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Angelologia e Antropologia

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Angelologia e Antropologia

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Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826

FACULDADE TEOLÓGICA IBETEL

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  NGELOLOGI

E NTROPOLOGI

(Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE

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Declaração de fé

 A expressão "credo" vem da palavra latina, queapresenta a mesma grafia e cujo significado é "eu creio",expressão inicial do credo apostólico -, provavelmente, o maisconhecido de todos os credos: "Creio em Deus Pai todo-poderoso...". Esta expressão veio a significar uma referência àdeclaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã,os quais são compartilhados por todos os cristãos. Por essemotivo, o termo "credo" jamais é empregado em relação adeclarações de fé que sejam associadas a denominaçõesespecíficas. Estas são geralmente chamadas de "confissões"(como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da FéReformada de Westminster). A "confissão" pertence a umadenominação e inclui dogmas e ênfases especificamenterelacionados a ela; o "credo" pertence a toda a igreja cristã einclui nada mais, nada menos do que uma declaração decrenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar eobservar. O "credo" veio a ser considerado como umadeclaração concisa, formal, universalmente aceita eautorizada dos principais pontos da fé cristã.

O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinasessenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas,conservar a doutrina contra as heresias e manter a unidadedoutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumasdeclarações rudimentares de confissões fé: A confissão deNatanael (Jo 1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); aconfissão de Tomé (Jo 20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37);e artigos elementares de fé (Hb 6.1-2).

 A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinteCredo alicerçado fundamentalmente no que se segue:

1. Crê em um só Deus eternamente subsistente em trêspessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc12.29).

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2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalívelde fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17).

3. No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e

expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos esua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).

4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória deDeus, e que somente o arrependimento e a fé na obraexpiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar aDeus (Rm 3.23; At 3.19).

5. Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé emCristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra deDeus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8).

6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita ena eterna justificação da alma recebidos gratuitamente na féno sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9).

7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteirouma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do EspíritoSanto, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19;Rm 6.1-6; Cl 2.12).

8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vidasanta mediante a obra expiatória e redentora de Jesus noCalvário, através do poder regenerador, inspirador esantificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver comofiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe1.15).

9. No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado porDeus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial

de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4;10.44-46; 19.1-7).

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10.Na atualidade dos dons espirituais distribuídos peloEspírito Santo à Igreja para sua edificação conforme a suasoberana vontade (1Co 12.1-12).

11.Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fasesdistintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a suaIgreja fiel da terra, antes da grande tribulação; Segunda -visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobreo mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4;Zc 14.5; Jd 14).

12.Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de

Cristo para receber a recompensa dos seus feitos em favor dacausa de Cristo, na terra (2Co 5.10).

13.No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenaráos infiéis, (Ap 20.11-15).

14.E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e detristeza e tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46).

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Sumário

Declaração de fé......................................................................

PRIMEIRA PARTE ANGELOLOGIA -

Capítulo 1 - A Doutrina Secular Acerca dos Anjos...................

Capítulo 2 -

Capítulo 3 -

Capítulo 4 -

Capítulo 5 - Suas Atribuições Ministeriais

Capítulo 6 - Satanologia - Doutrina Bíblica de Satanás

Capítulo 7 -

Capítulo 1 - A Criação.................

Capítulo 2 -

Capítulo 3 -

DOUTRINA DOS ANJOS

 A Doutrina Bíblica dos Anjos

SEGUNDA PARTE ANTROPOLOGIA - DOUTRINA DO HOMEM

................................

 A Natureza dos Anjos...........................................

Hierarquia e Classificação dos Anjos...................

................................

...........

Demonologia - Doutrina Bíblica dos Demônios....

.............................................

O Problema Hermenêutico...................................

 A Criação do Homem............................................

..............................................................................Referências

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ANGELOLOGIA

Ce  n  t r  o d e  E d  u c a ç ã  o  T e  ol  ó gi c a 

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PRIMEIRA PARTE

 ANGELOLOGIA  A Doutrina Bíblica dos Anjos

Capítulo 1

A Doutrina Secular Acerca dos Anjos

1. Histórias nas sociedades

Histórias seculares, histórias religiosas e a arqueologiamostram que quase todas as culturas do mundo aceitam aexistência de seres sobrenaturais. Muitas sociedades nãofaziam nenhuma distinção entre seres bons e maus. Osegípcios antigos acreditavam que seres sobrenaturaiscontrolavam todas as fases da vida. O mesmo acontecia na

Pérsia, Babilônia e Índia. Apesar de ser uma culturainteiramente voltada para a filosofia e idéias humanísticas, osgregos antigos acreditavam em espíritos, e a adoração dosmesmos fazia parte de sua vida diária.

Os romanos absorveram grande parte de outrasreligiões em sua própria, isto é, eles faziam isso quando asoutras religiões eram politeístas. Eles simplesmente

acrescentavam deuses ao seu panteão.

Geddes MacGregor escreveu no seu livro (Anjos,Ministros da Graça): "... da Escandinávia ao Irã, da Irlanda à

 América do Sul, o folclore popular é repleto de alusões aespíritos tão elementares [...] que foram trazidos do folcloreantigo dos celtas, escandinavos, teutônicos e outras culturas".Mesmo nas culturas mais orientais, como da China, Japão eCoréia, anjos e/ou demônios eram parte integrante de suasreligiões, embora muitas vezes esses seres fossem chamados

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deuses. No extremo oriente, os espíritos eram consideradoscomo seres humanos mortos resultando na adoração deancestrais e mesmo na adoração direta a anjos ou demônios.

Certo teólogo, de nome Alexander Hislop, fez umtrabalho monumental no final do século XVIII ao traçarconexões entre todas as religiões antigas. Ele comparou acrença e adoração de seres sobrenaturais de nação em naçãoe de religião em religião. Seu relatório dá maior evidência aofato de que algo aconteceu em algum lugar nos temposantigos envolvendo o relacionamento entre os reinos natural esobrenatural. O que quer que tenha sido, ainda influencia

muitas pessoas em nossos dias.

2. Os Anjos no decurso da história

Nas tradições pagãs (algumas das quais influenciaramos judeus de tempos posteriores), os anjos eram, às vezes,considerados divinos, e outras vezes, fenômenos naturais.Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas, ou

eram as próprias pessoas que praticavam o bem; tal confusãoestá refletida no fato de que tanto a palavra hebraica "mal'ãkh",quanto a grega "angelos" têm dois sentidos. O significadobásico de cada uma delas é "mensageiro". Mas estemensageiro, (dependendo do contexto) pode ser ummensageiro humano comum, ou um mensageiro celestial, umanjo.

 Alguns, com base na teoria da evolução, fazem a idéiade anjos remontar ao início da civilização. "O conceito de anjospode ter evoluído dos tempos pré-históricos quando, então, osseres humanos primitivos emergiram das cavernas ecomeçaram a erguer os olhos aos céus... A voz de Deus já nãoera a rosnada da floresta, mas o estrondo do céu". Segundoessa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos que

servissem à humanidade como mediadores de Deus. Oconhecimento genuíno dos anjos, no entanto, veio somenteatravés da Revelação Divina.

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3. Na visão da mitologia

Posteriormente, os assírios e os gregos deram asas aalguns desses seres semidivinos. Hermes tinha asas nos

calcanhares. Eros, "o espírito voador do amor apaixonado",tinha asas afixadas aos ombros. Num tom bastante divertido,os romanos inventaram Cupido, "o deus do amor erótico",retratado como um garoto brincalhão que atirava flechasinvisíveis para encorajar romances. Platão (cerca de 427- 347a.C.) também falava de "anjos da guarda". As EscriturasHebraicas atribuem nomes a somente dois anjos: Gabriel, queiluminou o entendimento de Daniel (Dn 9.21-27), e o arcanjo

Miguel, o protetor de Israel (Dn 12.1).

O livro apócrifo de Tobias (200-250 a.C.), porém,inventou um arcanjo chamado Rafael que, repetidas vezes,ajudou Tobias em situações difíceis. Realmente, só existe umarcanjo (anjo principal), que é Miguel (Jd 9). Mais tarde, Filo (20a.C. à 42 d.C.), o filósofo judaico de Alexandria, no Egito,retratou os anjos como mediadores entre Deus e a raça

humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nosares como "os servos dos poderes de Deus. Eram almasincorpóreas sendo totalmente inteligentes em tudo epossuindo pensamentos puros".

4. Nos primeiros séculos do cristianismo

Durante o período do Novo Testamento, os fariseusacreditavam que os anjos fossem seres sobrenaturais que,frequentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8).Os saduceus, todavia, influenciados pela filosofia grega,diziam: "não há ressurreição, nem anjo, nem espírito" (At 23.8).Para eles, os anjos não passavam de "bons pensamentos eintenções" do coração humano.

Nos primeiros séculos depois de Cristo, os pais daigreja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte desua atenção era dedicada a outros assuntos referente à

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natureza de Cristo. Mesmo assim, todos eles acreditavam naexistência dos anjos.

5. Perguntas sem respostas

 Ao raiar do século XIII, os anjos passaram a ser assuntode muita especulação. O teólogo italiano Tomás de Aquino(1.225 - 1.274 d.C.) formulou perguntas mui relevantes a

(a) Inácio de Antioquia, um dos primeiros pais da igreja,

acreditava que a salvação dos anjos dependia dosangue de Cristo;

(b) Orígenes (182 - 251 d.C.) declarou a impecabilidadedos anjos, afirmando que, se foi possível a queda de umanjo, talvez seja possível a salvação de um demônio.Semelhante posicionamento acabou por ser rejeitadopelos concílios eclesiásticos;

(c) Já em 400 d.C., Jerônimo (347 - 420 d.C.) acreditavaque anjos da guarda eram dados aos seres humanosquando do nascimento destes;

(d) Posteriormente, Pedro Lombardo (100 - 160 d.C.)acrescentou que um único anjo podia guardar muitaspessoas de uma só vez;

(e) Dionísio, o Areopagita, (500 d.C.) contribuiunotavelmente para o estudo dos anjos. Ele retratou oanjo como "uma imagem de Deus, uma manifestação daluz oculta, um espelho puro, brilhante, sem defeito, nemimpureza, ou mancha";

(f) Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes (130 -195 d.C.), também construiu hipóteses a respeito deuma hierarquia angelical;

(g) Depois, Gregório Magno (540-604 d.C.) atribuiu aosanjos corpos celestiais.

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respeito. Sete das suas 118 conjeturas sondavam as seguintesáreas:

6. Pintados e cultuados

Mais descritivos foram os retratos pintados pelosrenascentistas; representavam os anjos como "figuras varonis[...] crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes deMiguel, o arcanjo. Retratos pintados com péssimo gosto como"cupidinhos gorduchinhos", com muito colesterol, vestidoscom pouca roupa, estrategicamente colocados, essascriaturas eram frequentemente usadas como friso artístico. Ocristianismo medieval assimilou a massa de especulações, e,

como consequência, começou a incluir a adoração aos anjosem suas liturgias, essa aberração continuou crescendo,levando o Papa Clemente X (1670 - 1676 d.C.) a decretar umafesta em homenagem aos anjos.

7. Calvino e Lutero

 A despeito dos excessos católicos romanos, o

Cristianismo Reformado continuou a ensinar que os anjosajudam o povo de Deus.

(a) De que se compõe o corpo de um anjo? Há mais de

uma espécie de anjo?(b) Quando os anjos assumem a forma humana, exercem

funções vitais do corpo?

(c) Os anjos sabem quando é manhã e quando éentardecer?

(d) Conseguem entender muitos pensamentos ao mesmotempo?

(e) Conhecem nossas intenções secretas?

(f) Têm capacidade de falar uns com os outros?

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(a) João Calvino (1509 - 1564 d.C.) acreditava que "osanjos são despenseiros e administradores dabeneficência de Deus para conosco... Mantêm a vigília,visando a nossa segurança; tomam a seu encargo a

nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e zelampara que nenhum mal nos aconteça".

(b) Martinho Lutero (1483 - 1546 d.C.) em "Conversas àMesa", falou em termos semelhantes. Observou comoesses seres espirituais, criados por Deus, servem àIgreja e ao Reino. Eles ficam mui perto de Deus e docristão. "Estão em pé diante da face do Pai, perto do sol,mas sem esforço vêm rapidamente socorrer-nos".

(a) Foi talvez o teólogo liberal Paul Tillich (1886 - 1965)quem postulou o conceito mais radical do período

moderno. Considerava os anjos essências platônicas:emanações da parte de Deus. Acreditava que os anjos

8. Pós-reforma

Na Era do Racionalismo (cerca de 1800 d.C.), surgiramgraves dúvidas contra a existência do sobrenatural; osensinamentos historicamente aceitos pela Igreja começaram aser reexaminados. Como consequência, alguns céticos

resolveram chamar os anjos "personificações de energiasdivinas, ou princípios bons e maus, ou doenças e influênciasnaturais".

Já em 1918, alguns eruditos judaicos começaram aecoar a voz liberal, afirmando que os anjos não eram reais,pois desnecessários. "Um mundo de leis e de processos nãoprecisa de uma escada viva para levar-nos da Terra até Deus,

nas alturas". Isso não abalou a fé dos evangélicosconservadores que continuam a confirmar a validade dosanjos.

9. O Consenso do cenário moderno

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queriam voltar à essência divina da qual surgiram paraserem iguais a Deus. Tillich aconselhava: "Parainterpretar o conceito dos anjos de modo relevante, hoje,interprete-os como as essências platônicas, como os

poderes da existência, e não como seres especiais. Sevocê interpretá-los desta última maneira, tudo nãopassará de grosseira mitologia".

(b) Karl Barth (1886 - 1968) e Miliard Erickson (1932),entretanto, encorajavam uma abordagem maiscautelosa e sadia. Barth, o pai da neo-ortodoxia, achavaser o assunto "o mais notável e difícil de todos".

Reconhecia o enigma do intérprete: Como "avançar semser precipitado"; estar "ao mesmo tempo aberto ecauteloso, crítico e ingênuo, perspicaz e modesto?"

(c) Erickson, teólogo conservador, acrescentou quepoderíamos ser tentados a omitir, ou negligenciar, oestudo dos anjos, porém "se é para sermos estudiososfiéis da Bíblia, não temos outra escolha senão falar arespeito deles".

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Capítulo 2

A Doutrina Bíblica dos Anjos

1. Preâmbulo

Muito se tem escrito no mundo secular e religiosoacerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoasespiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as àconceituações erradas e falsas sobre o mundo espiritual.Nesta disciplina, procuraremos aclarar a verdade e a realidadedo assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada. Nãopoucas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordemde seres celestiais totalmente distintos da humanidade e daDivindade, que ocupam uma posição exaltada acima da atualposição do homem caído. Estes seres celestiais sãomencionados pelo menos 108 vezes no Antigo Testamento e165 vezes no Novo Testamento, e a partir deste conjunto deEscrituras o estudante pode criar a sua "doutrina dos Anjos".

2. Etimologia e conceito do termo

 A palavra portuguesa anjo possui origem no latimangelus, que por sua vez deriva-se do grego angelos. Noidioma hebraico, temos mal'ãk. Seu significado básico é"mensageiro" (para designar a idéia de ofício de mensageiro).O grego clássico emprega o termo angelos para o mensageiro,

o embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugardaquele que o enviou.

No Antigo Testamento, onde o termo mal'ãk ocorre 108vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros dacorte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6),são espíritos ministradores (1Rs 19.5), transmitem a vontadede Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl

103.20), executam os propósitos de Deus (Nm 22.22), ecelebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl 148.2).

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No Novo Testamento, onde a palavra angelos aparecepor 175 vezes, os anjos aparecem como representativos domundo celestial e mensageiros de Deus. Funçõessemelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles,

tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), sãoespíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14),transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26),obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seuspropósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo (Lc2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais,tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seunascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua

ascensão e Segunda Vinda (At 1.11).

O termo teológico apropriado para esse estudo que orainiciamos é Angelologia (do grego angelos, "anjo" e logia,"estudo", "dissertação"). Angelologia se constitui, portanto, dedoutrina específica dentro do contexto daquilo quedenominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa emestudar a existência, as características, natureza moral e

atividades dos anjos.

Quando consideramos os anjos, como nas outrasdoutrinas, existe campo para o uso da razão. Considerandoque Deus é Espírito (Jo 4.24), que não participa de maneiranenhuma dos elementos materiais, é natural presumir queexistem seres criados que se assemelham mais com Deus doque com as criaturas terrestres que combinam o elementomaterial com o imaterial. Há um reino material, um reino animale um reino humano; assim, podemos presumir que há um reinoangélico ou espiritual. Contudo, a Angelologia não repousasobre a razão ou a suposição, mas sobre a "Revelação".

3. Variedade dos termos aplicados aos anjos

Os termos genéricos usados para anjos, geralmenteindicam sua atribuição ou função. Relacionamos abaixoalguns destes termos encontrados nas Sagradas Escrituras:

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(a) Leitourgos (grego) e Mishrathim (hebraico): algumasvezes usadas com o significado de "anjos", são palavraspara "servo" ou "ministro".

(b) Hoste: É a palavra hebraica "sava". Essa palavra seestende a toda formação do exército celestial de Deus -uma força militar que luta as batalhas e cumprem avontade de Deus. (Lc 2.13; Ef 6.12; Hb 12.22).

(c) Espíritos (Hb 1.14).

(d) Vigias: Como em Dn 4.13,17, define anjos como

supervisores e agentes de serviço de Deus nos assuntosdo mundo. Talvez nessa classe de anjos estejam os quetomam decisões e executam os mandamentos de Deusna Terra.

(e) Bene Elim: Ou "filhos poderosos", é traduzido por"poderosos" no SI 29.1. Essa é a descrição do grandepoder dos anjos.

(f) Bene Elohim: Ou "filhos de Deus", define os anjos comouma determinada classe de seres. Este termo incluiSatanás. (Jó 16; 2.1; Sl 29.1; 89.6).

(g) Elohim: separadamente é algumas vezes aplicada aosanjos. Ela retrata os anjos como uma classe de seressobrenaturais, de força mais elevada que a do homem.Quando os anjos apareceram a Jacó em Betel, o termousado é Elohim (Gn 35.7).

(h) Estrelas: É o termo simbólico usado para os anjos,sugerindo que sua habitação é os céus (Ap 12.4).

(i) Um sacerdote (Ml 2.7). O sacerdote é chamado demensageiro, "anjo" do Senhor.

(j) Santos (Sl 89.5-7).

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(k) Os seres celestiais (Sl 29.1; 89.6) têm esse título.

(l) Um uso mais amplo ainda inclui também a coluna denuvem (Êx 14.19).

(m) A pestilência (2Sm 24.16,17).

(n) Os ventos (Sl 104.4).

(o) E as pragas (Sl 78.49).

(p) Paulo chamou seu espinho na carne de anjo, isto é,"mensageiro de Satanás" (2Co 12.7; Gl 4.13,14).

(q) Pastores da igreja (Ap 2.1,8,12). Os sete anjos das seteigrejas da Ásia Menor podem ter sido os sete bisposdessas igrejas que visitaram João na Ilha de Patmos.

(r) Estrelas. Jesus Cristo diz que têm na Sua mão as seteestrelas (Ap 1.20b). "... As sete estrelas são os anjos das

sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as seteigrejas."

(s) Principados, poderes, tronos, dominações eautoridades (Cl 1.16; Rm 38; 1Co 15.24; Ef 6.12; Cl2.15).

(t) Congregação/Assembléia (Sl 89.6,7).

(u) Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais deDeus (Hb 1.14). "Não são, porventura, todos elesespíritos ministradores, enviados para servir a favordaqueles que hão de herdar a salvação"?

4. Deus é autor de todas as coisas visíveis e invisíveis

O ponto de partida está na declaração de que todas ascoisas criadas foram feitas "segundo o propósito daquele quefaz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Ef

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1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesisse constitui como o princípio e a base de toda a revelaçãodivina e, consequentemente, a base da relação do homemcom Deus. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação

(Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca aPessoa de Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que"todas as coisas são de Deus, o Pai" (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1. 15-17). O Espírito Santo participa da obra da criação em harmoniaperfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13.

 A Bíblia deixa claro que Deus é auto-suficiente e não

tem qualquer relação de dependência de nada e de ninguém(Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o feznão por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade defazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única dependênciadivina é a de sua própria e soberana vontade. A Bíblia Sagradarefuta essa idéia e fortalece o fato de que "Deus fez todas ascoisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1.11; Ap 4.11).

 A época de sua criação não é indicada com precisão emparte alguma, mas é provável que tenha se dado juntamentecom a criação dos céus (Gn 1.1). Pode ser que tenham sidocriados por Deus imediatamente após a criação dos céus eantes da criação da terra, pois de acordo com Jó 38.4-7,rejubilavam todos os filhos de Deus quando Ele lançava osfundamentos da terra. Que os anjos não existem desde a

eternidade é mostrado pelos versículos que falam de suacriação (Ne 9.6, Sl 148.2,5; Cl 1.16). Embora não seja citadonúmero definido na Bíblia, acredita-se que a quantidade deanjos é muito grande (Dn 7.10; Mt 26.53; Hb 12.22).

5. Sua existência

 A existência dos anjos é claramente demonstrada pelo

ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo Testamentos. Sãoinúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a

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realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto,destacar apenas os que se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17; 91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos

em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh,transmitir as mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade,executar a vontade de Deus, e também como guerreiros. Nocontexto do Novo Testamento, os anjos não são apresentadossimplesmente como "mensageiros de Deus", mas tambémcomo "ministros aos herdeiros da salvação" (Hb 1.14).Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira

inequívoca no Novo Testamento. Vejamos, por exemplo, ostextos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe3.22; 2Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9.

 A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra dacriação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes

quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); nonascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao SenhorJesus no deserto da tentação (Mt 4.11); na ressurreição deCristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10).Outras manifestações podem ser listadas neste ponto em todaa Bíblia. Sua manifestação é incorpórea; eles são seresespirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. Arealidade dos anjos se comprova mediante os atributos de

personalidade que eles demonstram falando, pensando,sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações sãofeitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, osdemônios, que são anjos caídos da graça de Deus, incorporamem corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essaspossessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus nãotomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam

formas de pessoas humanas visíveis para se fazeremmanifestos.

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5.1. O propósito da criação

Os anjos foram criados para darem glória, honra eações de graça a Deus; para adorarem a Cristo (Hb 1.6); paracumprirem os propósitos de Deus: proteção de Israel (Dn12.1), luta contra Satanás (Jd 9; Ap 12.7), anunciar a vinda deCristo (1Ts 4.16), guardarem o trono de Deus (Ez 10.1-4), sepreocuparem com a adoração a Deus perante o Seu SantoTrono (Is 6.2-7), assistirem a Deus em sua obra Soberana (Cl1.16; 2.10; Ef 1.21; 3.10).

6. Existem anjos bons e anjos maus

Na criação original dos anjos, não houve essaclassificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjosforam criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade(2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de queforam criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, aliberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A quedade Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaramcontra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram aLúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posiçãocelestial e para sempre estarão na sua presença,

contemplando e executando a vontade do Criador. Sãochamados de "anjos eleitos" (1Tm 5.21) e evidentementereceberam graça suficiente para habilitá-los a manter suaposição de perseverança, pela qual foram confirmados em suacondição e agora são incapazes de pecar. São chamadostambém de "santos anjos" (2Co 11.14). Sempre contemplam aface Deus (Lc 9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua

atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11;Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2 Ap 5.11).

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7. O número de Anjos

Várias passagens das Escrituras indicam que há umnúmero muito grande de anjos (Dn 7.10; Mt 26.53; Sl 68.17; Lc

2.13; Hb 12.22), e são repetidamente mencionados comoexércitos dos céus ou de Deus. No Getsêmane, Jesus disse aum discípulo que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo:"Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele memandaria neste momento mais de doze legiões de anjos"? (Mt26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como "Senhordos Exércitos".

Outrossim, a quantidade existente de anjos é única eincontável, porque desde que foram criados não foramaumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foramcriados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíbliautiliza expressões variadas para designar "milhares demilhares", "multidão dos exércitos celestiais", "muitos milharesde anjos" (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). Éimpossível determinar o número de anjos porque é incontávele é o mesmo número em todos os tempos, desde que foramcriados (Sl 148.2-5).

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Capítulo 3

A Natureza dos Anjos

1. Não são seres humanos glorificados 

Em Mateus 22.30 está escrito "que seremos comoanjos", mas não diz que seremos anjos. No futuro, os crenteshão de julgar os anjos "Não sabeis vós que havemos de julgaros anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?(1Co 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus, isso é

diferente de dizer que seremos anjos. As "incontáveis hostesde anjos" são diferenciadas dos "espíritos dos justosaperfeiçoados" (Hb 12.22,23).

2. Não são os filhos de Deus em Gênesis seis 

Os anjos são chamados "Filhos de Deus" no VelhoTestamento nas referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. Deve ser

observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, oshomens também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). Apalavra original é "Benai-Elohim" - filhos de Deus.

Que os filhos de Deus se refere aos anjos, neste textode Gn 6, é a posição tomada por Josefo, Filo Judeus e osautores do Livro de Enoque e do Testamento dos DozePatriarcas. Era a posição geralmente aceita pelos judeus

eruditos dos primeiros séculos da era cristã. A impressão quegeraram "gigantes" foi da Septuaginta (LXX), que tambémtraduziu todos os manuscritos, substituindo "filhos de Deus"por "anjos de Deus" em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por "meus anjos"em Jó 38.7.

“... Estes eram os valentes que houve na antiguidade,os homens de fama" (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre"os filhos de Deus" com as "filhas dos homens". Esta é adefinição original dos textos da palavra de Deus e não

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"NEFILINS", que encontramos em alguns textos traduzido enão confiáveis, conforme The Theological Workbook of the OldTestament, por Harris, Archer e Waltke.

2.1. Teoria equivocada de que os "filhos de Deus" eramanjos

 2.2. Teoria de que os "filhos de Deus" não eram os anjos

e sim os descendentes de Sete

(a) As referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7.

(b) A relação anormal produziu gigantes impiedosos.

(c) Anjos podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou

em homens (Mc 1.23-26; Mc 5.13). O Dr. Henry Morrisdiz: "Os filhos de Deus e as filhas dos homens sãohomens e mulheres, mas foram possessos pordemônios".

(d) Em Mt 22.30, o Senhor estava apenas explicando queos anjos não se reproduzem como os humanos. Não háprova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a

palavra anjos, sempre é no gênero masculino. Alguémexplica que os anjos não se reproduzem porque nãoexistem "anjas".

(e) As referências associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20;2Pd 2.4-6.

(f) Esta teoria foi assegurada por historiadores como

Josefo e Plínio.(g) Os livros apócrifos (3 deles), asseguram esta posição.

(h) É considerado que houve duas quedas dos anjos, umaquando Satanás liderou a rebelião, antes da queda dohomem e outra em Gn 6 (teoria defendida por ClarenceLarkin).

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Em Gênesis 6 encontramos a corrupção geral dogênero humano bem como um protesto de Deus contra oscasamentos entre os da linhagem reta de Sete e os dalinhagem ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 "E aconteceu que,

como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face daterra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que asfilhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheresde todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Nãocontenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porqueele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinteanos".

Esses filhos de Deus, sem dúvida, não eram anjoscomo teorizam alguns, mas, descendentes da linhagempiedosa de Sete (Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram inícioaos casamentos mistos com as filhas dos homens, isto é,mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os filhos deDeus eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, queos anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entreos justos e os ímpios levou à maldade do versículo 5, isto é, os

 justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, aterra corrompeu-se e encheu-se de violência. Observemosalguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de Deusneste eram anjos: 

(a) Se anjos de fato se relacionam sexualmente commulheres, este é um prodígio espetacular da história queviola as normas da natureza, e não há nada na Bíblia quediga que anjos têm poderes sexuais.

(b) Em Gn 6, encontramos em seu contexto a sequênciado termo "homem", vv 1,2,3.

(c) A distinção entre os "filhos de Deus" e Satanás nostextos de Jó 1.6; 2.1 de modo que, claramenteentendemos que o título "filhos de Deus" não se refere

aos anjos caídos.

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(d) Se esta relação entre anjos e mulheres gerou os"nefilins-gigantes", como se explica a presença destes,antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33?

(e) A linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relaçãoentre humanos.

(f) Os textos do Novo Testamento não provam que sãoanjos: (a) 1Pd 3.18-20 não menciona nada sobre estes"espíritos em prisão" serem anjos, pelo contrário, ocontexto indica homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 e Judas6,7 são referências de anjos, mas não provam que

estiveram envolvidos em Gn 6.(g) Os livros apócrifos, provavelmente foram produzidos

pelos essênios, os quais adotaram a interpretaçãoangélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos,isso lhes nega toda autenticidade em termo decanonicidade.

3. São seres espirituais, invisíveis e corpóreos

Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes doshomens, eles não estão limitados às condições naturais efísicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se comuma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar deserem espíritos, têm o poder de assumir a forma de corposhumanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do

homem (Gn 19.1-3).Os anjos são reais, mas nem sempre visíveis (Hb

12.22). Embora Deus ocasionalmente lhes conceda avisibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos invisíveis (Sl 104.4; Hb1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: "Fazes a teus anjos ventos", citadoem Hb 1.7. Observe também Hb 1.14; "Não são todos elesespíritos ministradores enviados para serviços, a favor dos que

hão de herdar a salvação"?

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Com demasiada frequência o problema é confundidopela imposição aos seres espirituais daquelas limitações quepertencem à humanidade. Para os santos no céu foi prometidoum "corpo espiritual" (1Co 15.44). Há muitos tipos de corpos

até mesmo na Terra, o Apóstolo declara (1Co 15.39,40) eprossegue dizendo que também há corpos celestiais e corposterrestres. Não podemos dizer que não há corpos celestiaisapenas porque o homem não tem poder de discernir essescorpos. Os espíritos têm uma forma definida de organizaçãoque está adaptada à lei de sua existência. Eles são finitos eespaciais. Tudo isto é verdade embora eles estejam muitoafastados desta economia do mundo. Eles têm a capacidade

de se aproximar da esfera da vida humana, mas o fato demaneira nenhuma lhes impõe a conformidade com aexistência humana. O aparecimento de anjos pode ser,quando a ocasião exige, com a aparência de homens, de modoque eles se passam por homens. Como poderíamos explicarde outra maneira que alguns "... sem o saber acolheramanjos..." (Hb 13.2)? Por outro lado, seu aparecimento às vezesé deslumbrante e glorioso (Mt 28.2-4). Quando Cristo

declarou: "...um espírito não tem carne nem ossos, comovedes que eu tenho..." (Lc 24.37-39), Ele não quis dizer que umespírito não tem corpo algum, mas, antes, que os espíritos têmcorpos constitucionalmente diferentes dos corpos doshomens.

4. São exércitos e não raça 

 As Escrituras ensinam que o casamento não é daordem ou do plano de Deus para os anjos: "Porque naressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são,porém, como os anjos do céu" (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto,não se caracteriza uma raça. No Velho Testamento os anjossão chamados de "filhos de Deus" (Jó 1.6; 2.1; 38.7), masnunca lemos a respeito dos "filhos dos anjos". Os anjos sempre

são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo,não propagam sua espécie (Lc 20.34-35).

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 As Escrituras em parte alguma ensinam que os anjossejam seres sexuados. No fundamento genuíno criador deDeus, não foi deixada margem alguma para se acreditar nareprodução de seres da escala espiritual. Sobre este assunto,

apenas nos foi revelado as leis que regem os seres naturais oumateriais. Não conhecemos nenhum texto Sagrado explícitoou sequer subjetivo que nos conduza ao pensamento de queos anjos podem se reproduzir, ou possuam sexo. Seus nomesmasculinos, não se refere em nenhum momento à uma ordemde sexualidade humana (macho e fêmea).

 Acreditamos sim que os anjos não se reproduzem, pois

a obra criadora de Deus revelada em Sua Palavra, se fezdesse modo, e qualquer indagação ou afirmação contrária émera especulação e apostasia da veracidade bíblica.

5. São seres racionais morais e imortais 

 Aos anjos são atribuídas características pessoais; sãointeligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que sãoseres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato deque são espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe2.11). Embora não sejam oniscientes, são superiores aoshomens em conhecimento (Mt 24.36) e por ter natureza moralestão sob obrigação moral; são recompensados pelaobediência e punidos pela desobediência.

 A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como"santos anjos" (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; Ap 14.10)e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8.44;1Jo 3.8-10).

 A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de queos anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc 20.35-36), alémde serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma

hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que oSenhor mandar (Sl 103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14)

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enquanto que os anjos maus formam o exército de Satanásempenhado em destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2Ts 2.9;1Pe 5.8).

Ilustrações do poder de um anjo são encontradas nalibertação dos apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7) e no rolar dapedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo(Mt 28.2).

6. São seres inteligentes, não oniscientes, mas poderosos

 Apesar de a Bíblia dizer que os anjos são maisinteligentes que Daniel, eles não são oniscientes. Eles nãosabem tudo. Não são iguais a Deus em sabedoria. Jesus,particularmente, deu testemunho da limitação doconhecimento dos anjos, quando falou que eles ignoravam odia da vinda do Filho do Homem (Mt 24.36).

Pela sublime tarefa que os anjos desempenham no

tempo e no espaço, desde o princípio; e por aquilo que arespeito deles a Bíblia diz, a conclusão a que se chega é que osanjos excedem em muito em conhecimento e em sabedoria osmais brilhantes homens que a história humana já teve. Elessão: Os anjos prestam culto inteligente (Sl 148.2); os anjoscontemplam com o devido respeito à face do pai (Mt 18.10); osanjos conhecem suas limitações (Mt 24.36); os anjosreconhecem sua inferioridade para com Jesus (Hb 1.4-14).

O que se aplica a todas as criaturas em relação aopoder que têm também se aplica aos anjos: Seu poder derivade Deus. O seu poder, embora seja grande, é restrito. Eles nãopodem fazer aquelas coisas que são peculiares à Divindade:criar, agir sem os meios, ou sondar o coração do homem. Elespodem influenciar a mente humana como uma criatura podeinfluenciar outra. O conhecimento desta verdade é de grandeimportância, Até mesmo um anjo pode reivindicar ajuda divinaquando em conflito com outro anjo (Jd v.9).

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O poder angelical é superior, mas não supremo. Deussimplesmente lhes empresta o seu poder, pois eles são osseus agentes especiais. Os anjos, portanto, são "maiores emforça e poder" do que nós (2Pe 2.11), Como "magníficos em

poder, que cumpris as suas ordens," (SI 103.20) "anjospoderosos" mediarão os juízos finais de Deus contra o pecado(2Ts 1.7).

7. Os Anjos são numerosos

 A alusão ao número dos anjos é um dos superlativos daBíblia. Eles foram descritos em multidões "que os homens nãopodem contar". Temos razões para concluir que há tantosseres espirituais em existência quantos seres humanos vãoexistir em toda a história da Terra. É significativo que a frase "oexército do céu" descreve tanto as estrelas materiais quantoos anjos, sendo que ambos não podem ser contados (Gn15.5). Vale a citação do Dr. Cooke com a sua lista detestemunho bíblico sobre o número dos anjos: "Veja o que diz

Macaias: "Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo oexército do céu estava junto a ele, à sua direita e à suaesquerda" (1Rs 22.19). Ouça o que diz Davi: "Os anjos deDeus são vinte mil, sim milhares de milhares" (SI 68.17). Eliseuviu um destacamento destes seres celestiais que foramenviados para sua guarda pessoal, quando "o monte estavacheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs6.17). Ouça o que Daniel viu: "... milhares de milhares o

serviam, e miríade de miríade estavam diante dele..." (Dn7.10). Eis o que os pastores vigilantes viram e ouviram na noitedo nascimento do Redentor: "...uma multidão da milíciacelestial louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nasmaiores alturas..." (Lc 2.13). Ouça o que diz Jesus: "... acasopensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandarianeste momento mais de doze legiões de anjos?" (Mt 26.53).

Veja novamente o magnífico espetáculo que João viu eouviu quando olhou para o mundo celestial: "Vi, e ouvi uma voz

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de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dosanciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares demilhares, proclamando em grande voz. Digno é o Cordeiro,que foi morto..." (Ap 5.11,12). Se estes números forem

entendidos literalmente, eles indicam 202 milhões, mas sãoapenas uma parte do exército celestial. Contudo, é provávelque estes números não tenham a intenção de indicar qualquerquantidade exata, mas que a multidão era imensa, além do quecostuma usualmente entrar na computação humana. Por issolemos, em Hb 12.22, não sobre um número definido oulimitado, embora grande, mas de "incontáveis hostes deanjos".

8. Os Anjos são maiores em força e poder 

"Enquanto os anjos, sendo maiores em força e podernão pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor"(2Pe 2.11), estes seres celestiais, já contam na presente Eracom a felicidade da vida última, isto é, são seres imortais (Lc20.36). Esta capacidade a eles imposta, lhes dá a condição de

serem superiores aos homens que são seres mortais.

9. Inferiores a Cristo

“Ainda que por um pouco de tempo, Jesus fora feito umpouco menor do que os anjos, por causa da paixão e morte" (Sl8.5; Hb 2.9). Quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo,os anjos são inferiores a Ele em dois pontos. (a) Os Anjos sãocriaturas. Os anjos são "criaturas" de Deus, ainda quechamados "filhos de Deus", contudo, não tem em si a condiçãooriginal peculiar ao Senhor Jesus. O escritor aos Hebreus,salienta: "... feito Jesus tanto mais excelente do que os anjos,quanto herdou mais excelente nome do que eles..." (Hb 1.4).(b) Os Anjos são adoradores. Em razão da adoração, os anjossão inferiores a Cristo; eles são adoradores, enquanto queCristo é adorado! Isto é depreendido nas próprias palavras doCriador: "... e todos os anjos de Deus o adorem" (Hb 1.6b). Estedireito inerente ao Filho de Deus o coloca acima deles.

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  As Escrituras dizem que os anjos são seres superioresem força e poder aos homens: contudo, jamais em hipótesealguma, eles aceitam adoração; em lugar de os anjos seremobjeto de adoração, eles são súditos que adoram Jesus Cristo.

O apóstolo Paulo advertiu: "Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos..." (CI2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João é advertido pelopróprio ser angelical: "... Olha não faças tal, porque eu souconservo teu e de teus irmãos, dos profetas, e dos queguardam as palavras deste livro. Adora a Deus".

Portanto, os anjos não são objetos de adoração comoJoão chegou a supor momentaneamente. E no contexto dosignificado do pensamento diz Paulo: "Porque estou certo deque, nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem alguma outracriatura nos poderá separar do amor de Deus, que está emCristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8.38,39). Ora, isto apresentaCristo como sendo Senhor dos próprios anjos. E de fato, Ele foi

feito mais excelente do que os anjos (Hb 1.4). Os anjos foramcriados; Cristo é Criador: Como Criador Jesus é superior aosanjos, pois maior do que a criatura é aquele que a criou (Is45.9). Anjos são súditos; Cristo é o Senhor.

10. Os Anjos tomam decisões

Os anjos tomam decisões. A desobediência de umgrupo deles subentende sua capacidade de escolha, e deinfluenciar outros com a sua iniquidade (1Tm 4.1). Por outrolado, quando o bom anjo recusou a adoração de João (Ap22.8,9), fica subentendida sua capacidade de escolha, e deinfluenciar outros com o bem. Embora os anjos bonsrespondam com obediência ao mandamento de Deus, não sãoautômatos. Pelo contrário: optam com intenso ardor aobediência dedicada.

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11. Os Anjos possuem habitação

 A habitação dos anjos também é um assunto reveladodefinidamente. Já falamos da insinuação de que todo o

Universo encontra-se habitado por inumeráveis exércitos deseres espirituais. Esta vasta ordem de seres com todas assuas classificações tem habitações e centros fixos para assuas atividades. Com o uso da frase "os anjos no céu" (Mc13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam asesferas celestiais.

O apóstolo Paulo escreve: "um anjo vindo do céu" (Gl1.8) e "... toda família, tanto no céu como sobre a terra..." (Ef3.15). Igualmente, na oração que Cristo ensinou aos Seusdiscípulos, eles foram instruídos a dizer: "... faça-se a Tuavontade, assim na Terra como no céu..." (Mt 6.10). O Dr. A. C.Gaebelein escreve sobre a habitação dos anjos, dizendo: "Nohebraico, céu está no plural 'os céus'. A Bíblia fala de três céus,sendo o terceiro céu, o céu dos céus, o lugar da habitação de

Deus, onde o Seu trono sempre esteve. O tabernáculo do Seupovo terreno, Israel, era um modelo dos céus. Moisés, quandoesteve na montanha, olhou para a vastidão dos céus e viu ostrês céus. Ele não tinha telescópio. Mas o próprio Deus lhemostrou os mistérios dos céus. Então Deus o advertiu quandoestava para construir o tabernáculo, dizendo ao Seu servo: 'Vêque faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi

mostrado no monte' (Hb 8.5). O tabernáculo tinha trêscompartimentos: o pátio externo, o lugar Santo e o Santo dosSantos. Uma vez por ano o sumo sacerdote entrava neste localterreno de adoração, passando pelo pátio externo para o lugarSanto e finalmente, levando o sangue do sacrifício, ele entravano Santo dos Santos para aspergir o sangue na presençasanta de Jeová. Mas Arão era apenas um tipo daquele que émaior que Arão, o verdadeiro Sumo Sacerdote. Dele, do

verdadeiro Sacerdote, o nosso Senhor e Salvador JesusCristo, foi escrito que Ele penetrou os céus (Hb 4.14): 'Porque

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Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura doverdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora,por nós, diante de Deus' (Hb 9.24). Ele passou pelos céus, opátio exterior, o céu que circunda a Terra; o lugar Santo, o

Universo imenso com sua distância imensurável e, finalmente,Ele entrou no terceiro céu, o céu que a astronomia sabe queexiste, mas que nenhum telescópio pode alcançar. Noslugares celestiais, de acordo com a Epístola aos Efésios, estãoos principados e potestades, a multidão incontável de anjos.Sua habitação está nos céus. Deus que os criou, que os fezespíritos e os revestiu de corpos apropriados para a suanatureza espiritual, também deve lhes ter designadohabitação... Também é significativo que a frase 'exército doscéus' signifique tanto as estrelas como os exércitos angelicais;o 'Senhor dos Exércitos também tem o mesmo significadoduplo, pois Ele é o Senhor das estrelas e o Senhor dos anjos'".

12. Os Anjos são incomparáveis entre as criaturas de Deus

O respeito aos anjos era profundo no judaísmo, a pontode ver um anjo ser considerado como experiência tão grande,quanto ver o próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx 3.4; Jz 6.14;13.22). Algum desses casos era Deus manifestando-se dealguma forma visível. A teologia judaica posterior encarava osanjos como mediadores entre Deus e os homens (Ez 40.3; Zc3), e a posição tão elevada naturalmente fez com que algunsos adorassem.

Os Anjos "são incomparáveis entre as criaturas, masnem por isso deixam de ser criaturas". Correspondem comadoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc 2.13-15; Ap4.6-11) e a Cristo (Hb 1.6). Como consequência, os cristãosnão devem exaltá-los (Ap 22.8-9); os que o fazem, perdem asua recompensa futura (Cl 2.18). 

Uma das razões pela qual se originou a carta aosColossenses, escrita pela o apóstolo Paulo, foi o culto aos

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anjos. A cidade de Colossos estava localizada perto deLaodicéia (Cl 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160quilômetros a leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo indica,foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo

em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tãopoderosos e de tão grande alcance que "todos os quehabitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus" (At19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossospessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a igrejaatravés de Epafras, um dos seus convertidos e cooperadoresnaquela cidade (Cl 1.7; 4.12). O motivo desta epístola foi osurgimento de ensinos falsos na igreja colossense,

ameaçando o seu futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras,dirigente da igreja colossense e seu provável fundador viajoucom o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a respeito dasituação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então escreveuesta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl4.3,10,18), possivelmente em Roma (At 28.16-31),aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O

cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a cartaem Colossos, em nome do apóstolo (Cl 4.7).

Paulo escreveu esta epístola porque os falsos mestresestavam se infiltrando na igreja de Colossos, ensinando que adoutrina apostólica e a salvação em Cristo eram insuficientespara a plena redenção. Esse falso ensino misturava a"filosofia" e a "tradição" humanas com o evangelho (Cl 2.8) e

requeria a adoração de anjos como intermediários entre Deuse o homem (Cl 2.18). Os falsos mestres exigiam a observânciade certos ritos religiosos judaicos (Cl 2.16,21-23) e justificavama sua heresia, afirmando que recebiam revelações através devisões (Cl 2.18). A filosofia subjacente nessas heresiasreaparece hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo e oevangelho original do Novo Testamento são inadequados parasatisfazer nossas necessidades espirituais (2Pe 1.3). Paulo

refuta essa heresia ao demonstrar que Cristo não somente énosso Salvador pessoal, como também cabeça da igreja e

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Senhor do universo e da criação. Logo, é Jesus Cristo e o seupoder em nossa vida, e não a filosofia ou sabedoria humanas,que nos redime e salva eternamente. Não necessitamos deintermediários para termos comunhão com Cristo; devemos

nos acercar dEle diretamente. Ser crente significa crer emCristo e no seu evangelho; confiar nEle amá-lo e viver na suapresença. Não devemos acrescentar coisa alguma aoevangelho, nem ter outro intermediário entre Deus e o homem,nem aceitar a filosofia humanista.

 A filosofia do humanismo começou com Satanás e éuma expressão da sua mentira de que o homem pode ser igual

a Deus (Gn 3.5). As Escrituras identificam os humanistas comoos que "mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram eserviram mais a criatura do que o Criador" (Rm 1.25). Todos osdirigentes, pastores e pais cristãos devem envidar seusmáximos esforços em proteger seus filhos da doutrinaçãohumanista, desmascarando-lhes os erros e instilando nasmentes deles um desprezo santo pela sua influência destrutiva(Rm 1.20-32; 2Co 10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20; 1Co 1.20; 2Pe

2.19).

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Capítulo 4

Hierarquia e Classificação dos Anjos

 A Bíblia faz menção de anjos bons e anjos maus,embora ressalte que todos os anjos foram originalmentecriados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre-arbítrio.Numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás contraDeus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram oseu estado original de graça, como servos de Deus, e assimperderam o direito à sua posição celestial.

1. O Anjo do Senhor 

Uma designação especial no Antigo Testamento é "O ANJO DO SENHOR". Podemos ler 60 ocorrências no AntigoTestamento, onde sua aparição e autoridade o classifica deforma especial (Gn 16.11; 16.13; 18.2; 18.13-33; 22.11-18;24.7; 31.11-13; 32.24-30; Êx 3.2-6; Jz 2.1; 6.11-14; 13.21,22).

Há vários argumentos que afirmam ser uma teofania dasegunda pessoa da Trindade (Cristofania). Dentre elesalistamos:

(a) A linguagem, malak yaweh, é um título singular epeculiar mostrando que esse personagem era mais doque um anjo. No Antigo Testamento, ele é

consistentemente apresentado como Jeová: O anjoapareceu, mas Deus, ou o Senhor, falou.

(b) Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz aPalavra do Senhor que ele Josué "... se prostrou sobre oseu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhE: Que diz meuSenhor ao seu servo?" (Js 5.1). Se o Anjo do Senhor nãofosse o próprio Senhor (o Senhor Jesus), o anjo (casofosse simplesmente "um anjo") teria proibido a Josué deadorá-lo, como ocorreu em Ap 19.10 e Ap 22.8,9.

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(c) Em Jz 2.1, o Anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fizsubir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concertoconvosco (o grifo nos pronomes é nosso). Comparada

esta passagem com outras que descrevem o mesmoevento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus doconcerto israelita. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaquee a Jacó que aos seus descendentes daria a terra deCanaã (Gn 13.14-17; 17.8). Jurou que esse concertoseria eterno. Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) eEle os levou à terra prometida (Js 1.1,2).

(d) Embora concordemos com o fato de que existemcontrovérsias a respeito desta passagem de Jz 13.18,reputamos a mesma como factual e elucidativa. QuandoManoá, pergunta ao Anjo do Senhor, o Seu nome, Eleresponde: "... porque perguntas assim pelo meu nome,visto que é maravilhoso"? Uma comparação destaresposta com a passagem de Is 9.6 demonstra que o Anjo do Senhor que apareceu a Manoá é o Menino de

quem nos Isaías se refere. Isto é, o Anjo do Senhor, cujonome é Maravilhoso.

(e) Outra prova escriturística que apresentamos, é que nocontexto neotestamentário, a Bíblia deixa de utilizar-sedo termo "o Anjo do Senhor" como pessoa específica.Isto é demonstrado pelo fato de que o artigo definidomasculino singular "o" deixa de ser utilizado, sendosubstituído pelo artigo indefinido "um". Alguns exemplosdisto são os textos de Lc 1.11; At 12.7 e At 12.23, dentremuitos outros. Infelizmente, nem todas as ocorrênciasno Novo Testamento, na versão ARC, aonde deveriaocorrer a expressão "um" anjo do Senhor, acontece. Emvez disso, se encontra o termo "o" anjo do Senhor. Fatoque foi corrigido na versão ARA, nos textos citados e emoutros correlatos.

Esta substituição na ARA possui um grande significado.Pois no contexto do Novo Testamento, contemporâneo ou

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posterior à encarnação, as manifestações angelicais não eramdo Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, poiso Anjo do Senhor já havia sido manifestado na carne (1Tm3.16).

Seu primeiro aparecimento foi à escrava egípcia, Hagara fim de lhe socorrer e foi identificado como sendo "O Anjo doSenhor" (Gn 16.7-12); depois a pessoa de Abraão (Gn22.11,15); a Jacó (Gn 31.11-13); a Moisés (Êx 3.2). Ainda maisexplicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés nasarça ardente disse, em linguagem bem clara: "Eu sou o Deusde teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de

Jacó" (Êx 3.6); a todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19);mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4); a Balaão (Nm 22.22-36); aJosué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do SENHOR émais provavelmente o Anjo do SENHOR); Josué prostrou-se eo adorou (Js 5.14). Esta atitude tem levado muitos a creremque esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus;do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10;22.8,9); a Gideão (Jz 6.11); a Davi (1Cr 21.16);K) a Elias (2Rs 1.3-4); a Daniel (Dn 6.22).

2. O Arcanjo Miguel 

Miguel tem seu correspondente no grego "Michael e nohebraico mika'el. O nome Miguel é muito expressivo, "quem écomo Deus?" Em que aspecto ele é semelhante a Deus não foirevelado, mas temos três passagens nas quais ele foidiretamente mencionado e onde vemos que ele tem grandeautoridade. De acordo com Dn 12.1, ele é o "defensor do povode Daniel - Israel". Em Judas 9 ele teve uma controvérsia comSatanás sobre o corpo de Moisés; mas nessa situação eapesar de toda a sua grandeza, ele não se atreveu a "proferir

 juízo infamatório contra ele", mas confiando na suadependência de Deus, ele declara: "...o Senhor te repreenda".

Miguel se encontra novamente na predição registrada em Ap12.7-12. Ele, como chefe dos exércitos do céu, participa deuma batalha vitoriosa no céu contra Satanás e os seus anjos.

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Temos ainda a revelação de que a "voz do arcanjo" será ouvidaquando Cristo voltar para buscar a Igreja (1Ts 4.16).

 A tradição sobre a existência de arcanjos não fazia parte

original da fé judaica. Assim, na literatura bíblica, Miguel éintroduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece no NovoTestamento em Jd 9 e Ap 12.7. Embora algumas literaturastenham Gabriel como outro Arcanjo (totalizando sete naliteratura apócrifa e pseudepígrafa, onde quatro nomes sãorevelados: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só revelaa existência de um único Arcanjo, Miguel. Isto é demonstradopelo fato de que nas duas ocorrências da palavra grega

archangelos, "arcanjo", 1Ts 4.16 e Jd 9, o termo só aparece nosingular, ligado unicamente ao nome de Miguel, donde seconclui biblicamente que só exista um anjo assimdenominado Arcanjo, ou anjo-chefe, e que esse Arcanjochama-se Miguel.

O Miguel que se pode encontrar no Novo Testamentosurge no Antigo Testamento apenas no livro de Daniel, à

semelhança de Gabriel, é um ser celestial. Tem, no entanto,responsabilidade especiais como campeão de Israel contra oanjo rival dos persas (Dn 10.13,21), e ele comanda osexércitos celestiais contra todas as forças sobrenaturais domal na última grande batalha (Dn 12.1). Na literatura judaicarecente, bem como nos apócrifos e pseudepígrafos, o nome deMiguel é apresentado como guardião militar e intercessor deIsrael.

No Novo Testamento, Miguel aparece apenas em duasocasiões. Em Jd 9, há referência a uma disputa entre Miguel eo diabo com respeito ao corpo de Moisés. Essa passagem ébastante polêmica. Orígenes acreditava que isto estariaregistrado num apócrifo chamado de "Assunção de Moisés",mas a história não aparece nos textos existentes, porém

incompletos, desta obra. A literatura rabínica posterior pareceter conhecimento desta história. O outro texto em que Miguelaparece, é Ap 12.7, que retoma o tema de Dn 12.1,

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apresentando-se Miguel como sendo o vencedor do dragãoprimordial, identificado como Satanás.

3. Gabriel

O vocábulo Gabriel tem sua correspondente nohebraico "geber El", e significa "homem de Deus". Aparecequatro vezes nas Escrituras como revelador do propósitodivino. No Antigo Testamento ele falou a Daniel sobre o finaldos tempos (Dn 8.15-27). Semelhantemente, deu a Daniel apredição quase incomparável de Dn 9.20-27. O profetadescobriu (Jr 25.11-12) que o período que Israel tinha de

permanecer na Babilônia era de setenta anos e que essetempo estava para se completar. Então se entregou à oraçãopelo seu povo. A oração, conforme registrada, Gabriel passoucom incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que oravana Terra. Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeováquanto ao futuro de Israel. No Novo Testamento trouxe aZacarias a mensagem do nascimento João (Lc 1.11-20) e foiele que veio com a maior de todas as mensagens à Maria

quanto ao nascimento de Cristo e o Seu ministério como Reisobre o trono de Davi (Lc 1.26-33). Apresenta-se como aqueleque "assiste diante de Deus" (Lc 1.19).

4. Querubins

Querubim tem sua correspondente no hebraico"qeruvim" (Gn 3.22-24; Ez 10.1-3). Vocábulo correlato com umverbo acadiano que significa "bendizer, louvar, adorar". Osquerubins estão sempre associados com a santidade de Deuse a adoração que a sua presença imediata inspira. O títuloquerubim fala de sua posição elevada e santa e suaresponsabilidade está intimamente relacionada com o trono deDeus como defensores de Seu caráter e presença santa.Proteger a santidade de Deus é uma atividade importante

deles. Os querubins aparecem pela primeira vez junto aoportão do Éden, depois que o homem foi expulso e comoprotetores para que o homem não retorne poluindo a santa

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presença de Deus. Aparecem novamente como protetores,embora em imagens de ouro, sobre a arca da aliança, ondeDeus se comprazia em habitar. A cortina do tabernáculoseparava a presença divina do povo ímpio, tinha bordados de

figuras de querubins (Êx 26.1). Ezequiel refere-se a estesseres chamando-os pelo seu título dezenove vezes e averdade relacionada com eles deriva destas passagens. Eleos apresenta com quatro rostos diferentes: de um leão, de umboi, de um homem e a face de uma águia (Ez 1.3-28; 10.1-22).Este simbolismo relaciona-se imediatamente com as criaturasviventes da visão de João (Ap 4.6-5.14).

5. Serafins (Is 6.1-3)

 A palavra serafins do hebraico "saraph" significa"ardentes", "queimadores", "irradiantes da glória de Deus","brilhantes de Deus", "incandescidos de Deus". Declaram aglória incomparável de Deus e a sua santidade suprema. Otítulo serafins fala de adoração incessante, do seu ministériode purificação e de sua humildade. Eles aparecem apenas

uma vez nas Escrituras sob esta designação (Is 6.1-3). Suaatribuição tripla de adoração conforme registrada por Isaías foirepetida por João (Ap 4.8) e sob o título de criaturas viventes.

 Alguns estudiosos acreditam que os "seres viventes" (ouanimais, Ap 4.6-9) são sinônimos de serafins e querubins.Todavia, os querubins em Ezequiel parecem semelhantes, eos "seres viventes" em Apocalipse são diferentes entre si.

6. Anjos eleitos

 A referência, em 1Tm 5.21, aos "anjos eleitos",descortina imediatamente um campo interessante de pesquisareferente ao alcance que a doutrina da eleição soberana deveter na relação dos anjos para com o seu Criador. É precisoaceitar que os anjos foram criados com um propósito e que no

seu reino, assim como o homem, os desígnios do Criadorserão executados até o final. A queda de alguns anjos foi tãoantecipada por Deus quanto a queda do homem. Está também

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implícito que os anjos passaram por um período deexperiência.

7. Governadores

Há indicações de que existam organizações entre osanjos bons. Em Cl 1.16, Paulo fala de tronos, soberanias(domínios), principados e potestades (poderes) e acrescentaque foram criados por intermédio dEle e para Ele. Isto pareceincluir que ele está se referindo aos anjos bons. Em Efésios1.21, a referência parece incluir tanto os anjos bons quantomaus. Nas outras passagens, essa terminologia se refere

definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8.38; Ef 6.13; Cl2.15).

8. Anjos especialmente nomeados

Certos anjos só ficaram conhecidos pelo serviço queprestaram. Destes, temos aqueles que serviram como anjos

(a) Tronos (thronoi) se referem a seres angélicos, cujolugar é na presença imediata de Deus. Esses anjos sãoinvestidos de poder real que exercem sob Deus;

(b) Domínios (gr. kuriotetes) parecem estar próximos dos

thronoi em dignidade;

(c) Principados (gr. archai) parecem se referir agovernantes sobre povos e nações distintos. Assim,Miguel é tido como príncipe de Israel (Dn 10.21; 12.1);assim lemos também a respeito do príncipe da Pérsia edo príncipe da Grécia (Dn 10.20). Isto é, cada um é umpríncipe em um destes principados;

(d) Poderes - potestades (gr. exousiai) são possivelmenteautoridades subordinadas, servindo sob uma das outrasordens. É verdade que não podemos saber com certezao significado real desses termos, mas esses acimaparecem ser uma explicação plausível.

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de juízo (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Ez 9.1,5,7; Sl78.49). Vejamos:

Vigilantes (Dn 4.13,23). Os "vigias" (aram. irin, correlato

com o heb. ur, "estar acordado") são mencionados somenteem Daniel 4.13,17,23. São os "santos" que promoviamzelosamente os decretos soberanos de Deus, edemonstravam o senhorio de Deus sobre Nabucodonosor.

 Anjo do abismo (Ap 9.11). "Tinham sobre si rei o anjo doabismo, cujo nome em hebraico é Abadom e em grego

 Apoliom" (Ap 9.11). Abadom (ou Apoliom) é identificado, talcomo sucede como muitíssimos outros elementos do

 Apocalipse, de muitas formas variadas. A seguir damos osprincipais pareceres sobre Abadom ou Apoliom: (a) É possívelque o "anjo-estrela" do primeiro versículo (Ap 9.1) esteja aquiem pauta, portanto ele é quem tem o poder de abrir o abismo;(b) as interpretações "simbólicas" não vêem aqui qualquer"ser" em particular, mas apenas a manifestação do "princípio

do mal" de várias formas; (c) tradicionalmente, Satanás éreputado o "rei do mundo inferior", a personificação do mal edaquilo que ele produz neste caso, a "destruição". Portanto,vários intérpretes supõem que Satanás está em foco nestepasso bíblico; (d) há precedentes, entretanto, para supor-seque o "rei do hades e Satanás são personalidades distintas".Se o vidente João alude aqui a esse tipo de tradição, então o"rei" (o "destruidor") neste caso será um elevado podermaligno, um arcanjo das trevas, por assim dizer, mas não opróprio Satanás. Não obstante, poderíamos supor que essepoder maligno está sujeito à autoridade do diabo. Dentre essasinterpretações, a de número quatro (d) é a mais provável.

 Aquele que tem autoridade sobre o fogo. "E saiu do Altaroutro anjo, que tinha poder sobre o fogo...". Esse Anjo é aquele

que, cuja missão é conservar o fogo aceso no altar celeste (Ap14.18).

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O anjo das águas. "e ouvi o anjo das águas que dizia: justo és tu, ó senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas" (Ap 16.5). Essa idéia é extraída da noção judaica helenista de que cada elemento da natureza é

controlado pelos anjos. assim, teríamos os anjos dos quatroventos, do calor, da geada, das águas, do fogo, e assim,interminavelmente. O anjo que aparece neste versículo tempor tarefa guardar os suprimentos de água do globo terrestre.

 Anjos que controlam os ventos. "E, depois destascoisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos daterra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhumvento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contraárvore alguma" (Ap 7.1). Os anjos que se acham nos quatrocantos da terra conservam presos os quatro ventos. Não lhes épermitido soprar e nem destruir. Em Dn 7.2,3, vemos os quatroventos do céu irrompendo sobre o mar, provocandodestruições imensas. Deus está no comando até do vento. "Eele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te,

aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança"(Mc 4.39).

 Anjos guardiões das nações. "E olhei e ouvi a voz demuitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; eera o número deles milhões de milhões e milhares de milhares"(Ap 5.11). A exemplo de Apocalipse Mateus 26.53, Hebreus12.22, e Salmos 68.17 indicam que os anjos a serviço de Deus

são muito numerosos. Outras passagens indicam que elesobservam os homens, prestando serviços em prol de nações,comunidades e indivíduos (Hb 1.14; Mt 18.10; Sl 9.1; Dn 10.13;12.1; Js 5.14). Os trechos bíblicos que dão apoio à doutrina dosanjos guardiões são Jó 33.23; Dn 10.13; Mt 18.10; Hb 1.14 e Ap1.20.

 Anjos guardiões da Crença judaica. Uma antiga

doutrina judaica ensina que o anjo guardião tem a semelhançaou aparência daquele a quem guarda, a que talvez seja

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refletido em Atos 12.15. Essa idéia pode estar ligada à noçãooriental do eu-superior ou super-eu do indivíduo.Presumivelmente, a alma não é o elemento superior doindivíduo, mas sim é um instrumento do eu-superior, que é a

verdadeira entidade. Esse super-eu é o homem em sua formamais elevada, um poderosíssimo ser espiritual. Nesse caso, oanjo guardião seria o próprio homem, e a alma seria seuinstrumento, tal como o corpo é o instrumento da alma. Hámuitos mistérios, e talvez o que aqui dizemos perscrute umtanto esses mistérios, sem desvendá-los. Se esse conceito éveraz, então o indivíduo é seu próprio anjo guardião, ou pelomenos, poderia ser, embora esse anjo exista em uma outra

dimensão de seu próprio ser. Isso não negaria a existência deoutros espíritos elevados, que poderiam interessar-se emnossas vidas e aos quais poderíamos chamar de "anjos".

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Capítulo 5

Suas Atribuições Ministeriais

1. No ministério de Jesus 

1.1. Na eternidade passada (Sl 90.2), adoravam aCristo 

"E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito,diz: E todos os anjos de Deus o adorem" (Hb 1.6). A expressão

eternidade passada refere-se à existência eterna de Deus, quenão tem começo nem fim. Eternidade (hb. olam) não significaem primeiro lugar que Deus transcende o tempo, mas, sim, queé infindável no tempo (Gn 21.33; Jó 10.5; 36.26). As Escriturasnão ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempopresente, onde não há nem o passado nem o futuro. Ostrechos das Escrituras que declaram a eternidade de Deusfazem-no em termos de continuidade, e não de

intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado comopassado, o presente como presente e o futuro como futuro.

1.2. Anunciaram o seu nascimento

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: EstandoMaria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem,rachou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu

marido, como era justo se a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lheapareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, nãotemas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela estágerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe poráso nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seuspecados" (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc 1.26,28; 2.8,20. Um

anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus, fato registradotanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam em

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seus registros em declarar inequivocamente que Jesusnasceu de uma mãe virgem, sem a intervenção de pai humano,e que Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.34,35). Adoutrina do nascimento virginal de Jesus, de há muito vem

sendo atacada pelos teólogos liberais. É inegável, no entanto,que o profeta Isaías vaticinou a vinda de um menino, nascidode uma virgem, que seria chamado Emanuel , um termohebraico que significa Deus conosco (Is 7.14).

Essa predição foi feita 700 anos antes do nascimento deCristo. A palavra virgem é a tradução correta da palavra gregaparthenos, empregada na Setuaginta, em Is 7.14. A palavrahebraica significando virgem (almah) , empregada por Isaías,designa uma virgem em idade de casamento, e nunca é usadano Antigo Testamento para qualquer outra condição da mulher,exceto a da virgindade (Gn 24.43; Is 7.14). Daí, Isaías, Mateuse Lucas afirmarem a virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É detoda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que onosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim

nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus comohomem impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal deJesus satisfaz essas duas exigências. (a) A única maneira deEle nascer como homem era nascer de uma mulher. (b) A únicamaneira de Ele ser um homem impecável era ser concebidopelo Espírito Santo (Hb 4.15). (c) A única maneira de Ele serdeidade, era ter Deus como seu Pai. A concepção de Jesus,portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí, o

Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma sóPessoa divina, com duas naturezas: divina e humana, masimpecável. Por ter vivido como ser humano, Jesus secompadece das fraquezas do ser humano (Hb 4.15,16). Comoo divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o serhumano da escravidão do pecado e do poder de Satanás (At

26.18; Cl 2.15; Hb 2.14; 4.14,15; 7.25). Como ser divino etambém homem impecável, Ele preenche os requisitos comosacrifício pelos pecados de cada um, e também como sumo

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sacerdote, para interceder por todos os que por Eleaproximam-se de Deus (Hb 2.9-18; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12).

Eis a suprema importância da intervenção angelical junto a José quando este intentava deixar secretamente Maria

(Mt 1.18,19).

1.3. Protegeram-No na Sua infância 

"E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhorapareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma omenino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até queeu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o

matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, denoite, e foi para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes,para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor peloprofeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. ...Morto, porém,Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, aJosé, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e suamãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que

procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, etomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel". Essesdois avisos da parte de Deus a José, por meio dos seus anjos,nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama e Ele équem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e livrar seusfiéis das mãos dos que lhes querem fazer mal.

1.4. Acolheram depois da tentação no deserto

  “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites,depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tués o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem empães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só depão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca deDeus" (Mt 4.2,3). "Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaramos anjos e o serviram" (Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depoisteve fome, e a seguir foi tentado por Satanás a comer. Isto podeindicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não de água.

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 Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez queCristo teve que enfrentar a tentação, como representante dohomem ele não poderia empregar nenhum outro meio paravencê-la além do de um homem cheio do Espírito Santo (Êx

34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16). Por conseguinte, esperaria naprovidência do Pai, não precisaria transformar pedras em pãespara alimentar-se. A sua justa obediência é recompensadapelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectosprincipais da tentação de Jesus girou em torno do tipo deMessias que Ele seria e como empregaria a sua unção da partede Deus. Jesus foi tentado a utilizar sua unção e posição para

servir a seus próprios interesses, obter glória e poder sobre asnações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho do sofrimento, eajustar-se à expectativa popular de um Messias sensacional.

1.5. Consolaram-no em sua luta espiritual noGetsêmane 

Em oração no Getsêmane Jesus diz: "...Meu pai, sepossível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como euquero, mas como tu queres" (Mt 26.39b). "E apareceu-lhe umanjo do céu, que o confortava" (Lc 22.43). Sua oração, no quediz respeito ao afastamento do cálice não foi atendida,contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante um anjodo céu, que o confortava.

1.6. Acompanharam toda sua vida ministerial

Jesus falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele(Jo 1.51); disse poder contar com mais de 12 legiões de anjosem prol de sua defesa (Mt 26.53). "E, sem dúvida alguma,grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou emcarne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aosgentios, crido no mundo e recebido acima, na glória" (1Tm3.16).

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1.7. Observaram-no na Sua ressurreição

 A ressurreição de Jesus Cristo (Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo20.12; Mt 28.6) é uma das verdades essenciais do evangelho

(1Co 15.1-8). Qual a importância da ressurreição de Cristopara os que nEle crêem? Ela comprova que Ele é o Filho deDeus (Jo 10.17,18; Rm 1.4). Garante a eficácia da sua morteredentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a verdade dasEscrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízofuturo dos ímpios (At 17.30,31). É o fundamento pelo qualCristo concede o Espírito Santo e a vida espiritual ao seu povo(Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45), e a base do seu ministério

celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.23-28). Garante aocrente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e suaressurreição ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3;1Ts 4.14ss). Ela põe à disposição do crente, na sua vida diária,a presença de Cristo e o seu poder sobre o pecado (Gl 2.20; Ef1.18-20; Rm 5.10).

 A ressurreição de Cristo está bem comprovada

historicamente. Depois de ressurgir, Cristo permaneceu naterra por quarenta dias, aparecendo e falando com osapóstolos e muitos outros seus seguidores. Suas apariçõesdepois da ressurreição são as seguintes: a Maria Madalena (Jo20.11-18); às mulheres que voltavam do sepulcro (Mt 28.9,10);a Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam a caminho de Emaús (Lc24.13-32); a todos os discípulos, exceto Tomé e outros comeles (Lc 24.36-43); a todos os discípulos num domingo à noite,uma semana depois (Jo 20.26-31); a sete discípulos junto aomar da Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na Galiléia 1Co15.6); a Tiago (1Co 15.7); aos discípulos que receberam aGrande Comissão (Mt 28.16-20); aos apóstolos, no momentoda sua ascensão (At 1.3-11); e ao apóstolo Paulo (1Co 15.8).

E nesta ocasião tão solene, de elevada significância,

anjos do Senhor se fazem presentes, testemunhando,confortando e dando orientações às visitantes do túmulo

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vazio: "E eis que houvera um grande terremoto, porque umanjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo apedra, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como umrelâmpago, e a sua veste branca como a neve. E os guardas,

com medo dele, ficaram muito assombrados e como mortos.Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhaismedo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Elenão está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde evede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, edizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eisque ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis queeu vo-lo tenho dito" (Mt 28.2-7).

1.8. Na sua ascensão acompanharam

"E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, osabençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartoudeles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram comgrande júbilo para Jerusalém" (Lc 24.50-52). "E, quando dizia

isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem orecebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhosfitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles sepuseram dois varões vestidos de branco, os quais lhesdisseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu?Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há devir assim como para o céu o vistes ir" (At 1.9,10,11).

1.9. Eles o acompanharão na Sua segunda vinda

"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco,quando se manifestar Senhor Jesus desde o céu, com os anjosdo seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dosque não conhecem a Deus e dos que não obedecem aoevangelho de nosso Senhor Jesus Cristo" (2Ts 1.7).Observamos que embora Deus vá retribuir aos ímpios (2Ts

1.6) no começo da grande tribulação (Ap 6), a retribuiçãocompleta (2Ts.6-9) ocorrerá somente no fim da presente era,

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quando o "Senhor Jesus se manifestar desde o céu, com osanjos do seu poder", para julgar os ímpios (2Ts 7-10; Ap 19.11-21). Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc 9.26.

2. Como espectadores da obra de Deus

Em quatro exemplos lemos que os anjos foramespectadores (como aquele que assiste, que presencia algo,que observa algo). Em Lc 15.10 eles observaram a alegria doSenhor por um pecador que se arrepende. Não é a alegria dosanjos, como se supõe frequentemente (Jd 24). Em Lc 12.8-9,Cristo disse: "... digo-vos ainda: Todo aquele que me confessar

diante dos homens, também o Filho do homem o confessarádiante dos anjos de Deus, mas o que me negar diante doshomens, será negado diante dos anjos de Deus...". Assim,também, toda a vida terrena de Cristo foi "contemplada poranjos" (1Tm 3.16). Em Ap 14.10-11, os anjos observam oinfortúnio eterno daqueles que "adoram a besta e a suaimagem". Por outro lado, a Igreja, segundo predição, julgará osanjos (1Co 6.3), apesar de que, atualmente, esteja tão poucopreparada até mesmo para julgar as coisas da Terra.

3. Executores de juízos divinos

Foram portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17);trouxeram respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4);serviram em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22); protegeramos santos que tementes a Deus que se afastaram do mal (Sl34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10); castigaram os inimigos deDeus (2Rs 19.35).

4. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a leide Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2).

“... Vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e

não a guardastes" (At 7.53). Veja o contexto de GI 3.19: "...alei..., foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro". Moisés

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falava, e Deus respondia em alta voz. Agora com a presençade Deus na montanha, tudo mudou de aspecto. A montanhainteira pareceu pulsar de vida. O terror se apoderou do povoembaixo. A terra pareceu abalada por meio obscuro. Quando

Deus veio ao topo da montanha, estava acompanhado demilhares de anjos (SI 68.8-17). Moisés, testemunha silenciosae solitária deveria ter sido dominado por uma grande visão,ainda que não fosse a totalidade das forças de Deus. Abala aimaginação pensar que espécie de manchete teria ocorrido ali."E tão terrível era a visão que Moisés disse: Estou todoassombrado, e tremendo" (Hb 12.21a). Observa-se que aaparição de Deus cercada de seres angélicos foi imensamentegloriosa. Ele resplandeceu como o sol quando ganha força nofirmamento. Mesmo Seir e Parã, duas montanhas a algumadistância, foram iluminadas pela Glória Divina que apareceuno monte Sinai, refletindo alguns de seus raios; tão brilhante foia aparição de Deus e Seus ministros e tanto empenho derelatar as maravilhas da providência divina, que até "... raiosbrilhantes saíam da sua mão..." (SI 18.7,8; Hb 3.3). Além desta

aparição de anjos ao lado do seu Criador, o ministério angelicalé proeminentemente desenvolvido no Antigo Testamento. H.Halley observa que os anjos estão presentes em quase todosos acontecimentos tanto do Antigo como do Novo Testamento.Eles afloram por toda a Bíblia!

5. Executam são questionar qualquer comando de Deus

Sob as ordens de Deus um anjo feriu a 70 mil escolhidosde Israel no tempo de Davi. "Então, enviou o SENHOR a pestea Israel, desde pela manhã até ao tempo determinado; e,desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo.Estendendo, pois, mo Anjo a sua mão sobre Jerusalém, para adestruir, o SENHOR se arrependeu daquele mal; e disse ao

 Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira atua mão. E o Anjo do SENHOR estava junto à eira de Araúna, o

 jebuseu. E, vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou aoSENHOR e disse: Eis que eu sou o que pequei e eu o que

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iniquamente procedi; porém estas ovelhas que fizeram? Seja,pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai" (2Sm24.15-17).

6. Prestam socorro sob o comando divino

Obedecendo a Deus um anjo acudiu Elias quando fugiada fúria de Jezabel. "E deitou-se e dormiu debaixo de umzimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pãocozido sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, ebebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do SENHOR tornousegunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porquemui comprido te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, ebebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarentadias de quarenta noites até Horebe, o monte de Deus" (1Rs19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modocompassivo e amorável (Hb 4.14,15). Permitiu que Eliasdormisse; fortaleceu-o com alimentos; propiciou-lhe uma

revelação inspiradora do seu poder e presença; concedeu-lhenova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel efraterno. Noutras palavras, quando o filho de Deus enfrenta odesânimo, no desempenho que Deus lhe confiou, ele podesuplicar a Deus, em nome de Cristo, que lhe dê força, graça ecoragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6;7.25).

7. Estão sempre prontos para agir 

Por divina revelação Eliseu, certa manhã, viu-secercado de anjos invisíveis aos olhos de seu criado e visíveisaos seus. "Então, enviou para lá cavalos, e carros, e um grandeexército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. E omoço do homem de Deus se levantou mui cedo e saiu, e eisque um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros;

então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? Eele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco

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do que os que estão com eles. E orou Eliseu e disse: SENHOR,peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHORabriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheiode cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6.14-17).

Existe um mundo espiritual invisível, que consiste nas hostesde anjos ministradores, que estão ativos na vida do povo deDeus (Gn 32.1,2; Sl 91.11; 34.7; Is 63.9). Desse ocorridopodemos assimilar vários princípios: Não somente Deus está afavor do seu povo (Rm 8.31), como também exércitos dosseus anjos estão disponíveis, prontos para defender ocrente e o reino de Deus (Sl 34.7). Por conseguinte todos osque crêem na Bíblia devem orar continuamente para Deuslivrá-los da cegueira espiritual e abrir os olhos dos seuscorações para verem mais claramente a realidade espiritual doreino de Deus (Lc 24.31; Ef 1.18-21) e suas hostes celestiais(Hb 1.14). Os espíritos ministradores de Deus não estãodistantes, mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2), observando osatos e a fé dos filhos de Deus e agindo em favor deles (At 7.55-60; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm 5.21). Sabemos que a verdadeira

batalha no reino de Deus não é contra a carne e o sangue. Éuma batalha espiritual "contra as potestades, contra ospríncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituaisda maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef6.11). Concluímos que há um relacionamento de causa e efeitonas batalhas espirituais; o resultado das batalhas espirituais édeterminado parcialmente pela fé e oração dos santos (Ef6.18,19; Mt 9.38).

8. Atuam em situações adversas

Durante o cativeiro babilônico, um anjo livrou o profetaDaniel da cova dos leões. "O meu Deus enviou o seu anjo efechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano,porque foi achada em mim inocência diante dele; e tambémcontra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum" (Dn 6.22). Acova dos leões era subterrânea, tendo uma abertura na partesuperior. Uma pedra grande cobria a abertura, e o selo do rei

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significava que a cova não podia ser aberta sem a suaautorização. Daniel, por ser íntegro e ter um "espíritoexcelente", era admirado pelo rei, que também honrava o seuDeus. Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu decreto,

manifestou a esperança de que Deus livraria Daniel.Possivelmente ele ouvira falar do livramento que Deusconcedera aos três amigos de Daniel, no caso da fornalha defogo ardente (Dn 3.6,23-29). O rei procurou encorajar Daniel acrer no seu Deus, mas sua atitude na manhã seguinte nãodemonstrava confiança de que Daniel estivesse vivo. Mas oanjo de Deus fechou a boca dos leões diante do profeta fiel, eeste estava são e salvo. Este livramento levou Dario a dartestemunho do poder do Deus que é maior do que o poder dosleões. Note-se também que o significado do nome de Daniel,"Deus é meu juiz", cumpriu-se na própria experiência doprofeta. Ele foi vindicado pelo Senhor, e considerado justo porsua decisão de não se contaminar, para manter a pureza da leide Deus e por sua fidelidade na oração.

9. Auxiliam os filhos de Deus na produção de textosUm anjo ajudou a Zacarias na redação de seu livro (Zc

1.9; 2.3 e 4.5). Durante todo o período da Antiga Aliança osanjos estiveram presentes na vida de muitos personagens daBíblia. Podemos fazer outras citações, tais como; 1Rs 13.18;Jó 4.15,16; SI 34.7; Zc 3.3 etc. Ora, estas aparições ouintervenções angélicas na vida destas pessoas, são apenas

manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjosestiveram presentes, porém invisíveis aos olhos humanos.

10. Estão presentes não dificuldades dos que prestamserviço a Deus

 A Igreja Primitiva teve seu princípio de formaçãoauxiliada e protegida por estes seres celestiais. Vejamos: doisanjos foram testemunhas da ascensão de Cristo (At 1.10,11);um anjo abriu as portas da prisão e soltou os apóstolos Pedro e

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João (At 5.19); um anjo encaminhou Filipe, o Evangelista, aoeunuco etíope (At 8.28); um anjo soltou Pedro da prisão (At12.7-9); um anjo orientou o Centurião Cornélio, a chamar aPedro (At 10.3); um anjo feriu Herodes e ele morreu comido de

bichos (At 12.23); um anjo esteve com Paulo indo à Roma (At27.23).

11. No final da presente era atuarão grandemente

Os anjos no livro do Apocalipse são proeminentes. Porexemplo, um anjo dirigiu a redação do livro para João (Ap 11.1;22.6,16). Cerca de 71 vezes, os anjos são nele mencionadoscom missão especial. Não é imaginação, mas realidade, queos anjos são nossos conservos de mil maneiras. Nenhumaverdade está mais estabelecida pelas Escrituras do que adeclaração de Hb 1.14, que diz "serem estes seres enviadospara servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação".Deus mandará um anjo para completar a pregação do"Evangelho do Reino". Na passagem de Apocalipse 14.6, está

pintado literalmente a missão deste mensageiro. "... e vi outroanjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, paraproclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda a nação,tribo, e língua, e povo". Duas pregações deste Evangelho sãomencionadas nas Escrituras, uma passada, começando com oministério de João Batista e terminando com a rejeição do seuRei pelos judeus. A outra ainda é futura (Mt 24.14), durantea Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda em

Glória de Cristo. Isso será feito pelo anjo do presente texto.Este Evangelho será pregado logo no fim da GrandeTribulação e imediatamente como já dissemos acima, antes do

 julgamento das nações viventes (Mt 25.31-46). Estas "Boas-Novas" são universais e abrangem "toda a criatura".

12. Na cura divina

Uma outra cooperação angelical no que diz respeito àpessoa humana, prende-se ao fato de cura divina. Embora um

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pouco escasso, a passagem de João 5.4 ilustra o significadodo pensamento. Ali vemos um anjo de Deus trazendo cura paraos enfermos, "...descia em certo tempo, ao tanque, e agitava aágua; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da

água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse". Emmuitas outras passagens tanto do Antigo como do NovoTestamento, observamos os anjos cooperando com Deus e oshomens no plano da redenção (Êx 23.20,23; Jó 33.23; Dn 9.24-27; Hb 1.14; 1Pe 1.12).

13. No conforto e consolação

Esta cooperação angelical prende-se ao ministério da"consolação" e do "conforto". Sua presença pode tranquilizar econfortar em tempos de crise argumenta Billy Graham (Anjos,os agentes secretos de Deus), Daniel também afirma isto nocapítulo 10.19 do seu livro. Veja! "... e, falando ele (o anjo)comigo, esforcei-me, e disse: Fala, meu senhor, porque meconfortaste...". Nosso amado Salvador, apesar de ser Senhordos anjos, foi também certa vez confortado por um deles. "... eapareceu-lhe um anjo (Gabriel?) do Céu, que o confortava..."(Lc 22.43; Hb 5.7). O profeta Zacarias teve também similarexperiência quando Deus pôs na boca do anjo intérprete"palavras consoladoras", as quais foram transmitidas para oprofeta (Zc 1.13b). Outras passagens similares, tanto do

 Antigo como do Novo Testamento, poderiam ser aquianotadas, mas somente catalogamos estas para expressar o

significado do pensamento. 

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Capítulo 6

Satanologia - Doutrina Bíblica de Satanás

Introdução 

Em tempos remotos, houve rebelião entre os seresespirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt 25.41; 2Pe 2.4).O mais elevado dos anjos "querubim ungido", encabeçou essarebelião. Por certo há muitas ordens de seres angelicais,algumas dotadas de grande poder, e outras de poder inferior

aos homens, algumas elementares, talvez similares aosanimais irracionais, e outras com inteligência ainda inferior aosirracionais.

1. O Fato de sua Queda

Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em

estado de perfeição. Quando nos referimos ao relato dacriação em Gn 1, lemos sete vezes que o que Deus havia feitoera bom. No último versículo desse capítulo, lemos "viu Deustudo quanto fizera, e eis que era muito bom". Isso certamenteinclui a perfeição dos anjos em santidade quandooriginalmente criados. Não poucos teólogos acham que Ez28.15 se refere a Satanás. Assim sendo, então ele édefinitivamente mostrado como tendo sido criado perfeito.Todavia, diversas passagens mostram alguns dos anjos comomaus (Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11; 12.7-9), isto se deve ao fatode terem deixado seu próprio principado e habitaçãoapropriada (Jd 6) e pecado (2Pe 2.4). Não há dúvida queLúcifer tenha sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se refere a elecomo sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva, e lamenta asua queda. Ez 28.15-17 semelhantemente descreve sua

queda. Não pode haver dúvidas, portanto, de que houverealmente uma queda para alguns dos anjos.

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2. A Época da sua Queda

 A Escritura silencia quanto a este ponto; mas deixa claroque a queda dos anjos se deu antes da do homem, já que

Satanás entrou no Jardim sob a forma de serpente e induziuEva a pecar.

3. A Causa de sua Queda

Este é dos profundos mistérios da teologia. Mostramosacima que os anjos foram criados perfeitos. Isto significa quetoda a afeição de seus corações era dirigida por Deus. A

questão é: como pôde tal ser cair? Como pôde a primeiraafeição menos santa brotar em tal coração, e como pôde avontade receber o primeiro impulso para se afastar de Deus?

 A idéia, apoiada em bases bíblicas, é de que a queda do"querubim ungido" resultou de sua própria escolha. Deusestabeleceu a sua soberana vontade para ser obedecida eapreciada por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não

seria obedecida por força, mas livremente. É por esse princípiobíblico que podemos entender a causa da queda. A Escriturade Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei Nabucodonosor,um rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O queprecedeu a queda do "querubim" foi a sua ilusão e enganoacerca do seu próprio poder nas hostes angelicais.Imaginando-se superior a todos os demais anjos criados,pretendeu tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativasdescritas em Isaías 14.13,14 revelam as pretensões do"querubim".

 A primeira afirmativa foi "eu subirei ao céu". Umatentativa de estar acima de toda a criação e do próprio Deus. Asexpressões "eu subirei ao céu", e "estavas no Éden, jardim deDeus" devem ser analisadas a luz de "como caíste do céu", a

fim de que o Éden, aqui em apreço, não seja confundido com oÉden terrestre. Naqueles primórdios o jardim do Éden forapreparado com tanto magnificência para o "querubim", "o

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perfeito em formosura" que descarta a idéia de um Édenmineral. O Éden magnífico e riquíssimo do "querubim" existiuantes do Éden de Adão e Eva e com certeza, em outradimensão e glória, tratava-se de um Éden metafísico,

espiritual. A pomposa descrição de Ezequiel, embora nosmostre haver sido o Éden um reino mineral das pedraspreciosas, isto se dar apenas a título de conotação, ao passoque, segundo Gn 2.5-15, o Éden de Adão era de naturezavegetal e mineral. Aquele era espiritual, criado para um serespiritual, e este material, físico, pois seria o habitat de nossospais, não confundamos, portanto, os Edens. A segunda,"acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono". Quando se

refere às estrelas de Deus, ele estava falando dos demaisanjos criados. A terceira, "no monte da congregação meassentarei". O monte da congregação refere-se ao lugar dotrono de Deus onde ele queria assentar-se. A quarta, "subireiacima das mais altas nuvens". Mais uma vez, ele revela suaintenção presunçosa de superioridade. A quinta "sereisemelhante ao Altíssimo". Aqui estava a mais grave daspretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em posição

unilateral em relação ao Criador.

Devemos, portanto, concluir que a queda dos anjos sedeu devido a sua revolta autodeterminada contra Deus. Foisua escolha, de si próprios e seus interesses em lugar deescolherem a Deus e Seus interesses. Se indagarmos quemotivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião,

parecemos obter diversas respostas das Escrituras. Grandeprosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveiscausas. O rei de Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e diz-se que ele caiu devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambiçãodesmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem outracausa. O rei da Babilônia é acusado de ter essa ambição, e eletambém simboliza Satanás (Is 14.13,14). A queda de Lúcifer foiinevitável e consequente. Sua avidez irrefreada de querer ser

igual a Deus, aguçou o interesse de grande número de anjosque resolveu acompanhá-lo. Por esse ato pecaminoso contra

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o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais econdenado a execração eterna. Mas ele continua como oinstigador do pecado no mundo (Rm 7.14).

4. O Resultado de sua Queda

 As Escrituras registram diversos resultadosdecorrentes sua queda, entre eles alistamos que: Todos elesperderam sua santidade original e se tornaram corruptos emnatureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap 12.9); alguns delesforam lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o

dia do julgamento (2Pe 2.4); outros permaneceram emliberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjosbons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21; Jd 9); eles serão, em umdia futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu

 julgamento (1Co 6.3), no lago de fogo (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).

Igualmente, discordamos da idéia de que a redenção deCristo tenha incluído os anjos caídos, como querem alguns

teólogos. O estado de condenação dos "anjos caídos" éirreversível, assim como é imutável, a situação daqueles quepartiram para a eternidade sem Cristo (Ap 20.10). "E o diabo,que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, ondeestá a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serãoatormentados para todo o sempre". O poder de Satanásacabará então, pois Deus o lançará no lago de fogo para todo o

sempre (Is 14.9-17). Ali, ele não reinará, sendo sempreatormentado, dia e noite, eternamente.

Finalmente, seria bom que os que advogam salvaçãopara o diabo e seus anjos, observassem os textos bíblico, quealistamos na sequência: Anuncia "tribulação e angústia" (Rm2.9). "Pranto e ranger de dentes" (Mt 22.13; 25.30). "Eternaperdição" (2Ts 1.9). "Fornalha de fogo" (Mt 13.42,50).

Preconiza "cadeias da escuridão" (2Pe 2.4). Do "tormentoeterno" (Mt 25.46), de um "inferno" e de um "fogo que nunca se

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apaga" (Mc 9.43). De um "ardente lago de fogo e de enxofre"(Ap 19.20). E onde "a fumaça do seu tormento sobe para todo osempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite" (Ap14.11).

5. Os Anjos Maus

Eles estão divididos em duas classes distintas: os livrese os prisioneiros. Aqueles que estão livres andam pelasregiões celestiais sob o governo de seu príncipe e líder,Satanás, que é o único que recebe menção específica naBíblia (Mt 12.24; Mt 25.41). Esses espíritos malignos emliberdade, sob o comando de Satanás, de quem sãoemissários e súditos (Mt 12.26), são tão numerosos que estãoem todo o lugar. Os anjos caídos que estão presos são aquelesque abandonaram sua própria habitação, e tornaram-se tãodepravados ou maus, que Deus os encerrou no abismo(tártaro, Jd v.6; Ap 9.1,2,11).

5.1. Os Anjos que são Mantidos AprisionadosTanto o apóstolo Pedro como Judas irmão de Tiago

(2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao se referirem aos mesmosanjos. Pedro diz que eles pecaram e que Deus os precipitou noTártaro, entregando-os ao abismo de trevas e reservando-ospara juízo. Judas apresenta seu pecado como sendo o dehaverem abandonado seu próprio principado e domicílio. Pode

ser que Judas estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 daSeptuaginta. Lá afirma que Deus dividiu as nações "de acordocom o número dos anjos de Deus". Assume-se que Deus tenhanomeado um ou mais anjos para cada uma das nações. O fatode que várias nações estão assim sob um ou outro dessespríncipes "angélicos" é evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1;12.1). Deixar seu próprio principado poderia assim significarinfidelidade no cumprimento de seus deveres; maisprovavelmente significa que eles tentaram obter um principadomais cobiçado. Como castigo do seu pecado, Deus os

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precipitou no Tártaro. É só aqui que esta palavra aparece noNovo Testamento. Para Homero poeta grego, autor dos épicosIlíada e Odisséia (séc. IX a.C.), o Tártaro é um lugar sombrioabaixo do Hades. Se os homens maus descem ao Hades, não

parece improvável que Tártaro, o lugar onde os anjos mausestão confinados seja ainda mais abaixo. Seu castigo consistede estarem confinados em abismos de trevas e estarempresos por algemas eternas, reservados para o juízo dogrande dia. As algemas são "eternas" (gr. aidiois), no sentidode que nunca se desgastam. Serão usadas, entretanto,apenas até o dia do juízo, e finalmente serão lançados no lagodo fogo.

5.2. Os Anjos Maus que estão em Liberdade.

Estes são normalmente mencionados em conexão comSatanás, seu líder (Mt 25.41; Ap 12.7-9). Mas, Sl 78.49; Rm8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles separadamente.Estão, é claro, incluído em "todo principado e potestade, epoder, e domínio" (Ef 1.21), e são mencionadosespecificamente em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupaçãoé a de apoiar seu líder Satanás na luta dele contra os anjosbons e o povo e a causa de Deus.

6. Satanás

Satanás (gr. Satã, que significa adversário), foi antes

um elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado comoministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo, antesde o mundo existir, rebelou-se e tornou-se o principaladversário de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). Satanás nasua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grandemultidão de anjos inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitosdesses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra esua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo a

vontade permissiva de Deus.

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Satanás, também chamado "a serpente", provocou aqueda da raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a serpentelevantou-se contra Deus através da sua criação. Declarou queaquilo que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, ela

foi a causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raçahumana que ele fizera à sua imagem. A serpente éposteriormente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9;20.2). Certamente Satanás controlou a serpente e usou-acomo instrumento para efetuar a tentação (2Co 11.3,14).

6.1. Todo o Mundo está no Maligno

Nunca compreenderemos adequadamente o NovoTestamento a não ser que reconheçamos o fato subjacentenele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno, eo seu poder controla o presente século mau (Lc 13.16; 2Co 4.4;Gl 1.4; Ef 6.12).

 As Escrituras não ensinam que Deus hoje controladiretamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de

maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade etc. Deusnão deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo osofrimento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorreprocede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica queatualmente o mundo não está sob o domínio de Deus, mas emrebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Porcausa dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) ereconciliar o mundo com Deus (2Co 5.18,19). Nunca devemos

afirmar que "Deus está no controle de tudo", a fim de esquivar-nos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado,a iniquidade ou a mornidão espiritual.

Há, no entanto, um sentido em que Deus está nocontrole do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todasas coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e

controle ou, às vezes, através da sua ação direta, deconformidade com o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim,na presente era da história, Deus tem limitado seu supremo

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poder e domínio sobre o mundo. Esta limitação é apenastemporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria,Ele destruirá toda a iniquidade e o próprio Satanás (Ap 19.20).

Somente então é que "os reinos do mundo vieram a serde nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo osempre" (Ap 11.15).

O império do mal sobre o qual Satanás reina éaltamente organizado e exerce autoridade sobre regiões domundo inferior, os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos

(Jo 12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2Co 4.4).Satanás não é onipresente, onipotente, nem onisciente; porisso a maior parte da sua atividade é delegada a seusinumeráveis demônios (Ap 16.13,14).

Jesus veio à terra a fim de destruir as obras de Satanás(1Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de livrar o homemdo domínio de Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19; 13.16; At 26.18).

Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás eganhou a vitória final de Deus sobre ele (Hb 2.14).

No fim da presente era, Satanás será confinado aoabismo durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso será solto,após o que fará uma derradeira tentativa de derrotar Deus,seguindo-se sua ruína final, que será o seu lançamento no

lago do fogo (Ap 20.7-10).Satanás atualmente guerreia contra Deus e seu povo

(Ef 6.11-18), procurando desviar os fiéis da sua lealdade aCristo (2Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o sistema domundo (1Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livramentodo poder de Satanás, para manter-se alerta contra seus ardis etentações (Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual,

permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).

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6.2. Nomes que designam Satanás

Satanás é um ser inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíbliainteira o apresenta resistindo a Deus e perturbando a paz das

nações com guerra, destruição e misérias. As Escrituras sereferem a este ser poderoso através de substantivos próprios epronomes pessoais diferentes, como:

(a) Satanás (1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap 20.2 etc.). Essetítulo lhe foi dado após a sua queda da presença deDeus, e significa "adversário" (Zc 3.1; 1Pe 5.8). Foi apartir do momento em que Lúcifer encheu-se deiniquidade e permitiu que a presunção o dominasse queaconteceu a grande tragédia universal. Tornou-se, porisso, um arquiinimigo de toda a criação viva de Deus.

(b) Diabo (Mt 13.39; Jo 13.2 etc.). Este termo apareceapenas no Novo Testamento. É uma transcrição dovocábulo grego diabolos que significa "caluniador,acusador" (Ap 12.10). Existe uma história onde o diabocalunia e acusa um servo de Deus chamado Jó. Embora

esse homem fosse íntegro, o diabo apareceu diante doSenhor para acusá-lo (Jó 1.9-11). Como diabo, ele é oacusador dos irmãos (Ap 12.10). Ele fala mal de Deuspara o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap12.10. Como pai da mentira, ele tenta acusar os servosdo Senhor, como se Deus não pudesse perceber as suasmentiras (Jo 8.44).

(c) Dragão (Is 51.9; Ap 12.3,7 etc.). A palavra "dragão"(tannin) parece significar literalmente "serpente" ou"monstro marinho". O dragão é considerado como apersonalidade de Satanás, como o é de Faraó em Ez29.3; 32.2. O dragão é um animal marinho e podeapropriadamente representar a atividade de Satanásnos mares do mundo.

(d) A Antiga serpente (Gn 3.1; Is 27.1 etc.). Este termo

indica sua desonestidade (Jó 26.13) e falsidade (2Co11.3).

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(e) Belzebu (Mt 10.25; 12.24,27), ou mais corretamente,Beelzebul, de acordo com a palavra grega. Não seconhece o significado exato do termo. Em sírio, significa"senhor do esterco". É também sugerido que o termo

significa "senhor da casa". Esse título tinha uma relaçãocom um deus pagão de Ecrom, por nome Baal-Zebub ouBaal-Zebul. No texto grego do Novo Testamento, essenome aparece como Belzebu, cuja atribuição dada pelos judeus do tempo de Cristo era o de "príncipe dosdemônios" (Mt 10.25; Mc 3.22). Como os judeus usavamesse nome com um tom de escárnio, porque o mesmoreferia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nemqualquer pudor, identificou Belzebu como Satanás (Lc11.18,19; Mc 3.24-27).

(f) Belial ou Beliar (2Co 6.15). Este termo é usado noVelho Testamento no sentido de "indignidade" (2Sm23.6). Assim, lemos a respeito dos "filhos de Belial" (Jz20.13), os "homens de Belial" (1Sm 30.22), e dos"homens depravados".

(g) Lúcifer. Esse nome não aparece literalmente emnossas versões bíblicas, é a forma latina traduzido porJerônimo na Vulgata. Na linguagem metafórica deIsaías 14.12, o nome Lúcifer aparece vinculado aexpressão "filho da alva". Os babilônicos criam que osastros celestes ou estrelas fossem seres angélicos, porisso, "um filho da alva" representava a primeira luz damanhã, e Lúcifer, em seu primeiro estado possuía esta

característica. Este termo significa a estrela da manhã,um nome dado ao planeta Vênus. Significa literalmente oque traz a luz, e é um nome usado para Satanás napassagem de Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostradocomo um anjo de luz.

(h) Maligno (Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.). Esta é umadescrição de seu caráter e sua obra.

(i) Tentador (Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc 1.13; Jo 13.2 etc.).

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Este nome indica seu constante propósito e esforçopara levar os homens ao pecado.

(j) Deus (deus) deste século (2Co 4.4). Como tal, ele tem

seus "ministros" (2Co 11.15), "doutrinas" (1Tm 4.1),"sacrifícios" (1Co 10.20), "sinagogas" (Ap 2.9). Elepatrocina a religião do homem natural e é, sem dúvidaalguma, responsável por todos os falsos cultos esistemas que assolam a cristandade hoje em dia.

(k) Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2; 6.12). Como tal, eleé o líder dos anjos maus (Mt 25.41; Ap 12.7) e o príncipe

dos demônios (Mt 12.24; Ap 16.13,14). Ele comandauma vasta hoste de servos que executam suas ordens, egoverna com poder despótico.

(l) Príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30). Isto parece sereferir a sua influência sobre os governos deste mundo.Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo dedireito aqui neste planeta feita por Satanás em Mt 4.8,9.Mas Deus é claro, estabeleceu limites definidos para ele,e quando chegar a hora, ele será subjugado pelogoverno dAquele que tem o direito de governar, Jesus,nosso santo Senhor.

(m) O Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2). O Acusador dosfilhos de Deus (Ap 12.10). O Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da mentira (Jo 8.44).

6.3. A atuação de Satanás

6.3.1. Em relação à obra redentora de Cristo

O autor da Epístola aos Hebreus (4.15) diz que Jesus foitentado em tudo. Essa declaração parece chocar-se com alógica da Divindade, uma vez que é impossível que Deus sejatentado ou submetido à tentação. Porém, devemos analisaressa declaração sob a ótica cristológica que destaca as duasnaturezas de Cristo, a divina e a humana. Por que Jesus foi

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tentado pelo Diabo? John Broadus, em seu comentário deMateus, responde a essa questão da seguinte maneira: "Eledaria, pela tentação, prova de sua verdadeira humanidade, deque possuía uma alma humana; seria parte do seu exemplo a

nós; faria parte de sua disciplina pessoal; faria parte de suapreparação para ser um intercessor compassivo (Hb 2.18;4.15); era parte da grande batalha na qual 'a semente damulher pisaria a cabeça da serpente'" (Gn 3.15).

 Ao tentar Jesus, o diabo queria convencê-lo a desistirou a adiar sua missão. O tentador sabia qual era a missão deJesus, por isso, procurou criar-lhe situações embaraçosas,

tentando levá-lo a empregar meios contrários ao plano divino.Jesus, contudo, não cedeu a nenhuma das insinuaçõessatânicas. Ele não fraquejou, nem tomou atalhos para cumprirsua missão. Do mesmo modo, somos tentados a provocar a irade Deus e a pecar contra a sua vontade soberana, masdevemos resistir firmes na fé (Tg 4.7; 1Pe 5.8,9).

É assim que Satanás opera em nossos dias. Ele

procura compelir-nos a galgar lugares e posições fora detempo, a tomar decisões precipitadas e, acima de tudo, acontrariar a vontade de Deus. Ele usou várias pessoas paratentar boicotar a obra de Cristo (Mt 2.16; Mt 16.23; Jo 8.44; Jo13.27).

6.3.2. Em relação às nações 

“E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rioEufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse ocaminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, e da bocada besta, e da boca do falso profeta vi saírem três espíritosimundos, semelhantes a rãs, porque são espíritos dedemônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dosreis de todo o mundo para os congregar para a batalha,

naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso... E oscongregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom"(Ap 16.12-16). Esta será a penúltima rebelião de Satanás

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contra Deus. Trata-se das nações do Oriente que,impulsionadas por forças satânicas, participarão de um grandeconflito, a saber, a guerra do Armagedom (Ap 19.17-21). Osexto anjo prepara o caminho para a guerra final da presente

era, secando o rio Eufrates para deixar os exércitos doOriente aproximarem-se de Israel (Is 11.15). 

O v.13 do texto supra faz menção de espíritos imundossemelhantes a rãs que são demônios operadores de milagrese, assim, enganam as nações para apoiarem o mal, o pecado eo anticristo. Isso é um sinal evidente que durante a grandetr ibulação, os governantes das nações f icarão

endemoninhados. É dessa forma que enganados por Satanásatravés de seus milagres, urdirão um plano louco que lançará omundo inteiro num grande holocausto que dar-se-á no localchamado Armagedom (gr. harmagedon) (Ap 16.16). Estaregião está localizada no centro-norte da Palestina e significa"vale do Megido" que será o ponto central da batalha, naquelegrande dia do Deus Todo-poderoso (Ap 16.14). Essa guerraserá travada perto do fim da tribulação, e acabará quando

Cristo voltar para destruir os ímpios (Ap 14.19), para libertar oseu povo e para inaugurar seu reino messiânico. Note osseguintes fatos no tocante a esse evento: Os profetas do

 Antigo Testamento profetizaram o evento (Dt 32.43; Jr 25.31; Jl3.2,9-17; Sf 3.8; Zc 14.2-5); Satanás e os seus demôniosreunirão muitas nações sob a direção do anticristo a fim deguerrearem contra Deus, contra seus exércitos, contra seupovo e para destruir Jerusalém (Ap 16.13,14,16; 17.14;19.14,19; Ez 38,39; Zc 14.2).

Embora o ponto central esteja na terra de Israel, oevento do Armagedom envolverá a totalidade do mundo (Jr25.29-38); Cristo voltará e intervirá de modo sobrenatural,destruindo o anticristo e os seus exércitos (Ap 19.19-21; Zc14.1-5), e todos aqueles que desobedecem ao evangelho (Sl

110.5; Is 66.15,16; 2Ts 1.7-10). Deus também enviarádestruição e terremotos sobre o mundo inteiro nesse período(Ap 16.18,19; Jr 25.29-33).

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 Após a batalha do Armagedom Satanás será preso porum período de mil anos, contudo, depois desse tempo serásolto, onde por fim reunirá uma multidão incontável de pessoas(Ap 20.9) e as comandará para a última batalha na tentativa

insana de derrotar a Deus. "E vi descer do céu um anjo quetinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Eleprendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás,e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali oencerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane asnações..." (Ap 20.3). "E, acabando-se os mil anos, Satanásserá solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estãosobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo

número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. Esubiram sobre ia largura da terra e cercaram o arraial dossantos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e osdevorou" (Ap 20.7-9). Como observamos acima, no término domilênio, Satanás será solto e numa atitude desesperadamanipula, pela última vez, as nações, enganando-se a pontode supor que ainda poderá derrotar a Deus. Sairá a enganaraqueles que quiserem rebelar-se contra o reino de Cristo, e

ajuntará uma multidão de semelhantes rebeldes. "Gogue eMagogue" (Ap 20.8).

É desta forma que Satanás trabalha incansavelmente. Atua cegando os entendimentos (2Co 4.4); arrebatando apalavra dos corações (Lc 8.12); usando homens para seoporem à obra de Deus (Ap 2.10). E para tanto mente (At 5.3);acusa e difama (Ap 12.10); dificulta trabalho (1Ts 2.18); se valede demônios (Ef 6.11-12); semeia o joio entre os crentes (Mt13.38-39); realiza perseguições contra os seus oponentes (Ap2.10) etc.

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Capítulo 7

Demonologia - Doutrina Bíblica dos Demônios

Introdução

 A demonologia é um estudo que vem despertando ointeresse das pessoas neste final de século. Idéias fictícias,invencionices mistificadas, teorias religiosas e filosóficas e atéalusões bíblicas desprovidas de interpretação correta têminvadido o mundo da literatura secular. O cristão por sua veznão desconhece o fato de que Satanás na sua rebelião contra

Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos dasordens inferiores (Ap 12.4) que são identificados (após suaqueda) com os demônios ou espíritos e que Satanás e muitosdesses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra esua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo avontade permissiva de Deus. Neste capítulo, teremos aoportunidade de conhecer essa doutrina do ponto de vista daBíblia, como única autoridade capaz de revelar e esclarecer a

realidade e a identidade dos demônios. 1. A Doutrina dos Demônios

O termo "demônio" aparece somente três vezes noVelho Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37; Lv 17.7). No NovoTestamento, a palavra "demônio" (gr. daimon ou daimonion)assumiu o sentido de malignidade, pois eles são seres

espirituais, inteligentes, impuros e com poder para afligir econtaminar os homens moral e espiritualmente. O termodaimon ocorre em Mt 8.31; e daimoniodes apenas em Tg 3.15.Mas o substantivo daimonion aparece 63 vezes, e o verbodaimonizomai, 13 vezes.

No texto de Dt 32.17, o cântico de Moisés destaca queos israelitas caíram em idolatria: "sacrifícios ofereceram aos

demônios (shedhim)". Entende-se então que o termo shedhimse identifica não só com as imagens de idolatria, mas também

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relaciona o termo com seres espirituais por detrás dos queadoram as imagens.

2. Quem são os Demônios

 Alguns teólogos entendem que os demônios e espíritosmaus são diferentes dos anjos caídos. Outros admitem quetanto anjos caídos, espíritos malignos e demônios são apenasnomes diferentes para os mesmos seres. Antes deapresentarmos o nosso ponto de vista exibiremos algumasteorias enganosas.

Os demônios são espíritos sem corpos de habitantes deuma raça pré-adâmica. Acreditam os defensores dessa teoriaque havia na terra uma raça pré-adâmica que se constituía decriaturas físicas, as quais, pela rebelião de Lúcifer, sofreram aperda de seus corpos materiais, tornando-se espíritos semcorpos, denominados "demônios". Esta idéia vai de encontroao fato de que em parte alguma das Escrituras é tal raçamencionada.

Satanás é um anjo, e é chamado príncipe dos demônios(Mt 12.24), indicando que os demônios são anjos e nãouma raça pré-adâmica. Além disso, Satanás tem umahierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é razoávelsupor que estes sejam demônios.

Os demônios são seres gerados da relação de anjoscom mulheres antediluvianas (Gn 6.1-4). Não são poucos osteólogos que apóiam as doutrinas das "testemunhas deJeová", ao defenderem ser "os filhos de Deus" (Gn 6.2) anjoscaídos que não guardaram o seu estado original. Essa teoriadefende uma intromissão angélica na esfera humana e comoresultado uma raça de gigantes perversos. Os defensoresdessa teoria interpretam que "as filhas dos homens" eram

descendência de Adão e Eva e que "os filhos de Deus" eramanjos que entraram em conúbio com estas mulheres eproduziram uma progênie espantosa de filhos gigantes.

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  É fato que em algumas Escrituras encontramos aexpressão "filhos de Deus" para referir-se aos "anjos", mas nãopodemos omitir outro fato de que a mesma expressão "filhosde Deus" também se encontra em outras escrituras referindo-

se a "homens". Isto só é possível perceber à luz do contexto decada escritura. Forçar uma interpretação contrariando ocontexto, tanto o imediato como o remoto, significa ferir arevelação divina de cada escritura. O argumento aceitável,racional e bíblico, é que esses "filhos de Deus" eram oriundosda linhagem piedosa de Sete e as "filhas dos homens" eramda linhagem pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e canônicoé que os anjos são seres assexuados. Eles não possuem

descendência, nem ascendência ou família.

2.1. O que a Bíblia afirma serem os demônios 

O Novo Testamento menciona muitas vezes pessoassofrendo de opressão ou influência maligna de Satanás,devido a um espírito maligno que neles habita; mencionatambém o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho

segundo Marcos, por exemplo, descreve muitos desses casos:1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30; 9.17-29; 16.17.

Os demônios são seres espirituais com personalidade einteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus e dosseres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos eestão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10).

Os demônios são a força motriz que está por trás daidolatria, de modo que adorar falsos deuses é praticamente omesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo Testamentomostra que o mundo está alienado de Deus e controlado porSatanás (Jo 12.31; 2Co 4.4; Ef 6.10-12).

Os demônios são parte das potestades malignas; ocristão tem de lutar continuamente contra eles (Ef 6.12).

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Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos, e,constantemente, o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18)e falam através das vozes dessas pessoas. Escravizam taisindivíduos e os induzem à iniquidade, à imoralidade e à

destruição.

Os demônios podem causar doenças físicas (Mt9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc 13.11,16), emboranem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritosmaus (Mt 4.24; Lc 5.12,13). Aqueles que se envolvem comespiritismo e magia (isto é, feitiçaria) estão lidando comespíritos malignos, o que facilmente leva à possessão

demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).

Os espíritos malignos estarão grandemente ativos nosúltimos dias desta era, na difusão do ocultismo,imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra deDeus e a sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). Omaior surto de atividade demoníaca ocorrerá através do

 Anticristo e seus seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14).

2.2. Jesus e os demônios 

Nos seus milagres, Jesus frequentemente ataca opoder de Satanás e o demonismo (Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11;5.1-20; 9.17-29; Lc 13.11,12,16). Um dos seus propósitos aovir à terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt12.29; Mc 1.27; Lc 4.18).

Jesus derrotou Satanás, em parte pela expulsão dedemônios e, de modo pleno, através da sua morte eressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo,Ele aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder doreino de Deus.

O inferno (gr. Gehenna), o lugar de tormento, estápreparado para o diabo e seus demônios - anjos (Mt 8.29;

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25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47;Mt 10.28; 18.9.

2.3. O crente e os demônios

   As Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente,em quem habita o Espírito Santo, pode ficar endemoninhado;isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar nomesmo corpo (2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto,influenciar os pensamentos, emoções e atos dos crentes quenão obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt 16.23; 2Co11.3,14).

Segundo a parábola em Mc 3.27, o conflito espiritualcontra Satanás envolve três aspectos: declarar guerra contraSatanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.14-19); ir ondeSatanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza),atacá-lo e vencê-lo pela oração e pela proclamação daPalavra, e destruir suas armas de engano e tentaçãodemoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se de bens ou posses,

isto é, libertando os cativos do inimigo e entregando-os a Deuspara que recebam perdão e santificação mediante a fé emCristo (Lc 11.22; At 26.18).

Seguem-se os passos que cada um deve observarnesta luta contra o mal: Reconhecer que não estamos numconflito contra a carne e o sangue, mas contra forçasespirituais do mal (Ef 6.12); viver diante de Deus uma vidafervorosamente dedicada à sua verdade e justiça (Rm 12.1,2;Ef 6.14); Crer que o poder de Satanás pode ser aniquilado sejaonde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8) ereconhecer que o crente tem armas espirituais poderosasdadas por Deus para a destruição das fortalezas de Satanás(2Co 10.3-5); proclamar o evangelho do reino, na plenitude doEspírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At 1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16;

Ef 6.15); confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pelafé no nome de Jesus (At 16.16-18), ao usar a Palavra de Deus(Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef 6.18), ao jejuar (Mt 6.16;

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Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt 10.1; 12.28; 17.17-21; Mc16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar,principalmente, para que o Espírito Santo convença osperdidos, no tocante ao pecado, à justiça e ao juízo vindouro

(Jo 16.7-11); orar, com desejo sincero, pelas manifestações doEspírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres ede maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).

3. Lugar atual e destino final dos demônios

Satanás na sua rebelião inicial contra Deus (Mt 4.10)sublevou uma terça parte dos anjos (Ap 12.4). A maioria deles

está solta sob o domínio e controle de Satanás (Mt 12.24;25.41; Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamenteorganizados do diabo (Ef 6.11,12) que equivalem aosdemônios referidos na Bíblia.

Outros desses estão algemados no poço do abismo(2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na Grande Tribulação. "E oquinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu

na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu opoço do abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça deuma grande fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se osol e o ar" (Ap 9.1,2). Nesse texto encontramos a estrela quecai do céu que é provavelmente um anjo que executa o

 julgamento divino e o poço do abismo que é o lugar onde estãoaprisionados os demônios que não guardaram o seuprincipado e ali foram encerrados até que chegue o tempo deserem soltos (Ap 11.7; 17.8; 20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Dopoço do abismo saem gafanhotos que representam um vultosonúmero de demônios e também intensa atividade demoníacana terra, perto do fim da história.

Finalmente todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de fogo. "Então,

dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos demim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo eseus anjos" (Mt 25.41).

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 ANTROPOLOGIA

Ce  n  t r  o d e  E d  u c a ç ã  o  T e  ol  ó gi c a 

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SEGUNDA PARTE

 ANTROPOLOGIA Doutrina do Homem

Capítulo 1

A Criação

1. Criação do Ponto de Vista Filosófico

Criação é o nome que se dá à formação do universo edos seres vivos, especialmente o homem. A necessidade debuscar explicações para sua própria origem levou o homem àelaboração de mitos, processo pelo qual se constituíram asreligiões. Num segundo momento, de racionalização,

formularam-se conceitos e propostas de sentido filosófico.Nesse p lano, as respos tas podem reduz i r -se ,esquematicamente, a três possibilidades: a auto-suficiência damatéria eterna, a emanação a partir da substância divina e acriação.

Os mitos são soluções imaginativas que os povoselaboram a propósito dos problemas emocionais e

cognoscitivos que lhes propõe sua existência, sua história e osfenômenos da natureza. A profundidade antropológica dosproblemas permite que tais explicações, embora às vezes deaparência ingênua, encontrem ressonância em homens dasmais diversas culturas. Ao mesmo tempo, a confluência demistério, comprometimento emocional e insatisfação humanadeslocam o mito para o campo do sagrado.

Um dos problemas fundamentais do homem, ao tratarde orientar-se no mundo de que faz parte, é a origem desse

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mundo. Entende-se por cosmogonia a teoria da formação douniverso, muitas vezes atribuída a seres superiores ou a forçascegas e misteriosas, aos quais o homem fica subordinado,cujos desígnios podem ser eventualmente alterados mediante

preces e exorcismos. Não há povo ou cultura que não tenhaelaborado sua própria mitologia sobre a origem do mundo, àsvezes por adaptação ou sincretismo de mitologiaspreexistentes.

Em certo sentido, os mitos cosmogônicos sãosemelhantes ao pensamento filosófico sobre a origem dascoisas. Mas, diferentemente da filosofia, baseiam-se num

sistema de símbolos e, tendo em vista que constituemreferência significativa para todo o modelo cultural de umasociedade, incluem elementos racionais e irracionais. Osmesmos mitos podem ser tidos como origem da religião e dafilosofia, mas segundo uma ordem e abrangência distintas.

2. A Bíblia e a Criação

Gn 1.1 "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Deusse revela na Bíblia como um ser infinito, eterno, auto-existentee como a Causa Primária de tudo o que existe. Nunca houveum momento em que Deus não existisse. Conforme afirmaMoisés: "Antes que os montes nascessem, ou que tuformasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade,tu és Deus" (Sl 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna einfinitamente antes de criar o universo finito. Ele é anterior atoda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela(1Tm 6.16 nota; Cl 1.16).

Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão eEva "à sua imagem" (Gn 1.27). Porque Adão e Eva foramcriados à imagem de Deus, podia comunicar-se com Ele, etambém com Ele ter comunhão de modo amoroso e pessoal.

Deus também se revela como um ser moral que crioutudo bom e, portanto, sem pecado. Ao terminar Deus a obra da

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criação, contemplou tudo o que fizera e observou que era"muito bom" (Gn 1.31). Posto que Adão e Eva foram criados àimagem e semelhança de Deus, eles também não tinhampecado (Gn 1.26). O pecado entrou na existência humana

quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm5.12; Ap 12.9).

3. Atividade de Deus na Criação

Deus criou todas as coisas em "os céus e a terra" (Gn1.1; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap10.6). O verbo "criar" é usado exclusivamente em referências a

uma atividade que somente Deus pode realizar. Significa que,num momento específico, Deus criou a matéria e a substância,que antes nunca existiram (Gn 1.3).

 A Bíblia diz que no princípio da criação a terra estavainforme, vazia e coberta de trevas (Gn 1.2). Naquele tempo ouniverso não tinha a forma ordenada que tem agora. O mundoestava vazio, sem nenhum ser vivente e destituído do mínimo

vestígio de luz. Passada essa etapa inicial, Deus criou a luzpara dissipar as trevas (Gn 1.3-5), deu forma ao universo (Gn1.6-13) e encheu a terra de seres viventes (Gn 1.20-28).

O método que Deus usou na criação foi o poder da suapalavra. Repetidas vezes está declarado; "E disse Deus..." (Gn1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus falou e oscéus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora deDeus, eles não existiam (Sl 33.6, 9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17;Hb 11.3).

Toda a Trindade, e não apenas o Pai, desempenhou suaparte na criação; O próprio Filho é a Palavra (Verbo) poderosa,através de quem Deus criou todas as coisas. No prólogo doEvangelho Segundo João, Cristo é revelado como a eterna

Palavra de Deus (Jo 1.1). "Todas as coisas foram feitas por Ele,e sem Ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3).Semelhantemente, o apóstolo Paulo afirma que por Cristo

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"foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra,visíveis e invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl1.16). Finalmente, o autor de Hebreus afirma enfaticamenteque Deus fez o universo por meio do seu Filho (Hb 1.2).

Igualmente, o Espírito Santo desempenhou um papelativo na obra da criação. Ele é descrito como "pairando" (semovia) sobre a criação, preservando-a e preparando-a para asatividades criadoras adicionais de Deus. A palavra hebraicatraduzida por "Espírito" ruah, também pode ser traduzida por"vento" e "fôlego". Por isso, o salmista testifica do papel doEspírito Santo, ao declarar: "Pela Palavra do Senhor foram

feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito (ruah) dasua boca" (Sl 33.6). Além disso, o Espírito Santo continua amanter e sustentar a criação (Jó 33.4; Sl 104.30).

4. O Propósito e o Alvo da Criação

Deus criou os céus e a terra como manifestação da suaglória, majestade e poder. Davi diz: "Os céus manifestam a

glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos"(Sl 19.1; 8.1). Ao olharmos a totalidade do cosmos criado -desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem danatureza - ficamos tomados de temor reverente ante amajestade do Senhor Deus, nosso Criador.

Deus criou os céus e a terra para receber a glória e ahonra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza - osol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e oscórregos, as colinas e as montanhas, os animais e as aves -rendem louvores ao Deus que os criou (Sl 98.7-8; 148.1-10; Is55.12). Quanto mais Deus deseja e espera receber glória elouvor dos seres humanos!

Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu

propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos.(a) Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para

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comunhão amorável e pessoal com o ser humano portoda a eternidade. Deus projetou o ser humano como umser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possuimente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se

espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo eservi-lo com fé, lealdade e gratidão;

(b) Deus desejou de tal maneira esse relacionamento coma raça humana que, quando Satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus edesobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviarum Salvador para redimir a humanidade das

consequências do pecado (Gn 3.15). Daí Deus teria umpovo para sua própria possessão, cujo prazer estarianEle, que o glorificaria, e que viveria em retidão esantidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11-12; 1Pe2.9);

(c) A culminação do propósito de Deus na criação está nolivro do Apocalipse, onde João escreve o fim da Históriacom estas palavras: "...com eles habitará, e eles serão oseu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seuDeus" (Ap 21.3).

5. Criação e Evolução à Luz da Bíblia

Os dois primeiros capítulos de Gênesis fornecem adescrição bíblica no que diz respeito à criação do homem. Aprimeira narrativa que é encontrada em Gênesis 1.26,27 é denatureza mais geral. A segunda, em Gênesis 2.4-25, fornecealguns detalhes a mais; é o complemento da primeira. Deus é ocriador do homem. Foi Ele quem, num ato especial, o fez emconjunto com os demais elementos constituintes da criação,porém o homem é a coroa, o dominador; assim foi destinadopelo criador que, segundo o relato sagrado, ao criá-lo, usouuma linguagem especial: "Façamos o homem à nossa

imagem".

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 A Bíblia afirma que os seres humanos foram criados àimagem de Deus. Gn 1.26 registra as palavras do Criador:"Façamos o homem [Adam - humanidade] à nossa imagem,conforme a nossa semelhança". Outros textos bíblicos

demonstram com clareza que os seres humanos, emboradescendentes de Adão e Eva e já caídos (ao invés de criadosdiretamente por Deus), continuam a levar a imagem de Deus(Gn 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9).

Os termos hebraicos em Gn 1.26 são tseleme e demuth.Tseleme, empregado 16 vezes no Antigo Testamento refere-sebasicamente a uma imagem ou modelo funcional. Demuth,

empregado 26 vezes, refere-se, de modo variado, asemelhanças visuais, audíveis e estruturais num desenho,padrão ou forma. Esses termos parecem estar explicados nacontinuação (vv 26-28), quando a humanidade recebe poderpara subjugar a Terra (ou seja, controlá-la pelo conhecimento,por saber aproveitá-la) e governar (de modo benéfico) asdemais criaturas.

O Novo Testamento emprega as palavras eikõn (1Co11.7) e hemoiõsis (Tg 3.9). Eikõn geralmente significa"imagem", "semelhança", "forma" ou "aparência" em toda asua gama de usos. Homoiõsis significa "semelhança","correspondência", "aparência semelhante". Posto que ostermos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, parecemter sentido amplo e intercambiável, devemos olhar para alémdos estudos lexicógrafos a fim de determinar a natureza daimagem de Deus.

 A evolução é o ponto de vista predominante, propostopela comunidade científica e educacional do mundo atual, emse tratando da origem da vida e do universo. Quem crê, de fato,na Bíblia, deve atentar para estas quatro observações arespeito da evolução:

(a) A evolução é uma tentativa naturalista para explicar aorigem e o desenvolvimento do universo. Tal intento

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começa com pressuposição de que não existe nenhumCriador pessoal e divino que criou e formou o mundo;pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série deacontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de

bilhões de anos. Os postulantes da evolução alegampossuir dados científicos que apóiam a sua hipótese;

(b) O ensino evolucionista não é realmente científico.Segundo o método científico, toda conclusão devebasear-se em "evidências" incontestáveis, oriundas deexperiências que possam ser reproduzidas em qualquerlaboratório. No entanto, nenhuma experiência foi

idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovarteorias em torno da origem da matéria a partir de umhipotético "grande estrondo", ou desenvolvimentogradual dos seres vivos, a partir das formas mais simplesàs mais complexas. Por conseguinte, a evolução é umahipótese sem evidência científica, e somente quem crêem teorias humanas é que pode aceitá-la. A fé do povode Deus, pelo contrário, firma-se no Senhor e na suarevelação inspirada, a qual declara que Ele é quem crioudo nada todas as coisas (Hb 11.3);

(c) É inegável que alterações e melhoramentos ocorremem várias espécies de seres viventes. Por exemplo:algumas variedades dentro de várias espécies estão seextinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemosnovas raças surgindo dentre algumas das espécies. Nãohá, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro

geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu doutro tipo. Pelo contrário, as evidênciasexistentes apóiam a declaração da Bíblia que Deus crioucada criatura vivente "conforme a sua espécie" (Gn 1.21,24, 25);

(d) Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoriada chamada evolução teísta, apenas essa teoria aceita a

maioria das conclusões da evolução naturalista queDeus deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega

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a revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo emtodos os aspectos da criação. Por exemplo, todos osverbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seusujeito, a não ser em Gn 1.12 (que cumpre o

mandamento de Deus no v. 1.1) e a frase repetida "E foi atarde e a manha". Deus não é um supervisor indiferente,de um processo evolutivo. Pelo contrário, é o Criadorativo de todas as coisas (Cl 1.16).

(a) Eles tinham semelhança moral com Deus, pois nãotinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, umcoração amoroso e o poder de decisão para fazer o queera certo. Viviam em comunhão pessoal com Deus, queabrangia obediência moral e plena comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com Deusfoi desvirtuada (Gn 6.5). Na redenção, os crentes devem

ser renovados segundo a semelhança moral original (Ef4.22-24; Cl 3.10);

(b) Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus.Foram criados como seres pessoais tendo espírito,mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio;

(c) Em certo sentido, a constituição física do homem e da

mulher retrata a imagem de Deus, o que não ocorre noreino animal. Deus pôs nos seres humanos a imagempela qual Ele apareceria visivelmente a eles (Gn 18.1, 2,

6. Deus se Revela como um Ser Pessoal

Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e

Eva "à sua imagem". E criou Deus o homem à sua imagem; àimagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou". (Gênesis1.27). O homem e a mulher, igualmente, foram criados àimagem e semelhança de Deus. À base dessa imagem,podiam comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele eexpressar de modo incomparável o seu amor, glória esantidade. Eles fariam isso conhecendo a Deus eobedecendo-O.

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22) e a forma que seu Filho um dia viria a ter (Lc 1.35; Fp2.7; Hb 10.5);

(d) O fato dos seres humanos terem sido feitos à imagemde Deus não significa que são divinos. Foram criadossegundo uma ordem inferior e dependente de Deus (Sl8.5);

(e) Toda a vida humana provém inicialmente de Adão eEva (Gn 3.20; At 17.26; Rm 5.12);

(f) Segundo o Dr Shedd a "imagem de Deus" significa serdotado das faculdades de raciocinar, de expressaremoções e de agir voluntariamente. Particularmente,indica a capacidade que o homem tem de manter íntimacomunhão com o seu criador;

(g) Eis o comentário do Dr. S. I. Scofield acerca da"imagem e semelhança": "Esta imagem se encontraprincipalmente no fato do homem ser pessoal, racional emoral. Embora Deus seja infinito e o homem finito, ohomem possui os elementos da personalidadesemelhantes aos da Pessoa divina: pensamento (Gn2.19,20); sentimento (Gn 3.6); vontade (Gn 3.6,7)";

(h) Que o homem tem natureza moral está implícito noregistro e fica mais tarde evidenciado pelo NovoTestamento. (Ef 4.23,24; Cl 3.10). De acordo com 1Ts5.23 o homem também é uma tríade composta de corpo,alma e espírito; mas, considerando que "Deus é espírito"(Jo 4.24), esta natureza tríplice do homem não deve serconfundida com a original "imagem e semelhança" deDeus que, sendo espiritual, relaciona-se com oselementos da personalidade".

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Capítulo 2

O Problema Hermenêutico

1. Unidade, Natureza, Imagem e Semelhança

 A doutrina da unidade da humanidade prega que todosos seres humanos, masculino e feminino, de todas as raças,tiveram sua origem em Adão e Eva (Gn 1.27,28; 2.7, 22; 3.20;9.19; At 17.26). Que tanto os homens quanto as mulheresestão inclusos na imagem de Deus, está claro em Gn 1.27:"Macho e Fêmea os criou". A lição é que todos os sereshumanos, de ambos os sexos e pertencentes a todas as raças,classes econômicas e faixas etárias, levam igualmente aimagem divina e, portanto, são de igual valor aos olhos deDeus.

Desde que a Bíblia revela terem sido os dois sexos daraça humana feitos à imagem de Deus, não há justificativa para

os homens considerarem inferiores as mulheres. A palavra"adjutora" (Gn 2.18) também usada frequentemente traduzidacomo "ajuda" a respeito do propósito de Deus (Êx 18.4) e nãoindica uma categoria inferior. Além disso, quando o NovoTestamento coloca a esposa em subordinação funcional aomarido (Ef 5.24; Cl 3.18; Tito 2.5; 1Pe 3.1), não significa que amulher seja inferior ao homem, nem que essa subordinaçãoseja geral. O padrão neotestamentário é que a esposa esteja

subordinada ao seu próprio marido.

O verbo "sujeitar-se" (grego Hupotassõ), empregadosnos quatro textos referentes à submissão, também éempregado em 1Co 15.28, onde Paulo declara que o filho "sesujeitará" ao Pai. Mesmo assim todos os crentes entendemaqui uma submissão administrativa do Filho, que de modoalgum, é inferior ao Pai. O mesmo pode ser dito dos textos a

respeito da esposa e do marido. Embora Deus tenha ordenadopapéis funcionais diferentes aos vários membros da família, a

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nenhum desses membros se atribuiu valor menor que o do seulíder administrativo. Realmente, o apóstolo Paulo ensina queem Cristo "não há macho nem fêmea" (Gl 3.28). As bênçãos,promessas e provisões do Reino de Deus estão à disposição

de todos, igualmente.

O racismo torna-se insustentável ao se levar em conta aorigem da raça humana em Adão e Eva. Pelo contrário, sãooutras as distinções que a Bíblia focaliza. Por exemplo, osescritores do Antigo Testamento mencionam "semente","descendente" (zera'); "família", "clã", "parentela"(mishpachah); "tribo" (matteh, shavet), para as divisões por

idioma. Seguindo um padrão semelhante, os escritores doNovo Testamento mencionam "descendente", "família","nacionalidade" (genos); "nação" (ethnos) e "tribo" (phulê).

Os escritores bíblicos não tinham absolutamentepreocupação com a raça, como distinção entre cor e texturados cabelos, cor da pele e dos olhos, estatura, proporçõesfísicas e coisas semelhantes. M. K. Mayers conclui: "A Bíblia

não se refere ao termo 'raça'; e nenhum conceito de raça édesenvolvido na Bíblia". Por isso os mitos raciais de que amaldição de Caim trouxe ao mundo a raça negra, ou que amaldição de Cão era ficar com a pele escura, devem serrejeitados. Ao invés, Gn 3.20 simplesmente declara: "Echamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era amãe de todos os viventes."

No Novo Testamento o evangelho de Cristo invalidoutodas as distinções entre os seres humanos que existiam noséc. I d.C. Incluíam divisões entre os judeus e samaritanos (Lc10.30-35); judeus e gentios (At 10.34,35; Rm 10.12); judeus eincircuncisos, bárbaros e citas (Cl 3.11); homens e mulheres(Gl 3.28); escravos e livres (Gl 3.28; Cl 3.11). Em Atos 17.26Paulo declara: "Deus... de um só fez toda a geração dos

homens para habitar sobre toda a face da terra." No versículoseguinte, o apóstolo revela o propósito de Deus nesse atocriador: "... para que buscassem ao Senhor, se, porventura,

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tateando, o pudessem achar". (At 17.27). À luz de textosbíblicos como estes, não resta a mínima possibilidade de sesustentar uma teoria racista baseada em algum suposto apoioda Bíblia.

Finalmente, não há maneira de se estabelecercategorias de valor humano com base nas condiçõeseconômicas ou na idade. O propósito de Deus para ahumanidade é que conheçamos, amemos e sirvamos a Ele.Deus nos criou "com a capacidade de conhecê-lo. Essa écaracterística distintiva fundamental... que toda a humanidadetem em comum". Por isso, qualquer avaliação ou classificação

do valor intrínseco de algum grupo de seres humanos deve serrejeitada como artificial e antibíblica.

2. Imagem e Semelhança

Na criação do homem, Deus o fez voltado para duasdimensões: uma material e outra, espiritual. Portanto, quandotratamos de imagem e semelhança de Deus no homem,

estamos nos referindo ao elemento espiritual. O homem é,pois, imagem de Deus tão somente pelo elemento espiritualque lhe foi dado. De fato, a revelação mais importante dacriação do homem se encontra no fato de que ele foi feito àimagem e semelhança de Deus e que esta imagem esemelhança se manifesta na parte imaterial. No ato da criação,a parte material do homem foi feita de modo direto e imediato, ede material existente. O texto bíblico declara: "E formou oSenhor Deus o homem do pó da Terra" (Gn 2.7). Porém, a parteimaterial foi outorgada, uma vez que não foi feita de matériaexistente.

3. A Imagem de Deus não é a Semelhança Física

 A imagem de Deus não é uma semelhança física. A

Bíblia declara que Deus, que é Espírito Onipresente, não podeser limitado a um corpo físico (Jo 1.18; 4.24; Rm 1.20; Cl 1.15;1Tm 1.17; 6.16). O Antigo Testamento utiliza, de fato, termos

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como "o dedo de Deus" ou "o braço de Deus" para expressar oseu poder. Também fala de suas "asas" e "penas" paraexpressar o seu cuidado protetor (Sl 91.4). Esses termos,porém, são antropomorfismo, figuras de linguagem

empregadas para retratar algum aspecto da natureza ou doamor de Deus. Deus advertiu Israel de que não deveria fazerimagens para adorar, pois quando Ele falou ao seu povo, noHorebe (Monte Sinai) não foi vista "semelhança nenhuma" (Dt4.15). Qualquer forma física seria contrária ao que Deusrealmente é.

Deus é espírito e não tem partes como homem. Os

Mórmons e os Suecoborgianos representam Deus como umgrande ser humano, mas estão errados em sua idéia. Sl 17.15diz: "quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança".Mas isto não sugere corporeidade. A "forma do Senhor" foivista por Moisés (Nm 12.8); mas Sua face ele não pôde ver (Êx33.20). Ao mesmo tempo, esta semelhança subentende que ohomem era fisicamente ereto e não andava de quatro, como osevolucionistas querem que acreditemos, e que ele gozava de

perfeita saúde. Não abrigava germes de moléstias herdadasou comunicadas, nem estava sujeito à morte. Deus parece teroriginalmente restringido o homem a uma dieta vegetariana(Gn 1.29), mas mais tarde Ele permitiu-lhe comer carnetambém (Gn 9.3). É interessante notar que ao permitir o uso dacarne, Ele estabeleceu regras a respeito de animais puros eimpuros. Essa lei veio depois, governando a conduta de umpovo e apenas por algum tempo (Lv 11; Mc 7.19; At 10.15; Rm14.1-12; Cl 2.16).

4. Uma Prerrogativa do Homem Exterior 

 As Escrituras demonstram a condição original dohomem com a frase: "à imagem e semelhança de Deus" (Gn1.26-27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9). Não parece haver qualquer

diferença entre as palavras hebraicas para "imagem" e"semelhança". Brown, Driver e Briggs definem a primeira como"imagem, semelhança", e a última como "semelhança,

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similitude". Evans diz: "Imagem significa a sombra ou o traçadode uma figura, enquanto que semelhança denota que essasombra se parece com a figura (Wm. Evans, Op. Cit. Pág. 127);mas isso também faz com que os dois signifiquem

praticamente a mesma coisa. Não precisamos tentar encontraruma diferença, mas temos que tentar descobrir em queconsistiu essa "imagem e semelhança".

Vários textos do Novo Testamento oferecem alicerce ànossa definição de imagem de Deus na pessoa humana. Em Ef4.23,24, Paulo relembra aqueles crentes que foram ensinadosassim: "Que vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos

revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado emverdadeira justiça e santidade". Em outro trecho, o apóstolo dizque a razão de fazermos escolhas apropriadas está em nosvestirmos do novo homem, "que se renova para oconhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Cl3.10).

Esses versículos indicam que a imagem de Deus

pertence à nossa natureza moral - intelectual - espiritual.Explicando melhor: a imagem de Deus na pessoa humana éalgo que somos, e não algo que temos ou fazemos. Estaopinião está em perfeito acordo com o que já estabelecemoscomo propósito de Deus na criação da humanidade. Primeiro:o homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus.Segundo: relacionamo-nos com outros seres humanos etemos a oportunidade de exercer o domínio apropriado sobre acriação de Deus. A imagem de Deus em nós ajuda-nos a fazerexatamente essas coisas.

5. Os Pais da Igreja

No princípio do cristianismo, quando ainda se formava ocânon doutrinário, os chamados "pais da igreja" tinham um

conceito quase único acerca da imagem e semelhança deDeus no homem. Para eles, esta imagem e semelhança

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consistir principalmente nas características racionais e moraisdo homem e na sua capacidade para atingir a santidade.

 Alguns, entretanto, como Irineu e Tertuliano, admitiam comoparte da imagem de Deus no homem as características físicas.

Esses dois teólogos dos primeiros séculos da Era Cristãdefenderam a idéia de que havia uma distinção entre imagem esemelhança de Deus. Para a imagem de Deus admitiam ascaracterísticas físicas do homem e, para a semelhança deDeus, viam expressa a natureza espiritual do homem. Irineu,Tertuliano e outros que adotaram este conceito, foramrefutados por outros conhecidos pais da Igreja, como

Clemente de Alexandria e Orígenes. Esses últimos rejeitavama idéia de qualquer semelhança física entre Deus e o homem.Porém, fizeram distinção entre as palavras imagem esemelhança. Defendiam a idéia de que a palavra imagemreferia-se a características do homem como homemsimplesmente; quanto à palavra semelhança, interpretavamque podia referir-se a qualidades que não são essenciais nohomem, e que podem ser cultivadas ou perdidas.

6. Uma Delimitação na Esfera da Vida

Na expressão "a nossa imagem conforme a nossasemelhança", há uma delimitação na esfera da vida do homemquanto ao seu destino final. Devemos perceber que a vidafísica se finda literalmente com a morte. Entretanto, o homem é

mais que um ser físico, ele é um ser espiritual e por isso estácomprometido com a eternidade. A sua destinação seráalcançada com êxito mediante a aceitação do plano divinoestabelecido para o homem na sua criação. Notemos que ohomem não está entregue ao seu próprio destino. Ele não écompletamente autônomo, ainda que exerça o seu livro-arbítrio. Ele foi destinado para a vida eterna de comunhão e

gozo na presença de Deus. Indiscutivelmente o homemperdeu a imagem de Deus em sua vida, i.e., foi destituído da

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glória de Deus (Rm 3.23). Ora, que glória é esta, perdida pelohomem? Ele perdeu a glória original da Criação, ao cair nopecado. A partir de então, a imagem de Deus não refletiu suaessência moral e espiritual do homem. Desde então, o homem

tem procurado sua própria glória, que é efêmera e passageira. A própria Bíblia declara: "Toda a glória do homem é como a florda erva, que se dissipa ou morre no pó" (1Pe 1.24).

O futuro do homem encontra sua razão de ser narecuperação da glória perdida, essa imagem divina, através deJesus Cristo. Na obra regeneradora, o Espírito da glória leva

para o interior do homem esse reflexo do caráter divino, que é a"sua imagem". A partir de então, o novo crente vaiconquistando seu lugar e fortalecendo o seu destino de "glóriaem glória" (2 Coríntios 3.18).

7. Cristo, a Imagem do Deus Invisível (Cl 1.15)

Uma vez que "Cristo é o primogênito de toda a criação",devemos entender o ato criativo de Deus como o modo defazer uma nova criação espiritual "em Cristo Jesus". Jesus foi,em sua manifestação física, a verdadeira imagem de Deus,i.e., o reflexo daquilo que Deus queria para nós, criaturashumanas.

Devemos distinguir entre uma imagem divina que

perdemos pelo efeito do pecado e uma imagem divina que,apesar do pecado, permanece em nós. Ao falarmos da"imagem divina" que o homem perdeu, referimo-nos à perdadaquela condição de santidade e glória originais. Quanto aoaspecto da imagem de Deus que permanece em nós, apesardo pecado, referimo-nos ao fato de que o homem ainda temcondições racionais para rejeitar o mal e escolher o bem. Elenão se tornou, de modo algum, um ser irracional. Certas açõesdo homem são como as dos irracionais, mas ele as pratica demodo consciente e sabe o que deve e o que não deve fazer.

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O Novo Testamento apresenta ao homem apossibilidade de recuperação através do novo nascimento emCristo Jesus (Ef 4.24; Cl 3.10; Rm 8.29). Portanto, o novohomem é criado em Cristo, segundo Deus, e é renovado

"segundo a imagem daquele que o criou". Essa recuperação é,de fato, uma nova criação (2Co 5.17; Gl 6.15) que precisa servigiada, desenvolvida e amadurecida na experiência cristãcotidiana.

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Capítulo 3

A Criação do Homem

1 A Doutrina da Natureza do Homem

Os três temas mais atacados pelas seitas são aTrindade, a Natureza do Homem e o Inferno. Um estudosistemático sobre estes assuntos haverá de equipar melhor oaluno para o estudo das seitas.

2. O Monismo

O monismo, também uma cosmovisão, remonta "aosfilósofos pré-socráticos que apelavam a um único princípiounificador para explicar toda a diversidade da experiênciaobservada". No entanto, pode adotar um enfoque muito maisestreito e o faz quando se aplica ao estudo dos seres humanos.Os monistas teológicos argumentam que os vários

componentes dos seres humanos descritos na Bíblia perfazemuma unidade indivisível e radical. Parcialmente o monismo erauma reação neo-ortodoxa ao liberalismo, que havia propostouma ressurreição da alma, mas não a do corpo.

Os monistas defendem que, onde o Antigo Testamentoemprega a palavra "carne" (basar), os escritores no NovoTestamento aparentemente empregam tanto "carne" (sarx)

quanto "corpo" (soma). Qualquer desses termos pode referir-se ao ser humano inteiro porque, nos termos bíblicos, ele eraconsiderado um ser unificado. Segundo o monismo, pois,devemos considerar o ser humano como um todo unificado, enão como vários componentes que podem ser individualmenteidentificados e classificados. Quando os escritores sagradosfalam de "corpo e alma..." deve-se considerar uma descriçãoexaustiva da personalidade humana. No conceito do Antigo

Testamento, cada pessoa individual "é uma unidadepsicofísica, carne animada pela alma".

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 A dificuldade do monismo, obviamente, é o fato de nãodeixar lugar para um estado intermediário entre a morte e aressurreição física no futuro. Esse ponto de vista discorda denumerosos textos bíblicos. Jesus também faz clara referência

ao corpo e à alma como elementos divisíveis quando adverte:"Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma"(Mateus 10.28).

Existem ainda duas outras correntes teológicas deinterpretação para a composição físico-espiritual do serhumano. Essas correntes de interpretação se identificamcomo dicotômica e tricotômica.

3. A Dicotomia

Esta palavra significa duas partes ou divisões. Estateoria é seguida por um grande número de teólogos: que ohomem se compõe de duas partes ou divisões: a material e aespiritual. Mesmo sobre esta teoria dicotômica há pontos devista diferentes. A corrente mais forte da teoria dicotômica é a

que considera o homem composto de duas substâncias: amaterial e a imaterial. Alma e espírito são, nessa teoria, amesma coisa. Usam vários textos bíblicos que sãoempregados na Bíblia representando a parte imaterial dohomem e que, segundo eles, parecem transmitir a mesmaidéia. Para os defensores desta corrente, a alma aparececomo espírito e vice-versa, e apegam-se aos seguintesversículos: Mt 10.28; At 2.31; Mc 8.12; Jo 11.33; 12.27; 2Co7.13; 1Co 16.18. Estes textos são atribuídos à alma e aoespírito como tendo as mesmas funções. Entretanto, seestudarmos o assunto à luz do contexto escriturístico edoutrinário, perceberemos facilmente a diferença.

4. A Tricotomia

Corpo, Alma e Espírito. O conceito popular daconstituição dos seres humanos é dualístico: alma e corpo.Segundo este pensamento a alma é a parte espiritual invisível,

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interior, enquanto que o corpo é a parte material visível,exterior. Embora haja alguma verdade nisso, ela não é,todavia, precisa. Tal opinião procede do homem caído, não deDeus; à parte da revelação de Deus, nenhum conceito é digno

de confiança. Que o corpo é o revestimento exterior do homemé, sem dúvida, correto, mas a Bíblia nunca confunde espírito ealma como se fossem idênticos. Não somente são diferentesem termos, mas suas próprias naturezas diferem entre si. APalavra de Deus não divide o homem em duas partes, i.e.,corpo e alma. Ela trata o homem antes como sendo tripartido:espírito, alma e corpo. Assim, lemos em 1Ts 5.23: "E o próprioDeus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito,

e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveispara a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". Este verso mostraprecisamente que o homem todo é dividido em três partes. Oapóstolo Paulo refere-se aqui à santificação completa doscrentes dizendo "vos santifique completamente". Como,segundo o apóstolo, uma pessoa é santif icadacompletamente? Pela conservação do seu espírito, alma ecorpo. Por isso podemos facilmente entender que a pessoa

toda abrange essas três partes. Esse verso faz também umadistinção entre o espírito e a alma, senão Paulo teriasimplesmente dito "vossa alma". Visto que Deus distinguiu oespírito humano da alma humana, nós concluímos que ohomem é composto não de duas, mas de três partes: espírito,alma e corpo.

Será assunto de qualquer consequência dividir espíritoe alma? É uma questão de suprema importância, pois afetagrandemente a vida espiritual de um crente. Como um crentepode entender a vida espiritual se não sabe qual é a extensãoda esfera do espírito? Sem tal entendimento, como ele podecrescer espiritualmente? Falhar em distinguir o espírito daalma é fatal para a maturidade espiritual, e por issopermanecem num estado pertencente à alma, não buscando o

que é realmente espiritual. Como escaparemos do prejuízo, seconfundirmos o que Deus separou?

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O conhecimento espiritual é muito importante para avida espiritual. Devemos acrescentar, entretanto, que éigualmente importante, se não mais, que o crente seja humildee esteja desejoso de aceitar o ensino do Espírito Santo. Se

assim for, o Espírito Santo lhe concederá a experiência dadivisão do espírito e alma, mesmo que ele não tenha muitoconhecimento a respeito desta verdade. Por um lado, o cristãomais ignorante, sem a menor idéia da divisão do espírito ealma, mesmo que ele não tenha muito conhecimento arespeito desta verdade. Por um lado, o cristão mais ignorante,sem a menor idéia da divisão do espírito e alma, pode,

contudo, experimentar tal divisão na vida real; por outro lado, ocrente mais informado e completamente versado na verdadeconcernente ao espírito e alma, pode, não obstante,desconhecer tal experiência. O ideal é que a pessoa possuatanto o conhecimento como a experiência. A maioria,entretanto, carece de tal experiência. Portanto, no início, é bomconduzi-los no conhecimento das diferentes funções doespírito e alma, para depois encorajá-los a buscar o que é

espiritual.

Outras porções das Escrituras fazem a mesmadiferença entre espírito e alma. "Porque a palavra de Deus éviva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de doisgumes e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas emedulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções

do coração" (Hb 4.12). O escritor, neste verso, divide oselementos não corpóreos do homem em duas partes: "alma eespírito". A parte corpórea é aqui mencionada como queincluindo as juntas e medulas - órgãos de movimento esensação. Quando o sacerdote usa a espada para cortar edissecar completamente o sacrifício, nada no interior podeficar escondido. Cada junta e medula é separada. Da mesmaforma o Senhor Jesus usa a Palavra de Deus em Seu povopara separar completamente, para penetrar até à divisão doque é espiritual, da alma e do físico. Visto que alma e espírito

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podem ser divididos, conclui-se que eles devem ser diferentesem natureza. Aqui é evidente, portanto, que o homem é umcomposto de três partes.

5. A Metafísica da Criação do Homem

"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, esoprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-seuma alma vivente" (Gn 2.7). No início, quando Deus criou ohomem, Ele o formou do pó da terra e depois soprou "o fôlegoda vida" em suas narinas. Tão logo o fôlego da vida, que setornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo do

homem, a alma foi produzida. Portanto, a alma é a combinaçãodo corpo e do espírito do homem. As Escrituras, por isso,chamam o homem de "alma vivente". O fôlego da vida tornou-se o espírito do homem, i.e., o princípio da vida dentro dele. OSenhor Jesus nos diz que "é o espírito que vivifica" (Jo 6.63).Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação. Todavia, nãodevemos confundir o espírito do homem com o Espírito Santode Deus. O último é diferente do nosso espírito humano. Rm8.16 manifesta esta diferença declarando que "o Espíritomesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos deDeus". O original da palavra "vida" em "fôlego de vida" é chay eestá no plural. Isto pode ser uma indicação para o fato de que osopro de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a vidado espírito. Quando o sopro de Deus entrou no corpo dohomem, ele se tornou o espírito do homem; mas quando o

espírito reagiu com o corpo, a alma foi produzida. Isto explica aorigem da vida do nosso espírito e da nossa alma. Devemosadmitir, entretanto, que este espírito não é a própria vida deDeus, pois "o sopro do Todo-Poderoso me dá vida" (Jó 33.4).Ele não é a entrada da vida não criada de Deus, no homem,nem tampouco a vida de Deus que recebemos naregeneração. O que recebemos no novo nascimento é aPrópria vida de Deus, como tipificada pela árvore da vida. Mas,

nosso espírito humano, embora existindo permanentemente,está destituído da "vida eterna".

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 A expressão "formou o homem do pó da terra", refere-seao corpo do homem; "soprou em suas narinas o fôlego da vida"refere-se ao espírito do homem, conforme ele veio de Deus; e"o homem tornou-se alma vivente" refere-se à alma do homem

quando o corpo foi vivificado pelo espírito e levado a ser umhomem vivo e consciente de si mesmo. O homem completo éuma trindade - o composto de espírito, alma e corpo. De acordocom Gn 2.7, o homem foi feito de apenas dois elementosindependentes: o corpóreo e o espiritual. Mas, quando Deuscolocou o espírito dentro do revestimento da terra, a alma foiproduzida. O espírito do homem tocando o corpo mortoproduziu a alma. O corpo separado do espírito estava morto,

mas, com o espírito, o homem passou a viver. O órgão, assimestimulado, foi chamado de alma.

"O homem tornou-se alva vivente", expressa nãoapenas o fato de que a combinação do espírito e corpoproduziu a alma, como sugere também que o espírito e o corpoestavam completamente fundidos nessa alma. Em outraspalavras, a alma e o corpo estavam juntos com o espírito, e o

espírito e o corpo fundidos na alma. Adão "em seu estado antesda queda, nada sabia dessas incessantes lutas de espírito ecarne, que são coisas da experiência diária para nós. Haviauma perfeita combinação das suas três naturezas em uma e aalma, como fator de unidade, tornou-se a causa da suaindividualidade, da sua existência como um ser distinto"(Pember's Earth's Earliest Ages). O homem foi denominadoalma vivente, porque era lá que espírito e corpo seencontravam e através da qual sua individualidade eraconhecida. Talvez possamos usar uma ilustração imperfeita:derrame um pouco de tinta num como com água. A tinta e aágua misturar-se-ão formando uma terceira substânciachamada tinta de escrever. Da mesma forma os doiselementos independentes do espírito e corpo, unem-se paraformar alma vivente. (A analogia falha nisso: a alma produzida

pela combinação do espírito e do corpo torna-se num elementoindependente e indissolúvel, tanto quanto o espírito e o corpo).

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Deus considerou a alma do homem como algo singular. Assim como os anjos foram criados como espíritos, o homemfoi criado predominantemente como alma vivente. O homemtinha não apenas um corpo, um corpo com fôlego de vida; ele

tornou-se uma alma vivente também. Por isso, mais tarde, nasEscrituras, encontramos Deus frequentemente referindo-seaos homens como "almas". Por quê? Porque aquilo que ohomem é depende de como é sua alma. Ela o representa eexpressa sua individualidade. É o órgão da vontade livre dohomem, o órgão no qual o espírito e corpo estãocompletamente unidos. Se a alma do homem deseja obedecera Deus, ela permitirá que o espírito governe esse homem,

conforme ordenado por Deus. Se ela escolher, pode tambémreprimir o espírito e aceitar algum outro prazer, comodominadora do homem. Esta trindade de espírito, alma e corpopodem ser parcialmente ilustrados por uma lâmpada elétrica.Dentro da lâmpada, que pode representar o homem total,existem eletricidade, luz e fio. O espírito é como a eletricidade,a alma como a luz e o corpo como o fio. A eletricidade é a causada luz enquanto que a luz é o efeito da eletricidade. O fio é a

substância material para conduzir a eletricidade como tambémpara manifestar a luz. A combinação do espírito e corpo produza alma, aquilo que é singular no homem. A eletricidade,conduzida pelo fio, é manifesta na luz; assim, o espírito atuasobre a alma e a alma, por sua vez, se expressa a si mesmaatravés do corpo.

Entretanto, devemos nos lembrar bem de que,enquanto a alma é o ponto de encontro do elemento do nossoser nesta vida presente, em nosso estado ressurreto, o espíritoserá o poder governante. Porque a Bíblia nos diz que "semeia-se o corpo físico, é ressuscitado corpo espiritual!" (1Co 15.44).Todavia, aqui está um ponto vital: nós que fomos unidos aoSenhor ressurreto podemos, mesmo agora, ter nosso espíritono governo de todo o nosso ser. Não estamos unidos ao

primeiro Adão, que foi feito alma vivente, mas, ao último Adãoque é espírito vivificante (v 45).

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6. Funções Respectivas do Espírito, Alma e Corpo

É através do corpo físico que o homem entra em contatocom o mundo material. Portanto, podemos classificar o corpo

como aquela parte que nos dá consciência do mundo. A almainclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado deexistência e as emoções, que procedem dos sentidos. Vistoque a alma pertence ao próprio ego do homem e revela suapersonalidade, ela é denominada a parte de autoconsciência.O espírito é aquela parte pela qual temos comunhão com Deuse somente pela qual podemos compreendê-Lo e adorá-Lo. Porindicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é

denominado o elemento da consciência de Deus. Deus habitano espírito, o eu habita na alma, enquanto que os sentidoshabitam no corpo.

Conforme já mencionamos, a alma é o ponto deencontro do espírito e corpo, porque lá eles são unidos. Pormeio do seu espírito, o homem mantém comunicação com omundo espiritual e com o Espírito de Deus, ambos recebendo e

expressando o poder e vida da esfera espiritual. Através do seucorpo o homem está em contato com o mundo exterior esensual, afetando-o e sendo afetado por ele. A almapermanece entre esses dois mundos e ainda pertence aambos. Ela está ligada ao mundo espiritual, através doespírito, e ao mundo material através do corpo. Ela possuitambém, o poder do livre-arbítrio, sendo, por isso, capaz deescolher dentro do seu meio ambiente. O espírito não podeatuar diretamente sobre o corpo. Ele precisa de umintermediário, e este intermediário é a alma, produzida pelocontato do espírito com o corpo. Portanto, a alma fica entre oespírito e o corpo, unido-os. O espírito pode subjugar o corpo,através da mediação da alma, para que ele obedeça a Deus;da mesma forma o corpo, através da alma, pode atrair oespírito para amar o mundo.

Destes três elementos, o espírito é o mais nobre porqueele se une com Deus. O corpo é mais inferior porque tem

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contato com a matéria. A alma estando entre eles, os une erecebe o caráter deles como sendo dela própria. A alma tornapossível a comunicação e cooperação entre o espírito e ocorpo. O trabalho da alma é manter esses dois em seu

funcionamento próprio, a fim de que não percam seurelacionamento correto - a saber, que o mais inferior, o corpo,possa ser subordinado ao espírito, e que o mais elevado, oespírito, possa governar o corpo através da alma. O elementoprincipal do homem é, definitivamente, a alma. Ela assiste aoespírito para dar-lhe o que ele recebeu do Espírito Santo, a fimde que a alma, após ter sido aperfeiçoada, possa transmitir aocorpo aquilo que recebeu; então o próprio corpo pode também,

participar da perfeição do Espírito Santo, tornando-se, assim,um corpo espiritual.

O espírito é a parte mais nobre do homem e ocupa aregião mais interior do seu ser. O corpo é a mais inferior erecebe o lugar mais exterior. Entre estes dois habita a alma,servindo como intermediária. O corpo é o abrigo externo daalma, enquanto que a alma é o revestimento exterior do

espírito. O espírito transmite seu pensamento à alma e a almaexercita o corpo a obedecer a ordem do espírito. Este é osignificado da alma como intermediária. Antes da queda dohomem, o espírito controlava todo o ser por meio da alma.

O poder da alma é muito grande, visto que o espírito e ocorpo, unidos lá, fazem dela o centro da personalidade einfluência do homem. Antes de o homem cometer pecado, opoder da alma estava completamente sob o domínio doespírito. Sua força era portanto, a força do espírito. O espíritomesmo não pode atuar sobre o corpo; somente por meio damediação da alma. Isso pode ver em Lc 1.46,47: "A minha almaengrandece ao Senhor e o meu espírito exultou-se em Deus,meu Salvador". "Aqui a mudança nos tempos verbais mostraque primeiro o espírito concebeu a alegria em Deus, e, depois,

comunicando com a alma, levou-a a dar expressão aosentimento por meio do órgão humano" (Pember's Earth'sEarliest Ages).

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Repetindo, a alma é o lugar da personalidade. Avontade, o intelecto e as emoções do homem estão lá. Como oespírito é usado para comunicar com o mundo espiritual e ocorpo com o mundo natural, assim a alma fica no meio e

exercita seu poder para discernir e decidir se deve reinar omundo espiritual ou o natural. Algumas vezes também, a almamesma exerce controle sobre o homem, através do seuintelecto, criando assim um mundo ideativo que reina. A fim deo espírito governar, a alma precisa dar seu consentimento;senão o espírito fica sem recursos para regular a alma e ocorpo. Mas esta decisão depende da alma, porque nela residea personalidade do homem.

Na verdade a alma é o eixo de todo o ser, porque avontade do homem pertence a ela. Só quando a alma sedispõe a assumir uma posição humilde é que o espírito podedirigir o homem. Se a alma se rebela contra tal tomada deposição, o espírito ficará sem poder para governar. Isso explicao significado do livre-arbítrio do homem. O homem não é umautômato que se move conforme a vontade de Deus. Pelo

contrário, o homem tem pleno e soberano poder de decidir porsi mesmo. Ele possui o órgão da sua própria vontade e podeescolher seguir a vontade de Deus, ou resistir e seguir aSatanás. Deus deseja que o espírito, que é a parte mais nobredo homem, controle todo o seu ser. Todavia, a vontade - a partedecisiva da individualidade - pertence à alma. É a alma quedetermina se o espírito, o corpo, ou ela mesma deve governar.Devido ao fato da alma possuir tal poder e por ser o órgão daindividualidade do homem, a Bíblia chama o homem de "umaalma vivente".

7. O Templo Santo e o Homem

“Não sabeis", escreve o apóstolo Paulo, "que soissantuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?"

(1Co 3.16). Ele recebeu a revelação ao comparar o homemcom o templo. Assim como Deus habitava anteriormente notemplo, assim o Espírito Santo habita no homem hoje. Sendo

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comparado ao templo podemos ver como os trípliceselementos do homem são distintamente manifestos.

Sabemos que o templo é dividido em três partes. A

primeira é o átrio exterior, que é visto e visitado por todos. Todoo culto exterior é oferecido ali. Mais adiante está o Lugar Santo,onde só os sacerdotes podem entrar para ali oferecer o azeite,o incenso e pão a Deus. Eles estão bem próximos de Deus -mas não o mais próximo possível, porque ainda estão do ladode fora do véu e, portanto, sem condições de permanecer emSua própria presença. Deus habita no mais profundo, pordentro, no Santo dos Santos, onde as trevas são ofuscadas

pela brilhante luz e dentro do qual nenhum homem pode entrar.Embora o sumo sacerdote entre uma vez por ano, isto indica,todavia, que antes do véu ser rasgado, nenhum homem podiaestar no Santo dos Santos.

O homem também é o templo de Deus, e da mesmaforma tem três partes. O corpo é como o átrio exterior,ocupando uma posição exterior com sua vida visível a todos.

 Aqui o homem deve obedecer cada mandamento de Deus. Aqui o Filho de Deus serve como substituto e morre pelahumanidade. Por dentro está a alma do homem que constitui avida interior do homem e inclui sua emoção, vontade e mente.Tal é o Lugar Santo de uma pessoa regenerada, pois seu amor,vontade e pensamento estão plenamente iluminados para quepossa servir a Deus como o sacerdote do passado fazia. Nomais interior, além do véu, jaz o Santo dos Santos, no qualnenhuma luz humana jamais entrou e olho humano algum

 jamais penetrou. Ele é "o esconderijo do Altíssimo", ahabitação de Deus. O homem não pode ter acesso a ele, amenos que Deus queira rasgar o véu. Ele é o espírito dohomem. Este espírito jaz além da consciência própria dohomem e acima da sua sensibilidade. Aqui o homem une-se aDeus e tem comunhão com Ele.

Nenhuma luz é fornecida para o Santo dos Santosporque Deus habita ali. No Lugar Santo existe a luz fornecida

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pelo candeeiro de sete hastes. O átrio exterior fica sob a amplaluz do dia. Todos estes servem como imagens e sombras parauma pessoa regenerada. Seu espírito é como o Santo dosSantos habitado por Deus, onde tudo é realizado pela fé, além

da vista, sentido ou entendimento do crente. A alma simboliza oLugar Santo, pois ela é amplamente iluminada com muitospensamentos e preceitos racionais, muito conhecimento eentendimento concernentes às coisas do mundo idealista ematerial. O corpo é comparável ao átrio exterior, claramentevisível a todos. As ações do corpo podem ser vistas por todos.

 A ordem a nós apresentada por Deus é inconfundível:

"vosso espírito, e alma e corpo" (1Ts 5.23). Não é "alma eespírito e corpo", nem tampouco "corpo e alma e espírito". Oespírito é a parte preeminente, daí ser mencionado primeiro; ocorpo é a mais inferior e por isso mencionada por último; a almafica no meio e por isso é mencionada entre os outros dois.Tendo em vista a ordem de Deus, podemos apreciar asabedoria da Bíblia ao comparar o homem a um templo.Podemos observar a perfeita harmonia existente entre o

templo e o homem, tanto no tocante à ordem, quando ao valor.

O serviço do templo é realizado conforme a revelaçãono Santo dos Santos. Todas as atividades no Lugar Santo e noátrio exterior são reguladas pela presença de Deus no LugarSantíssimo. Este é o lugar mais sagrado, o lugar sobre o qualos quatro cantos do templo convergem e descansam. Podenos parecer que nada é feito no Santíssimo, porque ele éescuro como breu. Todas as atividades estão no Lugar Santo,até mesmo as atividades do átrio exterior são controladaspelos sacerdotes do Lugar Santo. Entretanto, todas asatividades do Lugar Santo são, na verdade, dirigidas pelarevelação, na quietude e paz total do Santo dos Santos.

Não é difícil perceber a aplicação espiritual. A alma, o

órgão da nossa personalidade, é composta de mente, vontadee emoção. Parece que a alma é a dona de todas as ações, poiso corpo segue sua direção. Todavia, antes da queda, a alma, a

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despeito das suas muitas atividades, era governada peloespírito. E esta ainda é a ordem que Deus quer: primeiro oespírito, depois a alma e por último o corpo.

8. O Espírito e a Alma

O Espírito. É imperativo que um crente saiba que temum espírito, visto que toda comunicação de Deus com ohomem ocorre ali. Se o crente não discerne seu próprioespírito, ele, invariavelmente, desconhece como comungarcom Deus no espírito. Substitui, facilmente, os pensamentosou emoções da alma pelas obras do espírito. Dessa forma, ele

confina a si mesmo à esfera exterior, sempre incapaz dealcançar a esfera espiritual.

Eis algumas referências: 1Co 2.11 fala do "espírito dohomem que nele está"; 1Co 5.4 menciona "meu espírito". Rm8.16 diz "nosso espírito"; 1Co 14.14 usa "meu espírito"; 1Co14.32 fala dos "espíritos dos profetas"; Pv 25.28 faz alusão ao"seu próprio espírito"; Hb 12.23 registra "os espíritos dos justos

aperfeiçoados"; Zc 12.1 declara que "o Senhor... formou oespírito do homem dentro dele".

Os versos das Escrituras acima são suficientes paraprovar que nós, seres humanos, possuímos um espíritohumano. Este espírito não é sinônimo da nossa alma, nem é omesmo que o Espírito Santo. Nós adoramos a Deus nesteespírito.

Segundo o ensino da Bíblia e a experiência dos crentes,pode-se dizer que o espírito humano inclui três partes, ou emoutras palavras, pode-se dizer que ele tem três funçõesprincipais: consciência, intuição e comunhão.

 A consciência é o órgão do discernimento, que distingue

o certo do errado, mas não por meio da influência doconhecimento acumulado na mente, senão por um julgamentoespontâneo e direto. Frequentemente o raciocínio justifica

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coisas que nossa consciência julga. O trabalho da consciênciaé independente e direto; não se curva às opiniões exteriores.Se o homem agir errado, ela levanta sua voz de acusação.

 A intuição é o órgão sensitivo do espírito humano. É tãodiametralmente diferente do sentido físico e da alma, que échamado intuição. Ela envolve um sentimento direto eindependente de qualquer influência exterior. Aqueleconhecimento que chega a nós, sem qualquer ajuda da mente,emoção ou vontade, chega intuitivamente. Nós realmente"conhecemos" através da nossa intuição; nossa mentesimplesmente nos ajuda a "entender". As revelações de Deus

e todos os movimentos do Espírito Santo tornam-seconhecidos do crente por meio da sua intuição. O crente deve,portanto, estar atento a estes dois elementos: a voz daconsciência e o ensino da intuição.

Comunhão é adorar a Deus. Os órgãos da alma sãoincompetentes para adorar a Deus. Deus não é percebidopelos nossos pensamentos, sentimentos ou intenções, pois

Ele só pode ser conhecido diretamente em nosso espírito.Nossa adoração a Deus e as comunicações de Deus conoscosão diretamente no espírito. Elas acontecem no "homeminterior" e não na alma ou no homem exterior.

Podemos concluir então que estes três elementos daconsciência, intuição e comunhão estão profundamentecorrelacionados e funcionam coordenadamente. Orelacionamento entre a consciência e a intuição é que aconsciência julga segundo a intuição; ela condena todaconduta que não segue as direções dadas pela intuição. Aintuição está relacionada com a comunhão ou adoração, vistoque Deus é conhecido pelo homem intuitivamente e revela Suavontade ao homem na intuição. Medida alguma de expectativaou dedução nos concede o conhecimento de Deus.

Pode-se observar imediatamente, dos seguintes trêsgrupos de versos bíblicos, que nosso espírito possui a função

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da consciência (não dizemos que o espírito é a consciência), afunção da intuição (ou sentido espiritual), e a função dacomunhão (adoração).

 A Função da Consciência no Espírito do Homem: "OSenhor teu Deus lhe endurecerá o espírito" (Dt 2.30); "Salva oscontritos de espírito" (Sl 34.18); "Põe um espírito novo e retodentro de mim" (Sl 51.10); "Tendo Jesus dito isto, turbou-se emespírito" (Jo 13.21); "Revoltava-se nele o seu espírito, vendo acidade cheia de ídolos" (At 17.16); "O mesmo Espírito testificacom o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.16);"Presente no espírito, já julguei, como se estivesse presente"

(1Co 5.3); "Não tive descanso no meu espírito" (2Co 2.13);"Porque Deus não nos deu o espírito de covardia" (2Tm 1.7).

 A Função da Intuição no Espírito do Homem: "O espíritoda verdade está pronto" (Mt 26.41); "Mas Jesus logo percebeuem seu espírito" (Mc 2.8); "Ele, suspirando profundamente emseu espírito" (Mc 8.12); "Comoveu-se (Jesus) em espírito" (Jo11.33); "Paulo foi pressionado no espírito" (At 18.5); "Sendo

fervoroso de espírito" (At 18.5); "Eu, constrangido no meuespírito, vou a Jerusalém" (At 20.22); "Pois, qual dos homensentende as coisas do homem, senão o espírito do homem quenele está" (1Co 2.11); "Porque recrearam o meu espírito assimcomo o vosso" (1Co 16.18); "O seu espírito tem sido recreadopor vós todos" (2Co 7.13).

 A Função da Comunhão no Espírito do Homem: "Meuespírito exulta em Deus meu Salvador" (Lc 1.47); "Osverdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e emverdade" (Jo 4.23); "Deus, a quem sirvo em meu espírito" (Rm1.9); "Para servirmos em novidade de espírito" (Rm 7.6);"Recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba,Pai" (Rm 8.15); "O Espírito mesmo testifica com o nossoespírito" (Rm 8.16); "O que se une ao Senhor é um espírito com

ele" (1Co 6.17); "Cantarei com o espírito" (1Co 14.15); "Sebendisseres com o espírito" (1Co 14.16); "E levou-me umespírito" (Ap 21.10).

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Por estas Escrituras podemos saber que nosso espíritopossui, pelo menos, estas três funções. Embora os nãoregenerados ainda não possuam vida, eles, todavia, possuemestas funções (mas o culto deles é de espíritos maus).

 Algumas pessoas manifestam mais destas funções enquantoque outras menos. Entretanto, isto não implica que nãoestejam mortos em delitos e pecados. O Novo Testamento nãoconsidera os que têm uma consciência sensitiva, intuiçãoaguda ou tendência e interesse espiritual, como sendoindivíduos salvos. Tais pessoas apenas nos provam que, àparte da mente, da emoção e da vontade da nossa alma,também temos um espírito. Antes da regeneração, o espírito

está separado da vida de Deus; só depois dela é que a vida deDeus e do Espírito Santo habita em nosso espírito. Eles foram,então, vivificados para serem instrumentos do Espírito Santo.

Nosso alvo, ao estudar a importância do espírito, visacapacitar-nos a entender que nós, como seres humanos,possuímos um espírito independente. O espírito não é amente, nem a vontade, nem a emoção do homem; pelo

contrário, ele inclui as funções da consciência, da intuição e dacomunhão. É aqui no espírito que Deus nos regenera, nosensina e nos conduz ao Seu descanso. Mas,lamentavelmente, devido aos longos anos de cativeiro à alma,muitos cristãos conhecem muito pouco do seu espírito.Devemos estremecer diante de Deus e pedir a Ele que nosensine através da experiência, o que é espiritual e o que é daalma.

 Antes do crente nascer de novo, seu espírito torna-setão submerso e cercado por sua alma, que é impossível paraele distinguir se algo emana da alma ou do espírito. As funçõesdo último misturam-se com as da anterior. Além disso, oespírito perdeu sua função primária - para com Deus, pois estámorto para Deus. Assim parecia que ele se tornou um

acessório da alma. E quando a mente, emoção e vontade sefortalecem, as funções do espírito tornam-se tão eclipsadas a

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ponto de fazê-las quase desconhecidas. É por isso que devehaver a obra de separação entre a alma e o espírito depois queo crente é regenerado.

Examinando as Escrituras, parece que um espírito nãoregenerado funciona do mesmo modo que a alma. Osseguintes versos ilustram isto: "Seu espírito estavaperturbado" (Gn 41.8); "Então o espírito deles se abrandoupara com ele" (Jz 8.3); "O que é de espírito precipitado exalta atolice" (Pv 14.29); "O espírito abatido seca os ossos" (Pv17.22); "Os errados de espírito" (Is 29.24); "Uivareis pela

angústia de espírito" (Is 65.14); "Seu espírito se endureceu"(Dn 5.20).

Estas passagens mostram-nos as obras do espírito nãoregenerado e indicam como são semelhantes às da alma. Arazão porque o espírito, e não a alma, é mencionado, visarevelar o que aconteceu nas profundezas do homem. Istomostra como o espírito do homem veio a ser controlado e

influenciado completamente por sua alma, com o resultado deque ele manifesta as obras da alma. O espírito, entretanto,ainda existe porque estas obras procedem do espírito. Emboragovernado pela alma, o espírito não deixa de ser um órgão.

9. A Alma

Conceito Filosófico e Religioso. A noção de alma como"sopro", princípio ativo do corpo, acha-se em quase todos ospovos e culturas, tornando-se objeto de constante elaboraçãofilosófica, desde os pitagóricos até a teologia contemporâneaou a psicanálise de Jung.

Definida como elemento vital e espiritual do serhumano, a alma foi sempre um dos problemas mais constantesda maior parte das religiões e filosóficas de todos os tempos.Diversas manifestações religiosas encontraram nela seu

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interesse principal, como o animismo e o espiritismo, etambém algumas correntes filosóficas, especialmente asoriginárias do platonismo, que defendia a imortalidade da almae a metempsicose (transmigração das almas).

O dualismo inerente à abordagem platônica é umaherança do orfismo e do pitagorismo: a alma pertence à esferadivina, ao mundo das idéias e das formas, confundindo-se comestas e sendo, por isso, eterna, imortal, indestrutível. "O corpoé a prisão da alma", ensina Platão, correspondendo ela, assim,a uma entidade oposta à existência corpórea, a que só pode

chegar após a queda.

 A escolástica representa mais um passo adiante: paraTomás de Aquino, a alma é a forma substancial do corpo.Escolásticos posteriores ensinaram, todavia, que existe umaoutra forma do corpo além da alma. Esta, para eles, é bastantesimples, mas possui "faculdades", que são como seus

acidentes. Cada experiência acrescentaria à alma uma novaforma acidental. Por suas muitas implicações, o problema nãoé esquecido por Descartes, que na VII Meditação do Discoursde la méthode (Discurso sobre o Método), afirma ser a almauma questão tão importante quanto a de Deus.

Na teologia de Martinho Lutero, em Das Magnificat(1521) mostra que as Escrituras dividem o homem em trêspartes e que "a alma é o mesmo espírito... contudo, em outraoperação. O espírito é a casa onde habita a palavra de Deus, ea alma faz que o corpo tenha vida".

O calvinista suíço Emil Brunner sustenta que não é aalma que distingue o homem como homem, mas a mente e oespírito. Para ele, o fato de se considerar a alma como base do

espírito - e unida a este até a identidade - é que faz maiscomplexa a relação entre ambos.

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Segundo Brunner, a alma une o homem com o mundoda natureza e das coisas por intermédio do corpo, o qualrelaciona a pessoa humana com o mundo.

O teólogo suíço Karl afirma: "O homem é a alma de seucorpo, a alma racional guiando o organismo vegetativo eanimal que está a seu serviço. Mas é um só e o mesmo ser, nãodois domínios separados; trata-se sempre de um todo, dohomem".

O teólogo protestante Rudolf Kittel, acentua igualmentea unidade da natureza humana. Essa é também a direção dateologia católica mais recente, quer em seu novo catecismo,quer na orientação divulgada pelo concílio ecumênicoVaticano II.

Identificada com animais em diversas mitologias, aalma, ou sua noção, foi inteiramente rejeitada por materialistasmodernos. "Teoricamente uma tolice", para Ludwig

Feuerbach, reduz-se a funções cerebrais cada vez maisconhecidas, para outros autores.

9.1. Conceito Bíblico - Teológico.

 Além de ter um espírito que o capacita a ter comunhãocom deus, o homem também possui uma alma, suaconsciência própria. Ele torna-se consciente da sua existência

pela obra da alma. Ela é a sede da sua personalidade. Oselementos que nos fazem seres humanos pertencem à alma.Intelecto, pensamento, ideais, amor, emoção, discernimento,escolha, decisão etc., são apenas as várias experiências daalma.

Já foi explicado que o espírito e o corpo estão fundidosna alma, a qual, por sua vez, forma o órgão da nossapersonalidade. É por isso que, às vezes, a Bíblia chama ohomem de "alma", como se o homem tivesse apenas esse

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elemento. Por exemplo: Gn 12.5 refere-se às pessoas como"almas". Quando Jacó trouxe sua família inteira para o Egito,novamente é registrado que "todas as almas da casa de Jacó,que vieram para o Egito eram setenta" (Gn 46.27). Inúmeros

exemplos ocorrem na linguagem original da Bíblia, onde"alma" é usada em lugar de "homem". Porque a sede eessência da personalidade é a alma. Compreender apersonalidade do homem é compreender sua pessoa. Aexistência, características e vida do homem estão todas naalma. A Bíblia, por conseguinte, chama o homem de "umaalma".

O que constitui a personalidade do homem são as trêsprincipais faculdades: vontade, mente e emoção. Vontade é oinstrumento para nossas decisões e revela nosso poder deescolha. Ela manifesta nossa disposição ou indisposição:"queremos" ou "não queremos". Sem ela o homem é reduzidoa um autômato. A mente, o instrumento para nossospensamentos, manifesta nosso poder intelectual. Dela surge a

sabedoria, o conhecimento e o raciocínio. A falta dela faz ohomem tolo e embotado. O instrumento para os nossos gostose antipatias é a faculdade da emoção. Por meio dela somoscapazes de expressar amor ou ódio e sentir alegria, ira, tristezaou felicidade. Qualquer falta dela tornará o homem tãoinsensível como pau ou pedra.

Um estudo cuidadoso da Bíblia fornecerá a conclusão

de que essas três faculdades principais da personalidadepertencem à alma. As passagens das Escrituras são muitas,para citá-las todas. Por isso, apenas algumas citações podemser enumeradas aqui:

9.2. A Faculdade Volitiva da Alma

“Não me entregues à vontade (original, "alma") dos

meus adversários" (Sl 17.12); "Tu, Senhor, não o entregarás àvontade (original, "alma") dos seus inimigos" (Sl 41.2); "Te

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entreguei à vontade (original, "alma") dos que te odeiam" (Ez16.27); "Deixá-las ir à sua vontade" (original, "alma") (Dt21.14); "Eia! Cumpriu-se o nosso desejo" (original, "alma") (Sl35.25). "Ou jurar, ligando-se" (original, "alma") (Nm 30.2);

"Disponde, pois, agora o vosso coração e a vossa alma parabuscardes ao Senhor vosso Deus" (1Cr 22.19); "Eles desejame elevam suas almas para voltar e lá habitar" (Jr 44.14);"Nessas coisas a minha alma recusa tocar" (Jó 6.7); "Minhaalma escolhe antes, o estrangulamento e a morte do que meusossos" (Jó 7.15). A "vontade" ou "coração", aqui, indicam avontade humana. "Disponde vosso coração", "elevam suasalmas", "recusam" e "escolhem" são todos exercícios da

vontade, tendo suas fontes na alma.

9.3. A Faculdade Intelectual ou Mental da Alma

"A que levantam eles sua alma, seus filhos e suas filhas"(Ez 24.25); "Não é bom que uma alma esteja semconhecimento" (Pv 19.2); "Até quando encherei de cuidados aminha alma?" (Sl 13.2); "Maravilhosas são as tuas obras, e aminha alma o sabe muito bem" (Sl 139.14); "Minha alma aindaos conserva na memória" (Lm 3.20); "O conhecimento seráaprazível à tua alma" (Pv 2.10); "Guarda a verdadeirasabedoria e o bom siso... assim serão eles vida para a tuaalma" (Pv 3.21,22); "Saiba que é assim a sabedoria para a tuaalma" (Pv 24.14). Aqui "conhecimento, "conselho", "levantam","memória" etc., existem como as atividades do intelecto ou

mente do homem, as quais a Bíblia indica como que provindoda alma.

9.4. A Faculdade Emotiva da Alma

(A) Emoções de Afeição

"A alma de Jônatas ligou-se com a alma de Davi; e Jônatas o

amou como à sua própria alma" (1Sm 18.1); "Tu, a quemama a minha alma" (Ct 1.7); "A minha alma engrandece aoSenhor" (Lc 1.46); "Sua vida abomina o pão e a sua alma a

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comida apetecível" (Jó 33.20); "A quem a alma de Daviaborrece" (2Sm 5.8); "Minha alma irritou-se com eles" (Zc11.8); "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus... de toda a suaalma" (Dt 6.5); "Minha alma está cansada da minha vida"

(Jó 10.1); "A sua alma aborreceu toda sorte de comida" (Sl107.18).

(B) Emoções do Desejo

"Por tudo o que tua alma desejar... ou por tudo o que te pedira tua alma" (Dt 14.26); "O que tua alma pode dizer" (1Sm20.4); "A minha alma suspira, sim, desfalece pelos átrios doSenhor" (Sl 84.2); "Os desejos de tua alma" (Ez 24.21);"Assim minha alma anseia por ti ó Deus" (Sl 42.1); "Minhaalma te deseja de noite" (Js 26.9); "A minha alma secompraz" (Mt 12.18).

(C) Emoções do Sentimento e Percepção

"Uma espada transpassará tua própria alma" (Lc 2.35); "Aalma de todo o povo estava amargurada" (1Sm 30.6); "Suaalma se afligiu pela miséria de Israel" (Jz 10.16); "Sua almaestá em amargura" (2Rs 4.27); "Até quando afligires aminha alma" (Jó 19.2); "Minha alma se alegrará no meuDeus" (Is 61.10); "Alegra a alma do teu servo" (Sl 86.4);"Desfalecia-lhes a alma" (Sl 107.5); "Por que estás abatida,ó minha alma" (Sl 42.5); "Volta, minha alma, ao teu repouso"(Sl 116.7); "A minha alma se consome de anelos" (Sl119.20); "Doçura para a alma" (Pv 16.24); "Deleite vossa

alma com a gordura" (Is 55.2); "Dentro de mim desfalecia aminha alma" (Jn 2.7); "A minha alma está triste" (Mt 26.38);"Agora a minha alma está perturbada" (Jo 12.27); "Afligiatodos os dias a sua alma justa" (2Pe 2.8).

Podemos descobrir, nas observações acima comrespeito às várias emoções do homem, que nossa alma écapaz de amar e odiar, de desejar e aspirar, de sentir e

perceber.

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10. A Vida da Alma

 Alguns eruditos da Bíblia indicam-nos que existem trêspalavras diferentes empregadas no grego para designar

"vida". (a) bios, (b) psique, (b) zoe. Todas elas descrevem avida, mas exprimem significados bem diferentes.

Bios refere-se aos meios de vida ou subsistência.Nosso Senhor Jesus Cristo usou esta palavra quando elogioua mulher que havia lançado no tesouro do templo toda a suasubsistência.

Zoe é a vida mais elevada, a vida do espírito. Sempreque a Bíblia fala de vida eterna ela usa esta palavra.

Psique refere-se à vida animada do homem, sua vidanatural ou a vida da alma. A Bíblia emprega este termo, quandodescreve a vida humana.

 Aqui devemos observar que as palavras "alma" e "vidada alma", na Bíblia, são uma só e a mesma palavra no original.No Antigo Testamento a palavra hebraica para "alma - nefesh -é usada igualmente para "vida da alma". O Novo Testamentoconsequentemente emprega a palavra grega psiqué tantopara "alma" como para "vida da alma". Por isso sabemos que a"alma" não é apenas um dos três elementos do homem, mas

também a vida do homem, sua vida natural. Em muitos lugaresna Bíblia "alma" é traduzida como "vida": "A carne, porém, comsua vida, i.e., com seu sangue" (Gn 9.4-5); "A vida da carneestá no sangue" (Lv 17.11); "Os que buscavam a vida domenino estão mortos" (Mt 2.20); "É lícito no sábado... salvar avida ou tirá-la?" (Lc 6.9); "Têm exposto as suas vidas pelonome de nosso Senhor Jesus Cristo" (At 15.26); "Em nadatenho a minha vida como preciosa" (At 20.24); "Para dar a suavida em resgate de muitos" (Mt 20.28); "O bom pastor dá a suavida pelas ovelhas" (1010,11, 15, 17).

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 A palavra "vida" nestes versos é "alma" no original. Foitraduzido assim porque seria mais difícil entender de outraforma. A alma é realmente a própria vida do homem.

 A "vida da alma" é a vida natural do homem, aquilo que ofaz existir e que o estimula. É a vida pela qual o homem vivehoje; é o poder pelo qual o homem vem a ser o que ele é. Vistoque a Bíblia aplica os termos nefesh e psiqué tanto para a almacomo para a vida do homem, é evidente para nós que estesdois, embora distinguíveis, não são separáveis. Sãodistinguíveis porque em certos lugares psiqué deve sertraduzido ou como "alma" ou como "vida". As traduções nãopodem ser intercambiadas. Por exemplo: "alma" e "vida" emLucas 12.19-23 e Marcos 3.4 são na verdade a mesma palavrano original, entretanto, traduzi-las com a mesma palavra emportuguês ficaria sem sentido. São inseparáveis, no entanto,porque estas duas estão completamente unidas no homem.Um homem sem alma, não vive. A Bíblia nunca nos diz que ohomem natural possui outra vida além da alma. A vida do

homem é apenas a alma permeando o corpo. Quando a alma éunida ao corpo, ela torna-se a vida do homem. Vida é ofenômeno da alma. A Bíblia considera o atual corpo do homemcomo um "corpo da alma" (1Co 15.44), pois a vida do nossocorpo atual é a da alma. A vida do homem é, portanto,simplesmente uma expressão de um composto das suasenergias mentais, emocionais e volitivas. A "personalidade",na esfera natural, engloba estas diferentes partes da alma,

mas apenas isto. A vida da alma é a vida natural do homem.

Reconhecer que a alma é a vida do homem, é um fatomuito importante, pois se relaciona grandemente com aespécie de cristão que nos tornamos, se espirituais ou da alma.

11. A Alma o Ego do Homem

Sendo a alma a sede da nossa personalidade, o órgãoda vontade e da vida natural, concluímos que esta alma é

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também o verdadeiro "Eu" - Eu mesmo. Nosso ego é a alma.Isto pode ser demonstrado também pela Bíblia. Em Nm 30, afrase "ligar a si mesmo" ocorre dez vezes. No original é "ligarsua alma". Disso somos levados a entender que a alma é o

nosso próprio eu. Em muitas outras passagens da Bíblia nósvemos que a palavra "alma" é substituída por pronomes. Porexemplo: "Nem neles vos contaminareis" (Lv 11.43); "Não voscontaminareis" (Lv 11.44); "Por si e pela sua descendência" (Et9.31); "Oh, tu, que te despedaças na tua ira" (Jó 18.4); "Este se

 justificava a si mesmo" (Jó 32.2); "Eles mesmos vão para ocativeiro" (Is 46.2); "Ao que cada um houver de comer;somente isso poderá ser feito por vós" (Êx 12.16); "O homicidaque tiver matado alguém involuntariamente" (Nm 35.11,15);"Que eu morra a morte dos justos" (Nm 23.10); "Quandoalguém trouxer uma oferta de cereais" (Lv 2.1); "Tenho feitoacalmar e sossegar a minha alma" (Sl 131.2); “Não imaginesque, por estares no palácio do rei escaparás" (Et 4.13); "Jurouo Senhor Deus por si mesmo" (Am 6.8).

Estas Escrituras do Antigo Testamento, nos informamde várias maneiras como a alma é o ego do homem.

O Novo Testamento transmite a mesma impressão. Atradução "oito pessoas" em 1Pe 3.20 no original é "almas" etambém em At 27.37 "duzentos e setenta e seis pessoas". Afrase em Rm 2.9 traduzida como "todo ser humano que praticao mal" no original é "toda a alma de todo o homem que pratica o

mal". Daí, advertir a alma de um homem que pratica o mal éadvertir o homem mal. Em Tg 5.20 o salvar uma alma éconsiderada como salvar um pecador. Lc 12.19 mostra ohomem tolo dizendo palavras de conforto à sua alma, comofalando a si mesmo. Está claro, portanto, que a Bíblia, no todo,considera a alma do homem ou a vida da alma como o própriohomem.

Podemos encontrar uma confirmação disso naspalavras do Senhor Jesus, dadas em dois Evangelhos

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diferentes. Assim lemos em Mt 16.26: "Pois que aproveitará aohomem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida(psiqué)? Ou que dará o homem em troca da sua vida(psiqué)?" Ao passo que Lc 9.25 assim o traduz: "Pois, que

aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder-se ouprejudicar-se a si mesmo (eautou)?" Os dois evangelistasregistram a mesma coisa, todavia, um usa "vida" (ou alma),enquanto que o outro usa "si mesmo". Isto quer dizer que oEspírito Santo está usando Mateus para explicar o sentido de"si mesmo" em Lucas e Lucas para explicar o sentido de "vida"em Mateus. A alma ou vida do homem é o próprio homem, evice-versa.

Tal estudo nos capacita a concluir que, para ser umhomem, devemos participar daquilo que está incluído na almado homem. Todo homem natural possui este elemento equalquer coisa que ele inclua, pois a alma é a vida comumpartilhada por todos os homens naturais. Antes daregeneração, tudo o que estiver incluído na vida - seja o ego,vida, força, poder, escolha, pensamento, opinião, amor,

sentimento - pertence à alma. Em outras palavras, a vida daalma é a vida que o homem herda no nascimento. Tudo o queesta vida possui e tudo o que ela possa vir a ser está na esferada alma. Se, distintamente, nós reconhecermos o que é daalma, então mais tarde será mais fácil reconhecermos o que éespiritual. Será possível separar o espiritual do que é da alma.

12. A Queda Do Homem

O homem que Deus formou era notavelmente diferentede todos os outros seres criados. O homem possuía umespírito semelhante àquele dos anjos e ao mesmo tempo tinhauma alma parecida com a dos animais inferiores. QuandoDeus criou o homem Ele lhe deu uma liberdade perfeita. Elenão fez dele um autômato, controlado automaticamente porSua vontade. Isto é evidente em Gn 2, quando Deus instruiu o

homem original a respeito de qual fruto ele poderia ou nãocomer. O homem que Deus criou possuía perfeita liberdade deescolha. Se ele escolhesse obedecer a Deus, assim seria; se

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decidisse rebelar-se contra Deus, poderia fazer isso também.O homem tinha em sua posse uma soberania pela qual poderiaexercitar sua vontade escolhendo obedecer ou não. Este é umponto muito importante, pois devemos reconhecer que em

nossa vida espiritual Deus nunca nos priva da nossa liberdade. A menos que cooperemos ativamente, Deus não realizaránada em nós. Nem Deus, nem o diabo podem fazer qualquerobra, sem primeiro obterem nosso consentimento, porque avontade do homem é livre.

O espírito do homem era, originalmente, a parte maiselevada de todo o seu ser ao qual alma e corpo deviam se

submeter. Sob condições normais o espírito é como a patroa, aalma como o mordomo e o corpo como o criado. A patroaentrega as coisas ao mordomo que por sua vez ordena aocriado que as faça. A patroa dá as ordens em particular aomordomo; o mordomo as transmite abertamente ao criado. Omordomo parece ser o senhor de tudo, mas na realidade quemdomina sobre tudo é a patroa. Infelizmente o homem caiu; elefoi vencido e pecou; consequentemente, a ordem correta de

espírito, alma e corpo ficaram misturados.

Deus concedeu ao homem um poder soberano eoutorgou muitos dons à alma humana. Pensamento, vontadeou intelecto e intenção estão entre as porções maisproeminentes. O propósito original de Deus é que a almahumana receba e assimile a verdade e a essência da vidaespiritual de Deus. Ele concedeu dons aos homens para que

pudessem receber o conhecimento e vontade de Deus comosendo deles mesmos. Se o espírito e alma do homemmantivessem sua perfeição original, saúde e vigor, então seucorpo poderia continuar para sempre sem mudança. Se eleexercitasse sua vontade tomando e comendo do fruto da vida,a Própria vida de Deus indubitavelmente entraria em seuespírito, penetraria sua alma, transformaria completamenteseu homem interior e converteria seu corpo emincorruptibilidade. Ele estaria então, literalmente, de posse da"vida eterna". Naquele acontecimento, sua vida da alma seria

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totalmente cheia com a vida espiritual e seu ser inteiro seriatransformado naquilo que é espiritual. De forma contrária, se aordem do espírito e alma fosse invertida, então o homemprecipitaria nas trevas e o corpo humano não poderia resistir

muito tempo e logo se corromperia.

Sabemos que a alma do homem escolheu a árvore doconhecimento do bem e do mal, ao invés da árvore da vida.Porém, não está claro que a vontade de Deus para Adão eraque ele comesse do fruto da árvore da vida? Sim, porque antesde proibi-lo de comer do fruto da árvore do conhecimento dobem e do mal e adverti-lo que no dia em que dele comesse

morreria (Gn 2.17), Ele primeiro ordenou que Adão comesselivremente de toda árvore do jardim e propositadamentemencionou a árvore da vida, no meio do jardim. Quem podedizer que isto não é assim?

"O fruto do conhecimento do bem e do mal" eleva a almae abafa o espírito. Deus não proíbe o homem de comer destefruto apenas para testá-lo. Ele o proíbe por saber que ao comer

esse fruto, a alma do homem será tão estimulada a ponto deabafar a vida do espírito. Isso quer dizer que o homem perderáo verdadeiro conhecimento de Deus e estará assim morto paraEle. A proibição de Deus revela Seu amor. O conhecimento dobem e do mal neste mundo é em si mesmo mal. Talconhecimento surge do intelecto da alma do homem. Ele inchaa vida da alma e consequentemente esvazia a vida do espíritoa ponto de perder qualquer conhecimento de Deus e tornar-setal como morto.

Um grande número de servos de Deus considera estaárvore da vida, como sendo Deus oferecendo vida ao mundoem Seu Filho, o Senhor Jesus. Isto é vida eterna, natureza deDeus. Sua vida não criada. Por isso, temos aqui duas árvores -uma germina vida espiritual enquanto que a outra desenvolve

a vida da alma. O homem em seu estado original não é nempecaminoso, nem santo e justo. Ele fica entre os dois. Ele podeaceitar a vida de Deus tornando-se assim um homem espiritual

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e participante da natureza divina, ou pode inchar sua vidaoriginal tornando-se da alma, impondo consequente morte aoseu espírito. Deus concedeu um perfeito equilíbrio às trêspartes do homem. Sempre que uma parte se desenvolve em

excesso, as outras são contristadas.

Nosso andar espiritual será grandemente ajudado, seentendermos a origem da alma e seu princípio de vida. Nossoespírito vem diretamente de Deus, pois é dado por Deus (Nm16.22). Nossa alma não é tão diretamente recebida; ela foiproduzida depois que o espírito entrou no corpo. Está portanto,distintamente relacionada com o ser criado. É a vida criada, a

vida natural. A utilidade da alma é realmente extensa, se elamantiver seu devido lugar como mordomo, permitindo que oespírito seja a patroa. O homem pode então receber a vida deDeus e estar relacionado com Deus em vida. Se, todavia, estaesfera da alma torna-se dilatada, o espírito igualmente éabafado. Todos os feitos do homem serão confinados à esferanatural do criado, incapaz de estar unido à vida não criada esobrenatural de Deus. O homem original sucumbiu à morte,

porque comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal,desenvolvendo assim, de forma anormal, sua vida da alma.

Satanás tentou Eva com uma pergunta. Ele sabia queisto despertaria o pensamento da mulher. Se ela estivessecompletamente sob o controle do espírito, rejeitaria talinterrogação. Por tentar responder, ela exercitou sua menteem desobediência ao espírito. Sem dúvida, que a pergunta deSatanás estava cheia de erros, pois seu motivo principal erasimplesmente incitar o esforço mental de Eva. Ele esperavaque Eva até o corrigisse, mas lamentavelmente, ela ousoumuda a Palavra de Deus em sua conversa com Satanás.Consequentemente o inimigo foi encorajado a tentá-la nosentido de comer sugerindo que, ao comer, seus olhos seriamabertos e ela seria como Deus - conhecendo o bem e o mal.

"Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para secomer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para darentendimento, tomou do seu fruto e comeu" (Gn 3.6). Foi assim

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que Eva considerou a pergunta. Satanás provocou seupensamento da alma primeiro e depois avançou paraapoderar-se da sua vontade. Resultado: ela caiu em pecado.

Satanás sempre usa a necessidade física como oprimeiro alvo de ataque. Ele mencionou simplesmente o comerdo fruto a Eva, uma coisa totalmente física. Em seguida, eleprosseguiu para seduzir sua alma, insinuando que pelasatisfação seus olhos seriam abertos para conhecer o bem e omal. Embora tal busca pelo conhecimento fosse perfeitamentelegítima, a consequência, não obstante, conduziu seu espíritoa uma rebelião franca contra Deus, pois ela compreendeu

erradamente a proibição de Deus, como se brotasse de umamá-intenção. A tentação de Satanás alcançará primeiro ocorpo, depois a alma e finalmente o espírito.

 Após ser tentada, Eva deu sua decisão. Primeiro: "aárvore era boa para se comer". Isto é a "cobiça da carne". Suacarne foi a primeira a ser despertada. Segundo: "era agradávelaos olhos". Isto é a "cobiça dos olhos". Agora tanto seu corpo

como sua alma haviam sido seduzidos. Terceiro: "a árvore eradesejável para dar entendimento". Isto é a "soberba da vida".Tal desejo manifestou a agitação da sua emoção e vontade.Sua alma estava agora agitada além do controle. Ela não maisdava apoio como um espectador, mas havia sido incitada adesejar o fruto. Quão perigosa é uma emoção humanadominadora!

Por que devia Eva cobiçar o fruto? Não erasimplesmente a cobiça da carne e a cobiça dos olhos, mastambém o impulso da curiosidade pela sabedoria. Na busca dasabedoria e conhecimento, mesmo do assim chamado"conhecimento espiritual", as atividades da alma podem serfrequentemente detectadas. Quando alguém procuraaumentar seu conhecimento, por meio de ginásticas mentais

nos livros, sem esperar em Deus e sem buscar a condução doEspírito Santo, sua alma está claramente em plena atividade.Isso vai reduzir sua vida espiritual. A queda do homem foi

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ocasionada pela busca de conhecimento, por isso, Deus usa aloucura da cruz para "destruir a sabedoria do sábio". Ointelecto foi a causa principal da queda, por isso, para alguémser salvo é preciso que creia na loucura da Palavra da cruz, em

vez de depender da sua inteligência. A árvore do conhecimentoprovoca a queda do homem, por isso Deus emprega a árvoreda loucura (1Pe 2.24) para salvar almas. "Se alguém dentrevós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornarsábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante deDeus" (1Co 3.18-20; 1.18-25).

Tendo revisto cuidadosamente o registro da queda do

homem, podemos ver que, ao rebelar-se contra Deus, Adão eEva desenvolveram suas almas a ponto de substituírem seusespíritos e precipitarem-se nas trevas. As partes proeminentesda alma são a mente do homem, vontade e emoção. A vontadeé o órgão da decisão, portanto, o senhor do homem. A mente éo órgão do pensamento, enquanto que a emoção é o órgão daafeição. O apóstolo Paulo nos diz que "Adão não foienganado", indicando que a mente de Adão não foi confundida

naquele dia fatal. Quem tinha a mente fraca era Eva: "a mulhersendo enganada, caiu em transgressão" (1Tm 2.14). Segundoo registro de Gênesis está escrito que "a mulher disse: aserpente enganou-me e eu comi" (Gn 3.14); mas que "ohomem respondeu: a mulher que me deste por companheiradeu-me (e, não, enganou-me) da árvore e eu comi" (Gn 3.12).

 Adão, obviamente, não foi enganado; sua mente estava clara eele sabia que o fruto era da árvore proibida. Ele comeu porcausa da sua afeição pela mulher. Adão sabia que as palavrasda serpente eram nada mais que o engano do inimigo. Pelaspalavras do apóstolo, somos levados a ver que Adão pecoudeliberadamente. Ele amava Eva mais do que a si mesmo. Elefez dela o seu ídolo e por amor a ela estava disposto a rebelar-se contra o mandamento do seu Criador. Que lamentável quesua mente tenha sido anulada por sua emoção e seu raciocínio

vencido por sua afeição! Por que é que os homens "não creramna verdade?" Porque "tiveram prazer na injustiça" (2Ts 2.12).Não é que a verdade seja irracional, mas, sim, que não é

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amada. Por isso, quando alguém verdadeiramente volta-separa o Senhor, ele "crê com o coração (não a mente) para a

 justiça" (Rm 10.10).

Satanás moveu Adão a pecar apoderando-se da suavontade através da sua emoção; enquanto que Eva foi tentadaa pecar apoderando-se ele da sua vontade através do canal deuma mente obscurecida. Quando a vontade, mente e emoçãodo homem foram envenenadas pela serpente e o homemseguiu após Satanás ao invés de seguir a Deus, seu espírito,que era capaz de comungar com Deus, sofreu um golpe fatal.

 Aqui podemos ver a lei que governa a obra de Satanás. Ele usa

as coisas da carne (comer o fruto) para seduzir a alma dohomem a pecar; tão logo a alma peca, o espírito cai em trevasabsolutas. A ordem da sua operação é sempre assim: doexterior para o interior. Se não começar com o corpo, então elecomeça trabalhando na mente ou na emoção, a fim dealcançar a vontade do homem. No momento em que a vontadedo homem se sujeita a Satanás, ele toma posse de todo o seuser e executa o espírito. Mas, não é assim com a obra de Deus,

que é sempre do interior para o exterior. Deus principia Suaobra no espírito do homem e prossegue iluminando sua mente,despertando sua emoção e levando-o a exercitar sua vontadesobre seu corpo, a fim de levar à realização a vontade de Deus.Todas as obras satânicas são feitas do exterior para o interior;todas as obras divinas são do interior para o exterior. Dessaforma, podemos distinguir aquilo que vem de Deus e o que vemde Satanás. Tudo isso nos ensina, adicionalmente, que umavez que Satanás captura a vontade do homem, então ele estáno controle sobre aquele homem.

Devemos observar, cuidadosamente, que a alma éonde o homem expressa sua vontade livre e exerce seu própriodomínio. Por esta razão, a Bíblia sempre registra que é a almaque peca. Por exemplo: "o pecado da minha alma" (Mq 6.7), "a

alma que pecar" (Ez 18.4, 20). E nos livros de Levítico eNúmeros frequentemente menciona-se que a alma peca. Porquê? Porque é a alma que escolhe pecar. Nossa descrição do

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pecado é: "A vontade aceita a tentação". O pecar é umavontade da alma; por conseguinte, a expiação deve ser para aalma: "Quando derem a oferta do Senhor, para fazerdesexpiação por vossas almas" (Êx 30.15); "Porque a vida da

carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar,para fazer expiação pelas vossas almas" (Lv 17.11); "Parafazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor" (Nm31.50). Visto que a alma é que peca, conclui-se que é a queprecisa ser expiada. E ela só pode ser expiada além disso, poruma alma: "Foi do agrade de Jeová moê-lo; ele o sujeitou aosofrimento... tu farás sua alma uma oferta pelo pecado... Eleverá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito... ele

derramou a sua alma na morte...; ele levou o pecado de muitose pelos transgressores intercedeu" (Is 53.10-12).

Examinando a natureza do pecado de Adão, nósdescobrimos que, à parte da rebelião, existe também um certotipo de independência. Não devemos perder de vista aqui avontade livre. Por um lado, a árvore da vida implica um sentidode dependência. O homem naquela ocasião não possuía a

natureza de Deus, mas se tivesse participado do fruto daárvore da vida, poderia ter obtido a vida de Deus; o homempoderia ter alcançado seu ápice possuindo a própria vida deDeus. Isto é dependência. Por outro lado, a árvore doconhecimento do bem e do mal sugere independência, porqueo homem esforçou-se pelo exercício da sua vontade, peloconhecimento não prometido, por algo não outorgado a ele porDeus. Sua rebelião declarou sua independência. Rebelando-se, ele não precisava depender de Deus. Além disso, suabusca pelo conhecimento do bem e do mal também manifestousua independência, pois não estava satisfeito com o que Deus

 já havia concedido. A diferença entre o espiritual e o que é daalma é clara como cristal: o espiritual depende completamentede Deus, e satisfaz-se totalmente com o que Deus deu; o daalma foge de Deus e cobiça o que Deus não concedeu,

principalmente o "conhecimento". A independência é umacaracterística especial daquilo que é da alma. Não importaquão boa seja determinada coisa; pode ser até o culto a Deus.

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Porém, se para fazê-la completa confiança em Deus não éexigida, mas, pelo contrário, a confiança está depositada naprópria força da pessoa, ela é inquestionavelmente da alma. Aárvore da vida não pode crescer dentro de nós junto com a

árvore do conhecimento. Rebelião e independência explicamtodo pecado cometido pelos pecadores e pelos santos.

13. Espírito, Alma e Corpo Após a Queda

 Adão vivia pelo fôlego de vida tornando-se o espíritonele. Pelo espírito ele percebia a Deus, conhecia a voz deDeus e comungava com Deus. Ele possuía uma consciência

muito aguda de Deus, mas depois de sua queda seu espíritomorreu.

Quando Deus falou com Adão no princípio Ele disse: "nodia em que dela comeres certamente morrerás" (Gn 2.17).Entretanto, Adão e Eva continuaram a viver por centenas deanos depois de comerem do fruto proibido. Obviamente, istoindica que a morte predita não era física. A morte de Adão

começou no seu espírito.

O que é a morte realmente? Segundo a definiçãocientífica, morte é "a suspensão da comunicação com oambiente". A morte do espírito é a suspensão da suacomunicação com Deus. A morte do corpo é a interrupção dacomunicação entre este e o espírito. Por isso, quando dizemos

que o espírito está morto, não significa que não haja maisespírito; quer dizer que o espírito perdeu sua sensibilidadepara com Deus e assim está morto para Ele. A situação exata éque o espírito está incapacitado de ter comunhão com deus.Usemos como ilustração um mudo: ele tem boca e pulmões,mas algo está errado com suas cordas vocais tornando-o semcapacidade para falar. No tocante à linguagem humana, suaboca pode ser considerada como morta. Igualmente o espírito

de Adão morreu por causa da sua desobediência a Deus. Eleainda tinha seu espírito, todavia estava morto para Deus

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porque havia perdido seu instinto espiritual. Isto ainda é assim:o pecado destruiu o aguçado e intuitivo conhecimento de Deusque o espírito possuía tornando o homem espiritualmentemorto. Ele pode ser religioso, respeitável, educado, capaz,

forte e sábio, mas está morto para Deus. Ele pode até mesmofalar sobre Deus, raciocinar sobre Deus e pregar a Deus, masainda assim está morto para Ele. O homem não pode ouvir ousentir a voz do Espírito de Deus. Por isso, no Testamento, Deusfrequentemente se refere àqueles que estão vivendo na carnecomo mortos.

 A morte iniciou no espírito de nosso antepassadogradativamente até alcançar seu corpo. Embora continuando aviver por muitos anos depois que seu espírito morreu, a morte,todavia, continuou operando nele até que seu espírito, alma ecorpo estivessem mortos. Seu corpo que poderia ter sidotransformado e glorificado, retornou ao pó. Porque seu homeminterior precipitou-se no caos, seu corpo exterior deve morrer eser destruído. A partir dali o espírito de Adão - como também os

de todos os seus descendentes - caiu sob a opressão da almaaté que, gradativamente, uniu-se com a alma tornando-se asduas partes intimamente unidas. O escritor de Hebreus diz quea Palavra de Deus vai penetrar e dividir alma e espírito (Hb4.12). A separação é necessária porque o espírito e a almatornaram-se um. Enquanto estiverem intimamente unidos ohomem será lançado por eles no mundo psíquico. Tudo é feitosegundo os preceitos do intelecto ou sentimento. O espírito

perdeu seu poder e impressão, como se estivesse emprofundo sono. Qualquer instinto que ele tenha para conhecere servir a Deus, está completamente paralisado. Elepermanece em coma como se não existisse. Este é osignificado de Judas 19: "naturais, não tendo espírito" (literal).Certamente isso não quer dizer que o espírito humano deixa deexistir, pois Nm 16.22 diz claramente que Deus é "o Deus dosespíritos de toda carne". Todo ser humano ainda tem em suaposse um espírito, embora esteja obscurecido pelo pecado eimpotente para manter comunhão com Deus.

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Por mais morto que esse espírito esteja para com Deus,ele ainda pode permanecer tão ativo como a mente ou o corpo.Ele é considerado morto para Deus, mas ainda é muito ativoem outros aspectos. Algumas vezes o espírito de um homem

caído pode ser até mais forte do que sua alma ou corpo eganhar domínio sobre todo o seu ser. Tais pessoas são"espirituais", da mesma forma que muitas pessoas sãograndemente da alma ou do corpo, pois seus espíritos sãomuito maiores do que os das pessoas comuns. Estes são osfeiticeiros e bruxos, e verdadeiramente mantém contatos coma esfera espiritual, só que realizam isso através do espíritomaligno e não pelo Espírito Santo. Desta forma, o espírito dohomem caído está aliado com Satanás e seus espíritos maus.Está morto para Deus, entretanto, bem vivo para Satanás esegue o espírito mau que agora opera nele.

Rendendo-se à exigência das suas paixões e cobiças, aalma tornou-se escrava do corpo de tal forma que o EspíritoSanto considera inútil contender pelo lugar de Deus neste

alguém. Daí a declaração da Escritura: "Meu Espírito nãopleiteará para sempre com o homem; porque ele é realmentecarne" (Gn 6.3). A Bíblia refere-se à carne como sendo ocomposto da alma regenerada e a vida física embora maisfrequentemente indique o pecado que está no corpo. Uma vezque o homem esteja totalmente sob o domínio da carne, elenão tem possibilidade de liberar-se. A alma tomou o lugar deautoridade do espírito. Tudo é feito independentemente e

segundo as ordens da sua mente. Mesmo em questõesreligiosas, na mais acalorada busca de Deus, tudo é realizadopela força e vontade da alma do homem, sem a revelação doEspírito Santo. A alma não está apenas independente doespírito; adicionalmente ela está sob o controle do corpo. Ela ésolicitada a obedecer, a executar e cumprir as cobiças, paixõese exigências do corpo. Cada filho de Adão está, não somente

morto em seu espírito, mas ele é também "da terra, terreno"(1Co 15.47). Os homens caídos são governadoscompletamente pela carne, andando em reação aos desejos

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das suas vidas da alma e das paixões físicas. Estes estãoincapacitados de ter comunhão com Deus. Às vezes elesexibem sua inteligência, em outras ocasiões suas paixões,porém, as mais frequentes são ambas: inteligência e paixão.

Sem impedimento, a carne está em rígido controle sobre ohomem total.

Isto é o que está esclarecido em Judas: "...escarnecedores, andando segundo as suas ímpiasconcupiscências. Estes são os que se põem à parte, homensnaturais, não tendo espírito". Ser da alma é antagônico ao serdo espírito, nossa parte mais nobre, a parte que pode unir-se a

Deus e que deve regular a alma e o corpo, está agora sob odomínio da alma, aquela parte em nós que é terrena tanto nomotivo como no alvo. O espírito foi despojado da sua posiçãooriginal. A condição atual do homem é anormal, porconseguinte, ele é descrito como não tendo espírito. Oresultado de ser da alma é que ele se torna um escarnecedor,buscando paixões ímpias e criando divisões.

1Co 2.14 fala de tais pessoas não-regeneradas destaforma: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito deDeus, porque para ele são loucuras; e não pode entendê-lasporque elas se discernem espiritualmente." Tais homens, sob ocontrole de suas almas e com seus espíritos oprimidos, estãoem contraste direto com as pessoas espirituais. Eles podemser excessivamente inteligentes, capazes de apresentar idéias

ou teorias magistrais, todavia não aprovam as coisas doEspírito de Deus. São Inadequados para receber revelação doEspírito Santo. Tal revelação é amplamente diferente dasidéias humanas. O homem pode pensar que o intelecto e oraciocínio humanos são todo-poderosos, que o cérebro écapaz de compreender todas as verdades do mundo, mas overedicto da Palavra de Deus é: "vaidade das vaidades".

Enquanto o homem está em seu estado da alma, elefrequentemente sente a insegurança desta era, e, por isso,

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também busca a vida eterna da era vindoura. Mas mesmo queo faça, ainda é impotente para descobrir a Palavra da vida peloseu muito pensar e teorizar. Quão indignos de confiança são osraciocínios humanos! Repetidamente observamos como

pessoas muito inteligentes colidem em suas diferentesopiniões. As teorias conduzem o homem facilmente ao erro.São castelos no ar, atirando-o nas trevas eternas.

Quão verdadeiro é que, sem a liderança do EspíritoSanto, o intelecto não é apenas indigno de confiança, mastambém extremamente perigoso, porque frequentementeconfunde a questão do certo e errado. Um pequeno descuidopode provocar não só a perda temporária, mas até danoseternos. A mente entenebrecido do homem muitas vezes oconduz à morte eterna. Se as almas não-regeneradas apenaspudessem ver isto, quão bom seria!

Enquanto o homem é carnal, ele pode ser controladopor mais do que simplesmente a alma; ele pode estar sob a

direção do corpo também, porque a alma e o corpo estãointimamente entrelaçados. Pelo fato do corpo de pecado estarabundando em desejos e paixões, o homem pode cometer osmais hediondos pecados. Visto que o corpo é formado do pó,assim sua tendência natural é em direção a terra. A introduçãodo veneno da serpente no corpo do homem transforma todosos seus desejos legítimos em lascívia. Tendo cedido uma vezao corpo, em desobediência a Deus, a alma vê-se compelida a

ceder toda vez. Os baixos desejos do corpo podem sercomumente manifestados por meio da alma. O poder do corpotorna-se tão irresistível que a alma não consegue senão ser oescravo obediente.

 A idéia de Deus é que o espírito tenha a preeminência,governando nossa alma. Mas uma vez que o homem torna-secarnal, seu espírito afunda em servidão à alma. Maior

degradação sucede quando o homem torna-se "material" (docorpo), pois o corpo, mais baixo, ergue-se para ser soberano.

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O homem desceu então do "controle do espírito" para o"controle da alma", e do "controle da alma" para o "controle docorpo". Ele afunda cada vez mais profundamente. Quãolamentável deve ser quando a carne ganha o domínio.

O pecado matou o espírito: morte espiritual, então,torna-se porção de todos, pois todos estão mortos em delitos epecados. O pecado levou a alma a ser independente: a vida daalma é, portanto, uma vida egoísta e obstinada.

O pecado finalmente deu autoridade ao corpo: anatureza pecaminosa consequentemente reina através do

corpo.

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