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Universidade de Coimbra Mestrado em Antropologia Social e Cultural Poder Politico e Governação em África Antropologia e Colonialismo – Da indiferença à ocupação científica Ana Sara Santos – 2011167552 10- 02-2015 Docente – Fernando Florêncio Resumo: A prática antropológica e o colonialismo são domínios que na história mundial sempre andaram interligados. Com este trabalho pretendo perceber como é que esta relação evoluiu e de que forma é que tanto o domínio cientifico como o colonialismo beneficiam um com o outro. Pretendo focar-me na situação do colonialismo português e de que forma é que a antropologia se desenvolveu, primeiro à margem de qualquer influência politica e em seguida, como consequência da nova mentalidade surgida no pós-guerra, como é que o Estado Novo vai utilizadar enunciações de cariz antropológico para se defender contra os ataques da comunidade internacional anti-colonial e assim, fundar uma nova identidade portuguesa “do Minho a Timor”.

Antropologia e Colonialismo

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Formas como o conhecimento Antropológico português se relacionou com a retórica colonialista do estado novo.

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Universidade de Coimbra

Mestrado em Antropologia Social e Cultural

Poder Politico e Governação em África

Antropologia e Colonialismo – Da indiferença à ocupação científica

Ana Sara Santos – 2011167552 10-02-2015

Docente – Fernando Florêncio

Resumo: A prática antropológica e o colonialismo são domínios que na história mundial sempre andaram interligados. Com este trabalho pretendo perceber como é que esta relação evoluiu e de que forma é que tanto o domínio cientifico como o colonialismo beneficiam um com o outro. Pretendo focar-me na situação do colonialismo português e de que forma é que a antropologia se desenvolveu, primeiro à margem de qualquer influência politica e em seguida, como consequência da nova mentalidade surgida no pós-guerra, como é que o Estado Novo vai utilizadar enunciações de cariz antropológico para se defender contra os ataques da comunidade internacional anti-colonial e assim, fundar uma nova identidade portuguesa “do Minho a Timor”.

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Colonização

O acto de colonizar é uma expressão de desigualdade. Em todos os actos de colonização pode ser identificada uma premissa civilizadora, que identifica o colonizador como superior e portador de um conhecimento, que o colonizado tem em falta e que, nesse caso, o faz inferior.

Lourenço Cayolla define colonização como “a sciencia que ensina como se formam e constituem novas sociedades civilisadas, em regiões onde os seus habitantes viviam antes sem conhecimento das leis e usos dos povos dominadores e portanto sem obediencia a essas leis e usos, e sem tirarem do sólo, apto á exploração e cultura de diversos productos, as riquezas que elle encerra, ou pode fornecer. Daqui se infere logicamente que colonias são novas sociedades que caminham para um estado perfeito de civilisação, fundadas por uma nação dominadora e submettidas por ella a um regimen particular, sob a sua administração” (Costa, 2013)

No caso português, durante muitos anos, as colónias funcionaram unicamente como fonte de exploração económica, sendo de lá extraídos múltiplos produtos para trocas comerciais que apenas beneficiariam a metrópole. Sobre as colónias e sobre quem as habitava não se sabia muito, nem se procurava conhecer. As colónias eram um meio de potenciar a metrópole e eram intrinsecamente inferiores, pelo que qualquer investigação científica era desnecessária.

Na época dos descobrimentos a imagem do Outro (não-europeu) era concebida e disseminada pelos marinheiros com escrivães a seu encargo. O Outro era definido pelas diferenças fundamentais: corpo, dieta, língua. “Estas diferenças na europa põem em discussão o próprio conceito de homem” (Gallo, 1988:134)

Durante os seculos XVI e XVII foram realizadas algumas expedições a territórios fora da europa com o objectivo de conhecer as principais fontes de riqueza que nestes podiam ser exploradas

A “missão civilizadora” estava, até ao século XIX, assente em pressupostos religiosos. “Com o século XIX a ciência substituiu a religião, emergindo como motivo para a colonização, com missão de conduzir a humanidade a um nível superior de evolução.” (Costa,2013:3)

O objectivo económico sobrepõe-se a qualquer pressuposto e é este a que os sucessivos governos dão uma maior importância.

No entanto, a religião e posteriormente, a ciência são campos bastante importantes pela forma como são utilizados pela metrópole como legitimadores da sua acção e como fundadores de uma narrativa para o povo português e para a comunidade internacional.

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Período Pré-Estado Novo

A integração da ciência, nomeadamente a antropologia, na retorica do Estado Novo e o investimento na sua prática, constituíram uma viragem na política corrente dos últimos anos. Para percebermos este facto, é necessário recuar até 1910, altura da implementação da Primeira República.

A situação económica do país é bastante precária quando da tomada de posse do governo da Primeira República. Para tentar inverter esta situação, dá-se continuidade ao processo de exploração dos territórios coloniais. É criado o Ministério das Colónias que prontamente promulga medidas de incentivo ao desenvolvimento das colónias.

“ O princípio fundamental dessas mudanças era a descentralização administrativa e financeira. Com isso procurava-se vir a retirar os benefícios do desenvolvimento económico colonial sem ter de lhe financiar os custos, demasiado elevados.” (Rato 1983:1127)

Estas medidas de descentralização, poderiam abrir caminho para uma maior autonomia colonial, abandonando a dicotomia centro/periferia que se reproduzia nos moldes metrópole/colónia. Além disso, o durante a primeira República, o caracter explorador e violento da colonização não estaria tao marcado como nos anos seguintes.

Nesta fase, a ocupação colonial era só de caracter administrativo e militar, revelando os interesses puramente económicos da metrópole face à situação de decadência financeira em que esta se encontrava.

Como podemos constatar, o estabelecimento de um programa científico para as colónias não constava nos horizontes de acção deste governo, mas a sua institucionalização começava a afigurar-se importante para um grupo de intelectuais, especialmente ligados à antropologia. Do ponto de vista metodológico, o desejo em estudar espécimes vivos existentes nas colonias começou a ganhar maior relevância entre a comunidade académica, que já não encontrava o mesmo interesse nas colecções osteológicas nos museus.

“Os ‘estudos em colecções osteológicas’, escreveram Tamagnini e Serra, representavam uma simples ‘fase’ do natural desenvolvimento histórico da disciplina, a que se seguiria o tempo dos ‘estudos de populações no local’, dos ‘caracteres do vivo’”(Roque, 2006:795)

Empenhados na construção de um domínio antropológico vocacionado para as colónias, é sem dúvida entre os antropólogos ligados ao Instituto de Antropologia da Universidade do Porto que surgem as maiores vozes nesse sentido. De entre este grupo, podemos destacar António Mendes Correia, director do Instituto, pela preponderância que teve não só enquanto desempenhou estas funções, mas também nos anos seguintes, como será referido adiante.

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“O trabalho inicial de construção da autoridade antropológico-colonial do grupo do Porto desdobrou-se assim em duas principais iniciativas: por um lado, inventar-se a si e aos outros como praticantes de uma "antropologia colonial"; por outro, interessar os políticos pelo projecto. “ (Roque, 2006:796)

A partir da década de 1910, cresceram os trabalhos ligados ao Instituto de Antropologia da Universidade do Porto que visavam alguma dimensão do Outro colonial, nomeadamente inseridos no domínio da antropologia física, e no estabelecimento dos caracteres que distinguiriam as raças presentes no império.

Estado Novo

Até aos anos 30 são produzidos cada vez mais trabalhos no domínio da antropologia colonial. Entretanto, o País passou por uma transformação politica e é instaurada uma ditadura militar em 1926, que se estende até 1933. Durante este período, a indiferença governativa face à investigação antropológica dos territórios coloniais mantem-se, à semelhança dos anos anteriores.

Contudo, as produções antropológicas são cada vez mais relevantes.

No plano geral, o panorama colonial altera-se em 1934 com a revogação do Acto Colonial, já durante o recém-instaurado regime do Estado novo.

O Acto Colonial define uma visão imperial para as colónias e retira-lhes alguma da autonomia que ainda possuíam, centralizando a acção colonial na metrópole e a tomada de decisões no Ministério das Colónias. “Sem pretender demonstrar nem o espírito liberal, nem o espírito humanista da República, o Estado Novo pretende assim retirar o máximo proveito das colónias africanas” (Rato, 1983:1128)

Com este documento, o Estado Novo pretenderia reforçar o isolamento dos territórios portugueses além-mar, precaver-se contra outras intervenções externas que não a portuguesa, e lançar as bases para o imaginário do Império Português, noção que viria a consolidar mais tarde. Não pretendia conquistar novos territórios mas sim, consolidar a sua presença naqueles que já ocupava.

As diferentes identidades nacionais são sobrepostas com a identidade imperial, o ser português. Na fase inicial do Estado Novo, a relação nação/império não é muito explorada pela antropologia, pois o foco dos antropólogos portugueses, encontrava-se na investigação no domínio da antropologia física, aplicada ao contexto colonial. No entanto, podemos verificar que “A antropologia em Portugal se constrói no final do século XIX como uma disciplina guiada pela construção da nação retomando certos aspectos da cultura popular e rural para afirmar uma identidade e uma psicologia essencialmente portuguesas. No entanto, durante o Estado Novo, é difícil ater-se

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unicamente ao carácter nacionalista do Estado, pois a construção da nação supunha antes de tudo uma representação em torno do império” (Barbosa, 2008:4)

Fruto das mais recentes publicações e do incremento dos trabalhos na área, a antropologia em Portugal ganha estatuto internacional e, em 1930 as Universidades do Porto e de Coimbra co-organizam em território nacional a XV sessão do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica.

“O Congresso simbolizava a invenção de um domínio científico nacional unido, harmónico e homogéneo de praticantes em torno do rótulo ‘antropologia colonial’” (Roque, 2006:799)

A comunidade de antropólogos portugueses, tomou assim em mão, a tarefa de legitimar e uniformizar a prática da antropologia colonial através da sua exposição e da reunião dos seus praticantes neste congresso. Os portuenses definem assim o objectivo da antropologia portuguesa na pesquisa das populações do império português.

Para tal missão de homogeneização da prática ser bem-sucedida, o congresso reuniu diversos praticantes da antropologia nas áreas coloniais, a saber, administradores, militares, missionários, médicos que viam no conhecimento das práticas das populações uma vantagem para a melhor execução das suas tarefas administrativas, catequistas ou curativas e procurou com eles estabelecer parecerias, integrando a comunidade académica.

Nos anos que se seguiram a este congresso foi possível verificar o maior envolvimento das Universidades com as práticas orientadas para os territórios coloniais, destacando-se mais uma vez a voz de Mendes Correia neste sentido, que já apelava ao Estado a implementação de um modelo para a ocupação científica e o maior investimento neste campo.

O maior palco destas reivindicações foi o 1º Congresso de Antropologia Colonial em 1934. “Preconizou-se neste mesmo congresso a criação de centros de pesquisa nas principais províncias ultramarinas com o objectivo de produzir um conhecimento destinado simultaneamente a académicos bem como aos colonos” (Barbosa, 2008:9) Entre outras medidas de incentivo à prática, foi votado “que no orçamento do Ministério das Colónias seja inscrita a verba para realização de campanhas científicas nas colónias. Enfim, que o governo participe no financiamento de pesquisas de campo nas colónias propostas por entidades administrativas, comerciais, militares, científicas e religiosas.” (Barbosa, 2008:9)

A aproximação da ciência ao colonial, foi também efectuada com estudos sobre a colonização em si. Exemplo disso, temos a obra de Gilberto Freyre, “Casa Grande e Senzala” que lança a visão luso-tropicalista do processo de colonização português, que virá mais tarde a ser usada pelo Estado Novo, na fundação de uma nova retórica imperial.

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Gilberto Freyre refere que “o luso-tropicalismo postula a especial capacidade de adaptação dos portugueses aos trópicos, não por interesse político ou económico, mas por empatia inata e criadora. A aptidão do português para se relacionar com as terras e gentes tropicais, a sua plasticidade intrínseca, resultaria da sua própria origem étnica híbrida, da sua ‘bi-continentalidade’ e do longo contacto com mouros e judeus na Península Ibérica, nos primeiros séculos da nacionalidade, e manifesta-se sobretudo através da miscigenação e da interpenetração de culturas.” (Castelo, 2013)

Nesta primeira fase, a teoria é bem recebida no campo cultural pela restante comunidade académica. Contudo, o alheamento que os anos iniciais do Estado Novo apresentava em relação ao campo da ciência não lhe permitiu reconhecer o seu valor numa primeira fase.

Além disto, a miscigenação, enaltecida pelo Gilberto Freye não era uma prática abertamente encorajada pelo Estado Novo, nos primeiros anos governativos, optando-se a nível politico colonial pela “afirmação do império, na extensão da máquina administrativa e fiscal colonial e na submissão dos indígenas, considerados povos selvagens, aos valores superiores de uma suposta raça portuguesa” (Castelo, 2013)

Até aos anos 40, a teoria de Gilberto Freye que mereceu o destaque por parte do Estado Novo era a afirmação da “especial capacidade dos portugueses para a colonização.” (Castelo, 2013)

Até ao pós-guerra de 1945, pouco mudou na relação entre a Antropologia e o Estado Novo.

Contudo, é importante referir o ano de 1936, em que se deu a criação das Juntas das Missões Geográficas e Investigações Coloniais, integrada no Ministério das Colónias. Seguindo a premissa da época este organismo “não foi capaz de cumprir com os objectivos que legalizaram sua reconversão” (Barbosa, 2008:10). Até 1945, este organismo não teve qualquer relevância para a produção científica sobre as colónias da época.

Em 1942, decidido a dar uma nova roupagem à relação que Portugal mantinha com os seus territórios, Marcelo Caetano, o novo ministro das Colónias, chama o aclamado Mendes Correia, “para protagonizar a sua reforma colonial na planificação do ensino e da investigação científica estatal para as colónias. Correia estaria nas décadas seguintes no centro dos acontecimentos. Em 1942, era nomeado Director da Escola Superior Colonial (criada em 1906), tomando em mãos a sua reorganização. Reformulada a Junta das Missões Geográficas e Investigações Coloniais em 1945 como Junta de Investigações do Ultramar, seria Mendes Correia a presidi-la desde 1946.” (Roque, 2006:806)

Marcelo Caetano apresenta uma nova visão para a actividade da Junta e define objectivos para a mesma que ligam a prática científica com as políticas coloniais. Assim é do interesse português “primeiramente melhorar as condições económicas e físicas

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dos indígenas das colónias e em seguida explorar eficientemente os recursos coloniais e enfim contribuir para um melhor conhecimento do mundo. (Barbosa, 2008:11)

Finalmente, surge no horizonte de acção um caminho para a aplicação das teorias produzidas sobre o mundo colonial. “A “ciência pura” ou “desinteressada” é trocada por uma “ciência aplicada” preocupada com a institucionalização de novas práticas e políticas indigenistas. “ (Barbosa, 2008:11)

Com o final da Segunda Guerra Mundial a ciência aplicada às colonias é integrada numa retórica que potencializa o seu crescimento e que por fim estabelece a sua ligação com as políticas do Estado Novo e com o colonialismo.

“A investigação científica colonial é entendida como uma valiosa arma política, em especial após a Segunda Guerra Mundial, onde Portugal terá de demonstrar que ocupa efectivamente os territórios, demonstrando-o de forma científica. O saber colonial é um saber-poder na procura da construção de um argumento pertinente e justificativo da política colonial para divulgar interna e externamente.” (Costa, 2013:52)

A Segunda Guerra Mundial provocou grandes transformações na Europa. Com o seu fim, surgiu uma nova forma de ver o mundo, na medida em que se passou a considerar que a liberdade, não era um conceito de aplicação exclusiva à Europa, mas sim, algo universal, que teria de ser estendido as colónias europeias.

Nesta linha, podemos verificar que foram tomadas medidas a nível europeu para que isto acontecesse. Em 1948, foi consagrada a autodeterminação dos povos indígenas como direito fundamental na Declaração Universal dos Direitos do Homem e “a ONU passou a atribuir às potências coloniais a obrigação de prepararem os territórios sob sua administração para a independência. Neste contexto, emergiu e consolidou-se o movimento anticolonialista e teve início o processo de descolonização, primeiro na Ásia e depois na África.” (Castelo, 2013)

Confrontado com a pressão internacional para proceder à desocupação das colónias, Portugal irá formular uma argumentação que legitime a ocupação destes territórios, e a sua manutenção nesta nova conjuntura internacional.

Haverão alterações na legislação, a integração do luso-tropicalismo na narrativa do Estado Novo e serão dados incentivos à antropologia colonial para que esta se desenvolva, dando assim início à verdadeira ocupação científica. “A finalidade da antropologia é canónica. Conhecer para dominar.”(Gallo, 1988: 90)

Em termos legislativos, o Estado Novo, teria agora de criar uma nova narrativa colonial, que legitima-se a ocupação das colonias a nível internacional e ao mesmo tempo que funda-se uma nova identidade nacional. “Segundo o governo, a clara afirmação da unidade nacional, apesar da dispersão geográfica de Portugal por vários continentes, é o principal objectivo a atingir.” (Castelo, 2013)

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A designação de colónia seria banida e substituída por a de províncias ultramarinas. O objectivo seria demonstrar que Portugal e a nação portuguesa se estendiam além-mar. “Portugal aparece como uma ‘nação pluricontinental’, composta por províncias europeias e ultramarinas, integradas harmoniosamente no todo nacional uno e indivisível. Escudando-se no facto de nominalmente não possuir ‘colónias’, o Estado Novo considera que não tem que prestar contas à comunidade internacional do que se passa no interior das suas fronteiras.” (Castelo, 2013)

Na prática, esta situação não se verificou. Em 1954, o Estatuto dos Indígenas ainda continuava a negar a cidadania portuguesa à grande maioria dos habitantes das províncias ultramarinas. Não havia vontade, nem estruturas para e integrar os indígenas naquilo que era vida e os valores da civilização europeia.

Quando confrontado com a situação das agora províncias ultramarinas pela comunidade internacional, o Estado Novo negou que houvesse qualquer subordinação destes territórios a uma metrópole. A sua argumentação baseava-se na crença de que “a separação geográfica entre as províncias metropolitanas e as províncias ultramarinas é irrelevante, pois a geografia não fornece por si só uma base válida para definir colónia. Em qualquer parcela do território nacional vigora o princípio da igualdade de direitos e de oportunidades de todos os habitantes, independentemente da sua «raça»; a mestiçagem biológica e de culturas é considerada fonte de progresso e de desenvolvimento. As províncias de além-mar não são exploradas económica e financeiramente em favor das metropolitanas; aliás, nalguns territórios ultramarinos o crescimento económico chega a ser superior ao de Portugal continental.” (Castelo, 2013)

É possível descobrir nesta retórica uma inflexão na forma de ver a mestiçagem. Integrando conteúdos luso-tropicalistas, o Estado Novo profere o seu apoio à mestiçagem e a sua crença num estado multi-racial. Portugal era uma nação que se estenderia do Minho a Timor.

A teoria luso-tropicalista é apropriada pelo governo e usada na produção de um discurso que diferencia a relação entre os portugueses e as nações africanas das demais formas de colonização europeia. Assim, a colonização portuguesa era bondosa e havia um factor de miscigenação que os outros países não aplicavam, que solidificava a união entre os europeus e os trópicos. Assim, com a colonização foi constituída uma nova nação, em que não houve valores impostos mas sim uma identidade construída através da assimilação entre o trópico e o europeu. “A adaptação lusitana aos trópicos vem sendo tão profunda que os próprios nativos das regiões quentes distinguem os Portugueses dos demais europeus. Sentem-se mais próximos deles" (FREYRE, 1960b: 95).” (Thomaz, 2001)

A autoridade intelectual que Gilberto Freye já dispunha à época, concorreu para que as suas ideias, e em especial o luso-tropicalismo, quando usadas pelo Estado Novo, fossem aceites como uma premissa justificativa legitima.

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Além de promover a imagem portuguesa de nação como um todo e não como colonizador, com esta construção da identidade transnacional, o Estado Novo procurava também evitar revoltas nacionais nos países africanos. Não haveria outra nação que não fosse Portugal.

“Um nativo de Angola, embora com as limitações de sua incultura, sabe que é português e afirma-o tão conscientemente como um letrado de Goa, saído de uma universidade europeia. Quer dizer, em vez de uma política de domínio ou educação, ainda que paternal, mas toda conduzida no sentido de constituir uma sociedade independente e estranha, o português, por exigência do seu modo de ser, previsão política ou desígnio da Providência, experimentou juntar-se, senão fundir-se, com os povos descobertos, e formar com eles elementos integrantes da mesma unidade pátria.” (Salazar, comunicação oral in Thomaz, 2001)

A nação portuguesa, com o seu território em solo africano apresentava-se assim como uma alternativa à bipolaridade mundial entre o capitalismo americano e o comunismo da URSS. O território português tinha uma gestão diferente, uma forma de se conceber e de estar no panorama mundial diferente, fruto das especificidades do mesmo.

A necessidade de conter possíveis revoltas nos territórios ultramarinos, levou, para além da construção de uma nova visão sobre o mundo, a um maior investimento na ciência colonial e na delineação de um plano que viria a dar origem à ocupação científica.

Num texto de 1929, Malinowski propõe a aliança entre a investigação científica e a administração colonial. “Segundo Malinowski, para atingir melhores resultados na gestão e administração das populações indígenas, o administrador colonial deveria se apoiar nas ciências antropológicas. (…) O administrador colonial, relacionando-se com homens, deveria antes de tudo, interessar-se pelo presente e pelo futuro. A transposição de uma etnologia da História (evolucionismo) para uma etnologia social (funcionalismo) caracterizou o desenvolvimento da prática antropológica e do sistema colonial a partir dos anos 1920 e 1930. O “funcionalismo psicologista” de Malinowski tornava teoricamente possível a manipulação, prática e objectiva, do conceito de sociedade. Nesse sentido surge, no interior das grandes potências imperiais, uma antropologia social aplicada que solucionava em parte os interesses fundamentais da política colonial.” (Barbosa, 2008:7-8)

Com as bases lançadas nas últimas décadas e sendo a antropologia colonial um domínio científico estabelecido entre a comunidade académica, bastou ao Estado Novo fornecer o seu apoio a nível institucional para que a ciência começa-se a servir a sua retórica.

“A reforma de 1946, restrutura o antigo Curso de Administração Colonial do ISCSPU (Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas Ultramarino) que deveria manter a sua função de preparar quadros coloniais e cria um segundo curso de

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formação, o dos Altos Estudos Coloniais, que tinha a finalidade de formar os quadros coloniais do colonialismo.” (gallo, 27) Em ambos os cursos está presente a cadeira de Etnografia.

A partir do mesmo ano, com Mendes Correia à frente da Junta de Investigações do Ultramar, são constituídos centros de pesquisa, quer na metrópole, quer nas províncias ultramarinas. “Com o decreto legislativo de 18/2/1956, foi instituído o Centro de Estudos Políticos e Sociais, anexando-o à própria junta” (Gallo, 1988)

Em 1955, com a Conferência de Bandung, que reúne países asiáticos e africanos com vista à cooperação e colaboração entre si na criação de um caminho comum para a saída do colonialismo, a pressão sobre Portugal para assegurar os seus territórios em África torna-se maior.

No Ultramar, são criados em 1955, os Institutos de Investigação Científica, de Investigação Médica e de Investigação Agronómica de Angola e Moçambique. “Assumiam como competência central a divulgação/propaganda de todas as actividades desenvolvidas no âmbito da medicina, nas outras províncias, na metrópole e no estrangeiro.” (Costa, 2013:56) No panorama internacional sobressai também a Escola Médico-cirúrgica de Goa.

Em Portugal, é criado, em 1956 o Centro de Estudos Políticos e Sociais, com o objectivo de ““promover o estudo dos fenómenos políticos e sociais verificados em comunidades formadas em territórios ultramarinos” (Pereira, 1998:26 in Barbosa, 2008:12)

Procurando criar um caminho sólido para a sua acção o CEPS, institui em 1957 três missões ultramarinas: a Missão do Estudo dos Movimentos Associativos na Africa, a Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português e a Missão para o Estudo da Atracção das Grandes Cidades e do Bem-Estar Rural do Ultramar Português.

A Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português, é de especial importância para a antropologia, tendo sido confiada a Jorge Dias, um antropólogo que vinha a ganhar reconhecimento com o apoio de Mendes Correia.

Jorge Dias, representa uma viragem naquilo que era o trabalho da Junta de Investigações do Ultramar. Se num primeiro momento, como podemos observar os estudos coloniais de antropologia versavam um caracter mais físico, associado a medições antropométricas e ao conceito de raça, com Jorge Dias, a tónica passa a estar em conceitos ligados à área cultural. “Boa parte do seu trabalho académico estava voltado ao estudo das continuidades entre o ‘povo português’, os lusitanos e as populações do ultramar português.” (Barbosa, 2008:13)

Definir os traços do caracter português, a identidade portuguesa na sua essência, foi o ponto-chave dos trabalhos de Jorge Dias. Este facto, aliado ao luso-tropicalismo constitui um dos principais pontos da retórica do Estado Novo. A identidade portuguesa

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uniria todos os cidadãos do império, em torno de um sentimento comum. Mesmo separados territorialmente, havia um sentimento de pertença a uma nação portuguesa.

No seu ensaio, os “Os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa” “Jorge Dias procura caracterizar a cultura portuguesa a partir de um conjunto de traços psicológicos que definiriam as especificidades e a ‘essência’ portuguesa.” (Barbosa, 2008:14)

A “personalidade base da nação” seria um conceito composto por outros dois elementos: o caracter expansivo da população portuguesa e as visíveis contradições que estão espelhadas nesta descrição fruto da diversidade e da sua complexidade.

“Delineado o carácter português, Dias esboça uma capacidade adaptativa que faz do português um ‘individuo colectivo’ que mantém uma atitude de tolerância face às populações colonizadas. A assimilação das populações indígenas se traduz para Dias como um processo baseado sobre a adaptação e não sobre um processo de dominação.” (Barbosa, 2008:17)

Posto isto, fica claro como é as considerações de Jorge Dias se mostraram extremamente úteis para a defesa colonial.

Relatórios produzidos no contexto das missões demonstram que o racismo era uma prática recorrente entre colonizador e colonizado. A utilização dos dados destes relatórios era controlada pela Junta e pelo CEPS de modo a que a informação veiculada fosse só aquela que era do interesse da política do Estado Novo.

Com o trabalho de Jorge Dias, a apropriação da teoria do luso-tropicalismo de Gilberto Freye e a crescente implementação de centros de investigação nas colónias, assim como o aumento de publicações e um maior conhecimento sobre as populações africanas, o esforço feito pelo Estado Novo para legitimar a sua apropriação estava consomado. Apesar da contestação à manutenção das colónias por parte da comunidade internacional nunca ter cessado, o Estado Novo, com o apoio da antropologia, soube munir-se de instrumentos que lhe permitiram rebater a argumentação internacional e assim, manter os seus territórios, que só viriam a atingir a independência com a revolução de 25 de Abril de 1974.

Escola Médica de Goa

A extensão de organismos científicos às colonias, com o objectivo de aumentar os conhecimentos sobre estes territórios foi uma acção bem-sucedida por parte do governo e das instituições científicas da metrópole.

O melhor exemplo da qualidade científica que emanava das colónias era a Escola Médica de Goa.

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“A Escola Médico-Cirúrgica de Nova Goa funcionou entre 1842 e 1961, licenciando cerca de mil médicos, cirurgiões e farmacêuticos. Estes licenciados, quase todos oriundos de Goa, não podiam exercer a sua actividade profissional em Portugal ou atingir cargos de chefia, excepto se repetissem o curso e se submetessem a novos exames no reino. Estava-lhes destinada, portanto, uma posição subalterna nos serviços de saúde das colónias de África ou mesmo Timor e Macau, locais onde só aí poderiam exercer” (Costa, 2013:56) Apesar de a formação ser de igual nível, ou superior à da metrópole, estes profissionais eram considerados inferiores, o que não condiz com o discurso de igualdade entre todos os habitantes dos territórios portugueses produzido pelo Estado Novo.

A qualidade da Escola de Goa era inquestionável. Dela se dizia ser a primeira da Asia. Esta chegou a ter um director direccionado para a antropologia física, Alberto Germano da Silva Correia. Um dos maiores entusiastas da prática antropológica além-mar, era o especialista de referência no que dizia respeito as populações da Índia portuguesa.

Os seus esforços no desenvolvimento de uma antropologia colonial praticada nas colónias, foram comparados aos de Mendes Correia na metrópole. Apelando aos médico goeses para que se voltassem para as pesquisas antropológicas do seu povo, conseguiu instalar um laboratório de antropométrico na Escola Médica de Goa.

“Em 1926, conquistaria o apoio do governador-geral do Estado da índia Portuguesa, sendo nomeado director do novo Gabinete de Antropologia do Estado da Índia e encarregue de proceder ao reconhecimento antropométrico dos principais grupos étnicos de Goa.” (Roque, 2006:811)

Os seus trabalhos, estavam de acordo com a retórica que viria ser implementada pelo Estado Novo. O estudo das várias raças serviria assim para Germano Correia “conhecer ‘a capacidade produtiva e qualidades ou propensões profissionais dos grupos rácicos mais conhecidos, que povoam o nosso império ultramarino’, ou seja, as possibilidades de contribuir para a exploração selectiva da força económica e profissional de cada população colonia” (Roque, 2006:811)

Explorando o conceito de raça, principalmente fora da metrópole, Germano Correia produz diversos estudos sobre as particularidades raciais de cada grupo de indivíduos, e a sua possibilidade de adaptação e aclimatização a um clima diferente, tropical. Além de direccionar cada raça para um tipo de trabalho específico, preocupa-se também com a possibilidade de aplicar a ideia estadista de constituição de sociedades brancas, europeias em território africano.

Os seus trabalhos e as suas posições são reflexos da máxima “conhecer para dominar”.

“Para Germano Correia, de facto, o projecto imperial estava, a prazo, condenado ao fracasso, pela morte ou inescapável degeneração hereditária dos seus representantes,

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caso não tomasse a antropologia física como seu princípio de acção.” (Roque, 2006:813)

Apesar dos pontos de concórdia com o Estado enunciados anteriormente, a visão de Germano Correia e do governo chocava num ponto. Ao contrário do observado, Germano Correia reivindicava um papel de maior importância para a produção científica e para aqueles que trabalhavam estabelecidos nas colónias. A eles cabia a condução do trabalho referente a estes territórios e não àqueles situados na metrópole.

O seu trabalho e mesmo com as declarações hostis para com os objectivos dos antropólogos portugueses, era reconhecido além do contexto de Goa. Prova disso é a ocasião em que vem a Portugal como orador convidado no Congresso de Antropologia Colonial.

As suas acções de propaganda para a prática da antropologia física em Goa, fizeram com que outros profissionais se juntassem a ele e ao laboratório que tutelava, como por exemplo Filipe Ferreira e Constâncio Mascarenhas.

Estes dois colaboradores viriam a estabelecer relações de proximidade com os académicos do Porto, colaborando em trabalhos sobre a raça. “É certo que um sentimento de comunidade nacional entre nativos metropolitanos e coloniais atravessava os discursos. No cerne estava a ideia de partilha de uma mesma identidade portuguesa, no centro ou na periferia, goeses ou portuenses, todos eram portugueses. Esta era a ideia associada ao conceito identitário do indo-português, designando a portugalidade dos nativos de Goa sob o chapéu de uma unidade cultural e linguística que preservava, todavia, a sua especificidade goesa local”(Roque, 2006:815)

Porém, a colaboração não se estabelecera em termos iguais para ambas as partes. Os cientistas da periferia também o eram no âmbito da investigação. O papel preponderante era atribuído aos antropólogos portuenses.

Neste caso, podemos observar que apesar da produção científica de excelência, e dos incentivos à mesma por parte de personalidades estabelecidas nos territórios coloniais, a ocupação científica consumou-se em nos termos que os intelectuais da metrópole queriam.

Da parte do Estado Novo, o discurso colonial e os trabalhos feitos no ultramar sobre as concepções de raça e dos portugueses, seriam benéficos uma vez que integrariam a sua narrativa nacionalista, além de terem aplicações económicas, na concepção da optimização do trabalho.

Contudo, a tão proclamada ocupação científica nunca daria autonomia para o desenvolvimento de uma ciência colonial praticada exclusivamente nas colonias. A metrópole reclamaria sempre para si o papel principal no campo da antropologia colonial, não reconhecendo a mesma legitimidade aos trabalhos e ao ensino prestado pelos centros instalados nas colónias.

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Conclusão

Os laços que ligam a antropologia e o colonialismo passaram por várias metamorfoses ao longo dos tempos. Tendo o colonialismo surgido no século XV, com a época dos Descobrimentos, a antropologia ainda não era uma ciência estabelecida nos termos modernos. A sua prática baseava-se num contexto informal, não metódico, era praticada por marinheiros ou comerciantes que, estabelecendo comparações construíam a imagem do Outro por oposição à sua. Neste aspecto as características físicas e as práticas mais “exóticas eram os principais focos” daqueles que vinham de fora.

Contudo, com uma viragem de concepção e a entrada da ciência em substituição da religiosidade como forma de conhecer e dominar o Outro, a antropologia ganha um novo papel. Como ciência primordial para o conhecimento do Homem, os seus praticantes ganham um interesse em estudar e catalogar o Outro que se movia dentro dos seus domínios territoriais além-mar, as colónias.

Em Portugal, principalmente no Porto, começaram a mobilizar-se esforços para que a antropologia seja reconhecida como a ciência por excelência dos conhecimentos colonial. São feitos esforços para a sua promoção e para o aumento das publicações sobre a alçada da antropologia colonial. Mendes Correia é o principal dinamizador destas acções.

Com a chegada do regime do Estado Novo e, especialmente com o final da Segunda Guerra Mundial e a inversão das mentalidades internacionais, que no pós-guerra passariam a apelar à retirada dos colonizadores das respectivas colónias que ocupavam, agora indevidamente.

Portugal, sem o desejo de obedecer a estas demandas, socorreu-se das teorias científicas como o luso tropicalismo que diferenciavam o colonialismo português dos outros tipos de colonialismo europeus. O bom caracter português, faria com que não houvesse violência ou subjugação na colonização portuguesa, mas sim, a mestiçagem e a assimilação cultural criariam uma nova civilização luso-tropical que fundaria a nova identidade portuguesa.

A necessidade de exercer um domínio subtil e de não deixar que influencias externas penetrassem no território português, levou a que o Estado Novo investisse na criação das estruturas necessárias à prática cientifica e à sua promoção nos territórios coloniais.

Conhecer para dominar era fundamental para aplicação de fórmulas de subjugação que não permitissem por um lado que a comunidade internacional contesta-se a narrativa nacionalista implementada e por outro, que os colonizados não sentissem que o eram, mas sim, parte do novo conceito de nacionalidade portuguesa. A antropologia tem um papel fundamental nesta fase, na pessoa do Jorge Dias.

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Contudo, apesar do colonialismo ter durado até ao final do Estado Novo, os argumentos utilizados com a comunidade externa, em muito foram desrespeitados nos territórios coloniais. A cidadania portuguesa nunca foi atribuída em extensão aos restantes habitantes dos territórios colonias, as pesquisas científicas efectuadas na periferia estiveram sempre subjugadas aos imperativos da metrópole e as riquezas provenientes destes territórios nunca reverteram a favor destes territórios.

Concluíndo, ao longo desta exposição podemos verificar que a antropologia sempre se desenvolveu com forte apoio do domínio colonial. Sejam para a sua própria promoção científica ou aliados à argumentação de defesa colonial do estado novo, nas últimas décadas a antropologia e o conhecimento desenvolveram-se muito em função destes territórios.

Este facto ainda está patente no desenvolvimento da disciplina actualmente, dado que muitos profissionais ainda desenvolvem trabalhos em contexto africano, muitos deles invocando a época colonial.

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