenta, para que se possa buscar o seu ponto de equilíbrio e com isso a inter-relação entre o homem, as organizações e a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores.

4. Aplicabilidade da Ergonomia no Ambiente Laboral

Para alguns autores como Couto (1995), a ergonomia é subdividida em quatro etapas que atuam de maneiras distintas sobre o ser humano e a organização do trabalho:

É possível, também, o uso de alíneas, que obedecem às seguintes indicações:

a) Ergonomia de Correção: atua de maneira restrita modificando os elementos parciais do posto de trabalho;

b) Ergonomia de Concepção: interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou do sistema de produção, organização do trabalho e formação de pessoal

c) Ergonomia de Conscientização: ensina ao trabalhador a usufruir os benefícios de seu posto de trabalho, bem como da postura correta no exercício de suas atividades laborais;

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d) Ergonomia de Participação: através de grupos de estudo constituídos por representantes da empresa e dos empregados, que buscam aplicar os conhecimentos de ergonomia no ambiente de trabalho

Portanto, a depender da situação do ambiente laboral, poderá ser aplicado um ou mais de um tipo de ergonomia, de forma que sejam obtidos resultados eficientes e eficazes no que se refere às condições ergonômicas e ambientais.

5. Agentes Ambientais Insalubres

Segundo a Norma Regulamentadora nº 15, são consideradas atividades ou operações insalubres aquelas desenvolvidas em locais que tenham a presença de agentes ambientais acima do Limite de Tolerância estabelecido nesta norma, ou no caso de não possuir norma nacional, deve-se reportar às normas internacionais, tais quais: NIOSH (National Institute for

Occupational Safety and Health), OSHA (Occupational Safety and Health Administration), ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Hygienist).

Entende-se por Limite de Tolerância a concentração ou intensidade dos agentes ambientais relacionadas diretamente à exposição e à natureza. As atividades exercidas em ambiente com a presença destes agentes, acima dos seus respectivos limites de tolerância, asseguram aos trabalhadores o pagamento do adicional de insalubridade, incidente sobre o salário mínimo vigente com os respectivos percentuais: 40% para insalubridade de grau máximo, 20% para insalubridade de grau médio, 10% para insalubridade de grau mínimo. Havendo a presença de mais de um agente, deve somente ser considerado o de maior significância, ou seja, o de maior grau de insalubridade.

A eliminação ou neutralização destes agentes através de medidas corretivas ou mitigadoras, seja por medidas de ordem geral, seja por uso do Equipamento de Proteção Individual – EPI, dará a suspensão do pagamento do referido adicional (MANUAL DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2006).

Os agentes ambientais insalubres que subdividem em agentes físicos, químicos e biológicos, possuem influência direta com os riscos ergonômicos, pois por meio destes levantamentos, pode se estabelecer critérios de tempo de exposição, proteção e medidas administrativas para minimizar, controlar ou eliminar tais riscos e conseqüentemente ter um melhor e mais saudável ambiente de trabalho. Dentre os diversos agentes ambientais, o Ruído, Calor, Poeira, Vibração e Iluminação são os que mais influenciam os trabalhadores da Mina de Potássio pertencentes à empresa estudo de caso.

6. Análise Ergonômica do Trabalho

Segundo Couto (1996), a análise ergonômica do trabalho está inserida no Brasil desde 1990, contemplado na portaria 3214 de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, através da NR – 17, onde propõe as organizações a fazerem análise ergonômica em seus postos de trabalho, identificando possíveis riscos ergonômicos que tais trabalhadores estejam expostos, de modo a anteciparem estes riscos para salvaguardar a integridade física dos trabalhadores e da organização.

De acordo com Couto (2001), para identificar os riscos ergonômicos existentes em um ambiente laboral, pode-se adotar diversas ferramentas e classificar os riscos e sua relevância através dos métodos de Moore e Gard, NIOSH, Rula, Couto, Check Lists entre outros.

Para Fialho e Santos (1997), através da análise ergonômica pode-se conhecer sobre as

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situações laborais por parte dos trabalhadores e do seu ambiente, seja na parte física (postura), seja na parte psíquica (mental), de forma a possibilitar possíveis intervenções.

As Diretrizes Normativas em Saúde e Segurança do Trabalho (SST), tais quais: a BS 8800 e a OHSAS 18001 não são normas como a ISO e sim uma especificação seguida e adotada como boas práticas de SST por empresas nacionais e internacionais”. Esta norma estabelece a necessidade de se adotar análises ergonômicas nas atividades das organizações com o intuito de mapear os perigos e riscos e estabelecer medidas de controle para cada risco e através destas análises, criar mecanismos por meios de grupos ou comitês de ergonomia, promover melhorias nos ambientes laborais com o objetivo de criar cada vez mais ambientes sadios.

3 Metodologia

O estudo foi desenvolvido em uma mina subterrânea de extração de potássio em Sergipe através do método convencional de lavra, utilizando mineradores contínuos tipo Marietta e caminhões transportadores do tipo Shuttler Car. Essas atividades de extração de minério são exercidas a aproximadamente 500 metros de profundidade.

Para coleta dos dados foram utilizadas técnicas amostrais quantitativas e qualitativas, através de um questionário denominado de Censo Ergonomia, contendo 11 (onze) perguntas diretas e indiretas com o objetivo de subsidiar tal estudo no tocante aos riscos ergonômicos levantados pelos trabalhadores e a Análise Ergonômica do Posto de Trabalho.

A população deste estudo será de aproximadamente 100 trabalhadores do setor de mineração, sendo todos do sexo masculino, com idades entre 21 a 50 anos, os quais seguem o regime de turno de 06 horas diárias e uma jornada de 36 horas semanais.

4 Análise dos resultados

4.1 Censo Ergonômico

Os resultados são apresentados graficamente para o censo ergonômico aplicado aos operadores das Frentes de Lavra da Mina de Potássio da empresa estudo de caso.

De acordo com os resultados obtidos na aplicação da ferramenta com 100 empregados que atuam na operação de Frente de Lavra, foram selecionadas apenas a 1ª e a 10ª pergunta, pois estas duas foram consideradas as mais significativas para objeto deste estudo:

1 – Você sente atualmente algum desconforto nos membros superiores ou coluna, relacionado ao trabalho?

Figura 1 – Parte do corpo verso desconforto na operação de lavra

10 – Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalho, tarefas ou atividades que, na sua opinião, contêm dificuldade importante ou desconforto importante; ou causam fadiga ou

OPERAÇÃO DE FRENTE DE LAVRA

25%20%

15%0%

12%

23%16%75%

45%12%

Pescoço

Ombro

Braço

Cotovelo

Antebraço

Punho

Mão

Coluna

Outros (pernas)

Não s into

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mesmo dor?

Figura 2 – Atividade verso desconforto na operação de lavra

4.2 Análises das Atividades

Neste estudo foram evidenciadas cinco situações presentes nas atividades de Frente de Lavra, que são apresentadas a seguir.

A Tabela 1 apresenta os agentes encontrados no Posto de Trabalho de Operação de Frentes de Lavra e que são comuns para todas as atividades deste estudo e foram retiradas do Programa de Gerenciamento de Risco – PGR, da empresa de mineração fonte do estudo de caso.

Riscos Agentes Intensidade / Concentração

Físicos

Ruído 98,79 dB(A)

Vibração X-0,613 m/s² / Y-0,716 m/s² / Z-1,12 m/s²

Calor 30,0 IBUTG

Iluminação 5 LUX

Químico Poeira 32,5 mg/m3

Fonte: Adaptado do PGR da Empresa estudo de caso Tabela 1 – Agentes ambientais insalubres encontrados no ambiente deste estudo

1- Operação do Minerador contínuo tipo Marietta.

Esta atividade consiste na operação do minerador contínuo do tipo Marietta, através de um controle remoto com peso aproximado de 3 kg, e com distância máxima de operação a 30 metros do operador até o minerador, que permanece nesta operação em torno de 06 horas, tendo um intervalo de 15 minutos após as três primeiras horas.

Figura 3 – Operação de Marietta

O P E R A Ç Ã O D E F R E N T E D E L A V R A

11%

16%

8%

23%

42%

O peraç ão de M arie t ta

O pe raç ão do S hut t le r

C ar

Loc aç ão de c abo do

M ine rador

Loc aç ão de D u to de

E x aus tão

L im pez a do F eede r

B reac k

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Situação encontrada: o operador nesta atividade permanece com o rádio controle fixado por uma tira entre os ombros, onde este é alternado de tempos em tempos de posição para poder diminuir a tensão exercida no ombro, pois mesmo que o rádio controle não tenha um peso significativo, o operador apóia seus punhos no mesmo para relaxar os braços e com isso coloca o peso dos membros superiores nos ombros, desta forma tornando uma situação de desconforto e dolorimento nesta região.

2- Operação do caminhão rebaixado tipo Shuttler Car.

Esta atividade consiste na operação do caminhão rebaixado tipo Shuttler Car, sendo realizada numa rotina normal em torno de 20 viagens entre o minerador (Marietta) e o Feeder Breack, onde são depositadas cerca de 14 toneladas por viagem do minério desmontado. Este percurso se dá no máximo em 300 trezentos metros (ida e volta), limitando-se ao comprimento máximo da bobina do cabo de alimentação que é de 150 metros.

Figura 4 – Operação de Shuttler Car

Situação encontrada: o operador nesta atividade permanece sentado no equipamento por quase toda sua jornada, sendo que estes se alternam uma vez que os mesmos possuem cabine em locais alternados, ou seja, um equipamento possui cabine no lado direito e outro no lado esquerdo, isso ocorre pela localização da bobina de cabo de alimentação que se deve colocar em locais alternados para evitar o esmagamento por esta operação.

As maiores queixas por partes dos empregados são pela operação deste equipamento no lado esquerdo, ou seja, lado do “SOL”, como é chamado na linguagem dos mineiros, pois para eles este ponto é mais crítico, uma vez que eles passam mais tempo expostos ao ruído e poeira devido ao exaustor que está localizado nesta parte do painel.

Conseqüentemente, esta atividade expõe o trabalhador aos riscos ambientais, tais quais: ruídos, calor, poeira e vibração, além de riscos ergonômicos associados com a atividade, quais sejam, estresse, fadiga muscular, câimbras entre outras.

3- Atividade de locação de cabo do Minerador.

Esta atividade consiste no deslocamento e fixação do cabo que alimenta o Minerador, à medida que o equipamento vai avançando, o operador precisa deslocar o mesmo para poder dar continuidade à operação e ao mesmo tempo precisa em algumas vezes fazer o levantamento do mesmo para fixação na parte lateral do Painel.

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Figura 5 – Locação de cabo de alimentação

Situação encontrada: o operador nesta atividade queixa-se de dores nos braços e coluna, pois na maioria das vezes precisa puxar este cabo sem a ajuda de um segundo operador o que causa na sua maioria queixa. Esta atividade é feita rotineiramente, ou seja, várias vezes em sua jornada, o que faz o operador ter que se abaixar para pegar o cabo e levantá-lo até o ponto de fixação e que é necessário fazer bastante força.

Desta forma, o operador fica exposto aos riscos ergonômicos devido à má postura e esforço excessivo para executar esta atividade.

4- Atividade de locação de duto de Exaustão.

Esta atividade consiste no deslocamento e fixação do duto de exaustão, que é responsável pela retirada do particulado em suspensão do Painel, e esta se dá uma ou duas vezes por turno de 6 (seis) horas, e normalmente é feita por um ou mais operadores.

Figura 6 – Locação do duto do Exautor

Situação encontrada: o operador nesta atividade queixa-se de dores nos braços e coluna, precisa desprender uma certa força para arrastar e depois fixar um duto no outro, e faz com que o operador tenha queixas também nos dedos, uma vez que o mesmo precisa apertar o arame de fixação com os mesmos. Portanto, o operador fica exposto aos riscos ergonômicos devido à má postura e esforço excessivo para executar esta atividade.

5- Atividade de limpeza do Feeder Breack (alimentador de correia).

Esta atividade consiste na limpeza do Feeder Breack, que recebe o minério do Shuttler Car quebra este minério em partes menores e despeja em uma correia transportadora.

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Nesta atividade acumula-se muito minério e faz-se necessária, sua limpeza de uma a duas vezes no turno de 6 (seis) horas.

Figura 7 – Feeder Breack

Situação encontrada: o operador nesta atividade queixa-se de dores nos braços e coluna, pois precisa desprender muita força para encher a pá e despejar dentro do Feeder Breack, de forma que o operador fica exposto aos riscos ergonômicos devido à má postura e esforço excessivo para executar esta atividade.

4.3 Resultado das Análises Ergonômicas

A seguir serão apresentados o resultados das Análises Ergonômica das 5 (cinco) atividades de Lavra.

1- Operação do Minerador contínuo tipo Marietta.

Conforme mostrados na Tabela 2, a atividade encontra-se na faixa de intervenção e adequação da atividade.

CRITÉRIO DE PRIORIDADE PONTOS A SEREM ATRIBUÍDOS

AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO Sem risco (0)

Improvável, mas possível

(1)

Desconforto, dificuldade

ou fadiga (2)

Risco (3) Alto risco (4)

QUEIXAS DOS TRABALHADORES Não há (0) Desconforto, dificuldade

(1)

Fadiga (2) Dor (3)

REGISTROS NO SERVIÇO MÉDICO Não há (0) Queixas (1) Atestados (2)

Afastamentos (3)

TOTAL DE PONTOS 03

CONDUTA ADMINISTRATIVA

ACOMPANHAR INTERVIR / ADEQUAR ATUAÇÃO IMEDIATA - URGENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: AET da ErgoLtda adaptada pelo autor

Tabela 2 – Critérios e Prioridades da Operação de Marietta

Esta atividade apresenta um risco moderado e com potencial de risco ergonômico para os

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trabalhadores expostos.

2- Operação do caminhão rebaixado tipo Shuttler Car.

Conforme mostrados na tabela 3, a atividade encontra-se na faixa de intervenção e adequação da atividade.

CRITÉRIO DE PRIORIDADE PONTOS A SEREM ATRIBUÍDOS

AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO Sem risco (0)

Improvável, mas possível

(1)

Desconforto, dificuldade

ou fadiga (2)

Risco (3) Alto risco (4)

QUEIXAS DOS TRABALHADORES Não há (0) Desconforto, dificuldade

(1)

Fadiga (2) Dor (3)

REGISTROS NO SERVIÇO MÉDICO Não há (0) Queixas (1) Atestados (2)

Afastamentos (3)

TOTAL DE PONTOS 05

CONDUTA ADMINISTRATIVA ACOMPANHAR INTERVIR / ADEQUAR ATUAÇÃO IMEDIATA – URGENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: AET da ErgoLtda adaptada pelo autor

Tabela 3 – Critérios e Prioridades da Operação de Shuttler Car

Esta atividade apresenta um risco moderado e com potencial de risco ergonômico para os trabalhadores expostos.

3- Atividade de locação de cabo do Minerador.

Conforme mostrados na Tabela 4, a atividade encontra-se na faixa de Atuação Imediata – Urgente.

CRITÉRIO DE PRIORIDADE PONTOS A SEREM ATRIBUÍDOS

AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO Sem risco (0)

Improvável, mas possível

(1)

Desconforto, dificuldade

ou fadiga (2)

Risco (3) Alto risco (4)

QUEIXAS DOS TRABALHADORES Não há (0) Desconforto, dificuldade

(1)

Fadiga (2) Dor (3)

REGISTROS NO SERVIÇO MÉDICO Não há (0) Queixas (1) Atestados (2)

Afastamentos (3)

TOTAL DE PONTOS 08

CONDUTA ADMINISTRATIVA ACOMPANHAR INTERVIR / ADEQUAR ATUAÇÃO IMEDIATA – URGENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: AET da ErgoLtda adaptada pelo autor Tabela 4 – Critérios e Prioridades da Operação de locação do cabo do Minerador

Esta atividade apresenta um risco elevado, com potencial de risco ergonômico para os trabalhadores expostos.

4- Atividade de locação de Duto de Exaustão.

Conforme mostrados na tabela 5, a atividade encontra-se na faixa de Atuação Imediata –

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Urgente.

CRITÉRIO DE PRIORIDADE PONTOS A SEREM ATRIBUÍDOS

AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO Sem risco (0)

Improvável, mas possível

(1)

Desconforto, dificuldade

ou fadiga (2)

Risco (3) Alto risco (4)

QUEIXAS DOS TRABALHADORES Não há (0) Desconforto, dificuldade

(1)

Fadiga (2) Dor (3)

REGISTROS NO SERVIÇO MÉDICO Não há (0) Queixas (1) Atestados (2) Afastamentos (3)

TOTAL DE PONTOS 08

CONDUTA ADMINISTRATIVA ACOMPANHAR INTERVIR / ADEQUAR ATUAÇÃO IMEDIATA – URGENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: AET da ErgoLtda adaptada pelo autor

Tabela 5 – Critérios e Prioridades da Operação de locação de duto do Exaustor

Esta atividade apresenta um risco elevado e com potencial de risco ergonômico para os trabalhadores expostos.

5- Atividade de limpeza do Feeder Breack (alimentador de correia).

Conforme mostrados na Tabela 6, a atividade encontrada na faixa de Atuação Imediata – Urgente.

CRITÉRIO DE PRIORIDADE PONTOS A SEREM ATRIBUIDOS

AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO Sem risco (0)

Improvável, mas possível

(1)

Desconforto, dificuldade

ou fadiga (2)

Risco (3) Alto risco (4)

QUEIXAS DOS TRABALHADORES Não há (0) Desconforto, dificuldade

(1)

Fadiga (2) Dor (3)

REGISTROS NO SERVIÇO MÉDICO Não há (0) Queixas (1) Atestados (2)

Afastamentos (3)

TOTAL DE PONTOS 09

CONDUTA ADMINISTRATIVA ACOMPANHAR INTERVIR / ADEQUAR ATUAÇÃO IMEDIATA - URGENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: AET da ErgoLtda adaptada pelo autor

Tabela 6 – Critérios e Prioridades da Operação de limpeza do Feeder Breack

Esta atividade apresenta um risco elevado, com potencial de risco ergonômico para os trabalhadores expostos.

Os resultados obtidos mostram que as cinco atividades estudadas merecem uma atenção e em especial as atividades de locação de cabo do Minerador, locação de Duto de Exaustão e da atividade de limpeza Feeder Breack, pois apresentam riscos ergonômicos elevados e com potencial de causar lesão aos trabalhadores que estão expostos.

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5 Considerações finais

Através deste estudo de caso, e usando algumas das diversas ferramentas de análise ergonômica, podem-se alcançar resultados coerentes com o que foram mapeados no Censo Ergonômico e nas Análises Ergonômicas do Trabalho, e com isso poder expressar as conclusões com maior segurança.

Portanto, os resultados encontrados nas atividades de operação do minerador contínuo tipo Marietta e na operação do caminhão rebaixado tipo Shuttler Car, a empresa deverá adotar medidas de controle no intuito de controlar os riscos associados a estes postos de trabalho, bem como adotar meios para a melhoria continua dos mesmos.

No entanto, para as atividades de locação do cabo do minerador, locação de duto do exaustor e limpeza do Feeder Breack, de acordo com o resultado encontrado, a empresa deverá definir medidas de controle imediatas para substituir a força humana por força motriz, eliminando com isso possíveis danos à saúde e à integridade física dos trabalhadores ao executar estas atividades.

Através dos levantamentos das queixas dos trabalhadores e dos resultados obtidos com o Censo Ergonômico e com as Análises Ergonômicas, conclui-se que a empresa deverá formar um Comitê de Ergonomia com representantes das diversas áreas da companhia com o objetivo de criar planos de ação para tratar dos problemas relacionados aos riscos ergonômicos, bem como, definir prioridades de atendimentos às demandas levantadas neste estudo de caso, com o intuito de subsidiar as possíveis queixas dos trabalhadores em relação a seu ambiente laboral e com isso melhorar a qualidade de vida destes colaboradores envolvidos nas atividades analisadas e conseqüentemente reduzir os custos com afastamentos e aumentar a produtividade, ou seja, contribuir para a garantia da sustentabilidade da organização.

Referências

COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Editora ERGO, 1995. Vol I.

COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Editora ERGO, 1996. Vol II.

COUTO, Hudson de Araújo. Como implementar a ergonomia na empresa. Belo Horizonte: Editora ERGO, 2001.

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