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ANEXO I. PORTUGAL - MEMORANDO DE ENTENDIMENTO SOBRE AS CONDICIONALIDADES DE POLÍTICA ECONÓMICA Segunda Atualização – 9 de dezembro de 2011 Em conformidade com o Regulamento (UE) nº 407/2010 do Conselho, de 11 de maio de 2010, que cria um Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), em particular do seu Artigo 3 (5), a segunda atualização do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica (MECPE) descreve as condições gerais de política económica, previstas na Decisão de Execução 2011/344/UE de 17 de maio de 2011, relativa à concessão de assistência financeira da União Europeia a Portugal. 1 A primeira fração prevista ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira foi disponibilizada após a entrada em vigor do MECPE e do Contrato de Empréstimo. A Decisão de Execução do Conselho prevê que a disponibilização das restantes frações dependerá do resultado positivo das avaliações sobre o cumprimento das condições gerais de política económica, que terão lugar durante os três anos de vigência do programa. Estas avaliações medirão os progressos realizados no cumprimento dos critérios estabelecidos na Decisão de Execução do Conselho, no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF), no presente MECPE atualizado e nas Recomendações do Conselho ao abrigo do Procedimento relativo aos Défices Excessivos. A segunda avaliação trimestral, realizada em novembro de 2011, avaliou o cumprimento das metas estabelecidas até ao final de outubro, bem como a necessidade e possibilidade de serem tomadas novas medidas. A presente atualização do MECPE reflete os resultados da segunda avaliação. As subsequentes avaliações trimestrais examinarão o cumprimento das metas estabelecidas para o final do trimestre precedente ou, se for caso disso, até à data da missão. Serão tomadas medidas adicionais, caso as metas não sejam cumpridas ou se antecipe o incumprimento das mesmas. As autoridades portuguesas comprometem- -se a consultar a Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a adoção de políticas abrangidas pelo âmbito do presente Memorando, facultando-lhes um prazo suficiente para a respetiva avaliação. Em colaboração com as autoridades portuguesas, os técnicos da CE, BCE e FMI, irão monitorizar e avaliar os progressos na aplicação do programa, 1 Numa declaração de 8 de abril de 2011, os Ministros do Eurogrupo e do Ecofin informaram que a assistência financeira da UE (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira -MEEF) e da zona Euro (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) estaria subordinada ao cumprimento de um programa implicando rigorosas condições de política económica, negociado com as autoridades portuguesas, incluindo os principais partidos políticos, pela Comissão em articulação com o BCE e o FMI. Além da assistência da União Europeia ao abrigo do MEEF, Portugal contará ainda com empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). O Contrato de Empréstimo no âmbito da participação do FEEF especifica que a libertação das frações se encontra subordinada ao cumprimento das condições constantes deste Memorando.

ANEXO I. PORTUGAL - MEMORANDO DE ENTENDIMENTO … · especifica que a libertação das frações se encontra subordinada ao cumprimento das ... bem como acompanhar a evolução da

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ANEXO I. PORTUGAL - MEMORANDO DE ENTENDIMENTO SOBRE

AS CONDICIONALIDADES DE POLÍTICA ECONÓMICA

Segunda Atualização – 9 de dezembro de 2011

Em conformidade com o Regulamento (UE) nº 407/2010 do Conselho, de 11 de maio de 2010, que cria um Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), em particular do seu Artigo 3 (5), a segunda atualização do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica (MECPE) descreve as condições gerais de política económica, previstas na Decisão de Execução 2011/344/UE de 17 de maio de 2011, relativa à concessão de assistência financeira da União Europeia a Portugal.1

A primeira fração prevista ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira foi disponibilizada após a entrada em vigor do MECPE e do Contrato de Empréstimo.

A Decisão de Execução do Conselho prevê que a disponibilização das restantes frações dependerá do resultado positivo das avaliações sobre o cumprimento das condições gerais de política económica, que terão lugar durante os três anos de vigência do programa. Estas avaliações medirão os progressos realizados no cumprimento dos critérios estabelecidos na Decisão de Execução do Conselho, no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF), no presente MECPE atualizado e nas Recomendações do Conselho ao abrigo do Procedimento relativo aos Défices Excessivos.

A segunda avaliação trimestral, realizada em novembro de 2011, avaliou o cumprimento das metas estabelecidas até ao final de outubro, bem como a necessidade e possibilidade de serem tomadas novas medidas. A presente atualização do MECPE reflete os resultados da segunda avaliação. As subsequentes avaliações trimestrais examinarão o cumprimento das metas estabelecidas para o final do trimestre precedente ou, se for caso disso, até à data da missão.

Serão tomadas medidas adicionais, caso as metas não sejam cumpridas ou se antecipe o incumprimento das mesmas. As autoridades portuguesas comprometem- -se a consultar a Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a adoção de políticas abrangidas pelo âmbito do presente Memorando, facultando-lhes um prazo suficiente para a respetiva avaliação. Em colaboração com as autoridades portuguesas, os técnicos da CE, BCE e FMI, irão monitorizar e avaliar os progressos na aplicação do programa,

1 Numa declaração de 8 de abril de 2011, os Ministros do Eurogrupo e do Ecofin informaram que a assistência financeira da UE (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira -MEEF) e da zona Euro (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) estaria subordinada ao cumprimento de um programa implicando rigorosas condições de política económica, negociado com as autoridades portuguesas, incluindo os principais partidos políticos, pela Comissão em articulação com o BCE e o FMI. Além da assistência da União Europeia ao abrigo do MEEF, Portugal contará ainda com empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). O Contrato de Empréstimo no âmbito da participação do FEEF especifica que a libertação das frações se encontra subordinada ao cumprimento das condições constantes deste Memorando.

bem como acompanhar a evolução da situação económica e financeira. Para o efeito, as autoridades portuguesas obrigam-se a prestar oportunamente todas as informações que lhes sejam solicitadas. Em domínios em que se antecipem riscos de atrasos significativos na implementação das políticas ao abrigo do programa, as autoridades portuguesas, em colaboração com a CE, BCE e FMI, comprometem-se a considerar a possibilidade de recorrer a assistência técnica.

Antes do desembolso das parcelas, as autoridades portuguesas obrigam-se ainda a apresentar um relatório sobre o cumprimento das condições gerais de política económica.

1. Política orçamental

Objetivo

Em primeiro lugar, reduzir o défice das Administrações Públicas para um valor inferior a 10.068 milhões de euros (ou seja, 5,9% do PIB, de acordo com as projeções atuais) em 2011 e para 7.645 milhões de euros (4,5% do PIB) em 2012, o que deverá permitir alcançar o objetivo de défice de 3% do PIB em 2013. Em segundo lugar, repor o rácio dívida pública/PIB numa trajetória descendente a partir de 2013 e, em terceiro lugar, no médio prazo, manter a consolidação orçamental até se atingir uma posição de equilíbrio orçamental, nomeadamente através da contenção do crescimento da despesa. Esta consolidação será alcançada através de medidas estruturais de elevado potencial, minimizando, simultaneamente, o impacto da consolidação orçamental nos grupos mais vulneráveis

Política orçamental em 2011

1.1. Em 2011, o Governo compromete-se a reduzir o défice das Administrações Públicas para um valor inferior a 10.068 milhões de euros, apurado com base no Sistema Europeu de Contas (SEC95). O Governo obriga-se ainda a alcançar a meta trimestral (acumulada) para o saldo das Administrações Públicas na ótica de caixa, estabelecida no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF), conforme definido no Memorando de Entendimento Técnico (MET). [T4-2011]

1.2. Com base nos dados disponíveis no início de novembro, o Governo estimou um desvio, face à meta estabelecida para o défice de 2011, equivalente a cerca de 2,25% do PIB, se não for tomada qualquer medida corretiva para alcançar o valor do défice previsto, com base no SEC 95. Se se excluir o impacto da cessão do Banco em dificuldades BPN, o referido desvio eleva-se para 2% do PIB.2 Embora parte deste desvio tenha já sido identificada em agosto, o restante montante, que se deve nomeadamente a derrapagens em vendas de concessões e de património imobiliário e despesas de capital superiores às previstas, só o foi recentemente.

1.3 Para colmatar este desvio, o Governo tomou várias medidas, nomeadamente, a introdução de uma sobretaxa extraordinária em sede de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e a antecipação do aumento do IVA para a taxa normal sobre o gás e a eletricidade, para 1 de outubro de 2011.

2 Em conformidade com a definição de dívida constante do Memorando de Entendimento Técnico, não estão abrangidas as transações relacionadas com o apoio e reestruturação do setor bancário ao abrigo do Programa.

1.4. Apesar destas medidas, mantinha-se um desvio significativo face ao objetivo do défice das Administrações Públicas para 2011, razão pela qual, em agosto, as autoridades portuguesas propuseram a transferência para o Estado de parte dos fundos de pensões dos bancos, destinados a ser utilizados excecionalmente para cumprir o objetivo de défice em 2011. Dados mais recentes revelam que, para cumprir o referido objetivo, a verba a transferir deve elevar-se a 1,8% do PIB, um montante significativamente superior ao projetado em agosto.3 O Governo compromete-se a levar a cabo esta transferência no respeito integral das regras da UE relativas aos auxílios estatais.

Política orçamental em 2012

1.5. O Governo compromete-se a reduzir o défice das Administrações Públicas para um valor inferior a 7.645 milhões de euros (4,5% do PIB) em 2012.4 [T4-201]. O Governo não implementou a desvalorização fiscal, uma medida destinada a reduzir os custos do trabalho. O considerável esforço de consolidação orçamental e os riscos associados às projeções da matéria coletável determinaram o seu adiamento para uma fase ulterior do Programa, quando as incertezas forem menores. Entretanto, foi apresentado um conjunto de novas medidas para reforçar a posição concorrencial das empresas portuguesas. 1.6. Durante o ano, o Governo compromete-se a implementar rigorosamente a Lei do Orçamento do Estado para 2012. Em 2012, o desempenho será avaliado por referência às metas trimestrais (acumuladas) para o saldo das Administrações Públicas na ótica de caixa, estabelecidas no MPEF, conforme definido no MET, sem prejuízo dos objetivos do défice para 2012, baseados no Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais na Comunidade (SEC 95). [T1, T2, T3 e T4-2012] 1.7. As medidas abaixo elencadas, que representam 5,3% do PIB, face à estimativa de execução orçamental para o ano de 2011 (e mais de 6%, num cenário sem alteração de políticas), serão implementadas com o Orçamento do Estado para 2012 [T4-2011], salvo especificação em contrário. Globalmente, dois terços do esforço orçamental resultarão da redução das despesas e um terço do aumento das receitas. O Governo procurará ainda inverter a derrapagem na despesa registada em 2011

3 De modo a cumprir o objetivo do défice, com base no Sistema Europeu de Contas (SEC95). Se se excluírem as transações relacionadas com o apoio ao setor bancário e a estratégia de reestruturação ao abrigo do Programa, conforme previsto no Memorando de Entendimento Técnico, o valor das transferências eleva-se a 1,6% do PIB, uma vez que os custos associados à venda do banco em dificuldades BPN estão excluídos.

4 Em 2012, as operações relacionadas com o apoio e reestruturação do setor bancário no âmbito do Programa, bem como com as receitas da transferência dos fundos de pensões para o Estado, não serão tidas em conta para a avaliação do cumprimento do objetivo estabelecido no programa para o défice das Administrações Públicas. Por sua vez, se aquando da terceira avaliação se considerar que existem garantias suficientes para prevenir uma nova acumulação de pagamentos em atraso e que parte dos fundos remanescentes (depois de cumprido o objetivo do défice para 2011) da transferência dos fundos de pensões dos bancos prevista em 2011 poderá ser utilizada para liquidar os pagamentos em atraso a fornecedores domésticos, o saldo das Administrações Públicas em contas nacionais poderá, se necessário, ser ajustado pelo montante de pagamentos em atraso a liquidar.

Despesa

1.8. Garantir, em 2012, uma redução em termos brutos dos salários no setor público, equivalente a, pelo menos, 3.000 milhões de euros (1.620 milhões de euros tendo em conta a perda de receitas de impostos e contribuições sociais):

i. reduzir os salários de todos os trabalhadores das Administrações Públicas em 2012, através das seguintes medidas: (i) suspensão do pagamento das prestações correspondentes aos 13.º e 14.º meses dos trabalhadores com salários acima de 1000 euros; (ii) suspensão progressiva equivalente, em média, a uma das duas prestações para os trabalhadores com salários entre 485 e 1000 euros. Cortes semelhantes aplicar-se-ão a todas as empresas do SEE, dentro e fora do perímetro de consolidação das Administrações Públicas, bem como a todas as entidades públicas, mesmo aquelas que não estejam integradas no perímetro de consolidação das Administrações Públicas;5

ii. reduzir os efetivos nas Administrações Públicas através das seguintes medidas: (i) limitação das admissões de pessoal visando atingir, no período 2012-2014, uma redução anual de trabalhadores permanentes de 2% (equivalentes a tempo inteiro) ao nível das administrações central, regional e local; (ii) redução do número de trabalhadores contratados a termo em áreas específicas da Administração Pública. Para apoiar estes objetivos serão estabelecidas até dezembro de 2011 metas vinculativas de redução de efetivos para as principais áreas da Administração Pública;

iii. garantir condições para inverter a derrapagem nos custos com pessoal registada em 2011;

iv. suspender todas as promoções em 2012;

v. reduzir o custo orçamental global com sistemas de benefícios de saúde dos trabalhadores da administração pública (ADSE, ADM e SAD);

vi. realizar poupanças com a reestruturação da administração pública, com base nas medidas adiante apresentadas na secção “Administração Pública”.

1.9. Reduzir as despesas com pensões (em termos brutos) em 2012, em pelo menos 1.260 milhões de euros (950 milhões de euros tendo em conta a perda de receitas de impostos) através das seguintes medidas: (i) suspensão do pagamento das prestações correspondentes aos 13.º e 14.º meses nas pensões acima de 1000 euros; (ii) suspensão progressiva equivalente em média a uma das duas prestações nas pensões entre 485 e 1000 euros; congelamento das pensões inferiores a 485 euros, com exceção das pensões mínimas que serão atualizadas. No caso dos pensionistas que acumulem mais do que uma pensão, os referidos limites serão aplicados ao valor total das pensões recebidas.

5 Na sequência do debate na Assembleia da República da Lei do Orçamento do Estado para 2012, foi aumentado para 1.100 euros o limite que determina a suspensão do pagamento das prestações correspondentes aos 13.º e 14.º meses aos trabalhadores do estado e alterados para 600 euros e 1100 euros os limites que determinam a suspensão progressiva destas prestações. Esta alteração será neutra em termos orçamentais, sendo financiada através do aumento da taxa aplicável às mais-valias de participações sociais e de outros valores mobiliários (dividendos, juros, etc.) de 21,5% para 25%.

Estas regras aplicar-se-ão às subvenções ou prestações pagas pelo governo que tenham a natureza de pensões, independentemente da sua designação.6

1.10. Controlar os custos no setor da saúde, com base nas medidas adiante apresentadas na secção “Sistema de saúde”, garantindo uma poupança de cerca de 1000 milhões de euros.

1.11. Reduzir custos nas empresas do SEE classificadas no perímetro das Administrações Públicas, com base no Sistema Europeu de Contas SEC95, com vista a poupar, pelo menos, 500 milhões de euros através das seguintes medidas:

i. assegurar uma redução média permanente de, pelo menos, 15% dos custos operacionais;

ii. restringir remunerações e prestações acessórias (fringe benefits), em conformidade com o resto da administração pública;

iii. racionalizar os planos de investimento a médio prazo. Para este objetivo contribuirão o aumento das taxas de cofinanciamento da UE autorizado para os países que beneficiem de um programa de ajustamento económico e a reprogramação dos fundos comunitários no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN);

iv. as empresas do SEE deverão também aliviar a pressão sobre as contas públicas, através do aumento das receitas de atividades comerciais, bem como das tarifas e preços.

1.12. Reduzir custos na área de educação, com vista a uma poupança de 380 milhões de euros, através da racionalização da rede escolar, criação de agrupamentos escolares, diminuindo a necessidade de contratação de recursos humanos, centralizando o aprovisionamento, reduzindo e racionalizando as transferências para escolas privadas com contratos de associação e aproveitando melhor os fundos comunitários para financiar atividades na área da educação. 1.13. Reduzir as despesas de investimento em 200 milhões de euros, estabelecendo prioridades para os projetos de investimento e tirando partido das oportunidades de financiamento criadas pelos fundos estruturais da EU. Para este objetivo contribuirão o aumento das taxas de cofinanciamento da UE autorizado para os países que beneficiem de um programa de ajustamento económico e a reprogramação dos fundos comunitários no âmbito do quadro de referência estratégica nacional (QREN). 1.14. Reduzir as prestações sociais (exceto as pensões) em, pelo menos, 180 milhões de euros, impondo condições de acesso mais rigorosas e baixando as prestações médias em casos específicos. 1.15. Reduzir em, pelo menos, 175 milhões de euros, as transferências para as administrações local e regional, no âmbito do contributo destes subsetores para a

6 Na sequência do debate na Assembleia da República da Lei do Orçamento do Estado para 2012, foi aumentado para 1.100 euros o limite que determina a suspensão do pagamento das prestações correspondentes aos 13.º e 14.º meses nas pensões e alterados para 600 euros e 1100 euros os limites que determinam a suspensão progressiva destas prestações. Esta alteração será neutra em termos orçamentais, sendo financiada através do aumento da taxa aplicável às mais-valias de participações sociais e de outros valores mobiliários (dividendos, juros, etc.) de 21,5% para 25%.

consolidação orçamental.

1.16. Melhorar o funcionamento da administração central, aumentando a eficiência, reduzindo e extinguindo serviços que não representem uma utilização eficaz dos fundos públicos, o que deverá permitir poupanças anuais de, pelo menos, 130 milhões de euros. Planos pormenorizados serão apresentados pelas autoridades portuguesas e avaliados até ao T1‐2012; estas medidas terão impactos orçamentais para além de 2012. Para o efeito, o Governo vai:

i. reduzir o número de serviços, mantendo a qualidade na prestação do serviço público;

ii. criar uma administração fiscal única e promover a utilização partilhada de serviços ao nível da administração pública em diferentes áreas;

iii. reorganizar a prestação de serviços da administração central a nível local e avaliar regularmente o custo/benefício dos diversos serviços públicos;

iv. promover a mobilidade dos trabalhadores nas administrações central, regional e local;

v. reduzir as transferências do Estado para Serviços e Fundos Autónomos;

vi. rever as políticas remuneratórias e as prestações acessórias (fringe benefits) das entidades públicas e das entidades que estabelecem com independência os seus regimes de remuneração;

vii. reduzir subsídios a produtores privados de bens e serviços.

1.17. Reduzir os custos com Serviços e Fundos Autónomos, bem como com as transferências e subsídios às empresas do SEE classificadas fora do perímetro das Administrações Públicas, com base no SEC95, em pelo menos, 90 milhões de euros. Serão pedidos a estas empresas esforços de ajustamento semelhantes aos exigidos às empresas integradas no perímetro de consolidação das administrações públicas, conforme acima descrito, nomeadamente: racionalização dos planos de investimento a médio prazo; redução média permanente de, pelo menos, 15% dos custos operacionais; restrição de sistemas de remuneração e de prestações acessórias, aumento das receitas de atividades comerciais, bem como de tarifas e preços. Estes ajustamentos serão fundamentais para conter os riscos que estas empresas, atendendo à sua situação financeira, representam para as contas públicas em 2012, e nos anos seguintes. Receita  

1.18. Introdução de uma regra de congelamento de todos os benefícios fiscais, impedindo a introdução de novos benefícios fiscais ou o alargamento dos existentes. Esta regra aplicar-se-á a todos os tipos de benefícios fiscais, temporários ou permanentes, a nível das administrações central, regional e local.

1.19. Aumento das receitas de IVA, através da racionalização da estrutura de taxas de IVA, garantindo uma receita adicional de, pelo menos, 2.040 milhões de euros em 2012, nomeadamente através da transferência de categorias de bens e serviços das taxas de IVA reduzida e intermédia para taxas mais elevadas. Este valor inclui ainda a receita adicional resultante do aumento para a taxa normal do IVA aplicável ao gás e à eletricidade, que entrou em vigor em outubro de 2011.

1.20. Aumento do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares para obter uma receita adicional de 265 milhões de euros em 2012 (tendo em conta a perda de rendimentos resultante da redução de salários e pensões no setor público, vide pontos 1.8 e 1.9 supra), através de:

i. limitação e redução substancial (globalmente em dois terços) nas deduções à coleta das despesas de saúde;

ii. (i) eliminação da possibilidade de dedução dos encargos com a amortização de créditos contraídos para aquisição de habitação, (ii) eliminação da possibilidade de dedução dos encargos com juros para novos créditos à habitação, (iii) eliminação faseada da possibilidade de dedução de encargos com rendas e juros de créditos contraídos para aquisição de habitação própria;

iii. convergência das deduções específicas das pensões e dos rendimentos do trabalho

iv. definição de limites máximos progressivos para as deduções à coleta, que se aplicarão à maioria dos escalões, exceto aos dois escalões de rendimentos mais baixos, com limites menores a aplicar aos rendimentos mais elevados, sendo estas deduções eliminadas para os dois escalões de rendimentos mais elevados;

v. revisão da tributação de rendimentos em espécie;

vi. introdução de uma taxa adicional sobre os sujeitos passivos pertencentes ao último escalão de rendimentos e aumento da taxa aplicável às mais-valias mobiliárias;

vii. sobretaxa extraordinária sobre os rendimentos sujeitos a IRS auferidos em 2011 que será cobrada em 2012.

1.21. Aumento das receitas do Imposto sobre Pessoas Coletivas em, pelo menos, 330 milhões em 2012, através de:

i. eliminação de todas as taxas reduzidas;

ii. limitação à dedução de prejuízos fiscais de exercícios anteriores a 75% do lucro tributável

iii. redução dos benefícios fiscais ;

iv. aumento das taxas e da base tributável da derrama estadual sobre os lucros das empresas

1.22. Aumento dos impostos especiais sobre o consumo, para obter uma receita adicional de, pelo menos, 180 milhões de euros em 2012. Em particular, através de

i. incremento do imposto sobre veículos, imposto sobre o tabaco e imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas;

ii. introdução de um regime de tributação do consumo da eletricidade, em cumprimento da Diretiva 2003/96;

iii. indexação dos impostos especiais sobre o consumo à inflação subjacente.

1.23. Alteração da tributação sobre o património com vista a aumentar a receita em, pelo menos, 50 milhões de euros, através de uma redução significativa das isenções

temporárias aplicáveis aos imóveis para habitação própria e permanente adquiridos a partir de 2012 e do aumento das taxas.

1.24. Reforço do combate à evasão e fraude fiscal e à economia informal nos diferentes impostos para obter uma receita adicional de, pelo menos, 175 milhões de euros. Entre outras medidas previstas nesta área, contam-se o reforço dos recursos afetos à inspeção tributária, o agravamento do quadro penal para os crimes fiscais mais graves e a introdução de um regime de transmissão eletrónica de faturas.

Política orçamental em 2013

1.25. O Governo compromete-se a reduzir o défice das Administrações Públicas para um valor igual ou inferior a 3% do PIB. [T4-2013]

1.26. Durante o ano, o Governo compromete-se a implementar rigorosamente a Lei do Orçamento do Estado para 2013. Em 2013, o desempenho será avaliado através das metas trimestrais (acumuladas) para o saldo orçamental das Administrações Públicas na ótica de caixa, estabelecidas no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF), conforme definido no Memorando de Entendimento Técnico (MET), sem prejuízo dos objetivos do défice para 2013, apurado com base no Sistema Europeu de Contas (SEC 95). [T1, T2, T3 e T4-2013]

1.27. As medidas abaixo elencadas constarão na Lei do Orçamento do Estado para 2013, sendo implementadas no âmbito da mesma [T4-2012], salvo especificação em contrário:

Despesa

1.28. Introdução de novas medidas na Lei do Orçamento do Estado para 2012, a fim de reduzir a despesa nas seguintes áreas:

i. funcionamento da administração central: 500 milhões de euros. Planos detalhados serão apresentados e avaliados [T3-2012];

ii. despesas com pessoal: redução de trabalhadores permanentes de 2% (equivalentes a tempo inteiro) ao nível das administrações central, regional e local e redução do número de trabalhadores contratados a termo em áreas específicas da administração pública;

iii. setor da saúde: 375 milhões de euros;

iv. despesas de capital: 350 milhões de euros;

v. transferências para as administrações local e regional: 175 milhões de euros;

vi. racionalização do setor da educação e da rede escolar: 175 milhões de euros;

vii. custos com Serviços e Fundos Autónomos e com as empresas do SEE: 175 milhões de euros;

viii. sistemas de benefícios de saúde dos trabalhadores da administração pública: 100 milhões de euros

ix. congelamento de salários e pensões, exceto as pensões mais baixas.

1.29. O Governo reforçará ainda a aplicação da condição de recursos, definindo

condições mais rigorosas de acesso aos apoios sociais, o que contribuirá para uma redução das despesas com prestações sociais de, pelo menos, 250 milhões de euros. As prestações sociais sofrerão também uma redução na sequência da implementação das medidas de reforma do sistema de prestações de desemprego, abaixo descrita na secção “Mercado de trabalho e educação”.

Receita

1.30. Introdução de novas medidas na Lei do Orçamento do Estado para 2012, a fim de aumentar as receitas nas seguintes áreas:

i. redução de benefícios e deduções fiscais em sede de IRS: 175 milhões de euros;

ii. alargamento da base tributável em sede de IRC e redução de benefícios e de deduções fiscais: 150 milhões de euros;

iii. impostos especiais sobre o consumo: 150 milhões de euros.

1.31. Atualização do valor patrimonial tributável de todos os imóveis para efeitos de tributação para obter uma receita adicional de, pelo menos, 250 milhões de euros em 2013. As transferências da administração central para a administração local serão revistas para assegurar que as receitas adicionais sejam utilizadas na sua totalidade para a consolidação orçamental.

Política orçamental em 2014

1.32. O Governo terá como objetivo alcançar, em 2014, um défice das Administrações Públicas conforme estabelecido na Estratégia Orçamental de Médio Prazo definida em agosto de 2011. As medidas necessárias para cumprir este objetivo serão definidas na Lei do Orçamento do Estado para 2014. [T4-2013]

1.33. Durante o ano, o desempenho será avaliado por referência às metas trimestrais (acumuladas) para o saldo das Administrações Públicas na ótica de caixa, estabelecidas no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF), conforme definido no Memorando de Entendimento Técnico (MET), sem prejuízo dos objetivos do défice para 2014, apurado com base no Sistema Europeu de Contas (SEC 95). [T1 e T2-2014]

No Orçamento do Estado para 2014, o Governo reforçará as medidas introduzidas em 2012 e 2013, nomeadamente com o objetivo de alargar as bases tributáveis e moderar as despesas primárias, com vista a colocar o rácio despesa pública/PIB numa trajetória descendente.

2. Regulação e supervisão do setor financeiro

Objetivos

Preservar a estabilidade do setor financeiro, manter a liquidez e apoiar uma desalavancagem equilibrada e ordenada do setor bancário; garantir um fluxo adequado de financiamento aos setores produtivos, para apoio ao investimento e fundo de maneio; reforçar a regulação e supervisão bancária; concluir o processo de venda do Banco Português de Negócios e racionalizar a estrutura do banco estatal Caixa Geral de Depósitos; reforçar o enquadramento legal da reestruturação, saneamento e liquidação

das instituições de crédito; reforçar o Fundo de Garantia de Depósitos e Fundo de Garantia de Crédito Agrícola Mútuo; reforçar o enquadramento legal aplicável à insolvência de empresas e de pessoas singulares; assegurar que a transferência dos fundos de pensões dos bancos para o sistema de segurança social do Estado é atuarialmente equilibrada, protegendo os interesses de todas as partes envolvidas.

Manter a liquidez no setor bancário

2.1. Incentivar os bancos a reforçar as suas reservas de capital numa base sustentável. O Banco de Portugal (BdP), em estreita colaboração com o BCE, continuará a acompanhar de perto a situação de liquidez das instituições bancárias e está preparado para tomar as medidas adequadas para manter a liquidez do sistema. Acompanhar a emissão de obrigações bancárias garantidas pelo Estado, que foi autorizada até ao montante de 35 mil milhões de euros, em conformidade com as regras comunitárias em matéria de auxílios estatais [Em curso].

Desalavancagem do setor bancário

2.2.O sistema bancário deve eliminar os atuais desequilíbrios de financiamento, a fim de reduzir a sua elevada dependência do Eurosistema, conforme programado. Acompanhar a implementação pelos bancos dos planos de financiamento com o objetivo de reduzir o rácio de cobertura dos empréstimos por depósitos para 120% em 2014. O ritmo e modalidades da desalavancagem não devem comprometer a concessão de crédito para apoio ao investimento e fundo de maneio nos setores privados da economia, em particular as PME. O processo de ajustamento orçamental e concomitante redução do financiamento no setor público são fundamentais para conciliar objetivos potencialmente contraditórios. Continuar a acompanhar de perto a evolução do mercado de crédito. As revisões periódicas dos planos de financiamento a médio prazo contribuirão para garantir um processo de desalavancagem ordenado, em conformidade com o quadro macroeconómico do Programa. [Em curso]

Transferência dos fundos de pensões 2.3. Assegurar que a transferência parcial dos fundos de pensões dos bancos para o sistema de segurança social do Estado é efetuada em condições equilibradas. Em 2011, serão apenas transferidas as responsabilidades/ativos dos fundos de pensões dos trabalhadores já reformados. Os interesses de todas as partes envolvidas, incluindo o contribuinte, serão salvaguardados, assegurando que as responsabilidades e os ativos dos fundos de pensões sejam transferidos pelo seu justo valor e em conformidade com o direito da concorrência e as regras comunitárias em matéria de auxílios estatais [T4-2011]. Para cobrir as necessidades de reforço de fundos próprios resultantes desta transferência, os bancos deverão, tal como no âmbito de futuros esforços de recapitalização, recorrer a soluções privadas. Todavia, se tal não for possível, o Estado poderá ajudar as instituições de crédito a cobrir os prejuízos e a absorver o impacto da transferência no respetivo capital, utilizando uma parte da verba transferida dos fundos de pensões para adquirir capital ordinário nos bancos, o que elimina, assim, a necessidade de recorrer à linha de recapitalização dos bancos prevista no Programa. O remanescente dos fundos transferidos será depositado numa conta bloqueada até à conclusão da terceira avaliação7.

7 Logo que as modalidades da transferência sejam definidas, o que deverá estar concluído antes da terceira avaliação, o Governo apresentará uma estimativa do impacto orçamental desta transferência ao

Buffers de capital

2.4.O BdP acompanhará de perto os planos apresentados pelos bancos para alcançar um rácio de capital Core Tier 1 de 9 % até ao T4-2011 e de 10% até ao T4-2012.

2.5. Além do cumprimento até ao T4-2011 dos prazos e objetivos definidos no programa, que os bancos estão em vias de alcançar com recurso a soluções privadas de mercado, prossegue o reforço dos fundos próprios dos bancos. O exercício de capital proposto pela Autoridade Bancária Europeia (EBA), a 26 de outubro, exige aos bancos que reforcem significativamente os seus níveis de capital, incluindo a constituição de um novo buffer temporário de capital para exposições a dívida soberana. São ainda de referir a transferência parcial dos fundos de pensões dos bancos e o Programa Especial de Inspeções (PEI) que determinarão um agravamento das necessidades de reforço de capitais. 2.6 O BdP solicitará aos bancos que apresentem os respetivos planos de aumento de capital. Além do cumprimento dos requisitos da Autoridade Bancária Europeia (EBA) nesta área, os bancos deverão, até ao final de fevereiro de 2012, apresentar os respetivos planos de capitalização, indicando as medidas de reforço de capital que se tornem necessárias, prazos aplicáveis e eventual necessidade de recorrer a capitais públicos. O prazo T2-2012 para o cumprimento das necessidades de reforço de fundos próprios decorrentes da transferência dos fundos de pensões e do PEI corresponde também à data limite estabelecida para o exercício da EBA. Entretanto, os impactos gerados pela transferência dos fundos de pensões e pelo PEI nos rácios de fundos próprios regulamentares no T4-2011 serão temporariamente neutralizados.

2.7 Ultimar as regras aplicáveis à injeção de capitais públicos nas instituições de crédito. A proposta de lei, que se encontra em fase de aprovação na Assembleia da República, e respetiva legislação de execução visam prolongar o apoio temporário do Estado à recapitalização dos bancos viáveis, o qual será sujeito ao cumprimento de condições estritas, sem descurar a proteção dos interesses dos contribuintes. Esta legislação irá garantir a disponibilização em Portugal de todos os instrumentos considerados aceitáveis pelas autoridades reguladoras, incluindo a EBA. Caso um banco beneficiário não cumpra os objetivos ou prazos fixados no plano de recapitalização ou não consiga cumprir o rácio Core Tier 1 dentro do prazo legalmente previsto, o Estado poderá exercer a totalidade dos direitos de voto correspondentes à participação social que detenha na instituição. O preço das ações a emitir no âmbito do apoio público será definido em conformidade com as diretrizes comunitárias, incidindo sobre o mesmo um desconto significativo para garantir uma ampla margem de segurança destinada a assegurar a proteção dos interesses dos contribuintes. A fim de evitar que os acionistas privados sejam subsidiados pelo setor público e aumentar as perspetivas de injeção de capital, antes de terem acesso a quaisquer fundos públicos, as instituições de crédito deverão demonstrar que tudo tentaram para concretizar o aumento de capital com recurso a capitais privados. Serão ainda previstos incentivos ao reembolso antecipado. O preço de recompra basear-se-á no preço de emissão acrescido de uma remuneração e de uma percentagem sobre a valorização das participações sociais. O quadro jurídico que regula o acesso ao investimento público, que deverá estar concluído até ao final de

longo do período de vigência do programa, bem como as medidas corretivas necessárias, caso a transferência resulte num desvio face ao objetivo fixado ou coloque em risco o cumprimento dos objetivos assumidos pelo Estado.

janeiro de 20128, respeitará as regras comunitárias em matéria de auxílios estatais.

Caixa Geral de Depósitos (CGD)

2.8. Continuar a racionalização da estrutura do grupo estatal CGD, com o objetivo de reforçar a base de capital da sua atividade bancária. Serão reforçados os esforços para garantir o cumprimento do rácio de capital Core Tier 1 de 9% até ao final de 2011, sem recorrer à alienação do negócio de seguros do grupo, o qual deverá ser vendido diretamente a um comprador final, em 2012, para cobrir as necessidades de reforço de capital nesse ano. Caso estas necessidades não possam ser supridas por via de recursos internos, o grupo beneficiará de apoio público proveniente de outras fontes que não o mecanismo de apoio à solvabilidade bancária.

Monitorização da solvabilidade bancária

2.9. No âmbito do exercício de avaliação programado, o BdP deverá assegurar-se, antes da terceira avaliação, de que os bancos têm em conta os resultados disponíveis do Programa Especial de Inspeções (PEI) e utilizar o Quadro de Avaliação de Solvabilidade e Desalavancagem (QASD) como referência, segundo uma abordagem top-down, conforme previsto. Este exercício será levado a cabo no âmbito da última etapa do PEI, considerando um horizonte temporal de 3 anos e um rácio de capital Core Tier 1 de 6%. [Em curso]

2.10. O BdP procederá à definição de um cenário, em colaboração com a CE/BCE/FMI, sendo a qualidade dos resultados avaliada por todas as partes. O BdP continuará a monitorizar trimestralmente as necessidades potenciais de capital dos bancos, num cenário de stress, numa base prospetiva.

Regulação e supervisão bancárias

2.11. Foi pedido ao BdP que reforce a sua capacidade de supervisão, através do reforço das suas equipas técnicas, e crie um novo departamento responsável pela manutenção das metodologias e instrumentos de supervisão, bem como pela divulgação junto da função de supervisão da experiência adquirida no âmbito do Programa Especial de Inspeções (PEI). [Em curso]

2.12 Publicar o novo rácio de crédito em risco além do atual rácio, que abrange apenas o crédito vencido. [T4-2011]

2.13. Continuar empenhado em manter uma estreita colaboração com os supervisores dos países terceiros dentro e fora da UE. [Em curso]

Banco Português de Negócios

2.14. Foi pedido às autoridades portuguesas que concluíssem a venda do banco, estando a aguardar-se a decisão da Comissão Europeia que está a avaliar, entre outros aspetos, a segurança jurídica da transação, cabendo-lhe ainda garantir que a operação é efetuada da forma menos onerosa possível para o contribuinte e a economia portuguesa, e sem pôr em causa a estabilidade financeira. O Governo português está inteiramente disponível para colaborar nesta matéria com as autoridades competentes. [Em curso].

8 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

2.15. Uma vez tomada uma decisão pela Autoridade de Concorrência da UE, os créditos da CGD sobre o BPN, garantidos pelo Estado, bem como todos os veículos de finalidade especial serão transferidos para o Estado, de acordo com um calendário a estabelecer. [Em curso].

Enquadramento legal da Reestruturação, Saneamento e Liquidação das Instituições de Crédito 2.16 Reforçar o quadro jurídico de intervenção precoce e resolução de instituições de crédito, bem como dos seguros de depósitos. O prazo de final de novembro de 2011, inicialmente fixado para a conclusão das alterações legislativas, foi adiado para o final do ano. Já foi aprovada na Assembleia da República legislação de base para reforçar o quadro jurídico nestas áreas que aguarda promulgação pelo Presidente da República. O Decreto-Lei de implementação do enquadramento detalhado deverá posteriormente ser aprovado em Conselho de Ministros e promulgado pelo Presidente da República. 2.17. O legislador definirá o enquadramento jurídico para o Fundo de Resolução e analisará os aspetos operacionais, incluindo o financiamento do fundo, tendo em conta, de modo mais geral, a diretiva comunitária relativa à resolução, logo que a mesma esteja disponível. [Em curso]

Enquadramento legal da reestruturação de dívidas de empresas e de particulares

2.18. Concluir até ao final de dezembro de 20119 a alteração legislativa do regime da insolvência no sentido de melhor permitir a recuperação efetiva de empresas viáveis. Os princípios orientadores da recuperação extrajudicial de devedores, em linha com as boas práticas internacionais, foram emitidos em setembro.

2.19. Lançar uma campanha de sensibilização para as ferramentas de reestruturação disponíveis. [Em curso]

Monitorização do endividamento de empresas e de particulares

2.20. Continuar a reforçar o acompanhamento do elevado endividamento de empresas e particulares. O primeiro relatório trimestral já foi publicado, prevendo-se uma melhoria do conteúdo destes relatórios trimestrais. O grupo de trabalho continuará a avaliar as pressões de financiamento das empresas e particulares e a sugerir medidas para aliviar essas pressões. Até dezembro de 2011, o Ministério da Economia apresentará à CE/BCE/FMI uma avaliação dos mecanismos existentes de apoio às PME, bem como as medidas de apoio financeiro e não financeiro a esse setor. 3. Medidas orçamentais estruturais

Objetivos

Melhorar a eficiência da administração pública através da eliminação de redundâncias, simplificação de procedimentos e reorganização de serviços; regular a criação e o funcionamento de todas as entidades públicas (por exemplo, empresas, Parcerias Público-Privadas, fundações, associações); recentrar as atividades nos objetivos essenciais da política pública e melhorar a respetiva relação custo-eficiência e sustentabilidade orçamental; melhorar o processo orçamental através do 9 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

enquadramento legal recentemente aprovado e adaptando em conformidade os quadros orçamentais e jurídicos das finanças; reforçar a gestão de riscos, a responsabilização, o reporte e a monitorização em todas as áreas da administração pública. As medidas do Governo basear-se-ão nas recomendações das missões de assistência técnica da UE/FMI de julho de 2011.

Quadro de Gestão Financeira Pública

Com vista a reforçar o quadro de gestão financeira pública, estão em curso seguintes medidas:

Reporte

3.1. Aplicar a definição standard de “atraso nos pagamentos” (arrears) e “compromissos” (commitments), recentemente aprovada, a todos os níveis da administração pública. [Em curso].

3.2. O atual levantamento dos pagamentos em atraso englobará todas as entidades das Administrações Públicas e empresas do SEE que não integrem o perímetro de consolidação das Administrações Públicas, bem como todas as transações (incluindo custos salariais, serviços essenciais, encargos com juros, transferências para as administrações locais e regionais, bens e serviços, despesas de capital e transferências de impostos retidos e contribuições sociais para os serviços e instituições de cobrança competentes). Uma vez concluído o levantamento, será elaborado um relatório mensal consolidado sobre os pagamentos em atraso que será publicado no Boletim mensal de Execução Orçamental. [T4-2011].

3.3. Melhorar o reporte mensal sobre a execução orçamental das Administrações Públicas, em base consolidada, na ótica da contabilidade pública. O atual perímetro de reporte mensal inclui o Estado, Serviços e Fundos Autónomos, a Segurança Social, as administrações regional e local, devendo ser progressivamente alargado a todas as empresas do SEE e às PPP reclassificadas no âmbito das Administrações Públicas, em conformidade com o Memorando de Entendimento Técnico. [Fevereiro de 2012]

3.4. Publicar contas trimestrais para o Setor Empresarial do Estado (SEE), o mais tardar 45 dias após o fim do trimestre de referência. Esta medida aplicar-se-á inicialmente às 30 maiores empresas do SEE integradas no perímetro de consolidação das Administrações Públicas, devendo estender-se, regra geral, as todas as empresas do SEE. [T4-2011]

3.5. Definir metas intra-anuais e medidas corretivas, em caso de desvio face aos objetivos propostos, para [T4-2011]:

i. divulgação interna: metas mensais para o saldo de caixa, despesa e receitas das Administrações Públicas, tal como definido em contas nacionais;

ii. divulgação pública: metas trimestrais para o saldo das Administrações Públicas, tal como definido em contas nacionais.

3.6. Implementar as alterações às regras e procedimentos de execução orçamental que se revelem necessárias ao respetivo alinhamento com a definição standard de “atraso nos pagamentos” e “compromissos”. Os procedimentos de controlo de compromissos existentes para todos os tipos de despesa em todas as Administrações Públicas,

incluindo as administrações regional e local, serão aplicados e reforçados, se necessário. Todas as disposições legislativas necessárias serão adotadas até ao final de 2011, a fim de garantir a implementação dos procedimentos de controlo de compromissos, em conformidade com as instruções impostas aos organismos e serviços das Administrações Públicas em setembro de 2011. A proposta de legislação deve garantir, nomeadamente

i. a partir de 1 de janeiro de 2012: se proceda à verificação da cobertura dos compromissos na dotação

disponível no sistema de contabilidade, os quais deverão ser comprovados por documentos de cabimento autorizados com um número válido;

todos os outros compromissos ou despesas serão considerados ilegais, deles não resultando obrigatoriedade de pagamento do Estado; e

os dirigentes ou responsáveis dos serviços e organismos das Administrações Públicas que assumam compromissos ou despesas que não obedeçam a estas instruções incorrerão nas penalidades previstas na Lei do Enquadramento Orçamental;

ii. Até ao final de dezembro de 2011, os sistemas e procedimentos deverão cumprir os requisitos da regra de execução orçamental revista, conforme definido nas instruções acima referidas;

iii. A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) procederá a avaliações regulares do controlo de compromissos até ao T2-2012.

3.7. Publicar, trimestralmente, informação relativa aos recursos humanos das entidades que integram as Administrações Públicas (o mais tardar 45 dias após o fim do trimestre de referência); número de trabalhadores e fluxos de entrada e saída no período de referência, por ministério ou entidade empregadora (ou seja, novas contratações, saídas por reforma, número de trabalhadores colocados na situação de mobilidade especial, e saídas para outros serviços públicos, setor privado ou desemprego); salários médios praticados, subsídios e gratificações. Esta obrigação de reporte é aplicável também às administrações locais e regionais. Serão igualmente compilados dados sobre o emprego nas empresas do SEE (central, local e regional) e outras entidades e/ou organismos públicos. [T1-2012]

Monitorização

3.8. Aplicar a definição standard de “responsabilidades contingentes” a todos os níveis da administração pública (central, local e regional). [em curso].

3.9. Publicar, anualmente um relatório abrangente sobre riscos orçamentais, fazendo parte integrante do Orçamento do Estado, que identificará os riscos orçamentais gerais e as responsabilidades contingentes específicas às quais a Administração Pública possa estar exposta, incluindo as Parcerias Público-Privadas (PPP), empresas do SEE e garantias prestadas aos bancos. Este ano, o relatório sobre riscos orçamentais, incluído no Orçamento do Estado para 2012, será melhorado com a colaboração dos técnicos da CE e do FMI e publicado até ao T1-2012.

3.10. Na sequência do levantamento das despesas fiscais, será elaborado, em colaboração com os técnicos da CE e do FMI, um relatório anual sobre a despesa fiscal, que deverá estar concluído até ao T1-2012. Este relatório publicado anualmente fará

parte integrante do Orçamento do Estado, de acordo com as boas práticas internacionais, e abrangerá as administrações central, regional e local.

Pagamentos em atraso

3.11. O Governo compromete-se a reduzir significativamente o montante dos pagamentos em atraso a fornecedores domésticos durante o período de vigência do programa. Para o efeito, será elaborada uma estratégia para a validação e liquidação das dívidas vencidas, destinada a todas as entidades das Administrações Públicas, incluindo as empresas do SEE que não integrem o perímetro de consolidação das Administrações Públicas. Esta estratégia incluirá um roteiro para alcançar a estabilização dos pagamentos em atraso, bem como um calendário de execução. Serão ainda estudadas várias opções de liquidação dos pagamentos, com vista a disponibilizar sistemas de incentivos adequados, incluindo a possibilidade de conceder descontos em caso de liquidação antecipada e recompensas para as entidades que deixem de acumular novos pagamentos em atraso. [T4-2011]

Enquadramento orçamental

3.12. Publicar anualmente, em abril, um Documento de Estratégia Orçamental para as Administrações Públicas. Este documento, que especificará as previsões económicas e orçamentais de médio prazo a quatro anos e os custos de novas decisões políticas no mesmo horizonte temporal, estará em conformidade com o Pacto de Estabilidade e Crescimento revisto em 2011. Os orçamentos incluirão a reconciliação das revisões das previsões orçamentais a quatro anos decorrentes das decisões políticas e das alterações dos parâmetros, como, por exemplo, decisões de política económica, alterações do cenário macroeconómico.

3.13. Em conformidade com as recomendações da Missão de Assistência Técnica de julho de 2011, assegurar a plena aplicação da Lei de Enquadramento Orçamental, adotando as alterações legais que se revelem necessárias: [T4-2011]

i. O perímetro da Administração Pública abrangerá o Estado, Serviços e Fundos Autónomos, a Segurança Social, o SEE e as PPP reclassificadas no âmbito das Administrações Públicas e as administrações local e regional.

ii. Definição detalhada das características propostas para o enquadramento orçamental de médio prazo, incluindo a estratégia orçamental de médio prazo, processos de tomada de decisões e de definição de prioridades, regras de reporte controlo de compromissos; reservas de contingência apropriadas e regras de acesso às mesmas. [T2-2012]

3.14. O Conselho das Finanças Públicas deverá estar operacional até ao [T4-2011]

Quadro orçamental a nível regional e local

3.15. O Governo compromete-se a garantir que as medidas para implementar o novo enquadramento orçamental a nível da Administração Central sejam também aplicadas a nível regional e local. Serão criadas estruturas adequadas de acompanhamento, reporte orçamental e controlo de compromissos. [Em curso]

3.16. O quadro orçamental a nível local e regional será significativamente reforçado, em conformidade com as recomendações da Missão de Assistência Técnica do FMI/CE de julho de 2011. Uma proposta de revisão da Lei das Finanças Regionais [T1-2012]10 e uma proposta de revisão da Lei das Finanças Locais [T2-2012] serão apresentadas na Assembleia da República. No T4-2011, será ainda apresentado um documento que define um roteiro, bem como os principais elementos e opções para a revisão da legislação:

i. Compatibilizar o quadro orçamental a nível local e regional com os princípios e normas da Lei de Enquadramento Orçamental revista, nomeadamente no que respeita à: (i) inclusão de todas as entidades relevantes no perímetro das administrações local e regional; (ii) adoção de um quadro plurianual de programação orçamental, definindo regras de despesa, equilíbrio orçamental e endividamento, bem como a adoção da orçamentação por programas; e (iii) interação com o Conselho das Finanças Públicas. A proposta de revisão prevê ainda: (i) a avaliação pelo Conselho das Finanças Públicas das projeções de receitas e planos orçamentais plurianuais das administrações locais e regionais; (ii) a criação de uma reserva de contingência no montante global de despesa, para fazer face a quebras imprevistas das receitas ou a projeções de despesas que se revelem erradas e (iii) a aplicação do quadro legal e institucional revisto das PPP (vide adiante).

ii. Reforçar a responsabilidade orçamental, nomeadamente através de: i) exigências financeiras mais rigorosas impostas às empresas do setor empresarial local e regional e outras entidades públicas regionais e locais; ii) revisão do regime de transferências entre o Estado e as regiões autónomas e as autarquias; (iii) reforço do poder do Estado em matéria de fiscalização da execução orçamental e (iv) aplicação de limites de endividamento mais restritivos, aliada a um sistema de controlo a vários níveis, conforme recomendado pela Missão de Assistência Técnica, em julho de 2011, e seguindo as melhores práticas internacionais.

iii. Reduzir o diferencial das taxas de imposto entre as Regiões Autónomas e o Continente e assegurar que as receitas adicionais daí decorrentes sejam prioritariamente utilizadas para a consolidação orçamental.

3.17. O Governo irá elaborar um programa de ajustamento económico e financeiro para a Região Autónoma da Madeira (RAM), tendo em conta o significativo impacto do desvio orçamental da RAM nas finanças públicas portuguesas e os elevados riscos orçamentais que subsistem [T4-2011]. O cumprimento das medidas e objetivos previstos no âmbito deste programa será da exclusiva responsabilidade da RAM, ao abrigo do estatuto de autonomia política regional consagrado na Constituição Portuguesa. Este acordo financeiro, que incluirá uma avaliação da sustentabilidade da dívida, será elaborado em moldes semelhantes aos do programa de ajustamento celebrado entre Portugal, a CE, o BCE e o FMI e deverá ser coerente com o mesmo. Serão ainda definidas medidas quantificadas para o desempenho orçamental e as reformas estruturais, em conformidade com as recomendações da Missão de Assistência Técnica de setembro, nomeadamente:

10 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

i. O Orçamento da RAM para 2012 deverá ser integralmente coerente com o Orçamento do Estado. Está previsto um aumento das receitas através da redução do diferencial das taxas de IRC, IRS e IVA entre a Madeira e o Continente, da introdução de portagens e da atualização das tarifas dos serviços públicos de forma a garantir níveis adequados de recuperação de custos. O Conselho de Finanças Públicas validará as estimativas de receitas constantes do orçamento da RAM. Está ainda prevista uma redução da despesa, em conformidade com as medidas estabelecidas no presente MECPE, por via da redução de efetivos e de salários e da racionalização da administração pública;

ii. O controlo de compromissos e a gestão da dívida pública da RAM serão transferidos para a Administração Central. Todos os pagamentos em atraso serão auditados previamente à implementação de uma estratégia para o seu pagamento.

iii. O Setor Empresarial Regional será alvo de uma profunda reestruturação, em conformidade com os requisitos do presente MECPE. Os contratos de Parcerias Público-Privadas serão avaliados quanto à respetiva legalidade e serão estudadas as possibilidades de renegociação dos mesmos.

3.18 A assinatura do acordo financeiro ficará subordinada à apresentação pela RAM de um balanço, que será avaliado pelas autoridades da República e enviado ao Tribunal de Contas. Até à data de celebração do acordo e início da sua implementação no âmbito do orçamento da RAM, o Governo irá acompanhar de perto a execução do orçamento da RAM, mantendo suspensas as transferências para o Governo Regional. Ainda, até essa data, a contratação de nova dívida financeira ou comercial, bem como a concessão de garantias pelo Governo Regional e empresas do Setor Empresarial Regional ficarão sujeitas à aprovação do Ministério das Finanças, sob pena de não serem honradas pelo Estado português. [Em curso]

Parcerias Público-Privadas

Indo além das obrigações a que se encontravam vinculadas, as quais previam a avaliação dos 20 principais contratos de PPP, as Autoridades portuguesas, avaliaram 36 contratos de PPP e 24 contratos de concessão sob a responsabilidade da Administração Central. Além de apresentar projeções de fluxos financeiros futuros e matrizes de risco, o relatório sobre as PPP revela que as pressões sobre a despesa têm vindo a aumentar rapidamente, afetando, em particular, a sustentabilidade financeira da empresa Estradas de Portugal. A solução para reduzir essas pressões deverá passar pelo aumento das receitas e pela renegociação dos contratos. Na sequência deste relatório, o Governo compromete-se a publicar, até ao final de dezembro, todos os contratos de PPP, salvo a informação sujeita a cláusulas de confidencialidade.

3.19. O Governo compromete-se ainda a não lançar novas Parcerias Público-Privadas até os resultados do estudo sobre as PPP existentes e a reforma legal e institucional proposta (vide infra) estarem disponíveis [em curso];

3.20. O Governo lançará, até março de 2012, salvo contingências legais inerentes ao processo de contratação pública, um concurso público para a celebração de um contrato de prestação de serviços, tendo em vista contratar uma empresa de auditoria

internacionalmente reconhecida para a realização, em articulação com o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Ministério das Finanças, de um estudo de avaliação mais detalhado dos contratos de PPP celebrados pela Administração Central.11 Este estudo identificará e, na medida do possível, quantificará as principais responsabilidades contingentes e respetivos montantes que venham a ser devidos pelo Estado. Avaliará ainda a probabilidade de eventuais pagamentos respeitantes a responsabilidades contingentes por parte do Estado, quantificando os respetivos montantes. O estudo, que deverá estar concluído três meses após a adjudicação do contrato, avaliará também os custos e benefícios da renegociação dos contratos de PPP e de concessão, no sentido de reduzir as obrigações financeiras do Estado.

3.21. A fim de garantir um modelo de gestão orçamental prudente, será criado um quadro legal e institucional reforçado no âmbito do Ministério das Finanças para a avaliação ex-ante dos riscos orçamentais decorrentes da celebração de contratos de PPP, de concessão ou de outros contratos de investimento público, bem como para o acompanhamento da respetiva execução. Deverá ser dado conhecimento desta avaliação ao Tribunal de Contas. Poderá ser prestada assistência técnica, se necessário. [T1-2012]. O Governo compromete-se a garantir que estas medidas sejam aplicadas aos contratos de PPP celebrados pelas administrações regionais e que não sejam celebrados novos contratos de PPP pelas autarquias locais. [Em curso]

3.22. Será melhorado o Relatório Anual sobre Parcerias Público-Privadas e Concessões publicado pelo Ministério das Finanças, o qual deverá passar a incluir uma avaliação exaustiva dos riscos orçamentais com os contratos de PPP e de concessão, bem como informações e análises setoriais. O relatório anual incluirá ainda uma análise dos fluxos de crédito canalizados para as PPP e concessões através dos bancos (empréstimos e títulos, exceto ações) por setor de atividade, e uma avaliação de impacto sobre a atribuição de crédito e efeitos de crowding out. Esta última avaliação será elaborada em colaboração com o Banco de Portugal. [T2-2012]

Setor Empresarial do Estado12

Em novembro de 2011, o Governo apresentou um plano para a reestruturação do Setor Empresarial do Estado (SEE) visando melhorar a eficiência, recuperar a sustentabilidade financeira e recentrar as atividades deste setor nos objetivos fundamentais de política pública. O referido plano tem por objetivo, designadamente, a redução do endividamento e a reestruturação do SEE de forma a garantir melhores condições de financiamento no mercado. O Orçamento para 2012 prevê uma redução de custos (incluindo cortes salariais) para fazer face aos encargos financeiros das empresas do Setor Empresarial do Estado a nível central. É, no entanto, de referir que os resultados dos esforços para reduzir os custos operacionais do setor em 15% em relação a 2009 ficaram aquém das expetativas. Tendo em vista prosseguir com a reestruturação do SEE, em conformidade com as regras da UE em matéria de concorrência e de auxílios estatais, o Governo compromete-se a:

3.23. Implementar integralmente os planos em curso para reduzir em, pelo menos, 15% em relação aos níveis de 2009, os custos operacionais das empresas do Setor Empresarial do Estado central fora do setor da saúde, até ao final de 2011. A

11 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económica e Financeiras 12 O Setor Empresarial do Estado inclui empresas pertencentes às administrações central, local e regional.

maioria das subsidiárias e participações em atividades não estratégicas serão eliminadas até 2014. Propostas concretas sobre estes desinvestimentos constarão do relatório que avaliará as perspetivas financeiras, os riscos potenciais para o Estado e o potencial de privatização ordenada das empresas do SEE. [Fevereiro-2012] Medidas equivalentes serão implementadas a respeito das empresas do setor empresarial local e regional. [Em curso].

3.24. As empresas do SEE que desenvolvem atividades comerciais deverão atingir o equilíbrio operacional até ao T4-2012. Para o efeito, o Governo irá implementar uma estratégia global para o SEE, avaliando a estrutura de tarifas e a prestação de serviços por parte das empresas do Setor Empresarial do Estado, com objetivos quantificados de redução dos custos, incluindo, se necessário, medidas visando o realinhamento de salários, a redução de efetivos e novos aumentos de tarifas. Medidas equivalentes serão implementadas a respeito das empresas do setor empresarial local e regional. [T4-2012]

3.25. O SEE tem vindo a acumular um endividamento excessivo que irá exigir a adoção de medidas adicionais. Serão impostos limites ao aumento do endividamento de todas as empresas do SEE, quer estejam ou não integradas no perímetro de consolidação das Administrações Públicas. Paralelamente aos esforços com vista a eliminar os défices operacionais, será delineada, em concertação com os técnicos da CE, BCE e FMI, uma estratégia para fazer face ao elevado endividamento do SEE, que incluirá a alienação de ativos em áreas não estratégicas destas empresas. Até janeiro de 2012, será apresentado à Assembleia da República um novo quadro jurídico do SEE que prevê vedar a todas as empresas do SEE classificadas no âmbito das Administrações Públicas a possibilidade de contrair novos empréstimos junto do setor privado.13

3.26. Elaborar um relatório sobre as operações e finanças das empresas do SEE, a nível central, local e regional. O relatório avaliará as perspetivas financeiras, os riscos potenciais para o Estado e o potencial de privatização ordenada de cada empresa. O Governo adotará as alterações legislativas que se revelem necessárias ao cumprimento deste objetivo. Será prestada assistência técnica.14 [Fevereiro-2012]

3.27. Preparar um plano para reforçar a governação do SEE em conformidade com as melhores práticas internacionais. Este plano incluirá uma avaliação da função acionista, dotando o Ministério das Finanças de um papel decisivo quanto a questões de ordem financeira do SEE, incluindo o setor empresarial local e regional. [T4-2011]

3.28. O Governo apresentará à Assembleia da República uma proposta de lei visando regular a criação e funcionamento de empresas do SEE central e compromete-se a não criar novas empresas do SEE até a mesma ser aprovada. Esta lei reforçará os poderes de monitorização da administração central sobre o setor público empresarial e definirá ainda a calendarização e os conteúdos dos relatórios financeiros e operacionais. As decisões adotadas a nível central para melhorar a eficiência destas empresas e reduzir os encargos financeiros abrangerão todas as empresas do SEE, tendo em conta as respetivas especificidades. O Governo adotará as medidas necessárias ao cumprimento deste objetivo pelas Regiões Autónomas. [T1-2012]

3.29. As entidades competentes elaborarão, até janeiro de 2012, planos de reestruturação para as empresas do SEE a nível local e regional. A partir do próximo ano, serão elaborados quatro relatórios anuais sobre o Setor Empresarial do Estado a nível central e local, bem como a nível das duas regiões autónomas. Com base nestes

13 O caso particular da Estradas de Portugal, que ainda está a ser avaliado, poderá vir ser uma exceção. 14 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

relatórios, o Ministério das Finanças apresentará, em julho, no seu relatório anual sobre o SEE, uma análise dos riscos orçamentais de todas empresas do SEE central, local e regional, incluindo todas as respetivas responsabilidades (explícitas e implícitas). [Julho-2012]

Privatizações

3.30. O Governo está avançar com as privatizações ao abrigo da nova lei-quadro das privatizações. O plano de privatizações visa garantir uma antecipação de receitas de cerca de 5 mil milhões de euros até ao final do programa. Quatro candidatos foram selecionados para a EDP, a partir de uma lista restrita de 6, estando a conclusão da segunda fase prevista para antes do final de 2011. O encerramento financeiro deste processo ocorrerá em janeiro de 2012. Relativamente à REN, os candidatos serão selecionados, devendo a segunda fase de privatização iniciar-se antes do final de 2011. Esta operação também deverá ser concluída até ao início de 2012. Entre os candidatos a ambas privatizações contam-se grandes investidores estratégicos internacionais. A venda da GALP e da restante participação minoritária na REN, no mercado livre, foi adiada até as condições de mercado melhorarem. A venda integral da operadora de transporte ferroviário de mercadorias (CP Carga) terá início em meados de 2012. A privatização da ANA-Aeroportos de Portugal e da transportadora aérea nacional TAP será concluída no final de 2012. O processo de privatização dos Correios de Portugal (CTT) será lançado no segundo semestre de 2012, prevendo-se a sua conclusão para o início de 2013. O Governo está a considerar a venda de um dos canais da estação pública de televisão RTP, da Águas de Portugal (AdP), bem como a celebração de contratos de concessão com operadores privados de transporte público em Lisboa e no Porto, após a conclusão da reestruturação das empresas de transporte público nestas cidades. A venda direta da área seguradora da CGD (Caixa Seguros) a um comprador final deverá realizar-se em 2012.

3.31. Será elaborada uma estratégia para a Parpública, uma vez que as suas fontes de receita serão afetadas pelas privatizações. [T4-2012] Esta estratégia irá reavaliar o papel da Parpública como empresa pública, bem como a eliminação da sua obrigação de remeter as receitas das vendas de ativos ao Tesouro em troca de novos ativos. Será ainda considerada a possibilidade de extinguir a empresa ou de integrá-la na Administração Pública. Entretanto, o governo compromete-se a garantir que a Parpública dispõe de suficientes fontes de rendimento para gerir a respetiva dívida e necessidades de financiamento. O processo de extinção da Parpública terá início em 2013.

3.32. O Governo irá elaborar um inventário dos bens, incluindo imóveis, detidos pelas Administrações Local e Regional, para avaliação do potencial de privatização. [T2-2012]

Administração fiscal

3.33. O Governo procederá à Fusão da Direcção-geral de Impostos, Direcção-geral das Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Consumo e Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros numa única entidade, [definição da nova estrutura concluída até ao T4-2011 e respetiva implementação até ao T4 -2012] e avaliará os custos e benefícios de alargar essa fusão aos serviços de cobrança da Segurança Social. [T1- 2012] O Governo avançará para a fusão alargada se a avaliação

for favorável. [final de 2013]

3.34. Serão elaborados novos planos de reforma abrangentes, que, em 2012, se concentrarão na fusão das funções centrais e de apoio, na criação de uma unidade dos grandes contribuintes e na redução do número de serviços locais. A reforma será intensificada em 2013 visando a criação de uma estrutura organizada através de um modelo funcional . Neste âmbito destaca-se designadamente a implementação das seguintes medidas:

i. a criação de secções especializadas no âmbito dos tribunais fiscais com competência para o julgamento de processos de maior dimensão, contando com a assistência de pessoal técnico especializado; [T2-2012]

ii. a redução do número de serviços locais em, pelo menos, 20% por ano, em 2012 e 2013; [T4-2012 e T4-2013]

iii. o aumento dos recursos destinados à inspeção na administração tributária em, pelo menos, 30% do total dos respetivos trabalhadores, maioritariamente através de reafectação interna de trabalhadores da administração fiscal e de outros serviços da administração pública, até ao T4-2012.

3.35. O Governo adotará medidas visando a eliminação das pendências nos tribunais tributários, nomeadamente:

i. revisão da avaliação do desempenho das inspeções, com base em indicadores qualitativos e quantitativos; [T4-2011]

ii. aplicação de juros sobre o total dos montantes em dívida durante a totalidade do procedimento judicial, utilizando uma taxa de juro superior à corrente no mercado e impondo um juro legal especial quando se verificar o não cumprimento de uma decisão do tribunal fiscal; [T4-2011]

iii. aplicação da nova lei de arbitragem fiscal; [em curso] iv. desenvolvimento de um sistema de informação integrado entre a

administração fiscal e os tribunais; [T1-2012] v. Resolução dos processos de valor superior a um milhão de euros até ao

T4-2012, com o apoio de equipas de juízes tributários.

3.36. O Governo apresentará à Assembleia da República uma lei com vista a reforçar os poderes de inspeção e de cobrança coerciva da administração fiscal central, permitindo-lhe exercer o seu controlo sobre todo o território da República Portuguesa, incluindo no âmbito dos atuais regimes de isenção de impostos e conferir à administração fiscal central o poder exclusivo de emitir regras interpretativas de âmbito nacional, a fim de garantir uma aplicação uniforme das normas. [T1-2012]

3.37. Na sequência do relatório de avaliação do estado atual dos sistemas de informação tributária, será elaborado um Plano Estratégico para as Tecnologias da Informação da nova Autoridade Tributária e Aduaneira resultante da fusão anteriormente referida, com a assistência técnica do FMI/CE. [T4-2011]

3.38. A administração fiscal elaborou um plano estratégico para o combate à fraude e evasão fiscal para o período 2012-2014. Serão tomadas medidas adicionais relativamente aos sectores e contribuintes em que se verificam índices de evasão fiscal mais elevados. Em particular, serão adotados sistemas de faturação eletrónica para facilitar o cumprimento das obrigações fiscais e melhorar o controlo pela administração

tributária. As autoridades irão finalizar a avaliação do impacto financeiro líquido do regime de incentivos proposto, o qual concede uma dedução até 5% sobre o IVA pago através de faturas transmitidas por via eletrónica, em determinados setores, sujeito a um limite por contribuinte, e consultarão a CE e o FMI antes da implementação do referido regime. [Em curso]

Administração Pública

O governo adotou medidas visando a concretização do objetivo global de racionalização da administração pública e o seu perímetro. A nível central, a implementação das medidas estabelecidas no Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (PREMAC) de julho está a decorrer consideravelmente melhor do que o inicialmente previsto. A nível local, foi divulgado, em outubro, o “Documento Verde da Reforma da Administração Local” com vista a apresentar à Assembleia da República propostas de lei sobre a matéria, até ao final de junho de 2012. O Governo tomará as seguintes medidas para reforçar a eficácia e eficiência da Administração Pública:

Administração central, regional e local

3.39. Reduzir os cargos dirigentes e serviços na administração central em, pelo menos, 27% e 40% respetivamente, em conformidade com o relatório PREMAC de 15 de setembro de 2011. Depois da aprovação das leis orgânicas dos ministérios, será ultimada a legislação relativa às entidades. [T4-2011]

3.40. Com vista a melhorar a eficiência da administração central e racionalizar a utilização de recursos, implementar uma segunda fase do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (PREMAC). [T1-2012]

3.41. A fim de melhorar a eficiência da administração local e racionalizar a utilização de recursos, o Governo apresentará à Assembleia da República uma proposta de lei até ao T4-2011, visando impor a todos os municípios a apresentação de um plano para reduzir em 15% os seus cargos dirigentes e serviços até ao final de 2012. [T2-2012] Em relação às Regiões Autónomas, o Governo promoverá as medidas necessárias para impor às mesmas a apresentação de planos com as mesmas metas. [T4-2011]

3.42. Elaborar uma análise de custo/benefício detalhada de todas as entidades públicas e semipúblicos, começando pelas fundações e mais tarde abrangendo outros organismos, a todos os níveis da Administração Pública. [T4-2011] Com base nos resultados desta análise das fundações, a administração central, regional ou local, responsável pela entidade pública tomará a decisão de a extinguir ou de a manter, em conformidade com a legislação em vigor (vide infra). [T1-2012]

3.43. Regular por lei a criação e gestão de fundações, associações ou outras entidades públicas semelhantes pela administração central e local. A lei, que também irá facilitar a extinção de entidades públicas, quando tal se justifique, será elaborada em coordenação com um enquadramento semelhante a ser definido para as empresas públicas. A lei definirá ainda os mecanismos de monitorização e reporte que deverão ser implementados para avaliar o desempenho dessas entidades. A partir do Orçamento do Estado para 2012, será reduzido o número de Fundos Autónomos do Estado. A Lei terá também como objetivo classificar, caso a caso, como receita geral todas as receitas próprias destes fundos que decorram, direta ou indiretamente, das funções de soberania

do Estado (por exemplo: custas judiciais, multas, licenças e autorizações, bem como emolumentos cobrados pelo Tribunal de Contas). O Governo promoverá as medidas que se revelem necessárias ao cumprimento deste objetivo pelas Regiões Autónomas. [Q4- 2011]

3.44. Reorganizar a estrutura da administração local. Existem atualmente 308 municípios e 4.259 freguesias. Até julho de 2012, o Governo compromete-se a elaborar um plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número destas entidades. Estes planos serão implementados em concertação com a CE e o FMI. Estas alterações, que deverão entrar em vigor no próximo ciclo eleitoral local, contribuirão para melhorar a prestação do serviço público, aumentar a eficiência e reduzir custos.

3.45. Realizar um estudo para identificar potenciais duplicações de atividades e outras ineficiências entre a administração central, a administração local e serviços locais da administração central. [T4-2011] Com base nos resultados desse estudo, reformar o enquadramento atual, a fim de eliminar as ineficiências identificadas. [Q2-2012]

Serviços partilhados

3.46. Desenvolver a utilização partilhada de serviços ao nível da administração central, implementando a totalidade dos projetos em curso e avaliando regularmente a possibilidade de maior integração:

i. Implementação efetiva da estratégia de serviços partilhados no domínio da gestão de recursos financeiros (GeRFIP) e recursos humanos (GeRHup); [T2-2012]

ii. Racionalizar a utilização das tecnologias de informação na administração central, através da implementação de serviços partilhados e redução do número de serviços informáticos nos ministérios ou outras entidades públicas. [T4-2012]

3.47. Reduzir o número de serviços desconcentrados ao nível dos ministérios (por exemplo, finanças, segurança social, justiça). Estes serviços serão objeto de fusão em lojas do cidadão, passando a abranger uma área geográfica mais alargada e promovendo o desenvolvimento da administração eletrónica durante a vigência do programa. [T4-2013]

Recursos humanos

3.48. No âmbito do orçamento anual, promover a flexibilidade, adaptabilidade e mobilidade dos recursos humanos em toda a Administração Pública, nomeadamente através de oferta de formação, se necessário. [T4- 2011] Os regimes de mobilidade, designadamente de mobilidade geográfica, serão reforçados enquanto instrumentos de gestão dos recursos humanos em toda a Administração Pública. [T2- 2012]

3.49. Limitar as admissões de pessoal na administração pública para obter, no período 2012-2014, decréscimos anuais de 2% (equivalentes a tempo inteiro) na administração central e de 2% (equivalentes a tempo inteiro) nas administrações local e regional. O Governo garantirá a aplicação desta medida a nível da administração local e promoverá as medidas necessárias para que as Regiões Autónomas apresentem planos semelhantes para cumprir a mesma meta. [Em curso]

3.50 O governo vai efetuar uma revisão completa dos escalões salariais no setor público, abrangendo as entidades classificadas fora do perímetro das Administrações Públicas, com vista a identificar diferenças de remuneração injustificadas entre o setor público e o setor privado para níveis de qualificações semelhantes. [T4-2012].

Sistema de saúde

Objetivos

Melhorar a eficiência e a eficácia do sistema de saúde, induzindo uma utilização mais racional dos serviços e o controlo da despesa; gerar poupanças adicionais na área dos medicamentos para reduzir a despesa pública global nesta área para 1,25% do PIB, até ao final de 2012, e para cerca de 1% do PIB em 2013; gerar poupanças adicionais nos custos operacionais dos hospitais e definir uma estratégia para regularizar os pagamentos em atraso. O Governo tomará as seguintes medidas para reformar o sistema de saúde:

Financiamento

3.51. Depois da aprovação do regime de taxas moderadoras do SNS, promulgar legislação de revisão e atualização das taxas moderadoras, até ao final de dezembro de 2011, através:

i. de uma revisão substancial das atuais categorias de isenção das taxas moderadoras, incluindo uma aplicação mais rigorosa da condição de recursos, em colaboração com o Ministério da Segurança Social;

ii. do aumento das taxas moderadoras em determinados serviços, assegurando que as taxas moderadoras nos cuidados de saúde primários são menores do que as aplicáveis a consultas de especialidade e episódios de urgência;

Estas medidas deverão permitir um encaixe de 150 milhões de euros, em 2012, e de 50 milhões em 2013.

3.52. Dada a urgência e volume da poupança a alcançar no setor da saúde, a fim de resolver o problema dos pagamentos em atraso e cumprir os limites orçamentais impostos, será agilizada a implementação dos planos para alcançar um modelo autossustentável nos sistemas de benefícios de saúde da administração pública. O plano atual prevê uma redução do custo orçamental global com os subsistemas públicos de saúde – ADSE, ADM (Forças Armadas) e SAD (Polícia) – de 30% em 2012 e mais 20% em 2013, a todos os níveis da administração pública. Os subsistemas públicos deverão poder autofinanciar-se até 2016. Os custos orçamentais com estes subsistemas serão reduzidos, diminuindo a comparticipação da entidade empregadora e ajustando o âmbito dos benefícios de saúde. [T4-2011]

3.53. Elaborar um plano estratégico para o setor da saúde no contexto da Estratégia Fiscal de Médio Prazo e consistente com a mesma. [T4-2011]

Formação de preço e comparticipação de medicamentos

3.54. O Governo aprovou legislação que limita o preço máximo de venda ao público do primeiro medicamento genérico a introduzir no mercado a 50% do preço do produto de marca com a mesma substância ativa, cuja promulgação deverá ter lugar até ao T4-2011. Promover a promulgação de legislação que vise a redução automática do preço dos medicamentos após a expiração da respetiva patente. T4-2011

3.55. Transferir a responsabilidade pela formação dos preços dos medicamentos para o Ministério da Saúde (por exemplo, para o Infarmed). [Q4-2011]

3.56. O Governo aprovou legislação de revisão do atual sistema de referenciação de preços, baseado nos preços internacionais, adotando como países de referência os três países da UE com os níveis de preços mais baixos ou países com níveis comparáveis em termos de PIB per capita; a referida legislação deverá ser promulgada até ao T4-2011. Os países de referência serão revistos anualmente. [Em curso]

Prescrição e monitorização da prescrição

3.57. Continuar a melhorar o sistema de monitorização da prescrição de medicamentos e meios de diagnóstico e pôr em prática uma avaliação sistemática da prescrição de cada médico em termos de volume e valor, em comparação com normas de orientações de prescrição e de outros profissionais da área de especialização (peers). A avaliação será efetuada através de uma unidade específica do Ministério da Saúde, como o Centro de Conferência de Faturas. Continuará a ser prestada periodicamente informação a cada médico sobre o processo (por exemplo, trimestralmente), em particular sobre a prescrição dos medicamentos mais caros e mais usados, a partir do T4-2011.

3.58. Conceber e aplicar um sistema de sanções e penalizações como complemento do quadro de avaliação. [T1-2012]

3.59. O Governo apresentou legislação que torna obrigatória para os médicos, a todos os níveis do sistema, tanto público como privado, a prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) visando aumentar a utilização de genéricos e de medicamentos de marca que sejam menos dispendiosos. A referida legislação deverá ser promulgada até ao T4-2011.

3.60. Estabelecer regras claras de prescrição de medicamentos e de meios complementares de diagnóstico (normas de orientação de prescrição para os médicos), com base nas orientações internacionais de prescrição. [T4-2011]

3.61. Promover a promulgação de legislação visando eliminar todas as barreiras à entrada de genéricos, especialmente através da redução de barreiras administrativas/legais, com vista a acelerar a utilização e a comparticipação de genéricos. [T4‐2011]

Farmácias e grossistas de produtos farmacêuticos

3.62. Aplicar efetivamente a legislação existente que regula a atividade das farmácias [T4-2011]

3.63. O Governo aprovou legislação que altera o cálculo das margens de lucro para instituir uma margem comercial regressiva e um valor fixo para as empresas grossistas e farmácias, com base na experiência de outros Estados Membros. O novo sistema deverá garantir uma redução da despesa pública com medicamentos e incentivar a venda de medicamentos que sejam menos dispendiosos. A redução das margens de lucro deverá

contribuir para reduzir a despesa pública com a distribuição de medicamentos em, pelo menos, 50 milhões de euros em 2012. A referida legislação deverá ser promulgada até ao T4-2011. Até ao T3-2012, deverão ser tomadas novas medidas que permitam obter poupanças adicionais na despesa pública com a distribuição de medicamentos.

3.64. Se o novo sistema de cálculo de margens de lucro não permitir obter as poupanças previstas nos lucros de distribuição, será criada uma contribuição adicional sob a forma de um desconto médio (reembolso) que será calculado sobre a margem de lucro. O desconto reduzirá a nova margem de lucro sobre o preço do fabricante em, pelo menos, 2 pontos percentuais, no caso das farmácias, e 4 pontos percentuais, no caso dos grossistas. O desconto será cobrado mensalmente pelo Estado através do Centro de Conferência de Faturas, salvaguardando o lucro das farmácias mais pequenas, situadas em zonas remotas, com menor volume de negócios. [T3-2013]

Centralização das compras e aprovisionamento

3.65. O Governo aprovou legislação relativa ao enquadramento administrativo de um sistema centralizado de aprovisionamento para a aquisição de bens médicos no âmbito do SNS (equipamentos, aparelhos, fármacos e serviços), através dos recém-criados Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), de forma a reduzir custos através de acordos de preços/volume e combater desperdícios. A referida legislação deverá ser promulgada até ao T4-2011.

3.66. Finalizar o sistema de codificação uniforme e um registo comum para os fornecimentos de material médico desenvolvido pelo INFARMED e SPMS com base na experiência internacional. Atualizar o registo periodicamente. [T4-2011]

3.67. Adotar medidas para aumentar a concorrência entre os prestadores privados e reduzir em, pelo menos, 10% a despesa global (incluindo taxas) do SNS com entidades privadas que prestem serviços de meios complementares de diagnóstico e terapêutica ao SNS até ao final de 2011, e em 10% adicionais até ao final de 2012, independentemente das poupanças geradas em 2011. [T4-2011]

3.68. Implementar a aquisição centralizada de bens médicos através dos recém-criados Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), utilizando o sistema de codificação uniforme para produtos médicos e farmacêuticos. [T1-2012]

3.69. Prever uma revisão periódica (pelo menos a cada dois anos) dos preços pagos aos prestadores privados com vista a reduzir o custo dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica mais desenvolvidos. [T1-2012]

3.70. Avaliar o cumprimento das regras de concorrência europeias na prestação de serviços no setor privado de cuidados de saúde e garantir uma maior concorrência entre prestadores privados. [T1-2012]

Cuidados de Saúde Primários

3.71. No âmbito da reorganização dos serviços de prestação de cuidados de saúde, designadamente no que respeita à concentração e especialização de serviços hospitalares e ao desenvolvimento de serviços de cuidados de saúde primários mais eficientes em termos de custos, o Governo está a reforçar as medidas visando não só continuar a reduzir o recurso desnecessário a consultas de especialidade e às urgências, mas também melhorar a coordenação dos cuidados [T1-2012], através:

i. do aumento do número das Unidades de Saúde Familiares (USF) contratualizadas com as Administrações Regionais de Saúde (ARS),

continuando a recorrer a um sistema de remuneração misto que inclui o salário, acrescido de remunerações em função do desempenho. Assegurar que o novo sistema conduz a uma redução de custos e a uma prestação de cuidados mais eficaz;

ii. da criação de um mecanismo para garantir a presença de médicos de família em áreas carenciadas, de modo a possibilitar uma distribuição mais uniforme destes médicos pelo país.

iii. da transferência dos recursos humanos dos hospitais para os serviços de cuidados de saúde primários e reavaliação do papel dos enfermeiros e de outras especialidades na prestação de cuidados de saúde;

iv. do aumento do número máximo de doentes por médico de cuidados primários/de família nos centros de saúde e nas USF em, pelo menos, 20% e 10% respetivamente

Serviços Hospitalares

3.72. Para evitar a acumulação de novos pagamentos em atraso, o Orçamento do Estado para 2012 prevê dotações adequadas para o setor da saúde. O plano de liquidação irá dar prioridade aos pagamentos em atraso dos hospitais, melhorar a liquidez dos fornecedores, devendo contribuir para garantir descontos aos hospitais aquando da renegociação dos contratos de fornecimento. No âmbito da estratégia global para os pagamentos em atraso, será implementada uma outra estratégia com um calendário vinculativo para liquidar todos os pagamentos em atraso no setor da saúde. Esta estratégia prevê a introdução de rigorosos procedimentos de controlo normalizados em todas as entidades do setor da saúde para que não voltem a verificar-se pagamentos em atraso. Será ainda implementado um mecanismo para assegurar uma articulação estreita entre o Ministério da Saúde e o Ministério das Finanças no sentido de serem aplicados os mesmos critérios de acompanhamento e controlo a todos os tipos de hospitais. [T4-2011]

3.73. Será rapidamente alterado o atual quadro contabilístico dos hospitais do SEE que adotarão as normas contabilísticas aplicáveis às empresas privadas e outras empresas do SEE, o que contribuirá para melhorar a respetiva gestão, bem como a qualidade da supervisão financeira do Governo. [T4-2012]

3.74. Implementar as medidas destinadas a alcançar uma redução de, pelo menos, 200 milhões de euros nos custos operacionais dos hospitais, em 2012 (100 milhões de euros em 2012, que acrescem a poupanças superiores a 100 milhões de euros já em 2011). Esta redução será alcançada por via da diminuição de cargos dirigentes, da concentração e racionalização dos hospitais públicos e centros de saúde com vista a reduzir a sua capacidade. [T1-2012]

3.75. Prosseguir com a publicação das normas de orientação clínica e criar um sistema de auditoria da sua implementação. [T4-2011]

3.76. Melhorar os critérios de seleção e adotar medidas para assegurar uma seleção mais transparente dos presidentes e dos membros das administrações hospitalares. Estes deverão ser, por lei, pessoas de reconhecido mérito nas áreas da saúde, da gestão ou da administração hospitalar. [T4-2011]

3.77. Criar um sistema que permita a comparação do desempenho hospitalar (benchmarking) com base num conjunto abrangente de indicadores e elaborar relatórios

anuais, devendo o primeiro ser publicado no final de 2012. Os referidos indicadores deverão incluir indicadores financeiros. [T1-2012]

3.78. Assegurar a plena interoperabilidade dos sistemas informáticos dos hospitais, de forma a que a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) possa recolher informação em tempo real sobre as atividades hospitalares e elaborar relatórios mensais a apresentar ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Finanças. [T1-2012]

3.79. Prosseguir com a reorganização e racionalização da rede hospitalar através da especialização, concentração e redimensionamento (downsizing) de serviços hospitalares e de urgência, bem como da gestão conjunta dos hospitais (em conformidade com o Decreto-Lei n.º 30/2011) e do funcionamento conjunto dos hospitais. Estas melhorias deverão permitir reduções adicionais dos custos operacionais de, pelo menos, 5% em 2013. Um plano de ação detalhado será publicado até 30 de novembro de 2012, devendo a respetiva implementação ficar concluída no primeiro trimestre de 2013. De 2011 a 2013, a redução global dos custos operacionais dos hospitais deverá ser de, pelo menos, 15% face a 2010. [T1-2012]

3.80. Transferir alguns serviços hospitalares em ambulatório para as Unidades de Saúde Familiares (USF). [T1-2012]

3.81. Atualizar anualmente o inventário de todos os profissionais de saúde por especialidade, idade, região (incluindo as regiões autónomas), centro de saúde e hospital, no setor público e privado, de modo a identificar os profissionais legalmente habilitados que estão no ativo, bem como as atuais e futuras necessidades em termos de recursos humanos. [T1-2012]

3.82. Elaborar relatórios anuais apresentando planos de afetação de recursos humanos para o período que decorre até 2014. Os relatórios deverão incluir planos para a reafetação de recursos qualificados e de apoio no SNS. [T2- 2012]

3.83. Adotar regras para aumentar a mobilidade dos profissionais de saúde (incluindo médicos) dentro e entre as várias Administrações Regionais de Saúde. Adotar para todo o pessoal (incluindo médicos) horários de trabalho flexíveis, de modo a reduzir em, pelo menos, 20% as despesas com horas extraordinárias em 2012 e 20% adicionais em 2013. Implementar um controlo mais rigoroso das horas de trabalho e das atividades dos profissionais nos hospitais e reduzir significativamente os custos com os serviços de atendimento permanente através da racionalização dos serviços e eliminação de duplicações. [T1-2012]

3.84. Rever o sistema de remuneração do regime de prevenção e o “pagamento por chamada" tendo em vista promover a eficiência e reduzir os custos do sistema de saúde. [T2-2012]

Autoridades Regionais de Saúde

3.85. Melhorar os sistemas de monitorização, de controlo interno e de gestão dos riscos orçamentais das Administrações Regionais de Saúde. [T4-2012]

Serviços Transversais 3.86. Concluir o sistema de registo de saúde eletrónico. [T2-2012]

3.87. Reduzir os custos com o transporte de doentes em 1/3 relativamente a 2010. [T4-2012]

4. Mercado de trabalho e educação

Mercado de trabalho

Objetivos:

Rever o sistema de prestações de desemprego com o objetivo de reduzir o risco de desemprego de longa duração e, simultaneamente, fortalecer as redes de apoio social; reformar a legislação de proteção do emprego para combater a segmentação do mercado de trabalho, promover a criação de emprego e facilitar mobilidade dos trabalhadores entre profissões, empresas e setores; promover a flexibilidade dos regimes de tempo de trabalho para conter flutuações cíclicas do emprego, promover a variedade e a flexibilidade nos padrões de trabalho nos diferentes setores e empresas e aumentar a competitividade das empresas; promover uma evolução dos custos do trabalho consistente com a criação de emprego e a melhoria da competitividade; garantir boas práticas e recursos adequados para as Políticas Ativas do Mercado de Trabalho com vista a melhorar a empregabilidade dos jovens e das categorias desfavorecidas e minorar os desajustamentos no mercado de trabalho.

Combater o abandono escolar precoce e melhorar a qualidade do ensino secundário e do ensino e formação profissional, com vista a aumentar a qualidade do capital humano e garantir uma melhor adaptação às necessidades do mercado de trabalho.

Após consulta dos parceiros sociais, serão implementadas reformas na legislação do trabalho e da segurança social, tendo em consideração as possíveis implicações constitucionais e respeitando as Diretivas Europeias e as normas fundamentais do trabalho.

Prestações de Desemprego

4.1. O Governo elaborará, até ao T4-2011, um plano de ação para reformar o sistema de prestações de desemprego, com vista reduzir o risco de desemprego de longa duração e fortalecer as redes de apoio social, de acordo com as seguintes orientações:

i. reduzir a duração máxima do subsídio de desemprego para 18 meses e, simultaneamente, atribuir um maior peso à duração da carreira contributiva do que à idade do trabalhador no cálculo do subsídio. A reforma não irá abranger os atuais desempregados nem reduzir os direitos adquiridos dos trabalhadores;

ii. limitar os subsídios de desemprego a 2,5 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS) e introduzir um perfil decrescente de prestações ao longo do período de desemprego após seis meses de desemprego (uma redução de, pelo menos, 10% do montante de prestações). A reforma irá abranger os trabalhadores que ficarem desempregados após a respetiva entrada em vigor;

iii. reduzir o período contributivo necessário para aceder ao subsídio de desemprego de 15 para 12 meses;

iv. apresentar uma proposta para alargar as condições de acesso ao subsídio de desemprego a categorias claramente definidas de trabalhadores independentes que prestam serviços regularmente a uma única empresa. Esta proposta terá em consideração os riscos de possíveis abusos e incluirá uma avaliação do impacto orçamental do alargamento das

prestações em vários cenários no que se refere às condições de atribuição (nomeadamente, o caráter involuntário do desemprego) e os requisitos para o aumento das contribuições para a segurança social por parte das empresas que utilizem estes procedimentos.

4.2. Este plano conduzirá a uma proposta de legislação a ser adotada pelo Governo até ao T1-2012.

Legislação de proteção do emprego

4.3. O Governo efetuará reformas no sistema de proteção do emprego com vista a combater a segmentação do mercado de trabalho, promover a criação de emprego e facilitar os ajustamentos no mercado de trabalho [em curso].

4.4. Compensação por cessação de contrato de trabalho [em curso]: Após a entrada em vigor da Lei n.º 53/2011 relativa ao novo regime de compensação por cessação de contrato de trabalho aplicável aos novos contratos, em conformidade com o Memorando de Entendimento, (que reduz as compensações para 20 dias por cada ano de antiguidade, para os contratos sem termo e a termo, introduz um limite máximo de 12 meses para as compensações e elimina o limiar mínimo de 3 meses de compensação, que não depende da antiguidade para os contratos sem termo, tornando ainda obrigatório o financiamento parcial das compensações por um fundo criado para esse efeito), o Governo irá aplicar o novo regime aos contratos existentes, promover mais reduções nas compensações e implementar o fundo destinado ao financiamento parcial das compensações. Até à entrada em vigor deste fundo, os empregadores continuam a ser responsáveis pelo pagamento total das compensações.

i. o Governo irá aplicar o novo regime de compensação por cessação de contrato de trabalho aos contratos existentes (tendo em consideração a articulação revista entre o direito à compensação, antiguidade e limite máximo para as compensações) sem pôr em causa os direitos adquiridos. Já foi apresentado um projeto de plano na sequência do qual será apresentada uma nova proposta de lei à Assembleia da República até ao T1-2012.

ii. Até ao T1-2012, o Governo elaborará uma proposta com o objetivo de:

o alinhar o nível de compensações por cessação de contrato de trabalho com o nível médio da UE que é de 8 a 12 dias;

o implementar o fundo de compensação, de forma a permitir que a compensação por cessação de contrato de trabalho a que o trabalhador tem direito, financiada pelo fundo, seja transferível entre empregadores, através da criação de contas individuais.

Com base nesta proposta, será apresentada à Assembleia da República uma proposta de lei até ao T3-2012.

4.5 Definição de despedimentos. O Governo apresentou uma proposta de reforma com o objetivo de introduzir ajustamentos aos casos de despedimentos individuais com justa causa previstos no Código do Trabalho, tendo em vista combater a segmentação do mercado de trabalho e aumentar os contratos sem termo. Esta proposta dará origem a uma proposta de lei que será apresentada à Assembleia da República até ao T1-2012, prevendo as seguintes alterações:

i. os despedimentos individuais por inadaptação do trabalhador deverão ser

possíveis mesmo sem a introdução de novas tecnologias ou outras alterações no posto de trabalho (art.os 373‐380, 385 do Código do Trabalho). Entre outras, pode ser acrescentada uma nova causa justificativa nos casos em que o trabalhador tenha acordado com o empregador atingir determinados objetivos e não os cumpra, por razões que sejam da exclusiva responsabilidade do trabalhador;

ii. os despedimentos individuais associados à extinção do posto de trabalho não devem necessariamente seguir uma ordem preestabelecida de antiguidade, se mais do que um trabalhador estiver destinado a funções idênticas (art.º 368 do Código do Trabalho). A ordem predefinida de antiguidade não é necessária desde que o empregador estabeleça um critério alternativo relevante e não discriminatório (semelhante ao já existente no caso dos despedimentos coletivos);

iii. os despedimentos individuais, pelas razões acima indicadas, não devem estar sujeitos à obrigação da tentativa de transferência do trabalhador para outra função mais apropriada (art.os 368, 375 do Código do Trabalho).

Regimes de tempo de trabalho 4.6. O Governo procederá a reformas com vista à flexibilização dos regimes de tempo de trabalho para conter as flutuações cíclicas do emprego, promover a variedade e a flexibilidade nos padrões de trabalho nos diferentes setores e empresas e aumentar a competitividade das empresas.

i. Foi solicitado ao Governo que efetuasse, até ao T4-2011, uma avaliação da utilização pelos parceiros sociais das modalidades de flexibilização resultantes da revisão do Código do Trabalho de 2009 e elaborasse um plano para promover a organização flexível do tempo de trabalho, incluindo modalidades que permitam a criação de “bancos de horas”, por mútuo acordo entre empregadores e trabalhadores negociado ao nível da empresa. O plano para promover a organização flexível do tempo de trabalho já foi apresentado.

ii. O Governo apresentará à Assembleia da República uma proposta de lei, até ao T1-2012, sobre os seguintes aspetos:

o implementação dos compromissos previstos no Acordo Tripartido de março, relativamente aos regimes de tempo de trabalho e redução temporária do período normal de trabalho ou suspensão do contrato de trabalho em situação de crise empresarial, reduzindo o cumprimento de requisitos por parte dos empregadores para a introdução e renovação destas medidas;

o implementação do regime laboral do “banco de horas”;

o revisão da retribuição especial mínima pela prestação de trabalho suplementar, prevista no Código do Trabalho: (i) redução para o máximo de 50% (dos atuais 50% pela primeira hora de trabalho suplementar, 75% por hora subsequente e 100% para o trabalho suplementar em dia de descanso semanal ou em feriado); (ii) eliminação do descanso compensatório correspondente a 25% das horas de trabalho suplementar prestado. Estas disposições podem ser

alteradas, para mais ou para menos, por convenção coletiva.

Fixação de salários e competitividade

4.7. O Governo promoverá uma evolução salarial consistente com os objetivos da promoção da criação de emprego e da melhoria da competitividade das empresas, com vista a corrigir os desequilíbrios macroeconómicos. Com este objetivo, o Governo:

i. compromete-se, durante a vigência do programa, a não aumentar o salário mínimo salvo se tal se justifique pela evolução da situação económica e do mercado de trabalho, e seja acordado no âmbito da avaliação do programa [em curso];

ii. assegurará a moderação salarial através da possibilidade, já prevista na lei, de não estender os contratos coletivos até serem definidos critérios claros em conformidade com o disposto no ponto 4.7.iii.;

iii. definirá critérios claros a serem seguidos para a extensão das convenções coletivas, que se compromete a cumprir. Entre outros critérios, são de salientar a representatividade das organizações outorgantes e as implicações da extensão das convenções para a competitividade das empresas não filiadas. A representatividade das organizações outorgantes será avaliada com base em indicadores quantitativos. Para o efeito, o Governo tomará as providências necessárias para recolher dados sobre a representatividade dos parceiros sociais. Até ao T2-2012, será apresentada uma proposta de lei para a definição dos critérios de extensão e respetivas formas de aplicação, que deverá entrar em vigor até ao T1-2013. Esta lei definirá, em particular, os critérios para a exclusão da extensão das convenções quando os acordos salariais não sejam representativos;

iv. elaborar, até ao T2-2012, um estudo independente sobre: o o modo como a concertação salarial tripartida pode ser estimulada

com vista à definição de regras para a evolução salarial global que tenham em consideração a evolução da competitividade da economia, incluindo um sistema de acompanhamento da aplicação dessas regras;

o a conveniência de reduzir a sobrevigência das convenções coletivas caducadas e que não tenham sido renovadas (art.º 501 do Código do Trabalho).

4.8. O Governo proporá ajustamentos salariais de acordo com a produtividade ao nível das empresas. Para o efeito, o Governo:

i. cumprirá os compromissos assumidos no Acordo Tripartido de março de 2011 respeitantes à “descentralização organizada”, nomeadamente relativos à: (i) possibilidade das comissões de trabalhadores negociarem as condições de mobilidade funcional e geográfica e organização do tempo de trabalho; (ii) criação de um Centro de Relações Laborais que preste apoio ao diálogo social com melhor informação e assistência técnica às partes envolvidas nas negociações; (iii) diminuição do limite da dimensão da empresa acima do qual as comissões de trabalhadores podem celebrar acordos a nível de empresa para 250 trabalhadores. Conforme previsto, foi apresentada, até ao T4-2011, uma primeira

proposta para a aplicação destas medidas;

ii. promoverá a inclusão nas convenções coletivas setoriais de disposições que permitam às comissões de trabalhadores celebrar acordos a nível da empresa sem a delegação sindical. Conforme previsto no Memorando de Entendimento, foi apresentada, até ao T4-2011, uma primeira proposta para um plano de ação; 

iii. reduzirá o limite da dimensão da empresa para as comissões de trabalhadores celebrarem acordos, abaixo dos 250 trabalhadores, com vista à sua adoção até ao T2-2012.

A proposta de lei será apresentada à Assembleia da República até ao T1-2012.

Políticas Ativas do Mercado de Trabalho

4.9. O Governo compromete-se a garantir a adoção de boas práticas e os recursos adequados à implementação de políticas de ativação destinadas a apoiar os esforços de procura de emprego por parte dos desempregados, bem como outras Políticas Ativas do Mercado de Trabalho (PAMT), com vista a melhorar a empregabilidade dos jovens e das categorias desfavorecidas e minorar os desajustamentos no mercado de trabalho. O Governo apresentará até ao T4-2011:

i. um relatório sobre a eficácia das atuais políticas de ativação e de outras PAMT no combate ao desemprego de longa duração, na melhoria da empregabilidade dos jovens e das categorias desfavorecidas e na diminuição dos desajustamentos no mercado de trabalho. Um relatório descritivo será apresentado até ao T4-2011, na sequência do qual será entregue um relatório de avaliação com modelização econométrica até ao T2-2012;

ii. um plano de ação identificando as eventuais melhorias e ações adicionais necessárias relativamente às políticas de ativação e outras PAMT, incluindo o papel dos Serviços Públicos de Emprego.

Educação e formação

4.10 O Governo prosseguirá a sua ação no sentido de combater a baixa escolaridade e o abandono escolar precoce e de melhorar a qualidade do ensino secundário e do ensino e formação profissional com vista a aumentar a eficiência no setor da educação, melhorar a qualidade do capital humano e facilitar a adaptação ao mercado de trabalho. Para o efeito, o Governo irá:

i. criar um sistema de análise, monitorização, avaliação e apresentação de resultados de forma a avaliar com rigor os resultados e os impactos das políticas de educação e de formação, nomeadamente dos planos já implementados (por exemplo, relativos a medidas de redução de custos, ensino e formação profissional e políticas para melhorar os resultados escolares e reduzir o abandono escolar precoce); [T4‐2011]

ii. apresentar um plano para melhorar a qualidade dos serviços do ensino secundário, nomeadamente através: (i) da generalização dos acordos de confiança entre o Estado e as escolas públicas, estabelecendo uma autonomia alargada e um quadro de financiamento simples baseado

numa fórmula que inclua critérios de evolução do desempenho e de responsabilização; (ii) de um quadro de financiamento simples orientado para os resultados, para as escolas profissionais e privadas com contratos de associação, baseado em financiamento fixo por turma e incentivos associados aos critérios de desempenho; (iv) do reforço do papel de supervisão da Inspeção‐Geral; [T1‐2012]

iii. apresentar um plano de ação com vista a (i) garantir a qualidade, atratividade e relevância em termos do mercado de trabalho do ensino e formação profissional, através de parcerias com as empresas e outros agentes; (ii) melhorar os mecanismos de orientação e aconselhamento profissional para os potenciais estudantes do ensino e formação profissional. [T1‐2012]

5. Mercados de bens e serviços

Objetivos Reduzir as barreiras à entrada em setores de rede e setores protegidos da economia, como os serviços e profissões regulamentadas, de modo a aumentar a concorrência e diminuir as rendas excessivas. Ao contribuírem para baixar os preços dos fatores de produção, estas medidas, deverão permitir melhorar a competitividade da economia portuguesa, bem como aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos e serviços, fatores decisivos que, ao reduzirem a proteção e as rendas injustificadas dos setores, contribuirão para o equilíbrio social do programa e para a repartição do esforço de ajustamento por todos os segmentos da sociedade.

Energia

Objetivos Concluir a liberalização dos mercados da eletricidade e do gás; garantir a sustentabilidade do sistema elétrico nacional e evitar mais agravamentos do défice das tarifas; assegurar que a redução da dependência energética e a promoção das energias renováveis seja feita de modo a limitar os sobrecustos associados à produção de eletricidade nos regimes ordinário e especial (cogeração e energias renováveis); garantir a consistência da política energética global, revendo os instrumentos existentes. Prosseguir com a promoção da concorrência nos mercados da energia e reforçar a integração no mercado ibérico da eletricidade e do gás (MIBEL e MIBGAS).

Liberalização dos mercados de eletricidade e gás 5.1. As tarifas reguladas de eletricidade serão progressivamente eliminadas até 1 de janeiro de 2013. Na sequência da aprovação, pela Resolução do Conselho de Ministros de 28 de julho de 2011, de um plano definindo os princípios orientadores para a liberalização dos mercados da eletricidade, será produzida legislação visando a sua implementação, até ao T4-2011, legislação essa que irá:

i. estabelecer os prazos e os critérios para liberalizar os restantes segmentos regulados, como por exemplo as condições pré-determinadas respeitantes ao grau de concorrência efetiva no mercado em questão; e reduzir a duração máxima do período de transição para o segmento de 10,35 kVA a 41,4 kVA de 3 anos, conforme estabelecido na resolução

do Conselho de Ministros, para 30 meses;

ii. garantir que, durante o período de eliminação gradual, as tarifas transitórias sejam superiores aos preços de mercado – e simultaneamente evitar quaisquer comportamentos anticoncorrenciais dos agentes – e que esse diferencial de preço aumente ao longo do tempo, se necessário, de forma a incentivar a transição gradual dos consumidores para o mercado liberalizado;

5.2. Transpor o Terceiro Pacote de Energia da União Europeia até ao T1-2012, o que garantirá a independência da Autoridade Reguladora Nacional e todos os poderes previstos no pacote.

5.3. Tomar medidas para agilizar a criação de um mercado ibérico operacional para o gás natural (MIBGAS), através da convergência regulamentar e da harmonização tarifária em Portugal e Espanha. Em conformidade com o plano de 30 de setembro de 2011, estabelecido com as autoridades espanholas, as entidades reguladoras de cada país irão apresentar propostas para a harmonização das tarifas de acesso às redes de interligação [T4‐2011], com vista a eliminar eventuais efeitos de pancaking nas transferências de gás entre os dois países, e implementar um mecanismo harmonizado de gestão de congestionamentos na interligação entre Portugal e Espanha. [T1‐2013]

5.4. As tarifas reguladas de gás serão progressivamente eliminadas até 1 de janeiro de 2013. O Governo implementará através de legislação o plano proposto na Resolução do Conselho de Ministros de 28 de julho de 2011 até ao T4-2011.

5.5. Avaliar num relatório as razões da falta de entrada no mercado do gás, apesar da existência de capacidade não utilizada, e as razões para a falta de diversificação das fontes de gás. O relatório deverá igualmente propor as medidas possíveis para resolver os problemas identificados. [T4-2011]

Sobrecustos associados à produção de eletricidade em regime ordinário

5.6. Adotar medidas que limitem os sobrecustos associados à produção de eletricidade em regime ordinário, nomeadamente através da renegociação ou da revisão em baixa dos custos de manutenção do equilíbrio contratual (CMEC) paga a produtores do regime ordinário e os restantes contratos de aquisição de energia a longo prazo (CAE). [T4-2011]

Esquemas de apoio à produção de energia em regime especial (cogeração e renováveis)

5.7. Avaliar a eficiência dos esquemas de apoio à cogeração e propor opções para ajustar em baixa a tarifa bonificada de venda da cogeração (reduzir o subsídio implícito). [Janeiro-2012]

5.8. Avaliar num relatório a eficiência dos esquemas de apoio às renováveis, incluindo a sua lógica, os seus níveis e outros elementos de conceção importantes. [Janeiro-2012]

5.9. Em relação aos atuais contratos em renováveis, avaliar, num relatório, a possibilidade de acordar uma renegociação dos contratos, com vista a uma tarifa bonificada de venda mais baixa. [T4‐2011]

5.10. Em relação a novos contratos em renováveis, rever em baixa as tarifas e assegurar que as mesmas não compensam em excesso os produtores pelos seus custos e que continuam a proporcionar um incentivo para reduzir os custos através da adoção de

tarifas que se reduzem gradualmente ao longo do tempo. Para tecnologias mais maduras, desenvolver mecanismos alternativos (tais como prémios de mercado). Os relatórios sobre as medidas adotadas serão fornecidos anualmente no T3-2012 e T3-2013.

5.11. As decisões sobre investimentos futuros em renováveis, designadamente em tecnologias menos maduras, serão baseadas numa análise rigorosa em termos dos seus custos e consequências para os preços da energia. Na análise serão utilizados os índices de referência internacionais e será realizada uma avaliação independente. Os relatórios sobre as medidas adotadas serão fornecidos anualmente no T3-2012 e T3-2013.

5.12. Reduzir os atrasos e a incerteza em torno dos procedimentos de planeamento, de autorização e certificação e aumentar a transparência dos requisitos administrativos e dos encargos para os produtores de energias renováveis (em conformidade com os artigos 13.º e 14.º da Diretiva Europeia 2009/28/EC). Fornecer provas das medidas tomadas neste sentido. [T4-2011]

Instrumentos de política energética e tributação

5.13. Alterar os instrumentos de política energética e de tributação, a fim de garantir que proporcionam incentivos para uma utilização racional, poupanças de energia e reduções de emissões. Em particular: 

i. eliminar os incentivos fiscais ao investimento em equipamentos de energias renováveis, à eficiência energética dos edifícios e aos veículos elétricos, que sejam acumuláveis com outros mecanismos de financiamento ou instrumentos de política energética e tributação, como o aumento das deduções fiscais em sede de IRS e a tributação à taxa intermédia do IVA das aquisições de equipamentos de energia solar e de outras energias renováveis; [T4-2011]

ii. após a realização de uma análise de custo-benefício, eliminar a isenção do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) aplicável a determinados combustíveis industriais utilizados na cogeração, que seja acumulável com a tarifa bonificada de venda e com outros instrumentos de política energética e de tributação, como a taxa de amortização acelerada em sede de IRC; [T2-2012]

iii. realizar uma análise de custo-benefício para avaliar a eficácia do Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia e a isenção do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) aplicável aos combustíveis industriais que lhe está associada; [T2-2012]

iv. avaliar, com base numa análise de custo-benefício, a eficácia das outras isenções e taxas reduzidas do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) previstas no Código dos Impostos Especiais de Consumo. [T2-2012]

v. tomar medidas [até ao T2-2012] para eliminar gradualmente o mecanismo de garantia de potência e reduzir os custos de medidas que lhe estão associados. Os incentivos ao investimento destinados às centrais elétricas devem ser revistos em baixa e eliminados gradualmente em face da atual situação de baixo consumo energético e de capacidade de produção excedentária, bem como da sua acumulação com o mecanismo de interruptibilidade, tendo simultaneamente em conta a

evolução do mercado ibérico de eletricidade e as questões da segurança energética;

i. tomar medidas para eliminar eventuais situações de acumulação de incentivos e promover sinergias entre o Plano de Promoção da Eficiência no Consumo (PPEC) e o Fundo de Eficiência Energética (FEE). [T2-2012]

5.14. Aumentar o imposto sobre o consumo da eletricidade (atualmente abaixo do mínimo exigido pela legislação comunitária). [T4‐2011]

Garantir a sustentabilidade do sistema elétrico nacional

5.15. Serão adotadas medidas para colocar o sistema elétrico nacional numa rota sustentável que conduza à eliminação do défice tarifário até 2020 e para garantir que o mesmo atinja a estabilidade até 2013. O último prazo poderá ser alterado de acordo com uma proposta do Governo que também definirá como serão corrigidas as rendas excessivas no regime ordinário (CMEC, CAE e mecanismo de garantia de potência) e no regime especial (cogeração e renováveis). Nesta proposta serão avaliadas as vantagens de um conjunto completo de medidas que irão abranger todas as fontes de rendas. [Janeiro-2012] 15

Telecomunicações e serviços postais

Objetivos Aumentar a concorrência no mercado através da redução de barreiras à entrada; garantir o acesso à rede/infraestruturas; reforçar os poderes da Autoridade Reguladora Nacional. Telecomunicações: 5.16. Garantir um mecanismo de designação do(s) prestador(es) do serviço universal eficaz, objetivo, transparente e não discriminatório, em conformidade com o Acórdão do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, de 7 de outubro de 2010. Renegociar o contrato de concessão com a empresa que atualmente fornece o serviço universal, reduzindo o âmbito dos serviços abrangidos, de modo a excluir o serviço universal e lançar um novo processo de concurso para a designação do(s) prestador(es) do serviço universal. [T4-2011]

5.17. Adotar medidas para aumentar a concorrência no mercado das comunicações fixas, revendo as barreiras à entrada e adotando medidas para as reduzir. [T1‐2012]

Serviços postais

5.18 Prosseguir com a liberalização do setor postal procedendo i) à transposição da Terceira Diretiva Postal, garantindo que as competências e a independência da Autoridade Reguladora Nacional são adequadas às suas responsabilidades acrescidas no acompanhamento dos preços e custos. [T4-2011]; ii) à revisão da lei que define o quadro legal do contrato de concessão e à renegociação da revisão do referido contrato com os CTT para que fique em conformidade com a nova lei que transpõe a Diretiva Postal; garantir, nomeadamente, que o atual período de designação para a prestação do 15 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras..

serviço universal é reduzido para 2020 e que as necessidades de investimento e respetivo retorno são tidos em consideração aquando do estabelecimento dos novos períodos de designação. [T1-2012]

Transportes

Objetivos Adotar um plano estratégico para: racionalizar as redes e melhorar as condições de mobilidade e logística em Portugal; melhorar a eficiência energética e reduzir o impacto ambiental; reduzir os custos de transporte e garantir a sustentabilidade financeira das empresas; promover a concorrência no setor ferroviário e atrair mais tráfego; integrar os portos no sistema logístico e de transportes global e torná-los mais competitivos. O Governo adotará as seguintes medidas em relação ao setor dos transportes:

Plano Estratégico dos Transportes:

5.19. Implementar o Plano Estratégico dos Transportes para 2011-2015 [T4-2012], nomeadamente:

i. proceder a reformas nas empresas do SEE na área dos transportes com o objetivo de atingir um EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) equilibrado, concentrando esforços na redução dos custos operacionais;

ii. diminuir o endividamento previsto da Estradas de Portugal através da redução do âmbito dos contratos de PPP que se encontrem ainda na fase de construção, revisão do regime de portagens das autoestradas SCUT e atualização da CSR (Contribuição do Serviço Rodoviário), de acordo com a taxa de inflação. Analisar medidas adicionais para uma maior redução do endividamento previsto da Estradas de Portugal;

iii. atrair novas companhias aéreas e/ou ligações de tarifas reduzidas (low cost), aproveitando a infraestrutura existente;

iv. concentrar as prioridades de investimento nos projetos que apresentem uma boa relação custo-benefício e contribuam para aumentar a competitividade das exportações portuguesas, designadamente nos setores portuário e de transporte ferroviário de mercadorias;

v. reformar o enquadramento regulamentar aplicável aos transportes e infraestruturas com vista a melhorar a eficácia, eficiência e independência das entidades reguladoras do setor dos transportes.

5.20. Apresentar uma visão de longo prazo do sistema de transportes e uma lista de medidas visando aumentar a respetiva eficiência e sustentabilidade [T3-2012], que irá incluir especificamente:

i. uma análise aprofundada do sistema de transportes, incluindo a avaliação da capacidade existente, previsão da procura e projeção dos fluxos de tráfego;

ii. uma análise aprofundada da posição competitiva dos diferentes modos de

transporte, comparando-os entre si, com o objetivo de reduzir a dependência do transporte rodoviário.

iii. medidas para integrar os serviços de transporte ferroviário, marítimo e aéreo no sistema logístico e de transportes global, nomeadamente melhorando a concorrência nestes modos de transporte;

iv. um conjunto de prioridades de investimento baseadas nos pontos i., ii. e iii., tendo ainda em consideração a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), com uma estimativa das necessidades financeiras e das fontes de financiamento previstas;

i. uma avaliação das poupanças energéticas e da redução das emissões de gases com efeito de estufa do setor dos transportes.

As medidas serão concretas, incluindo os instrumentos específicos para as implementar. As medidas serão selecionadas com base nos critérios de custo-eficácia (comparando poupanças/custos).

Setor ferroviário

5.21. Dar continuidade à transposição dos Pacotes da UE para o setor ferroviário e em

particular:

i. garantir que a entidade reguladora do setor ferroviário goza da independência exigida pelas Diretivas Comunitárias relativas ao setor, nomeadamente no que respeita às regras de nomeação e destituição do diretor da entidade reguladora. Reforçar as capacidades da entidade reguladora de modo a permitir o cabal cumprimento do seu mandato, inclusive através da exploração de sinergias com outras entidades reguladoras dos transportes no âmbito da revisão dos organismos reguladores nacionais. [T3-2012];

ii. continuar a implementar os planos visando restabelecer o equilíbrio operacional do gestor da infraestrutura [até T4-2013], concentrando esforços na redução dos custos operacionais, que, em 2012, deverão ser, pelo menos, 23% inferiores relativamente a 2010 [T4-2012]. Do lado da receita, as taxas de utilização da infraestrutura ferroviária para o transporte de mercadorias não devem ser aumentadas de modo a evitar a perda de competitividade deste transporte. Apresentar anualmente um relatório sobre a implementação do objetivo de restabelecimento do equilíbrio entre receitas e despesas [T2-2012, T2-2013];

iii. implementar os planos de racionalização da rede e dos serviços descritos no Plano Estratégico dos Transportes [T1-2012]. Avaliar o potencial para uma maior racionalização das linhas e serviços de baixa procura e deficitários [T3-2012];

iv. garantir que os novos Contratos de Serviço Público (CSP) celebrados relativamente ao transporte ferroviário de passageiros estão em conformidade com as Diretivas Comunitárias, incluindo o Regulamento (CE) n.º 1370/2007, e em particular apresentar uma relação detalhada das contribuições do Estado para cada linha, ao abrigo das Obrigações de Serviço Público (OSP) [T2-2012]. Desenvolver a capacidade administrativa para a introdução gradual de concursos para as OSP,

começando com alguns serviços suburbanos. Providenciar para que a entidade adjudicante ofereça todas as garantias de independência e competência e assegure condições equitativas de participação nos concursos. [T4-2012];

v. tornar totalmente operacional o sistema de desempenho relativo à tarifação da infraestrutura ferroviária, em particular através da cobrança eficaz dos pagamentos aos operadores [T2-2012];

vi. aplicar a flexibilização tarifária aos preços dos bilhetes de longa distância [T1-2012];

vii. privatizar a atividade de carga do operador ferroviário estatal. Garantir que os terminais ferroviários atualmente pertencentes à CP Carga sejam transferidos para outra entidade que garanta igualdade de acesso a todos os operadores de transporte ferroviário de mercadorias [T2-2012];

Portos

5.22. Definir uma estratégia para integrar os portos no sistema logístico e de transportes global. Estabelecer os objetivos, o âmbito e as prioridades da estratégia, bem como a respetiva ligação ao Plano Estratégico dos Transportes. [T4-2011]

5.23. Apresentar à Assembleia da República a revisão do quadro jurídico que rege o trabalho portuário com vista a torná-lo mais flexível, limitando ainda a definição do que constitui o trabalho portuário, aproximando-a mais das disposições estipuladas no Código do Trabalho. [Janeiro-2012]

5.24. Desenvolver um enquadramento legal para facilitar a implementação da estratégia e melhorar o modelo de governação do sistema portuário. Em particular, definir as medidas necessárias para assegurar a separação da atividade de regulação, a gestão dos portos e as atividades comerciais. [T4-2011]

5.25. Elaborar um relatório estabelecendo os objetivos, os instrumentos e os ganhos de eficiência previstos em relação a iniciativas como a interligação entre a CP Carga e Ex‐Port, a Janela Única Portuária e a Janela Única Logística. [T4-2011]

Tarifação rodoviária 5.26. Adotar as alterações legislativas necessárias tendo em vista o pleno cumprimento da Diretiva 1999/62/CE (Diretiva «Eurovinheta») e o Tratado da União Europeia e, em particular, garantir a aplicação não discriminatória dos sistemas de portagens aos utentes não residentes [T4-2012]. Findo o prazo desta medida, só poderão ser aplicados descontos quando tal se justifique por razões imperiosas de coesão territorial e social e depois de se demonstrar a sua conformidade com a legislação comunitária.

Setor de outros serviços

Objetivos Eliminar as barreiras à entrada, de modo a aumentar a concorrência no setor dos serviços; aligeirar os atuais requisitos de autorização que impedem a capacidade de

adaptação e a mobilidade laboral; reduzir a carga administrativa que impõe custos desnecessários às empresas e dificulta a sua capacidade de reagir às condições de mercado.

Legislação específica do Setor dos Serviços 5.27. Adotar as restantes alterações necessárias à legislação específica do setor, de forma a transpor integralmente a Diretiva dos Serviços, flexibilizando os requisitos relativos ao direito de estabelecimento e reduzindo o número de requisitos a que estão sujeitos os fornecedores na prestação de serviços transfronteiriços. As alterações serão apresentadas à Assembleia da República até ao T4-2011 e adotadas até ao T1-2012.

5.28. No caso de persistirem restrições injustificadas após a notificação à Comissão Europeia das alterações específicas do setor adotadas recentemente nas atividades de construção e imobiliário, as mesmas devem ser revistas e modificadas em conformidade. Isto inclui tornar menos onerosos os requisitos para os prestadores transfronteiriços de atividades no ramo da construção e do imobiliário, e rever os obstáculos ao estabelecimento de prestadores de serviços, como restrições à subcontratação (para a construção) e em matéria de obrigações de liquidez excessivas e estabelecimento físico (para o imobiliário). [T4‐2011]

Qualificações profissionais

5.29. Melhorar o regime de reconhecimento das qualificações profissionais, adotando a restante legislação que complementa a Lei n.º 9/2009, relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais, de acordo com a Diretiva das Qualificações Profissionais. Promover a aprovação da lei relativa às profissões não regulamentadas pela Assembleia da República [T4‐2011] e apresentar à Assembleia da República a legislação correspondente às que sejam regulamentadas por este órgão de soberania, nos casos em que a regulamentação não envolva associações ou organizações profissionais (Ordens ou Câmaras) [T4‐2011], para ser aprovada até ao T1-2012.

Profissões regulamentadas

5.30. Rever e reduzir o número de profissões regulamentadas e, em especial, eliminar as reservas de atividades em profissões regulamentadas que deixaram de se justificar. Promover a aprovação da lei relativa às profissões não regulamentadas pela Assembleia da República [T4‐2011] e apresentar à Assembleia da República a legislação correspondente às que sejam regulamentadas por este órgão de soberania, nos casos em que a regulamentação não envolva associações ou organizações profissionais (Ordens ou Câmaras) [T4‐2011], para ser aprovada até ao T1-2012.

5.31. Adotar medidas destinadas a liberalizar o acesso e o exercício de profissões regulamentadas desempenhadas por profissionais qualificados e estabelecidos na União Europeia. Promover a aprovação da lei relativa às profissões não regulamentadas pela Assembleia da República [T4-2011] e apresentar à Assembleia da República a legislação correspondente às que sejam regulamentadas por este órgão de soberania, nos casos em que a regulamentação não envolva associações ou organizações profissionais (Ordens ou Câmaras) [T4‐2011], para ser aprovada até ao T1-2012.

5.32. Melhorar o funcionamento do setor das profissões regulamentadas (tais como técnicos oficiais de contas, advogados, notários), cuja regulamentação envolva associações ou organizações profissionais (Ordens ou Câmaras), levando a cabo uma análise aprofundada dos requisitos que afetam o exercício da atividade e eliminando os

que não sejam justificados ou adequados, incluindo: i) a adoção das medidas referidas nos parágrafos 5.29, 5.30 e 5.31; ii) a eliminação das restrições ao uso da comunicação comercial (publicidade), em conformidade com a Diretiva dos Serviços; iii) para concretizar as duas condições supra referidas, o Governo vai elaborar um projeto de quadro jurídico transversal até janeiro de 2012, que deverá ser apresentado à Assembleia da República até ao T1-2012 para aprovação e promulgação até ao T2-2012. Após a respetiva promulgação, as associações profissionais introduzirão as alterações necessárias nos seus estatutos até ao T3-2012.

Redução da carga administrativa

5.33. Prosseguir com a reforma de simplificação:

i. continuar a expansão da rede de Balcões Únicos em três línguas, prestando informações gerais sobre todos os aspetos relevantes da Diretiva dos Serviços e da Diretiva das Qualificações Profissionais e, em particular, melhorar o acesso dos prestadores de serviços da União Europeia e do Espaço Económico Europeu ao Balcão Único, diferenciando de forma clara os requisitos aplicáveis aos prestadores estabelecidos em território nacional e noutros estados [janeiro 2012], e disponibilizar no Balcão Único formulários únicos eletrónicos, a utilizar por todos os municípios, de pelo menos dois procedimentos abrangidos pela Diretiva de Serviços da responsabilidade dos municípios [T1-2012];

ii. tornar os Balcões Únicos mais fáceis de utilizar e dotá-los de uma maior capacidade resposta às necessidades das PME, alargando os procedimentos eletrónicos a todos os setores abrangidos pela Diretiva dos Serviços e Diretiva das Qualificações Profissionais, e ainda adaptando os conteúdos e as informações disponíveis nos Balcões Únicos à nova legislação a ser adotada [T1‐2012];

iii. disponibilizar no Balcão Único procedimentos online do registo dos estabelecimentos abrangidos pelo projeto Licenciamento Zero (DL n.º 48/2011, de 1 de abril, art.º 14.º) até fevereiro de 2012; tornar completamente operacional o projeto Licenciamento Zero, que extingue as autorizações/licenciamentos e os substitui por uma declaração ao Balcão Único, aplicável aos setores grossista e retalhista, a restaurantes e bares [T2‐2012]. A plataforma será disponibilizada a todos os níveis da administração, incluindo os municípios [T3‐2012];

iv. alargar o Balcão Único aos serviços não abrangidos pela Diretiva dos Serviços [T2-2013];

v. alargar o projeto Licenciamento Zero a outros setores da economia [T3-2013].

6. Mercado da habitação

Objetivos Melhorar o acesso das famílias à habitação; promover a mobilidade laboral; melhorar a qualidade das habitações e aproveitar melhor as casas de habitação já existentes;

reduzir os incentivos ao endividamento das famílias.

Mercado de arrendamento

6.1. O Governo apresentará uma proposta de lei para alterar a Nova Lei do Arrendamento Urbano, a Lei n.º 6/2006, até ao final de novembro de 2011. Esta proposta de lei irá assegurar obrigações e direitos equilibrados de senhorios e inquilinos, tendo em conta os grupos mais vulneráveis, e rever todos os aspetos referidos nas linhas de orientação da reforma do arrendamento urbano adotadas pelo Conselho de Ministros em setembro de 2011. Esta proposta de lei será apresentada à Assembleia da República para aprovação até ao T4-2011. Em particular, a proposta de lei introduzirá medidas destinadas a: i) ampliar as condições ao abrigo das quais pode ser efetuada a renegociação de contratos de arrendamento habitacional com duração indeterminada, incluindo a limitação da possibilidade de transmissão do contrato a familiares em primeiro grau; ii) criar um enquadramento para aumentar o acesso das famílias à habitação, eliminando gradualmente os mecanismos de controlo de rendas, tendo em conta os grupos mais vulneráveis; iii) reduzir o pré-aviso de rescisão de arrendamento para os senhorios; iv) conceder aos senhorios a possibilidade de pôr termo ao contrato de arrendamento por motivo de obras de renovação significativas (que afetem a estrutura e a estabilidade do edifício), com um pré‐aviso máximo de 6 meses; v) simplificar as regras para o realojamento temporário de inquilinos de um edifício sujeito a obras de reabilitação tendo em consideração as necessidades dos inquilinos e o respeito pelas suas condições de vida; vi) prever um procedimento de despejo extrajudicial por incumprimento de contrato, com o objetivo de reduzir o prazo de despejo para três meses; e v) reforçar a utilização dos processos extrajudiciais existentes para ações de partilha de imóveis herdados.

Procedimentos administrativos em matéria de reabilitação urbana

6.2. A proposta de lei para simplificar os procedimentos administrativos em matéria de reabilitação urbana, apresentada em setembro de 2011, deverá ser aprovada pela Assembleia da República até ao T4-2011. Em particular, as medidas específicas irão: i) simplificar os procedimentos administrativos para obras de reabilitação, requisitos de segurança, licenças de utilização e formalidades para inovações que beneficiem e aumentem a qualidade e o valor do edifício (tais como medidas de poupança de energia). A maioria dos proprietários das frações de um imóvel será definida como representando a maior parte do valor total do edifício; e ii) normalizar as regras que determinam o nível do estado de conservação do imóvel e as condições para a demolição de edifícios em ruínas.

Tributação de bens imóveis

6.3. O Governo adotará as alterações legislativas consideradas necessárias para a revisão do quadro legal de avaliação para efeitos fiscais dos imóveis e terrenos existentes de acordo com o relatório apresentado em 30 de setembro de 2011. Nomeadamente, as medidas irão (i) assegurar que, até finais de 2012, o valor patrimonial tributável de todos os prédios urbanos se aproxima do valor de mercado e (ii) que a avaliação de prédios urbanos é atualizada periodicamente (todos os anos para imóveis destinados a fins comerciais e de três em três anos para imóveis destinados à habitação, nos termos previstos na lei). Estas medidas poderão incluir o envolvimento de funcionários municipais, para além dos funcionários da administração fiscal, na avaliação do valor tributável do imóvel, bem como a utilização de métodos estatísticos

para monitorizar e atualizar as avaliações. [T4‐2011]

6.4. O Governo modificará a tributação de bens imóveis com vista a nivelar os incentivos ao arrendamento com os de aquisição de habitação própria. [T4-2011] Em particular, o Governo irá: i) limitar a dedução em matéria de imposto sobre o rendimento dos encargos com rendas e com juros dos empréstimos à habitação a partir de 1 de janeiro de 2012, com um regime excepcional para famílias de baixos rendimentos. Os encargos com as amortizações de capital relativas a empréstimos à habitação deixarão de ser dedutíveis a partir de 1 de janeiro de 2012; ii) reequilibrar gradualmente os impostos sobre imóveis, dando primazia aos recursos a obter através do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) em detrimento do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), tendo em conta os grupos mais vulneráveis. As isenções temporárias do IMI para habitação própria e permanente serão reduzidas consideravelmente e o custo fiscal inerente à propriedade de imóveis devolutos ou não arrendados será aumentado significativamente.

Análiseabrangente6.5. O Governo efetuará uma análise abrangente do funcionamento do mercado da habitação com o apoio de peritos de renome internacional. [T2-2013]

7. Condições de enquadramento

Objetivos

Melhorar o funcionamento do sistema judicial, que é essencial para o funcionamento correto e justo da economia: (i) assegurando de forma efetiva e atempada o cumprimento de contratos e de regras da concorrência; (ii) aumentando a eficiência através da reestruturação do sistema judicial e adotando novos modelos de gestão dos tribunais; (iii) reduzindo a lentidão do sistema através da eliminação das pendências nos tribunais e facilitando mecanismos de resolução extrajudiciais. Pendências em tribunal Reconhecendo a urgência da reforma judicial com vista a tornar o sistema judicial mais eficiente e eficaz, o Governo compromete-se a:

7.1. Eliminar as pendências nos tribunais até ao T2-2013.

7.2. Implementar medidas específicas visando uma redução gradual dos processos executivos pendentes em atraso, em particular constituir um grupo de trabalho integrando representantes dos diferentes organismos competentes, até ao final de novembro de 2011, com a finalidade de definir objetivos trimestrais para a resolução dos processos executivos e elaborar relatórios trimestrais de acompanhamento da implementação das referidas medidas. O primeiro relatório deverá ser concluído até 15 de fevereiro de 2012.

7.3. Reforçar o quadro jurídico e institucional relativo aos agentes de execução em linha com as melhores práticas internacionais, com particular ênfase na estrutura de financiamento e poderes do órgão de supervisão, incluindo a adoção de um diploma legal, até ao final de dezembro de 2011, que assegure o pleno acesso desse órgão aos

processos executivos. Para o efeito, o Governo irá elaborar um plano de ação, até ao final de fevereiro de 2012, para (i) definir medidas, nos próximos doze meses, visando não só reforçar a estrutura de financiamento e poderes do órgão de supervisão, mas também aumentar a responsabilização dos agentes de execução, e para (ii) avaliar a viabilidade de uma estrutura de remuneração que incentive a rapidez na realização da execução. O Governo compromete-se ainda a operacionalizar o pleno acesso do órgão de supervisão aos processos executivos, incluindo dados financeiros, até 15 de março de 2012.

Gestão dos tribunais

Prosseguir com as reformas visando melhorar a eficiência do sistema judicial:

7.4. Tendo em vista melhorar a eficiência do sistema judicial, o Governo irá elaborar um plano de implementação da Reforma do Mapa Judiciário [até janeiro de 2012], identificando as principais metas trimestrais, para reduzir o número de circunscrições judiciais e encerrar tribunais subutilizados. Em junho de 2012, será efetuada uma revisão do plano de implementação da reforma depois de auscultadas as partes interessadas e tendo em consideração a experiência transnacional. Uma proposta de lei para a implementação do plano da reforma deverá ser apresentada à Assembleia da República para aprovação até ao final de setembro de 2012.

7.5. Realizar uma avaliação da gestão dos tribunais com vista a agilizar os processos judiciais e melhorar a relação custo-eficiência. [janeiro 2011]

7.6. Elaborar um novo plano de gestão de pessoal que vise promover a especialização judicial e a mobilidade dos funcionários judiciais. [janeiro 2011] Resolução alternativa de litígios para facilitar acordos extrajudiciais

Continuar a reforçar a resolução alternativa de litígios no sentido de facilitar os acordos extrajudiciais:

7.7. Adotar medidas para dar prioridade à resolução alternativa dos processos executivos nos tribunais até ao final de 2011. O Governo está empenhado em adotar todas as medidas jurídicas, administrativas e outras necessárias para tornar a arbitragem completamente operacional até fevereiro de 2012.16

7.8. Apresentar à Assembleia da República uma proposta de lei para melhorar o regime dos Julgados de Paz até março de 2012.

Ações civis nos tribunais

Continuar a melhorar a eficiência e agilizar o processo civil nos tribunais:

7.9. Tornar completamente operacionais os novos tribunais de competência especializada em matéria de Concorrência e Propriedade Intelectual. [T1-2012]

7.10. Avaliar a necessidade de secções e juízes especializados em insolvência nos Tribunais do Comércio com vista a assegurar maior eficiência e eficácia na tramitação dos processos de insolvência. [janeiro 2011]

7.11. Proceder à elaboração conjunta de uma proposta com base na revisão do Código 16 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

de Processo Civil, que deverá ficar concluída até ao final de 2011, avaliando o novo regime processual civil experimental e identificando áreas suscetíveis de melhoria, nomeadamente (i) consolidar a legislação para todos os aspetos dos processos de execução presentes a tribunal; (ii) conferir ao juiz poderes para agilizar os processos; (iii) reduzir as funções administrativas dos juízes e; (iv) implementar prazos máximos para a resolução de processos nos tribunais, especialmente injunções, ações executivas e insolvências e (v) estabelecer um sistema de juiz singular para processos de pequeno valor17. As alterações à proposta deverão ser concluídas até junho de 2012 para apresentação à Assembleia da República até setembro de 2012.

7.12. Adotar medidas específicas para uma resolução metódica e eficiente dos processos tributários pendentes e, em particular, avaliar as medidas para agilizar a resolução dos processos tributários, nomeadamente: i) criando um procedimento especial para processos de montante elevado [T2-2012]; ii) estabelecendo os critérios de prioridade; iii) aplicando juros legais acima dos juros normais do mercado às dívidas não pagas durante todo o procedimento judicial e iv) aplicando uma taxa de juro agravada em caso de atraso no cumprimento das decisões de um tribunal tributário. [T4-2011]

Orçamento e alocação de recursos

Continuar empenhado em promover um orçamento mais sustentável e transparente para o sistema judicial:

7.13. Elaborar um relatório sobre a alocação de recursos baseado nos dados quantitativos de cada tribunal [janeiro 2012]

7.14. Publicar relatórios trimestrais sobre as taxas de recuperação de dívidas, duração e custos relativos aos processos de insolvência de empresas, a partir do terceiro trimestre de 2011, no prazo de quatro meses após o final de cada trimestre. Disponibilizar relatórios trimestrais sobre as taxas de recuperação de dívidas, duração e custos relativos aos processos tributários, a partir do terceiro trimestre de 2011, no prazo de dois meses após o final de cada trimestre.

Concorrência, contratos públicos e ambiente empresarial

Objetivos

Assegurar condições de concorrência equitativas e minimizar comportamentos abusivos de maximização de lucros, reforçando a concorrência e os reguladores setoriais; eliminar os direitos especiais do Estado nas empresas privadas (golden shares); reduzir a carga burocrática das empresas; garantir processos de contratação pública justos; melhorar a eficácia dos instrumentos existentes relativos à promoção das exportações e ao acesso a financiamento e apoiar a reafetação de recursos para o setor transacionável.

Concorrência e autoridades de regulação setoriais

7.15. O Governo adotará as medidas necessárias para garantir que nem o Estado nem quaisquer entidades públicas celebrem, na qualidade de acionistas, acordos de acionistas cuja intenção ou efeito seja impedir a livre circulação de capitais ou que influenciem a gestão ou o controlo das empresas. Relativamente ao atual acordo de acionistas da Galp, de que a CGD é subscritora, o Estado compromete-se a vender a participação CGD na

17 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

GALP. [T4- 2011]

7.16. Além da eliminação dos direitos especiais do Estado, as autoridades comprometem-se ainda a não criar, com a sua ação, obstáculos à livre circulação de capitais. As autoridades confirmam que o poder discricionário nos termos do n.º 2 do art.º 13.º da Lei-Quadro das Privatizações (Lei n.º 11/90 alterada pelo Decreto da Assembleia 3/XII de 5 de agosto de 2011), se exercido, será limitado exclusivamente à operação de privatização e, por conseguinte, exercido de forma proporcional, uma vez que a legislação de implementação da privatização não fixará nem permitirá limites máximos para a detenção ou aquisição de ações depois da operação de privatização [em curso].

7.17. Adotar medidas no sentido de aumentar a rapidez e eficácia da aplicação das regras da concorrência, designadamente:

i. na sequência da legislação já adotada que cria o tribunal de competência especializada para a concorrência, regulação e supervisão, operacionalizar o tribunal no contexto das reformas do sistema judicial (vide medida 7.9) [T1-2012];

ii. propor uma revisão da Lei da Concorrência, tornando‐a o mais autónoma possível do Direito Administrativo e do Código do Processo Penal e mais harmonizada com o enquadramento legal da concorrência da UE, nomeadamente:18 [janeiro 2012]

simplificar a lei, separando de forma clara os procedimentos de aplicação das regras da concorrência dos procedimentos penais, no sentido de assegurar a aplicação efetiva da Lei da Concorrência;

racionalizar as condições que determinam a abertura de inquéritos, permitindo à Autoridade da Concorrência fazer uma apreciação sobre o mérito das denúncias;

estabelecer os procedimentos necessários para uma maior harmonização da lei portuguesa relativa ao controlo das concentrações com o «Regulamento das concentrações comunitárias», nomeadamente no que diz respeito aos critérios de obrigatoriedade de notificação prévia de uma operação de concentração;

garantir mais clareza e segurança jurídica na aplicação do Código do Processo Administrativo ao controlo das concentrações;

avaliar o processo de recurso e ajustá-lo se necessário para melhorar a equidade e a eficiência em termos das regras vigentes e da adequação dos procedimentos.

iii. Assegurar que a Autoridade da Concorrência dispõe de meios financeiros suficientes e estáveis para garantir o seu funcionamento eficaz e

18 Benchmark estrutural constante do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras.

sustentável; [T4-2011].

7.18. Garantir que as Autoridades Reguladoras Nacionais (ARN) têm a independência e os recursos necessários para exercer as suas responsabilidades. [Até ao T3‐2012 para as principais ARN e até ao T4-2012 para as restantes]. Nesse sentido:

i. elaborar um relatório independente (por especialistas internacionalmente reconhecidos) sobre as responsabilidades, recursos e características que determinam o nível de independência das principais ARN. O relatório indicará as práticas de nomeação, as responsabilidades, a independência e os recursos de cada ARN em relação às melhores práticas internacionais. Abrangerá igualmente o âmbito da atividade dos reguladores setoriais, os seus poderes de intervenção, bem como os mecanismos de coordenação com a Autoridade da Concorrência. O concurso público para a elaboração do relatório será lançado até ao final de novembro de 2011, devendo o relatório ser concluído até ao final de abril de 2012;

ii. com base no relatório, apresentar uma proposta para implementar as melhores práticas internacionais identificadas, a fim de reforçar a independência dos reguladores se necessário e em total conformidade com a legislação comunitária. [T2‐ 2012]

Contratos Públicos O Governo vai alterar o enquadramento jurídico nacional dos contratos públicos e melhorar as práticas de adjudicação, no sentido de assegurar um ambiente empresarial mais transparente e competitivo e de melhorar a eficiência da despesa pública. Em particular irá:

7.19. No que se refere às fundações públicas, eliminar de acordo com o estipulado na Lei n.º 62/2007 todas as isenções que permitem a adjudicação direta de contratos públicos acima dos limites das Diretivas comunitárias em matéria de contratos públicos, a fim de garantir o pleno cumprimento dessas diretivas. [T4-2011]

7.20. Eliminar todas as isenções especiais, permanentes ou temporárias, que permitam a adjudicação direta de contratos públicos de montante inferior aos limites estabelecidos nas Diretivas comunitárias em matéria de contratos públicos, a fim de assegurar o pleno cumprimento dos princípios do Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE), até ao final do T4-2011.

7.21. Alterar as disposições do Código dos Contratos Públicos relativas a erros e omissões, a obras ou serviços adicionais, de acordo com as Diretivas comunitárias em matéria de contratos públicos. [T4-2011]

7.22. Implementar as medidas adequadas para resolver os problemas atualmente existentes relativos à adjudicação direta de obras ou serviços adicionais e garantir que tais adjudicações ocorrem exclusivamente ao abrigo das condições estritas previstas nas Diretivas. [T4-2011]

7.23. Adotar medidas para tornar os administradores das entidades adjudicantes financeiramente responsáveis pelo incumprimento das regras de contratação pública, conforme recomendado pelo Tribunal de Contas. [T4-2011]

7.24. Assegurar auditorias/verificações ex-ante relativas aos contratos públicos por

entidades nacionais competentes (principalmente o Tribunal de Contas), como uma ferramenta para evitar e combater a prática de adjudicações ilegais de obras/serviços adicionais e aumentar a transparência. Alterações ao regulamento do Tribunal de Contas serão adotadas pela Assembleia da República. [T4-2011]

7.25. Atualizar o Portal dos Contratos Públicos (Base) em conformidade com a Resolução n.º 17/2010 da Assembleia da República, de modo a aumentar a transparência dos procedimentos de adjudicação. [T4-2011]

7.26. Revogar os n.os 7, 8 e 9 do artigo 42.º do Código dos Contratos Públicos, que estabelece um requisito para investimento em projetos de investigação e desenvolvimento em todos os contratos públicos com um valor superior 25 milhões de euros. [T4-2011]

Ambiente empresarial

7.27. Adotar o programa Simplex Exportações, incluindo medidas legislativas fiscais destinadas a tornar mais céleres os procedimentos para requerer a isenção do IVA para empresas exportadoras e simplificar os procedimentos relativos às exportações indiretas. [T4-2011] Os procedimentos acima referidos deverão ser totalmente operacionalizados até ao T3-2012.

7.28. Reforçar as medidas destinadas a facilitar o acesso das empresas, nomeadamente PME, ao financiamento e aos mercados de exportação, processo que incluirá uma avaliação da consistência e eficácia das medidas existentes. Esta avaliação e a análise das medidas de apoio financeiro e não-financeiro existentes (que também vão ao encontro da medida referida no parágrafo 2.20) serão objeto de um relatório até ao T4-2011.

7.29. Promover as condições de liquidez das empresas através da implementação atempada da Nova Diretiva Europeia relativa a Atrasos de Pagamento. [T1-2013]

7.30. Continuar a reduzir a carga administrativa, incluindo os municípios e todos os níveis da administração pública no âmbito do programa Simplex. [T1-2013]