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1 ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO PAVIMENTO RECICLADO COM ADIÇÃO DE CIMENTO PARA REFORÇO DE BASE EM RODOVIAS, ESTUDO DE CASO: BR-010/TO. Eloisa Elias Ribeiro Rosa¹ Esp. Wilian Mateus de Sousa Almeida² Bel. Gledson Diorgenes Santos Castro 3 RESUMO O transporte rodoviário é o que mais se destaca em comparação aos outros meios de transportes, representando o avanço econômico e social, a facilidade de escoação de mercadorias, menor distância entre polos produtivos e acesso a serviço de bens e pessoas, porém enfrenta graves problemas com a baixa qualidade da infraestrutura. Durante o tempo de vida, várias patologias surgem no pavimento, evoluindo gradativamente até acabar com a capacidade de suporte do pavimento. Com a necessidade da restauração dos pavimentos degradados, beneficiando tanto a economia como o ambiente, surge a técnica da reciclagem profunda a frio in situ, onde o revestimento ou uma camada estrutural pode ser reaproveitada, diminuindo a exploração de novos materiais em jazidas ou pedreiras. Este trabalho tem como objetivo avaliar as melhorias das propriedades mecânicas na camada de base de rodovia, através de ensaios (Análise Granulométrica, Índice de Suporte Califórnia ou CBR, Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade) com o material reciclado proveniente da mistura solo/revestimento homogeneizados por meio da máquina recicladora com a adição de cimento em proporções definidas de 1, 2 %, obtidos na BR 010/TO. Palavras-chave: Reciclagem Profunda; Rodovia; Pavimento Reciclado; Estabilização; Reforço de Base. ABSTRACT Road transport is the most important in comparison to other means of transport, representing economic and social progress, the ease of transport of goods, less distance between productive poles and access to services of goods and people, but faces serious problems with the poor quality of the infrastructure. During the life time, several pathologies appear on the pavement, gradually evolving until the pavement's support capacity is eliminated. Due to the need to restore degraded pavements, benefiting both the economy and the environment, the technique of deep cold recycling in situ, where the coating or a structural layer can be reused, reduces the exploitation of new materials in quarries or quarries. The objective of this work is to evaluate the mechanical properties improvements in the base layer of road, through tests (Analysis Particle Size, Support Index California or CBR, Liquidity Limit, Plasticity Limit) with the recycled material coming from the soil / homogenized by the recycle machine with the addition of cement in defined proportions of 1.2% obtained in BR 010 / TO. Keywords: Deep Recycling; Highway; Recycled Flooring; Stabilization; Base Reinforcement. ¹Eloisa Elias Ribeiro Rosa, Graduando(a) em Engenharia Civil, Universidade de Gurupi (UNIRG). Gurupi/TO, [email protected] ²Profº Orientador Esp. Wilian Mateus de Sousa Almeida, Pós Graduado em Engenharia de Segurança, Mestrando em agroenergia, Professor do Curso de graduação de Engenharia Civil, Universidade de Gurupi(UNIRG), Gurupi/TO. [email protected] 3 Coorientador Bel. Gledson Diorgenes Santos Castro, Bacharel em Engenharia Civil. [email protected]

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO PAVIMENTO … · base de rodovia, através de ensaios (Análise Granulométrica, Índice de Suporte Califórnia ou CBR, Limite de Liquidez,

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ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO PAVIMENTO RECICLADO COM ADIÇÃO DE CIMENTO PARA REFORÇO DE BASE EM RODOVIAS,

ESTUDO DE CASO: BR-010/TO.

Eloisa Elias Ribeiro Rosa¹ Esp. Wilian Mateus de Sousa Almeida² Bel. Gledson Diorgenes Santos Castro3

RESUMO

O transporte rodoviário é o que mais se destaca em comparação aos outros meios de transportes, representando o avanço econômico e social, a facilidade de escoação de mercadorias, menor distância entre polos produtivos e acesso a serviço de bens e pessoas, porém enfrenta graves problemas com a baixa qualidade da infraestrutura. Durante o tempo de vida, várias patologias surgem no pavimento, evoluindo gradativamente até acabar com a capacidade de suporte do pavimento. Com a necessidade da restauração dos pavimentos degradados, beneficiando tanto a economia como o ambiente, surge a técnica da reciclagem profunda a frio in situ, onde o revestimento ou uma camada estrutural pode ser reaproveitada, diminuindo a exploração de novos materiais em jazidas ou pedreiras. Este trabalho tem como objetivo avaliar as melhorias das propriedades mecânicas na camada de base de rodovia, através de ensaios (Análise Granulométrica, Índice de Suporte Califórnia ou CBR, Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade) com o material reciclado proveniente da mistura solo/revestimento homogeneizados por meio da máquina recicladora com a adição de cimento em proporções definidas de 1, 2 %, obtidos na BR 010/TO.

Palavras-chave: Reciclagem Profunda; Rodovia; Pavimento Reciclado; Estabilização; Reforço de Base.

ABSTRACT Road transport is the most important in comparison to other means of transport, representing economic and social progress, the ease of transport of goods, less distance between productive poles and access to services of goods and people, but faces serious problems with the poor quality of the infrastructure. During the life time, several pathologies appear on the pavement, gradually evolving until the pavement's support capacity is eliminated. Due to the need to restore degraded pavements, benefiting both the economy and the environment, the technique of deep cold recycling in situ, where the coating or a structural layer can be reused, reduces the exploitation of new materials in quarries or quarries. The objective of this work is to evaluate the mechanical properties improvements in the base layer of road, through tests (Analysis Particle Size, Support Index California or CBR, Liquidity Limit, Plasticity Limit) with the recycled material coming from the soil / homogenized by the recycle machine with the addition of cement in defined proportions of 1.2% obtained in BR 010 / TO. Keywords: Deep Recycling; Highway; Recycled Flooring; Stabilization; Base Reinforcement.

¹Eloisa Elias Ribeiro Rosa, Graduando(a) em Engenharia Civil, Universidade de Gurupi (UNIRG). Gurupi/TO, [email protected] ²Profº Orientador Esp. Wilian Mateus de Sousa Almeida, Pós Graduado em Engenharia de Segurança, Mestrando em agroenergia, Professor do Curso de graduação de Engenharia Civil, Universidade de Gurupi(UNIRG), Gurupi/TO. [email protected] 3 Coorientador Bel. Gledson Diorgenes Santos Castro, Bacharel em Engenharia Civil. [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, atualmente, existe um predomínio do transporte rodoviário

comparado aos outros meios, onde é visível sua importância para o

desenvolvimento nacional. A rodovia representa mais que um meio de ligação de um

ponto a outro, ela retrata o avanço econômico, social, a facilidade de escoação de

mercadorias, menor distância entre polos produtivos e facilidade a acesso de

serviços e bens as pessoas.

Das rodovias avaliadas pela Confederação Nacional dos Transportes - CNT

(2017) 61,8% apresentam algum tipo de problema no estado geral, (33,6% em

estado Regular, 20,1% Ruim e 8,1% Péssimo), 50% dos trechos avaliados tem

problema no pavimento, 59,2% apresentam deficiência na sinalização e 77,9%

possuem falhas na geometria.

Um componente de fácil concepção pelos que utilizam a via é o estado de

conservação, onde é um fator determinante para o desempenho durante viagens. A

má condição da rodovia influencia fundamentalmente no conforto e segurança, como

aumenta o custo de manutenção dos veículos, maior consumo de combustíveis,

lubrificantes, pneus, freios entre outros.

Pavimentos deteriorados possuem propriedades de baixa qualidade e

grandes defeitos (trincas, panelas e desagregação). A danificação de um pavimento

é motivada por condições climáticas rígidas, volume acentuado de tráfego e excesso

de cargas, também pela qualidade e a manutenção rotineira da estrada. A maioria

das patologias desses pavimentos é de cunho evolutivo, onde se não tratadas a

tempo sua recuperação se torna mais onerosa. Para isso deve ser adotado técnicas

de manutenção ou restauração rodoviária

As técnicas industriais introduzidas na manutenção e restauração de

rodovias, produz uma grande quantidade de resíduos, que em grande maioria não é

destinado corretamente, aumentando a preocupação relacionada a preservação do

meio ambiente e dos impactos gerados por essas metodologias.

Uma das técnicas empregadas para mitigar esse impacto consiste na mistura

do pavimento fresado (pavimento reciclado) com o solo do terreno com o intuito de

conseguir melhora nas características mecânicas do solo, podendo ser

acrescentado de um estabilizante.

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O aumento de ocorrência de defeitos estruturais no pavimento localizado na

BR 010/TO é constituído de várias “panelas”, que proporcionam a contaminação da

camada de base existente, por meio da ocorrência de “borrachudos”, , que permitem

além da infiltração de elementos estranhos ao pavimento, mas também permitem o

bombeamento de material granular fino, elevando o índice de vazios da camada, por

conseguinte reduzindo sua resistência até o colapso total do revestimento, formando

pontos de acumulo de umidade, agravando ainda mais a incidência de defeitos

estruturais no pavimento.

Embora a estabilização granulométrica realizada com o incorporamento do

pavimento reciclado pudesse proporcionar um melhor enquadramento da faixa

granulométrica, não irá aumentar a resistência mecânica da base suficiente para

compensar a redução na resistência realizada pelo trabalho da recicladora que iriam

diminuir o agregado devido ao atrito dos discos da recicladora.

Neste trabalho apresenta-se a destinação deste material fresado incorporado

a base através da reciclagem a frio com adição de cimento, com o intuito de

melhorar sua capacidade de resistência, minimizando o custo total comparado a

uma pavimentação tradicional. Tem como foco avaliar a melhoria das propriedades

mecânicas através de ensaios do material reciclado, proveniente da mistura

solo/revestimento homogeneizados por meio da máquina recicladora com a adição

de cimento obtidos na BR 010/TO (km 93 ao km 181,4), entre os municípios de

Paranã a Natividade/TO.

2 PAVIMENTO

O pavimento é uma estrutura de várias camadas de espessuras finitas,

construída acima de uma camada final de terraplenagem, com o intuito técnico e

econômico de resistir aos esforços originados do tráfego de veículos e do clima, e a

proporcionar aos usuários melhores condições de rolamento. (BENUCCI et. Al,

2008).

O pavimento constitui-se de uma estrutura composta por camadas

sobrepostas de diversos materiais compactados a partir do subleito do corpo

estradal, apropriada para satisfazer tanto estrutural como operacionalmente as

cargas do tráfego, de modo durável e com baixo custo com vários meios para a

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realização dos serviços de manutenção corretiva, preventiva e reabilitação.

(BALBO,2007)

2.1 PAVIMENTOS RÍGIDOS

Pavimentos rígidos são aqueles pouco deformáveis, constituídos

principalmente de concreto de cimento. Rompem por tração na flexão, quando

sujeitos a deformações. (SENÇO, 2008).

Segundo DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(2006), os pavimentos rígidos geralmente desenvolvidos de concreto de cimento

Portland, são compostos de uma camada de concreto de cimento Portland (podendo

ser placas armadas ou não), assentada sobre uma camada de material granular ou

material estabilizado (sub-base), apoiada sobre um subleito ou reforço de subleito.

2.2 PAVIMENTOS FLEXIVEIS

Pavimentos flexíveis são aqueles em que as deformações, até um certo limite,

não levam ao rompimento. São dimensionados normalmente a compressão e a

tração na flexão, provocada pelo aparecimento das bacias de deformação sob as

rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformações permanentes, e ao

rompimento por fadiga (SENÇO, 2008).

Conforme BENUCCI et al 2008, os pavimentos flexíveis são compostos por

camada asfáltica (revestimento), apoiada em uma camada de base, de sub-base e

de reforço do subleito, constituídas por materiais granulares, solos ou misturas de

solos, sem adição de agentes cimentantes.

3 DEFEITOS NOS PAVIMENTOS

O pavimento é programado para perdurar por certo intervalo de tempo.

Durante seu ciclo de utilização, o pavimento sai de uma condição ótima até alcançar

a condição ruim. O decréscimo da utilidade do pavimento ao longo do tempo é o que

designa sua degradação (CNT, 2015).

Diversas as causas que originam os defeitos nos pavimentos, podem surgir

por meio do dimensionamento inadequado em fase de projeto ou por má execução.

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Também podem ocorrer defeitos devido à dificuldade de prever um trafego futuro,

em virtude do mau dimensionamento da terraplanagem, problemas de drenagem e

incompatibilidade estrutural entre as camadas do pavimento (BERNUCCI et al.

2006).

4 RECICLAGEM DE PAVIMENTOS

De acordo com Momm e Domingues (1995) a reciclagem de um pavimento

compreende na reutilização total ou parcial dos materiais do revestimento, podendo

integrar a base e sub-base, onde são desagregados e misturados, ganhando ou não

adição de agentes ligantes, aditivos rejuvenescedores, correção granulométrica ou

não, com propósito de receber as novas condições de tráfego.

De acordo com DNIT (2006, pag. 175), os benefícios que uma reciclagem

pode oferecer podem ser apresentados:

a) Preservação de agregados, de ligantes e de energia;

b) Preservação do meio ambiente;

c) Restauração das condições geométricas existentes.

A reutilização de materiais reciclados na pavimentação, por meio do uso do

próprio pavimento reciclado, é uma técnica que vem ganhando um espaço cada vez

FendaQualquer descontinuidade na superfície do pavimento, que conduza a aberturas de

menor ou maior porte. Apresentando-se como: Fissuras, Trincas.

Afundamento

Deformação permanente caracterizada por depressão da superfície do pavimento,

acompanhada, ou não, de solevamento, podendo apresentar-se sob a forma de

afundamento plástico ou de consolidação.

Ondulação ou

Corrugação

Deformação caracterizada por ondulações ou corrugações transversais na superfície do

pavimento.

Panela ou Buraco

Cavidade que se forma no revestimento por diversas causas (inclusive por falta de

aderência entre camadas superpostas, causando o desplacamento das camadas),

podendo alcançar as camadas inferiores do pavimento, provocando a desagregação

RemendoPanela preenchida com uma ou mais camadas de pavimento na operação denominada

de “tapa-buraco”.Apresenta-se como: Remendo Profundo, ou Remendo Superficial.

EscorregamentoDeslocamento do revestimento em relação à camada subjacente do pavimento, com

aparecimento de fendas em forma de meia-lua.

EsxudaçãoExcesso de ligante betuminoso na superfície do pavimento, causado pela migração do

ligante através do revestimento.

DesgasteExcesso de ligante betuminoso na superfície do pavimento, causado pela migração do

ligante através do revestimento.

QUADRO 1: Defeitos nos pavimentos.

Fonte: Norma DNIT 005/2003 – TER (Adaptado)

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maior nas obras de pavimentação devido ao quesito ambiental, trazendo também

consequências no lado social e econômico (SACHET, 2007).

5 TIPOS DE RECICLAGEM

5.1 RECICLAGEM PROFUNDA

Este tipo de reciclagem tem avançado rapidamente devido à chegada das

máquinas recicladoras autopropelidas ao mercado, com sistemas de medição a fim

de controlar a incorporação de água ou de agentes estabilizantes. Essas máquinas

possuem capacidade de executar toda a operação de recuperação do pavimento

com uma única etapa. (OLIVEIRA, 2003). A máquina recicladora pode ser vista

conforme a figura 1 a seguir:

Reciclagem a

Frio

Técnica que não utiliza calor na sua execução podendo ser executada in situ ou em usina. No caso de

ser realizada no local, faz-se o uso do chamado “trem” de reciclagem, composto por vários

equipamentos que, encarrilhados, realizam os processos desde a fresagem do revestimento antigo até a

compactação da camada nova. A reciclagem em usina, embora similar, é caracterizada pela produção

da mistura ser realizada em local estacionário e, então, transportada para o pavimento a ser restaurado;

Reciclagem

Profunda

Procedimento, sem adição de calor, que engloba a remoção total do revestimento asfáltico e partes pré-

determinadas da base, subbase e/ou subleito. Estes materiais são triturados e misturados, podendo

receber acréscimo de agregados ou estabilizantes (cimento, cal, cinzas volantes, etc.), com objetivo de

formar uma nova camada homogênea. Possui, da mesma forma, a característica de execução por meio

do “trem” de reciclagem.

Remoção controlada da superfície do pavimento sem adição de calor, sendo geralmente utilizada como

preparação da área para outras técnicas de restauração. O processo consiste no corte e trituração da

camada deteriorada por uma fresadora com cilindro de corte rotativo. O material gerado, denominado por

RAP (Reclaimed Asphalt Pavement) ou, fresado.

Fresagem a Frio

Reciclagem a

Quente em Usina

Processo de combinação do RAP com agregados virgens e ligante asfáltico com acréscimo de calor

para gerar, em uma unidade central, uma mistura reciclada. Uma vez produzida, essa mistura é

transportada até o campo, assentada e compactada por equipamentos tradicionais da pavimentação

asfáltica;

Reciclagem a

Quente in situ

Método que consiste em aquecer e, consequentemente, amolecer o revestimento existente no local

para que este seja escarificado até uma profundidade pré-estabelecida. Após isso, com adição, ou não,

de agregados virgens e ligante asfáltico, a camada é misturada e assentada com auxílio de uma

pavimentadora;

QUADRO 2: Tipos de Reciclagem de pavimentos.

Fonte: ARRA, 2001 (Adaptado).

FIGURA 1 : Máquina Recicladora

Fonte: Autor, 2018.

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A reciclagem surge como sendo um processo alternativo às soluções

tradicionais, com o reaproveitamento dos materiais provenientes de pavimentos,

degradados (que são incorporados nas camadas de novos pavimentos), tendo

vantagens ambientais, técnicas e econômicas e evitando-se o recurso a zonas de

vazadouro. (CUNHA, 2010)

6 ESTABILIZAÇÃO E REFORÇO DE SOLOS

De acordo com Marques (2006), o processo de estabilizar um determinado

solo representa atribuir ao mesmo uma capacidade de resistir e suportar as cargas e

os esforços provenientes do tráfego frequentemente aplicados sobre o pavimento e

também às ações erosivas de agentes naturais sob as mais variadas solicitações

consideradas no seu dimensionamento.

6.1 ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA

Segundo DNIT (2006) são camadas formada por solos, britas de rochas,

escória de alto forno, ou pela mistura destes materiais. Essas camadas unicamente

granulares, são flexíveis e estabilizadas granulometricamente pela compactação dos

materiais que possuem uma granulometria favorável.

A estabilização granulométrica consiste em se obter um material de

estabilidade maior que os solos de origem e de porcentagem limitada de partículas

finas, com a mistura íntima homogeneizada de dois ou mais solos e sua posterior

compactação (VIZCARRA, 2010).

6.2 ESTABILIZAÇÃO COM ADITIVO

6.2.1 Adição de Cimento

Segundo Guyer et al. (2011), a estabilização com cimento Portland pode ser

usada tanto para modificar e melhorar a qualidade do solo, ou para transformar o

solo em uma massa cimentada com maior resistência e durabilidade. A quantidade

de cimento usado dependerá do fato de que o solo é para ser modificado ou

estabilizado.

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Segundo a Portland Cement Association (PCA, 2010), a aplicação da técnica

de reciclagem com adição de cimento é mais apropriada para as seguintes

situações:

a) o pavimento existente está seriamente degradado e não pode ser reabilitado com um simples recapeamento; b) os defeitos existentes no pavimento indicam que o problema está provavelmente localizado na base ou na sub-base; c) os desgastes existentes no pavimento requerem remendos profundos em mais de 15% a 20% da área de superfície do pavimento; d) a estrutura do pavimento é inadequada para o tráfego atual ou futuro.

Conforme DNIT (2006), o Solo-cimento trata-se de uma mistura compactada

de solo, cimento Portland e água. O teor de cimento adotado é de 6% a 10%. Já o

Solo Melhorado com Cimento é obtido pela a adição de pequenos teores de cimento

na faixa de 2% a 4%.

7 MATERIAIS

7.1 MATERIAL DA BASE

O material reciclado (base+revestimento) foi colhido após a utilização da

recicladora, atendendo as especificações do projeto. De acordo com o projeto de

restauração da rodovia, a altura da camada a ser reciclada é de 2,5 cm. Durante a

retirada do material reciclado, não foi adicionado o cimento, somente em laboratório.

7.2 CIMENTO

O cimento utilizado foi o Cimento Portland CP V - ARI (a granel). A escolha do

tipo a ser adicionado foi atendendo a especificações do projeto de restauração da

FIGURA 2: Material Reciclado.

Fonte: Autor(a), 2018.

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rodovia. Este tipo tem a peculiaridade de atingir altas resistências já nos primeiros

dias da aplicação.

8 METODOLOGIA

O estudo desenvolveu-se de forma experimental, objetivando comparar a

viabilidade e as melhorias mecânicas da metodologia aplicada para a estabilização e

reforço da base na BR-010/TO, utilizando material fresado do revestimento com

incorporação de 1% e 2% de cimento com o material da base existente.

O trecho escolhido para execução do estudo foi a BR-010/TO, km 93 ao km

181,4 localizada no estado de Tocantins, entre os SNV’s (Sistema Nacional de

Viação) 010BTO0195 ao 010BTO0215, que liga os municípios de Paranã/TO e

Natividade/TO. Sua extensão é de 88,40 km. A reciclagem foi executada entre as

estacas 828 a 4203.

Após escolhido, foi realizada a visita in loco para entendimento do problema

na rodovia, e da restauração aplicada de acordo com projeto, depois outra visita

para recolher o material de estudo. Em laboratório o material foi separado para a

realização dos ensaios de compactação, ISC (Índice de Suporte Califórnia) ou CBR,

expansibilidade, LL – Limite de Liquidez, LP – Limite de Plasticidade e IP – Índice de

Plasticidade. Em relação à mistura solo reciclado com adição de cimento, a escolha

da proporção de cimento a ser misturado ao solo foi determinada de acordo com a

FIGURA 3: Localização da rodovia em estudo.

Fonte: Projeto DNIT (GEOSISTEMAS, 2018).

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NORMA DNIT 142/2010 – ES em consonância com o projeto de melhoramento da

rodovia.

8.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A ABNT NBR 7181:1984, descreve a análise granulométrica de duas

maneiras, ou seja, por peneiramento e sedimentação. A primeira é dividida em

peneiramento grosso e fino, dependendo da abertura das peneiras (50 mm a 2,0 mm

para o grosso e 1,2 mm a 0,075 mm para o fino). Já a segunda análise determina a

granulometria para os solos com diâmetro menores que 0,075 mm.

O objetivo da análise granulométrica é dividir as partículas do solo, por grupo

dependendo do tamanho de suas dimensões e determinar a proporção relativa

referente a peso da amostra total.

A análise granulométrica realizada neste trabalho foi pelo método do

peneiramento, onde o peso que passou na peneira é referido como a porcentagem

que passa, assim sendo representado graficamente em relação a abertura da

peneira em escala logarítmica. As peneiras utilizadas para ensaio conforme NBR

080/94 foram as de números, 3/4", 3/8”, 4, 10, 40 e 200.

Após a amostragem estar seca ao ar, foi disposta na peneira com maior

abertura da série e peneirada. O material retido na peneira 3/4" não foi utilizado no

ensaio, por possuir maior diâmetro, o material retido na peneira 3/8 “ foi destorroado

no almofariz com a mão de grau, até que se obteve uma amostra representativa de

2000 g de solo para solos arenosos e pedregulhos.

O material foi passado na peneira com abertura de 2 mm e 0,075 mm, tomou-

se cerca de 50 g de solo passante na peneira de 2 mm para a determinação da

umidade higroscópica.

Após os solos retidos em cada peneira, foram lavados onde todo o material

siltoso da amostra passou pela peneira e ficou retido apenas material pedregulho ou

areia. Este material que ficou retido em cada peneira foi pesado e levado a estufa

por cerca de 24 horas com temperatura entre 105 ºC - 110 ºC.

Foi montado o conjunto de serie de peneiras que foram utilizados, dispostas

da maior para a menor abertura, e colocado o solo já seco pela estufa onde foi

peneirado e anotado o material retido em cada peneira.

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8.2 LIMITES DE ATTERBERG

O objetivo do ensaio do limite de liquidez serve para determinar o limite entre

o estado plástico e o liquido de um solo, é representado pela sigla LL e expresso em

porcentagem. Já o limite de plasticidade para determinar o limite entre o estado

plástico e o estado semi-plástico do solo. O Índice de Plasticidade (IP) é

representado em porcentagem, e pode ser definido como a quantidade máxima de

água que pode ser adicionada em uma amostra de massa, com modo que o solo

mantenha a consistência plástica.

A amostra do solo a ser utilizado é a passante na peneira de 0,42 mm no

ensaio de granulometria, onde 70 g de solo para o ensaio de limite de liquidez e 50 g

para o ensaio de limite de plasticidade.

8.2.1 Limite de Plasticidade

Neste ensaio consistiu em uma amostra de 50 g de solo, homogeneizando

com água em quantidades suficientes para se obter uma massa plástica. Para que o

solo esteja em estado plástico moldou-se em forma de cilindro de 3 mm de diâmetro

sobre a face esmerilhada de uma placa de vidro. Rolou-se o solo até que o mesmo

não conseguiu ser moldado, obtendo a desagregação como mostrado na figura 4.

Foi repetido o processo formando cinco rolos, quebrou-se o cilindro e foi

colocado em capsulas adequadas para a determinação da umidade pelo método da

estufa conforme DNER ME 213/94. O limite de plasticidade é expresso pela média

dos teores de umidade encontrado.

FIGURA 4: Ensaio - Limite de Plasticidade.

Fonte: Autor(a), 2019.

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8.2.2 Limite de Liquidez

Neste ensaio compreendeu em cerca de 70 g de massa para a realização do

mesmo, homogeneizando aos poucos com água. Primeiramente calibrou-se o

aparelho de Casa Grande conforme DNER 122/94, fazendo com que a queda da

concha fique constantemente valendo 1 cm.

A primeira adição de água compreendeu entre 15 ml a 20 ml, e as adições

posteriores acrescentando de 1 ml a 3 ml. Colocou-se uma parte da quantidade de

massa na concha do aparelho acertando com a espátula. Depois fez-se a abertura

ao meio com o cinzel e em seguida realizou-se os golpes com cerca de duas voltas

por segundo, até que as bordas inferiores da canelura se uniram com extensão de

cerca de 1 cm.

Removeu-se uma pequena quantidade de material da massa onde as bordas

se tocaram colocou em capsulas e levado a estufa para a determinação da umidade

de acordo com a figura 5. O material que sobrou na concha foi colocado de volta no

recipiente e adicionado mais água, o ensaio foi repetido, com o intuito de obter cinco

amostras, com adição de água aumentando gradativamente.

8.3 ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA – ISC OU CBR

O CBR ou ISC define o valor da capacidade de suporte de solos e materiais

granulares empregados na pavimentação. Este ensaio determina a relação entre a

pressão necessária para produzir uma penetração de um pistão em um corpo de

prova de solo, e a pressão necessária para produzir a mesma penetração em um

material granular de referência.

FIGURA 5: Ensaio - Limite de Liquidez

Fonte: Autor(a), 2019.

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A compactação do solo em laboratório possui o objetivo de determinar a curva

de variação entre a massa especifica seca em função de um teor de umidade,

conforme dada energia de compactação.

A amostra de solo foi seca ao ar, destorroada no almofariz, homogeneizada e

reduzida até que se obteve uma amostra de 7 kg. Passou-se essa amostra na

peneira de 19 mm, o material que ficou retido nessa peneira foi substituído por igual

quantidade em massa do material passante da peneira 19 mm e retido na 4,8 mm.

O ensaio foi realizado utilizando-se o soquete grande com aproximadamente

4,5 kg e o cilindro metálico com disco espaçador coberto com papel filtro. Este

molde produz corpos de prova de 150 mm de diâmetro por 125 mm de altura.

Compactou-se o material, em cinco camadas iguais, de forma a se ter uma altura

total de solo de cerca de 12,5 cm após a compactação. No ensaio com energia

modificada cada camada recebeu 55 golpes do soquete, por ser um material

destinado a base, conforme NBR 7182:86.

Para a realização de cada ensaio de compactação foram moldados cinco

corpos de prova sem reuso de material, sendo o primeiro ensaio com o material de

base reciclada, e o restante com adição de cimento. O teor de água adicionado foi

proporcional aos 7 kg, cabendo a primeira amostra 140 ml de água, assim

aumentando sucessivamente.

Após o término da moldagem do corpo de prova, retirou-se o disco espaçador

de cada cilindro, colocou-se no lugar a haste de expansão e um extensômetro fixo

destinado a medir as expansões ocorridas. Os corpos de provas foram imergidos em

um tanque de água por 96 horas (quatro dias), sendo anotado os valores dos

extensômetros a cada 24 horas. Após os quatro dias o cilindro foi retirado e deixado

a água escoar por cerca de 15 minutos.

Para obras em rodovias, após o ensaio de compactação é realizado o ensaio

de CBR, que tem como finalidade de fornecer subsídios para projetos de

pavimentação, analisando as características de suporte para os materiais utilizados

no subleito e também nas demais camadas do pavimento.

Instalou-se o conjunto molde cilíndrico com corpo de prova e sobrecarga, na

prensa. Assentou-se o pistão da prensa na superfície do topo do corpo de prova, e

zerou os extensômetros do anel dinamométrico e o que mede a penetração do

pistão no solo. Aplicou-se o carregamento com velocidade de 1,27 mm/min (0,05

pol/min.). As leituras consideradas no extensômetro do anel são em função da

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penetração do pistão no solo e do tempo especificado pelo ensaio, afim de que

forneçam as cargas correspondentes às penetrações de 0,63 - 1,27 - 1,90 - 2,54 -

3,81 - 5,08 - 7,62 - 10,16 - 12,70 mm.

9 RESULTADOS E DISCUSSÃO

9.1 GRANULOMETRIA

O gráfico 01 a seguir representa a granulometria do material de base de

estudo:

Pela curva granulométrica encontrada nota-se que a mesma se enquadrou

dentro da faixa “C” usual pelo DNIT, ficando assim dentro dos limites usuais para

serviço. Também pela curva encontra-se as porcentagens referente a argila, silte,

areia fina, areia grossa e pedregulho. A análise foi feita de acordo com o Manual de

Pavimentação do DNIT (2006) utilizando o padrão usado pela ASTM.

FIGURA 6: a)Solo reciclado com adição de cimento. b) Ensaio de Compactação. c) Expansão. d) Ensaio de Penetração do corpo de prova.

Fonte: Autor(a), 2019.

Gráfico 01: Granulometria

Fonte: Autor(a), 2019.

a)

b)

c)

d)

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9.2 ENSAIOS DE CONSISTÊNCIA

O gráfico 02 a seguir apresenta os resultados encontrados para o limite de

liquidez no material da base de estudo:

A tabela a seguir apresenta os resultados encontrado para os limites de

consistência do material da base estudada:

Analisando os resultados dos limites de consistência, todos os materiais se

enquadram para o uso como base de rodovias de acordo com o DNIT (2006), onde

o material a ser utilizado para base de rodovias, deve apresentar um limite de

liquidez menor que 25 e o índice de plasticidade menor que 6.

9.3 ENSAIOS DE CBR

Para os ensaios de CBR utilizou-se para análise das melhorias mecânicas o

solo in natura reciclado com adição de 1 e 2% de cimento.

9.3.1 Compactação

O ensaio de compactação seguiu a norma DNER – ME 162/94, utilizando a

energia de compactação modificada por se tratar de um material destinado a base

Argila % Silte % Areia Fina % Areia Grossa % Pedregulho %

6,09 3,08 23,84 37,59 29,4

Tabela 01: Classificação Granulométrica.

Fonte: Autor(a), 2019.

Fonte: Autor(a), 2019.

Tabela 02: Limites de Consistência.

Fonte: Autor(a), 2019.

LL % LP % IP %

24,96 20,1 4,86

Gráfico 02: Limite de Liquidez

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de rodovia. A tabela 03 a seguir mostra os resultados da umidade ótima e densidade

máxima obtidos na compactação.

Em relação a umidade ótima encontrada verificou-se pouca variação entre os

materiais da base estudada. Houve um aumento desse valor na adição de 1% de

cimento em relação a base reciclada, isso significa um aumento com gasto de água

para poder atingir a umidade ótima em campo. Mesmo se tratando de uma variação

pequena, em uma obra de construção de rodovia pode refletir muito. Para a

densidade máxima, os valores da base reciclada com adição tanto de 1% como 2%

foram maiores que o da base reciclada. A seguir apresenta-se as curvas de

compactação referente a base reciclada, base reciclada com 1% e 2% de cimento.

Umidade ótima (%) 7,5 8,4 7,6

Densidade Máxima (kg/cm³) 2224 2259 2249

Base

Reciclada

Base R. + 1%

de cimento

Base R. + 2%

de cimento

Tabela 03: Ensaio de Compactação.

Gráfico 03: Curva de Compactação (Base Reciclada).

Gráfico 04: Curva de Compactação (Base Reciclada + 1% de cimento).

Gráfico 05: Curva de Compactação (Base Reciclada + 2% de cimento).

Fonte: Autor(a), 2019.

Fonte: Autor(a), 2019.

Fonte: Autor(a), 2019.

Fonte: Autor(a), 2019.

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9.3.2 Expansão

Para o ensaio de expansão foram emergidos os corpos de prova durante

quatro dias e anotado seus valores, os resultados encontram-se na tabela 04 a

seguir:

Conforme o Manual de Pavimentação do DNIT (2006) para material de base a

expansão deve apresentar um valor ≤ 0,5%. Todos as três amostras apresentaram a

expansão dentro do limite.

O material da base reciclada com 1% de cimento em relação aos demais obteve

um maior êxito em relação a expansão, apresentando a mais baixa entre os estudos.

9.3.3 Resultado do CBR

Os resultados dos ensaios de CBR são apresentados na tabela 05 a seguir:

De acordo com os resultados da tabela acima nota-se o aumento do CBR

com a adição de cimento. O material da base reciclada mostrou um CBR de 80%

atendendo o especificado pelo DNIT, na qual a rodovia do estudo BR 010/TO se

enquadra com o numero N superior a 5x 10^6, apresentando CBR ≥ 80 %. Para

efeito de estudo, e conforme a especificação do projeto de restauração da rodovia

BR 010/TO, foi adicionado o cimento para se obter uma melhoria na resistência,

assim gerando uma maior confiabilidade na restauração para que não venha a

ocorrer as mesmas patologias encontradas anteriormente na BR.

Tanto a adição de 1% como 2% de cimento se mostraram satisfatórios,

mostrando um aumento significativo na capacidade de carga do solo a ser

restaurado como base na rodovia. Porém, a adição de 1% de cimento apresentou o

melhor CBR e menor expansão, viabilizando o seu uso para a restauração da base

da rodovia.

CBR 80,3 83,2 89

Base

Reciclada

Base R. + 1%

de cimento

Base R. + 2%

de cimento

Fonte: Autor(a), 2019.

Tabela 05: Ensaio de CBR.

Tabela 04: Ensaio de Expansão.

Fonte: Autor(a), 2019.

Expansão (%) 0,27 0,1 0,26

Base

Reciclada

Base R. + 1%

de cimento

Base R. + 2%

de cimento

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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho teve como intuito de considerar o benefício da metodologia de

reforço de base de pavimentos rodoviários com o uso de materiais reciclados

provenientes do próprio pavimento existente.

Conforme os estudos feitos referente ao uso dessa metodologia, foi

alcançado um ótimo resultado a utilização da mesma, mostrando ser viável o uso

desse estudo na pavimentação. Da mesma forma foi possível mostrar sua eficiência

em relação ao desenvolvimento sustentável, uma vez que esse método reutiliza o

próprio pavimento na construção de um novo, reduzindo consequentemente a busca

por novos materiais de jazidas e pedreiras.

No estudo de caso, foram realizados ensaios com materiais provenientes da

rodovia BR-010/TO na estaca 860 (km 110,2). Estudaram-se as características e

propriedades dos materiais com a finalidade de viabilizar o seu uso como base do

pavimento. Apesar da base apenas com material reciclado em relação a

granulometria já estar enquadrado dentro das faixas utilizadas pelo DNIT.

Para os limites de consistência, o material de base reciclada se enquadrou

nas especificações para uso como base, onde o Limite de Liquidez foi inferior a 25%

e o de plasticidade inferior a 6%.

Os valores de CBR dos materiais do pavimento reciclado com adição de

cimento, em relação a base já existente, tiveram um ganho significativo. O valor da

base atual que já estava deteriorada juntamente com o pavimento (pavimento

reciclado) estava no limite do exigido pelo DNIT (CBR ≥ 80%), mas já os valores

com a adição de cimento tiveram um aumento se enquadrando melhor, assim

passando uma maior confiança em relação ao método a ser utilizado para a

restauração da rodovia BR 010/TO, obtendo a certeza de uma vida útil maior para o

pavimento.

Todos os materiais obtiveram os valores de expansão compatíveis com o

especificado pelo DNIT, ficando abaixo do exigido para a utilização como base de

rodovias (≤ 0,5%).

De acordo com os resultados encontrados mostrou-se que a reciclagem de

pavimento com a adição de cimento é viável, e apresentou um desempenho

satisfatório laboratorial, principalmente com a adição de 1% de cimento. A mistura

melhorou o desempenho relacionado ao material de base.

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