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o valor do desporto Num período em que só se fala em crise, surge um oásis onde se gere milhões. Um mundo paralelo, detentor de um poder inigualável, numa economia em suposta recessão. Saiba quais os nomes dos novos multimilionários Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades ano ii · revista nº08 · set/out 2009 350 kwanzas · 4,50 usd · 3,25 euros ISSN 1647-3574 o sólido golias O sector bancário é um dos protagonistas do momento. O seu contributo para o progresso tornaram a banca fundamental para a expansão económica e social. Nesta edição, descubra a força do gigante casa do futuro Design, conforto e qualidade. Eis os critérios porque se pautam as habitações do Século XXI. Um bom investimento para quem deseja aliar a excelência à eficiência. Não perca as mais recentes inovações novo round União Económica e Monetária em África. Sonho ou realidade? Países preparam integração financeira com a criação de blocos regionais para se unir a Europa em novas parcerias estratégicas

Angola'in - Edição nº 08

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Angola'in é uma revista especializada na actualidade angolana, de carácter generalista, que dedica também especial atenção ao continente africano e à actualidade informativa a nível mundial. Posiciona-se como uma revista Premium, dirigida às classes alta e média alta, cujo maior diferenciador é a qualidade gráfica e editorial. Dedica especial atenção às áreas de Economia & Negócios, Arquitectura & Inovação, Desporto, Cultura & Lazer, destacando o que de melhor se faz nestes domínios em Angola. Complementa as suas edições com páginas exclusivas dedicadas a Personalidades deste país, bem como a rubricas de Turismo, Moda e Lifestyle.

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o valor do desportoNum período em que só se fala em crise, surge um oásis onde se gere milhões.

Um mundo paralelo, detentor de um poder inigualável, numa economia em suposta recessão. Saiba quais os nomes dos novos multimilionários

Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

ano ii · revista nº08 · set / out 2009

350 kwanzas · 4,50 usd · 3,25 euros

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ISSN 1647-3574

o sólido goliasO sector bancário é um dos protagonistas

do momento. O seu contributo para o

progresso tornaram a banca fundamental

para a expansão económica e social. Nesta

edição, descubra a força do gigante

casa do futuroDesign, conforto e qualidade. Eis os

critérios porque se pautam as habitações

do Século XXI. Um bom investimento para

quem deseja aliar a excelência à efi ciência.

Não perca as mais recentes inovações

novo roundUnião Económica e Monetária em África.

Sonho ou realidade? Países preparam

integração fi nanceira com a criação de

blocos regionais para se unir a Europa em

novas parcerias estratégicas

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revista bimestral nº08 - set/out 2009

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Direcção Editorial Manuela Bártolo - [email protected]

Redacção Patrícia Alves Tavares - [email protected]ónica Mendes - [email protected]

Colaborador Especial João Paulo Jardim - [email protected]

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Departamento FinanceiroSílvia Coelho

Departamento Jurídico Nicolau Vieira

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DistribuiçãoAfricana Distribuidora ExpressoLuanda - Angola

Tiragem10.000 exemplares—ISSN 1647-3574

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Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,

fotografi as e ilustrações, sob quaisquer meios e para

quaisquer fi ns, inclusive comerciais

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1 ANO 17,55 EUROS (10% DESCONTO)2 ANOS 31,20 EUROS (20% DESCONTO)

Desengane-se quem imagina África como um

conjunto de países afastados da realidade

mundial, longe da ‘movida’ desportiva, desco-

nhecedores das vantagens e existência de tele-

comunicações e da banca, conduzindo viaturas

obsoletas e espantando-se com os automó-

veis europeus. O continente, que Angola tanto

dignifi ca, servindo de exemplo para as nações

menos evoluídas, está a fervilhar de progresso

e os seus habitantes aproximam-se cada vez

mais dos cidadãos mundiais, adoptando as

suas marcas, estilos de vida e produtos.

Nesta edição, a Angola’in debruça-se sobre

a modernidade angolana e aborda a evolu-

ção dos sectores de actividade responsáveis

por incrementar a qualidade de vida. E fa-

lando em poder de compra, é inevitável fu-

gir a uma área que marca um estilo e uma

identidade que não fl utua ao sabor da crise.

É o mundo do desporto que merece a nos-

sa atenção. Todos se recordam das declara-

ções de Platini, que no fi nal da última época

apelava aos clubes para que fossem pruden-

tes na gestão dos seus recursos fi nanceiros.

Contudo, as recentes notícias provam que as

modalidades não se deixam afectar pela con-

tenção económica. As avultadas receitas ge-

radas pela publicidade, direitos televisivos,

bilheteiras, patrocínios e todo o merchandi-

sing envolvente revelam que o desporto gera

milhões e que são modalidades como a Fór-

mula 1, o ténis ou o golfe que se assumem

como as marcas mais valiosas. O futebol não

lidera o ranking, mas encontra-se no topo e

é certamente aquele que move mais segui- A Direcção

ECOS DO MUNDO OCIDENTALdores. A Angola’in apresenta-lhe um dossier

exclusivamente dedicado à matéria, em que

o mundo do desporto-rei, devido às recentes

transferências astronómicas como a de Cris-

tiano Ronaldo, merecem especial enfoque.

Na edição deste mês fazemos também o ba-

lanço da actividade do sector bancário, cuja

implementação no país tem sofrido profundas

evoluções, nomeadamente no que concerne ao

alargamento da rede a diversas zonas rurais e

municípios mais longínquos. O sucesso e cres-

cente procura da banca é refl exo do desenvol-

vimento económico e respectiva reconstrução

nacional, bem como da integração monetária

em África, onde já se fala inclusive na criação

de uma moeda única, à semelhança do que

aconteceu com o Euro na União Europeia.

A população angolana está cada vez mais cos-

mopolita e a procura de produtos bancários re-

fl ecte o aumento do poder de compra, que se

traduz na crescente demanda de automóveis

e das telecomunicações. A Angola’in analisa

a sociedade do século XXI e demonstra nes-

te número como os angolanos já não sabem

viver sem os telemóveis e como a constante

procura de viaturas novas e das marcas inter-

nacionais motivou a criação da primeira fábri-

ca nacional de produção automóvel. São sinais

dos tempos modernos e de uma população ca-

da vez mais próxima dos hábitos globais.

6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO

IN LOCO

EDITORIAL

INSIDE

MUNDO

‘áfrica negra’nigéria - retrato de uma potênciaOs africanos têm razões para sorrir. O continente tem--se afi rmado mundialmente e as medidas desenvolvi-das no âmbito do fomento económico e das condições de vida são evidentes. A Nigéria é uma das economias que tem merecido destaque. Apesar dos confl itos in-ternos, este país é uma das potências em ascensão. Compreenda o que faz da Nigéria um império

crédito ao carbonoO mercado do carbono merece destaque nesta edi-ção, uma vez que é um sector de actividade que co-meça a captar a atenção dos governantes. A emissão de gases poluentes é um facto. É fundamental regu-lar esta actividade e aplicar medidas que protejam o ambiente, numa altura em que o país está a crescer a um ritmo galopante e a poluição aumenta diaria-mente

ANGOLA IN PRESENTE

03 12 5010 18 56

SOCIEDADE

GRANDE ENTREVISTA

IN FOCO INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

22 76

DESPORTO

vício dos telemóveisCom 7,5 milhões de utilizadores, o ‘assalto’ ao sector das telecomunicações não pára de crescer. Unitel e Movicel apostam na inovação para captar mais clientes. Marcas investem em novos modelos para combater a concorrência. Conheça as últimas novidades do mercado

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7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |

ECONOMIA & NEGÓCIOS

‘o sólido golias’Quase inexistente há 20 anos, o sector bancário sofreu um

forte impulso nos últimos anos. O fi nal da guerra e a es-

tabilidade económica permitiram novas apostas e a banca

encontrou as condições necessárias para fl orescer. A re-

construção nacional tem fomentado este sector, que recebe

um incremento de pedidos de crédito e de novos clientes.

Conheça as entidades mais poderosas e a sua expansão em

todo o território

pirâmide invertidaÍndia. O continente asiático tem-se assumido indiscutivel-

mente como uma economia em constante crescimento,

cujo poder económico começa a ser respeitado entre os gi-

gantes do mundo, como EUA e os grandes da Europa. A Ín-

dia é um desses exemplos de desenvolvimento e evolução

fi nanceira. A inovação, modernidade e franca expansão co-

meçam a dar cartas no panorama internacional

comunicar com êxito Conhecida mundialmente, a Nokia lidera e está na vanguar-

da na concepção de telemóveis, que aliam a tecnologia de

ponta a um design inovador. A Angola’in traça a evolução do

maior produtor de telefones sem fi os, cujos modelos con-

quistam pequenos e graúdos

TURISMO

jamaica e cambojaEsta edição sugere dois espaços distintos para passar as

suas férias. Para os que preferem climas tropicais, com

belas praias, temperaturas altas e população simpática e

descontraída, a Jamaica é a escolha certa. Os amantes de

circuitos culturais e que procuram conhecer melhor a his-

tória mundial encontram na Cidade Perdida de Angkor a

oportunidade de descobrir uma civilização ímpar e única

DESPORTO

patins vitoriososO desporto tem longa tradição. O hóquei em patins é uma

das modalidades com maior potencial, em que os masculi-

nos séniores se destacam pelos bons desempenhos a nível

nacional e internacional. O inédito sexto lugar alcançado no

último mundial revela o talento dos hoquistas, cujas pres-

tações da selecção fazem os grandes respeitá-la

ESTILOS

Lisete Pote, prestigiada estilista nacional, com provas da-

das em todo mundo, tendo realizado desfi les em países

como Portugal, Espanha, França, Suécia, Japão, Namíbia,

Benin e Moçambique, entre outros, é a mais recente aqui-

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

império das quatro rodasA evolução do sector automóvel é a imagem do angolano moderno. Requintado e apaixonado por viaturas de elevado calibre, o homem actual não dispensa o carro e prefere as marcas internacionais, preterindo os automóveis usados. Esta edição faz o balanço do desenvolvimento deste mercado, num período em que arranca a primeira unidade fabril nacional para fazer face à procura

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sição da Angola’in para a rubrica Estilos. Admirada pelo seu

perfi l e carácter inovador e experiente promete fazer furor

com os seus conselhos de moda. A não perder!

CULTURA & LAZER

imagem vale mais que mil palavras O seu aparecimento acompanha a evolução da humanida-

de. As artes plásticas manifestam-se sob diversas formas,

tendo surgido nos primórdios das pinturas rupestres. Em

Angola, esta arte, que se caracteriza pela diversidade de

estilos, desenvolveu-se ao ritmo dos momentos históricos

que marcaram o país

PERSONALIDADES

angolano de alma e coração Apaixonado pelo movimento interventivo nacional e pela li-

teratura, Luandino Vieira é um dos escritores mais consa-

grados, que esteve ligado à fundação da União de Escritores

Angolanos. Nasceu em Portugal, mas cresceu em Angola.

Sempre reivindicou a condição de luandense e interveio na

libertação nacional

FOTO REPORTAGEM

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

LUXOS

LIVING

60 96 11872 112

VINHOS & COMPANHIA

10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL

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editorial

continente on-line

On-line com o mundo! A frase pode parecer, numa

primeira leitura, algo intangível, mas de facto é esse

o poder que as novas tecnologias oferecem aos seus

usuários nos dias de hoje. A dar passos largos no mun-

do da informação digital, África continua, no entanto,

a ser um info-excluído por força dos elevados preços

de acesso, ligações lentas e por

vezes estagnadas, que sofrem

ainda com os problemas ener-

géticos que afectam grande

parte dos países. Pouco mais

de 4% da população do conti-

nente pode aceder à Internet.

A difi culdade deste número

atingir os dois dígitos faz com

que os poucos utilizadores se-

jam obrigados a pagar taxas demasiado elevadas pa-

ra usufruírem de ligações demasiado lentas. Lentas

ou mesmo estagnadas, esperando pela boa vontade

da conhecida teimosia do sistema de electricidade de

grande parte dos países. Inúmeros projectos tentam

levar a cabo operações de conexão do continente à re-

de, mas os custos são normalmente uma barreira difí-

cil de derrubar. Agora, um consórcio de empresas que

planeia a instalação de uma ligação através de cabo

subaquático para ligar África à Europa recebeu o fi nan-

ciamento necessário para arrancar com o projecto. Es-

ta auto-estrada, onde o alcatrão cede lugar ao cabo de

fi bra óptica, com cerca de 10000 mil quilómetros, que

pretendem vinte e um países (Europa e Regiões Este,

Oeste e Sul de África), já começou a ser construída e

espera-se que entre em funcionamento até ao próxi-

mo ano. O fi nanciamento, no valor de 70.7 milhões de

dólares, foi atribuído por cinco instituições fi nanceiras

internacionais: a Corporação Financeira Internacional

(IFC) do Banco Mundial, o Banco Europeu de Investi-

mento, o Banco Africano para o Desenvolvimento, a

Agência Francesa para o Desenvolvimento e o Banco

Alemão para o Desenvolvimento. Um outro projecto,

denominado SEACOM, que ostenta um plano ainda

mais ambicioso garantiu também o seu fi nanciamen-

to. Com uma projecção de custos de 650 milhões de

dólares, esta ligação tem rota traçada para percorrer

o Quénia, Madagáscar, Moçambique e Tanzânia com

uma rede de banda larga internacional conectada com

a África do Sul, Índia e Europa, com conclusão prevista

para o início de 2010.

Três outros projectos desti-

nam-se a espalhar as liga-

ções de fi bra óptica por cerca

de 22 países por toda a Áfri-

ca Subsariana. Falando so-

bre o projecto que agora vai

ser fi nanciado, Lars Thunell,

vice-presidente executivo do

IFC, sector privado do Banco

Mundial dedicado aos em-

préstimos, sublinha que «os custos normais de

acesso à Internet na África Oriental são de 200 ou

300 dólares mensais, o que signifi ca que são dos

mais elevados do mundo». Expectativas para o pa-

norama deste sector depois de terminado o projec-

to? «Esperamos que os preços caiam cerca de dois

terços assim que este projecto esteja concluído e

que continuem a descer depois», afi rmou Thunell

recentemente. Para além da descida dos preços de

acesso, o outro objectivo assumido pelo consórcio

é fazer triplicar os subscritores, proporcionando o

acesso à Internet a cerca de um quarto dos africa-

nos - 250 milhões de pessoas. Lars Thunell não tem

quaisquer dúvidas relativamente à importância do

projecto: «este projecto vai transformar o panorama

das telecomunicações em África e vai ter um directo

e positivo impacto nos negócios da África Oriental»,

assegura. Depois de concluída uma primeira fase do

projecto, outros treze países serão também incluí-

dos na rede através ligações adicionais. Esses paí-

ses são o Botswana, Burundi, a República Central

do Congo, Chade, Etiópia, Lesoto, Malawi, Ruanda,

Suazilândia, Uganda, Zâmbia e Zimbabué. Sem dú-

vida, um projecto megalómano, há muito esperado

no continente!

Ligar África à Europa por fi bra óptica vai

transformar o panorama das telecomunicações no

continente e ter um impacto directo e positivo a nível

económico e social

11 EDITORIAL · ANGOLA’IN |

SEGURANÇABANCOS COM SISTEMA DE VIDEOVIGILÂNCIAAs agências bancárias deverão ser aconselhadas a adoptar o

sistema de videovigilância, com vista a travar a onda de assal-

tos, em que os bancos são os principais visados. A decisão foi

tomada durante um encontro entre o Governo da Província

de Luanda, a Polícia Nacional e a Associação dos Bancos de

Angola. Luanda é a região onde se regista o maior número

de roubos, situação que tem gerado alguma instabilidade

entre os clientes das instituições. Desta forma, de acordo

com declarações de Domingos Francisco, governador para a

área económica de Luanda, “a implementação de um sis-

tema de videovigilância permitirá à polícia ter elementos

que permitam analisar e investigar”, sempre que se re-

gistar um assalto. Grande parte das dependências dos

bancos comerciais já tem este serviço instalado, pelo

que as autoridades recomendam que se aplique o dis-

positivo à medida que se proceda à expansão da re-

de bancária. Por outro lado, a polícia argumenta que a

maioria dos bancos assaltados não possuía sistemas

de vigilância.

Mais de duas dezenas de profi ssionais de

saúde cubanos vão deslocar-se para Angola,

ainda este ano, com o objectivo de reforçar

o sistema de saúde nacional. O intercâm-

bio surge no âmbito de um acordo assinado

entre os governos de Angola e Cuba. Actual-

mente, actuam no país cerca de 605 médicos

cubanos, dos quais 200 encontram-se a tra-

balhar em hospitais e unidades periféricas.

A notícia foi divulgada pelo ministro da Saú-

de, José Van-Dúnem, que preferiu não adian-

tar a data de chegada dos 239 profi ssionais.

Questionado acerca da carência de médicos

A Infrasat, empresa do grupo Angola Te-

lecom, dispõe de uma unidade móvel, que

permitirá assegurar as situações críticas e

pontuais, no que concerne às novas tecnolo-

gias de comunicação. O novo veículo, recen-

temente apresentado, dispõe de uma antena

móvel, capaz de funcionar com energia eléc-

trica ou gerador, de modo a poder atender

serviços de transmissão de voz, dados, inter-

INSIDE | patrícia alves tavares

12 | ANGOLA’IN · INSIDE

ao nível das províncias, o responsável admi-

tiu que os 2400 médicos existentes no país

correspondem a um “número bastante redu-

zido”, argumentando que está a ser feito tu-

do para ultrapassar esta difi culdade, uma vez

que existe apenas um médico para cada 10 mil

habitantes (OMS recomenda um profi ssional

para cada mil pessoas). “Os esforços consubs-

tanciam-se na criação de cinco faculdades de

medicina”, esclareceu. Van-Dúnem informou

ainda que “há um programa com Cuba”, no

sentido de trabalhar em conjunto “numa va-

cina contra a cólera”.

SAÚDE MÉDICOS CUBANOS VÃO REFORÇAR HOSPITAIS

INTERNETANGOLA TELECOM LANÇA A BANDA LARGAA empresa pública de telecomunicações e multimédia Angola Telecom

apresentou a sua mais recente oferta, o sistema de Internet com quatro

megas em banda larga, que se destina às pequenas e médias empre-

sas. Segundo João Avelino, presidente do conselho de administração,

o sistema permitirá resolver os problemas de acesso à Internet e da

qualidade telefónica. A tecnologia, denominada de “SuperNet ADSL”, é

um meio capaz de manipular o grande fl uxo de informação, que pode

ser usado por utilizadores que trabalhem com elevadas quantidades de

dados. A Internet em banda larga permite aos empresários usufruírem

de um serviço de alta velocidade, com consequências altamente favo-

ráveis para os negócios. O sistema baseia-se em ligações ADSL, pelo

que é possível usar a linha telefónica e aceder à Web em simultâneo.

net e vídeo, em situações de emergência ou

necessidades especiais. De acordo com o di-

rector executivo, Eduardo Continentino, o no-

vo dispositivo representa um grande avanço

para o país, uma vez que se apresenta como

uma solução alternativa para os problemas

de quebra da Internet, geralmente relaciona-

dos com a danifi cação de fi bras ópticas, que

podem afectar o funcionamento dos mais

variados serviços, nomeadamente a banca,

instituições de ensino e saúde, radiodifusão

e telefonia móvel e fi xa. No caso de uma fa-

lha na ligação web de uma empresa, a uni-

dade móvel (também apelidada de ‘antena

móvel’) pode garantir a normalização do ser-

viço, de forma célere e efi caz. A vantagem

do novo mecanismo consiste no facto de es-

te poder ser instalado em qualquer parte do

território nacional, inclusive onde não exis-

tem infra-estruturas físicas no âmbito das

novas tecnologias, resistindo a condições at-

mosféricas adversas.

TECNOLOGIA INFRASAT APRESENTA UNIDADE MÓVEL

13 INSIDE · ANGOLA’IN |

14 | ANGOLA’IN · INSIDE

INSIDE

INVESTIMENTOSINOPEC QUER ADQUIRIR 20% DA MARATHONA empresa Sinopec, constituída pela China Petroleum & Chemical e pela CNOOC vai

pagar 1,3 mil milhões de dólares pela compra da participação em 20 por cento da Ma-

rathon Oil, no bloco 32 de Angola. O referido espaço petrolífero offshore de águas pro-

fundas é detido em cinco por cento pela Galp. A Marathon é actualmente a quarta

maior petrolífera dos Estados Unidos da América e vai manter uma posição de dez por

cento no bloco 32, onde já foram encontrados 12 poços de petróleo, facto que motivou

todos os parceiros da empresa norte-americana a disputar os seus 20 por cento. Para

tal, terão que igualar a oferta da Sinopec. A Galp é a companhia que detém a posição

mais pequena naquele bloco. A operadora do espaço é a Total, com 30 por cento, se-

guindo-se a Sonangol com 20 por cento. Este é já o quarto desinvestimento da Mara-

thon em termos de participação na exploração e produção de energia.

PETRÓLEOODEBRECHT DESCOBRE NOVA JAZIDAA construtora brasileira Odebrecht encontrou pe-

tróleo na costa angolana, revelando que a aposta

no sector do petróleo e gás tem sido bem sucedi-

da, alcançando assim o primeiro êxito. “Trata-se

de crude leve, de boa qualidade e foi encontrado

a uma profundidade de 4.725 metros, a 315 qui-

lómetros da costa de Luanda”, congratulou-se o

presidente da companhia, Miguel Gradin. O gru-

po brasileiro tem uma participação de 15 por cen-

to no consórcio operado pela Maersk OIl, que por

sua vez detém 50 por cento da empresa estatal

angolana Sonangol.

PRESIDÊNCIA DA OPEPCORTES NA PRODUÇÃOO actual presidente da Organização dos

Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

e ministro angolano dos Petróleos, Bote-

lho de Vasconcelos garantiu que os mem-

bros da organização estão a cumprir com

os cortes de produção, estabelecidos pe-

lo cartel em Maio último. As reduções têm

oscilado entre 78 e 80 por cento, facto que

permitiu reduzir signifi cativamente a vo-

latilidade antes registada no mercado in-

ternacional do crude. Quanto às oscilações

de preços no âmbito internacional, Bote-

lho Vasconcelos lembrou que alguns dos

fundamentos do mercado ainda não estão

totalmente controlados, pelo que ainda

existe muito petróleo armazenado, con-

duzindo a algumas especulações do mer-

cado. O dirigente afi rmou ser urgente que

o sector petrolífero tenha em considera-

ção a vertente da responsabilidade social,

ou seja, o incentivo à criação de coopera-

tivas deve ser alargado a todas as provín-

cias, para que funcione como alavanca do

desenvolvimento económico do país.

DESENVOLVIMENTOCIMANGOLA AUMENTA PRODUÇÃOA Nova Cimangola pretende aumentar a sua

produção para um milhão e 200 mil toneladas

de cimento Portland. A meta será executada

ainda este ano. O referido acréscimo enquadra-

se no modelo de gestão que a empresa está

a implementar, que deverá ser efi ciente e efi -

caz. Em 2008, a fábrica produziu pouco mais

de um milhão de matéria-prima, ocupando 30

por cento da quota de mercado. O assessor do

organismo explicou que a produtora de cimen-

to tem apostado em manufacturar mais com

menos recursos, recorrendo a tecnologia anti-

ga. Quanto à necessidade de implantar novos

meios, como forma de aumentar a produtivida-

de, o responsável admitiu que essa opção con-

duziria à redução de mão-de-obra da empresa

de 842 para 200 trabalhadores. Aliás, a empre-

sa anunciou recentemente que está em curso

um processo de recrutamento para as áreas de

debilidade. A nova gestão da cimenteira englo-

ba a implementação de um plano de carreiras e

melhoria das condições sociais, com vista a re-

juvenescer e envolver todos os trabalhadores. A

Nova Cimangola compõe o conjunto de empre-

sas licenciadas pelo Ministério das Obras Públi-

cas, que estão autorizadas a importar cimento,

de acordo com as necessidades do mercado

nacional. No entanto, o organismo não encara

esta actividade como a melhor saída, centran-

do-se essencialmente na produção de cimento.

A fábrica labora desde 1957 e é constituída pe-

los accionistas da Ciminvest (49 por cento), da

Cimangola (40 por cento) e do Banco Africano

de Investimento (9,5 por cento).

15 INSIDE · ANGOLA’IN |

INSIDE

16 | ANGOLA’IN · INSIDE

INOVAÇÃOGÁS DE COZINHA NO MERCADOA Sonangol colocou este ano 8.200 novas gar-

rafas de gás de cozinha no mercado. A pro-

víncia de Bié foi a maior benefi ciária, devido à

crescente procura do produto no mercado lo-

cal. De acordo com o delegado de vendas da

“Sonangol Distribuidora” no Bié, Manuel Nu-

nes, as botijas são comercializadas pelo preço

único de 12.200 Kwanzas, pelo que até ao mo-

mento já foram vendidas quatro mil garrafas.

A venda abrange todos os municípios do inte-

rior da província. Com esta medida, além de

satisfazer as necessidades dos consumidores,

será possível estender os serviços às restan-

tes localidades da região. O delegado explicou

que a transportação do produto também me-

lhorou nos últimos tempos, graças à requalifi -

cação dos troços rodoviários. MERCADOS BOLSA DE VALORES ARRANCA EM 2010Cruz Lima, coordenador da Comissão do Mercado de Capitais (CMC), adiantou que a Bol-

sa de Valores e Derivados de Angola (BVDA) vai arrancar no primeiro semestre de 2010.

O responsável assegurou que desde Julho estão a “ser criadas as condições necessárias

para o funcionamento da Bolsa”. O dirigente da CMC explicou que a abertura do referido

organismo é uma prioridade para o Primeiro-Ministro. “Estamos a cumprir as orienta-

ções do Governo”, ressalvou, recordando que “seria uma falha inaceitável e indesculpável

do programa governamental”, caso não contemplasse a criação da Bolsa de Valores. Sem

revelar os nomes e números das empresas que podem participar no futuro projecto, Cruz

Lima admitiu que as entidades petrolíferas, diamantíferas, cervejeiras, transportadoras

aéreas, energia, águas e telecomunicações “são indispensáveis para o mercado bolsista”.

O coordenador assegura ainda que o país dispõe de todas as potencialidades para se tor-

nar numa praça fi nanceira regional importante, esperando-se que no primeiro ano venha

assumir o quinto ou sétimo lugar no ranking dos mercados africanos.

AVIAÇÃOLUANDA E DUBAI COM LIGAÇÃO DIRECTAA partir de 25 de Outubro voos directos vão aproximar Dubai e Luanda. A notícia foi divulgada

pela companhia de aviação comercial ‘Emirates’, que assegurará o transporte dos passageiros.

A circulação entre os dois países decorrerá três vezes por semana (terça-feira, quarta-feira e do-

mingo). A nova linha insere-se no plano de extensão das ligações aéreas internacionais, nomea-

damente em África. O Boeing 777-300 é o avião que vai fazer o itinerário e dispõe de 364 lugares

divididos pelas classes Económica, Business e Primeira Classe.

JUSTIÇASISTEMA DOS PALOP NA INTERNETA ministra da Justiça de Angola, Guilher-

mina Prata, apresentou a base de dados

online, que contém informações sobre os

sistemas de justiça de todos os países

dos PALOP. O acesso ao portal baseia-se

em subscrições, que serão defi nidas de

acordo com a realidade fi nanceira de to-

dos os Estados. O mecanismo consta do

programa do Fundo Europeu de Desen-

volvimento (FED) e está orçado em 9,8

milhões de euros. A página Web terá co-

mo funções divulgar e facilitar o acesso à

legislação, jurisprudência e doutrina dos

órgãos de administração da Justiça des-

ses países. A gestão dos conteúdos fi ca

ao cargo de técnicos dos ministérios da

Justiça, que receberão formação especí-

fi ca. Os critérios de acesso ao portal de-

vem-se à necessidade de assegurar os

encargos fi nanceiros da manutenção do

site. A ideia da base de dados surgiu em

2003, mas a fase II do projecto apenas fi -

cou concluída este ano.

18 | ANGOLA’IN · MUNDO

| patrícia alves tavares

tecnologia

Mais de 2 mil milhões de internautas em 2013A Forrester Research, uma companhia independente especializada em estudos de mercado na

área da tecnologia, acredita que, em 2013, o número de internautas no mundo deverá chegar aos

2,2 mil milhões contra os actuais 1,5 milhões. De acordo com o estudo recentemente divulgado, 43

por cento desses novos utilizadores serão asiáticos, dos quais 17 por cento correspondem apenas

à China. “Apesar da desaceleração económica global, um número crescente de consumidores con-

verte-se anualmente à Internet”, esclarece a analista Zia Widger, que prevê um aumento de novos

cibernautas na ordem dos 45 por cento, entre 2008 e 2013. O continente asiático registará o maior

crescimento, enquanto a Europa rondará os 22 por cento e a América do Norte os 17 por cento. Por

seu lado, na América Latina as futuras conexões à Internet deverão manter-se nos 11 por cento. O

documento revela ainda que a China ultrapassará os Estados Unidos, que conjuntamente com os

restantes países industrializados registará uma fraca progressão nos próximos cinco anos.

literatura

Nasce a maior e-livraria do mundoA maior cadeia de livrarias do mundo, a Barnes &

Noble anunciou que vai criar a maior loja online

de livros electrónicos nos Estados Unidos. O es-

paço virtual albergará as obras digitalizadas pelo

Google. O projecto tem como fi nalidade facilitar

o acesso às diversas compilações, uma vez que o

presidente da marca, William Lynch acredita que

“os leitores devem ter acesso aos livros a partir

de qualquer dispositivo, a partir de qualquer lugar

e a qualquer momento”. A futura loja virtual será

considerada a maior livraria online de livros elec-

trónicos, em todo o mundo. No total, serão dis-

ponibilizados mais de 700 mil títulos, dos quais

meio milhão consiste em obras livres de direitos

de autor, oferecidas através do Google Books. As

obras digitais serão compatíveis com vários siste-

mas operativos e leitores electrónicos, bem como

os conhecidos telefones “inteligentes”. Contudo,

a empresa está a desenvolver uma parceria com

a britânica Plastic Logic, para criar um leitor que

possa competir com o Kindle e o Sony Reader.

efeméride

Homem rumo a Marte A 20 de Julho de 1969, o mundo parou para

ver Neil Armstrong a pisar a Lua pela primei-

ra vez. Por ocasião das comemorações da

data, Buzz Aldrin, o segundo homem a pôr

o pé no satélite da Terra falou sobre o futu-

ro da exploração do espaço extraterrestre.

Durante uma conferência comemorativa,

organizada pela Nasa, em Washington, os

sete astronautas pioneiros da Lua aponta-

ram Marte como a meta para o futuro. Al-

drin mostrou-se surpreendido pelo facto do

Homem ainda não ter alcançado Marte no fi -

nal da primeira década do século XXI. O as-

tronauta defende há muito a concretização

de uma viagem tripulada ao planeta vizinho

da Terra, argumentando que a solução para

reduzir o impacto dos custos e difi culdades

técnicas pode passar por uma expedição sem

regresso, com colonos espaciais dispostos a

não voltar à Terra. Por outro lado, o grupo de

veteranos criticou ainda o pouco investimen-

to fi nanceiro que os EUA têm conferido à ex-

ploração espacial.

MUNDO

internet

Google chega à LuaNo ano em que se comemoram os 40 anos da chegada do Homem à Lua, o Goo-

gle resolve assinalar a efeméride com o lançamento de uma ferramenta, que per-

mite ver imagens de satélite, fotografi as e vídeos das várias expedições da Nasa.

O novo serviço, intitulado Google Moon, faz parte do Google Earth, que consiste

numa aplicação para download gratuito e que tem como função permitir a visua-

lização de imagens da Terra, captadas por satélite. Esta nova ferramenta integra

ainda mapas geográfi cos e topológicos, informação sobre os muitos artefactos

humanos que foram à Lua e uma visita virtual conduzida por Buzz Aldrin e por Ja-

ck Schmitt, da missão Apolo 17. O Google Moon é produto de um acordo assinado

com a Nasa, em 2006.

19 MUNDO · ANGOLA’IN |

ambiente

Alterações climáticas afectam peixesOs peixes das águas europeias perderam metade da sua massa cor-

poral, em apenas algumas décadas, devido aos efeitos das alterações

climáticas. A conclusão é de um estudo do Cemagref, um instituto

especializado na gestão saudável das águas e dos territórios. Durante

o período em análise, os investigadores observaram as populações de

peixes nos rios europeus, no Mar do Norte e no Mar Báltico. O relatório

indica que os habitantes aquáticos perderam em média 50 por cento

da massa corporal, nos últimos 20 ou 30 anos. Isto verifi cou-se em

todas as espécies, sendo que os peixes das águas europeias perde-

ram cerca de 60 por cento. Os investigadores explicaram que as águas

quentes são habitadas por espécies mais pequenas e que o seu aque-

cimento afecta as migrações e os hábitos de reprodução dos animais.

Os impactos são “enormes”, uma vez que os peixes mais pequenos

têm menos crias e são presas mais fáceis para os predadores, tendo

consequências graves na cadeia alimentar e no ecossistema.

banca

Deutsche Bank investigadoO maior banco da Alemanha, o Deutsche Bank, pode ser

acusado de espionagem. Segundo a imprensa interna-

cional, a instituição corre o risco de ser investigada por

alegada espionagem de administradores, executivos de

topo e accionistas. Os jornais adiantam que dois altos

funcionários terão sido entretanto despedidos, por te-

rem tido responsabilidade nas acções de vigilância, que

a justiça pretende indagar. Aliás, um dos quadros demi-

tidos era responsável pelo departamento da seguran-

ça e outro pelas relações com os investidores. Ainda de

acordo com o Deutsche Bank, os procuradores alemães

estão a reunir a documentação necessária para verifi car

se existem bases para avançar com um processo criminal

contra o banco. “O Deutsche Bank foi, obviamente, lon-

ge de mais nas acções de espionagem”, frisou Wolfgang

Gerke, presidente do Centro Bávaro de Finanças de Muni-

que, em declarações à agência Bloomberg.

guantánamo

Fecho da prisão em risco de ser adiadoO relatório encomendado por Obama foi adiado por seis meses, levando os ana-

listas a acreditar que o encerramento da prisão de Guantánamo, marcado para Ja-

neiro, poderá não ser cumprido. O documento, encomendado pelo Presidente dos

Estados Unidos, é crucial para a avaliação daquela prisão militar norte-americana

e surgiu no âmbito dos esforços da nova Administração para encerrar aquele polé-

mico centro de detenção de suspeitos de terrorismo. A extensão do prazo está re-

lacionada com a necessidade de se fazer uma “análise o mais detalhada possível”

sobre a situação de Guantánamo, explicaram os conselheiros de Obama, ligados à

equipa encarregue de elaborar o relatório. Os mesmos garantem que o adiamento

por seis meses não provocará atrasos em relação à data estabelecida para o en-

cerramento da prisão de alta segurança. Até ao momento, o presidente americano

apenas tomou conhecimento do documento interno, que enumera as opções de

que a Casa Branca dispõe, nomeadamente julgar os suspeitos em tribunais cíveis

ou transferi-los para outros países. Já, os analistas encaram com alguma renitên-

cia o cumprimento dos prazos de encerramento.

internet

Brasil lidera TwitterUm estudo do Ibope Nielsen Online anunciou que o Brasil

assumiu o lugar de líder mundial ao nível da participação

no Twitter, tendo registado cinco milhões de utilizadores

nos últimos meses, representando um acréscimo de 71 por

cento em relação a Maio. O documento revela que o país

não tem o maior número de utilizadores do site, mas que é

a região com maior penetração da ferramenta web. Em se-

gundo lugar, fi caram os EUA e em terceiro o Reino Unido.

20 | ANGOLA’IN · MUNDO

honduras

EUA emitem avisoHilary Clinton, secretária de Esta-

do norte-americana ameaçou sus-

pender a ajuda às Honduras, caso as

negociações promovidas pelo pre-

sidente costa-riquenho Óscar Árias

falhem. De acordo com o porta-voz

do departamento, Philip Crowley, a

dirigente mostrou-se muito fi rme

na conversa telefónica com o pre-

sidente de facto das Honduras, Ro-

berto Micheletti, fi rmando assim a

posição dos EUA.

eua

Lulas invadem CalifórniaMilhares de lulas gigantes, que atacam seres

humanos, invadiram a costa de San Diego, na

Califórnia, estando a causar o pânico entre os

habitantes. As lula-de-humboldt frequentam

habitualmente as águas profundas do México

e são conhecidas por atacar os humanos. Es-

tas podem medir até 1,5 metros e pesar até 45

quilos. Os cientistas explicam que as lulas gi-

gantes podem ter saído do seu habitat natu-

ral devido à escassez de alimentos, provocado

pelo aquecimento global. Este facto pode es-

tar na origem da sua deslocação para a zona

costeira californiana. Não é a primeira vez que

as praias de San Diego são invadidas por lu-

las. A última vez foi em 2005, período em que

estes animais apareceram mortos na costa de

Orange County.

MUNDO

saúde

Obesidade pode tirar dez anos de vidaUm estudo, publicado na revista científi ca “Lancet”, analisou 900 mil pessoas durante 20 anos e provou

que a obesidade pode chegar a tirar até dez anos de vida. A investigação foi conduzida pela Universidade de

Oxford e analisou 57 estudos sobre o tema, que incidiram sobre as populações da Europa e da América do

Norte. “O excesso de peso diminui a esperança de vida. Em países como a Inglaterra ou os EUA, pesar um

terço a mais do que seria óptimo encurta o tempo de vida em cerca de três anos”, enuncia Gary Whitlock,

médico da referida faculdade e um dos autores do estudo. Das pessoas que participaram na investigação,

uma centena morreu durante as duas décadas de acompanhamento. Os estudiosos usaram o Índice de Mas-

sa Cultural (IMC) para defi nirem a obesidade, dividindo o peso de uma pessoa pelo quadrado da sua altura. A

população com um IMC entre 30 e 35 (o normal vai dos 18,5 aos 25) morreu três anos mais cedo do que aque-

les que tinham um peso normal. Os casos de obesidade severa viveram dez anos a menos, o mesmo tempo

que um fumador. Doenças cardiovasculares, diabetes, cancro e complicações relacionadas com os pulmões

foram as principais patologias associadas pelos investigadores à obesidade.

astronomia

Ásia assiste a eclipse Ásia, Japão e Pacífi co assistiram a um

eclipse total do sol, o mais longo do sé-

culo XXI, com duração superior a cinco

minutos. O fenómeno teve início no gol-

fo de Khambhat, a Norte de Bombaím

e moveu-se para Este, escurecendo pri-

meiro a Índia e depois o Nepal, Burma,

Bangladesh, Butão e China, respectiva-

mente. Prosseguiu para o Japão, tendo

sido visto pela última vez a partir da

ilha de Nikumaroro, no Kiribati. O eclip-

se durou cerca de quatro horas. O últi-

mo acontecimento idêntico ocorreu em

Agosto de 2008 e durou pouco mais de

dois minutos. A longa duração do eclip-

se permitiu aos cientistas estudar os

fenómenos solares. literatura

Fãs de Graham Greene podem terminar inéditoUm romance inacabado de Graham Greene (1904

– 1991) está a ser publicado numa revista norte-

americana, convidando os fãs de policiais a ter-

minar o enredo desta história, que data dos anos

20. “The Empty Chair” (“A cadeira vazia”) possui

apenas cinco capítulos concluídos e conta a histó-

ria de um assassinato misterioso. O enredo des-

ta obra faz recordar os misteriosos assassinatos

cometidos nas casas de campo, típicos de Agatha

Christie. O autor iniciou o livro em 1926, quando

tinha apenas 22 anos e foi encontrado no ano pas-

sado por François Gallix, um estudioso das obras

de Greene. O romance encontrava-se no Cen-

tro de Humanidades da Universidade do Texas e

corresponde ao ano mais importante na vida do

escritor, período em que atingiu o sucesso. “The

Strand Magazine” publica um capítulo por sema-

na e pondera lançar um concurso para completar

a história. Graham Greene é conhecido internacio-

nalmente pelas obras “O Condenado”, “O nosso

agente em Havana”, “O poder e a glória”, “O ame-

ricano tranquilo” e “Monsenhor Quixote”.

21 MUNDO · ANGOLA’IN |

IN FOCO

22 | ANGOLA’IN · IN FOCO

| manuela bártolo

Com mais de 120 milhões de habitantes e uma densidade populacional de 131 habitantes/

quilómetro2, a Nigéria é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e pode vir a defi nir-

se como uma das principais potências económicas da África Negra. Após o longo período de

instabilidade política, nos anos setenta, dá-se a explosão da sua economia, resultante da

abundância do petróleo na zona do Delta do Níger e na sua exploração acelerada provocada pelo

aumento elevado da procura mundial dessa matéria-prima. Hoje, o país é destino de grandes

fl uxos de imigração provenientes de todos os países da zona. No início dos anos 80 as crises

petrolíferas conduziram à queda dos preços e os estrangeiros em situação irregular são expulsos

do país, o que envolveu cerca de 2 milhões de pessoas, obrigadas a regressar por qualquer

meio para os territórios de origem. Mesmo assim, o país continua com uma grande densidade

populacional e um valor do rendimento médio por habitante reduzido, estando a concentração

das políticas económicas nas mãos dos grupos do poder, visto pelos organismos internacionais

como “corrupto”. A estrutura urbana é essencial e, além da gigantesca concentração urbanística

de Lagos, conta também com um grande número de cidades com 200 mil a 300 mil habitantes

que elevam a taxa de urbanização para os 50%. Números que não encontram representação

nas infra-estruturas e serviços, ainda bastante pobres. As perspectivas, no início do século XXI

são elevadas. Aqui fi ca o retrato actual de uma Nigéria de contrastes.

POLÍTICA Outro dos aspectos negativos apontados pe-

la população é a difi culdade em arranjar em-

prego e a escalada dos preços. Após a eleição

de Obasanjo em 1999, uma nova Constituição

foi aprovada que garante que haja eleições de

quatro em quatro anos. Obasanjo ganhou em

2003, muito embora as eleições tenham sido

consideradas falseadas. O PDP que está no

poder, fortaleceu a sua posição tanto na As-

sembleia Nacional, como nos 36 estados que

constituem a Nigéria, 31 dos quais têm gover-

nadores do partido do governo. Uma tenta-

tiva de amendar a Constituição para permitir

que o presidente se candidatasse ao terceiro

mandato foi reprovada em 2006. As eleições

presidenciais de 2007 permitiram a primeira

transferência de poder civil no país desde a

independência. Os três principais candidatos

presidenciais (todos muçulmanos do Norte),

refl ectiram a crença que o cargo de líder da

nação deve pertencer a um nortenho, depois

de Obasanjo ter estado no poder.

Atiku Abubakar candidatou-se pelo partido

do Congresso da Acção, mas foi impedido de o

fazer por acusações de corrupção que até hoje

nega. No entanto, o Supremo Tribunal decidiu

que a Comissão de Eleições não tem o poder

de impedir que nenhum candidato concorra

ao lugar. Contudo, um dos maiores progressos

políticos dos últimos oito anos é que o exér-

cito foi politicamente neutralizado. Quaisquer

generais com ambições políticas foram afas-

tados e outros têm estado num esquema de

rotação que os impede de se agarrarem ao po-

der. A nova geração de ofi ciais são profi ssio-

nais e, pela primeira vez em décadas, todos os

observadores concordam que um golpe militar

é pouco provável. A nível regional, a Nigéria é

o poder predominante no Oeste africano e es-

tiveram na origem da Comunidade Económi-

ca dos Estados da África Ocidental (ECOWAS),

através da qual tiveram um papel preponde-

rante na resolução de confl itos, principalmen-

te na Libéria e na Serra Leoa.

Num panorama mais alargado, o presidente

Obasanjo foi um dos principais fundadores da

Nova Parceria para o Desenvolvimento Africa-

no (NEPAD) e foi presidente da União Africana

em 2005/06, promovendo conversações de

paz com o Sudão. A Nigéria tem a aspiração

de ter um lugar permanente no Conselho de

Segurança da ONU.

ÁFRICA ‘NEGRA’

NIGÉRIAretrato de uma potência

23 IN FOCO · ANGOLA’IN |

Internacional ainda refere o país como um dos

países mais corruptos a nível mundial. Dados

ofi ciais dizem que metade dos lucros anuais de

crude estimados em 40 mil milhões de dólares,

são roubados ou desperdiçados.

Muitos nigerianos queixam-se que não tem havido pro-gressos nas infra-estruturas básicas como a luz, água e saneamento básico. Outro dos aspectos negativos apontados pela população é a difi culdade em arranjar emprego e a esca-lada dos preços

SOCIEDADE O país tem dos piores Índices de Desenvolvi-

mento do mundo: uma em cada cinco crian-

ças morre antes de chegar aos cinco anos.

Doze milhões de crianças não estão na escola

e há quase 2 milhões de orfãos devido ao ví-

rus do HIV/Sida. Mais de metade da popula-

ção (75 milhões de pessoas) vivem abaixo do

limiar de pobreza, num país onde a esperança

média de vida é de 47 anos. Após os progra-

mas de privatização introduzidos pelo Presi-

dente Obasanjo, os nigerianos ainda estão à

espera de um fornecimento de electricidade

efi caz, de uma rede de água potável, de ser-

viços de saneamento, de melhorias nos cami-

nhos de ferro, nas estradas e nos telefones.

A capital Abuja é a cidade mais cara da Ni-

géria, seguida de Port Harcourt, uma cidade

rica em petróleo, e pela maior cidade Lagos,

que é a capital comercial do país. Em Maio

de 2004, Obasanjo promoveu um programa

de reformas económicas chamado NEEDS

que pretendeu promover a disciplina fi scal,

a reforma dos serviços civis e bancários, bem

como o início de privatizações e transparên-

cia. Os direitos humanos melhoraram consi-

deravelmente desde 1999, ainda que o país

continue com a pena de morte. O governo

de Obasanjo estabeleceu um painel para in-

vestigar os abusos de direitos humanos nas

organizações militares e criou uma comissão

de direitos humanos. Há no país uma vasta

e activa sociedade civil. Os orgãos de comu-

nicação social são livres e independentes. No

entanto, ainda surgem informações de es-

pancamentos e execuções sumárias, que as

pessoas atribuem à má preparação das forças

de segurança.

Durante os dois mandatos do Presidente Olusegun Obasanjo, o país pagou quase na totalidade a dívida estrangeira de 35.9 mil milhões de dólares. Estima-se que restem 5 mil milhões

ECONOMIA A Nigéria é a grande potência económica do

Oeste africano, contribuindo com quase 50%

do PIB da região. Economicamente, o país es-

tá dependente do sector do petróleo e do gás.

Membro da Organização de Países Produtores

de Petróleo (OPEP), é o oitavo maior exporta-

dor mundial de crude. Os lucros da associação

nigeriana de gás, a NLNG (Nigerian Liquefi ed

Natural Gas Ltd) vão superar os lucros de petró-

leo nos próximos dez anos. Ainda que o crude

produzido precise de pouca refi nação, o país até

agora foi incapaz de construir as suas próprias

refi narias e trabalhar na produção de petróleo.

Os produtos refi nados são todos importados. O

aumento da criminalidade na região do Delta

do Niger lançou dúvidas se será possível haver

eleições nos estados de Rivers, Delta e Bayelsa.

No período de um ano (Abril de 2006 a Abril de

2007) mais de 100 trabalhadores estrangeiros

foram raptados, 70 dos quais em 2007. Os ata-

ques às plataformas de petróleo levaram a que

a Nigéria reduzisse 20% a 25% da sua produção

de crude. Uma das áreas em expansão é o sector

das telecomunicações. Há aproximadamente

1.25 milhões de linhas terrestres telefónicas no

país, enquanto o número de utilizadores de te-

lemóveis ascende os 30 milhões. Vários analis-

tas acreditam que o crescimento vai continuar,

com a Nigéria a ultrapassar a África do Sul como

o maior mercado africano deste sector. Durante

os dois mandatos do Presidente Olusegun Oba-

sanjo, o país pagou quase na totalidade a dívida

estrangeira de 35.9 mil milhões de dólares. Esti-

ma-se que restam 5 mil milhões. Após o acordo

com o Clube de Paris (instituição de crédito en-

tre governos) em 2005, a Nigéria liquidou 12.4

mil milhões de dólares da dívida. Está também

prestes a pagar 900 milhões de dólares ao Clu-

be de Londres (instituição de crédito privada), a

quem já tinha pago 1.4 mil milhões de dólares. O

outro credor é o Banco Mundial, que já afi rmou

publicamente que a forma como a Nigéria tem

liquidado a sua dívida de 2.07 mil milhões de dó-

lares é “muito boa”. No entanto, a Transparência

24 | ANGOLA’IN · IN FOCO

IN FOCO

A African Business, revista pan-africana publicada em Londres, coloca a Nigéria em terceiro lugar numa lista das empresas de países africanos mais cotadas no continente. Entre as 200 empresas mais cotadas de África, trinta são nigerianas. E as estatísticas regionais da revista para a África Ocidental são ainda mais reveladoras. Na classifi cação das 50 maiores empresas da África Ocidental estabelecida pela revista, a Nigéria tem 45 empresas

RELIGIÃO O país com mais população de África pas-

sou de um regime militar à democracia. No

entanto, a liberdade não permitiu alterar os

constantes cenários de violência religiosa e

étnica. De facto, a população nigeriana tem

fama de ser controversa, violenta e sobre ela

pairam alegações de manipulação e fraudes.

Os censos de 2006 decorreram de uma forma

geralmente pacífi ca, mas houve casos de vio-

lência - incluíndo mortes - e o crescimento de

tensões étnicas e políticas. Os censos incluem

questões sobre a educação, o emprego, rendi-

mento, tamanho da residência, fornecimento

de água, saneamento básico, tipo de combus-

tíveis usados, acesso a rádio, televisão e tele-

fones, mas na tentativa de impedir confl itos,

não inclui temas religiosos. Grupos religiosos

e étnicos mostraram preocupação quanto aos

resultados dos censos que incluíssem dados

religiosos, pois acreditavam que os mesmos

fossem afectar a sua posição na sociedade,

nos fundos governamentais e a infl uência po-

lítica que têm na sua região. Os muçulmanos

estão em maioria na grande parte dos esta-

dos do Norte, que adoptaram a lei islâmica,

também conhecida como Sharia. Os estados

de Kanu e Niger não são regulados segundo a

Sharia, mas são muitas vezes descritos como

sendo 50% cristãos e 50% muçulmanos. Os

estados do Centro do país também são uma

mistura de cristãos e muçulmanos, enquanto

os estados do Sul são na sua maioria cristãos

e animistas.

Um dos maiores progressos políticos dos últimos oito anos é que o exército foi politicamente neutralizado. Quaisquer generais com ambições políticas foram afastados e outros têm estado num esquema de rotação que os impede de se agarrarem ao poder. A nova geração de ofi ciais são profi ssionais e, pela primeira vez em décadas, todos os observadores concordam que um golpe militar é pouco provável

26 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

união económica

e monetária

A integração económica

e política tem sido des-

de sempre um objectivo

para África e para o po-

vo africano. Esse é aliás o

maior desígnio da União

Africana (UA), em concílio com a promoção

da união no continente e a prevenção da dis-

persão dos países em campos rivais. O seu

papel na cooperação pan-africana e na eman-

cipação das nações tem sido exímio a todos

os níveis, sendo que um dos maiores desa-

fi os actuais é precisamente a integração mo-

netária e fi nanceira. A sua grande debilidade

tem criado obstáculos à convergência macro-

económica desejada no “continente negro”,

gerando também difi culdades para a concre-

tização das parcerias económicas defi nidas,

há cerca de um ano, na Cimeira Europa/Áfri-

ca. Esta é a conclusão contida num estudo

conjunto da Comissão Económica para Áfri-

ca (CEA), órgão das Nações Unidas, e UA, em

que são destacadas as difi culdades sentidas

nas políticas integradas dos diferentes blo-

cos regionais africanos. “Os países africanos

estão a passar por enormes problemas para

aplicar os critérios de convergência macroe-

conómica estabelecidos pelas comunidades

económicas regionais do continente”, lê-se no

documento, em que se sublinha também os

obstáculos que tais disparidades provocam

nas desejadas parcerias com os “27”.

Essa questão é uma das razões para os su-

cessivos avanços e recuos nas negociações

para as parcerias eco-

nómicas entre a Euro-

pa comunitária e os 54

Estados africanos, num

impasse desde o fi m da

cimeira que se realizou

em Lisboa em Dezembro de 2007. No estudo,

intitulado “Estado da Integração Regional em

África”, foram analisados os planos macroeco-

nómicos e fi nanceiros da Comunidade Econó-

mica e Monetária da África Central (CEMAC),

União Económica e Monetária Oeste-Africana

(UEMOA) e Comunidade de Desenvolvimento

da África Austral (SADC). Subjacente à cria-

ção da UA, o objectivo de integração regional

dos diferentes blocos tem “fracassado”, uma

vez que está ainda longe a harmonização, en-

quadrada num acordo comum, dos equilíbrios

orçamentais e da redução da infl ação e da dí-

vida pública. Nesse sentido, a segunda fase

do Centro Africano para as Políticas Comer-

ciais (CAPC) fi cou mandatado de identifi car

uma nova estratégia global, tendo como pano

de fundo a defi nição de critérios para a nego-

ciação de acordos comerciais regionais, como

as parcerias económicas com a UE e de livre

comércio com outras regiões ou blocos. Cabe

agora ao CAPC dar às comunidades económi-

A não integração monetária e fi nanceira do continente é responsável pelos sucessivos avanços e recuos nas negociações com vista às parcerias económicas entre a Europa co-munitária e os 54 Estados africanos

O objectivo de integração regional dos diferentes blocos tem “fracassado”, uma vez que está ainda longe a harmonização, enquadrada num acordo comum, dos equilíbrios orçamentais e da redução da infl ação e da dívida pública

‘novo round’

custo a exclusão da economia global, acertar o

passo com o resto do mundo, criar condições

de bem-estar económico, lançar as bases de

uma paz social alargada e promover a estabi-

lidade política tanto nacional, como regional.

Um desafi o enorme que África enfrenta atra-

vés de uma transformação progressiva para

uma economia aberta, dinâmica, autosusten-

tada e inserida de modo dinâmico na econo-

mia mundial. O salto na taxa de crescimento

económico do continente, de 1.4% no período

1990/1994, para 4%, em 1995 e 5% em 1997 é

o resultado desse esforço e sinal da seriedade

que muitos dos novos governantes africanos

põem na prossecução do seu objectivo de in-

tegrar África na economia mundial. O fl uxo de

capital privado estrangeiro captado por vários

países africanos - no valor de cerca de 12 bili-

ões de dólares - embora ainda muito aquém

do desejável, traduz também o sucesso já ob-

tido na execução de políticas económicas ade-

quadas e rigorosas e é igualmente um sinal de

confi ança, que reforça o optimismo em relação

ao futuro. Taxas de crescimento económico de

7%, 10% e 12% em alguns países do continen-

cas regionais a possibilidade de criar capaci-

dades comerciais integradas e outras globais

a todos os agentes económicos. Paralela-

mente, são apresentadas “recomendações”

para que os governos africanos integrem os

objectivos macroeconómicos nas suas estra-

tégias nacionais de desenvolvimento e que

“dêem prova de sentido de responsabilidade”

na elaboração dessas políticas, defi nindo as

suas próprias prioridades em matérias como

as taxas de câmbio e de juro e ainda a política

orçamental.

SÉCULO DA MUDANÇAReformas estruturais têm sido levadas a ca-

bo com relativo sucesso em diversos países do

continente. Políticas tendentes à liberalização

de mercados, à promoção do sector privado e

à transição para a economia de mercado es-

tão a ser implementadas um pouco por toda

a África, coadjuvados com a adopção de crité-

rios de rigor na gestão macroeconómica e na

criação de um ambiente favorável ao inves-

timento directo externo. A infraestruturação

económica do continente avança, designa-

damente nos domínios dos transportes, das

telecomunicações, da energia, água e sanea-

mento; atenção especial começa a ser dada à

ciência e tecnologia e à valorização dos recur-

sos humanos, na perspectiva da formação, da

promoção da saúde e da luta contra a pobreza;

a integração económica e fi nanceira consoli-

dou-se e aprofundou-se em algumas regiões.

O objectivo passou a ser o de evitar a todo o

te africano - comparáveis aos dos chamados

tigres da Ásia - retiram fundamento a pes-

simismos em relação à possibilidade do pro-

gresso em África: o sentimento crescente é o

de que também é possível obter bons resul-

tados económicos, e com eles, a prazo vencer

a pobreza. O que está a ser feito no Gana, no

Botsuana, no Uganda, no Burkina-Faso, em

Moçambique, em Cabo Verde e noutros paí-

ses africanos, engajados na modernização e

no desenvolvimento, é disso prova. O esforço

de renovação é tão grande que os países in-

dustrializados não podem deixar de o notar. A

evolução é encorajadora. Começam a existir,

cada vez mais, pólos de democracia no conti-

nente, com um certo nível de desenvolvimen-

to económico - como é o caso de Angola, que

exerce uma infl uência positiva, a um tempo

catalizadora e estabilizadora nos sistemas po-

líticos africanos e no desenvolvimento de Áfri-

ca. Reestruturação do Estado e do seu papel,

democratização, boa governação, desenvolvi-

mento dos recursos humanos, um ambiente

institucional, legal e social incentivador do in-

vestimento privado, gestão macroeconómica

rigorosa, infraestruturação, integração regio-

nal e uma conjuntura internacional favorável

ao investimento directo externo e a uma coo-

peração alargada que permita a transferência

de tecnologia e de saber-fazer são vias exequí-

veis, e nalguns casos, já em curso, que levarão

o continente africano a vencer, desta vez, o

grande desafi o do desenvolvimento. A boa vi-

zinhança e o diálogo re-

gional devem, por isso,

prevalecer, asseguran-

do um clima de esta-

bilidade e de distensão

permanentes. As difi -

culdades encontradas

são ainda relevantes,

mas é incontornável

que se está a proceder a avanços na moder-

nização do continente, pelo que a sua econo-

mia, encabeçada por diversos países, está a

integrar-se de uma forma dinâmica e susten-

tada na economia mundial.

27 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

Começam a existir pólos de democracia no con-tinente, com um certo nível de desenvolvimento económico - como é o caso de Angola, que exer-ce uma infl uência positiva, a um tempo catali-zadora e estabilizadora nos sistemas políticos africanos e no desenvolvimento de África

28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

Nos últimos seis anos, têm-se vindo a verifi car progressos signifi cativos na economia

angolana, refl ectidos numa taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pelo

quarto ano consecutivo na ordem dos dois dígitos, o que traduz uma das mais eleva-

das quando comparado com os restantes países da África Subsariana. Os drivers do de-

senvolvimento económico angolano assentam fundamentalmente, em três importantes

factores – político, económico e social. A estabilidade política e social desde 2002, as-

sociada a uma maior consciencialização e esforço de governação no sentido da criação

de uma economia sustentável, e a consolidação do processo democrático, com a con-

sequente estabilidade da gestão económica do país, como demonstrado nas recentes

eleições legislativas, foram sem dúvida os factores mais importantes para o crescimento

económico do país. A par disso, há a estabilidade macroeconómica e as suas naturais

consequências positivas, bem como o esforço de transparência e abertura da economia.

O aumento do peso de variáveis macroeconómicas internas no PIB como o consumo das

famílias e o investimento privado (interno e externo), em contraponto com a diminuição

da participação das despesas públicas totais foram também, segundo uma pesquisa ao

sector bancário em Angola, elaborado pela KPMG, decisivos neste progresso. Nesse sen-

tido, as políticas de dinamização da economia nacional, cada vez mais focalizadas no

sector não petrolífero, têm vindo a incrementar o desenvolvimento da capacidade pro-

dutiva angolana, em simultâneo com os benefícios marcados pela conjuntura internacio-

nal no que respeita ao preço de petróleo. Dados extremamentes satisfatórios para o país

que vê na evolução do sector bancário a construção de uma economia sólida e com maior

poder de infl uência quer no próprio continente, quer a nível mundial. gestão do tempo e

das atitudes. O que conta é ter mais tempo para dedicar às pessoas.

FINANCIAR O FUTURO O mercado fi nanceiro angolano, sobretudo

o bancário, cuja concorrência conta já com

16 bancos comerciais, tem vindo, à medida

do possível, a responder positivamente aos

novos desafi os do país ligados à reconstru-

ção e à modernização das infra-estruturas,

ao rubricar em 2007 com o Governo acordos

avaliados em USD mil milhões, para o fi nan-

ciamento de projectos estruturantes, visando

o desenvolvimento económico e social que

os angolanos tanto desejam. A estabilidade

política e macroeconómica, assim como a va-

lorização da moeda nacional (Kwanza) permi-

tiram com que, num espaço de tempo de dois

anos, quatro acordos fi nanceiros, visando fi -

nanciar vários projectos de infra-estruturas

em execução no país, fossem rubricados en-

tre o Governo angolano, representado pelo

Ministério das Finanças, e os sindicatos dos

16 bancos comerciais que operam no país. Es-

ses fi nanciamentos garantidos pela banca

nacional são empréstimos realizados através

da emissão de Obrigações do Tesouro. O pri-

meiro desta série de acordos está relacionado

com o fi nanciamento do projecto de aquisição

da nova frota de aeronaves da Taag, do qual

o sindicato de bancos nacionais (BAI, Besa e

BFA) concedeu pelo menos 250 milhões de

dólares. O segundo, rubricado em Dezembro

de 2006, está ligado à conclusão da segun-

da fase do projecto habitacional “Nova Vida”,

localizado a sul da cidade de Luanda, um em-

préstimo avaliado em 12,6 biliões de kwanzas,

equivalentes a 157 milhões de dólares norte-

americanos. O terceiro acordo, assinado em

Março do ano passado, entre o Governo e o

sindicato de bancos integrado pelo BFA, BPC

e BAI, está avaliado em 400 milhões de dó-

lares norte-americanos e visa fi nanciar obras

de investimentos públicos, no domínio da

construção de estradas via expressa Luanda/

Viana, Luanda/Cacuaco e Boavista/Samba,

pela marginal. Esse fi nanciamento contem-

pla também a construção das linhas de trans-

porte de energia eléctrica e as respectivas

subestações no percurso Capanda/Lucala/

Luanda (Viana). Atento ao crescimento dos

depósitos dos bancos comerciais, agora esti-

mados em mais de 10 mil milhões de dólares,

metade dos quais transformados já em cré-

dito, e a capacidade de liquidez destas insti-

tuições bancárias, o Executivo angolano fez,

pela quarta vez, em Outubro de 2007, recurso

à banca nacional, ao assinar o maior acordo fi -

nanceiro interno de todo os tempos, avaliado

em 3,5 biliões de dólares norte-americanos,

para dar sequência ao fi nanciamento de pro-

gramas de investimentos públicos, ligados às

MIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

FINO m

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sectorbancário

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29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

obras de reconstrução nacional, em curso em

todo o território nacional. Por tratar-se de um

fi nanciamento bastante volumoso, os credo-

res decidiram disponibilizar o montante em

três tranches, num período de 36 meses, para

facilitar o planeamento dos rácios de liquidez

por parte dos bancos, de modo a acomodar

esta operação ao longo dos três anos. A pri-

meira tranche do fi nanciamento (um bilião de

dólares), cuja operação global é assegurada

80% pelo BAI e BESA, começou a ser dispo-

nibilizada no decurso de 2007 e tem um perí-

odo de reembolso de cinco anos. A segunda

tranche, avaliada num bilião e 500 milhões

de dólares, começou a ser disponibilizada no

exercício económico de 2008 e o terceiro pa-

cote, calculado num bilião, está disponível a

partir deste ano, indo o período de carência de

sete a nove anos. A disponibilização desses

valores, por parte das 16 unidades bancárias

comerciais, evidência, por um lado, que os

bancos acreditam no desenvolvimento eco-

nómico do país e nas políticas macroeconó-

micas, que têm vindo a ser implementadas

pelo Governo, por outro, mostra que há saú-

de fi nanceira e patrimonial da própria banca

nacional, medida pelos rácios estabelecidos

pela supervisão bancária com base nas regras

de Basileia. A dinâmica que o sector bancário

vem registando nos últimos anos, consubs-

tanciada numa concorrência agressiva entre

os operadores, no aumento dos depósitos e

créditos, está a permitir com que o Governo,

na execução e gestão da sua política econó-

mica, não faça apenas recurso a credores in-

ternacionais para fi nanciar grandes projectos

de investimentos públicos, quebrando deste

modo um ciclo que durava décadas. Os resul-

tados espectaculares que a banca tem vin-

do a obter nos três últimos anos, em função

da sua rentabilidade, mostram que as con-

tas bancárias da população estão a ser ope-

radas por instituições fi nanceiras efi cientes,

capazes de gerar lucros, em vez de prejuízos,

o que constitui um marco na histórica eco-

nómica de Angola. Graças a esses lucros, os

bancos angolanos dispõem agora de maiores

fundos próprios para alavancar o crescimen-

to das suas operações de crédito à econo-

mia sem o risco de incumprir com os rácios

prudenciais. A título de exemplo, o Banco In-

ternacional de Crédito (BIC), instituição fi nan-

ceira que iniciou a sua actividade em Maio de

2005, fechou o ano de 2007 com um bilião e

300 milhões de dólares de crédito disponibi-

lizado, enquanto o aprovado está cifrado em

USD um bilião e 600 milhões. Os fundos pró-

prios do banco estão calculados num valor

superior a USD 140 milhões. Assim, para trás

fi caram os “dias negros” em que os bancos

tinham problemas de liquidez e tesouraria,

hoje, fruto da estabilidade macroeconómi-

ca, empresários e particulares têm acredita-

do cada vez mais nas instituições bancárias,

pelo facto de nas suas operações comerciais

terem preferencialmente os bancos como

canais de intermediação, permitindo deste

modo que grande parte da massa monetária

que circula no circuito informal comece, pau-

latinamente, a entrar para o mercado formal.

Tendo em conta a necessidade de se fi nan-

ciar projectos de desenvolvimento a médio

e longo prazos, dois acontecimentos históri-

cos económicos foram assinaláveis em 2007:

o início das operações de fi nanciamento do

Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA),

constituído 100% por capitais do Estado, e o

começo das actividades do VTB-África, uma

instituição de capitais russos e angolanos,

cuja missão é fi nanciar grandes projectos, co-

mo a construção estradas, portos, aeroportos,

barragens, caminhos de ferro, entre outras in-

fra-estruturas. O BDA, criado em 2006, cons-

titui um instrumento privilegiado do Estado

para o fi nanciamento, nesta primeira fase,

do desenvolvimento da economia angolana,

especialmente os investimentos do sector

privado, ligados preferencialmente às cadeias

produtivas do milho, feijão, algodão e mate-

riais de construção civil. O banco, cuja missão

é fi nanciar o desenvolvimento de Angola, à

luz do Plano Nacional e da Estratégia de De-

senvolvimento de Longo Prazo, aprovou, em

Outubro de 2007, 31 projectos para a conces-

são de créditos, fruto de um trabalho acentu-

ado junto dos empreendedores das províncias

do Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Kwanza

Sul, Huíla e Huambo. No total, foram abran-

gidos por esses primeiros fi nanciamentos pe-

lo menos 157 benefi ciários, entre pequenos e

médios empresários e produtores, a título in-

dividual ou enquadrados em cooperativas de

produção, localizadas nas referidas regiões.

Entretanto, não obstante o seu carácter ain-

da relativamente embrionário, o sector ban-

cário angolano está a registar uma dinâmica

muito acentuada, visível num conjunto de

modifi cações profundas que abrangem, en-

tre outros aspectos, a entrada de vários novos

operadores, o lançamento de novos produtos

e serviços fi nanceiros, alterações signifi cativas

ao seu quadro legislativo e regulamentar e, por

último, as consequências decorrentes da polí-

NOVAS MEDIDASO Governo tem em curso várias medidas que visam a

estabilização das reservas obrigatórias em divisas nos bancos

comerciais. A iniciativa surge numa altura em que são apontadas

maiores difi culdades na concessão de crédito por parte dos

bancos devido ao aumento das suas reservas obrigatórias. O

aumento de 20 para 30% nas reservas obrigatórias dos bancos

comerciais é ainda apontado por vários economistas como a

principal razão para as recentes difi culdades em transferir dividas

para o exterior, especialmente dólares norte-americanos. O ministro das Finanças, Severim

de Morais, explicou que este cenário resultou da queda das receitas em divisas no país, que

ascendiam a 1,2 mil milhões de dólares por mês, quando o preço do barril de petróleo rondava

os 140 dólares em Julho de 2008, e que “de repente” baixaram para 400 milhões de dólares. Em

declarações à imprensa afi rmou: “é evidente que isso obrigou à tomada de medidas porque

as receitas quando caem abruptamente, as despesas não acompanham de imediato”, pelo

que “estas têm de ser reanalisadas e recontratadas”. Neste sentido, o Governo avançou com

diferentes acções como a redefi nição das reservas obrigatórias, permitindo que uma parte destas

seja feita em títulos de Tesouro de qualquer prazo. “É uma medida nova em relação à anterior.

Anteriormente só permitíamos que fossem títulos do tesouro de maturidade até um ano. Neste

momento, permitimos que os bancos cumpram parte das suas obrigações com as reservas

obrigatórias em títulos de Tesouro de qualquer maturidade, precisamente para incentivar e

dar mais confi ança ao sistema bancário”, salientou recentemente Severim de Morais. Quanto à

revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para este ano, face à crise económica e fi nanceira

mundial, o ministro das Finanças antecipou que o Governo continua a fazer um “exercício

comedido”, por desconhecer o comportamento futuro da economia nos próximos anos. O novo

orçamento teve como referência o petróleo a 37 dólares o barril, quando o anterior colocava

essa mesma referência nos 55 dólares. O sector petrolífero contribui actualmente com mais de

50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país

ECONOMIA & NEGÓCIOS

30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

tica de estabilização macroeconómica que tem

sido seguida pelo Governo angolano.

CRÉDITO À ECONOMIAFruto do crescimento, em 2006, dos depósitos

na ordem de 62%, o crédito à economia, so-

bretudo à indústria, à importação e à habita-

ção está a crescer muito, tendo este último um

impacto positivo para o crescimento do sector

imobiliário, com a consequente criação de no-

vos empregos. De acordo com um estudo sobre

o comportamento da banca angolana em 2007,

da empresa de consultoria Delloite, de Janeiro

a Junho desse ano, o crédito cresceu 30%, um

ritmo superior à evolução da base dos depósi-

tos. Com o alcance da paz em Abril de 2002,

Angola começou a trilhar irreversivelmente a

rota do desenvolvimento e tal desiderato de-

verá ser assegurado por um sistema bancário

nacional forte, capaz de dar resposta às neces-

sidades do mercado, facto sustentado pelos

indicadores dos quatro maiores bancos comer-

ciais do país (BPC, BIC, BAI e BFA), publicados

nos últimos estudos sobre a banca angolana.

Os estudos mostram que estas instituições e

outras estão a apoiar, à medida do possível, a

reconstrução das infra-estruturas, o relança-

mento da actividade produtiva e a expansão

da actividade comercial em todo o território.

Segundo estimativas do Banco Mundial, se

Angola manter, nos próximos tempos, a actu-

al tendência de crescimento na ordem de 18%

ao ano, até 2010 o Produto Interno Bruto (PIB)

poderá atingir os 100 mil milhões de dólares.

Se assim acontecer, o país estará muito pró-

ximo de alcançar a segunda maior economia

da África Subsahariana, a Nigéria. Para que tal

crescimento seja sustentável, a longo prazo,

é necessário que os 16 existentes no merca-

do (BPC, BAI, BIC, BFA, Besa, BDA, VTB-África,

Tota Angola, Millennium, BCI BCA, BNI, BANC,

Keve, BPA e Sol) alarguem os seus fi nancia-

mentos a projectos ligados ao ressurgimento

da indústria de aço, metalúrgicas, estaleiros

navais, agricultura, investigação científi ca, daí

a necessidade urgente de se diversifi car o cré-

dito para estas áreas de actividade.

BANCA AO PORMENORO crescimento exponencial dos bancos ango-

lanos nos últimos anos permite que existam

hoje operadores que, pela sua actual dimen-

são, estão próximos de fi gurar no ranking dos

1000 maiores bancos do mundo. O forte de-

senvolvimento operado pelo sector bancário,

aliado à actual crise fi nanceira global implica,

no entanto, maiores responsabilidades para a

gestão dos seus operadores ao nível da mo-

dernização das práticas bancárias e dos canais

de distribuição, considerada uma prioridade

em função da abertura próxima do mercado de

capitais no país.

Os valores dos activos do sector bancário, tal como se tem veri-fi cado nos últimos anos, con-tinuam a apresentar níveis de crescimento elevados

ACTIVOSNa análise à estrutura do activo, em termos

gerais, verifi ca-se o aumento dos pesos dos

activos de crédito (de 26% para 38%) e das

obrigações e títulos (de 22% para 26%) no to-

tal dos activos do sector. O aumento do crédito

concedido resulta do esforço de reconstrução

nacional, da revitalização de outros sectores

que não o petrolífero e do reforço da rede ha-

bitacional do país. O incremento do nível de

obrigações de tesouro dos bancos resulta, es-

sencialmente, das emissões de OT’s lideradas e

colocadas nas instituições de crédito angolana.

DEPÓSITOSO crescimento exponencial dos bancos an-

goEm 2007, o total de depósitos continuou a

apresentar um crescimento signifi cativo, na

ordem dos 45%, passando dos 617 biliões AKZ

para os 896 biliões AKZ (vs. crescimento de

cerca de 61% em 2006). Os depósitos à ordem,

no fi nal de 2007, representavam cerca de 80%

do total de depósitos, revelando um acréscimo

de 10 p.p. face a 2006, e totalizando cerca de

714 biliões AKZ. Já no que toca à estrutura dos

depósitos por moeda, assistiu-se a uma maior

confi ança dos clientes na moeda nacional, re-

sultado das políticas macroeconómicas de es-

tabilização do Kwanza por parte do governo,

tendo o peso dos mesmos aumentado para

41% em 2007.

Os depósitos angariados regis-taram um crescimento de 45%

Registou-se uma alteração nas quotas de

mercado, por depósitos, dos diversos operado-

res, face a 2006. Assim, o BFA, que liderava no

fi nal de 2006 com uma quota de 23%, seguido

do BAI (21%) e do BPC (20%), foi ultrapassado

por estes dois bancos em 2007. O BAI registou

uma quota de mercado de 24%, face aos 20%

apresentados pelo BPC e os 17% do BFA.

O BAI passou a liderar o ranking da banca por depósitos

Embora se tenha registado a entrada de dois no-

vos operadores no mercado em 2007, o grau de

concentração dos depósitos ainda permanece

elevado. Assim, os 4 primeiros bancos concen-

tram 74% do total dos depósitos, facto que re-

vela, contudo, uma maior dispersão face a 2006,

quando estes concentravam cerca de 76%.

CRÉDITONo ano de 2007, o total de crédito líquido con-

cedido pelo sector bancário manteve a ten-

dência de crescimento dos anos anteriores,

apresentando um incremento, face ao ano

transacto, de cerca de 83% (sem considerar os

activos de crédito do BDA).

O total do crédito vencido, apesar do cresci-

mento de 25%, em termos absolutos, apre-

senta, em termos relativos, um decréscimo

importante, o que é revelador da maior pru-

dência do sector na avaliação dos activos de

crédito (passou dos 3,69% de 2006 para os

3,30% em 2007).

O crédito líquido concedido re-gistou um crescimento de 83%

O crédito em moeda estrangeira representa-

va cerca de 69% do crédito concedido no fi nal

de 2007, versus os 70% registados em 2006.

Continua, desta forma, a verifi car-se um de-

sequilíbrio evidente entre o peso do Kwanza

no total dos depósitos angariados e do crédi-

to concedido pelo sector. Os bancos BFA, BPC,

BIC e BESA detêm, em conjunto, um peso bas-

tante signifi cativo de 73% sobre o total do

crédito, cabendo ao primeiro a liderança nes-

te indicador. O rácio de transformação (Crédito

Líquido sobre Depósitos Totais) manteve a sua

trajectória de crescimento, passando de 45%

para 56%. Este acréscimo, resulta, como an-

teriormente já tinha sido referido, da dinâmica

de reconstrução e revitalização do país, aliado

à maior confi ança do Estado na Banca Ango-

lana. Neste indicador em particular, realça-se

a performance dos operadores BNI, BMA, BFA,

BESA e BRK durante 2007.

O BNI apresenta o rácio de transformação mais elevado do sector

RENTABILIDADE E PRODUTIVIDADEEm 2007, o sector bancário angolano regis-

tou um crescimento positivo da sua rentabi-

lidade. Assim, em termos gerais, assiste-se a

uma evolução positiva do agregado ROE – lu-

cros líquidos do sector sobre capitais próprios

investidos, que em 2006 apresentava um rá-

cio de 26,96% e, em 2007, atingiu os 28,86%.

Este aumento resultou, essencialmente, do

acréscimo da actividade creditícia dos ban-

cos e da ligeira subida do spread de juros,

factores que se refl ectiram no maior peso da

margem fi nanceira sobre o produto bancário

(57% em 2007, vs. 49% em 2006). A rentabili-

dade dos activos médios (ROAA), de cerca de

3,08%, manteve-se

praticamente inalterada, refl exo do forte in-

vestimento dos operadores na expansão da

sua actividade. Numa análise por entidade

bancária, assistimos a uma liderança por par-

te do BIC, cujo ROE registou um acréscimo de

48% em 2006, para 52% em 2007, sendo se-

guido pelo BESA (47%) e pelo BNI (42%). Pe-

la negativa, destaca-se o decréscimo no seu

ROE operado pelo BFA, de 34% para 27%.

O ROE atingiu os 28,9%, em 2007

O spread de juros do sector registou uma li-

geira subida, passando de 5,63% em 2006

para 5,88% em 2007. No sector bancário an-

golano, o BFA e o BAI são os bancos que apre-

sentam o resultado antes de impostos (RAI)

mais elevado: USD 143 milhões e USD 114 mi-

lhões, respectivamente. A performance do

BAI permitiria colocar este banco na 16ª po-

sição do TOP 20 da África Subsariana, caso

tivesse sido incluído no estudo anual promo-

vido pela The Banker. No que toca à rentabi-

lidade dos activos totais (ROA), os 5 maiores

bancos angolanos apresentam rentabilidades

entre os 1,7% e 3,7%, demonstrativa da maior

rentabilidade do sector nacional, em compa-

ração com os bancos subsarianos listados no

ranking.

EFICIÊNCIA Em 2007, o cost-to-income do sector (o rácio

entre a soma dos gastos gerais administra-

tivos mais amortizações do exercício sobre o

produto bancário) apresentou uma melhoria

face a 2006, diminuindo de 46% para 42%.

Todavia, os valores destes rácios ainda se en-

contram distantes dos níveis de efi ciência da

banca internacional. A necessidade de reforço

dos sistemas de controlo interno e análise de

risco global das instituições de crédito, e o in-

vestimento essencial em canais alternativos

ao tradicional front-offi ce poderá, no curto

prazo, vir a agravar este indicador. No que res-

peita a este indicador, o banco BAI assumiu a

liderança do mercado, melhorando o seu grau

de efi ciência dos 40% para 27% em 2007, e

apesar do esforço empreendido na expansão

da sua rede de balcões. Em seguida fi guram

o BTA, o BNI e o BFA, com níveis de efi ciência

na ordem dos 29%, para o primeiro e de 31%

para os últimos dois operadores citados. Anali-

sando o rácio dos custos de transformação por

balcão, registou-se, em 2007, a um aumento

face ao ano anterior, passando o seu valor de

82 milhões de AKZ para os 88 milhões de AKZ.

Simultaneamente, verifi cou-se um melho-

ramento do índice de produtividade (produto

bancário sobre o número médio de emprega-

dos), o qual passou dos 10 milhões de AKZ pa-

ra os 12 milhões de AKZ em 2007. Analisando o

rácio cost-to-income do TOP 20 do The Banker

relativo à África Subsariana, conclui-se que o

nível de efi ciência da banca angolana em ter-

mos consolidados é excelente. *tica de estabi-

lização macroeconómica que tem sido seguida

pelo Governo angolano.

sabia que...Tendo em conta a necessidade de se fi nanciar projectos de desenvolvimento a médio e longo prazos, dois acontecimentos históricos económicos foram assinalá-

veis em 2007: o início das operações de fi nanciamento do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), constituído 100% por capitais do Estado, e o começo das

actividades do VTB-África, uma instituição de capitais russos e angolanos, cuja missão é fi nanciar grandes projectos, como a construção estradas, portos, aeropor-

tos, barragens, caminhos de ferro, entre outras infra-estruturas

posição

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1

12

n/a

13

14

n/a

15

n/a

n/a

n/a

(...)

18

19

20

������������� ��������������� ������������ ����fonte: the banker e relatório dos bancos de angola

banco

Standard Bank Group (Stanbank)

Firstrand Banking Group

Nedbank

Investec

Intercontinental Bank Pic

Access Bank

United Bank for Africa

Zenith Bank

Oceanic Bank

First Bank of Nigeria

Guaranty Trust bank

Union Bank of Nigeria

BAI

Ecobank Transnational

Mauritius Commercial Bank

BFA

Platinium-Habib Bank

BPC

BIC

BESA

African Bank

Spring Bank

IBTC Chartered Bank

top 20 áfrica subsariana usd’000’000

país

África do Sul

África do Sul

África do Sul

África do Sul

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Nigéria

Angola

Togo

Maurícias

Angola

Nigéria

Angola

Angola

Angola

África do Sul

Nigéria

Nigéria

activos

174.920

76.901

71.454

46.813

11.781

10.055

9.479

8.716

8.265

6.855

6.225

5.460

3.574

3.504

3.479

3.474

3.001

2.787

2.276

1.890

1.051

992

861

ano

1976

1991

1993

1993

1997

1999

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2006

2006

2007

2007

2007

2008

���������������������������fonte: bna e relatórios dos bancos

nota: o bda não foi sujeito a análise

banco

Banco de Poupança e Crédito, S.A.R.L.

Banco de Comércio e Indústria, S.A.R.L.

Banco Totta de Angola, S.A.

Banco de Fomento, S.A.R.L.

Banco Africano de Investimentos, S.A.

Banco Comercial Angolano, S.A.R.L.

Banco Sol, S.A.R.L.

Banco Espírito Santo Angola, S.A.R.L.

Banco Regional do Keve, S.A.

Novo Banco, S.A.

Banco Bic, S.A.

Banco Privado do Atlântico, S.A.

Banco Millennium Angola, S.A.

Banco de Negócios Internacional, S.A.

Banco de Desenvolvimento de Angola

Banco VTB - África, S.A.

Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A.

Finibanco Angola, S.A.

31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

32 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

pirâmide invertida

INOVAÇÃO, COMPETIÇÃO E RIQUEZAApós dois anos de pesquisas e um investi-

mento de 6,9 milhões de dólares, o Massachu-

setts Institute of Technology (MIT), celebrado

centro de ensino e investigação norte-ameri-

cano, desenvolveu a prótese de pé e tornozelo

mais avançada do mundo. O modelo é equipa-

do com um pequeno motor e sensores eletró-

nicos que, entre outros avanços, reproduzem

de maneira espantosa o trabalho de músculos

e tendões. “É uma simulação quase perfeita

do andar humano”, afi rma Hugh Herr, chefe do

grupo de investigadores. “Não dá para notar

se a pessoa que utiliza a prótese está a man-

car.” O pé biónico do MIT deve chegar ao mer-

cado até ao fi nal deste ano, mas será acessível

a poucos. Cada prótese custará cerca de 25 mil

dólares, o que a torna uma possibilidade dis-

tante para 85% dos mais de 20 milhões de

pessoas no mundo que sofreram amputação

abaixo do joelho. A maioria dos mutilados vi-

ve em países pobres e perdeu parte dos mem-

bros inferiores em tragédias como guerras e

doenças. Para eles, a melhor opção disponí-

vel no mercado é uma prótese desenvolvida

por uma equipa de especialistas da cidade de

Jaipur, na região noroeste da Índia. Feito de

madeira, borracha vulcanizada e alumínio, o

produto evidentemente não tem o mesmo as-

pecto moderno e os recursos do equipamento

do MIT, mas funciona admiravelmente bem. O

Jaipur Foot, como foi baptizado, permite que o

usuário volte a andar, correr, conduzir, pedalar,

subir árvores e levar uma vida sem as limita-

ções de uma cadeira de rodas ou de um par de

muletas. Além disso, tem a grande vantagem

de custar apenas 40 dólares — o que signifi ca

que o dinheiro pago por uma prótese desen-

volvida pelo MIT compraria 625 unidades do

Jaipur Foot. “Este é um grande exemplo de co-

mo usar a criatividade para atender o mercado

de baixa renda”, afi rma o consultor indiano C.K.

Prahalad, professor de economia da Universi-

dade de Michigan, nos Estados Unidos, e autor

do livro ‘A Riqueza na Base da Pirâmide’. Cerca

de 90 mil unidades do Jaipur Foot são distri-

buídas actualmente por ano em países como

o Afeganistão, Angola e Camboja. As primei-

ras unidades foram desenvolvidas em 1968 e

até hoje, apesar das inúmeras tentativas de

concorrentes, ninguém conseguiu chegar a

um produto com a mesma relação custo/be-

nefício. A prótese surgiu de uma parceria entre

dois indianos, o médico Pramod Karan Sethi e

o artesão Ram Chandra. Os dois conheceram-

se nos anos 60 quando trabalhavam no Sawai

Man Singh Hospital, em Jaipur. Na época, Sethi

fazia parte de uma equipa que tentava desen-

volver um modelo de prótese com materiais

mais baratos, sem perda de resistência. Chan-

dra entrou na história por acaso. Certa vez, ao

levar o pneu da sua bicicleta para um conserto,

prestou atenção na borracha vulcanizada utili-

zada para tapar o buraco. Saiu de lá com a im-

pressão de que o material poderia ser útil aos

colegas do hospital que pesquisavam a nova

prótese. Sethi gostou da sugestão e os dois

passaram a trabalhar juntos. Enquanto o mé-

dico construiu as articulações da prótese, o ar-

tesão encarregou-se de dar forma estética ao

produto. O resultado foi a prótese adaptada às

necessidades de moradores de países pobres

— andar descalço, realizar trabalhos braçais,

caminhar e correr sobre pisos molhados — e re-

sistente para durar mais de cinco anos.

O sonho é da pirâmide social invertida, onde mais e mais pessoas tenham acesso a canais de crescimento e de qualidade de vida, para que possam promover o próprio sustento e dedicarem-se ao progresso das suas comunidades

Como a Índia se tornou uma referência mundial no desenvolvimento de produtos e serviços para a população mais pobre

33 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

EM PROL DOS MAIS NECESSITADOSA mais famosa das inovações indianas não

tem fi ns lucrativos. O Jaipur Foot é distribuí-

do gratuitamente pela ONG indiana Bhagwan

Mahaveer Viklan Sahayata Samiti (BMVSS).

A entidade foi criada pelo economista D.R.

Mehta, que tomou contacto com o Jaipur Foot

em circunstâncias trágicas. Em 1969, sofreu

um grave acidente de carro e precisou de dois

anos e meio de fi sioterapia para não perder a

perna esquerda. Durante esse período, Mehta

acompanhou as agruras dos amputados que

precisavam de uma prótese e acabou a conhe-

cer o Jaipur Foot. “Era o único produto adap-

tado às necessidades dos indianos”, revela

Mehta à revista Exame. Nessa época, porém,

poucos tinham acesso ao invento. O hospital

que o desenvolveu doava o produto, mas ti-

nha capacidade de fabricar apenas 50 próte-

ses por ano. Mehta criou, em 1975, a BMVSS

com o objectivo de levar o Jaipur Foot a um

número muito maior de pessoas. Ao longo

de mais de três décadas de actuação, a ONG

já forneceu cerca de 1,2 milhão de próteses a

amputados de 25 países. Cerca de 40% do or-

çamento da BMVSS vem de repasses do Go-

verno, outros 15% de doações particulares e o

restante de empresas como a americana Dow

Chemical. Mehta, hoje com 72 anos, conti-

nua na administração da BMVSS, sediada em

Jaipur. Na véspera de completar 40 anos de

existência, o Jaipur Foot continua a ser aper-

feiçoado. Com a ajuda do Centro de Pesqui-

sa Espacial da Índia, a borracha vulcanizada

foi substituída por poliuretano (um polímero

orgânico com textura semelhante à da bor-

racha, mas muito mais leve) e no lugar das

articulações de metal foi adoptado um ma-

terial plástico igualmente articulado e resis-

tente. De 850 gramas, o Jaipur Foot passou

a pesar apenas 350 gramas. Mais recente-

mente, a Universidade Stanford, nos Estados

Unidos, contribuiu para a BMVSS através da

criação exclusiva para o produto de uma má-

quina de molde a vácuo de quatro mil dólares.

O equipamento industrializa uma etapa que

até hoje é feita manualmente, o que poderá

aumentar de 100 para 1 500 o número de am-

putados atendidos diariamente pela ONG. O

Jaipur Foot é uma tecnologia de domínio pú-

blico, quem sabe quantos milhões de dólares

ela não valeria se tivesse sido patenteada?

A ASCENSÃO DOS POBRESEsta prótese faz hoje parte de uma ampla ga-

leria de inovações indianas destinadas a um

público consumidor com pouco poder aquisi-

tivo. Não é por acaso que o país se tornou o

maior laboratório do mundo para o desenvol-

vimento desse tipo de produto e serviço. Se-

gundo um estudo recente do Banco Mundial,

o número de indianos abaixo do limiar míni-

mo de pobreza é de 456 milhões de pessoas

(o equivalente a 35,5% da sua população).

Esse contingente sobrevive com uma renda

média até 40 dólares por mês. Consideran-

do-se o restante da população, existem 390

milhões de habitantes com renda a rondar

os 100 dólares por mês. “Esse é um imenso

mercado consumidor que não pode ser igno-

rado”, diz Stuart Hart, professor de negócios

globais sustentáveis da Universidade de Mi-

chigan. Para incluir essas pessoas no mercado

de consumo, as empresas locais têm-se des-

dobrado. O Instituto de Ciências da Índia, em

parceria com a British Petroleum, criou, em

2006, o fogão Oorja (que signifi ca “energia”

no idioma hindu). Tradicionalmente, as cozi-

nhas indianas são equipadas com fogões que

utilizam lenha ou querosene, combustíveis

caros e que produzem muito fumo. O Oorja,

além do preço atraente (17 dólares), elimina o

problema do fumo utilizando apenas gás de

cozinha e biomassa. Desde o seu lançamento,

o fogão fl ex já vendeu cinco mil unidades em

distritos rurais. Em tese, são os mesmos con-

sumidores da Bomba d’Água de Bambu. Feito,

como o nome sugere, quase inteiramente de

bambu, o equipamento custa 40 dólares e é

desenvolvido para pequenos agricultores, que

utilizam dois pedais para puxar água deposi-

tada até sete metros abaixo do solo.

EXEMPLOS QUE TRIUNFAMUma das grandes vantagens dos indianos na

criação de produtos e serviços a preços mais

acessíveis é a oferta de mão-de-obra bara-

ta no país, mesmo em sectores qualifi cados,

como a medicina. Em diversas especialida-

des, os profi ssionais do país viraram sinóni-

mo de qualidade e honorários baratos. Por

causa disso, a Índia recebeu no ano passado

mais de 450 mil turistas estrangeiros em bus-

ca de serviços médicos. Uma das áreas mais

procuradas é a oftalmologia. Em todo o país,

são realizadas 3,6 milhões de cirurgias nessa

área por ano. Procedimentos como uma cirur-

gia às cataratas custam 45 dólares — 15 vezes

menos que o valor cobrado, por exemplo, nos

Estados Unidos. O mesmo princípio vale para

as cirurgias cardíacas. Uma operação de ponte

A Índia tornou-se o maior laboratório do mundo para o desenvolvimento de um conjunto de produtos e serviços presentes numa ampla galeria de inovações in-dianas destinadas a um público consumidor com pouco poder aquisitivo

Uma das grandes vantagens dos indianos é a oferta de mão-de-obra barata no país, mesmo em sectores qualifi ca-dos, como a medicina

ECONOMIA & NEGÓCIOS

34 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

de safena na Índia custa sete mil dólares, con-

tra os cem mil dólares num hospital america-

no. A tradição de boa qualidade de ensino no

país também é uma vantagem no desenvol-

vimento de inovações. Centros de excelência,

como as universidades da cidade de Bangalo-

re, também conhecida como o Vale do Silício

indiano, tornaram-se nos últimos anos gran-

des incubadoras de patentes. Uma das últi-

mas criações surgidas por lá foi um telemóvel

popular de 15 dólares. Desenvolvido pela em-

presa local Spice, deve chegar ao mercado até

Dezembro. Para baixar o valor do produto, os

engenheiros da Spice eliminaram o visor, a me-

mória da agenda telefónica e outros recursos.

“Vendemos apenas o telefone, nada mais”, diz

Bhupendra Kumar Modi, presidente da Spice.

“Continuamos a pesquisar para baixar o preço

até 10 dólares num futuro próximo.” O poten-

cial de vendas do produto é enorme. Do 1,1 bi-

liões de indianos, estima-se que 870 milhões

ainda não tenham um telemóvel.

‘O que falta às empresas e instituições fi nanceiras é o ensino de como lidar com a chamada “base da pirâmi-de” económica e social’, C.K. Prahalad

RIQUEZA NA BASE DA PIRÂMIDECoimbatore Krishnao Prahalad, ou C.K. Praha-

lad como é conhecido, é um indiano de nas-

cimento, naturalizado americano, físico por

formação na Universidade de Madras (Che-

nai), que iniciou a sua carreira como gerente

da Union Carbide. Para complementar os seus

estudos formou-se PhD em Harvard, dedican-

do-se, desde então, à sua carreira académica,

tanto na Índia, como nos Estados Unidos. Ho-

je é professor titular de Estratégia Corporativa

do programa de MBA da Universidade de Mi-

chigan e também conselheiro do Governo in-

diano para o empreendedorismo. Sem dúvida

que C.K. Prahalad é um dos maiores pensado-

res do mundo dos negócios, além de ser um

dos mais infl uentes especialistas em estra-

tégia empresarial da actualidade. Consagra-

do internacionalmente pela sua inestimável

contribuição ao pensamento estratégico cor-

porativo, é considerado um dos dez maiores

especialistas em administração e negócios do

mundo. Consultor e membro do conselho de

administração de empresas de classe mun-

dial, tem entre os seus clientes companhias

como o Citigroup, Colgate Palmolive, Cargill,

Motorola, Whirlpool, Oracle, Philips e Unilever.

No seu livro - ‘A Riqueza na Base da Pirâmide’

- Prahalad demonstra um interesse profundo

pelas camadas que se encontram no estrato

mais baixo da sociedade, em função da sua

experiência e conhecimento da Índia. País pe-

lo qual viajou em função da sua consultoria e

na busca de uma solução para a pobreza no

mundo. C.K. Prahalad desafi a a ordem eco-

nómica ao propor a “base da pirâmide” como

um mercado potencial para qualquer compa-

nhia explorar, defendendo a ideia de que: “A

fonte real do mercado não são os consumi-

dores médios ou emergentes que surgem no

mundo, mas sim biliões de pobres que aspi-

ram uma oportunidade de entrar num merca-

do do qual sempre fi caram à margem.” Para

Prahlad o que falta às empresas e instituições

fi nanceiras é o ensino de como lidar com essa

chamada “base da pirâmide” económica e so-

exemplos de sucesso1. Prótese Jaipur Foot

Inventores – Ram Chandra Sharma e o médico Pramod Karan Sethi

Características – A prótese é feita de borracha, montada numa base de madeira e alumínio

Preço – 40 dólares

2. Fogão Flex

Inventores – British Petroleum e Instituto de Ciências da Índia

Características – A sua base é feita de cerâmica e funciona tanto a gás, como com biomassa

Preço – 17 dólares

3. Bomba d’água de Bambu

Inventores - Gunnar Barnes de Rangpur e Dinapjur Rural Service

Características – Ao invés de um motor, o equipamento vem com dois pedais acoplados

para o próprio agricultor fazer a força necessária para bombear a água

Preço - 40 dólares

cial. Há no mundo quatro biliões de pessoas

que vivem com cinco dólares por dia. Um terço

dessa população sobrevive com menos de um

dólar. Se as empresas, agindo em seu próprio

interesse, melhorarem a vida dessas pesso-

as, segundo Prahalad, estarão a abrir um gi-

gantesco mercado, ávido e capaz de consumir

produtos e serviços criados sobre medida para

essa parcela da humanidade. Para isso é preci-

so inovar, baixando custos e colocando na pra-

teleira aquilo que é alcançável por quem está

nesse estrato sócio-económico. No seu livro

mais recente – O Futuro da Competição -, es-

crito em parceria com Venkat Ramaswamy -

Prahalad desafi a a noção tradicional de valor e

de criação de valor. Para ele as empresas não

fazem o sufi ciente para aproveitar as oportu-

nidades que surgem com a globalização. Nes-

te novo mundo, o cliente é uma fi gura mais

pró-activa, logo as regras do jogo mudaram:

não basta apenas servir, é necessário criar um

valor real para o consumidor. Pois o conceito

de valor já é outro. Para isso, além de admitir

limitações, é necessário sair do que eles cha-

mam de “zona de conforto” para ingressar nas

novas “zonas de oportunidades”.

d t t t

35 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

36 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

os gigantestambém caem?

A economia do Japão é um fl orescente complexo de indústria, comércio, fi nanças, agricultura

e todos os outros elementos de uma estrutura económica moderna. O país encontra-se num

avançado estágio de industrialização, suprida por um poderoso fl uxo de informação e uma

rede de transportes altamente desenvolvida. Um dos seus traços é a importante contribuição

da indústria e da prestação de serviços, tais como o transporte, do comércio grossista e reta-

lhista e dos bancos ao produto interno líquido do país, no qual os sectores primários, como a

agricultura e a pesca, têm hoje em dia uma quota menor. Outro dado relevante é a importância

relativa do comércio internacional na economia japonesa. O Japão é um país pouco dotado de

recursos naturais e que sustenta uma população de mais de 120 milhões de habitantes numa

área relativamente pequena. Contudo, apesar dessas condições restritivas e da devastação

do seu parque industrial durante a II Guerra Mundial, o país conseguiu não apenas reconstruir

a sua economia, mas também tornar-se uma das principais nações industrializadas do mun-

do. Ao mesmo tempo, o processo de rápida expansão industrial, junto com as mudanças nas

condições económicas japonesas e internacionais ocorridas nos últimos anos, criaram vários

problemas económicos que o país enfrenta hoje em dia.

O Japão é um país pouco dotado de recursos naturais e que sustenta uma população de mais de 120 milhões de habitantes numa área relativamente pequena

DIAS NEGROSLamentamos profundamente. A frase, profe-

rida pelo presidente da Yamato Life Insurance

Co., Takeo Nakazono, antes de fazer uma lon-

ga reverência diante das câmaras de televisão,

tratava-se do anúncio, à boa maneira oriental,

da primeira quebra de uma instituição fi nan-

ceira japonesa esmagada pela crise mundial de

crédito. A maior parte dos bancos e instituições

fi nanceiras no Japão evitou prejuízos mais gra-

ves até ao momento, situação diferente dos

seus pares americanos e europeus. A Yamato,

uma seguradora de porte médio e de capital

fechado, com aproximadamente 1000 empre-

gados e 1 trilião de ienes (US$ 10 biliões) em

apólices individuais de seguros parece ser um

caso atípico. Nakazono divulgou que o rombo

da seguradora é de 11 triliões de ienes (US$ 111

biliões) devido a uma descida rápida e drásti-

ca nos preços mundiais de acções provocada

pela crise, cuja alavanca foram as hipotecas

de alto risco nos EUA. A empresa vinha acti-

vamente a procurar retornos de investimentos

para cobrir altos custos operacionais, alocando

uma proporção relativamente alta dos seus in-

vestimentos em activos alternativos, incluin-

do fundos de hedge. A maior parte dos 170 mil

contratos individuais da Yamato serão prote-

gidos pela Life Insurance Corporation do Japão,

mas o dinheiro assegurado e os benefícios po-

dem ser cortados, informou um porta-voz da

Yamato. Ministros japoneses e participantes

do mercado disseram que a Yamato, que pro-

curou investimentos de alto risco, não é uma

empresa típica do sector de seguros do Japão e

que o colapso da companhia não signifi ca que

outras instituições fi nanceiras terão o mesmo

destino. A quebra da Yamato ocorreu a meio

de uma forte desvalorização da bolsa de Tó-

quio. O pânico dos investidores estrangeiros

em fuga fez com que esta registasse a maior

queda percentual num único dia. O índice Ni-

kkei, que agrupa, sobretudo, papéis da indús-

tria eletrónica, desceu 9,62%, para fechar no

nível mais baixo dos últimos cinco anos. Este

pânico foi também fortemente infl uenciado

pela bancarrota do primeiro fundo fi duciário

imobiliário do país cotado na bolsa, o New City

Residence Investment.

A participação directa do Estado nas actividades económicas é limitada, embora o controlo ofi cial e a sua infl uência sobre as empresas seja maior e mais intenso que na maioria dos países com economia de mercado

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIAO Japão tem uma economia próspera e bem

desenvolvida, baseada principalmente em

produtos industriais e serviços. No entanto, o

seu sistema de gestão apresenta característi-

cas muito peculiares. Ainda que a participação

directa do Estado nas actividades económicas

seja limitada, o controlo ofi cial e a sua infl u-

ência sobre as empresas é maior e mais inten-

so que na maioria dos países com economia

de mercado. Esse controlo não se exerce por

meio de legislação ou acção administrativa,

mas pela orientação constante do sector pri-

vado e pela intervenção indirecta nas activi-

dades bancárias. Existem, também, várias

agências e departamentos estatais relacio-

nados com diversos aspectos da economia,

como exportações, importações, investimen-

tos e preços, assim como desenvolvimento

económico. O objectivo dos organismos ad-

ministrativos é interpretar todos os indicado-

res económicos e responder imediatamente

e com efi cácia às mudanças conjunturais.

A mais importante dessas instituições é a

Agência de Planeamento Económico, subme-

tida ao controlo directo do primeiro-minis-

tro, que tem a importante missão de dirigir

dia-a-dia o curso da economia nacional e o

planeamento a longo prazo. De maneira ge-

ral, esse sistema funciona satisfatoriamen-

te e sem crises nas relações entre Governo

e empresas, devido à excepcional autodisci-

plina dos empregados japoneses em relação

às autoridades e ao profundo conhecimento

do governo sobre as funções, necessidades e

problemas dos negócios. O ministro da Finan-

ças e o Banco do Japão exercem considerável

infl uência nas decisões sobre investimentos

de capital, devido à estreita interdependência

entre as empresas, os bancos comerciais e o

banco central. As Ferrovias Nacionais Japone-

sas são a única empresa estatal.

O grau de dependência entre o Banco do Japão, os bancos comerciais e a indústria é muito superior em relação aos demais países industrializados

FINANÇASO sistema fi nanceiro japonês apresenta al-

gumas peculiaridades se comparado a outros

países desenvolvidos. Em primeiro lugar, o

crédito bancário desempenha um papel pri-

mordial na acumulação de bens de capital.

Em segundo lugar, o grau de dependência

entre o banco central (Banco do Japão, criado

em 1882), os bancos comerciais e a indústria

INDÚSTRIAA característica mais notável do crescimen-

to económico do Japão após a II Guerra Mun-

dial foi a rápida industrialização. O “milagre

económico” japonês fi cou patente tanto no

crescimento quantitativo, como na qualida-

de e variedade dos produtos e no alto nível

tecnológico. O país alcançou, com os Estados

Unidos, a liderança da produção em quase to-

dos os sectores industriais. Uma das nações

mais industrializadas do mundo, é também

um dos maiores produtores de navios, auto-

móveis, fi bras e resinas sintéticas, papel, ci-

mento e aço, além de produtos eletrónicos de

alta precisão e equipamentos de telecomuni-

cações. O crescimento económico atribui-se

preços, tem permitido ao país exportar gran-

de parte dos seus produtos manufacturados

e equilibrar a balança comercial. Por outro la-

do, a expansão internacional das empresas

permitiu a ampliação do mercado nos países

consumidores de produtos japoneses, por

meio da construção ou compra de fábricas,

ou por associação com produtores desses pa-

íses. Essa estratégia observa-se claramente

no sector automóvel: as principais empresas

japonesas estabeleceram parcerias com gru-

pos noutros países.

TRANSPORTESAté ao fi m do século XIX, a maior parte dos

japoneses viajava a pé. A primeira ferrovia foi

EM ANÁLISEO PIB (Produto Interno Bruto) do Japão recuou, no último trimestre do ano passado, 12,7%,

sendo esta a maior queda percentual do PIB dos últimos 35 anos. Este é o resultado da pior crise

vivida no país desde o fi m da II Guerra Mundial (1939-1945), facto que coloca a segunda maior

economia do mundo --atrás apenas dos Estados Unidos-- num cenário de grave recessão. Duran-

te todo o ano de 2008, a economia japonesa caiu 0,7%, pela primeira vez em nove anos. Actual-

mente o país está aplicar um novo pacote de estímulo económico para combater a crise. Uma

ajuda que pode chegar a US$ 109 biliões. As medidas iniciadas pelo Governo prevêem o fi nan-

ciamento de grandes projectos públicos, como a reconstrução de aeroportos e outras obras de

infraestrutura, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento de empresas com projectos

ecologicamente sustentáveis. Segundo vários analistas, a recuperação da economia japonesa só

chegará no último trimestre deste ano, altura em que estima um crescimento de 0,97% após seis

trimestres consecutivos de contracção. A pior recessão no Japão durou 36 meses, no início dos

anos 80, quando a economia do país foi atingida pelas consequências dos choques do petróleo

37 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

é muito superior em relação aos demais pa-

íses industrializados. Tóquio é um dos mais

importantes centros fi nanceiros do mundo e

o seu mercado de acções equipara-se aos de

Londres e Nova Iorque.

principalmente ao rápido crescimento dos in-

vestimentos, à concentração da indústria em

grandes empresas e à cooperação entre Go-

verno e empresários. A sólida posição indus-

trial do Japão, tanto em qualidade, como em

ECONOMIA & NEGÓCIOS

38 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

construída em 1872, entre Tóquio e Yokohama.

Na segunda metade do século XX, estabele-

ceram-se no Japão as ferrovias mais rápidas e

automatizadas do mundo e a quantidade de

veículos e camiões cresceu exponencialmente.

A rede de comunicações e os correios são de pri-

meira qualidade. O país possui uma das princi-

pais frotas mercantes do mundo e as suas linhas

aéreas chegam a todos os grandes aeroportos

internacionais. As zonas industriais -- Tóquio, a

área metropolitana de Osaka (que inclui Osaka,

Kobe e Kyoto) e a de Nagoya -- apresentam ex-

celente rede de transporte. Os principais portos

são Yokohama, Kobe, Nagoya, Kawasaki, Chiba,

Kita-Kyushu, Mizushima e Sakai.

NOVAS ELEIÇÕES A recente dissolução do parlamento japonês,

Dieta, e a convocação de novas eleições vão

modifi car as relações de forças políticas na Câ-

mara Baixa no Japão. Afectado pelas disputas

políticas nacionais e pelos problemas econó-

micos internacionais, o último Governo termi-

na antes de completar um ano. As difi culdades

que se apresentaram ao longo desse período

de governação, frustraram as expectativas de

que esse governo japonês pudesse ter boas re-

alizações. Havia expectativas optimistas em

relação ao mandato de Aso, pois era tido co-

mo um líder carismático e de opinião própria,

características que o aproximava do perfi l de

Junichiro Koizumi, que permaneceu no cargo

de primeiro-ministro por um período longo

- Abril de 2001 a Setembro de 2006 - e con-

seguiu bons resultados económicos. Os objec-

tivos imediatos do primeiro-ministro Aso era a

recuperação da dinâmica económica do país e,

com isso, buscar a revitalização do partido que

já apresentava popularidade decrescente. No

entanto, sabia-se que não seriam tarefas fá-

ceis, pois o seu partido (PLD) havia perdido a

maioria na Câmara Alta em 2007, ainda na ges-

tão de Shinzo Abe, sucessor de Koizumi. Essa

realidade tornara muito difícil a aprovação de

medidas pelo Governo, enfraquecendo a capa-

cidade de gestão de Aso. Em 2008, foi a crise

económica internacional, que teve o pedido de

concordata pelo quarto maior banco de inves-

timentos dos Estados Unidos, Lehman Bro-

thers, em meados de Setembro como um dos

seus ícones, que atingindo de maneira direc-

ta a economia japonesa

aprofundou as difi cul-

dades para o governo de

Aso. O PIB real do Japão

contraiu -3,6% no últi-

mo trimestre de 2008

e -3,8% no primeiro tri-

mestre de 2009, o que em termos anuais,

comparando com os mesmos períodos do ano

anterior, reduziram respectivamente -13,5% e

-14,2%. As exportações também foram afecta-

das. De acordo com os dados da Japan External

Trade Organization, a queda no primeiro tri-

mestre 2009 foi de –38,7%, comparadas com o

período homólogo. Esses factos antecederam

o início do Governo, mas o primeiro-ministro

Aso também contribui para o seu enfraqueci-

mento. Em razão dos fracos resultados eco-

nómicos, no início de 2009, a popularidade de

Aso estava ao redor de 10%. E o episódio de

embriaguês do Ministro das Finanças, Shoichi

Nakagawa, durante uma apresentação na en-

trevista colectiva do G-7, realizada em Roma

em Fevereiro, contribuiu para deteriorar a ima-

gem do gabinete. Desde a ascensão de Aso ao

cargo, a oposição reivindicava a dissolução da

Câmara Baixa e a convocação de eleições, por

causa da fraqueza do Governo e da baixa po-

pularidade. A esperança de Aso era de que as

medidas económicas pudessem surtir efeito e

fortalecer a sua posição para somente então

convocar novas eleições. O facto é que o Ja-

pão continuou a viver difi culdades económicas

e a baixa popularidade fortaleceu as pressões

dentro do PLD para que este deixasse o car-

go. Actualmente, o partido está diante de um

grande desafi o, que é conseguir manter a sua

representação na próxima eleição. Em Julho, de

acordo com a pesquisa do jornal Asahi Shim-

bun antes do anúncio da dissolução da Câma-

ra, o apoio da população ao PLD era de cerca de

20% e, de acordo com o mesmo estudo, a ex-

pectativa já era de que o Partido Democrático

do Japão iria aumentar a participação na Câma-

ra. A investigação realizada pelo jornal Mainichi

Shimbun, confi rmou essa posição da popula-

ção ao apresentar que 56% da opinião pública

japonesa deseja que o Partido Democrático do

Japão (PDJ) vença as próximas eleições. E, caso

Uma das nações mais industrializadas do mundo, é também um dos maiores produtores de navios, automóveis, fi bras e resinas sintéticas, papel, cimento e aço, além de produtos eletrónicos de alta precisão e equipamentos de telecomunicações

ocorra, a mudança na relação de forças políti-

cas no Japão, desta vez, pode ser mais dura-

doura do que aconteceu no inicio da década de

1990, quando a oposição chegou ao poder co-

mo Morihiro Hosokawa pelo Novo Partido do

Japão. O novo governo poderá ser benefi ciado

pela melhoria da economia internacional, cujos

resultados positivos começam a surgir e po-

derão infl uenciar positivamente a situação no

Japão. E possíveis bons resultados podem dar

maior popularidade ao novo ministro que será

eleito em Setembro. Caso o PDJ conquiste uma

maioria que permita eleger o primeiro-minis-

tro, terá também como ponto favorável a go-

vernabilidade derivada do facto de já possuir,

juntamente com partidos da sua coligação, 118

cadeiras, entre as 242 da Câmara Alta. Não é

uma maioria absoluta, mas é uma representa-

ção bem mais confortável que a do PLD com

81 assentos. Esses factos podem contribuir pa-

ra o início de um novo período na política ja-

ponesa. A possibilidade da oposição chegar ao

comando do poder político do Japão é real, con-

forme mostram as pesquisas já mencionadas.

Entretanto, a sua capacidade de se manter

como governo ainda é incerta. Alguns fatores

que contribuem para esse cepticismo são: a) a

identifi cação do PDJ como principal partido de

oposição é discutível, uma vez que a sua lide-

rança é formada por dissidentes do PLD. Yukio

Hatoyama, o actual presidente foi membro do

PLD até 1993; b) o próprio PDJ foi recentemen-

te atingido por escândalos. O presidente do

partido até Maio deste ano, Ichiro Ozawa, que

foi secretário geral do PLD em 1989, renunciou

por causa de denúncias que o acusavem de re-

ceber doações ilegais e que envolviam o seu

secretário; c) não deverão ocorrer grandes mu-

danças. Os actuais líderes do PDJ além de se-

rem dissidentes do PLD, não apresentaram até

ao momento propostas inéditas para o país. Is-

so poderá fazer com que a população frustre as

suas expectativas de transformação. O quadro

da política japonesa é, portanto, de expectati-

vas. Devemos provavelmente ver mudanças de

nomes, de lideranças no governo, no entanto,

reais transformações políticas não serão fac-

tos consumados mesmo com uma possível vi-

tória da oposição.

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 59

40 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

o desafi oda liquidez

Os economistas podem falar sobre se esta crise

se compara à crise do início dos anos 80 do sé-

culo XX, mas, em Dezembro de 2008, o preço

do risco do crédito empresarial chegou ao ní-

vel mais alto desde a Grande Depressão, como

relata a história. Razão pela qual, uma crise de

liquidez pode ser actualmente uma via muito

mais rápida para a morte do que os desafi os

operacionais. E muitas das empresas moder-

nas enfrentam ambos os problemas. Com os

preços das acções a atingirem mínimos e o

apetite pelo risco a arruinar o mercado de ca-

pitais, onde podem as empresas satisfazer as

suas necessidades de capital? Para um futuro

imediato e previsível, terão de se virar para si

próprias. A importância da força fi nanceira e

da liquidez estratégica nos mercados de ho-

je não pode ser exagerada. Esta proporciona

uma força que impulsiona o valor da empre-

sa e ajuda a manter as operações, a aumentar

o poder de negociação, a melhorar a posição

competitiva e a apoiar o investimento durante

épocas mais turbulentas. Tudo isto sugere al-

guns imperativos fi nanceiros novos:

• Implementar um programa melhor de gestão de risco fi nanceiroAs empresas não conseguem lidar com a volatilidade da fl uidez do dinheiro imposta pelas maté-

rias-primas, pelas divisas e pelas fl utuações nas taxas de juro. Mas poucas empresas dedicaram

atenção sufi ciente a quantifi car, analisar e gerir a sua exposição líquida. Muitos gestores fi nan-

ceiros não compreendem totalmente as suas exposições, acreditam que já estão naturalmente

precavidas, acham que a precaução é demasiado dispendiosa ou relegam a precaução para o

mundo da “engenharia fi nanceira”. Isso tem de mudar.

• Desenvolver ou comprar liquidez estratégicaRelacionado com a gestão de risco está a concepção de uma estrutura de capital. Durante anos,

as empresas com boas classifi cações de crédito e com grandes quantidades de capital eram al-

vos preferenciais de banqueiros de investimento que defendiam os programas de reaquisição de

acções e de aumento de dívidas. Mas agora o capital é um bem estratégico. As empresas líde-

res de mercado estão a reter o capital, a vender bens inactivos e a cortar nos créditos bancários.

Estão a explorar outros veículos para uma liquidez secundária: linhas de crédito de apoio, fi nan-

ciamentos, vendas “leaseback” (vendas seguidas de locação) e mais contractos fl exíveis de com-

pras e outsourcing. As empresas estão a inverter a tendência dos programas de compras para

programas e dividendos de reaquisições. Também há um aumento nos métodos criativos para

reduzir a pressão e aumentar a força fi nanceira.

• Gerir o portefólio empresarial pelo valor e não pelo desempenhoQuando avaliam as unidades de negócio, a maioria das empresas ainda confi a nas métricas tra-

dicionais de desempenho fi nanceiro, como as margens, as receitas de operação e o retorno do

capital investido. Presume-se que estes são os parâmetros do valor. Mas, na verdade, este de-

sempenho já se refl ecte nos valores de mercado dos bens e estas métricas são inapropriadas

para as decisões relacionadas com o portefólio. Em vez disso, devem tomar decisões com base

No início de 2008, os empréstimos empresariais dirigiam-se para um ano recorde. Mas entretanto o mercado parou. Consegue explicar porquê?‘Uma crise de liquidez pode ser actualmente uma via muito mais rápida para a morte do que os desafi os operacionais’

no valor das receitas esperadas (fl uxos de fundo reduzidos ou FFR) contra o valor que obteriam

se eliminassem a unidade. A abordagem convencional de vender “cães” (unidades que crescem

pouco e têm poucos retornos) e de adquirir “estrelas” (unidades que crescem muito e rendem

muito) pode ser a estratégia mais dispendiosa, principalmente em época de crise. Mantenham

os bens, em vez disso, quando acreditam que o FFR é maior do que os resultados líquidos de

uma venda.

• Controlar as fontes de valorHoje em dia, mais do que nunca, as estratégias falham na altura da execução e não por causa da

visão. A execução da qualidade exige que inúmeras decisões económicas e com base nos valores

sejam tomadas em todos os níveis da empresa – incluindo integrações, disposições, encerra-

mentos, outsourcing, promoções, alterações nos preços e proposições de valor. Estas decisões

dependem de uma base abrangente de factores económicos, mas a maior parte dos sistemas de

informação permanece concentrada na entrega de dados para as necessidades das entidades le-

gais. Se um painel signifi cativo de clientes, produtos e unidades em stock permanece um sonho

por realizar na sua empresa, está na hora de acordar e começar a usá-lo.

• Mover na direcção do crescimento, principalmente em mercados emergentesOs lucros empresariais tornaram-se cada vez mais dependentes da procura externa, com os lucros

internacionais a serem actualmente responsáveis por quase um terço dos lucros empresariais. A

sua estratégia global deve ter como base capacidades distintas desenvolvidas deliberadamente:

através de esforços internos orgânicos, de aquisições escolhidas para as capacidades que serão

obtidas através delas ou de acordos de colaboração.

• Avaliar as defesas contra aquisições. Os preços das acções actuais criam uma janela de oportunidade para os compradoresIsso faz com que os executivos se assegurem de que têm o tempo necessário para conceber e

executar uma resposta a um pedido de aquisição. Uma auditoria às defesas cobre quatro tópicos

básicos: estado geral e leis de aquisições empresariais, estrutura das políticas e da administra-

ção da empresa, processos de votação dos accionistas e preparação para uma aquisição (incluin-

do estratégias para evitar aquisições indesejadas) dentro das estruturas de gestão da empresa.

41 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

Com os preços das acções a atingirem mínimos e o apetite pelo risco a arruinar o mercado de capitais, onde podem as empresas satisfazer as suas necessidades de capital?

COMPREENDER O FENÓMENOActualmente é cada vez mais importante

compreender a defi nição de “crise de liquidez”.

Senão vejamos, a tarefa clássica dos bancos é

atrair depósitos e fazer empréstimos, que di-

ferem numa característica fundamental - a du-

ração ou maturidade. Num depósito à ordem,

eu empresto ao banco a curto prazo, podendo

levantar o dinheiro a qualquer momento, mas

quando o banco me empresta dinheiro para eu

comprar, por exemplo, uma casa, só vai rece-

ber a 30 anos. O banco consegue transformar

curto em longo pazo aproveitando-se de duas

regularidades estatísticas. Primeiro, por cada

levantamento costuma haver um novo depó-

sito. Mesmo que eu deposite 100 euros hoje e

os levante amanhã para pagar uns sapatos, o

dono da sapataria vai depositar esses 100 eu-

ros amanhã no banco, para por sua vez pagar

ao fornecedor que os volta a depositar, e por aí

adiante. Por isso, embora cada depósito indi-

vidual seja a curto prazo, a sua sucessão per-

mite um fi nanciamento regular. Segundo, só

uma percentagem pequena dos depósitos é

levantada cada dia, pelo que basta ao banco

guardar em caixa essa percentagem para sa-

tisfazer as suas obrigações. O restante pode

ser emprestado. O risco é que estas regulari-

dades falhem. Imagine que circula um rumor

que o banco vai falir. Então, vou correr para o

balcão para tentar ser o primeiro a levantar o

meu depósito enquanto há dinheiro em caixa

e guardo-o fora do sistema bancário. A primei-

ra regularidade falha, pois o dinheiro que sai

não volta a entrar nos bancos. Porque todos

pensam o mesmo e correm para o banco para

fechar as suas contas, a segunda regularidade

também falha. Ocorre uma crise de liquidez e,

sem nenhuma intervenção, o banco vai a fa-

lência. Os bancos centrais tentam evitar es-

tas crises, emprestando dinheiro aos bancos

a curto prazo (“injectando liquidez”) na espe-

rança que entretanto as pessoas se acalmem.

Viremo-nos agora para a crise recente nos

mercados fi nanceiros. Nos últimos 20 anos,

tornou-se comum reunir e vender carteiras

com muitas hipotecas, conferindo direito ao

seu fl uxo de pagamentos (MBS para ‘mort-

gage-backed securities’). Tornou-se também

comum comprar várias MBS ou outros acti-

vos como obrigações e créditos a empresas,

rearranjar os seus componentes em diferen-

tes pacotes e revendê-los como novos títu-

los (CDO ou ‘collateralized debt obligations’).

O risco destes pacotes era avaliado por ‘ra-

ting agencies’ e transaccionados num merca-

do normalmente muito activo. Durante Julho,

descobriu-se que algumas hipotecas de alto

ECONOMIA & NEGÓCIOS

42 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

risco estavam a dar prejuízo, pelo que as su-

as MBS caíram em valor. Algumas empresas

neste (pequeno) mercado faliram, mas havia

muitos mais investidores com CDO supor-

tados pelas MBS. Muitos, sobretudo ‘hedge

funds’, investiam com dinheiro emprestado

dando CDO como garantia. Porque a garantia

desceu de valor, eles tentaram vender os CDO,

mas porque toda a gente os queria vender e

quase ninguém os queria comprar, o merca-

do dos CDO praticamente fechou. Por sua vez,

dentro dos bancos existem fundos (SIV para

‘structured investment vehicles’) que ven-

dem CDO a curto prazo e investem a longo

prazo. Quando o mercado de CDO fechou, cor-

reram para a casa-mãe para se refi nanciarem.

Foi como se milhares de depositantes apare-

cessem à porta, gerando a crise de liquidez e

a intervenção dos bancos centrais que saltou

para as notícias. Os principais SIV com proble-

mas eram alemães, pelo que a intervenção do

BCE foi enorme, mas é nos EUA que estão

muitos dos investidores apoiados em CDO.

O desafi o para a Reserva Federal é por isso

enorme. Por um lado, a macroeconomia su-

gere uma manutenção das taxas de juro. Por

outro lado, os mercados fi nanceiros esperam

que as taxas caiam 0,5% para restabelecer a

calma e reactivar o mercado dos CDO. Manter

as taxas pode levar a falências em catadupa

e causar uma crise fi nanceira; descê-las deve

aquecer a economia e gerar infl ação.

As empresas não conseguem lidar com a volatilidade da fl uidez do dinheiro imposta pelas matérias-primas

TURBULÊNCIA DOS MERCADOSO mercado internacional passa pelo maior

desafi o das últimas décadas, com perspecti-

va de uma recessão prolongada em boa parte

do mundo, temor quanto à saúde das insti-

tuições fi nanceiras e forte queda nas bolsas.

Neste contexto pouco animador, um dos prin-

cipais elementos é a crise de liquidez que as-

sola o mercado. Mas você sabe exactamente

o que isso signifi ca? Antes de aprofundar es-

te conceito, é importante conhecer um pouco

melhor qual o papel das instituições fi nancei-

ras, pois é na percepção da fragilidade destas

que reside boa parte do problema actual.

INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRAEm poucas palavras, os bancos são responsá-

veis pela intermediação fi nanceira dentro do

mercado fi nanceiro moderno. Isso signifi ca que

são os bancos que captam recursos junto a uma

parte do mercado (poupadores) e repassam es-

te dinheiro a quem necessita destes recursos

(tomadores). Sempre que você deixa o seu di-

nheiro na conta corrente ou investe num CDB

de banco, você está suprindo a instituição com

recursos. Após captar o seu dinheiro (e de todos

os outros poupadores que são seus clientes), a

tarefa do banco é repassar estes recursos para

os tomadores, que podem ser pessoas físicas,

empresas, governos ou outros bancos, a uma

taxa de juro superior àquela na qual foi feita a

captação. Portanto, de forma simplifi cada, fi ca

claro o papel central do sistema fi nanceiro: fa-

zer com que o dinheiro circule na economia.

FLUXO INTERROMPIDOA crise de liquidez ocorre quando este fl uxo de

circulação dos recursos na economia é interrom-

pido ou severamente reduzido. Num ambiente

conturbado como o actual, muitos bancos mos-

tram-se receosos em repassar os recursos, te-

mendo que o tomador não tenha condições

de repagar a dívida. Caso o tomador seja uma

pessoa física, isso signifi ca que ele pode não

ter recursos para consumir ou pagar o seu en-

dividamento. Para as empresas, uma redução

do fl uxo pode reduzir o seu capital de gestão,

comprimir os seus investimentos ou criar pro-

blemas na hora de pagar outras dívidas já exis-

tentes. Mas o que acontece quando o tomador

é outro banco?

BANCOS E BANCOSA resposta depende muito da situação e con-

dição de cada banco. Por exemplo, os bancos

comerciais, que possuem forte actividade jun-

to do sector retalhista têm como fonte prin-

cipal de captação pessoas físicas e empresas,

sem precisar de recorrer a outros bancos para

obter recursos. Numa situação como a actual,

eles acabam a sofrer menos, pois boa parte

da sua captação não é afectada. Mas, para os

bancos que não têm uma base de captação

junto ao retalho, como os chamados bancos

de investimento, a situação pode ser muito

diferente. Essas instituições não têm uma

base de captação de recursos diversifi cada,

dependendo de recursos de grandes clientes

ou mesmo de outros bancos, no que é cha-

mado de mercado interbancário. Em situa-

ções onde existe temor em relação à saúde

de algumas instituições fi nanceiras, os ban-

cos que têm recursos a seu dispor reduzem

ou interrompem o fl uxo para bancos vistos

como potenciais problemas. Foi exactamen-

te o que aconteceu com o banco de investi-

mentos norte-americano Lehman Brothers,

que foi à falência após ter as suas linhas de

crédito (boa parte das quais provenientes de

outras instituições fi nanceiras) cortadas, de

forma que não teve mais condições de cum-

prir com as suas obrigações. Portanto, em

cenários como este a desconfi ança acaba a

tornar-se um facto: se um banco é visto como

potencial problema, o crédito (principalmente

de grandes clientes e outros bancos) é rapida-

mente cortado ou reduzido e a questão foge

do controlo.

43 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

TAXAS INTERBANCÁRIASE A CRISE DE LIQUIDEZE como saber se existe uma crise de liquidez?

Simples! Basta analisar as taxas de juros co-

bradas no mercado interbancário, ou seja, nas

transacções entre bancos. Actualmente as

taxas encontram-se em patamares historica-

mente elevados, evidenciando que os recur-

sos disponíveis para instituições fi nanceiras,

estejam elas com problemas ou não, são es-

cassos. Esta crise de liquidez, que pode ser

traduzida como falta de recursos disponíveis

no sistema, explica muito do que tem ocorri-

do no mercado actualmente. A crise de liqui-

dez também contribui para a queda da bolsa

de valores, na medida em que diminui a quan-

tidade de recursos disponíveis para comprar

acções e também acaba reduzindo as opções

daqueles que necessitam de recursos, mas

têm açcões em carteira. Esta é a situação,

por exemplo, de investidores como os hedge

funds, que tomam dinheiro emprestado para

investir. Com o crédito mais caro ou mesmo

interrompido, a única opção disponível é gerar

caixa através da venda de activos, no caso as

acções em seu poder. Portanto, mesmo com

preços baixos não resta outra opção.

ANGOLA A RAIO-XA auditora e consultora KPMG Angola alertou,

recentemente, as instituições que operam no

mercado angolano para os “perigos” das es-

tratégias exclusivamente orientadas para o

crescimento. “A crise que se vive actualmente

nos mercados fi nanceiros internacionais de-

verá servir de alerta para as instituições que

actuam no mercado angolano relativamente

aos perigos que se escondem por detrás de

estratégias exclusivamente orientadas para o

crescimento”, frisa a KPMG, no relatório “De-

safi os da gestão de risco em Angola”. A con-

sultoria reconhece que “a conjuntura de paz

e estabilidade social e política que se vive em

Angola vem criar as condições necessárias pa-

ra a continuação ou mesmo aceleração do es-

forço de reconstrução e modernização do país,

não sendo difícil perspectivar o crescimento

da economia como um processo irreversível”.

“A rapidez e a magnitude das transformações

que estão a acontecer no país irão traduzir-

se no aumento das necessidades da socie-

dade e do tecido empresarial angolano e na

elevação do seu nível de exigência e sofi sti-

cação, tornando imprescindível a existência

de um sector fi nanceiro competitivo e prepa-

rado para responder às solicitações cada vez

mais complexas dos seus clientes”, aponta

o relatório. A KPMG considera que o merca-

do fi nanceiro angolano enfrenta dois grandes

desafi os: “potencializar o seu crescimento, ti-

rando partido das oportunidades oferecidas

pelo dinamismo da economia”, e “conseguir

gerir de forma efi ciente os riscos subjacentes

a um processo de transformação acelerado”.

No texto, a consultoria defi ne como “crucial

a convergência de esforços entre as entida-

des governamentais, órgãos de regulação e os

próprios agentes que operam no mercado, no

sentido de dotar o país das infra-estruturas e

dos instrumentos indispensáveis à moderni-

zação do sector fi nanceiro”. Contudo, o docu-

mento frisa que “a ausência de instrumentos

modernos de mitigação de risco de crédito,

de mercado, operacional e de liquidez, pode-

rá constituir um sério obstáculo ao crescimen-

to da área”. “Os problemas relacionados com

o registo de propriedade e a protecção jurídi-

ca dos direitos dos credores têm contribuído

para limitar a utilização de garantias como

instrumento essencial de mitigação do risco”,

acrescenta. A consultoria exalta a anunciada

abertura, em curto prazo, do mercado angola-

no de capitais, mas afi rma que a dualidade de

moeda que caracteriza o sistema fi nanceiro

angolano “expõe as instituições fi nanceiras às

fl utuações do dólar norte-americano, impli-

cando a necessidade de adopção de mecanis-

mos efi cazes de gestão de risco cambial”. Por

fi m, o estudo diz que “as defi ciências ao nível

das infra-estruturas continua expondo as ins-

tituições a quebras de serviço originadas por

falhas no fornecimento de energia, problemas

no sistema de informática e de comunicação,

ou falta de água”.

Hoje em dia, mais do que nunca, as estratégias falham na altura da execução e não por causa da falta de visão

A ausência de instrumentos modernos de mitigação de risco de crédito, de mercado, operacional e de liquidez, poderá cons-tituir um sério obstáculo ao crescimento da área fi nanceira

44 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS | manuela bártolo

comunicar com êxito PESSOAS REAISUma velha e sábia frase diz que o homem não

é uma ilha. Metaforicamente, defende a ideia

de que ninguém vive isolado. No mundo con-

temporâneo, ir contra essa realidade é quase

uma missão impossível: mais de seis biliões

de pessoas povoam a Terra e as formas de se

comunicar são incontáveis. A básica, e acre-

dito que a mais utilizada, é a fala. Aliás, esta

deve ser também a mais antiga. Se os docu-

mentários da BBC estiverem correctos, desde

os primórdios que os nossos antepassados se

comunicavam através de grunhidos, que em

todo caso são sons que provêm da boca, logo,

se não forem, podem ser equiparados à fala.

Falar é bom, porém exige um certo treino, isto

porque actualmente o exercício deste acto se

desmembra em vários meios de comunicação,

como o telefone, por exemplo. Este aparelho

tem favorecido ao longo das últimas déca-

das a comunicação, permitindo ter a reacção

do interlocutor em tempo real, facto que len-

tamente produziu uma transformação no

mundo. A escrita é também uma forma de co-

municação por excelência. Nela a comunicação

fl ui plenamente e aspectos subjectivos, como

a voz desagradável ou os problemas de dic-

ção, se esvaem. Paralelamente, exige-se mais

do conhecimento do que da habilidade de se

comunicar e é aí que vejo a grande vantagem

da escrita: expõe, de forma crua, as reais ca-

pacidades intelectuais de cada um. Evidente

que não se pode determinar o potencial das

pessoas simplesmente com base na sua ca-

pacidade de escrita, mas que este é um bom

ponto de partida para tal isso é. Fora as van-

tagens já mencionadas, na escrita tem-se to-

da a calma do mundo para pensar, repensar,

retifi car erros, enfi m, fazer uma análise crítica

e rígida sobre o que se deseja transmitir aos

demais. As possibilidades de erros e gafes ca-

em drasticamente (embora ainda existam).

Comunicar é, por isso, uma actividade que to-

dos nós fazemos, todos os dias, mas que ain-

da assim, merece atenção especial. O que é,

em regra, simples, pode vir a ser uma arte - a

arte de se comunicar. Quem não fi ca fascinado

com um palestrante que consegue envolver a

plateia e passar, de maneira leve e quase su-

bliminar, a sua mensagem? Ou então, quem

não fi ca espantado com uma declaração, vin-

da de quem menos se espera, e de maneira

tão bem arranjada que chega a ser desconcer-

tante? São inúmeras as possibilidades, e elas

só existem, felizmente, porque o homem não

é uma ilha.

Comunicar é uma actividade que todos nós fazemos, todos os dias, mas que ainda assim, merece especial atenção. O que é, em regra, simples, pode vir a ser uma arte - a arte de se comunicar. E a Nokia sabe-o bem

MENTES SEM FRONTEIRASComo vimos, a comunicação está intimamen-

te associada ao ser humano, seja ela no modo

visual, verbal ou corporal. Entretanto, exis-

te uma forma de linguagem que está em as-

censão nos dias actuais – a publicidade que

permite a propagação de princípios, ideias, co-

nhecimentos ou teorias; ela é a arte e técnica

de planear, conceber, criar, executar e veicular

mensagens geralmente de caráter informati-

vo e persuasivo, por parte da marca identifi -

cada. Compreendo que esse género não tem

apenas como objectivo a venda dos seus pro-

dutos, visa também a venda de comporta-

mentos, de qualidade de vida que, na maioria

das vezes, fi ca implícita, mas que tem valor

igual ou superior à estratégia de venda dos

produtos. Com as práticas de persuasão po-

45 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

tencializadas nos últimos anos, a publicidade

alcançou um nível elevado de refi nação na so-

ciedade de massas do século XX e tornou-se

uma arma poderosa. Hoje ela protagoniza a

mobilização de forças físicas, intelectuais ou

morais, para vencer uma resistência ou difi -

culdade, para atingir algum fi m, orientando

convicções, atitudes ou acções de um gran-

de número de pessoas para certo objectivo,

criando no público uma imagem positiva ou

negativa de certo fenómeno (ideia, facto, mo-

vimento ou pessoa), induzindo dessa forma a

um comportamento desejado. A Nokia perce-

beu estes pressupostos desde cedo, motivo

pelo qual a sua publicidade exerce sempre um

carácter infl uenciador no quotidiano do seu

público. Sendo ela uma empresa na área das

telecomunicações, utiliza de forma primorosa

as palavras, as imagens e os sons como es-

tratégias de persuasão. Com o esforço siste-

mático de irradiar ideias e comportamentos,

a publicidade da marca revela que a evolução

tecnológica está a um nível bastante avança-

do, impondo um pensamento sem fronteiras,

em que são transpostos os limites e as barrei-

ras à nossa forma de…comunicar. Os resulta-

dos positivos da marca têm sido construídos a

partir de uma matéria-prima básica, que ha-

bita em noções rudimentares conscientes e

inconscientes presentes na totalidade da po-

pulação – a de que ninguém vive sem comu-

nicar. Todas as pessoas têm necessidade de

partilhar. A Nokia tem como estratégia prin-

cipal ajudar as pessoas a darem resposta a

essa necessidade, fazendo com que estas se

sintam mais perto de tudo o que para elas é

importante. A empresa centra-se no objectivo

de oferecer aos seus utilizadores uma tecno-

logia humana, isto é uma tecnologia intuiti-

va, com uma forma de utilização agradável

e uma qualidade estética elevada. A mesma

defende a ideia de que vivemos numa era em

que a conectividade se está a tornar realmen-

te ubíqua. A indústria das comunicações está

em constante mudança e a internet está no

centro desta transformação. Razão pela qual,

actualmente, este é o grande desafi o para a

Nokia.

O carácter decisivo do sector torna, ainda mais relevante e preocupante uma questão: a da acessibilidade, ou seja, a questão da “fractura digital”. Algo a que a empresa está atenta ao democratizar, cada vez mais, os seus serviços

ÍCONE GLOBALA Nokia é um verdadeiro ícone global. Os nú-

meros deste gigante mundial assustam: a ca-

da três meses vende mais de 100 milhões de

telemóveis em todo o mundo (mais do que a

Motorola, Samsung e Sony-Ericsson juntas),

ao ritmo de 13 unidades por segundo; tem

participação de mercado de 38,7% nas ven-

das globais e lança mais de 50 novos modelos

de telemóveis por ano. Além disso, a marca

apareceu em quinto lugar na lista das marcas

globais mais valiosas de 2007, (divulgada pela

revista BusinessWeek), sendo também a 20ª

empresa mais admirada do mundo, segundo

a lista deste ano da revista norte-americana

Fortune. Nada menos que um bilião de pesso-

as em todo o mundo têm hoje um telemóvel

da Nokia. Isso é mais do que qualquer fabri-

cante de bens de consumo, de qualquer sec-

tor e em qualquer época jamais conseguiu até

hoje. A sua liderança é incontestável e pode

ser traduzida pelo slogan da empresa: Con-

necting People. Com sede localizada em Es-

poo, região metropolitana de Helsínquia, é a

maior fabricante mundial de telemóveis, es-

tando actualmente presente em 185 países a

nível mundial. A empresa conta com mais de

DADOS CORPORATIVOS

• Origem: Finlândia

• Fundação: 1865

• Fundador: Fredrik Idestam

• Sede mundial: Espoo, Finlândia

• Proprietário da marca: Nokia Corporation

• Capital aberto: Sim (1915)

• Chairman: Jorma Ollila

• CEO & Presidente: Olli-Pekka Kallasvuo

• Facturação: €50.7 biliões (2008)

• Lucro: €3.98 biliões (2008)

• Valor de mercado: €30.7 biliões (Fevereiro/2009)

• Valor da marca: US$ 35.94 biliões (2008)

• Lojas-Conceito: 10

• Clientes: 1 bilião

• Vendas: 430 milhões telemóveis/ano

• Presença global: 185 países

• Funcionários: 128.000

• Segmento: Telecomunicações

• Principais produtos: Telemóveis, sistemas de co-

municação, computadores

• Outros negócios: Vertu (marca de telemóveis de

luxo), Navteq

• Principal slogan: Connecting People

Jorma Ollila

46 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS

128 mil funcionários, sendo que 1/3 dos mes-

mos trabalha em exclusivo na área da investi-

gação e desenvolvimento. Esta é, aliás, uma

aposta forte da empresa, que possui nove la-

boratórios de pesquisa espalhados em seis

países. As 11 fábricas da marca estão sedea-

das em nove países diferentes (Brasil, China,

Finlândia, Alemanha, Hungria, México, Coreia,

Roménia, Reino Unido e Índia), sendo que o

grupo é formado por duas unidades de negó-

cio - Nokia Networks (Nokia Redes) e Nokia

Mobile Phones (Telemóveis), detendo tam-

bém uma organização separada denominada

Nokia Ventures Organization e o Nokia Rese-

arch Center (Centro de Investigação). A em-

presa ainda possui uma unidade de luxo que

fabrica telemóveis com a marca VERTU. A

Nokia tem 350 mil pontos de venda em todo

o mundo, entre as lojas das operadoras, redes

de retalho tradicionais e as suas próprias lo-

jas. Desde a sua criação até hoje, a empresa

foi responsável pelo fabrico de um terço dos

telemóveis existentes no mundo. Em cada

seis habitantes do planeta, um possui um te-

lemóveil Nokia.

Os números deste gigante assustam: a cada três meses vende mais de 100 milhões de telemóveis em todo o mundo. Desde a sua criação até hoje, a empresa foi responsável pelo fabrico de um terço dos telemóveis existentes no mundo. Em cada seis habitantes do planeta, um possui um telemóvel Nokia

CENTRO DE INVESTIGAÇÃO Um dos principais motivos do enorme sucesso

da Nokia pode ser creditado no seu moderno

Centro de Pesquisa e Design e no investimento

anual de US$ 7.7 biliões nessa área. Localizado

na cidade de Espoo, região metropolitana de

Helsínquia, abriga uma equipa composta por

mais de 200 designers (quantos exactamente

é segredo), oriundos de mais de 45 nacionali-

dades. Diariamente, os designers usam blogs

para comunicarem com usuários e “futuris-

tas” são empregados para traçar cenários. In-

vestiga-se, no momento, a comunicação por

hologramas e a confecção de telefones com

materiais biodegradáveis. Eventuais cho-

ques culturais com a ala formal da empre-

sa são amortecidos pelos valores defendidos

pela Nokia. Todos os funcionários são iguais.

O vice-presidente e o estagiário fazem as re-

feições na mesma cantina. Usar piercing ou

sandálias havaianas, tudo bem. Cada um tem

liberdade para ser como realmente é. A Nokia

tem hoje dois centros de design global: o da

matriz e um outro, localizado em Londres. Há

também estúdios nos principais mercados da

empresa no mundo e “oásis de desenho” em

lugares que os designers considerem inspira-

dores, como o Rio de Janeiro.

O QUE É O NOKIA TRENDS?É uma plataforma de marketing baseada em arte multimédia e música avançada para estimu-

lar as novas formas de consumo de informação a partir de meios eletrónicos, não só tradicio-

nais, mas sobretudo os móveis. A plataforma é permeada por eventos para trazer ao público

em geral o que é tendência, equilibrando o novo e o consagrado. Desde que foi criado no Brasil,

em 2004, o Nokia Trends já atraiu quase 270 mil pessoas em eventos realizados em São Paulo

e no Rio de Janeiro, com apresentações de bandas e Dj’s, como Fatboy Slim, LCD Soundsystem

e Laurent Garnier, Chemical Brothers, Human League e Asian Dub Foundation. A plataforma

foi exportada para Argentina e mais recentemente para o México

A visão da Nokia é a de um mundo em que todos possam estar ligados entre si (Connecting People)

O GÉNIO POR DETRÁS DA MARCA Desde que assumiu a liderança da empresa, o

novo presidente mundial da Nokia, Olli-Pekka

Kallasvuo, conhecido simplesmente por OPK,

vive sob a sombra de Jorma Ollila, uma fi gu-

ra histórica na NOKIA. Como CEO, de 1990 a

2006, comandou a transição da empresa do

seu pior momento para a sua época de gló-

ria. Sucedeu a Kari Kairamo, responsável pela

trágica gestão da empresa nos anos 80. Uma

época de expansão indiscriminada para novos

campos, principalmente por meio de aquisi-

ções. O resultado da dispersão de receitas foi

a maior crise da história da empresa, que cul-

minou com o suicídio de Kairamo, em 1988,

e com a venda das unidades de televisores e

computadores pessoais. Coube a Jorma Olli-

la, corajosamente, estreitar o foco em tele-

comunicações, uma área então defi citária na

empresa. Essa decisão temerária deu origem

à Nokia que hoje se conhece. O seu sucesso

naturalmente chamou a atenção do mundo

corporativo e o seu “passe” acabou parcial-

mente comprado, no ano passado, pela Shell.

Desde então, acumula os cargos de presiden-

te dos conselhos de administração das duas

empresas.

A revolução digital tem um potencial para acelerar o acesso daqueles que têm tradicionalmente sido excluídos do saber, da informação e dos mercados.

só para gurus!A empresa lançou recentemente um pro-

grama para reconhecer e afi liar os usu-

ários que conhecem melhor a marca. O

Nokia Guru reunirá consumidores que

possuem conhecimento sobre as soluções

da empresa. O objectivo de cada guru será

actuar como frente de relacionamento da

marca nas plataformas de comunicações

social global (Orkut, fóruns, e-groups,

Yahoo respostas, Twitter, blog pessoal,

etc). Esta troca de experiências com ou-

tros consumidores será recompensada.

Após ter a solicitação aprovada, o guru re-

ceberá um selo que será usado no seu blog

pessoal, site, comunidade ou fórum para

servir de identidade. A cada solução apon-

tada, dúvida resolvida ou suporte dado

são contabilizados 100 pontos. Todos os

meses, os três primeiros vencedores são

premiados com aparelhos e acessórios

Nokia. Desta forma, a gigante fi nlandesa

tenta criar uma comunidade de contactos

ainda maior em torno dos seus produtos,

estimulando os usuários a ajudarem-se

uns aos outros e a produzirem conteúdos

espontâneos sobre a marca

48 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS

O VALOR Segundo a consultora britânica InterBrand,

somente a marca Nokia está avaliada em

US$ 35.94 biliões, ocupando a posição de

número 5 no ranking das marcas mais valio-

sas do mundo. Além disso, a Nokia é a 88ª

maior empresa do mundo de acordo com a

Fortune 500 de 2008

Os três “C” da inclusão:Conectabilidade - quem não se pode conectar está excluído da Sociedade de Informação;Capacidade – é preciso poder compreender a informação;Conteúdos – a maioria dos con-teúdos são escritos em inglês

EMPRESA DO FUTURO A mudança da Nokia em direcção à web coin-

cide rigorosamente com a ascensão de OPK à

presidência da empresa, em Junho de 2006. O

mesmo deu início a uma frenética temporada

de aquisições de empresas de internet. Já em

Agosto, investiu US$ 60 milhões na compra

da distribuidora de música on-line Loudeye.

Na sequência, adquiriu a Gate5, uma peque-

na empresa alemã de software de navegação

com GPS. O ataque foi retomado no ano se-

guinte, em Julho, com a compra do Twango,

um pequeno site de partilha de fotos e víde-

os. Criado em 2004 por cinco ex-executivos da

Microsoft, o portal tinha somente dez funcio-

nários, mas, apesar de pequeno, era possivel-

mente o único realmente multimédia do seu

sector. A mais recente aquisição foi a da ame-

ricana Avvenu, especializada em partilha de

arquivos. Como uma espécie de cereja nesse

bolo de parcerias, a Nokia assinou um acordo

com a Microsoft para que versões de serviços

como Hotmail e Messenger sejam carregados

nos aparelhos da sua Série 60 de telemóveis

inteligentes. Também anunciou uma parce-

ria com a Universal Music, que permitirá aos

clientes da empresa o downdload gratuito e

ilimitado de músicas pelo período de um ano.

Ao todo a Nokia já gastou mais de US$ 10 bi-

liões em aquisições de empresas de tecnolo-

gia e Internet. Porém a mais nova aposta da

empresa atende pelo nome de Ovi (porta em

fi nlandês). Trata-se de um portal onde fi ca-

rão hospedados uma infi nidade de produtos

como álbum de fotos, música, biblioteca de

livros, etc, capazes de se comunicar com o te-

lemóvel, o laptop e o computador pessoal do

usuário. Basta arrastar os ícones com o mou-

se. O acesso é totalmente gratuito, usando

uma única senha.

LOJAS-CONCEITO A empresa decidiu, em 2005, abrir algumas

das chamadas Lojas-Conceito em determina-

dos países para que o usuário pudesse “de-

gustar” toda a linha de produtos e acessórios,

tirar dúvidas sobre o seu funcionamento e,

claro, comprá-los. A estratégia era gerar uma

experiência de mobilidade com os produtos e

serviços da Nokia. A primeira delas foi aber-

ta em Moscovo e hoje já existem outras lojas-

conceito da marca em Londres, Helsínquia,

Nova Iorque, Cidade do México e Shangai.

Neste tipo de loja, o consumidor tem acesso

a demonstrações de experiência móvel, en-

globando música, navegação, vídeo, imagens,

Internet e jogos. Cada aparelho em demons-

tração está conectado à Internet por uma rede

WiFi e equipado com acessórios, como caixas

de som, fones de ouvido, telas de LCD, im-

pressoras fotográfi cas e laptops. Uma área da

loja é dedicada a palestras, cursos, eventos e

capacitação personalizados.

49 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

sabia que… A Nokia é a maior empresa da Finlândia, responsável por um terço

do valor de mercado da Bolsa de Valores de Helsínquia, correspon-

dente a cerca de 3.5% do PIB e quase um quarto das exportações do

país. No ano passado, pela primeira vez na história, a facturação da

empresa superou o orçamento nacional do país

A HISTÓRIAA história da Nokia começou em 1865, quan-

do o engenheiro de mineração Fredrik Ides-

tam fundou uma fábrica de celulose na cidade

de Tampere, no sudoeste da Finlândia, logo

transferida para o município vizinho de Nokia e

baptizada Nokia Wood Mills, localizada às mar-

gens do rio com o mesmo nome. A partir daí,

a empresa teve um crescimento meteórico, e

pouco depois da I Guerra Mundial, a empresa

fundiu-se com a Finnish Cable Works, fabri-

cante local de telefones e cabos telegráfi cos,

fundada em 1898. Era o embrião do que, em

1967, se transformaria na Nokia Corporation,

um conglomerado produtor de papel, bicicle-

quem inventou o telefone?Alexander Graham Bell (1847-1922), físico

escocês, realizou a primeira experiência com

o telefone em 1876 na Filadélfi a, Estados Uni-

dos. Nesse mesmo ano por intermédio do seu

advogado, solicitou a patente do invento que

chamou de “telefone eléctrico falante”. Após

patentear o invento, Bell apresentou-o nu-

ma exposição na Filadélfi a. O invento gerou

muita curiosidade e interesse e fez com que

Graham Bell fosse premiado. Antes dele, ou-

tros inventores tentaram transmitir a voz hu-

mana via electricidade, porém sem sucesso.

No telefone primitivo, havia uma manivela

que ao ser girada produzia a corrente necessá-

ria para a sinalização na central. A invenção

de Graham Bell evoluiu tanto que hoje po-

demos comunicar com pessoas em qualquer

lugar do mundo, estando as mesmas num

lugar fi xo ou em deslocação (via telemóvel).

Razão pela qual, o telefone ajuda a aproximar

pessoas e minimizar distâncias. Ideia a que a

Nokia se associou através do seu célebre slo-

gan “Connecting People”

curiosidade De onde vem o nome Nokia? Na verdade esse

é o nome de um pequeno mamífero que habi-

ta a região na qual estão localizados o rio e a

cidade onde está a sede principal da empresa

tas, pneus, botas de borracha, computadores,

cabos, televisores e dezenas de outros itens.

Os primeiros passos para uma grande mudan-

ça nos rumos da empresa tiveram início na

década de 60, com o nascimento do departa-

mento de electrónica da Nokia que tinha como

principal objectivo pesquisar rádiotransmissão.

A tecnologia da empresa para comunicação via

rádio foi aproveitada, a partir da década de 80,

para o desenvolvimento de telefones sem fi o.

O pioneiro foi o Mobira Senator, lançado em

1982, como equipamento para automóveis,

que pesava 9,8 quilos. Cinco anos depois, saiu

o Mobira Cityman 900, para muitos, o primeiro

telefone realmente portátil: pesava 800 gra-

mas e custava o equivalente a US$ 6.150 nos

dias de hoje. Nas décadas seguintes, os produ-

tos de infra-estrutura dos telefones móveis e

de telecomunicações chegaram aos mercados

internacionais, e nos anos 90, a Nokia já era

uma das líderes mundiais em tecnologia de

comunicação digital (em 1998 vendeu cerca de

40 milhões de telefones celulares, tornando-

se a empresa número 1 no mundo nessa cate-

goria, ultrapassando a Motorola). Observando

o mercado agora, é fácil esquecer que a Nokia

nem sempre foi dominante. Em meados dos

anos 90, a Motorola dava as cartas no merca-

do, desfrutando o enorme sucesso do telemó-

vel StarTac. Silenciosamente, porém, a Nokia

iniciava a sua ofensiva, adicionando elementos

inovadores de design aos telefones, na forma

de capas substituíveis e diferentes ringtones

(toques). Mais importante, começou a operar à

escala global, lançando mais modelos num nú-

mero cada vez maior de países. Os fi nlandeses

apostaram cedo no desenvolvimento de pla-

taformas básicas para celulares, a partir das

quais é possível produzir variações de produtos

com grande economia de escala. Actualmente

a NOKIA, além de ser um gigante, está a mu-

dar a forma como as pessoas se comunicam.

As suas próximas apostas foram apresenta-

das, no fi nal de 2007, aos mercados, a come-

çar pelo europeu: a loja virtual de música Nokia

Music Store, os novos jogos para telemóvel da

série N-Gage e a linha de aparelhos que nave-

gam na Internet criados para concorrer com o

iPhone da Apple. E ainda provoca a poderosa

empresa americana: “Quando eles lançaram o

iPhone, conseguiram uma publicidade sensa-

cional, tudo para vender 270 mil aparelhos em

dois dias”, diz o inglês Mark Selby, vice-presi-

dente mundial de vendas da empresa. “Isso é

mais ou menos o número de telemóveis que

vendemos em seis horas”. Há poucas compa-

nhias com a marca, o alcance e a tecnologia

necessários para liderar a convergência digital.

A Nokia é uma delas.

A febredo telefoneportátilO telemóvel entrou no mercado nacional no início desta década e a adesão foi tão intensa, que este pequeno aparelho, que permite contactar com os outros em qualquer ponto do país ou do mundo, já faz parte do dia-a-dia dos angolanos. Com 7,5 milhões de utilizadores, Angola é um dos países africanos com maior potencial de crescimento na procura das comunicações móveis.

Ninguém dispensa o uso do telemóvel e pou-

cos imaginam a sua vida sem ele. Em 2006,

apenas em Luanda, 25 por cento dos seus

habitantes, com mais de 15 anos já possuía

telemóvel e 80 por cento manifestava inte-

resse em adquiri-lo, a curto prazo. Esse dese-

jo concretizou-se e, em três anos, o número

de vendas aumentou 600 por cento, ou seja,

em cada cem habitantes, 44 utilizam o tele-

móvel e um em cada cem possui telefone fi -

xo. As estatísticas revelam que até Dezembro

de 2009, estes números deverão crescer.

A Unitel, unidade internacional da Portugal

Telecom, é a maior operadora nacional, com

cinco milhões de utilizadores. Os restantes

2,5 milhões de usuários são clientes da Mo-

vicel. De acordo com as declarações do direc-

tor do Instituto Nacional das Comunicações

(Inacom), Domingos Pedro António, actual-

mente existem 7,5 milhões de angolanos que

não dispensam o telemóvel. O crescimento

foi tão extraordinário que apenas em 2005,

o número de habitantes rendidos ao pequeno

aparelho eram pouco mais que um milhão. No

âmbito das comunicações fi xas também se

regista um acréscimo signifi cativo. Em 2005,

os clientes do telefone fi xo eram cerca de 94

mil. Hoje, a “Angola Telecom”, empresa esta-

tal que controla a rede básica de telecomu-

nicações nacionais, atende mais de cem mil

clientes. Em 16 milhões de habitantes, 200

mil possuem rede fi xa. O presidente da Ina-

com classifi ca como positiva a evolução dos

serviços de comunicações no país, pois veri-

fi ca-se uma “crescente tendência de adesão

dos cidadãos”.

UNITEL É LÍDERParticipada pela Sonangol e Portugal Tele-

com, a Unitel é a principal operadora móvel,

detentora do maior número de clientes. Fun-

dada em 1998, começou a operar no merca-

do em 2001. No último ano, a empresa deu

inicio a uma acção de rejuvenescimento dos

seus quadros, de forma a garantir o seu de-

senvolvimento sustentado. O recrutamento

de jovens estudantes e licenciados tem sido

uma das medidas, permitindo alcançar os 70

por cento de colaboradores com menos de 30

anos. O ritmo de crescimento da operadora 92

tem sido constante e consolidado, pelo que

em 2007 possuía três milhões de clientes, su-

bindo para quatro milhões em 2008 e cinco

milhões até ao início do primeiro semestre

50 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

| patrícia alves tavares SOCIEDADE

51 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

Top das marcas mais

comercializadas

1. Nokia

2. Motorolla

3. LG

4. Samsung

5. Alcatel

6. Siemens

7. Sony Ericson

8. ZTE

9. Huawei

10. HTC

deste ano. O volume de negócios da entida-

de é proporcional ao crescimento de clien-

tes, o que levou a operadora a anunciar que

o seu novo plano de investimento, que ron-

da os dois biliões de dólares, será repartido

entre a criação de novas infra-estruturas e de

novos serviços, bem como na formação e re-

crutamento. Para os próximos tempos, está

em curso um plano para cobrir os 168 municí-

pios do país, de forma faseada. Aliás, a maior

operadora angolana vai investir 1,2 milhões

de euros nos próximos quatro anos para me-

lhorar as infra-estruturas e expandir a sua

rede, que deverá cobrir todo o território até

2012. A pensar no CAN, a Unitel volta a estar

na vanguarda e lança o serviço de televisão

no telemóvel, dispondo três canais nacionais,

que aderiram ao projecto: a TPA 1 e 2 e a TV

Zimbo. Os clientes da operadora 92, que pos-

suem aparelhos 3G, podem ver televisão em

tempo-real, tendo a possibilidade de assistir

aos jogos do CAN em qualquer ponto do país

e a partir do telefone móvel. “Isto constitui

um facto inédito no mundo das telecomuni-

cações em Angola”, salientou o director de

investimentos internacionais da Unitel, Hen-

riques da Silva. Durante a última edição da

Filda, a operadora apresentou ainda o portal

Wap, que dá a possibilidade de fazer down-

loads de música e imagens, dando a opor-

tunidade a “outras empresas que produzem

conteúdos de participarem no projecto”.

A pensar no CAN, a Unitel lança o serviço de televisão no telemóvel, dispondo de três canais nacionais: a TPA 1 e 2 e a TV Zimbo

MOVICEL APOSTA NA INOVAÇÃODistinguiu-se ao tornar-se na primeira opera-

dora africana a instalar nos seus produtos o

sistema CDMA (Acesso Múltiplo por Divisão

de Código) com tecnologia de Terceira Gera-

ção (3G). A operar no mercado nacional des-

de 2002, a Movicel lançou em 2007 o 3G, que

permitiu aos clientes transmitir dados a alta

velocidade, à semelhança do que ocorre no es-

trangeiro. A nova tecnologia permitiu ainda

atender um maior número de utilizadores na

mesma faixa de frequência, oferecendo trans-

missão de voz e dados à velocidade de banda

larga. No mesmo ano, a empresa lançou-se no

mercado das telecomunicações, ao apresen-

números

› 7,5 milhões de utilizadores de telemóvel

› 5 milhões de clientes são da Unitel

› 2,5 milhões de clientes são da Movicel

› 200 mil usuários da rede de telefone fi xo

› 5,7 mil milhões de dólares em vendas

de telemóveis, em 2015

› 600 por cento foi o aumento registado

nas vendas (2006-09)

FONTE: INACOM, UNITEL E MOVICEL

tar o novo conceito de acesso à Internet, atra-

vés da Banda Larga, o Movinet. A operadora 91

tem-se evidenciado ao nível dos preços, uma

vez que foi a pioneira a comercializar telemó-

veis a custos abaixo de valores equivalentes a

cem dólares americanos. A Movicel assumiu-

se no mercado através das campanhas Kila-

pi e Gingongo, do serviço ‘Liga-me’ e o ‘Saldo

Móvel’. Recentemente, a operadora esteve

presente na Filda/ 2009, onde anunciou os

novos produtos, de modo a proporcionar no-

vas opções de comunicações aos usuários.

Recorde-se que a instituição foi comprada em

2008 pela ZTE, que é o segundo maior fabri-

cante de equipamentos de telecomunicações

móveis na China. A pensar já na próxima déca-

da, a empresa lançou o “Cartão Taco 50 UTT”,

o “Plano Movinet no Telemóvel”, a “Movinet

Zone”, o “Roaming Movicel no Mundo” e os

pacotes de “Mensagens Escritas”. O evento

serviu ainda para demonstrar os telemóveis

de terceira geração, que estarão brevemente

no mercado. Este ano, a facturação global de

todos serviços da Movicel é de mais de 300

milhões de dólares americanos.

A Movicel assumiu-se no mer-cado através das campanhas Kilapi e Gingongo, do serviço ‘Liga-me’ e o ‘Saldo Móvel’

‘BOOM’ A PARTIR DE 2010O mercado das comunicações móveis sofrerá

um impulso já no próximo ano. O valor do mer-

cado deverá quadruplicar até 2015. Quem é o

diz é um estudo da consultora Frost & Sullivan,

que adianta ainda que não é só o consumo que

vai crescer. A concorrência também deverá au-

mentar, com a provável atribuição de uma ter-

ceira licença móvel, em 2010. “Este facto vai

aumentar o nível de concorrência entre os ope-

radores e os revendedores de serviços”, desta-

ca a analista Sílvia Venter. A consultora refere

igualmente que Moçambique deverá sofrer o

mesmo impacto tecnológico, encontrando-se

a par de Angola, em termos de explosão ao ní-

vel de construção de infra-estruturas, desde

as estradas até às telecomunicações. A em-

presa Frost & Sullivan prevê que o volume de

vendas nacional poderá ascender dos 1,26 mil

milhões de dólares (em 2008) aos 5,7 mil mi-

lhões de dólares, em 2015. “Este mercado vai

ter signifi cativos níveis de crescimento nos

próximos sete anos, bem como melhorias das

infra-estruturas, que vão colocar o país como

um dos mais desenvolvidos de África”, corro-

bora a analista.

A concorrência também deverá aumentar, com a provável atribuição de uma terceira licença móvel, em 2010

SOCIEDADE

governo aposta na tecnologiaO plano de acção governamental para este ano dá especial enfoque à área das novas tecnologias, tendo como princi-pais objectivos ampliar o acesso da popu-lação aos serviços de telecomunicações de qualidade e modernizar a rede básica em todas as regiões. Para tal, o ministé-rio das Telecomunicações tem como me-tas a implementação de 2,64 milhões de terminais da rede fi xa e seis milhões de terminais da rede móvel. Por outro lado, pretende alcançar 370 mil subscritores de Internet e conquistar uma taxa de te-ledensidade fi xa de seis por cento e mó-vel de 42 por cento

Unitel • 3G

• Roaming no estrangeiro (117 países)

• MMS

• Pacotes avançados 3G

• Serviço Wap

• Televisão no telemóvel

• Participação no primeiro satélite angolano e cobertura do país em

fi bra óptica

Movicel • 3G

• Movinet (acesso à Web em banda larga,115 países)

• Liga-me’

• ‘Saldo Móvel’

• Cartão Taco 50 utt

• Plano Movinet no telemóvel

• Movinet zone

• Roaming Movicel

SERVIÇOS U NITEL E MOVICEL

COMBATER A FRAUDEApesar das seis operadoras de rede fi xa (An-

gola Telecom, O Mundo Startel, a MSTelecom,

a Nexus e a Wezacom), esta tem baixa ade-

são, sobretudo quando comparada com a mó-

vel que tem tido um crescimento acelerado.

Esta última gera maior preocupação, devido

às constantes denúncias de fraude no sector.

Assim, a empresa de telecomunicações e mul-

timédia Angola Telecom está empenhada em

liderar o combate à fraude, para tentar evitar

as incalculáveis perdas fi nanceiras a que tem

assistido, por causa dos ‘piratas’ não identifi -

cados que se apoderam das infra-estruturas e

redes, com o intuito de prestarem serviços por

conta própria. A companhia está a criar meca-

nismos tecnológicos, que lhe permitam detec-

tar fraudes na rede. A outra medida prende-se

com a criação de uma associação nacional de

luta contra o fenómeno, que coloca a rentabi-

lidade do sector em risco. Por outro lado, está

a ser estudada a implementação de um gru-

po regional de combate anti-fraude para con-

trolar e desmantelar os grupos prevaricadores

e para que se proceda à troca de informação

entre os respectivos membros. Uma nova le-

gislação é outra das soluções propostas pela

entidade, apelando a que se altere a actual lei

que não regula os crimes contra as telecomu-

nicações. O administrador da Angola Telecom

afi rma que a maioria dos usurpadores da re-

de, que benefi ciam dos serviços sem pagar e

vendem chamadas, é proveniente do Senegal,

Mali, Índia, Portugal e RD Congo, que actuam

na província de Luanda.

APOSTA NAS TECNOLOGIASO desenvolvimento será sustentado pelo in-

vestimento de empresas internacionais em

Angola, contribuindo para um aumento da

procura de vários tipos de serviços, particular-

mente na área das telecomunicações. Este ano

a Angola Telecom adjudicou à empresa chinesa

ZTE o projecto de expansão e modernização da

rede de telecomunicações da zona leste. O in-

vestimento estatal de 102 milhões de dólares

abrange as províncias de Malanje, Zaire, Bié,

Moxico, Cuando, Cubango e Lundas Norte e Sul.

A data de conclusão está marcada para 2010.

O plano abarca a instalação de novas redes de

acesso de cobre e sem fi os (3276 quilómetros

de fi bra óptica e seis mil linhas telefónicas),

permitindo a instalação de 1392 linhas VSAT,

761 de Internet em banda larga (ADSL) e de 13

mil linhas fi xas sem fi o (CDMA).

Angola será dotada de rede de fi bra óptica, que deverá estar operacional em todas as capitais do país dentro de três anos

SATÉLITE EM 2012Angola será dotada de rede de fi bra óptica, que

deverá estar operacional em todas as capitais

do país dentro de três anos. Empenhado em

não perder o comboio do progresso tecnológi-

co, o ministro da Telecomunicações e Tecno-

logia de Informação, José da Rocha, anunciou

que o Governo está a unir esforços no senti-

do de interligar o país através da nova rede. A

fi bra óptica consiste num meio de transmis-

são, que utiliza o sinal através de uma rede de

telecomunicações de alta tecnologia de nova

geração. Para o mesmo ano, está prevista a

construção do primeiro satélite do país. O pro-

jecto conta com a participação da Unitel, que

pretende depender cada vez menos desta in-

fra-estrutura. O acordo para o primeiro saté-

lite nacional foi assinado recentemente entre

Angola e Rússia e compreende um emprésti-

mo de 213,5 milhões de euros.

52 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

129 · ANGOLA’IN |

A cólera pode ocorrer em cidades, que apre-

sentem uma estrutura efi caz de tratamento

de águas e esgotos. No entanto, geralmen-

te afecta os habitantes das regiões caren-

tes, onde o saneamento básico é inadequado

ou simplesmente não existe. Os riscos de

contrair a doença são menores para quem

mora em zonas detentoras de estações de

tratamento de águas residuais, que estão

mais vulneráveis à ingestão de alimentos, que

podem chegar contaminados da origem, algo

que exige cuidados higiénicos na sua prepara-

ção. Quando uma cidade não possui as infra-

estruturas adequadas, o contágio pode dar-se

através da ingestão de água imprópria.

EPIDEMIA MUNDIALA doença é responsável por seis pandemias

entre 1817 e 1923. A actual faz subir o número

para sete e desencadeou-se na Indonésia, em

1961, causada pelo biótipo El Tor. Entretanto,

Águas arriscadasÉ uma das infecções que mais mata nos países subdesenvolvidos, nomeadamente africanos. As crianças são as mais vulneráveis a uma bactéria que se transmite essencialmente através da ingestão de água ou alimentos contaminados. As defi cientes infra-estruturas existentes no continente são as principais responsáveis da cólera. Em Angola, o pior já passou, apesar de desde Janeiro terem registado mais de mil casos. A melhoria das condições de vida tem contribuído para uma redução da incidência do vírus.

alastrou-se a outros países na Ásia, Médio

Oriente, África (70 por cento dos casos de-

tectados mundialmente) e Europa, acaban-

do por atingir a América do Sul, em 1991. No

ano seguinte, na Índia o vírus sofreu uma

mutação, em que o V. cholerae O139 atingiu o

Paquistão, o Bangladesh e a China. Já no caso

do Brasil, a cólera surgiu na região amazó-

nica, registando-se actualmente casos em

todas as zonas do país. Os países africanos,

devido às parcas condições de higiene, resul-

tantes dos confl itos, guerras e atraso no de-

senvolvimento sócio-económico, são as mais

atingidas. Recorde-se recentemente o ata-

que de cólera que tem dizimado centenas de

vidas no Zimbabué. A bactéria é endémica

em vários países e esporadicamente ocorrem

surtos, devido às inadequadas ou inexisten-

tes infra-estruturas de saneamento básico. A

probabilidade de transmissão também varia

dentro de um país, em que podem existir

diferentes graus de risco entre regiões e dife-

rentes bairros de uma cidade.

ZIMBABUÉ E MOÇAMBIQUE EM RISCOCatorze milhões de habitantes lutam com to-

das as armas para travar o fl agelo da cólera,

que afecta a zona da África Austral. O Zimba-

bué é o mais afectado, que se vê confrontado

com uma epidemia que teve início em Agosto

de 2008 e já fez mais de vinte mil vítimas e

infectou outras tantas. A rápida propagação

deve-se à reduzida capacidade das autorida-

des zimbabueanas para combater o surto e

ao facto da maioria da população continuar

a beber água imprópria e não ter cuidados de

higiene. Apesar dos últimos números aponta-

rem que o pico já passou, está a alastrar-se

para países vizinhos. O Governo moçambica-

no divulgou recentemente que apenas entre

Janeiro e Março, a doença matou 112 pessoas,

contaminando 12.262 habitantes. As zonas de

Cabo Delgado e Nampula são as mais afecta-

das. Actualmente, as autoridades sanitárias

actuam em duas frentes: evitar ao máximo os

óbitos e intensifi car as acções de prevenção.

CHEIAS LANÇARAM O PÂNICOAté Junho deste ano, as autoridades sanitá-

rias angolanas registaram 1.250 casos de cóle-

ra em todo o país, tendo ocorrido 35 óbitos. De

acordo com informações do Centro de Proces-

54 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE | patrícia alves tavares

55 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

Cólera em Números

Caso angolano:

2009 › 1250 casos e 35 óbitos

(dados até Junho)

2008 › 10.540 casos e 249 óbitos

2007 › 18.390 casos e 515 óbitos

2006 › 67.256 casos e 2.773 óbitos

Fonte: CPDE da Direcção Nacional de Saúde Pública

o que é a cólera?É uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio Cholerae), uma bactéria que se mul-

tiplica rapidamente no intestino humano, produzido uma toxina que provoca diarreia in-

tensa. O vírus afecta apenas os seres humanos e a transmissão ocorre através da ingestão de

água ou alimentos contaminados. Na maioria dos casos, a infecção é assintomática (cerca

de 90 por cento) e caracteriza-se por diarreias de pequena intensidade. Em algumas situa-

ções, pode ocorrer diarreia aquosa profusa de instalação súbita, que é a mais fatal.

quais os sintomas?O período de incubação da doença é de cerca de cinco dias. A partir daí, surgem os primei-

ros sintomas, que se manifestam através de diarreias. As perdas sem reposição de água dão

lugar a vómitos, cólicas, aumento da frequência cardíaca, choque e insufi ciência renal.

quais os riscos?A cólera é uma doença de transmissão fecal-oral. A propagação directa entre pessoas é mí-

nima. O principal risco é através da água e alimentos contaminados, nomeadamente, por

fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. A taxa de ataque da cólera, mesmo em

grandes epidemias, raramente ultrapassa os dois por cento da população.

como se previne?Existe uma vacina, que só é recomendada em casos muito especiais. Tem uma efi cácia de

cerca de 50 por cento e a sua duração protectora não ultrapassa os seis meses.

samento de Dados Epidemiológicos (CPDE) da

Direcção Nacional de Saúde Pública, tem-se

assistido a uma diminuição acentuada do nú-

mero de casos em Angola, uma vez que em

igual período de 2008, as estatísticas aponta-

vam já para cinco mil casos e 125 mortes, cau-

sadas pela bactéria. As cheias que atingiram

o país no início do ano ainda fi zeram temer o

pior. A zona do Cunene foi a mais fustigada,

levando a Protecção Civil a recear um aumento

dos casos de cólera. O Ministério da Saúde e

a Cruz Vermelha tomaram as medidas neces-

sárias, enviando para o local medicamentos,

material e equipas médicas. Porém, o cenário

não se concretizou e o alerta de epidemia não

passou disso mesmo. Ainda segundo a aná-

lise dos anos anteriores, ao longo de 2008, o

país teve 10.540 casos de cólera e 249 óbitos.

Os números indicam que de facto o fl agelo

que atinge a maioria da sociedade angolana

tem sofrido uma recessão ao longo dos últi-

mos anos. Para tal, tem contribuído em gran-

de escala a resposta adequada das unidades

de saúde face aos surtos e ao melhoramento

das actividades de vigilância epidemiológica.

EVOLUÇÃO FAVORÁVELA mobilização social, através das campanhas

de informação e educação para a saúde são

um dos factores que têm contribuído para o

controlo da doença e decréscimo do grau de

incidência. Por outro lado, a distribuição de

água potável às comunidades, que se encon-

tram em zonas de difícil acesso, bem como de

medicamentos às unidades de saúde (inclusi-

ve as mais longínquas) tem sido decisiva no

combate à cólera. A distribuição de água potá-

vel, efectuada por camiões cisternas, perten-

centes à administração municipal da Maianga,

tem tido um peso importante na redução de

novos focos da doença, especialmente na área

de circunscrição. Para Maria José, chefe da re-

partição da saúde em Luanda, a implementa-

ção do poder local e a criação de bases para a

distribuição de água aos munícipes são decisi-

vos na erradicação da epidemia.EMPENHO POR UMA CAUSAMarcelina da Costa, responsável pelo centro

de cólera do Hospital Central do Bié, anunciou

que a unidade tem apostado em palestras

nas zonas rurais para motivar a população

local a redobrar os cuidados na prevenção da

doença. No primeiro semestre deste ano, no

Bié apareceram dois casos em toda a provín-

cia, o que levou a responsável a enaltecer o

empenho da Direcção Provincial de Saúde e

do Hospital Central, responsáveis pelo abas-

tecimento antecipado de medicamentos e

pela colaboração na execução das actividades

do centro. Em Huíla, a Repartição Municipal

de Saúde está a oferecer às famílias litros de

lixívia para desinfectarem as águas, incenti-

vando ainda os benefi ciários a participarem

numa acção de sensibilização e formação so-

bre as causas da doença e o modo de preven-

ção e respectiva contenção. A acção englobou

ainda a distribuição de água potável, recipien-

tes para conservação de 20 litros da mesma e

pacotes de soro de hidratação. Estas ofertas

contaram com a colaboração da Unicef, Cruz

Vermelha e Direcção Provincial das Águas.

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| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA56

GRANDE ENTREVISTA

a voz da diásporaNaturais de Luanda, Pétio, Eurice, Druvaldo e Esperança são quatro jovens talentos, iguais a tantos outros, que acalentam o desejo de um dia regressar a Angola e contribuir para o progresso do seu país. Integram a Associação de Estudantes Angolanos em Portugal, núcleo do Porto, e encontram-se actualmente a frequentar o Ensino Superior. Num discurso directo, exclusivo para a Angola’in, desvendam certezas e tecem comentários sobre a nova geração de mwangolés que se destaca diariamente além-fronteiras. Palavras sentidas, no fogo de uma conversa que se estendeu tardiamente, por entre risos e confi ssões marcadas pela saudade da terra. Uma nova diáspora nasce hoje para dar voz ao angolano do futuro. Como se diz em Quimbundo: “Malembe, malembe” (devagar se vai ao longe!).

ESTÓRIAS DO PASSADO, IMPULSOS PARA O FUTURO

NOVA GERAÇÃOPétio Juarez – ‘Os nossos pais cresceram

no período do colonialismo e posteriormente

num clima de instabilidade do próprio país.

Seguindo esse raciocínio, é natural que, pelas

difi culdades que passaram, não tenham tido

a possibilidade de perceber e aprender aquilo

que a nossa geração tem oportunidade de fa-

zer e alcançar. Hoje em dia, os jovens angola-

nos valorizam a paz porque foi uma conquista

dos nossos pais. Parte do que somos hoje é

aquilo que eles sonharam e queriam ser, caso

tivessem tido a capacidade de estudar como

nós temos actualmente. Tenho a certeza que

se tivessem tido essa oportunidade fariam

aquilo que nós hoje nos predispomos fazer.

Em termos de geração a nossa é diferente,

mas se formos a analisar sentimos, porque o

tempo é cíclico, que os jovens actuais voltam a

ser aquilo que os nossos pais eram. Talvez por

isso não sei se haverá assim tanta diferença

ou se pelo contrário vivemos com uma capa.

Sentimos, cada vez mais, um apelo à cultura

angolana, que considero importante não per-

der. O país muda, mas deve manter intacta a

sua própria identidade e é isso que a maioria

dos jovens sente’.

Druvaldo Teixeira – ‘É importante qualquer

cidadão conhecer a sua identidade, saber de

onde veio, onde está, como chegou a esse mo-

mento e para onde vai e é nesse sentido que

digo que é fundamental olhar para o passado.

É enriquecedor qualquer pessoa reconhecer os

motivos que fi zeram a sua História’.

‘Para um país ter estabilidade tem de cumprir ao máximo os princípios e os direitos democráticos’

ALÉM-FRONTEIRASPétio Juarez – ‘Considero que ainda temos

muitos passos a dar enquanto país. Fala-

mos em Angola como uma importante nação

emergente a nível mundial, mas essa análise é

realizada tendo em conta, muitas vezes, ape-

nas os factores económicos. A meu ver, por

exemplo, só se estão a criar agora as condi-

ções necessárias para a redistribuição do ren-

dimento, para a educação da população, etc.

| manuela bártolo

Da esquerda para a direita: Esperança Cafumana, Pétio Penelas de Barros, Eurice dos Santos, Druvaldo Teixeira

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 57

Desenvolvimento não é só ter crescimento,

um PIB elevado, um Superávit todos os anos,

é sim fundamental ter essa riqueza distribuí-

da. Angola, que é um país como se sabe com

poucos anos de paz, só agora é que vai come-

çar a dar os primeiros passos. Existem provín-

cias que sofreram demasiado com a guerra

e as pessoas sabem que demora. O contex-

to diz tudo. As diferenças sociais preocupam

todos os angolanos. Neste momento, toda a

sociedade, governantes ou não, está a dar o

melhor de si para desenvolver o país em ter-

mos de educação, saneamento básico e saú-

de, sectores que têm de estar minimamente

salvaguardados para que o país comece a dar

passos fi rmes para o desenvolvimento. As

eleições são, por exemplo, cruciais para esse

progresso porque não vale a pena termos leis

e a nível internacional as pessoas pensarem

que Angola tem uma governação fraca, sobre

a qual pairam dúvidas, porque não segue os

requisitos de transparência. A meu ver, é im-

portante termos um Governo fi rme para po-

dermos dar os passos que nós achamos fortes

e vindouros, razão pela qual haver eleições é

fundamental. Caso contrário, até podemos

caminhar e progredir, mas sempre com a má

imagem da comunidade internacional. Para

crescermos temos de partir dos pontos mais

básicos, como as eleições, no caso do ano pas-

sado as legislativas, este ano as presidenciais.

Para um país ter estabilidade tem de cumprir

ao máximo tudo aquilo que puder como os

princípios e os direitos democráticos. Angola

sempre serviu de exemplo para o mundo por-

que mesmo a viver durante décadas um clima

de instabilidade, o país nunca mostrou aquilo

que se passava nas suas 18 províncias e como

se sabe ocorreram muitos desastres, sobretu-

do ao nível ferroviário e viário. Foi um país pra-

ticamente destruído, se formos a comparar

com o Afeganistão ou o Iraque, mas que nun-

ca deixou transparecer para o exterior. Essa

posição não se tratou de uma mera questão

de orgulho. Apenas eu, assim como muitos

angolanos, achamos que não se deve estar

constantemente a mostrar tudo que é de mau

de Angola. É importante mostrar também o

que o país tem de bom, visto que, mesmo em

clima de guerra e sofrimento, tínhamos coisas

de que nos orgulhávamos. Senão vejamos,

mesmo no período de maior instabilidade, o

país, dentro do contexto africano, sempre foi

considerado um oásis para os estrangeiros.

Angola, por exemplo, não tem nenhum requi-

sito para se tirar um visto de entrada em que

venha escrito “vai, mas apenas sob a sua res-

ponsabilidade”. Angola sempre, mesmo com

a guerra, soube acolher e manter a segurança

para as pessoas que chegam ao país’.

‘O meu objectivo não é ganhar dinheiro, mas sim dar o contributo ao país, do qual espero uma remuneração justa’

FORMAÇÃO E EMPREGO

DENTRO DE PORTASPétio Juarez – ‘Hoje em dia Angola precisa,

cada vez mais, de quadros formados em di-

ferentes áreas. Para se aceder a uma melhor

qualidade de vida é preciso, sem dúvida algu-

A Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto é uma instituição sem fi ns lucra-

tivos que acolhe as várias gerações de jovens que passam pela cidade. O seu maior objectivo é

promover a cultura angolana no exterior, bem prestar apoio em diferentes níveis ao associado.

Actualmente, existem três tipos de associados: o extraordinário, o ordinário e o honorário. To-

dos devem reconhecer os seus direitos e deveres e apoiar o bom funcionamento dos vários de-

partamentos da associação. Um dos principais é o Departamento Académico e de Acção Social,

que ajuda o jovem estudante a traçar linhas directas para atingir as metas a que se propôs. Nes-

se sentido, este organismo disponibiliza informação ao nível da formação profi ssional, cursos

superiores, estágios de acesso a empresas e workshops, assim como convida os jovens associa-

dos a participar em diversos convívios culturais. A instituição oferece ainda um espaço lúdico

e cultural, que facilita o acesso à internet, livros, jornais e revistas do país e promove acções de

apoio junto daqueles que carecem de explicações. Este grupo pretende tornar-se cada vez mais

dinâmico, tornando-se uma referência na cidade para todos os jovens angolanos

ma, formação. No entanto, um dos factores

que considero mais importantes é o princípio

de rigor e equidade no acesso aos cargos das

empresas em Angola. É natural que tenha-

mos de estar abertos à concorrência das ou-

tras pessoas. Não devemos ser nacionalistas,

nem pôr isso muito patente, o que nós deve-

mos fazer é contribuir para o crescimento do

país, assim como todas as outras nacionali-

dades. Falando, por exemplo, em objectivos, o

meu objectivo não é ganhar dinheiro, mas sim

dar o contributo ao país, do qual, por sua vez,

espero uma remuneração certa e justa. Se eu

voltar a Angola com o objectivo de só ganhar

dinheiro, sinceramente não estarei a lutar pe-

lo seu desenvolvimento. É importante, a meu

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA58

GRANDE ENTREVISTA

ver, existir um sentimento de utilidade. Qua-

se todos queremos regressar ao país e ter um

papel importante a desenvolver. Sair de Ango-

la não é um privilégio, mas uma necessidade

que nós tínhamos’.

Eurice Dos Santos – ‘Tenho visto Luan-

da a mudar lentamente através de estradas

em melhor estado, prédios em construção de

maior qualidade, etc, e cada dia que passa is-

so é mais visível. É importante que esse de-

senvolvimento seja realizado por angolanos,

daí considerar necessária a questão da ango-

lanização dos quadros nas empresas’.

Druvaldo Teixeira – ‘Angola precisa de qua-

dros com qualifi cações. O país está-se a de-

senvolver e não há progresso apenas com

mão-de-obra desqualifi cada. Façamos um

breve exercício. Analisemos o facto de Luan-

da ser uma das cidades mais caras do mundo.

Bem sei que é uma fase do mercado, pela qual

o país está inevitavelmente a passar. Em con-

tabilidade costuma-se falar em justo valor que

é quando duas pessoas conhecedoras de um

bem sabem mais ou menos o valor do mesmo

e estão dispostas a negociar por determinado

preço. Agora, em relação aos preços pratica-

dos na capital, isso deve-se também um pou-

co à falta de formação das pessoas. Existem

muitas pessoas em Luanda que não têm essa

formação e não têm a capacidade de analisar

a situação, pelo que é isso que está a deses-

tabilizar o mercado e tem levado consecuti-

vamente à especulação imobiliária. Mas essa

especulação também tem o seu lado bom

porque hoje em dia já se vêem empresas dos

mais variados países e não só de Portugal a

irem para Angola à procura de quadros ango-

lanos para integrar nos seus quadros porque

fi ca bastante inviável ter de pagar despesas

de arrendamento e de habitação para manter

lá expatriados. Para subtrair nos custos, nem

tudo que aparentemente é mau o é na tota-

lidade. Acredito, por isso, que esta tendência

é passageira porque a situação irá concerteza

estabilizar’.

ÍCONES INTEMPORAIS

ONTEM, HOJE E SEMPREPétio Juarez – ‘Um ícone angolano é o José

Eduardo dos Santos. Quando falo de Angola

não estou a pensar logo nele, mas não gosto

de o esquecer porque ele conduziu o país des-

de sempre e acho que, se não o tivesse guiado

da forma que o fez, talvez muitos jovens da

minha geração nem sequer estariam aqui. Ou-

tra fi gura que admiro é o Bonga, pois as suas

músicas fazem-me regressar à terra. É a meu

ver um cantor de raiz, que não esquece as su-

as tradições e cultura. Considero importante

conciliarmos as nossas raízes à modernidade,

pois se esquecermos aquilo que é nosso e im-

plantarmos só o que é estrangeiro estaríamos

a perder a identidade angolana. Acho que vi-

vemos num concílio de cultura, mas os jovens

hoje em dia estão a perder um pouco isso. A

globalização torna as pessoas mais individu-

alistas e esquecem o que é viver em conjun-

to e sociedade. Angola, por exemplo, defende

muito em termos culturais a tradição da fa-

mília. Para nós o mais velho é um ancião e é

muito importante. Na comuna em que se vive,

para tomarmos alguma decisão temos de o

consultar. Na modernidade são os nosso pais

e respeitamos muito a sua opinião. Realidade

que hoje se tem vindo a perder’.

Eurice Dos Santos – ‘A ilha de Luanda e a

música de Rui Mingas são para mim dois íco-

nes importantes do país. Aqueles que me fa-

zem sonhar e querer sempre regressar’.

Esperança Cafumana – ‘Agostinho Neto e

os seus poemas. Para mim são muito cativan-

tes e descrevem na perfeição o que é se sentir

angolano’.

Druvaldo Teixeira – ‘Pepetela, sem dúvida.

Um ilustre representante angolano, prémio

da lusofonia, que permite encontrar parte de

Angola em todos os seus livros’.

raio-x

• Pétio Juarez Penelas de Barros, 28 anos,ISPGAYA (Instituto Superior Politécnico Gaya), estudante do curso de Engenharia Informática e presidente da Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto;

• Eurice Luís Carvalho Dos Santos, Uni-versidade Lusíada do Porto, estudante do 3º ano do curso de Arquitectura;

• Druvaldo Fernando dos Santos Teixei-ra, 20 anos, ISCAP (Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Por-to), estudante do curso de Contabilidade e Gestão;

• Esperança Cafumana Lourenço, Uni-versidade Lusófona do Porto, estudante do curso de Gestão

60 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

São os homens e mulheres de amanhã. A sua persistência, sonhos e vontade de vencer são o retrato da Angola do futuro. A juventude é sinal de expectativa para os anciãos, que almejam uma vida melhor para estes rostos infantis, repletos de determinação. Do desejo de conseguir uma vida melhor e de luta por um país cada vez mais justo, mais cosmopolita, mais desenvolvido e mais igualitário. A eles cabe fazer ainda melhor que os seus antepassados, defendendo e honrando as suas raízes e culturas ancestrais. Às crianças de hoje e futuros dirigentes dos destinos do seu povo cabe a missão de continuar a batalha pela modernização e crescimento da sua pátria. Aos jovens cabe fazer ainda melhor que os seus progenitores. A alegria da meninice é um bom sinal. É símbolo de uma vida mais confortável, onde a escola faz parte desta viagem e o acesso a bens que os pais não tiveram é uma realidade constante. Afi nal é com instrução e com uma infância saudável que se formam aqueles que vão escrever as linhas da história, que se antevê optimista e recheada de acções dignas de registo.

fotografi as - Ana Rita Rodrigues - www.lightfragments.com

Geração da esperança

| manuela bártolo

61 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

62 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

63 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

64 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

65 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

66 | ANGOLA’IN · TURISMO

TURISMO

por terras de

bob marleyÉ um destino fantástico para qualquer época do ano. Belas praias, sol constante e muito reggae são a imagem de marca da Jamaica. As belezas naturais, o ambiente descontraído e os sabores exóticos compõem o cenário deste país idílico. As estações do ano são virtualmente inexistentes e as temperaturas máximas diurnas junto à costa rondam os 27-30ºC.

Em pleno mar das Caraíbas surge o paraí-

so na terra. A Jamaica é uma nação insular

a 145 km de Cuba e a 190 km das ilhas His-

paniola. É considerada o terceiro país angló-

fono mais populoso da América. A Jamaica

inventou o conceito de turismo de luxo em

países pobres. Com praias perfeitas e mon-

tanhas verdes, a ilha foi dividida em resorts

de luxo, auto-sufi cientes, que se encontram

distribuídos ao longo da costa, de modo a

isolar os turistas dos pontos conturbados da

região. Ao entrar na ilha, depara-se com um

dos países mais exóticos do planeta, em que

o movimento-religião-fi losofi a do rastafa-

rianismo fez surgir uma cultura singular, que

ultrapassa o próprio reggae. O destino mais

requisitado pelos viajantes independentes

é a região de Porto António, onde as praias

convivem com a fl oresta densa, excelente

em termos de possibilidades de ecoturismo.

MOTIVOS NÃO FALTAMPraia, música, sorrisos, paisagens coloridas e o

espírito descontraído são os pontos fortes da

terra do reggae. Além da cultura do golfe, da

história e da natureza, o turista depara-se com

as singularidades da cultura jamaicana, produ-

to do cruzamento de diversas nacionalidades

e origens. A terceira maior ilha das Caraíbas

é um dos pontos turísticos mais procurados.

Montanhosa e banhada por muitos rios, as

suas principais atracções são as magnífi cas

praias. Ocho Rios é um porto de mar e cidade

de férias, que recebe grandes cruzeiros, onde

se assiste a uma forte procura das excursões

rumo às cascatas e quedas de água. O clima

é quente. Mesmo na zona das Montanhas, as

temperaturas geralmente não descem abaixo

dos 20ºC. Se pretende visitar esta zona ou a

costa leste deve ter em conta a chamada épo-

ca das chuvas, que vai de Maio a Novembro.

Contudo, a chuva cai apenas por curtos perí-

odos (normalmente ao fi nal do dia), pelo que

deverá encontrar sol durante a maior parte da

visita. No entanto, os visitantes não devem

esquecer que este período coincide com a tem-

porada dos furacões, que varrem a ilha nesta

altura do ano. A região é muito procurada de

Dezembro a Abril, nomeadamente nas sema-

nas do Natal e da Páscoa.

KINGSTONÉ a capital e maior cidade do país e alberga o

centro da vida cultural local. Os inúmeros te-

atros apresentam um calendário contínuo de

actuações e o National Gallery detém a maior

colecção de arte jamaicana. Kingston é indu-

bitavelmente o centro do comércio e cultura

| patrícia alves tavares

SÍMBOLOS NACIONAIS

Ave símbolo: Colibri

Fruta nacional: Ackee

Árvore nacional: Blue Mahoe

Flor nacional: Guayaco

Cerveja: Red Stripe

Rum: Appleton Gold

nacional. A cidade merece ser visitada pelo

seu dinamismo e especialmente pelas festi-

vidades anuais. Se a vislumbrar a partir das

montanhas, a localidade apresenta-se atra-

vés das encostas de subúrbios verdejantes e

do esplendoroso porto natural. O centro his-

tórico aparece a norte da zona ribeirinha, on-

de encontrará os grandes hotéis e edifícios de

escritórios. A parte nova da capital desenvol-

veu-se a norte da referida área. A antiga casa

do cantor Bob Marley, em New Kingston, con-

vertida em museu, é a maior atracção da zo-

na urbana. O local coloca ao dispor dos fãs o

quarto do cantor, com a sua guitarra em for-

ma de estrela à cabeceira, onde pode ver os

buracos das balas cravadas nas paredes (fruto

da tentativa de assassinato em 1976) e conhe-

cer a árvore onde o cantor se sentava a fumar

erva e a compor. A área ribeirinha de Kingston,

que ainda espera pelas obras de restauro, é

conhecida pela feira de artesanato das docas.

Na zona sul, situam-se os hotéis económicos

e os restaurantes indianos, chineses e ame-

ricanos. A música reggae ouve-se ao virar de

cada esquina.

MONTEGO BAYA cidade piscatória mais conhecida da Jamai-

ca recebe constantemente no seu porto uma

multidão de turistas, que percorrem as ruas

estreitas da região em busca das praias cin-

tilantes, dos campos de golfe e das casas

históricas. Localizada no extremo noroeste

da ilha, a região é famosa pelos vendedo-

res ambulantes e pelos admiráveis edifícios

“Georgeanos” de pedra, que coabitam har-

moniosamente com as casas de madeira.

Apesar das melhores praias estarem restritas

aos luxuosos estabelecimentos hoteleiros,

os turistas têm ao seu dispor todo o género

de desportos náuticos. Montego Bay é o lo-

cal ideal para quem procura férias repletas de

animação nocturna. As lojas e mercados lo-

tados de bugigangas atraem os turistas, que

encontram nesta pequena cidade estâncias

de luxo, que lhe proporcionam dias calmos

sob a luz do sol.

NEGRILFica a 84 km a oeste de Montego Bay e é uma

estância turística essencialmente de ‘massas’.

Nos últimos anos teve um crescimento feno-

menal, sendo muito procurada pelos adeptos

do conceito “férias ao sol” na Jamaica. Porém,

o facto de Negril ser um dos locais mais atra-

sados, permite ao turista estabelecer contacto

privilegiado com os habitantes locais, pois en-

contra os artesãos a esculpir madeira na praia,

barracas de venda de refeições saudáveis em

pleno areal e será saudado afavelmente pelos

moradores. As praias são de perder de vista e

o pôr-do-sol é fenomenal. O litoral da estância

foi a primeira área natural a receber a designa-

ção de zona protegida, que abrange um par-

que marítimo, os pântanos do Great Morass e

as fl orestas circundantes.

OCHO RIOSInsere-se num fundo vale, rodeado de encos-

tas verdejantes e de frente para a larga praia

Turtle e a baía protegida por recifes de co-

ral. Ocho Rios é muito popular pelos navios

de cruzeiro, que anualmente transportam

400.000 pessoas, que invadem as artérias

da cidade. Os que preferem ambientes mais

calmos e sossegados encontram a leste da re-

gião praias mais pacatas. No interior da locali-

dade, a uns 5 km no fundo de um desfi ladeiro

escavado por um antigo curso de água, encon-

tra Vala Fern. Encoberta por densas árvores,

a zona possui pela manhã uma luminosidade

subaquática. A 3 km da cidade encontra-se a

maior atracção de Ocho Rios: as cataratas do

rio Dun. A multidão de estrangeiros acumula-

se no local, fazendo fi las que percorrem os 180

metros até à praia, por entre as múltiplas cas-

catas e piscinas naturais. É impossível evitar

a confusão, pelo que se desejar experimen-

tar a refrescante água, proveniente das que-

das sombreadas pela alta fl oresta, terá que

se juntar inevitavelmente à multidão e es-

perar pacientemente pela vez. A menos de 2

km desta área, surge uma fabulosa e restrita

praia, banhada pelas Laughing Waters.

LONG BAYNa parte nordeste da ilha, surge uma das

mais impressionantes paisagens jamaicanas,

que forma uma baía em meia-lua, (com 1,5 km

de comprimento) com areia de tons rosados,

profundas águas azul turquesa e suaves bri-

sas. A autêntica Long Bay é um dos melho-

res locais para a prática do surf. Contudo, os

banhistas devem ter cuidado com as corren-

tes. A região dispõe de canoas de pesca, que

podem ser alugadas para passeio. Os turistas

que procuram desfrutar de um período de la-

ser na vila piscatória, intocada pelo turismo

de massas, optam por Long Bay, onde encon-

A NÃO PERDEREm Kingston, o National Galery e o Instituto da Jamaica estão no topo da agenda de qualquer

turista. A galeria é um prédio moderno, que exibe uma colecção de quadros e esculturas de

artistas jamaicanos. Porém, se a intenção é comprar pinturas ou mapas antigos, a Livraria e

Galeria Bolívar são os espaços apropriados. Os museus Arqueológico, Marítimo e da Ciência e

a Casa da Moeda são pontos de passagem obrigatórios. O Museu Bob Marley merece destaque

em qualquer programação. Para quem aprecia cozinha internacional num ambiente elegante

e com um serviço impecável, o Blue Mountain Inn, em Kingston é a escolha certa. O restauran-

te Jarde Garden é um bom local para os amantes da comida chinesa. Em Montego Bay, o Coral

Cliff apresenta-lhe todas as especialidades da cozinha jamaicana. Se passar por Negril, não dei-

xe de experimentar o Country Restaurant. A capital é ainda o espaço de eleição para comprar

bom artesanato e rum. A loja Things Jamaican é a mais procurada. Em Montego Bay, as roupas

do mercado Old Fort Craft Park fazem as delícias dos visitantes

elo

sti-

das

ra-

s e

is-

on-

de

ol-

asa

TURISMO

tram um rústico parque de campismo e caba-

nas de madeira. Para lá chegar, a maioria dos

forasteiros apanham os autocarros que partem

de Porto António. Na região existe um bar-res-

taurante de praia e uma infi ndável panóplia de

locais em que o peixe e mariscos secos são a

especialidade.

ALIGATOR PONDIsolada do resto da ilha, esta povoação encon-

tra-se edifi cada entre uma baía azul e dunas de

areia, no fundo de um vale entalado entre ravi-

nas inclinadas. A rua principal é animada pela

vida rural, em que as mulheres rumam à praia

todas as manhãs para recolher o peixe acabado

de pescar. Em Aligator Pond, os turistas procu-

ram os Sandy Cays, os famosos bancos de areia

que emergem das águas a cerca de 32 km da

costa e são excelentes para a prática de mer-

gulho. Na ilha, existe um autocarro privado que

faz o percurso entre Kingston e Aligator Pond.

TREASURE BEACHEste é o nome dado a quatro enseadas que

se estendem por alguns quilómetros a sul de

Starve Gut Bay, na costa sul da Jamaica. Os pe-

quenos penhascos isolam as numerosas praias

de areia cor de coral, cenários idílicos para umas

férias românticas. A região é pouco frequenta-

da por turistas e os desportos náuticos ainda

não são praticados na ilha, apesar das suas ex-

celentes condições. Porém, vale a pena conhe-

cê-la, especialmente se procuram uma zona

mais sossegada para relaxar. A possibilidade de

ver as tartarugas marinhas a nadar até à mar-

gem é uma das atracções da ilha. Esta zona da

costa recebe os caminhantes que seguem os

caminhos usados pelos pescadores.

LEQUE DE MÚLTIPLAS ATRACÇÕESA Jamaica tem muito mais que praias para ofe-

recer. Os adeptos das caminhadas levariam

semanas a explorar o emaranhado de per-

cursos que existem na região, sobretudo nas

Montanhas Azuis. A luxuriante Terra das Co-

pas é ainda pouco explorada, mas perfeita pa-

ra os caminhantes mais experientes. Passear

a cavalo é outra possibilidade para explorar a

Jamaica, pelo que a maioria das estâncias tu-

rísticas possuem estábulos e organizam excur-

sões no interior do país. Os desportistas têm

ao seu dispor dez campos de golfe e uma costa

norte com excelentes condições de mergulho.

Os tesouros nacionais vão desde os recifes de

pouca profundidade às grutas a poucos metros

da costa. Muitas instâncias têm embarcações

de vela ligeiras, iates e pequenos barcos de cru-

zeiro para aluguer.

informações geraisÁrea: 10.990 km2

Capital: Kingston

Língua Ofi cial: Inglês

(entre si os jamaicanos falam patois, que é uma mistura de espanhol,

inglês e dialecto africano)

Moeda: Dólar Jamaicano (geralmente aceitam dólares americanos)

As principais redes de cartões de crédito e traveler’s checks são aceites

na Jamaica.

Pode trocar-se dinheiro em bancos, cambistas autorizados ou hotéis

Preço médio por refeição: 2 a 5 USD

Preço médio por refeição em restaurante: 10 a 20 USD

Fuso Horário: UTC menos 6 horas

A temporada alta situa-se entre Dezembro e Abril. Em Maio e Junho, o

clima é igualmente agradável e os preços são mais baixos

como chegarA entrada principal do país é através de Miami. A American Airlines tem onze voos diários. Três chegam a Montego Bay e os restantes a Kingston. Para conhecer toda a ilha, o ideal será alugar um carro. A circulação faz-se pela esquerda, tal como em Inglaterra. Os cidadãos não precisam de visto, mas necessitam exibir o passaporte

o que evitar • Drogas (inclusive a marijuana, que apesar de fazer parte da cultura

da Jamaica, é proibida por lei desde 1913)

• Frequentar lugares ermos ou escuros, sem a companhia de um guia

confi ável

• Ir à praia sem protector solar

• Pimenta na comida

• Estradas à noite

• Perder a paciência

68 | ANGOLA’IN · TURISMO

70 | ANGOLA’IN · TURISMO

TURISMO

a cidade perdidade angkor

TRAGÉDIA E EVOCAÇÃO DIVINAEnigmática, Angkor foi o palco do colapso de

uma das maiores civilizações da história do

Camboja. Só a partir do século XIX é que os ar-

queólogos conseguiram traduzir as inscrições

em sânscrito dos templos e descobrir a verda-

deira história dos reis que os ergueram. Entre

os séculos V e XV, o reino Khmer era o mais po-

deroso da região, controlando todo o sudeste

asiático, desde Mianmar até ao Vietname. Con-

siderado o maior complexo urbano do mundo

pré-industrial, a cidade, que albergava mais de

750 mil habitantes, entrou em declínio em fi nais

do século XV. Ninguém sabe apontar com exac-

tidão as causas da queda do império mais po-

deroso da Indochina. A cidade de Angkor fi cou

inacessível por duas décadas. Oculta pela densa

selva, coube a um naturalista francês, que visi-

tou as ruínas de Angkor, seguindo as indicações

dos relatos de um missionário, a missão de co-

locar a cidade perdida no mapa. Henri Mouhot

publicou os seus desenhos e diários, dando as-

sim a conhecer a região ao resto do mundo. A

terra perdida merece e precisa de pelo menos

três dias para ser explorada. O melhor meio pa-

ra fazê-lo é recorrer ao meio de transporte pre-

ferido dos asiáticos – a bicicleta. A região é ultra

plana, pelo que é impossível perder-se. Além do

mais, os cambojanos estão sempre dispostos a

dar informações aos visitantes.

Entre as ruínas do Império Khmer ergue-se Angkor, a cidade que dominou a região do Camboja até ao século XV. Classifi cada de Património Mundial pela Unesco, a região alberga mais de mil templos. Cerca de um milhão de turistas visitam anualmente os famosos monumentos, encobertos pelas fl orestas do norte do Grande Lago. O ponto de partida é Siem Rep.

| patrícia alves tavares

PROTEGIDA PELA UNESCODesde 1991, a UNESCO tem desenvolvido um pla-

no para preservar e desenvolver os sítios histó-

ricos de Angkor. Principal atracção turística do

Camboja, a cidade difi cilmente sairá da memória

de quem a visita. As esculturas, que sobrevivem

a séculos de deterioração e de guerras, represen-

tam o ritmo de vida em Angkor. Os baixos-rele-

vos nas fachadas dos templos captam a atenção

dos turistas, ávidos por descobrir o quotidiano

da civilização Khmer. Além dos acontecimentos

do dia-a-dia, os monumentos relatam cenas de

guerra, através das imagens desgastadas e es-

culpidas nas paredes. Actualmente, existem cer-

ca de 1,3 milhões de inscrições nos templos de

Angkor.

ANGKOR WATÉ o maior monumento religioso do mundo. Edi-

fi cado para honrar a divindade hindu Vishnu, foi

construído em menos de 40 anos e constitui um

símbolo nacional, marcando presença na bandeira

nacional. O templo budista é a principal atracção

turística, constituindo um dos principais emble-

mas do Camboja. Construído pelo rei Suryavar-

man II, no início do século XII, sob a designação

de monumento central, é o templo maior e me-

lhor preservado. É o único que assume um im-

portante signifi cado religioso. Inicialmente hindu

e posteriormente budista, Angkor Wat é o ponto

máximo do estilo clássico da arquitectura Khmer.

O seu desenho representa o Monte Meru, a casa

dos deuses da mitologia hindu.

SABIA QUE...Angkor Wat foi fi nalista no concurso de eleição das sete maravi-

lhas do mundo, promovido pela UNESCO. O principal monumento

de Angkor é conhecido pela sua imponência e geometria sagrada

PHNOM BAKHENG: Erguido sobre uma colina, foi construído em 900 d.C.. Foi o

primeiro templo a nascer em Angkor e o seu construtor, Yasovarman I, foi responsável pela

abertura do canal, que alterou o curso do rio Siem Reap, redireccionando-o para o sul até ao

Baray Leste.

PRASAT KRAVAN: Edifi cado em 921 d.C., o templo é incomum devido à sua fi la de

cinco torres de tijolo em baixo-relevo. Prasat Kravan nasceu pelas mãos dos funcionários do

alto tribunal.

PHIMEANAKAS: Data de cerca de 910/ 1100 e é uma pirâmide única, feita em ro-

chas densas. A torre é lendária, bem como o local onde o rei Khmer tinha encontros com a

deusa serpente, que aparecia sob a forma de mulher.

TA KEO: Homenageia a divindade hindu Shiva. É o templo mais massivo do seu perío-

do, que data de 1000 d.C.. Ta Keo possui cinco torres e foi construído em arenito.

PREAH KHAN: Criado em 1191, o Preah Khan constitui um labirinto de pavilhões,

salas e capelas. O templo foi erguido pelo budista Jayavarman VII, para homenagear a me-

mória do seu pai.

BAYON: Nasceu entre os fi nais do século XII e inícios do século XIII. Os seus murais em

baixo-relevo imortalizam as batalhas conquistadas e descrevem a vida comum do rei Khmer

71 TURISMO · ANGOLA’IN |

Belos templos, tribos nas montanhas, ilhas cercadas de águas límpidas, be-

las praias e populações hospitaleiras esperam os visitantes do Camboja. A

cidade de Angkor é o destino de destaque, pela sua cultura milenar, misticis-

mo e história. Visto do ar, o monumento erguido há tantos séculos aparece e

desaparece como uma alucinação. A região perdida de Angkor, actualmente

em ruínas, é habitada essencialmente por agricultores de arroz, que man-

têm vivos e intocáveis a panóplia de espaços. A jóia da coroa é o templo de

Angkor Wat. O governo do Khmer Rouge foi deposto há mais de 20 anos

pelas tropas vietnamitas. Actualmente, a impressionante região arqueoló-

gica de Angkor permite aos visitantes compreender a trajectória dos grandes

imperadores. Considerada uma das maravilhas turísticas do Sudeste Asiá-

tico, a cidade atrai a curiosidade de historiadores, arqueólogos e cientistas.

Entre as casas, construídas ao estilo Khmer, surge o templo Banteay Samre.

Localizado entre o “grande lago”, o Tonle Sap e a serra que se ergue a norte,

ladeada pelos montes Kulen, o templo foi restaurado na década de 40. As

muralhas que o ladeiam simbolizam o oceano à volta do monte Meru, a mí-

tica morada dos deuses do hinduísmo. Banteay Samre é apenas um dos mil

santuários existentes na cidade de Angkor. Muitos visitantes comparam a

escala e dimensão destas construções às pirâmides egípcias.

ESPÍRITOS DIVINOSAs principais marcas da geração de reis Khmer

são os templos, erguidos para contemplar as

divindades hindus. No apogeu deste império

nasceu uma religião, que sobrevive até ho-

je, sendo a mais praticada no Camboja: o bu-

dismo. Os visitantes encontram nesta cidade

uma panóplia de templos e esculturas, criadas

com fi ns específi cos e diversos. Os seguidores

do hinduísmo e budismo ergueram espaços de

culto para as suas divindades. Os reis Khmer

consideravam-se semidivinos e veneravam os

espíritos da natureza, os Neak Ta. Ao conhe-

cer Angkor, descobrirá que embora o budismo

seja a religião ofi cial, o hinduísmo ainda per-

dura e o seu maior símbolo resiste numa está-

tua, que representa a divindade hindu, a cobra

d’água com várias cabeças, que é conhecida

entre os locais como naga e que tem como

função proteger Buda. Quem passa pela ci-

dade perdida, não pode deixar de descobrir as

belas entidades femininas, mundialmente co-

nhecidas como apsaras. Os muros de Angkor

possuem cerca de 1,7 mil apsaras esculpidas.

Os gestos das entidades constituem a inspi-

ração para a dança tradicional cambojana.

nota: angkorDesignado de Património Mundial (UNESCO), o complexo de ruínas está inserido no meio das fl orestas do norte do Gran-de Lago. Cerca de um milhão de turistas visitam Angkor, um dos mais importantes locais arqueológicos da Ásia. São mais de 400 km2 de ruínas das capitais do Império Khmer

TEMPLOSPARA VISITAR: Supõe-se que os mais de mil quilóme-

tros quadrados da antiga cidade perdida

escondam mil santuários. Até ao mo-

mento, foram encontrados 50. Os mais

conhecidos e procurados pelos turistas

são os seguintes:

o que deve saber sobre o camboja:• A população é de cerca de 12 milhões

• A capital é Phnom Penh

• O país faz fronteira com a Tailândia,

o Vietname e o Laos

• O idioma ofi cial é o Kmer

• Nos centros turísticos fala-se o inglês

indicações para conhecer angkorMelhor época para visitar: os meses de De-

zembro a Janeiro são os mais agradáveis para

visitar o país.

O que levar: água mineral, máquina de fi l-

mar ou fotográfi ca, boné, protector solar e

calçado apropriado para caminhar.

Imperdível: a arquitectura colonial france-

sa da capital, Phnom Penh. Nos restaurantes,

encontra o peixe apanhado no rio Mekong

em todas as ementas.

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares

A ideia de criar uma modelo habitacional que

revolucione o mercado angolano e se adapte

às necessidades nacionais partiu da associa-

ção portuguesa AIMMP, que se encontra no

país a desenvolver três acções de grande en-

vergadura. Por um lado, há que dar continui-

dade ao plano de instalação das indústrias do

sector nas várias províncias (orçado em 100

milhões de euros). Os restantes objectivos

nucleares dizem respeito ao desejo de intro-

duzir, em colaboração com diversas empresas

associadas, o projecto “Casa de Sonho”, que

foi recentemente abordado na Export Home

e será erguido no próximo certame dedicado

à construção civil para que os visitantes pos-

sam conhecer integralmente as residências

do futuro. De 15 a 18 de Outubro, a AIMMP

mostra na sétima edição da Constrói Angola

o protótipo da casa que faz parte do imaginá-

rio de cada família. Construído pela Modular

System, o espaço, que será dado a conhecer

ao público no maior evento associado ao mer-

cado imobiliário nacional, foi equipado por di-

versas empresas, que acederam ao convite da

AIMMP e da sua marca Associative Design. As

características únicas são apenas uma das no-

vidades de um projecto que tem como intui-

to introduzir no ramo da construção civil uma

nova génese residencial, que tenha em consi-

deração a efi ciência energética e a preocupa-

ção com a salvaguarda dos recursos naturais

e redução da emissão de poluentes, visto que

o país começa a registar elevados índices de

poluição, sendo urgente regular este ramo de

actividade.

NOVA GERAÇÃO RESIDENCIALApós a passagem por Milão e Nova Iorque, a

marca empresarial Associative Design esco-

lhe Angola para expor o conceito inovador de

edifi car residências, que se adaptem às novas

exigências da sociedade moderna. Dezoito em-

presas associaram-se à AIMMP para desenvol-

ver um produto, concebido de raiz em Portugal.

O facto de estar em curso a implementação de

seis fábricas de produção de madeira nas pro-

víncias nacionais é uma mais-valia, uma vez

que o novo modelo habitacional proposto pe-

la empresa poderá, no futuro, recorrer a ma-

téria-prima nacional. Totalmente decorada,

equipada e pronta a habitar, a casa que todos

‘casa de sonho’ ao pormenor

Ocupa 386 m2 e está

totalmente decorada, equipada

e pronta a habitar.

Possui:

• Quatro suites

• Cinco casas de banho

• Duas salas de estar

• Uma sala de jantar

• Uma piscina

• Um jacuzzi

• Um jardim

Casa doFuturo

72 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

O nome do projecto diz tudo. Chama-se “Casa de Sonho” e foi dada a conhecer ao público na Export Home Angola, onde foi feita a ante-visão de um plano habitacional, que está a ser desenvolvido pela As-sociação de Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), que pretende desta forma incutir o conceito da qualidade e inovação aliados ao design moderno, de modo a dinamizar o mercado da cons-trução civil. As residências do futuro, que se adaptam às exigências ambientais, de efi ciência e sustentabilidade, serão apresentadas ofi -cialmente na Constrói.

73 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |

export home antevê projecto inovadorA AIMMP, representada pela secretária-geral Maria Fernando Carmo e por elementos da Associação Empresarial de Portugal (AEP), participou

na Export Home, que decorreu em Luanda entre 30 de Julho e 2 de Agosto. O protocolo celebrado entre a AEP e FIL (Feira Internacional de Lu-

anda) tem como fi nalidade promover iniciativas, que permitam às empresas portuguesas aceder ao mercado angolano, que se assume como

destino preferencial, devido ao programa de criação de um milhão de casas até 2012. O certame permitiu aos visitantes antever o inovador e im-

ponente plano da AIMMP. “Estamos a falar de um projecto de grande impacto, que não só vai juntar empresas da Fileira Casa, mas também de

sectores que lhe são complementares. Só podemos avançar que tudo o que um angolano necessita e sonha vai encontrar no espaço que estamos

a preparar na Constrói”, avançou Maria Fernanda Carmo

REQUALIFICAÇÃO ATRAI NOVOS PROJECTOS

A associação portuguesa pretende investir

100 milhões de euros na concretização de

um plano encomendado pelo Ministério da

Indústria, em Outubro de 2008. O projecto

consiste na criação de seis fábricas (uma de

aglomerados de madeira, outra de pavimen-

tos, duas de mobiliário e duas de carpinta-

ria) e de um centro de formação profi ssional.

A iniciativa vai gerar 720 postos de traba-

lho directos e dois mil indirectos. A AIMMP

propõe-se desta forma a assumir o desafi o de

criar uma indústria de transformação fl ores-

tal semelhante à portuguesa, num período

de 15 anos (e que em Portugal demorou 35

anos)

idealizam ocupa 386 metros quadrados e dis-

põe de quatro suites, cinco casas de banho,

duas salas de estar, uma sala de jantar, uma

piscina, um jacuzzi e jardim. No cômputo geral,

serão utilizados cerca de 30 módulos para con-

cretizar o projecto, que conta com uma vasta

equipa, composta por empresas de decoração

de interiores e de concepção de produtos e sis-

temas para a construção.

AMIGOS DO AMBIENTEPainéis solares, espaços reservados para com-

bustão, reciclagem e electrodomésticos que

economizam energia são algumas das fun-

cionalidades que compõem a “Casa de Sonho”

e fazem deste projecto habitacional uma es-

trutura auto-sustentável. A empreitada está

ao cargo da empresa Modular System, que

recorre a um sistema construtivo modular

em madeira, que parte da sua justaposição

para alcançar diversas confi gurações, que se

adaptam às necessidades de cada utilizador.

Os edifícios são integralmente desenvolvidos

em Portugal e apresentam um reduzido im-

pacto ambiental, devido à utilização de mate-

riais naturais e recicláveis, em que se aposta

nas energias renováveis e no reaproveitamen-

to dos recursos naturais. Ao projecto associa-

ram-se múltiplas marcas portuguesas, que

têm como responsabilidade equipar a “Ca-

sa de Sonho” com todas as infra-estruturas,

design e decoração, essenciais para tornar o

espaço habitável. Aliás, a eco-efi ciência e ges-

tão ambiental incorporam as preocupações da

AIMMP, cuja fi losofi a da empresa tem como

objectivos a redução do consumo de recursos

e seus impactos na natureza, bem como o au-

mento do valor dos produtos e serviços. As

residências que a entidade pretende erguer

deverão ter em atenção a redução da inten-

sidade energética de bens e serviços, a dimi-

nuição da dispersão tóxica, a promoção da

reciclabilidade dos materiais e a maximização

do uso sustentável dos recursos renováveis,

aumentando a durabilidade dos produtos.

IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADEOs seus componentes são acessíveis para a

maioria das bolsas, uma vez que a aplicação

das técnicas de design industrial na arquitec-

tura habitacional contribui para o fabrico em

série das matérias, permitindo a redução dos

custos de produção. Os materiais usados são

de elevada qualidade, pautando-se pela dura-

bilidade aliada ao conforto. Não obstante, os

preços da “Casa de Sonho” ainda não foram

divulgados, pelo que só devem ser conheci-

dos durante a edição da Constrói. Certo é que

é necessário ter poder de compra para adqui-

rir estas residências, já que as funcionalidades

e equipamentos com que estão dotadas são

dispendiosos. Apesar de se tratar de um in-

vestimento caro para muitos, esta tipologia

permite a muitas famílias poupar a médio e

longo prazo. Uma casa que está provida com

energias renováveis e com infra-estruturas

que permitem a poupança energética acarreta

inúmeros benefícios em termos económicos e

ambientais. Desta forma, o investimento ini-

cial compensa e, apesar dos custos iniciais, a

“Casa de Sonho” traz a possibilidade de pou-

pança durante o dia-a-dia, em que as despesas

com os materiais renováveis são compensa-

das pela sua maior durabilidade em detrimen-

to de outros mais baratos e mais poluentes.

O novo conceito proposto nas habitações do

futuro é determinante para o desenvolvi-

mento nacional, que começa a ter em conta

as necessidades de preservar recursos vitais e

perecíveis e de reduzir os níveis de poluição e

impactos ambientais. A evolução das cidades

será mais sustentável caso as residências te-

nham em consideração as problemáticas diá-

rias e exigências da sociedade actual.

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

74 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

| patrícia alves tavares BREVES

INAD clarifi cou maior área de estradasMais de nove milhões de metros quadrados de bermas de estradas e da faixa do aeroporto Albano Machado, na província de Huambo, foram cla-

rifi cados apenas no primeiro semestre de 2009. A acção esteve a cargo do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) e segundo o responsável lo-

cal, Victor Jorge, os trabalhos foram concretizados através dos métodos de desminagem manual e mecanizada (Hitachi). As operações permitiram

recolher 52 minas anti-pessoal, três minas anti-tanque, 307 engenhos explosivos e 96 munições. O técnico explicou que a maioria das áreas con-

cluídas se inseriram nos projectos de fi bra óptica, levados a cabo pela empresa de telecomunicações Angola Telecom. Vítor Jorge recordou que no

referido período foram desenvolvidas actividades de pesquisa e levantamento nas zonas de reserva fundiária do governo, nas localidades de Los-

sambo, Canhama e S. José-Canjaia, na sede dos municípios de Huambo e Caála. Estão igualmente em curso os trabalhos de desminagem do novo

traçado das torres de alta tensão Belém do Huambo-Chinguari (Bié) e o acompanhamento da reabilitação do Caminho-de-Ferro de Benguela.

Isenção de impostos favorecereconstruçãoAntónio Lapa, director comercial da empresa FERMAT, defende que

a isenção de impostos aduaneiros e de consumo sobre os materiais

de construção civil vai contribuir para a dinamização do processo de

requalifi cação das infra-estruturas nacionais. A referida medida foi

aprovada recentemente em Conselho de Ministros e mereceu elo-

gios por parte do responsável, que admitiu que a acessibilidade dos

materiais terá como benefi cio a minimização dos custos de cons-

trução das residências sociais. O consumidor também é afectado

por esta medida, cuja inexistência de carga fi scal permitirá ven-

der mais barato. Além das vantagens para privados e empresas,

a iniciativa, segundo António Lapa, favorece “aqueles que estarão

integrados no processo de construção de habitações para as po-

pulações de baixa e média renda”. De acordo com o empresário, o

processo contribuirá para a evolução da economia nacional, através

da redução dos preços de construção, que se traduzirão mais com-

petitivos. A FERMAT está implementada no mercado angolano há

18 anos, trabalhando no ramo da venda de artigos como máquinas,

ferragens, cerâmicas, sanitários, andaimes, prumos, cofragens, ci-

mento, massas de reboque, tintas, entre outros.

Cem mil lotes para construirO Governo pretende doar até ao fi nal deste ano cem mil lotes de terra aos

cidadãos nacionais, que se destinam à construção de residências em todo

o território. A iniciativa insere-se no programa de fomento habitacional. O

anúncio foi proferido pelo ministro do Urbanismo e Habitação, José Ferreira,

que explicou que 50 por cento das referidas áreas já se encontram total-

mente urbanizadas nas 18 províncias. O responsável preferiu não avançar a

data da entrega dos lotes. No entanto, avançou que o projecto se enquadra

no programa de construção de um milhão de casas nos próximos quatro

anos (lançado em 2008). O ministro aproveitou o momento para confi rmar

que a iniciativa decorre a bom ritmo, contando com a colaboração das direc-

ções provinciais, que têm actuado essencialmente nos espaços destinados

à criação de residências de baixa, média e alta renda. José Ferreira apontou a

acção do governo da Huíla como exemplo a seguir, pois nos últimos seis me-

ses a execução do processo tem sido rápida. Por seu lado, Isaac dos Anjos,

governador da Huíla anunciou que foram identifi cados 25 701 hectares, o

que permitirá atribuir 135 mil lotes às populações dos 14 municípios, estan-

do prevista a construção de habitações para todos os estratos sociais, fábri-

cas, hospitais, escolas, universidades, indústrias e outras infra-estruturas.

“A província da Huíla tem condições propícias para que este projecto decorra

sem sobressaltos. Depois de Luanda, a província é a segunda em termos de

densidade populacional. Por isso, é preciso que canalizemos com urgência

os projectos que aqui forem direccionados”, fi nalizou.

76 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

Os executivos devem estar atentos às potencialidades que as no-vas políticas ambientais propiciam aos seus negócios

As alterações climáticas são diferentes de to-

dos os outros desafi os ecológicos ou de saú-

de pública que as democracias alguma vez

enfrentaram. A escala do problema ao longo

do tempo e espaço, as suas causas versáteis

e complexas, o enorme custo de o abordar (e

o custo ainda maior de o ignorar) – tudo is-

so desafi a a nossa intuição. E esta enorme

complexidade irá confrontar os executivos à

medida que estes começarem a contemplar

o que as realidades das políticas climáticas

signifi carão para os seus negócios. Muita

da discussão actual entre os líderes empre-

sariais e políticos envolve pormenores sobre

como aplicar um sistema de ‘cap and trade’

com base no mercado. Isto, claro, é o esque-

ma em que os reguladores defi nem limites

de emissões e um sistema de créditos que

permite às empresas cumprirem esses limi-

tes – criando assim um incentivo para que es-

tas encontrem as formas mais efi cientes de

reduzirem emissões pelos custos mais bai-

xos. É claro que a maioria dos governos vai

acabar por se convencer principalmente, ou

até exclusivamente, neste tipo de aborda-

gem concentrada no mercado e isso propor-

cionará um contexto nacional e global para

a acção empresarial sobre as alterações cli-

máticas. Mas o ‘cap and trade’ por si só será

insufi ciente, por duas razões. Primeiro, ten-

do em conta as tecnologias actuais, o preço

dos créditos de CO2 precisaria primeiro de su-

bir a níveis politicamente insustentáveis para

atingir as reduções de emissões que a maio-

ria dos cientistas acredita serem necessárias

para evitar danos irreparáveis no ambiente.

Segundo, muitas das medidas mais podero-

sas para reduzir as emissões envolvem infra-

estruturas novas, padrões técnicos novos,

planeamento regional e pesquisas básicas

– domínios nos quais os preços e os merca-

dos, por si, são inadequados. A natureza das

alterações climáticas, assim como as realida-

des do comportamento económico e político,

tornam mais provável que no fi nal seja usada

uma abordagem reguladora com várias fren-

tes – incorporando, mas não se limitando a,

abordagens baseadas no mercado. Apesar de

ser impossível prever exactamente que for-

ma terá este conjunto de políticas públicas e

privadas, as possibilidades mais realistas es-

tão hoje em enfoque. Infelizmente, algumas

empresas, ao planearem um futuro “pós-car-

bono”, estão a apostar em estratégias que

apenas compensariam em cenários mais ex-

tremos (e pouco prováveis). A tecnologia de

fi xação de carbono actualmente disponível,

por exemplo, faz sentido apenas quando os

preços dos créditos de CO2 estão extrema-

mente altos; o desenvolvimento de fábricas

convencionais a carvão só funcionaria fi nan-

ceiramente se não existissem limites de CO2.

Uma avaliação lúcida aos pontos fortes e aos

limites de um sistema ‘cap and trade’ suge-

re uma via estratégica mais evolutiva para os

produtores energéticos e industriais.

A regulação do carbono será inesperadamente complexa e os líderes empresariais terão de planear a sua abordagem de modo adequado

CUSTOS E COMPLEXIDADESAs alterações climáticas são uma questão

inerentemente complicada para se compre-

ender. Primeiro há a amplitude do proble-

ma. Sob os cenários “do costume”, em que as

emissões de carbono continuam a subir (ou

até a estabilizar), calcula-se que o custo total

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO | manuela bártolo

Mercado de emissõescomo motor de progresso

económico créditoao carbono

77 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

dos danos relacionados com as alterações cli-

máticas ao longo dos próximos dois séculos

seja “equivalente a uma redução média no

consumo global per capita de pelo menos 5%,

agora e para sempre” e 20% nos países mais

vulneráveis (a fonte destes cálculos está no

relatório de 2007 de Nicholas Stern intitula-

do The Economics of Climate Change e publi-

cado pela Cambridge University Press). Estes

custos podem ser mitigados, mas apenas se

as emissões do sector energético forem cor-

tadas em 60 a 75% e sejam realizados cortes

extensivos nas emissões dos transportes.

Até as melhores abordagens podem exigir bi-

liões de euros na sua implementação. Para a

maioria das pessoas, estes números são tão

grandes que acabam por perder signifi cado.

O problema na forma de abordar as altera-

ções climáticas é igualmente intrigante, em

parte graças à cadeia difusa de causalidade e

aos atrasos envolvidos. As emissões que en-

tram na atmosfera hoje podem ter impactos

insignifi cantes a curto prazo, mas contribuir

directamente para níveis perigosos de gases

com efeito de estufa (GEE) daqui a cem anos

ou mais. As melhores respostas tecnológicas

ainda não estão disponíveis comercialmente

e por isso não sabemos quanto vai custar a

sua implementação. E a variedade de activi-

dades humanas que resultam em emissões

apresenta os seus próprios desafi os.

As questões de igualdade, co-mo por exemplo se as nações pobres deverão pagar ou se as incertezas actuais justifi cam que paguem as futuras gera-ções, abundam

A chuva ácida foi reduzida signifi cativamente

com o ‘cap and trade’, mas foi principalmen-

te causada pelas emissões de dióxido de en-

xofre e de óxido nitroso, ambas de centrais

eléctricas alimentadas a carvão; as emissões

de GEE vêm de várias actividades e sectores

da economia. Nenhuma fonte única de car-

bono atmosférico representa mais de 30 ou

40% do total. Em vez disso, o único consen-

so actual sobre soluções parece ser que não

há uma fórmula mágica. E, claro, toda a dis-

cussão está a ter lugar numa altura em que

temos uma ciência imperfeita que se desen-

volve rapidamente e ao mesmo tempo pers-

pectivas muito partidárias. As questões da

equidade (como por exemplo se as nações

ricas ou pobres deverão pagar ou se as in-

certezas actuais justifi cam que paguem as

futuras gerações) abundam. Os esforços pa-

ra estabelecer taxas de juro apropriadas pa-

ra uma análise custo/benefício de políticas

alternativas acabam enredados no que pare-

cem ser contradições irreconciliáveis. Apesar

das muitas complexidades desta questão, o

apoio público a acções que combatam as al-

terações climáticas é vasto e está a crescer.

Muitas nações já adoptaram limites obriga-

tórios às emissões de CO2; o mesmo fi zeram

muitos estados, cidades e empresas no mun-

do industrializado. O debate sobre o sistema

‘cap and trade’ em particular está a passar do

“Devemos fazê-lo?” para as múltiplas ques-

tões que envolvem o “Como fazê-lo?”. E aqui,

mais uma vez, há desacordos: em relação à

percentagem dos direitos às emissões que

devem ser dadas às empresas em oposição

à percentagem que deve ser leiloada; em re-

lação à velocidade e severidade das reduções

nas emissões; em relação ao uso apropriado

dos procedimentos por parte dos governos.

Em geral, estes debates reduzem-se a uma

questão de distribuição: se os pormenores da

distribuição devem ser defi nidos para favo-

recerem geografi as em particular (áreas de-

pendentes do carvão versus áreas receptivas

a moinhos de vento), sectores em particular

(produtores que precisam de mais energia

versus sectores de serviços) ou tipos de em-

presas em particular (empresas de energia

eléctrica com grandes portefólios nucleares

e renováveis versus empresas com mais uni-

dades movidas a carvão). Contudo, a qualida-

de acalorada destes debates pode obscurecer

uma questão mais fundamental relacionada

com a natureza dos próprios mercados.

No mundo real, o esquema de troca de emissões da União Europeia passou por uma vo-latilidade. Os impostos sobre o carbono são vistos em geral co-mo um fracasso político

OLHAR SOBRE ÁFRICAO comércio de carbono pode-

se converter numa garantia de

segurança alimentar em África,

se a comunidade internacional

reconhecer que a agricultura

sustentável e a preservação das

fl orestas contribuem para minimizar

a mudança climática. O continente

é responsável por apenas 3,8% da

concentração de gases causadores

do efeito de estufa, mas será a região

mais prejudicada do planeta. A

África deve utilizar o comércio de

carbono para conseguir a segurança

alimentar em risco. No contexto do

mercado de carbono estabelecido

no Protocolo de Quioto, as empresas

que superam os seus limites de

emissões de GEE podem investir em

projectos limpos, enquanto ganham

tempo para reduzir a sua própria

contaminação. É aí que entram os

pequenos agricultores africanos. Se

forem reconhecidas a importância do

cultivo sustentável e a preservação

das fl orestas, os contaminantes

dos países ricos poderão comprar

créditos de carbono aos camponeses

deste continente. Dessa forma, o

mercado global de carbono cresce.

78 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

AS OMISSÕES NO MERCADO DE EMISSÕESWinston Churchill afi rmou que a democracia

era o pior sistema político, exceptuando to-

dos os outros. Pode dizer-se algo semelhante

sobre o uso dos mercados de ‘cap and trade’

para reduzir os gases com efeito de estufa.

Os mercados podem ser imperfeitos e estar

incompletos, mas todas as alternativas (pe-

lo menos individualmente) são piores. A re-

gulamentação clássica de “ordem e controlo”

pode ser inefi ciente e provavelmente intragá-

vel em termos políticos. Os impostos sobre

o carbono são vistos em geral como um fra-

casso político pelo menos nos Estados Uni-

dos. E fi car de braços cruzados, pelo menos

a nível empresarial ou nacional, é uma pro-

posta demasiado arriscada. Como referido

anteriormente, os regimes ‘cap and trade’ fo-

ram aplicados com grande sucesso na regu-

lação da chuva ácida, com início em 1989. Os

regimes reguladores existentes na Europa,

no nordeste dos EUA e na Califórnia estão a

usar abordagens semelhantes. Os benefícios

destes regimes com base em mercados, em

comparação com mandados quantitativos ou

tecnológicos, são bem conhecidos. Os mer-

cados criam sinais de preços que permitem

que milhões de escolhas descoordenadas se-

jam direccionadas para a redução do carbono,

apresentando ao mesmo tempo inovações

tecnológicas e empresariais, sem a neces-

sidade de um controlo centralizado. Mas as

desvantagens da utilização de mercados na

redução de emissões não podem ser ignora-

das. Primeiro, e antes de mais, como mostrou

um inquérito recente da Booz & Company aos

consumidores dos EUA, muitas pessoas não

estão preparadas para os preços que teriam

de pagar pela energia com um regime ‘cap

and trade’. Não surpreende assim que no cen-

tro e sul dos EUA, onde o preço da electricida-

de permaneceu igual ou caiu em termos reais

no espaço de duas décadas e onde o apoio po-

lítico à abordagem às alterações climáticas é

baixo, as pessoas se mostrem relutantes pe-

rante a ideia de um aumento nos impostos.

Mas os inquiridos que são ambientalmente

e socialmente progressivos de locais como o

nordeste e o noroeste dos EUA também não

se sentem inclinados a pagar um preço mais

alto pela electricidade ou pelo combustível

para transportes, mesmo depois de fi carem

a saber que isso iria refl ectir a necessidade

de reduzir as emissões de carbono. Em vez

disso, a pesquisa mostrou que os consumi-

dores dos EUA e de todas as cores políticas

acreditam que os outros (nomeadamente os

grandes negócios) deveriam desembolsar os

custos. Isto sugere que as tentativas de im-

pingir o aumento nos preços aos consumido-

res para reduzir as alterações climáticas seria

politicamente insustentável, talvez até redu-

zindo a boa vontade geral que actualmente

apoia as acções contra as alterações climá-

ticas. Infelizmente, os preços da energia sob

a maioria dos sistemas ‘cap and trade’ e dos

sistemas de trocas não serão sufi cientemen-

te altos para fazer com que os consumidores

dêem os passos necessários para mitigarem

as alterações climáticas. E as provas suge-

rem que, não importa quão altos fi quem os

preços da energia, mesmo assim serão moti-

vadores insufi cientes por si só. Por exemplo,

muitas pessoas continuam sem aproveitar o

isolamento das suas casas, a climatização (a

modifi cação de edifícios para os tornar me-

nos vulneráveis ao calor, frio e humidade) e

outras oportunidades para melhorar a efi ci-

ência energética, apesar de essas soluções

serem economicamente atractivas aos pre-

ços actuais. O hábito, a ignorância e a incon-

veniência servem como barreiras resistentes

à mudança de comportamento, independen-

temente dos incentivos. Outra falha dos sis-

tema ‘cap and trade’ é a sua dependência por

incentivos pecuniários – os quais têm um his-

torial pobre na infl uência de certos tipos de

comportamentos humanos. Vejamos os mi-

lhões de pessoas que decidem dar sangue,

fazer trabalho militar voluntário em tempos

de guerra, perder algum tempo com as co-

munidades locais e separar voluntariamente

todas as semanas o lixo reciclável. A sensa-

ção de auto-satisfação ou a aprovação ou a

recriminação social podem funcionar onde

os mercados não funcionam – ou onde es-

tes são vistos como socialmente inapropria-

dos. O mesmo parece acontecer no caso das

atitudes populares em relação às alterações

climáticas. Cerca de 80% dos inquiridos pe-

la Booz & Company afi rmou que pagaria um

preço substancialmente mais alto pelas su-

as próprias soluções renováveis, mas que não

pagaria uma pequena percentagem dessa

quantia por um preço mais alto na energia.

Por exemplo, a maioria dos inquiridos revelou

que preferia instalar um painel solar em casa

do que pagar um ligeiro aumento na conta da

electricidade para refl ectir o custo da redução

no carbono. Por fi m, como a crise no sector

sabia que…O sistema ‘cap & trade’ funciona como algo similar a um mercado de créditos de car-

bono. O governo estabelece limites de emissão; quem se mantiver abaixo do limite

pode vender créditos; quem precisar emitir acima do limite terá de comprar créditos.

Esta é uma opção para sistemas ambientalmente mais desgastantes, como, por exem-

plo, os EUA, que tem prevista a tributação das emissões ou a proibição de emissão

acima de determinados patamares. O ‘cap and trade’ não deixa de ser controverso,

mas tem vindo a encontrar cada vez mais adeptos, inclusive entre ambientalistas

80 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO80 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

fi nanceiro da segunda metade de 2008 nos

relembrou, os mercados livres nem sempre

dirigem as pessoas a escolhas ideais ou apro-

priadas. Nos mercados energéticos em geral,

a capacidade dos preços para fornecerem in-

formações úteis é comprometida pelas falhas

temporais e pela enorme escala dos investi-

mentos, típicos neste sector de capital inten-

sivo. As simulações recentes levadas a cabo

pela Booz & Company sobre as possíveis im-

plicações de um regulamento climático para

o sector eléctrico dos EUA (com executivos lí-

deres de empresas de utilitários e de petró-

leo e gás e outros participantes) sublinharam

esta questão. Tal como no mundo real, até os

peritos mais experientes falharam na previ-

são das consequências das escolhas uns dos

outros. O resultado foi uma onda geral de de-

sinvestimento e depois um excesso de inves-

timento na nova geração de energias, com o

preço das emissões a subir a níveis muito al-

tos antes de caírem e chegarem quase a ze-

ro. No mundo real, o esquema de troca de

emissões da União Europeia passou por uma

volatilidade semelhante. Este padrão pode

facilmente reaparecer no mercado de ‘cap

and trade’ dos EUA.

Muitas nações já adoptaram li-mites obrigatórios às emissões de CO2; o mesmo fi zeram mui-tos estados, cidades e empresas no mundo industrializado

O QUE PODEM FAZER OS LÍDERESPOLÍTICOS?No fi nal, a natureza multifacetada das alte-

rações climáticas e as mudanças exigidas no

comportamento e no investimento necessá-

rio para lidar com elas fazem com que qual-

quer abordagem que dependa apenas do

programa ‘cap and trade’ seja problemática.

O que podem então fazer os líderes políticos?

Em vez de colocarem um peso excessivo em

cima das frágeis instituições de mercado, vão

acrescentar outros instrumentos políticos

veneráveis ao sistema ‘cap and trade’. Algu-

mas iniciativas para as alterações climáticas

já seguem a abordagem denominada “cin-

to e suspensórios” (em que há mais de uma

abordagem para o mesmo problema). Por

exemplo, o Global Warming Solutions Act da

Califórnia, de 2006, estabeleceu um progra-

ma de referência para as alterações climáti-

cas que junta os mecanismos reguladores

e de mercado com o objectivo de reduzir as

emissões de GEE para apenas 20% dos níveis

de 1990 em 2050. Como os transportes con-

tribuem 39% para as emissões brutas de GEE,

esse sector tornou-se um alvo importante. A

Califórnia usa uma mistura de políticas, in-

cluindo a efi ciência de veículos e padrões de

quilometragem, mandatos para níveis bai-

xos de carbono nos combustíveis para trans-

portes e uma transição de gasolina e gasóleo

para combustíveis alternativos e renováveis.

Além disso, o estado oferece 90 milhões de

euros todos os anos em concessões, emprés-

timos rotativos, garantias de empréstimos e

outras medidas para desenvolver e usar tec-

nologias automóveis e combustíveis. A Cali-

fórnia também quer aumentar a produção de

electricidade a partir de recursos renováveis

em 33% até 2020, através de uma combina-

ção de padrões para edifícios e aplicações e

programas fornecidos por empresas públicas,

governos locais, organizações comunitárias

e o sector privado. Formaram-se subgrupos

Climate Action Team em sectores como a

agricultura, silvicultura e energia para iden-

tifi carem e analisarem medidas de forma a

reduzir as emissões. O uso de terras e as polí-

ticas agrícolas também estão incluídas neste

portefólio robusto. Do outro lado do Atlânti-

co, o governo alemão implementou um plano

semelhante para uma redução de 40% nas

emissões de GEE do país até 2020. O plano,

que afecta sectores como o da agricultura e

transportes, também exige que a electricida-

de produzida na Alemanha a partir de fontes

renováveis seja de 25% a 30% em 2020 (o pa-

ís já tem a percentagem mais alta de capaci-

dade eólica instalada no mundo). Além disso,

o governo vai implementar um pacote de po-

líticas de redução de emissões, assim como

14 novas leis e regulamentos concebidos pa-

ra encorajar os negócios que conservam ener-

gia. E ao dar centenas de milhões de euros

em subsídios para encorajar os proprietários

de edifícios e de casas a instalarem sistemas

de aquecimento efi cientes, o governo alemão

espera aumentar a efi ciência energética dos

edifícios. Tendo em conta a novidade, com-

plexidade e escala do desafi o, os governos

irão indubitavelmente passar por várias abor-

dagens. Contudo, ao longo do tempo acaba-

rão por gravitar na direcção de políticas que

refl ectem as realidades subjacentes da redu-

ção de emissões, das políticas nacionais e lo-

cais e da economia. Isso quase de certeza que

signifi ca, no fundo, que a paisagem regulado-

ra irá refl ectir estes três princípios gerais:

O debate sobre o sistema ‘cap and trade’ em particular está a passar do “Devemos fazê-lo?” para as múltiplas questões que envolvem o “Como fazê-lo?”

Tome notaOs mercados de carbono são um

mecanismo previsto no Protocolo

de Quioto da Convenção das Nações

Unidas sobre Mudança Climática,

segundo o qual países e empresas,

especialmente do sector da energia,

podem adquirir o direito de emitir

gases de efeito estufa em troca

de fi nanciamento de projectos

que minimizem o fenómeno

81 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | 81 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

FAZER APOSTAS ACERTADASSe as políticas públicas forem desenvolvidas

desta forma, então o caminho é claro para

os líderes empresariais no sector energéti-

co e industrial. Não vale a pena apostar em

projectos que só compensam com um preço

muito alto de CO2. Por exemplo, com as tec-

nologias actuais, a fi xação de carbono só é

fi nanceiramente viável se o preço do CO2 se

mantiver aproximadamente acima dos 50

euros por tonelada. Por outro lado, uma es-

tratégia de status quo que dependa da “li-

berdade” das emissões de carbono (como a

estratégia da geração que dependia tradi-

cionalmente do carvão) também é arriscada.

As maiores oportunidades para investimento

serão as transformações holísticas em infra-

estruturas urbanas ou regionais onde os sis-

temas de energia, transportes, saneamento

e telecomunicações são vistos como estando

interligados e o desenvolvimento fi nanceiro,

de construções e tecnológico e o design so-

cial são concebidos em uníssono. Muitas das

discussões sobre a soluções baseadas em

mercados são demasiado optimistas ou de-

masiado pessimistas. Essas discussões igno-

ram ou subvalorizam os custos ou insistem

que os custos são demasiado grandes para

qualquer acção. A melhor resposta empresa-

rial envolve uma análise aos pontos fortes e

aos limites das opções disponíveis, à luz da

complexidade do ambiente regulador, políti-

co e social emergente. Idealizar um mundo no

qual a sociedade usa várias ferramentas para

abordar o problema das alterações climáticas

(incluindo padrões, programas de pesquisa,

subsídios e interdições, além dos mercados

de carbono) abre uma vaga muito maior de

oportunidades novas do que as estratégias

limitadas (apesar de meritórias) que actual-

mente são seguidas. O carvão limpo, a gera-

ção renovável e afi ns são apenas a ponta do

icebergue “pós-carbono”. São as acções sob a

superfície (mudanças comportamentais, efi -

ciências, inovação incremental, concepção de

infra-estruturas e boas práticas de gestão)

que acabarão por ter o impacto maior.

1.soluções “low-cost” As fontes mais acessíveis para a redução das emissões de GEE são, de longe, a melhoria

da efi ciência energética e programas de conservação de terrenos e refl orestação; foi essa

a experiência de dezenas de empresas e de governos de todo o mundo. No passado, as op-

ções mais bonitas e com custos mais altos, como o solar fotovoltaico e as tecnologias de

“carvão limpo”, receberam mais atenção e fundos. Isso vai mudar à medida que os acordos

de custo/benefício favorecem essas medidas como padrões de efi ciência para edifícios e

produtos electrónicos. A automatização também ajudará a reduzir as barreiras comporta-

mentais ao proporcionar maiores poupanças através da efi ciência energética. Por exemplo,

as tecnologias avançadas de controlo, juntamente com os dados sobre preços em tempo

real e as trocas de informações possibilitadas por sistemas de redes inteligentes, farão com

que os aparelhos “decidam” quando reduzir a carga como uma função das condições da re-

de geral de electricidade (o que por sua vez incorpora os preços do carbono). A opção mais

acessível para reduzir emissões em termos de custos irá muitas vezes variar consoante a

geografi a e o estado do desenvolvimento económico local. Um estudo de 2008 do World

Wildlife Fund e da Booz & Company revelou que as fontes mais signifi cativas de emissão

mudam bastante ao longo do ciclo de vida de uma cidade ou região. Durante as primeiras

fases do desenvolvimento económico, a maior redução acontece na concepção de novas

infra-estruturas para transportes e comunicações de forma a apoiar uma habitação densa

e uma banda larga (a ligação à internet pode reduzir as viagens para o trabalho e outras via-

gens e possibilita um uso mais inteligente de energia dentro dos edifícios). Para as cidades

mais estabelecidas com um crescimento mais lento, as fontes mais efi cazes de redução de

emissões são as alterações no fornecimento de electricidade e a efi ciência energética.

2.mercados aerodinâmicosA concepção de mercados de emissões de carbono ainda está em desenvolvimento. Uma

das tendências mais importantes, por exemplo, é o movimento para incorporar “compen-

sações” como as fl orestas, as quais têm um papel enorme na redução de CO2 mas nem

sempre são aceites como viáveis num programa de trocas. Outro desenvolvimento provável

será a criação de mecanismos que reduzam a volatilidade dos preços. Por exemplo, certos

líderes podem aplicar nas alterações climáticas alguns dos princípios que William Hogan,

professor em Harvard, propôs para o controlo dos mercados de electricidade.

3.um compromisso a longo prazoAté agora, os governantes de muitos países, incluindo dos EUA, não forneceram as condi-

ções estáveis e a longo prazo para que as novas tecnologias fl orescessem. No coração da

redução de GEE estarão escolhas corporativas sobre quais os projectos a apoiar, os quais

envolvem biliões de euros e várias décadas para implementar. Infelizmente, as empresas

que querem investir em tecnologias limpas enfrentaram uma paisagem reguladora impre-

visível e inconstante. Os subsídios param e começam. As leis mudam. Sem um compro-

misso correspondente por parte dos seus homólogos políticos, os líderes empresarias não

conseguem prometer o capital necessário para transformar o sector ao longo do tempo.

Comparemos o destino do sector da energia eólica dos EUA com o do sector da energia

solar fotovoltaica no Japão e Europa. Nos EUA, o investimento na energia eólica tem de-

pendido de um “crédito fi scal de produção” fornecido pelo governo, o qual foi oferecido e

retirado numa série de “pára e arranca” ao longo dos últimos anos. Mas o mecanismo pa-

ra subsidiar o sector da energia solar fotovoltaica no Japão, Alemanha e noutros locais foi

explicitamente concebido para durar. Os subsídios diminuíram de uma forma lenta e cui-

dadosamente planeada, criando assim incentivos para os produtores fornecerem a preços

reduzidos através do aumento de escala, aprendizagem e inovação. A resultante melhoria

nos custos e o crescimento do sector seguiram-se previsivelmente. Nos EUA, a mudança

na regulamentação contribuiu para um aumento drástico no custo dos projectos, enquanto

que em França, um ambiente regulador mais estável possibilitou um crescimento rápido e

custos de projecto mais baixos.

82 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

sabia que...

O BMW X6, orçado em cerca de USD

120 mil, foi fabricado de acordo com as

estradas, o combustível e o clima angolano

82 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

É a outra face da recuperação fi nan-ceira. Apesar das estradas débeis e das reduzidas infra-estruturas rodoviá-rias, os automóveis proliferam no país, mostrando que este nicho de mercado é um mundo de possibilidades para os investidores, uma vez que as condições de produção automóvel são ainda mui-to imberbes e a procura de viaturas de gama alta fez disparar as importações. As empresas de renome internacional aproveitam para explorar este sector al-tamente lucrativo e que pode funcionar como alavanca do desenvolvimento in-terno, numa altura em que se procura diversifi car a produção nacional.

O sector automóvel tem um largo mercado

de clientes e uma infi nidade de potencialida-

des. Nos últimos anos, tem assumido um pa-

pel preponderante, fazendo parte dos hábitos

do angolano do século XXI. A actividade vive

essencialmente das importações, em que as

marcas de reconhecida qualidade estão im-

plantadas no país há alguns anos e têm di-

fi culdades em responder à crescente procura,

que aumenta anualmente. A nível nacional, a

impériodas quatrorodas

vertente de produção interna avança timida-

mente e começa a dar os primeiros passos,

com a entrada em funcionamento da primei-

ra grande fábrica. A elevada procura deste

produto, tão apreciado pelos angolanos, tem

levado os fabricantes internacionais a investir

no território nacional, onde é mais fácil res-

ponder às necessidades dos clientes. Com

uma produção forte, será possível responder

com rapidez e efi ciência aos pedidos, melho-

rar o serviço pós-venda e de distribuição de

peças. Além do mais, o país encaminha-se

para a concretização da meta de combate à

pobreza, através da criação de postos de tra-

balho. O crescimento da economia angolana

proporciona novas oportunidades de negó-

cios e permite a consolidação de segmentos,

que ao longo dos anos de guerra enfrentaram

difi culdades de afi rmação no país. Porém, ac-

tualmente estes sectores registam elevadas

taxas de crescimento. É o caso do ramo au-

tomóvel, que exemplifi ca o ‘boom’ económico

que se tem verifi cado na nação africana. No

âmbito da reconstrução nacional, o Executi-

vo de José Eduardo dos Santos procura apoiar

todas as áreas, para levar a bom porto a po-

lítica de recuperação da produção nacional,

reduzindo a excessiva dependência da activi-

dade petrolífera e diamantífera e relançando

a economia nacional, através de reequilíbrio

da balança comercial (reduzir as importações

e fomentar as exportações).

O crescimento da economia angolana proporciona novas oportunidades de negócios

CRESCIMENTO CONSOLIDADOA importância estratégica do sector contribui

para que este se assuma como intervenien-

te directo, possibilitando a concretização de

bons negócios. Nos últimos quatro anos, a

área cresceu 60 por cento. Com importações

anuais que ultrapassam as cem mil viatu-

ras, a evolução deste ramo tem acompanha-

do o desenvolvimento fi nanceiro. Relatórios

da especialidade referem que entre 2005 e

2006, o segmento, representado pelas con-

cessionárias, cresceu em média 59 por cen-

to. No ano seguinte subiu para 79 por cento

e em 2008 evoluiu cerca de 32 por cento. No

último ano, a marca Toyota de Angola foi lí-

der de vendas, escoando quase duas mil via-

turas. O segundo concessionário que mais

| patrícia alves tavares

83 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | 83 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

vendeu foi a Cosal, representante da marca

Hyundai, seguindo-se a Angolauto e a Luso-

landa, ambas embaixadoras da Suzuki. Os

angolanos são apaixonados pelos automó-

veis, tendo preferência pelos carros das me-

lhores marcas internacionais, que oferecem

inovação tecnológica e conforto. Também

o mercado de importadores paralelos, se-

gundo a Associação dos Concessionários de

Transportes Rodoviários, tem assistido a um

acréscimo na procura de viaturas pesadas,

nomeadamente jipes e carrinhas, em que a

preferência vai para os produtos chineses,

que custam entre 20 e 24 mil dólares. Ape-

sar dos elevados preços do combustível, o fo-

mento do poder de compra e a possibilidade

de adquirir crédito automóvel junto da banca

são as bases do desenvolvimento do sector.

A mudança de atitude e cultura dos clientes

tem desencadeado a procura de viaturas no-

vas. Os modelos adaptados ao clima e às ca-

racterísticas do país têm sido responsáveis

por esta opção, levando os angolanos a pre-

terir os carros usados. Por outro lado, a dura-

bilidade e o facto de as viaturas chegarem ao

país completas (evitando-se o roubo de pe-

ças) também pesam na escolha. Aliás, a pro-

cura de automóveis novos é tão intensa, que

as concessionárias, representantes ofi ciais

das marcas mais vendidas, não conseguem

satisfazer todos os pedidos. Em média os

clientes esperam dois meses para receberem

os modelos dos seus sonhos, devido às cons-

tantes rupturas de stock. A demanda exces-

siva tem originado algumas complicações ao

nível do serviço pós-venda, situação que tem

merecido a atenção dos representantes das

marcas, que têm apostado na melhoria das

infra-estruturas e respectivos serviços.

A marca Toyota de Angola foi líder de vendas, escoando quase duas mil viaturas

PRIMEIRA UNIDADE FABRILO projecto foi aprovado em Julho e vem dar

um novo fulgor ao sector, que se aventura

no mercado, com produtos ‘made in Ango-

la’. A implementação da nova infra-estrutu-

ra vai criar na economia angolana um valor

acrescentado médio anual na ordem dos Usd

18.520.530. A fábrica de automóveis CSG, im-

plantada no município de Viana (Luanda), vai

produzir viaturas de todo o género, desde je-

eps e carrinhas até autocarros de pequeno,

médio e grande porte, bem como acessórios.

A fábrica, no valor de 21,4 milhões de euros,

surge no âmbito de uma iniciativa da Agên-

cia Nacional de Investimento Privado (ANIP).

Com aptidão para fabricar dez mil automó-

veis de vários modelos por ano, terá capaci-

dade para produzir 32 mil carros por ano até

2016. A infra-estrutura, cujo projecto de in-

vestimento privado foi entretanto aprovado,

terá ainda a função de comercializar e alugar

veículos. O plano tem como objectivo insta-

BMW VENDEU 1,5 MILHÕES DE CARROS

A marca alemã tem fechado os

últimos anos com saldo positivo e

tem como meta a curto prazo tornar-

se num dos líderes do mercado

angolano na venda de viaturas. Para

tal, abriu em 2008 uma representação

ofi cial da marca em Luanda, para

comemorar os resultados do último

ano, em que registou um volume de

vendas na ordem do milhão e meio

de automóveis. O espaço BMW em

Angola está dotado de uma ofi cina

de apoio equipada com tecnologia

de última geração e de uma loja de

venda de peças, num investimento de

12 milhões de dólares. O fabricante

alemão inaugurou no mesmo local

um estaleiro e um centro de formação,

que desde então tem dotado os jovens

angolanos das capacidades técnicas

necessárias para trabalhar no ramo.

Recorde-se que a marca entre 2007 e

2008 registou um volume de negócios

de 56 milhões de euros

lar postos de venda a nível nacional e inter-

nacional, bem como dar assistência e adaptar

automóveis. No total, serão criados 680 pos-

tos de trabalho directos em diferentes espe-

cialidades, 510 dos quais para funcionários

angolanos. Os promotores do projecto são

as empresas britânicas Pearkbright Interna-

tional Limited (cinco por cento do capital so-

cial) e a Powerquest International Limited (95

por cento do capital). Cada viatura deverá ter

um preço médio de 26 mil dólares, sendo que

o mais barato custará 24 mil e o mais caro

32 mil dólares. No fi nal de 2009, os primei-

ros automóveis fabricados em território an-

golano deverão chegar ao mercado nacional.

Nesse âmbito, 45 profi ssionais já receberam

formação em vários domínios da mecânica,

na China. O responsável pelas Vendas e Ma-

rketing da CSG Angola, Wu Hu Ming, afi rmou

recentemente que o mercado se revela bas-

tante favorável para os investidores, visto

que a unidade industrial ainda não arrancou e

já estão encomendadas 2.800 viaturas, o que

ultrapassa a produção de um mês, estimada

em 2.500 automóveis. A fábrica será dotada

de tecnologia japonesa.

Com competência para fabricar dez mil automóveis de vários modelos por ano, a CSG terá capacidade para produzir 32 mil carros por ano até 2016

ANGOLA, SÍMBOLO DE CONFIANÇAA crise fi nanceira internacional tem abalado

a confi ança dos consumidores e investidores,

que arriscam menos. O mercado angolano, por

seu lado, garante confi ança, devido à estabili-

dade económica dos últimos anos. Essa situ-

ação refl ecte-se no sector automóvel, levando

as companhias internacionais a optar pelo

mercado africano, especialmente o angolano,

para alargar a sua área de actuação, encon-

trando no país estabilidade e uma forte pro-

cura de automóveis, fruto das melhorias da

qualidade de vida das populações. De facto,

a dinamização do sector tem incentivado os

84 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO84 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO | patrícia alves tavares

investidores a estabelecerem parcerias, enca-

rando Angola como parceiro económico, com

um sector cheio de potencialidades por explo-

rar. A indústria de automóveis joga um papel

fundamental no desenvolvimento económico,

especialmente num momento em que se in-

veste nas estradas, situação que tem levado

as entidades a adaptarem as viaturas às ruas,

com resultados animadores.

CHINA LIDERA MERCADO ANGOLANOJá em 2006, o país asiático exportava mil ve-

ículos de passageiros para Angola, movimen-

tando valores na ordem dos 10,6 milhões de

euros. O projecto partiu do governo chinês e

marcou a sua entrada no mercado de exporta-

ção de carros para Angola, criando uma equipa

específi ca para o efeito. A primeira acção fi cou

a cargo da Dongfeng Nissan, que produziu pela

primeira vez veículos completos e montados,

direccionados para o exterior. A empresa, fruto

da parceria entre a Dongfeng Motors e a japo-

nesa Nissan, aumentou entretanto a unidade

de produção para fazer face às exigências do

mercado angolano. Conhecidos por serem os

mais avançados tecnologicamente e sempre

na vanguarda, os chineses estão em força no

mercado angolano. Em 2008, a Hipogest ar-

rancou com as negociações para a entrada de

uma terceira marca chinesa no ramo automó-

vel, para juntar-se à BYD e Jin Bei.

CARRO ELÉCTRICO CHINÊS EM 2009Hipólito Pires, importador exclusivo

da BYD Auto para Portugal e Angola

está confi ante no desenvolvimento

dos modelos híbridos e eléctricos do

construtor chinês BYD, acreditando que

as novas viaturas, menos poluentes,

devem ser comercializadas na Europa

ainda este ano. O responsável da

Hipogest acredita que a empresa chinesa

tem capacidade para substituir os

híbridos eléctricos a gasolina e tornar-

se num dos sistemas mais efi cientes do

mundo. A aposta deste gestor centra-se

no lançamento das marcas chinesas em

Angola, uma vez que os lóbis franceses e

alemães limitam a homologação destes

veículos em Portugal. O gestor é ainda

importador da BMW e está a negociar a

entrada de uma terceira marca chinesa,

no mercado nacional

APRENDIZAGEM NACIONALA formação de quadros tem sido uma das

metas das grandes marcas, que se concen-

tram essencialmente em Luanda, o maior

mercado consumidor. Segundo os operado-

res, há falta de técnicos, nomeadamente

mecânicos e electricistas. As novas fábricas

e ofi cinas representam o fomento do mer-

cado de trabalho. No caso do Ingombota, os

cursos profi ssionais básicos de electricidade

e mecânico-auto são os mais procurados. A

preferência por estas áreas revela a impor-

tância e peso que este sector tem vindo a

assumir. A BMW também arranca este ano

com um centro de ensino, que formará téc-

nicos informáticos, mecânicos, pintores e

manobradores de equipamentos. “A Sada-

sa investe não só em infra-estruturas, mas

também no homem. Angola é um país gran-

de pelo que precisa de uma academia para a

formação de técnicos para atender as neces-

sidades da BMW em Luanda e noutras cida-

des, para onde iremos expandir brevemente”,

afi rmou recentemente o gestor da marca. A

implementação da produção nacional pode

contribuir para empregar jovens, que quan-

do terminam os cursos de aprendizagem não

conseguem montar a sua ofi cina, devido à

falta de espaço e de ferramentas, que são

muito dispendiosas.

A BMW arranca este ano com um centro de formação, que formará técnicos informáticos, mecânicos, pintores e manobradores de equipamentos

93 DESPORTO · ANGOLA’IN | 93 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | fábrica de vidros do kikoloestrada n’gola kilwange · kikolo, luanda - angola · tel 222 391 711 · fax 222 392 499v

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86 | ANGOLA’IN · DESPORTO

raio xTIGER WOODS É O MAIS RENTÁVELO desportista individual mais cotado é o jogador de golfe Tiger Woods, que ocupa o 11º lugar do ranking, encontrando-se à frente da cotada Liga dos Campeões da UEFA. O atleta deverá subir no ranking nos próximos anos, graças aos lucros provenientes do desenho de novos campos de golfe no mundo inteiro, o que representa uma verdadeira mina de ouro para os mais cotados jogadores de golfe da actualidade

| patrícia alves tavares DESPORTO

Num período em que a crise fi nanceira mun-

dial é tema de conversa diária, existe um sec-

tor da economia que não parece sofrer dos

males internacionais, representando um nicho

de mercado que vive num tempo e realidade

próprios, onde as transferências milionárias

fazem corar os mais cépticos. Veja-se o caso

do futebol, cujo mercado das transferências

foi notícia na imprensa mundial. Apenas o Re-

al Madrid investiu cerca de 200 milhões de eu-

Há crise no desporto?O marketing é ferramenta essencial para o sucesso do desporto. O poder das marcas, que investem nos atletas e clubes, as receitas publicitárias, de merchandising e direitos televisivos, os patrocínios e prémios são os motores de todos os sectores de negócio e o desporto não é excepção. Estes factores são decisivos para manter a máquina em funcionamento. Mas o marketing desportivo não se resume apenas ao futebol. Movimenta todas as modalidades, em que a Fórmula 1, o ténis e o golfe geram lucros, que ultrapassam o imaginável.

ros para renovar a equipa para a época 2009/

2010. Contudo, se os valores movimentados

neste meio são considerados para além do ra-

zoável, o futebol europeu não é a marca des-

portiva mais valiosa. A Sport Magazine revelou

recentemente que a Fórmula 1 é, em valor, uma

das competições e modalidades com maior va-

lor comercial do mundo. A National Footeball

League (futebol americano) ocupa o ranking

da lista, com 3,2 biliões de euros. Seguem-se

quanto vale alonso?Os milhares de fãs compram tudo o que ele vende, o

que leva as marcas a seguir Alonso para todo o lado.

Marcas que investem em Fernando Alonso:

Silestone (fabricante de superfícies de quartzo): 2.000.000 €

Bridgestone (Fabricante de pneus): 8.900.000 €

Renault (fabricante de automóveis): 100.700.000 €

Total (gasolina e lubrifi cantes): 23.240.000 €

Viceroy (relógios): 2.000.000 €

Universia (portal sobre universidades): 380.000 €

Puma (roupa desportiva): 1.230.000 €

ING (banco): 41.800.000 €

Mutua Madrileña (Seguros): 4.640.000 €

Pepe Jeans (roupa jovem): 6.200.000 €

Unicef: 0 €

a Major League Baseball (Liga de Basquetebol

americana) com 2,8 biliões de euros e a NBA

(Liga de Basquetebol), com 2,4 biliões de eu-

ros. A Fórmula 1 vale 1,7 biliões de euros.

f1 perderá milhões

Se a FOTA abandonar o campeonato, a F1 perde 2,2 biliões de dólares em investimento,

o que representa metade do total das receitas obtidas em 2008. Os valores dos contratos

televisivos podem passar para metade das quantias actuais, que chegam aos 550 milhões

de dólares. De facto, as próprias equipas ao dividirem-se fi cam a perder, devido à quebra

potencial das audiências televisivas. Se a FOTA fugir com todo o valor comercial da

disciplina para outra série, equipas como a BMW-Sauber, Brawn, Ferrari, McLaren,

Red Bull e Renault podem estar de saída. “Estas equipas também gastam grandes

montantes em alojamento e publicidade nas pistas. Por isso, a sua partida terá outros

impactos nas receitas”, revela o relatório da Fórmula Money, citado pela Reuters

por outro lado, que no Estoril Open, o lucro da

bilheteira corresponde apenas a dez por cento

da receita global. O restante é assumido pe-

los direitos de transmissão televisiva e pelos

patrocínios da empresa de telecomunicações

PT e do banco BES. Em termos de desportistas

individuais, é no golfe que surgem os atletas

mundiais mais caros. A modalidade surge no

topo, graças a Tiger Woods.

PARTICULARIDADES DESPORTIVASOs adeptos são factor determinante e a es-

tratégia de gestão da marca tem que estar

adaptada à realidade de cada país, aos valores

de cada clube e às necessidades dos seus se-

guidores. Esta é a opinião da maior referência

mundial nesta matéria, William Sutton. O es-

pecialista não tem dúvidas de que o marketing

desportivo é diferente de tudo, pois lida com

a imprevisibilidade e as emoções das pesso-

as, o que traz proveitos. O segredo está em

concentrar-se nas extensões do produto, en-

carando as novas tecnologias e as crianças co-

mo aliados de peso na defi nição do marketing

de uma modalidade. William Sutton defende

que o desporto será “um negócio de entrete-

nimento”, pois “devido à situação económica

que se vive, será mais visto como um negócio,

porque tem de fazer economicamente senti-

do para os investidores e patrocinadores”. Em

entrevista à revista ‘Marketeer’, o gestor en-

tende que o bom profi ssional de marketing

desportivo é o bom observador. “Se visitar a

página da internet dos Phoenix Suns, uma

equipa da NBA, vai ver um balneário virtual,

onde é possível encontrar diferentes tipos de

produtos e ao clicar sobre esses produtos na-

vega directamente para a respectiva página

(ex. McDonalds, Coca-Cola, etc.) e pode com-

prar o bilhete para o jogo já com uma bebida

ou jantar incluído e depois no estádio é mui-

to prático para utilizar. Com isso, ganham mi-

lhões de dólares. Viram uma oportunidade de

ganhar dinheiro e aproveitaram-na”, exempli-

fi cou. A inclusão das mulheres no mundo do

desporto é igualmente uma oportunidade de

mercado, uma vez que estas se interessam

por diferentes partes do produto.

‘MARCA’ FERRARI SUPERA FÓRMULA 1As grandes escudeiras como a Ferrari ou a

McLaren investem anualmente 450 milhões

de euros e pilotos de topo, como Fernando

Alonso ou Kimi Räikkönen ganham 30 milhões

de euros por época. Os patrocinadores também

investem quantias exorbitantes, uma vez que

este campeonato está no topo das audiências

televisivas internacionais, com uma base de

fãs cada vez mais transversal em todo o mun-

do. O retorno para os patrocinadores é bastan-

te lucrativo. As estimativas realizadas no início

da temporada da F1 revelam que a competição

de alto nível é um mercado rentável. Analisan-

do o valor de cada equipa no actual campeona-

to do ponto de vista comercial e patrimonial,

ou seja, os pilotos e respectivos contratos, os

preços dos patrocínios que angaria e o impacto

dos direitos de transmissão televisiva, a Fer-

rari ocupa o topo da lista, com 550 milhões de

euros. Seguem-se a McLaren (400 milhões

de euros), a Renault (280 ME), a BMW (230

ME), a Toyota (225 ME) e a Williams (220 ME).

Curiosamente, as equipas menos valiosas, em

termos comerciais, dominam actualmente as

corridas, pelo que o seu valor patrimonial é

agora superior. De acordo com a revista britâni-

ca Sports Pro, a Ferrari é a sétima propriedade

desportiva mais valiosa do mundo, com uma

avaliação de 1,5 biliões de dólares. Aliás, a mar-

ca de Maranello vale ainda mais que a própria

modalidade onde está inserida (F1) e que os

‘reis’ do futebol, o Manchester United e o Real

Madrid. A venda de Cristiano Ronaldo por 94

milhões de euros ao Real Madrid fez agitar os

mercados, mas em termos de retorno mediá-

tico global nenhuma marca, equipa, competi-

ção ou jogador de futebol consegue suplantar

a NASCAR e a Ferrari. O investimento de 250

mil dólares realizado para o GP da Austrália por

Richard Branson na Brawn GP permitiu à mar-

ca Virgin um retorno de dez milhões de dólares

em cobertura televisiva, relativamente a esse

evento. A publicação “Sports Pro” calculou que

a Brawn ocupou 42.38 minutos da transmis-

são televisiva durante a qualifi cação e a cor-

rida e que durante esse período os logótipos

da Virgin estiveram ‘em exibição’ durante 8.56

minutos. Daí em diante, o contrato de 250 mil

dólares por corrida tem sido um negócio das

arábias para Branson, patrão da Virgin. À pro-

cura de um patrocinador principal, encontra-se

a USF1, que tem tentado seduzir o You Tube,

uma marca com ‘alto perfi l’ e capacidade fi -

nanceira para o desenvolvimento do projecto

da pequena equipa norte-americana.

A venda de Cristiano Ronaldo por 94 milhões de euros ao Real Madrid fez agitar os mercados, mas em termos de retorno mediático global nenhuma marca, equipa, competição ou jogador de futebol consegue suplantar a NASCAR e a Ferrari

ELITES VALIOSASSe o FIFA World Cup é o campeonato mais va-

lioso, em termos de acontecimentos anuais, o

torneio de ténis de Wimbledon surge em pri-

meiro no ranking geral, avaliado em 900 mi-

lhões de dólares. Os tenistas também possuem

cotações altas. De uma maneira geral, um jo-

gador não participa em mais de vinte torneios

anuais, apesar de se organizar mais de 60. Os

melhores atletas são os mais disputados e,

curiosamente, os que jogam menos. Tenistas

como Federer disputam obrigatoriamente os

torneios essenciais. Os restantes não são ne-

cessários e obviamente têm cotações. João

Lagos, mentor e responsável do Estoril Open,

em Portugal, conseguiu trazer a vedeta inter-

nacional ao último evento (em 2008) e reco-

nhece que não é fácil requisitar os tenistas de

topo. Tal implica um bom cachet e muita habi-

lidade. Conseguir a participação de Federer nu-

ma das competições fora do círculo obrigatório

custa entre meio milhão e um milhão de eu-

ros. No caso do Estoril Open, como não podia

aumentar o cachet, João Lagos propôs que dez

por cento do mesmo fosse para uma funda-

ção que o atleta possui para ajudar crianças na

África do Sul. O responsável do evento admite,

87 DESPORTO · ANGOLA’IN |

| patrícia alves tavares DESPORTO

“Um espectáculo desportivo tem caracterís-

ticas únicas como a inconsistência e a im-

previsibilidade. São características que não

existem em mais nenhum sector. Não se quer

que um carro seja imprevisível, não quere-

mos ir ao teatro ver o Hamlet e que toda a

gente morra no fi m, enquanto num evento

desportivo, um jogador pode marcar um go-

lo, na próxima semana pode marcar quatro

e na próxima talvez não marque nenhum”,

afi rmou recentemente William Sutton. Não

é a marca comercial mais valiosa do mundo,

mas encontra-se no “top ten” e desperta o

maior interesse da população. É a modalida-

de que ocupa maior tempo de antena na co-

municação social. O futebol vale 1,2 biliões de

euros, a Liga dos Campeões movimenta 787

milhões e os Jogos Olímpicos valem 744 mi-

lhões de euros. A importância patrimonial re-

Bola de ‘ouro’ A transferência mais cara da história do futebol agitou os mercados e a sociedade. Cristiano Ronaldo vale 94 milhões de euros e é o jogador mais valioso do mundo. A injecção de dinheiro fresco por parte do Real Madrid e do Manchester City fez correr muita tinta, suscitando comentários por parte dos analistas de futebol, que consideram exageradas as quantias investidas pelos clubes, numa altura em que a crise faz tremer todos os sectores da economia e Michel Platini aconselhou prudência nos investimentos. Enquanto as formações regionais e com menos poder económico se vêm em difi culdades para pagar aos atletas e assegurar a permanência, os grandes da Europa demonstram que nem tudo vai mal no futebol.

vela que o futebol é mais que um desporto,

é sobretudo um negócio, bastante rentável

para todos os envolvidos. O Manchester Uni-

ted, o Real Madrid e o Barcelona são os mais

valiosos. Analisando o estudo anual, efectua-

do pela consultora Brand Finance, as três for-

mações valem no seu conjunto mil milhões

de euros, onde o clube inglês lidera com 386

milhões de euros. A avaliação, realizada com

base nas receitas oriundas da venda dos bi-

lhetes, do merchandising, dos patrocínios e

direitos televisivos, defi ne os Red Devils co-

mo uma marca “extremamente forte”. O va-

lor da equipa cresceu em 77 milhões de euros

relativamente ao ano anterior. Embora as du-

as marcas mais valiosas sejam espanholas,

a Liga Inglesa é a mais representada na lista

dos 20 mais importantes do mundo, contan-

do com sete clubes. As ligas alemã e italiana

surgem na lista com quatro equipas cada, en-

quanto França e Espanha têm apenas duas.

MARCA DE QUALIDADEO valor da marca (brand) de um clube é ac-

tualmente o seu maior activo. Símbolo de

grandeza desportiva e fi nanceira, a marca

desperta o interessa das grandes empresas,

que estão sempre dispostas a apostar o seu

capital em mercados que lhes gerem retorno

através da publicidade. O relatório da Brand

Finance, “Most Valuable European Football

Brands 2008” mostra que dos 20 clubes ava-

liados em 2.940 milhões de euros, cerca de

51 por cento desse mesmo valor diz respei-

to aos cinco primeiros lugares. O actual cam-

peão europeu, Manchester United lidera a

tabela, em que a marca “Man U” é conhecida

à escala global. A transferência de Cristiano

2. quais os clubes com maiores receitas?

Deloitte - Football Money League 2008

CLUBE BILHETEIRA DIREITOS TV COMÉRCIO TOTAL

1. Real Madrid CF 82.2 132.4 136.4 351.0

2. Manchester United FC 137.5 91.3 86.4 315.2

3. FC Barcelona 88.6 106.7 94.8 290.1

4. Chelsea FC 110.7 88.5 83.8 283.0

5. Arsenal FC 134.6 65.8 63.5 263.9

6. AC Milan 28.6 153.6 45.0 227.2

7. FC Bayern Munchen 54.9 61.2 107.2 223.3

8. Liverpool FC 57.1 77.5 64.3 198.9

9. FC Internazionale 29.8 128.0 37.2 195.0

10. AS Roma 24.0 54.0 29.1 157.6

Valores em milhões de euros

1. as 10 marcas desportivas mais valiosas

O Valor das Marcas dos Clubes Europeus 2009

CLUBE PAÍS VALOR

1. Manchester United Inglaterra 372.000.000 €

2. Real Madrid Espanha 339.000.000 €

3. Barcelona Espanha 300.000.000 €

4. Bayern Munich Alemanha 279.000.000 €

5. Arsenal Inglaterra 227.000.000 €

6. Chelsea Inglaterra 203.000.000 €

7. AC Milan Itália 174.000.000 €

8. Liverpool Inglaterra 153.000.000 €

9. Inter Milan Itália 113.000.000 €

10. Juventus Itália 105.000.000 €

Fonte: Brand Finance

88 | ANGOLA’IN · DESPORTO

Ronaldo para o Real Madrid pode alterar o

‘ranking’, recolocando a formação espanhola

na liderança. “Se o estudo fosse feito no fi nal

do ano, é natural que o Real Madrid altere a

sua posição”, pois “os jogadores levam todo

um conjunto de merchandising atrás”, expli-

cou Pedro Tavares da Brand Finance. O Real

Madrid é a segunda marca de futebol mais

valiosa, com um património de 352 milhões

de euros (mais 34 milhões que em 2008). A

terceira posição é ocupada pelo Barcelona,

com uma avaliação de 312 milhões. As três

marcas distinguem-se por serem as únicas

avaliadas com o ‘rating’ AAA. A gestão da

marca desportiva é baseada em investimen-

tos, que têm como retorno avultadas recei-

tas. No caso do futebol, o valor dos adeptos

é uma mais-valia para engrossar os lucros da

marca, uma vez que a venda dos bilhetes pa-

ra os espectáculos desportivos é uma fon-

te de dinheiro. A sondagem da Sport+Markt

aponta o Barcelona como sendo a forma-

ção detentora de maior número de adeptos,

com cerca de 50,3 milhões. Os clubes espa-

nhóis são os que detêm mais seguidores,

com 103,5 milhões contra os 99,2 milhões

das equipas inglesas. A competição inglesa

registou ainda um crescimento recorde das

receitas da Premier League. Comparativa-

mente com o ano anterior, os clubes da liga

inglesa arrecadaram 953 milhões de euros,

o que permitiu investir mais na aquisição de

jogadores. O campeão da primeira divisão, o

Manchester United foi o clube que mais ga-

nhou, com mais de 61 milhões de euros pro-

venientes dos direitos televisivos. O papel

da televisão ganha particular enfoque quan-

do se trata do mercado internacional. A Ásia

e o Médio Oriente são os principais consumi-

dores de futebol europeu, cujo acréscimo da

procura tem tido benefícios elevados para as

ligas e respectivos clubes.

CONTRATAÇÕES MILIONÁRIASNo marketing desportivo, não são apenas as

SAD e os clubes que lucram. Os jogadores são

peça-chave nesta estrutura de aquisição de lu-

cros. Bons salários e um nível de vida muito aci-

ma da média ocupam os sonhos da maioria dos

jogadores, que sonham chegar à liga inglesa ou

espanhola. Os africanos não são excepção. To-

dos desejam atingir o patamar de Manucho,

que assinou pelo Valladolid após uma época no

gigante inglês Manchester United. O angola-

no é o ídolo dos jogadores nacionais, que mes-

mo quando chegam ao campeonato português

(que para eles simboliza um salto signifi cativo

na carreira) têm como meta profi ssional e pes-

soal alcançar as maiores marcas desportivas do

mundo. As compras “astronómicas” de Cristia-

no Ronaldo, Kaká e Benzema pelo Real Madrid

revelam que as opções de marketing permitem

obter lucros, que duplicam de ano para ano. Por

outro lado, estas movimentações impulsionam

indirectamente todo o mercado, incluindo os

clubes mais pequenos. Veja-se o caso da com-

pra de Benzama, cujos 35 ME cobrados pelo O.

Lyon permitiram ao clube francês comprar ao

Futebol Clube do Porto o Lisandro Lopez (24

ME) e Cissoko (15 ME).

‘RIFAR’ O CLUBEA constante necessidade de obtenção de recei-

tas para suportar os gastos do clube, incita os

directores de marketing a procurarem constan-

temente alternativas inovadoras para vende-

rem os espaços de publicidade. O sistema de

rifas é um método inovador de venda de espa-

ço publicitário e é já utilizado por alguns clubes,

com resultados favoráveis. O sistema funciona

em diversas formas:

1) o clube quer vender o direito de naming do

estádio (avaliado em um milhão de euros) por

uma época. Para tal, divide o valor pretendido

por 50 bilhetes de rifa, no valor de 20 mil euros

cada, convidando empresas potencialmente

interessadas em patrocinar o clube a comprar

as que desejar. A entidade sorteada associará o

seu nome e marca ao nome do estádio (méto-

do da Liga de Rugby Inglesa);

2) pode, à semelhança da Liga de Futebol Ame-

ricano, criar objectivos para a aquisição de rifas,

em que a empresa ao comprar dez mil bilhetes

ou lugares anuais ganha um bilhete de rifa para

o sorteio anual do direito de naming do estádio;

3) por último, o clube pode usar este método

para encontrar um patrocínio para a camisola

do clube, colocando ao dispor dos interessados

100 rifas ao preço de dez mil euros cada. O pri-

meiro prémio consiste em estampar a marca

da empresa nas camisolas do clube nos jogos

efectuados em casa, o segundo prémio vale o

patrocínio nas camisolas em jogos fora e o ter-

ceiro prémio equivale a um placar publicitário

de destaque no estádio.

NOVAS TECNOLOGIAS AO SERVIÇODO FUTEBOLAtento à evolução tecnológica, o marketing

desportivo encontra-se na vanguarda. O “Blue-

tooth Marketing” é o mais recente gerador de

dinheiro, que já é explorado pelos clubes brasi-

leiros e ingleses. O sistema caracteriza-se pe-

la instalação de uma rede de comunicação nos

estádios, que envia aos adeptos durante o jogo

uma mensagem, pedindo autorização prévia

para downloads de imagens, vídeos e mensa-

gens. As receitas provêm das empresas que

desejam anunciar através deste sistema. Esti-

ma-se que cerca de 1/3 dos clubes ingleses e

brasileiros instalaram o mecanismo, cujos va-

lores são negociados através da empresa de-

tentora dos direitos, que vendem o sistema

bluetooth em pacotes de publicidade, em que

o clube recebe 25 por cento da receita dessa

venda. Este dispositivo pode render entre 150 e

300 mil euros por época, só em jogos da liga.

3. as 10 maiores transferências do futebol mundial

JOGADOR PAÍ S POS VENDEDOR COMPRADOR ANO VALOR

1. Cristiano Ronaldo POR A Manchester United Real Madrid 2009 94.000.000 €

2. Zinedine Zidane FRA M Juventus Real Madrid 2001 73.500.000 €

3. Ricardo Kaká BRA A AC Milan Real Madrid 2009 65.000.000 €

4. Luí s Figo POR M Barcelona Real Madrid 2000 61.500.000 €

5. Hernan Crespo ARG A Parma Lazio 2000 51.200.000 €

6. Gianluigi Buffon ITA G Parma Juventus 2001 46.800.000 €

7. Rio Ferdinand ING D Leeds United Manchester United 2002 46.000.000 €

8. Christian Vieri ITA A Lazio Internazionale 1999 45.300.000 €

9. Andriy Shevchenko UCR A AC Milan Chelsea 2006 45.000.000 €

10. Gaizka Mendieta ESP M Valencia Lazio Roma 2001 44.900.000 €

89 DESPORTO · ANGOLA’IN |

90 | ANGOLA’IN · DESPORTO

À LUPA

O hóquei em patins é um desporto colec-

tivo, praticado em recintos fechados, em

que os atletas rolam sobre patins e usam

um stick para conduzir a bola. A equipa

é formada por cinco jogadores (quatro

em campo e um guarda-redes). O orga-

nismo máximo, que tutela a modalidade

é o Comité Internacional de Hóquei em

Patins (CIRH). A nível europeu, o Comi-

té Europeu (CERH) é responsável por to-

das as provas existentes no continente.

Os principais campeonatos, em termos

de selecções masculinas e femininas,

são o Campeonato do Mundo de Hóquei

em Patins e o Campeonato Europeu de

Hóquei em Patins

DESPORTO

A recente prestação dos atletas nacionais no

39º campeonato do mundo é produto do esfor-

ço e dedicação dos responsáveis e praticantes

do hóquei em patins. Em Vigo e Pontevedra,

os hoquistas derrotaram a veterana selecção

italiana, ascendendo assim à sexta posição, a

melhor de sempre em competições do géne-

ro. No último Mundial, os palancas não foram

além do oitavo lugar. A formação comandada

por Miguel Umbert Riera já tinha impressio-

nado os seus adversários no torneio interna-

cional de Blanes (Espanha), que antecedeu o

Mundial. O cinco nacional derrotou a França e

a congénere da Áustria e apenas não passou à

fase seguinte, devido ao gol average, em que

os franceses foram superiores.

NAÇÃO EMERGENTEFoi no Egipto que a modalidade deu os primei-

ros passos, existindo registos de que na França,

na Idade Média, existia um desporto conheci-

do por Hoquet, que provavelmente deu origem

à denominação inglesa Hockey. Já a patinagem

aparece representada nas gravuras do século

PATINS VITORIOSOSO fomento do hóquei em patins enquanto desporto de sucesso é aposta ganha. A prová-lo está o sexto lugar alcançado pela selecção sénior masculina no último mundial. O resultado é inédito e prova que a evolução da modalidade é uma realidade e os bons resultados revelam que o país tem capacidade para disputar os títulos internacionais com os melhores do mundo.

XII e o primeiro patim de rodas foi divulgado

pelo belga Joseph Merlin. A primeira prova or-

ganizada data de 1905 e coube a Inglaterra a

vitória do primeiro campeonato europeu (1926)

e do mundo (1936). Actualmente, o hóquei em

patins é praticado em mais de 60 países e tem

como principais potências Portugal, Espanha,

Itália e Argentina. Nos últimos anos, tem cres-

cido exponencialmente em regiões como a

França, Suíça, Brasil, Angola, Moçambique, Es-

tados Unidos e China. As previsões para o fu-

turo são de que a modalidade vai crescer ainda

mais (sobretudo nas áreas emergentes), tanto

ao nível masculino como feminino, esperan-

do-se que volte a integrar os Jogos Olímpicos,

como já aconteceu em 1992, nos Olímpicos de

Barcelona, mas não conseguiu a denominação

de modalidade olímpica.

RECONHECIMENTO INTERNACIONALAngola acolheu em 2006 o Campeonato do

Mundo de Clubes, alcançando a desejada visi-

bilidade internacional. O evento foi criado em

2005 e o país foi escolhido pelos responsáveis

| patrícia alves tavares

mundiais para albergar a prova, como forma

de fomentar o desenvolvimento deste despor-

to. O evento, reconhecido pelo Comité Interna-

91 DESPORTO · ANGOLA’IN |

cional de Hóquei em Patins (CIRH), escolheu

pela primeira vez e ofi cialmente qual o melhor

clube do mundo. O pavilhão da Cidadela, em

Luanda, foi o palco escolhido para a realização

do campeonato, cuja ideia surgiu após o suces-

so do Torneio de San Juan, em 2004. A prova

ditou a eleição do AS Bassano Hockey 54 co-

mo o melhor do mundo. O evento repete-se de

dois em dois anos. A referida competição re-

conheceu o mérito do desporto nacional. Aliás,

esse foi um dos principais motivos que leva-

ram a CIRH a seleccionar a FAP para coordenar

a primeira edição. A opção foi tomada tendo

em conta o desejo de expandir a modalidade

no continente africano, pelo que o projecto de

levar os melhores clubes do planeta a África

funcionou como “motor” do desenvolvimento

da modalidade. Angola é o país do continente

onde o hóquei em patins está mais amplifi ca-

do, apresentando excelentes condições para a

sua prática. Essa realidade é comprovada pela

participação dos “Palancas Negras” nos cam-

peonatos continentais, internacionais e na Ta-

ça das Nações de Montreux.

VERBAS LIMITAM DESEMPENHOA situação económica da Federação Angolana

de Patinagem (FAP) é o principal entrave ao de-

senvolvimento das modalidades relacionadas

com a patinagem, especialmente no que con-

cerne ao hóquei em patins. Aliás, a débil estru-

tura fi nanceira do organismo colocou em risco a

participação do cinco angolano no campeonato

do Mundo, por falta de verba para suportar as

despesas de preparação. A entidade é tutelada

pelo Ministério da Juventude e Desportos e de-

pende exclusivamente do seu apoio, pelo que

o atraso na disponibilização das quantias dei-

xou o grupo em difi culdades, provocando algu-

ma instabilidade emocional. Contudo, a estadia

da equipa em Espanha contou com a colabo-

ração de alguns patrocínios e empresários, que

se mostraram solidários e ajudaram a pagar as

despesas da formação. A situação gerou algu-

ma controvérsia, uma vez que o orçamento pa-

ra esta modalidade estava confi rmado desde

Fevereiro, levando o presidente da FAP, Carlos

Alberto Jaime a afi rmar que não entende “por-

que o hóquei não tem o mesmo tratamento

que as outras modalidades”.

RELANÇAR COMPETIÇÃO FEMININAÉ um dos handicaps da modalidade. Enquanto

os seniores masculinos surpreendem nos cam-

peonatos internacionais e são encarados como

adversários temíveis e os juniores revelam que

o futuro do hóquei em patins angolano tem

qualidade para evoluir, a equipa ao nível dos

femininos está muito aquém das potenciali-

dades. A última vez que as atletas represen-

TREINADORES ESPANHÓIS EM GRANDE NOS PALOPDetentores de longa tradição no hóquei em patins, os espa-

nhóis são os técnicos preferidos por países como Angola e

Moçambique, que se encontram em ascensão nesta moda-

lidade. No caso nacional, Miguel Umbert Riera substituiu o

português Fernando Fallé no comando da equipa, prometendo

dar seguimento ao trabalho que tem sido desenvolvido nos

últimos anos. O actual técnico foi seleccionador espanhol e

tem como principal qualidade o desenvolvimento de jogado-

res jovens, tendo inclusive formado os actuais bicampeões

do Mundo, em juniores. Em Moçambique, a escolha recaiu

no catalão Josep Maria Barbera, treinador que tem apoiado o

seleccionador Pedro Pimental. O ex-seleccionador da Cata-

lunha, Jordi Campos é o comandante da selecção brasilei-

ra que, tal como os “Palancas Negras”, possui jogadores com

elevadas capacidades técnicas e que têm crescido ao longo

dos últimos mundiais. A par dos angolanos são excelentes

candidatos a lugar de destaque nas competições mundiais,

necessitando apenas de adquirir maior consistência técnica

sabia que

A Juventude de Viana ocupa a 18ª posição

no ranking mundial de títulos em

hóqueis em patins, com nove conquistas

(1 Campeonato Africano de Clubes, 3

Campeonatos de Angola, 3 Taças de

Angola, 2 Supertaças de Angola)

taram o país no estrangeiro foi no Mundial de

1994, em Portugal. A partir daí, a modalidade

caiu um pouco no esquecimento e pouco ou

nada foi feito em prol da formação feminina.

O presidente da Associação Provincial de Lu-

anda de Patinagem (APLP), Hirondino Garcia,

tem-se mostrado preocupado com a situação

e defende a necessidade de reactivar a moda-

lidade na classe feminina, de modo a oferecer

maiores opções desportivas à mulher angola-

na. O responsável lamenta o actual estado do

sector e tem solicitado que os clubes e res-

pectivas entidades desportivas desenvolvam

acções que visem a melhoria da modalidade,

de modo a que possa voltar a marcar presença

nas competições internacionais. A associação

luandense tem inclusive procurado implemen-

tar junto dos fi liados (clubes e núcleos) acções

de sensibilização para o desenvolvimento da

vertente feminina. O dirigente lembrou ainda

os vários clubes que se encontravam em ex-

pansão na década de 90 e que actualmente

estão praticamente desaparecidos, pelo que

é fundamental auxiliar essas entidades, para

que possam relançar-se nas competições e as-

sim, promover ainda mais o hóquei em patins

nos campos mundiais.

92 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO

“Vamoslutarparaganhar”

Em 2008, saltou para as capas dos jornais ao sagrar-se goleador do Girabola, ao serviço do Petro de Luanda. Facto que lhe abriu as portas do campeonato europeu. Santana alcançou o sonho de menino e estreou-se como avançado no campeonato português. O número 14 do Vitória de Guimarães confessou à Angola’in os seus projectos e a paixão pela terra natal.

Quando surgiu o interesse pelo futebol?Desde miúdo sempre gostei de jogar à bola,

mas não tinha muito interesse em ser jogador

profi ssional. Gostava apenas de assistir. Quan-

do tinha 11/ 13 anos comecei a treinar ginástica

no Petro. Entretanto, deixei a modalidade e fui

praticar futebol. Porém, desisti e inscrevi-me no

Karaté e só em 1998/ 99 despertou o bichinho.

Foi nessa altura que encarou o futebol mais a sério?Sim, comecei a ver os jogos do Mundial de 98 e

a partir de 2000 comecei a treinar nos juvenis.

Em 2002, fi z a minha primeira estreia na equipa

sénior. Porém, em 2003, chegou um treinador

holandês, que me dispensou, alegando que eu

era muito miúdo, preferindo os jogadores mais

velhos. Por isso, fui para o Sagrada Esperança

ganhar experiência. Em 2005, o Petro pediu-me

para voltar e assinei contrato por dois anos.

PERFILNome: José da Silva Santana Carlos

Clube: Vitória Sport Clube de Guimarães

Posição: Avançado

Percurso:2002 - Petro de Luanda

2003/ 05 - Sagrada Esperança

2006/ 08 - Petro de Luanda

2008/ 09 - Vitória

CURIOSIDADES

Um jogador: Thierry Henry

Um treinador: Bernardino Pedroto

Um fi lme: “Á procura de um milagre”

Um restaurante: “Karibe”

Um prato: Muamba de galinha

Uma bebida: Sumo de manga

Uma música: Kuduro, Kizomba

Um cantor: Bruno

Uma cantora: Ari

Uma qualidade: Sincero

Um defeito: Teimoso

Excentricidade: Conhecer o planeta

Herói: Pais

Como chegou ao Guimarães?No fi nal do último ano, começaram a surgir

equipas interessadas em mim. Esperei pela

decisão do clube, que chegou a acordo com a

direcção do Vitória de Guimarães. Sempre quis

jogar fora e chegar a um clube maior.

O que espera do futuro?Gostava de evoluir ainda mais. Tenho muito pa-

ra aprender com os outros colegas. Há sempre

o sonho de jogar no Arsenal, no Manchester, no

Liverpool, no Porto ou no Benfi ca. Para já é ir

trabalhando e suando a camisola.

Gostava de voltar a Angola?Se tudo correr bem, acabo a carreira no meu país.

O futebol português é diferente doangolano?É um pouco diferente. Em Angola é mais con-

tacto físico, aqui é mais exigente. Na mínima

coisa, há falta.

Qual o signifi cado do CAN?O CAN é excelente para o nosso país. Em ter-

mos de economia e negócios, é muito bom, es-

pecialmente para a reconstrução nacional. Por

outro lado, o país está a fazer tudo para prepa-

rar um bom evento e a população está alegre,

pois é a primeira vez que organizam o CAN. Vai

colocar Angola no mundo.

A selecção está motivada?Jogamos em casa e sei que os adeptos vão exi-

gir muito. Vamos lutar para ganhar, mas sa-

bemos que existem equipas complicadas, tal

como a Nigéria e o Senegal, que são difíceis de

bater. Mas o grupo está empenhado, há espí-

rito de equipa e é motivante saber que o CAN

é no nosso país, pois sabemos que o povo vai

estar presente e a dar força.

O que lhe parece a escolha de Manuel José?Costumo ver alguns jogos dele pela televisão.

Conhece bem o campeonato africano, treinou

um dos grandes, o Al Ahly e é muito bom trei-

nador. É uma boa escolha.

Como analisa a formação dos jovens?Tem evoluído muito. Ainda é diferente do que

se faz aqui, mas a formação é muito boa. A mo-

dalidade tem crescido e nota-se a diferença.

Há muitos talentos por explorar?Sim. Actualmente, os clubes europeus estão

muito atentos. Existem em Angola excelentes

jogadores, com capacidades para triunfar nos

campeonatos europeus. Além disso, também

há bons treinadores, que já jogaram na Europa

e estão a dar boa formação.

Que características são necessárias para se triunfar?Aconselho os jovens atletas a que lutem como

eu lutei, para que consigam realizar os seus so-

nhos. É preciso ter muita disciplina, trabalhar e

fazer muitos sacrifícios. Tem que suar a cami-

sola. Se fi carem relaxados não alcançam nada.

85 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

competição feminina

Mais mulheres no desportoA Associação dos Comités Nacionais Olímpicos de África (ACNOA) pretende incentivar todas as mulheres, residentes no continente, a praticarem

desporto. A ideia foi lançada pela vice-presidente, Teresa Quarta, que ambiciona aumentar o número de atletas, de forma a alcançar uma partici-

pação regular do sector feminino nas provas internacionais. A angolana apresentou o plano da nova direcção da ACNOA durante uma conferência

de imprensa, em Luanda, que se destinou a divulgar as “linhas de força” para os próximos quatro anos de mandato. A responsável revelou que

durante esse período vai desenvolver uma base de dados, onde será possível encontrar informações concretas sobre a mulher e a sua participa-

ção no desporto africano, para que seja possível adaptar o regulamento jurídico às exigências do sector.

94 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO | patrícia alves tavares BREVES

can 2010

Um milhão de dólares para a selecçãoFernando Teles, presidente do Conselho de Administração do Ban-

co Internacional de Crédito (BIC), anunciou que a instituição pre-

tende oferecer um milhão de dólares americanos, caso a selecção

nacional de futebol vença o CAN2010. O responsável esclareceu

que a iniciativa tem como fi nalidade incentivar os jogadores e a

equipa técnica, para que se empenhem e esforcem por obter um

bom resultado na 27ª edição da Taça Africana das Nações, que de-

correrá em território angolano, de 10 a 31 de Janeiro. O presidente

do BIC convidou as outras empresas a aderirem à iniciativa, como

forma de apoiar os “Palancas Negras”. Além do prémio pela con-

quista do troféu, o banco garante ainda 250 mil dólares para o caso

da equipa fi car em segundo lugar e 50 mil por cada vitória. Dez mil

dólares serão o valor oferecido por cada golo marcado (o benefi -

ciário é o jogador marcador) e para o melhor jogador angolano em

campo (no fi nal de em cada encontro). Os prémios anunciados por

Fernando Teles sofrem um acréscimo se Angola for apurada para

a fi nal. Nesse caso, cada golo marcado no último jogo vale 25 dó-

lares para o autor. O BIC desenvolveu uma campanha semelhante

aquando a participação da selecção nacional no Mundial da Alema-

nha de 2006, premiando monetariamente os atletas. A estrutura

bancária opera em Angola desde 2005.

automobilismo

Angolanos são sensação do circuitointernacionalJosé Carlos Madaleno e João Carvalho fi zeram recentemente a sua

estreia internacional no Circuito da Boavista (Jornada do Campeona-

to de Portugal de Circuitos/ PTCC), no Porto. A dupla foi a grande

surpresa da prova, ao alcançar o 9º e 10º lugar em PTCC, respectiva-

mente, obtendo assim excelentes prestações. O bom resultado, lo-

go na estreia mundial (“top ten”), augura um futuro risonho para o

desporto automóvel angolano, que começa a evidenciar-se e a apre-

sentar-se com pilotos, capazes de desafi ar os mais experientes nas

lides internacionais. Os dois automobilistas integram pela primeira

vez a equipa portuguesa Veloso Motosport, uma das mais conceitua-

das em território luso. Apesar de não possuírem currículo internacio-

nal, José Madaleno e João Carvalho detêm uma carreira de prestígio

a nível nacional, onde competem há vários anos e têm conseguido

bons resultados nas provas reservadas a carros de turismo. Repre-

sentantes do desporto automóvel africano nas pistas de renome, os

pilotos angolanos provam que a modalidade está a renascer e tem

capacidade para evoluir e dar cartas nos circuitos mundiais. Em dia

de estreia internacional, José Madaleno, o mais experiente, explicou

que “em Angola, neste momento, vive-se um momento de ascensão

no desporto motorizado e esta [participação no Circuito da Boavista]

foi uma forma de mostrarmos ao mundo que nós também estamos

cá”. O atleta já tinha competido em Portugal, em 2006, ao participar

no rally Lisboa-Dakar, fazendo dupla com o português Luís Ferreira

e em 2008 na mesma prova. Os resultados dos pilotos nacionais em

terras lusas revelam que o desenvolvimento da formação de talen-

tos é aposta ganha, visível nas prestações ao nível dos campeonatos

nacionais e continentais.

53 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

96 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS | patrícia alves tavares

CHEVROLET CAMARO SS

A Chevrolet apresenta o seu novo Camaro, que está disponível nos EUA, devendo

chegar em breve à Europa. Disponível nas monitorizações V6 de 3,6 litros e V8 de 6,2

litros, este veículo apresenta potências entre os 304 e 426 cavalos. A nova geração

do muscle car norte-americano vem desafi ar a hegemonia do Mustang e do Dodge

Challenger

97 LUXOS · ANGOLA’IN |

PORSCHE GEMBALLA GT

A empresa alemã Gemballa, especializada na preparação de modelos Porsche apresenta-se com o novo modelo GT, que

se caracteriza pelas alterações na redução do peso e num ligeiro aumento da potência em relação ao original Porsche

Carrera GT. A pensar nos amantes da velocidade, o difusor inferior e a enorme entrada de ar sob o tejadilho que alimenta

o propulsor V10 são detalhes que captam a atenção.

98 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

HUMMER HXO todo-o-terreno foi concebido por três jovens designers da General Motors e apresenta uma visão do futuro do

design da Hummer. O HX Concept está equipado com uma monitorização que recorre a combustível E85 FlexFuel

e propicia uma experiência de condução ao ar livre, devido aos painéis removíveis do tejadilho, que permite a rápida

reconversão do veículo fechado para uma pick-up descapotável

47 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

no epicentro da comunicação

NA NOSSA COMPANHIA, NÃO PRECISA DE TEMER AS RÉPLICAS. COMUNICARE, ONDE QUER QUE ESTEJA, ESTAMOS CONSIGO.

COMUNICARE - Comunicação e imagem | Rua do Senhor, 592 - 1º Frente | 4460-417 Sra. da Hora - Portugal | T: +351 229 544 259 | F: +351 229 520 369 | E: [email protected]

100 | ANGOLA’IN · LUXOS

ALPINESTARS CR LEATHER JACKETEste casaco em pele de elevada qualidade está disponível em

três cores. Altamente resistente, este artigo possui protecções

amovíveis e foi concebido especialmente para as necessidades

do desporto motorizado, estando certifi cado pela CE.

SHIBUYA SHOESInspirado nas tendências juvenis do Japão, estes sapatos foram

concebidos a pensar no estilo dos motociclistas cosmopolitas,

recorrendo ao design da roupa de basquetebol. Confortáveis e

modernos estes sapatos são à prova de água.

MP-2 GLOVESAltamente versáteis, estas luvas adaptam-se a todas as per-

formances. Mesmo que conduza uma scooter ou uma moto de

elevada cilindrada, a MP2 é a escolha mais confortável, que ga-

rante elevada protecção.

HONDA CB1000RCom design inovador e futurista, a nova Hon-

da promete muita emoção, cuja potência atrai

os amantes da linha CB da marca. Com tra-

çados modernos, esta mota tem capacidade

para 17 litros de combustível e o assento do

piloto tem 828 mm de altura, com uma po-

sição mais adiantada para privilegiar a pilota-

gem desportiva.

LUXOS

el em

cções

dades

oram

olo itas,

101 LUXOS · ANGOLA’IN |

102 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

Samsung YP-S2

PEBBLE MP3 Ecrã táctil e bluetooth, a novidade da Samsung tem

as seguintes dimensões: 42X40X16, fazendo deste

leitor de mp3 um dos aparelhos mais

pequenos da marca. Os botões

estão na traseira do dispo-

sitivo, onde encontra o

volume e as teclas de

Play/ Pause.

Withings WiFi Body ScaleBalança de 32 por 32, com 2,3 centímetros pode ser confi gurada de forma a enviar automaticamente a evo-

lução do seu peso para o seu iPhone, bastando-lhe fazer download do dispositivo na loja virtual. Diariamente

receberá gráfi cos da evolução da sua massa corporal.

SSOOLLIIOO MMGG CCHHAARGGERProduzida a pensar nos aventureiros, este carregador

combina duas tecnologias num único produto, isto é,

efi cientes painéis solares e uma bateria de alta capaci-

dade, que permite recolher e armazenar energia. Com-

patível com a maioria dos iPhone, iPod e MP3.

HTC HeroO novo telemóvel da HTC surge

com algumas novidades em

relação aos modelos anterio-

res (Magic Touch e HTC Dream):

é mais quadrado e fi no que o

seu antecessor, de interface

mais atractivo e substitui os

headphones mini USB pelos 3,5

mm, mais fáceis de encontrar.

Ec

a

v

103 LUXOS · ANGOLA’IN |

Sony XEL-1 LED TVA nova TV da Sony possui apenas 17 polegadas. Com

apenas alguns milímetros de espessura, a sua qualida-

de não tem comparação, devido à taxa de contraste de

1.000.000:1. Cores intensas e portabilidade são outras

das características.

MERIDIAN DSP7200Adaptados para todos os ambientes, desde os mais pequenos ao

Home Theater, os altifalantes da Meridian são os primeiros a incluir

os novos SpeakerLink input/ output e são capazes de corrigir as fa-

lhas na gravação de CD’s e DVD’s, melhorando a sua qualidade.

DDDEELLLDDeesskkttooppp SStttuddiio

HHyyybriid

MMiccroosofft AArcc MMouuseeO seu design revolucionário combina o conforto de um mouse de

desktop e a facilidade de transporte de um mouse de um portátil. Es-

te pode ser dobrado e existe nas cores preto, vermelho e branco.

O seu design pequeno e ul-

tracompacto conferem um

estilo único a este desktop,

que usa tecnologia móvel

da Intel, o que garante

um óptimo desempenho

e boa efi ciência. As suas

dimensões são cerca de 80

por cento menores que um

computador normal.

104 | ANGOLA’IN · LUXOS

IWCAquatimer

Bvlgari Assioma Tourbillon

LUXOS

HUBLOT One Million $ Black Caviar

Poderia chamar-se ‘relógio de um milhão de dóla-

res’, uma vez que esta peça única custa de facto o

preço que surge na sua designação. Os engenheiros

da Hublot e da Bunter despenderam 2.000 horas na

concepção do engaste totalmente invisível e com-

posto exclusivamente por 544 diamantes negros.

Original, este magnífi co relógio representa a fusão

perfeita entre a relojoaria e a joalharia, combinando

tradição e tecnologia

A escolha ideal para homens conservadores e de

bom gosto. O modelo, à semelhança de todos

os relógios da marca, é de edição limitada a 500

exemplares, produzidos em aço e platina. É um

modelo atractivo, cujo design e característicos

sugerem os elementos aquáticos e marinhos, sendo

óptimo para usar durante o mergulho.

Esta bela obra-prima é feita em platina

e o seu mostrador de cristal não sofre

riscos. A edição é limitada, estando

disponíveis no mercado apenas 20

relógios deste modelo, que mostra

mais do que as horas ou data. É uma

peça única, que revela um estilo de vida

luxuoso.

Wolf-Peter Schwarz

Global LightwatchÉ o relógio perfeito para os amantes de

desporto e viagens de aventura. A peça

disponibiliza automaticamente o fuso –

horário das várias cidades do mundo, como

Tóquio, Nova Iorque ou Londres, sem ser

necessário fazer ajustes, uma vez que o

ponteiro desloca-se para o local onde está,

possuindo no mostrador as 24 horas do dia.

ESTILOS

106 | ANGOLA’IN · ESTILOS106 | ANGOLA’IN · ESTILOS

Foi com enorme satisfação que aceitei o desa-

fi o da Angola’in para, no decorrer das próximas

edições, apresentar um conjunto de propostas

de Moda, que possam ir ao encontro das ex-

pectativas e desejos dos nossos leitores. Para

este número sugiro a prestigiada marca Hugo

Boss, conceituada no mercado internacional e

com um representante em Angola, situado na

rua Rainha Ginga, Luanda.

Lisete Pote - [email protected] eleg

ânci

a e

glam

ou

r

107 ESTILOS · ANGOLA’IN | 107 ESTILOS · ANGOLA’IN |

A colecção que tenho o prazer de vos apresentar representa uma conjuga-ção de três estilos: Executivo, Sport Urbana e Desportiva. A primeira é ca-racterizada pelas cores cinzas e azuis escuros em contraste com as camisas em rosa de várias estampas e grava-das nos mesmos tons. A Sport Urbana é composta maioritariamente pelas co-res rosa vivo, branco e lilás, enquanto a Desportiva é a mais indicada para a maioria das gangas, fazendo um con-traponto com o vermelho, azul escuro branco em conjugação com alguns pó-los em tons vivos.

108 | ANGOLA’IN · ESTILOS

A marca é subdividida em dois conceitos, adequados às exigên-cias do homem moderno – a Boss, que é detentora de uma linha só-bria e clássica, e a Hugo, jovem e actual, dirigida a um público masculino que querendo manter o glamour, gosta de se sentir des-contraído e a par das últimas ten-dências de moda.

Ambas são um complemento, pois representam a superação daquele que todos os dias se esforça para ser o melhor. Combinam a força das linhas clássicas, especial para homens que já chegaram ao topo da pirâmide de status, com a su-avidade e energia de tecidos que permitem a mais alta perfomance e sucesso pessoal.

ESTILOS

109 ESTILOS · ANGOLA’IN |

ESTILOS

110 | ANGOLA’IN · ESTILOS

diesel

Only The Brave é a mais recente novidade da

diesel. composto por notas de

limão e espumantes, aromas

frescos, âmbar e tons de

cedro, esta fragrância é a

opção segura para uma saída

nocturna. é um perfume

masculino e moderno, com tons

de couro.

jean paul gautier

Le Maleideal para homens clássicos, que gostam

de se afi rmar. este perfume possui notas

de menta, artemísia, bergamota, lavanda,

canela, fl or de laranjeira, sândalo,

baunilha, cedro e âmbar.

ralph lauren

Exxploorerr as suas notas combinam frutas

exóticas, gengibre, fl or de laranjeira,

almíscar, musgo de carvalho, vetiver

e sândalo.

hugo boss

in Motion a pensar nos homens desportivos, a

sugestão da boss apresenta um tom

oriental amadeirado. possui notas de

bergamota, folhas de violeta, cardamomo,

noz-moscada, pimenta rosa, almíscar,

sândalo, canela e vetiver.

| manuela bártolo

carolina herrera

212 o 212 sexy men é a escolha ideal para

homens arrojados e que gostam de

deixar a sua marca por onde passam.

a fragrância apresenta notas de

mandarina, folhas de bambu, lavanda

francesa e almíscar suave.

s

,

ralph lauren

mandarina, folhas de bambu, lavanda

francesa e almíscar suave.

sean john

Unforgivable Men é o produto certo para o

homem dinâmico e moderno.

é um perfume fresco,

companheiro ideal para

todas as tendências e

causas. reinventa o estilo

masculino com luxo clássico,

misturando química e

sentimento.

111 LUXOS · ANGOLA’IN |

LIVING

112 | ANGOLA’IN · LIVING

Tailored DesignNão é uma questão de moda. Não é acessível

à maioria. Não é certamente do conhecimen-

to geral. O tailored design (ou o que em por-

tuguês poderia ser traduzido como desenhado

por medida) é o luxo absoluto a que só algu-

mas carteiras podem aceder.

É um sector do design que sempre existiu, e

que de algum modo terá sido ele próprio um

precursor da produção do design em massa.

Existente nas diversas vertentes do design,

interessa-nos debruçar sobre as que envol-

vem a nossa área. Nomeadamente o design de

equipamento, o design de mobiliário, de ilumi-

nação e das restantes actividades afectas ao

design de interiores.

Com a democratização do design e o apare-

cimento de marcas com elevados padrões de

qualidade (quer de criatividade, quer de maté-

ria prima) e com produção maciça de milhares,

para não dizer milhões de exemplares vendi-

dos em todo o mundo, perdeu-se nas últimas

décadas a noção de tailored design. Os compo-

nentes de um projecto passaram a ser esco-

lhidos a partir da oferta existente no mercado,

diminuindo drasticamente o que de facto é

desenvolvido especifi camente para o trabalho

em mãos. Sendo apenas desenhado de raiz o

que inevitavelmente não pode deixar de o ser,

tal como cortinados. E mesmo estes já exis-

tem prêt-à-porter!

Um projecto de interiores passou a ser quase

um grande jogo de puzzle, que consiste mais

em coordenar as peças certas para um espaço,

do que em criar peças personalizadas e especí-

fi cas para um determinado cliente. Nada dis-

to é errado. Existem actualmente muito mais

edifi cações e melhores condições de vida, o

que leva a que dentro das suas possibilidades

os seus ocupantes procurem valorizar os es-

paços. Apenas demonstra que um percentual

muito maior de pessoas são sensíveis a esta

área e recorrem aos serviços de profi ssionais.

Só que, por uma questão de custos, os pro-

jectos fi cam na sua grande maioria por uma

abordagem mais aligeirada e massifi cada. Pe-

lo design prêt-à-porter, em grande escala.

No entanto, todas a grandes marcas de de-

sign desenvolvem peças por encomenda, com

especifi cações próprias, para além da colec-

ção que apresentam regularmente ao gran-

de público. Desengane-se quem pensar que a

criação de peças únicas e personalizadas está

directamente associada a algum tipo de arte-

sanato ou de produção menor. E tudo pode ser

personalizado e desenvolvido. Desde um so-

fá com medidas ergonómicas adequadas ao

cliente, até ao papel de paredes ou ao servi-

ço de jantar. Os custos deste tipo de produção

personalizada é que o tornam tão exclusivista

e inacessível ao público em geral. Contudo, são

estes os projectos que se tornam intemporais

e são referência a vários níveis, justifi cando

largamente o investimento realizado.

João Paulo Jardim - [email protected] J jpj

| joão paulo jardim

ecí-

is-

ais

, o

des

es-

ual

sta

ais.

ro-

ERCUISPresente desde o início do Séc. XX nos melhores hotéis da Ri-

viera, nos casinos europeus e nos navios de luxo que cruzavam

os oceanos, esta marca de artigos em prata de origem francesa

levou o seu nome aos quatro cantos do mundo. Continuando

ainda hoje a acompanhar os turistas das classes privilegiadas

tanto em aviões de luxo como em iates privados, a Ercuis é por

si só um símbolo de elegância e de prestígio.

Contando actualmente com linhas específi cas para diversos fi ns,

podemos em todos os seus produtos encontrar a mesma preo-

cupação com a qualidade associada ao desempenho que tornam

esta marca também uma referência ao nível do design.

QX

114 | ANGOLA’IN · LIVING

CASA MOURA

Com algumas décadas de existência, a Casa Moura tornou-se um mar-

co na decoração de interiores e um exemplo de serviço com elevados

padrões de qualidade. Sediada em Portugal e especializada em soft

furnishing, desenvolve todo o tipo de projectos de interiores, desde

espaços particulares privados até grandes obras públicas. Conta com

várias obras internacionais de renome no seu curriculum e está actual-

mente a laborar com projectos de grande envergadura em Angola.

WRX

LIVING

116 | ANGOLA’IN · LIVING

LIVING

ISABEL PADRÃO

Uma artista portuguesa, uma cidadã do mundo. Nasceu no norte de

Portugal no início dos anos 60 e formou-se em Artes Plásticas pela

Faculdade de Belas Artes do Porto. O seu imaginário policromático re-

fl ecte a sua forte personalidade e a sua vivência, as suas viagens pelo

mundo, tanto a destinos exóticos como a grandes metrópoles. O seu

local de residência poderia ser qualquer ponto do globo, ou até fora

deste. Já não é um potencial valor do mundo das artes. É, sem dúvi-

da alguma, um investimento mais do que garantido. Expõe individual-

mente desde 1987 e é detentora de diversos prémios.

QUX

VINHOS & CA.

118 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

DONA MARIAVinho Regional Alentejano 2005Este vinho tinto, de aspecto límpido e cor violácea viva, é oriundo da região

alentejana. Apresenta um complexo aroma de frutos vermelhos tostados, sugerindo

essencialmente frutos silvestres. Este sabor rico apresenta-se como persistente,

equilibrado e com uma óptima estrutura que lhe confere uma boa longevidade.

Deve servir-se entre os 17 e 18ºC, de preferência uma hora após a abertura.

QUINTA DE PANCASGrande EscolhaSingular, complexo e elegante, este néctar apresenta notas de

minerais, amêndoas, pimenta e chocolate, inseridas num fundo

elegante de frutos vermelhos e vegetais frescos. Caracterizado

pela enorme frescura, é recomendado para carnes assadas e

pratos de caça, servindo-se à temperatura de 18ºC.

PRIMAVERA BAIRRADA

O aroma frutado a frutos vermelhos

maduros, com notas de amora, framboesa

e especiarias é a essência deste vinho

de cor granada. Combina a suavidade de

Castelão, o corpo e persistência de Braga e

a elegância de Tinta Roriz.

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| patrícia alves tavares

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119 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VIÑA MAIPO Cabernet Sauvignon/Merlot

Oriundo das castas Sauvignon e Merlot, este néctar tinto de intenso

rubi com tonalidades violetas possui um aroma a frutos cristalizados e

ameixas vermelhas, com notas de chocolate. Na boca revela toda a sua

essência, revelando bom corpo e taninos harmoniosos.

CONVENTUAL Vinho TintoEste néctar caracteriza-se pela sua intensa cor rubi. Apresenta um

conjunto de aromas complexos, com notas de frutos vermelhos maduros.

O sabor destaca-se pela frescura, surgindo como um produto bem

equilibrado e com um fi nal com boa fruta e persistente.

VIÑA MAIPO CHILEReserva Cabernet Sauvignon

Este vinho resulta da combinação das antigas técnicas de

vinifi cação do Chile. Oriundo da região de Maipo, o Viña Maipo

Chile, reserva da Cabernet Sauvignon, é bem estruturado e

possui um belo fi nal. A sua cor rubi intensa revela os aromas

de frutos vermelhos, cerejas e ameixas pretas. A estes sabores

junta-se um toque de carvalho tostado, conferindo-lhe

elegância e notas de chocolate e aromas.

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VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.120

ALVARINHO - VERDE 2007Límpido e citrino, este néctar é a escolha certa para

acompanhar peixes e mariscos, nomeadamente ostras e aves.

No aroma apresenta-se como elegante, com notas fl orais,

citrinas e nuances de frutos tropicais. No paladar, é frutado,

possuindo volume e uma acidez bastante equilibrada, com

fi nal prolongado. Deve servir-se entre 10 e 12ºC.

EVEL DOURO GRANDE ESCOLHAEste vinho apresenta uma cor rubi intensa. Os aromas são

potenciados pela madeira nova, assumindo-se com uma mistura

de taninos redondos e madeira bem integrada, tornando-o

muito encorpado. A prova é caracterizada por sabores a frutos

pretos, apresentando um longo fi nal. Ideal para carnes e queijos

fortes, este néctar é servido à temperatura de cave.

MONTE VELHO BRANCOAromático e frutado, este vinho branco possui um aspecto cristalino e uma cor citrina

ligeiramente aloirada. De sabor intenso, elegante e equilibrado, é uma boa escolha para

uma panóplia de refeições, desde peixes grelhados e mariscos a queijos fortes e até à

simplicidade da cozinha vegetariana. A temperatura ideal para consumo oscila entre 10 e

12ºC, proporcionando múltiplos prazeres degustativos.

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CC.

121 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

CASAL GARCIA ROSÉExcelente opção para aperitivo ou para acompanhar saladas

leves ou entradas. Óptimo para ambientes jovens, este vinho

possui uma cor rosada e um aspecto límpido, ligeiramente

efervescente. Bastante fresco, é um produto frutado, em que no

nariz sobressaem notas de framboesa e morango, com um fi nal

harmonioso e persistência suave. Serve-se entre os 8 e 10ºC.

QUINTA DO PORTAL BRANCOVinho de cor citrino, é constituído por uma excelente intensidade

aromática, que apresenta aromas bem defi nidos de frutos

tropicais e notas fl orais. De frescura impar e aromas únicos, é

estruturado na boca com boa e fi na acidez, deixando um fi nal

fresco e longo.

HERDADE ESPORÃO ESPUMANTEAroma fi no, mineral e complexo com notas de bolacha e avelãs, este espumante de aspecto

límpido caracteriza-se pela aparência de bolha e cordão médios. No paladar, apresenta-se como

equilibrado, seco e fresco. Na boca é frutado com alguma intensidade, rico e bem estruturado.

Ideal para refeições tipo fois-gras e peixe fumado, bem como para acompanhar frutos secos.

Deve servir-se entre os 7 e 10ºC.

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VINHOS & CA.

122 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

À CONVERSA COM… Martim Guedes, Director de Marketing da Quinta da Aveleda | manuela bártolo

APOSTA NOS VINHOS ‘PREMIUM’A viver uma nova fase de expansão, com investimentos signifi cativos

patentes num crescimento notável no mercado internacional, a Quinta

da Aveleda tem-se imposto como uma das três maiores empresas vi-

tivinícolas portuguesas, sendo também uma das mais rentáveis e efi -

cientes do país. Desde sempre dedicada aos vinhos verdes, nos quais é

líder de mercado, a Aveleda exporta para mais de noventa países, sen-

do que os seus principais mercados (EUA, França, Alemanha, Canadá,

Brasil e Angola) protagonizam metade da sua produção, dignifi cando,

assim, os vinhos portugueses e o vinho verde em particular. As suas

marcas principais são o Casal Garcia, Aveleda Fonte, Quinta da Aveleda,

Charamba, Follies e Adega Velha, provenientes das mais famosas regi-

ões demarcadas do Norte de Portugal – Região Demarcada dos Vinhos

Verdes, Região Demarcada do Douro e Região Demarcada da Bairrada.

A Aveleda tem procurado ao longo dos últimos anos criar sempre uma

relação de confi ança com os seus consumidores através da garantia de

qualidade que cada um espera encontrar, fortalecendo desta forma os

laços de união que estabelece com todos os amantes dos seus vinhos.

Este é aliás o seu maior segredo, pois a marca defende um vinho de

conquista, aquele que fi deliza os velhos e angaria os novos clientes de

uma forma consistente e intemporal, de geração em geração. A Quinta

da Aveleda almeja alcançar a glória e o sucesso, tornando-se o vinho de

eleição do século XXI, que conduz os seus consumidores numa viagem

pelos sentidos, proporcionando uma experiência mágica e sublime.

Hino à Alegria!CASAL GARCIA FAZ A FESTA!Esta é a frase-chave da campanha publicitá-ria que marca a diferença entre o vinho Casal Garcia e os seus mais directos concorrentes no mercado angolano. Nenhum outro seduz tanto! O segredo é simples: ideias fortes e ape-lativas que conquistam o cliente pela emoção, mas sobretudo pelo sabor suave e frutado de que é detentor em exclusivo. De carácter jo-vem, fresco e leve, Casal Garcia tem-se tornado companheiro indispensável da boa disposição. Ideal para acompanhar pratos de peixe, maris-co, saladas ou pratos de gastronomia oriental, é o protagonista principal de uma fi losofi a de vida marcada pela descontracção e bem-estar. Dirigido a um segmento jovem, essencialmen-te feminino, consagrou-se, em 2007, como o maior exportador da alegria capaz de unir cul-turas, sendo consumido em mais de 60 países, espalhados por todo mundo, que Angola tem a honra de integrar. 2008 foi, no entanto, o ano que deu um tom rosado ao ‘verde’ Casal Garcia. Nasceu o novo Casal Garcia Rosé! O mais re-cente vinho tem ainda mais alegria associada à frescura, agora também com notas de morango e framboesa. Apesar do seu recente lançamento em Angola, a qualidade do vinho Casal Garcia Rosé já é reconhecida no país.

123 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

curiosidade

UMA HISTÓRIA DE SUCESSO QUE COMEÇOU EM 1939O aparecimento da marca Casal Garcia data

de 1939, sendo já para a época um vinho ino-

vador, marcado pelas novas técnicas utiliza-

das pelo enólogo francês Eugène Hélisse. O

nome Casal Garcia advém do nome de uma

das parcelas da propriedade que ainda hoje é

conhecida por este mesmo nome e na qual se

continua a produzir uvas utilizadas na pro-

dução do vinho Casal Garcia. A imagem de

Casal Garcia manteve-se sempre fi el às suas

origens. O seu rótulo representa uma renda

antiga da família e simboliza a ligação à his-

tória da Aveleda e à tradição. Por isso mesmo

o brazão da família Guedes está também pre-

sente neste rótulo.

MARCA DE ELEIÇÃOProprietária do emblemático vinho Casal Garcia,

a Quinta da Aveleda está presente no mercado

angolano essencialmente através desta marca

de renome internacional. Martim Guedes, direc-

tor de marketing da empresa, considera Angola

“um mercado em franca expansão e de enorme

potencial”, que tem vindo a acolher os vinhos da

companhia há mais de 50 anos sempre com for-

tes índices de crescimento, revelando-se, cada

vez mais, um país de consumidores exigentes.

“Em ano de crise, este é o mercado que nos tem

proporcionado o maior crescimento. Temos ven-

das 50% acima do ano anterior, o que nos moti-

va a investir no país a vários níveis, procurando

incentivar sobretudo uma maior proximidade

através, por exemplo, da formação de novos

escanções”, refere. De salientar, que as ven-

das em Angola atingiram um valor próximo de

um milhão de euros em 2008. Razão pela qual,

a aposta actual passa por “dar continuidade ao

trabalho de divulgação publicitária que tem si-

do implementado, sobretudo através da marca

Casal Garcia”, uma vez que “acreditamos que a

importância deste mercado vai crescer substan-

cialmente num futuro próximo e que, por esse

motivo, se justifi cam os avultados investimen-

tos que temos vindo a realizar no país”. Opera-

ções de charme com o objectivo de “capitalizar a

marca”, assentes essencialmente em acções de

formação, comunicação e merchandising realiza-

das em associação com parceiros locais, que per-

mitem explorar melhor o seu mercado de eleição

– “o público jovem, dos quais se destaca o femini-

no, aquele com maior propensão para o consumo

de vinhos verdes. O sucesso tem sido evidente,

facto que permitiu à empresa avançar com a en-

trada no mercado do Casal Garcia Rosé. “Uma

novidade com cerca de um ano, que tem tido

uma boa adesão, fruto de um trabalho de base

de qualidade, cujo maior desafi o foi a adaptação

ao mercado, indo ao encontro das expectativas

do consumidor nacional”, conclui. Igualmente co-

mercializados em Angola, encontram-se o vinho

tinto Charamba, os vinhos da gama Follies (cinco

vinhos de castas diferentes, dirigidos a um seg-

mento alto) e a aguardente Adega Velha, pre-

mium no mercado.

124

VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

REFEIÇÃO LEVE REPLETA DE SABORES EXÓTICOS

| chakall

Quem imaginaria que o ananás e os coentros

combinam? A verdade é que estes ingredien-

tes funcionam na perfeição quando usados na

mesma refeição. Aliás, esta receita revela que

não existem dúvidas de que podem ser mui-

to felizes juntos. A ementa que vos apresen-

to foi criada em exclusivo para os leitores da

Angola’in e integra o meu próximo livro, que

vai sair em Portugal entre os meses de No-

vembro e Dezembro. O conceito do meu Car-

paccio de ananás com coentros baseia-se na

ideia de uma refeição digestiva, refrescante e

ao mesmo tempo acessível, pois é muito fá-

cil de preparar. Esta receita também pode ser

confeccionada com papaia (em vez do ananás)

e essa fruta faz-me recordar justamente An-

gola. Utilizando o ananás ou a papaia, este

menu é uma óptima escolha para um dia ame-

no, em que as refeições leves e pouco calóri-

cas são as mais apreciadas. Simples e prática,

esta receita permite-lhe preparar um almoço

rápido, altamente saboroso e com produtos

nacionais, cuja diversidade gastronómica é re-

conhecida mundialmente. Em 1999, tive a sor-

te de passar duas semanas numa missão em

Cabinda, onde cuidaram muito bem de mim e

descobri as árvores de mamão. Por isso, à tar-

de, no fi nal desta deliciosa refeição, o ideal se-

rá sair de casa e ir até junto do mar de Cabinda

e comer um mamão fresco.

125 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | VVINVINVINV

Apresento-vos o meu Carpaccio de ananás com coentros

ingredientes:

• ½ Ananás• 100 g de açúcar• 20 ml de água• 2 colheres de coentros picados• 1 ramo de canela• 1 limão (raspas)• Bagas de pimenta rosa

modo de preparação:

Corte o ananás em fatias fi nas (de preferência utilize máquina apropriada para cortar a fruta, caso pos-

sua) e reserve. De seguida, faça uma calda com os restantes ingredientes. Após a sua conclusão, mergu-

lhe as fatias de ananás na calda, onde deverão repousar apenas por um minuto. Depois retire e disponha

num prato. Regue o ananás com o preparado anterior (calda) e decore no fi nal com coentros frescos e

pimenta rosa.

Se desejarem enviar as vossas receitas ou comentários a este ou outros pratos,

escrevam para [email protected]

esento-vos o meu

aas rrreceeitaas dee chhhaakaaaalll

RECONHECIMENTO ALÉM-FRONTEIRASDois artistas plásticos angolanos tiveram a oportunidade de apresentar os seus trabalhos numa exposição colectiva de pinturas e esculturas, em Israel. Tomás Ana “Etona” e Sozinho Lopes estiveram presentes na Feira Contemporânea de Artes Plásticas do Estado de Jerusalém, que decorreu no último mês. A participação neste evento permitiu aos artistas mostrar ao Médio Oriente o que se produz em termos culturais em Angola, através da mostra de vinte esculturas e dez pinturas. “Etona” salientou que as obras expostas representam questões sociais e os desenvolvimentos que têm ocorrido a nível nacional, em áreas como o desporto e economia. “É uma oportunidade que temos para exibir Angola em termos de arte”, fi nalizou

Imagem vale mais que mil palavrasAs artes plásticas existem desde os primórdios da

humanidade, sendo ferramentas indispensáveis pa-

ra descortinar o percurso de todos os habitantes. A

pintura e a escultura representam o que melhor se

faz em Angola, em termos artísticos. As duas áreas

têm um longo historial e descrevem a evolução da

sociedade, fazendo parte das tradições e rituais mais

remotos. A nível nacional, a década de 80 e 90 fi -

cou marcada pela afi rmação dos artistas, que actual-

mente são reconhecidos internacionalmente, sendo

merecidamente galardoados.

CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares

As belas-artes ou artes plásticas surgiram na

pré-história e são responsáveis pela compre-

ensão da cultura e evolução dos antepassa-

dos. São formações expressivas, que recorrem

a técnicas de produção, que manipulam os

materiais para construir formas e imagens

que revelem uma concepção estética e poéti-

ca de um dado período. A sua evolução acom-

panha o desenvolvimento da espécie humana,

pelo que hoje em dia o sector alberga uma pa-

nóplia de meios. São o caso das artes visuais,

do desenho, da pintura, da gravura, da escul-

tura, da fotografi a e da arquitectura.

TRÊS MARCOS IMPORTANTESQuando se fala de artes plásticas em Angola

é necessário delimitar três momentos distin-

tos da sua evolução, em termos históricos e

de individualidades. O período mais longínquo

da história da arte, caracterizado pelas primei-

ras manifestações culturais, remete para os

126 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER

artistas anónimos, que deixaram o seu contri-

buto através de imagens pictóricas em fontes

arqueológicas como as grutas de Citundo, Ulo

e Caningiri. Os escultores dessa época legaram

às gerações mais novas os testemunhos da ac-

tual memória e identidade cultural, assumin-

do-se como fonte de inspiração para muitos

criadores do século XXI. Os anos que antece-

dem a independência nacional correspondem a

outro marco do desenvolvimento artístico, em

que as produções de cariz nacionalista eram as

mais comuns, bem como os temas relaciona-

dos com o quotidiano da população, retratada

por artistas oriundos de outras culturas. No en-

tanto, é no pós-independência que os criadores

angolanos, detentores de formação académica

específi ca na área, criam um novo movimento

artístico, baseado na formação e descoberta

dos novos valores. Com a explosão cultural da

década de 70, os protagonistas angolanos con-

taram com o apoio de artistas de todo o mun-

do, empenhados na campanha pela autonomia do

país. Devido à agitação política, a arte nacional deste

período manifesta-se em murais e cartazes públicos

de grandes dimensões. Os murais do Hospital Militar

de Luanda e as paredes externas da sede da União dos

Escritores Angolanos são exemplos dos anos conturba-

dos. Assim, hoje em dia as artes plásticas nacionais as-

sumem um lugar de destaque em África e no mundo,

em que os artistas aparecem associados a eventos de

reconhecida qualidade.

ENTRADA NO MERCADO INTERNACIONALA partir da década de 80, a pintura e a escultura na-

cional deram o salto para a internacionalização, com

os primeiros artistas a deslocarem-se a países co-

mo Cuba, Brasil, Portugal, França, Hungria, Suécia e

Noruega (entre outros), para apresentarem os seus

trabalhos. O reconhecimento do talento angolano

tornou-se visível através dos prémios arrecadados

pela qualidade técnica e maestria das obras. Contu-

do, no referido período, devido ao eclodir da guerra,

a maioria dos talentos nacionais refugiaram-se nou-

tros países, como foi o caso de António Olé (EUA), Al-

vim (Bélgica), Viteix (França), Eleutério Sanches, Raul

Endipwo, José Rodrigues, Vaz de Carvalho e Dília Fra-

guito (Portugal). O anos 80 simbolizaram o início da

carreira de muitos jovens artistas, que actualmente

são os grandes ícones das artes plásticas angolanas,

como João Inglês, Tirso Amaral, Jorge Gumbe, Pululu,

Zan Andrade, Helga Gambôa, entre outros.

A Escola Média de Artes Plásticas, na década de 90,

permitiu consolidar a cultura angolana, impulsionan-

do a formação de técnicos médios vocacionados pa-

ra o ensino, indústria gráfi ca e desenvolvimento de

actividades artísticas. Coube igualmente a este or-

ganismo, em parceria com o Ministério da Cultura, a

organização de exposições e a criação de prémios, co-

mo os do Banco de Fomento e Exterior e o da Cidade

Luanda em Artes Plásticas, que abrange os sectores

da pintura, gravura, escultura e tecelagem.

A partir da década de 80, a pintura e a escultura nacional deram o salto para a internacionalização

z de Carvalho e Dília Fra-

simbolizaram o início da

tistas, que actualmente

tes plásticas angolanas,

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entre outros.

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de 80, a pintura nal deram o acionalização

127 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |

SÍMBOLO NACIONAL

Constitui o emblema do sector artístico angolano. O Pensador, representado pela fi gura

de um ancião, com a face ligeiramente inclinada para baixo, é considerado um símbolo

da cultura nacional. O autor desta obra é anónimo e a peça adquire especial relevo devido

ao equilíbrio perfeito entre os gestos, a expressão calma, tranquila, serena e harmónica.

A escultura retrata ainda tensões, ritmos e movimentos, que remetem para a Escola

Cokwe. Aliás, em Angola existem oito regiões representativas das escolas de artes tradi-

cionais, que simbolizam o nascimento das artes plásticas enquanto expressão artística.

As escolas do Kikongo, Yaka, Cokwe, Umbundo, Kimbundo, Mbali, Ngangela e Lwena

distinguem-se entre si, de acordo com a etnia e localização geográfi ca

ETONANatural do Zaire, Etona ini-

ciou a sua actividade em

1970, após a conclusão do

curso médio de Artes Plás-

ticas no Instituto Nacional

de Formação Artística e Cul-

tural. Especializou-se em es-

cultura monumental e novas

tecnologias, em Portugal, e

é autor de mais de 30 expo-

sições individuais e 27 co-

lectivas, em Angola e no es-

trangeiro. Em 2005, recebeu

o terceiro prémio Internacio-

nal, em Granada (Espanha),

o terceiro prémio de Art for

Global Development (EUA)

e foi condecorado por José

Eduardo dos Santos, com a

Medalha da Ordem de Mérito

Civil do 1º Grau, em Ouro

perfi l

SOZINHO LOPESOriundo do Uíge, Sozinho

concluiu, em 2003, o curso

médio de artes plásticas, no

Instituto Nacional de Forma-

ção Artística (INFA) e, desde

então, tem participado em

diversas colecções institucio-

nais e particulares. Em 2006,

recebeu a menção honrosa

do Prémio Cidade de Luanda

e foi distinguido no concurso

“Desenho na Areia”, promo-

vido por uma petrolífera no-

rueguesa. Em 2008, recebeu

o prémio Cidade de Luanda

em Pintura

INSPIRAÇÃO MODERNAOs artistas plásticos nacionais partilham uma carac-

terística interessante. Tanto os profi ssionais do pas-

sado, como os do presente recorrem frequentemente

à ligação às suas raízes para desenvolverem as obras,

focando constantemente o seu referencial cultural

e os sentimentos da população angolana. Os traba-

lhos plásticos angolanos voltam-se essencialmente

para as telas, gravuras, baixos-relevos em latão, es-

culturas e estatuária artesanal. Nos últimos anos, a

promoção da paz contribuiu decisivamente para as-

segurar um padrão de qualidade às artes nacionais

e, por outro lado, fomentou o interesse dos mais no-

vos pelas múltiplas formas de expressão artística.

São muitos os jovens que procuram formação profi s-

sional na área, seja de nível médio ou superior. Os

investimentos no sector e a experiência e sensibilida-

de dos profi ssionais de renome auguram um futuro

de sucesso para este campo de actividade, em que

o número de talentos não pára de crescer. É o caso

de nomes como Venâncio, Sozinho Lopes, Ngola, Hil-

dbrando ou Álvaro Macieira, cujas obras podem ser

apreciadas nas principais galerias da capital.

Os trabalhos plásticos angolanos voltam-se para as telas, gravuras, baixos-relevos em latão, esculturas e estatuária artesanal

128 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER

CULTURA & LAZER BREVES | patrícia alves tavares

dança

Bié carece de incentivosCândida da Silva, governadora da pro-

víncia de Bié, apelou a todos os jovens

para que utilizem a dança para recupe-

rar os valores culturais, numa alusão

ao esquecimento de certos costumes,

incluindo a dança tradicional. Assim,

defende que é urgente recuperar es-

ses hábitos, pelo que o Governo local

está disponível para apoiar a concre-

tização de actividades culturais, pro-

movidas pelos grupos regionais, com

o intuito de relançar a província, que

se encontra estagnada ao nível ar-

tístico. A directora provincial da Cul-

tura, Alcida Camatali, por seu lado,

referiu que ao valorizar as danças, a

população está a criar condições para

preservar os costumes das regiões e

fomentar o intercâmbio entre as múl-

tiplas localidades.

literatura

Escritor lança disco O primeiro disco de poesia do escri-

tor Francisco Ngola é lançado a 20 de

Setembro. Intitulado “O Sabor da Po-

esia Cristã”, o álbum é composto por

12 poemas escritos e declamados pelo

artista. Numa primeira fase serão co-

locados no mercado cinco mil exempla-

res do CD, que foi gravado em Luanda

e contou com o apoio do conhecido

poeta Fridolin Kamolakamwe. Segun-

do Francisco Ngola, o disco resulta de

vários anos de investigação e retrata

o povo angolano. O escritor nasceu

em Malanje e desde cedo que se inte-

ressou pela poesia, sendo membro da

Brigada Jovem de Literatura de Ango-

la desde os 12 anos.

cultura

Direitos de autor discutidosPinto Baptista, director nacional dos Direitos de Autor e Co-

nexos, defendeu recentemente que a protecção da criação

artística é fundamental para estimular e favorecer a acti-

vidade criadora, permitindo a difusão de ideias e o acesso

do público às obras intelectuais, de forma regulamentada.

O responsável admitiu que, em muitos casos, os criadores

não estão actualizados, nem conhecem os seus direitos.

Para tal, assegurou que o organismo que tutela tem-se es-

forçado no âmbito de sensibilizar a sociedade para as viola-

ções dos direitos de autor, que ocorrem diariamente. “Até

agora, os resultados não são visíveis porque o plágio, a fo-

tocópia, a reprodução de imagem e som são feitos de for-

ma impune”, lembrou. O director revelou que a questão da

salvaguarda dos direitos de autor tem sido muito discuti-

da. O responsável apelou assim para que os criadores recor-

ram ao seu direito de exigir a menção do seu nome, sempre

que as obras passem para o domínio público.

moda

Pango propõe Conselho de Moda A agência de consultoria, moda e eventos Pango sugeriu

a criação de um “Conselho de Moda Angolana”. O desafi o

foi lançado aos agentes profi ssionais de moda, para que

o organismo esteja a funcionar até ao fi nal deste ano. O

intuito de criar uma entidade específi ca prende-se com a

necessidade de impulsionar a organização, o profi ssiona-

lismo e a criatividade artística de quem trabalha no meio.

A agência defende que o Conselho de Moda será determi-

nante na internacionalização da indústria e do mercado de

sector angolano, sendo decisiva no combate à inefi ciência

da indústria de produtos têxteis, artigos e acessórios de

moda. O Conselho de Moda, a ser criado, será composto por

todos os agentes acreditados e terá como principal missão

promover este sector em todos os domínios entre 2010 e

2025. À semelhança do que se faz a nível internacional, no-

meadamente nas grandes capitais da moda, a organização

teria ainda a função de acreditar todos os agentes, super-

visionar e promover o intercâmbio técnico-profi ssional, en-

tre outras questões.

teatro

Apelar à preservação do patrimónioOs actores do grupo “Enigma-Teatro” sensibilizaram os habitantes da Maianga

para a necessidade de salvaguardar os bens públicos, combatendo a delinquên-

cia juvenil. A mensagem foi transmitida através de uma peça de teatro, que

procurou informar a população acerca dos cuidados a terem com o lixo, ape-

lando ao respeito pelos símbolos nacionais, sinais de trânsito e à erradicação

das construções anárquicas. As pe-

ças contam com o apoio do governo

provincial luandense, que recorre as-

sim à vertente social do teatro para

apelar ao civismo.

95 DESPORTO · ANGOLA’IN |

130 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES

PERSONALIDADES | patrícia alves tavares

Angolano de alma e coração

Interveniente activo no movimento de liber-

tação nacional, Luandino Vieira é reconhecido

pela qualidade da sua escrita e pelo contribu-

to dado para o nascimento da República Po-

pular de Angola. Aliás, a literatura e a paixão

pelo movimento interventivo social andaram

sempre ligados na vida do Prémio Camões

(2006), que possui uma vasta obra (onde se

inclui poesia), parte dela concebida durante os

períodos em que esteve preso. José Luandino

Vieira nasceu na Lagoa do Furadouro, em Por-

tugal, em 1935. O escritor foi viver para Ango-

la com três anos, onde passou toda a infância

e juventude. Para homenagear a cidade onde

cresceu, adoptou o nome de Luandino, tendo

reivindicado sempre a condição de luandense.

Pertencente à geração angolana da “Cultu-

ra” entre 1957 e 1963, foi um dos fundadores

da União de Escritores Angolanos (1975), as-

sumindo a função de secretário-geral desde

a abertura da entidade até à década de 80.

Desempenhou o mesmo cargo (como adjun-

to) na Associação de Escritores Afro-asiáticos,

de 1979 a 1984, tornando-se posteriormente

secretário-geral da mesma até Dezembro de

1989. Em termos literários, a escrita de Luan-

dino Vieira é original, recorrendo à linguagem

crioula e subversiva para conferir maior rea-

lismo às suas personagens, enriquecendo-as

e conferindo-lhes a expressão viva e colorida

das pessoas e lugares que retrata. Em 1961

ganhou o Prémio Sociedade Cultural de Ango-

la e, em 1963, foi distinguido com o galardão

da Associação de Naturais de Angola. Da vasta

obra do ícone dos escritores africanos, desta-

cam-se os livros “A Vida Verdadeira de Domin-

gos Xavier” (traduzido em várias línguas e

que foi adaptada pelo fi lme “Sambizanga”,

rea lizado por Sarah Maldoror) e

“Luuanda”. Esta

última obra, além

de ter sido tra-

duzida em vários

idiomas, valeu- lhe

o Prémio Literário

angolano “Mota

Veiga”, em 1964 e

o Grande Prémio de

Novelística da So-

ciedade Portugue-

sa de Escritores, em

1965, causando algu-

ma polémica, devi-

do à violenta reacção

do regime ditatorial

que existia na altura

em Portugal, o Esta-

do Novo. A sua obra de

narrativas “Vidas Novas” tem um cunho im-

portante, uma vez que foi concebido no pavi-

lhão prisional da PIDE, em Luanda, em 1962.

Por outro lado, a compilação foi apresentada

no concurso literário da Casa dos Estudantes

do Império, em Lisboa, acabando por receber o

Prémio “João Dias”, atribuído por um júri com-

posto por personalidades do mundo literário

português, como Urbano Tavares Rodrigues,

Orlando da Costa, Lília da Fonseca, Noémia de

Sousa e Carlos Ervedosa.

“Conheci rios.

Primevos, primitivos rios, entes passados do mundo,

lodosas torrentes de desumano sangue nas veias dos homens.

Minha alma escorre funda como a água desses rios.”

José Luandino Vieira, in O Livro dos Rios

PERCURSO ATRIBULADOLuandino Vieira teve várias profi ssões até ser

preso em 1959, sendo depois libertado. Em

1961 foi novamente detido e condenado a 14

anos de prisão. Em 1964 foi transferido pa-

ra o campo de concentração do Tarrafal (Ca-

bo Verde), onde após oito anos de clausura

foi libertado, em regime de residência vigia-

da em Lisboa. Durante este período, escreveu

a maior parte da sua obra, que foi publicada

em 1972, depois de sair da prisão.

Após a independência angolana,

desempenhou múltiplos cargos,

entre os quais a direcção do De-

partamento de Orientação Revo-

lucionária do MPLA (até 1979), a

organização e direcção da Televi-

são Popular de Angola (de 1975 a

1978) e do Instituto Angolano de

Cinema (1979 a 1984). O colapso

das primeiras eleições em 1992

e o início da guerra civil, levou

o escritor a decidir abandonar a

vida pública, dedicando-se em

exclusivo à literatura, nomea-

damente infantil.

obras publicadas› A Cidade e a Infância› Luuanda

› Vidas Novas

› Velhas Estórias

› João Vêncio: os seus amores

› A Vida Verdadeira de Domingos Xavier

› Nós, os de Makulusu

› No Antigamente, na Vida

› Macandumba

› O Livro dos Rios

› Lourentinho, Dona Antónia de Sousa & Eu

› Nosso Musseque

› A Guerra dos Fazedores de Chuva com os

Caçadores de Nuvens, (infantil)

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