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ANDREA VIEIRA
ANÁLISE DE BIOMARCADORES NA DOENÇA INFLAMATÓRIA
INTESTINAL.
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do título de Doutor em
medicina
SÃO PAULO
2008
Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
ANDREA VIEIRA
ANÁLISE DE BIOMARCADORES NA DOENÇA INFLAMATÓRIA
INTESTINAL.
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do título de Doutor em
Medicina
Área de Concentração: Cirurgia Geral
Orientador: Prof. Dr. Chia Bin Fang
SÃO PAULO
2008
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Vieira, Andrea
Análise de biomarcadores na doença inflamatória intestinal./ Andrea Vieira. São Paulo, 2008.
Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de pós-graduação em Medicina.
Área de Concentração: Cirurgia Geral Orientador: Chia Bin Fang 1. Marcadores biológicos/análise 2. Enteropatias inflamatórias 3.
Inflamação 4. Lactoferrina
BC-FCMSCSP/12-2008
Dedicatória
DEDICATÓRIA
Ao meu marido Marcos Paulo, que sempre
me apoiou, incentivou, estimulou nos momentos de
dificuldade e desânimo, e soube compreender a
minha angústia, dificuldades e ausência nesta
longa caminhada.
Aos meus pais Manuel e Olinda, que me
deram a vida, oportunidades para que eu
realizasse a minha profissão, ensinamentos de fé e
todo o apoio nos momentos necessários
Às minhas irmãs Rosana e Silvia, pois sei
de toda a torcida por minha felicidade e pelo
sacrifício de convívio que a profissão nos impõe.
Aos doentes portadores de DII, maior razão
deste estudo, pois espero que os frutos desta tese
originem uma contribuição, mesmo pequena, para
esta enfermidade.
Citação
“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso
existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis”.
Fernando Pessoa
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Chia Bin Fang, pela praticidade, dedicação e seriedade demonstradas
na elaboração desta tese. Reconheço o privilégio de ter sido orientada por um
profissional cuja sabedoria é respeitada e admirada no meio acadêmico.
Ao Prof. Dr. Ernani Geraldo Rolim, pela confiança depositada em mim, pela
presença constante e pela dedicação inigualável na minha formação. Durante esses
anos de convívio, além de conhecimento, ganhei um grande amigo. Seu êxito e
sucesso na carreira e na vida pessoal são reflexos de seu empenho, dedicação e
apoio à família, amigos e alunos. Aprendi muito e continuo aprendendo, a cada dia,
com seus princípios e ensinamentos e buscarei transmiti-los da mesma forma a
todos os alunos e amigos. Muito obrigado.
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, berço da tradicional
escola médica, abrigo de todos os enfermos que a procuram, pela calorosa acolhida.
Ao Prof. Dr. Valdir Golim, a quem respeito pela seriedade e determinação em
realizar suas funções, pela orientação e presença constantes.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Lima, pelos ensinamentos, senso crítico e perseverança
em todas as lutas passadas no Departamento de Medicina.
Ao Prof. Dr Wilmar Artur Klug, pelo importante incentivo na realização deste
trabalho.
Agradecimentos
Ao Prof Dr Peretz Capelhuchnik, pelos ensinamentos e agradável convívio.
Ao Prof Dr Sender Jankiel Miszputen, pelas valiosas sugestões, dedicação e apoio
demonstrados na aula de qualificação.
Ao Prof Dr Adérson Omar Moura Cintra Damião, pela amizade, incentivo nas
diversas etapas deste trabalho.
Ao Prof Dr Seiji Nakakubo, pela constante e imprescindível colaboração para a
realização dos exames endoscópicos.
Ao Prof Dr Carlos Chiattone, pelo incentivo e grande ajuda na realização dos
exames sorológicos.
Ao Dr Flávio Steinwurz, pelas orientações, apoio, incentivo, motivação na realização
desta pesquisa.
Aos amigos Lucio Rossini e Wagner Valentim, pela competência e presteza na
realização das enteroscopias.
Ao amigo Paulo Candelária, pela colaboração na realização das colonoscopias.
A colega Sheila, pela grande contribuição na realização dos exames diagnósticos.
Agradecimentos
Aos amigos Paulo e Perla, pelo companheirismo e oportunidade de convívio diário.
Aos funcionários Luzia e Marcos, pela inestimável colaboração na realização dos
testes fecais.
A Dra Maria de Fátima, pelos ensinamentos e pela grande ajuda na criteriosa análise
dos exames histopatológicos.
A todos os residentes da Gastroenterologia, pelo apoio, confiança e credibilidade.
À Daniela Rolim e a toda a equipe da Pós-Graduação, pela disponibilidade
constante em ajudar, por sua orientação e compreensão.
À Flávia Dib Augusto e Renata dos Santos, pela gentileza, apoio, auxílio e
colaboração em detalhes imprescindíveis para a concretização deste trabalho.
À Sadia H Mustafá, Sueli e demais funcionários da Biblioteca da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela paciência e atenção no auxílio
à pesquisa e revisão bibliográfica.
Ao Sr. Euro de Barros Couto Júnior, pela consultoria a análise estatística.
A todos aqueles que, de alguma forma contribuíram para a elaboração deste
trabalho.
Abreviaturas e Símbolos
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Asca Anticorpo anti Sacaromiyces cerevisiae
CDAI Índice de atividade da Doença de Crohn
CDEIS Índice de gravidade endoscópica da Doença de Crohn
DC Doença de Crohn
DII Doença Inflamatória Intestinal
HLA Antígeno Leucocitário Humano
MMDAI Índice modificado de atividade da doença da clínica Mayo
p-Anca Anticorpo anti citoplasma de neutrófilo perinuclear
PCR Proteína C reativa
PDAI Índice da atividade da Doença Perianal
RCUI Retocolite Ulcerativa Inespecífica
TNF Fator de necrose tumoral
VHS Velocidade de Hemossedimentação
VPN Valor preditivo negativo
VPP Valor preditivo positivo
Sumario
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 01
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 16
3. CASUÍSTICA E MÉTODO ............................................................................. 18
3.1. Pacientes ......................................................................................... 19
3.1.1. Critérios de inclusão ........................................................... 19
3.1.2. Critérios de exclusão .......................................................... 19
3.2. Métodos ........................................................................................... 21
3.2.1. Seleção dos pacientes .............................................. 21
3.2.2. Aplicação dos testes fecais ................................................ 23
3.2.3. Realização dos exames endoscópicos .............................. 25
3.2.4. Avaliação histológica .......................................................... 27
3.2.5. Análise estatística ............................................................... 28
4. RESULTADOS .............................................................................................. 30
4.1. Comparação dos índices de atividade clínica (CDAI), endoscópico
(CDEIS), clínico-endoscópico (MMDAI) e avaliação histológica...... 32
4.2. Comparação da análise laboratorial e avaliação histológica .... 34
4.2.1. Testes sanguíneos ............................................................. 34
4.2.2. Testes fecais ...................................................................... 35
4.3. Avaliação da correlação dos marcadores fecais e índices clínico-
endoscópicos em pacientes com inflamação .......................................... 38
4.3.1. Grupo A .............................................................................. 38
4.3.2. Grupo B .............................................................................. 40
4.4. Avaliação da correlação dos marcadores fecais e testes
sanguíneos (PCR) ................................................................................... 41
4.5. Avaliação da correlação dos marcadores fecais entre si ................. 41
4.6. Avaliação da correlação de todos os parâmetros entre os grupos 42
5. DISCUSSÃO .................................................................................................. 43
6. CONCLUSÕES .............................................................................................. 55
7. ANEXOS ........................................................................................................ 57
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 61
FONTES CONSULTADAS............................................................................. 71
RESUMO............................................................................................. .......... 73
ABSTRACT.................................................................................................... 75
LISTAS E APÊNDICES.................................................................................. 77
1
1. Introdução
Introdução
2
Ainda que várias doenças intestinais possam ter sua origem em processos
inflamatórios, a denominação de “doença inflamatória intestinal” ficou restrita a duas
entidades inespecíficas, representadas pela doença de Crohn (DC) e pela retocolite
ulcerativa inespecífica (RCUI) (Miszputen, 2007). São condições crônicas,
idiopáticas, marcadas por episódios recorrentes de inflamação no trato
gastrointestinal, intercalados por períodos de acalmia. (Tibble et al, 2000; Carty,
Rampton, 2003; Konikoff, Denson, 2006). Consideram-se como enfermidades
heterogêneas com variedade de apresentações e manifestações clínicas (Silverberg
et al, 2005).
A localização anatômica e o grau de inflamação determinam os sintomas
predominantes destas afecções que podem incluir dor abdominal, diarréia e
sangramento retal (Kane et al, 2003).
Freqüentemente lesões em regiões como pele, olhos, articulações, pulmão,
genitália, fígado, que geram variados sintomas, também são descritas nestas
afecções (Kotze, 2004).
Retocolite ulcerativa é uma doença da mucosa que afeta o cólon, iniciando-se
distalmente pelo reto, podendo-se estender até o ceco. A doença de Crohn afeta
qualquer parte do tubo digestório, da boca ao ânus, e é mais comum no intestino
delgado distal e/ou cólon e reto. Nesta doença há áreas doentes intercaladas por
áreas sadias. A inflamação é transmural, pode acometer todas as camadas do
intestino, e ser caracterizada pela presença do granuloma epitelióide não caseoso
(Goldman, 1994; Jenkins et al, 1997).
A Doença Inflamatória Intestinal afeta indivíduos de diversas partes do
mundo. As taxas de incidência e prevalência da RCUI variam de 3 a 15:100,000
habitantes e 50 a 80:100,000 habitantes, respectivamente. Para a doença de Crohn
Introdução
3
a incidência na Noruega e nos Estados Unidos é similar, variando de 6 a
7,1:100,000 habitantes, tem aumentado no mundo, provavelmente, também no
Brasil, embora não existam estudos epidemiológicos concretos entre nós (Souza et
al, 2002; Loftus Jr, 2004; Zaltman C,2007).
A variação global norte-sul da incidência da Doença Inflamatória Intestinal tem
sido bem observada nos EUA, Noruega e Canadá (Green et al, 2006). Estudo
realizado com 2201 pacientes com idade entre 15 e 64 anos, selecionados de oito
centros ao norte e 12 ao sul dos Alpes demonstrou que a média da incidência nos
centros ao norte foi 40% maior na RCUI e 80% na DC, do que aquelas observadas
nos centros ao sul (Binter, 2004).
A diferenciação entre incidência e prevalência, de acordo com a base étnica,
localização urbana e rural da população, também é descrita. Estudos
epidemiológicos têm consistentemente documentado maior incidência da Doença
Inflamatória Intestinal na população dos judeus ashkenasi do que na população não
judaica (Yang et al, 2001; Basu et al, 2005). Altas incidências de RCUI e DC têm
sido mais identificadas na população urbana do que na população rural nos Estados
Unidos (Sonnenberg et al, 1991), Suécia (Ekbom et al, 1991) e Escócia (Sinclair et
al, 1983).
A patofisiologia da Doença Inflamatória Intestinal é pobremente entendida,
mas mecanismos como resposta imunológica anormal à flora entérica normal
(Duchmann et al, 1997), ou a componentes dietéticos (Reif et al, 1997), ou mesmo
uma resposta imunológica anormal a patógenos específicos (Cahill et al, 1997) são
citados. Muitos artigos têm focado interações entre células imunocompetentes da
mucosa (MacDermott,1996), susceptibilidade genética do hospedeiro e fatores
ambientais, incluindo a microflora intestinal (Duchmann et al,1997) e fatores
Introdução
4
dietéticos (Reif et al,1997). A Doença Inflamatória Intestinal ativa é associada a
aumento relativo de citocinas pró-inflamatórias como fator de necrose tumoral alfa
(TNF-alfa) (Armstrong et al, 1997; Van Hogezand, Verspaget, 1997) e interleucina 1
beta (IL1-beta) (Cominelli, Pizarro,1996; Van Hogezand, Verspaget,1997), ou
deficiências relativas de citocinas antiinflamatórias como interleucina 10 (Schreiber
et al, 1995; Tagore et al,1999).
É difícil entender a importância dos fatores ambientais no surgimento e na
progressão da DC e da RCUI. Esta possível associação é suportada pelo aumento
da incidência da DC no mundo desenvolvido, nos últimos 50 anos, e o reconhecido
aumento da prevalência com a progressão da industrialização, nos países menos
desenvolvidos. Mudanças ambientais como melhora da higiene, consumo de
alimentos estéreis, não fermentados, vacinação e idade da primeira exposição a
patógenos intestinais podem afetar o desenvolvimento do sistema imune da mucosa,
da microbiota entérica ou ambos. Outros fatores como tabagismo, uso de
antiinflamatórios, stress e apendicectomia também são descritos como envolvidos na
patogênese da Doença Inflamatória Intestinal (Ardizzone, Bianchi Porro,2002).
O antecedente de tabagismo é um fator repetidamente associado com a DC,
relacionando-se a maiores taxas de recorrência da doença após resposta a terapia
clínica/cirúrgica, e a maior gravidade da doença (Bernstein et al, 2006). O tabagismo
tem demonstrado que afeta a imunidade celular e humoral, reduz a motilidade
colônica e aumenta a produção de muco colônico. (Ardizzone, Bianchi Porro, 2002).
Para os pacientes com RCUI, o consumo de cigarro parece funcionar como fator de
proteção no curso da doença. (Bernstein et al, 2006). O consumo dos
antiinflamatórios bem como o stress parecem relacionados à recidiva da doença
(Bitton et al, 2003). A apendicectomia, especialmente em pacientes cuja cirurgia foi
Introdução
5
realizada antes dos 20 anos de idade, é considerada como fator de proteção para
RCUI (Bernstein et al, 2006).
Há forte evidência da influência genética em ambas as desordens (Buning et
al, 2006). Nas últimas décadas identificaram-se alterações genéticas associadas à
DC e à RCUI. A primeira mutação associada à DC foi identificada na região do
cromossomo 16 (IBD 1) com CARD15/NOD2 que é encontrada em
aproximadamente 30% dos pacientes (Hugot et al, 2001; Ogura et al, 2001).
CARD15/NOD2 age como receptor intracelular nos monócitos, para componentes
bacterianos, o que desencadeia a ativação do fator nuclear kappa B (NF kappa B) e
leva à subseqüente ativação da resposta inflamatória. A mutação do CARD 15 pode
promover a distinção de subtipos clínicos da DC com envolvimento ileal (Ahmad et
al, 2002; Cuthbert et al, 2002; Hampe et al, 2002; Vermeire et al, 2002), doença
fibroestenosante (Abreu et al, 2002), ou início precoce da doença (Vermeire et al,
2002). Estudos recentes sugerem alterações genéticas no gene DLG5 associadas à
Doença Inflamatória Intestinal (Stoll et al, 2004).
Apesar de menos evidente que na DC, a base genética está presente na
RCUI. Uma forte associação pode existir entre os genes da região do antígeno
leucocitário humano (HLA), incluindo a regulação da reposta imunológica. Apesar
dos efeitos obscuros da origem étnica e a heterogenicidade da doença, esta forte
associação nos pacientes com RCUI extensa, positiva com DR2 (em particular
DRB1 1502 subtipo) e negativa com DR4 e DRw6, tem sido relatada (Ardizzone,
Bianchi Porro, 2002). Entretanto as taxas de concordância entre gêmeos
monozigóticos têm reduzida penetrância, o que sugere outros fatores relacionados à
gênese da RCUI além da genética (Bernstein et al, 2006).
Introdução
6
Continua em debate o fato de espécies microbianas estarem relacionadas à
gênese da Doença Inflamatória Intestinal. Neste contexto a participação do
Mycobacterium avium paratuberculosis como possível agente etiológico prossegue
controverso (Fiocchi, 1998; Shanahan, 2001; Ardizzone, Bianchi Porro, 2002;).
O reconhecimento da Doença Inflamatória Intestinal torna-se difícil para os
médicos quando a apresentação clínica é ambígua. Geralmente o diagnóstico desta
afecção é baseado em sintomas, exames clínicos, e nos indispensáveis exames
endoscópicos, radiográficos e anatomopatológicos (Dubinsky, Seidman, 2000;
Poullis et al, 2002; Beaven, Abreu, 2004).
Tem-se dado importância a marcadores sorológicos para o diagnóstico da
Doença Inflamatória Intestinal. Entre eles destacam-se o p-Anca e o Asca. O p-Anca
é anticorpo anticitoplasma de neutrófilos perinuclear, identificado nos pacientes com
RCUI em 1990. É produzido pelas células E da mucosa intestinal e pode refletir uma
resposta local a antígenos (Sugi et al, 1999; Beaven, Abreu, 2004). Apesar de
estarem presentes em alguns pacientes com DC, títulos altos são específicos para a
RCUI. Em um estudo, o p-Anca foi encontrado em 57% dos pacientes com RCUI e
em 13% dos pacientes com DC. Este resultado sugere que o p-Anca possa estar
relacionado com síndromes de sobreposição ou colite indeterminada (Ruemmele et
al, 1998).
Asca é anticorpo anti Saccharomyces cerevisiae. É encontrado em 50% a
70% dos pacientes com DC e em 6% a 14% daqueles com RCUI. Ruemmele e seus
colaboradores (1998) também escreveram dados em relação ao Asca, que foi
detectado em 55% dos pacientes com DC, comparado a 5 % na RCUI, ou em
pacientes sem Doença Inflamatória. Neste estudo a positividade do Asca (IgA e IgG)
teve um valor preditivo de 100%. Nenhuma correlação significante foi observada
Introdução
7
entre a presença de Asca ou p-Anca e a localização da doença, duração, atividade,
complicação e resposta terapêutica. Verificou-se, entretanto, que títulos de p-Anca
se mantêm elevados em pacientes com RCUI após colectomia, fato que não ocorre
com o Asca após ressecção intestinal em pacientes com DC. Os autores concluem
que a combinação destes marcadores é útil para confirmar o diagnóstico da Doença
Inflamatória Intestinal e diferenciar DC de RCUI.
Outros estudos apontaram que Asca positivo e p-Anca negativo relacionam-
se em 80% com DC, enquanto Asca negativo e p-Anca positivo relacionam-se em
63% com RCUI. Porém o valor preditivo negativo limitou o uso destes marcadores
para diagnóstico entre RCUI e DC, ou outras afecções como isquemia, colite pós-
radiação, doença diverticular dos cólons, etc (Gupta et al, 2005).
Obtido o controle clínico-sintomático da doença (remissão), passa-se à fase
de manutenção terapêutica, que objetiva manter o doente livre de sintomas e com
aceitável qualidade de vida. Lamentavelmente, mesmo sob terapêutica de
manutenção, ambas as doenças caracterizam-se por períodos de recaída devido à
recrudescência do processo inflamatório (Biancone et al, 2002).
Assim, determinar o grau de atividade inflamatória é de grande importância
para monitorar a evolução clínica e ajustar a terapia (Naber, de Jong, 2003). Os
sintomas dos pacientes podem ser indicativos de inflamação e de atividade da
doença, mas são subjetivos e, muitas vezes, influenciados por outros fatores não
inflamatórios da doença, como estenose por cicatrização e fibrose, má absorção de
sais biliares, ou de micro ou macronutrientes (Konikoff, Denson,2006).
Portanto, na busca pela certeza da quantificação do grau de atividade
inflamatória, o que não é fácil alcançar, gastroenterologistas utilizam uma
Introdução
8
combinação de sinais, sintomas e parâmetros laboratoriais para tentar estabelecer
quão ativa é a inflamação (Poullis et al, 2002).
Há vários índices para avaliação da atividade da doença que diferem por
serem predominantemente mais subjetivos (clínicos), mais objetivos (endoscópico-
histológicos) ou pela combinação de ambos (Sostegni et al, 2003; D’Haens et al,
2007).
Para a DC, Best e seus colaboradores (1976) (1979) desenvolveram o índice
CDAI (do inglês Crohn’ s disease activity index) com inclusão de oito de 18 variáveis
analisadas após uma regressão multivariada.
O CDAI é o índice mais utilizado. O resultado varia de 0 a 600 pontos. Valor
até 150 pontos é associado com remissão clínica. De 150 a 219, doença ativa leve;
220 a 450, moderada; e acima de 450, grave. Na maioria dos estudos publicados a
ocorrência da remissão é definida pela queda do valor do CDAI para menos de 150
pontos, enquanto uma queda entre 70 a 100 pontos define que está havendo
resposta clínica. Há algumas limitações para o emprego deste índice, por exemplo,
as variações subjetivas entre observadores, como a impressão do estado geral, a
quantificação da dor abdominal, além de informações calculadas em sintomas que
ocorreram nos últimos sete dias. Não é um teste preciso para pacientes portadores
de fístulas, estenoses ou cirurgias prévias (Sostegni et al, 2003), por isso alguns
autores consideram o CDAI um índice complexo e difícil aplicar na prática clínica
diária (Naber, de Jong, 2003).
Outros índices são descritos para a DC como Harvey-Bradshaw (Harvey,
Bradshaw,1980), que é simples de ser aplicado e inclue cinco variáveis, porém
alguns pesquisadores afirmam que este índice pode apresentar algumas
desvantagens pela sua simplicidade (Naber, de Jong, 2003). O índice de Van Hees
Introdução
9
(Van Hees et al, 1980) é baseado parcialmente nos sintomas do paciente, achados
laboratoriais e exame clínico, sendo mais utilizado em ensaios clínicos. O grande
problema da maioria dos índices é a utilização de parâmetros subjetivos (Casellas et
al, 2004).
Para a doença do tipo fistulosa, em 1995, Irvine e colaboradores relataram o
índice de atividade para a doença perianal (PDAI, do inglês perianal disease activity
index) que avalia cinco critérios como: exoneração intestinal, dor, restrição a
atividade sexual, tipo de doença perianal, grau de enduração. Nem todas as fístulas
são perianais, portanto este índice também é questionado (Naber, de Jong, 2003).
Alguns índices de avaliação de atividade da DC são demonstrados na tabela 1.
TABELA 1. Índices de atividade da DC
CDAI Harvey-Bradshaw Van Hees
Dor abdominal X X
Hábitos intestinais X X X
Complicações X X X
Massa palpável X X X
Peso corporal X
Nível de hemoglobina X
Estado geral X X
Fármacos anti-diarréicos
X
IMC X
Temperatura X
Albumina sérica X
VHS X
Sexo X
Ressecções intestinais X
FONTE: Naber AH, de Jong DJ. Assessment of disease activity in inflammatory bowel disease; relevance for clinical trials. Neth J med. 2003; 61:105-10
Introdução
10
Índices também são descritos para avaliar a atividade endoscópica da
doença. O mais comumente aplicado e validado para a DC é o índice de gravidade
endoscópica da Doença de Crohn (CDEIS, do inglês Crohn’ s disease endoscopic
index score). Este índice foi desenvolvido em 1989 pelo Grupo Francês de Estudo
Terapêutico das Afecções Inflamatórias Intestinais (GETAID) (Mary, Modigliani,
1989).
Entre 1950 e 1960, os primeiros índices de atividade foram relatados para a
RCUI. Truelove, Witts (1954) (1955) introduziram uma escala com três graus de
gravidade: leve, moderada e intensa, de acordo com a intensidade das variáveis,
número de evacuações por dia, sangue nas fezes, febre, pulso, valores de
hemoglobina e VHS.
Em 1978, Powell-Tuck e seus colaboradores em um estudo comparando
prednisona 10mg versus 40mg para tratamento da colite aguda descreveram o
índice chamado de powell-tuck, incluindo 10 variáveis clínicas. Alguns autores
também criticam este índice por sua complexidade (Seo et al, 1998).
O uso de índices endoscópicos é importante, pois nem sempre as queixas
dos pacientes refletem a gravidade e a extensão da doença. Outra vantagem da
endoscopia é obter biópsias. Em 1987 Schroeder e seus colaboradores, também em
um ensaio clínico, desenvolveram um instrumento para medir a atividade da doença,
nomeado de índice de atividade da doença da clínica Mayo, incluindo quatro itens:
freqüência evacuatória, sangramento retal, avaliação global do médico e achado de
retossigmoidoscopia que é, no momento, o preferido nas pesquisas clínicas, pois
combina dados clínicos e endoscópicos.
Em 1989, Rachmilewitz e colaboradores descreveram um índice de atividade
clínico, CAI (clinical activity index), também nomeado índice de Rachmilewitz
Introdução
11
composto de sete variáveis. Os diversos índices de avaliação da atividade na RCUI
são demonstrados na tabela 2.
TABELA 2. Índices de atividade da RCUI
Truelove&Witts Powell-Tuck Mayo Rachmilewitz
Freqüência evacuatória
X X X X
Sangue nas fezes X X X X
Estado geral X
Dor abdominal X X
Consistência fecal X
Náuseas X
Anorexia X
Sinais extraintestinais X X
Febre X X X
Exames Lab X X
Pulso X
Avaliação médica X X
Tensão abdominal X
sigmoidoscopia X
FONTE: Naber AH, de Jong DJ. Assessment of disease activity in inflammatory bowel disease; relevance for clinical trials. Neth J med. 2003; 61:105-10
Considerando os diversos índices disponíveis, ainda não há consenso na
literatura do mais válido (Nielsen et al, 2000; Carty, Rampton, 2003; D’Haens et al,
2007).
Alguns estudos consideram os marcadores laboratoriais como padrão-ouro
para avaliar a inflamação (Andre et al, 1981). Classicamente, VHS (velocidade de
hemossedimentação), PCR (proteína C reativa), contagem de plaquetas e
leucócitos, hemoglobina, ferro sérico, e albumina têm sido descritos como
parâmetros para avaliar a inflamação (Beaven, Abreu, 2004; Desai et al, 2007). VHS,
em geral, mede indiretamente a concentração plasmática das proteínas na fase
Introdução
12
aguda, porém este valor é influenciado pelo tamanho, peso, número de eritrócitos,
como também por outros constituintes plasmáticos como imunoglobulinas (Nielsen et
al, 2000).
A PCR também é uma proteína de fase aguda produzida por hepatócitos e
regulada pela interleucina 6, interleucina 1 ou fator de necrose tumoral, com meia
vida de 19 horas(Beaven, Abreu,2004). Várias doenças são relacionadas com
elevação de VHS e PCR (Biancone et al, 2002).
Geralmente, na Doença Inflamatória Intestinal ativa ocorre aumento do
número de leucócitos, mas o uso de corticóide, medida terapêutica frequentemente
necessária nestes casos, pode gerar este aumento. A elevação de plaquetas pode
ocorrer diante da inflamação, mas há diversas condições além da Doença
Inflamatória Intestinal, relacionadas à elevação plaquetária (Nielsen et al, 2000).
Portanto, os parâmetros acima descritos, bem como ferro sérico, albumina e
hemoglobina não são específicos para a Doença Inflamatória Intestinal ativa o que,
em determinadas situações, impossibilita a utilização como marcadores da atividade
inflamatória na prática clínica (Langhorst et al, 2005).
Há autores que consideram a colonoscopia com biópsia o melhor método
para avaliar a inflamação, sua localização, extensão e gravidade, mas, além de ser
um método invasivo, tem risco de complicações (Konikoff, Denson, 2006).
Neste cenário ainda indefinido de real avaliação da atividade inflamatória,
investigadores clínicos têm buscado outros marcadores como interleucina 6, fator de
crescimento endotelial (EGF), fatores de coagulação que possam estar ligados à
inflamação intestinal. A interleucina 6 tem relação com atividade inflamatória
intestinal. O fator de crescimento endotelial é uma citocina liberada pelas células
inflamatórias que aumenta a permeabilidade vascular e a angiogênese. A ativação
Introdução
13
da cascata de coagulação tem sido postulada como parte da patogênese da Doença
Inflamatória. Os autores concluem, porém, que mais estudos são necessários para
melhor avaliação destes fatores, como marcadores não invasivos de atividade
inflamatória (Dubinsky, Seidman, 2000).
Vários trabalhos têm descrito marcadores fecais, como biomarcadores
potentes da inflamação da mucosa intestinal, em pacientes com Doença Inflamatória
Intestinal (Saitoh et al, 1999; Limburg et al, 2000; Poullis et al, 2002; Boone et al,
2004; Lundberg et al, 2005; Desai et at, 2007; Montalto et al, 2007). Proteínas de
grânulos de neutrófilos têm sido marcadas e estudadas como indicadores de
inflamação, incluindo lactoferrina, calprotectina, elastase de polimorfonucleares,
lisozima, entre outros (Langhorst et al, 2005).
Lactoferrina é uma glicoproteína ligada ao ferro, resistente à proteólise,
secretada pela maioria das mucosas de membranas. É o maior componente de
grânulos secundários de polimorfonucleares, os quais são os primeiros
representantes da resposta inflamatória aguda. Outras células hematopoiéticas
como monócitos e linfócitos não contêm lactoferrina. Durante a inflamação intestinal,
leucócitos infiltram a mucosa, o que resulta em aumento da excreção de lactoferrina
nas fezes (Vaishnavi, 2000; Kane et al, 2003; Ellis et al, 2004; Larsen et al, 2004;
Pfefferkorn et al, 2005; Bach, Mortensen, 2006; Greaves, Pochapin, 2006; Desai et
al, 2007).
Calprotectina é uma proteína ligada ao cálcio e constitui 5% da proteína total
e 60% da proteína do citossol dos neutrófilos. Tem propriedade bacteriostática e
fungistática e é encontrada nas fezes com concentração seis vezes maior do que no
plasma (Bunn et al, 2001; Konikoff, Denson, 2006; Montalto et al, 2007).
Introdução
14
Elastase de polimorfonucleares é uma proteinase neutra armazenada nos
grânulos azurófilos dos polimorfonucleares, mas que é liberada na ativação destas
células como mediador de inflamação (Poullis et al, 2002).
Lisozima é uma enzima derivada de neutrófilos que catalisa a hidrólise das
paredes celulares de bactérias gram+. Na RCUI a lisozima fecal origina-se em
grande parte da perda intestinal de granulócitos e seus grânulos secretórios (Poullis
et al, 2002; Langhorst et al,2005).
Alguns estudos têm comparado principalmente lactoferrina e calprotectina
fecal com índices de atividade e/ou avaliação colonoscópica/histológica na
verificação da inflamação intestinal em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal.
Os resultados destes estudos são promissores, mostrando que estes marcadores
são úteis para detectar a inflamação, e diferencia-lá de outras doenças, além de
predizer a recidiva em até um ano (Bunn et al, 2001; Kayazawa et al, 2002; Dolwani
et al, 2004; Fagerberg et al, 2005; Langhorst et al, 2005; Pardi, Sandborn, 2005;
Konikoff, Denson, 2006; Weitzman, Maltz, 2006; Desai et al, 2007).
Uma forte relação entre calprotectina fecal e excreção de neutrófilos
marcados tem sido encontrada em pacientes com Doença Inflamatória, sustentando
a hipótese de que o aumento da calprotectina seja resultado da migração de
neutrófilos da mucosa inflamada para a luz intestinal (Roseth et al, 1999).
Outros autores demonstraram que os índices de lactoferrina e calprotectina
eram significativamente maiores em amostras fecais de pacientes com doença ativa
quando comparados com doença inativa, correlacionando-os aos índices de
atividade (Langhorst et al, 2005).
Introdução
15
Kayazawa e seus colaboradores, (2002) relataram que a lactoferrina é o mais
eficiente, entre todos os marcadores derivados de neutrófilos, para avaliar a
inflamação.
Posteriormente, Dolwani e seus colaboradores, 2004 demonstraram que a
excreção exagerada de calprotectina tem sensibilidade de 84%, especificidade de
96%, valor preditivo positivo de 95% e valor preditivo negativo de 85% para
discriminar Doença Inflamatória Intestinal de síndrome do intestino irritável.
Além disso, estes marcadores fecais também são relacionados à recidiva, no
sentido de predição, quando a doença está em remissão (Tibble et al, 2000;
Weitzman, Maltz, 2006), com sensibilidade e especificidade de 89% e 82%, para a
RCUI, e 87% e 43% para a DC, respectivamente (Costa et al, 2005).
Assim, considerando o número de pacientes com Doença Inflamatória
Intestinal que acompanhamos no ambulatório de afecções intestinais da Clínica de
Gastroenterologia do Departamento de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo, a dificuldade para avaliar o grau de inflamação e a ausência de
trabalhos, em nosso país, relacionados à utilização de métodos mais práticos e não
invasivos propusemos este estudo: análise de biomarcadores na Doença
Inflamatória Intestinal.
16
2. Objetivos
Objetivos
17
1. Avaliar a eficácia da excreção fecal dos biomarcadores, lactoferrina e
calprotectina, como indicadores de atividade na Doença Inflamatória Intestinal,
correlacionando-os aos demais exames laboratoriais, aos índices de atividade da
doença e à avaliação endoscópica e histológica.
2. Verificar se a combinação dos dois testes aumenta a possibilidade de
detecção da atividade inflamatória.
3. Observar comportamentos diferentes nos resultados em pacientes com
diagnóstico de DC ou RCUI.
.
18
3. Casuística e Método
Casuística e Método
19
3.1 Pacientes
Setenta e oito (78) pacientes, 38 portadores de DC e 40 de RCUI, foram
selecionados para o estudo, atendendo os critérios de inclusão. O diagnóstico da
afecção foi feito por meio de quadro clínico, colonoscopia e exames radiológicos,
pelo menos seis meses antes do estudo. Pacientes em investigação diagnóstica não
foram escolhidos.
Todos eles adultos, com idades variadas e com doença ativa ou não. Os
dados clínicos da população estudada estão descritos na tabela 3.
3.1.1 Critérios de Inclusão:
� Idade igual ou superior a 18 anos;
� Assinar e datar, antes de qualquer atividade relacionada ao estudo, o
termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa do Hospital Central da Santa Casa de São Paulo;
� Capacidade e disponibilidade para assumir todos os procedimentos do
estudo como coleta de fezes, sangue e realização de colonoscopia e/ou
enteroscopia com duplo balão;
� Vir ao ambulatório onde se desenvolveria o estudo, sempre que
necessário.
3.1.2 Critérios de Exclusão
� Pacientes com sorologia positiva para HIV, Hepatite B ou C;
Casuística e Método
20
� História de diarréia infecciosa nos últimos seis meses;
� Portadores de parasitose intestinal;
� Presença de colostomia ou ileostomia realizada com até um mês da
inclusão;
� Diagnóstico de câncer de intestino feito previamente ao estudo.
TABELA 3. Dados clínicos da população com DII (Santa Casa de São Paulo, 2007).
Afecção DC RCUI
Número de pacientes 38 40
Sexo (masculino/feminino) 24/14 21/19
Idade (média, mínima e máxima) 37(18-64) 46(19-80)
Etnia (branco, amarelo, pardo, negro). 32/0/5/1 33/1/3/3
História Familiar de DII (sim/não) 4/34 6/34
Extensão da doença
Íleo terminal 12
Íleo e cólon 13
Pancolite 11 12
Reto + sigmóide + descendente 3
Reto 2 25
Cirurgia prévia (sim/não) 4/34 3/37
Tratamento
Aminossalicilato 14 28
Imunossupressor 16 11
Anti TNF 8 1
Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Casuística e Método
21
3.2 Métodos
3.2.1. Seleção dos pacientes
Os pacientes foram convocados inicialmente para receberem informações
sobre o estudo, esclarecerem as dúvidas e, concordando, assinarem o termo de
consentimento. Na seqüência os participantes realizaram exames de sangue que
incluíram hemograma completo, VHS, Proteína C Reativa, sorologia para hepatite B,
C, HIV e exame parasitológico de fezes para pesquisa de ovos, larvas ou cistos,
coprocultura para enteropatógenos clássicos, todos no laboratório do Hospital
Central.
Os pacientes selecionados foram avisados que deveriam retornar ao
ambulatório trazendo duas amostras de fezes frescas colhidas no dia ou, no
máximo, nas 24 horas anteriores ao retorno, conservadas em geladeira, ocasião em
que foram agendados para a realização de colonoscopia ou enteroscopia, para até
os quatro dias seguintes. Os pacientes com estomias colheram as amostras no
próprio ambulatório. Foram avisados para esvaziarem a bolsa antes de saírem de
suas casas.
Nesse dia, além de entregarem as fezes, os pacientes foram submetidos a
exame físico completo, incluindo a avaliação do aspecto das estomias, a medida da
circunferência do punho da mão dominante para cálculo do peso ideal, segundo a
tabela de peso e altura (Metropolitan Life Insurance). Além disso, foram
questionados quanto aos sintomas dos últimos sete dias para os pacientes com DC
e dos últimos três dias para os pacientes com RCUI, permitindo assim,
Casuística e Método
22
respectivamente, o cálculo do CDAI (tab4) e do Índice modificado de atividade da
doença da clínica Mayo (tab5), para avaliar o grau de atividade inflamatória.
TABELA 4. Índice de atividade da Doença de Crohn.
Variável Fator multiplicador
Número de evacuações liquidas ou pastosas, por dia, nos últimos sete dias.
2
Dor abdominal nos últimos sete dias. (0- sem dor, 1- dor leve, 2- dor moderada, 3- dor acentuada)
5
Sensação de bem-estar, dos últimos sete dias (0-ótimo, 1-bom, 2- regular, 3-mau, 4-péssimo)
7
Número de complicações 1. artrite ou artralgia 2. irite ou uveíte 3. eritema nodoso ou pioderma gangrenoso ou
estomatite aftóide 4. fissura anal ou fístula ou abscesso perianal 5. outras fístulas 6. febre acima de 37,8 0 C
20
Consumo de antidiarréico (não=0, sim=1) 30 Massa abdominal(ausente=0, duvidosa=2,bem definida=5) 10 Déficit de hematócrito homens:47-Ht; mulheres 42-Ht (Diminuir em vez de somar no caso de o Ht do paciente ser > do que o padrão)
6
Peso: porcentagem abaixo do esperado (Diminuir em vez de somar se o peso do paciente for maior que o esperado) 1-(peso/peso habitual) x100
1
Fonte: Best WR, Becktel JM, Singleton JW, Kern F Jr. Development of a Crohn’s disease activity index. National Cooperative Crohn’s disease study. Gastroenterology. 1976; 70:439-44.
Casuística e Método
23
TABELA 5. Índice modificado de atividade da doença da clínica Mayo(MMDAI) *
MMDAI Freqüência de evacuação
Sangramento Avaliação global do médico
Achados endoscópicos
Grau 0 Normal Ausente Normal Normal ou doença inativa
Grau 1
1 a 2 evacuações a
mais que o normal
Faixas de sangue nas fezes em menos da
metade das vezes
leve
doença leve (eritema, padrão
vascular diminuído)
Grau 2
3 a 4 evacuações a
mais que o normal
sangue evidente na
maioria
doença moderada
doença moderada (eritema
acentuado, padrão vascular
ausente, friabilidade,
erosões)
Grau 3
5 ou mais evacuações a
mais que o normal
só sangue doença grave
doença grave (sangramento espontâneo, ulceração)
Fonte: Schroeder KW, Tremaine WJ, Ilstrup DM. Coated oral 5-aminosalicylic acid therapy for mildly to moderate active ulcerative colitis. A randomised study. N Engl J Med 1987;317:1625-9. * A modificação feita no índice da Clínica Mayo é aumentar para 2 a pontuação endoscópica na presença de friabilidade.
3.2.2 Aplicação dos testes fecais
Nas amostras fecais trazidas pelos pacientes foram realizados dois testes
durante o estudo: um quantitativo, para dosagem de calprotectina (Calprotectin test
– Nova Tec/Alemanha) e outro qualitativo, para identificação de lactoferrina (IBD-
Chek-Techlab/EUA). Cada teste consiste em uma placa sensibilizada (com
capacidade para 96 testes) com anticorpo policlonal de rato específico para
lactoferrina ou calprotectina, além de enzimas do anticorpo conjugado, enzimas da
solução do substrato, solução de lavagem, solução de diluição, solução de extração,
Casuística e Método
24
controles e oito standards (estes somente na placa para detecção de calprotectina,
cujas concentrações eram conhecidas).
Estes testes têm como princípio a ligação enzimática antígeno-anticorpo,
detectada a partir de reação colorimétrica por adição do substrato.
Teste quantitativo (calprotectina)
As amostras de fezes dos diversos pacientes foram estocadas a -20 °C para
realizar o exame com todas as amostras de uma só vez. No dia da realização do
exame, as fezes foram descongeladas em temperatura ambiente, conforme
orientação do fabricante.
Coletou-se cerca de uma colher de chá (aproximadamente 1-5 gramas de
fezes) de cada amostra. Estas fezes foram pesadas em balança de precisão, pois se
necessita apenas de 100 mg de fezes. A seguir foram colocadas em tubo de ensaio
e misturadas em vórtex por 30 segundos e agitador horizontal (velocidade de 1000
rpm) por 35 minutos. Cerca de 1mL-2 mL do sobrenadante foi transferido para
eppendorf e centrifugado a 10.000 g por 20 minutos. O extrato foi diluído e iniciou-se
o teste de Elisa, sempre em duplicata. Os standards e controles, que vieram no
teste, foram incluídos na placa para realizar a reação. Utilizou-se leitor de Elisa com
filtro de 405 nm. Calcularam-se os valores médios da densidade óptica obtidos de
todas as duplicadas. Com os valores da densidade óptica de todos os standards e
de suas concentrações de calprotectina conhecidas (estavam descritas no teste), foi
realizada uma curva standard (Anexo 1 e 2). Os valores obtidos de cada amostra
foram colocados nesta curva e obtidos os valores das concentrações em ng/ml. Para
a conversão ng/ml para mg/kg multiplicaram-se os valores por 2,5.
Casuística e Método
25
Para este teste, o valor considerado normal de calprotectina fecal em
indivíduos saudáveis é até 50 mg/Kg. Nos pacientes portadores de DII o valor
considerado positivo para inflamação é acima de 200 mg/Kg.
Teste qualitativo (lactoferrina)
Utilizaram-se amostras fecais coletadas até 24 horas antes da realização do
teste. As amostras foram pesadas, pois é necessário cerca de 100mg de fezes,
diluídas em solução na proporção 1:20 e1:400, sucessivamente, e misturadas no
vórtex. A partir de então as amostras foram colocadas na placa para iniciar a reação
por meio da adição do conjugado, lavagem, adição do substrato, lavagem, etc. Para
cada reação foram necessárias amostras duplicadas, controles positivos e
negativos. A leitura foi realizada em leitor de Elisa com filtro de 450nm. Valores de
densidade óptica menores que 0,200 e maiores que 0,200 foram considerados
negativo e positivo, respectivamente.
3.2. 3. Realização dos exames endoscópicos
Os pacientes portadores de RCUI submeteram-se à colonoscopia e aqueles
com DC, à enteroscopia com duplo balão. Foram orientados para que três dias antes
do exame iniciassem dieta leve, contendo água, chá, suco coado, gelatina, torrada,
sopa de carne ou frango batida no liquidificador e passada na peneira. Na véspera
do exame deveriam tomar quatro comprimidos de Dulcolax® e no dia do exame, já
no Serviço de Endoscopia, um copo, de 10 em 10 minutos, de solução contendo 200
ml de lactulose e 800 ml de água, até apresentarem evacuações aquosas e sem
resíduos fecais.
Casuística e Método
26
Para os pacientes com 70 anos ou mais, doença associada ou ainda
dificuldade na realização do preparo, optou-se por realizar os exames com o
paciente hospitalizado, por medida de segurança durante o preparo intestinal.
A colonoscopia nos pacientes portadores de RCUI foi realizada com sedação,
utilizando Midazolan 5mg e Meperidina 50 mg. Mas, nos pacientes portadores de
DC, utilizou-se sedação com Diprivan, em presença de anestesiologista.
Todos os exames foram analisados a partir de vídeo, durante o procedimento,
por dois endoscopistas (sempre os mesmos), que não sabiam os resultados dos
exames de sangue nem dos testes fecais dos pacientes.
A avaliação endoscópica, utilizada para os pacientes portadores de RCUI, foi
baseada no índice modificado de atividade da doença da clínica Mayo (MMDAI) (já
descrito anteriormente). Em pacientes portadores de DC, foi usado o índice
endoscópico de gravidade da Doença de Crohn (CDEIS) Modificado (tabela 6). Isso
porque, originalmente esta classificação só incluía a avaliação do íleo terminal e,
com a enteroscopia de duplo balão, muitas vezes foram avaliadas outras porções,
além do íleo. Para optimizar o tempo, estipulou-se a duração do exame para no
máximo, uma hora e meia e, a partir de então, o aparelho seria retirado, realizando
biópsias a cada 30 cm. Vale ressaltar que a enteroscopia é um exame complexo que
pode durar muitas horas, o que no nosso caso atrapalharia a rotina do Serviço de
Endoscopia.
Durante a realização das colonoscopias foram realizada biópsias nas áreas
lesadas, bem como nas áreas sadias (reto, sigmóide, descendente, transverso,
ascendente), nos exames considerados normais. Todas as amostras foram enviadas
para o Departamento de Ciências Patológicas do Hospital Central.
Casuística e Método
27
TABELA 6. Índice endoscópico de gravidade da Doença de Crohn (CDEIS).*
A (foi vista alguma estenose ulcerada em algum local do intestino durante o exame)?
Sim = 3 Não = 0 B (foi vista alguma estenose não ulcerada em algum local do intestino durante o exame)?
Sim=3 Não=0
Reto Sigmóide e cólon
esquerdo
Cólon transverso
Cólon direito Íleo
C (segmentos intestinais
examinados) 1 1 1 1 1
D (segmentos intestinais
com ulceração profunda)
1 1 1 1 1
E (segmentos intestinais
com ulceração superficial)
1 1 1 1 1
F (comprimento (cm) da
superfície envolvida em cada segmento)
Some o comprimento total (cm)
G (comprimento (cm) das superfícies ulceradas em cada segmento)
Some o comprimento total (cm)
(Dx12) + (Ex6) + F + G CDEIS =
C + A + B
Fonte: Mary JY, Modigliani R. Development and validation of an endoscopic index of the severity for Crohn’s disease: a prospective multicentre study. Groupe d’ Etudes Therapeutiques des Affections Inflammatoires du Tube Digestif(GETAID). Gut. 1989; 30:983-9. * A modificação realizada no índice inclui dividir o íleo em subsegmentos de 30 cm e somar 1 para cada segmento que foi avaliado.
3.2.4 Avaliação histológica
Vários dados foram estudados na avaliação histológica entre eles:
� Infiltração de neutrófilos na lâmina própria
� Abscessos de criptas
Casuística e Método
28
� Redução do número de células caliciformes
� Presença de erosão e/ou ulceração
� Distorção de criptas
� Agressão de criptas
� Infiltrado crônico
� Presença de granuloma
� Presença de nódulo linfóide
� Número de eosinófilos
Porém para definir uma contagem histológica, foram utilizados apenas os
dados: presença de neutrófilos na lâmina própria, presença de erosão e/ou
ulceração e agressão de criptas. Pontuou-se cada um destes dados de 0 a 3,
convertendo sua somatória em graus de inflamação (Tabela 7).
TABELA 7. Conversão dos dados histológicos para graus de inflamação (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Grau Pontos Grau 0 (ausência de inflamação) 0 ponto Grau 1 (inflamação leve) 1 a 3 pontos Grau 2(inflamação moderada) 4 a 6 pontos Grau 3(inflamação intensa) 7 a 9 pontos Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
As lâminas foram avaliadas por dois patologistas (sempre os mesmos) que
não conheciam o diagnóstico dos pacientes nem o resultado dos demais exames.
3.2.5 Análise estatística
Inicialmente calculou-se o tamanho amostral, considerando a proporção de
concordância de dois métodos em relação à detecção da inflamação, um nível de
Casuística e Método
29
significância de 5% Após alguns testes de simulação o número ao redor de 80
pacientes foi considerado adequado.
Empregou-se, para análise dos dados, o programa estatístico SPSS
(Statistical Package for Social Sciences para Windows versão 13.0), observando
níveis de significância iguais ou inferiores a 5% (0,05).
Para avaliar todas as variáveis estudadas, ou seja, valores de hemoglobina,
hematócrito, leucócitos, plaquetas, proteína c reativa, velocidade de
hemossedimentação, lactoferrina e calprotectina fecais, CDAI, MMDAI, CDEIS e
avaliação histológica, aplicou-se a análise de correlação de Spearman.
Além disso, considerando a avaliação histológica como padrão-ouro para
detectar inflamação, as outras variáveis foram estudadas em relação à sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia.
Vale ressaltar que, para a aplicação dos testes estatísticos, bem como cálculo
da sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e
acurácia, os resultados foram dicotomizados em relação à presença ou ausência de
inflamação e valores normais ou anormais dos exames, de acordo com os padrões
de referência do laboratório central para os exames de sangue (Anexo 3). Para os
marcadores fecais consideramos que, se a lactoferrina for positiva, haverá presença
de inflamação se negativa, indicará ausência. Para calprotectina, valores maiores
que 200mg/Kg, segundo as informações contidas no próprio manual do teste, são
indicativos de inflamação intestinal. Resultados abaixo deste valor significam
ausência de inflamação.
Aplicou-se o teste de Mann-Whitney para avaliar a presença de diferenças
das variáveis em relação aos dois grupos de afecções: DC e RCUI.
30
4. Resultados
Resultados
31
Considerando que o padrão-ouro para concluir a presença ou não de
atividade inflamatória em portadores de DII seja a análise histopatológica obtida por
biopsia, à qual todos os pacientes foram submetidos neste trabalho, foi possível
dividir os pacientes em dois grandes grupos:
� Grupo I: pacientes com atividade inflamatória.
� Grupo II: pacientes sem atividade inflamatória.
Analisando a etiologia dos pacientes: DC e RCUI, subdividimos ainda mais os
pacientes. Assim obtivemos quatro subgrupos de pacientes:
� Grupo IA: portadores de DC e com atividade inflamatória
� Grupo IIA: portadores de DC e sem atividade inflamatória
� Grupo IB: portadores de RCUI e com atividade inflamatória
� Grupo IIB: portadores de RCUI e sem atividade inflamatória
Os resultados desta subdivisão apresentam-se na tabela 8.
TABELA 8. Classificação dos doentes quanto ao diagnóstico e presença ou não de atividade inflamatória detectada pela histologia (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Etiologia Atividade Inflamatória DC (A) RCUI (B)
Total
Presente (I) 24 (63%) 28 (70%) 52(67%)
Ausente (II) 14 (37%) 12 (30%) 26(33,3%)
Total 38(100%) 40(100%) 78(100%)
Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Resultados
32
4.1. Comparação dos índices de atividade clínica (CDAI), endoscópico
(CDEIS), clínico-endoscópico (MMDAI) e avaliação histopatológica.
Dos pacientes portadores de DC (Grupo A) a grande maioria (32 pacientes)
não apresentou valores do CDAI compatíveis com atividade da doença, ou seja,
acima de 150 pontos. Comparando o CDAI com a avaliação histológica observamos
que nos 18(75%) pacientes que apresentavam inflamação presente na histologia, os
valores do CDAI eram normais. Porém todos os pacientes com CDAI acima de 150
pontos (seis pacientes) tinham na sua avaliação histológica a presença da
inflamação. Tal diferença mostrou-se estatisticamente não significante (p=0,06)
(Tabela 9).
TABELA 9. Comparação entre CDAI e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica CDAI
Grupo IA Grupo IIA Total
> 150 pontos 6 (25%) 0 (0%) 6 (18,8%)
< 150 pontos 18 (75%) 14 (100%) 32 (84,2%)
Total 24 (100%) 14 (100%) 38 (100%)
p = 0,06 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Os valores do CDEIS variaram de 0 a 31pontos com valor médio de 7,8
pontos. Foi considerado que qualquer valor maior que zero indicava atividade. Dos
23 pacientes que apresentavam alteração macroscópica compatível com atividade
inflamatória (CDEIS>0), 22 pacientes tiveram confirmação da inflamação na
avaliação histológica. Em dois pacientes a inflamação foi detectada apenas no
Resultados
33
estudo histopatológico, pois o CDEIS foi iqual a 0. Esta correlação foi
estatisticamente significante (p=0,000) (Tabela 10).
TABELA 10. Comparação entre CDEIS e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica CDEIS
Grupo IA Grupo IIA Total
> que 0 22 (92%) 1 (7%) 23 (60,5%)
Igual a 0 2 (8%) 13 (93%) 15 (39,5%)
Total 24 (100%) 14 (100%) 38 (100%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Os pacientes portadores de RCUI (Grupo B) foram distribuídos em relação à
classificação MMDAI em: 19(47,5%) pacientes com atividade ausente, 2(5%) com
atividade leve, 12(30%) com atividade moderada e 7(17,5%) com atividade
intensa. Classificação acima do grau 0 era considerada positiva para inflamação.
Em 21 pacientes os resultados do índice clínico-endoscópico de atividade
inflamatória (MMDAI) foram compatíveis com inflamação, achado idêntico ao
encontrado na avaliação histológica. Sete pacientes tinham ausência de atividade
clínico-endoscópica pelo MMDAI, porém com inflamação presente na histologia.
Esta comparação mostrou diferença estatisticamente significante (p=0,000). Estes
resultados encontram-se documentados na tabela 11.
Resultados
34
TABELA 11. Comparação entre MMDAI e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica MMDAI
Grupo IB GrupoIIB Total
Classificação > 0 21 (75%) 0 (0%) 21 (52,5%)
Classificação = 0 7 (25%) 12 (100%) 19 (47,5%)
Total 28 (100%) 12 (100%) 40 (100%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
4.2. Comparação entre análise laboratorial e avaliação histopatológica
4.2.1. Testes sanguíneos
Os valores médios de hemoglobina, hematócrito, leucócitos, plaquetas, VHS
e PCR observados na população estudada foram: 13(17 a 8) g/dL, 39(48 a 27)%,
7.6(16 a 4) mil/uL, 245(416 a 126) mil/uL, 27(105 a 1)mm e 1,5(8 a 0) mg/dL,
respectivamente.
De todos os exames de sangue coletados apenas a PCR apresentou
diferença estatisticamente significante quanto comparada à avaliação histológica.
(p=0,010) (Tabela 12). Dos 52 pacientes que apresentavam inflamação presente na
biópsia, 30(57,7%) tinham valores anormais (acima de 1mg/dL) de PCR, enquanto
que dos 26 pacientes com ausência de inflamação, 19(73%) apresentavam valores
normais de PCR. Não houve diferença nos resultados dos testes sanguíneos entre
os grupos A e B.
Resultados
35
TABELA 12. Comparação entre valores de PCR e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histologica PCR
Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB Total
Elevada 16 (67%) 14 (50%) 4 (28,6%) 3 (25%) 37 (47,5%)
Normal 8 (33%) 14 (50%) 10 (71,4%) 9 (75%) 41 (52,5%)
Total 24 (100%) 28 (100%) 14 (100%) 12 (100%) 78 (100,0%)
p = 0,010 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
As variáveis como hemoglobina, hematócrito, leucócitos, plaquetas e VHS
apresentaram diferença estatisticamente não significante (p=0,06; 0,63; 1,0; 0,07; 0,
16, respectivamente) (Anexo 4, 5, 6, 7, 8).
4.2.2. Testes fecais
A lactoferrina esteve positiva em 49 e negativa, em 29 pacientes. Apenas 5
pacientes portadores de inflamação intestinal tiveram lactoferrina negativa. Esta
diferença foi estatisticamente significante (p=0,000) (Tab 13). Os grupos A e B
apresentaram resultados semelhantes.
TABELA 13. Comparação entre lactoferrina fecal e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica Lactoferrina fecal Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB
Total
Positiva 22 (92%) 25 (89,3%) 2 (14,3%) 0 (0%) 49 (62,8%)
Negativa 2 (8%) 3 (10,7%) 12 (85,7%) 12 (100%) 29 (37,2%)
Total 24 (100%) 28 (100%) 14 (100%) 12 (100%) 78 (100%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Resultados
36
O valor médio da concentração de calprotectina encontrado foi de 686(2543-
53) mg/Kg. Considerando para presença de inflamação valores superiores ao teor de
corte (200 mg/Kg), a calprotectina esteve presente, com valores acima do limite, em
40 pacientes portadores de inflamação intestinal evidenciada pela biópsia. Esta
diferença foi estatisticamente significante (p=0,000) (Tab 14). Ambos os grupos A e
B apresentaram resultados similares.
TABELA 14. Comparação entre calprotectina fecal e avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica Calprotectina fecal Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB
Total
Positiva (>200ng/mL)
20 (83,3%) 20 (71,4%) 0 (0%) 0 (0%) 40 (51,3%)
Negativa 4 (16,7%) 8 (28,6%) 14 (100%) 12 (100%) 38 (48,7%)
Total 24 (100%) 28 (100%) 14 (100%) 12 (100%) 78 (100,0%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Como o teste da calprotectina fecal era quantitativo, optamos por avaliar
todos os valores de calprotectina fecal encontrado e compará-los ao grau da
inflamação (ausente, leve, moderada e intensa) definida no estudo histológico de
todos os pacientes do grupo A e B. Está comparação também foi estatisticamente
significante (p=0,000) (Figura 1).
Resultados
37
FIGURA 1. Comparação entre Calprotectina Fecal e Intensidade da Inflamação Histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008)
0,00
500,00
1000,00
1500,00
2000,00
2500,00
3000,00
0 1 2 3
Avaliação Histológica
Calp
rote
ctina
P = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Avaliação Histológica (grau de inflamação): 0. ausente; 1. leve; 2. moderada; 3. intensa.
Todos os dados acima descritos foram analisados em relação à sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia quando
comparados a avaliação histológica. Tais resultados estão apresentados na Tabela
15.
TABELA 15. Análise estatística dos índices de atividade, testes sanguíneos e marcadores fecais (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Sensibilidade Especificidade VPP VPN Acurácia CDAI 25% 100% 100% 44% 53%
CDEIS 92% 93% 96% 87% 92% MMDAI 75% 100% 100% 63% 83%
PCR 58% 73% 81% 46% 63% Lactoferrina 90% 92% 96% 83% 91%
Calprotectina 77% 100% 100% 68% 85%
Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Resultados
38
4.3. Avaliação da correlação dos marcadores fecais e índices clínico-endoscópicos em pacientes com inflamação.
4.3.1. Grupo A
A lactoferrina foi comparada nos pacientes do grupo A ao CDAI e ao CDEIS e
houve diferença estatisticamente significante (p=0,043; p=0, 000, respectivamente)
(Tab 16).
TABELA 16. Comparação entre lactoferrina fecal, CDAI e CDEIS (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Grupo A Lactoferrina
CDAI (>150 pontos) * CDEIS (>0) **
Positiva 6 (100%) 20 (87%)
Negativa 0 (0%) 3(13%)
Total 6 (100%) 23 (100%)
*p = 0,043 (Correlação de Spearman) ** p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Por indicarem um teste quantitativo, os valores da calprotectina foram
avaliados em relação aos valores do CDAI e do CDEIS e demonstraram significância
de 0,010 e 0, 000, respectivamente (Figuras 2 e 3). Vale ressaltar que nesta
avaliação não foi considerado o teor de corte da calprotectina para definir
inflamação, mas que todos os valores encontrados foram comparados aos índices
clínico e endoscópico.
Resultados
39
FIGURA 2. Comparação entre Calprotectina Fecal e CDAI (Santa Casa de São Paulo, 2008).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 50 100 150 200 250 300
CDAI
Calp
rote
cti
na
P = 0,010 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
FIGURA 3. Comparação entre Calprotectina Fecal e Avaliação Endoscópica (CDEIS) (Santa Casa de São Paulo, 2008).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 10 20 30 40
Avaliação Endoscópica
Calp
rote
cti
na
P = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Resultados
40
4.3.2 Grupo B
Para os pacientes do grupo B a lactoferrina também foi correlacionada ao
MMDAI mostrando significância (p=0,000) (Tab 17).
TABELA 17. Comparação entre lactoferrina fecal e MMDAI (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Grupo B Lactoferrina
MMDAI (classificação>0)
Positiva 21 (100%)
Negativa 0 (0%)
Total 21 (100%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Os valores totais de calprotectina foram comparados aos graus da
classificação MMDAI. Tal comparação mostrou diferença estatisticamente
significante (p=0,000) (Figura 4).
FIGURA 4. Comparação entre Calprotectina Fecal e MMDAI (Santa Casa de São Paulo, 2008).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 1 2 3
MMDAI
Calp
rote
cti
na
P = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo MMDAI (grau de inflamação): 0. ausente; 1. leve; 2. moderada; 3. intensa.
Resultados
41
4.4. Avaliação da correlação entre marcadores fecais e testes sanguíneos (PCR)
De forma geral a lactoferrina e a calprotectina apresentaram concordância
estatisticamente significante quando comparadas com a PCR em ambos os grupos.
Estes resultados estão discriminados nas Tabelas 18 e 19.
TABELA 18. Correlação entre Lactoferrina Fecal e PCR
PCR Elevada Lactoferrina Fecal Grupo A Grupo B Total
Positiva 16(80%) 13(76%) 29(78%)
Negativa 4(20%) 4(24%) 8(22%)
Total 20(100%) 17(100%) 37(100%)
p = 0,006 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
TABELA 19. Correlação entre Calprotectina Fecal e PCR
PCR Elevada Calprotectina Fecal Grupo A Grupo B Total
Positiva 16(80%) 12(71%) 28(76%)
Negativa 4(20%) 5(29%) 9(24%)
Total 20(100%) 17(100%) 37(100%)
p = 0,000 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
4.5. Avaliação da correlação dos marcadores fecais entre si
A calprotectina foi correlacionada à lactoferrina e observou-se significância
menor que 0,001(Tab 20). Os resultados foram semelhantes em ambos os grupos A
e B.
Resultados
42
TABELA 20. Comparação entre calprotectina fecal e lactoferrina fecal (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Lactoferrina fecal Calprotectina fecal
Positiva Negativa Total
A B A B
Positiva(>200ng/mL) 20 20 0 0 40 (51,3%)
Negativa 4 5 14 15 38 (48,7%)
Total 24 25 14 15 78 (100,0%)
p <0,001 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
4.6. Avaliação da correlação de todos os parâmetros entre os grupos A e B
Por fim, submetemos os dois grupos A e B à aplicação do Teste de Mann-
Whitney com o intuito de compará-los em relação a todos os parâmetros avaliados.
E realmente não se notou diferença entre os grupos.
43
5. Discussão
Discussão
44
Doença inflamatória intestinal, que inclui Doença de Crohn e Colite Ulcerativa,
é uma condição crônica marcada por episódios recorrentes de inflamação no trato
gastrointestinal. Esta inflamação é a base de muitos sinais e sintomas da doença,
cuja detecção e monitoramento são fundamentais para o manejo clínico. Como a
inflamação gastrointestinal não é diretamente observada por pacientes ou médicos,
muitos métodos têm sido desenvolvidos para quantificar sua gravidade e extensão.
Porém, até o momento, a maioria dos estudos demonstra que a melhor forma de
analisar a inflamação é a avaliação histológica (Bunn et al, 2001; Kayazawa et al,
2002; Poullis et al, 2002; Fagerberg et al, 2005; Konikoff, Denson, 2006).
Com base neste achado, os pacientes que participaram do estudo em
questão foram inicialmente classificados em portadores ou não de atividade
inflamatória a qual foi detectada por meio de análise histológica.
Os sintomas dos pacientes podem ser indicadores de inflamação e atividade
da doença, mas são subjetivos e, muitas vezes, influenciados por outros fatores não
inflamatórios da doença (fibrose). A combinação dos sinais e sintomas dos pacientes
com DII é utilizada em vários índices clínicos que foram criados para calcular a
atividade inflamatória (Konikoff, Denson, 2006).
O índice de atividade da DC (CDAI) tem sido usado rotineiramente para
avaliar a atividade inflamatória, a partir da quantificação dos sintomas dos pacientes
(Naber, de Jong, 2003). Na presente série, ao comparar os valores do CDAI e a
avaliação histológica notou-se que a maioria dos pacientes portadores de inflamação
diagnosticada à microscopia tinha valores de CDAI compatíveis com ausência de
inflamação. Uma explicação para esta diferença talvez, seja que o CDAI não reflete
a inflamação na mucosa, a qual pode persistir após os sintomas desaparecerem.
Discussão
45
De fato o CDAI, apesar de ser o mais usado, é questionado em vários
estudos por não ser específico. Este índice apresenta limitações como variações
entre observadores, análise de itens subjetivos (estado geral, intensidade da dor
abdominal), cálculo baseado nos sintomas que ocorreram nos últimos sete dias,
ineficácia em pacientes com fístulas, estenoses ou já submetidos a cirurgias (Nielsen
et al, 2000; Bunn et al, 2001; Biancone et al, 2002; Poullis et al, 2002; Sostegni et al,
2003; Fagerberg et al, 2005; Konikoff, Denson, 2006).
A avaliação colonoscópica, porém, apresentou significante relação com a
histologia. Praticamente quase todos os pacientes com inflamação visualizada na
biópsia tinham alterações macroscópicas. Vale ressaltar que os índices
endoscópicos são bem complexos e difíceis de serem utilizados na prática clínica,
mas até o momento o CDEIS é considerado o melhor entre outros índices
endoscópicos da DC (Sostegni et al, 2003; Pardi, Sandborn, 2005).
Na RCUI o índice utilizado (MMDAI) combina sintomas clínicos e avaliação
endoscópica e, neste sentido, parece melhor para detectar a inflamação (Naber, de
Jong, 2003). Obtivemos resultados concordantes com a literatura, já que, no estudo,
75% dos pacientes com inflamação histológica apresentaram valores do MMDAI
compatíveis a este achado histológico.
O uso de marcadores sanguíneos para predizer, monitorar e tratar doenças
em humanos é uma prática bem estabelecida para muitas desordens auto-imunes.
Novos marcadores têm sido reconhecidos há alguns anos, e isso gera um debate na
comunidade dos gastroenterologistas sobre o uso apropriado e a interpretação
destes testes. Estes debates não são exclusivos de nossa especialidade. Os
reumatologistas, por exemplo, sempre utilizaram a dosagem de anticorpos em várias
doenças. Mais recentemente os cardiologistas definiram a importância da proteína C
Discussão
46
reativa como marcador inflamatório da aterosclerose e sua utilização para estratificar
o risco dos pacientes. Oncologistas rotineiramente utilizam marcadores tumorais
para investigar recorrência da doença e guiar a terapia (Beaven, Abreu, 2004).
Vários marcadores hematológicos têm sido propostos para avaliar a
inflamação em pacientes com DII, porém não se mostraram vantajosos em vários
estudos (Dubinsky, Seidman, 2000; Biancone et al, 2002; Fagerberg et al, 2005). Os
exames laboratoriais como hemoglobina, hematócrito, número de leucócitos,
contagem de plaquetas, velocidade de hemossedimentação, proteína C reativa são
classificamente utilizados, porém não são específicos, tornando-se anormais em
várias outras doenças não intestinais (Tibble et al, 2000).
Sostegni e seus colaboradores (2003) demonstraram que a PCR geralmente
aumenta em pacientes com doença ativa. Há estudo que demonstra que a PCR é
um bom indicador de inflamação intestinal, porém tem meia vida curta de 19 horas,
isso explica sua rápida diminuição após a redução de atividade inflamatória na DII
(Nielsen et al, 2000).
Na presente série, apenas a PCR mostrou diferença estatisticamente
significante quando comparada a histologia para avaliar a inflamação intestinal. Mais
da metade dos pacientes portadores de inflamação intestinal identificada na
histologia apresentou PCR alterada, mas a sensibilidade deste marcador foi de
apenas 58%. Todos os outros parâmetros hematológicos não foram capazes de
indicar processo inflamatório. Estes resultados são semelhantes aos encontrados na
literatura. Bunn e seus colaboradores (2001) já haviam comentado que o controle
clínico da DII a partir de índices hematológicos mostrara-se inferior aos resultados
de colonoscopia e histologia.
Discussão
47
Uma das formas de avaliar a inflamação discutida nos últimos anos é pela
análise da infiltração de neutrófilos na mucosa intestinal e a transmigração para o
lúmen. A lactoferrina é o mais importante componente secundário de grânulos de
neutrófilos que degranulam durante o processo inflamatório (Kayazawa et al, 2002).
Uchida e seus colaboradores (1994) foram os primeiros a relatar a utilidade
clínica da lactoferrina fecal, determinada pelo teste de Elisa, em pacientes
portadores de DII. Posteriormente, Huicho e seus colaboradores (1996); Huicho e
seus colaboradores (1997); Fine e seus colaboradores (1998); Kane e seus
colaboradores (2003); Gupta e seus colaboradores (2005) demonstraram o uso do
teste em screening de pacientes com diarréia crônica com sensibilidade e
especificidade de 86% e 100%, respectivamente, para diferenciar DII de Síndrome
do Intestino Irritável.
Durante a inflamação intestinal, a lactoferrina fecal aumenta rapidamente e se
correlaciona às alterações colonoscópicas e histopatológicas de pacientes com DII,
sustentando a idéia de método sensível e específico para identificar a atividade
inflamatória nestes pacientes (Beaven, Abreu, 2004; Buderus et al, 2004; Walker et
al, 2004; Pardi, Sandborn, 2006; Weitzman, Maltz, 2006; Whitlock et al, 2006).
Kane e seus colaboradores (2003) estudando o papel da lactoferrina fecal em
pacientes portadores de DII demonstraram que as concentrações de lactoferrina
foram significativamente maiores em pacientes com doença ativa do que naqueles
com doença inativa. Estes resultados são compatíveis aos encontrados no atual
estudo em que dos 52 pacientes com inflamação intestinal observada na avaliação
histológica, 49 apresentavam lactoferrina positiva. Este teste mostrou alta
sensibilidade e especificidade (90,4%e 92,3%, respectivamente).
Discussão
48
Outro marcador derivado de neutrófilos que tem se mostrado muito promissor
para identificar a inflamação intestinal é a calprotectina fecal (Poullis et al, 2002;
Konikoff, Denson et al, 2006; Weitzman, Maltz, 2006). Roseth e seus colaboradores
(1992) desenvolveram o primeiro método para isolar e quantificar a calprotectina
fecal a partir da ligação antígeno-anticorpo.
A concentração de calprotectina fecal em adultos saudáveis já foi bem
estabelecida em vários estudos demonstrando um valor médio ao redor de 25mg/kg.
Valores acima de 50 mg/Kg são considerados anormais para o teste da
calprotectina. Porém pacientes com DII em atividade os valores de calprotectina
variam de 200mg/Kg a 20.000mg/Kg (Roseth et al,1997; Roseth et al, 1999; Tibble
et al, 1999; Limburg et al, 2000; Tibble et al, 2000; Ton et al, 2000; Husebye et al,
2001; Summerton et al, 2002; Carroccio et al, 2003; Costa et al, 2003; Thjodlifsson et
al, 2003; Dolwani et al, 2004; Poullis et al, 2004; Wassell et al, 2004).
Com base nestes achados, consideramos o teor de corte de 200mg/Kg.
Valores de calprotectina acima do teor de corte foram considerados relacionados a
inflamação. Encontramos um valor médio de concentração da calprotectina de
686mg/Kg nos pacientes estudados, resultado semelhante a alguns estudos( Roseth
et al,1999; Tibble et al, 2000), enquanto Dolwani e seus colaboradores (2004)
demonstraram nível médio de calprotectina fecal de 226mg/Kg em pacientes com
DC.
Dos 52 pacientes com inflamação presente na histologia, 40 pacientes
apresentaram valores de calprotectina acima de 200mg/Kg. Dos pacientes sem
inflamação, nenhum tinha valores acima do teor de corte. E, apesar de este teste
apresentar valor de sensibilidade mais baixo que a lactoferrina, 77% , sua
especificidade foi extremamente alta, 100%.
Discussão
49
Muitos autores já haviam afirmado que a calprotectina se relaciona muito bem
com a avaliação histológica (Roseth et al, 1997; Bunn et al, 2001) e isso também foi
demonstrado no presente trabalho. Níveis altos de calprotectina fecal em pacientes
com DII são resultados do turnover aumentado de leucócitos na parede intestinal.
Esta teoria é sustentada pela correlação entre calprotectina nas fezes e neutrófilos
marcados com tecnécio radioativo. Outras proteínas derivadas de neutrófilos como
elastase, mieloperoxidase, lisoenzima parecem ter potencial como marcadores de
inflamação gastrointestinal. Mas a calprotectina pode ter vantagem por representar
60% da proteína do citossol de neutrófilo, ser estável nas fezes em temperatura
ambiente e resistente ao calor. (Fagerberg et al, 2005).
Para termos certeza da associação positiva entre calprotectina e inflamação
presente à microscopia, consideramos os valores da calprotectina obtidos em todos
os pacientes, independentemente do teor de corte estipulado, e comparamos a
intensidade da inflamação. Os níveis de inflamação mais intensos estavam
associados a valores elevados de calprotectina, demonstrando correlação
significante entre níveis de calprotectina e gravidade da inflamação.
Bunn e seus colaboradores (2001) afirmaram que a calprotectina se
correlaciona equivalentemente à gravidade da inflamação, extensão e à combinação
de ambos. Isso sugere que este teste seja influenciado pelo tamanho da área do
intestino lesada e pela gravidade da inflamação. Estes autores, neste trabalho,
observaram que níveis elevados de calprotectina tinham sensibilidade de 100% e
especificidade de 80% em identificar quais crianças portadoras de DII tinham
inflamação microscópica significante e, sensibilidade de 90%, especificidade de
100% em detectar as crianças com inflamação não demonstrada na cintilografia de
leucócitos marcados com tecnécio.
Discussão
50
Nos pacientes portadores de DC, a lactoferrina foi comparada ao índice de
atividade clínico (CDAI) e ao índice de atividade endoscópica (CDEIS). Poucos
pacientes apresentaram níveis de CDAI considerados positivo para inflamação,
acima de 150 pontos, e todos (seis pacientes) tinham lactoferrina positiva, enquanto
dos 32 pacientes com CDAI abaixo de 150 pontos, 18 pacientes apresentavam
lactoferrina positiva. Apesar de esta correlação ter apresentado significância nota-se
que muitos pacientes com CDAI baixo apresentavam lactoferrina positiva. Esta
discrepância também foi descrita acima na comparação CDAI e avaliação
histológica. Isso nos faz pensar que, nesta casuística, o CDAI não está
representando corretamente o grau de inflamação.
Buderus e seus colaboradores (2004), avaliando a lactoferrina fecal em
crianças usuárias de terapia com Infliximabe demonstraram que os níveis de
lactoferrina eram compatíveis aos valores do índice de atividade clínica, no caso o
PCDAI (Pediatric Crohn’s Disease Activity Index). Neste estudo, após o tratamento
com Infliximabe a queda dos níveis de lactoferrina foi acompanhada da queda dos
valores do PCDAI.
Em relação ao CDEIS, dos 23 pacientes com atividade inflamatória presente à
macroscopia, 20 tinham lactoferrina positiva. Assim a comparação da lactoferrina
com a avaliação macroscópica nos pacientes com DC foi significante.
A calprotectina também apresentou correlação significante entre o índice
clínico e o endoscópico (CDAI, CDEIS). Apesar de a grande maioria (32 pacientes
no total) apresentar valores compatíveis com doença em remissão (CDAI<150
pontos) quase a metade apresentava valores de calprotectina acima do teor de
corte. De forma geral, a literatura mostra boa correlação entre os níveis de
Discussão
51
calprotectina e CDAI (Tibble et al, 2000; Biancone et al, 2002; Costa et al, 2005;
Pardi, Sandborn, 2005).
Quanto ao CDEIS, todos os pacientes que apresentaram valor zero na
avaliação endoscópica (CDEIS=0) tinham níveis de calprotectina inferiores ao teor
de corte. E esta correlação foi estatisticamente significante. Fagerberg e seus
colaboradores (2005) demonstraram que a calprotectina tem boa correlação entre os
achados endoscópicos, porém não utilizou o CDEIS. Na verdade até o momento
nenhum trabalho comparou marcadores fecais e CDEIS. Bunn e seus colaboradores
(2001) afirmaram que as concentrações de calprotectina se relacionam mais aos
índices histológicos do que aos endoscópicos, e consideram este dado muito
importante, pois sugere que a calprotectina detecta inflamação não visualizada na
macroscopia.
Nos pacientes portadores de RCUI, observou-se que todos os pacientes com
sinais clínicos e endoscópicos de inflamação (avaliado pelo MMDAI) tinham
lactoferrina presente em suas fezes.
Em um estudo que avaliou a lactoferrina no fluido da lavagem intestinal em
pacientes portadores de DII, comparado com outras proteínas derivadas de
neutrófilos, a lactoferrina teve melhor correlação clínica e colonoscópica em
pacientes portadores de RCUI que naqueles com DC (Kayazawa et al, 2002).
Langhorst e seus colaboradores (2005) também estudaram quatro proteínas
derivadas de neutrófilos, porém nas fezes dos pacientes portadores de RCUI, entre
elas, a lactoferrina. Neste trabalho o índice clínico de atividade para avaliar os
pacientes foi o de Rachmilewitz. A comparação entre os valores deste índice e as
proteínas mostrou sensibilidade de 88% e especificidade de 72,5%.
Discussão
52
Os valores das concentrações de calprotectina também apresentaram
correlação significante entre índice clínico e endoscópico (MMDAI). Pacientes com
graus do MMDAI mais altos tinham valores de concentração de calprotectina
superiores. Por faltarem estudos sobre marcadores fecais e MMDAI, não se
encontram dados comparativos semelhantes na literatura.
Analisando os marcadores fecais e o único marcador sanguíneo que teve
correlação estatisticamente significante entre achados histológicos (PCR),
observamos que tanto a lactoferrina como a calprotectina estavam presentes na
maioria dos pacientes que tinham PCR elevada. Esta comparação não foi
encontrada em outros estudos.
Brignola e colaboradores (1986), utilizando marcadores hematológicos por
não disporem de marcadores fecais na época, concluíram que a associação de
vários marcadores aumenta a acurácia para detectar inflamação. Diferentemente
desse achado, no presente estudo não foi observado vantagem na associação dos
marcadores, pois não se obteve maior acurácia. Na maioria das vezes, quando a
lactoferrina era positiva, a calprotectina também se apresentava alterada.
A lactoferrina, entretanto, apresentou maior capacidade para detectar a
inflamação quando presente (melhor sensibilidade), enquanto a calprotectina
mostrou maior capacidade de detectar a ausência da inflamação quando ela não
existia (melhor especificidade). A fidedignidade dos resultados de ambos os métodos
foi semelhante (acurácia de 91% e 85% para lactoferrina e calprotectina,
respectivamente). Talvez no estudo como a dosagem da calprotectina foi
quantitativa e a da lactoferrina qualitativa, a primeira mostrou vantagem. Vale
ressaltar que existem testes quantitativos para a lactoferrina, disponíveis no mercado
norte-americano e europeu, porém com custos superiores aos da calprotectina.
Discussão
53
Tibble e seus colaboradores (2000) demonstraram que pacientes com baixos
níveis de calprotectina apresentavam melhor prognóstico do que aqueles com altos
níveis (13% versus 85% de risco de recidiva em um ano, respectivamente). Desta
forma a avaliação quantitativa pode estimar o risco de recidiva. O atual estudo não
pode concluir em relação a este aspecto, estudos posteriores se fazem necessários.
Alguns autores consideram a calprotectina superior à lactoferrina por suas
características biológicas já descritas acima (Limburg et al, 2000; Bunn et al, 2001;
Langhorst et al, 2005; Silberer et al, 2005; Weitzman, Maltz, 2006). Por outro lado,
apresenta desvantagens, pois pode aumentar com o uso de fármacos
antiinflamatórios, inibidores da bomba de prótons, e nos pacientes com cirrose
hepática, conforme observado em um estudo (Fagerberg et al, 2005).
Thjodleifsson e seus colaboradores (2003) mostraram que a calprotectina
poderia ser utilizada para screening de familiares de pacientes com DC. Observaram
que 49% dos parentes de primeiro grau de pacientes com DC apresentavam níveis
elevados de calprotectina. Porém no seguimento destes pacientes somente 5% a
10% desenvolveram a doença.
Para outros autores, a lactoferrina é superior a todas as outras proteínas
derivadas de neutrófilos, incluindo a calprotectina (Kayazawa et al, 2002), até
mesmo quando comparada à pesquisa de anticorpo monoclonal anti-hemoglobina
fecal, pois no estudo realizado, ela apresentou melhor resultado para detectar a
inflamação (Fine et al, 1998).
Por fim avaliamos todas as variáveis em relação aos dois grupos de
pacientes, aqueles com DC e aqueles com RCUI. Notamos que não houve
diferenças entre os grupos para todos os marcadores, ou seja, o diagnóstico não
interferiu nos resultados encontrados.
Discussão
54
Alguns autores descrevem diferenças nos resultados de pacientes com DC e
RCUI em relação aos marcadores fecais. Questionam se os pacientes com DC em
intestino delgado apresentarão os mesmos resultados quando comparados com os
pacientes com RCUI. Isso porque as células inflamatórias ficariam mais acumuladas
na mucosa profunda e demorariam mais tempo para chegar ao intestino grosso e
posteriormente, às fezes, o que acarretaria diferenças nos resultados. Assim eles
consideram melhores os resultados dos marcadores fecais na RCUI (Tibble et al,
2000; Kane et al, 2003; Costa et al, 2005; Langhorst et al, 2005).
Para Roseth e seus colaboradores (2004) os pacientes com RCUI tendem a
ter níveis de calprotectina mais baixos, quando estão em remissão, do que os
pacientes com DC. Para Bunn e seus colaboradores (2001), apesar da patogenia da
DC e RCUI ser distinta, há algo em comum, que é a presença de macrófagos e
neutrófilos na mucosa intestinal, tão bem avaliada com lactoferrina como com
calprotectina.
Na casuística apresentada a maioria dos pacientes tinha doença no intestino
grosso, talvez isso tenha contribuído para não haver diferenças entre os dois grupos.
Para este debate também são necessários estudos futuros incluindo maior número
de pacientes e múltiplas dosagens dos marcadores fecais.
55
6. Conclusões
Conclusões
56
Considerando os resultados obtidos na presente série pode-se concluir que:
1. Lactoferrina e Calprotectina fecal são marcadores sensíveis e
específicos para detectar inflamação intestinal em pacientes com DII.
2. Os valores da calprotectina fecal têm correlação proporcional ao
grau de inflamação da mucosa intestinal.
3. A associação dos dois marcadores fecais não aumenta a
possibilidade de detecção da atividade inflamatória, portanto podem ser
usados isoladamente.
4. Os marcadores fecais são úteis em ambas as desordens: DC e
RCUI, uma vez que os resultados se equivalem.
5. Índices que utilizam variáveis clínicas e endoscópicas como o
MMDAI, ou só endoscópicas como CDEIS são melhores marcadores de
atividade inflamatória do que o CDAI.
6. Com exceção da PCR, exames como hemoglobina, hematócrito,
número de leucócitos e plaquetas, VHS não são bons marcadores de
atividade inflamatória.
57
7. Anexos
Anexos
58
Anexo 1. Curva standard – primeira etapa (Santa Casa de São Paulo, 2007).
y = 124,91x2 - 109,05x + 47,27
0
200
400
600
800
1000
1200
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
densidade óptica
co
ncen
tração
do
s s
tan
dard
s (
ng
/ml)
Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexo 2. Curva standard – segunda etapa (Santa Casa de São Paulo, 2007).
y = 149,28x2 + 18,68x + 20,753
0
200
400
600
800
1000
1200
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
densidade óptica
Co
nc
en
tra
çã
o d
os
sta
nd
ard
s (
ng
/ml)
Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexos
59
Anexo 3. Valores de referência dos testes sanguíneos (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Homens Mulheres Hemoglobina 14,1-18,1g/dL 12,2-16,2g/dL Hematócrito 43,5-53,7% 37,7-47,9% Leucócitos 4,6-10,2mil/uL 4,6-10,2mil/uL Plaquetas 142-424mil/uL 142-424mil/uL
VHS 0-8mm 0-10mm PCR Até 1,0mg/dL Até 1,0mg/dL
Fonte: Hospital Central- Serviço de Patologia Clínica da Santa Casa de São Paulo
Anexo 4. Comparação entre os valores de Hemoglobina e a avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histologica Hemoglobina
Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB Total
Alterada 11(46%) 13(46%) 4(29%) 2(17%) 30(38%)
Normal 13(54%) 15(54%) 10(71%) 10(83%) 48(62%)
Total 24(100%) 28(100%) 14(100%) 12(100%) 78(100%)
p = 0,06 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexo 5. Comparação entre os valores de Hematócrito e a avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histológica Hematócrito
Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB Total
Alterado 22(92%) 23(82%) 12(86%) 11(92%) 68(87%)
Normal 2(8%) 5(18%) 2(14%) 1(8%) 10(13%)
Total 24(100%) 28(100%) 14(100%) 12(100%) 78(100%)
p = 0,63 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexos
60
Anexo 6. Comparação entre os valores de leucócitos e a avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histologica Número de leucócitos Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB
Total
Elevado 6(25%) 5(18%) 2(14%) 1(8%) 14(18%)
Normal 18(75%) 23(82%) 12(86%) 11(92%) 64(82%)
Total 24(100%) 28(100%) 14(100%) 12(100%) 78(100%)
p = 1,00 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexo 7 . Comparação entre os valores de Plaquetas e a avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histologica Plaquetas
Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB Total
Elevadas 0(0%) 1(4%) 1(7%) 1(8%) 3(4%)
Normal 24(100%) 27(96%) 13(93%) 11(92%) 75(96%)
Total 24(100%) 28(100%) 14(100%) 12(100%) 78(100%)
p = 0,07 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Anexo 8. Comparação entre os valores de VHS e a avaliação histológica (Santa Casa de São Paulo, 2008).
Avaliação histologica VHS
Grupo IA Grupo IB Grupo II A Grupo IIB Total
Elevada 21(87%) 19(68%) 8(57%) 8(67%) 56(72%)
Normal 3(13%) 9(32%) 6(43%) 4(33%) 22(28%)
Total 24(100%) 28(100%) 14(100%) 12(100%) 78(100%)
p = 0,16 (Correlação de Spearman) Fonte: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo
61
8. Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
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73
Resumo
Resumo
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Análise de biomarcadores na doença inflamatória intestinal. Andrea Vieira.Tese para obtenção do título de Doutor em Medicina.2008
Vários trabalhos têm descrito marcadores fecais, como biomarcadores potentes da
inflamação da mucosa intestinal, em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal.
Os objetivos do presente estudo são: avaliar a eficácia da excreção fecal de
lactoferrina e calprotectina como indicadores de atividade, verificar se a combinação
dos dois testes aumenta a possibilidade de detecção da atividade inflamatória, e
observar comportamentos diferentes nos resultados em pacientes com DC ou RCUI.
Para a avaliação clínica e endoscópica foram utilizados os índices CDAI, MMDAI,
CDEIS. Nas amostras fecais foram realizados dois testes, dosagem de calprotectina
e lactoferrina. A avaliação histológica foi considerada como padrão-ouro para
detectar inflamação. Dos 52 pacientes com inflamação presente na avaliação
histológica, a lactoferrina esteve positiva em 49, e a calprotectina em 40 pacientes
(p=0,000). Os valores de calprotectina fecal encontrados foram comparados ao grau
da inflamação (p=0,000). A lactoferrina e a calprotectina foram comparadas ao CDAI
(p=0,043; 0,010) e ao CDEIS (p=0,000; 0,000) na DC e ao MMDAI (p=0,000; 0,000)
na RCUI. A calprotectina foi correlacionada à lactoferrina e observou-se significância
menor que 0,001. Os resultados foram semelhantes em ambos os grupos de
pacientes. Lactoferrina e Calprotectina fecal são marcadores sensíveis e específicos
para detectar inflamação intestinal. Os valores da calprotectina fecal têm correlação
proporcional ao grau de inflamação da mucosa intestinal. A associação dos dois
marcadores fecais não aumenta a possibilidade de detecção da atividade
inflamatória, portanto podem ser usados isoladamente.
75
Abstract
76
Abstract
An analysis of biomarkers for inflammatory bowel disease. Andrea Vieira.
Tese to have the degree of Doctor of Medicine. 2008
Research has shown that fecal markers are powerful biomarkers of inflammation of
the intestinal mucosa in patients with inflammatory bowel disease (IBD). The
objectives of the present study were as follows: (1) to evaluate the efficacy of the
fecal excretion of lactoferrin and calprotectin as indicators of inflammatory activity; (2)
to verify whether the combination of these two tests improves the detection rate of
inflammatory activity; and (3) to observe whether there are different patterns in the
results of patients with Crohn’s Disease (CD) or Ulcerative Colitis (UC).The Crohn’s
Disease Activity Index (CDAI), Modified Mayo Disease Activity Index (MMDAI), and
Crohn's Disease Endoscopic Index of Severity (CDEIS) were used for the clinical and
endoscopic evaluation. Two tests were performed on the fecal samples, to check the
levels of calprotectin and lactoferrin. Histological evaluation was considered to be
the gold standard for the detection of inflammation. Of the 52 patients’ samples
whose histological evaluations showed inflammation, 49 were lactoferrin-positive,
and 40 were calprotectin-positive (p=0.000). Fecal calprotectin levels correlated with
the degree of inflammation observed (p=0.000). Fecal lactoferrin and calprotectin
levels correlated with CDAI values (p=0.043; 0.010) and CDEIS values in DC cases
(p=0,000; 0.000), and correlated with MMDAI values in UC cases (p=0.000; 0,000).
Calprotectin presence correlated with lactoferrin presence at a highly significant level
(p < 0.001). The results were similar for the two groups of patients.Fecal lactoferrin
and calprotectin are sensitive and specific markers for detecting intestinal
inflammation. Levels of fecal calprotectin have a proportional correlation to the
degree of inflammation of the intestinal mucosa. However, combining the two fecal
markers does not enhance the detection rate of inflammatory activity, indicating that
either alone can be considered adequate.
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Listas e Apêndices
78
Listas e Apêndices
Apêndice 1. Variáveis analisadas na amostra total.
Paciente
Sexo
Diagnóstico
Hb
Ht
Plaquetas
Leucócitos
PCR
VHS
Lactoferrina
Calprotectina
CDAI
CDEIS
MMDAI
Avaliação
Histológica
1 m DC 12,7 38,7 416 7600 1,86(<0,5) 16 + 2141,31 148 5 intensa
2 m DC 11,0 33,8 415 12600 0,85(<0,5) 85 + 466,27 157 11 intensa
3 f DC 12,4 37,0 250 8400 1,1 44 + 1178,26 100 14 intensa
4 f DC 11,1 34,2 237 6100 <0,3 38 - 87,25 121 0 ausente
5 m DC 11,0 33,0 230 5800 1,8 60 + 1643,06 178 16 intensa
6 m DC 16,7 47,2 182 14300 0,3 1 - 94,88 70 0 ausente
7 f DC 13,5 42,0 200 5900 1,65(<0,5) 6 + 934,26 21 11 moderada
8 f DC 12,7 37,6 177 5500 <0,3 10 - 96,61 60 0 ausente
9 f DC 11,6 33,7 360 6700 1,4 52 - 95,73 89 0 ausente
10 f DC 12,1 36,2 344 9000 0,4 37 + 628,21 146 21 moderada
11 f DC 13,5 39,8 224 14300 2,9 49 + 2222,62 98 18 intensa
12 f DC 12,9 37,8 200 7500 1,3 75 + 573,81 100 17 intensa
13 m DC 13,4 39,6 288 9500 4,5(<0,5) 62 + 277,17 123 14 intensa
14 f DC 13,6 40,3 241 4500 2 1 - 86,31 86 0 ausente
15 m DC 8,4 26,6 276 5180 6 62 + 1744,51 216 20 intensa
16 f DC 13,2 39,0 260 6900 <0,3 11 + 59,93 59 0 leve
17 f DC 14,1 41,3 189 10100 0,3 1 - 68,96 100 6 leve
18 f DC 13,3 39,2 255 6000 0,02 54 - 96,38 25 10 ausente
19 f DC 13,5 39,8 305 6000 <0,3 20 - 91,35 31 0 ausente
20 m DC 15,4 43,9 290 14300 <0,3 2 + 188,18 129 0 leve
21 f DC 12,7 39,0 224 7400 0,2 10 - 64,98 50 1 leve
22 f DC 13,8 39,9 294 6000 2 12 - 68,74 44 0 ausente
23 m DC 13,0 39,0 240 6000 0,2 15 - 102,51 115 0 ausente
24 f DC 11,5 34,2 343 8400 <0,3 22 - 56,01 132 0 ausente
25 f DC 13,4 39,6 247 11400 0,6 15 + 1665,91 170 9 intensa
26 m DC 13,8 42,2 301 8200 1,43(,0,5) 26 + 2193,90 140 11 intenso
27 f DC 13,0 41,0 250 7800 0,2 5 - 92,78 65 0 ausente
28 f DC 9,2 29,4 376 7740 8 85 + 2542,86 250 9 intensa
29 m DC 13,3 40,6 376 9500 0,79(,0,5) 37 + 1483,47 170 16 intensa
30 f DC 15,6 48,6 249 9750 0,1 19 + 67,61 20 0 ausente
31 f DC 13,6 39,5 270 6800 1,5 24 + 589,23 105 16 moderada
32 f DC 12,3 36,1 413 10300 1,2 30 + 389,05 95 18 moderada
33 m DC 14,1 42,3 225 6400 1,6 5 + 200,22 90 3 leve
34 f DC 12,8 36,8 242 4200 <0,5 6 + 114,25 65 0 ausente
35 f DC 12,9 39,9 331 7700 0,36 34 + 366,01 80 13 moderada
36 f DC 13,0 39,3 138 5600 <5 1 - 80,85 77 0 ausente
37 m DC 13,1 38,9 322 10300 0,5 32 + 1608,96 120 31 intensa
38 m DC 16,5 47,3 300 6200 2,7 60 + 1423,35 46 8 intensa
39 m RCUI 14,1 41,4 231 7300 1,2 5 + 1714,41 2 moderada
40 m RCUI 11,3 35,0 305 12600 1 18 + 326,14 3 moderada
41 f RCUI 13,4 37,9 180 7400 0,4 65 - 74,22 0 ausente
42 m RCUI 15,4 44,3 263 11400 1,7 1 + 2115,92 3 intensa
43 f RCUI 12,7 37,1 229 5000 0,4 24 - 73,29 0 leve
79
Listas e Apêndices
44 m RCUI 15,1 45,3 250 7600 5,39(nl5) 1 + 2417,01 3 intensa
45 f RCUI 13,2 38,1 167 3600 0,4 1 + 158,66 2 moderada
46 f RCUI 14,1 40,4 180 5500 0,3 16 - 66,34 0 ausente
47 m RCUI 12,7 39,0 220 7300 3,9 36 + 2189,97 3 intensa
48 f RCUI 12,7 36,9 173 8100 <0,3 46 + 67,76 0 leve
49 m RCUI 14,0 41,5 187 8700 0,4 5 + 235,02 2 moderado
50 m RCUI 14,5 41,0 211 5600 0,4 2 - 93,96 0 ausente
51 f RCUI 14,3 41,6 222 5400 <0,3 19 + 148,08 0 leve
52 m RCUI 16,5 47,5 200 4500 0,3 2 - 98,36 0 ausente
53 m RCUI 16,7 48,5 255 8100 0,3 1 - 96,16 0 leve
54 f RCUI 12,5 36,5 153 8200 1,2 40 + 1161,65 2 intenso
55 m RCUI 13,5 38,8 212 7000 0,6 29 + 835,68 2 moderada
56 m RCUI 14,5 43,3 277 6200 0,3 7 - 94,03 0 ausente
57 m RCUI 14,0 40,1 286 7500 0,6 20 + 689,46 1 leve
58 f RCUI 14,0 40,0 150 9500 <0,3 5 - 78,34 0 leve
59 m RCUI 12,0 38,1 260 16100 2,2 5 + 2283,99 3 intensa
60 f RCUI 12,3 37,2 206 6100 3,6 91 + 810,01 2 moderado
61 f RCUI 13,2 41,3 150 9600 5,21(nl5) 5 - 96,81 0 ausente
62 f RCUI 9,1 28,7 357 6780 0,3 65 + 750,43 2 moderado
63 f RCUI 14,7 41,6 203 5400 0,9 23 + 778,31 2 Moderado
64 f RCUI 13,1 39,0 259 7100 2 10 - 94,03 0 Ausente
65 f RCUI 12,8 38,6 160 3900 8,24 9 - 80,35 0 Ausente
66 f RCUI 15,5 45,4 270 6400 0,7 30 + 1133,70 2 Intense
67 m RCUI 13,6 39,3 260 7800 0,3 27 + 2361,34 2 Intense
68 m RCUI 9,2 29,1 320 5290 1,7 105 + 1566,63 3 Intense
69 f RCUI 11,4 34,4 179 6200 0,6 15 + 465,46 2 Moderado
70 f RCUI 13,2 39,0 150 6700 5,78(nl5) 14 + 309,08 0 Moderado
71 m RCUI 11,1 30,0 300 4800 1,8 35 + 1975,39 2 Intense
72 m RCUI 16,0 44,9 126 8000 0,2 1 - 62,99 0 Ausente
73 m RCUI 12,8 36,0 160 5800 0,2 10 - 78,74 0 ausente
74 m RCUI 14,5 41,0 160 6600 <0,3 15 + 95,50 0 leve
75 f RCUI 13,1 39,1 190 8200 2,3 82 + 74,97 1 leve
76 f RCUI 12,8 38,0 170 7600 0,5 15 - 52,98 0 ausente
77 m RCUI 13,0 39,0 190 7000 0,2 12 - 65,01 0 ausente
78 m RCUI 10,8 30,0 340 5500 8 68 + 1738,71 3 intensa
80
Listas e Apêndices
Apêndice 2
81
Listas e Apêndices
Apêndice 3 – Termo de consentimento livre e esclarecido.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: Biomarcadores na Doença Inflamatória Intestinal: análise de parâmetros não invasivos na detecção da atividade inflamatória.
Você está sendo convidado para participar desta pesquisa cujo objetivo é avaliar substâncias nas fezes como marcadores de atividade inflamatória, ou seja, iremos testar exames que podem demonstrar se sua doença está ativa ou não. Para isso iremos coletar amostras das fezes para pesquisar estes marcadores. Os resultados serão comparados com os dados clínicos, resultados de testes sanguíneos e achados dos exames endoscópicos. Assim você deverá realizar exames de sangue tais como hemograma, proteína C reativa, velocidade de hemossedimentação, e também sorologias para hepatite B, C, HIV (vírus da AIDS). A importância da dosagem destas sorologias está no fato destes exames de fezes que iremos avaliar apresentarem alterações diante da positividade destes testes sorológicos. Assim se você tiver hepatite B, C ou HIV não poderá participar deste estudo. O mesmo vale se nas suas fezes forem encontradas algum agente causador de infecção intestinal. Também será necessário que você faça a colonoscopia, caso seja portador de Retocolite Ulcerativa, ou endoscopia com duplo balão, caso seja portador de Doença de Crohn. Estes exames fazem parte da investigação diagnóstica. São semelhantes no que diz respeito ao preparo e a forma de realização. Durante o exame será colocado um tubo no ânus que será movido para dentro do intestino grosso e para parte do intestino fino. A diferença entre a colonoscopia e a endoscopia com duplo balão é que esta última consegue visualizar uma parte maior do intestino fino. O preparo para a realização destes exames contém medicações que podem causar desconforto abdominal do tipo cólica. Serão colhidas pequenas amostras de tecidos (biópsias) da superfície dos seus intestinos grosso e delgado, respectivamente. Apenas a quantidade de tecido necessária para as biopsias será coletada. Estas amostras serão enviadas ao laboratório central para maiores estudos e exames. O procedimento dura de uma hora à uma hora e meia e pode ocorrer um pouco de dor, sendo necessário uma sedação suave para eliminar a ansiedade e o incomodo. Após o exame pode ocorrer um leve desconforto abdominal que melhora rapidamente com a eliminação dos gases. Existe, apesar de baixo, risco de perfuração intestinal com estes exames, bem como sangramento (na maioria das vezes discreto) nas fezes. Entretanto independente da pesquisa, em pacientes com Doença Inflamatória estes exames são indispensáveis. Já em relação à coleta de fezes não há nenhum risco.
Em nenhum momento do estudo você receberá alguma medicação ou mesmo placebo que está sendo testada. E não será necessário interromper o tratamento para participar deste protocolo.
Este estudo poderá contribuir para a padronização de testes não invasivos para a detecção da atividade inflamatória. É garantida sua liberdade de deixar de participar do estudo a qualquer momento, sem nenhum prejuízo á continuidade de seu tratamento nesta instituição. As informações obtidas serão analisadas confidencialmente, não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente.
82
Listas e Apêndices
Não há despesas pessoais para a participação no estudo, também não há compensação financeira relacionada a sua participação.
Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos (nexo causal comprovado) você terá direito a tratamento médico na instituição, bem como as indenizações legalmente estabelecidas. Os dados e materiais coletado serão utilizados somente para pesquisa. Você receberá uma cópia deste termo onde constam os dados do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas a qualquer momento. Pesquisador: Andrea Vieira Crm: 97843 Endereço: Rua Dr Cesário Mota Junior n 112 Telefone: 21767300. Função: Médica Assistente da Clínica de Gastroenterologia do Departamento de Medicina da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Andrea Vieira Pesquisadora Principal
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesa e que tenho garantia ao tratamento hospitalar se necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo ao meu tratamento.
Sujeito da pesquisa
83
Listas e Apêndices
Apêndice 4 – Tabela peso e altura para homens.
Peso Altura (metro) Pequeno (cm) * Médio (cm) * Grande (cm) *
1,54 55.9-58.6 57.3-61.8 60.5-65.9
1,57 56.8-59.5 58.2-62.7 61.4-67.3
1,60 57.7-60.5 59.1-63.6 62.3-68.7
1,62 58.6-61.4 60.0-65.0 63.2-70.5
1,65 59.5-62.3 60.9-66.4 64.1-72.3
1,67 60.5-63.6 62.3-67.7 65.5-74.1
1,70 61.4-65.0 63.6-69.1 66.8-75.9
1,73 62.3-66.4 65.0-70.5 68.2-77.7
1,75 63.2-67.7 66.4-71.8 69.5-79.5
1,78 64.1-69.0 67.7-73.1 70.9-81.4
1,80 65.4-71.4 69.1-75.0 72.3-83.2
1,83 66.8-73.2 70.5-76.8 74.1-85.0
1,85 68.2-74.1 72.3-78.6 75.9-87.3
1,87 69.5-75.9 74.1-80.5 77.7-89.5
1,90 71.4-78.2 (75.9-82.7 80.0-91.8
Fonte: Metropolitan Life Insurance Company * Altura > 1,65 m
Pequeno Médio Grande Circunferência do punho (cm) 14 a 16,5 16,5 a 19 > 19
Apêndice 5 – Tabela peso e altura para mulheres
Peso Altura (metro) Pequeno (cm) * Médio (cm) * Grande (cm) *
1,45 45.0-49.1 48.2-53.6 52.3-58.2
1,47 45.5-50.0 49.1-54.5 53.2-59.5
1,50 45.9-50.9 50.0-55.9 54.1-60.9
1,52 46.8-52.3 50.9-57.3 55.5-62.3
1,54 47.7-53.0 52.3-58.6 56.8-63.6
1,57 49.1-55.0 53.6-60.0 58.2-65.0
1,60 50. 5-56.4 55.0-61.4 59.5-66.8
1,62 51.8-57.7 56.4-62.7 60.9-68.6
1,65 53.2-59.1 57.7-64.1 62.3-70.5
1,67 54.5-60.5 59.1-65.5 63.6-72.6
1,70 55.9-61.8 60.5-66.8 65.0-74.1
1,73 57.3-63.2 61.8-68.2 66.4-75.9
1,75 58.6-64.5 63.2-69.5 67.7-77.2
1,78 60.0-65.9 64.5-70.9 69.1-78.6
1,80 61.3-67.3 65.9-72.3 70.5-80.0
Fonte: Metropolitan Life Insurance Company * Altura < 1,57 m
Pequeno Médio Grande Circunferência do punho (cm) < 14 14-15 > 15
Altura 1,57 a 1,65 m Pequeno Médio Grande
Circunferência do punho (cm) < 15 15-16 > 16 Altura > 1,65 m
Pequeno Médio Grande Circunferência do punho (cm) <16 16-16,5 >16,5
84
Listas e Apêndices
Apêndice 6 – Fotos exemplificando os graus endoscópicos do índice MMDAI.
GRAU 0 = NORMAL:
GRAU I = ATIVIDADE LEVE:
GRAU II = ATIVIDADE MODERADA:
85
Listas e Apêndices
GRAU III = ATIVIDADE GRAVE:
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