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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
PRÓ – REITORIA DE ENSINO
CAMPUS DE CAPITÃO POÇO
ARIADNE LIMA DE SOUSA AMORIM
ANÁLISE DA PRODUÇÃO BUBALINA DE CORTE E LEITE EM
COMPARAÇÃO A BOVINA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
PROPRIEDADE DE SOURE – ILHA DE MARAJÓ
CAPITÃO POÇO
2019
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à faculdade de
Agronomia, da Universidade Federal Rural da Amazônia, como
requisito para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Dr. Adriano Vitti Mota
ARIADNE LIMA DE SOUSA AMORIM
ANÁLISE DA PRODUÇÃO BUBALINA DE CORTE E LEITE EM
COMPARAÇÃO A BOVINA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
PROPRIEDADE DE SOURE – ILHA DE MARAJÓ
CAPITÃO POÇO
2019
ARIADNE LIMA DE SOUSA AMORIM
ANÁLISE DA PRODUÇÃO BUBALINA DE CORTE E LEITE EM
COMPARAÇÃO A BOVINA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
PROPRIEDADE DE SOURE – ILHA DE MARAJÓ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à faculdade de Agronomia, da Universidade
Federal Rural da Amazônia, como requisito para obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.
Data da Aprovação: 18 / 02 / 2019
BANCA EXAMINADORA
Profº Dr. Adriano Vitti Mota
Orientador
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
_______________________________________ ______________________________
MsC. Paulo Cardoso Gomes Junior
Universidade Federal do Pará – UFPA
Eng. Charles Ramon de Medeiros Brito
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
CAPITÃO POÇO – PA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Ficha Catalográfica
Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço
A 524 Amorim, Ariadne Lima de Sousa
Análise da produção bubalina de corte e leite em comparação à bovina: um estudode caso em uma propriedade de Soure – Ilha de Marajó. / Ariadne Lima de SousaAmorim. - Capitão Poço, 2019. 26 f.
Orientador Dr. Adriano Vitti Mota
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Agronomia) – Universidade FederalRural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.
1. Búfalos – mercado – análise estatística. 2. Bubalinos – produção – carne – leite. 3.Dinâmica econômica – Ilha de Marajó, Pará. I. Mota, Adriano Vitti, orient. II. Título
CDD: 23 ed. 636.29098115
Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372
A Deus, meu senhor.
Aos meus pais Adélia Maria L. de S. Amorim e Ismar de S. Amorim.
A minha irmã Islia L.de S. Amorim.
In memoriam de meus avós Elinda Ataíde, Oton Gomes e Iracema Amorim.
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, minha gratidão se direciona a Deus, pois cuidou da minha família
durante o tempo que estive distante fisicamente, e sabendo que o tenho ao meu lado, nunca
tive medo de cair ou fraquejar. Todas as bençãos e proteção me trouxeram até onde cheguei, e
esta será a primeira de muitas conquistas, que ao lado Dele, irei realizar com sabedoria.
A minha mãe Adélia Maria Lima por me apoiar e acreditar em mim quando decidi
seguir meu caminho, por nunca deixar que me faltasse nada, principalmente amor e fé. Ao
meu pai, por sempre me aconselhar sobre meu futuro e oportunidades, por estimular minha
criatividade e pelos abraços de conforto e amor.
A minha irmã, minha melhor amiga, que nunca me permitiu seguir caminhos
paralelos, que sempre esteve ao meu lado, até nos momentos ruins, por ser minha cúmplice
desde que me entendo por gente.
In memoriam de meus avós maternos, Elinda Ataíde de Lima e Oton Gomes de Lima,
e minha avó paterna Iracema Amorim. Os quais, infelizmente, não puderam me acompanhar
até o fim da minha graduação. No entanto, todos foram essenciais pra mim e serão
eternamente meus anjos.
Aos meus padrinhos, meus tios e tias por me darem todo o apoio e por terem sido
essenciais na formação do meu caráter.
A minha companheira Camila Rocha, que me deu força e apoio em momentos difíceis,
que me proporcionou meus melhores sorrisos e experiências, essenciais pra minha vida
pessoal e profissional. Obrigada por ser minha luz.
Aos meus amigos Júlio Soares e Carlos Rossetti, que desde o início dessa trajetória
acadêmica estiveram ao meu lado, passando pelo sufoco das provas e pelas alegrias das
vitórias. Sempre com muito carinho e paciência estavam comigo até nos momentos de
estresse. E as minhas amigas Clarisse e Rafaela pela cumplicidade e irmandade nas rotinas
corridas, alegres e loucas que sempre tínhamos.
Aos meus professores da UFRA-CCP, que me direcionaram e me completaram com
ensinamentos profissionais. Ao meu orientador, Adriano Vitti, por me direcionar ao meu
querido local de estudo, a Ilha de Marajó. Ao meu coorientador e amigo, Paulo Cardoso, por
toda a paciência e dedicação com conselhos pessoais e acadêmicos e críticas construtivas que
só me auxiliaram a evoluir como pessoa e profissional.
Aos proprietários da Fazenda por abrir as portas para meu desenvolvimento
acadêmico. E a todas as pessoas que contribuíram para a execução deste trabalho.
RESUMO
A base da dinâmica econômica da Ilha de Marajó é a produção agropecuária na região, sendo
os produtos de origem bubalina os mais queridos tradicionalmente. O búfalo (Bubalus
bubalis) é um animal de tripla aptidão (carne, leite e tração), e as características de seus
derivados alimentares têm gerado um crescente interesse devido à qualidade singular
principalmente para o mercado gastronômico paraense e brasileiro. E embora estes produtos
tenham um relevante papel socioeconômico e um forte apelo cultural, há carência de estudos e
inovação tecnológica na região, os quais segundo Valentin e Andrade (2009), devem ser
incentivados. Para que se tenha uma noção desta importância, foi feito um estudo de análise
estatística considerando o mercado e o histórico local, onde se compara a superioridade de
produção e de valor agregado a carne bubalina em relação à bovina, também produzida na
região, porém em menor escala, além da elevada produtividade dos derivados bubalinos numa
propriedade de referência, no município de Soure - Ilha de Marajó - PA.
Palavras chave: búfalos, queijo, carne.
ABSTRACT
The base of the economic dynamics of the Marajó Island is the agricultural production in the
region, being the products of bubaline origin the dearest ones traditionally. The buffalo
(Bubalus bubalis) is an animal of triple fitness (meat, milk and traction), and the
characteristics of its food derivatives have generated a growing interest due to the singular
quality mainly for the Brazilian and gastronomic market. And although these products have a
relevant socioeconomic role and a strong cultural appeal, there is a lack of studies and
technological innovation in the region, which according to Valentin and Andrade (2009),
should be encouraged. In order to get a sense of this importance, a statistical analysis was
carried out considering the market and local history, comparing the superiority of production
and value added to buffalo meat in relation to cattle, also produced in the region, smaller
scale, in addition to the high productivity of buffalo derivatives in a reference property, in the
municipality of Soure - Marajó Island - PA.
Keywords: water buffalo, cheese, meat.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados quantitativos dentre as diferentes raças (Bubalina e Bovina) para fins de
corte nos anos de 2007 a 2014. ................................................................................................. 17
Tabela 2: Análise descritiva da produção de carne bubalina em relação ao valor de venda
obtido entre 2007 a 2014. ......................................................................................................... 18
Tabela 3: Análise descritiva da produção de carne bovina em relação aos valores de venda
obtidos nos anos de 2007 a 2014. ............................................................................................. 19
Tabela 4: Análise descritiva da comparação das produções de carne bovina e bubalina nos
anos de 2007 a 2014. ................................................................................................................ 20
Tabela 5: Análise descritiva da comparação dos valores obtidos com a venda de carne bovina
e bubalina nos anos de 2007 a 2014. ........................................................................................ 21
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: A) Mapa da região de estudo: Identificação da Ilha de Marajó. Fonte: GeoPará,
2007. ......................................................................................................................................... 16
Figura 2: Gráfico da proporção entre a produção de leite e queijo bubalinos de 2007 a 2014. 16
Figura 3: Gráfico da variação do valor obtido com a venda do queijo do Marajó em relação à
produção entre os anos de 2007 e 2014. ................................................................................... 17
Figura 4: Gráfico da proporção entre a produção e o valor de venda da carne bubalina nos
anos de 2007 a 2014. ................................................................................................................ 19
Figura 5: Gráfico da proporção entre a produção e os valores de venda da carne bovina nos
anos de 2007 a 2014. ................................................................................................................ 19
Figura 6: Gráfico da comparação das produções de carne bovina e bubalina nos anos de 2007
a 2014. ...................................................................................................................................... 20
Figura 7: Gráfico de comparação dos valores obtidos com a venda de carne bovina e bubalina
nos anos de 2007 a 2014. .......................................................................................................... 21
Figura 8: Gráfico comparativo do total da dupla produção da Fazenda em relação à venda
atípica de genética nos anos de 2009 e 2010. ........................................................................... 22
Figura 9: Gráfico comparativo entre os valores obtidos com as vendas das modalidades de
produção e a venda atípica de genética nos anos de 2009 e 2010. ........................................... 22
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 12
2.1 DISTRIBUIÇÃO DA PECUÁRIA (BUBALINOS E BOVINOS) NO BRASIL E NO PARÁ. ................ 12 2.2 PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE LEITEIRA DE BÚFALAS NA REGIÃO .................................... 13 2.3 CARACTERIZAÇÃO DO LEITE DE BÚFALA .......................................................................... 13 2.4 CARACTERÍSTICAS DA CARNE BUBALINA E BOVINA .......................................................... 14
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 15
3.1 LOCAL DE ESTUDO ........................................................................................................... 15 3.2 PERFIL DE MANEJO E PRODUÇÃO ....................................................................................... 15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 16
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
11
1 INTRODUÇÃO
A Ilha de Marajó é vista como uma potência paraense de recursos naturais. Em suas
terras podem ser encontradas áreas de cerrado, várzea e terra firme, onde há potencial de
cultivo e criação de animais de pequeno porte (caprinos e ovinos) e de grande porte (gado) em
áreas de campos naturais de cerrado e várzea. Dentre estes animais de grande porte, os búfalos
(Bubalus bubalis) são o principal símbolo marajoara, vindos das regiões Mediterrâneas e
Asiáticas, Sudeste Asiático, Índia e Itália, os quais estão distribuídos dentre as principais
raças: Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e Carabao.
Estes animais são considerados como animais ecológicos, produzindo e reproduzindo
nas áreas adversas e ociosas de pastagens nativas de terra inundável, onde os bovinos mal
conseguem sobreviver (Moura Carvalho et al., 1997; Marques, 1998). Cenário este, propicio a
adaptação dos búfalos às condições presentes na região Marajoara. Segundo dados da SEPOF
(Pará. SEPOF, 2005), a população de búfalos é maior do que a população humana na ilha
(394.810 habitantes).
Os búfalos são tradicionalmente considerados como animais de tração e produtores de
carne, porém, com a escolha de animais selecionados e a obtenção de melhores níveis de
desempenho dos rebanhos, os produtores têm demonstrado um crescente interesse pela
produção leiteira, com vistas, sobretudo ao fornecimento de leite para a elaboração de
derivados (CUNHA NETO e OLIVEIRA, 2003).
A finalidade principal da criação de búfalos em algumas regiões é a produção leiteira.
De acordo com pesquisas realizadas, o leite de búfala apresenta elevado valor nutricional
devido aos altos níveis de nutrientes, podendo ser consumido tanto na forma in natura como
na elaboração de produtos lácteos (VERRUMA et al., 1994).
Além disso, surgiram pequenas bacias leiteiras dedicadas à industrialização do leite de
búfalas. Pelo fato da búfala ter produtividade limitada, o aumento da quantidade de leite
produzido, com mesma qualidade e composição, possibilita maior rentabilidade para os
produtores (FREIRE FILHO, 1995).
Os derivados do leite bubalinos (queijo e doce de leite) e a carne são vistos como
exóticos na culinária, tendo grande mercado não somente na região, mas no restante do estado
do Pará e na alta gastronomia brasileira. O queijo do Marajó produzido a partir do leite de
búfala apresenta um importante gerador de emprego e renda em pequenas e médias
propriedades rurais da Ilha, por sua singular qualidade, além do forte apelo cultural.
12
A utilização do leite de búfala para elaborar produtos que tradicionalmente são
derivados do leite de vaca é justificada quando se compara a qualidade nutricional e
tecnológica destes (Food and Agriculture Organization, 1991). O leite de búfala, em relação
ao de vaca, apresenta menor conteúdo de água e maior conteúdo de proteína, gordura e
minerais (NASCIMENTO & CARVALHO, 1993).
Segundo Jorge et al (2005) o investimento em genética é uma alternativa para se obter
proveito da atividade, gerando animais mais adaptados ao meio, com maior capacidade para
ganho de peso e com boas características de carcaça.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi analisar o cenário de produção
pecuária, focando na realidade de produção e produtividade leiteira e de corte bubalina
(Bubalus bubalis) da Fazenda, em especial, na sua relação com a pecuária bovina e com a
dinâmica do mercado local, considerando os métodos de manejo e gestão, abordando um caso
atípico num determinado período de produção na modalidade de plantel genético.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DISTRIBUIÇÃO DA PECUÁRIA (BUBALINOS E BOVINOS) NO BRASIL E NO
PARÁ.
Em 2016, o efetivo brasileiro de bubalinos foi de 1,37 milhão de cabeças, se mantendo
estável em relação ao ano anterior. A Região Norte concentrou 66,2% da criação de búfalos
nacional, enquanto o restante do efetivo ficou distribuído entre as Regiões Sudeste (12,7%),
Nordeste (9,5%), Sul (7,4%) e Centro-Oeste (4,4%) (IBGE, 2016).
O Pará foi responsável por 37,9% de todo o efetivo do País, seguido pelo Amapá
(21,6%), representando juntos 89,9% do rebanho da Região Norte e 59,5% do rebanho
nacional. Dos dez municípios com os maiores efetivos, seis estão no Pará e quatro no Amapá.
Em termos municipais, a primeira posição ficou novamente com o Município de
Chaves (PA), com 160,85 mil animais, seguido por Cutias (AP) e Soure (PA) com cerca de
74.500 cabeças. No total, 2.735 municípios apresentaram criação de bubalinos em 2016.
(IBGE, 2016).
Já a respeito do efetivo brasileiro de bovinos, em 2016, houve o registro de 218,23
milhões de cabeças de gado, gerando uma variação positiva de 1,4% em comparação com o
ano de 2015. A Região Norte registrou 47,98 milhões de cabeças de gado, o segundo maior
efetivo do País, com variação positiva de 1,7% em relação ao ano anterior. (IBGE, 2016).
13
Dados apontam o Brasil como o detentor do segundo maior efetivo de bovinos do
mundo, sendo responsável por 22,2% do rebanho mundial, atrás apenas da Índia. O País foi
também o segundo maior produtor de carne bovina, responsável por 15,4% da produção
global, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States
Department of Agriculture - USDA).
2.2 PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE LEITEIRA DE BÚFALAS NA REGIÃO
As búfalas têm uma longevidade produtiva excepcional e podem produzir leite até 18
anos de idade. No Brasil, são consideradas excelentes búfalas leiteiras aquelas que produzem,
em média, mais de sete litros de leite por dia (Marques, 1998).
Segundo o Censo Agropecuário realizado pelo IBGE 2010, em 2006, o município de
Soure/PA apresentava uma quantidade produzida de leite de búfala de aproximadamente 862
mil litros/ano, contando com um total médio de búfalas ordenhadas de 1.233 vacas.
Segundo COCKRILL (1974) a raça bubalina Murrah é considerada a mais importante
e eficiente produtora de leite e gordura, revelando médias de produção de leite por lactação
que variam de 1589 a 2043 kg, com animais selecionados chegando a produzir cerca de 3180
kg (FAHIMUNDDIN, 1975).
2.3 CARACTERIZAÇÃO DO LEITE DE BÚFALA
O produto artesanal típico da região da Ilha de Marajó, oriundo da produção familiar
de derivados do leite de búfala, o “queijo do Marajó” também é denominado de queijo
Marajó, queijo do Marajó ou requeijão Marajoara. Esse queijo artesanal pode ser produzido
por dois processos diferentes, diferenciando-o no tipo creme e o tipo manteiga, com grande
aceitação regional (BITTENCOURT, 2011).
O leite bubalino, em relação ao leite de outras espécies, possui elevado teor de
proteínas e gorduras, sendo o seu aproveitamento industrial efetivamente extraordinário,
chegando, comparativamente, a sobrepujar o rendimento do leite bovino em mais de 40%
(HÜNH; FERREIRO; MOURA CARVALHO, 1982). Outro ponto a ser ressaltado é que,
apesar de não possuir muito mais lactose que o leite bovino, é mais doce ao paladar (Hühn et
aI., 1991).
Resultados de pesquisas revelaram que o leite das búfalas apresenta, com relação ao de
vacas bovinas, 43,81 % de sólidos totais, 43,60% de gordura, 17,10% de extrato seco
desengordurado, 41,54% de proteína (caseína), 2,4% de lactose, 15,30% de resíduo mineral
14
fixo, 42,10% de cálcio e 42,86% de fósforo (Huhn et aI., 1982; FAO, 1991; Huhn et aI.,
1991).
2.4 CARACTERÍSTICAS DA CARNE BUBALINA E BOVINA
A carne de búfalo preenche as exigências do mercado consumidor atual, que procura
uma alimentação saudável, e ao mesmo tempo, saborosa, de boa aparência e muito suculenta,
sendo, portanto, mais indicada para a o consumo visando uma alimentação saudável. Dados
apontam que, na capital paraense, o consumo de carne bubalina se dá em torno de 10 a 15%,
já na cidade de Soure, Ilha de Marajó – PA, o consumo chega a cerca de 90% (Vale, 1999).
Segundo Jorge (1999) quando se compara a carne bubalina à bovina, a bubalina
apresenta em média 40% menos colesterol; 55% menos calorias; 12 vezes menor de gordura;
11% mais de proteína e 10% mais de minerais. Características que se encaixam bem no perfil
crescente de consumidores que optam cada vez mais por uma alimentação saudável.
No Brasil, por mais que a carne bubalina seja valorizada na gastronomia , muitos
matadouros ainda pagam aos produtores, preços inferiores para a carne de búfalos, em relação
a bovinos. Portanto, segundo Jorge (1999), somente uma maior divulgação das qualidades da
carne bubalina, poderá reverter esta situação, em decorrência de um aumento na demanda
pelo produto, podendo ser feita através de estudos científicos partilhados. Contudo, segundo o
grupo de estudos GECADS,
As informações, muitas vezes, são apresentadas de forma segmentada,
independentemente se o porte é de pequenos, médios ou grandes produtores, e com
grande dificuldade em tecer análises mais sistêmicas da cadeia, cujo objetivo final é
a difusão de inovações para aumentar a produtividade, integrar os produtores no
mercado e dinamizar a produção. (GECADS, 2011, p. 12). Segundo Vaz e Restle (1998) para garantia de qualidade da carne bubalina é
fundamental que o abate seja realizado com o animal ainda jovem. Visto que o abate de
animais de idades avançadas ou de descarte de rebanho leiteiro e de corte, é um dos principais
fatores limitantes de qualidade da carne bovina e bubalina, gerando insatisfação do
consumidor.
Visto que a bubalinocultura de corte já está inserida no mercado da pecuária,
principalmente em função dos animais bubalinos serem mais rústicos e produtivos em
ambientes comuns e atípicos às espécies bovinas, segundo os estudos de Vaz et al. (2003),
esta forma de produção deve ser estimulada a um maior avanço e desenvolvimento.
Neste contexto, Santos et al. (2007) e Valentin e Andrade (2009) destacam a
preocupação em estudar o mercado e a dinâmica local da cadeia produtiva da pecuária,
15
evidenciando, não só os sistemas de produção, tecnologia, dentre outros setores envolvidos,
mas compreendendo-os a fim de promover o desenvolvimento sustentável da pecuária bovina
de corte e leite.
3 METODOLOGIA
3.1 LOCAL DE ESTUDO
Foram utilizados dados coletados mensalmente somados ao término de cada ano, num
período de sete anos (2007 a 2014), pelos proprietários da Fazenda, localizada em Soure
(Figura 1-B), na Ilha de Marajó-PA, cujas coordenadas geográficas: Latitude 0°41'15.52"S e
Longitude 48°30'15.08" O (Figura 1-A).
3.2 PERFIL DE MANEJO E PRODUÇÃO
A maioria dos animais bubalinos é da raça Murrah e os bovinos são da raça
Holandesa, adquiridos por inseminação artificial e, GIR por monta natural. São criados sob o
mesmo sistema de manejo, a pasto, onde contém como forragem predominante as plantas do
gênero Brachiaria sp., recebendo suplementação mineral no cocho, suplementada com milho
triturado e farelo de soja.
A média de lactação por vaca bubalina na propriedade em estudo é de 5,1 litros de
leite ao dia, de acordo com os dados de pesquisa de Vilela e Santini (2010) onde reporta a
média de 5 a 7 litros/vaca/dia; podendo haver uma lactação mínima que visa produção de 3,5
litros/vaca/dia para permanência do animal na fazenda.
Referente à criação bubalina e bovina para corte, os determinantes para o abate do
animal são primeiramente a idade máxima de 24 meses e o peso mínimo de 350 quilos. A
lotação e necessidade de espaço para novos animais na propriedade é a razão da idade mínima
estabelecida.
O gerenciamento da venda de carne é feita de forma individual, onde ambos os
negócios são dos proprietários, sendo a Fazenda o fornecedor do animal e, o açougue,
receptor e vendedor da carne. O valor de venda do boi em pé determinado pela Fazenda é de
3,50 reais/quilo para o açougue, e a preço de mercado, o açougue vende as partes de boi
destrinchado para lucro mínimo e sustento do comércio.
Nos anos de 2009 e 2010, houve 03 vendas de novilhas bbubalinas, para fins genéticos
para a Venezuela. Foram constatados dados relevantes para a economia dos proprietários, no
entanto, a modalidade de produção e venda foi excepcional destes dois anos.
16
A análise dos dados coletados foi realizada com base e exclusividade em estatística.
As análises descritivas e os gráficos de colunas e dispersão foram realizados utilizando o
Excel.
Figura 1: A) Mapa da região de estudo: Identificação da Ilha de Marajó. Fonte: GeoPará, 2007.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando que a produção de Queijo de Marajó é crescente e acompanha a
produção de leite em uma proporção de 6:1, ou seja, para cada 1 Kg de queijo são necessários
6 litros de leite bubalino conferindo com resultados de Silva et al. (2003), mesmo com o
crescimento da produção de leite, essa proporção manteve-se. Porém, vale ressaltar que não
houve aumento significativo do rebanho, e sim, uma melhoria no manejo, nutrição e sanidade
desses animais, elevando a sua produtividade no decorrer dos anos, especialmente no ano de
2014.
Figura 2: Gráfico da proporção entre a produção de leite e queijo bubalinos de 2007 a 2014.
37608 35452 38069 46723
58124 52355 49630
74191
6268 5909 6345 7787 9687 8726 8272 12365
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
LEITE (litros) QUEIJO (kg)
A)
17
Considerando que no ano de 2014 o valor obtido com a venda do queijo marajoara
estabilizou-se em relação à quantidade de queijo produzido, no decorrer dos anos anteriores,
não houve significativa relação entre os parâmetros analisados para o aumento ou decréscimo
dos valores, ou seja, o valor do queijo nos anos de 2007 a 2014 foi crescente e constante, e
não sofreu influência da oscilação do quilo de queijo (quantidade produzida), e sim, do
mercado consumidor, como os estudos prévios de Vale (1999), demostrava a respeito desse
crescente interesse popular.
Figura 3: Gráfico da variação do valor obtido com a venda do queijo do Marajó em relação à produção entre os
anos de 2007 e 2014.
Outro fator responsável por essa oscilação é o período entressafra, o qual aumenta a
demanda e consequentemente o valor do produto em virtude da pouca oferta, como afirma
Kotler e Keller (2006) e, por mais que tenha havido uma diminuição da produção da Fazenda,
sem cessar, o valor do produto elevado supera esta redução, garantindo a proporção de renda.
A Tabela 1 apresenta o quantitativo isolado e total de animais voltados à produção de
carne dos anos de 2007 a 2014 valorizando a demanda na raça bubalina devido ao maior
mercado consumidor. A partir destes dados quantitativos, pôde ser avaliada a produtividade e
valor de venda da carne agregados às diferenças de raças da propriedade.
Tabela 1: Dados quantitativos dentre as diferentes raças (Bubalina e Bovina) para fins de corte nos anos de 2007
a 2014.
Anos Sexo Raças
Total Bubalina Bovina
2007 Machos 86 27
129 Fêmeas 9 7
2008 Machos 52 17
122 Fêmeas 5 3
R² = 0,9364
R² = 0,9452
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
R$0,00
R$50.000,00
R$100.000,00
R$150.000,00
R$200.000,00
R$250.000,00
R$300.000,00
R$350.000,00
2006 2008 2010 2012 2014 2016
QUEIJO (R$)
QUEIJO (kg)
18
2009 Machos 157 36
213 Fêmeas 15 5
2010 Machos 178 39
238 Fêmeas 2 19*
2011 Machos 151 29
216 Fêmeas 29 7
2012 Machos 109 20
149 Fêmeas 14 6
2013 Machos 60 26
118 Fêmeas 28 4
2014 Machos 226 33
304 Fêmeas 44 1
*venda de novilhas (mercado específico)
Fonte: Autora (2019) com base em dados dos proprietários.
As fêmeas, em geral, são mais potenciais à produção leiteira/queijo e, segundo
Gonçalves (2008), a produção de machos destinados ao abate apresenta bom potencial para a
produção de carcaça com bons rendimentos de cortes comerciais, a Tabela 1 está demostrando
esta discrepância no número de animais machos em relação às fêmeas, para fim de venda de
corte comercial.
As variações entre a produção de carne e os valores de venda têm uma forte relação.
De acordo com a tabela 2, a média e os intervalos são proporcionais, porém, nem sempre são
constantes, o que indica que há uma estabilidade entre o preço e a produção de carne.
Tabela 2: Análise descritiva da produção de carne bubalina em relação ao valor de venda obtido entre 2007 a
2014.
CARNE BUBALINA (Kg)
CARNE BUBALINA (R$)
Média 45.280 Média 103.732 Desvio padrão 19.533 Desvio padrão 37.819
19
Figura 4: Gráfico da proporção entre a produção e o valor de venda da carne bubalina nos anos de 2007 a 2014.
Quando se considera o valor de venda, o valor máximo e mínimo, exemplificam essas
variações, sendo a máxima de R$ 149.954, onde na figura 4 pode ser visualizado no ano de
2011, e a mínima de R$ 45.240 no ano de 2008.
Os valores da produtividade oscilam proporcionalmente aos valores de venda,
demonstrados numericamente nos dados do desvio padrão na tabela 3. Isto se deve ao
equilíbrio constante relacionado à produção e ao mercado consumidor.
Tabela 3: Análise descritiva da produção de carne bovina em relação aos valores de venda obtidos nos anos de
2007 a 2014.
Figura 5: Gráfico da proporção entre a produção e os valores de venda da carne bovina nos anos de 2007 a
2014.
32.343 19.406
64.007 66.087 65.375
39.780 29.960
49.217 63.775
45.240
124.493 135.174
149.954
105.733 101.752
159.006
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
CARNE BUBALINA (kg) CARNE BUBALINA (R$)
11.401 6.706
13.748
20.840
12.845 8.940 9.610 11.620
25.063
15.017
29.746
45.063
34.103
21.218
28.873
37.066
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
CARNE BOVINA (kg) CARNE BOVINA (R$)
CARNE BOVINA (kg) CARNE BOVINA (R$)
Média 12.013 Média 28.440 Desvio padrão 4.571 Desvio padrão 9.609
20
Porém, vale ressaltar que no ano 2014, a produção de carne sofreu leve alteração de
redução (comparada ao ano de 2011), entretanto, o valor obtido com a venda da carne
aumentou consideravelmente.
Este fato, exclusivamente, não se deve ao mercado consumidor ou a um período de
“oferta e procura”, e sim, a redução de gastos para a produção da carne com melhorias no
manejo, sanidade e nutrição dos animais, causando assim, um maior retorno com a venda em
função da redução dos gastos da propriedade.
As produções de carne bovina e bubalina oscilam de forma coerente ao período, porém
não são proporcionais entre si, como mostrado nos valores do desvio padrão, na análise da
tabela 4, o qual se destaca nos anos de 2009 a 2011.
Tabela 4: Análise descritiva da comparação das produções de carne bovina e bubalina nos anos de 2007 a 2014.
CARNE BOVINA (kg) CARNE BUBALINA (kg)
Média 12.013 Média 45.280
Desvio padrão 4.571 Desvio padrão 19.533
Figura 6: Gráfico da comparação das produções de carne bovina e bubalina nos anos de 2007 a 2014.
No decorrer dos anos, a oscilação das produções foi bastante alta, como mostrado na
diferença entre o valor máximo de 66.087 kg e o mínimo de 6.706 kg. A causa desta
discrepância nas produções é o fato de haver um enfoque maior na criação do rebanho
bubalino, logo, um número maior de rezes encontrado na propriedade, e uma busca maior pela
carne bubalina na região (VALE, 1999).
11.401 6.706
13.748 20.840
12.845 8.940 9.610 11.620
32.343
19.406
64.007 66.087 65.375
39.780
29.960
49.217
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
CARNE BOVINA (kg) CARNE BUBALINA (kg)
21
O rebanho bubalino para a Fazenda, em todos os anos, oferece maior valor com a
venda da carne. Não somente pelo fato de haver maior número de rezes na propriedade em
relação ao rebanho bovino, assim como no município demais regiões da Ilha, mas também,
em razão da docilidade e facilidade no manejo desses animais, além da demanda pela carne
bubalina ser maior (VALE, 1999).
Tabela 5: Análise descritiva da comparação dos valores obtidos com a venda de carne bovina e bubalina nos
anos de 2007 a 2014.
CARNE BOVINA (R$) CARNE BUBALINA (R$)
Média 28.440 Média 103.732
Desvio padrão 9.609 Desvio padrão 37.819
Figura 7: Gráfico de comparação dos valores obtidos com a venda de carne bovina e bubalina nos anos de 2007
a 2014.
Logo, observam-se estes valores de ganho com a venda de corte na figura 7 acima,
onde numericamente pode ser descrito com dados da tabela 5 de análise descritiva. Esses
valores podem ser evidenciados através dos intervalos anuais e pelas médias de produção, no
qual a máxima para o rebanho bubalino é de 159.006 mil reais no ano de 2014, e para os
bovinos 45.063 mil reais no ano de 2010, ainda assim, os intervalos demostram que houve
grande variação nos valores obtidos para ambas.
Parte da renda da Fazenda, correspondente a 48,26% do total da produção nos anos de
2009 e 2010 (Figura 8), foi obtida pela venda de genética de um total de 160 novilhas
bubalinas para a Venezuela.
25.063 15.017
29.746 45.063
34.103 21.218
28.873 37.066
63775
45240
124493 135174
149954
105733 101752
159006
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
CARNE BOVINA (R$) CARNE BUBALINA (R$)
22
Figura 8: Gráfico comparativo do total da dupla produção da Fazenda em relação à venda atípica de genética
nos anos de 2009 e 2010.
Na época, uma novilha no mercado valia cerca de 600 reais, no entanto, eram
compradas da propriedade num valor 6 (seis) vezes acima do valor de mercado, sendo 3.600
reais/rez. Esta exportação foi excepcional destes anos e seria de grande interesse econômico
se não houvesse atualmente escassez de mercado para plantel genético.
Os demais 51,74% são referentes à dupla produção (produção de corte de ambas as
raças e de queijo).
Na Figura 9, estão apresentados os totais de cada modalidade de produção da Fazenda
nos anos de 2009 e 2010. Os modelos de produção que se destacaram em viabilidade
econômica foram “produção de queijo” e “venda de genética”, onde o plantel genético se
mostrou 101,7% mais rentável que a produção de queijo.
Figura 9: Gráfico comparativo entre os valores obtidos com as vendas das modalidades de produção e a venda
atípica de genética nos anos de 2009 e 2010.
R$ 617.522,40
R$ 576.000,00
Anos 2009/2010
Dupla Produção (R$)
Genética (R$)
R$ 576.000,00
R$ 74.809,20
R$ 259.667,20 R$ 283.046,00
GENÉTICA (R$) CARNE BOVINA (R$) CARNE BUBALINA (R$) QUEIJO (R$)
EXTRATO GERAL LUCRO DE PRODUÇÃO
Anos 2009/2010
23
Estes dados demonstram uma potencialidade para a venda de genética, a qual
garantiria uma alternativa de renda e destaque para uma nova forma de modalidade de
produção em relação às demais tradicionais da região, concordando com os estudos de Jorge
et al (2005).
5 CONCLUSÃO
Na maioria dos dados comparados anualmente, os valores das produções de carne
bovina oscilaram proporcionalmente, porém não superando, os valores da produção de carne
bubalina, a qual é tradicionalmente mais apreciada na região. Dados estes que conferem com
os estudos de perspectiva de VALE (1999).
Nesta propriedade há uma produção satisfatória, pois, as búfalas leiteiras da raça
Murrah produzem uma quantidade de leite diária favorável ao bom rendimento da futura
fabricação do queijo marajoara. Já em relação à produção da carne, o valor adquirido com a
venda das rezes se dá de maneira estável, valorizada e condizente ao mercado regional.
Se tratando da venda de genética, excepcionalmente, nos anos de 2009 e 2010, vale
ressaltar com base nos dados comparativos, que há uma grande rentabilidade em relação às
demais modalidades de produção. No entanto, desde o ano de 2010 há escassez de mercado
para plantel genético, logo, não tem viabilidade para esta produção em foco genético no
momento.
A propriedade dispõe de uma diversificada série de subprodutos da pecuária bovina e
principalmente bubalina , o que possibilita a não restrição a um só mercado, reduzindo assim,
segundo Kon (1994) os riscos de concentrar a produção em apenas uma modalidade, e
prevenindo os prejuízos gerados por uma possível queda de demanda no comércio.
Manter uma boa interatividade do manejo da produção com a dinâmica do comércio
local garante um satisfatório retorno e lucratividade que reflete num investimento posterior
dentro de uma cadeia produtiva.
A cadeia produtiva da pecuária e todos os seus sistemas de produção devem ser
profundamente estudados e analisados de forma a promover um relevante e considerável
desenvolvimento socioeconômico e sustentável da pecuária bubalina e bovina de corte e leite
para a região marajoara, a qual carrega historicamente uma rica gama de recursos naturais e
culturais.
24
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