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PAULO ROBERTO GARCIA LUCARELI Análise cinemática da articulação do joelho durante a marcha hemiparética Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências Área de concentração: Fisiopatologia Experimental Orientador: Dr a . Julia Maria D’Andréa Greve SÃO PAULO 2004

Análise cinemática da articulação do joelho durante a

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Page 1: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

PAULO ROBERTO GARCIA LUCARELI Análise cinemática da articulação do joelho

durante a marcha hemiparética

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Fisiopatologia Experimental

Orientador: Dra. Julia Maria D’Andréa Greve

SÃO PAULO 2004

Page 2: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

PAULO ROBERTO GARCIA LUCARELI Análise cinemática da articulação do joelho

durante a marcha hemiparética

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Fisiopatologia Experimental

Orientador: Dra. Julia Maria D’Andréa Greve

SÃO PAULO 2004

Page 3: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

Dedicatória

Dedico este trabalho...

... aos meus pais que dedicam grande parte de suas vidas na educação de seus filhos

... às minhas irmãs, pela confiança e apoio nos momentos de dificuldade e alegrias

... à minha esposa Juliane por toda a sua dedicação e compreensão, nas minhas

ausências nos momentos de estudo e trabalho.

Page 4: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

Agradecimentos

A toda equipe do laboratório de marcha da AACD.

Ao Wagner pelos conselhos e por ter feito eu entender a importância da matemática no

estudo do movimento humano.

À Dra Julia por ter acreditado e confiado em mim e em meu trabalho, pelo

conhecimento partilhado. Por sua competência como orientadora, pelo seu interesse,

seriedade, dedicação e paciência.

À professora e amiga Ligia Presumido por ter me incentivado a realizar pesquisa

científica, pelos seus conselhos e inspiração.

A todos que de maneira direta ou indireta fizeram com que este sonho se realizasse.

Page 5: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

SUMÁRIO

Lista de figuras

Lista de tabelas

Resumo

Summary

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 01

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................ 04

2.1 Marcha humana normal ................................................................ 04

2.2 Marcha hemiparética .................................................................... 09

3 CASUÍSTICA E MÉTODO ..................................................................... 21

4 RESULTADOS ........................................................................................ 35

5 DISCUSSÃO ............................................................................................ 45

6 CONCLUSÃO .......................................................................................... 58

7 ANEXOS .................................................................................................. 59

8 REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS .................................................... 96

Page 6: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Gráfico da cinemática normal do joelho ................................................. 07

Figura 1 – Marcador retro reflexivo ........................................................................ 24

Figura 2 – Câmera Infra-vermelho ......................................................................... 24

Figura 3 – Sistema VICON e o Software VCM para processamento ..................... 25

Figura 4 – Conjunto de marcadores “Helen Heys” ................................................. 27

Figura 5 – Coleta do exame na pista do laboratório de marcha .............................. 27

Figura 6 - Posição angular do joelho no contato inicial (graus) ............................. 28

Figura 7 - Primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio (graus) ................... 29

Figura 8 – Tempo do pico de flexão no apoio (% do apoio) .................................. 29

Figura 9 - Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no

apoio (graus).......................................................................................... 30

Figura 10 - Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio) .................................. 30

Figura 11 - Posição angular no apoio terminal (graus) ........................................... 31

Figura 12 - Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo) ................. 31

Figura 13 - Pico de flexão no balanço (graus) ......................................................... 32

Figura 14 - Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo) ............................ 32

Figura 15 - Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço) ........................... 33

Figura 16 - Amplitude de movimento no balanço (graus) ....................................... 33

Figura 18. Cinemática angular da articulação do joelho dos pacientes

com seqüela de AVCI ............................................................................ 56

Page 7: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

LISTAS DE TABELAS

TABELA 1 - Posição angular média do joelho (graus) no contato inicial

dos pacientes com seqüela de AVCI com hemiparesia

distribuídos em quatro grupos de acordo com a mediana

da velocidade da marcha e lado de comprometimento ...................... 36

TABELA 2 – Valor da média do primeiro pico de flexão do joelho na

fase de apoio (% do apoio) dos pacientes com seqüela

de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos

de acordo com a mediana da velocidade da marcha

e lado de comprometimento ............................................................. 37

TABELA 3 - Valor da média do tempo do pico de flexão do joelho no

apoio (% do apoio) dos pacientes com seqüela de AVCI

e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo

com a mediana da velocidade da marcha e lado de

comprometimento ............................................................................ 37

TABELA 4 –Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico

de flexão do joelho no apoio (% do apoio) dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia dos quatro grupos e diferença

mínima significante ........................................................................... 38

TABELA 5 - Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no

apoio (graus) dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia

distribuídos em quatro grupos de acordo com a mediana da

velocidade da marcha e lado de comprometimento ......................... 38

Page 8: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

TABELA 6 - Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio) dos pacientes

com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro

grupos de acordo com a mediana da velocidade da marcha e

lado de comprometimento ................................................................... 39

TABELA 7 - Posição angular no apoio terminal dos pacientes com seqüela

de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de

acordo com a mediana da velocidade da marcha e lado de

comprometimento ............................................................................. 39

TABELA 8 - Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo)

dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos

em quatro grupos de acordo com a mediana da velocidade da

marcha e lado de comprometimento ................................................ 40

TABELA 9 - Valor do pico de flexão do joelho no balanço dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos

de acordo com a mediana da velocidade da marcha e

lado de comprometimento ................................................................. 40

TABELA 10 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico de

flexão do joelho no balanço dos pacientes com seqüela de

AVCI e hemiparesia dos quatro grupos e a diferença mínima

significante ...................................................................................... 41

TABELA 11 - Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo) dos pacientes

com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro

grupos de acordo com a mediana da velocidade da marcha e

lado de comprometimento .............................................................. 41

Page 9: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

TABELA 12 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios da

velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo) dos

pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia dos quatro

grupos e a diferença mínima significante ........................................ 42

TABELA 13 - Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço) dos

pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos

em quatro grupos de acordo com a mediana da velocidade da

marcha e lado de comprometimento .............................................. 42

TABELA 14 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios do tempo

do pico de flexão no balanço (% do balanço) dos pacientes

com seqüela de AVCI e hemiparesia dos quatro grupos e a

diferença mínima significante ........................................................ 43

TABELA 15 - Valor da amplitude de movimento no balanço (graus) dos

pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos

em quatro grupos de acordo com a mediana da velocidade

da marcha e lado de comprometimento .......................................... 43

TABELA 16 – Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico

de flexão do joelho no apoio (% do apoio) dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia dos quatro grupos e a

diferença mínima significante ........................................................ 44

Page 10: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

Resumo

LUCARELI, P.R.G. Análise cinemática da articulação do joelho durante a marcha hemiparética. São Paulo, 2004. 102p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. Ainda não há consenso entre os diversos estudiosos do tema sobre as variáveis cinemáticas das articulações durante a marcha hemiparética e uma das articulações mais discutidas é o joelho: como as principais alterações se comportam ao longo do ciclo de marcha e se a velocidade da marcha modifica os padrões de mobilidade das articulações. O objetivo deste estudo foi avaliar as variáveis encontradas na cinemática angular da articulação do joelho e descrever as alterações encontradas na marcha hemiparética oriunda de acidente vascular cerebral. Participaram deste estudo 66 pacientes adultos de ambos os sexos com diagnóstico de seqüela de acidente vascular cerebral isquêmico com hemiparesia direita ou esquerda. Todos os participantes foram submetidos a avaliação tridimensional da marcha com o sistema Vicon 370 e os valores da cinemática angular da articulação do joelho foram selecionados para análise. Os resultados foram distribuídos em quatro grupos formados de acordo com a mediana da velocidade de marcha e lado do acometimento. As características clínicas relevantes encontradas e que devem ser levadas em consideração no momento da escolha da melhor conduta de tratamento demonstram no apoio alteração importante no mecanismo de resposta a carga e hiperextensão do joelho no apoio simples. Na fase de balanço redução do pico de flexão e amplitude de movimento do joelho. Há semelhança na cinemática angular da articulação do joelho durante a marcha hemiparética oriunda de acidente vascular cerebral, mas, não foi encontrado um padrão definido para esta articulação na população avaliada.

Page 11: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

Summary

LUCARELI, P.R.G. Análise cinemática da articulação do joelho durante a marcha hemiparética. São Paulo, 2004. 102p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. There is still no consensus among the different specialists on this subject on the kinematics variation during the hemiparetic gait, and one of the most frequently discussed joints is the knee: the way the main changes take place during the gait cycle, and whether the gait velocity changes the patterns of joint mobility. This study aims at evaluating the variables found in the angular kinematics of the knee articulation and at describing the alteration found in the hemiparetic gait resulting from cerebrovascular accident. This study comprised 66 adult patients, both gender with diagnosis of a sequel resulting from ischemical cerebrovascular accident with both right and left hemiparesis. All the participants were submitted to three-dimensional gait evaluation with Vicon 370 and the values of the angular kinematics of the joint knee were selected for analysis. The results were distributed in four groups formed in agreement with the medium of the gait speed and side taken. The clinical relevant characteristics found and that should be taken into account when choosing the best treatment demonstrate, in the stance, an important mechanism of loading response and, in the simple stance, knee hyperextension. In the swing phase, reduction of the peak flexion and movement amplitude of the knee. We believe that our findings presented here may aid the conduct when facing these patients in the sense of preventing the occurrence of problems found, and also in the attempt of finding the origin of these problems. Words key: Gait, cerebrovascular accident, biomechanics, knee, hemiparesia.

Page 12: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

1

INTRODUÇÃO

A análise clínica da marcha envolve a medida dos parâmetros biodinâmicos, a

compilação dos dados, a interpretação das informações, a identificação das alterações do

padrão de marcha normal e auxilia na recomendação e indicação das alternativas de

tratamento. É preciso compreender os mecanismos normais da macha normal para

avaliar suas alterações. Muitos e conhecidos autores escreveram sobre a marcha humana

normal, destacando-se Inman (1981) e Sutherland (1980, 1984, 1988).

O avanço da ciência contribuiu de forma notável para que a avaliação da marcha

pudesse ser cada vez mais precisa e clara. Com o avanço da cinematografia, os

movimentos puderam ser fotografados e avaliados a posteriori, ampliando a capacidade

de análise do observador. Muybridge (1879) capturou os padrões cinemáticos da marcha

humana e animal e posteriormente se introduziu a análise multiplanar da marcha.

No século XX, a instrumentação da cinemática evoluiu da filmadora comum

(análise com régua e transferidor da imagem) até os sofisticados sistemas de lentes com

Page 13: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

2

sensores para luz infravermelha que permitem avaliar os dados cinemáticos em tempo

real.

O melhor entendimento da cinética da marcha só foi possível com o

desenvolvimento de dispositivos e plataformas de força (balanças) que medissem a força

aplicada pelos pés no solo. Amar (1916) foi um dos precursores desta avaliação. Na

segunda metade do século XX, começou a se utilizar recursos computacionais para

avaliar e medir as forças de reação do solo (vertical, ântero-posterior e látero-lateral)

melhorando o entendimento de toda a cinética da marcha normal.

A atividade elétrica muscular, durante a marcha, pode ser medida com o uso de

eletrodos e esta informação foi integrada à avaliação cinemática, ampliando ainda mais o

entendimento da marcha normal, principalmente na fase de balanço.

Atualmente, a análise de marcha é muito utilizada nos laboratórios de biomecânica

especializados. Os dados da cinemática tridimensional são obtidos por meio de câmeras

infravermelhas sincronizadas. A força de reação ao solo é medida por plataformas de

força. A atividade muscular é capturada por um sistema de eletromiografia de agulha ou

superfície. A força, torque e potência articular avaliados e calculados em combinação

com os dados da avaliação cinemática e características antropométricas individuais são

utilizados para descrever a marcha.

Page 14: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

3

Muitos pacientes podem ser beneficiados pela análise de marcha instrumentada,

dentre os quais se destacam: portadores de paralisia cerebral, traumatismo crânio-

encefálico, doenças neuromusculares, lesões medulares traumáticas, congênitas e

amputações dos membros inferiores. A análise instrumentada da marcha é utilizada para

auxiliar uma indicação cirúrgica, programas de fisioterapia, uso de bloqueios

neuromusculares periféricos, indicação e adequação de órteses e próteses. Craik e Oatis

(1995) referem que aproximadamente 70% dos pacientes que sobrevivem a um acidente

vascular cerebral retomam a sua capacidade de deambular. A marcha hemiparética é

descrita como sendo lenta, laboriosa e abrupta. Estas alterações são devidas ao déficit na

percepção-cognição, força e tônus muscular, controle motor, mobilidade articular e

equilíbrio (Mizrahi et. al. 1982). Uma das articulações mais estudadas é o joelho e suas

principais alterações ao longo do ciclo de marcha (Knutsson e Richards, 1979;

Knutsson, 1981; Lehmann et. al., 1987; Burdett et. al.,1988; Cozean, Pease e Hubbell,

1988 e Intiso et. al. 1994), bem como a influência da velocidade de marcha nos padrões

de mobilidade da articulação (Olney et. al. 1991).

O objetivo deste estudo foi avaliar as variáveis encontradas na cinemática angular

da articulação do joelho e descrever as alterações encontradas na marcha hemiparética

oriunda de acidente vascular cerebral.

*†

* UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade de medicina. Serviço de biblioteca e Documentação. Estrutura e apresentação de dissertações e teses. Elaborado por Anneliese Carneiro cunha. São Paulo, Serviço de Biblioteca e Documentação, 1996. † SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANATOMIA. Terminologia anatômica. 1ª ed. Manole. São Paulo-SP, 2001.

Page 15: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

4

REVIÃO DA LITERATURA

1. MARCHA NORMAL

Marcha é uma seqüência repetitiva de movimentos dos membros inferiores que

move o corpo para frente enquanto simultaneamente mantém a estabilidade no apoio. Na

marcha um membro atua como um suporte móvel, em contato com o solo enquanto o

membro contralateral avança no ar, o conjunto de movimentos corporais se repetem de

forma cíclica e os membros invertem os seus papeis a cada passo. (Perry,1992).

A seqüência simples do apoio e avanço de um único membro é denominada ciclo

de marcha. O ciclo então é o período compreendido entre o primeiro contato do pé com

o solo até o próximo contato deste mesmo pé com o solo. O ciclo de marcha é dividido

em duas fases: apoio - pé encontra-se em contato com o solo e balanço - pé é elevado

do solo para o avanço do membro. (Perry,1992).

A fase de apoio é subdividida em três períodos, segundo Rose e Gamble (1998):

Page 16: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

5

o Duplo apoio inicial (primeiro duplo apoio) - início da fase de apoio com os dois

pés no solo. Nesta fase ocorre o toque do pé no solo até o desprendimento do pé oposto.

Corresponde de 0% do ciclo da marcha.

o Apoio simples - um único membro deve suportar todo o peso corporal que

avança sobre o pé que está apoioado no solo (Rose e Gamble 1998).

o Duplo apoio final (segundo duplo apoio) - toque do pé oposto no solo até o final

da fase de apoio. Corresponde a 100% da fase de apoio.

As durações das fases e períodos do ciclo de marcha variam de acordo com a

velocidade. Na velocidade 130 centímetros por segundo, (padrão de normalidade em

uma marcha madura), a fase de apoio compreende 62% do ciclo e a fase de balanço 38%

do ciclo. Considera-se que dentro da fase de apoio cada período de duplo apoio

compreende 12% e o apoio simples é de 38% (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

Segundo os mesmos autores quanto maior a velocidade da marcha, menor são os

períodos de duplo apoio e maior o período de apoio simples. Quando os períodos de

duplo apoio desaparecem e são substituídos por breves períodos em que ambos os pés

estão fora do solo, períodos de duplo balanço, a marcha passa a ser corrida. (Perry, 1992;

Rose e Gamble 1998).

No primeiro duplo apoio ocorrem dois eventos importantes. O exato momento em

que o pé toca o solo é chamado de contato inicial (0 a 2% do ciclo). O contato inicial é

prontamente seguido pelo que denominamos de resposta à carga que se prolonga até o

desprendimento do pé oposto do solo (0 a 10% do ciclo). Estes dois eventos têm como

Page 17: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

6

objetivo: absorção do choque e estabilidade para a recepção do peso corporal, pois a

transferência de carga de um membro inferior para o outro, ocorre de forma muito rápida

e cerca de 95% do peso corporal é transferido para o membro que inicia a fase de apoio

em dois centésimos de segundo (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). O objetivo do

primeiro período da fase de apoio é a aceitação da carga e do segundo período é garantir

continuidade do deslocamento anterior do corpo sobre o pé apoiado. O médio apoio (10

a 30% do ciclo) tem início com a saída do pé contralateral do solo e continua até que o

peso corporal esteja exatamente sobre a região anterior do pé apoiado. O apoio terminal

(30 a 50% do ciclo) tem início com a elevação do calcanhar do pé apoiado e se estende

até o contato inicial do pé oposto (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

No segundo duplo apoio ocorre o evento pré-balanço (50 a 60% do ciclo), que se

inicia com o contato inicial do pé oposto e se estende até o desprendimento do pé

apoiado. Neste período, ocorre a diminuição brusca da carga do membro apoiado e sua

preparação para a fase de balanço (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

A fase de balanço é dividida três eventos:

o Balanço inicial (60 a 73% do ciclo) tem inicio quando o pé é desprendido do

solo e se prolonga até quando o pé em balanço se encontra em oposição ao pé em apoio.

o Balanço médio (73 a 87% do ciclo) inicia com o pé em balanço exatamente

oposto ao pé em apoio e termina com o membro inferior em balanço à frente do membro

inferior em apoio com tíbia verticalizada em relação ao solo.

Page 18: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

7

Observação: o balanço inicial e médio objetivam o avanço do membro inferior e a

liberação do pé do solo (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

o Balanço terminal (87 a 100% do ciclo), tem inicio com a tíbia verticalizada

em relação ao solo e continua até o novo contato inicial.

Neste momento, o avanço do membro é completado, com o movimento anterior da

perna em relação à coxa para a conclusão da progressão do membro e preparação para se

iniciar um novo ciclo de marcha (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). A descrição da

marcha, sempre se refere aos acontecimentos que ocorrem dentro destes períodos

específicos de um único ciclo, supondo-se que os ciclos sucessivos são todos

semelhantes.

A cinemática da articulação do joelho apresenta quatro momentos que são

alternados em dois períodos de flexão e dois períodos de extensão (FIGURA 1) (Gage,

1991; Perry, 1992; Moraes Filho et. al. (2003); Lucareli (2003).

Figura 1 – Gráfico da cinemática normal do joelho, o eixo de X corresponde ao ciclo de marcha e o eixo de Y a posição angular da articulação em graus.

Page 19: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

8

No contato inicial o joelho é fletido em cinco graus. Para Perry (1992) pode

ocorrer uma variação na posição do joelho entre a extensão de menos dois graus até a

flexão de cinco graus. Seqüencialmente, o joelho começa a flexionar até

aproximadamente 15o. Esta flexão do joelho é controlada pela contração excêntrica do

quadríceps (Newmann 2002), principalmente pelos vastos medial, lateral e intermédio

(Gage 1991, Perry 1992). Este evento absorve o choque e recebe a carga do peso

corporal que progressivamente é transferida para este membro.

Após a flexão inicial, o joelho estende completamente durante o apoio simples

(Gage 1991), podendo variar entre pequenos graus de flexão (Perry 1992; Moraes Filho

et. al.) até pequenos graus de hiperextensão (Lucareli, 2003). A extensão ocorre porque

o vetor da força de reação ao solo passa à frente da articulação gerando um momento

extensor externo, o que faz com que ocorra a extensão até que ligamentos e cápsula

articular restrinjam o movimento (Rose e Gamble 1998).

A segunda curva de flexão do joelho se inicia no final do apoio terminal devido ao

movimento simultâneo de flexão plantar e flexão do quadril auxiliado pela contração do

músculo poplíteo (Rose e Gamble, 1998). A posição de 40o de flexão é alcançada e

mantida até o final do pré-balanço (Perry, 1992). O joelho continua a flexionar-se na

mesma velocidade por todo o balanço inicial. A posição final de 60o é a flexão máxima

que o joelho alcança em todo o ciclo de marcha (Gage 1991; Perry 1992; Neumann

2002). É possível haver variações para mais ou para menos (Moraes Filho et. al. 2003;

Lucareli 2003, Perry 1992).

Page 20: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

9

Ocorre uma pausa momentânea no balanço médio, após a qual o joelho começa a se

estender tão rapidamente quanto foi feita a flexão na fase anterior. Neste evento não há

contração muscular envolvendo a articulação e o joelho se comporta como um pêndulo e

a extensão ocorrem passivamente (Gage, 1991; Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

Metade do percurso em direção à extensão máxima ocorre durante o balanço médio. A

extensão continua no balanço terminal até alcançar a extensão máxima. Esta extensão

também varia em torno de cinco graus e é realizada pela contração excêntrica da

musculatura flexora do joelho (ação de frenagem do movimento de flexão) e da

musculatura extensora que auxilia o pré-posicionamento do pé e joelho no contato

inicial (Gage 1991).

2. MARCHA NAS HEMIPLEGIAS

Segundo Perry (1969), o paciente hemiplégico que possui um bom padrão flexor e

extensor é capaz de satisfazer os requisitos básicos da progressão anterior durante a

marcha. Entretanto, a suavidade normal do movimento só é possível com bom controle

seletivo. Conseqüentemente, o mecanismo de absorção de choque (resposta à carga) não

é possível para o paciente que é dependente de padrões de resposta motora; da mesma

maneira, a resposta do músculo sóleo para estabilizar o joelho durante a resposta à carga

será excessiva durante o apoio médio e tenderá a obstruir o avanço sobre o pé

estacionário.

Page 21: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

10

Pacientes que tem sensibilidade proprioceptiva preservada podem substituir este

déficit pela limitação da dorsiflexão do tornozelo e hiperextensão passiva do joelho.

Podem, também, evitar a demanda de dorsiflexão do tornozelo pela troca rápida do pé de

apoio, fazendo com que o passo da extremidade normal seja menor que o passo do

membro hemiplégico, com obstrução do avanço do membro pelo padrão de movimento

realizado, pois não ocorre relaxamento da extensão do joelho durante a flexão do quadril

e joelho. Há perda de parte da flexão do quadril necessária pelo aumento da extensão do

joelho e o comprimento do passo é diminuído pela perda de flexão do quadril (Perry,

1969). Perry (1969) refere que o joelho suporta aproximadamente 15 graus de flexão e

realiza a extensão completa para alcançar a posição ereta para minimizar a excursão

vertical do corpo de um pé para o outro e reduzir o consumo energético.

Knutsson e Richards (1979) avaliaram o padrão de ativação muscular por meio de

eletromiografia e a amplitude de movimento das articulações do quadril, joelho e

tornozelo no plano sagital com luz intermitente e fotografia em 26 pacientes com

hemiparesia. Segundo os autores, a capacidade de deambulação variou muito entre os

pacientes, mas concluíram que estes pacientes têm diminuição da flexão do joelho

durante o contato inicial e balanço e três padrões distintos de atividade muscular:

o tipo I - atividade prematura dos músculos flexores plantares durante a fase de

apoio;

o tipo II - dois ou mais músculos sem atividade muscular ou atividade muito

baixa;

o tipo III - padrão de ativação complexa e incompreendida.

Page 22: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

11

Walters et. al. (1979), avaliaram a eficácia da tenotomia de uma ou duas cabeças do

músculo quadríceps em pacientes com hemiparesia e limitação da flexão do joelho

baseado na atividade eletromiográfica deste músculo durante a fase de balanço da

marcha. O aumento da flexão do joelho foi em média 20o no grupo de 8 pessoas que

foram submetidos a tenotomia do músculo reto femoral individualmente ou em conjunto

com o músculo vasto intermédio e apresentaram atividade eletromiográfica no pré-

balanço e balanço inicial nas porções liberadas. A flexão do joelho aumentou oito graus

nos cinco pacientes que apresentaram atividade elétrica em apenas uma das cabeças do

músculo quadríceps e não foram tratados cirurgicamente. Não houve aumento da flexão

em oito pacientes que apresentaram atividade eletromiográfica em duas ou mais cabeças

e não foram tratados cirurgicamente.

Knutsson (1981) em estudo que revisou o controle da marcha na hemiparesia por

meio de eletromiografia relatou novamente a existência de três grupos de disfunção

apresentada por hemiparéticos durante a marcha. Estes grupos eram caracterizados por

exagerada ou nenhuma resposta reflexa exagerada; ausência ou diminuição dos padrões

centrais de atividade muscular ou co-ativação anormal de vários grupos musculares.

Lehmann et. al. (1987) analisaram a cinemática de sete pacientes com hemiparesia

e compararam com o mesmo número de pessoas normais ambas andando com e sem o

uso de órteses tornozelo-pé. Dentre os achados os autores encontraram excessiva

extensão do joelho no apoio e limitação da flexão do joelho no balanço o que levava ao

Page 23: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

12

movimento compensatório de circundução do membro para liberar o mesmo para o

balanço. Ao fazer uso das órteses notou-se melhora apenas no aumento da velocidade da

marcha e no tempo de sustentação do membro acometido no apoio.

Mizrahi et. al. (1982) avaliaram os parâmetros tempo de apoio, tempo de duplo

apoio, largura do passo, velocidade, simetria dos tempo de apoio e simetria das distância

encontradas em 20 pacientes com hemiparesia em fase inicial ao acidente vascular

cerebral e após o período de 8 semanas. A variação de cada parâmetro durante o período

de seguimento foi correlacionada com a evolução clínica da marcha. Os autores relatam

que houve correlação entre a avaliação clínica e os parâmetros avaliados e salientaram

que os parâmetros avaliados é um método mais objetivo e qualitativo para avaliar a

evolução da deambulação.

Malezic et. al. (1987) avaliaram a eficácia terapêutica da estimulação elétrica

durante a marcha em 10 pacientes com hemiparesia por meio de análise cinemática,

cinética e eletromiográfica da marcha. Os resultados antes da atuação terapêutica

mostraram que a articulação do joelho da população avaliada encontrava-se em

excessiva extensão e que prejudicavam a flexão adequada no balanço. Foi possível

concluir que após 2,6 meses de terapia intensa houve melhora do comprimento do passo

e da velocidade da marcha do grupo estimulado.

Winters, Gage e Hicks (1987), descreveram quadro padrões de marcha baseados na

avaliação de 46 pacientes portadores de paralisia cerebral do tipo hemiparesia espástica

através de análise cinemática do plano sagital. Depois de realizada a análise dos dados,

Page 24: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

13

foi definido como grupo I os pacientes que apresentavam o pé caído durante o balanço; o

grupo II os pacientes que apresentavam pé caído no balanço e eqüino no apoio; o grupo

três apresentavam os mesmos achados do grupo II e restrição de movimento na

articulação do joelho; e, o grupo IV, deformidade do quadril além das já apresentadas

pelo grupo III.

Shiavi, Bugle e Limbird (1987), avaliaram o sinal eletromiográfico dos músculos

dos membros inferiores de 12 pacientes com hemiparesia. Os dados foram coletados

inicialmente na fase aguda e posteriormente na fase crônica e comparados com dados de

pessoas sem alteração no padrão de marcha. Os resultados foram divididos em três

grupos que levou em consideração o padrão de sinergismo visíveis na eletromiografia.

Quando comparados ao período crônico os autores relatam que nenhum dos grupos

obteve padrão sinérgico compatível ao do grupo controle.

Cozean, Pease e Hubbell (1988), avaliaram a eficácia do uso de sistema de retro-

alimentação e estimulação elétrica funcional para o tratamento da marcha em 32

pacientes com hemiplegia causada por acidente vascular encefálico. Os pacientes foram

divididos em 3 grupos e submetidos à terapia com sistema de retro-alimentação e

estimulação elétrica funcional e sistema de retro-alimentação e estimulação elétrica

funcional respectivamente. Todos os pacientes foram avaliados duas vezes por semana

por meio de análise quantitativa da marcha. Os resultados demonstraram melhora da

cinemática da articulação do joelho e tornozelo no plano sagital (P= 0.05 e P = 0.02),

Page 25: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

14

respectivamente. A velocidade da marcha, tempo do ciclo e simetria também mostrou

melhora após a terapia combinada.

Sutherland, Santi e Abel (1990), avaliaram a eficácia da transferência do músculo

reto femoral no tratamento da marcha com o joelho rígido. Dois grupos foram avaliados:

o grupo 1 que continha 12 pacientes foram submetidos a transferência proximal do reto

femoral e o grupo 2 com 10 pacientes à transferência distal. Os resultados demonstraram

aumento do pico de flexão do joelho em ambos os procedimentos, sendo que nos

pacientes que foram submetidos à transferência distal houve melhora significantemente

maior que nos submetidos ao procedimento proximal.

Olney et. al.(1991), realizaram análise biomecânica dos padrões de trabalho e

potência envolvidos na natureza dos déficits da marcha. O estudo teve como objetivo

descrever as características das variáveis trabalho e potência relacionadas à velocidade

auto selecionada na marcha de pacientes hemiparéticos. Foram avaliados 30 pacientes

usando análise cinematográfica bidimensional e plataforma de força. Os resultados

sugerem que 40% do trabalho positivo que a marcha hemiparética requer é oriunda dos

músculos do hemicorpo afetado e os músculos flexores plantares, flexores do quadril e

extensores do quadril são os mais solicitados.

Kerrigan, Gronley e Perry (1991), avaliaram o tempo de atividade muscular em oito

grupos musculares de 23 pacientes hemiparéticos e marcha com joelho rígido por meio

de eletromiografia dinâmica durante o ciclo de marcha. Atividade inapropriada de pelo

Page 26: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

15

menos um dos músculos do quadríceps durante o pré-balanço ou balanço inicial foi

encontrada em todos os pacientes. Nove pacientes apresentaram atividade dos

isquiotibiais durante o pré-balanço e quando comparado estes 9 pacientes com os 14

restantes foi notado que o grupo de 9 pacientes apresentou menor velocidade e

comprimento do passo menor que o grupo restante (P<0,05). Não houve correlação entre

a atividade do músculo bíceps cabeça curta com o pico de flexão do joelho no balanço.

Retardo no momento de desprendimento do retropé do solo foi encontrado em 21

pacientes e sugeriu insuficiência dos músculos flexores plantares, principalmente porque

apresentou correlação (P<0,05) com os pacientes que apresentavam pico de flexão do

joelho limitado no balanço.

Morris et. al. (1992), avaliaram a eficácia do feedback com eletrogoniometria

associado a fisioterapia no tratamento do joelho recurvatum em pacientes com acidente

vascular encefálico. Foram submetidos ao tratamento 26 pacientes que foram divididos

em 2 grupos. O grupo 1 foi submetido ao tratamento com feedback e eletrogoniometria e

o grupo 2 à fisioterapia. Após este período de tratamento ambos os grupos foram

submetidos somente à fisioterapia. O grupo que recebeu feedback e fisioterapia

apresentou redução estatisticamente significante (U = 40, p = 0.011) da hiperextensão do

joelho.

Intiso et. al. (1994), realizaram análise computadorizada da marcha para avaliar a

eficácia do sistema de retro-alimentação eletromiográfico comparado a fisioterapia em

pacientes com hemiparesia e pé caído. Dentre os resultados encontrados foi citado que o

Page 27: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

16

pico de flexão do joelho encontrava-se limitado no contato inicial e no balanço inicial.

Os resultados também demonstraram por meio da análise de marcha melhora do pé

caído durante o balanço (P<0,02) no grupo que utilizou sistema de retro-alimentação

concluindo que o mesmo pode melhorar a força muscular nestes pacientes.

Olney, Griffin e McBride (1994), utilizaram estatística de regressão linear múltipla

para avaliar a relação entre as variáveis temporais, cinemáticas e cinéticas da marcha em

pacientes hemiparéticos em alta velocidade. Os resultados demonstraram correlação

significante para as variáveis extensão máxima do quadril e o máximo momento flexor

do quadril no lado acometido, e, a máxima potência dos tornozelos e quadris em ambos

os lados. Foram identificadas as variáveis que mais predizem a velocidade do passo e

para o lado acometido foi detectado o momento flexor do quadril, a amplitude do

momento do tornozelo e joelho e a proporção de apoio duplo. O estudo conclui que 92%

das variações de velocidade da marcha relacionados ao lado hemiparético possui

correlação com a potencia máxima gerada pelo tornozelo no pré-balanço e pela potência

máxima gerada pelo quadril no mesmo instante.

Kerrigan, Deming e Holden (1996), avaliaram 41 pacientes com lesão neurológica

e hiperextensão do joelho durante a marcha e um grupo controle com 46 voluntários. Os

autores avaliaram a variável pico do torque extensor do joelho durante o apoio. Os

resultados mostraram que o pico do torque extensor é maior e a velocidade da marcha

menor nos pacientes com hiperextensão do joelho e que há pobre correlação com o

Page 28: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

17

ângulo de hiperextensão, isto é possível apenas quando o mesmo é ≤ 4° (coeficiente

0,061, P<0,001).

Olney e Richards (1996), revisaram o padrão biomecânico que caracteriza a marcha

em pacientes com seqüela de hemiparesia oriunda de acidente vascular encefálico. Foi

demonstrado que a velocidade da marcha está reduzida e a fase de apoio está aumentada

no lado parético. Há variações na amplitude de movimento das articulações no contato

inicial e redução na fase de balanço. Os padrões eletromiográficos podem ser

submetidos a métodos de classificação e caracterizar esta população. Os momentos

articulares demonstraram variabilidade, mas demonstram aumento do momento flexor

do quadril no apoio terminal e está relacionado à velocidade da marcha. Os grupos

musculares do lado afetado despendem 60% do trabalho necessário para manter a

velocidade da marcha. Por fim relatam haver alguns clássicos desvios da marcha que são

particularmente reconhecidos e que levam a prejuízos e adaptações biomecânicas

identificáveis.

Kepple, Siegel e Stanhope (1997), desenvolveram um método para estimar a

relativa contribuição dos momentos articulares para a progressão e suporte do corpo

durante a marcha em 5 pessoas normais. Os resultados demonstraram que a progressão

durante a fase de apoio é produzida primariamente pelos flexores plantares e assistida

pelos extensores do joelho, suporte de peso é produzido pelos flexores plantares quando

em apoio simples e pelos flexores plantares, extensores do joelho e extensores do quadril

quando em apoio duplo.

Page 29: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

18

Kerrigan, Roth e Riley (1998), utilizaram um modelo dinâmico baseado na

dinâmica dos corpos rígidos e analisaram 5 pacientes com hemiparesia causada por

acidente vascular encefálico. Os autores realizaram análise tridimensional da marcha e

posteriormente o modelo dinâmico para simular torques articulares nas articulações dos

membros inferiores durante a fase de balanço da marcha. Os dados encontrados mostram

uma forte tendência a alterações na articulação do joelho quando atribuído torques às

articulações do quadril e joelho.

Riley e Kerrigan (1998), estudaram a influência do músculo reto femoral e dos

isquiotibiais em pacientes que andavam com limitação da flexão do joelho durante a fase

de balanço da marcha, ou seja, joelho rígido. Foram avaliados 10 pacientes com

hemiparesia e joelho rígido devido à seqüela de acidente vascular encefálico. Para cada

membro acometido foi desenvolvido um modelo biomecânico e o comprimento dos

tendões e dos músculos foram estimados. Os autores fazendo uso do modelo

biomecânico simularam diferentes torques nas articulações do quadril e joelho com o

intuito de determinar a sensibilidade da flexão máxima do joelho durante a fase de

balanço. Os resultados demonstraram que torques gerados na flexão do quadril e

extensão do joelho influenciam a articulação do joelho, mas, foi notado que a maior

influencia destes músculos quando estimulados ocorrem na articulação do joelho. A

ação do reto femoral e dos isquiotibiais é maior no joelho, entretanto, sua ação quando é

sobre o quadril se opõem às da articulação do joelho.

Page 30: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

19

Riley e Kerrigan (1999), propuseram um método para determinar a relativa

contribuição das articulações do quadril, joelho e tornozelo na marcha de pacientes com

joelho rígido. Os autores avaliaram 10 pacientes com quadro seqüela de hemiparesia

causado por acidente vascular encefálico e 10 pessoas sem alterações do padrão de

marcha. Foi utilizado um modelo biomecânico específico para induzir aceleração nas

articulações estudadas. Os resultados demonstraram que durante a marcha com o joelho

rígido há alterações nas articulações do quadril, joelho e tornozelo; e não apenas no

joelho como se acreditava.

Kerrigan et. al. (2000), avaliaram a marcha de 23 pacientes com hemiparesia e

padrão de joelho rígido e 23 pessoas sadias por meio de análise tridimensional

computadorizada da marcha. O objetivo do trabalho foi definir e encontrar a causa da

elevação ipsilateral da pelve e a circundução do quadril como mecanismos

compensatórios para a marcha com o joelho rígido. Os autores definem, portanto, que a

elevação ipsilateral da pelve é um problema que ocorre no plano coronal e que pode ou

não vir acompanhada de abdução do quadril; enquanto que a circundução é o aumento

do ângulo da perna em relação a pelve no plano coronal também durante o balanço

médio sem que ocorra elevação pélvica. Ambos são utilizados como mecanismos

compensatórios para os pacientes com joelho rígido.

Kerrigan et. al. (2001), realizaram análise tridimensional da marcha em pessoas

sem alterações de marcha deambulando na ponta dos pés e deambulando normalmente

para verificar se o andar na ponta dos pés pode levar a diminuição do pico de flexão do

Page 31: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

20

joelho no apoio. O andar na ponta dos pés reduziu de maneira significante a flexão do

joelho durante a fase de balanço da marcha quando comparado ao andar normal

(P<0,00001), demonstrando que alterações ao nível dos tornozelos pode também

influenciar a marcha com o joelho rígido.

Kerrigan, Karvosky e Riley (2001), estudaram a influencia da análise cinética da

marcha em 20 pacientes com hemiplegia causada por acidente vascular encefálico e

marcha com o joelho rígido e compararam com 20 pessoas normais. Os autores

encontraram variabilidade na geração e absorção de potência nas articulações do quadril,

joelho e tornozelo e esta foi consideravelmente maior que a encontrada no grupo

controle. Os autores ressaltam que o estudo demonstra haver múltiplas causas

relacionadas à redução do pico de flexão do joelho durante o balanço.

Page 32: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

21

MATERIAL E MÉTODO

Casuística

Participaram deste estudo 66 pacientes adultos de ambos os sexos. A idade média foi de

45,4 ± 8,5 anos (31- 60). 33 pacientes eram do sexo feminino e 33 do sexo masculino.

O peso foi de 67,6 ± 15,9 kg (43,9-110) e a altura de 161,3 ± 9,7 cm (136-189).

Critérios de inclusão

Diagnóstico de seqüela de acidente vascular cerebral isquêmico com hemiparesia direita

e esquerda com predomínio braquial, ter pelo menos 12 meses de lesão, ser deambulador

comunitário, não necessitar de meios auxiliares para marcha, ser capaz de andar

descalço e não ter sido submetido a procedimentos cirúrgicos ortopédicos anteriormente.

Todos os sujeitos do estudo tinham indicação clínica para avaliação tridimensional da

marcha e foram encaminhados ao laboratório através de solicitação médica. Quando

preenchiam os critérios de inclusão acima, solicitou-se aos pacientes permissão para a

Page 33: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

22

utilização do laudo final de seu exame nesta pesquisa e a assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo A).

Metodologia de coleta

Local da Coleta

A coleta foi realizada no Laboratório de Marcha da Associação de Assistência a Criança

Deficiente – AACD da cidade de São Paulo.

Materiais e Equipamentos

o Protocolo clínico: anamnese, critérios de inclusão e dados antropométricos

(Anexo B)

o Balança antropométrica

o Paquímetro

o Régua

o Fita adesiva dupla face e caneta dermográfica

o Esferas de poliestireno de 25 cm

o Fita adesiva revestida de esferas microscópicas de vidro

o Sistema Vicon 370 - Oxford Metrics Limited – com 6 câmeras CCD com

espectro de resposta sensível ao infravermelho (450 nm de pico)

o Computador com placa AT386-SX 40 MHz - Oxford Metrics Limited –

“Datastation” (computador que armazena os dados coletados)

Page 34: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

23

o Computador Pentium III – Workstation – (computador que edita e analisa os

dados coletados)

o Software VCM-370 (Vicon Clinical Manager)

Dados Antropométricos, Identificação e Exame Preliminar

Cada indivíduo foi avaliado através de um protocolo clínico: identificação, idade,

procedência, tipo de marcha e utilização de órteses para avaliar critérios de inclusão.

Após a anamnese os indivíduos foram submetidos ao protocolo de mensurações

antropométricas solicitadas pelo sistema Vicon para a realização do exame

tridimensional de marcha, composto de altura, peso, distancia entre as espinhas ilíacas

ântero-superiores, comprimento dos membros inferiores, diâmetro dos joelhos e

tornozelos e mensuração da torção tibial.

Cinemática Tridimensional da Marcha

Para a captação da análise cinemática, o sistema Vicon 370 emprega quatro

componentes: refletor, emissor, e receptor.

o Refletores, chamados de marcadores, são colocados na pele do paciente em

pontos determinados. Os marcadores ou refletores são esferas de poliestireno

cobertas por uma fita adesiva revestida de micro esferas de vidro. Estes

marcadores são dispostos em forma co-planar e um sistema fixo de coordenadas

pré-estabelecidas do laboratório de marcha é o parâmetro de comparação

(FIGURA 2).

Page 35: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

24

Figura 2 – Marcador retro reflexivo.

o O Sistema Vicon utiliza um sistema de visualização composto por câmeras com

emissores de luz infravermelha, que serão refletidos nos marcadores previamente

colocados sobre a pele do paciente. O emissor de infravermelho, incluído nas

câmeras, possui 150 LEDs (escrever por extenso ou nas abreviaturas) que

circundam a lente da câmera. Os LEDs, que emitem a luz infravermelha, são do

tipo GaA1A. O formato esférico dos marcadores permite que a luz seja refletida

em todas as direções, desde que esteja no campo de visão do conjunto de

câmeras (FIGURA 3).

Figura 3 – Câmera Infra-vermelho

Page 36: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

25

o O receptor é uma câmera CCD (por extenso – ou colocar na lista das

abreviaturas) de espectro de resposta sensível ao infravermelho (450 nm de

pico). A câmera varre vários pontos no espaço e supervisiona uma área

predeterminada. São utilizadas três câmeras para a obtenção das imagens tri-

dimensionais com a posição de cada marcador no espaço (FIGURA 4).

Todas as câmeras são conectadas a um computador AT386-SX - 40mHz

(“datastation”) com placas exclusivas da Oxford Metrics para o tratamento do sinal de

vídeo. Também possui placas para os circuitos de temporização / controle; gerador de

coordenadas e de interface para as câmeras.

Uma vez armazenados na memória de vídeo, os dados são transferidos para um

segundo computador denominado estação de trabalho (“workstation”), onde um

programa específico VCM-370 faz o processamento e construção da imagem tri-

dimensional dos marcadores, através de diversos algoritmos matemáticos.

Figura 4 – Sistema VICON e o Software VCM para processamento

Page 37: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

26

Procedimentos

• Familiarização dos sujeitos com os equipamentos e procedimentos

Após o consentimento, os sujeitos foram familiarizados com os equipamentos e

procedimento e foram instruídos sobre a execução das tarefas e seqüência das atividades

a serem realizadas. Todos os participantes realizaram a tarefa de forma simulada, como

treino, deambulando na pista de coleta dos dados de cinemática.

• Preparação dos Sujeitos

Todos os participantes usavam roupa de banho que permite a colocação dos

marcadores. Foi realizados a limpeza da pele com álcool para melhor fixação dos

marcadores.

• Colocação dos Marcadores

Os marcadores foram envolvidos com fita adesiva revestida de esferas

microscópicas de vidro e fixados a uma base de plástico com fita dupla face para

posterior colocação na pele de cada participante. Foram selecionados 15 pontos

anatômicos (Figura 5) adotados como referência de fixação dos marcadores para o

sistema VICON 370 de análise de movimento. O conjunto de marcadores, chamado

“Helen Heys” são utilizados para estimar a posição dos centros articulares (Davis et

al.1991) e calcular a cinemática tridimensional das articulações da pelve, quadril, joelho

e tornozelo, como descrita (Kabada et al.1990).

Page 38: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

27

Figura 5 – Conjunto de marcadores “Helen Heys” • Descrição da Tarefa

A tarefa realizada foi andar, em uma pista demarcada no solo, medindo noventa

centímetros de largura por seis metros de comprimento, doze vezes completando doze

ciclos da marcha. Os sujeitos foram orientados a deambular em velocidade confortável e

semelhante à marcha do cotidiano (FIGURA 6).

Figura 6 – Coleta do exame na pista do laboratório de marcha.

Page 39: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

28

Processamento dos Dados

Para cada percurso feito na pista de coleta foi selecionado um único ciclo de

marcha. Com a utilização do programa “Vicon Clinical Manager”, os dados cinemáticos

tridimensionais das articulações da pelve, quadril, joelho e tornozelo foram expressos

em gráficos da posição angular da articulação em função do tempo, perfazendo desta

forma doze gráficos para cada sujeito.

Do total de doze ciclos, apenas um foi selecionado para análise. Esta seleção foi

feita com base nos protocolos internos de avaliação do laboratório de marcha, que tem

como parâmetro o valor médio da cinemática angular e velocidade da marcha.

Este mesmo ciclo foi utilizado para análise dos dados de cinemática angular do joelho

no plano sagital. Foram definidas 11 variáveis baseadas no gráfico da articulação do

joelho no plano sagital:

1. Posição angular do joelho no contato inicial (graus) (FIGURA 7).

Figura 7 - Posição angular do joelho no contato inicial (graus).

Page 40: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

29

2. Primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio (graus) (FIGURA 8).

Figura 8 - Primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio (graus).

3. Tempo do pico de flexão do joelho no apoio (% do apoio) (FIGURA 9).

Figura 9 – Tempo do pico de flexão no apoio (% do apoio).

Page 41: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

30

4. Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no apoio (graus)

(FIGURA 10).

Figura 10 - Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no apoio (graus) 5. Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio) (FIGURA 11).

Figura 11 - Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio).

Page 42: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

31

6. Posição angular no apoio terminal (graus) (FIGURA 12).

Figura 12 - Posição angular no apoio terminal (graus). 7. Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo) (FIGURA 13).

Figura 13 - Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo).

Page 43: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

32

8. Pico de flexão no balanço (graus) (FIGURA 14).

Figura 14 - Pico de flexão no balanço (graus).

9. Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo) (FIGURA 15).

Figura 15 - Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo).

Page 44: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

33

10. Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço) (FIGURA 16).

Figura 16 - Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço). 11. Amplitude de movimento no balanço (graus) (FIGURA 17).

Figura 17 - Amplitude de movimento no balanço (graus).

Page 45: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

34

Critérios de avaliação e análise estatística dos resultados

Os grupos de comparação foram formados a partir do parâmetro velocidade de

marcha, considerando a mediana (distribuição não paramétrica) de todas as velocidades

aferidas e formando-se dois grandes grupos: grupo com velocidade menor ou igual à

mediana e grupo com velocidade maior que a mediana. Cada um destes grupos foram

dividido em dois subgrupos, de acordo com lado acometido pela hemiparesia: direito e

esquerdo.

Foram formados quatro grupos:

Grupo 1 - velocidade menor ou igual à mediana e hemiparesia esquerda (VMEE).

Grupo 2 - velocidade menor ou igual à mediana e hemiparesia direita (VMED).

Grupo 3 - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda (VMAE).

Grupo 4 - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita (VMAD).

As possíveis diferenças entre os grupos, segundo variáveis previamente definidas,

foram analisadas através do teste não paramétrico para amostras independentes de

Kruskal-Wallis, completado, quando necessário, pelo teste de comparações múltiplas.

As médias foram calculadas e apresentadas a título de informação. Não se calculou

desvio-padrão, pois se usando teste não paramétrico, as variáveis analisadas não tem

distribuição normal e, portanto não há sentido no seu cálculo.

Page 46: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

35

RESULTADOS

Os resultados individuais de cada participante podem ser vistos na sua totalidade no

Anexo C.

Os resultados de cada uma das onze variáveis estudadas serão apresentados

distribuídos pelos quatro grupos formados de acordo com os parâmetros de avaliação:

mediana da velocidade de marcha e lado do acometimento.

As variáveis são:

1. Posição angular do joelho no contato inicial (graus).

2. Primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio (graus).

3. Tempo do pico de flexão do joelho no apoio (% do apoio).

4. Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no apoio (graus).

5. Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio).

6. Posição angular no apoio terminal (graus).

7. Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo).

8. Pico de flexão no balanço (graus).

Page 47: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

36

9. Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo).

10. Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço).

11. Amplitude de movimento no balanço (graus).

Tabela 1 - Posição angular média do joelho (graus) no contato inicial dos pacientes

com seqüela de AVCI com hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo

com a mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento.

Grupos N Posição angular joelho

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 9,5

Grupo 2 (VMED) 10 7,0

Grupo 3 (VMAE) 7 16,6

Grupo 4 (VMAD) 26 8,7

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda;

Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita,

Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda

Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita

Teste de Kruskal-Wallis – N.S.

X2calculado = 2,980 p=0,395 N.S.

Page 48: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

37

Tabela 2 –Valor da média do primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio (%

do apoio) dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro

grupos de acordo com a mediana da velocidade da marcha e lado de

comprometimento

Grupos N Primeiro pico de flexão do joelho

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 10,50

Grupo 2 (VMED) 10 11,17

Grupo 3 (VMAE) 7 17,06

Grupo 4 (VMAD) 26 10,24

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - N.S. X2calculado = 1,951 p=0,583 N.S. Tabela 3 - Valor da média do tempo do pico de flexão do joelho no apoio (% do

apoio) dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro

grupos de acordo com a mediana da velocidade da marcha e lado de

comprometimento

Grupos N Média do tempo do pico de flexão do

joelho no apoio (média)

Grupo 1 (VMEE) 23 4,7

Grupo 2 (VMED) 10 11,3

Grupo 3 (VMAE) 7 9,1

Grupo 4 (VMAD) 26 10,3

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - * X2calculado = 8,359 p=0,039 *

Page 49: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

38

Tabela 4 –Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico de flexão do

joelho no apoio (% do apoio) dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia

dos quatro grupos e a diferença mínima significante

Grupos pareados VADMP DMS

Grupo 1, Grupo 2 14,52 19,18

Grupo 1, Grupo 3 12,14 21,86

Grupo 1, Grupo 4 12,90 14,50

Grupo 2, Grupo 3 2,38 24,96

Grupo 2, Grupo 4 1,62 18,85

Grupo 3, Grupo 4 0,76 21,57

VADM - Valor absoluto da diferença entre as médias DMS - diferença mínima significante Teste de comparações múltipla - NS Aproximação valores Grupo 1(VMEE) e Grupo 2 (VMED); Aproximação valores Grupo 1 (VMEE) e Grupo 4 (VMAD).

Tabela 5 - Valor mínimo da posição angular após o pico de flexão no apoio (graus)

dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos

de acordo com a mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Valor mínimo da posição angular após o

pico de flexão no apoio (média)

Grupo 1 (VMEE) 23 -9,1

Grupo 2 (VMED) 10 -9,8

Grupo 3 (VMAE) 7 4,0

Grupo 4 (VMAD) 26 -3,8

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - N.S. X2calculado = 5,881 p=0,118 N.S.

Page 50: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

39

Tabela 6 - Tempo do valor mínimo no apoio (% do apoio) dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com a

mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Primeiro pico de flexão do joelho

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 56,0

Grupo 2 (VMED) 10 66,6

Grupo 3 (VMAE) 7 61,7

Grupo 4 (VMAD) 26 57,4

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - N.S. X2calculado = 3,044 p=0,385 N.S.

Tabela 7 - Posição angular no apoio terminal dos pacientes com seqüela de AVCI e

hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com a mediana da velocidade

da marcha e lado de comprometimento.

Grupos N Posição angular no apoio terminal

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 17,0

Grupo 2 (VMED) 10 20,0

Grupo 3 (VMAE) 7 19,0

Grupo 4 (VMAD) 26 17,0

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - N.S. X2calculado = 2,363 p=0,501 N.S.

Page 51: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

40

Tabela 8 - Velocidade angular no apoio terminal (graus / % do ciclo) dos pacientes

com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com

a mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Posição angular no apoio terminal

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 3,0

Grupo 2 (VMED) 10 2,7

Grupo 3 (VMAE) 7 2,5

Grupo 4 (VMAD) 26 2,6

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - N.S. X2calculado = 1,717 p=0,633 N.S.

Tabela 9 - Valor do pico de flexão do joelho no balanço dos pacientes com seqüela

de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com a mediana

da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Pico de flexão do joelho no balanço

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 35,7

Grupo 2 (VMED) 10 31,8

Grupo 3 (VMAE) 7 54,3

Grupo 4 (VMAD) 26 44,9

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - * X2calculado = 20,148 p=0,000 (p<0,001)*

Page 52: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

41

Tabela 10 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico de flexão

do joelho no balanço dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia dos quatro

grupos e a diferença mínima significante

Grupos pareados VADMP DMS

Grupo 1, Grupo 2 5,46 19,18

Grupo 1, Grupo 3 28,40 * 21,86

Grupo 1, Grupo 4 14,87 * 14,50

Grupo 2, Grupo 3 33,86 * 24,96

Grupo 2, Grupo 4 20,33 * 18,85

Grupo 3, Grupo 4 13,53 21,57

VADM - Valor absoluto da diferença entre as médias DMS - diferença mínima significante Teste de comparações múltipla - * Diferença estatisticamente significante entre Grupo 1(VMEE) e Grupo 3 (VMAE); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 1(VMEE) e Grupo 4 (VMAD); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 2(VMED) e Grupo 3 (VMAE); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 2(VMED) e Grupo 4 (VMAD).

Tabela 11 - Velocidade angular no balanço (graus / % do ciclo) dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com a

mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Velocidade angular no balanço (média)

Grupo 1 (VMEE) 23 0,3

Grupo 2 (VMED) 10 0,3

Grupo 3 (VMAE) 7 -1,3

Grupo 4 (VMAD) 26 -0,9

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - * X2calculado = 16,462 p=0,001 *

Page 53: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

42

Tabela 12 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios da velocidade

angular no balanço (graus / % do ciclo) dos pacientes com seqüela de AVCI e

hemiparesia dos quatro grupos e a diferença mínima significante

Grupos pareados VADMP DMS

Grupo 1, Grupo 2 2,74 19,18

Grupo 1, Grupo 3 25,19 * 21,86

Grupo 1, Grupo 4 15,24 * 14,50

Grupo 2, Grupo 3 27,93 * 24,96

Grupo 2, Grupo 4 17,98 18,85

Grupo 3, Grupo 4 9,95 21,57

VADM - Valor absoluto da diferença entre as médias DMS - diferença mínima significante Teste de comparações múltipla - * Diferença estatisticamente significante entre Grupo 1(VMEE) e Grupo 3 (VMAE); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 1(VMEE) e Grupo 4 (VMAD); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 2(VMED) e Grupo 3 (VMAE);

Tabela 13 - Tempo do pico de flexão no balanço (% do balanço) dos pacientes com

seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com a

mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Tempo do pico de flexão no balanço

(média)

Grupo 1 (VMEE) 23 25,5

Grupo 2 (VMED) 10 11,8

Grupo 3 (VMAE) 7 33,7

Grupo 4 (VMAD) 26 29,0

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - * X2calculado = 16,886 p=0,001 *

Page 54: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

43

Tabela 14 - Valor absoluto da diferença entre os valores médios do tempo do pico

de flexão no balanço (% do balanço) dos pacientes com seqüela de AVCI e

hemiparesia dos quatro grupos e a diferença mínima significante

Grupos pareados VADMP DMS

Grupo 1, Grupo 2 17,15 19,18

Grupo 1, Grupo 3 17,72 21,86

Grupo 1, Grupo 4 7,28 14,50

Grupo 2, Grupo 3 34,87 * 24,96

Grupo 2, Grupo 4 24,43 * 18,85

Grupo 3, Grupo 4 10,44 21,57

VADM - Valor absoluto da diferença entre as médias DMS - diferença mínima significante Teste de comparações múltipla - * Diferença estatisticamente significante entre Grupo 2(VMED) e Grupo 3 (VMAE); Diferença estatisticamente significante entre Grupo 2(VMED) e Grupo 4 (VMAD);

Tabela 15 - Valor da amplitude de movimento no balanço (graus) dos pacientes

com seqüela de AVCI e hemiparesia distribuídos em quatro grupos de acordo com

a mediana da velocidade da marcha e lado de comprometimento

Grupos N Amplitude de movimento no balanço (média)

Grupo 1 (VMEE) 23 26,3

Grupo 2 (VMED) 10 24,8

Grupo 3 (VMAE) 7 37,7

Grupo 4 (VMAD) 26 36,5

Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita, Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita Teste de Kruskal-Wallis - * X2calculado = 8,567 p=0,036 *

Page 55: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

44

Tabela 16 –Valor absoluto da diferença entre os valores médios do pico de flexão

do joelho no apoio (% do apoio) dos pacientes com seqüela de AVCI e

hemiparesia dos quatro grupos e a diferença mínima significante

Grupos pareados VADMP DMS

Grupo 1, Grupo 2 4,15 19,18

Grupo 1, Grupo 3 13,86 21,86

Grupo 1, Grupo 4 11,83 14,50

Grupo 2, Grupo 3 18,01 24,96

Grupo 2, Grupo 4 15,98 18,85

Grupo 3, Grupo 4 2,03 21,57

VADM - Valor absoluto da diferença entre as médias DMS - diferença mínima significante Teste de comparações múltipla - NS Aproximação valores Grupo 1 (VMEE) e Grupo 4 (VMAD);. Aproximação valores Grupo 2(VMED) e Grupo 3 (VMAE);

Page 56: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

45

DISCUSSÃO

Dentre as atividades funcionais acometidas nos pacientes com hemiparesia

ocasionada por acidente vascular encefálico, a marcha é sem dúvida a função perdida

mais desejada e o maior foco de procura por reabilitação dos pacientes com acidente

vascular encefálico. É necessário, portanto, que o diagnóstico das alterações seja feito

com o máximo de precisão possível.

A cinemática avalia as características: posições linear e angular e suas derivações

no tempo e as acelerações e velocidades linear e angular. Nosso interesse,

particularmente foi avaliar os ângulos formados entre os segmentos corpóreos e suas

correlações com o ciclo de marcha.

As comparações diretas foram difíceis, pois, devido às diferenças de informações e

metodologias publicadas. Existem variações esperadas da coleta dos dados e do sistema

de análise (aprimorado ao longo da história), porém as maiores diferenças se encontram

na seleção das variáveis em cada estudo. Em vários estudos, as variáveis selecionadas

são aquelas relacionadas com o problema clínico percebido: cinemática das articulações

Page 57: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

46

descritas em um instante particular do ciclo de marcha (como o contato inicial e pré-

balanço), ou o valor máximo e mínimo encontrado durante uma fase ou sub-fase do ciclo

de marcha (como pico de flexão do joelho no balanço).

A marcha de pacientes com seqüela de acidente vascular cerebral é caracterizada

pela diminuição da velocidade da marcha (Turnbull et. al. 1995; Witte e Carlsson 1997)

e estudos prévios ((Knutsson e Richards, 1979; Knutsson, 1981; Lehmann et. al., 1987;

Burdett et. al.,1988; Cozean, Pease e Hubbell, 1988, Intiso et. al. 1994, Olney 1991 e

1994) tem mostrado alteração do padrão cinemático da marcha neste grupo de

indivíduos.

Quando se compara à velocidade (auto selecionada) de marcha de pessoas normais,

a magnitude da cinemática no plano sagital em hemiplégicos está diminuída em ambos

os membros inferiores, com maior redução no membro acometido (Olney 1991; Lehman

et. al. 1987; Kerrigan 2001). A velocidade da marcha é reconhecida como um parâmetro

de mensuração válido e sensível para análise de marcha (Craik & Oatis 1995) e

juntamente com o perfil cinemático, pode dar subsídios para conduta e melhora da

deambulação (Olney 1991). Identificando-se perfis cinemáticos que estão relacionados à

velocidade da marcha pode dar direção para estratégias de intervenção e terapêutica.

Os pacientes, no nosso estudo, foram divididos em dois grupos de acordo com a

mediana da velocidade, (Olney, Griffin e McBride 1994), pois os eventos da marcha

variam em função da velocidade. Os dois grupos foram divididos em dois subgrupos de

Page 58: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

47

acordo com o lado da hemiparesia. Subdividir os grupos em relação ao hemicorpo

acometido teve como objetivo, homogeneizar o grupo e não avaliar as influências das

lesões hemisféricas, já que não levamos em consideração a dominância e a extensão da

lesão encefálica no momento da inclusão dos sujeitos.

A articulação do joelho foi escolhida por ter importante função biomecânica

durante a marcha. Na fase de balanço, sua flexão encurta de maneira funcional o

membro inferior permitindo que o mesmo progrida livremente sem se chocar no chão.

Na fase de apoio, flexiona suavemente, permitindo a absorção do impacto, conservando

energia e transmitindo força por todo o membro inferior.

As variáveis 1 e 2 que correspondem, respectivamente à posição do joelho nos

eventos de contato inicial e resposta à carga, não se mostraram diferentes

estatisticamente entre os dois grupos com velocidade maior e menor que a

mediana.Também não se mostraram diferentes com relação ao lado da hemiparesia. Os

valores encontrados da variável 1, posição angular do joelho no contato inicial,

correspondem à posição que a articulação do joelho assume nas descrições da

biomecânica normal da marcha (Perry, 1992 e Rose e Gamble, 1998). Burdett e cols

(1988) descreveram aumento da flexão do joelho no contato inicial, em 19 hemiparéticos

que deambularam em velocidade natural. Olney (1991) também encontrou aumento da

flexão do joelho nos grupos induzidos a andar mais lentamente e mais rapidamente, no

momento do contato inicial. Os trabalhos realizados por Knutsson (1979); Knutsson

(1981); Lehmann (1987); Cozean (1988); Intiso (1994) mostraram que no contato inicial

Page 59: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

48

há diminuição da flexão do joelho. Observa-se que a variável flexão do joelho parece ser

dependente da velocidade e não há acordo entre os estudiosos sobre seu valor normal no

contato inicial.

Os valores da variável 2, primeiro pico de flexão do joelho na fase de apoio, que

equivale ao evento de resposta à carga, foram semelhantes aos de Burdett e cols (1988),

Olney (1991), e Kerrigan (2001). Demonstraram, em seus trabalhos, flexão de joelho

diminuída, quando comparada aos parâmetros encontrados em sujeitos sem lesões

neurológicas. Perry (1992), no entanto, relata haver diferença da posição angular do

joelho na resposta à carga, quando a velocidade da marcha é aumentada ou diminuída.

Quando se inicia o ciclo de marcha, mais precisamente na fase de contato inicial, o

joelho encontra-se em extensão (–2º à 5º). Logo em seguida, ocorre a flexão e

freqüentemente continua a fazê-lo até que o pé esteja totalmente apoiado no solo. A

magnitude descrita de 15º (Perry 1992 e Rose e Gamble 1998). Imediatamente, antes da

metade do período de apoio, a articulação do joelho inicia a extensão. Este evento

contribui para a suavização das alterações bruscas que ocorrem nas intersecções dos

arcos da trajetória do centro de massa. Este movimento aplaina o arco, através do qual o

centro de massa do corpo se desloca. A alteração deste mecanismo reduz a absorção de

choque e aumenta a trajetória do centro de massa.

As alterações desta fase da marcha podem ter várias causas: fraqueza do músculo

quadríceps com flexão excessiva do joelho; espasticidade do músculo quadríceps,

Page 60: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

49

fazendo com que no momento em que a flexão se inicia o músculo seja estirado e haja

extensão prematura do joelho; flexão plantar excessiva (contratura em flexão plantar e

espasticidade do músculo sóleo) pode fazer com que o contato inicial não ocorra no

retropé e o mecanismo de rolamento da tíbia sobre o pé seja inibido ou bloqueado

(Shiavi, 1987; Burdett e cols 1988; Griffin, 1995, Mulroy 2003).

O tempo do pico de flexão do joelho no apoio (variável 3) foi diferente,

estatisticamente, entre os 4 grupos estudados, mas, após aplicação do teste

complementar que avaliou o valor absoluto da diferença entre os valores médios, foi

possível notar que existe aproximação de valores entre o grupo 1 (velocidade menor que

a mediana e hemiparesia esquerda - VMEE) e o grupo 2 (velocidade menor que a

mediana e hemiparesia direita - VMED), isto é, a velocidade diminuída alterou o tempo

em que o pico de flexão ocorreu.

Embora os grupos avaliados apresentem diferença estatística no tempo do pico de

flexão no apoio, seus valores brutos variam em média 4,7% a 11,3% do ciclo de marcha

como demonstrado na TABELA 3. Estes valores são inferiores, quando confrontados

com as referências literárias do padrão normal da marcha (Perry, 1992; Gage 1998) que

é de 15% do ciclo de marcha.

O valor mínimo da posição angular do joelho após o pico de flexão no apoio e o

tempo do valor mínimo no apoio, variáveis 4 e 5, não foram diferentes estatisticamente.

Há hiperextensão do joelho em ambos os grupos com velocidade menor que a mediana,

Page 61: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

50

independente do lado da hemiparesia (VMEE e VMED) e no grupo com velocidade

maior que a mediana e hemiparesia à direita (VMAD). O grupo com velocidade maior

que a mediana e hemiparesia à esquerda manteve em média flexão de 4o no apoio.

Os valores da variável 5 (tempo de duração do valor mínimo no apoio), em média,

mostrou-se excessivo em todos os grupos.

Os valores encontrados por Kerrigan (2001) demonstram resultados que variam

entre excessiva extensão no apoio e excessiva flexão neste mesmo momento. Mulroy

(2003), relata que em pacientes que se encontram nos primeiros 6 meses de lesão tanto

nos que deambulam com velocidade lenta ou rapidamente, existem os que apresentam

flexão excessiva ou extensão excessiva no apoio. Após os 6 meses de lesão, estes

problemas não foram citados, ou seja, excessiva flexão ou extensão são alterações

encontradas apenas nos primeiros meses de lesão.

Kerringan (1996) acredita que a excessiva extensão possa estar relacionada à

fraqueza do quadríceps, espasticidade ou contratura dos flexores plantares. Refere

também que estes pacientes podem apresentar risco potencial de lesões da cápsula

articular e estruturas ligamentares da região posterior do joelho, com dor, frouxidão

ligamentar e deformidade óssea.

Dietz (1984) acredita que a causa da excessiva extensão é a espasticidade dos

flexores plantares com alteração das propriedades mecânicas do músculo e aumento de

Page 62: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

51

sua resistência. A associação americana de análise de marcha relata que a causa de

hiperextensão do joelho no apoio é o resultado da insuficiência do quadríceps ou

espasticidade do gastrocnêmico. A avaliação cinemática e cinética da articulação do

tornozelo pode ajudar a determinar o principal problema (AACPDM, 1998).

Para Perry (1976), parte da flexão do quadril é sacrificada devido ao aumento da

extensão do joelho. Diminuindo o comprimento do passo devido a quantidade de flexão

do quadril perdida.

Malezic (1987); Morris (1992), relatam que a hiperextensão do joelho no apoio

terminal impede o padrão normal de flexão e extensão do joelho durante o inicio do

apoio. Embora freqüentemente os sujeitos realizem o contato inicial com o joelho em

flexão, progridem rapidamente para extensão ou hiperextensão total, conforme vimos

também nas variáveis: posição angular do joelho no contato inicial, primeiro pico de

flexão do joelho na fase de apoio e tempo do pico de flexão do joelho no apoio.

Apesar da hiperextensão do joelho ser uma compensação, há vários efeitos

biomecânicos indesejáveis, especialmente quando perdura até o apoio terminal,

impedindo um impulso efetivo (Olney 1994). Neste caso, há dificuldade em flexionar o

joelho, fazendo com que o sujeito realize o balanço com o membro estendido, com

circundução (Lehmann 1987) ou elevação do quadril (Kerrigan 2000). Nenhuma destas

manobras permite que a geração adequada de energia dos flexores plantares e flexores

Page 63: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

52

do quadril. Este mecanismo leva a uma perda de 40% da geração de energia do consumo

total da marcha (Olney 1991).

A variável 6, posição angular no apoio terminal, não apresentou diferença

estatisticamente significante entre os grupos VMEE, VMED, VMAE e VMAD. Nossos

resultados foram superiores aos da marcha normal (Neumann, 2002) e também

superiores para Burdett e cols (1988) e Olney (1991).

A posição angular do joelho no apoio terminal foi descrita por Mulroy (2003) como

um dos valores que caracteriza o padrão na marcha hemiparética. Os valores

encontrados por Mulroy (2003) variaram com a velocidade da marcha. O grupo que

deambulava com velocidade baixa teve hiperextensão no apoio terminal, na velocidade

intermediária houve também hiperextensão, na velocidade próxima do normal, não

houve hiperextensão e na velocidade aumentada houve flexão excessiva, concordando

com o nosso resultado.

A velocidade angular no apoio terminal, variável 7, não mostrou diferença

estatística entre os grupos com velocidade maior e menor que a mediana e lado da

hemiparesia e também mostrou estar dentro dos parâmetros de normalidade para a

marcha normal ( Perry 1992; Neumann 2002).

A variável de número 9, pico de flexão do joelho no balanço, variou entre os quatro

grupos avaliados. Todos os grupos mostraram valores médios inferiores ao esperado

Page 64: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

53

para a marcha normal. Os grupos 1 e 2 com hemiparesia esquerda e direita e velocidade

menor que a mediana apresentaram valores aproximados entre si e expressivamente

menores que o descrito para a marcha normal. Os grupos 3 e 4 também mostraram

valores inferiores, apesar de mais próximos do esperado na marcha normal. Olney

(1991), descreveu resultados semelhantes aos citados acima quando descreveu picos de

flexão diminuídos, onde o grupo mais veloz obteve valores maiores aos conseguidos

pelo grupo com velocidade menor.Valores inferiores aos descritos como padrão de

normalidade também foi encontrado por Knutsson (1979); Knutsson (1981); Lehmann

(1987); Cozean (1988); Intiso (1994); Kerrigan (2001a); Mulroy (2003).

Este padrão de marcha, chamado historicamente de “andar com perna dura”, foi

atribuído somente a espasticidade do quadríceps ( Walters 1979; Sutherland 1990;

Kerrigan 1991). Outras causas porém podem existir: fraqueza dinâmica dos flexores do

quadril ( Kerrigan 1991; Kerrigan 1998; Riley 1998), falta de controle do tornozelo

durante a marcha (Kerrigan 1991, Kerrigan 1999).

Kerrigan (1991) demonstrou relação entre a redução da flexão do joelho e

inapropriada atividade dos isquiostibiais e entre a redução da flexão do joelho e o

retardo da retirada do pé no apoio. Kerrigan (1998) também mostrou que em alguns

casos, simulando o aumento da flexão do quadril em modelo biomecânico que há

aumento da flexão do joelho por conseqüência. Riley e Kerringan (1998) confirmaram a

importância da flexão do quadril usando um modelo biomecânico mais sofisticado, e

também descreveram uma complexa contribuição do reto femoral e isquiostibiais em um

Page 65: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

54

modelo que aumenta a flexão do joelho e simultaneamente limita a flexão do quadril.

Riley e Kerrigan (1999) demonstraram, usando a técnica de análise por meio da

produção de aceleração angular de Kepple, (1997) que torques acrescentados sobre a

articulação do quadril, tornozelo e joelho afetam a flexão do joelho neste evento.

Concluindo, portanto, que alterações da aceleração angular em qualquer articulação dos

membros inferiores pode resultar em mudanças na cinemática da articulação do joelho.

Kerrigan (2001b) notou uma média de 17o de redução do pico de flexão do joelho

quando solicitou que indivíduos saudáveis andassem na ponta dos pés, mostrando que a

função do tornozelo no apoio está relacionada a flexão do joelho no balanço.

Os autores Knutsson (1979) e Shiavi (1987) revelam que podem existir vários

padrões de marcha para pessoas com hemiparesia, e que dentre os inúmeros padrões

alguns padrões como a redução da flexão do joelho no balanço pode ser a mais presente

(Winters 1987).

O pico de flexão do joelho no balanço, variável 8; a velocidade angular no balanço,

variável 9; o tempo do pico de flexão do joelho no apoio, descrito como variável 10 e a

amplitude de movimento do joelho no balanço, variável 11; todas apresentaram

diferença estatisticamente significante entre todos os grupos avaliados.

Ao observarmos os valores médios demonstrados nas tabelas 9, 11, 13 e 15

poderemos notar que os grupos 1 (velocidade menor que a mediana e hemiparesia

esquerda – VMEE) e 2 (velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita –

Page 66: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

55

VMED) apresentaram o pico de flexão menores, maior velocidade angular, menores

tempos de ocorrer o pico de flexão e amplitude de movimento também inferiores quando

comparado aos grupos 3 ( velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda-

VMAE) e 4 ( velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita- VMAD).

Todos os sujeitos avaliados apresentavam lesão do motoneurônio superior, com

hipertonia elástica e como o tônus é velocidade dependente, quando mais rápido o

músculo for estirado maior será a possibilidade do fuso muscular responder e levar à

diminuição e limitação do movimento que está ocorrendo. Como o joelho flexiona e

inicia a extensão, leva o pico da flexão e a amplitude de movimento ficar diminuída.

As variáveis acima citadas levaram em consideração os valores médios contidos em

cada um dos quatro grupos. Nota-se, no entanto, que algumas alterações clínicas

variaram dentro dos próprios grupos e quando as médias dos grupos foram comparados

entre si não foi possível observar tais alterações. As variações intragrupo podem ser

observadas nos gráficos (Figura 18).

Page 67: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

56

Grupo 2 VMED Grupo 1 VMEE

Grupo 3 VMAE Grupo 4 VMAD

Figura 18. Cinemática angular da articulação do joelho dos pacientes com seqüela de AVCI e hemiparesia dos grupos Grupo 1 (VMEE) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia esquerda; Grupo 2 (VMED) - velocidade menor que a mediana e hemiparesia direita; Grupo 3 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia esquerda e do Grupo 4 (VMAD) - velocidade maior que a mediana e hemiparesia direita durante o ciclo de marcha.

Portanto, podemos sugerir que existem alterações da cinemática angular do ponto

de vista clínico em nossa amostra. Quando compararmos grupos de pessoas é necessário

que critérios de inclusão e exclusão sejam muito rígidos, como, por exemplo, avaliar as

variáveis de um grupo de pacientes com recurvatum do joelho ou outra alteração

aparente, tentando normalizar mais os dados desta coleta.

Page 68: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

57

CONCLUSÃO

Não foi encontrado um padrão bem definido para a articulação do joelho na marcha

da população hemiparética.

Page 69: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

58

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Page 70: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

59

Page 71: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

60

ANEXO B

PROTOCOLO CLÍNICO: ANAMNESE, CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E DADOS

ANTROPOMÉTRICOS.

Page 72: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

61

Page 73: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

62

ANEXO C

RESULTADOS INDIVIDUAIS DE CADA PARTICIPANTE VISTOS NA SUA

TOTALIDADE.

Page 74: Análise cinemática da articulação do joelho durante a

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