149
JÚLIO CÉSAR DA SILVA ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS Dissertação apresentada ao Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Civil – Geotecnia Orientadores: Eurípedes A. Vargas Jr. Luiz Eloy Vaz Departamento de Engenharia Civil PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro, maio de 1999

ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

  • Upload
    voque

  • View
    228

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

JÚLIO CÉSAR DA SILVA

ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS

GRAMPEADAS

Dissertação apresentada ao Departamento de

Engenharia Civil da PUC-Rio, como parte dos

requisitos para obtenção do Título de Mestre em

Engenharia Civil – Geotecnia

Orientadores: Eurípedes A. Vargas Jr.

Luiz Eloy Vaz

Departamento de Engenharia Civil

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro, maio de 1999

Page 2: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

“ A meus pais, meus irmãos,

meus sobrinhos e

a minha noiva Fabrícia”

Page 3: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

“O caminho da sabedoria é não ter medo de errar.”

“Conhecimento sem transformação não é sabedoria.”

(Trechos dos livros Brida e Frases de Paulo Coelho)

“O pensamento é o fundamento

eu ganho o mundo sem sair do lugar”

(trecho da música Pensamento de Cidade Negra)

Page 4: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

AGRADECIMENTOS

Ao professor Eurípedes A. Vargas Jr., orientador deste trabalho, por ter me apoiado

nos momentos mais difíceis da tese e despertado meu interesse pela análise numérica em

Geotecnia.

Ao professor Luiz Eloy Vaz., co-orientador deste trabalho, pelo apoio em parte do

desenvolvimento desta dissertação

Ao professor e “co-orientador” Rodrigo Pelluci Figueiredo pelo grande apoio prestado

no decorrer do desenvolvimento desta dissertação.

A meus pais (Geraldo e Consolada), meus irmãos (Fabinho, Claudinha, Lange e Cris), a

minha querida noiva Fabrícia e a todos meus parentes e amigos de Ouro Preto, em especial a

Evaldo, Juliano e Zé Cristiano, que torceram por esta conquista.

A meus amigos com quem tive um convívio sempre muito alegre, nos locais de moradia

no Rio: “Elcinho”, Marconi, “Bodim”, “Tio Paulinho”, “Lumbriga”, Conrado, Bebeto,

“Gariba”, Fábio, Ricardo, Willy, “Nenem”, “Ban-Ban”, Mário e os “bolinhas” (Cadu e

Thiago).

A “moçada” do volei de praia, em especial a Ricardo “Highlander”, Ricardo “cabra-da-

peste”, Regina, Cleide, Margareth e Luciana, por momentos de descontração passados durante

este período.

Aos demais amigos da turma de Geotecnia 96.2: Fernando, Daniela, Cláudio,

Giorgiana e Cristiana.

A CAPES por financiar a realização desta dissertação.

A todos colegas da Pós-Graduação não mencionados aqui, professores e funcionários

do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio que contribuíram de forma direta ou

indireta para realização deste trabalho.

Aos amigos do PET-CIVIL/EM/UFOP (tutores e integrantes) pelo apoio e amizade, a

todos professores da DECIV/EM/UFOP que contribuíram para meu crescimento profissional e

ético, em especial, Romero César Gomes e Christianne Lyra Nogueira que me apresentaram a

esta instituição e aos professores José Carlos de Araújo e Marcílio S. R. Freitas pelo convívio

profissional e pela amizade.

Em especial, a DEUS.

Page 5: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo a implementação de uma ferramenta numérica que

contabiliza as inclusões horizontais e subhorizontais na parcela de solo devidamente

discretizada por elementos finitos. Este modelo implementa a análise de esforços axiais e

cisalhantes solicitados nas interfaces grampo/nata, nata/solo e no próprio aço (grampo) e,

também, esforços fletores de um material “equivalente” formado pela combinação das

rigidezes do grampo e da nata.

Este objetivo é alcançado através da implementação de mais um “pacote” de

subrotinas, denominado grampo, no programa DYNREL, desenvolvido no Departamento de

Engenharia Civil da PUC-Rio (Figueiredo, 1991). A formulação proposta para contabilizar o

efeito das inclusões considera, além dos deslocamentos nodais horizontal e vertical, a

influência das rotações no sistema de forças envolvido. A parcela reativa do grampo é

calculada iterativamente em função das variáveis primárias obtidas no programa principal para

o meio discretizado sem reforço e, assim, acrescida ao vetor de forças internas contrárias.

Logo o novo vetor de forças desbalanceadas do sistema incorpora o efeito das inclusões

passivas (grampo).

O presente trabalho apresenta detalhes da técnica de estruturas grampeadas, do modelo

numérico de análise implementado, de exemplos de validação do comportamento das

estruturas grampeadas e de exemplos ilustrativos destas estruturas.

Page 6: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

ABSTRACT

The present research has as its main objective the development of a numerical tool

capable of simulating the introduction of long structural inclusions in a soil mass discretized by

finite elements. Models of the behaviour of the nail/grout system and its interaction with the

soil mass were implemented. These models take into account the normal and shear loads

transferred at the nail-grout and grout–soil interfaces besides the axial loads and moments

acting in the nail itself. The models are able to consider both elastic and inelastic behaviour

both at the interfaces and the nail.

The proposed models , consisting on a set of subroutines, were implemented in the

program DYNREL, developped at the Civil Engineering Department of PUC Rio

(Figueiredo,1991). DYNREL is a finite element program which uses dynamic relaxation as the

solution algorithm for the equilibrium equations. In the implementation carried out, it is

considered that the soil mass is discretized without taking into account the nail. The reactions

of the nails are calculated at each time step from the displacements of the elements intercepted

by the nails. These displacements are used in the developped subroutines to generate the force

reactions from the nails which in turn are transferred back to the finite element mesh for the

following time step calculations.

The present work presents detais of the implemented models as well as validation and

illustrative examples. Conclusions are drawn relative to the numerical implementation carried

out and to the results obtained on the analysis of hypothetical nailed retaining structure.

Page 7: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

SUMÁRIO

III

LISTA DE FIGURAS..............................................................................V

LISTA DE TABELAS.............................................................................IX

LISTA DE SIMBOLOS...........................................................................X

1 – INTRODUÇÃO...................................................................................1

2 - SOLO GRAMPEADO EM ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO:..3

2.1 - HISTÓRICO:................................................................................................ 3

2.2 - A TÉCNICA PROPRIAMENTE DITA:...................................................... 5

2.3- OBRAS DE SOLO GRAMPEADO: ............................................................. 6

2.3.1 - No Brasil:................................................................................................. 7

2.3.2 - No Exterior: ........................................................................................... 12

2.4 - TÉCNICAS CONSTRUTIVAS E MATERIAIS EMPREGADOS: ......... 13

2.4.1 - Processo de execução do muro:.............................................................. 13

2.4.2 - Processo de execução dos grampos:....................................................... 14

2.5 - COMPARAÇÃO COM OUTRAS TÉCNICAS: ....................................... 16

2.5.1 - Comparação com a técnica de cortinas ancoradas:................................ 16

2.5.2 - Comparação com a técnica de terra armada: ......................................... 18

2.6 - PROCESSOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE:................................. 19

2.6.1 - Características dos métodos de análise de muros de solo grampeado: ... 19

2.6.2 - Introdução do efeito do grampo no método de análise:........................... 22

2.6.3 - Influência da rigidez no comportamento dos muros reforçados: ............. 23

2.7 - VANTAGENS E DESVANTAGENS:........................................................ 25

2.7.1 - Principais vantagens da técnica de solo grampeado:.............................. 25

2.7.2 - Principal desvantagem da técnica de solo grampeado:........................... 26

3 - ANÁLISE NUMÉRICA DE SOLOS GRAMPEADOS....................27

Page 8: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

IV

3.1 – INTRODUÇÃO:......................................................................................... 27

3.2 – O PROGRAMA DYNREL: ....................................................................... 28

3.3 – CONSIDERAÇÕES SOBRE RELAXAÇÃO DINÂMICA: ..................... 29

3.4 – IMPLEMENTAÇÃO NUMÉRICA DE GRAMPOS: ............................... 36

3.4.1 – Método do elemento barra:.................................................................... 37

3.4.2 – Método do elemento micro-estaca (barra + viga): ................................. 39

3.4.3 – Método do elemento barra + junta: ....................................................... 43

3.4.4 – Método do elemento equivalente:........................................................... 45

3.4.5 – Método proposto de simulação de iteração GRAMPO/nata e o maciço: 46

3.4.6 – Seqüência de cálculo da Subrotina GRAMPO: ...................................... 48

4 - EXEMPLOS DE VALIDAÇÃO E DE APLICAÇÃO...................81

4.1 – EXEMPLOS DE VALIDAÇÃO: ............................................................... 81

4.1.1 – Validação do comportamento axial dos Grampos: ................................. 82

4.1.2 – Validação do comportamento à flexão dos Grampos: ............................ 85

4.2 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO: ............................................................... 90

4.2.1 – Influência da rigidez à flexão no comportamento de estruturas Grampeadas em

relação ao tipo de análise aplicada:.................................................................. 90

4.2.2 – Influência da inclinação dos GRAMPOS no comportamento das paredes:93

4.2.3 – Análise do comportamento de uma estrutura Grampeada hipotérica: .... 95

5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES.....................................................118

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................120

APÊNDICE A..........................................................................................128

Page 9: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

LISTA DE FIGURAS

V

CAPÍTULO II

Figura 2.1 – Comparação do NATM com a técnica convencional de revestimento rígido

(Mitchell e Villet, 1987)..........................................................................................................4

Figura 2.2 – Aplicações do reforço de solos através do grampeamento.................................6

Figura 2.3 – Ilustração da Shell (1992)...................................................................................7

Figura 2.4 – Ilustração Granja Saito (1990)............................................................................8

Figura 2.5 – Ilustração OAS – COPENE (1986).....................................................................8

Figura 2.6 – Ilustração C. N. Odebrecht (1986)......................................................................9

Figura 2.7 – Ilustração CBPO FEPASA (1984).....................................................................10

Figura 2.8 – Ilustração SOTER (1984)...................................................................................10

Figura 2.9 – Ilustração P. M. Tab. da Serra (1983).................................................................11

Figura 2.10 – Ilustração Ferreira Guedes (1983)....................................................................12

Figura 2.11 – Ilustração França (1972)...................................................................................12

Figura 2.12 – Ilustração Estados Unidos (1976).....................................................................13

Figura 2.13 – Fases construtivas..............................................................................................14

Figura 2.14 – Cravação dos grampos pelo processo Hurpinoise.............................................15

Figura 2.15 – Processo Titan (Dywidag) de instalação do reforço..........................................16

Figura 2.16 – Mecanismos de transferência de carga..............................................................17

Figura 2.17 – Deslocamentos horizontais no muro de terra armada e no solo grampeado.....18

Figura 2.18 – Modelos de ruptura do solo grampeado............................................................20

Figura 2.19 – Tipos de análise de estabilidade em função da localização da superfície de

ruptura.......................................................................................................................................22

Figura 2.20 – Otimização de comprimento de grampos..........................................................23

Figura 2.21 – Custo relativo de obras de solo grampeado.......................................................25

CAPÍTULO III

Figura 3.1 – Ciclo de cálculos da Relaxação Dinâmica..........................................................30

Page 10: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

VI

Figura 3.2 – Elemento de barra...............................................................................................38

Figura 3.3 – Graus de liberdade permitidos ao elemento “micro-estaca”...............................39

Figura 3.4 – Elemento de barra...............................................................................................40

Figura 3.5 – Elemento de viga.................................................................................................41

Figura 3.6 – Orientação arbitrária do elemento “micro-estaca” (Cook et al., 1989)...............43

Figura 3.7 – Deslocamentos permitidos ao elemento GRAMPO............................................48

Figura 3.8 – Seção transversal do furo (sistema GRAMPO/nata)...........................................48

Figura 3.9 – Esquema sintetizado da subrotina.......................................................................49

Figura 3.10 – Esquema de fluxo da subrotina GRAMPO.......................................................51

Figura 3.11 – Elemento GRAMPO intercepta 2 arestas do elemento CST.............................55

Figura 3.12 – Rotação da aresta interceptada ij da figura 3.10................................................58

Figura 3.13 – Elemento GRAMPO intercepta um nó..............................................................60

Figura 3.14 – Rotação das arestas concorrentes ao nó b do reforço........................................61

Figura 3.15 – Resistência ao cisalhamento na interface aço/nata............................................66

Figura 3.16 – Influência da tensão in situ na resistência ao cisalhamento nas interfaces (Tan,

Bawden e Pelley, 1993)............................................................................................................67

Figura 3.17 – Influência da tensão in situ na trajetória de força solicitada à ancoragem........67

Figura 3.18 – Modelo multi-segmentado de relação força vs, deslocamento..........................69

Figura 3.19 – Flexão plástica numa seção circular em presença de esforço axial...................74

Figura 3.20 – Efeito da Força axial no Momento plástico.......................................................77

CAPÍTULO IV

Figura 4.1 – Geometria e condições de contorno....................................................................82

Figura 4.2 – Modelo reológico relativo à associação de material rochoso (ou terroso) e

inclusão, ambos apresentando comportamento elástico linear.................................................83

Figura 4.3 – MEF que representa a geometria do problema analisado ..................................84

Figura 4.4 – Deslocamento axial para o trecho linear elástico do aço (inclusões)..................84

Figura 4.5 – viga bi-apoiada com carregamento pontual........................................................85

Figura 4.6 – MEF usada no ensaio 1.......................................................................................86

Figura 4.7 – Deslocamentos verticais obtidos no ensaio 1......................................................87

Page 11: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

VII

Figura 4.8 – Rotações obtidas no ensaio 1..............................................................................87

Figura 4.9 – viga bi-apoiada com carga distribuída................................................................88

Figura 4.10 – MEF usada no ensaio 2.....................................................................................88

Figura 4.11 – Deslocamentos verticais obtidos no ensaio 2....................................................89

Figura 4.12 – Rotações obtidas no ensaio 2.............................................................................89

Figura 4.13 – MEF antes da escavação....................................................................................91

Figura 4.14 – MEF após a escavação......................................................................................91

Figura 4.15 – Deslocamentos horizontais na face do revestimento.........................................92

Figura 4.16 – Deslocamentos horizontais na face do revestimento.........................................92

Figura 4.17 – Deslocamentos verticais na superfície do terreno.............................................93

Figura 4.18 – Deslocamentos horizontais na face do talude com GRAMPO sem rigidez à

flexão.........................................................................................................................................94

Figura 4.19 – Deslocamentos verticais na superfície do terreno com GRAMPO sem rigidez à

flexão.......................................................................................................................................94

Figura 4.20 – MEF antes da escavação..................................................................................96

Figura 4.21 – MEF após a escavação.....................................................................................97

Figura 4.22 – Função de Plastificação da malha sem reforço................................................98

Figura 4.23 – Função de Plastificação da malha com reforço...............................................99

Figura 4.24 – Malha deformada e Função de Plastificação da malha sem reforço...............100

Figura 4.25 – Malha deformada e Função de Plastificação da malha com reforço...............101

Figura 4.26 – Campo de deslocamentos da malha sem reforço.............................................102

Figura 4.27 – Campo de deslocamentos da malha com reforço............................................103

Figura 4.28 – MEF antes da escavação..................................................................................105

Figura 4.29 – MEF após a escavação.....................................................................................105

Figura 4.30 – Função de Plastificação da malha sem reforço................................................106

Figura 4.31 – Função de Plastificação da malha com reforço...............................................107

Figura 4.32 –Isofaixa de tensão horizontal sem reforço........................................................108

Figura 4.33 –Isofaixa de tensão horizontal com reforço........................................................109

Figura 4.34 –Tensão horizontal – seção 1 - sem reforço.......................................................110

Figura 4.35 –Tensão horizontal – seção 1 - com reforço.......................................................110

Figura 4.36 –MEF antes da escavação..................................................................................112

Figura 4.37 –MEF após da escavação...................................................................................112

Page 12: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

VIII

Figura 4.38 –Variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para diversos

valores de coesão (convergência do método).........................................................................113

Figura 4.39 –Variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para a coesão que

leva o maciço reforçado (grampo com e sem rigidez à flexão) ao colapso (convergência do

método)...................................................................................................................................114

Figura 4.40 –Variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para a coesão a

partir de 0.0025 MPa/m que leva o maciço reforçado (grampo com rigidez à flexão) ao

colapso (convergência do método).........................................................................................115

Figura 4.41 –Função de Plastificação do maciço sem reforço (carga = 0.1 MN/m).............116

Figura 4.42 –Função de Plastificação do maciço com reforço 1” (carga = 0.1 MN/m)........117

APÊNDICE A

Figura A.1 – Geometria e condições de contorno..................................................................128

Figura A.2 – Tensões Normais aos Planos cartesianos..........................................................129

Page 13: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

LISTA DE TABELAS

IX

CAPÍTULO II

Tabela 2.1 – Métodos de análise de muros de solo grampeado.............................................19

CAPÍTULO III

Tabela 3.1 – Resumo dos processos adaptativos (Figueiredo, 1991).....................................35

Tabela 3.2 – Cabeçalhos usados no arquivo neutro DYNGRAM.TXT.................................50

Tabela 3.3 – Relação entre o momento plástico e o momento limite elástico (início do

escoamento).............................................................................................................................76

Tabela 3.4 – Resumo das características de modelos usados em análises tridimensionais de

estruturas grampeadas.............................................................................................................78

Tabela 3.5 – Resumo das características de modelos usados em análises bidimensionais de

estruturas grampeadas.............................................................................................................78

CAPÍTULO IV

Tabela 4.1 – características do solo.......................................................................................104

Tabela 4.2 – características do solo.......................................................................................111

Page 14: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

LISTA DE SÍMBOLOS

X

CAPÍTULO II

KS – módulo de reação do solo

CAPÍTULO III

A – área da seção transversal do elemento

a – raio dos fios que compõem o reforço

Aa – área da seção transversal do aço

Ab - área da seção transversal do elemento de barra

ah – afastamento entre reforços (pregagens) na direção horizontal

Ar – área da seção transversal dos reforços (pregagens)

AREA – área de superfície

av – afastamento entre reforços (pregagens) na direção vertical

C – coeficiente de amortecimento

D – diâmetro do furo

d – diâmetro do reforço (GRAMPO)

dti, dtj – deslocamentos transversais à aresta nos pontos i e j, respectivamente

e – espessura da nata de cobertura do reforço

E1N – módulo de elasticidade da nata

E – módulo de elasticidade do aço

Eb – módulo de elasticidade do elemento de barra

Eeq – módulo de elasticidade equivalente do GRAMPO/nata

EG – módulo de elasticidade do GRAMPO

EN – módulo de elasticidade da nata

Er – módulo elasticidade dos reforços

ES – módulo de elasticidade do solo

F – força solicitada nas interfaces e no aço

Page 15: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

XI

{f} – vetor de forças externas

{F} – Vetor de forças internas

{f *} – vetor de forças nodais devido à reação do GRAMPO

F*e – limite elástico sem consideração do confinamento gerado pela tensão “in

situ”

Fa – forças de amortecimento viscosas

Fax – força axial no reforço

FC – fator de confinamento

Fe – limite elástico

Fm – forças de massa

Fmáx – Limite elástico máximo

Fmin – Limite elástico mínimo

{Fn}– vetor de cargas nodais

fr – vetor de forças internas do reforço (GRAMPO)

Fu – limite de ruptura

Fxi, Fxj – forças na direção do eixo OX dos respectivos nós do elemento de

barra i e j

Fyi, Fyj – forças na direção do eixo OY dos respectivos nós do elemento de

barra i e j

h – comprimento dos fios que compõem o reforço

IG – momento de inércia da seção transversal do GRAMPO

IN – momento de inércia da seção transversal da nata

J1 – fator de correlação (relação entre o limite elástico e o comprimento do

GRAMPO envolto em nata)

[k*] – matriz de rigidez do sistema contabilizando a rigidez do elemento

GRAMPO

[k’ viga] – matriz de rigidez da barra

[kbarra], [k’ barra] – matriz de rigidez da barra

kc – rigidez da nata

[kme], [k’ me] – matriz de rigidez do elemento “micro-estaca”

[kr] – matriz de rigidez do reforço (GRAMPO)

Page 16: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

XII

L – comprimento do elemento

L, L0 – comprimento do reforço envolto pela nata

la – comprimento da aresta interceptada

Lb – comprimento do elemento de barra

[M] – matriz de massa

m1N - inverso do coeficiente de Poisson da nata

[MR] – matriz linha que relaciona rotações

[MRUF] – matriz que relaciona os deslocamentos fictícios com deslocamentos

nodais dos elementos que influenciam no trecho analisado

[MRUH] – matriz linha que relaciona deslocamentos horizontais

[MRUV] – matriz linha que relaciona deslocamentos verticais

mS- inverso do coeficiente de Poisson do solo

[Nv], [Nh] – matrizes de interpolação vertical e horizontal

P – Potência de amortecimento

P2rc – tensão radial em torno do furo

P2ris – tensão radial “in situ”

Pr – tensão normal máxima passível de ocorrer na interface GRAMPO/nata

PZ – tensão cisalhante nas interfaces (reforço/nata ou nata/solo)

R, C – constantes das equações de Cardoso (1987)

R1 – raio do reforço

R2 – raio do furo

RCS – resistência à compressão simples da nata

[T] – matriz de transformação de eixos

{u} – vetor de variáveis discretas dependentes

{uei} – vetor de deslocamentos dos elementos que influenciam no trecho

analisado

u'i, u’j – deslocamentos na direção OX’ dos respectivos nós do elemento de

barra i e j

ui, uj – deslocamentos na direção OX dos respectivos nós do elemento de barra

i e j

ur – graus de liberdade do reforço (GRAMPO)

Page 17: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

XIII

UrR2 – deslocamentos radiais na parede externa do anel de nata ou parede

interna do furo

v'i, v’j – deslocamentos na direção OY’ dos respectivos nós do elemento de

barra i e j

vi, vj – deslocamentos na direção OY dos respectivos nós do elemento de barra

i e j

w – fator que define o grau de aderência entre o solo e as pregagens

∆Ec – taxa de variação da energia cinética

∆F – incremento de carga pós-elástica

∆Fσ – incremento de carga devido à variação da tensão “in situ”

∆t – incremento de tempo

α - ângulo de dilatância na interface GRAMPO/nata

α - Parâmetro de amortecimento

β - ângulo de inclinação do elemento de barra

βa - ângulo de inclinação da aresta com o eixo global

βme - ângulo formado entre o eixo x e o elemento “micro-estaca”

δ - deslocamento ocorrido

{ δ} - vetor de deslocamentos nodais

δe , δe* - deslocamento relativo ao limite elástico

δi - deslocamento intermediário

δu , δu* - deslocamento relativo ao limite de ruptura

φ - ângulo de atrito

ϕij - rotação do trecho ij

νs - coeficiente de Poisson do solo

θ’ i, θ’ j – rotações do elemento num plano qualquer x’y’

θi, θj – rotações do elemento num plano qualquer xy

CAPÍTULO IV

DEQ – deslocamento equivalente para associação do maciço com o reforço

Page 18: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

XIV

Fy – carga linearmente distribuída

H – altura ou comprimento do maciço

L – largura do maciço

TOL – tolerância empregada na análise para forças desbalanceadas

APÊNDICE A

AREA - Área da superfície onde Fy está aplicada;

E - Módulo de Elasticidade do aço;

E2 - Módulo de Elasticidade do maciço;

Fy - Carga aplicada uniformemente distribuída;

H - Comprimento do maciço na direção y.

L - Largura do topo e da base da maciço;

εy - Deformação específica;

ν2 - Coeficiente de Poisson do maciço;

σx, σy e σz - Tensões Normais aos respectivos planos cartesianos YOZ, XOZ e

XOY, veja figura A.1 abaixo;

Page 19: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Com o crescente aumento em todo o mundo do emprego da técnica do reforço de solos

para estabilização de taludes seja ele natural ou não, o que se objetiva neste trabalho é o

estudo da técnica de grampeamento (solo grampeado), introduzida na França em 1972, que é

bastante prática e de comprovada eficiência para estabilização de taludes de escavação através

do reforço do solo “in situ”.

A formulação proposta para contabilizar o efeito das inclusões horizontais e

subhorizontais (grampos) considera, além dos deslocamentos nodais horizontal e vertical, a

influência das rotações no sistema de forças envolvidas, bem como a mobilização simultânea

da resistência à flexão e à tração no grampo devido à ação de momentos e forças axiais. A

parcela reativa destas calculada iterativamente em função das variáveis primárias obtidas no

programa principal, que utiliza a técnica da Relaxação Dinâmica como algoritmo para

resolução do problema de equilíbrio resultante, sem nenhum tipo de esforço atuando e

acrescida ao vetor de forças desbalanceadas do sistema contabiliza o efeito da(s) inclusão(ões)

do(s) grampo(s) na parcela do solo devidamente discretizada por elementos finitos.

Em sintonia com este propósito analisou-se elástica e elastoplasticamente, através do

programa DYNREL escrito em linguagem FORTRAN, estruturas de solo grampeado.

No capítulo 2, deste trabalho, é realizada uma revisão bibliográfica com o intuito de

apresentar como foi o surgimento da técnica de solo grampeado, as características das

estruturas grampeadas, fazendo comparações com outras técnicas de contenção, mostrando

alguns exemplos de obras realizadas no Brasil e no Exterior, bem como, a obra que foi

“marco inicial” das estruturas grampeadas.

Logo após, no capítulo 3, são feitos alguns comentários sobre a técnica da Relaxação

Dinâmica, sobre o programa DYNREL, é realizada, também, uma descrição sobre as

metodologias empregadas, em vários trabalhos, para análise de estruturas grampeadas, bem

como a metodologia empregada na implementação proposta e formulação usada neste

trabalho.

O capítulo 4 é utilizado para apresentar os exemplos de validações afim de se

comprovar a eficácia do procedimento numérico e, além disso, alguns exemplos de aplicação

são descritos para que se possa estudar o comportamento de estruturas grampeadas.

Page 20: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

p ç2

Conclusões e sugestões para futuros trabalhos são apresentados no capítulo 5.

No capítulo 6 é feita a apresentação das Referências Bibliográficas.

Finalmente, no Apêndice A apresenta-se soluções analíticas de problemas

apresentados no capítulo 3.

Page 21: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

CAPÍTULO II

SOLO GRAMPEADO EM ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO:

2.1 - Histórico:

A necessidade de estabilização rápida de escavações, teve sua origem nas minas de

exploração de minérios, sendo portanto um problema antigo e basicamente restrito à

Engenharia de Minas. A partir da década de 50, houve um crescimento muito grande da

aplicação de ancoragens curtas, tipo Perfo, SN Anker, Berg - Jet, para utilização de túneis e

emboques de túneis, na França, Alemanha e Áustria.

O professor Landislau Von Rabcewicz, desenvolveu a partir de 1945, o NATM “New

Austrian Tunneling Method”, para avanço de escavações em túneis rochosos, cuja patente foi

depositada em 1948. Sob efeito do peso de terras e tensões confinantes, uma cavidade tende a

se deformar, reduzindo seu diâmetro. Na circunvizinhança da cavidade se forma a chamada

zona plástica, com tensões radiais decrescentes. Obtém-se a estabilização dos mesmos com a

aplicação logo após da escavação, de um revestimento flexível de concreto projetado, tela

metálica e chumbadores curtos radiais na zona plástica, com controle de deformações da

cavidade. Este revestimento estará portanto sujeito a uma carga reduzida, face as

deformações já havidas. O método evoluiu, para a aplicação num túnel em xisto grafítico

argiloso, o túnel Massemberg em 1964. Seguiu-se com aplicações em solos pouco

competentes, como aqueles encontrados nas Minas Austríacas, substituindo pesados

escoramentos de madeira por finas camadas de concreto projetado. O solo grampeado tem

sua origem muito parecida com a do NATM descrita acima e mostrada na Figura 2.1.

Em 1960 Henry Vidal patenteou o sistema de contenção de Terra Armada. Este

consiste na construção de aterros em que durante sua execução, são colocadas nervuras, entre

as camadas de solo aplicadas. O atrito lateral destes elementos implantados no seio do solo

compactado, permite a formação de arrimos verticais de grande altura.

Em 1970 Lizzi, Itália, apresentou seu processo de estabilização de encostas em solo,

com chumbadores integrais longos não protendidos, executados em várias inclinações e

fixados à viga de concreto armado. A que ele chamou de “Urdidura Tridimenzionale Pali

Radice”.

Page 22: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

4

ConcretoArmado

Chumbadores

Zona Ativa

ConcretoProjetado

FLEXÍVEL NATMRÍGIDO

Figura 2.1 - Comparação do NATM com a técnica convencional de revestimento rígido

(Mitchell e Villet, 1987)

Na França, em 1972, a empresa Bouygues, com a experiência adquirida no NATM, e

em consórcio com a Soletanche aplicaram o sistema “Soil Nailing” para um talude ferroviário

próximo a Versailles. Eram taludes em arenitos com inclinação de 70° e área total de

12.000m2. Do sucesso desta obra decorreu a intensificação do uso do método para escavações

e taludes neste país. Até 1986 cerca de mais de 12.000m2 foram estabilizados e diversos

programas de pesquisas estão em desenvolvimento, dentre eles, o programa nacional de

estudos chamado “Programme Clouterre”.

O desenvolvimento desta tecnologia na Alemanha Ocidental teve seu início em 1975 e

já foram executadas mais de duas dezenas de obras desta natureza.

Nos Estados Unidos temos notícia da aplicação do sistema em 1976. Entretanto,

anteriormente a 1976 no Canadá, Shen cita cerca de 10.000m2 de contenções com altura até

18,0m. Ensaios em modelos na escala real foram instrumentados pelo Prof. Shen que

conduziu um programa de pesquisas na Universidade da Califórnia em 1981.

No Brasil, que tem um solo muito apropriado para aplicação do método, já foram

executadas muitas obras deste porte. Em 1966 ocorreu a aplicação de concreto projetado e

tela soldada para estabilização de taludes na barragem de Xavantes pela Empresa “Rodio

Perfurações e Consolidações’. Em 1970, a SABESP utilizou nos emboques do túnel-05 do

Page 23: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

5

sistema Cantaneira de abastecimento de água para São Paulo, tratamento com chumbadores

curtos, concreto projetado e tela metálica. A partir de 1972, nos túneis e taludes da Rodovia

dos Imigrantes foram aplicadas contenções por chumbadores, perfurados e injetados com

calda ou somente cravados a percussão e reticulados de micro-estacas.

Até o final da década de 1970, engenheiros das grandes potências mundiais,

realizaram seus trabalhos isoladamente sem trocas de informação, mas a partir de 1979 houve

uma Conferência em Paris sobre o assunto, que permitiu em função da exposição das obras já

executadas e estudos, um grande desenvolvimento de novos projetos.

Hoje a grande maioria das empresas que executa serviços geotécnicos na Europa,

oferece em seu catálogo de serviços e propagandas, a execução de contenção tipo ‘Soil

Nailing” (Zirlis e Pitta, 1992).

2.2 - A Técnica propriamente dita:

Devido a grande utilização em obras de estabilização (contenção) das cortinas

ancoradas desde 1957, os engenheiros brasileiros têm dado pouca atenção a uma técnica

alternativa, introduzida na França em 1972, em que os elementos de reforço são muito

semelhantes às ancoragens, porém sem pré-tensão ou trecho livre ditos grampos, pregos ou

chumbadores.

O solo grampeado é uma técnica bastante prática e comprovadamente eficiente para a

estabilização de taludes de escavação através de reforço do solo in situ. Os grampos são

inclusões passivas semi-rígidas.

O grampeamento do solo consta de um reforço obtido através da inclusão de

elementos resistentes à flexão composta, denominados “grampos”, que podem ser barras de

aço, barras sintéticas de seção cilíndrica ou retangular, micro-estacas, ou em casos especiais,

estacas. Os grampos são instalados horizontalmente ou suborizontalmente, de forma a

introduzir esforços resistentes de tração e cisalhamento (Ortigão et al., 1993).

Entre as técnicas de reforço para estabilização de talude e escavações “in situ”, temos

a aplicação de chumbamento de solo, a execução do reticulado de estacas raiz, as estacas de

grande diâmetro e as cortinas atirantadas.

Page 24: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

6

Para taludes ou escavações íngremes em subsolos arenosos, a aplicação de “Soil

Nailing” será, muito provavelmente, mais econômica que o reticulado de estacas raiz,

considerando-se a necessidade de um número elevado destes últimos em relação aos

chumbadores. Quando se objetiva a estabilização de taludes abatidos, o chumbamento

sistemático, ou o conjunto de estacas raiz, será a solução. No caso de taludes com

possibilidade de acesso de equipamentos pesados e plano de escorregamento bem definido a

solução por estacas de grande diâmetro provavelmente será mais viável (Zirlis e Pitta, 1992).

As estruturas de solo grampeado podem ser utilizadas tanto (a) na estabilização de

taludes naturais quanto (b) em escavações, como ilustrado na Figura 2.2.

(a) (b)

Figura 2.2 - Aplicações do reforço de solos através do grampeamento

2.3- Obras de Solo Grampeado:

A seguir serão listadas algumas obras de solo grampeado, conforme mostrado por

Zirlis e Pitta (1992), que foram executadas no Brasil e no Exterior, dentre elas, está a obra de

um talude de 70 de inclinação e 22m de altura, em areia fortemente cimentada, na França, em

Versailles, executada durante a construção de uma via férrea.

Page 25: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

7

2.3.1 - No Brasil:

(a) SHELL-CONDUTO-ESTRADA DOS PILÕES CUBATÃO/SP(1992)

A estrada dos Pilões liga a rodovia Pedro Taques a Vila dos Pilões, região de

depósitos industriais de Cubatão. Está implantada num corte, onde a montante há um talude

com inclinações entre 45 e 70 graus, e a jusante o Rio Grade (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Ilustração Shell (1992)

(b) GRANJA SAITO-RUA BRENTANO-SÃO PAULO/SP (1990)

Este caso envolve a implantação de um edifício, em que para estabilização das

escavações verticais de seu subsolo foi aplicado este método. O lote com 20,0m de frente por

50,0m de profundidade, tem junto as divisas laterais residenciais térreas, na frente a rua

Brentano e aos fundos lote vago. Exceto a parede de fundo onde ocorrera uma instabilização

e foi executada cortina atirantada, nas outras faces foi utilizado o sistema "Soil Nailing"

(Figura 2.4).

Page 26: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

8

Figura 2.4 - Ilustração Granja Saito (1990)

(c) OAS-COPENE-POLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI/BA (1989)

Para que fosse possível a execução de outro prédio para a Torre de resfriamento na

COPENE, foi necessário a execução de corte vertical em solo, junto à rua interna "E-2400".

O talude existente de aterro arenoso se encontrava estável com cerca de 40 graus. Seu corte

foi vertical e imediatamente junto ao final da rua (Figura 2.5).

Figura 2.5 - Ilustração OAS - COPENE (1986)

Page 27: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

9

(d) CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT-SIMÕES FILHO/BA (1986)

Durante a implantação da tubulação de água tratada, do sistema adutor de pedra do

cavalo para Salvador, ocorreram dois acidentes próximos à estaca 457 em talude rodoviário,

pertencente ao Município de Simões Filho. O projeto previa a instalação do tubo metálico

cerca de 3,0m abaixo do pé do corte. Neste ponto o talude margeava a adutora e ambos

estavam paralelos à BR324, localizados após o primeiro posto de policiamento rodoviário, em

sua margem direita, indo de Salvador para Feira de Santana (Figura 2.6).

Figura 2.6 - Ilustração C. N. Odebrecht (1986)

(e) CBPO-FEPASA-MAIRINQUE/SP (1984)

Visando prover a segurança de sua linha férrea, a FEPASA decidiu por aplicar um

reforço de "Soil Nailing", junto ao talude da encosta próximo aos pilares P1 e P2 da ponte

sobre o córrego Santa Rita, na variante ferroviária Helvetia - Guaianã no Município de

Mairinque (Figura 2.7). O subsolo era caracterizado por um filito extremamente alterado, em

que junto à superfície ocorriam freqüentes desplacamentos, que iriam certamente

desestabilizar o maciço como um todo.

Page 28: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

10

Figura 2.7 - Ilustração CBPO - FEPASA (1984)

(f) SOTER/SOUMAYER/PLACON/TAMOIO-PRAIA DE ICARAÍ-NITERÓI/RJ (1984)

Com o objetivo da utilização da área residencial muito valorizada, para implantação de

cinco edifícios de alto luxo, junto à praia de Icaraí em Niterói, foi executado um corte de

35,0m de altura com remoção de cerca de 30.000m3 de solo. O material encontrado foi

caracterizado como um solo de alteração de gnaisse extremamente alterado com feições

pegmatíticas, apresentando veios caoticamente dispersos de soluções pneumatolíticas.

Devido a esta condição de intemperismo, era prevista a ocorrência, de instabilidade durante o

corte em regiões aleatoriamente localizadas, em presença ou não de água (Figura 2.8).

Figura 2.8 - Ilustração SOTER (1984)

Page 29: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

11

(g) PREFEITURA MUNICIPAL DE TABOÃO DA SERRA MORRO DO CRISTO-

TABOÃO DA SERRA/SP (1983)

Trata-se de talude com 25,0m de altura de inclinação média de 55 graus, com várias

residências implantadas em seu paramento. Está limitado por duas ruas, uma junto à crista e

outra junto ao pé. Na metade do talude existe um belvedere e no topo uma estátua de Cristo,

que é um marco importante de Taboão da Serra, grande cidade industrial conurbada com São

Paulo. Durante um período chuvoso ocorreram diversos escorregamentos superficiais com

destruição parcial e em alguns casos total de algumas residências. O talude é composto por

solo de alteração de rocha gnaissica, com várias fases bastante arenosas (Figura 2.9).

Figura 2.9 - Ilustração P. M. Tab. da Serra (1983)

(h) FERREIRA GUEDES-FEPASA-PONTE JOÃO DIAS/SÃO PAULO/SP (1983)

Dentro do plano de "Modernização de Subúrbios", implantado pela FEPASA -

Ferrovias Paulistas S. A., foram projetadas duplicações para várias linhas férreas. No trecho

da zona sul de São Paulo, entre as estações Terminal Santo Amaro e Estação Pinheiros

margeando o rio Pinheiros, havia um aterro de encontro da ponte João Dias que obstruia a

duplicação. Este material muito pouco competente, composto por argila silto-arenosa mole,

foi removido, estabilizando-se o talude remanescente de 75 graus e 6,5m de altura com

aplicação de chumbadores e concreto projetado (Figura 2.10).

Page 30: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

12

Figura 2.10 - Ilustração Ferreira Guedes (1983)

2.3.2 - No Exterior:

(a) FRANÇA (1972)

Objetivando ampliações junto ao pátio da estação de Versailles-Chantiers, pertencente

ao ramal ferroviário Paris-Brest, decidiu-se pela implantação de duas linhas auxiliares. Para

tal foi necessária a execução de cortes com alturas de até 21,6m inclinados de 70 graus numa

extensão de 965m, removendo cerca de 80.000m3 de solo (Figura 2.11). O solo era

constituído pelo arenito Fontainbleau, caracterizado por 80% de partículas entre 0,1 e 0,4mm,

ângulo de atrito interno entre 33 e 40 graus e uma coesão de 2tf/m2.

Figura 2.11 - Ilustração França (1972)

Page 31: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

13

(b) ESTADOS UNIDOS (1976)

Para ampliação das instalações do hospital "Good Samaritan" em Portland, Oregon,

foi necessária a execução de escavações de até 13,7m de profundidade, gerando 2.140m de

talude vertical para ser contido (Figura 2.12). A cerca de 1,5m desta escavação, havia um

edifício de alvenaria estrutural de 4 andares, ao longo de uma das faces da escavação. O

subsolo era caracterizado por sedimentos lacustres mediamente compactos a compactos de

areia fina e silte, com ângulo de atrito de 36 graus e coesão de 2tf/m2.

Figura 2.12 - Ilustração Estados Unidos (1976)

2.4 - Técnicas Construtivas e Materiais Empregados:

2.4.1 - Processo de execução do muro:

Muros de solo grampeado têm sido empregados tanto em taludes naturais ou

previamente escavados, em que as condições de estabilidade não são satisfatórias, quanto em

escavações. Neste caso, o grampeamento é realizado na massa de solo à medida em que a

Page 32: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

14

escavação é executada em etapas (Figura 2.13) em geral de 1 a 2m de profundidade, obtendo-

se uma zona de solo reforçado que funcionará como suporte do material atrás sem reforço.

Figura 2.13 - Fases construtivas

A altura máxima a escavar em cada etapa depende do tipo de terreno e da inclinação

da face de escavação, que deverá ser estável durante a fase crítica que ocorre entre a

escavação, instalação do reforço e aplicação de um revestimento delgado de concreto

projetado.

O material a ser escavado deve apresentar uma resistência aparente não drenada ao

cisalhamento mínima de 10kPa, do contrário não se poderá executar esta escavação. Uma

resistência como esta, entretanto, é possível obter na maioria dos solos argilosos e arenosos,

mesmo em areias puras úmidas, devido ao efeito da capilaridade. Somente em areias secas e

sem qualquer cimentação entre grãos, ou em solos argilosos muito moles este processo

dificilmente terá sucesso.

2.4.2 - Processo de instalação dos grampos:

Os grampos são instalados logo após a escavação por percussão, ou por perfuração e

injeção sem pressão. A técnica por percussão, semelhante ao processo de enfilagem usada

por construtores de túneis NATM em solo para introduzir um reforço adicional ao terreno,

Page 33: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

15

consta da cravação de barras ou perfis metálicos esbeltos com o auxílio de martelete

pneumático, o que leva a um processo de execução muito rápido, mas a resistência ao

cisalhamento do contato solo-grampo e é, em geral, pequena, sendo típico valores da ordem

de 30 a 40kPa em solos arenosos. Este processo não pode ser empregado quando há

ocorrência de pedregulhos e é inconveniente no caso de argilas, como as porosas de São Paulo

e Brasília, pois o atrito resultante é muito baixo. Há também limitações no comprimento

máximo, da ordem de 6 m, em que se pode cravar com eficiência um grampo.

Uma técnica alternativa foi desenvolvida na França (Louis, 1981), consistindo na

cravação por percussão de um tubo de aço à medida que se injeta nata de cimento através da

ponta sob pressão elevada (Figura 2.14). Os muros assim executados são denominados na

França de Hurpinoise, em reconhecimento ao técnico Hurpin que desenvolveu o método. A

pressão de injeção é superior a 20kPa, destruindo o solo à frente da ponta facilitando a

cravação do grampo (Ortigão e Palmeira, 1992). Este processo comumente é utilizado em

obras provisórias em virtude da livre exposição dos reforços à corrosão (Ehrlich e Silva,

1992).

Um processo semelhante foi desenvolvido pela firma Dywidag Gmbh (Figura 2.15),

tendo denominação comercial de ancoragem Titan. Trata-se de um tubo de aço ranhurado

dispondo de coroa que é introduzido por rotopercussão. Água ou ar empregados como fluido

de perfuração. Ao final injeta-se calda de cimento. Esta técnica, ainda, não está disponível

no Brasil (Ortigão e Palmeira, 1992).

Figura 2.14 - Cravação dos grampos pelo processo Hurpinoise

Page 34: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

16

Figura 2.15 - Processo Titan (Dywidag) de instalação do reforço

A técnica mais comum é semelhante à execução de ancoragens de barra: perfura-se o

terreno com diâmetro entre 50 e 100mm, introduz-se uma ou duas barras de aço com diâmetro

entre 13 e 25mm, seguido de injeção de nata de cimento com pressões baixas, inferiores a

100kPa. Com este processo, o atrito lateral unitário obtido em solos compactos ou rijos é

razoavelmente elevado, superior a 100kPa.

2.5 - Comparação com outras Técnicas:

2.5.1 - Comparação com a técnica de cortinas ancoradas:

Apesar de existir grande similaridade entre os grampos e as ancoragens ou os tirantes

convencionais, quando utilizados para estabilização de taludes ou escavações, há distinções

muito importantes (Figura 2.16(a) - cortina atirantada e Figura 2.16(b) - solo grampeado) que

serão citadas a seguir:

Page 35: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

17

CORTINA ANCORADA SOLO GRAMPEADO

ConcretoProjetado Ancoragens Revest imento

ZonaPassiva

ZonaAt iva

Tmax

(a) (b)

Figura 2.16 - Mecanismos de Transferência de carga

• as ancoragens são fortemente pré-tensionadas com cargas de 300 a 500kPa, para

prevenir deslocamentos da cortina e os grampos sofrem apenas uma pequena pré-

tensão, da ordem de 5 a 10kPa, com a finalidade exclusiva de garantir a ligação

com o concreto projetado;

• as ancoragens possuem um trecho livre e os grampos não possuem este trecho livre,

transferindo tensões para o solo ao longo de todo o seu comprimento. Em

conseqüência, a distribuição de tensões na massa de solo é diferente. Por outro

lado, como os grampos são instalados com uma maior densidade (tipicamente de

0,5 a 5m2 de parede), a conseqüência de ruptura em um grampo é, em geral,

pequena e as tolerâncias construtivas não exigem o rigor que se pratica nas cortinas

convencionais, devido ao modo interativo do comportamento dos grampos;

• as cortinas convencionais têm a parede de concreto dimensionada ao

puncionamento das cargas elevadas dos tirantes. Já os grampos, como suportam

pequenas cargas, não exigem maiores cuidados, a não ser uma pequena placa de

aço para transferir a carga ao revestimento de concreto projetado;

Page 36: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

18

• a grande maioria das cortinas tradicionais tem parede vertical moldada in loco, pois

a concretagem inclinada apresenta problemas executivos que assim são evitados.

Ao contrário, os muros de solo grampeado podem facilmente ter paredes

inclinadas, com vantagens para a estabilidade da obra e redução de escavações;

• as ancoragens convencionais tendem a ser longas (15 a 45m), necessitando de um

equipamento de maior porte, ao contrário dos grampos que são curtos, de

comprimento máximo da ordem da profundidade da escavação;

• o comprimento dos tirantes é inversamente proporcional a sua distância à crista do

talude, já o dos grampos aumentam com a distância à crista do talude, um conceito

oposto ao que foi empregado para os grampos em várias obras do início dos anos

80.

2.5.2 - Comparação com a técnica de terra armada:

(a) (b)

Figura 2.17 - Deslocamentos horizontais no muro de terra armada e no de solo

grampeado

Page 37: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

19

A técnica de solo grampeado é bastante semelhante à terra armada tanto em

conceituação quanto no método de análise. A principal diferença reside na técnica

construtiva.

A terra armada é executada de baixo para cima e os deslocamentos horizontais do

muro ocorrem, principalmente, na parte de baixo (Figura 2.17(b)), já o solo grampeado é

executado de cima para baixo e os maiores deslocamentos ocorrem na parte de cima do muro

(Figura 2.17(a)).

2.6 - Processos de Análise de Estabilidade:

2.6.1 - Características dos métodos de análise de muros de solo grampeado:

Os principais métodos de análise de obras de solo grampeado (Tabela 2.1) subdividem

o terreno atrás do muro (Figura 2.18) em uma cunha ativa, limitada por uma superfície

potencial de deslizamento, sendo o restante considerado zona passiva, onde os grampos são

fixados. A análise de estabilidade global é feita considerando os esforços estabilizantes dos

grampos atuando nesta cunha ativa. Os métodos diferem, entretanto, quanto à forma da

superfície de ruptura, quanto ao método de cálculo do equilíbrio das forças atuantes e quanto

à natureza destas forças.

Tabela 2.1 - Métodos de análise de muros de solo grampeado

características Método de Análise

Alemão Davis Multicritério Cinemático Escoamento

Referência Stockler et al, 1979 Shen et al, 1981 Schlosser, 1983 Juran et al, 1988 Anthoine, 1990

Análise Equilíbrio limite Equilíbrio limite Equilíbrio limite Tensões Teoria do Escoamento

2 cunhas 2 blocos fatias - bloco rígido

Fator de segurança Global Global Global e Localizado Localizado Global

Superfície de ruptura Bi-linear Parabólica Circular ou poligonal Espiral logarítmica Espiral logarítmica

Grampos resistem a

Tração somente x x x x x

Flexão composta x x

Geometria da parede vertical ou inclinada vertical qualquer vertical ou inclinada vertical ou inclinada

Camadas de solo 1 1 número qualquer 1 1

Page 38: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

20

Dias (1992) diz que se deve, obrigatoriamente, ser verificada a estabilidade interna,

isto é, superfície de ruptura passando pela região coberta por grampos, e, também, a

estabilidade global, com superfícies de ruptura envolvendo toda a obra.

Figura 2.18 - Modelos de ruptura de solo grampeado

Os métodos de análise estão mostrados na Tabela 2.1, sendo que os mais conhecidos e

utilizados mundialmente serão, sucintamente, descritos a seguir. Maiores detalhes, sobre

estes métodos, podem ser encontrados em Dyminski (1994).

2.6.1.1 - Método Alemão:

O modelo adotado baseia-se na idéia de que o conjunto solo+reforço forma uma

estrutura como se fosse um muro de gravidade, utilizando o método do equilíbrio limite.

Neste método, monta-se um polígono de forças atuantes no modelo.

Page 39: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

21

2.6.1.2 - Método Davis:

O modelo utilizado baseia-se em estruturas convencionais de escoramento, onde os

grampos são considerados elementos apenas de contenção e não de melhoramento de solo,

sendo parecido com o atirantamento.

Considera-se que a superfície de ruptura é parabólica, passando pelo pé do talude,

baseado em análises por elementos finitos. Esta curva parabólica é simplificada por dois

segmentos de reta (Figura 2.18).

O método das fatias (equilíbrio limite) é utilizado para se avaliar a contribuição dos

reforços na estabilidade global, somente considerando-se as forças de tração desenvolvidas no

reforço (componentes paralelas e perpendiculares à superfície de ruptura).

2.6.1.3 - Método Francês:

Schlosser (1983) utilizou-se de um modelo de ruptura muito parecido com o método

Davis, porém desenvolveu uma análise baseada em quatro critérios (análise multi-critério).

(i) Resistência ao cisalhamento do solo

(ii) Atrito solo x reforço

(iii) Interação normal entre solo e reforço

As forças cortantes e os momentos fletores mobilizados no reforço são calculados

considerando-se a equação da viga sobre base elástica, necessitando-se, portanto, de sK

(módulo de reação do subsolo). Também para este cálculo, devem ser considerados os

deslocamentos relativos entre solo e reforço, o que é de difícil previsão. Adota-se então que

os planos inicialmente perpendiculares à superfície de ruptura permanecerão perpendiculares

em qualquer estágio do escorregamento.

Page 40: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

22

(iv) Resistência do reforço

2.6.2 - Introdução do efeito do grampo no método de análise:

O efeito estabilizante do grampo pode ser traduzido como forças aplicadas à cunha de

ruptura. Estas forças podem ser incorporadas no método de estabilidade, pois produzem

momentos e forças estabilizantes.

O emprego do método de equilíbrio limite de fatias, a partir de um programa

computacional existente, apresenta vantagens. Análises tanto de estabilidade interna, externa

ou mistas, podem ser realizadas (Figura 2.19). Entretanto, tanto o método de análise, quanto a

maneira como o efeito do reforço é incorporado afetam o valor do fator de segurança obtido.

Nos métodos de fatias de Bishop e Felenius, que definem o fator de segurança como

uma relação entre somatórios de momentos resistentes e instabilizantes, o efeito do reforço

pode ser considerado de duas formas: primeiro, provocando um momento resistente adicional;

segundo, decompondo as forças aplicadas pelo grampo incorporando-as às demais forças

atuantes na fatia. Essas abordagens levam a fatores de segurança diferentes.

Figura 2.19 - Tipos de análise de estabilidade em função da localização da superfície de

ruptura

Os métodos que definem fatores de segurança somente através da relação de

momentos apresentarão superfícies críticas, não necessariamente realistas, que minimizem os

momentos gerados pelo reforço. O resultado obtido será certamente diferente dos métodos

Page 41: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

23

que definem o fator de segurança por relações de forças, ou através do fechamento do

polígono de forças.

Os métodos de equilíbrio limite têm sido aplicados com sucesso na análise de

estruturas de arrimo tanto no campo como em vários modelos de laboratório. Entretanto,

parecem ainda necessários estudos adicionais para quantificar a influência dos aspectos

discutidos acima da na magnitude do fator de segurança.

(a) (b) (c)

Figura 2.20 - Otimização de comprimento de grampos: (a) projeto não otimizado,

baseado na experiência com cortinas ancoradas; (b) solução típica de solo grampeado

em taludes de altura entre 6 e 8m; (c) otimização do comprimento de grampos para

taludes com altura superior a 8m.

2.6.3 - Influência da rigidez no comportamento dos muros reforçados:

A rigidez dos esforços é um dos parâmetros mecânicos determinantes no

comportamento de solos reforçados. Essa rigidez controla os deslocamentos relativos entre o

solo e os reforços, responsáveis pela transferência de esforços entre ambos e , naturalmente,

pelo maior ou menor estado de deformação do maciço.

A seguir faz-se um estudo analítico do comportamento dos muros.

(a.1) Reforços extensíveis e inextensíveis:

Nos sistemas de reforço com armaduras passivas, como é o caso dos muros reforçados

(por exemplo, solo grampeado), a transferência de esforços do solo para as inclusões depende

Page 42: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

24

das deformações experimentadas pelo material compósito e da deformabilidade relativa dos

materiais constituintes.

Os sistemas de reforços são constituídos por armaduras relativamente extensíveis (por

exemplo, geossintéticos) ou por armaduras relativamente inextensíveis (por exemplo, terra

armada ou solo grampeado).

As diferenças fundamentais entre estes dois sistemas são:

• a rigidez dos dois tipos de reforço é completamente diferente, sendo a do aço cerca

de 100 a 1000 vezes superior à dos geossintéticos;

• o volume de aço numa estrutura reforçada é muito menor do que o volume de

geossintéticos numa estrutura comparável (0,02 a 0,05% para o aço e 0,2 a 0,5%

para os geossintéticos).

(a.2) Tensões e deformações num maciço reforçado:

Adotando-se a hipótese de que a deformação de tração nos reforços é igual à

deformação horizontal no solo implica, por um lado, que a presença dos reforços não afeta as

deformações no solo e, por outro, que não há deslizamento entre o solo e os reforços. Embora

a primeira implicação não possa ser considerada válida para reforços metálicos, pois estes

afetam localmente as deformações do solo, para geossintéticos, mais concretamente para

geogrelhas, ambas implicações podem ser consideradas aproximadamente verdadeiras.

segundo Lopes e Cardoso (1991) as pressões laterais são:

• no caso de reforços metálicos, próximas dos valores de repouso no topo dos muros,

diminuindo com a profundidade; os resultados experimentais confirmam este

comportamento (LCPC-SETRA, 1979);

• para geossintéticos, praticamente coincidentes com as correspondentes ao estado de

equilíbrio limite ativo.

As hipóteses acima podem ser consideradas no caso de não ter ocorrido compactação.

Bonaparte e Schmertmann (1987) concluíram através de estudos realizados por eles

que para os reforços metálicos as deformações de equilíbrio são da ordem de 0,01 a 0,1%

enquanto para os geossintéticos variam entre 1 e 2,5%.

Page 43: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

25

2.7 - Vantagens e Desvantagens:

2.7.1 - Principais vantagens da técnica de solo grampeado:

A disseminação da técnica de solo grampeado na Europa e na América do Norte está

sendo contribuída por diversos fatores, que serão apresentados a seguir:

• economia: uma avaliação limitada de algumas obras em Vancouver, Canadá, e na

França, levou aos custos relativos apresentados na Figura 2.21;

• velocidade de execução do reforço: o grampeamento do solo pode ser executado

rapidamente se utilizados equipamentos adequados, como as perfuratrizes

rotopercussoras. O comprimento reduzido dos grampos permite perfuração com

somente uma, ou no máximo duas, manobras da lança da rotopercussora;

Cortina Ancorada

Solo grampeado provisório

Solo grampeado permanente

0

20

40

60

80

100

Figura 2.21 - Custo relativo de obras de solo grampeado

• velocidade de execução do paramento: o uso de concreto projetado permite obras

mais rápidas e menor utilização de mão-de-obra, já que este revestimento é para

controlar erosão e reduzir mudanças de umidade do solo;

Page 44: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

26

• inclinação da parede: os muros de solo grampeado podem facilmente ser

inclinados no sentido do terreno, ao contrário das cortinas tradicionais com parede

moldada in loco que são construídas verticalmente para evitar dificuldades na

concretagem. Com isso, é possível melhorar a estabilidade do muro e também

reduzir o movimento de terra na obra. Além disso, a inclinação da parede reduz a

perda por reflexão do concreto jateado;

• comportamento: medições de campo em escavações com solo grampeado

realizadas na Europa (Clouterre, 1991) indicaram que os deslocamentos necessários

para mobilização do reforço são surpreendentemente menores que o esperado, em

taludes verticais os valores máximos observados são da ordem de 0,3% da altura;

além disso, desde que o grampeamento seja aplicado no menor tempo possível após

a escavação, os deslocamentos do solo são minimizados, prevenindo-se danos a

estruturas adjacentes;

• aumento da rigidez da estrutura: o aumento da rigidez da estrutura de solo

grampeado é possível através da adoção de soluções mistas em que grampos são

combinados com ancoragens convencionais, permitindo reduzir os movimentos do

terreno. Em escavações próximas a estruturas sensíveis aos deslocamentos do

terreno, esta alternativa permite projetar um muro de solo grampeado enrijecido em

locais específicos;

• desempenho em regiões sísmicas: o solo grampeado é um excelente método de

contenção em regiões sísmicas. Tal desempenho e estabilidade das estruturas de

solo grampeado durante terremotos tem sido confirmadas e explicadas por diversos

pesquisadores com base em resultados de ensaios centrífugos (Vucetic et al.,1993).

2.7.2 - Principal desvantagem da técnica de solo grampeado:

A principal desvantagem da técnica de solo grampeado são os maiores deslocamentos

provocados pela flexibilidade da estrutura, discutida acima. A execução de um muro deste

tipo próximo a uma estrutura muito sensível a movimentos do terreno requer cuidados

especiais, como adoção de ancoragens convencionais para diminuir a sua flexibilidade.

Page 45: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

CAPÍTULO III

ANÁLISE NUMÉRICA DE SOLOS GRAMPEADOS

3.1 – Introdução:

Propõe-se, aqui, a implementação, em um programa já existente, previamente testado

e de comprovada eficácia, de um subrotina que preveja a inclusão do elemento grampo, na

malha de elementos finitos analisada. Este elemento é implementado de tal maneira que

suporte esforços de flexo-compressão comportando-se como uma inclusão passiva, ou seja,

não tenha protensão ou, se tiver, que seja valores bem pequenos, da ordem de 5 a 10 kPa,

simplesmente, afim de garantir a ligação com o concreto projetado. A este novo elemento

está associada a função de minorar os deslocamentos do maciço terroso pelo acréscimo de

forças internas contrárias ao sistema natural de acomodação de massa. O programa utilizado

para tal implementação denomina-se DYNREL.

A implementação numérica do elemento grampo foi realizada a partir do elemento

tirante/cabo, já implementado no programa DYNREL por Charbel (1996), com a inclusão,

neste modelo, do comportamento relativo à componente de flexão. A inclusão da componente

à flexão foi feita baseando-se no modelo do elemento viga (subrotina estaca), implementado

por Bello (1997), para análise de estabilidade. O modelo do elemento grampo leva em

consideração o efeito combinado dos esforços tanto em análises elásticas quanto plásticas.

Segundo Lima (1996) para taludes de pequenas dimensões, se comparados com

taludes de mineração que chegam a centenas de metros, a flexão torna-se influente no

comportamento do modelo de ancoragem.

As análises, no presente trabalho, são realizadas sob deformação plana. Assim sendo

pode-se visualizar o efeito do grampo como aquele em uma seção intermediária entre linhas

de grampos. Estas análises 2-D podem ser ditas aproximadas, e certamente análises 3-D

seriam mais representativas do comportamento real do maciço, mas muito mais dispendiosas

do ponto de vista computacional. Com o intuito de simular, quando convier, um “efeito

Page 46: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.2 O rograma DYNREL

28

tridimensional” propõe-se utilizar o valor do espaçamento entre grampos, já que este valor é,

geralmente, fixado como unitário.

O objetivo deste trabalho foge a uma explanação mais detalhada do funcionamento do

programa principal no que se refere ao seu fluxo, rotinas e modelos utilizados, pelo fato de se

necessitar de uma apresentação mais extensa. Para tanto é sugerido um estudo mais detalhado

e aprofundado dos trabalhos de Figueiredo (1991) e Ramos Lima (1996). Passa-se, neste

momento, a tecer alguns comentários, mesmo que de forma superficial, sobre o programa

DYNREL e o funcionamento do algoritmo da Relaxação Dinâmica (RD). Posteriormente,

apresenta-se a metodologia utilizada para a implementação numérica, bem como algumas

considerações necessárias para sua compreensão.

3.2 – O Programa DYNREL:

A implementação proposta, mostrada a seguir, é realizada em um programa já

existente, previamente testado e de eficácia comprovada, denominado DYNREL, criado em

1991 na PUC-Rio, por Figueiredo e escrito em linguagem FORTRAN 77 (Adams et al., 1992;

Farrer et al., 1992 e Hehl, 1986). Este programa foi desenvolvido com o intuito de realizar

análises bidimensionais baseadas no Método dos Elementos Finitos, em conjunto com o

emprego do algoritmo da Relaxação Dinâmica (Otter et al., 1996) aplicado à resolução das

equações de equilíbrio. A sua concepção é semelhante a um outro programa denominado

FLAC (Itasca, 1987), amplamente divulgado na literatura, que faz uso de um Método de

Diferenças Finitas igualmente explícito no tempo, ou seja, também empregando a Relaxação

Dinâmica. Na elaboração das malhas de elementos finitos, para simulação dos problemas a

serem analisados, foram utilizados elementos de deformação constantes - CST (Zienkiewicz

& Taylor, 1989).

Apresenta-se implementados neste programa vários tipos de modelos constitutivos,

que são:

• Elasticidade Linear Isotrópica;

• Elastoplasticidade perfeita de Mohr-Coulomb com leis de fluxo associada ou não

Page 47: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

29

• Elastoplasticidade de Mohr-Coulomb com amolecimento e/ou endurecimento com

leis de fluxo associada ou não;

• Elástico Hiperbólico de Duncan;

• Elasto-plástico de Druker-Prager;

• Alonso (solos não saturados).

3.3 – Considerações sobre Relaxação Dinâmica:

A relaxação dinâmica teve seu advento em meados da década de setenta, quando

pesquisadores atentaram para o fato de que uma técnica de análise dinâmica transiente podia

prestar-se à obtenção de soluções de regime permanente. A sugestão desta possibilidade

fundamentou-se na simples observação de que um sistema oscilante excitado por uma

perturbação constante no tempo, desde que devidamente amortecido, tenderia à posição final

de equilíbrio sob ação da mesma.

A relaxação pode ser considerada como um procedimento iterativo de resolução de

sistema de equações simultâneas quaisquer. Já a relaxação Dinâmica trata-se de um método

iterativo simultâneo, explícito no tempo, de integração das equações do movimento

criticamente amortecidas, discretizadas por diferenças finitas centrais (Smith, 1985) e

conjugada à consideração independente das equações constitutivas, também, discretizadas,

através de qualquer método aproximado.

Está intrínseco na técnica da Relaxação Dinâmica em causa recorrer as leis de

movimento (2ª lei de Newton) e constitutiva, separadamente de uma maneira peculiar, em

cuja evolução constituir-se-á o próprio ciclo iterativo, como pode ser visto na Figura 3.1

abaixo.

Em um dado instante, as forças desequilibradas entre subunidades contíguas

(elementos) de um meio discreto (malha) promovem a movimentação dos pontos conectando-

as (nós). Resultam deslocamentos que são obtidos por sucessivas integrações numéricas, no

tempo, de acelerações e velocidades. Deslocados os pontos nodais, procede-se à

determinação das deformações em cada elemento, as quais introduzidas em uma relação

Page 48: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

30

constitutiva fornecem as tensões correspondentes. Destas encontram-se forças aplicadas à

malha, originam as novas forças desequilibradas, reiniciando a iteração.

Figura 3.1 - Ciclo de cálculos em Relaxação Dinâmica

Os deslocamentos em cada etapa são limitados em decorrência da natureza explícita

do método. Um incremento de magnitude t∆ é requerido de modo a impedir uma

“comunicação” física entre nós contíguo na malha. Isto é factível por haver uma velocidade

finita de propagação para vibrações mecânicas que é função das propriedades de rigidez e

inércia do meio. Assim, um passo de tempo suficientemente ínfimo poderá ser suprimido,

exceto quando a massa inercial for nula, tal que, uma perturbação não transite se quer até a

sua vizinhança imediata no domínio discreto. Esta idéia de que, dentro dados limites

temporais, os nós encontramos “isolados” com relação ao fenômeno modelado é básica nos

algoritmos explícito. Da mesma forma, também significará que um elemento qualquer não irá

interagir com todos os demais, senão, somente com aqueles que lhe são fronteiriços.

Após entendida fisicamente, a restrição imposta ao t∆ em termos matemáticos, o

desacoplamento das equações de movimentos referentes a cada ponto nodal. Como

implicação ter-se-á, automaticamente, “desobrigado” de uma interação concomitante mútua a

Page 49: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

31

totalidade dos elementos, refletindo em tornar desnecessária a formação de uma matriz que

traduza esta possibilidade a qualquer instante durante a análise.

Os cálculos podem, então, prosseguir em etapas, nas quais uma grandeza vetorial

conhecida no tempo t , figurando no membro direito de uma igualdade é manipulada

algebricamente, resultando a mesma grandeza em um posterior tt ∆+ no lado esquerdo. Em

outras palavras, uma futura configuração da malha (que ao final da análise coincidirá com

uma situação de equilíbrio ou de fluxo permanente) é obtida exclusivamente do conhecimento

de que se dispõe sobre a mesma, em uma posição retrocedida de t∆ na escala do tempo. Isto

pode, de fato, ser considerado como a própria definição de um método explícito.

A desejada correspondência entre o problema real e sua idealização sendo modelada

estará vinculada à observância rigorosa da imposição sobre o t∆ e tem como conseqüência a

obtenção de soluções válidas. Em caso contrário, os valores encontrados não terão

significado físico, caracterizando o que se designa por instabilidade numérica. Quando isto

ocorre, os resultados em geral não têm relação alguma com o que se poderia esperar e

normalmente apresentam enormes discrepância entre iterações sucessivas. Por este motivos

os métodos explícitos são ditos condicionalmente estáveis.

Em geral os algoritmos são mais eficientes, como no caso de análise linear. Mas, no

entanto, a consideração de não-linearidades é comum e recorre a uma entre várias técnicas

iterativas disponíveis (Mathies e Strang, 1979; Bathe, 1982, etc.), sendo que em todas são

imperativas operações matriciais a cada iteração, o que obviamente as torna substancialmente

mais onerosas, além da possibilidade de não convergirem para certas condições de

carregamento (Bathe, 1982). Há casos em que as abordagens implícitas demandarão

excessivo trabalho computacional, como por exemplo, onde a matriz correspondente à malha

idealizada possua grandes larguras de banda, apresentando um grande número de zeros

intercalados entre valores não nulos distantes da diagonal principal (uma simulação de

atirantamento em escavações subterrâneas pode originar esta situação), ou nos casos em que a

conectividade dos elementos varie consideravelmente, correspondendo a constantes

reformulações matriciais (simulação de um descontínuo ou de um conjunto de partículas

compondo um meio granular), a aplicação de métodos explícitos pode ser preferível. O

mesmo tem sido proposto, para problemas com a ocorrência de amolecimento (Scott, 1987;

Cundall e Board, 1988; Cundall, 1990), ou instabilidade de uma forma geral (Cundall e

Lemos, 1989), onde sem cuidados especiais, dificuldades, com relação a inclinação negativas

Page 50: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

32

das tangentes em parte da curva tensão-deformação, surgem para as operações matriciais (de

Borst, 1986).

Rotinas que simulem uma escavação, semelhante, assumem extrema facilidade de

implementação. Limitam-se a uma instrução definindo, oportunamente, que um dado

elemento a ser escavado, não tenha mais a contribuição de suas forças internas contabilizada

na determinação das forças desequilibradas a partir de então. Em outras palavras, o elemento

é simplesmente subtraído da malha quando for conveniente.

Obviamente, é substancial a economia de memória alocada, uma vez que são

dispensáveis cálculos matriciais. Isto faculta, em situações onde recursos de memória sejam

escassos, a solução de alguns problemas de grande porte. Quanto a estes, Cundall e Board

(1988) apontam que o tempo para a execução de programas de Relaxação Dinâmica aumenta

com o número de elementos, em problemas com geometrias idênticas, segundo o expoente 3/2

(embora sem a pretensão de serem indicativas, as simulações feitas durante este trabalho

mostraram expoentes em torno da unidade, onde além da similaridade geométrica a

idealização discreta for constituída por um único tipo de elemento), em contraste a esquemas

implícitos em que o crescimento se dá ao quadrado ou até ao cubo.

Na Relaxação Dinâmica, o problema estático é solucionado com a introdução de uma

parcela dinâmica. A solução é obtida pelo equilíbrio das forças internas e externas.

De maneira a se obter tal solução por Relaxação Dinâmica, utiliza-se a equação de

movimento 3.2 (Bathe, 1982), sob forma discretizada em elementos finitos, a qual descreve a

resposta transiente (Otter et al. 1966). Lança-se mão de tal procedimento afim de garantir que

seja extraída energia cinética das oscilações, pois em certos meios (por exemplos os

elásticos), se não dissipada, permitiria o eterno prosseguimento do fenômeno vibratório.

{ } { } { } { }fFFF iam =++ 3.1

Ou

[ ] { } [ ] { } [ ] { } { }fukuCuM nnn =⋅+⋅+⋅ ��� 3.2

sendo,

{ }iF - vetor de forças internas;

{ }u - vetor de variáveis discretas dependentes (vetor de deslocamentos resultantes);

n - índice (enésimo incremento);

Page 51: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

33

{ }f - vetor de forças externas;

{ }mF – vetor de força de massa;

{ }aF – vetor de força de amortecimento viscosa;

[ ]M - matriz de massa;

[ ]C - matriz de coeficientes de amortecimento;

[ ]K - matriz de rigidez.

A matriz de coeficientes de amortecimento adquire a forma da equação 3.3 para o caso

de amortecimento global (processo adaptativo), ou seja, aquele em que se procura manter a

taxa de variação da energia cinética próxima à potência de amortecimento e tendendo a zero,

utilizando um amortecimento crítico com o módulo de oscilações dominantes. Os demais

tipos de processos adaptativos estão mostrados na Tabela 3.1.

[ ] [ ]MC ⋅α= 3.3

onde, o parâmetro de amortecimento α , para este caso, pode ser determinado quando a taxa

de variação da energia cinética cE�∆ aproxima-se da potência de amortecimento P , ou seja:

1EP

c

=∆ �

3.4

Neste momento, pelo desacoplamento da equação 3.2, é possível obter as acelerações

requeridas pelo algoritmo através da equação 3.5 abaixo.

{ } [ ] { } [ ] { } [ ] { }( )uMukfMu 1��� ⋅⋅α−⋅−⋅= − 3.5

A integração numérica em questão pode, então, ser colocada sob uma forma

algorítmica como mostrado na seqüência abaixo (Figueiredo, 1991):

(a) atribuição das condições iniciais

Page 52: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

34

- para todo i

=

0u

dadou0i

0i

(b) seleção de parâmetros

- para todo i iim→

- α, ∆t

(c) para todo i ( ) ( )niii

nii uFfuR −=→

(d) se, para todo i 0Ri ≅ pare, senão continue

(e) para todo i:

- se 0n = , então ( )

2/tm

uRu

ii

0ii2/1

i ∆⋅

=�

- senão ( ) ( )( )

( ) ( )( )2/t/1m

uRu

2/t/12/t/1

uii

nii21n

i21n

i α+∆⋅+⋅

α+∆α−∆= −+

��

(f) para todo i ( ) tuuu 21ni

ni

1ni ∆⋅+=→ ++

(g) 1nn +=

(h) retorne:

- para (c) se a análise for linear e

- para (b) se não-linear

sendo,

( )ni uR – forças desequilibradas resultante na iteração n;

0iu - deslocamento inicial;

0iu� - velocidade inicial;

iim - massa;

α - coeficiente de amortecimento;

t∆ - incremento de tempo;

if - forças externas;

iF - forças internas;

n - índice de iteração.

O motivo de instruções distintas para os casos linear e não-linear em (h) é devido ao

fato de que no último os parâmetros ótimos mudam no decorrer da análise. A manutenção das

Page 53: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.3 Cons derações sobre Relaxação D nâm ca

35

estimativas iniciais poderá dar lugar a taxas de convergência muito lentas ou a instabilidades

numéricas, tal como em problemas de enrijecimento (Figueiredo, 1991).

Tabela 3.1 – Resumo dos processos adaptativos (Figueiredo, 1991)

Procedimento Referência Parâmetros

otimizados

Características básicas

Densidades

fictícias

Cassel (1970) - densidades

- t∆

- pondera densidades pelo uso do teorema de

Gerschgorin objetivando um incremento

temporal maximizado.

Densidade Cundall

(1982)

- densidades

- t∆

- atua como um servomecanismo que amplia

ou reduz o ∆t (e as densidades) conforme seja

necessário para a modelagem de situações

transientes ou de regime permanente.

Avaliação

adaptativa de

parâmetros (I)

Papadrakakis

(1981)

- densidades

- t∆

- α

- as densidades não são reais

- o ∆t é determinado adaptativamente com a

utilização do teorema de Gerschgorin

- α determina-se adaptativamente a partir de

estimativas para a taxa de decaimento do erro.

Avaliação

adaptativa de

parâmetros (II)

Underwood

(1983)

- densidades

- t∆

- α

- emprega as densidades fictícias

- α é avaliado fazendo-se uso do quociente de

Rayleigh.

Auto –

amortecimento

global

Cundall

(1982)

- α - opera através de um servocontrole numérico

que procura sempre manter a potência de

amortecimento próxima à taxa de variação da

energia cinética (situação ideal de

amortecimento crítico).

Auto –

amortecimento

local

Cundall

(1987)

- - o amortecimento é proporcional à força

desequilibrada

- o fator de amortecimento é adimensional e

não depende de qualquer propriedade do meio.

Page 54: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

36

Durante o processo de propagação da onda de deformação, um incremento de

magnitude ∆t é requerido para evitar o contato físico entre os nós vizinhos na malha. Esta

limitação é possível visto existir uma velocidade finita de propagação para as vibrações

mecânicas, que é função das propriedades de rigidez e inércia do meio em questão. Desta

maneira, existe um incremento de tempo específico para cada análise, que impede a transição

importuna da perturbação até a vizinhança imediata do domínio discretizado. Este incremento

é função da massa e rigidez dos elementos que compõem a malha. Quanto maior a massa,

maior será o ∆t e menor será a velocidade de propagação da onda de deformação ao longo da

malha. Quanto maior for a rigidez, menor será o ∆t necessário para a estabilização do

sistema. A estabilidade numérica para sistemas muito rígidos requer incrementos de tempo

muito pequenos gerando, assim, uma grande quantidade de ciclos iterativos para a sua

convergência, o que traduz-se por um esforço computacional mais elevado.

3.4 – Implementação numérica de grampos:

Agora, neste momento, tem-se a intenção de descrever alguns métodos de

implementação numérica de grampos encontrados na literatura e, posteriormente, apresentar o

modelo implementado no programa DYNREL para simulação do comportamento de grampos

em maciços terrosos.

Algumas formas de modelagem numérico que serão descritos a seguir são bastante

comum em análises com tirantes, mas que, facilmente, puderam ser estendidos para análise de

grampos, como nota-se em alguns trabalhos que serão listados abaixo, dentro de suas

respectivas formas de modelagem. A primeira forma de modelagem se constitui na

introdução pura e simples de um elemento de barra. A segunda forma de modelagem é uma

extensão da primeira, o que se faz, aqui, é considerar os reforços (grampo) por elementos de

barra mais de viga, ou seja, acrescenta-se a parcela referente à flexão. A terceira forma de

modelagem é uma extensão da primeira, também, mas considera-se os reforços (grampo) por

elementos de barra e as interfaces solo-face e solo-reforços por elementos de junta de quatro

nós. A quarta forma de modelagem é a de material equivalente, que requer um maior esforço

computacional para ser implementado. Finalmente, a quinta e última forma de modelagem a

Page 55: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

37

qual simula os efeitos de um sistema de ancoragem com a parcela referente à flexão, também,

incluída.

Esta última modelagem numérica de sistema de ancoragem com rigidez à flexão

(grampo) foi escolhido para a implementação numérica no programa DYNREL, programa

este baseado na técnica da Relaxação Dinâmica (Figueiredo, 1991).

3.4.1 – Método do elemento barra:

Este método consiste em introduzir um elemento estrutural de barra, explicitamente,

nas regiões da malha de elementos finitos afim de simular a presença de estruturas de grampo.

O efeito da presença do grampo na malha é notado a medida que este elemento é solicitado a

se deformar, reagindo no sentido oposto a esta deformação.

A implementação deste elemento de barra é realizada por meio da equação de

elementos finitos, ver Cook (1989).

{ } [ ] { }δ⋅= kF 3.6

sendo,

{ }F – Vetor de cargas nodais;

[ ]k – Matriz de rigidez;

{ }δ - Vetor deslocamentos nodais.

A matriz de rigidez do elemento de barra referente à Figura 3.2 pode ser facilmente

obtida (Cook, 1989). Esta matriz está apresenta abaixo.

[ ]

ββ⋅ββ−β⋅β−β⋅βββ⋅β−β−

β−β⋅β−ββ⋅ββ⋅β−β−β⋅ββ

⋅⋅

=

22

22

22

22

b

bb

sensencossensencos

sencoscossencoscos

sensencossensencos

sencoscossencoscos

LEA

k 3.7

sendo,

Page 56: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

38

bA – Área da seção transversal do elemento de barra;

bL – Comprimento do elemento de barra;

bE – Módulo de elasticidade do elemento de barra;

β - Ângulo de inclinação do elemento de barra.

y

yj

yi

xi xj x

β

i

j

L, E

, A

Figura 3.2 – Elemento de barra

Os vetores { }δ e { }F podem ser colocados como:

{ }

j

j

i

i

v

u

v

u

3.8

sendo,

iu , ju – Deslocamentos na direção do eixo OX dos respectivos nós do elemento de

barra i e j;

iv , jv – Deslocamentos na direção do eixo OY dos respectivos nós do elemento de

barra i e j.

Page 57: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

39

{ }

=

j

j

i

i

Fy

Fx

Fy

Fx

F 3.9

sendo,

iFx , jFx – Forças na direção do eixo OX dos respectivos nós do elemento de barra i e

j;

iFy , jFy – Forças na direção do eixo OY dos respectivos nós do elemento de barra i

e j.

A formulação acima considera que o grampo seja um elemento elástico linear. Não

linearidades no comportamento tensão vs. deformação do mesmo seriam possíveis de serem

incorporadas, modificando-se, convenientemente, a matriz de rigidez. Nesta modelagem do

grampo simples como um elemento de barra não incorpora, em seu sistema, os efeitos de

interface, isto será feito no elemento descrito no item 3.4.3.

3.4.2 – Método do elemento micro-estaca (barra + viga):

Para apresentar a formulação deste modelo, primeiramente, faz-se a apresentação da

matriz de rigidez de um elemento de barra, depois de um elemento de viga e, finalmente, por

associação das rigidezes dos elementos de barra e de viga, tem-se o modelo procurado.

Figura 3.3 – Graus de liberdade permitidos ao elemento “micro-estaca”

Page 58: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

40

Para se ter facilidade no que tange à associação das rigidezes dos elementos de barra e

de viga, procede-se de maneira um pouco diferente do item 3.4.1, o qual já apresenta a

formulação em relação a um sistema de eixos arbitrários. O que se pretende é apresentar estas

formulações em relação a um sistemas de eixos particular, mostrado na Figura 3.4 e na Figura

3.5, e logo após concretizada a associação dos elementos barra e viga apresentar esta matriz

de associação em relação a um sistema de eixos quaisquer, através da matriz de transformação

de eixos, como mostrado na Figura 3.11.

A rigidez axial do trecho, associada aos deslocamentos gerados nesta direção, pode ser

contabilizada considerando-se um elemento de barra (Figura 3.4).

y'

x', u'i j

u'i u'j

L, E, A

Figura 3.4 – Elemento de barra

A matriz de rigidez do elemento acima é apresentada na equação 3.10. Para o

elemento de barra, [ ]barra'k é função do comprimento L , do módulo de elasticidade E e da

área da seção transversal A do elemento.

[ ]

−⋅⋅=

11

11

LEA

'k barra 3.10

sendo,

Page 59: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

41

[ ]barra'k – matriz de rigidez do elemento de barra.

Similarmente, a rigidez à flexão referente aos esforços cortantes e momentos fletores,

pode ser contabilizada considerando-se um elemento de viga (Figura 3.5).

y', v'

x'i j

v'i v'j

L, E , I

θ'jθ'i

Figura 3.5 – Elemento de viga

A matriz de rigidez do elemento acima é apresentada na equação 3.11. Para o

elemento de viga, [ ]viga'k é função do comprimento L , do módulo de elasticidade E e do

momento de inércia I da seção transversal do elemento.

[ ]

−−−−

−−

⋅⋅=

22

22

3viga

L4L6L2L6

L612L612

L2L6L4L6

L612L612

LIE

'k 3.11

sendo,

[ ]viga'k – matriz de rigidez do elemento de viga.

Page 60: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

42

Finalmente, após determinação das rigidezes do elemento barra e do elemento viga,

pode-se escrever a matriz de rigidez local da micro-estaca (viga + barra) associando-se as

equações 3.10 e 3.11, resultando em:

[ ]

⋅⋅−⋅⋅

⋅−⋅⋅−⋅−

⋅⋅−

⋅⋅−⋅⋅

⋅⋅−⋅⋅

⋅−⋅

=

LIE4

LIE6

0L

IE2L

IE60

LIE6

LIE12

0L

IE6L

IE120

00L

EA00

LEA

LIE2

LIE6

0L

IE4L

IE60

LIE6

LIE12

0L

IE6L

IE120

00L

EA00

LEA

'k

22

2323

22

2323

me 3.12

sendo,

[ ]me'k – matriz de rigidez do elemento “micro-estaca”.

Como esta matriz é referente a um elemento alinhado com o eixo x’y’ como mostrado

na Figura 3.6. Para se ter uma orientação arbitraria deste elemento “micro-estaca” no plano

xy, deve-se efetuar a devida transformação de coordenadas segundo a equação 3.13.

[ ] [ ] [ ] [ ]T'kTk meT

me ⋅⋅= 3.13

sendo,

[ ]T - matriz de transformação de eixos e possui a seguinte forma:

[ ]

ββ−ββ

ββ−ββ

=

100000

0cossen000

0sencos000

000100

0000cossen

0000sencos

T

meme

meme

meme

meme

3.14

Page 61: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

43

sendo,

meβ - ângulo formado entre o eixo x e o elemento “micro-estaca”.

Note que o valor “1”aparece em [ ]T , pois o vetor de rotações não muda de direção, ou

seja, ii' θ=θ e jj' θ=θ .

y', v'

x',u'

i

j

v'i

u'j

L, A,E, I

θ'j

θ'iu'i

L, A,E, I

ui i

vi

y, v

θi

ujj

θj

x,u

vjv'j

β

Figura 3.6 – Orientação arbitraria do elemento “micro-estaca” (Cook et al., 1989)

Briaud e Lim (1997) usaram o programa chamado ABAQUS (1992) para fazer

análises dos grampos e demais elementos encontrados. Os grampos foram simulados como

um elemento de viga/”micro-estaca”, que pode resistir a cargas axiais e momentos fletores.

Na escolha das rigidezes axial e fletora dos elementos grampo tanto a ação da nata quanto a

protensão do aço foram incluídas.

3.4.3 – Método do elemento barra + junta:

Neste modelagem, o que se propõe é usar um elemento de barra de dois nós para os

reforços (grampos), como realizado acima, concomitantemente com elementos de junta de

Page 62: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

44

quatro nós para as interfaces solo-face e solo-reforços (Goodmann, Taylor e Brekke, 1968 e

Goodmann, 1976).

Este modelo foi usado por Lopes e Cardoso (1991) num meio terroso em que o solo e

a face do revestimento foram simulados por elementos bidimensionais de cinco nós (Doherty,

Wilson e Taylor, 1969). O comportamento não-linear do solo, das interfaces e dos reforços é

simulado por um modelo elastoplástico perfeito, sem endurecimento e com lei de fluxo

associada.

Cardoso e Carreto (1990) propõe um modelo para análise bidimensional de maciços

reforçados por grampos, cuja formulação é bastante mais sofisticada do que o modelo

tridimensional. O modelo 2D aceita comportamentos não-lineares para os materiais e

interfaces e baseia-se numa modelagem discreta do maciço reforçado. Os reforços e as suas

interfaces com o solo são modeladas separadamente: i) as primeiras são representadas por

elementos barra com rigidez igual à dos varões de aço usados na obra, desprezando-se a

contribuição da calda envolvente; ii) as segundas são modeladas por elementos de junta aos

quais são atribuídas as características médias obtidas nos ensaios de arrancamento.

Como o elemento de barra (reforço) já foi bem descrito em itens anteriores, não se vê,

aqui, a necessidade de descrevê-lo, novamente. Logo, a seguir, faz-se uma breve descrição do

elemento de junta, bem como de suas características, a ser nas interfaces deste modelo,

sugerindo-se que maiores detalhes, a respeito deste elemento, podem ser encontrados em

Goodmann, Taylor e Brekke (1968) e Goodmann (1976), pois o detalhamento de sua

formulação foge ao objetivo deste trabalho.

Então, segundo Goodmann, Taylor e Brekke (1968), um elemento contínuo de

deformação plana usado em análises de elementos finitos não modela, satisfatoriamente, este

comportamento. A junta não é um elemento de linha e de fato a alta excentricidade leva a

imprecisão na determinação de tensões. Em vez disso, é considerada uma rigidez de junta

especial, cuja derivação da rigidez do elemento CST (Clough, 1960) como elemento de junta

será projetada por ser comparável com elementos contínuos e será adicionado a eles na matriz

de rigidez estrutural. A idéia da adição da rigidez do elemento ligado à estrutura total foi

desenvolvida por Ngo e Scordellis (1967).

Page 63: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

45

3.4.4 – Método do elemento equivalente:

Este método foi proposto por Sharma e Pande (1988), com o objetivo de apresentar

um “material equivalente” que fosse usado para modelar um maciço apresentando planos de

descontinuidade, e ainda reforçado por estruturas de contenção.

O conceito de material equivalente é baseado no desenvolvimento de uma lei

constitutiva para um material que se comportará como um maciço apresentando famílias de

descontinuidades e estruturas de reforços.

Para isto, é necessário que os planos de uma família de descontinuidades, bem como,

as inclusões que compõem um conjunto de estrutura de reforço tenham uma disposição

espacial regular, e estejam espaçadas entre si a uma dimensão muito menor do que a

dimensão crítica do problema a ser analisado, como por exemplo, a altura de um talude de

corte ou natural.

O modelo matemático baseia-se em um modelo reológico proposto por Chen e Pande

(1994) e Sharma et al. (1988), onde cada componente do material equivalente (maciço,

família de descontinuidades, estrutura de reforço) é representado por uma unidade de modelo

reológico elasto-viscoplástico.

A implementação do modelo equivalente resulta em uma alteração na matriz tensão x

deformação do elemento, que para apresentar características de suporte, tem na matriz

mencionada anteriormente a soma da matriz de rigidez elástica do reforço.

Uma vez que as unidades de modelo reológico relativas ao maciço e ao reforço estão

associados em paralelo, isto implica que ambos sofrem a mesma deformação, daí, através de

uma matriz de rotação pode-se conhecer o deslocamento sofrido pelo sistema de ancoragem, e

consequentemente através do dado anterior a matriz de rigidez elástica do reforço obtém-se a

tensão gerada no sistema de ancoragem e consequentemente a contribuição do mesmo como

reforço para o maciço.

Cardoso e Carreto (1990) propõe um modelo para análise tridimensional de maciços

reforçados por grampos, cuja formulação é compósita. Neste modelo, o maciço é

representado por um material equivalente com características elásticas anisotrópicas que

podem ser determinadas pelas expressões de Cardoso (1987). O que se faz, neste modelo, é

transformar características elásticas do solo e dos reforços em um material equivalente com

características elásticas anisotrópicas (1E , 2E , 1ν , 2ν e G ). Se existir uma aderência perfeita

Page 64: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

46

entre o solo e os reforços, o grau de aderência é igual a um (1w = ), as equações de Cardoso

(1987) coincidem com as propostas por Gerrard (1992); mas se não existir aderência entre o

solo e as armaduras , o grau de aderência é nulo (0w = ), as características do material

equivalente são iguais às do solo não reforçado.

3.4.5 – Método proposto de simulação de iteração grampo/nata e o maciço:

Neste instante, passa-se a descrever o modelo que será implementado no programa

DYNREL afim de simular o comportamento de grampos em estruturas de contenção. O

desenvolvimento a seguir será uma adaptação do modelo produzido por Tan, Bawden e Pelley

(1993), o qual simula a iteração entre o sistema de ancoragem cabo (tirante)/nata e o meio

terroso, semelhante ao que foi feito por St. John e Van Dillen (1983) nos programas UDEC e

FLAC com a adição, ao modelo presente, do comportamento relativo à componente de flexão.

Apesar das considerações feitas por Tan, Bawden e Pelley (1993) serem relativas ao

comportamento de cabos, sugere-se neste trabalho que elas possam ser extensivas ao

comportamento axial de grampos.

Este modelo não apresenta um elemento grampo explícito, apenas os efeitos da

inclusão são considerados na malha durante o processo de iteração. Devido aos aspectos

incremental e interativo deste modelo ele é bastante adequado para o tipo de formulação

numérica existente no programa DYNREL utilizado.

Sendo o grampo um reforço do tipo passivo pressupõe-se a geração de forças

contrárias ao movimento do solo imediatamente após o início do processo de instabilização.

Durante este processo, é permitido ao elemento estabilizante sofrer certas deformações,

regidas pelo limite elasto-plástico do material empregado.

Os graus de liberdade permitidos específicos associados aos esforços de tração, flexão

e até cisalhantes estão mostrados na Figura 3.2. Onde percebe-se a possibilidade de

deslocamentos axiais, transversais e rotacionais.

3.4.5.1 – Aspectos que condicionam o comportamento do sistema grampo/nata:

Page 65: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

47

No que refere ao comportamento do sistema grampo/nata, exclusivamente à tração,

pode-se estender os resultados obtidos de ensaios de laboratório e campo executados em

sistema de ancoragem cabo(tirante)/nata por diversos autores, relatados por Tan et al. (1993).

Tais ensaios foram realizados com o intuito de compreender o comportamento desse sistema

sob condições de carga axial e confinamento perfeito. Considerando a similaridade de

comportamento entre os grampos (sujeitos somente à carga axial) e os tirantes, então pode-se

afirmar que os aspectos, identificados por estes ensaios, que condicionam a efetividade do

sistema de ancoragem cabo (tirante)/nata, também, condicionam a efetividade do sistema

grampo/nata, com exceção para o comprimento que está envolto em nata, já que o grampo não

possui trecho livre, logo seu comprimento está todo envolvido pela nata. Portanto, os

aspectos observados são os seguintes:

- Propriedades características do grampo;

- Resistência e rigidez da nata de cimento;

- Diâmetro do furo;

- Propriedades características do maciço terroso;

- Condição de tensão “in situ”.

Afim de implementar o comportamento do sistema grampo/nata à flexão, assumiu-se

este como uma estrutura composta, apresentando uma rigidez “equivalente” a partir das

características dos dois materiais que o compõem (grampo e a nata), sendo expressa por:

NNGGeqeq IEIEIE ⋅+⋅=⋅ 3.15

Onde, iE e iI são o módulo de elasticidade do material e momento de inércia da seção

transversal e o subscrito i indica o tipo de material (os índices G e N indicam grampo e nata,

respectivamente).

Page 66: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

48

Figura 3.7 – Deslocamentos permitidos ao elemento grampo

nata GRAMPO

d

D

Figura 3.8 – Seção transversal do furo (sistema grampo/nata)

Sendo, d o diâmetro do reforço (grampo) e D o diâmetro do furo.

3.4.6 – Seqüência de cálculo da Subrotina grampo:

Tendo em vista o algoritmo da Relaxação Dinâmica que se baseia em um processo

iterativo simultâneo explícito no tempo, onde calculam-se os deslocamentos e esforços nodais

gerados a partir de uma parcela das forças externas aplicadas ao sistema em um dado intervalo

de tempo t∆ , propôs-se a criação de uma subrotina que avaliasse os esforços internos gerados

no grampo em função de tais deslocamentos da malha. De posse dos esforços internos dos

nós do grampo (pontos de interseção com o elemento), o próximo passo seria a extrapolação

Page 67: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

49

para os respectivos nós do elemento influenciado. A Figura 3.8 descreve, de uma forma

bastante sintetizada, o esquema de cálculo do processo.

O programa principal verifica a existência do grampo e contabiliza os valores da

reação a cada passo de tempo pelo acréscimo destes ao vetor de forças internas da malha.

Posteriormente, quando a determinação das forças desbalanceadas do sistema, já estará

presente a parcela referente ao grampo.

Analisando-se este processo, é possível concluir que o pressuposto básico da

implementação está baseado na determinação de esforços internos no grampo gerados a partir

de deslocamentos nodais de certos elementos da malha.

A seqüência simplificada de cálculo para determinação dos esforços resistentes

provenientes da inserção do elemento grampo na malha é mostrada a seguir, em etapas,

podendo ser visualizada melhor na Figura 3.8.

Logo após serão apresentadas as subrotinas envolvidas na implementação e o arquivo

de entrada de dados que possibilita a inserção do elemento grampo na malha a ser analisada.

A Tabela 3.1 descreve os cabeçalhos usados no arquivo de entrada de dados

DYNGRAM.TXT.

O fluxograma que descreve, mais detalhadamente, as etapas de cálculo seguidas

dentro da subrotina grampo para contabilizar as forças de reação dos mesmos é apresentado

na Figura 3.9.

Figura 3.9 – Esquema sintetizado da subrotina

Page 68: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

50

Tabela 3.2 – Cabeçalhos usados no arquivo neutro DYNGRAM.TXT

%ELEMENTO.ESTABILIZANTE 1 – ativa o elemento grampo

%DEFLEXAO.GRAMPO 1 – escreve as deflexões no

arquivo grampo.pos

%PRETENSIONAMENTO.GRAMPO 1 – aplica protensão no grampo

%VALOR.PROTENSAO valor da pré-tensão aplicada

%NUMERO.GRAMPOS número de grampos

%NOS.GRAMPOS numeração dos nós extremos

%COORDENADA.NOS.GRAMPOS Coordenadas dos nós do(s)

grampo(s)

%MODULO.ELASTICIDADE.GRAMPOS módulo de elasticidade à tração

%AREA.SECAO.GRAMPOS área da seção transversal grampo

%TENSAO.ESCOAMENTO.GRAMPOS tensão de escoamento do grampo

%ESPACAMENTO.HORIZONTAL.GRAMPOS espaçamento horizontal entre

grampos

%RAIO.FIOS raio dos fios que compõem o

grampo

%RAIO.FUROS Raio do furo

%MODULO.CISALHANTE.NATA módulo cisalhante da nata

%MODULO.ELASTICIDADE.NATA módulo de elasticidade da nata

%COEFICIENTE.POISSON.NATA Coeficiente de Poisson da nata

%RESISTENCIA.COMPRESSAO.UNIAXIAL.NATA resistência à compressão uniaxial

da nata

%ANGULO.ATRITO.NATA.GRAMPO ângulo de atrito entre a nata e o

grampo

%ANGULO.ATRITO.NATA.SOLO ângulo de atrito entre a nata e o

solo

%MUDANCA. ANGULO.ATRITO.NATA.GRAMPO mudança do ângulo de atrito entre

a nata e o grampo

% MUDANCA. ANGULO.ATRITO.NATA.SOLO mudança do ângulo de atrito entre

a nata e o solo

Page 69: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

51

PROGRAMA PRINCIPAL

NÃO

GRAMPO

RETAS

LADOS

INCIDREF

EQUAREF

EQUAREL

INTERSEC

COMPLAD

LANDINT

CASINCL

TINC=3

SIM

TRASFEIX

CINT=1

NÃO

MRIGIDX

PRIME

TAMANHO

FUNQSI

FTRT

RELAÇÃO

ESFORÇOSCRITRUP

CORRFMCONSI

DISFOR

SIM

TRANSREL

Figura 3.10 – Esquema de fluxo da subrotina grampo

Page 70: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

52

Subrotinas processadas somente uma vez:

EQUAREF: calcula as equações das retas dos reforços;

EQUAREL: calcula as equações das retas das arestas;

INTERSEC: determina quais elementos são interceptados pelos reforços e as coordenadas de

interseção;

COMPLAD: calcula o comprimento das arestas de todos os elementos da malha;

LADINT determina o modo de interseção (um nó e uma aresta, duas arestas ou dois nós).

Associa coordenadas de interseção com a incidência da aresta ou nó. Determina quais arestas

dos elementos adjacentes influenciam no ponto interceptado.

CASINCL: associa um “tipo” de caso à aresta interceptada, segundo sua inclinação.

INCIDREF: determina a incidência para os nós fictícios da estaca e suas coordenadas de

interseção.

TAMANHO: determina o tamanho do vetor { }eiu e seus graus de liberdade associados.

Subrotinas processadas iterativamente:

TRASFEIX: determina a matriz de transformação de eixo do reforço e sua transposta;

MRIGIDX: determina a matriz de rigidez do elemento viga para o trecho do elemento

analisado de acordo com a equação 3.11;

PRIME: transforma a rigidez do elemento de viga para o eixo xy segundo a equação 3.13;

Page 71: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

53

FUNQSI: calcula o valor de a

pi

l

S para a aresta interceptada;

RELACAO: monta [ ]MRUF

TRANSREL: determina [ ]TMRUF

FTRT: calcula a força axial gerada no segmento do reforço no interior do elemento CST,

limitando a força axial máxima pelas forças máximas cisalhantes em cada interface e pela

força de escoamento do reforço;

ESFORCOS: calcula os deslocamentos transversais ao eixo do reforço e a rotação dos

mesmos, as conseqüentes forças internas, extrapola para os nós e acrescenta ao vetor de forças

internas nodais da malha determinado na iteração;

CRITRUPT: limita os momentos atuantes nos pontos nodais do reforço segundo o critério de

ruptura escolhido;

CORRFM: faz a correção (limita) da força axial e do momento fletor no reforço (grampo),

para o caso de ocorrência de plastificação devido ao carregamento combinado;

CONSI: aplica a convenção do sentido das forças axiais de reação do reforço;

DISFOR: distribui a força axial gerada pelo reforço para os nós do elemento CST atravessado

pelo mesmo.

1a ETAPA: Identificação dos elementos atravessados pelo sistema (grampo/nata), e

respectivos pontos de interseção:

Para proceder tal identificação, é necessário, primeiramente, realizar-se uma

simplificação: durante a introdução da inclusão na malha, considera-se apenas a equação da

Page 72: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

54

reta formada por pontos extremos da inclusão e hipotetiza-se a interseção desta em apenas

uma faixa de elementos CST’s. Espera-se que esta hipótese seja válida em função do

pequeno diâmetro do reforço e das dimensões elevadas dos taludes discretizados.

O elemento CST é composto por três segmentos de reta delimitado pelas coordenadas

de seus nós. O que se pretende fazer é, tão somente, verificar para cada elemento, se os

segmentos de reta que o formam são ou não interceptados pelo segmento de reta que define o

sistema grampo/nata. Se tiver ocorrido tal interseção, identifica-se os dois pontos de

interseção através de suas coordenadas e o número do elemento interceptado pelo reforço.

2a ETAPA: Cálculo dos deslocamentos relativos entre pontos de interseção:

Inicialmente deve-se visualizar o sistema de forças envolvidas no reforço. Referindo-

se à Figura 3.7, o vetor de deslocamentos e rotações do reforço apresenta a seguinte forma:

{ }

θ

θ=

B

B

B

A

A

A

r

v

u

v

u

u 3.16

Em uma malha de elementos finitos cada elemento atravessado pelo sistema

grampo/nata é analisado individualmente, portanto as extremidades nestes casos são os pontos

de interseção entre o elemento e o sistema grampo/nata.

As forças geradas nestes pontos de interseção A e B de tal figura a partir dos

deslocamentos mostrados na equação 3.17 podem ser determinadas segundo a rigidez do

elemento grampo por:

{ } [ ] { }rrr ukf ⋅= 3.17

Page 73: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

55

O reforço (grampo) inserido na malha intercepta, segundo a hipótese feita, elementos

CST’s específicos, podendo coincidir com: a) duas arestas, b) uma aresta e um nó ou c) dois

nós. Analisa-se abaixo cada uma destas hipóteses.

a) Reforço intercepta somente arestas:

GRAMPO

k

i

j

A

B

Ljk

SB

SALij

Figura 3.11 - Elemento grampo intercepta 2 arestas do elemento CST

Neste momento, os deslocamentos dos nós A e B são incógnitas no problema, portanto

a equação 3.17 não pode ser resolvida. Em contrapartida, os deslocamentos dos nós i, j e k já

apresentam-se determinadas pela iteração ocorrida no programa principal. Portanto, partindo-

se do pressuposto básico da implementação, deve-se determinar:

{ } [ ] { }eir uMRUFu ⋅= 3.18

sendo,

[ ]MRUF – matriz que relaciona os deslocamentos “fictícios” com deslocamentos nodais dos

elementos que influenciam no trecho analisado, sendo formado por:

Page 74: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

56

[ ]

[ ][ ]

[ ][ ][ ]

[ ]

=

B

B

B

A

A

A

MR

MRUV

MRUH

MR

MRUV

MRUH

MRUF

[ ]piMRUH – matriz linha que relaciona deslocamentos horizontais;

[ ]piMRUV – matriz linha que relaciona deslocamentos verticais;

[ ]piMR – matriz linha que relaciona rotação;

pi – indica o ponto de interseção analisado;

{ }eiu – vetor de deslocamentos de elementos que influenciam no trecho analisado.

Neste caso { }eiu configura os deslocamentos do próprio elemento interceptado, pois

está relacionado apenas com os nós i, j e k, ou seja:

{ }

=

k

k

j

j

i

i

ei

v

u

v

u

v

u

u 3.19

A montagem de [ ]piMRUH e [ ]piMRUV é feita interpolando-se linearmente os

respectivos deslocamentos nodais da aresta interceptada:

{ } [ ] { } [ ] { }eipiv

eipipiv

r uNuMRUVu ⋅=⋅= 3.20

{ } [ ] { } [ ] { }eipih

eipipih

r uNuMRUHu ⋅=⋅= 3.21

sendo,

Page 75: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

57

[ ]vpiN e [ ]h

piN – matrizes de interpolação vertical e horizontal, respectivamente, para o ponto

de interseção pi analisado, que relacionam os deslocamentos verticais e horizontais, { }vpiu e

{ }hpiu , do ponto de interseção.

Como exemplo de montagem das matrizes de interpolação, seja o ponto A da Figura

3.11. Neste caso a matriz de interpolação horizontal apresenta a seguinte forma:

[ ] [ ]0000 jipih NNN = 3.22

As funções lineares de interpolação utilizadas para a montagem de [ ]vpiN e [ ]h

piN

apresentam a seguinte forma:

a

pii l

SN −= 1 3.23

a

pij l

SN = 3.24

onde, piS está definido na Figura 3.11 e al é o comprimento da aresta interceptada.

A montagem de [ ]piMR é feita considerando-se a variação angular da aresta que

contém o ponto de interseção. Seja , por exemplo, uma aresta interceptada qualquer ji

representada na Figura 3.11 e os devidos deslocamentos nodais já determinados (iu , iv , ju e

iv ).

Assumindo que a rotação desta aresta seja muito pequena, pode-se escrevê-la da

seguinte forma:

ij

ijijij l

dtdttan

−=ϕ≅ϕ 3.25

Page 76: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

58

onde, idt e jdt são os deslocamentos transversais à aresta (Figura 3.12), sendo escritos em

função dos deslocamentos nodais e do ângulo de inclinação da mesma com o eixo X (aβ ).

Desta forma pode-se obter a seguinte equação:

{ } [ ] { }eipiijpir uMRu ⋅=ϕ=θ 3.26

sendo,

{ }θpiru - deslocamento rotacional do ponto de interseção pi associado à rotação da aresta

analisada.

i

j

ui

vi

dti

uj

vj

x

ϕij

βa

dtj

Figura 3.12 – Rotação da aresta interceptada ij da Figura 3.11

Apenas como efeito ilustrativo, a matriz [ ]MRUF para o exemplo considerado na

Figura 3.11, apresenta a sua forma final como mostrado na equação 3.27 a seguir.

Page 77: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

59

[ ]

ββ−

β−

βξξ−

ξξ−

ββ−

β−

βξξ−

ξξ−

=

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

ij

L

cos

L

sen

L

cos

L

sen00

01000

00100

00L

cos

L

sen

L

cos

L

sen00010

00001

MRUF 3.27

onde, referindo-se a Figura 3.11 e respectivamente, a 1ª e 4ª linhas prescrevem os

deslocamentos horizontais dos pontos A e B; a 2ª e 5ª os deslocamentos verticais dos mesmos

pontos e a 3ª e 6ª linhas as rotações das arestas ij e jk . Sendo, a

pi

l

S=ξ

b) Reforço intercepta Ponto Nodal:

Para o caso de interseção coincidente com um ponto nodal, a determinação das

matrizes de deslocamento horizontal e vertical ocorre da mesma forma descrita no item

anterior. Evidentemente que os deslocamentos horizontal e vertical do reforço coincidem

com os do nó interceptado, visto que o valor de piS da Figura 3.11 é nulo. Isto condiz com

uma das características das funções de interpolação, que assume o valor unitário quando

avaliada no nó referente a ela e nulo em qualquer outro.

A determinação da matriz de rotação é realizada de uma forma um pouco diferente.

Para o ponto interceptado propôs-se a determinação da resultante de rotações das arestas que

concorrem para aquele nó, imaginando que isto representaria uma média de rotações dos

elementos (solo) adjacentes ao nó. Portanto, aplica-se o mesmo procedimento descrito,

anteriormente, para cada aresta concorrente ao nó em separado e procede-se a soma das

mesmas. O valor resultante representa a rotação daquele ponto. Para realização desta soma é

necessário escrever-se { }ru em função de um vetor de deslocamentos nodais que seja

representativo de todos os deslocamentos envolvidos na composição dos dois pontos de

interseção do trecho. Consequentemente, { }eiu apresenta uma dimensão diferente da anterior,

que será função do número de arestas envolvidas.

Page 78: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

60

Seja, por exemplo, o trecho ab do reforço na Figura 3.13. Para o nó a do reforço as

variáveis primárias que concorrem para a determinação dos deslocamentos deste ponto –

{ } θ,v,u

aru apenas os deslocamentos nodais referentes aos nós i e j , calculados por

interpolação e pela determinação da rotação da aresta interceptada, como descrita para o caso

considerado.

Para o nó b do reforço, pode-se notar que os elementos n ao 3n + possuem em

comum este nó, portanto concorrem de alguma forma na determinação dos deslocamentos do

reforço. Isto é, os deslocamentos nodais que influenciam na determinação de { } θ,v,u

bru são os

referentes aos nós destes elementos, ou seja, i , j , l , m .

b, k

m c l

jai

n

n+1

n+2

n+3

Figura 3.13 – Elemento grampo intercepta um nó

O vetor deslocamentos para o trecho ab do reforço deve agregar as informações de

ambos os pontos de interseção que, para o caso, apresenta a seguinte forma:

{ } { }Tmmllkkjjii

Tei vuvuvuvuvuu = 3.28

Page 79: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

61

A consideração da rotação do ponto b é feita pela determinação da média das

variações angulares de todas as arestas que concorrem para o devido ponto nodal (Figura

3.13), devidamente compatibilizadas para a dimensão do vetor {uei}, ou seja:

{ } [ ] [ ] [ ] [ ] { }ei

b

mkkikljkbr u

4

MRMRMRMRu ⋅

+++=θ 3.29

ou, de uma forma mais generalizada

{ }[ ]

{ }ei

na

1ii

pir una

MRu ⋅=

∑=θ 3.30

onde, na é o número de arestas que concorrem ao ponto de interseção pi . Para o ponto a , o

procedimento é similar ao descrito anteriormente.

Para o caso de interseção de dois pontos nodais, o procedimento de determinação da

matriz de rotação é o mesmo, porém a dimensão do vetor de deslocamento nodais dos

elementos que concorrem para aquele trecho vai ter dimensão tal que agregue todos os nós

dos elementos que estão influenciando na análise do trecho.

b, k

m l

ji

ϕkm

ϕki

ϕkl

ϕkj

Figura 3.14 – Rotação das arestas concorrentes ao nó b do reforço

Page 80: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

62

Procedendo-se desta maneira a simplificação realizada inicialmente sobre a equação

de uma reta para inclusão do grampo é minimizada, assumindo uma região de influência do

reforço um pouco maior e não tão somente os deslocamentos nodais de um elemento em

separado.

Este procedimento suaviza a hipótese feita inicialmente sobre a consideração da

equação de uma reta para o reforço, pois desta maneira considera-se a influência de região um

pouco maior de influência na obtenção das variáveis primárias do reforço, pela média da

variação angular de várias arestas (vários pontos nodais) e não tão somente os deslocamentos

nodais de um elemento em separado.

3a ETAPA: Cálculo da força gerada no sistema grampo/nata:

Nesta etapa, primeiramente, calcula-se as forças axiais de reações nos reforços devido

aos deslocamentos axiais sofridos pelos pontos de interseção. Para determinação destas

forças são levados em conta as resistências ao cisalhamento nas interfaces aço/nata e

solo/nata, a tensão de escoamento do aço, sendo que a influência da tensão in situ na

resistência ao cisalhamento destas interfaces, também, é considerada (Tan et al., 1993).

As equações 3.31 a 3.53 foram obtidas experimentalmente.

A seguir é detalhado, passo a passo, este cálculo.

1 – Primeiramente, define-se os limites elásticos mínimo (situação em que não há

confinamento) e máximo (confinamento completo), sem a contribuição da tensão “in situ”.

( )h2378,0

a

RR

RRRCS%108LR2F

21

22

21

22

01min ⋅⋅π⋅

+−⋅⋅−⋅⋅⋅π= 3.31

sendo,

minF – Limite elástico mínimo;

1R – Raio do reforço;

2R – Raio do furo;

Page 81: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

63

0L – Comprimento do reforço envolto pela nata (para o grampo 0LL = , não existe trecho

livre);

RCS – Resistência à compressão simples da nata;

a – Raio dos fios que compõem o reforço;

h – comprimento dos fios que compõem o reforço.

1a

h1944,0

RCS%50LR2F

201max

+

⋅π⋅

⋅⋅⋅⋅π= 3.32

sendo,

maxF – Limite elástico máximo

2 – Posteriormente, define-se o fator de confinamento, o qual influencia o limite

elástico da situação analisada.

( )( ) ( )

( )21

22N1N1

21N1

22N1

SS

S

21

22N1

21

RREm

R1mR1mEm1m

RRE

R2

FC

−⋅⋅⋅++⋅−

+⋅+

−⋅= 3.33

sendo,

FC - Fator de confinamento;

N1E – módulo de elasticidade da nata;

N1m – inverso do coeficiente de Poisson da nata;

SE - módulo de elasticidade do solo;

Sm – inverso do coeficiente de Poisson do solo;

2R – Raio do furo;

1R – Raio do reforço.

Page 82: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

64

Neste caso, existem duas considerações extremas que são:

a) situação sem confinamento, ou seja, a pressão radial na parede externa da

nata é nula.

0Prc2 =

b) situação de confinamento perfeito (completo), ou seja, os deslocamentos

radiais na parede externa da nata são nulos.

0U 2Rr =

3 - Obtêm-se, então, o limite elástico, em função do confinamento, para a situação de

uma inclusão cujo comprimento envolto pela nata é de 0,25m. Este limite pode ser qualquer

valor entre minF e maxF .

( ) ( ) minminmax*e FFFFC40,017,0F +−⋅⋅+= 3.34

onde

*eF - Limite elástico sem consideração do confinamento gerado pela tensão in situ.

4 – Calcula-se o fator que correlaciona o comprimento da inclusão envolto pela nata

com seu limite elástico.

( )25,0

25,0L7,01j 0

1

−⋅+= 3.35

onde

j 1 – Fator de correlação (relação entre o limite elástico e o comprimento do grampo envolto

em nata).

Page 83: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

65

5 – Rescreve-se o limite elástico, agora para qualquer comprimento de inclusão

envolto em nata. No caso de grampos todo comprimento está envolto em nata, não há trecho

livre.

( ) ( ){ }minminmax1e FFFFC40,017,0jF +−⋅⋅+⋅=∗ 3.36

6 – Uma vez definido o limite elástico, passa-se a determinação do limite de ruptura.

Determina-se qual a tensão normal ao eixo da inclusão interna máxima, na interface

grampo/nata possível de ocorrer, em uma situação de carga uniaxial e confinamento perfeito.

Tal tensão corresponderia a um limite de ruptura na nata. Logo tem-se:

RCS10,0K0006,042,3P cr ⋅+⋅+−= 3.37

sendo,

rP – Tensão normal máxima possível de ocorrer na interface grampo/nata;

cK – rigidez da nata.

7 – A partir desta pode-se calcular o incremento de força pós-elástico, que

corresponde a uma resistência cisalhante da interface grampo/nata.

Z011 PLjR2F ⋅⋅⋅⋅π=∆ 3.38

ou

Z012 PLjR2F ⋅⋅⋅⋅π=∆ 3.39

sendo,

F∆ – Incremento de carga pós-elástica;

ZP – Tensão cisalhante nas interfaces reforço/nata e nata/solo, respectivamente, equações

3.38 e 3.39.

Page 84: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

66

( ) rZ PP ⋅+= αϕtan 3.40

e

ϕtan2 ⋅= risZ PP 3.41

Na Figura 3.15, ϕ o ângulo de atrito e α é o ângulo de dilatância na interface

grampo/nata.

ϕα

kk

kknata

reforço

Figura 3.15 – Resistência ao cisalhamento na interface aço/nata

8 – Tem-se, então definido os limites elástico *eF e de ruptura que é ( FF*

e ∆+ ).

Entretanto, há que se considerar o efeito da tensão “in situ” sobre os mesmos.

ϕπσ tan2 21 ⋅⋅⋅⋅=∆ risPLRF 3.42

sendo,

LR2 1 ⋅⋅π – Área lateral da superfície da inclusão;

ris2P – Tensão radial “in situ”;

ϕ - Ângulo de atrito.

Page 85: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

67

σ∆F - Incremento de carga devido à tensão “in situ”. A variação desta tensão influencia na

trajetória de força como é mostrado na Figura 3.17.

∆Fσ

reforçonata

natacarga

PZ

∆Fσ

Figura 3.16 – Influência da tensão “in situ” na resistência ao cisalhamento nas interfaces

(Tan, Bawden e Pelley, 1993)

Deslocamento

cargacurva de trajetória deForça 1

curva de trajetória deForça 2

Figura 3.17 – Influência da tensão in situ sobre a trajetória de força solicitada à

ancoragem

Page 86: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

68

9 – Pode-se, então, redefinir os limites elásticos (equação 3.43) e de ruptura (equação

3.44), agora somando-se a influência da tensão “in situ”.

σ∆+⋅= ∗ FFjF e1e 3.43

FFFjF e1u ∆+σ∆+⋅= ∗ 3.44

sendo,

eF – Limite elástico;

uF – Limite de ruptura.

10 – Estando definido os limites de força elástica e de ruptura, faz-se necessário

conhecer seus respectivos deslocamentos.

Ensaios efetuados por Goris (1989) e Reichert (1991) (apud, Tan et al. 1993) definem

que para um comprimento de reforço de 0,25m embebido em nata os deslocamentos elástico

( eδ ) e de ruptura (uδ ), são:

003,0e =δ 3.45

034,0eu +δ=δ 3.46

Estendendo-se a solução acima para o caso de se ter um comprimento aleatório de

reforço envolto em nata, tais expressões são rescritas como:

003,0j1*e ⋅=δ 3.47

034,0*e

*e +δ=δ 3.48

Page 87: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

69

11 – De posse das forças limites elástica e de ruptura, e seus respectivos

deslocamentos obtém-se uma relação força vs. deslocamento composto por 4 segmentos

lineares. O que é mostrado na Figura 3.18.

δ−δ+δ=δ

∗∗∗

2eu

ei 3.49

Deslocamento

carga

δe=f1*3mmδi=δe+1/2*(δu-δe)Fi=Fe+2/3*(Fu-Fe)

Fu

Fi

Fe

δe δi

1

2

3

4

δu

Figura 3.18 – Modelo multi-segmentado de relação força vs. deslocamento

12 – Em função do deslocamento (δ ) sofrido pela interface sabe-se em qual segmento

de reta calcula-se a força solicitada na interface.

Este cálculo é realizado pelas equações 3.50, 3.51, 3.52 e 3.53 referentes,

respectivamente, aos segmentos de reta (1), (2), (3) e (4).

δ⋅δ

=e

eFF para eδ≤δ 3.50

( )eueu

ee FF

34

FF −⋅δ−δ

δ−δ⋅+= para

δ−δ

+δ≤δ<δ2

euee 3.51

Page 88: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

70

( )eueu

ue FF

32

FF −⋅δ−δδ−δ

⋅−= para ueu

e 2δ≤δ<

δ−δ

+δ 3.52

uFF = para uδ>δ 3.53

13 – Quanto a força axial gerada no aço (reforço) esta segue a lei de Hooke.

δ⋅= kF 3.54

Sendo, a rigidez representada por um elemento de barra (equação 3.55).

LAE

k⋅= 3.55

sendo,

E – Módulo de elasticidade do aço;

A – Área da seção transversal do aço (reforço);

L – Comprimento do reforço envolto em nata, no caso, do grampo 0LL = .

14 – De posse dos limites de ruptura das duas interfaces, e da tensão de escoamento,

adota-se entre estes, o menor valor para reger o limite de ruptura do sistema.

Com relação à força solicitada pelo sistema adotar-se-á a maior força dentre aquelas

solicitadas nas interfaces e no aço, e toma-se como limite para tal, o limite de ruptura do

sistema, anteriormente, descrito.

15 – Como pode-se notar a parcela referente à flexão ainda não foi inserida na

formulação. Logo passa-se, agora, a descrever o a formulação referente à flexão.

Page 89: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

71

Para incluir o comportamento à flexão do grampo no modelo proposto, aplicou-se uma

formulação de material “compósito”, cuja rigidez à flexão “equivalente” foi adicionada ao

grampo através da restrição de deslocamentos transversais e rotações das interseções dos

grampos com os elementos.

Primeiramente, para contabilizar o efeito referente à flexão, calcula-se os parâmetros

do grampo através de seus dados geométricos, como mostrado abaixo:

π⋅= A4

d 3.56

sendo,

d – Diâmetro do reforço;

A – Área da seção transversal do aço (reforço)

2dD

e−= 3.57

sendo,

D – Diâmetro do furo;

e – espessura da nata, que cobre o reforço.

64d

I4

G

⋅π= 3.58

sendo,

GI – Momento de inércia referente ao reforço.

( )44N dD

64I −π= 3.59

sendo,

NI – Momento de inércia referente ao anel de nata.

Page 90: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

72

Determinados os parâmetros de cada material componente da seção transversal do furo

(reforço e nata), calcula-se as características do material equivalente.

O momento de inércia do material equivalente é dado pele seguinte equação:

4eq D

64I ⋅π= 3.60

sendo,

eqI – Momento de inércia referente ao material equivalente;

D – diâmetro do furo.

Logo o módulo de elasticidade do material equivalente será dado por:

⋅+⋅=

eq

NNGGeq I

IEIEE 3.61

sendo,

eqE - módulo de elasticidade do elemento equivalente.

As forças reativas transversais do reforço (atuando como elemento de viga) podem,

então, ser determinadas segundo a equação 3.62 (substituição da equação 3.18 em 3.17), de

acordo com os casos de interseção mencionados.

{ } [ ] [ ] { }eirr uMRUFkf ⋅⋅= 3.62

As rotações desaparecem por um processo de condensação cinemática que é alcançado

pré multiplicando a equação 3.62 pela transposta de [ ]MRUF (equação 3.63):

[ ] { } [ ] [ ] [ ] { }eirT

rT uMRUFkMRUFfMRUF ⋅⋅⋅=⋅ 3.63

ou, de uma outra forma:

Page 91: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

73

{ } [ ] { }eiukf ⋅= ∗∗ 3.64

sendo,

[ ]*k - matriz de rigidez do novo sistema contabilizando a rigidez do elemento grampo;

{ }*f - vetor de forças internas nodais devido à reação do grampo.

16 – Efeito do carregamento axial no momento plástico (carregamento combinado):

Após calculado a força axial e o momento fletor no reforço, verifica-se se há

plastificação na seção através da equação 3.65. Como se observar o reforço pode não

plastificar pela ação isolada do momento fletor e da força axial, mas pode plastificar pela

combinação destes. A plastificação devido ao esforço combinado garante que a seção

plastificou pela ação conjunta do momento e da força axial ou por pelo menos um destes.

IcM

AFax

y

⋅±=σ 3.65

sendo,

σy - Tensão de escoamento do material;

Fax - Força axial no reforço;

A - área da seção transversal;

M - momento fletor;

c – distância do centro à extremidade mais comprimida ou tracionada;

I - momento de inércia.

Na presença de carregamento axial (tração ou compressão), o eixo neutro não divide

uma seção em duas áreas iguais, como no caso de flexão simples. O momento plástico de

seções duplamente simétricas (seções retangulares, seções I laminadas e circulares) é sempre

reduzido pela presença de uma força axial, mas no caso de seções mono simétricas

flexionadas no plano de simetria (seção T) não é tão simples.

Page 92: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

74

As seções retangulares, I laminadas e T são tratadas separadamente em Horne (1971) e

a seção circular, que é de suma importância neste trabalho, será tratada a seguir.

Seção circular na presença de carregamento axial:

Figura 3.19 – Flexão Plástica numa seção circular em presença de esforço axial

Para a seção circular na Figura 3.19, o eixo neutro plástico AA desloca-se sob um

carregamento axial P para uma posição distante de a do eixo centróide XX, dando a

distribuição de tensão mostrada. A seção é totalmente plastificada sob a ação combinada da

carga P atuando através do centróide e um momento fletor pM' atuando no eixo centróide

XX.

A relação entre PM' e P pode, convenientemente, ser obtida para uma seção

duplamente simétrica, tal como pela consideração da distribuição total de tensão, como pela

composta de duas componentes de distribuição, mostrado na Figura 3.19(b) e (c). A

distribuição de tensão na Figura 3.19(b) contribui na carga axial, mas não no momento fletor,

enquanto que na Figura 3.19(c) contribui no momento fletor, mas não na carga axial.

Portanto,

Page 93: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

75

y2

2

2

222 a41a

a41arcsen

24P σ⋅

φ⋅−⋅⋅φ+

φ⋅−⋅φ−φ⋅π= 3.66

Se a seção for plastificada somente sob carregamento axial, o valor da carga axial será:

yP AP σ⋅= 3.67

Como,

4A

2φ⋅π= 3.68

então, substituindo 3.68 em 3.67, tem-se:

y

2

P 4P σ⋅φ⋅π= 3.69

sendo,

A - área da seção transversal (no caso do grampo, seção circular);

φ - diâmetro da seção transversal;

PP - carga de esmagamento;

yσ - tensão de escoamento do material;

a - distância do eixo centróide XX ao eixo neutro plástico AA.

Como,

PPP

n = 3.70

sendo,

n - índice carga de esmagamento

dividindo numerador e denominador da equação 3.70 pela área (A ), tem-se:

Page 94: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

76

y

AP

= 3.71

Logo, substituindo as equações 3.66 e 3.68 em 3.71, tem-se:

2

2

2

2 a41

a4a41arcsen

21n

φ⋅−⋅

φ⋅π⋅+

φ⋅−⋅

π−= 3.72

Como, pZ é o módulo de plasticidade, então para seção circular, tem-se:

6Z

3

p

φ= 3.73

e pZ' é o módulo de plasticidade modificado, isto é, levando em conta o efeito do

carregamento axial.

( ) p2

p Zn1Z' ⋅−= 3.74

Logo, podemos expressar o momento plástico (pM' ) pelo módulo de plasticidade

modificado ( PZ' )

ypp 'ZM' σ⋅= 3.75

Portanto, o momento plástico ( pM' ) de uma seção circular varia parabolicamente com

a carga axial ynAP σ⋅⋅= , como mostrado na Figura 3.19, tornando-se nulo para o valor da

carga de esmagamento (pP ). Segundo Crandall (1978),

Tabela 3.3 – relação entre o momento plástico e o momento limite elástico (início do

escoamento)

seção transversal Mp/M y

retangular 1.5circular 1.7cilindro de parede fina 1.3viga I 1.1 – 1.2

Page 95: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

77

Logo, para seções circulares, tem-se:

yp M7,1M ⋅= 3.76

sendo,

pM - momento fletor limite;

yM - momento fletor no início do escoamento.

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

P1/Pp

M'p

/Mp

SEÇÃO CIRCULAR SEÇÃO RETANGULAR

Figura 3.20 – Efeito da força axial no Momento Plástico

A seguir apresenta-se um quadro resumo de alguns modelos numéricos utilizados para

simulação dos grampos na malha de elementos finitos

Page 96: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

78

Tabela 3.4 - Resumo das características de modelos usados em análises tridimensionais

de estruturas grampeadas

AUTORES

Características

do material

Cardoso e Carreto (1990) Briaud e Lim (1997) Smith e Su (1997)

solo elástico linear hiperbólico elastoplástico

reforço elástico linear elástico linear elastoplástico

interface elástico linear - -

Tip

o de

mat

eria

l

face - elástico linear -

solo 4 “brick” (8nós) “brick” (4nós)

reforço 4 de viga / “micro-estaca” “brick” (14nós)

interface 4 - -

Tip

o de

elem

ento

face 4 bidimensional “brick” (14nós)

Tabela 3.5 – Resumo das características de modelos usados em análises bidimensionais

de estruturas grampeadas

AUTORES

Características

do material

Lima (1996) Cardoso e Carreto

(1990)

Lopes e Cardoso

(1991)

Silva (1999)1

solo elastoplástico hiperbólicas elastoplástico elastoplástico

reforço elástico linear elástico linear elastoplástico elastoplástico

interface - - elastoplástico 2

Tip

o de

mat

eria

l

face - - - -

solo bidimensional (6 e 8 nós) bidimensional (5 nós) CST

reforço

unidimensional (3 nós)

de viga (reforços rígidos)

de barra (reforços flexíveis)

barra barra (2nós) 3

interface - junta junta (4 nós) 3

Tip

o de

ele

men

to

face unidimensional (3 nós) - bidimensional (5 nós) -

Page 97: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

79

Observações:

1 – Modelo proposto neste trabalho “ Análise numérica de estruturas grampeadas”;

2 – As interfaces usam restrições de resistência ao cisalhamento para controlar as deformações;

3 – Os reforços e as interfaces são modelados por elementos “fictícios”, já que estes não são

discretizados na malha de elementos finitos e sim inseridos nesta malha por intermédio de um arquivo de

configuração, a qual contabiliza as reações do reforço por redução de deslocamentos ;

4 - É usado um material equivalente de características elásticas anisotrópicas para simulação do

problema.

4a ETAPA: Distribuição da força por nós do elemento:

A força mobilizada nas duas extremidades do sistema grampo/nata, entendendo

extremidade como os pontos de interseção entre o elemento CST e o sistema grampo/nata, é

distribuída para os nós do elemento CST, somando-se ao vetor de forças internas do programa

DYNREL.

O vetor de forças internas { }*f deve ser acrescido ao vetor de forças internas nodais da

malha, calculado no programa principal para o passo de tempo anterior, durante a

determinação das forças desbalanceadas do sistema para a próxima iteração. Desta forma, o

efeito resistente do elemento estabilizante (grampo) é garantido, repetindo-se a cada iteração.

5a ETAPA: Implementação da condição de Pré-tensionamento:

Na implementação da condição de pré-tensionamento a força a ser adicionada é

preestabelecida, sendo esta somada não ao vetor de forças internas, mas ao vetor de forças

aplicadas do programa DYNREL. Esta soma se faz antes do primeiro passo de deslocamento,

de tal forma que quando os deslocamentos forem calculados, no primeiro passo de iteração, a

força de pré-tensionamento já estará somada ao vetor de força aplicada, vetor este responsável

por deslocamentos calculados no primeiro passo de iteração. Para o caso do grampo este

valor de pré-tensionamento é considerado como nulo em todas as análises realizadas à frente,

Page 98: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo III 3.4 Implementação numér ca de grampos

80

mas podendo se adotar valores bem baixos, simplesmente, com o intuito de garantir a iteração

da face da parede (revestimento) com o grampo.

6a ETAPA: Influência sobre o intervalo de tempo do passo de iteração:

Ao simular os efeito de reação do sistema de reforço grampo/nata, e adicioná-los aos

nós do elemento, é como se estivesse alterando a rigidez do elemento e, consequentemente,

alterando a velocidade de propagação da onda de deformação no elemento em questão, de tal

forma que este elemento poderá fornecer o menor cálculo de intervalo de tempo entre todos os

elementos da malha. Portanto seria necessário que todos os elementos atravessados pelo

sistema de reforço grampo/nata, tivessem o seu intervalo de tempo recalculado, agora numa

associação com sistema grampo/nata e verificado, então entre todos os elementos da malha

qual o menor intervalo de tempo, o qual seria adotado para cada passo de iteração.

Entretanto isto não se fez necessário uma vez que o programa DYNREL possui uma

variável de entrada denominada time-frac, cuja função é justamente multiplicar o valor de

menor intervalo de tempo calculado entre todos os elementos da malha, por um valor entre 0 e

1. O fator de redução (time-frac) funciona como um fator de segurança para o cálculo do

intervalo de tempo para o passo de iteração. Desta forma pode-se alterar o intervalo de tempo

utilizado para o passo de iteração de forma a evitar situações de instabilidade numérica

causada pelo aumento de rigidez de um elemento atravessado pelo grampo/nata.

Page 99: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

CAPÍTULO IV

EXEMPLOS DE VALIDAÇÃO E DE APLICAÇÃO

4.1 – Exemplos de Validação:

Após a descrição do funcionamento do DYNREL para análise de estruturas

grampeadas, feita no capítulo anterior, passa-se, neste instante, a uma etapa de testes afim de

validar o comportamento do elemento grampo sujeito tanto a esforços axiais quanto a esforços

transversais (de flexão). O objetivo primário desta avaliação está na correta determinação de

forças internas geradas no elemento grampo e posterior transferência aos devidos nós dos

elementos finitos interceptados.

Como no DYNREL se encontra implementado os elementos tirante/cabos (Charbel,

1996) e estaca (Bello, 1997), que trabalham à tração e à flexão, respectivamente, o que se

propõe aqui é submeter o grampo a esforços de tração e de flexão em ensaios distintos com o

intuito de comparar estes resultados com os dois casos de eficácia já comprovadas em teses

desenvolvidas por Charbel (1996) e Bello (1997) no departamento.

A simulação dos testes é feita pela criação de uma malha de elementos finitos através

de um pré-processador denominado o MTOOL desenvolvido na própria PUC-RIO. Nela

pode-se observar o valor da carga aplicada, os parâmetros de resistência utilizados e a posição

da inclusão ensaiada.

A magnitude da tolerância (TOL) é estipulada pelo usuário a partir do arquivo de

configuração do programa principal. Ela é comparada com as forças desequilibradas do

sistema, calculadas à cada passo de tempo. Estima, basicamente, a precisão que se quer

aplicar à análise. Para obtenção de valores razoáveis de precisão indica-se uma tolerância

mínima de 1% do valor da carga aplicada (Bello, 1997). Obviamente, maior precisão indica

mais iterações necessárias e , consequentemente, maior esforço computacional.

Page 100: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

82

4.1.1 – Validação do comportamento axial dos grampos:

Para validação do comportamento axial, considerou-se o grampo sujeito somente a

esforços axiais afim de reproduzir o comportamento do tirante/cabo elástico linear e compará-

los à solução analítica para comprovar a efetividade da implementação numérica.

Primeiramente, descreve-se o problema a ser analisado com auxílio da Figura 4.1.

Figura 4.1 – Geometria e condições de contorno do problema analisado

sendo,

H – altura ou comprimento do maciço;

L – largura do maciço;

Fy – carga linearmente distribuída.

Com o intuito de ilustrar o problema analisado, utilizou-se, de maneira hipotética, um

material rochoso elástico linear atravessado ao centro por uma inclusão (tirante/cabo ou

grampo) elástico linear, sujeito a um campo de tensão distribuído uniformemente no topo da

malha, e apresentando na base apoios de primeiro gênero, sob a análise de deformação plana.

Page 101: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

83

O modelo reológico que representa a associação do material rochoso (terroso) elástico

linear com a inclusão (tirante/cabo ou grampo) elástico linear é mostrado na Figura 4.2.

Como se pode notar trata-se de uma associação em paralelo entre o material rochoso

(ou terroso) e a inclusão (tirante/cabo ou grampo), garantindo que ambos estarão sujeitos ao

mesmo campo de deformação.

MATERIALROCHOSO OUTERROSO

INCLUSÃO

Figura 4.2 – Modelo reológico relativo à associação de material rochoso (ou terroso) e

inclusão (tirante/cabo ou grampo), ambos apresentando comportamento elástico linear

A solução analítica para o problema descrito acima e mostrado na Figura 4.1 está

apresentada no Apêndice A.

Os resultados numéricos foram obtidos através de uma malha de elementos finitos de

10m de altura (H) por 10m de largura (L) mostrada na Figura 4.3. Nesta malha colocou-se

uma inclusão (tirante/cabo ou grampo) com diâmetro de 0.30m e 10m de comprimento,

vertical e passando pelo nó 3 que está localizado no centro da malha.

Utilizou-se como propriedade de módulo de elasticidade da inclusão (EAÇO) um valor

simbólico extremamente pequeno, afim de obter grandes deslocamentos e ressaltar melhor as

diferenças entre a solução analítica e numérica caso existissem.

Fez-se diversos ensaios com diferentes cargas linearmente distribuídas ( )Fy aplicadas

no topo da malha e os deslocamentos provenientes desta análise numérica com inclusões

Page 102: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

84

(tirante/cabo e grampo) foram comparados com os deslocamentos equivalentes ( )DEQ da

solução analítica, cuja seqüência de cálculo esta mostrado no Apêndice A, provenientes da

mesma variação de cargas, como pode ser visto na Figura 4.4 que representa um gráfico de

deslocamento vs. Força Aplicada.

Figura 4.3 – Malha de Elementos Finitos (MEF) que representa a geometria do

problema analisado e mostrado na Figura 4.1

0.00

0.02

0.04

0.06

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

F (MN/m)

DE

SLO

CA

ME

NT

O (

m)

TIRANTE

GRAMPO (SUJEITO SOMENTE À TRAÇÃO)

ANALÍTICO

Figura 4.4 – Deslocamento axial para o trecho linear elástico do aço, ou seja, das

inclusões (tirante/cabo e grampo)

Page 103: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

85

4.1.2 – Validação do comportamento à flexão dos Grampos:

Para validação do comportamento à flexão dos grampos partiu-se para a modelagem

de ensaios de flexão de vigas bi-apoiadas, tipicamente empregados na área estrutural, que

apresentam soluções analíticas em termos de deslocamentos, rotações e momentos facilmente

encontradas na literatura sobre Mecânica dos Sólidos.

Para modelagem destes ensaios propôs-se, então, a discretização de um meio com

características nulas, de tal sorte que não existisse nenhum tipo de material agindo contrário

às deformações do grampo inserido na malha. Esta hipótese simula somente a existência de

ar naquela região garantindo que os deslocamentos sofridos pela malha são tão somente

resistidos pela rigidez da viga. Sendo assim, os valores de módulo de Elasticidade,

coeficiente de Poisson e peso específico para o material daquela região devem ser zerados.

Contudo, tem-se uma região da malha com certa massa e rigidez afim de possibilitar a

determinação do ∆t necessário ao algoritmo da Relaxação Dinâmica. As deformações

associadas a esta região devem, obviamente, ser restringidas para não influenciarem nos

resultados obtidos para a viga.

As inclusões empregadas nos ensaios de flexão possuem as seguintes características:

EG=12.000MPa, d=0,15m e L=4m, sendo que as soluções teóricas para os devidos ensaios

foram retirados de Timoshenko (1983).

Ensaio 1 – Viga bi-apoiada com carregamento Pontual no centro do vão

P

L/2 L/2

Figura 4.5 – Viga bi-apoiada com carregamento pontual

Page 104: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

86

Com o intuito de se obter a solução analítica do problema proposto acima e

visualizado através da Figura 4.5, lançou-se mão das seguintes equações para deflexão ( )ν e

inclinação da linha elástica ( )ν' mostradas abaixo, respectivamente.

( )22 x4L3EI48xP −⋅=ν

2L

x0 ≤≤ 4.1

( )22 x4LEI16P −=ν′

2L

x0 ≤≤ 4.2

A malha de elementos finitos utilizada para simular o ensaio proposto acima e

ilustrado pela Figura 4.5 é apresentada a seguir. A inclusão a ser inserida na malha de

maneira “fictícia” está situada no topo da malha na horizontal.

Figura 4.6 – Malha de elementos finitos (MEF) usada no ensaio 1

Page 105: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

87

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

X/L

DE

SLO

CA

ME

NT

O V

ER

TIC

AL

ESTACA (DYNREL)GRAMPO (DYNREL)ANALÍTICO

Figura 4.7 – Deslocamentos verticais obtidos no ensaio 1

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

X/L

RO

TA

ÇÕ

ES

ESTACA (DYNREL)

GRAMPO (DYNREL)

ANALÍTICO

Figura 4.8 – Rotações obtidas no ensaio 1

Page 106: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

88

Ensaio 2 – Viga bi-apoiada com carga distribuída

Q

L/2 L/2

Figura 4.9 – Viga bi-apoiada com carga distribuída

A malha de elementos finitos utilizada para simular o ensaio proposto acima e

ilustrada pela Figura 4.10 é apresentada a seguir.

Figura 4.10 – Malha de elementos finitos (MEF) usada no ensaio 2

Com o intuito de se obter a solução analítica do problema proposto acima e

visualizado através da Figura 4.9, lançou-se mão das seguintes equações para deflexão ( )ν e

inclinação da linha elástica ( )ν' mostradas abaixo, respectivamente.

Page 107: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.1 Exemplos de Val dação

89

( )323 xLx2LEI24xQ +−⋅=ν

2L

x0 ≤≤ 4.3

( )323 x4Lx6LEI24

Q +−=ν′2L

x0 ≤≤ 4.4

0,0

0,4

0,8

1,2

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

X/L

DE

SLO

CA

ME

NT

O V

ER

TIC

AL

ESTACA(DYNREL)

GRAMPO(DYNREL)

ANALÍTICO

Figura 4.11 – Deslocamento vertical obtidos no ensaio 2

-1,2

-0,8

-0,4

0,0

0,4

0,8

1,2

0,0 0,4 0,8 1,2

x/L

Rot

açõe

s

ESTACA (DYNREL)

GRAMPO (DYNREL)

ANALÍTICO

Figura 4.12 – Rotações obtidas no ensaio 2

Page 108: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

90

4.2 – Exemplos de Aplicação:

Com o intuito de estudar o comportamento de estruturas grampeadas, passa-se, neste

momento, a analisar alguns taludes de corte com grampos.

Para proceder tal análise, utiliza-se de um pré-processador (MTOOL) afim de facilitar

a geração de malhas de elementos finitos e um pró-processador (MVIEW) para visualização

dos diversos campos de tensão, de deformação, de deslocamentos e da função de

plastificação.

Estas análises são realizadas em solos com comportamento elástico e elastoplástico e

grampos com e sem rigidez à flexão, cujas análises são feitas antes e depois da escavação do

talude com a gravidade atuando em todos casos estudados a partir de agora.

4.2.1 – Influência da rigidez à flexão no comportamento de estruturas

grampeadas em relação ao tipo de análise aplicada:

Neste item não se objetiva determinar a relevância da rigidez à flexão em relação à

rigidez axial podendo levar em conta, também, a inconsistência de rigidezes. O que se faz é,

simplesmente, comparar valores de deslocamentos horizontais na face do revestimento e

deslocamentos verticais na superfície do terreno em análises elásticas e elastoplásticas.

Nesta análise foi utilizada uma malha de elementos finitos com solo considerado,

primeiramente, como um material elástico com módulo de elasticidade igual a 50MPa,

coeficiente de Poisson de 0.25 e peso específico de 19kN/m3 e, depois, como material de

Mohr-Coulomb com plasticidade constante com módulo de elasticidade 50MPa, coeficiente

de Poisson de 0.25, ângulo de atrito de 30º, ângulo de dilatância de 30º, coesão de 0.03MPa e

peso específico de 19kN/m3.

O grampo utilizado tem comprimento de 4m, módulo de elasticidade “simbólico” (E)

igual a 20700MPa e diâmetro de 0.4m.

A malha de elementos finitos (MEF) foi gerada com 36 elementos e 25 nós antes da

escavação como pode ser vista na Figura 4.13 e com 28 elementos e 21 nós após escavação, já

que 8 elementos foram escavados, como pode ser visto na Figura 4.14.

Page 109: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

91

Figura 4.13 – Malha de elementos finitos (MEF) antes da escavação

Figura 4.14 – Malha de elementos finitos (MEF) após da escavação

Na análise com solo no comportamento elástico não ocorreu diferença entre

deslocamento, quando se considerou o grampo com e sem rigidez à flexão, já no caso de

Page 110: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

92

análise elastoplástica ocorreu uma pequena diferença entre os deslocamentos gerados. Isto

pode ser melhor visualizado observando a Figura 4.15, Figura 4.16 e Figura 4.17.

-0.0001

0.0009

0.0019

0.0029

23456

Y (m)

Dx

(m)

SEM REFORÇO GRAMPO SEM RIGIDEZ À FLEXÃO HORIZONTAL GRAMPO HORIZONTAL

Figura 4.15 – Deslocamentos Horizontais na face do revestimento (o solo é considerado

como meio linear elástico)

-0.0001

0.0009

0.0019

0.0029

23456

Y (m)

Dx

(m)

SEM REFORÇO GRAMPO SEM RIGIDEZ À FLEXÃO HORIZONTAL GRAMPO HORIZONTAL

Figura 4.16 – Deslocamentos horizontais na face do revestimento (o solo é considerado

como meio de Mohr-Coulomb com plasticidade constante)

Page 111: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

93

0.000

0.002

0.004

0.006

0.008

23456

X (m)

Dy

(m)

SEM REFORÇO COM GRAMPO SEM RIGIDEZ À FLEXÃO COM GRAMPO

Figura 4.17 – Deslocamentos Verticais na superfície do terreno (o solo é considerado

como meio de Mohr-Coulomb com plasticidade constante)

Através da Figura 4.15 pode-se notar que não houve redução de deslocamentos na face

do revestimento quando se considerou o solo com um meio linear elástico. Pela Figura 4.16

observou-se que houve uma redução de deslocamentos na face do revestimento de 6% quando

se considerou o solo como um meio de Mohr-Coulomb com plasticidade constante. E,

finalmente, analisando o exemplo ilustrado pela Figura 4.17 notou-se uma redução de 3% nos

deslocamentos verticais na superfície do terreno., para um meio de Mohr-Coulomb com

plasticidade constante.

Logo nota-se que a resistência à flexão dos grampos é de pouca importância quando se

está num nível de tensões muito longe da plastificação do solo. Mais adiante será verificado a

sua influência em níveis de tensões próximo à ruptura dos solos.

4.2.2 – Influência da inclinação dos grampos no comportamento das paredes:

Nesta análise foi utilizada uma malha de elementos finitos com solo considerado como

um material elástico. Utilizou-se 4 (quatro) valores de inclinação do grampo inserido na

malha variando de 0 a 15º em passos de 5º.

Page 112: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

94

Todos grampos usados têm comprimento de 4m, módulo de elasticidade “simbólico”

(E) igual a 20700MPa e diâmetro de 0.4m. Os grampos 1, 2, 3, 4 têm inclinação de 0º, 5º, 10º

e 15º, respectivamente. A malha de elementos finitos (MEF) é a mesma do item anterior.

0.0000

0.0001

0.0002

0.0003

0.0004

0.0005

0.0006

4 5 6 7

Y (m)

Dx

(m)

SEM REFORÇO REFORÇO HORIZONTAL REFORÇO INCLINADO DE 5º REFORÇO INCLINADO DE 10º REFORÇO INCLINADO DE 15º

Figura 4.18 – Deslocamento Horizontal (Dx) da parede (face do talude escavado) com

grampo sem rigidez à flexão

0.0000

0.0002

0.0004

0.0006

0.0008

0.0010

0.0012

2 3 4 5 6

X (m)

Dy

(m)

SEM REFORÇO REFORÇO HORIZONTAL REFORÇO INCLINADO DE 5º REFORÇO INCLINADO DE 10º REFORÇO INCLINADO DE 15º

Figura 4.19 – Deslocamento Vertical (Dy) da superfície do terreno com grampo sem

rigidez à flexão

Page 113: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

95

Como podemos notar através do valor dos deslocamentos horizontais e verticais

(Figura 4.18 e Figura 4.19), a medida que a inclinação dos grampos vão aumentando, partindo

de um valor limite inferior 0º, estes deslocamentos aumentam e se aproximam dos valores de

deslocamentos quando o talude é analisado sem inclusão. Observa-se, então que para um

mesmo comprimento de reforço a sua influência vai diminuindo a medida que se aumenta sua

inclinação.

4.2.3 – Análise do comportamento de uma estrutura grampeada hipotética:

A malha de elementos finitos (MEF) foi gerada com 648 elementos e 361 nós antes da

escavação como pode ser vista na Figura 4.20 e com os elementos após escavação, já que

alguns elementos foram escavados, como pode ser visto na Figura 4.21.

As figuras a seguir mostram o estudo numa MEF e as condições de contorno adotadas

a um modelo elastoplástico perfeito de Mohr-Coulomb, que simulam um talude a céu aberto a

ser escavado.

O refinamento da malha e a influência das extremidades do contorno devem ser

melhor estudados para casos reais. O que se pretende aqui é, tão somente, demonstrar

qualitativamente a efetividade da simulação numérica dos grampos.

A tensão horizontal na superfície do terreno apresenta-se pequena, porém não nula

como deveria ser. Provavelmente, devido a uma discretização não refinada da malha na

superfície do talude e, também, devido ao método de interpolação do pós-processador

utilizado.

Para verificar a eficiência dos reforços usou-se 5 GRAMPOS espaçados de 1m na

horizontal e de 1m na vertical com as mesmas propriedades do exemplo anterior, só que de

5m de comprimento, como pode ser visto na

Figura 4.22.

O campo de deslocamentos do maciço é apresentado na Figura 4.26 e Figura 4.27 para

análise sem e com reforço, respectivamente.

As funções de plastificação do maciço são apresentadas na

Figura 4.22 e Figura 4.23 para o talude sem e com reforço, respectivamente.

Page 114: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

96

A densidade é de um reforço por 1m2 de face. A escavação foi feita em apenas uma

etapa de 6m, o que não aconteceria na prática.

Figura 4.20 – Malha de elementos finitos (MEF) antes da escavação

Page 115: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

97

Figura 4.21 – Malha de elementos finitos (MEF) após a escavação

Page 116: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

98

Figura 4.22 – Função de Plastificação da malha sem reforço

Page 117: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

99

Figura 4.23 – Função de Plastificação da malha com reforço

Page 118: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

100

Figura 4.24 – Malha deformada e Função de Plastificação da malha sem reforço

Page 119: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

101

Figura 4.25 – Malha deformada e Função de Plastificação da malha com reforço

Page 120: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

102

Figura 4.26 – Campo de deslocamentos da malha sem reforço

Page 121: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

103

Figura 4.27 – Campo de deslocamentos da malha com reforço

Como pode-se notar, os deslocamentos da parede (face do revestimento) e da

superfície do terreno são reduzidos pela inclusão de reforços no talude, o que já era de se

esperar. A redução de deslocamentos foi de 75,65% no topo do talude.

Observando a função de plastificação, pode-se notar, claramente, que há uma redução

na plastificação do maciço proporcionado pela inclusão dos reforços.

Page 122: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

104

Com o intuito de avaliar deslocamentos e tensões no maciço e esforços nos grampos,

utilizou-se parâmetros do solo e dos grampos bem mais próximo do real, diferentemente das

análises que foram realizadas até agora.

Logo, analisou-se um malha a ser escavada de 15m de altura por 20m de comprimento

com 636 nós e 1200 elementos que pode ser visualizada na Figura 4.28. As características do

solo podem ser observadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Características do solo

γ (MN/m) 0.019K 0.0

E (MN/m) 50.0ν 0.25

c (MN/m) 0.03φ (º) 30

Os reforços utilizados, nesta análise, são barras de aço de 25mm de diâmetro com 5m

de comprimento introduzidas em furos de 10cm de diâmetro, injetados com calda de cimento.

O talude, descrito acima e mostrado na Figura 4.28, foi analisado procedendo-se uma

escavação de 6m de altura por 5m, no qual a única carga aplicada seria a gravidade. O

maciço escavado contendo as posições dos reforços é mostrado na Figura 4.29.

Nota-se, também, que quanto maior a rigidez das inclusões maiores serão as reduções

de deslocamentos e de deformações no maciço. Como a inclusão dos reforços agem num

maciço tal qual o aumento da tensão confinante em ensaios triaxiais, por exemplo, pode-se

esperar que ocorra um aumento das tensões após serem reforçados. Este aumentado das

tensões horizontais é observado através da Figura 4.34 e Figura 4.35.

Page 123: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

105

Figura 4.28 – Malha de elementos finitos antes da escavação

Figura 4.29 - Malha de elementos finitos após escavação

Page 124: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

106

PLAST

+0.00E+000

+2.38E-002

+4.77E-002

+7.15E-002

+9.53E-002

+1.19E-001

+1.43E-001

+1.67E-001

+1.91E-001

+2.14E-001

Figura 4.30 – Função de Plastificação do maciço sem reforço (c=0.3MPa)

Page 125: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

107

PLAST

+0.00E+000

+2.38E-002

+4.76E-002

+7.14E-002

+9.52E-002

+1.19E-001

+1.43E-001

+1.67E-001

+1.90E-001

+2.14E-001

Figura 4.31 - Função de Plastificação do maciço com reforço (C=0.3MPa)

Page 126: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

108

SIG XX

-1.01E-001

-8.77E-002

-7.42E-002

-6.07E-002

-4.72E-002

-3.37E-002

-2.02E-002

-6.75E-003

+6.74E-003

+2.02E-002

Figura 4.32 – Isofaixa de Tensão horizontal sem reforço

Page 127: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

109

SIG XX

-1.01E-001

-8.77E-002

-7.42E-002

-6.07E-002

-4.72E-002

-3.37E-002

-2.02E-002

-6.75E-003

+6.74E-003

+2.02E-002

Figura 4.33 – Isofaixa de Tensão horizontal com reforço

Page 128: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

110

SIG XX

-1.01E-001

-8.77E-002

-7.42E-002

-6.07E-002

-4.72E-002

-3.37E-002

-2.02E-002

-6.75E-003

+6.74E-003

+2.02E-002

Figura 4.34 – Tensão horizontal – Seção 1 – sem reforço

SIG XX

- 1 . 0 1 E - 0 0 1

- 8 . 7 7 E - 0 0 2

- 7 . 4 2 E - 0 0 2

- 6 . 0 7 E - 0 0 2

- 4 . 7 2 E - 0 0 2

- 3 . 3 7 E - 0 0 2

- 2 . 0 2 E - 0 0 2

- 6 . 7 5 E - 0 0 3

+ 6 . 7 4 E - 0 0 3

+ 2 . 0 2 E - 0 0 2

Figura 4.35 – tensão horizontal – Seção 1 – com reforço

Page 129: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

111

Nota-se que a eficiência dos grampos no caso anterior foi baixa por causa da pequena

solicitação de esforços. O que já era de se esperar para baixos níveis de tensão por serem os

grampos estruturas passivas, ou seja, só desempenham seu papel quando mobilizados.

Por isso tentar-se-á levar esta estrutura a ruptura simulando a construção de um aterro.

E, por fim, analisará o efeito da rigidez à flexão próxima à ruptura.

Então, afim de se estudar a relevância da rigidez à flexão na ruptura ,ou bem próximo

desta, analisou-se um maciço terroso hipotético, variando-se a coesão e plotando os valores da

força desequilibrada em cada passo de iteração para os três casos abaixo:

• sem reforço;

• reforço sem rigidez à flexão;

• reforço com rigidez à flexão.

A não convergência do método implica na ruptura da estrutura, quando se varia

somente a coesão que não provoca instabilidade numérica por não entrar no cálculo do valor

de ∆t. Então, o que se propõe é analisar esta convergência para diversos valores de coesão (

Figura 4.38 e

Figura 4.39).

A malha de elementos finitos (MEF) utilizada é mostrada na Figura 4.36 e Figura 4.37

e as características do solo na Tabela 4.2. O reforço (grampo) utilizado tem 25.4mm de

diâmetro, 6m de comprimento, módulo de elasticidade de 207000MPa e o furo tem 10cm de

diâmetro.

Tabela 4.2 - Características do solo

γ (MN/m) 0.019K 0.0

E (MN/m) 50.0ν 0.3

c (MN/m) variávelφ (º) 30

Primeiramente, fez-se o estudo para diversos valores de coesão em uma MEF com e

sem reforço. No reforço analisado, nesta primeira fase, não foi considerada a rigidez à flexão.

Page 130: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

112

Com a determinação de um valor de coesão limite para o qual o maciço grampeado

(reforço sem rigidez à flexão) não seja levado a convergência muito, pode-se , para este valor

de coesão, analisar um reforço levando em conta a rigidez à flexão e observar a convergência.

Figura 4.36 – MEF antes da escavação

Figura 4.37 – MEF após escavação

Page 131: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

113

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0 1000 2000 3000 4000 5000

Nº DE ITERAÇÕES

FOR

ÇA

DE

SV

IAD

OR

A

C=0MPa C=0,3MPa C=0,03MPa

C=0,01MPa C="0,03MPa - SEM REFORÇO" C=0,001MPa

C=0,003MPa C=0,002MPa C=0,0025MPa

Figura 4.38 – variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para diversos

valores de coesão (convergência do método)

Pela observação da

Figura 4.38, pode-se notar que há convergência do método para o maciço sem reforço quando

a coesão é maior que 0,03MPa. Não há convergência do método para um maciço reforçado

(reforço sem rigidez à flexão) quando a coesão está em torno de 0,0025MPa.

A

Page 132: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

114

Figura 4.39 trás a comparação da convergência do método para um maciço reforçado através

de grampos com e sem rigidez à flexão para um solo com coesão de 0,0025MPa.

C=0,0025MPa

0

0.01

0.02

0.03

0 1000 2000 3000 4000 5000

Nº DE ITERAÇÕES

FO

A D

ES

VIA

DO

RA

SEM RIGIDEZ À FLEXÃO COM RIGIDEZ À FLEXÃO

Figura 4.39 – variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para coesão

que leva o maciço reforçado (grampo com e sem rigidez à flexão) ao colapso

(convergência do método)

Com base nestes resultados tentou-se determinar uma coesão limite a partir da qual o

solo rompia mesmo tendo um reforço com rigidez à flexão.

Analisou-se solos com coesão menores do que 0,0025MPa. Pela

Figura 4.40 pode-se notar que não há convergência para solos com coesão abaixo de

0,001MPa.

Page 133: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

115

0.000

0.005

0.010

0.015

0.020

0.025

0 1000 2000 3000 4000 5000

Nº DE ITERAÇÕES

FO

A D

ES

VIA

DO

RA

C = 0,002MPa C = 0,001MPa

Figura 4.40 - variação da força desequilibrada em cada passo de iteração para coesão a

partir de 0,0025MPa que leva o maciço reforçado (grampo com rigidez à flexão) ao

colapso (convergência do método)

Para o mesmo caso, tentou avaliar qual seria a carga de ruptura para um solo com e

sem reforço. Para isto analisou-se o talude sem reforço aumentando-se a carga até atingir a

ruptura e a partir desta carga introduziu-se o reforço e continuou-se aumentando a carga até

romper novamente a estrutura. Os deslocamentos no pé do talude, no primeiro estágio de

carga com reforço, foram reduzidos de 83% em relação aos deslocamentos no pé do talude

Page 134: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

116

neste mesmo estágio só que sem reforço. O que comprova a eficiência dos grampos na

estabilização.

Isto pode ser verificado observando as figuras (Figura 4. 41 e Figura 4. 42)a seguir. A

carga foi aumentada de cerca de 10 vezes para que o talude com reforço rompesse em relação

à carga suportada pelo talude sem reforço.

Figura 4. 41 - Função de plastificação do maciço sem reforço (carga = 0.1MN/m)

Page 135: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo IV 4.2 Exemplos de Apl cação

117

Figura 4. 42 - Função de Plastificação do maciço com reforço - 1” (carga = 0.1MN/m)

Page 136: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Os exemplos analisados comprovam a eficiência e eficácia do modelo implementado

em análise de estruturas grampeadas. Lançando mão da técnica da Relaxação Dinâmica, os

problemas de contenção podem ser resolvidos através da inclusão “fictícia” dos reforços na

malha, sem a necessidade de se criar uma nova malha, a cada análise.

Este modelo possibilita convergência mais rápida por causa da imposição de um

amortecimento global ao sistema. Consideramos, ainda, a possibilidade de ruptura nas

interfaces solo/nata, nata/reforço e no próprio reforço (por flexo-tração).

A inclusão de grampos num maciço terroso é eficiente, pois reduz, consideravelmente,

as deformações (deslocamentos) no maciço. O efeito do reforço é equivalente ao aumento de

tensão confinante ou da coesão do maciço terroso.

Testes preliminares comprovaram que a inclinação dos grampos mais eficiente é a de

0° (horizontal), devido a observação da redução de deslocamentos na face da escavação e na

superfície (topo) do talude.

Através de estudos preliminares sobre a influência da rigidez dos reforços no

comportamentos dos muros reforçados conclui-se que:

• quanto maior for a rigidez dos reforços maior é a eficácia destes na restrição das

deformações de tração do solo;

• verifica-se a ocorrência de um aumento dos esforços nas inclusões e, naturalmente,

uma redução do estado de deformação do maciço reforçado e dos deslocamentos

da face à medida que a rigidez dos reforços aumenta;

• no caso de reforços deformáveis, ocorre uma elevada mobilização da resistência

intrínseca dos solos, ou seja, tira-se partido quase integralmente da resistência dos

solos o que, pelo contrário, não acontece no caso das inclusões serem rígidas.

• a rigidez à flexão dos grampos tem considerável importância quando o talude está

próximo à ruptura.

Page 137: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Capítulo V 5 Conclusões e sugestões

119

Como foi verificado, realmente, o efeito da inclusão de reforços no maciço é

semelhante ao aumento das tensões confinantes em amostras ensaiadas em aparelhos triaxiais,

pois ocorre um aumento considerável das tensões horizontais.

Os solos brasileiros, especificamente os saprolíticos, parecem ser muito adequados

para aplicação da técnica do solo grampeado. Logo, sugere-se o estudo mais detalhado da

aplicação de fibras metálicas ou sintéticas em substituição às telas por trazer vantagem no

aspecto prático de aplicação, de resistência e de permeabilidade do concreto.

Ainda, como sugestões para trabalhos futuros, podemos citar o seguinte:

• realização de ensaios de laboratório e monitoramento de estruturas in situ para que

possa se comparar os resultados numéricos com os adquiridos no campo, o que já

está sendo realizado por Feijó (1999);

• utilização da otimização para encontrar os parâmetros ideais de projeto para o

grampo;

• efetuar uma extensão para a análise tridimensional;

• fazer análises de estruturas grampeadas considerando o solo como material não

saturado. Isto pode ser realizado com a aplicação do modelo de Alonso (solos não

saturados), já implementado no programa;

• tentar simular a estabilização de taludes por vegetação (efeito das raízes no

processo de estabilização) através de análises com inclusões passivas para

superfícies rasas de ruptura. Já que a vegetação pode desempenhar um papel

importante de elemento estabilizante, se o processo de desestabilização for,

predominantemente por perda de sucção;

• simular o revestimento da face do talude através da inclusão de um reforço vertical

nesta interface e usar da possibilidade de pretensionamento do grampo afim de

garantir sua interação com a parede;

• estudar o comportamento mecânico de estruturas de contenção mistas;

• considerar, no caso de estruturas reais, o contorno da malha em elementos infinitos

ou aplicar a distância mínima das bordas ao topo do talude escavado propostas por

Lim e Briaud:

4*D para a borda oposta a escavação e 4*(He + D) para a borda do lado

escavado.

Page 138: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAQUS (1992). “User’s and Theory Manuals”. Version 5.2, Hibbit, Karl – son &

sorensen, Inc. Pawtucket, R. I.;

Adams, J. C.; Brainerd, W. S.; Martin, J. T.; Smith, B. T.; Wagener, J. L. (1992). “Fortran 90

- Handbook”. McGraw Hill;

Bang, S.; Kroetch, P. P. and Shen, C. K. (1992). “Analysis of soil nailing system”. Earth

Reinforcement Pratice. Proceedings of the international symposium on Earth reinforcement

pratice; Fukuoka, Kyushu, Japan; 11-13 november, vol.1, pp. 457-462;

Bathe, K. J. (1982). “Finite element procedures in engineering analysis”. New Jersey:

Prentice - Hall;

Bello, L. A. L. (1997). “Estudo numérico sobre o uso de estacas de bambu-cal na

estabilização de encostas”. Tese de Mestrado - DEC/PUC-RIO;

Bonaparte, R. e Schmertmann, G. R. (1987). “Reinforcement extensibility in reinforcement

soil wall design”. Proc. of the NATO Advanced Research Workshop on Application of

Polymeric Reinforcement in soil Retaining structures, Kingston, pp. 409-457

Briaud, J. L. & Lim, Y. (1997). “Soil-nailed wall under piled bridge abutment: simulation

and guidelines”. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, vol. 123,

November, pp. 1043-1050;

Bridle, R. J. (1989). “Soil nailing - analysis and design”. Ground Engineering, September,

pp. 52-56;

Page 139: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas121

Cardoso, A. S. (1987). “A técnica das pregagens aplicada a escavações em solos. Métodos

de análise e dimensionamento”. Tese de Doutorado, Universidade do Porto;

Cardoso, A. C. e Carreto, A. P. (1990). “Observação e análise de uma escavação com

taludes reforçados com pregagens”. Geotecnia, 59, Junho, pp. 47-59;

Cassell, A. C. (1970). “Shells of revolution under arbitrary loading and the use of fictitious

densities in dynamic relaxation”. Proc. Inst. Civ. Engrgs., 45, pp. 65-78;

Charbel, P. A. (1996). “Implementação numérica do modelo de comportamento de

cabos/tirantes em maciços rochosos”. Tese de Mestrado - DEC/PUC-RIO;

Chen, S. H. e Pande, G. N. (1994). “Rheological model and finite element analysis of jointed

rock masses reinforced by passive fully-grouted bolts”. Int. J. rock Mech. Min. Sci. &

Geomech. vol. 31, nº 3, pp. 273-277;

Chow, C. P. e Pagano, N. J. (1967). “Elasticity - tensor, dyadic and engineering

approaches”;

Clough, R. W. (1960). “Finite element method in plane stress analysis”. Proc., 2nd ASCE

Conference on Eletronic Computation, Pittsburgh, sept.;

Clouterre (1991). Recommandations clouterre, Project National Clouterre, Ecole Nationale

des Ponts et chausseés, Paris.

Cook, R.D.; Malkus, D. S.; Plesha, M. E. (1989). “Concepts and Applications of Finite

Element Analysis”. 3rd Edition - John Wiley & Sons;

Crandall; Dahl & Lardner (1978). “An introduction to the mechanics of solids”. second

edition with si units; International student edition; capítulo 7; pp. 452-461;

Page 140: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas122

Cundall, P. A. (1982). “Adaptive density scaling for time-explicit calculation” . Proc. 4TM int.

Conf. on num. Meth. In Geomech., Edmonton, A. Einsenstein (ed.), Rotterdam: Balkema, pp.

23-26;

Cundall, P. A. (1987). “Distinct element models of rock and soil structure” . Em analytical

and computational methods in engineering rock mechanics. E. T. Brown (ed.), London: Allen

& Unwin, pp. 23-26;

Cundall, P. A. e Board M. (1988). “A microcomputer program for modelling large strain

plasticity problems”. Em numerical methods in geomechanics, Proc. 6TM int. Conf. on num.

Meth. In Geomech., Innsbruck, Austria, G. swoboda (ed.), Rotterdam: Balkema, pp. 2101-

2108;

Cundall, P. A. e Lemos, J. V. (1989). “Numerical simulation of fault instabilities with the

continously – yielding joint model”. [s. l. : s. n.];

Cundall, P. A. (1990). “Numerical modelling of jointed and fauted rock”. Int. Conf. on

Mech’of jointed and faulted rock, Viena, Austria;

de Borst, R. (1986). “Nom-linear analysis of frictional materials”. Tese de Doutorado,

Institute for Building Materials and Building structures, Delft University of Technology,

Delft, The Netherlands;

Dias, P. H. V. (1992). “Solo pregado - Procedimento Sugestão de Norma”. Anais da 1a

COBRAE, Rio de Janeiro, pp. 75-80;

Doherty, W. P.; Wilson, E. L. e Taylor, R. L. (1969). “Stress analysis of axisymmetric solids

utiling higher order quadrilateral finite elements”. Report nº S. E. S. M. 69-3, Structures and

materials Research, Department of Civil Engineering, University of California, Berkley;

Page 141: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas123

Dyminski, A. S. (1994). “Análise de estabilidade e desempenho de taludes com inclusões

passivas”. Tese de mestrado - DEC/PUC-RIO;

Ehrlich, M. e Silva, L. F. M. da (1992). “Sistemas de contenção de solos - reforçados”.

Anais da 1a COBRAE, Rio de Janeiro, vol. 1, pp. 35-45;

Farrer, H.; Becker, C. G.; Faria, E. C.; Campos Filho, F. F.; Matos, H. F. de; Santos, M. A.

dos; Maia, M. L. (1992). “Fortran Estruturado”. Guanabara Koogan;

Feijó, R. (1999). Tese de Doutorado em andamento – DEC/PUC-RIO;

Figueiredo, R. P. (1991). “Aplicação da técnica de relaxação dinâmica à solução de

problemas geotécnicos”. Tese de Mestrado - DEC/PUC-RIO;

Gerrard, C. (1982). “Reinforced soil: na orthorhombic material”. Journal of the Geot. Eng.

Div., ASCE, vol. 108, GT11;

Goodmann, R. E. (1968). “”. Journal of the soil mechanics and Foundations Division.

Proceedings of the American Society of Civil Engineers, vol. 94, SM3, May, pp.637-659;

Goodmann, R. E.; Taylor, R. L. and Brekke, T. L. (1968). “A model for the mechanics of

jointed rock”. Journal of the soil mechanics and Foundations Division. Proceedings of the

American Society of Civil Engineers, vol.94, SM3, May, pp.637-659;

Goris, J. M. (1989). “Laboratory evaluation of cable bolts supports”. Part 1 – Evaluation of

supports using conventional cables. Internal report.

Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica - TeCGraf/Puc-Rio, Grupo de Geotecnia do

SEDEM/DIPREX (1992). “MTOOL - Bidimensional Mesh Tool - Manual do Usuário”.

Maio;

Page 142: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas124

Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica ,TeCGraf/Puc-Rio, Grupo de Geotecnia do

SEDEM/DIPREX (1993). ”MVIEW - Bidimensional Mesh View - Manual do usuário”.

Maio;

Hehl, M. E. (1986). “Linguagem de Programação Estruturada: FORTRAN 77”. São Paulo.

McGraw Hill;

Horne, M. R. (1971). “Plastic Theory of Structures”. The M.I.T. Press. Cambridge

Massachusets. Capítulo 3, pp.62 - 89;

Itasca (1987). “FLAC: fast lagrangian analysis of continua”. User manual, version 3.3.

Minneapolis: Itasca consulting Group Inc., pp. G1-G51;

Jewell, R. A. & Pedley, M. J. (1990). “Soil nailing design: the role of bending stiffness”.

Ground Engineering, London, March, pp. 30-36;

Juran, I.; Baudrad, G.; Farrag, K. & Elias, V. (1990). “Design of soil nailed retaining

structures”. Design and performance of earth retaining structures - Proceedings of a

Conference . Geotechinical special publication, n° 25, Cornell University. Ithaca, New York .

June 18-21, pp. 644-659;

Lima, A. M. L. (1996). “Análise Numérica do Comportamento de solos Grampeados”. Tese

de mestrado - COPPE/UFRJ;

Lopes, M. L. e Cardoso A. S. (1991). “A rigidez das inclusões e o comportamento dos muros

reforçados”. Geotecnia, 67, pp. 25-41;

Mathies, H. e Strang, G. (1979). “The solution of non-linear finite element equations”. Int. J.

Num. Meth. In Engng. 14, pp. 1613-1626;

Page 143: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas125

Mitchell, J. K. and Villet, W. C. B. (1987). “Reinforcement of Earth slopes and

embankments”. National Cooperative Highway Research Program, Washington, D. C.,

Report 290;

Ngo, D. and Scordelis, A. C. (1967). “Finite element analysis of reinforced concrete beams”.

Journal of the American Concrete Institute, vol.64, nº 3,mar.;

Ortigão, J. A. R.; Zirlis, A. C. e Palmeira, E. M. (1993). “Experiência com solo grampeado

no Brasil 1970-1993”. Solos e Rochas, 16:4, Dez., pp. 291-304;

Ortigão, J. A. R. e Palmeira, E. M. (1992). “Solo Grampeado - técnica para estabilização de

encostas e escavações”. Anais da 1a COBRAE, Rio de Janeiro, pp. 57-73;

Otter, J. R. H.; Cassel, A. C.; Hobbs, R. E. (1966). “Dynamic Relaxation”. Proc. Instn. Civ.

Engrgs. 35, 663-665;

Papadrakakis, M. (1981). “A method for the automatic evaluation of the dynamic relaxation

parameters”. Computer Methods in Applied Mechanics and Engineering, 25, pp. 35-48;

Plumelle, C. & Schlosser, F. (????). “Three full-scale experiments of French project on soil

nailing: CLOUTERRE”. Transportation Research Record 1330, pp. 80-86;

Poulos, H. G.; Davis, E. H. (1974). “Elastic solutions for soil and rock mechanics”. Wiley,

USA;

Ramos Lima, A. D. (1996). “Implementações numéricas para a simulação de problemas de

escavação utilizando a técnica da relaxação dinâmica”. Tese de Mestrado - DEC/PUC-RIO;

Schlosser, F. (1983). “Analogies et differences dans le comportement et le calcul des

ouvrages de soutenement en terre armee et par clouage du sol”. Annales de I’ITBTP, pp. 8-

23, oct.;h

Page 144: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas126

Schlosser, F. & Unterreiner, P. (????). “Soil Nailing in France: Research and Practice”.

Transportation Research Record 1330, ?mês?, pp. 72-79;

Scott, R. E. (1987). “Failure” . Geotechnique 37, n° 4, pp. 423-466;

Sharma, K. G. e Pande, G. N. (1988). “Stability of rock masses reinforced by passive, fully-

grouted rock bolts”. Int. J. rock mech. min. sci & Geomech. Abstr., vol. 25, nº 5, pp. 273-

285;

Smith, G. P. (1985). “Numerical solution of partial differential equations: finite difference

methods”. 3rd edn. New York: Oxford Applied Mathematics and computing Science series;

Smith, I. M. & Su, N. (1997). “Three-Dimensional FE analysis of a nailed soil wall curved

in plan” . International Journal for Numerical and Analytical Methods in Geomechanics, vol.

21, pp. 583-597;

Stocker, M. F. & Riedinger, G. (1990). “The bearing behavior of nailed retaining

structures”. Design and performance of earth retaining structures - Proceedings of a

Conference. Geotechinical special publication, n° 25, Cornell University. Ithaca, New York.

June 18-21, pp. 612-628;

Tan, G; Bawden, W. F. & Pelley, C. (1993). “A cable bolt model and its implementation into

UDEC and FLAC”. First canadian symposium on numerical modelling applications in

mining and geomechanics. Montreal, Quebec. March 27-30, pp. 240-252;

Timoshenko, S. P. (1983). “Mecânica dos sólidos”. Vol. 1; Livros Técnicos e Científicos;

Timoshenko, S. P. & Gere, J. E. (1984). “Mecânica dos sólidos – Flexão Inelástica”. Vol. 2;

1th edição - Livros Técnicos e Científicos Editora, capitulo 9, pp. 283-310;

Underwood, P. (1983). “Dynamic relaxation”. Em computational methods for transient

analysis, T. Belytschko e T. J. R. Hughes (eds) Amsterdam: Elsevier, pp.245-265

Page 145: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Referênc as B bl ográf cas127

Vucetic, M.; Tufenkjian, M. R. e Doroudian, M. (1993). “Dynamic Centrifuge Testing of

Soil-Nailig Excavations”. Geotechnical Testing Journal, 16:2, Jun., pp. 172-187;

Yokota, H.; Zhou, J. M.; Nakazawa, T.; Imai, F. & Fujimoto, H. (1992). “Nailing effects on

cut slope with alternating sandstone and mudstone”. Earth Reinforcement Pratice.

Proceedings of the international symposium on earth reinforcement pratice; Fukuoka,

Kyushu, Japan; 11-13 november, vol. 1, pp. 587-592;

Zienkiewicz, O. C. e Taylor, R. L. (1989). “The finite element method”. 4th Edition, vol 1,

McGraw Hill, USA;

Zirlis, A. C. e Pitta, C. A. (1992). “Soil Nailing - Chumbadores de solos. Experiência de

uma equipe na aplicação”. Anais da 1a COBRAE, Rio de Janeiro, pp. 81-99.

Page 146: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

APÊNDICE A

DETERMINAÇÃO DO DESLOCAMENTO EQUIVALENTE (D EQ):

Seja uma inclusão, localizada no centro de um maciço, com carregamento linearmente

distribuído (Fy) aplicado na direção axial ao seu eixo, como mostrado na Figura A.1:

Figura A.1 – Geometria e condições de contorno do problema analisado

A solução analítica para o problema proposto no capítulo IV e visualizado

através da Figura A.1 acima é apresentada a seguir passo a passo.

A. 1 – Determinação do Deslocamento sofrido pelo maciço:

Pela Teoria da Elasticidade (Chou & Pagano, 1967) determina-se a deformação

específica na direção do eixo OY sofrida pelo maciço.

Page 147: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Apênd ce A A.1 Determ nação do Deslocamento sofr do pelo mac ço

129

( )[ ]zx2y2

y E1 σ+σ⋅ν−σ⋅=ε A.1

0.0x =σ A.2

( )xy2z σ+σ⋅ν=σ A.3

1LAREA ⋅= A.4

AREA

Fyy =σ A.5

Sendo,

AREA - Área da superfície onde Fy está aplicada;

L - Largura do topo e da base da maciço;

Fy - Carga aplicada uniformemente distribuída;

εy - Deformação específica;

E2 - Módulo de Elasticidade do maciço;

ν2 - Coeficiente de Poisson do maciço;

σx, σy e σz - Tensões Normais aos respectivos planos cartesianos YOZ, XOZ e XOY, veja

Figura A.2.

O

x

y

z

σy

σx

σz

Figura A.2 – Tensões Normais aos Planos cartesianos

Page 148: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Apênd ce A A.2 Determ nação do Deslocamento sofr do pelo reforço

130

Uma vez conhecida a deformação específica (εy) pode-se calcular o deslocamento

(DYM), na direção do eixo OY, sofrido pela malha, a partir da seguinte equação:

yYM LD εε⋅= A.6

Sendo:

L - Comprimento do maciço na direção y

A. 2 – Determinação do Deslocamento sofrido pelo GRAMPO:

Pela Teoria da Elasticidade (Chou & Pagano, 1967) determina-se a deformação

específica na direção do eixo OY sofrida pelo GRAMPO, sob ação do mesmo carregamento

uniformemente distribuído (Fy) a que está sujeito o maciço.

Ey

y

σσεε = A.7

Como,

ARSECAO

F yy =σσ A.8

Então,

ARSECAOE

F yy ⋅

=εε A.9

Sendo,

ARSECAO - Área da seção transversal do GRAMPO;

Fy - Carga aplicada uniformemente distribuída;

E - Módulo de Elasticidade do aço.

Page 149: ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS GRAMPEADAS

Apênd ce A A.3 Determ nação do Deslocamento Equ valente

131

Uma vez conhecida a deformação específica (εy) pode-se calcular o deslocamento

(DYI), na direção do eixo OY, sofrido pela inclusão, a partir da seguinte equação:

yYI LD εε⋅= A.10

A.3 – Determinação do Deslocamento Equivalente:

Finalmente, como os materiais ensaiados (maciço e inclusão) estão associados em

paralelo, pode-se determinar o deslocamento analítico sofrido por associação através da

seguinte equação A.11:

YIYM

EQ

DD

D11

1

+=

A.11

Sendo,

DEQ - Deslocamento Equivalente para a associação em paralelo entre o maciço e a inclusão.